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BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 23 nº 261 | Fevereiro - 2017 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP FEVEREIRO 2017

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BOLETIM DO

LEITEUma publicação do CEPEA - ESALQ/USPAno 23 nº 261 | Fevereiro - 2017Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP

FEVEREIRO

2017

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BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2017 - ANO 23 - Nº 261

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

Assim como já esperado por colaboradores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os preços do leite recebido pelos produ-

tores em janeiro seguiram estáveis (ligeiro recuo de 0,21%) frente aos de dezembro, fechando a R$ 1,1885/litro na “média Brasil” (MG, RS, SP, PR, GO, BA e SC). Segundo colaboradores do Cepea, o excesso de chuva na região Sul do Brasil e o baixo volume de precipitação em Goiás e em Minas Gerais limitaram o ritmo de crescimento na oferta nas principais bacias produtoras.

Para os próximos meses, parte dos agentes consultados pelo Cepea acredita em recuperação nos preços do leite ao produtor, funda-mentada no possível aquecimento da demanda por conta do retorno das aulas e na recuperação da economia nacional. Para fevereiro/16, especificamente, a maioria dos entrevistados pelo Cepea (53,7%), que representam 42,1% do leite amostrado, ainda espera estabilidade nos preços. Porém, os outros 38,8% dos agentes, que representam 54,7% do volume amostrado de leite, acreditam em alta. Apenas 7,5%, que representa 3,1% do volume da amostra, espera queda nos valores.

Quanto à produção no campo, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) sinalizou pequena queda de 0,1% no volu-me de novembro para dezembro. Dos sete estados incluídos no ICAP--L/Cepea, destacaram-se Bahia, com aumento de 4,51% na captação, e Rio Grande do Sul, com queda de 0,80%. No acumulado do ano anterior, o ICAP-L registrou queda de 2,96%.

2016 – Considerando-se os preços reais (valores deflaciona-dos pelo IPCA de dez/16) no ano passado, a média líquida anual foi de R$ 1,253/litro, 21,8% superior à de 2015 e a maior de toda a série anual do Cepea, iniciada em 2004. No correr de 2016, o clima impac-tou fortemente na produção de leite nas principais bacias, reduzindo a oferta de matéria-prima em boa parte do ano. No início de 2016, o au-mento significativo no volume de chuvas atrapalhou a qualidade das pastagens e a logística para coleta do leite nas propriedades. Com a produção no campo abaixo do esperado e com o avanço da entressa-fra, os estoques das indústrias reduziram, impulsionado os valores ao produtor a patamares recordes. Porém, diferente dos anos anteriores, o início sazonal da safra coincidiu com a chegada das chuvas, resultando em forte recuperação dos estoques e queda nos preços ao produtor a partir de agosto.

Do lado da demanda, as crises econômica e política continu-aram impactando no mercado lácteo. Mesmo com a ligeira melhora no consumo de alguns derivados quando comparados a 2015, grande parte desses produtos ainda é classificada como bem superiores de consumo, e, com o poder de compra do consumidor ainda em recupe-ração, a demanda é considerada baixa pela indústria.

CUSTOS – Os custos de produção das propriedades leiteiras seguiram em alta em 2016. O Custo Operacional Efetivo (COE) acu-mulou aumento de 5,26%, abaixo do IPCA, que subiu 6,29% no ano passado. O item que mais se valorizou em 2016 foi o concentrado (11,6%), que tem a maior ponderação na distribuição dos custos, de

45,5% do COE. Já o item que registrou a maior queda foi forrageiras anuais, com 11,5%, principalmente por conta dos fertilizantes e de-fensivos.

DERIVADOS – O preço do leite UHT continua em alta, sus-tentado pela leve melhora na demanda pelo derivado em janeiro. Já o queijo muçarela segue em queda pelo sexto mês consecutivo, mas com indicativos de inversão de tendência para o próximo mês. As mé-dias de janeiro (até dia 30) do leite UHT e do queijo muçarela negocia-dos no atacado do estado de São Paulo são de R$ 2,3668/litro e de R$ 14,64/kg, respectivamente, altas de 4,79% e baixa de 1,01%, respec-tivamente. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Ano se inicia com preço estável; média de 2016 é a maior da série

Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite Equipe de Apoio | Natália Salaro Grigol, Aline Figueiró dos Santos e Juliana Cristina Santos, Juliana Haddad Tognon e Bianca Ferraz Teixeira

Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosEquipe de Apoio | André Sanches, Camila Pissinato, Débora Kelen Pereira da Silva, Yasmin Pascoal Butinhão, Ketlyn Accorsi, Isabela Rossi e Stefane Moura

EXPEDIENTE Editor Executivo: Wagner Hiroshi YanaguizawaPesquisador Projeto Leite

Jornalista Responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148

Editores Científi cos:

Prof. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros e Prof. Sergio De Zen

Revisão:Bruna Sampaio - Mtb: 79.466Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681Nádia Zanirato - Mtb: 81.086Paola Garcia Ribeiro Miori - Mtb: 49.146

Impressão: Gráfica Riopedrense Editora

Contato:(19) 3429-8834 | [email protected]

Endereço para correspondência:Av. Centenário, 1080 | Cep: 13416-000 | Piracicaba/SPO Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USPA reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação.

LEIT

E AO

PRO

DUTO

R

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Gráfi co 1: ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite – DEZEM-

BRO/16. (Base 100=Junho/2004)

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Gráfi co2 - Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA

Por Wagner H. Yanaguizawa

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3CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2017 - ANO 23 - Nº 261

LEITE AO PRO

DUTOR

Tabela 1 - Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em JANEIRO/17 referentes ao leite entregue em DEZEMBRO/16

Tabela 2 - Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES e CE

Fonte: Cepea-Esalq/USP

MÉDIA GERAL

1,4809

1,5251

1,3645

1,2108

1,2463

1,2373

1,2200

1,2701

1,5099

1,5505

1,4856

1,3880

1,4397

0,8592

1,4656

1,0630

0,9681

0,9045

0,9511

1,1023

0,9695

1,2617

1,3185

1,2531

1,1903

1,0896

1,2253

1,4989

1,2333

1,1116

1,1243

1,1275

1,1836

1,1620

1,3877

1,4450

1,3307

1,2813

1,2885

1,4186

1,3917

1,2878

1,1029

1,1010

1,1069

1,1317

1,1838

1,4681

1,4751

1,4490

1,3264

1,3297

0,8109

1,3335

0,9919

0,8657

0,7669

0,8271

1,0107

0,8872

1,2256

1,2484

1,2219

1,1320

0,9895

1,1688

1,3662

1,1615

1,0099

0,9818

1,0008

1,0919

1,0705

1,3487

1,4008

1,2977

1,2234

1,0734

0,04%

3,75%

-0,76%

2,43%

-3,61%

0,98%

-3,66%

-3,41%

-0,62%

-2,27%

0,01%

-0,42%

-0,19%

0,04%

4,16%

-0,74%

2,37%

-4,22%

0,92%

-3,92%

-3,88%

-0,74%

-0,02%

0,00%

-0,29%

-0,38%

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Sul / Sudoeste de Minas

1,5028

1,4237

1,4580

1,3804

1,3219

1,3716

1,3365

1,3882

1,4693

1,4417

1,3906

1,4884

1,4100

1,4798

1,4239

1,5454

1,4826

1,4063

1,7357

1,3653

1,5353

1,3875

1,3527

1,3584

1,2243

1,5300

1,4229

1,4490

1,1373

1,0617

1,0887

0,9985

0,9442

1,0079

1,1215

1,1696

0,9529

1,1504

1,1551

1,1081

1,3148

1,3414

1,1731

1,2056

1,0793

1,0686

0,9407

1,0081

1,0836

1,1261

0,9745

1,0398

1,0019

1,0554

1,0805

1,0936

1,3304

1,3237

1,2895

1,1975

1,1616

1,1998

1,3156

1,3196

1,3300

1,3270

1,3182

1,2990

1,3608

1,4139

1,3259

1,3943

1,3177

1,2642

1,2846

1,2298

1,3229

1,2854

1,2410

1,2501

1,1452

1,2464

1,2440

1,2958

1,3735

1,3343

1,3486

1,2773

1,1937

1,2655

1,3022

1,2856

1,3244

1,3082

1,2865

1,3784

1,3193

1,4134

1,3307

1,4008

1,3876

1,2357

1,6194

1,2823

1,4149

1,2571

1,2386

1,2386

1,1219

1,3584

1,2969

1,3373

1,0161

0,9801

0,9875

0,9041

0,8246

0,9099

1,0920

1,0652

0,8219

1,0235

1,0543

1,0071

1,2272

1,2765

1,0811

1,0669

0,9928

1,0029

0,8422

0,9332

0,9815

0,9990

0,8688

0,9263

0,9042

0,9502

0,9901

0,9922

1,2049

1,2332

1,1836

1,0986

1,0370

1,0975

1,2818

1,2022

1,1903

1,1961

1,2109

1,1935

1,2732

1,3448

1,2321

1,2523

1,2359

1,1452

1,1784

1,1455

1,2126

1,1565

1,1293

1,1324

1,0453

1,1051

1,1342

1,1885

-1,62%

-0,04%

-1,27%

0,96%

0,66%

1,64%

-0,19%

-2,28%

-0,10%

-0,89%

-0,73%

-1,30%

-0,01%

1,27%

-0,88%

0,68%

-0,22%

0,35%

-0,10%

-3,49%

0,35%

-0,98%

0,75%

0,43%

-2,68%

0,62%

-0,79%

-0,19%

dez/jan dez/jan

-1,73%

0,01%

-1,27%

0,57%

0,57%

1,42%

-0,24%

-2,66%

0,41%

-1,21%

-0,89%

-1,58%

-0,07%

1,09%

-0,78%

0,76%

-0,19%

0,95%

0,38%

-4,05%

0,43%

-0,99%

0,76%

0,46%

-2,89%

-0,95%

-1,64%

-0,21%

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BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2017 - ANO 23 - Nº 261

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

O que é COE? COE significa Custo Operacional Efetivo. São consideradas as despesas correntes que o produtor de leite tem ao longo do mês, como alimentação de todo o rebanho (volumoso e concentrado), salário de funcionário, medicamentos e sal mineral. Já o pró-labore do produtor e também as depreciações das instalações fixes, como curral, cercas e galpões integram o que chamamos de COT (Custo Operacional Total). Para calcular o COE e o COT, o Cepea, em parceria com a CNA, pesquisou a estrutura de custos da produção leiteira em várias regiões do País. Depois de terem sido obtidos os “coeficientes técnicos”, mensalmente, são atualizados os preços dos insumos coletados nas lojas agropecuárias das regiões pesquisadas.

CUST

OS

E RE

CEIT

A

Mesmo com reajuste do mínimo, queda dos concentrados reduz custos pelo 5º mês

Por Wagner H. Yanaguizawa

Os custos de produção da pecuária leiteira iniciaram 2017 em queda, dando continuidade ao movimento observa-do desde setembro/16. O custo operacional efetivo (COE),

que considera os gastos correntes da propriedade na “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), caiu 0,68% e o custo operacional total (COT), que engloba pró-labore e depreciações, 0,48% em janeiro, em relação ao mês anterior. A pressão veio principalmente dos concentrados, que se des-valorizaram 2,3% em igual comparativo. Por outro lado, o reajuste mé-dio de 6,47% no salário mínimo nacional limitou as quedas nos custos.

Apesar da queda nos desembolsos menores, a demanda por insu-mos segue enfraquecida, refletindo a redução na produção de leite, decor-rente do clima adverso – seca em dez/16 e chuvas em excesso em jan/17. Além disso, segundo colaboradores do Cepea, o ritmo de quedas do preço pago ao produtor atrelado ao típico aumento de impostos nessa época do ano desestimularam investimentos na atividade leiteira. O grupo de medica-mentos para controle parasitário foi um dos únicos a registrar boa procura, visto que o clima chuvoso eleva o aparecimento de carrapatos e bicheiras.

A demanda abaixo do esperado, combinada à valorização do Real frente ao dólar, pressionou os gastos com suplementação mineral no pri-meiro mês de 2017 em 1% na “média Brasil”. Outros produtos como ferti-lizantes e defensivos agrícolas, com preço final indexado ao dólar, também registraram quedas sobre o mês anterior. Para “forrageiras perenes”, o re-cuo foi de 1,4%, para “forrageiras anuais”, de 1,3%, e “silagem”, de 0,8%.

O grupo dos concentrados caiu pelo quinto mês consecutivo, re-fletindo as boas expectativas da safra do milho nos mercados interno e externo. A variação acumulada nesse período (de set/16 a jan/17) foi ne-gativa em 9,8% e as projeções de valores maiores no curto prazo podem in-centivar um aumento na produção nesse momento de recuperação de receita.

Por outro lado, os gastos com combustíveis aumentaram pelo sexto mês seguido, acumulando alta de 1,3%, de ago/16 a jan/17.

MÍNIMO – O reajuste do salário mínimo nacional impactou os custos da pecuária leiteira dos estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais. Para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, que possuem mínimo regional, ainda não há previsão para que o reajuste ocorra, embora os valores já tenham sido definidos.

Nota: As relações de troca referem-se ao estado de São Paulo. Fonte: Cepea-Esalq/USP (2017)

(130g de Fósforo)

nov/16dez/16jan/17

nov/16dez/16jan/17

nov/16dez/16jan/17

nov/16dez/16jan/17

nov/16dez/16jan/17

nov/16dez/16jan/17

752,7 litros/tonelada738,3 litros/tonelada725,7 litros/tonelada

4,5 litros/frasco 10 ml 4,5 litros/frasco 10 ml 4,6 litros/frasco 10 ml

886,3 litros/tonelada982,4 litros/tonelada1028,0 litros/tonelada

66,8 litros/sc 25 kg 68,3 litros/sc 25 kg 68,9 litros/sc 25 kg

9,6 litros/frasco 50 ml 10,2 litros/frasco 50 ml 10,4 litros/frasco 50 ml

34,9 litros/litro de herbicida36,1 litros/litro de herbicida36,2 litros/litro de herbicida

Gráfi co 1 - Evolução do Custo Operacional Efetivo (COE) e do preço do leite em dezembro

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BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2017 - ANO 23 - Nº 261

Importações aumentam quase 2,4 vezes em um ano

Por Juliana Cristina dos Santos

No primeiro mês de 2017, as compras brasileiras de de-rivados lácteos totalizaram 151 milhões de litros em equivalente leite, volume 2,37 vezes maior frente ao

registrado no mesmo período de 2016, e elevação de 5,3% em rela-ção ao último mês do ano passado. Os dados são da Secex.

O leite em pó foi o único derivado lácteo que impactou no aumento de volume importado em jan/17. O total adquirido pelo Bra-sil foi de 117,8 milhões de litros em equivalente leite, e 86% vieram do Uruguai. O déficit da balança comercial, em valor, foi de US$ 38,1 milhões em janeiro, 12% superior ao de dezembro.

Por outro lado, as compras brasileiras de leite modificado di-minuíram fortes 96,7% no primeiro mês de 2017. O motivo é que, em janeiro, o Brasil não negociou o produto com a Alemanha – principal fornecedor de leite modificado em dez/16.

Quanto às exportações, também segundo a Secex, o total foi de 10,8 milhões de litros em equivalente leite em janeiro, redução de 31,1% em relação a jan/16 e de 21% frente a dez/16. Os prin-cipais derivados que influenciaram o movimento de queda frente ao último mês de 2016 foram o leite em pó (-57,4%) e o doce de leite (-46,9%). A Bolívia importou cerca de 4,2 mil litros de leite em pó

em equivalente leite, recuo de expressivos 91% comparado ao mês anterior (48,8 mil litros). Quanto ao doce de leite, o Brasil exportou 73% menos para o Paraguai, totalizando 7,3 mil litros em jan/17.

Por outro lado, as vendas externas de alguns derivados tive-ram forte aumento. As vendas externas de leite fluido, por exemplo, totalizaram 853 mil litros em janeiro de 2017, expressiva alta frente aos 47,5 mil litros negociados no primeiro mês de 2016. Quanto ao leite condensado, o volume negociado no mercado internacional foi de 6,1 milhões de litros em equivalente leite, 3,43 vezes mais que em jan/16. Em janeiro de 2017, a Bolívia importou do Brasil quantidade de manteiga em equivalente leite 2,52 vezes maior que em dez/16.

BALANÇA COMERCIAL – No início de 2017, as importa-ções foram superiores às exportações, resultando em déficit de 140,6 milhões de litros em equivalente leite na balança comercial, alta de 8% frente ao último mês de 2016. Em valores, a balança comercial chegou a negativos US$ 47,8 milhões com variação de 3% a menos em relação ao mês anterior.

A expectativa para este ano é de recuperação das margens da balança comercial, devido ao aumento da oferta no mercado interno e ao fortalecimento da demanda por produtos lácteos.

¹A categoria “leites em pó” considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 04021010; 04022110; 04021090.

²A categoria “queijos” considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 04061010; 04061090; 04062000; 04063000;

04064000; 04069010; 04069020; 04069030; 04069090.

MERCADO

INTERN

ACION

AL

Tabela 2 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹

Total

Leite em pó(integral e desnatado)

QueijosManteiga

Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros. Fonte: Secex; Elaboração: Cepea-Esalq/USP.Total de janeiro/2017 frente ao mesmo período de 2016: 137,4%

151.500

117.882

32.350

1.052

5,3%

11,3%

-6,7%

-38,4%

-

77,8%

21,4%

0,7%

137,4%

157,0%

85,1%

121,3%

Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. Fonte: Secex; Elaboração: Cepea-Esalq/USP.Total de janeiro/2017 frente ao mesmo período de 2016: -31,1%

Tabela 1 - Volume expor tado de lácteos (em equivalente leite)¹

Total

Leite em pó(integral e desnatado)

Leite condensadoQueijos

10.851

545

6.129

2.050

1.247

853

-21,0%

-57,4%

-20,1%

-13,5%

-27,6%

30,3%

-

5,0%

56,5%

18,9%

11,5%

7,9%

-31,1%

-94,5%

243,0%

21,3%

-43,0%

1696,7%

Jan/17

Jan/17

Dez/16 – Jan/17 (%)

Dez/16 – Jan/17 (%)

Jan/17 - Jan/16 (%)

Jan/17 - Jan/16 (%)

Participação no total exportado em Jan/17

Participação no total exportado em Jan/17

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BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2017 - ANO 23 - Nº 261

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

Os preços do leite UHT no estado de São Paulo ini-ciaram 2017 em alta, mesmo cenário observado no final do ano passado. A média do último mês, de R$

2,37/litro, superou em 4,9% a de dezembro e em 0,73% a de um ano atrás, em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de dezem-bro/2016). Somente na primeira quinzena de janeiro, as cotações do leite UHT subiram 3,43% frente ao último mês de 2016.

Como consequência da reação da demanda, grande parte dos colaboradores do Cepea afirma estar com estoques baixos des-de o final do ano passado, apesar de terem sido repostos para as festas de final de ano. De forma geral, as negociações do leite UHT no mercado spot estão começando a aumentar, dada a possibilidade de redução no volume captado de leite nos próximos meses. Esta pesquisa tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas

Brasileiras (OCB).No caso do queijo muçarela, os preços recuaram na primeira

quinzena de janeiro devido à retração da demanda no final do ano e aos consequentes estoques mais elevados. Na segunda metade do mês, contudo, a procura começou a reagir, fortalecendo as cotações do produto. Mesmo assim, em janeiro, o preço do queijo muçarela no atacado de São Paulo registrou queda de 0,96% em relação ao mês anterior e de 0,64% em relação ao primeiro mês de 2016, em termos reais, com média mensal de R$ 14,65/kg.

Quanto aos demais derivados acompanhados pelo Cepea, a “Média Brasil” (SP, MG, RS, PR e GO) da primeira quinzena de janei-ro para o queijo prato, leite em pó (sachê 400g) e manteiga (pote 200g) foi de R$ 15,7/kg, R$ 16,93/kg, R$ 16,24/kg e R$ 21,72/kg, respectivamente. Já o leite pasteurizado foi cotado a 2,09/l.

Preços do UHT iniciam 2017 em alta;

valor da muçarela recua

DERI

VADO

S

Por Aline Figueiró dos Santos e Bianca Ferraz Teixeira

Fonte: Cepea - OCB.Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período.

R$ 2,37/litro

R$ 14,65/kg

0,73%

-0,64%

4,9%

-0,96%

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Media Nacional

2,22

2,25

15,99

15,49

23,33

18,00

-7,7%

3,5%

-5,2%

-11,3%

-1,3%

0,0%

2,05

2,11

19,65

17,09

21,48

18,00

-7,0%

-2,3%

-3,1%

-8,1%

0,9%

0,6%

2,20

2,12

15,40

15,12

20,26

14,86

-1,5%

2,3%

-5,9%

-5,8%

-1,2%

-4,7%

1,90

2,15

16,73

16,31

21,20

16,00

-18,2%

-1,5%

-1,8%

-3,3%

0,2%

-0,7%

2,18

2,14

17,02

15,16

21,20

16,19

0,5%

4,0%

-1,7%

-4,8%

0,6%

2,2%

2,11

2,15

16,96

15,83

21,49

16,61

-6,92%

1,2%

-3,5%

-6,7%

-0,2%

-0,5%

em jan/17 jan/16 dez/16

Variações em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de dezembro/2016)

Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados em DEZEMBRO e as variações em relação ao mês anterior

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BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2017 - ANO 23 - Nº 261

A produção brasileira de lácteos caiu em 2016,

principalmente para o leite em pó e fluido, com

respectivas quedas de 8,8% e 6,5%, em relação

ao ano anterior, segundo o USDA (Departamento de Agricultura

dos Estados Unidos). Para manteiga e queijo, o volume produzi-

do reduziu 1,2% em igual comparativo. Do lado da demanda, o

consumo de leite fluido diminuiu 6,5% em 2016, enquanto o de

manteiga, leite em pó e queijo subiu 3,6%, 2,4% e 1,8%, nessa

mesma ordem. Apesar dos aumentos, houve uma desaceleração

na procura em relação ao ano anterior.

Números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Es-

tatística) mostram que a produção brasileira de leite já havia

diminuído em 2015, em 0,4% sobre 2014. Para 2016, o Índice

de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L/Cepea-Esalq) apontou

retração de 6% no montante produzido, em relação a 2015.

O mercado brasileiro de leite é caracterizado pela alta

correlação entre o aumento da renda das famílias e o consu-

mo de produtos lácteos, sobretudo os de maior valor agregado,

como queijos e iogurte. De 2000 a 2016, a correlação entre a

evolução do salário mínimo real no Brasil e o consumo de queijos

foi de 0,97, o que implica relação linear positiva e forte.

Em um cenário de crise econômica, no qual fatores como

desemprego e inflação elevados reduzem a renda e, consequen-

temente, o poder de compra, consumidores passaram a sele-

cionar os produtos adquiridos. A fraca demanda foi reforçada,

ainda, pelos patamares recordes de preços, em decorrência do

clima adverso (chuvas em excesso), que prejudicou as pastagens

e produtividade dos animais.

Para 2017, a expectativa é de um cenário mais ofertado,

comparado ao ano anterior, embora a captação de leite siga pra-

ticamente estável neste início de ano. Para os derivados lácteos,

a demanda interna está reagindo progressivamente, refletindo

em elevação do preço da matéria-prima e dos produtos na in-

dústria. Para a recuperação do setor, deve-se apostar na melhora

da economia nacional aliada a investimentos dentro do campo,

resultando em aumento de produtividade.

Produção de lácteos cai e consumo

desacelera em 2016

PANO

RAMA

Por Aline Figueiró dos Santos, Bianca Ferraz Teixeira e Juliana Cristina dos Santos

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MILHO: Preços recuam com força em janeiro

Após aumentos significativos nos preços do milho em 2016, o mercado inicia 2017 sob forte pressão. O início da colheita na região sul do País, a necessidade de esvaziamento de arma-

zéns no Centro-Oeste e a demanda enfraquecida foram os principais fatores para as expressivas desvalorizações em janeiro.

No mercado de balcão (preço pago ao produtor), na média das re-giões acompanhadas pelo Cepea, a baixa entre dezembro e janeiro foi de 12,8% e, no mercado disponível (negociação entre empresas), de 9,8%. Os recuos mais fortes foram observados na região Sul do País, onde as ativida-des de colheita começaram. Em Campinas, região base do Indicador Esalq/BM&F, o recuo foi menos intenso, dada a reação dos preços na segunda quinzena do mês – movimento gerado pela restrição de disponibilidade do produto, devido à interrupção da colheita pelo excesso de chuvas. No último dia do mês, a saca de 60 quilos do cereal foi cotada a R$ 36,40 – recuo de 4,6%.

No campo, a colheita da primeira safra foi intensificada ao longo de janeiro no Rio Grande do Sul, o estado mais adiantado. As atividades atingiram 19% da área até dia 26, segundo a Emater. No Paraná, as chuvas atrapalharam a retirada do cereal das lavouras, e a colheita atingiu apenas 1% da área colhida até dia 30 (dados da Seab). Quanto à segunda safra, a semeadura seguiu em bom ritmo – em Mato Grosso, o Imea estima que 10,2% da área já havia sido plantada até dia 28. No Paraná, o Seab estima avanço de 6%.

Na BM&F Bovespa, os contratos futuros do cereal se desvalorizaram entre dezembro/16 e janeiro/17. O vencimento Mar/17 recuou 3,4%, fe-chando a R$ 34,58/sc no dia 31. Já para o contrato Mai/17 o recuo foi mais intenso, de 8,2%, fechando o mês a R$ 32,60/sc.

FARELO DE SOJA: Exportação cresce, mas preços são os menores em 9 meses

O Brasil começou 2017 com maior competitividade nas tran-sações internacionais de farelo de soja. A retração de parte dos vendedores argentinos (devido às incertezas sobre o ta-

manho da safra daquele país), os valores elevados do derivado nos Estados Unidos e os consequentes baixos prêmios e preços ofertados no Brasil atra-íram importadores para o mercado nacional.

Mesmo com a maior demanda externa, as cotações domésticas do derivado em janeiro caíram para os menores patamares reais desde abr/16, refletindo as expectativas de safra de grãos recorde no Brasil, o consumo interno enfraquecido e a desvalorização do dólar frente ao Real.

Em janeiro, saíram dos portos brasileiros 1,4 milhão de toneladas de farelo de soja, o maior volume para o período desde 1996 (quando o Cepea passou a acompanhar as informações da Secex) e aumentos de 37,5% na comparação com dezembro/16 e de 17,4% frente a janeiro/16.

No mercado brasileiro, os preços do farelo de soja caíram 4% entre dez/16 e jan/17 e fortes 25% em um ano, em termos reais, na média das praças acompanhadas pelo Cepea.

Por Ketlyn Hevelise Accorsi

MIL

HO E

FAR

ELO

DE

SOJA

Por Débora Kelen Pereira da Silva

Milho(R$/sc de 60 kg)

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Farelo de soja(R$/tonelada)

jan/17

jan/17

35,92

1.014,14