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EDITOR-COORDENADOR: ADALBERTO MEIRELES / [email protected] SÁB SALVADOR 10/7/2010 SEG PERSONA TER POP QUA VISUAIS QUI CENA SEX CINE HOJE LETRAS DOM SHOP 2 CINEMA COMÉDIA ALMAS À VENDA DISCUTE O PESO EXISTENCIAL COM LEVEZA 3 ENTREVISTA ADMINISTRADOR DO ESPAÇO UNIBANCO FALA SOBRE A DIFICULDADE DE MANTER UM CINEMA NO CENTRO DA CIDADE 7 IDEIAS Escritor ficou conhecido por desafiar novos conceitos no estudo da literatura chega aos 80 com disposição para provocar Bloom, 80 anos de provocações João Carlos Volotão / Folhapress / 28.7.1995 Escritor, fotografado em 1995, em Nova York VITOR PAMPLONA Oráculo para uns, peça de mu- seu para outros, o crítico lite- rário norte-americano Harold Bloom entra amanhã na sua no- nagésima década de vida. Judeu, filho de imigrantes do leste europeu (mãe polonesa e pai russo) e neto de quatro ví- timas do holocausto, Bloom nasceu no Bronx, em Nova York, numa comunidade onde só se falava o ídiche. Começou a ler no idioma dos ancestrais aos 3 anos de idade, em hebreu aos 4 e em inglês aos 5. Em todos os casos, foi autodidata. Autodidatismo A inclinação prematura para as línguas indicava um literato cuja vocação se confirmou anos mais tarde, com uma bolsa de es- tudos oferecida pelo governo do Estado de Nova York para a Uni- versidade de Cornell. O resto, vale o clichê, é his- tória: Harold Bloom virou pro- fessor da Universidade de Yale, onde ensina há 55 anos, pu- blicou mais de vinte livros e se tornou o mais prestigiado crítico de literatura dos Estados Unidos e, provavelmente, do mundo. “É admirável na sua obra a coragem de expor posições, mesmo quando elas foram con- sideradas fora de moda“, diz o professor Décio Torres Cruz, do Instituto de Letras da Ufba. Conhecido por desafiar novas ideias no estudo da literatura, defendendo a atualidade dos clássicos – Shakespeare acima de todos – Bloom é um pro- vocador que rema contra a cor- rente das escolas literárias. Suas teorias despertam a ira de muitos analistas, aos quais a defesa do cânone universal (au- tores-modelo) soa restritiva e intolerante. Do lado de fora dos muros acadêmicos, Bloom é notícia há pelo menos 20 anos, tanto por causa de livros quanto por de- clarações, como as que fez num explosivo artigo em que deto- nava a escritora britânica J. K. Rowling e seu megasucesso de vendas, a série infanto-juvenil Harry Potter . Hoje, mesmo mais recluso à vida acadêmica – promete “con- tinuar ensinando“ apesar da idade – Harold Bloom fascina mais do que nunca. Saramago Isso ficou evidente em junho passado, quando o velho pro- fessor voltou às manchetes de- vido à morte de José Saramago, de quem era amigo e ferrenho crítico. Bloom não perdoava as posições políticas do autor de O Evangelho segundo Jesus Cristo, comunista e acusado de omis- são para com a ditadura de An- tonio Salazar. Mas reconhecia nele “um talento que lembrava Shakespeare“, comparável só ao de Philip Roth entre os fic- cionistas, até então, vivos. LEIA MAIS NA PÁGINA 4 Conhecido por desafiar novas ideias no estudo da literatura, Bloom é um provocador que rema contra a corrente das escolas literárias Lúcio Távora / Ag. A TARDE

Bloom, 80 anos de provocações

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Matéria sobre o crítico e ensaísta Harold Bloom, amado e odiado nos círculos literários

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EDITOR-COORDENADOR: ADALBERTO MEIRELES / [email protected]

SÁBSALVADOR10/7/2010

SEG PERSONATER POPQUA VISUAISQUI CENASEX CINEHOJE LETRASDOM SHOP 2 CINEMA COMÉDIA ALMAS À VENDA DISCUTE

O PESO EXISTENCIAL COM LEVEZA 3

ENTREVISTA ADMINISTRADORDO ESPAÇO UNIBANCO FALASOBRE A DIFICULDADE DEMANTER UM CINEMA NOCENTRO DA CIDADE 7

IDEIAS Escritor ficou conhecido por desafiar novos conceitos no estudo da literatura chega aos 80 com disposição para provocar

Bloom, 80 anos de provocações

João Carlos Volotão / Folhapress / 28.7.1995

Escritor,fotografadoem 1995, emNova York

VITOR PAMPLONA

Oráculo para uns, peça de mu-seu para outros, o crítico lite-rário norte-americano HaroldBloom entra amanhã na sua no-nagésima década de vida.

Judeu, filho de imigrantes doleste europeu (mãe polonesa epai russo) e neto de quatro ví-timas do holocausto, Bloomnasceu no Bronx, em Nova York,numa comunidade onde só sefalavao ídiche.Começoualernoidioma dos ancestrais aos 3anos de idade, em hebreu aos 4e em inglês aos 5. Em todos oscasos, foi autodidata.

AutodidatismoA inclinação prematura para aslínguas indicava um literato cujavocação se confirmou anos maistarde, com uma bolsa de es-tudosoferecidapelogovernodo

Estado de Nova York para a Uni-versidade de Cornell.

O resto, vale o clichê, é his-tória: Harold Bloom virou pro-fessor da Universidade de Yale,onde ensina há 55 anos, pu-blicou mais de vinte livros e setornou o mais prestigiado críticode literatura dos Estados Unidose, provavelmente, do mundo.

“É admirável na sua obra acoragem de expor posições,mesmo quando elas foram con-sideradas fora de moda“, diz oprofessor Décio Torres Cruz, doInstituto de Letras da Ufba.

Conhecido por desafiar novasideias no estudo da literatura,defendendo a atualidade dosclássicos – Shakespeare acimade todos – Bloom é um pro-vocador que rema contra a cor-rente das escolas literárias.

Suas teorias despertam a irade muitos analistas, aos quais a

defesa do cânone universal (au-tores-modelo) soa restritiva eintolerante.

Do lado de fora dos murosacadêmicos, Bloom é notícia hápelo menos 20 anos, tanto porcausa de livros quanto por de-clarações, como as que fez numexplosivo artigo em que deto-

nava a escritora britânica J. K.Rowling e seu megasucesso devendas, a série infanto-juvenilHarry Potter.

Hoje, mesmo mais recluso àvida acadêmica – promete “con-tinuar ensinando“ apesar daidade – Harold Bloom fascinamais do que nunca.

SaramagoIsso ficou evidente em junhopassado, quando o velho pro-fessor voltou às manchetes de-vido à morte de José Saramago,de quem era amigo e ferrenhocrítico. Bloom não perdoava asposições políticas do autor de OEvangelho segundo Jesus Cristo,

comunista e acusado de omis-são para com a ditadura de An-tonio Salazar. Mas reconhecianele “um talento que lembravaShakespeare“, comparável sóao de Philip Roth entre os fic-cionistas, até então, vivos.

LEIA MAIS NA PÁGINA 4

Conhecido pordesafiar novasideias no estudo daliteratura, Bloomé um provocadorque rema contra acorrente dasescolas literárias

Lúcio Távora / Ag. A TARDE

5SALVADOR SÁBADO 10/7/20104 SALVADOR SÁBADO 10/7/20102 2

IDEIAS

YOU TUBE VEJA ENTREVISTA DE HAROLDBLOOM, EM CINCO PARTES, CONCEDIDA PARAA RÁDIO AMERICANA OPEN SOURCE, CINCOANOS ATRÁS migre.me/VChggre.me/VCat

PERSONAGEM Viciado no Bardo(Shakespeare) e fora de moda(brontossauro) Harold Bloom chega aos 80

Improvávelsilêncio dobardólatrabrontossauroVITOR PAMPLONA

Harold Bloom, a maior celebri-dade da crítica literária mundial,escolheu o silêncio. Ao chegaramanhã aos 80 anos, o nor-te-americano, polemista de pe-so nas últimas décadas, prome-te calar-se. “Decidi não dar maisentrevistas“, disse, num suscin-to e-mail a A TARDE.

É um desafio e tanto para o“bardólatra brontossauro“, ter-mo com o qual Bloom costumafazer piada de si mesmo e queconjuga dois traços essenciaisde sua personalidade intelec-tual: a fixação – Bloom talvezprefira mesmo “adulação“ – pe-le dramaturgo William Shakes-peare e a autoironia dedicadaaos que consideram o bardo in-glês obsoleto.

Advogado da drástica sepa-ração de política e literatura(“uma leitura marxista ou fe-minista de Hamlet nos diria algosobre o marxismo ou o femi-nismo, mas nada sobre Ham-let“) e crítico feroz de fenôme-nos de venda como a série HarryPotter (“bruxaria barata redu-zidaaaventura“),HaroldBloomtem uma trajetória marcada portomadas de posição firmes.

Em A angústia da influência(Editora Imago, R$ 44), publi-cado no original em inglês em1973, sua teoria da influênciapoética, segundo a qual todotexto literário é uma forma de“desleitura“ de textos anterio-res,etodoescritorsofre impactofundamental de seus predeces-sores, balançou o coreto do des-construcionismo e pós-estrutu-ralismo, teorias que deram ori-gem aos chamados estudos cul-turais.

Nas décadas seguintes, Blo-om começou a pontificar, so-bretudodepoisdapublicaçãodeO cânone ocidental (Editora Ob-jetiva, R$ 72,90), no qual ana-lisa e compara a obra de au-tores-modelo, eleitos “pela His-tória“, como William Shakes-peare, Miguel de Cervantes, Ja-mes Joyce, Samuel Beckett,Marcel Proust e Jorge Luis Bor-ges.

E mais: elege Shakespeare ogrande cânone da literatura uni-versal. “Para Bloom, Shakes-peare é Deus. Ele escreveu Ocânone ocidental para se defen-der, pois não concordava com a

linha dos estudos culturais, quecomeçaram a questionar auto-res sempre defendidos“, explicao professor de literatura da UfbaDécio Torres Cruz.

Da literatura em língua por-tuguesa, apenas Camões e Fer-nando Pessoa são relacionadosno cânone clássico de HaroldBloom. Ainda assim, Pessoa éconsiderado um mero discípulode Walt Whitman. Cruz discor-da: “Pessoa é bem mais que umtributário de Whitman. Bloomprovavelmente assim concluiuporque não analisou todos osseus heterônimos“.

MachadoAnos depois, uma nova lista vol-tou a causar controvérsia, es-pecialmente no Brasil. Gênio –Os 100 autores mais criativos dahistória da literatura (EditoraObjetiva, R$ 83,20) despertou opatriotismo literário de críticosbrasileiros, ao verem Machadode Assis como único represen-tante da literatura tupiniquim.

Para uns, era reconhecimen-to mais que devido. Para outros,uma enorme injustiça, que ig-norava nomes como GuimarãesRosa, João Cabral de Melo Netoe Carlos Drummond de Andrade– a lista cresce ao gosto do in-térprete.

“Em poesia, a língua portu-guesa legou Camões e Fernan-do Pessoa. Na ficção, adoro Eçade Queirós e Machado de Assis.Considero Machado o maior gê-nio da literatura brasileira doséculo 19“, justificou Bloom,que lê fluentemente em portu-guês e dizia conhecer a obra deDrummond quando escreveuGênio, em 2001. De GuimarãesRosa, disse, tinha apenas “ou-vido falar“, mas “adoraria lê-lo“se tivesse tempo.

ShakespeareNas estantes das bibliotecas deescolas de literatura de todo omundo, um outro título de Blo-om ocupa espaço (896 páginas)e cabeças. Shakespeare – a in-venção do humano (Editora Ob-jetiva, R$ 79,80) é “uma obraconsiderada como referênciabásicaparaa leituradequalquertexto de Shakespeare“, afirmaprofessora Cássia Lopes, tam-bém da Universidade Federal daBahia (Ufba).

A especialista, no entanto,

João Carlos Volotão / Folhapress / 28.7.1995

Da literatura emlíngua portuguesa,apenas Camões eFernando Pessoasão relacionados nalista de Bloom

Dom Quixoteou Hamlet?Crítico prefereser Sancho Pança

Em um dos seus mais recenteslivros, Onde encontrar sabedo-ria? (Editora Objetiva, R$39,90), Harold Bloom escreveque“preferiaserFalstaffouSan-choPançadoqueumaversãodeHamlet ou Dom Quixote, por-que a velhice e as doenças en-sinaram-no que ser importamais do que saber“.

A primazia pelo fanfarrãocriado por Shakespeare e o co-varde simpático e irônico eter-nizado por Cervantes revelamtambém uma característica me-nosconhecidadapersonalidadedo crítico. Entre alunos e ami-gos, Bloom é célebre tambémpor ser um pregador conscienteda comédia da existência, o queem público procura demonstrasem expressões homeopáticasde autodesprezo.

Essa identidade cômica foimencionada numa entrevistarecente de um dos seus ex-alu-nos mais conhecidos nos Esta-dos Unidos, o humorista JohnHodgman, colaborador do pro-grama The Daily Show, apresen-tado por Jon Stewart (anfitriãodo Oscar em 2006 e 2008).

“Fui profundamente influen-ciado pelo perfeito e devastadortempo de comédia de HaroldBloom, com todo o respeito quetenho pelo intelecto dele“, de-clarou Hodgman.

DebateNas universidades e entre a crí-tica literária, no entanto, o le-gado de Harold Bloom pode serresumido como o de um pro-vocador. “Ele foi muito corajosoe gerou um debate muito pro-fícuo, que levou a academia aperguntar o que estabelece ovalor de uma obra“, aponta Dé-cio Torres Cruz. “Essa questãocontinua em aberto“.

Para o especialista, o críticotem perdido espaço inclusivenos Estados Unidos, onde,atualmente, poucas escolas deliteratura não possuem umatendência a uma visão maisaberta do chamado cânone. Desua privilegiada tribuna, Bloomconsidera tal abertura fruto deressentimento de acadêmicos ecríticos por trás de uma “vin-gança sobre os clássicos“.

Questionados por leiturasmarxistas, feministas, historicis-tas, Shakespeare e companhiadeixaram de ser intocáveis eseus valores universais. MasCruz admite a invencibilidade dalição bloomiana: “Todo escritoré tributário de sua vida de leitor,isso não se pode negar“.

Escritor(fotografado em1995, em NovaYork), quecompleta 80anos, lança emoutubro livrode poemas

ENTREVISTACassia Lopes,professora

“PENSAMENTO DEBLOOM DELINEIAMONOPÓLIO DEINTERPRETAÇÕES“

VITOR PAMPLONA

Crítica da leitura que Harold Blo-om faz em Shakespeare – A in-venção do humano do mais ad-mirado personagem criado pelopoeta e dramaturgo inglês, aprofessora Cássia Lopes, do Ins-tituto de Letras da Ufba, expõe,na entrevista a seguir, os prin-cipais pontos do que consideraproblemático na interpretaçãodo crítico norte-americano. ParaCássia, determinar que todogrande escritor é herdeiro dosclássicos, como defende Bloom,significa limitar o estudo da li-teratura e ignorar as influênciaspolíticas e sociais no autor e naobra. Para ela, a argumentaçãode Harold Bloom é insuficientee insatisfatória.

João Alvarez / Ag. A TARDE / 7.1.2008

Por que Shakespeare teria in-ventadoohumano?

NaobradeHaroldBloom,no-ta-se o esforço de, por meiode Shakespeare, galvanizar ohumanismo. O príncipe(Hamlet) incorpora o perso-nagem universal, como tam-bém simboliza o modelo deintelectual movido pela ver-dade.Maselesequerdefineoqueestáchamandodehuma-no. Nota-se uma postura críti-ca esvaziada, sem apresenta-ção de lastro argumentativosatisfatório e consistente.Shakespeare: a invenção dohumano temsuaimportânciapelamaneiracomooestudio-so debruça-se sobre diversospersonagenseobrasdoautoringlês, o que valida sua legiti-midade enquanto pesquisa,mas, sobretudo, essa obra deHarold Bloom interessa peloque traz de problemático econtroverso.

Bloom destaca os personagensFalstaff e Hamlet. É aí onde estáumadascontrovérsias?

Ele afirma que Hamlet e Fals-taff “constituem a invençãodo humano, a instauração dapersonalidade conforme ho-je a conhecemos”. Porém, aofalar de Falstaff e Hamlet co-mo personagens carismáti-cos,oautorpermanecenade-

claração enfática, sem proce-dernenhumtipodeinvestiga-çãodotermocarisma.Osdoispersonagens, para Bloom,“encarnam a Benção, no sen-tido primeiro conferido porJavé”. Nesse caso, retoma-sea definição do termo carismana esteira dos historiadoresdas religiões, segundo a pre-missa dos dotes divinos, umagraça inexplicável. Mas essaleitura negligencia o fato de ocarisma ser considerado umafonte de poder, uma formaeficaz de conduzir comporta-mentos sem o uso da força fí-sica. A receptividade e o su-cesso desses personagens ca-rismáticos estão associados aperíodos de transformaçãovividos por sociedades, e opróprio Shakespeare, emHamlet, deixa isso evidenteaoafirmar:“Háalgodepodre

noreinodaDinamarca“.

Bloom defende Sheakespearecomo o único autor multicultu-ral, símbolo máximo do cânoneocidental. É uma posição aceitauniversalmente?

Durante doze anos HaroldBloom afirma ter lecionadoShakespeare,oquelheconfe-re intimidade com a obra dodramaturgo inglês, mas nãolhe isenta de certos equívo-cos. Hamlet representa um ti-po de intelectual que tem adúvida como eixo de sua filo-sofia, dúvida como métodopara chegar a uma supostaverdade. Se Hamlet ainda ca-minha pelas ruas e palcos dacrítica, em vez da contempla-ção hamletiana e da retóricado príncipe, deseja-se ques-tionar as estratégias de pro-dução de verdade que inibemtantas outras vozes esqueci-dasnacorteeparaalémdela.

Essas vozes seriam também asquediscordamdaideiadecâno-nepropostaporele?

Jorge Luis Borges, autor cita-do por Bloom como um doscânones da literatura ociden-tal, quando certa vez interro-gadosobreocânone,respon-deu não haver um livro queguarde em si a marca de sercanônico,noentanto,háumaforma de ler que torna umaobra canônica. Com essa cita-ção borgiana, enfatizam-se aimportância e o papel da críti-ca na construção de valores ena permanência de paradig-mas que produzem idealiza-ções em torno de certos auto-res e obras, criando hierar-quias com repercussões polí-ticas. Ao mesmo tempo, Blo-om delineia uma maneira depensar e construir uma tradi-ção literária e intelectual, co-mo também produz formas econteúdoscomosquaisseali-cerçam o monopólio de inter-pretações.

Vê issocomoumadasprincipaiscaracterísticasdolivro?

Cabe ao crítico contextualizaro conhecimento discutidocom suas filiações filosóficas.É sobre alguns termos utiliza-dos por Harold Bloom que sefaz necessária uma maioratenção. Já no primeiro capí-tulo do livro, encontra-se “Ouniversalismo de Shakespea-re”. Embora ele próprio afir-me que “a noção de universa-lismo não está muito em vo-ga, exceto por instituições re-ligiosas e junto àqueles quepor ela são influenciados”, otermo “universalismo” nãorecebeareflexãodevida.Essapostura mais vaga e escorre-gadia, quando do uso de cer-tos termos, é um problemaquedestaconestaobra.

Durante doze anosBloom afirmater lecionadoShakespeare, o quenão lhe isenta decertos equívocos

Essa postura maisvaga eescorregadia,quando do uso decertos termos, é umproblema na obra

temsériasrestriçõesaotrabalhode Bloom, como demonstra naentrevista da página ao lado.

“É uma obra que tem sua im-portância pela maneira como oestudioso debruça-se sobre di-versos personagens e obras doautor inglês, o que valida sualegitimidade enquanto pesqui-sa. Mas interessa, sobretudo,pelo que traz de problemático e

controverso“.Distante ou não das polêmi-

cas, ausente ou não das entre-vistas, em novas declarações oucontestáveismáximasrepetidasna imprensa, a verve do críticocontinua a produzir frutos.

Em outubro, ele publica nosEstados Unidos Till I end mysong: a gathering of last poems(Até eu terminar minha canção:

uma coletânea de últimos poe-mas, numa tradução literal).

O livro é uma reunião de poe-mas duradouros, escolhidos adedo pelo bardólatra brontos-sauro, e não poemas finais dei-xados pelos autores seleciona-dos, como sugere o título.

Comogarantia,asemprepro-vocante e controversa visão li-terária de Harold Bloom.

ALGUNS DOS PRINCIPAISLIVROS PUBLICADOS

Gênio – Os 100 autores maiscriativos da história daliteratura

Shakespeare: A invenção dohumano

Cabala e crítica

O cânone universal: Os livrose a escola do tempo

Contos e poemas paracrianças inteligentes de todasas idades

Onde encontrar a sabedoria?

Jesus e Javé: Os nomesdivinos

Concerto do Neojibá no Queen Elizabeth Hall, em Londres

Tatiana Golsman / Divulgação

Dicionário dopalavrão relançado

A Editora Leitura, juntamentecom a família do folclorista Má-rio Souto Maior lançar , dia 14,em recife, a mais nova ediçãodo lendário Dicionário do pa-lavrão e termos afins. A últimaedição data de 1998. Agora aeditora homenageia SoutoMaior no dia em que faria 90anos, relançando sua obra maiscriticada e censurada pelo re-gime militar. Esta obra, fruto depesquisa de mais de cinco anos,ficou pronta em 1974 e só foipublicadanadécadade1980.ODicionário possui prefácio deGilberto Freyre e apresentaçãodo presidente da Fundação Joa-quim Nabuco, Fernando Lyra.

Fundação Nabucolança edital no MAM

O edital do III Concurso MárioPedrosa de Ensaios sobre Arte eCultura Contemporâneas serálançado na terça-feira (13), às9h, no auditório do Museu deArte Moderna da Bahia(MAM/BA). O concurso é umainiciativa da Fundação JoaquimNabuco (PE), por meio da suaCoordenação de Capacitação eDifusão Científico-Cultural, emparceria com o Museu de ArteModerna da Bahia. A iniciativapretende selecionar, em âmbi-to nacional, três ensaios, resul-tado de pesquisa inédita e ori-ginal, que versem sobre o temaCrítica de Arte: Entre o Contin-gente e o Histórico.

Festival de rádiocomeça seleção

A partir do próximo dia 19, as50 canções selecionadas para oVIII Festival de Música Educa-dora FM entram na programa-ção da emissora. Foram 713inscritos. O público poderá es-cutá-lasatéodia9desetembro,quando uma nova seleção dei-xará apenas 14, que além deintegrar mais uma vez a pro-gramação da rádio, vão ser in-cluídas em um CD. Os vence-doresemcincocategoriasserãoanunciados no dia 4 de novem-bro no teatro do Irdeb e di-vidirão prêmios no total de R$56 mil. Conheça os concorren-tes no portal do Instituto. Aces-se: www.irdeb.ba.gov.br.

Orquestra Juvenilencanta britânicos

O público londrino se rendeu aoritmo, à vivacidade e à qua-lidade musical da Orquestra Ju-venil da Bahia (Yoba), que rea-lizou no último dia dia 7 dejulho, sua 1ª apresentação emuma das salas de concerto maisprestigiadas da Europa, a Que-enElizabethHall,noSouthbankCentre, em Londres. A Yoba foia única representante da mu-sicaclássicabrasileiraaintegrara programação do Brazil Fes-tival, que levará a Londres, en-tre junho e setembro, nomescomo Maria Bethânia, ArnaldoAntunes, Tom Zé e Os Mutantese Gilberto Gil. A Yoba é parte doPrograma Neojibá.