bombeiros emergencia

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Revista destinada aos profissionais de segurança contra incêndio e pânico.

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OPINIO

Na margem das discussesNo de hoje que os bombeiros sofrem com pouco efetivo e recursos materiais. Os servios atingem, segundo a Senasp (Secretaria Nacional de Segurana Pblica), 12% do territrio nacional e este contingente pouco praticvel se formos considerar as mudanas da sociedade brasileira em crescimento constante. O problema que, com este crescimento, surgem mais desastres, como pudemos ver no incio deste ano, quando o acidente do metr parou a cidade de So Paulo. Mas, quem estava l? Eles mesmos: os bombeiros, profissionais a quem a populao e parentes desesperados das vtimas depositavam sua f durante os resgates. Apesar de toda esta importncia, estes profissionais parecem estar sempre na marginalidade das polticas pblicas em nvel nacional. As alternativas esto surgindo como os bombeiros voluntrios, comunitrios, municipais, porm, estes, ainda lutam por um reconhecimento, at mesmo de colegas de profisso. Mas, deixando de fora particularidades e mritos sobre os tipos de bombeiro, a questo parece ter um ponto maior a ser discutido, pois para a sociedade, no interessa se militar, voluntrio ou municipal. O que importa que ela possa se sentir segura de que um bombeiro estar por perto quando ela precisar. este o ponto. Um servio de bombeiros se mede por sua agilidade, competncia e presena na comunidade. nisto que se deve pensar.

Revista trimestral sobre proteo e combate a incndio, resgate e emergncia, atendimento prhospitalar e emergncias qumicas DIRETOR Alexandre Gusmo Sede Rua Lucas de Oliveira, 49 - cj 401 Fone (51)2131-0400 - Fax (51)2131-0445 93510-110 - Novo Hamburgo - RS E-mail: [email protected] Site: www.revistaemergencia.com.br So Paulo Av So Lus, 86 - cj 191 Fone/fax (11)3129-4580 01046-000 - So Paulo - SP REDAO Fone: (51)2131-0422 E-mail: [email protected] Editora: Paula Barcellos

SEESCASTOR BECKER JNIOR

Textos: Cristiane Reimberg, Lia Nara Bau e Paula Barcellos Foto de capa: CBMERJ

ESPECIAL

Sem abranger grande parte do territrio nacional e com problemas de recursos materiais e humanos, profissionais do fogo buscam alternativas para atender populao. Especialistas do setor sugerem que problema poderia ser contornado com a adoo de uma poltica nacional de bombeiros.

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Foto desabamento do metr: Fernando Busian / Defesa Civil/SP Ilustraes: Gabriel Renner Editorao Eletrnica: Karina Brito e Scheila Cristina Wagner Consultores Tcnicos: Cloer Vescia Alves, David Szpilman, Edson Haddad, Jorge Alexandre Alves, Marco Secco, Randal Fonseca, Rogrio Crotti e Mrcio Vicente dos Santos PUBLICIDADE Rio Grande do Sul: Fone/fax: (51)2131-0430 E-mail: [email protected] Gerente: Rose Lanius So Paulo: Fone/fax: (11)3129-4580 E-mail: [email protected] Gerente: Joo Batista da Silveira CIRCULAO Fone/fax: (51)2131-0400 E-mail: [email protected] Gerente: Cristina Juchem Assinatura 1 ano (4 edies) R$48,00 2 anos (8 edies) R$82,00 Assinatura exterior: 1 ano (4 edies) US$30.00 Exemplar avulso: R$15,00 ASSINATURAS NOS ESTADOS So Paulo (11)3129-4580 Minas Gerais (31)3081Gois: (62)3945-5711 Rio de Janeiro 0802 (21)2580-8755 Rio Grande do Sul (51)2131-0400 Reproduo de artigos somente com a autorizao do editor. Emergncia no se responsabiliza por opinies emitidas em artigos assinados, sendo estes de responsabilidade de seus autores. Tiragem de 10.000 exemplares auditada pelo IVC (Instituto Verificador de Circulao)

ENTREVISTA

04 32 37 47CORPO DE BOMBEIRO/SP

24 HORAS

Mdico e militar, o paraibano Fbio de Almeida Gomes fala da importncia do APH em vrias foras de atendimento, como bombeiros, polcia e Exrcito.

49 52A importncia dos comissrios como First Responders durante os vos para um melhor resultado em salvamentos de passageiros.

Reportagem acompanhou o trabalho da Defesa Civil de So Paulo na articulao dos rgos de emergncia e no atendimento populao no acidente do metr na capital paulista.

PRODUTOS PERIGOSOS

Qualificao dos profissionais que atuam na emergncia deve envolver treinamento com base em tens nacionais e internacionais.

AVIAO

RESGATE

Maior acidente areo da aviao brasileira, at ento, vo da Vasp matou 154 pessoas, em 1982, e precisou que as operaes de resgate fossem reiniciadas.

REPORTAGEM

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TRAGDIA DO METRDesabamento das obras da estao de metr Pinheiros/SP exigiu articulao e intensa atividade fsica e psicolgica dos profissionais de resgate.MARO / 2007

Profissionais de Atedimento Pr-Hospitalar necessitam estar atentos s questes de biossegurana nas operaes evitando doenas.

Emergncia filiada ANATEC - Associao Nacional das Editoras de Publicaes

INTERNACIONAL

A revista Emergncia editada pela

Traduo do National Safety Council traz panorama de como empresas e rgos de atendimento s urgncias no mundo esto preparados para uma pandemia de gripe aviria.

Impresso: Sociedade Vicente Pallotti Emergncia

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ENTREVISTA

Mdico da Polcia Militar da Paraba defende a disseminao do Atendimento Pr-Hospitalar no Exrcito, polcia, bombeiros, profissionais da sade e na sociedade como um todo

APH conquista espao

N

unca fui de ficar muito parado. A frase reflete o esprito ativo do mdico e militar paraibano Fbio de Almeida Gomes que, h mais de dez anos, adentrou na rea de APH de corpo e alma. Formado no curso de Suporte Bsico de Vida, instrutor do ATLS (Advanced Trauma Life Support) e do PHTLS (Prehospital Trauma Life Support), este professor universitrio ainda encontra flego para batalhar pela disseminao do APH em vrias categorias de atendimento como bombeiros, policiais, Exrcito e, inclusive, entre os prprios enfermeiros e mdicos. Exemplos disso so as conquistas recentes como a insero das disciplinas de Suporte Bsico e Medicina de Trfego nos cursos de Medicina em duas Universidades Privadas na Paraba. Na rea acadmica, tambm est lutando pela criao de uma Residncia em Medicina de Trfego, especialidade que tem como um dos vrtices

de atuao a rea do APH. Mas o esforo no acaba a. Responsvel pelo treinamento na rea de APH dos policiais e bombeiros da Fora Nacional de Segurana Pblica, quando ela esteve na Paraba, Fbio vai alm e, baseado na especializao feita em Sistemas de Emergncia e Trauma, em Haifa, Estado de Israel, no ano de 2003, diz que equipes do Exrcito no mundo todo necessitam cada vez mais se especializar em Atendimento Pr-Hospitalar, dentro do modernssimo conceito da Medicina de Combate.Num cenrio de guerra ou voc intervm rapidamente ou a vtima vai morrer, destaca. Sobre estas vises, experincias, a preparao dos profissionais e o futuro do APH no Brasil, Fbio fala nesta entrevista exclusiva para a Revista Emergncia. Paula Barcellos batente o prprio combatente. Ento, hoje, para aqueles times da SWAT, por exemplo, ou do Exrcito norte-americano, j previsto um treinamento para que o prprio combatente seja, ao mesmo tempo, um socorrista treinado e ele possa no local do conflito auxiliar o seu companheiro que foi ferido em combate, pois no existe segurana na cena e os recursos logsticos so mnimos. Neste caso, ou voc intervm rapidamente ou a vtima vai morrer. Esse um treinamento novo que est surgindo agora, mas que, sobretudo, as equipes militares tm que ter e no pode ser improvisado, precisa ser baseado em protocolos especficos, como aqueles encontrados nos programas ATLS, PHTLS e BLS. ESTA TTICA PODERIA SER APLICADA PARA A NOSSA POLCIA? Realmente, essa violncia no est s no campo de batalha no, mas em cidades brasileiras como So Paulo, Rio de Janeiro , Recife e outras onde h muitos conflitos. Como alm de mdico eu sou militar, me preocupo em ver que equipes tticas de grupos especiais de polcias, ou do prprio Exrcito, tm que ter tambm essas noes de Suporte Bsico em situao ttica, porque nem sempre vo ter um apoio de servio pr-hospitalar profissional. preciso dar uma formao ao combatente, logicamente, orientado e treinado por um pessoal da rea de Sade. Eu acho que esta uma tendncia internacional, tanto que a NAEMT (Associao Norte-Americana de Tcnicos de Emergncias Mdicas) j tem um departamenMARO / 2007

PODERIA FALAR MAIS SOBRE O RESGATE TTICO A PARTIR DO SEU CURSO FEITO EM ISRAEL? Isso uma coisa nova, inclusive na sexta edio do livro traduzido do PHTLS, que sair em breve, haver mais questes relacionadas a essa parte da Medicina Militar. Mas, por qu? Desde o atentado de 11 de setembro, o medo

do terrorismo internacional e as guerras em que os Estados Unidos estiveram envolvidos, tambm em Israel, fizeram com que as equipes das foras armadas, as equipes policiais, observassem que naquele cenrio ttico, de rea conflagrada, o bombeiro, assim como o mdico civil, no tm muito acesso porque no esto preparados para atuarem em rea conflagrada. Portanto, uma cena insegura e quem acaba tendo que prestar o primeiro socorro ao com-

PERFILFBIO DE ALMEIDA GOMESTenente-Coronel mdico da Polcia Militar do Estado da Paraba, especializado em Sistemas de Emergncias e Traumas pelo Rambam Medical Center, em Haifa, Estado de Israel, e em Medicina de Trfego, pela ABRAMET (Associao Brasileira de Medicina de Trfego). Mdico formado em1984 pela Universidade Federal da Paraba, fez Residncia Mdica em Cirurgia Geral e Urologia, entre os anos de 1985 e 1988, na cidade do Rio de Janeiro, tendo, porm, largado a especialidade urolgica h cerca de cinco anos para se dedicar Medicina de Trfego, rea onde o APH est fortemente inserido. Hoje, o Tenente-Coronel tambm professor da Universidade Federal da Paraba, e de duas Universidades Privadas (Faculdade de Cincias Mdicas da Paraba e Faculdade de Medicina Nova Esperana) onde j conseguiu inserir no curso de Medicina as disciplinas de Suporte Bsico de Vida e Medicina de Trfego.EmergnciaARQUIVO EMERGNCIA

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ENTREVISTAARQUIVO EMERGNCIA

QUAL A IMPORTNCIA HOJE DE UM MDICO TER NOES BSICAS DE EMERGNCIAS? Primeiro porque a emergncia ocorre em qualquer local e a qualquer hora. Eu acho que no nem uma questo da formao do mdico apenas. Trata-se de uma questo de todo profissional de sade e at do cidado. UMA RESPONSABILIDADE DE TODA A SOCIEDADE... Sim, e a entra a questo do Desfibrilador Externo Automtico usado por leigos. Ns sabemos que, hoje, quem tira da parada cardaca mesmo no a RCP e sim o uso precoce do desfibrilador. Por outro lado, vemos que est havendo uma invaso de pessoas que no so habilitadas atuando nesta rea. Como, por exemplo, algumas ONGs que atuam no pr-hospitalar. No que o problema sejam as ONGs, mas quem est atuando nestas organizaes. So pessoas que, muitas vezes, no tm uma formao adequada para estarem dando cursos de formao em BLS. Desde sua implantao, h uns quatro anos, o SAMU tem tentado unificar e coordenar o Sistema de Atendimento Pr-Hospitalar ao longo do territrio brasileiro, pois no havia uma coordenao nica. Se presenciarmos um atropelamento em via pblica, boa parte da populao ainda no sabe se aciona o telefone 193 ou o 192. Muitas vezes, liga para os dois nmeros e chegam duas viaturas, uma do Samu, outra dos bombeiros. O ideal que num pas continental como o nosso houvesse um nico nmero para todas as emergncias. A QUE O SENHOR ATRIBUI ESTA DESARTICULAO? Acho que porque o Atendimento Pr-Hospitalar no Brasil relativamente novo. Voc v regies que no tem nada como o Norte e outras que tm demais como a Sudeste, especialmente, So Paulo. Outro problema que detectamos est nos eventuais conflitos que chegam a existir entre as vrias equipes que atuam no APH. Chega-se ao ponto de haver disputa para ver quem chega primeiro em determinada ocorrncia. Tudo isso fruto de uma falta de Coordenao do Sistema de Emergncias Mdicas. Alm do mais, cada servio tem sua atribuio especfica. Por exemplo, h ocorrncias em que as equipes do Samu, mesmo aquelas de Suporte Avanado, necessitam do apoio operacional das equipes dos bombeiros, como ocorre nas situaes de resgate, onde h vtimas presas em ferragens, locais de difcil acesso ou acidentes com produtos perigosos. Isto MARO / 2007

Equipes tticas precisam ter noes de APH

to dedicado s a essa parte de Medicina Militar, que est, justamente, criando protocolos. Hoje obrigatrio todo o soldado americano ter o curso de treinamento pr-hospitalar voltado para essa situao ttica que uma coisa bem especfica. Alm disto, mesmo que se criasse um grupo de sade especfico para isso, nem todo o mdico est apto a trabalhar neste tipo de situao, pois exige vocao, condicionamento fsico e um treinamento militar especfico. TM REQUISITOS PARA ISTO... Mesmo a Medicina Pr-Hospitalar no para quem gosta, para quem pode. Um mdico obeso com 110 Kg, no pode se adequar a trabalhar no pr-hospitalar. O mdico tem que carregar sua bolsa, ajudar a carregar a vtima na prancha, enfim, preciso bom condicionamento fsico. Isso no pr-hospitalar civil, imagine no ambiente ttico... O SENHOR FEZ UM TREINAMENTO COM A FORA NACIONAL DE SEGURANA PBLICA. COMO FOI ESTE TRABALHO? A Fora no uma nova Polcia que surge, ela apenas um departamento da SENASP (Secretaria Nacional de Segurana Pblica), que est vinculado ao Ministrio da Justia. Este contingente especializado selecionado e treinado a partir de militares estaduais de todas as unidades da Federao para que em situaes extremadas de violncia, onde a fora policial local no faa frente quela contingncia, eles possam ser convocados. Ela tem o objetivo de nivelar o treinamento de policiais militares e bombeiros, homens e mulheres, de todos os estados e Distrito Federal, pois vamos policiais com tecnologia, equipamentos e treinamentos de diferentes padres variando entre as diversas regies brasileiras. Para sanar esse6Emergncia

tipo de disparidade, foi criado o programa de treinamento de nivelamento, com instrues de armamento, gerenciamento de crises, controle de distrbios, de direitos humanos e tambm de Suporte Bsico de Vida, seja para o combatente, seja para o bombeiro. A Fora j teve treinamento em alguns estados, pois comeou no Distrito Federal, passando pelo Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraba. Na Paraba eles ficaram de fevereiro at junho de 2006, quando tive a honra e o prazer de conhecer o coronel Ferreira - Coordenador Nacional da FNSP - que, de imediato, compreendeu e apoiou o projeto de contemplar na grade curricular dos militares em treinamento o tema do APH, sempre dando um enfoque ao atendimento ttico. bom ressaltar que esse enfoque j havia sido iniciado com instrues ministradas pelo capito Antunes e outros militares com conhecimento na rea. A nossa participao veio to somente enfatizar o apoio mdico. Dentro disto, os combatentes aprendem a desobstruir uma via rea, como se portar numa vtima desacordada, tm treinamento de transporte de feridos, praticados por eles mesmos, etc. O SENHOR TEM DEFENDIDO AQUI NO BRASIL O APH NA FORMAO DOS MDICOS. POR QU? Tenho observado que no currculo do mdico existe formao em Neurocirurgia, Cirurgia plstica, Cardiologia e no h a formao bsica em emergncia. O mdico termina os estudos, vai para o interior trabalhar ou faz uma especialidade, mas no sabe sequer abordar uma vtima desacordada ou com convulso. Falta isso no currculo e, em Joo Pessoa, na Paraba, estamos tentando implantar, com a reforma curricular, essa parte de Emergncia, o Suporte Bsico de Vida.

trabalhar em conjunto, respeitando as autonomias. E EXISTE BEM CLARO O LIMITE DE ONDE COMEA O TRABALHO DE UM E ONDE TERMINA O DO OUTRO? O bombeiro, basicamente, trabalha com resgate, retirando vtimas presas em ferragens, em locais de difcil acesso, como em altura, na gua, atendimento com produtos perigosos. Essa uma atribuio exclusiva do bombeiro, seja ele militar ou civil. J o Samu tem as equipes de Suporte Bsico e Avanado que do o atendimento clnico ou s vtimas do trauma, alm de acorrerem a casos de obstetrcia e psiquiatria. Percebeu a diferena de atribuies? Lgico que, historicamente, como anteriormente no havia Samu, o bombeiro comeou a fazer, inclusive, em alguns locais, ocorrncias clnicas, trabalho de parto, emergncias cardiolgicas. Mas dentro disto, voc j tem uma outra variante: Tm estados no Brasil em que os bombeiros trabalham com mdicos em suas equipes, como, por exemplo, em Pernambuco, em So Paulo e no Rio de Janeiro. No Rio tem o oficial mdico bombeiro militar. J em So Paulo e Recife o mdico civil, trabalhando junto com as guarnies de bombeiros. E existem bombeiros, como l na Paraba que no tm nenhum mdico, s fazem o Suporte Bsico de Vida. Ento voc tem, hoje, um bombeiro equipado, treinado, mas que, infelizmente, s se limita parte de Suporte Bsico e o ideal que todos os bombeiros tivessem tambm um Suporte Avanado. No s mdico, mas uma ambulncia com todos os equipamentos do Suporte Avanado de Vida. E ESTAS DIFERENAS ACABAM INFLUINDO NO ATENDIMENTO? Os que fazem apenas o Suporte Bsico ficam restritos s parte de imobilizao e transporte e, hoje, o Conselho Federal de Medicina e o Conselho Federal de Enfermagem esto em cima dos chamados atos de cada profisso. Se voc bombeiro e no tiver curso de Tcnico de Enfermagem, voc no pode fazer um acesso venoso, porque exerccio ilegal da profisso. Por isso, eu acredito ser o APH lugar do bombeiro, do enfermeiro e do mdico. Todos trabalhando juntos. O SENHOR TAMBM ATUA NA MEDICINA DE TRFEGO. FALE UM POUCO DELA E DA RELAO COM O APH? A Medicina de Trfego uma especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, mas relativamente nova, pois chegou aqui no Brasil h pouco mais de 20 anos. ElaMARO / 2007

surgiu da Medicina Legal, porque os legistas americanos comearam a notar, desde 1960, que estava morrendo muita gente vtima de acidente de trnsito. Ento, foi criada a IATAM (Associao Internacional de Medicina e Acidentes de Trnsito) que evoluiu e chegou ao Brasil por volta de 1984. A Medicina de Trfego tem, basicamente, quatro reas. A rea preventiva, a rea ocupacional, que mais ligada Medicina de Trabalho, a parte de medicina de viagens e a parte, que a que eu mais me identifico, que justamente o APH, uma das especialidades que est inserida no s na parte do trauma, na parte das vtimas de acidentes de causas externas, como tambm na parte clnica, nas emergncias clnicas e nas emergncias cardiolgicas. Atualmente, estou trabalhando exclusivamente nesta rea. INCLUSIVE SE EST FALANDO EM RESIDNCIA MDICA PARA ESTA REA... H o intuito de se criar o programa de Residncia Mdica em Medicina de Trfego que est evoluindo. Em So Paulo, existe um projeto de criar na USP a primeira Residncia Mdica, mas ainda no conseguiram implementar. Eu tenho um plano de tentar implementar na Paraba tambm.

escalados os recm formados sem qualificao para tal. E quando se tenta criar uma especialidade desta, justamente para dar ao mdico recm formado, desde cedo, uma formao adequada para que ele venha a desempenh-la com segurana e qualidade. Eu consegui colocar nas duas faculdades privadas na Paraba, dentro do curso de Medicina, as disciplinas de Suporte Bsico e Medicina de Trfego e impressionante como esses temas despertam a ateno e o interesse dos alunos da graduao j no quarto perodo de formao mdica. COMO O SENHOR AVALIA OS TREINAMENTOS E CURSOS DADOS NA REA DE APH NO PAS? Esses cursos, o PHTLS, o ACLS, que s de emergncias cardiolgicas, mais o ATLS, so reconhecidos por certificadoras internacionais norte-americanas, por exemplo, Sociedade Norte-Americana de Cardiologia, Colgio Americano de Cirurgies, etc. So cursos oficiais e baseados em protocolos clnicos, os quais esto sendo sempre revisados a cada cinco anos. Um exemplo disto o protocolo para RCP, a manobra de Ressucitao Cardiopulmonar, onde, antigamente, se faziam 15 compresses numa parada cardaca para duas ventilaes. Atualmente, o protocolo mudou, pois voc faz 30 compresses para duas ventilaes. S que ainda tem gente dando essa instruo no protocolo antigo. Ento, isso requer um processo de educao continuada, exigindo dos profissionais atualizaes constantes . EXISTE UM MODO DE SABER QUEM HABILITADO E QUEM NO ? No tem. difcil. Temos que ver o que? Quais so as certificadoras realmente reconhecidas. Eu acho o seguinte: quem quer trabalhar com essa parte de Urgncia e Emergncia deve estudar, se habilitar para isso e no ficar apenas na curiosidade e empolgao. QUAL SUA AVALIAO GERAL SOBRE AS EMERGNCIAS NO PAS? Eu acho que nos ltimos quatro anos melhorou muito e o Samu tem dado uma grande contribuio para que isso ocorra, pois disseminou essa cultura das Urgncias e Emergncias, bem como da regulao mdica. O que falta que os gestores municipais implantem nos seus municpios estes programas e que haja uma melhor integrao com os Corpos de Bombeiros, pois estes esto, na sua grande maioria, sucateados, defasados em treinamentos, com algumas ilhas de excelncia.Emergncia

O APH lugar do bombeiro, do enfermeiro e do mdico. Todos trabalhando juntos.

ESTA ESPECIALIDADE SERIA FUNDAMENTAL PARA OS MDICOS QUE ATUAM EM EMERGNCIAS? Claro. Hoje uma das portas do mercado de trabalho a Emergncia. Hoje o trauma a primeira causa de morte entre 15 e 38 anos de idade, e engloba acidente de trnsito, tiro, facada, suicdio, violncia, abuso sexual, intoxicao, queimadura, tudo o que venha a compreender as chamadas causas externas. H uma estimativa que em 2025 o trauma venha a superar doenas cardacas e o cncer e passe a ser a primeira causa de mortalidade geral, inclusive nas faixas etrias acima dos 38 anos. S no trnsito, aqui no Brasil, ns somos os campees mundiais de acidente nesta categoria. Por isto, imprescindvel que o profissional da rea de Emergncia esteja preparado para tudo isto. Alm disto, o atendimento s emergncias, por ser uma atividade desgastante, e que requer vigor fsico, geralmente, so

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ATUALIZANDO

Ambulncias paradasManuteno da frota de viaturas do Samu gera polmica no RJVeio tona, no incio de fevereiro, o possvel superfaturamento em contrato de manuteno de uma frota de ambulncias do Samu do Rio de Janeiro. A partir de um processo simulado de dispensa de licitao, com base em uma brecha na Lei de Licitaes, que permite esta prtica em caso de emergncia, a Secretaria de Sade do Estado do Rio realizou a contratao direta de uma oficina mecnica, alegando situao de emergncia por se tratar de ambulncias do Samu. As cifras envolvidas na manuteno, no entanto, chegaram a cerca de 2,3 milhes de reais, o suficiente para adquirir uma nova frota equipada de ambulncias. Outro fator que chamou a ateno foi que seja pouco provvel que 23 ambulncias, de um total de 74 adquiridas em 2005, tenham quebrado de uma vez s. Ou seja, na medida em que foram quebrando ou sofreram acidentes, foram sendo encostadas. Em junho de 2005, o Ministrio da Sade entregou 64 ambulncias Secretaria da Sade do Estado do Rio de Janeiro, avaliadas em mais de R$10 milhes. A frota estava destinada ao atendimento de cerca de 170 pessoas por dia na cidade do Rio de Janeiro. Em maio de 2006, o Ministrio fez um levantaPAN 2007MINISTRIO DA SADE

SAMU

mento e verificou que 23 estavam paradas, incluindo 19 de atendimento bsico e quatro UTIs mveis. SOLUO A nova direo da Secretaria da Sade que assumiu em 2007 demitiu o responsvel pela frota de ambulncias e a mulher dele, que ocupava o cargo de diretora operacional do Samu no Rio. O servio est sendo administrado pelo Corpo de Bombeiros, a quem cabe agora consertar as ambulncias, inlusive as que ficaram paradas na oficina. O superintendente de Urgncia e Emergncia da Secretaria de Estado da Sade e Defesa Civil do Rio de Janeiro, coronel Fernando Suarez Alvarez, afirma que quando assumiu o cargo, em 02/01/07, encontrou mais de 30% da frota parada. Passamos quase um ms de sufoco. Hoje, estamos operando com a frota praticamente normal, apenas sete am-

bulncias esto paradas e foi aberta sindicncia para apurar o caso, avalia. Suarez frisa que um servio de emergncia no pode, em hiptese alguma, ter uma ambulncia parada. Isto aumenta o nosso tempo-resposta. Agora, com as ambulncias do Samu sob a gesto do Corpo de Bombeiros, dispomos de mais de cem ambulncias, contabilizando os dois servios, aponta. O coronel destaca ainda que foi possvel, em um ms, aumentar em 40% o nmero de atendimentos. Estamos, inclusive, realizando uma distribuio de acordo com o georeferenciamento, disponibilizando ambulncias de acordo com aspectos tcnicos da rea de chamada, explica. A Secretaria da Sade nomeou uma comisso interna de sindicncia para a apurao do caso. At o fechamento desta edio, um relatrio que dever ser entregue ao secretrio Srgio Crtes ainda no havia sido concludo.

rgos de emergncia em alertaA preparao dos rgos de segurana pblica e de emergncia para os Jogos Pan-americanos, que ocorrero de 13 a 29 de julho, no Rio de Janeiro, intensa desde o ano passado. A Senasp (Secretaria Nacional de Segurana Pblica), do Ministrio da Justia, realiza, desde novembro, o Curso de Brigada Socorrista. No total, sero formados mil brigadistas socorristas que trabalharo como voluntrios para ajudar nos casos de emergncia. O curso permite que os brigadistas previnam incndios ou qualquer outro acidente no seu local de trabalho e comandem os8Emergncia

procedimentos iniciais, como isolamento da rea e atendimentos s vtimas at a chegada dos bombeiros. Dentro desta programao para o Pan, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro recebeu, em novembro, um curso ministrado pela Guarda Costeira dos EUA. Os instrutores ministraram o curso Sistema de Comando de Incidentes para 44 bombeiros militares e integrantes de outras foras de segurana, como policiais militares, capacitando-os para serem multiplicadores desses ensinamentos. J a Subsecretaria de Estado de Defe-

sa Civil criou, recentemente, o Gabinete de Gesto Operacional para o planejamento de segurana dos Jogos. Apoiar o Comit Olmpico - Rio (Co-Rio) na anlise dos projetos de segurana contra incndio e pnico, bem como definir as necessidades de viaturas e equipamentos operacionais a serem apresentados Senasp para aquisio so algumas das atribuies do gabinete. Nosso planejamento operacional est avanado no que se refere estrutura de preveno contra incndio e pnico em todas as instalaes esportivas, na Vila Pan-Americana, nos hotis e nas vias especiais, afirmou o coordenador do gabinete, coronel Srgio Simes.MARO / 2007

ATUALIZANDOBOMBEIROS APH

Trocas de comandoNovo Comandante no CBMERJ tambm subsecretrio de Defesa Civilmilitares que so mdiNo dia dois de janeicos e dentistas. E esta ro ocorreu a solenidaCorporao, que j de de transmisso de presta um grande servicargo ao novo comano populao, ter dante do CBMERJ maior presena nos (Corpo de Bombeiros hospitais do Rio, afirMilitar do Estado do ma o governador Srgio Rio de Janeiro), coroCabral. nel Pedro Marco Cruz Para o novo comanMachado, que ocupadante, que recebeu o r tambm o cargo de cargo do coronel Carlos subsecretrio Estadual Alberto de Carvalho, a de Defesa Civil. O traintegrao vai agilizar balho integrado deu o os trabalhos, beneficiantom da cerimnia, j Pedro Marco assume Corporao que a Subsecretaria est vinculada re- do a populao. Com a unificao, o cm criada Secretaria de Estado de Sa- Samu do governo federal, o Programa de e Defesa Civil, que englobar as a- Emergncia em Casa do governo do es das duas antigas pastas. Isto por- Estado e o GSE (Grupamento de Socorque a Secretaria Estadual de Defesa Ci- ro de Emergncia) do Corpo de Bomvil foi extinta no novo governo, unindo- beiros tero uma nica central de atense Secretaria da Sade. Defesa Civil dimento, facilitando o trabalho de regue Sade fazem parte da mesma estrat- lao desses servios. A populao pasgia, que a defesa da vida. O Corpo de sar a ser atendida de forma coordenaBombeiros vai continuar a trabalhar mui- da e com maior capacidade de resposto na rea da sade, como j fazem os ta, diz coronel Machado.CBMERJ

Primeiro Samu rodovirio do PasO Ministrio da Sade, em parceria com a Secretaria Estadual de Sade do Rio Grande do Norte e a Secretaria Municipal de Sade de Natal, inauguraram, no dia 18 de dezembro, o primeiro Servio de Atendimento Mvel de Urgncia Rodovirio da Rede Nacional Samu 192 no pas. O novo Samu, denominado Samu Metropolitano do Rio Grande do Norte, est localizado s margens da BR-304, na regio metropolitana de Natal. O servio atende oito municpios, alm de vtimas de acidentes nos principais acessos rodovirios federais da regio - BRs 101, 226, 406 e 304. A escolha da BR-304 para a construo do Samu Metropolitano do Rio Grande do Norte foi feita considerando-se alguns fatos, entre eles, a necessidade de se implantar um Atendimento Pr-Hospitalar mvel na BR-304, popularmente conhecida como rodovia da morte e a facilidade de acesso das viaturas para as bases descentralizadas nos municpios. De acordo com a coordenadora geral de Urgncia e Emergncia do Ministrio da Sade, Irani Ribeiro de Moura, a localizao do novo Samu vai melhorar o tempo-resposta em casos de urgncia. Os habitantes dos municpios atendidos vo se beneficiar de um servio rpido, uma vez que as ambulncias transitaro por rodovia, salientou. ITLIA Pela primeira vez, o Samu brasileiro foi apresentado aos profissionais de sade na Europa. A apresentao - feita pela coordenadora Irani Ribeiro de Moura aconteceu no ms de novembro ltimo, durante o V Congresso da Sociedade Italiana de Medicina de Urgncia e Emergncia (Simeu), na Itlia. O Samu, implantado no Brasil em 2003, tem se destacado por levar atendimento de urgncia a mais de 89 milhes de brasileiros. A apresentao abordou a atuao do Samu e a adaptao do servio realidade local de cada regio do Brasil, como a integrao de ambulanchas (embarcaes adaptadas como UTIs mveis) frota dos Samus de Belm/PA e Manaus/AM.MARO / 2007

CONFIRA QUAIS CORPORAES TROCARAM DE COMANDONOME CB Militar do Estado do Acre CB Militar de Alagoas CB Militar do Amap CB Militar do Amazonas CB da Polcia Militar da Bahia CB Militar do Estado do Cear CB Militar do Distrito Federal CB Militar do Esprito Santo CB Militar de Gois CB Militar do Maranho CB Militar do Mato Grosso CB Militar do Mato Grosso do Sul CB Militar de Minas Gerais CB Militar do Par CB da Paraba CB da Polcia Militar do Paran CB Militar de Pernambuco CB do Piau CB Militar do Estado do Rio de Janeiro CB Militar do Rio Grande do Norte CB da Brigada Militar do Rio Grande do Sul CB Militar do Estado de Rondnia CB Militar de Roraima CB Militar de Santa Catarina CB da Polcia Militar do Estado de So Paulo CB Militar de Sergipe CB Militar de Tocantins10 Emergncia

SITUAO Troca Mantido Mantido Mantido Mantido Troca Troca Troca Mantido Troca Troca Mantido Mantido Troca Mantido Mantido Troca Mantido Troca Mantido Troca Troca Mantido Mantido Mantido Mantido Mantido

COMANDANTE Jos H. B. de Albuquerque Jadir Ferreira Cunha Giovane T. Maciel Filho Franz Marinho de Alcntara Srgio Alberto da S. Barbosa Joo Vasconcelos Souza Jos Ancio Barbosa Jnior Fronzio Calheira Mota Uilson Alcntara Manzan Dlcio de Castro Barros Srgio Roberto D. Correira Arquimides Leite de A. Sobrinho Jos Honorato Ameno Paulo Gerson N. de Almeida Raimundo da Silva Nascimento Almir Purcides Jnior Carlos Eduardo P. A. Casanova Francisco Barbosa da Mota Pedro Marco Cruz Machado Cludio C. Bezerril da Silva Srgio Klunck Ronaldo Nunes Pereira Paulo S. Santos Ribeiro Reomar Kalsing Antonio dos Santos Antonio Reginaldo Santos Moura Sirivaldo Sales de Lima

SIMULADOS

Queda de aeronave em SPBombeiros montam cenrio de acidenteIncndio em aeronave e residncias prximas, rastro de combustvel com fogo, vazamento de gs, estruturas colapsadas, fios energizados pelo cho, vtimas, abandono desordenado de pessoas, fogo em veculos estacionados nas proximidades. Calma, tudo isto no foi real. Este foi o cenrio montado pelo Corpo de Bombeiros Militar de So Paulo para a realizao de um exerccio simulado. Todos os anos, a corporao organiza um simulado de atendimento a catstrofes e, em 2006, a simulao foi de uma situao de emergncia da queda de uma aeronave em rea urbana. Realizado no dia 26 de novembro, em SP, o exerccio teve a participao de vrios rgos pblicos e privados, como Polcia Militar, Grupamento Areo da PM, Servio de Atendimento Mdico de Urgncia, Polcia Civil, Polcia Cientfica, Fora Area, Infraero, Defesa Civil, hospitais e outros. Na operao, estiveram envolvidos mais de 200 bombeiros, alm de, aproximadamente, 120 figurantes (entre alunos bombeiros e estudantes). A proposta da simulao foi integrar todos os rgos envolvidos para o atendimento a uma grande emergncia, preparando-os para o atendimento de ocorrncias dessa natureza. PREPARAO Para o simulado, foi desenvolvida uma aeronave com dimenso prxima de um modelo de mdio porte de, aproximadamente, 15 metros, pesando duas toneladas. A cidade cenogrfica, tambm planejada pelo Corpo de Bombeiros, contou com uma rea de aproximadamente 2.000 m2. O simulado teve incio com a partida fictcia da aeronave de Cumbica, transportando cinco tripulantes e vinte passageiros, com destino Braslia. No alcanando a pista mais prxima, a aeronave atingiu as ruas de uma vila comercial e residencial. Ela caiu sobre fachadas comerciais e residenciais, postes com fiao energizada, um posto de gasolina e uma oficina mecnica. Houve exploses e, na oficina, vaMARO / 2007

zamento de acetileno com fogo. Foram trs seqncias de exploses, sendo uma oriunda do posto de gasolina e duas provenientes do vazamento de combustvel da aeronave. Na aeronave, foram 23 vtimas carbonizadas e duas com traumas e queimaduras de terceiro grau que, apesar do socorro imediato, no resistiram aos ferimentos. O total de cem vtimas, foi dividido conforme a gravidade: estado clnico grave, queimaduras e traumas, as que estavam

impedidas de se locomoverem e as com estado clnico menos grave - queimaduras leves -, intoxicao, casos clnicos, outras que se locomoviam sozinhas e, entre elas, algumas que necessitavam de transporte a hospitais.

Exerccio no Vale do ParabaO Corpo de Bombeiros Militar de So Paulo, atravs de sua unidade em So Jos dos Campos, tambm realizou um exerccio simulado no ms de novembro, chamado Simulado do Trauma, que realizado todos os anos pela corporao. O exerccio envolveu equipes do Samu, da Polcia, Corpo de Bombeiros e empresas da regio, totalizando cerca de 300 participantes. O exerccio consistiu em um show musical, onde ocorreu um tumulto generalizado, causando pnico na platia. O pblico saiu correndo do local, vitimando 40 pessoas que apresentaram luxao, fraturas, mal sbito, bitos, entre outros. Devido proporo do evento, o mdico presente no local, comROGRIO RAMOS

duas ambulncias, acionou o Centro de Operaes Integradas (COI) dos bombeiros para solicitar apoio e iniciou a triagem das vtimas e montagem do Posto Mdico Avanado. O COI, assim, acionou para o local o Corpo de Bombeiros, Polcia Militar, Defesa Civil, entre outros rgos. O oficial do Corpo de Bombeiros responsvel pelo atendimento tambm solicitou ao Centro de Comunicaes do Corpo de Bombeiros de So Jos dos Campos o acionamento de recursos junto Rinem (Rede Integrada de Emergncia), do Vale do Paraba, para envio de ambulncias. No local, as aes foram coordenadas pelo oficial do Corpo de Bombeiros no Posto de Comando, juntamente com as demais autoridades municipais. De acordo com o tenente do 11 Grupamento de Incndio que atua no Vale do Paraba, Mrcio Andr Silva Nunes, todos os anos o Corpo de Bombeiros de So Paulo promove exerccios simulados, nos municpios que tem postos de bombeiros, para organizar e administrar recursos para que, se necessrio, sejam empregados em situaes reais. Alm da divulgao da questo preveno de acidentes, tem o objetivo de treinarmos, integrarmos e catalogarmos recursos para eventos reais, destaca.Emergncia

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CORPO DE BOMBEIROS DE SO PAULO

ATUALIZANDOFORA AREA BRASILEIRA

ESQUADRO PELICANO

GOVERNO

Oramentos questionadosO site da ONG Contas Abertas, que se dedica a analisar a aplicao de recursos do Oramento Federal, denunciou, no incio do ano, que o governo teria descuidado da preveno. De acordo com o rgo, dos R$ 110,36 milhes autorizados no Oramento 2006 para investimentos em Preveno e Preparao para Emergncias e Desastres, o governo executou apenas 33,2% (R$ 36,74 milhes). E, na verdade, a maior parte desta despesa executada (R$ 28,64 milhes) foi de restos a pagar, ou seja, de despesas relativas aos anos anteriores. O ministro da Integrao Nacional, Pedro Brito, porm, rebateu o levantamento feito pela ONG e afirmou que a estatstica est certa, o que estaria errado a interpretao dos nmeros. O montante destinado a desastres tem que estar relacionado com a quantidade do desastre. Se houver necessidade de 200, 300, 400 milhes, ns temos que alocar isso, determinao do presidente Lula, explica. Brito diz que, dos R$ 130 milhes previstos para a execuo do programa, o Ministrio cumpriu integralmente sua parte, e que o restante no teria sido gasto por se referir s emendas parlamentares fora dos limites oramentrios. O ministro afirma que, quando encaminhada para o Congresso, a previso oramentria era de R$12 milhes, mas com emendas parlamentares esse valor chegou a R$130 milhes. At o final do ano de 2006 no houve disponibilidade de limites para que se empenhasse esse valor. Do ponto de vista da programao do Ministrio, a nossa execuo foi de 100%, ressalta Brito. J para 2007, a previso do Ministrio se manteve em R$12 milhes, mas novamente, atravs de emendas, chegou-se a R$140 milhes. Para que se chegue execuo dos R$140 milhes h necessidade que haja limite oramentrio disponvel. Ns vamos ter que aguardar que ao longo do ano haja ou no disponibilidade oramentria para se empenhar tudo ou parte desses valores, analisa Brito.MARO / 2007

Quase meio sculo de dedicaoCriado em 1957, o esquadro j participou de mais de 3.000 operaes reaisO Segundo Esquadro do Dcimo Grupo de Aviao da Fora Area Brasileira, conhecido como Esquadro Pelicano, completou, no dia 6 de dezembro, 49 anos de existncia. O Esquadro foi criado em 6/12/1957 e teve como sede, inicialmente, a Base Area de So Paulo. Ao Esquadro foi atribuda a misso de executar as buscas e salvamentos em todo o territrio brasileiro e fora dele quando solicitado, tanto sobre o mar quanto sobre a terra, explica o comandante do Esquadro, Marco Cuin. Em 1972 o servio transferiu-se para a Base Area de Florianpolis/SC e mais tarde, em 1981, para a Base Area de Campo Grande/MT, ficando em um ponto mais central do pas. Histrias emocionantes para ilustrar a trajetria do Esquadro Pelicano no faltam. Uma delas marcou a histria recente como uma grande tragdia: o resgate do Boeing da Gol que caiu em setembro do ano passado, ao sul do Par, em uma regio de mata fechada e deFORA AREA BRASILEIRA

Esquadro atuou no acidente da Gol, em 2006 12 Emergncia

difcil acesso. A equipe do Esquadro Pelicano estava entre os primeiros a chegar ao local dos destroos. A mata fechada, com rvores de at 40 metros de altura, insetos, chuva e o difcil acesso ao local, tornaram a misso extremamente dura. Ao longo de sua existncia, o Esquadro participou de mais de 3.000 operaes reais, voando mais de 25 mil horas e resgatando mais de 6.000 pessoas. O Esquadro age como forma de suporte a todas as operaes da FAB, bem como resgatando aeronaves civis, militares, navios e embarcaes. Porm, muitas vezes, a base do helicptero de resgate encontra-se distante do local do acidente e como o pouso do avio exige pista, o papel do praquedista nessas circunstncias torna-se fundamental. Os homens de resgate podem ser lanados a partir de uma aeronave de busca, agilizando, assim, o atendimento aos sobreviventes. Quando nosso objetivo localizado por uma aeronave e o local do sinistro oferece condies para o salto de pra-quedistas, este realizado para que sejam prestados os primeiros socorros at a chegada do helicptero de resgate, explica Cuin. Alm do acidente com o avio da Gol, Cuin cita outras misses que marcaram os 49 anos da equipe: a busca do C-47 2068 da FAB, em 1967, a ajuda nas enchentes ocorridas em Tubaro/ SC, em 1971, o auxlio s vtimas do terremoto do Peru, em 1970, e a busca do Boeing 737-200 da Varig, em 1989.

ATUALIZANDOFRUM

Aes bem sucedidasCariacica reuniu profissionais de Defesa Civil do pas em evento nacionalSD ROGRIO

Entre os dias 23 e 24 de novembro, foi realizado, em Cariacica/ES, o III Frum Nacional de Defesa Civil. Durante o encontro, cujo tema foi Em busca da excelncia nas aes de Defesa Civil, foram discutidas prticas de sucesso que foram desenvolvidas na rea. O evento teve quatro eixos temticos envolvendo aes de preveno, preparao, resposta e recuperao de reas afetadas por desastres, com os objetivos de atualizar conhecimentos tcnicos e cientficos, promover debates de opinies e conhecer as demandas dos profissionais da rea. Com o Frum, a Secretaria Nacional de Defesa Civil busca o aprimoINTEGRAO

ramento do Sistema Nacional de Defesa Civil (Sedec). O encontro reuniu cerca de 300 participantes, entre agentes de Defesa Civil de todo o pas, tcnicos de rgos de proteo ao meio ambiente, representantes de universidades e profissionais das administraes federais, estaduais e municipais. ATLAS No primeiro dia houve a apresentao da atuao da Sedec no pas e o lanamento do Atlas das reas com Potencial de Riscos do Esprito Santo, resultado de uma parceria entre o Corpo

de Bombeiros Militar, Coordenao Estadual de Defesa Civil e Instituto de Pesquisas Jones dos Santos Neves. A pesquisa levou um ano para ser concluda e foi dirigida pelo professor Alexandre Rosa dos Santos. Alm da verso impressa, est disponvel a verso eletrnica, atravs do site www.defesacivil.es.gov. br. Presente no evento, o secretrio Nacional de Defesa Civil, coronel Jorge do Carmo Pimentel, ao conhecer o teor do Atlas de Risco, lanou um desafio para que o Corpo de Bombeiros do Estado fizesse o mesmo para o Brasil. J no segundo dia do evento foi apresentada a atuao da Defesa Civil para respostas a desastres e acidentes com produtos perigosos e, ainda, a exposio de boas prticas em Defesa Civil de outros estados da federao. O Frum uma parceria da Sedec com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Esprito Santo e a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Cariacica.COMEMORAO

Dia do Voluntariado lembradoEm funo do Dia Internacional do Voluntariado, comemorado em 5 de dezembro, e Dia Nacional da Cruz Vermelha, a filial gacha da entidade realizou um evento comemorativo em Porto Alegre. O evento aconteceu com o lema As mos que mudam a realidade e contou com a presena da Secretaria Municipal da Juventude e tambm do professor e voluntrio da Cruz Vermelha, Wambert Gomes Di Lorenzo, que abordou questes ligadas ao Direito Humanitrio Internacional. O presidente da Cruz Vermelha Brasileira - filial RS, Ncio Brasil Lacorte, salientou a relevncia do trabalho voluntrio. A nossa filial possui cerca de 500 voluntrios no Estado, os quais ministram cursos sobre dependncia qumica, primeiros socorros e educao comunitria para casos de desastres e calamidades. Na nossa sede em Porto Alegre, possumos um ambulatrio, onde so atendidas 30 pessoas por dia. de suma importncia que aproveitemos datas como esta, para refletirmos da importncia de ser solidrio, destacou.MARO / 2007

Encontro discute realidade do APHDiscutir o panorama atual do Atendimento Pr-Hospitalar foi a proposta central do I Encontro de Atendimento PrHospitalar do Distrito Federal, ocorrido de 1 a 3 de dezembro na capital federal. De acordo com o coordenador do Ncleo de Educao e Urgncia do Samu/DF, Mrcio Melo, o objetivo do evento era promover a integrao entre os servios de Atendimento Pr-Hospitalar. O encontro proporcionou ampla discusso e reflexo, no somente dos problemas existentes, mas tambm das solues implementadas para o futuro, disse Melo. Estiveram em pauta temas diversificados, tais como o panorama atual da Poltica Nacional de Ateno s Urgncias,14 Emergncia

em um painel ministrado pela coordenadora nacional do Samu 192, Irani Ribeiro de Moura. Tambm foram realizadas mesas redondas para discusso de diversos assuntos, entre eles a regulao mdica, com a participao do consultor mdico do Ministrio da Sade, Paulo de Tarso, o Suporte Bsico e Avanado de Vida, APH em cardiologia, formao e treinamento em APH, uso de trombolticos no APH, situaes especiais em APH e acidentes com mltiplas vtimas. O evento foi uma iniciativa do Samu/ DF, com a participao da AMIL Resgate, Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Cruz Vermelha, Polcia Civil e Militar, Polcia Rodoviria Federal e Detran.

PRODUTOS PERIGOSOS

Preveno e resposta em pautaFlorianpolis realiza Seminrio Nacional de Produtos Perigososou ambientais, quando da ocorrncia de acidentes. A programao contou com uma mesa redonda sobre a fiscalizao do transporte rodovirio de produtos perigosos e palestras sobre o programa catarinense de controle do transporte rodovirio, o atendimento a emergncias e atuao do Corpo de Bombeiros, entre outros temas. A gegrafa e pesquisadora do Ceped, Cristiane do Nascimento, explica que no existe nenhum produto qumico que seja to perigoso que no possa ser manuseado, transportado ou armazenado, desde que sejam conhecidas e respeitadas as precaues necessrias. Existem normas internacionalmente preconizadas para que o manuseio, transporte e armazenagem ocorram com o menor risco possvel, frisa. O encerramento do seminrio ocorreu na rodovia SC-401, com a realizao de um exerccio simulado, envolvendo um acidente rodovirio com produtos perigosos, possibilitando aos participantes observarem na prtica a atuao da equipe de primeira resposta especializada em uma emergncia envolvendo este tipo de sinistro.DEPARTAMENTO ESTADUAL DEFESA CIVIL/SC

O Seminrio Nacional de Produtos Perigosos trouxe palestrantes de mais de 37 instituies, entre elas Ministrio do Meio ambiente, Cetesb, Polcia Rodoviria Federal e Polcia Militar Rodoviria. Mais de 150 pessoas participaram do evento, ocorrido dias 12 e 13 de dezembro passado, em Florianpolis/SC, que contou com o apoio do Ceped (Centro Universitrio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres) e o Departamento Estadual de Infraestrutura. O objetivo do seminrio foi de integrar os diversos rgos e instituies que tratam direta ou indiretamente do tema, seja nas aes de preveno, como o caso das agncias fiscalizadoras, seja nas aes de resposta, visando eliminar ou diminuir os possveis danos humanos, materiais e/

Transporte e manuseio de produtosNos dias 7 e 8 de fevereiro, a Associao Nacional do Transporte de Cargas (NTC) realizou o 8 Seminrio Transporte e Manuseio de Produtos Perigosos, em So Paulo. O evento reuniu autoridades do assunto para debater as responsabilidades nos processos de expedio e transporte de produtos perigosos, orientando sobre como realizar as operaes de forma segura e com base na legislao vigente no pas. O seminrio foi muito bom, pois atualizou o segmento com relao s novas regulamentaes publicadas pela ANTT, como a Resoluo n 1.644, de 26/09/06, que aprova as instrues complementares ao regulamento do transporte terrestre de produtos perigosos. Um aspecto novo do seminrio foi a nfase dada s quesMARO / 2007

tes ambientais, como a gesto ambiental da atividade de transporte rodovirio de produtos perigosos e sobre a lei de crimes ambientais, frisou Edson Haddad, gerente da Diviso de Gerenciamento de Riscos da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de So Paulo (Cetesb). MANUAL Durante o evento, foi lanada a 8 edio do Manual de Autoproteo para Manuseio e Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos - PP8. O manual traz normas tcnicas, legislaes e orientaes, visando tornar a atividade mais segura para os profissionais envolvidos com produtos perigosos. Outras informaes em www.produtosperigosos.com.br.Emergncia

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ATUALIZANDOESPAOS CONFINADOS SADE

NR-33 traz novas orientaesEquipes de resgate pblicas e privadas devem atentar para a normaLUIZ ROBERTO CARCHEDI

Ateno s urgncias em debateEntre os dias 28 de novembro e 1 de dezembro de 2006, a cidade de Niteri/ RJ sediou o VI Congresso da RBCE (Rede Brasileira de Cooperao em Emergncias) e I ALACED (Encontro Brasileiro da Associao Latinoamericana de Cooperao em Emergncias e Desastres). Contando com painis, fruns temticos, conferncias e cursos, o Congresso reuniu profissionais e convidados de pases como Cuba, Chile e Frana. Um dos destaques do evento foi a palestra Avaliao institucional da implantao da Poltica Nacional de Ateno s Urgncias, publicada pela Portaria GM/MS 1863, apresentado pela coordenadora-geral de Urgncia e Emergncia do Ministrio da Sade e da Rede Samu 192, Irani Ribeiro. O painel trouxe os desafios enfrentados na implantao de uma poltica nacional de urgncia, que inclui os servios hospitalares e pr-hospitalares, como o Samu.TREINAMENTO

Publicada em 27 de dezembro de 2006, a Norma Regulamentadora n 33 (Segurana e Sade nos Trabalhos em Espaos Confinados) do MTE (Ministrio do Trabalho) deve ser cumprida por todas as empresas que possuem locais confinados. Um item em especial, o 33.4, Emergncia e Salvamento, diz respeito s orientaes que as empresas devem adotar para garantir o atendimento a seus funcionrios em caso de emergncia. O ex-comandante do Corpo de Bombeiros de So Paulo e instrutor de primeiros socorros e resgate, Luiz Roberto Carchedi, explica que as orientaes da NR33 devem ser adotadas pelos bombeiros privados, que so passveis de fiscalizao pelas Delegacias Regionais do Trabalho. Os bombeiros pblicos no so regidos pela CLT e, portanto, o MTE no tem poder de fiscalizao, afirma. Desta forma, sem a obrigatoriedade de cumprimento da norma, ele aponta que os profissionais pblicos podem acabar se expondo a riscos em espaos confinados, entrando em contato com atmosferas perigosas, uma vez que as empresas podem se valer tambm do servio pblico. Para o tenente coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e engenheiro de Segurana do Tra16 Emergncia

balho, Eduardo Loureiro, apesar da NR33 no se aplicar s instituies pblicas que no so regidas pela CLT, continua existindo, por parte dos gestores dessas instituies, a responsabilidade de zelar pela segurana e sade dos funcionrios. AO Loureiro tambm ressalta que a equipe de emergncia para salvamento em espaos confinados deve possuir um treinamento especfico para o espao confinado em que poder atuar. Apesar das diretrizes bsicas de segurana serem as mesmas, em funo das condies comuns que caracterizam essas reas, a realizao de um salvamento em um silo graneleiro, por exemplo, requer aes bem distintas de uma operao de salvamento em uma galeria de esgoto, o que demanda um treinamento especfico para cada ambiente, frisa. Loureiro destaca ainda que deve haver planejamento, disponibilidade de equipamentos e treinamentos de emergncia e resgate. Apenas adquirir equipamentos de segurana e resgate pode gerar uma falsa sensao de segurana. Durante o planejamento das aes necessrio considerar, por exemplo, a distncia do Corpo de Bombeiros mais prximo da empresa, salienta.

Cardiologistas ensinam leigosA Sociedade de Cardiologia do Estado de So Paulo (Socesp) realizou, em 16 de dezembro, a primeira edio do projeto Em So Paulo, ns cuidamos do seu corao. Trata-se de um programa permanente de educao em ressuscitao cardiovascular para leigos, que visa ensinar pessoas comuns a prestar um primeiro socorro competente s vtimas de eventos cardacos. As doenas cardiovasculares esto entre as principais causas de morte, responsveis por cerca de 30% dos bitos do pas. Anualmente, no Brasil, 360 mil pessoas tm morte sbita, o que significa 986 bitos por dia, ou 1,4 morte a cada dois minutos. Porm, cerca de 52% dos bitos ocorrem antes de a vtima chegar ao hospital ou de receber pratendimento. Em 2007 o projeto abranger o interior do Estado de So Paulo. Informaes pelo fone (11)3179-0044 ou no site www.socesp.org.br.MARO / 2007

LEIS & NORMAS

Perfil do trnsito brasileiroRegistro de acidentes determinado pelo ContranCBMERJ

RESOLUO

CB FOGO PINGA24 - ABNTHIDRANTES E MANGUEIRAS

O Brasil passar a contar em 2007 com uma base nacional de estatsticas de trnsito que ir subsidiar a elaborao de estudos e pesquisas para a melhoria da segurana viria no Pas. A Resoluo 208 do Contran (Conselho Nacional de Trnsito), publicada no Dirio Oficial em 10 de novembro passado, estabelece as bases para a organizao e o funcionamento do Renaest (Registro Nacional de Acidentes e Estatsticas de Trnsito). O Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado a aderir ao registro de acidentes e estatsticas de trnsito atravs do SCAT (Sistema de Cadastro de Acidentes de Trnsito), j em fase de implementao no Detran/RS. Segundo Ana Bernardes, coordenadora da Assessoria de Estatstica do Detran/FISCALIZAO

RS, o sistema ir evitar sobreposio e discrepncia de dados. Vamos contar com um cadastro que ir possibilitar traar um perfil tanto da vtima, do condutor, da via, como do veculo. Teremos dados mais consistentes com filtros que daro credibilidade aos nmeros de acidentalidade no Pas, explica. Outra meta do Renaest ser a integrao entre os rgos e instituies que coletam dados de acidentes: Brigada Militar, Polcia Rodoviria Federal, Comando Regional da Brigada Militar, prefeituras e municpios. Com a reunio desses dados, ser possvel a elaborao de estudos e pesquisas para a tomada de decises, correta orientao e aplicao de diferentes medidas por esses rgos e entidades.

A NBR 13714 (Sistemas de Hidrantes e de Mangotinhos para Combate a Incndio) e a NBR 12779 (Inspeo, Manuteno e Cuidados em Mangueiras de Incndio), que seriam encaminhadas para consulta pblica no incio do ano, sofrero ainda mais algumas alteraes. Na NBR 13714 foi decidido incluir mais um anexo referente a abrigos de mangueiras, enquanto no houver uma norma especfica. Numa reavaliao do andamento dos trabalhos, foi estimado mais seis meses de trabalho na comisso, aps isso, a ABNT leva cerca de 90 dias para disponibilizar para consulta, explica o secretrio da Comisso de Estudos de Hidrantes, Mangotinhos e Acessrios, Maurcio Feres. J referente NBR 12779, a Comisso decidiu aguardar a realizao de ensaios com mangueiras antigas. Segundo Feres, os resultados desses ensaios iro fornecer subsdios tcnicos para a elaborao de novos requisitos e ensaios.INCNDIO FLORESTAL

A Comisso Viaturas de Combate a Incndio recebeu o projeto da norma NBR 14096 (Viaturas de Combate a Incndio Florestal) para efetuar correes. Segundo o secretrio da Comisso, Paulo Chaves de Arajo, o projeto havia sido encaminhado para consulta pblica, mas necessita ainda se adequar aos procedimentos de elaborao de normas.CHUVEIROS AUTOMTICOS

Cadastro de fontes radioativas obrigatrioA Comisso de Minas e Energia aprovou, em janeiro, o Projeto de Lei 2751/ 03, que torna obrigatrio o cadastramento de fontes radioativas. A medida se aplica a todos os municpios com mais de cem mil habitantes, nos quais sejam realizadas atividades radioativas, como enriquecimento de urnio. O objetivo implementar medidas de fiscalizao para evitar acidentes como o ocorrido em Goinia, em 1987, com o Csio-137. Fica estabelecido que o responsvel pela fonte radioativa dever co18 Emergncia

municar previamente ao rgo gestor do cadastro qualquer mudana que implique alterao dos dados fornecidos. O projeto determina ainda que o proprietrio de equipamento que utilize urnio enriquecido comunique qualquer mudana de localizao ao rgo designado pela prefeitura para acompanhar o assunto, como as Secretarias Municipais de Meio Ambiente ou as instituies de Defesa Civil. Quem descumprir a lei ficar sujeito a multa que ir variar de R$ 1 mil a R$ 50 milhes.

A NBR 10897 (Proteo Contra Incndio por Chuveiro Automtico) esteve em consulta pblica at o ms de novembro. Em fevereiro, a Comisso realizou a anlise dos votos e agora a norma ser encaminhada para a ABNT para a ltima verificao antes da publicao. De acordo com o coordenador da comisso, Marcelo Lima, a norma dever ser publicada at o ms de abril. Aps a emisso da norma, o objetivo convocar novamente a Comisso para revisar a NBR 13792, que trata de sistemas de chuveiros automticos para proteo de reas de armazenamento, adianta Lima.BOMBEIRO PRIVADO

A NBR 14608 (Bombeiro Privado), que foi recentemente revisada, segue em consulta nacional at o dia 11 de maio, no site www.abnt.org.br/cb24. Uma das novidades da norma ser a carga horria para a formao do bombeiro privado, que passar de 56h/aula para 240h/aula.MARO / 2007

STONEHENGE MOUNTAIN

ALTURA

RODOVIAS

Qualificando profissionais

Socorro obrigatrioFoi publicada no Dirio Oficial do Estado de So Paulo, em 31 de janeiro, a Lei n 12.541, de 30/01/07. Ela estabelece que os usurios de rodovias estaduais recebam socorro emergencial e remoo, em caso de acidente, por ambulncia devidamente equipada. O socorro dever incluir atendimento por uma equipe mdica e a remoo da vtima e acompanhante at o hospital mais prximo ou mais adequado ocorrncia, sem custos para o usurio. As despesas decorrentes da execuo desta lei correro por conta de recursos prprios dos rgos responsveis pela administrao das rodovias estaduais.DESFIBRILADOR

Norma de acesso por corda foi finalizadaFoi finalizada, pela Comisso Especial Temporria de Estudos de Procedimentos de Acesso por Corda, a elaborao de uma norma para regulamentar esse tipo de trabalho, definindo os procedimentos prticos. So recomendaes e orientaes no uso do cdigo de prtica dos mtodos de acesso por corda para todas as pessoas comprometidas com atividade que envolva altura. A norma, futura NBR da ABNT, esteve em consulta pblica durante 60 dias, at o dia 5 de fevereiro, e ser votada no incio de maro. Este trabalho indiDESASTRES

to no Brasil. Hoje, a atividade no regulamentada, por isso, a normalizao contribui para a padronizao dos processos referentes ao uso da corda como forma de acesso, frisa Elton Fagundes, da Stonehenge Mountain, participante da comisso. Com a normalizao, ser facilitado o ingresso de novos profissionais neste mercado que, hoje, depende de certificaes internacionais. Outras informaes podem ser obtidas pelo telefone (11)5586-3195 ou e-mail normalizacao @abende.org.br.

Belo Horizonte sanciona leiA Prefeitura de Belo Horizonte/MG tornou obrigatrio o uso do aparelho desfibrilador em estabelecimentos pblicos ou privados com freqncia superior a mil pessoas por dia. A lei foi sancionada no dia 19 de janeiro e deve entrar em vigor assim que a fiscalizao for regulamentada. Os estabelecimentos tambm sero obrigados a ter pessoas qualificadas para operar o aparelho. Se usado em at cinco minutos aps a parada cardaca, as chances de sobrevivncia ficam em 50%, contra apenas 2% sem o seu uso. Alm dos estabelecimentos com movimento maior que mil pessoas, a Cmara Municipal, o Aeroporto da Pampulha, shopping centers e universidades tambm devero possuir o desfibrilador. A Secretaria Municipal de Sade de Belo Horizonte informou que o treinamento, a fiscalizao e a pena pelo descumprimento da lei ainda no foram estabelecidos. Segundo a assessoria de imprensa do rgo, os critrios sero definidos assim que a lei for regulamentada.GABRIEL RENNER

Fundo para catstrofes no campoO governo federal enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei criando um fundo agrcola para atender os produtores rurais em casos de prejuzos causados por desastres naturais. O Fundo de Catstrofes vem se somar Lei Complementar 126/07, sancionada no dia 15 de janeiro, que permite a atuao de resseguradoras nacionais e estrangeiras no pas. Segundo o secretrio de Poltica Agrcola do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, Edilson Guimares, o Fundo de Catstrofes funcionar em casos de graves fenmenos naturais que possam devastar regies rurais, dizimando rebanhos e plantaes. Vamos mandar em breve ao Congresso, to logo a gente feche a redao, o projeto que cria o novo funMARO / 2007DEFESA CIVIL

do. a perna que est faltando ao seguro rural, aps a abertura do mercado de resseguros, disse Guimares. O projeto de lei deveria ter seguido para o Congresso em dezembro, mas o governo aguarda as sugestes das seguradoras do segmento rural para fechar a proposta.

Emergncia

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ESPECIAL

BUSCANDO UMA SADAJORGE ALEXANDRE ALVES

Panorama do servio de bombeiros no pas sinaliza para a necessidade de se discutir uma poltica nacional de combate a incndio, enquanto isto, a categoria cria estratgias para um atendimento completo

20 Emergncia

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esde os primrdios da histria da humanidade, os corpos de bombeiros, sejam civis, militares, profissionais ou voluntrios, tm como misso a preveno e combate a incndios, a busca e o salvamento de pessoas. Estas so as funes primordiais e os motivos pelos quais a sociedade buscou organizar corporaes de bombeiros. Na era atual, porm, a organizao da sociedade tornou-se bem mais complexa e, conseqentemente, os corpos de bombeiros tambm. Hoje, corporaes civis e militares disputam um espao que no teria motivos para conflitos, j que cerca de 4.000 municpios brasileiros no dispem de servios de bombeiros. O assessor da Senasp (Secretaria Nacional de Segurana Pblica) do Ministrio da Justia e coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Carlos Rocha, fala que o nmero de municpios cobertos, atualmente, com servios de bombeiros no pas de 12%. Segundo uma pesquisa feita junto Secretaria Estadual da Fazenda do Rio Grande do Sul, o custo de um bombeiro militar de 28 reais para cada habitante do Estado. Isso para apenas 70 municpios, entre os 496 atendidos por quartis da Brigada Militar naquele Estado. No restante do pas, a

situao no diferente. De acordo com um perfil das organizaes de segurana pblica elaborado pela Senasp, a distribuio de gastos dos corpos de bombeiros militares entre os Estados se mostra bastante desigual. Enquanto o Paran, que mais teve gastos, utilizou mais de R$ 480 milhes, Tocantins, que apresentou o menor gasto, ficou com cerca de R$ 2 milhes. Na mdia nacional, o maior gasto apresentado foi com folha de pagamento, representando 65,2% do total de R$ 1,7 bilho investidos em 2004. A distribuio do efetivo existente e do necessrio, por sua vez, tambm bastante discrepante. No entanto, em alguns Estados como Tocantins, que possui o menor efetivo do pas - 196 profissionais -, onde os nmeros do efetivo necessrio e existente so mais prximos. A pesquisa constatou a existncia de 60.652 profissionais no total de efetivo dos corpos de bombeiros. Baseado neste nmero, verifica-se que o efetivo existente no Brasil cerca de 70% do total necessrio. Para o coronel da reserva e ex-oficial do Corpo de Bombeiros de So Paulo, Marco Antnio Secco, o servio pblico incapaz de suprir as necessidades dos servios de emergncia. O Estado precisa assumir suas reais obrigaes, dotando o aparelho pblico de recursos humanos competentes e equipamentos eficientes, diz. Ele reconhece que isto implica em grandes gastos, porm lembra que o dinheiro existe, s precisa ser bem aplicado. A utilizao adequada das taxas cobradas da populao e no em desvios, por exemplo, proveria os servios pblicos de meios necessrios para o devido atendimento das suas necessidades, esclarece. OBSOLETO Outro item do estudo da Senasp, os equipamentos de transporte, demonstrou que grande parte constitui viaturas pequenas de transporte de pessoal, viaturas para combate a incndio urbano e para Atendimento Pr-Hospitalar. As viaturas de socorro, que tm valor elevado, tm prioridade secundria na hora da compra, como viaturas para combate a incndio florestal e aeronaves, por exemplo. O engenheiro mecnico e Reportagem de Lia Nara Bau

coordenador da Comisso de Viaturas de Combate a Incndio do CB-24 da ABNT, Cesar Corazza Nieto, destaca que questes polticas podem interferir na estrutura das corporaes. Em geral, as corporaes esto defasadas em relao a pases de primeiro mundo, por razes polticas. A lei de licitaes, embora intencionalmente boa, engessa a administrao pblica. Com certeza os bombeiros gostariam e mereciam ter os melhores equipamentos, mas a ingerncia poltica, muitas vezes, no permite que isso ocorra, revela. De acordo com Nieto, que comercializa equipamentos para diversas corporaes do pas, h excelentes profissionais do fogo na maioria dos Estados, sendo que a carncia est nos recursos e na forma como so administrados. Em recente visita ao Nordeste, presenciei a carncia de recursos local. No entanto, debaixo de uma lona reluzia uma viatura importada, cuja plataforma area no podia ser usada, pois no tinha bomba prpria e a rede de hidrante local no tinha presso. Foram alguns milhares de dlares gastos onde o bombeiro no possui nem EPI de qualidade, critica. A presena de Corpos de Bombeiros nas regies do pas bastante crtica. O Nordeste uma delas. No Rio Grande do Norte, entre 166 municpios, o servio de bombeiros existe em apenas trs cidades. O comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, Cludio Christian Bezerril da Silva, salienta, porm, que o planejamento estratgico da corporao prev mais 20 unidades de socorro, com projetos desenvolvidos pelo Corpo de Bombeiros Militar, de baixo custo de construo, operao e manuteno. A maior dificuldade, segundo o comandante, quanto ao nmero do efetivo. O efetivo da corporao nunca acompanhar o crescimento populacional das cidades a que busca servir. Contudo, aproveitamos o pequeno nmero de bombeiros para qualific-los e melhorar a qualidade do servio, pondera. Para ele, a defasagem deve ser contornada com a qualificao dos profissionais existentes, pois um efetivo suficiente para atender a demanda operacional utpico, desabafa. J no Estado de Rondnia, no Norte, o Corpo de Bombeiros Militar cobre cerca de 19% do territrio, estando preEmergncia

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ESPECIALPENINHA MACHADO

CORPORAES DEFASADAS

Insero de civis e estagirios em algumas atividades nas corporaes so alternativas encontradas pelos rgos para superar defasagem em atividades meio por funcionrios civis e estagirios, potencializando as atividades de bombeiro para as quais so contratados. O major da Assessoria de Comunicao Social do CBMERJ (Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro), Alexandre da Silva Rocha, relata a alternativa encontrada no Rio de Janeiro. A soluo encontrada aqui foi a negociao com os municpios, que fornecem seus cadastros de IPTU, que servem como base para a cobrana da taxa de incndio e, em contrapartida, a corporao instala um destacamento na cidade, explica. O historiador e professor universitrio Carlos Eduardo Riberi Lobo, do Centro Universitrio Assuno, de So Paulo/SP, est realizando doutorado com o tema Bombeiros e Defesa Civil em So Paulo, 1964-2000. Internacionalizao, Americanizao e Tcnicas Nacionais nas suas Atividades. O estudo compara o servio de bombeiros de So Paulo com outros pases, em especial, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, alm dos Estados Unidos e Frana. Para Lobo, a alternativa vivel seria a atuao em conjunto das trs esferas administrativas, federal, estadual e municipal. O Estado poderia atuar com planos de reequipamento e manuteno dos bombeiros em todo o pas, afirma. O assessor da Senasp, Carlos Rocha, coordenou o trabalho de planejamento estratgico dos corpos de bombeiros militares do Brasil. No diagnstico da segurana pblica realizado pela Senasp

sente em dez dos 52 municpios. O coordenador de Operaes, Ensino e Instruo do Corpo de Bombeiros Militar de Rondnia tenente coronel Lioberto Caetano, acredita que seria interessante haver um plano de um perodo no superior a cinco anos para cada corporao ter um efetivo adequado. O ex-comandante do Corpo de Bombeiros de So Paulo e instrutor de primeiros socorros e resgate, Luiz Roberto Carchedi, revela que existe a Lei n 8.239, de 04/10/1991, que regulamenta o servio militar alternativo, promulgada h mais de cinco anos, que permite o emprego do pessoal alistado, mas no aproveitado pelas foras armadas, nos servios pblicos de emergncias, como os bombeiros, por exemplo. Mas ela no utilizada como deveria. E por qu? Por causa da inrcia do modelo militar, atualmente, adotado e pela falta de cultura profissional e iniciativa inovadora daqueles que tm a responsabilidade de gerenciar os corpos de bombeiros, critica. ALTERNATIVAS Enquanto o Estado no pode arcar com despesas de aumento de efetivos e corporaes, entidades militares, civis e voluntrias sugerem alternativas para contornar a situao. O diretor secretrio da Fecabom (Federao Catarinense de Bombeiros Comunitrios) e comandante do 5 Batalho de Bombeiros de Lages/SC, Altair Lacowicz, cita uma alternativa: A substituio de bombeiros22 Emergncia

j se identifica a necessidade do fortalecimento de uma poltica que privilegie os municpios, destaca. Para ele, contornar os obstculos de recursos para ampliao do servio de bombeiros uma questo de viso e atitude do governo e da sociedade. Segundo Rocha, este primeiro trabalho de planejamento estratgico autoriza a Secretaria a avanar em um plano de contingncia nacional. Por meio desse planejamento estratgico possvel identificar os pontos fracos, estabelecendo um esforo para superar as dificuldades, bem como os pontos fortes, reforando-os e utilizando-os como modelos a serem seguidos, avalia. Alm destas melhorias, a Senasp visa o estabelecimento de aes para padronizao de procedimentos com a meta de definir uma legislao nacional de segurana contra incndio e pnico. Desta forma, desde 2003, os corpos de bombeiros militares passaram a fazer parte do Sistema nico de Segurana Pblica (SUSP) e, com a regulamentao da Lei 10.746/03 entraram tambm para o rol das contemplaes do Fundo Nacional de Segurana Pblica. Essa incluso traz ao Brasil um novo prognstico para o desenvolvimento da preveno e da segurana, frisa Rocha. Para o comandante Silva, do Rio Grande do Norte, a alternativa investimento. Hoje os corpos de bombeiros tm um potencial enorme de prestao de servios, principalmente, nas lacunas deixadas pelo Estado no apoio social. Assim, qualquer governante um pouco mais atento investiria nos Corpos de Bombeiros Militares e, conseqentemente, esse investimento seria transformado em aes s comunidades, avalia. J para Carchedi, o importante ter uma poltica pblica que contemple o problema. O Brasil no tem uma Agncia Nacional de Bombeiros como, por exemplo, existe no Chile. Uma agncia que fomentasse a criao de corpos de bombeiros voluntrios, com aporte de recursos, tecnologia, treinamento e suporte administrativo, seria o caminho, aponta. Ele relata que em recente viagem Argentina e Chile viu cidades com 517 habitantes com rede de hidrantes e guarnio de bombeiros, enquanto So Paulo tem cidades com mais de 350 mil habitantes sem servio de bombeiros.MARO / 2007

Falta de recursos e efetivo coloca o modelo militar em xequeMilitares, civis, voluntrios, comunitrios, municipais. Para a sociedade, no importa a origem do profissional que vir em seu socorro, desde que ele esteja capacitado para tal. Atualmente, estas corporaes mesclam-se pelo pas, atendendo a demandas de diferentes comunidades. A mais antiga delas e o modelo oficial de bombeiros, presente no Brasil h 150 anos, a corporao militar. No entanto, esta instituio parece sofrer com problemas polticos e financeiros. O nmero total de bombeiros no pas, aproximadamente 60 mil, insuficiente para uma populao de 180 milhes. O ideal seria a existncia de um bombeiro para cada mil habitantes, ou seja, deveria existir no pas cerca de 180 mil bombeiros, o triplo dos efetivos atuais, lamenta o historiador e professor Carlos Lobo. Para isto, ele aponta a atuao conjunta como uma sada. Nesse sentido, tambm o Governo Federal poderia fazer mais, tanto com a compra de equipamentos e o desenvolvimento da indstria nacional na rea de Defesa Civil, como na Criao de um Corpo de Bombeiros Nacional que supervisionaria a ao dos Corpos de Bombeiros Militares, voluntrios, municipais e privados e coordenaria a ao no caso de uma tragdia de grande porte, destaca. Com base em sua tese, Lobo afirma que a situao do Corpo de Bombeiros de So Paulo boa, tanto em relao a equipamentos, treinamentos quanto capital humano. De acordo com o tenente Miguel Jodas, do Departamento de Comunicao Social do Corpo de Bombeiros do Estado de So Paulo, o efetivo atual da corporao de 10.008 profissionais. Segundo ele, a capacitao a base da qualidade do atendimento. O treinamento e os diversos cursos realizados nos permite prestar um servio cada dia mais profissional e com qualidade, aponta. VNCULO Para o coordenador da Comisso de Viaturas de Combate a Incndio do CB24, da ABNT, Csar Nieto, o trabalho de todas as pessoas engajadas nos bombeiros de uma dedicao exemplar, sejam civis, militares ou voluntrios, mas a forma de organizao o grande empecilho. Por que essa formao militar? O inimigo do bombeiro se combate com conhecimento tcnico e no com armas, sentencia. Carchedi lembra que no Brasil sempre se procura seguir os modelos norte-americanos ou europeus, mas, no caso dos bombeiros, parece que se caminha na direo contrria. O nosso modelo, militar e estadual, nico

CORPO DE BOMBEIROS DE JOINVILLE/SC

Instituio em suspenso

no mundo e comeo a crer que no so os outros que esto errados. A persistncia na manuteno da atual estrutura s far aumentar a nossa distncia dos modelos reconhecidamente eficientes na prestao de servios de emergncia, avalia. Jorge Alexandre Alves, paramdico, Fire Chief Officer NYSFA e diretor tcnico da Fire & Rescue College Brasil, lembra que, no Brasil, o bombeiro militar entra primeiro para uma corporao a partir de um concurso pblico e depois ser formado, porm, no reconhecido legalmente como profissional bombeiro, mas sim como militar. Como conseqncia disto, temos o aumento dos custos para o Estado e a fal-

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Emergncia

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ESPECIALta de profissionais para o mercado privado e mesmo pblico em outras esferas de governo, destaca. Para ele, existe uma carncia de instituies civis, pblicas e privadas de ensino tcnico e superior com cursos de formao e capacitao de profissionais das reas de proteo contra Incndio e emergncias. O Coronel da reserva e ex-oficial do Corpo de Bombeiros de SP, Marco Secco, compara que os corpos de bombeiros pblicos esto investindo muito na formao e no aprimoramento tcnico, mas esto engessados pelo poder pblico, principalmente, no que tange falta de recursos financeiros e ao perfil militar imposto para uma atividade que em todo o resto do mundo civil. Em quatro Estados brasileiros, os Corpos de Bombeiros so vinculados Polcia Militar: Rio Grande do Sul, Paran, So Paulo e Bahia. Lobo explica que, desde a Constituio de 1988, foi possvel a separao dos bombeiros das Polcias Militares, pois, anteriormente, os bombeiros militares eram somente separados no Rio de Janeiro primeiro bombeiro do pas, fundado em 1856 - e no Distrito Federal. Portanto, o modelo de bombeiros vinculado Polcia Militar parece ser cada vez mais uma exceo. Nos Estados onde os bombeiros so vinculados PM o nmero de bombeiros insuficiente, pois a PM tem como funo principal a segurana pblica, e no a Defesa Civil, portanto, as necessidades dos bombeiros so atendidas em segundo plano, quando so atendidas, e a defasagem em equipamentos e pessoal enorme, salienta. Como exemplo, ele cita o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, que possui, aproximadamente, 15 mil bombeiros, o do Distrito Federal, com 6.500 e o de So Paulo com dez mil, quando necessitaria de pelo menos o triplo. Os dois primeiros so bombeiros autnomos em relao PM. A separao dos bombeiros seria at benfica para as Polcias Militares, que poderiam preencher o efetivo dos bombeiros com mais policiais nas funes de policiamento, avalia. EFICINCIA Tenente coronel da reserva, Paulo Chaves, ressalta, no entanto, que este no , necessariamente, um indicador de qualidade ou eficincia. Uma corporao independente, teoricamente, tem muito mais condies de ser mais eficiente, mas este no o principal indicativo, afirma. Para ele, um exemplo disto so as corporaes do Rio de Janeiro e de So Paulo. Em So Paulo, a corporao, que pertence Polcia Militar, possui quatro coronis e est presente em cerca de 140 municpios. J no Rio de Janeiro a corporao, que sempre foi independente, possui mais de 40 coronis e est presente em cerca de 70 municpios. O major Alexandre Rocha, doCBMERJ

Forma de organizao dos bombeiros um grande empecilho, segundo alguns profissionais 24 Emergncia

CBMERJ, tambm frisa a defasagem do efetivo da corporao. Ao longo dos ltimos anos, foram criadas vrias novas unidades no Estado. Porm, estamos h quatro anos sem a realizao de concurso para admisso de soldados, o que nos causa um dficit de efetivo para suprir plenamente os quadros dessas unidades, pondera. A corporao de Rondnia desvinculou-se da PM em 1998 e, de acordo com o tenente coronel Caetano, a desvinculao trouxe benefcios. Aps a desvinculao a corporao passou a estabelecer convnios com o Detran e Infraero, por exemplo, e tambm criou o Fundo Especial do Corpo de Bombeiros (Funesbom), que hoje uma lei estadual que prev a cobrana de taxas especficas pelos servios no emergenciais prestados pela corporao, explica. Carlos Rocha, do Senasp, v com bons olhos a desvinculao. Entendemos que quem se especializa atende melhor em todos os sentidos. Basta fazer uma anlise e pesquisa em qualquer corpo de bombeiros do Brasil que se separou e observar sua evoluo. Seja nos aspectos de qualidade no atendimento, tempo-resposta, formao e qualificao, aquisio de pessoal e material e satisfao da tropa, do comandante ao soldado. Quem ganha com isso, evidentemente, a sociedade, o cidado. Cremos que em pouco tempo todos os Estados estaro desvinculados, aponta. Para Carchedi, os Estados vinculados so atrasados no que diz respeito gesto pblica moderna. Infelizmente, a sociedade nesses estados ainda no atentou para o alto custo do servio. Para se ter uma idia, no Estado de So Paulo para ter um tenente bombeiro atuando com proficincia, so necessrios cinco anos e meio de formao (primeiros quatro anos formando-o como policial, depois um ano e meio, como bombeiro), tudo pago com os impostos da populao. Mas Carchedi cr que os Corpos de Bombeiros Militares vivem uma fase de definio. Precisam decidir se querem permanecer com o modelo de estrutura organizacional militar que custoso, burocrtico e pouco eficiente para a prestao de servios de emergncias, ou migrarem para modelos mais enxutos e adequados para prestarem servios de qualidade no atendimento de emergncias, sentencia.MARO / 2007

Conquistando espaoVoluntrios se aperfeioam e se apresentam como alternativaNo Brasil, elas ainda so um fenmeno sulista. Enquanto a sua expanso vista com reserva por uns, outros acreditam que ela seja a melhor alternativa. Mas o que a maioria concorda que a criao de corporaes voluntrias pode ser uma soluo em complemento aos Corpos de Bombeiros Militares. Em Santa Catarina, ao todo, so 49 corporaes voluntrias e no Rio Grande do Sul, 37. Alm destes dois Estados, h cinco corporaes voluntrias em Minas Gerais, duas em So Paulo e duas no Rio de Janeiro. O tenente coronel da reserva Paulo Chaves tambm consultor de bombeiros voluntrios e, por isto, conhece bem a realidade das corporaes do sul do pas. O trabalho dos Corpos de Bombeiros Voluntrios de boa qualidade, bem administrado, possui boas instalaes e viaturas e atende em um temporesposta muito bom, frisa. O presidente da Voluntersul (Associao dos Bombeiros Voluntrios do Estado do Rio Grande do Sul), Frederico Zorzan, incentiva a instalao de voluntrios em municpios pequenos. Tanto ns, da Voluntersul, como os membros de entidades de outros estados, temos por consenso estimular a criao de bombeiros voluntrios em cidades com populao entre 2.000 e 50 mil habitantes. Os municpios pequenos so maioria no pas e seu atendimento atravs da mobilizao comunitria daria flego ao Estado para concentrar seus recursos nas cidades maiores, ressalta. Segundo Csar Nieto, do CB-24, a criao de corporaes voluntrias e municipais a principal alternativa para contornar a situao. Onde o Estado no pode estar, deve abrir espao para o bombeiro voluntrio, j que no poder investir em aumento de efetivos em curto prazo, frisa. Primeira instituio do gnero no Brasil, a Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntrios de Joinville/SC completou 114 anos em 2006. Inspirada no modelo adotado na Alemanha, a corporao conta hoje com cerca de 2.000 pessoas, entre voluntrios e efetivos. Para oMARO / 2007

comandante da instituio, Valmor Maliceski, as entidades civis desempenham um papel importante onde o Estado no est presente. O que o cidado quer ser atendido, no importa se por um bombeiro militar ou civil, ressalta. Ele salienta que o sistema voluntrio evoluiu muito, reflexo do amadurecimento das corporaes. Hoje, refutamos qualquer instalao de bombeiros voluntrios em municpios novos sem que haja uma avaliao preliminar de viabilidade tcnica e operacional, atuando em sintonia com os organismos daquele municpio, afirma. Para o historiador e professor Carlos Lobo, os bombeiros voluntrios realizam um trabalho fundamental no pas. Se formos avaliar, em outros pases, o modelo de bombeiros voluntrios predominante. Nos EUA e Canad correspondem a cerca de 70% das instituies, o mesmo ocorrendo na Frana, Alemanha e em outros pases da Europa, como no Japo tambm, ressalta. Para Luiz Roberto Carchedi, as corporaes de bombeiros voluntrios so essenciais em um pas que quer ter uma poltica de Defesa Civil. Ele acredita que existam condies e espao para os corpos de bombeiros voluntrios, sejam comunitrios ou municipais, exercerem seu papel na sociedade. Para o tenente coronel Caetano, os bombeiros voluntrios realizam um trabalho louvvel no Sul do pas, mas devem ser observadas as especificidades de cada regio. importante que se observe o perfil cultural da localidade, pois nem sempre a prestatividade que se verifica no Sul do pas, onde os estados so bastante desenvolvidos e com uma identidade cultural muito forte, se aplica a estados novos, conclui. DIVERGNCIAS Mas nem todos so a favor do modelo voluntrio como uma entidade civil autnoma. Alguns profissionais defendem o voluntariado, porm, atrelado fora estatal. O diretor secretrio da Fecabom, Altair Lacowicz, explica que, at o final de 2006, 5.696 bombeiros comuEmergncia

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ESPECIALnitrios - nome que o voluntrio recebe quando atua nas organizaes estaduais - foram formados pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina para atuarem no servio voluntrio da Instituio. Somos totalmente a favor dos bombeiros voluntrios, porm, no nosso entendimento, servio voluntrio o servio prestado sem remunerao, e no como ocorre em algumas cidades onde o servio no tem a participao do Estado, afirma Lacowicz. Rocha, da Senasp, concorda. Ele lembra que a Lei 9.608/98 (Lei do Servio Voluntrio) estabelece que se trata de atividade no remunerada prestada por pessoa fsica a entidade pblica ou privada de fins no lucrativos. Contrariando esse dispositivo, muitos municpios de SantaCorpo de Bombeiros Municipal - Organizao civil mantida pelos municpios, com a finalidade de auxiliar nos servios de preveno e combate aos incndios, no salvamento de vidas e na proteo dos bens, em caso de desastres e em outras atividades de Defesa Civil. Corpo de Bombeiros Voluntrios - Sociedade civil sem fins lucrativos, com a finalidade de auxiliar na preveno e combate a incndios, no salvamento de vidas e proteo dos bens, em caso de desastres e em outras atividades de Defesa Civil. Corpo de Bombeiros Comunitrio ou Misto - Organizao civil que dispe, alm de voluntrios, de funcionrios municipais ou estaduais, com a finalidade de auxiliar nos servios de preveno e combate a incndios, no salvamento de vidas e proteo dos bens, em caso de desastres e em outras atividades de Defesa Civil. Corpo de Bombeiros Particular ou Privado - Organizao civil, do tipo Brigada de Incndio, mantida por empresa ou grupo de empresas, com vnculo empregatcio prprio, que normalmente atua na rea fsica de suas instalaes, podendo prestar socorro comunidade onde est inserida, em casos de desastres, de forma sistemtica ou quando solicitada.PENINHA MACHADO

Voluntrios: no Brasil eles ainda so um fenmeno sulista

Catarina e Rio Grande do Sul mantm entidades privadas, denominadas Corpos de Bombeiros Voluntrios, cujos funcionrios so assalariados, sendo mesclados com voluntrios, esses prestando servios em horrios de suas folgas. E funcionando revelia do rgo oficial do Estado. Segundo a Constituio Federal, os servios de bombeiros so de competncia exclusiva do Estado, sentencia. Para Rocha, um modelo a ser seguido so as corporaes comunitrias existentes em Santa Catarina. Em Santa Catarina h um trabalho bastante desenvolvido com estas entidades voluntrias, denominado bombeiros comunitrios, onde o Estado participa ativamente com bombeiros militares e o municpio usa a fora do voluntariado. , sem sombra de dvidas, um grande programa, que conta com o nosso apoio, analisa. Silva, comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, acredita que no estamos culturalmente maduros para a realidade do voluntariado. Tenho experincias boas de aes conjuntas, porm, tambm presenciei pessoas usando da credibilidade de um servio para auferir lucro pessoal, aponta. COMUNITRIOS Uma alternativa encontrada para contornar as divergncias, j apontada por Rocha, da Senasp, a criao de Corpos de Bombeiros comunitrios ou mistos. O modelo comunitrio une a fora

Fonte: Voluntersul 26 Emergncia

do voluntariado s foras dos poderes pblico estadual e municipal. Altair Lacowicz relata que o modelo comunitrio, atualmente, atende 63,53% da populao catarinense. Nesse modelo, o Estado continua sendo o principal executor e tambm responsvel pelos servios, entretanto, tem a participao da prefeitura e da comunidade de cada municpio, esclarece. Os Corpos de Bombeiros Comunitrios so regulados mediante convnio entre Estado e municpio, cabendo a cada um dos entes pblicos uma parte do custeio. Os bombeiros comunitrios (voluntrios) prestam servio junto ao Corpo de Bombeiros do Estado, mediante termo de adeso, conforme previsto pela Portaria da Secretaria de Segurana e Defesa do Cidado e Lei Federal 9.608/98, explica Lacowicz. Entendemos que o modelo que vem sendo adotado em Santa Catarina uma grande soluo, principalmente, para os municpios menores, salienta. Paulo Chaves cita, porm, alguns obstculos enfrentados pelas corporaes mistas. Em dois municpios de So Paulo que visitei, constatei alguns conflitos gerados, principalmente, em decorrncia de certa incompatibilidade do militar em aceitar os municipais e voluntrios como parceiros, achando, muitas vezes, que so seus subordinados, lamenta. Zorzan, no entanto, acredita no haver problemas na atuao conjunta de militares e civis. Na hora de uma ocorrncia, bombeiro bombeiro, trata-seMARO / 2007

ARQUIVO PESSOAL

de uma irmandade acima da esfera de governo. No interessa se o vermelho do caminho que chega do Estado ou foi pago por uma comunidade. No me recordo de alguma vez em que voluntrios e militares envolvidos em uma mesma ocorrncia tenham tido problemas de relacionamento ou o trabalho tenha sido prejudicado por causa de suas origens, aponta. CIVIS Uma categoria relativamente nova no pas, mas que vem crescendo, a dos bombeiros civis ou privados. O bombeiro privado possui seu espao definido, mas ainda no regulamentado em lei. Ele executa um trabalho de primeiros socorros, preveno e combate a incndios e acidentes nas instalaes industriais, comerciais, casas de espetculos e grandes condomnios. A formao do bombeiro civil recomendada pela norma da ABNT, a NBR 14608 (Bombeiro Privado), que foi recentemente revisada e se encontra em consulta pblica at 11 de maio. O bombeiro privado ainda um fenmeno concentrado no Sudeste brasileiro, pois a categoria est mais presente em So Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Acredito que tudo tem o seu tempo e, um dia, teremos uma

Federao. Tenho certeza que em breve iremos nos organizar, avalia o presidente da ABCERJ (Associao dos Bombeiros Civis do Estado do Rio de Janeiro) Wesley Pinheiro. J as corporaes de bombeiros municipais so poucas no pas. Elas so formadas por bombeiros civis e, normalmente, ligadas prefeitura. Elas enfrentam grandes dificuldades por falta de recursos, por falta de treinamento adequado e de apoio dos bombeiros militares, aponta Chaves. Um bom exemplo o Corpo de Bombeiros de Itatiba/ SP, estruturado conforme os padres Norte-Americanos. Jorge Alexandre Alves implantou-o e, desde 1999, ele funciona sem dependncia do Estado quanto a recursos materiais e humanos. O problema do bombeiro municipal que quando muda o prefeito, nem sempre a escolha do comandante segue critrios profissionais e tcnicos, a o resto da histria todos ns j conhecemos, revela Chaves. Alves pondera: Qualquer servio pblico est sujeito m gesto, mas entendo que o bombeiro municipal deve estar contemplado na estrutura administrativa do municpio, atravs da legislao com definio de formao de seus servidores.

FORMANDO VOLUNTRIOSCorporao autnoma requer preparo e capacitao tcnica dos membrosMontar uma corporao de bombeiros voluntrios autnoma no uma brincadeira. Manter esta corporao atendendo a sociedade tambm exige muito preparo e capacitao tcnica. O que acontece, na maioria dos casos, que a prefeitura entra com viaturas e instalaes fsicas, ou, ento, h a participao de empresas ou entidades locais. Em seguida, deve-se pensar na formao dos profissionais que iro atuar na linha de frente, ou seja, no atendimento populao. Em Santa Catarina, os voluntrios so formados na Escola Estadual de Bombeiros, em Jaragu do Sul. O currculo e todos os contedos programticos foram ajustados e homologados e contaro com a certificao do Senac, destaca Valmor Maliceski. No Rio Grande do Sul, a formao do bombeiro voluntrio realizada em parceri