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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CÂMPUS SÃO LUÍS DE MONTES BELOS CURSO DE ZOOTECNIA BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO DE RAÇÕES Acadêmica: Micherlley Gomes de Oliveira Orientador Prof. Esp.: Danilo Augusto Tomazello São Luís de Montes Belos Junho de 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CÂMPUS SÃO LUÍS DE MONTES BELOS

CURSO DE ZOOTECNIA

BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO DE RAÇÕES

Acadêmica: Micherlley Gomes de Oliveira

Orientador Prof. Esp.: Danilo Augusto Tomazello

São Luís de Montes Belos Junho de 2015

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MICHERLLEY GOMES DE OLIVEIRA

BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO DE RAÇÕES

Monografia apresentada ao Curso de Zootecnia do Câmpus São Luís de Montes Belos, Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau em Bacharel em Zootecnia.

São Luís de Montes Belos Junho de 2015

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DEDICATÓRIA

Á Deus, pela vida e por colocar no meu caminho pessoas especiais como:

meus pais, Neide Valeriano de Oliveira Gomes e Wellington Ferreira Gomes, meu

irmão Renan Gomes de Oliveira, meu namorado Vanderlei Lourenço Fernandes

Filho e a todos os meus familiares e amigos que me apoiaram nos momentos que

precisei.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por todo amor, paciência e dedicação durante essa trajetória. Pelo trabalho despendido para minha formação.

Ao meu irmão, pela amizade e companheirismo de sempre. Ao meu namorado pelos momentos de felicidade, e pelo apoio nas horas

difíceis, e por me fazer acreditar que tudo é possível.

Ao meu supervisor de estágio Matheus de Paula Machado Silva pelas sugestões e por transmitir-me seus conhecimentos. Ao meu orientador Danilo Augusto Tomazello, pelos ensinamentos proporcionados durante a produção desta monografia e pela receptividade quando precisei de orientações. Sem dúvida, um grande profissional. Aos melhores amigos da 21° turma, Raiany Soares, André Divino e Juliano Silva. Pelas noites que passamos acordados estudando e comemorando nossas vitórias. Apesar das brigas, sempre ficávamos de bem. Por me dizerem uma palavra amiga quando precisei. Aos meus amigos da faculdade que simplificaram meu trabalho me fazendo sorrir e pelos grandes momentos vividos juntos: Bruna Cristhina, Cairo Cesar, Fernanda Rita, Iago Almeida, Lyon Barone (In memória), Kaio Oliveira, Normando Oliveira, Thiago Ferreira, Thaynara Raimundo, Victor Federico e Ulisses Gabriel. Aos professores e amigos Alessandro Jose, Bruna Paula, Clarice Backes, Diogo Alves, Klayto Jose, Rafael Alves, Renato Tangari e Rodrigo Zaiden, pela amizade durante toda a faculdade e pelas doutrinas passadas. A todos os demais professores do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Goiás, pela contribuição ímpar em minha formação acadêmica durante estes cinco anos de curso. A Cooperativa Mista Agroindustrial de Palminópolis (COOMAP), por dar-me a oportunidade de realizar o estágio curricular em sua fábrica de ração e sal mineral.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURA........................................................................ viii

LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................... ix

RESUMO....................................................................................... x

ABSTRACT................................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO.............................................................................. 1

2. REVISÃO DA LITERATURA......................................................... 3

2.1. Produção da Indústria de Alimentação Animal no Brasil............. 3

2.2. Legislação Aplicada a Indústria de Rações.................................. 4

2.2.1. Boas práticas de fabricação (BPF)................................................ 4

2.3. Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)........ 6

2.4. Procedimento Operacional Padronizado (POP)............................ 7

2.4.1. Higienização das instalações, equipamentos e utensílios........... 8

2.4.2. Controle da potabilidade da água................................................. 8

2.4.3. Higiene e saúde dos manipuladores............................................. 9

2.4.4. Manejo dos resíduos..................................................................... 10

2.4.5. Manutenção preventiva e calibração de equipamentos................ 10

2.4.6. Controle integrado de vetores e pragas urbanas.......................... 11

2.4.7. Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens........... 11

2.4.8. Programa de recolhimento de alimento (RECALL)....................... 12

2.5. Programa 5S................................................................................. 13

2.6. Qualidade do Produto Final........................................................... 14

3. ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO................... 16

3.1. Caracterização da Empresa.......................................................... 16

3.2. AtividadesEspecificas................................................................... 17

3.3. Acompanhamento do Funcionamento da Fábrica de Ração........ 17

3.4. Qualificação de Fornecedores e Controle de Qualidade das

Matérias-primas, Ingredientes e Embalagens...............................

18

3.5. Inspeção........................................................................................ 18

3.6. Armazenamento............................................................................ 19

3.7. Elaboração e Adequação da Fábrica ao Manual de Boas

Práticas de Fabricação (BPF).......................................................

20

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vii

3.8. Controle de Qualidade das Matérias-primas................................. 22

3.8.1. Determinação da umidade dos grãos........................................... 22

3.9. Controle de Qualidade dos Produtos Acabados........................... 24

3.10. Higienização de Equipamentos, Instalações e Utensílios............. 25

3.11. Higiene e Saúde Pessoal.............................................................. 26

3.12. Prevenção da Contaminação Cruzada......................................... 26

3.13. Controle Integrado de Pragas....................................................... 26

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 27

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.............................................. 28

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cooperativa Mista Agroindustrial de Palminópolis.......................... 16

Figura 2. Caminhão com matéria-prima e preenchimento do formulário de

avalição do manual de BPF da cooperativa....................................

19

Figura 3. Armazenamento de rações para bezerros sobre estrados na respectiva fábrica............................................................................

20

Figura 4. Adequação da fábrica as BPF......................................................... 21

Figura 5. Funcionários utilizando os EPI´s..................................................... 22

Figura 6. Medidor de umidade Gehaka G650................................................ 23

Figura 7. Amostra de matéria-prima do grão de milho identificado com o

nome do fornecedor, motorista, tipo de grão, umidade, data e o

responsável pela coleta...................................................................

24

Figura 8. Amostra do lote de ração para bezerros......................................... 25

Figura 9. Controle de roedores da fábrica...................................................... 27

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LISTA DE ABREVIATURAS

AGRODEFESA - Agência Goiana de Defesa Agropecuária

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

BPF - Boas práticas de fabricação

CEP - Código de Endereçamento Postal

COOMAP - Cooperativa Mista Agroindustrial de Palminópolis

Cm – Centímetros

CNPJ - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

EPI - Equipamento de Proteção Individual

G - Gramas

GO – Goiás

Hg – Mercúrio

Km – Quilômetro

MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

N° - Número

Pb - Chumbo

POP - Procedimento Operacionais Padrão

RECALL - Programa de recolhimento de alimentos

R$ - Reais

SINDIRAÇÕES - Sindicato Nacional dos Fabricantes de Rações

SNA - Sociedade Nacional de Agricultura

% - Por cento

5s – Seire, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke

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RESUMO

O controle de qualidade nos últimos anos passou a ser essencial para as empresas dos mais variados ramos do setor produtivo. Tornou-se fundamental a implantação de sistemas de gestão de qualidade em função das exigências da legislação e das constantes mudanças do mercado consumidor. As boas práticas de fabricação (BPF) são essenciais na garantia de qualidade, destacando-se como elementos importantíssimos na produção de alimentos seguros. Diante do exposto, objetivou-se com o presente trabalho, a implantação das BPF em uma fábrica de rações e suplementos minerais visando à melhoria do processo de fabricação dos produtos. O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) através da Instrução Normativa número 4 de 23 de fevereiro de 2007, aprovou o regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de BPF para estabelecimentos fabricantes de produtos destinados à alimentação animal e o roteiro de inspeção, sugerindo também os procedimentos operacionais padrão (POP) a fim de facilitar e padronizar a montagem do manual de BPF e para estes procedimentos, sugere-se a adoção de registros, programas de monitoramento, ações corretivas e aplicação constante de check-lists, tais como: higiene e saúde dos manipuladores; seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens; manutenção preventiva e calibração de equipamentos; higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios; controle integrado de vetores e pragas urbanas; controle da potabilidade da água; programa de recolhimento de alimentos (RECALL) e manejo dos resíduos, com o intuito de ter princípios e regras que conduzem ao correto manuseio de alimentos, envolvendo desde a matéria-prima até o produto acabado. Complementando as BPF temos programa de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) que é uma importante ferramenta, devido à sua abrangência, exigindo ações simultâneas e procedimentos interdependentes, a sua aplicação considera uma sequência lógica dos princípios e das etapas básicas da fabricação da ração. Por meio da aplicação das BPF é possível melhorar as condições de trabalho dos manipuladores, assim como o próprio bem-estar dos mesmos e ter uma melhora significativa no processo de trabalho. Sendo assim, o esforço e a conscientização para que os trabalhadores das empresas pratiquem as BPF, se torna um ponto primordial para garantir produtos confiáveis, de qualidade reconhecida e que consequentemente possam garantir a sobrevivência da empresa no mercado que está cada vez mais competitivo. Com o estágio foi possível adquirir conhecimentos práticos a cerca do processo de fabricação de rações e suplementos minerais e também sobre a aplicação das BPF neste processo. PALAVRAS-CHAVE: animal, controle, fábrica, qualidade, procedimento operacional padrão.

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ABSTRACT

Quality control in recent years has become essential for companies of different branches of the productive sector. It became fundamental the implementation of quality management systems according to the requirements of legislation and ever-changing consumer market. The good manufacturing practices (GMP) are essential in quality assurance, standing out as important elements in the production of safe food. Given the above, the aim of the present work, the implementation of GMP in a factory feed and mineral supplements aimed at improving the product manufacturing process. The Ministry of Agriculture Livestock and Supply (MAPA) through Normative Instruction No. 4 of February 23, 2007, approved the technical regulation on sanitary conditions and GMP for manufacturers establishments intended for animal feed and the inspection checklist also suggesting the standard operating procedures (SOP) in order to facilitate and standardize the installation of the GMP guide and these procedures, it is suggested to adoption records, monitoring programs, corrective actions and constant application of checklists, such such as health and hygiene of food handlers; selection of raw materials, ingredients and packaging; preventive maintenance and calibration of equipment; hygiene facilities, equipment, furniture and fixtures; integrated vector management and urban pests; control of drinking water quality; food collection program (RECALL) and waste management, in order to have principles and rules that lead to the proper handling of food, ranging from raw material to finished product. Complementing GMP have analysis program of hazards and critical control points (HACCP) which is an important tool, because of its scope, requiring simultaneous actions and interdependent procedures, their application considers a logical sequence of the principles and basic manufacturing steps the feed. Through the application of GMP can improve the handlers working conditions, as well as of the same well-being and have a significant improvement in the work process. Thus, the effort and awareness for the employees of the companies practice GMP, becomes a key point to ensure reliable products of recognized quality and therefore can ensure the survival of the company in the market that is increasingly competitive. Across the stage it was possible to gain practical knowledge about the feed manufacturing process and mineral supplements and also on the implementation of GMP in this process. KEYWORDS: animal, control, factory, quality, standard operating procedure.

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1 INTRODUÇÃO

O conceito de qualidade nos últimos anos foi amplamente difundido, neste

sentido passou a representar para as empresas dos mais variados setores

produtivos a satisfação de seus clientes. Alcançada por meio da prestação de

serviços, qualidade do atendimento e do produto que concentra em si a maior

parte de sua imagem perante os consumidores.

Segundo Oliveira (2014), houve uma crescente preocupação por parte do

consumidor a respeito da saúde e qualidade dos alimentos, sendo de extrema

importância a aplicação de um controle de qualidade eficaz em todo o processo

de fabricação, dessa forma busca-se a competitividade no mercado, a adequação

nas regulamentações de segurança dos alimentos impostas pelo governo e a

redução de custo.

A melhor qualidade pode ser atingida pela gestão e com projetos,

verificando a situação atual e posteriormente adequando-a dos desvios de

qualidade. Assim, o conhecimento tecnológico das etapas do processo dá o

suporte para a gestão e o planejamento (Lara, 2014).

Em uma área fabril, faz-se necessário a adoção de medidas eficazes,

sedimentadas e concretas, com o intuito de garantir a qualidade do produto final e

consequentemente elevar a satisfação do cliente.

Em função das exigências da legislação e das constantes mudanças do

mercado consumidor, as boas práticas de fabricação (BPF), são essenciais em

um programa de garantia de qualidade, destacando como elementos

complementares e cruciais na produção e fornecimento de alimentos seguros

(Sindirações, 2015).

É de extrema importância que as fábricas de ração possuam o manual de

BPF e os funcionários envolvidos no processo o sigam. Dessa maneira garante-

se conformidade, qualidade e segurança dos produtos destinados a alimentação

animal (Oliveira, 2014).

A aplicação das BPF por parte das fábricas de rações pode alterar

consideravelmente a qualidade dos produtos destinados à alimentação animal.

Dessa forma é possível identificar os pontos de não conformidade, encontrar

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falhas no processo e adotar medidas preventivas e corretivas antes que o produto

seja consumido pelo animal.

Diante do exposto, objetivou-se com o presente trabalho, descrever sobre a

implantação das Boas Práticas de Fabricação em uma fábrica de rações e

suplementos minerais visando à melhoria do processo.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Produção da Indústria de Alimentação Animal no Brasil

No ano de 2014 houve um saldo positivo no setor de alimentação animal,

depois de dois anos consecutivos de queda. A produção estimada é de cerca de

67,3 milhões de toneladas (ração e suplemento mineral), o que significa

crescimento de 4,1% em relação ao ano anterior, quando foram produzidas 64,6

milhões de toneladas (SNA, 2014).

Foram produzidas 48,5 milhões de toneladas de ração de janeiro a

setembro, ante 46,8 milhões de toneladas no mesmo período de 2013, um

crescimento de 3,6%. O suplemento mineral obteve um crescimento maior e

alcançou 10% em relação à produção no mesmo período de comparação (Milk

Point, 2014).

Segundo Zani (2014), os responsáveis por esta recuperação foram os

investimentos dos pecuaristas em suplementação animal, sendo que o Brasil é o

terceiro maior produtor de rações no mundo, representando uma receita anual

superior a R$ 40 bilhões.

A produção de ração para bovinos de leite e corte, deve fechar com

crescimento de 6,3%, para 8 milhões de toneladas, ante 7,5 milhões de toneladas

no ano anterior. As rações de aves responderam por 54,9%, o equivalente a 37

milhões de toneladas, ante 35,8 milhões de toneladas no ano passado, um

avanço de 3,6%. Para os suínos houve um aumento de 3,4%, uma estimativa de

15,4 milhões de toneladas de ração em relação às 14,9 milhões de toneladas no

período anterior (SNA, 2014).

Mundialmente, as fábricas de rações responderam à crescente demanda

de proteína dos consumidores, investindo assim, em volume de produção. Alltech

(2015), em sua pesquisa global sobre ração animal, revela uma produção

estimada de 980 milhões de toneladas de ração a nível global, o que significa um

aumento de 2% em relação ao ano anterior (Agroin, 2015).

Contudo, Zani (2014) aponta o quadro de estabilidade para 2015, uma

produção que pode resultar em 69,3 milhões de toneladas de rações, uma

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elevação em torno de 3%, o que pode favorecer a cadeia produtiva é a abertura

das exportações brasileiras de carne para os mercados da Rússia e Japão.

Segundo Reuters (2015) apesar dos menores custos de matérias-primas, a

indústria de alimentação animal costuma refletir o desempenho dos produtores de

carnes do Brasil, estima que a crise econômica pela qual passa o país, deverá ser

um obstáculo para que o setor possa cumprir a meta de aumento de produção de

3% em 2015.

2.2 Legislação Aplicada a Indústria de Rações

2.2.1 Boas práticas de fabricação (BPF)

O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da

Instrução Normativa nº 4 de 23 de fevereiro de 2007 aprovou o regulamento

técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de BPF para estabelecimentos

fabricantes de produtos destinados à alimentação animal e o roteiro de inspeção.

Esse estabelece um prazo de 365 dias, após a publicação da instrução normativa

para a entrega do plano de implementação das BPF pelos estabelecimentos

fracionadores e fabricantes de alimentos para animais. E também o prazo de 545

dias, para que os estabelecimentos atendam as especificações contidas no

regulamento técnico e roteiro de inspeção (MAPA, 2007).

As BPF são um conjunto de procedimentos, princípios e regras que

conduzem ao correto manuseio de alimentos, envolvendo desde a matéria-prima

até o produto final. Esses procedimentos tem como finalidade a garantia da

produção de alimentos seguros, livres de contaminações por toxinas,

microrganismos patogênicos, produtos físicos e químicos. Na prática, há

procedimentos que abrangem desde o asseio pessoal dos funcionários,

isolamento da fábrica, higienização de equipamentos, utensílios e instalações.

Com isso, a empresa torna-se mais competitiva no mercado e aumenta a

credibilidade junto aos clientes (Furtini & Abreu, 2006).

De acordo com o Sindicato Nacional dos Fabricantes de Rações

(SINDIRAÇÕES), as BPF são procedimentos necessários para garantir a

inocuidade e conformidade dos produtos para o homem, o animal e o ambiente.

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Dentro de um programa de BPF os objetivos específicos de um modo geral

incluem: a garantia da rastreabilidade; conscientização sobre higiene pessoal;

garantia da qualidade nutricional dos alimentos (evitando a contaminação física,

química ou biológica); programas de erradicação de pragas; os utensílios e

equipamentos que devem ser projetados de modo a assegurar a limpeza e a

higiene evitando contaminações; quanto ao projeto/fluxograma de instalações e

prédios; procedimento de desinfecção e limpeza de equipamentos e utensílios

usados na fabricação das rações e manipulação de ingredientes; a garantia de

controle dos processos, reduzindo os custos e padronizando os procedimentos.

Os requisitos de BPF aplicam-se quanto à qualidade das matérias-primas

(análise, registros e procedência) (Mazzuco, 2015).

Em abatedouros de aves os programas de BPF são totalmente difundidos,

contudo, a excelência ainda não foi atingida em muitas fábricas de rações. Além

do risco à saúde pública, a presença de microrganismos em rações compromete

a biossegurança dos lotes e o desempenho dos animais (Richardson & Longo,

2008).

Para os fabricantes de rações e alimentos, aumenta-se a responsabilidade

de assegurar a qualidade prometida e consequentemente aumenta a

competitividade da empresa/indústria, reduzindo as barreiras comerciais em

virtude da excelência na qualidade confirmada por programas como o BPF. O

consumidor que é o alvo do produto fica mais seguro da qualidade dos produtos

sem que o preço seja a única variável de interesse. Com isso, aproximam-se os

interesses dos elos da cadeia alimentícia da carne, consumidores, produtores e

governo (Bellaver, 2001).

A segurança alimentar deve ser permanente e a eficiência do programa de

BPF depende dos funcionários. Os manipuladores são considerados o maior vetor

de contaminação de produtos alimentícios, assim, as práticas higiênicas e o

asseio pessoal devem ser relembrados periodicamente. A higienização

inadequada de utensílios e equipamentos constitui outro fator relevante de risco e

também está diretamente ligado ao modo de como os procedimentos de

desinfecção e higienização são executados pelos funcionários. Portanto, a

principal ferramenta de conscientização dos funcionários é a educação contínua

através de palestras, treinamento e diálogos (Bartel, 2000).

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2.3 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)

Segundo Sindirações (2002) é um processo complexo a produção dos

alimentos, e durante a sua elaboração pode-se ter diversas variáveis as quais

podem prejudicar seu desempenho. Quando se identifica estas variáveis, inicia-se

um sistema para melhorar a qualidade, denominado ponto crítico de controle, ou

seja, é a etapa do processo em que o controle deve ser aplicado para se eliminar

ou prevenir um perigo ou reduzi-lo a níveis aceitáveis.

O programa de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) é

uma importante ferramenta, devido à sua abrangência, exigindo ações

simultâneas e procedimentos interdependentes. Antes de implantar o programa

APPCC em fábricas de ração é necessário elaborar um plano de ação que

constitui, primeiramente, análises de riscos dos produtos expostos no local de

processamento. A análise de risco resultante da exposição de um indivíduo a

agentes perigosos constitui-se da análise científica de efeitos adversos (Hoornstra

et al., 2000).

De acordo com Mota (2010), a APPCC é um sistema contínuo, onde se

detecta os problemas antes que ocorram ou no momento em que surgem e então

se aplica imediatamente as ações corretivas. Por ser um plano completo e

sistemático, tem como objetivo cobrir todos os processos, as operações e as

medidas de controle, reduzindo o risco das enfermidades trazidas por alimentos.

O APPCC é compatível com outros sistemas de controle de qualidade. Isto

significa que qualidade, inocuidade e produtividade podem ser abordadas em

conjunto, originando benefícios para os consumidores, assim como mais lucros

para as empresas, maior confiança e melhores relações entre os que trabalham

em função do objetivo comum de garantir a qualidade e a inocuidade dos

alimentos. Tudo isso se exprime em evidente benefício para a economia e a

saúde dos países (Mota, 2010).

Portanto, a análise de riscos é usada para determinar os perigos potenciais

à qualidade da ração, adjunta às situações relacionadas a doenças de origem

alimentar e para determinação dos efeitos destes fatores na saúde do consumidor

(Coradi et al., 2009). De acordo com SBCTA (1995), os perigos podem ser de

origem físico que corresponde aos materiais estranhos nocivos à saúde do

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consumidor (metal, fragmentos de madeira, fragmentos sólidos, vidro, insetos,

etc) de origem químico, que podem ser os resíduos orgânicos ou inorgânicos

(hormônios, sais de Hg e Pb, antibióticos, praguicidas, etc) e biológico que são os

microrganismos patogênicos ou produtores de toxina (Salmonella sp., Aspergillus

sp, Clostridium botulinum, Penicillium sp, Fusarium sp, etc).

A maior vantagem da APPCC constitui-se numa abordagem estrutural,

racional, sistemática, multidisciplinar, adaptável e pouco custosa da garantia

preventiva de qualidade, que se for apropriadamente implantado, não existe outro

método ou sistema que possa fornecer o mesmo grau de segurança da qualidade

e o custo diário de aplicação (Huss, 1993). Dentro das indústrias o sistema

APPCC, atualmente é o que mais gera credibilidade, não relacionado apenas à

segurança do produto, mas pela certeza de estar cumprindo as exigências das

fiscalizações. Contudo, a falta de capacitação técnica e os investimentos em

infraestrutura são as principais dificuldades enfrentadas para a implementação

deste sistema (Pinzon et al., 2011).

2.4 Procedimento Operacional Padronizado (POP)

É definida como procedimento operacional padronizado (POP) a descrição

objetiva e pormenorizada de instruções, operações e técnicas rotineiras a serem

utilizadas pelos fabricantes de produtos destinados à alimentação animal. Esse

procedimento visa a proteção, garantia de preservação da inocuidade e da

qualidade das matérias-primas e produto final e a segurança dos manipuladores

(MAPA, 2007).

Todos os POP’s devem ser aprovados, assinados e datados pelo

responsável pelo controle de qualidade e pela direção da empresa. Os POP’s

devem descrever os equipamentos necessários para a realização das operações,

os materiais, a verificação, a frequência, as ações corretivas, o monitoramento,

bem como os responsáveis pelas execuções. Os verificadores, funcionários e

monitores devem ser devidamente treinados para a execução dos POP’s (MAPA,

2007).

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De acordo com Carvalho (2013) para estes procedimentos, sugere-se a

adoção de registros, programas de monitoramento, ações corretivas e aplicação

constante de check-lists.

2.4.1 Higienização das instalações, equipamentos e utensílios

Em relação à higiene das instalações deve se verificar quais são os

procedimentos de higienização dos equipamentos e dos utensílios, e como é

monitorada essa higienização e a frequência com que são inspecionados. Deve-

se avaliar também os métodos, produtos e os responsáveis, como são

monitorados, a frequência com que são inspecionados e onde estão arquivados

os registros (Costa & Batista, 2004).

Devem ser mantidas em condições higiênicas sanitárias apropriadas as

instalações, os equipamentos e os utensílios. As operações de higienização

devem ser realizadas por funcionários capacitados e com frequência que

minimize o risco de contaminação, garantindo a manutenção dessas condições

higiênicas e sanitárias. Devem ser documentadas as operações de limpeza e, se

for o caso, de desinfecção dos equipamentos e instalações quando não forem

realizadas rotineiramente. Os equipamentos e utensílios utilizados na

higienização devem estar conservados, limpos, ser próprios para a atividade,

disponíveis em número suficiente e guardados em local reservado para essa

finalidade (ANVISA, 2004a).

2.4.2 Controle da potabilidade da água

De acordo com Costa & Batista (2004) deve-se observar o estado/ número

de conservação de reservatórios existentes e a capacidade de cada um. Tipo de

abastecimento da água potável e onde é armazenada. Controle da potabilidade

de água e indicação de onde estão arquivados os documentos comprobatórios de

controles de higienização das caixas e análises laboratoriais da água.

Se for usada água não potável, indicar a finalidade e uso e a identificação

das tubulações. A periodicidade da lavagem dos reservatórios e a descrição do

método de higienização da caixa de água, contendo inclusive tabelas de diluição

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de produtos desinfetantes e registros de verificação de ocorrências (Costa &

Batista, 2004).

A indústria deve dispor de abundante abastecimento de água, oriundo de

uma fonte segura e suficiente para as operações propostas. A água corrente deve

ter um adequado sistema de distribuição, ter pressão adequada, com proteção

eficiente contra a contaminação. Se for necessário o armazenamento, deve-se

dispor das condições indicadas anteriormente e ainda de instalações apropriadas

(Mota, 2010).

2.4.3 Higiene e saúde dos manipuladores

Em relação à higiene dos operadores, estes devem usar uniformes,

equipamentos de proteção individual (EPI), para cada área de produção. Deve-se

verificar como é feita a higienização dos uniformes e qual a frequência da troca.

Como é realizada a higienização das mãos, frequência, existência de instruções

normativas/ cartazes educativos de como lavar as mãos. E se fumam, usam

perfume, usam adornos, tomam banho antes de iniciar as atividades. Como fazem

a monitorização (check-list/ planilhas), onde estão arquivados estes registros

(Costa & Batista, 2004).

Já em relação à saúde, os manipuladores devem fazer exames médicos e

laboratoriais. Verificar qual a sua periodicidade de realização (admissionais,

demissionais e periódicos) e por quem é executado. Realizar o controle de saúde

dos funcionários como, quando estão doentes ou com feridas/lesões (Costa &

Batista, 2004).

Os funcionários que atuam nas áreas de expedição, recebimento ou

processamento onde há contato direto com embalagens, produtos acabados e

insumos, devem receber treinamento sobre manipulação de alimentos segundo

as regras de BPF incluindo: higiene pessoal, controle integrado de pragas e

procedimentos operacionais para evitar contaminantes (Bertolino, 2010).

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2.4.4 Manejo dos resíduos

Alguns tipos de resíduos são considerados altamente perigosos e

requerem cuidados especiais quanto a sua destinação final, sua coleta e seu

transporte, uma vez que apresentam substancial periculosidade, ou potencial, à

saúde humana (Silva, 2007).

Deve-se estabelecer a frequência de coleta de lixo de forma a evitar

possíveis contaminações. O tipo de depósito de lixo nas áreas de produção,

forma e frequência com que o lixo é retirado da área, o caminho percorrido pelo

lixo para fora da área e onde é armazenado até destinação final (Costa & Batista,

2004).

É recomendável que os coletores de resíduos do estabelecimento sejam

mantidos em recipientes com pedal, devidamente identificados, íntegros, dotados

de tampas, sacos plásticos, em número suficiente e constituído de material que

propicie a fácil higienização. Os coletores devem ser mantidos fechados, quando

não em uso e sejam esvaziadas constantemente. As áreas de guarda lixo devem

ser de fácil limpeza, exclusivas para este fim e isoladas de forma que não se

tornem atrativos de pragas. O lixo não deve ser retirado pelo mesmo local onde

entram as embalagens, matérias-primas e produtos acabados (Silva, 2007).

2.4.5 Manutenção preventiva e calibração de equipamentos

Deve ser verificado como é realizada a manutenção preventiva e calibração

dos equipamentos e onde estão arquivados os registros/controles dessa

manutenção (Costa & Batista, 2004). Quando houver o mau funcionamento de um

equipamento o responsável deve relatar ao gerente técnico e este deverá solicitar

e acompanhar a realização da devida manutenção (Einstein, 2012).

Os estabelecimentos devem dispor dos procedimentos que especifiquem

os responsáveis pela manutenção dos equipamentos envolvidos no processo

produtivo do alimento e a sua periodicidade. Assim como contemplar a operação

de higienização adotada após a manutenção dos equipamentos (Silva, 2007).

É necessário considerar os dados do fabricante de equipamentos e o

histórico de manutenções corretivas, levantando dados como os respectivos

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lubrificantes e as lubrificações, as peças substituídas, as últimas revisões e a vida

útil do equipamento. A realização da manutenção deve ser feita fora do horário da

produção e o equipamento deve ser removido da área de fabricação (Silva, 2007).

2.4.6 Controle integrado de vetores e pragas urbanas

Devem-se verificar quais os tipos de pragas são mais comuns no ambiente

da empresa. Onde estão instaladas as barreiras físicas, quais as medidas

preventivas para não permitir a entrada de pragas no ambiente da empresa. Se

existem preenchimento, monitoramento e arquivo de relatórios sobre as

atividades de controle de pragas (Costa & Batista, 2004).

Se usam de processo químico, qual o procedimento adotado, quais são os

produtos utilizados no combate à infestação, periodicidade da aplicação,

quantidades, número de alvará sanitário junto ao órgão competente, bem como a

empresa que realiza o serviço. E qual a frequência e onde estão arquivados os

registros (Costa & Batista, 2004).

Os documentos que complementam este procedimento são: planilhas de

monitoramento de pragas, programa de desratização, mapa de posicionamento

de iscas, relação e especificação de pesticidas e o programação de desratização

(Silva, 2007).

2.4.7 Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens

A indústria deve dispor de procedimentos operacionais mencionando os

critérios empregados para o recebimento e seleção da matéria-prima,

ingredientes e embalagens, e quando aplicável, o tempo de quarentena

necessário. Esses métodos devem prever o destino dado às matérias-primas,

ingredientes e embalagens reprovadas no controle efetuado (Anvisa, 2002b).

De acordo com Silva (2007), pode-se optar pelos seguintes métodos de

controle e avaliação isoladamente ou em conjunto, para aprovar um fornecedor

quanto à segurança de alimentos, estes são: auditoria do sistema de segurança

de alimentos do fornecedor, ou seja, do seu BPF, POP e APPCC, histórico de

fornecimento, avaliação sensorial, laudo de análises físico-químicas e

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microbiológicas da matéria-prima, ingrediente ou embalagem adquiridas,

questionário de avaliação e execução de teste prático.

Segundo Primato (2015) o responsável pelo controle de qualidade

acompanhará o processo de seleção das matérias-primas e só será liberado para

o uso através da autorização do mesmo e/ou responsável técnico.

Para facilitar o processo de seleção das matérias-primas e ingredientes, o

controle de qualidade deve possuir amostras de todos os itens recebidos pela

indústria e identificados com a data de recebimento e nome do produto. Devem

ser substituídos de acordo com a validade os mostruários de cada produto ou

conforme a sua necessidade (Primato, 2015).

Quando o fornecedor alterar a formulação dos itens recebidos ou se houver

troca de fornecedor, deve ser coletada nova amostra para ser submetida ao

processo de qualificação. O mesmo deve enviar e comunicar para a indústria um

laudo especificando quais foram os resultados e a alteração das análises dos

mesmos (Primato, 2015).

2.4.8 Programa de recolhimento de alimento (RECALL)

O programa de recolhimento de alimento correlaciona o lote da matéria-

prima ou insumo com o produto acabado e a localização do produto terminado

nos pontos de venda (Silva, 2007).

O programa de recolhimento de produtos deve ser documentado na forma

de procedimentos operacionais, instituindo-se a forma de segregação dos

produtos recolhidos às situações de adoção do programa, os procedimentos a

serem seguidos para o rápido e efetivo recolhimento do produto, seu destino final,

além dos responsáveis pela atividade (Silva, 2007).

De acordo com Costa & Batista (2004) deve-se verificar quais são os

procedimentos adotados para o efetivo e rápido recolhimento dos produtos

reclamados, onde são armazenados esses produtos, onde são feitos os registros,

seu destino final e onde estão arquivados.

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2.5 Programa 5S

O programa 5S é a filosofia básica de atuação dos sistemas de gestão e de

produção de qualidade, estruturada com o objetivo de melhorar e maximizar a

utilização de recursos físicos e estimular a adoção de práticas e atitudes

saudáveis responsáveis na administração destes recursos (Araújo, 2010).

De acordo com Silva (1994), o programa é fundamentado em cinco

princípios a serem adotados, derivados das palavras japonesas iniciadas com a

letra “S”, estas são:

Seire: senso de utilização – consiste em descartar ou destinar da

maneira mais adequada os materiais que não estão sendo

utilizados, deixando no ambiente de trabalho apenas os demais

úteis.

Seiton: senso de organização - consiste em instituir um lugar para

cada material, organizando-o e identificando-o conforme a

frequência do uso. O material que for utilizado frequentemente deve

ficar perto do trabalhador, caso contrário, deve ser armazenado em

um local mais afastado, para que não prejudique as tarefas

rotineiras.

Seisou: senso de limpeza – consiste em manter os ambientes em

ótimas condições operacionais e limpos. Este princípio diz: melhor

que limpar é não sujar.

Seiketsu: senso de saúde ou melhoria contínua – este princípio pode

ser interpretado de duas formas. Nas condições sanitárias e

ambientais do trabalho e na aplicação de ações que visam à

manutenção e melhoria da saúde do trabalhador.

Shitsuke: senso de autodisciplina – este é um estágio avançado de

comprometimento das pessoas, que seguem os princípios

independentes de supervisão. Para atingir este estágio é necessário

ter atendido satisfatoriamente os quatro princípios anteriores do 5S.

O objetivo do programa vai além da transformação do ambiente de

trabalho. Conscientizando as pessoas, transformando as ideias em atitudes. As

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melhorias podem ser observadas no decorrer do programa e passam a refletirem

qualidade de vida dos funcionários (Domingues, 2011).

O programa 5S proporciona benefícios que são perceptíveis, podendo ser

notadas com o aumento da produtividade nas empresas, redução de custos e

desperdícios, fatores que contribuem diretamente para a qualidade. O método

segue um cronograma para sua implantação e é de suma importância que à

medida de sua evolução se faça comparações com as condições anteriores para

que os funcionários acompanhem e percebam a evolução e os resultados do

programa (Domingues, 2011).

2.6 Qualidade do Produto Final

No processo de fabricação, a gestão de qualidade inicia-se no projeto da

fábrica, abrangendo sua construção, seleção dos fornecedores de ingredientes,

qualidade dos ingredientes alimentícios, instalação dos equipamentos, fórmulas

de rações, mistura dos alimentos, pesagem, pré-mistura de concentrados e

suplementos vitamínicos, higienização geral da fábrica, supervisão da ração

pronta, e a manutenção e limpeza dos equipamentos da fábrica (Butolo, 2002).

De acordo com Silva & Correia (2009), a qualidade dos alimentos diz

respeito à totalidade das características de um produto relacionada com sua

habilidade em atender as necessidades explícitas e implícitas dos alimentos à

ausência de defeitos e ao conjunto de propriedades de um produto em

conformidade com as características para as quais foi criada.

Silva (2015) afirma que para garantir a qualidade dos produtos, é

essencial que a empresa se preocupe com a melhoria dos seus processos de

fracionamento, pelo aperfeiçoamento e conscientização dos seus colaboradores.

Essa conscientização se faz com medidas de segurança alimentar, por

procedimentos das BPF, com treinamentos e palestras sobre a importância do

consumo de alimentos seguros e os riscos que podem causar à saúde pública

devido a contaminações decorrentes da inadequada manipulação dos alimentos.

Ter consciência e investir em qualificação e treinamento passa a ser

essencial para os colaboradores conhecerem bem o processo de fabricação e

produzir com qualidade. O alimento passa a ser produzido com qualidade e

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segurança para o homem, para o animal e para o ambiente, quando é feito

monitoramento nas diferentes fases de processamento, compreendendo a

avaliação de sua qualidade, o recebimento de matéria-prima, as técnicas de

armazenagem e de uso adequado da ração (Ronkey et al., 1985 citado por Coradi

et al., 2009).

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3 ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO

3.1 Caracterização da Empresa

O estágio foi realizado na Cooperativa Mista Agroindustrial de Palminópolis

(COOMAP), localizada no município de Palminópolis – GO, rodovia Go 162 km 0,

setor industrial, CEP: 75990-000, CNPJ: 13.566.152/0001-06, inscrição estadual

10.500.409-0.

Há oito anos no mercado, a cooperativa possui uma fábrica de rações e

suplementos minerais, uma loja veterinária com uma grande variedade de

medicamentos, selaria, produtos pet e um supermercado (Figura 1).

Fonte: Arquivo pessoal (2015).

Figura 1. Cooperativa Mista Agroindustrial de Palminópolis (COOMAP). Legenda: Em (a), o supermercado da COOMAP em (b), a loja veterinária da COOMAP e em (c), a fábrica de ração e suplemento mineral da COOMAP.

A cooperativa oferece aos produtores rurais da região uma linha com

dezesseis formulações de rações, dez de suplementos minerais e quatro de

proteinados, produtos produzidos com a melhor e bem selecionada matéria-prima,

para bovinos de leite e corte, suínos, aves e equinos. E visando o melhor

acompanhamento e análise dos produtos, são realizadas visitas técnicas aos

produtores rurais.

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O estágio foi realizado no período de 15/12/2014 à 25/02/2015 com o

intuito de complementar a formação acadêmica, adquirir conhecimento do

mercado de trabalho e experiência a campo, totalizando 420 horas.

3.2 Atividades Especificas

As seguintes atividades foram realizadas durante o estagio: conhecimento

da estrutura física da fábrica de ração e suplemento mineral e o seu processo de

fabricação; acompanhamento da recepção das matérias-primas; preenchimento

de formulários do manual de BPF; acompanhamento de descarga de matéria-

prima em sacaria e a granel; fiscalização do número de lote e data de fabricação

de matéria-prima; acompanhamento do procedimento de utilização de cada

matéria-prima; treinamentos sobre o manual de BPF com os funcionários;

liberação de pedidos para obtenção da mercadoria; adequação da fábrica ao

manual de BPF e a realização de um folder sobre a ração e o proteinado da

cooperativa;

3.3 Acompanhamento do Funcionamento da Fábrica de Ração

Primeiramente, realizou-se uma reunião com o gerente da fábrica a fim de

conhecer os seus objetivos em relação à melhoria da qualidade e

consequentemente elaborar um plano de trabalho.

A partir do plano elaborado foi realizado um acompanhamento de todo o

sistema produtivo da fábrica de rações, desde a obtenção da matéria-prima até o

produto acabado, a identificação de todos os componentes e suas atividades

diárias.

Foram observados os principais pontos críticos de controle de cada setor,

com o intuito de adotar as ações corretivas e preventivas para que o produto não

apresente contaminação durante o seu processamento. Mostrando a importância

de conhecer todo o funcionamento da fábrica para atingir o sucesso do controle

de qualidade, que objetiva garantir a qualidade da ração, diminuindo os riscos de

contaminação e os custos de produção.

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A fábrica de ração conta com um rigoroso controle, tanto na liberação de

pedidos como no controle de estoque que é realizado mensalmente. Também

foram observadas as fórmulas utilizadas pela empresa e houve a realização de

fórmulas específicas para o produtor rural.

3.4 Qualificação de Fornecedores e Controle de Qualidade das Matérias-primas, Ingredientes e Embalagens

A COOMAP possui vários fornecedores de matérias-primas, ingredientes e

embalagens, sendo de suma importância a avaliação criteriosa dos mesmos,

tendo como consequência a qualificação e seleção destes fornecedores.

A cooperativa escolhe os seus fornecedores de acordo com a sua

competência e idoneidade assim como, pela produção de matérias-primas com

menores variações dos níveis de garantia, melhor apresentação do produto e por

serem criteriosos na sua documentação. Este fato traz qualidade e segurança ao

processo de produção e produto acabado.

Com o intuito de garantir a melhor qualidade ao produto acabado foi

proposta a avaliação dos fornecedores através de procedimentos de BPF, estes

foram: serviço de conferência de pesos das matérias-primas, especificação de

matérias-primas, procedimento de rastreabilidade e qualificação de fornecedores.

Os fornecedores de matérias-primas, ingredientes e embalagens passaram

por um sistema de amostragem, onde foi proposto que os mesmos enviassem

uma amostra do seu produto para analise e posteriormente comparação com

outros fornecedores. Se os padrões de qualidade estiverem dentro dos padrões

exigidos o fornecedor é encaminhado para o responsável pela cotação.

3.5 Inspeção

Todas as matérias-primas que são recebidas pela cooperativa são

submetidas ao serviço de inspeção que consiste em: avaliar se a transportadora

chegou no dia combinado; pesagem do caminhão; avaliação da nota fiscal;

preenchimento do formulário para avaliação da qualidade da matéria-prima

constando os seguintes dados: situação do transporte que envolve o estado do

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caminhão, se esta enlonado, se o assoalho apresenta pregos, resíduos de outra

carga no assoalho do caminhão, mau estado de conservação (Figura 2); no

momento do descarregamento do produto observa-se a embalagem apresenta

suja, limpa ou rasgada; se os rótulos apresentam os níveis de garantia, número

de lote legível e a data de fabricação; coleta e armazenamento de amostras

(contra prova) até que se cumpra seu prazo de validade; liberação da matéria-

prima pela garantia da qualidade; armazenamento e identificação da matéria-

prima e serviço de rastreabilidade de número de lote.

Fonte: Arquivo pessoal (2015). Figura 2. Caminhão com matéria-prima e preenchimento do formulário de avalição do manual de BPF da cooperativa.

3.6 Armazenamento

O armazenamento da matéria-prima e produto acabado (Figura 3) é de

suma importância, pois, quando realizada de maneira inadequada, interfere na

qualidade do produto e na garantia da segurança. Depois do serviço de inspeção

os mesmos são armazenados de forma adequada, sobre estrados e distantes das

paredes.

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Depois de armazenadas, os produtos acabados são identificados com

etiquetas, contendo o nome do produto, data de validade, data de fabricação e

número de lote.

São usados sempre o lote mais velho das matérias-primas, a fim de que

não haja perigo de vencer o produto dentro do galpão, garantindo a qualidade do

produto final.

Fonte: Arquivo pessoal (2015). Figura 3. Armazenamento de rações para bezerros sobre estrados na respectiva fábrica.

3.7 Elaboração e Adequação da Fábrica ao Manual de Boas Práticas de Fabricação (BPF)

As indústrias de nutrição animal vêm aperfeiçoando seus processos e

oferecendo produtos de qualidade.

Após o conhecimento do que o gerente almejava para a fábrica, realizou-se

uma inspeção que visava avaliar o cumprimento dos requisitos das BPF

aplicáveis à empresa.

Foram realizadas algumas modificações na fábrica como: colocação da tela

de proteção contra pássaros a utilização de lixeiras com tampa na parte interna e

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externa da fábrica, as embalagens após o seu uso devem ser guardadas em local

especifico, os utensílios de uso pessoal devem ser guardados nos vestuários,

ajuste do portão da fábrica às batentes, placas de instruções de higienização das

mãos nos banheiros, proibiu-se o uso de adornos; distância da parede ao pallet

de no mínimo 0,50 cm; limpeza diária da fábrica e ordem de fabricação de ração

para evitar a contaminação cruzada (Figura 4);.

Fonte: Arquivo pessoal (2015). Figura 4. Adequação da fábrica as BPF. Legenda: Em (a), tela de proteção contra pássaros em (b), lixeira com tampa na parte externa da fábrica e em (c), placa de instrução de higienização de como realizar a lavagem das mãos.

Foi verificado que os colaboradores não utilizavam diariamente o EPI,

então foi orientado para os mesmos a sua utilização diária (Figura 5).

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Fonte: Arquivo pessoal (2015).

Figura 5. Funcionários utilizando os EPI´s. Legenda: Em (a), funcionário retirando ração da caixa com o uso dos EPI’s e em (b), funcionário carregando o produto acabado para a pilha com a utilização dos EPI’s.

3.8 Controle de Qualidade das Matérias-primas

Os ingredientes e matérias-primas que chegam à empresa são

inspecionados e classificados quanto a sua umidade antes que cheguem à linha

de produção.

Só são utilizadas na fabricação das rações, as matérias-primas que não

apresentam risco de contaminação.

O controle de qualidade dos materiais recebidos é uma prevenção contra

os perigos à saúde animal, já que um ingrediente que não apresente os padrões

mínimos de qualidade pode comprometer toda a linha de produção.

3.8.1 Determinação da umidade dos grãos

Um dos fatores que mais afetam os grãos é o conteúdo de umidade. Grãos

secos e sadios podem ser armazenados por muitos anos, mas grãos úmidos

podem se deteriorar rapidamente em poucos dias.

As condições de transporte são o primeiro ponto a ser observado, o veículo

deve estar limpo, seco, coberto por lona e isento de outros produtos como pedras,

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vidros e insetos. Na indústria é realizada a coleta do grão para análise de sua

umidade, este é coletado com o auxílio de um calador de metal e um balde para

armazenamento. Com o objetivo de tornar a amostra a mais representativa

possível, as coletas são feitas em vários pontos em forma de “zig-zag”.

A amostra retirada do caminhão é homogeneizada e posteriormente é

retirada uma sub-amostra de 500 g. Está amostra é avaliada quanto à

concentração de sua umidade, através de equipamento medidor de umidade

Gehaka G650 (Figura 6).

Fonte: Arquivo pessoal (2015).

Figura 6. Medidor de umidade Gehaka G650. Depois a sub-amostra é selada e coloca-se uma etiqueta com a descrição

do fornecedor, motorista, responsável pela coleta, tipo de grão, valor da umidade

e a data de validade (Figura 7). O produto é armazenado durante três meses, pois

se houver algum problema pode-se fazer a contra prova.

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Fonte: Arquivo pessoal (2015).

Figura 7. Amostra de matéria-prima do grão de milho identificado com o nome do fornecedor, motorista, tipo de grão, umidade, data e o responsável pela coleta.

Caso o produto não atenda as especificações da empresa, este será

devolvido ou negociado um desconto com o fornecedor, dependendo do grau de

não conformidade.

3.9 Controle de Qualidade dos Produtos Acabados

Na empresa é realizado o acompanhamento de todas as etapas do

processo pelo gerente responsável por este setor, isto inclui a mistura dos

ingredientes, aferição dos equipamentos de pesagem, sequência de adição das

matérias-primas e a coleta de amostra de 500g do lote para análise (Figura 8).

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Fonte: Arquivo pessoal (2015).

Figura 8. Amostra do lote de ração para bezerros.

Foram realizadas algumas observações sobre as condições de

armazenamento do produto acabado, para promover o melhoramento da

qualidade: o local onde serão armazenadas as matérias-primas deve ser limpo,

arejado, seco, livre de pragas e produtos de limpeza, químicos ou de higiene; as

sacarias devem estar íntegras, caso não esteja, deve-se trocar e nunca integrar

um produto que esteja danificado; os rótulos devem apresentar os dados do

fabricante, número de lote, data de validade, lista de ingredientes, registro no

órgão fiscalizador, informação nutricional e instrução de uso; deve-se entregar em

primeiro lugar os produtos de fabricação mais antiga e a matéria-prima que não

for utilizada em sua totalidade deve ser adequadamente acondicionada.

3.10 Higienização de Equipamentos, Instalações e Utensílios

A empresa realiza um controle eficaz em relação à higienização de

equipamentos, instalações e utensílios, sendo mantidos em condições higiênico-

sanitárias apropriadas.

A higienização é realizada diariamente por um funcionário capacitado e

treinado para determinados fins minimizando o risco de contaminação do

alimento.

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Foi proposto que o lixo produzido na fábrica e nos outros departamentos

fosse separado e levado para um ponto de coleta de material reciclável.

3.11 Higiene e Saúde Pessoal

Foram detectadas na empresa pontos de não conformidades, estes foram

repassados ao gerente da fábrica. Foi sugerido que em cada banheiro fosse

colocado uma placa do procedimento correto para a lavagem das mãos; que

fosse proibido o uso de adornos pelos funcionários que trabalham dentro da

fábrica, devido ao risco de contaminação e a prevenção de acidentes; que

qualquer objeto de uso pessoal fosse deixado dentro dos vestuários e que fosse

realizado exame dos funcionários a cada seis meses.

3.12 Prevenção da Contaminação Cruzada

Com o intuito de controlar as possíveis fontes de contaminação cruzada e

para garantir que o produto atenda às especificações de qualidade, foram feitas

sugestões à empresa: o lixo da fábrica não deve ser retirado pelo mesmo local

por onde entram as matérias-primas, embalagens e produtos acabados, que

fossem comprados coletores de lixo com tampas automáticas para evitar a

entrada de roedores e colocadas tampas nos vasos sanitários reduzindo assim os

riscos de contaminação cruzada.

3.13 Controle Integrado de Pragas

Ao analisar a empresa, observou-se que algumas áreas de produção não

apresentavam essas barreiras, logo aconselhou-se a utilização das telas

milimétricas e a utilização de meios químicos, como a desratização e detetização

(Figura 9) . Esse processo é realizado por empresas terceirizadas devidamente

capacitadas.

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Fonte: Arquivo pessoal (2015).

Figura 9. Controle de roedores da fábrica.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O controle de qualidade é fundamental para garantir a confiança do produto acabado.

Através da aplicação das BPF é possível melhorar as condições de trabalho dos manipuladores, assim como, o próprio bem-estar dos mesmos e ter uma melhora significativa no processo de trabalho.

Associado a estes fatores, observamos que as BPF são ferramentas de extrema importância para a produção de ração animal. Proporcionando, alimentos de maior qualidade devido aos procedimentos higiênicos e sanitários aplicados em todo o processo de produção.

Através do estágio foi possível adquirir conhecimentos práticos a cerca da importância da aplicação das BPF no processo de fabricação de rações e suplementos minerais e sua relação com o mercado, buscando-se cada vez mais, a qualidade dos produtos.

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