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O SISTEMA FERROVIÁRIO FLUMINENSE VIVEU UM DIA DE CAOS nesta quarta- feira (22). O problema ocorreu na estação São Cristóvão, na zona norte, quando o trem saiu dos trilhos às 5h15. Só por volta das 18h45 a circulação de todos os ramais voltou ao normal. Sem os trens, responsáveis pelo transporte de 640 mil pessoas por dia, problemas de superlotação motivaram revolta entre os passageiros. Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 | ano 11 | edição 36 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Lapa Presente divide opiniões Enquanto governo quer “garantir direito de ir e vir”, população em situação de rua reclama discriminação André Gomes / Divulgação Rafael Stedile “Na prisão, tudo é mediado pela violência” Ex-detento, pesquisador Roberto da Silva afirma que sistema carcerário vive inversão de valores entrevista | pág. 5 cidades | pág. 7 Juventude negra na mira do preconceito Rolezinhos escancaram discriminação em shoppings “Tempos de chumbo, tempo de bossa” Evandro Teixeira expõe cenas da ditadura e da bossa nova nos anos 60 Reprodução cidades | pág. 4 mundo | pág. 9 cultura | pág. 11 cidades | pág. 3 SuperVia deixa RJ por mais de 11 horas sem trens Uruguai pretende regular álcool e mídia Mujica também quer limitar compra de terras por empresas estrangeiras Celso Pupo/ Foto Arena Reprodução CC Pablo Vergara

Brasil de Fato RJ - 036

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Page 1: Brasil de Fato RJ - 036

O SISTEMA FERROVIÁRIO FLUMINENSE VIVEU UM DIA DE CAOS nesta quarta-feira (22). O problema ocorreu na estação São Cristóvão, na zona norte, quando otrem saiu dos trilhos às 5h15. Só por volta das 18h45 a circulação de todos os ramaisvoltou ao normal. Sem os trens, responsáveis pelo transporte de 640 mil pessoaspor dia, problemas de superlotação motivaram revolta entre os passageiros.

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Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 | ano 11 | edição 36 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Lapa Presentedivide opiniõesEnquanto governo quer “garantir direito de ir e vir”, população em situação de rua reclamadiscriminação

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“Na prisão, tudo é mediado pela violência”Ex-detento, pesquisador Roberto da Silva afirma que sistema carcerário vive inversão de valores

entrevista | pág. 5cidades | pág. 7

Juventudenegra na mira dopreconceitoRolezinhos escancaram discriminação em shoppings

“Tempos de chumbo,tempo debossa”

Evandro Teixeira expõecenas da ditadura e dabossa nova nos anos 60

Reprodução

cidades | pág. 4

mundo | pág. 9cultura | pág. 11

cidades | pág. 3

SuperVia deixa RJ por maisde 11 horas sem trens

Uruguai pretende regular álcool e mídia

Mujica também quer limitar compra de terras por empresasestrangeiras

Celso Pupo/ Foto Arena

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Pablo Vergara

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FOi nO Dia 7 de dezembro,2013, que a população re-cebeu uma mensagem de-sesperada dos meios de co-municação. Terremoto? Guer -ra? a crise finalmente che-gou? Pior! Os pobres foramao shopping.

Cerca de 3 mil jovens daperiferia de são Paulo foramao Shopping metrô itaquerapara dar um “rolezinho”, tirarumas fotos e curtir suas mú-sicas. O fato gerou enormepreocupação da classe mé-dia, nada acostumada a com-partilhar seus espaços como povo pobre e negro. Os co-mentários depreciando oevento se multiplicaram.

as consequências foramvergonhosas. as lojas fecha-ram as portas com medo defurtos. Os donos de shop-pings reforçaram a seguran-

ça. O Shopping JK iguatemiconseguiu liminar na justi-ça, proibindo o evento, sen-do seguido por outros es-tabelecimentos.

O fato mostrou duas ca-racterísticas da sociedadebrasileira hoje: a primeira,mais atual, demonstra quea ascensão social ocorrida

nos últimos dez anos co-meça a atingir seus limites,tais como a falta de alter-nativas de organização cul-tural e participação políticada juventude. a segunda,histórica, demonstra umaprofunda ferida aberta nopaís, herança de mais de400 anos de escravidão. Esta

aparece sempre quandopobres e negros passam aocupar espaços que anteseram exclusivos dos bran-cos e ricos, como o exemplodas universidades, com ocaso das cotas, e agora dosshoppings, templos do con-sumo da classe média, comos rolezinhos.

Demonstram tambémum fato que muitos que-rem negar. a juventudese levantou e veio pra fi-car. nas ruas, nos shop-pings, nas universidades.Em todos os lugares secoloca cada vez mais ativaem busca do que é seupor direito.

editorial | Rio de Janeiro

Rolê contra o preconceito e a desigualdade

Em suas análisEs, o so-ciólogo Florestan Fernandesdizia que a burguesia brasileiraera antinacional, anti-sociale antidemocrática. O fenô-meno dos rolezinhos ainda éum enigma a ser decifrado,mas teve o mérito de exporao país a precisão e atualidadedo pensamento do Florestan.

O aparato repressivo é aprimeira engrenagem dessaestrutura anti-social que aburguesia põe em movimen-to. a ação da Polícia militarpara reprimir os rolezinhosatestam a máxima “questão

social é caso de polícia”.Diante da repercussão que

a brutalidade policial obteve,se buscou no Poder Judiciáriouma justificativa legal paraatender os interesses da po-lítica de segregação social.assim, os shoppings obtive-

ram liminares para proibir efazer uma “triagem” de quempode ou não entrar no esta-belecimento. Os critérios usa-dos para a “triagem” restrin-giam-se às roupas e aos traçosfísicos das pessoas. não é di-fícil identificar jovens da pe-

riferia, pretos, mestiços e po-bres. imaginaram que respal-do judiciário e a costumeiraforça repressiva era condiçãosuficiente para barrar os jo-vens pobres...

a triagem motivou estudan-tes, movimentos negros e dedireitos humanos a organizarum protesto em frente de umdos shoppings mais luxuososde sP, o iguatemi JK, do Gru-po Jereissati. Foi o suficientepara o shopping tomar a de-cisão de fechar as portas empleno sábado, ao meio-dia.

nesse episódio, não faltou

a participação da mídia co-mercial. são interpretaçõesque partem sempre da ideiade que as concentrações dejovens das periferias repre-sentam perigo e destinam-sesempre a provocar badernas.

É animador perceber umacoisa: os que detêm o poder,que gastam fortunas com asegurança patrimonial, queconseguem facilmente limi-nares na justiça, que contamcom o apoio irrestrito damídia tomaram um verda-deiro rolezinho dos jovensdas periferias.

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 201402 | opinião

editorial | Brasil

• Ed

Para anunciar:

Redação Rio:[email protected]

• Ed

CONSELHO EDITORIAL RIO DE JANEIRO : Antonio Neiva, Aurélio Fernandes, JoaquínPiñero, Mario Augusto Jakobiskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti ADMINISTRAÇÃO: CarlaGuindani e Valdinei Siqueira DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Stefano FigaloEDITOR-CHEFE: Nilton Viana (MTb 28.466) EDITORA REGIONAL: Vivian Virissimo (MTb 13.344) REPÓRTERES: Gilka Resende, Bruno Porpetta, Bepe Damasco COLUNA SINDICAL: Claudia SantiagoESTAGIÁRIA: Mariane Matos FOTÓGRAFO: Pablo Vergara ILUSTRADOR: Latuff

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente emtodo o país e agora com edições regionais em SãoPaulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Queremoscontribuir no debate de ideias e na análise dos fatosdo ponto de vista da necessidade de mudançassociais em nosso país e em nosso estado.

(21) 4062 7105

É animador perceber uma coisa: os que detêm o poder tomaram um verdadeiro rolezinho dos jovens das periferias_______________________________________“

Rolezinhos das jovens das periferias

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Trens do Rio ficam parados pormais de 11 horas

ivan Vales, de 57 anos, saiunesta quarta-feira (22) da fa-vela de manguinhos junto asua filha luana, de 27 anos,com o objetivo de visitar ospais em Japeri, na BaixadaFluminense. a viagem, quejá não seria fácil por ela sercadeirante, se tornou aindamais complicada. Chegaramà Central do Brasil antes domeio dia, ainda sem saberemque o sistema ferroviário flu-minense vivia um caos. Osserviços ficaram suspensospor 11 horas. O problemaocorreu após um descarri-lamento na estação são Cris-tóvão, na zona norte.

não houve feridos no aci-dente. O trem seguia parasaracuruna quando saiu dostrilhos às 5h15. “Pediram paraa gente sair do vagão e tive-mos que caminhar pela linha.Cheguei tarde no Centro eperdi a faxina”, contou a dia-

rista solange Gonçalves, de54 anos. Com a demora, re-tirou as sandálias e sentouno chão com a mochila nocolo cheia de farelos. “saícom o dinheiro da passagemcontado. Esse foi meu almo-ço: pão com manteiga queeu trouxe de casa”, lamentou.

Passageiros também re-clamaram de falta de infor-mação. “nem falaram o mo-tivo. Vou esperar mais porqueandar de ônibus com ela de

cadeira de rodas é ainda maisdifícil e demorado”, explicouivan. “Ele tem que me car-regar”, completou luana. nostrens, o desnível entre esta-ções e problemas com es-cadas rolantes também sãoreclamações entre idosos.“Deveria controlar melhoros trens. não dá para ficarsem transporte assim. É avergonha nacional na áreada Fernanda montenegro”,ironiza em referên cia ao

filme Central do Brasil.segundo a superVia, con-

cessionária do setor, a cir-culação nos ramais saracu-runa e Belford Roxo voltouao normal por volta das 16h.antes, chegavam apenas atéTriagem. a circulação nosramais santa Cruz, Japeri eDeodoro demorou maispara ser normalizada. antes,estavam partindo de Enge-nho de Dentro, a 15 quilô-metros do Centro. a circu-lação dos trens de todos osramais voltou ao normal porvolta das 18h45.

Por causa da paralisação,houve esquema especial nometrô e a frota de ônibus foireforçada. sem os trens, res-ponsáveis pelo transporte de640 mil pessoas por dia, pro-blemas de superlotação cau-saram mais revolta entre ospassageiros. O secretário es-tadual de Transportes, Júliolopes, chegou a ser hostili-zado durante vistoria no localdo descarrilamento. segu-ranças foram acionados.

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 cidades | 3

DESCARRILAMENTO Passageiros viveram caos no transporte ferroviário

Gilka Resendedo Rio de Janeiro (RJ)

Diante da situação, a agên-cia Reguladora de serviçosPúblicos Concedidos deTransportes do Rio (age-transp) informou que mul-tará mais uma vez a super-Via por falhas, como pro-blemas de comunicação eatendimento aos usuáriosdos trens. O órgão não re-velou os valores.

Pelo contrato, a quantiapoderá variar de apenas0,01% a 0,5% do faturamen-

to bruto da superVia em2013. De acordo com a age-transp, as causas do pro-blema estão estão sendo in-vestigadas e um laudo de-talhado sobre o trem quedescarrilou será produzido.

Desde o início do ano, aagência registrou 8 ocorrênciasde problemas com os trens.no ano passado, quando fo-ram 83 ocorrências, a má qua-lidade dos serviços provocouprotestos nas estações.

nos últimos 5 anos, a age-transp aplicou mais de R$ 5milhões em multas contra a

superVia. Deste total, a em-presa pagou menos da me-tade, somente R$ 1,96 milhão.Em 2010, a concessão do se-

tor ferroviário foi renovada,por mais 25 anos, pelo gover-nador sérgio Cabral (PmDB).(GR)

PRECARIEDADE Em 2014, já são 8 ocorrências de problemas nos trens

Em 5 anos, SuperVia acumula R$ 5 milhões em multas

do Rio de Janeiro (RJ)

Ivan e sua filha Luana à espera dos trens na Central do Brasil

Pablo Vergara

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Todas as semanasnas ruasdo Rio

(21) 4062 7105

Nesta terça-feira (21), ogovernador Sérgio Ca-bral (PMDB) publicou umdecreto no Diário Oficialconcedendo desconto de50% no Imposto Sobre aPropriedade de VeículosAutomotores (IPVA) paraempresas de ônibus. Obenefício vale para asempresas que atuam notransporte intermunici-pal e municipal. Segundoa Secretaria de Trans-porte, a renúncia fiscal éde R$ 36 milhões.

Mais benefíciospara os empresáriosde ônibus

O Movimento Passe Livre (MPL) do Rio e o de Niteróimarcaram para terça-feira (28) um protesto contra o au-mento das passagens no transporte público. Reclamamdo reajuste de 5,7% nos ônibus intermunicipais, realizadona última semana, e do aumento para o serviço ferroviárioprevisto para 2 de fevereiro. O bilhete unitário dos trensdeve passar de R$ 2,90 para R$ 3,10. A concentração paraprotesto ocorrerá às 17h, na Candelária, Centro.

Contra o aumento das passagens

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Shoppingsquerem “rolezódromo”Para conter os encon-tros de jovens emshoppings, a associa-ção dos lojistas deShoppings (alshop)de são Paulo, pediuao governador Geral-do alckmin (PsDB) acriação de espaços ex-clusivos de lazer naperiferia da cidade. aproposta prevê showspatrocinados porgrandes lojas dosshoppings.

Rolezinho 2ª EdiçãoOs organizadores dorolezinho no Shop-ping leblon já progra-mam a segunda edi-ção do encontro parao próximo domingo(24), às 16h, na praçade alimentação. “la-mentável a postura au-toritária, segregacio-nista e discriminatóriado s. Todos do povo te-mos o direito funda-mental ao rolezinho.não vamos aceitaressa tentativa baratade nos calar!”, escreve-ram no Facebook.

Rolezinho em NiteróiDo outro lado da pon-te também já estáagendado o próximo:no Shopping Plaza,no sábado (23), a par-tir das 17h. “semprefomos proibidos deentrar nesses espaçosde classe média ealta, sempre fomosvigiados pelos segu-ranças. sai da frente,nosso bonde cresceue no sábado o Plazavai ficar pequeno!”,anunciam os organi-zadores.

FATOS EM FOCO

no Brasil, as vítimas de vio-lência têm cor e idade. um jo-vem negro corre 3,7 vezes maisrisco de ser assassinato do queum branco. a influência dacor na vida dos brasileiros éreconhecida por 63,7% popu-lação, segundo pesquisa doiBGE (instituto Brasileiro deGeografia e Estatísticas). Omapa da Violência 2013 mostraque a vitimização juvenil porhomicídios cresce de formadescontrolada. Cenários de ex-termínio são registrados emalagoas, Bahia, Paraíba e RioGrande do norte onde as mor-tes aumentaram mais de 200%na última década.

a violência contra a juven-tude negra não ocorre só atra-vés de armas de fogos. são di-versos os casos de racismo nopaís. Os casos mais recentessão os “rolezinhos” que come-çaram em shoppings de sãoPaulo e se espalharam pelo país.Em sP e no Rio, os estabeleci-mentos conseguiram autoriza-ção judicial para impedir o “ro-lezinho”, isto é, escolher quementra nos centros de compra.

O “rolezinho” é um encontrode jovens, na maioria dos casos,negros e pobres, que está cau-sando terror na elite brancadas cidades brasileiras. Os jo-vens vão ao shopping cantarfunk – música originária dasfavelas cariocas - e andar emgrupos. um dos maiores en-contros foi realizado no dia 12de janeiro, no Shopping metrôitaquera, zona leste de sãoPaulo e reuniu cerca de trêsmil jovens. Para dispersar osgrupos, a polícia foi chamadapara reprimir com golpes decassetete, gás lacrimogêneo eaté balas de borracha.

Em apoio aos jovens pau-listas, foram marcados encon-tros também em shoppings doRio e em niterói. a ação buscoudar visibilidade à opressão ediscriminação sofrida pela po-pulação pobre e negra quesofre diariamente com a vio-lência da polícia militar, sejanos shoppings, nas praias ounas periferias. “mais uma veza polícia e o Judiciário atuamem defesa da propriedade pri-vada e discriminam a popula-ção negra e moradora das pe-riferias. Por sua vez, a mídiacomercial repercute o caso cri-minalizado estes jovens”, afirmaFransérgio Goulart, do Con-selho nacional de Juventudee morador da favela de man-guinhos, no Rio de Janeiro.

Legislação punitiva nãocoíbe casos de racismo

a punição prevista na “leiCaó” (lei nº 7437/85) não in-timidou os racistas e mostrouque a legislação penal, semações efetivas contra o racismo,são ineficazes para combatê-lo. segundo alexandra mont-gomery, advogada da organi-

zação não governamental Jus-tiça Global, “os movimentossociais conseguiram muitas vi-tórias, mas não ultrapassamas leis. a cultura do povo bra-sileiro é baseada em ações pu-

nitivas, para eliminar o racismoé necessário um investimentomassivo em políticas sociais eações afirmativas”.

a advogada explica que, le-galmente, é proibido o impe-dimento de acesso a serviçospor motivo de raça, cor, sexoou estado civil como crimeinafiançável, punível com pri-são de até cinco anos e multa,mas em muitos casos a lei nãoé aplicada ou o próprio Estadoé quem viola os direitos, comono caso do “rolézinho”.

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 20144 | cidades

Racismo: extermínio da juventudenegra atinge números alarmantes

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Glaucia Marinho e Katarine Flor

do Rio de Janeiro (RJ)

Os rolezinhos não são novidade. Em 2000, inte-grantes de movimentos sociais visitaram o Shop-ping Rio Sul, situado em Botafogo, região nobre doRio. Os militantes olharam vitrines, caminharam pe-los corredores e lancharam na praça de alimenta-ção. Essa ação fez com que dezenas de lojas fe-chassem suas portas e levou cerca de 50 políciaspara “reforçar a segurança” dos comerciantes.

Movimentos já fizeram rolezinho em shoppingsem 2000

PROTESTO “Rolezinho” é o caso mais recente de discriminação no país

No Rio, jovens se reuniram no último domingo (20) no Shopping Leblon

“um jovem negro corre3,7 vezes mais risco de ser assassinato doque um branco_________________

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as prisões brasileiras são do-minadas pela lógica da vio-lência e por valores como omachismo e a lei do mais for-te. É o que diz Roberto dasilva, especialista em educa-ção e sistema prisional. Pro-fessor da Faculdade de Edu-cação da usP, o tema de suaspesquisas tem tudo a ver comsua trajetória de vida. Ele foiinterno da antiga Febem e jáesteve na prisão, condenadopor crimes diversos.

Brasil de Fato - Temos vistosituações extremas no Ma-ranhão, como a decapitaçãode presos. O que isso revelasobre o sistema prisionalbrasileiro?

Roberto da Silva -Esses mo-tins e rebeliões revelamexaustão do sistema. Quandoos presos não são ouvidos,não têm canais de comuni-cação com as autoridades,com a Justiça ou com o sis-tema penitenciário, quandose esgotam as possibilidadesde negociação, o último re-curso para o qual eles apelamsão essas manifestações ex-tremadas de violência. Temosde aprender a reler isso comoum pedido de socorro.

Por que a situação chegoua esse ponto por lá?não sei dizer sobre a situaçãoespecífica de lá. O que se ale-ga é a presença de facçõescriminosas. mas mesmo aexistência dessas facçõesmostra o abandono das pri-sões por parte das autorida-des. as medidas que o Estadoresolveu adotar agora, apósreuniões emergenciais, sãoas medidas corriqueiras quejá deveriam ter sido tomadashá muito tempo. É o aban-

dono do sistema penitenciá-rio que leva a essas manifes-tações de violência.

Um dos principais proble-mas é a superlotação. Porque o Brasil prende tanto?É a lógica do encarceramentoem massa de segmentos ex-tremamente específicos. Esseperfil da população prisionalno Brasil, de ser majoritaria-mente jovem, de baixa esco-laridade, baixa qualificaçãoprofissional, afrodescendentee moradora de periferia mos-tra a seletividade do sistema

de Justiça. Como o poder pú-blico não pode alcançar essaspopulações com as políticaspúblicas, com os serviços bá-sicos de educação, saúde, mo-radia e tudo o mais, o que sefaz é armar uma grande teiado sistema policial e do siste-ma de Justiça para pegá-losdiante de qualquer infração.

Mas são pessoas que come-teram crimes, não?De 550 mil presos no sistemapenitenciário, se você somaro valor monetário das infra-ções, isso é insignificante.não é nada diante de umafalcatrua que se faz na pre-feitura, de um desvio de ver-ba do metrô. Eles não estãopresos porque roubaram dasociedade e deixaram pes-soas mais pobres. são pes-soas que, diante da condiçãode miséria que vivenciam,em algum tipo de infraçãoeles iriam cair.

Você passou um pe-ríodo preso na décadade 1980. O sistemaprisional mudou de lápara cá?a cultura penitenciáriacontinua a mesma.Essa cultura possui umtripé de sustentação,que é composto emprimeiro lugar pela ex-cessiva tolerância aouso da violência. a vio-lência é utilizada paramediar todas as rela-ções: entre presos epresos, presos e fun-cionários, funcionáriose sistema, e assim pordiante. Depois vem aexcessiva tolerância à corrup-ção. E não estou falando dacorrupção monetária, é a cor-rupção dos costumes e dosvalores. O machismo, o usoda força, a hombridade, aprevalência do mais forte, es-ses valores ainda são predo-minantes dentro da prisão.isso está na base da dificul-dade que o egresso tem dedepois voltar a se adaptar emsociedade.

E o terceiro ponto?O terceiro é a prevalência daregra do prêmio e do castigo.Em vez de prevalecer a lógicado direito, dentro da prisãoos direitos são negociados.Ou seja, se permite aos presosdominar outros presos, sepermite dominar espaços eterritórios dentro da prisão.sempre em troca de algo. issofaz com que, dentro da prisão,certos presos se sintam muitoimportantes, quando em li-berdade eles não tinham im-portância nenhuma.

Você estudou direito na pri-são e, depois de sair, tor-nou-se professor da USP.Como foi esse caminho?O estudo veio pela necessi-dade de entender a circuns-

tância de vida que se estáno momento, entender a ló-gica de organização da so-ciedade, a estrutura e o fun-cionamento das leis e dosistema de justiça, para ver

como lidar com esse ema-ranhado de complicações.não é o estudo do direito, éo estudo da sociedade e daestrutura social para apren-der a lidar com ela.

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 entrevista | 5

“Na prisão, tudo é mediado pela violência”PRISÕES Ex-detento, professor da USP afirma que sistema carcerário está abandonado e vive inversão de valores

Mariana Desidério de são Paulo (sP)

Rafael Stedile

“Dentro da prisão, os direitos são negados”, diz professor da USP“É o abandono do sistema peniten-ciário que leva aessas manifestaçõesde violência__________________

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a universidade Gama Fi-lho e o Centro universitárioda Cidade (univerCidade),descredenciados pelo minis-tério da Educação (mEC),devem manter abertas as se-cretarias acadêmicas paraentrega de documentos aosestudantes. as instituiçõestêm prazo de dez dias, con-tados a partir de 14 de janeiro,para indicar o local de fun-cionamento da secretaria.

as determinações estão emdespacho do secretário deRegulação e supervisão daEducação superior, do mEC,Jorge messias, publicado naedição de quarta-feira (22)do Diário Oficial da união.

O despacho detalha queos representantes legais dasinstituições são responsáveispela guarda e organizaçãodo acervo acadêmico, a ex-pedição e o registro de di-plomas dos estudantes con-cluintes, a entrega de docu-

mentação para transferências,inclusive dos alunos que es-tavam com a matrícula tran-cada, bem como dos egressos,até a conclusão da transfe-rência assistida.

Estudantes da Gama Filho são retirados dafrente do Planalto

acampados desde quarta-feira (15), em frente ao Paláciodo Planalto, os estudantes dauniversidade Gama Filho fo-ram retirados à força do local,na noite da segunda-feira(20). as barracas, os colchõese os pertences dos estudantesforam todos apreendidos. aoperação começou por voltadas 19h30 e foi até quase às21h. Os 13 estudantes queestavam no local resistirame foram arrastados para umônibus da Polícia militar doDistrito Federal (PmDF). Elesforam encaminhados à De-legacia do senado Federal.

a ordem da retirada veiodo senado Federal. a Políciada Casa atuou em conjuntocom a Polícia militar. no lo-

cal, estavam seis carros daPm e três da Polícia do se-nado. Durante a operação,mais dois carros da Políciamilitar chegaram à área. Osestudantes se recusaram adeixar o gramado e foramcarregados. alguns chora-vam. a polícia atingiu umadas estudantes ao usar sprayde pimenta.

Os estudantes foram doRio de Janeiro até Brasíliapara, protestar contra o des-credenciamento e pedir a fe-deralização da instituição.Eles ocuparam o gramadoatrás do senado Federal eem frente ao Palácio do Pla-nalto, para pedir uma au-diência com a presidentaDilma Rousseff. no dia 9, osestudantes protocolaram noPlanalto o pedido de audiên-cia, mas ainda não receberamresposta. "se não fizermospressão, não vão nos aten-der", diz a diretora de re -lações externas do DiretórioCentral dos Estudantes dainstituição, ana Flávia Hissa.(Agência Brasília)

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 201406 | cidades

EDUCAÇÃO Instituições têm prazo de dez dias

Gama Filho e UniverCidade devemmanter secretarias acadêmicas abertas

Aconteceu

de Fato!

Dezenas de manifestantes saíram da Candelária, no Centro,em protesto contra o aumento nas tarifas do transporte pú-blico na última quinta-feira (16). O grupo fechou a AvenidaRio Branco, marchando rumo à Assembleia Legislativa doRio (Alerj). Forte aparato policial acompanhou todo o trajeto.Convocada pelo Fórum de Lutas Contra o Aumento da Pas-sagem e pela Operação Pare o Aumento, o protesto cobroumelhorias dos metrôs, trens, ônibus e barcas.

Manifestação por transportede qualidade

Uma montanha de 40 toneladas de lixo foi exposta pela Com-panhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) na Praia deCopacabana para mostrar à população e aos visitantes do Riotodo o resíduo que foi recolhido nas praias do bairro e doLeme, feriado municipal de São Sebastião. O objetivo é cons-cientizar os banhistas. Para juntar o lixo no Posto 4, a compa-nhia usou quatro tratores e contou com 90 funcionários du-rante toda a madrugada.

Montanha de lixo paraconscientizar

Yara Aquinode Brasília (DF)

Na retirada dos manifestantes, a polícia atingiu uma das estudantes ao usar spray de pimenta

Valter Campanato/Abr

Pablo Vergara

Tânia Rego/Abr

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a lapa Presente acontecetodos os dias, de forma per-manente, entre 21h30 e 5h30.são nove órgãos envolvidos,entre estaduais e municipais.segundo a secretaria de Go-verno, o objetivo é “garantir asegurança e o direito de ir e virde moradores e frequentadoresdo Rio antigo”.

Para Tatiane souza, de 36anos, a situação piorou. “se-gurança com essa polícia? Parapobre não tem isso. a conta

da violência cai toda pra gente.Eles acham que a gente é tudomaloqueiro. Chegam xingandoe metendo porrada”, relata ela,que vive nas ruas ao lado dePaulo Roberto, de 31 anos.“Euvendia água, refrigerante e cer-veja, mas a prefeitura não deixamais”, completa Roberto.

a professora de crimino-logia da Faculdade de Direitoda uerj, Vera malaguti, tam-bém critica a política. “nãopodemos esquecer e nem di-minuir a tristeza das mortesna lapa, mas critico o cardá-pio “tolerância zero”, ou seja,

o fato de irem em cima dosque eles acreditam ter “carade suspeito”. É uma higieni-zação social”, analisa.

De acordo com Vera, a lapaestá sendo elitizada e o queacontece tem a ver com esseprocesso. Ela garante, ainda,que é preciso romper com aideia de que mais polícia sig-nifica mais segurança pública.“segurança pública é um con-junto de políticas públicas quederam certo: cultura, políticaseconômicas e de integração,transporte, educação e outras.É preciso despolicizar”, conclui.

na esquina da Riachuelo coma lavradio, na lapa, está o Bardo Gerson. Quem nunca o fre-quentou pode pensar que a fotodo antigo dono do local, bemem destaque no estabelecimen-to, é uma homenagem póstuma.não é. Gerson Vaz foi assassi-nado após um assalto, um dosrecentes casos de violência nobairro. mas sua imagem já es-tava lá, ilustrando o orgulho demanter de pé aquele comércio,gerido pela família há cerca de15 anos. após esse e pelo menosoutros dois assassinatos, umestupro e o aumento de roubose furtos na região, o poder pú-blico lançou o lapa Presente.

a iniciativa, que até estaquarta-feira (22) tinha enca-minhado à delegacia 405 pes-soas, divide opiniões. “acho aoperação muito importantepara atrair um novo públicopara a lapa, para que ela fiquemais democrática. nem só tu-

rística, nem só alternativa”, afir-ma o analista financeiro adeil-son Reis, de 30 anos. O moradorde Copacabana foi furtado nalapa. “Rasgaram o bolso da mi-nha bermuda e levaram o celu-lar”, lembra.

Já Gerson, de 30 anos, filhodo comerciante assassinadoaos 63 anos, faz ressalvas.“Depois de tudo que acon-teceu, não digo que sou con-tra. mas eles ficam paradosem outros locais e não aqui.

Deveríamos ser prioridade,não?”, questiona. O comer-ciante confirma que o bairromudou muito após a chama-da revitalização, ressaltandoque preferia a lapa de antes.“sempre teve morador derua, travesti, mas tudo nomaior respeito. a gente tam-bém fazia churrasco nos ani-versários de clientes. agoranão tem mais isso. muitosforam embora porque nãopuderam mais pagar para

morar aqui”, afirma.O bar simples, que empre-

ga 11 pessoas além dos fa-miliares, nunca tinha sidoassaltado. se antes acompa-nhava a boemia da lapa atéàs 5h, hoje baixa as portas1h. “só na sexta e no sábadovou até um pouco mais tarde.Tem um pessoal que re clama,mas fazer o quê? meu pai mor-reu”, justifica. após o crime,cometido por assaltantes namadrugada de 6 de dezembro,o estabelecimento ficou fecha-do em luto por 15 dias. na vol-ta, a freguesia era 40% menor.

agora, Gerson conta, o mo-vimento se estabilizou. “nes-se quarteirão, a maioria dosbares são novos. Chegaramhá quatro, cinco anos”, com-pleta Gerson, que também émorador da Gomes Freire,outra via do bairro. “Conse-guimos ficar, porque conhe-cemos o dono do imóvel háanos. no passado fizemos re-formas no prédio, sem cobrarnada. Daí ele nem aumentoutanto o aluguel”, explica.

Gilka Resendedo Rio de Janeiro (RJ)

Patrulha ocorre a pé, em 24 bicicletas ou em 11 viaturas

Andre Gomes de Melo

RIO ANTIGO Patrulhamento ostensivo envolve 123 agentes na região

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 cidades | 07

Agentes de saúdeEstá prevista paramarço a votação doprojeto de lei que criao piso nacional paraos agentes de saúdeno valor de R$ 866,00.serão concedidos au-mentos graduais. Ogoverno federal repas-sa R$ 950,00 por agen-te para as prefeituras.sem um piso salarialdefinido, porém, gran-de número de agentesrecebe o salário míni-mo que passou a serR$ 724,01.

Sindicalistademitidono dia 15, foi realizadoum protesto contra ademissão de Carlosaugusto machado, co-nhecido como Cacá,ex-dirigente do sindi-cato dos Trabalhado-res de Telecomunica-ções (sinTTEl) e re-presentante dos em-pregados no ConselhoDeliberativo do fundode pensão Telos. a Em-bratel alega que estárealizando uma rees-truturação na empre-sa. Desde a privatiza-ção no governo FHC,diversos trabalhadoresda empresa foram de-mitidos da companhia.

Gama Filho eUniverCidadeDesde o descredencia-mento das duas, o sin-pro-RJ realiza assem-bleias para debater atransferência de alu-nos e professores. Ossindicatos do setor de-nunciam há tempos amercantilização doensino no país.

Operação de segurança públicaLapa Presente divide opiniões

do Rio de Janeiro (RJ)

SINDICAL

660 pessoas foram retiradas das ruasEstatísticas do LapaPresente

660 pessoas tiveram que sairdas ruas, 165 adolescentes321detidos por porte de entorpecentes. Desses, 3por tráfico 28 detidos pordelitos não identificados, 24por roubo ou furto, 9por porte de arma branca e 1porportar arma de fogoPresos 22 foragidos da Justiça: 16 por roubo oufurto, 2 por homicídio, 2 por tráfico e 2 por outroscrimes. Fonte: secretaria de Estado

DIREITOS Moradores em situação de rua reclamam de discriminação

Page 8: Brasil de Fato RJ - 036

não é a primeira vez quemovimentos sociais e organi-zações políticas constroemplebiscitos populares. Quandoos Estados unidos e o entãopresidente Fernando HenriqueCardoso queriam que o Brasilintegrasse a área de livre Co-mércio das américas (alca), es-ses mesmos movimentos, con-

trárias à proposta – que tornariao país um mero satélite comer-cial dos estadunidenses –, or-ganizaram uma consulta à po-pulação. Foram coletados maisde 10,2 milhões de votos em46 mil urnas instaladas em todoo país. um trabalho voluntárioque envolveu 157.837 pessoas.O resultado não deixou dúvida:98,32% dos eleitores rejeitarama entrada do país na área delivre comércio. (PRF)

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 20148 | brasil

no auge das mobilizaçõespopulares de junho passado,quando a classe política nãosabia para onde ir, coube àpresidenta Dilma Rousseff ten-tar responder às milhões devozes das ruas. seu pronun-ciamento em cadeia de rádioe TV botou o dedo na ferida:“Proponho a convocação deuma Constituinte Exclusivapara debater e reformar o sis-tema político”. mais que isso,o povo deveria ratificar ou não,por meio de plebiscito, os ter-mos da reforma aprovada.

a iniciativa poderia ser oprimeiro passo para recons-truir uma ponte que, há muitotempo, já não existe entre apopulação e seus represen-tantes eleitos. a expectativa,porém, não resistiu ao pri-meiro choque de realidade.menos de 24 horas após o dis-

curso de Dilma, as figurasmais reacionárias da Repú-blica, a começar pelo própriovice-presidente, michel Temer,e seu PmDB, além de seg-mentos conservadores do Ju-diciário, cujo porta-voz maisproeminente é o ministro Gil-mar mendes, do supremo Tri-

bunal Federal (sTF), trataramde sepultar a possibilidade deuma constituinte. Dilma, en-tão, se calou.

Diante desse quadro, or-ganizações políticas e movi-mentos sociais lançaram, emsetembro, a “Campanha doPlebiscito Popular por uma

Constituinte Exclusiva esoberana do sistema Po-lítico”. O objetivo é ga-rantir uma nova consti-tuinte dedicada a proporuma reforma política.

E o plebiscito já estácomeçando a tomar for-ma. De acordo com PaolaEstrada, da secretaria na-cional do plebiscito, pelomenos 20 estados estãomontando comitês e cadalocalidade (bairro, comu-nidade e região) poderáconstituir um grupo paramobilizar estudos em prolda campanha. Cursos deformação, cartilhas, ví-deos e debates serão rea-

lizados pelos próximos novemeses. a campanha tambémjá tem site e página nas redes.Os votos coletados no plebis-cito não terão validade jurí-dica, mas será um poderosoinstrumento de pressão polí-tica contra governo e Con-gresso nacional.

MSTcelebrou30 anos devida e lutas,na quarta-feira (22).Confira os depoimentos

Eduardo Galeano“Toda a minha soli-dariedade a essacausa tão justa, tal-vez a mais justa detodas as causas, quenos devolve a fé per-dida no trabalho, naterra e nos ajuda alutar contra os para-sitas que vivem ga-nhando fortunas àcusta dos que que-rem viver honesta-mente”.

Pedro Casaldáliga“sabemos que deve-mos contar com aluz e com a força doEspírito, que renovatodas as coisas. so-mos um movimentode rebelião e utopia.lutamos com a en-xada, plantamos se-mentes limpas, faze-mos a Reforma agrá-ria popular possívelno cada dia”.

RodrigoVianna“O msT é a pedra nosapato de conserva-dores que tentam fu-gir do debate sobreReforma agraria noBrasil. O msT é ali-mento do Brasil. Porisso, vida longa aomsT! Vida longa aostrabalhadores e tra-balhadoras que bri-gam pela Reformaagrária.

CONSTITUINTE EXCLUSIVA Movimentos sociais e diversas organizações estão em campanha

Plebiscito vai consultar sobremudança na política brasileira

Movimentos sociais já realizaramoutros plebiscitosPARTICIPAÇÃO POLÍTICA Consulta sobre a Alca mobilizou mais de 150 mil brasileiros

de são Paulo (sP)

Pedro Rafael Ferreirade Brasília (DF)

Votação vai acontecer de 1º a 7 de setembro deste ano

Marcello Casal Jr./Abr

FATOS EM FOCO

Para transformar o atual sistema político, uma as-sembleia constituinte tem que ser exclusiva, ou seja,seus representantes eleitos unicamente com essafinalidade. Depois de aprovadas as mudanças, a as-sembleia seria dissolvida e seus representantes nãopoderiam concorrer em processos eleitorais por umprazo pré-definido. Isso seria algo inédito no Brasil.

Por que exclusiva e soberana?

Page 9: Brasil de Fato RJ - 036

Depois de atrair a atençãoda opinião pública mundialem 2013 com a legalizaçãoda maconha, o governo douru guai pretende dar con-tinuidade à sua agenda dereformas sobre temas polê-micos. as duas principaisprioridades da coalizão deJosé mujica neste ano são aregulação da mídia e da ven-da de bebidas alcoólicas.

Entre as propostas daFrente ampla estão o au-mento do controle sobre apublicidade e os pontos devenda de álcool. Os legis-ladores governistas queremproibir, por exemplo, a rea-lização dos “happy hour”,situações em que as bebi-

das são comercializadascom preços mais baixos.

“O uruguai precisa deregulação porque o álcool

é a droga lícita que maiscausa acidentes. seus ven-dedores querem nos con-vencer de que é uma bebi-

da refrescante e está asso-ciada a mulheres lindas”,argumentou o senador Er-nesto agazzi.

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 mundo | 9

Projetos serão votados em ano quevai definir sucessor de Mujica

Desigualdadesocialuma pesquisa da or-ganização Oxfam in-ternational revelouque o pequeno gru-po das 85 pessoasmais ricas do mundoconcentra a mesmariqueza que os 3,5bilhões mais pobredo planeta. Os dadosforam divulgado àsvésperas do FórumEconômico mundial,que ocorre nesta se-mana na suíça.

202 milhõessem empregoRelatório divulgadopela Organização in-ternacional do Tra-balho (OiT) revelaque, em 2013, o nú-mero de desempre-gados no mundo au-mentou 5 milhões.Com isso, o númerode pessoas sem em-prego é cerca de 202milhões, o que re-presenta uma taxade desempregomundial de 6%.

IICA

LEGISLAÇÃO Até final de mandato, Mujica também quer limitar compra deterras por empresas estrangeiras

Após legalizar maconha, Uruguaipretende regular álcool e mídia

assim como ocorreu noano passado com a questãoda maconha, a regulação damídia e das bebidas alcoó-licas contam com forte re-púdio da oposição. no en-tanto, o governo mujica dis-põe de número suficientede parlamentares para im-pulsionar tais medidas.

“alguns interesses serão afe-tados, mas é um problema cres -cente. Há enormes quantida-

des de jovens que bebem oca-sional ou frequentemente.Com essa medida, completa-ríamos a tríade de regulações,pois já fizemos isso com amaconha e o tabaco”, afirmouo senador luis Gallo.

Outros projetos governis-tas que devem ser discutidosem 2014 são a limitação dacom pra de terras por empre - sas estrangeiras e a lei deresponsabilidade penal doempregador.

ainda em 2014, no mêsde outubro, o uruguai viverá

as eleições que definirão osucessor de mujica. O favo-rito no pleito é justamenteo antecessor do atual presi-dente, Tabaré Vázquez, tam-bém da Frente ampla.

De acordo com alguns par-lamentares e especialistas, ofato de ser um ano eleitoral po -de dificultar a aprovação de to -dos esses projetos, mas a coa-lizão governista espera conse -guir agilizar ao menos a re-gulação da mídia e das bebi-das. (VS) (Opera Mundi cominformações de El País)

EDUCAÇÃO Oposição repudia mudanças; Parlamentares que apoiamMujica são maioria

de são Paulo (sP)

Vitor Sionde são Paulo (sP)

FATOS EM FOCO

Em seu último ano de governo, Mujica espera aprovar novos projetos polêmicos

Page 10: Brasil de Fato RJ - 036

FILME REMOÇÕESVenha assistir ao filme REmOÇÕEs, que seráexibido exclusivamente nesta quinta (23), às20h, na sede da anistia internacional. sãoapenas 40 lugares disponíveis com retirada desenha a partir das 19h. Participe também dacampanha contra as Remoções Forçadas no Riode Janeiro. a sede da anistia internacional ficana Praça são salvador, n°5, laranjeiras, Rio deJaneiro. assine a petição que será entregue aoPrefeito do Rio em:http://ativismo.anistiabrasil.org.br

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 201410 | cultura

AGENDA

ENSAIO ABERTO DA BANDA DACONCEIÇÃOa Banda da Conceição surgiu há 40 anos no morro daConceição e animou muitos carnavais da cidademaravilhosa. Já foi a responsável por abrir as folias demomo na avenida Rio Branco. O ensaio acontece nosábado (24), às 19h, no Bar do Geraldinho, na ladeira doJoão Homem - morro da Conceição. Grátis.

“CIRANDA CULTURAL” NO BANGU SHOPPINGO Bangu shopping promove, até o dia 23 de fevereiro, uma feira de livros com opçõespara as crianças e os adolescentes. Entrada franca. Com aproximadamente três miltítulos à venda, a expectativa é de que cerca de 70 mil exemplares sejam vendidos até ofim da feira. Os preços variam de R$ 3 a R$ 80 e o cliente tem diferentes opções depagamento. segundas, Terças, Quartas, Quintas, sextas e sábados das 10:00 às 22:00.Domingos das 11:00 às 21:00. (Catraca Livre)

JAZZ E BLUES NA TENDA DO CCBBa Tenda do CCBB apresenta a série “Quinta na Tenda do CCBB” queapresenta nomes do Jazz e do Blues até o dia 30 de janeiro, com entradapor R$ 5 (estudante). nas próximas semanas, o público tem aoportunidade de conferir shows de Jack n’ Blues, Big Joe manfra & BigGilson e nova lapa Jazz. mais informações no site do CCBB. Quintas, às21:00 (Rua Visconde de itaboraí. , s/n, Centro) (Catraca Livre)

um homem que não temeo papel em branco. aos 24anos, João Paulo Cuenca pu-blicou seu primeiro livro“Corpo presente” (Planeta,2002), capaz de impressionargostosliterários requintadoscomo o de Chico Buarque,que certa vez disse: “Há umnovo autor de que gosto mui-to, o João Paulo Cuenca”.

Fruto de uma geração deblogueiros, Cuenta escolheunão limitar-se ao conforto

dos contos curtos. E lançouvôo rumo a outros dois ro-mances: “O dia mastroianni”(agir, 2007) e “O único finalfeliz para uma história deamor é um acidente” (Com-panhia das letras, 2010) .um jovem escritor, que dei-xou de ser uma promessada literatura brasileira, parase consolidar como um dosmais importantes protago-nistas da literatura no país.ao ponto de já não ser maispossível falar em produçãoliterária no Brasil sem citarJoão Paulo Cuenca.

Crédito esse conquistado

também nas páginas dos jor-nais, como cronista e arti-culista. Entre seus textosmais comentados nos últi-mos meses está um tituladode “a mídia, os artistas, omedo e o silêncio”. a exemplodo artigo “Eu acuso”, do fran-cês Émile Zola, um clássicopublicado no jornal l’aurore,em 1898, em que responsa-biliza nominalmente mem-bros do governo daquelaépoca por um erro jurídicosem perdão; Cuenca tam-bém acusa: “você, articulistade jornal, rádio e TV, queajudou a criminalizar os pro-

testos e abriu es-paço para a porra-da da polícia nopovo: a culpa é sua”,abre o texto. Quetermina tão ácidoe crítico como co-meçou: “chegou ofuturo: somos todos políti-cos agora. O silêncio é a suamão suja”.

Quem quiser conhecermais sobre o trabalho desseescritor carioca, terá a opor-tunidade no dia 28 de janeiro,terça-feira, quando estará emuma mesa de debate com otambém escritor luiz Ruffato

e a crítica literária Beatriz Re-sende, no centro cultural OiFuturo Flamengo, às 19h30.Trata-se do ciclo de pensa-mento “Espaços de Reencan-tamento, afetos e utopias deum novo mundo” e o temaem debate será “o papeltransformador da literatura”.a entrada é gratuita.

João Paulo Cuenca, sem medodo papel em brancoLITERATURA Escritor vai participar de debate na próxima terça-feira (28)

Fania Rodriguesdo Rio de Janeiro (RJ)

Arquivo

Jovem escritor deixou de ser promessa

Arquivo

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Cenas da ditadura no Cen-tro do Rio contrastam comimagens da leveza das praiascariocas da década de 60 naexposição “Tempos de chum-bo, tempos de bossa”, do fo-tojornalista Evandro Teixeira,em cartaz no Centro Culturalda Justiça Federal(CCJF).no ano em que o golpe mi-litar completa 50 anos,o tra-balho de Evandro mostrauma cidade cortada pelomovimento político estu-dantil e pela descontraçãodo cenário musical, coman-dada pela Bossa nova.

O baiano, nascido em ira-juba, se consolidou como re-pórter fotográfico no extintoJornal do Brasil. Com a cu-

radoria de márcia mello, fo-ram selecionadas 20 imagensdentre conhecidas e inéditaspara mostra. “a riqueza domaterial renderia uma expo-sição maior, mas o que estáexibido já suscita uma sériede discussões e desdobra-mentos”, revela márcia queacredita que cada imagemlevará o público a uma via-gem na história.

na mostra, registros damissa do estudante Edsonluís, assassinado na ditadura,no dia 4 de abril de 1968,marcada pela repressão dacavalaria militar; da multidãona passeata dos cem mil emjunho do mesmo ano. a se-riedade destes momentoscontrasta, entre outras ima-gens da bossa carioca, coma foto da musa leila Diniz.

“a sisudez da revolução se

contrasta com o colorido doRio. Dá nostalgia e saudadedesta época nas praias”, dizEvandro Teixeira. amigo deVinícius de moraes, Tom Jo-bim e toda a turma com-positora dos versos da boê-mia bossa nova, Evandro es-tava dentro dos cenários fo-tografados.

Para márcia, é o que faz adiferença. “O trabalho temuma dinâmica que serve qua-se como uma assinatura.acredito que seja porque eleestava participando da açãosem propor uma imagem dequem está de fora. É o dis-curso completo em um únicoinstante", diz a curadora.

Evandro, no entanto, con-ta que era preciso mesmoter uma dose de malandra-gem, sobretudo nos anos dechumbo. “Para tentar supe-rar os problemas de ser to-lido, como muitos na im-prensa”, justifica. se, por umlado, a exposição revive umRio do passado, por outro,relembra a prática do foto-jornalismo diante de ummundo, segundo EvandroTeixeira, com muita câmerae pouco fotógrafo. (DiadorimIdeias, colaboração para siteCultura.rj)

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 cultura | 11

O olhar aguçado de EvandroTeixeira sobre o RioFOTOGRAFIA Exposição do fotógrafo mostra dualidade carioca entre regimemilitar e fervor da bossa nova

Yzadora Monteirodo Rio de Janeiro (RJ)

Evandro Teixeira

Evandro Teixeira é um dos ícones do fotojornalismo brasileiro

Evandro Teixeira

Page 12: Brasil de Fato RJ - 036

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 201412 | variedades

Áries(21/3 a 20/4)

Câncer(21/6 a 22/7)

Libra(23/9 a 22/10)

Capricórnio(22/12 a 20/1)

Touro(21/4 a 20/5)

Leão(23/7 a 22/8)

Escorpião(23/10 a 21/11)

Aquário(21/1 a 19/2)

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Virgem(23/8 a 22/9)

Sagitário(22/11 a 21/12)

Peixes(20/2 a 20/3)

Na área afetiva pode haver peso e conflitos. Cui-dado com possíveis desentendimentos. Se hou-ver, exercite a paciência e compreensão com ooutro lado. Controlar e observar a respiração éum ótimo exercício nesta fase.

O temperamento tranquilo e agradável pro-porciona foco e equilíbrio interno nos relacio-namentos e na execução de tarefas diárias.Cuidado apenas com distrações, pois a imagi-nação estará um tanto fértil.

É hora de focar no dia-a-dia e poupar grandesdecisões e realizações. Evite se envolver em pro-jetos sem pé nem cabeça ou sem base sólida.Leia atentamente todo tipo de termos e contra-tos antes de assinar. Previna-se.

Estará ansioso para realizar seus projetos, masnem todas as metas poderão ser executadasao mesmo tempo. Caminhe com um passo decada vez e use sua mente cautelosa para deci-dir o que é mais importante agora!

Estará mais amável e tranquilo. Sua atitude levepoderá gerar elogios e popularidade com o sexooposto! Bom relacionamento, principalmentecom as mulheres. O período também indica boasorte e saúde fortalecida.

Avalie as áreas da vida que precisam ser ajusta-das. Descarte o que lhe impede de realizar suasmetas. Mesmo que seja difícil no começo, aofinal do processo o que parecia essencial se tor-nará obsoleto.

A boa comunicação estará presente esta se-mana. Você se sentirá ágil, esperto e mais apto aaprender e trocar informações. Tente manteresse aspecto em sua rotina diária, isso facilitarárealizar tarefas corriqueiras.

Com o Sol ingressando em seu signo, há muitaenergia em você, Aquariano! Planejamento,metas traçadas e, ao mesmo tempo, destrezamental e vigor físico para por tudo isso em prá-tica. Esse é o caminho para o sucesso.

Pequenos incidentes podem fazer parte da suarotina. Seja cuidadoso, principalmente em casae/ou com os parentes próximos. Evite participarde atividades de risco que envolvam altura, velo-cidade ou eletricidade nesta semana.

Com prudência, praticidade e bom senso. Vocêestá apto a realizar coisas que o façam crescerespiritualmente. Sua aparência assim como seuvigor físico estão em alta, atraindo muito mais aatenção das pessoas.

Boas notícias lhe aguardam, principalmente noâmbito profissional. Uma oportunidade podebater à sua porta. Tenha calma e discernimentopara analisá-la. A saúde está favorecida, mas nãoexagere na alimentação.

A imagem pessoal se destaca, mas pode abusarinconsequentemente do charme e da capaci-dade de persuasão para tirar informações. Façatudo às claras e com boas intenções, senão omaior prejudicado será você.

HORÓSCOPO 23 a 29 de janeiro de 2014 Keka Campos, astróloga

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Estamos no verão e a co-luna Boa e Barata está cheiade dicas leves e refrescantespara aproveitar os dias maislongos, sem deixar de ladoa saúde e o paladar! Essa se-mana trazemos uma receitade salada bem gostosa e fácilde fazer. Pode ser servidano churrasco, como acom-

panhamento do almoço. sesobrar pode até rechear osanduíche do dia seguinte.O tabule é uma salada árabeque já ganhou muitas ver-sões diferentes. mandamosuma clássica, mas vocêpode inventar a sua, incre-mentando com o ingredien-te que quiser.

Tabule

Deixe o trigo de molho na água por 30 minutos. Tire algumas lascas da casca dopepino, em tiras, para que não fique nem muito duro nem muito mole. Corte o pepinoem quadradinhos pequenos e despeje numa tigela grande. Tire as sementes do tomate ecorte em quadradinhos. Faça o mesmo com o pimentão e a cebola. Esprema o limãosobre os ingredientes picados. Com uma peneira e uma colher, escorra e aperte o trigo,para que saia toda a água. Coloque na tigela junto com os outros ingredientes. Por fim,pique o hortelã e misture tudo. Tempere com sal e azeite a gosto.Tempo de preparo: 15 minutos

Tabule

Cara Joana, a dentadura(ou prótese dentária) precisaser limpa todos os dias, as-sim como os dentes natu-rais. Escovar a prótese pelomenos duas vezes ao dia,com escova e creme dentalé o básico. Você pode tam-bém deixá-la de molho de

15 a 30 minutos em umasolução feita com um copode água filtrada e uma co-lher de café de água sani-tária. Durante a noite o me-lhor é não usar a prótese,pois isso pode provocar le-sões na gengiva e causarproblemas de adaptação.

lembre-se também de hi-gienizar a gengiva e a línguausando  escova e creme den-tal todos os dias. Caso apa-reça alguma ferida ou vocêsinta incômodo na adapta-ção da prótese, procure seudentista para avaliar o queestá acontecendo.

uso dentadura há um bom tempo e nunca tive proble-mas. Recentemente tive algumas inflamações na gengivae o dentista disse que era por causa da má higienização.O que eu devo fazer para evitar esse tipo de coisa?

Maria Joana, 62 anos, aposentada

Amiga da saúde

250 gramas de trigo para quibe1 pepino2 tomates¼ cebola¼ pimentão (opcional)1 maço de hortelã1 limãosal e azeite a gosto

Ingredientes

Preparo

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 variedades | 13

DIREITORECEITA DA SEMANA

Carlos Duarte

De olho nos dias de descansoa lei nº 605/49 determina em seu artigo 1º que “Todoempregado tem direito ao repouso semanal remuneradode vinte e quatro horas consecutivas, preferentementeaos domingos e, nos limites das exigências técnicasdas empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordocom a tradição local”.

O descanso deve acontecer sempre após o 6º dia detrabalho consecutivo. O empregado que trabalhar setedias consecutivos e que tenha usufruído do descansoapenas no 8º dia, tem direito a receber o descanso se-manal em dobro. Esse é o entendimento que prevalecena Justiça do Trabalho: a semana é de sete dias e odescanso deve ocorrer dentro desse período.

O mesmo acontece para o trabalho em feriados, de-vendo ser pago em dobro. anote os feriados nacionais:1º de janeiro, 21 de abril, 1º de maio, 7 de setembro,12 de outubro, 2 de novembro, 15 de novembro e 25de dezembro.

Para aqueles que trabalham em jornada de 12 por36, o feriado também deverá ser pago em dobro. Paraos trabalhadores no comércio, o trabalho nos feriadosdependerá de autorização do sindicato dos empregadose também da permissão da legislação municipal. afolga deverá ser concedida em outra data ou pagar odia trabalhado em dobro.

No comércio, o trabalho aos domingos é permitidodesde que garantida uma folga nesse dia, a cada trêssemanas. Para os empregados com escala de trabalhode 4 por 2, comum nas empresas de vigilância, o tra-balho em feriado deve ser pago em dobro.

Carlos DuarteAdvogado trabalhista

CARTA

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nO Final do ano passa-do, nosso mandato apresen-tou três projetos em defesado Estado laico que gerarammuita polêmica e debate.

O primeiro proíbe aos ser-viços municipais de saúdee instituições conveniadasa realização de qualquer ati-vidade religiosa como partedo tratamento oferecido; osegundo determina a reti-rada do crucifixo pregadono alto da cadeira do presi-dente no plenário da Câma-ra municipal do Rio e o ter-ceiro solicita a mudança nafrase de abertura das sessõesplenárias, em vez de "invo-cando a Deus...", a frase deinício das sessões ficaria:"Em busca da cidadania eda dignidade da pessoa hu-mana enaltecendo a paz en-tre os homens".

nenhuma das propostas

apresentadas caracteriza per-seguição a qualquer religiãopelo contrário, os projetosgarantem que nos espaçospúblicos não haja predomi-nância de umas sobre as ou-tras. a proposta não pretendeainda impedir manifestaçõesreligiosas nas unidades pú-blicas de saúde, mas sim oschamados "tratamentos reli-giosos", que muitas vezes sãoas únicas opções oferecidaspor empresas terceirizadas,que dominam cada vez maiso sistema de saúde do Rio.

a defesa do Estado laiconão é a negação das religiões,mas a garantia da plurali-dade total delas. significa ofortalecimento da democra-cia nos espaços públicos eo respeito às diferenças.

Renato Cincoé vereador pelo PSOL

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 201414 | opinião

nO Fim DE 2013, assistimos a cenas chocantes do Presídiode Pedrinhas no maranhão. infelizmente, não foi um casoisolado. O sistema prisional no Brasil coleciona tragédias queganham as manchetes dos jornais, porém seu cotidiano deviolações de direitos humanos parece invisível à sociedade. Omassacre do Carandiru em 1992, com 111 mortos, as mais de100 mortes ao longo de 8 anos no presídio urso Branco emRondônia e outros inúmeros casos que denunciam o caosprisional não foram suficientes para provocar uma mudançana política criminal e penitenciária do Estado brasileiro.

Cerca de 550 mil pessoas estão presas no Brasil, emmeio a superlotação, maus-tratos, doenças, rebeliões emortes. Tal quadro é agravado pelo aumento expressivo depresos, reflexo do superencarceramento seletivo de jovenspobres e negros.

Os locais de privação de liberdade do Brasil são marcadospela prática sistemática da tortura e outras formas deviolência. O Estado não possui dados consistentes dasmortes sob custódia e tortura, embora as organizações queatuam nos presídios denunciem com frequência homicídios,espancamentos e coações, que, muitas vezes, contam coma participação direta ou indireta de agentes públicos. soma-se a este quadro a morosidade da justiça e assistênciajurídica precária, que perpetuam um grande número deprisões arbitrárias.

no Rio de Janeiro, com 35 mil presos e um déficit emtorno de 10 mil vagas, tratamento humilhante, superlotação,celas insalubres, distribuição em quantidade insuficiente demateriais de higiene e colchões, alimentação de má qualidade,acesso precário à saúde, proliferação de doenças graves eprecariedade do acesso a atividades de educação ou trabalhosão alguns aspectos retratados no último relatório do meca-nismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura.

Em junho de 2012, o governo do Rio de Janeiro incluiuna lista de gastos para a Copa e Olimpíadas a construçãode quatro penitenciárias. as incontáveis prisões arbitráriasocorridas nas recentes manifestações dão um alerta para oprocesso em curso de criminalização dos protestos e dotratamento penal dado à luta por direitos.

Contudo, é justamente nesse contexto em que o enfren-tamento às diversas formas de violência do Estado leva mi-lhares de pessoas às ruas, que a ruptura da invisibilidadedas mazelas do sistema prisional pode finalmente ganharforça. assim a luta contra o encarceramento em massa dapopulação negra e pobre pode entrar de modo definitivona agenda da sociedade brasileira.

Sandra Carvalho e Isabel Limasão coordenadoras da organização de

direitos humanos Justiça Global

Sandra Carvalho e Isabel Lima

Sistema PrisionalBrasileiro: crônica dechacinas anunciadas

Pedro Nathan

Renato Cinco

Estado laico não negaas religiões

as prisões arbitrárias ocorridas nasmanifestações dão um alerta para o

processo de criminalização dos protestos______________________________________“

Page 15: Brasil de Fato RJ - 036

­­­

Bombando na internetO ala-pivô Olivinha, doFlamengo, postou um vídeo, em sua conta doInstagram, da comemo-ração do time após a vi-tória sobre Franca – a sé-tima consecutiva no nBB– com os jogadores can-tando “isso aqui é Fla-mengo”, o mais novo cân-tico da torcida rubro-ne-gra.

Reforços no PalmeirasO basquete do Palmeiras apresentoumais três reforços na lojaoficial do clube, na Rua

augusta, em são Paulo.O argentino naturali-zado italiano maximi-liano stanic, oex-Fluminense Ro-drigo silva, além de Fabrício Russo.

Cabral rebate CBDAPelo twitter, o governa-dor sérgio Cabral(PmDB) rebateu as críti-cas de Coaracy nunes,da CBDa, sobre o JúlioDelamare. Coaracy co-bra explicações sobre oCentro de saltos, que foidestruído, e o placareletrônico prometidopor Cabral.

O Presidente da RússiaVladimir Putin, às vésperasdos Jogos Olímpicos de in-verno, sediados na ci-dade de sochi, sofreuacusações de violaçõesà Constituição do país,ao proibir manifesta-ções durante os Jogos.

Porém, os ataques aPutin não se limitamaos movimentos sociaisrussos. a lei anti-Gay,que proíbe “propagan-da do homossexualis-mo” para crianças, des-pertou a ira de ativistaspelos direitos humanosem todo o mundo.

Preocupado com a re-percussão negativa de suasações, o governo russo edi-tou um decreto que per-mite manifestações políti-

cas apenas no distrito deKhosta, a 20 km do localdas competições.

Também minimizou ascríticas à lei anti-Gay, afir-mando que “não há peri-go” para homossexuais que

participarem dos Jogos. Re-bateu acusações de cor-rupção na preparação parao evento, dizendo que nãovia “nenhum grande es-quema” em sochi.

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 2014 esporte | 15

Putin tenta ‘limpar’ aimagem daRússiaOLIMPÍADAS DE INVERNOEm fevereiro, a cidade de Sochirecebe os Jogos

Em visita ao Rio, Bach sobrevoa o caos

Bruno Porpettado Rio de Janeiro (RJ)

“O governo autorizamanifestação, desde que a 20km do local do evento.“não há perigo” para gays________________

após ser recebido emBrasília pela PresidentaDilma Rousseff, o presi-dente do ComitêOlímpico inter-nacional, omasBach, percorreude helicóptero osprincipais locaisde competição dosJogos Olímpicosno Rio.

a programa-ção de Bach in-cluiu um café da manhãcom patrocinadores dosJogos Olímpicos, além daprimeira visita ao estádiodo maracanã após o tér-mino da reforma visandoa Copa do mundo. almo-çou com o governador sér-gio Cabral e o prefeito

Eduardo Paes, foi apresen-tado aos funcionários doComitê Rio 2016 e visitoua lagoa Rodrigo de Freitas,onde acontecerão as com-petições de remo.

Do alto, viu o transtorno

pa ra cerca de 600 mil usuá-rios, provocado pelo des-carrilamento de uma com-posição da supervia. Ementrevista à TV Globo, odirigente alemão afirmou:“O problema de hoje mos-tra que o Rio precisa deuma transformação”. (BP)

O suíço Roger Federerconfirmou a boa fase nestecomeço de ano e se garantiuna semifinal do primeiroGrand slam da temporada,vencendo o britânico andymurray por 3 sets a 1 (6/3,6/4, 6/7 e 6/3).

Federer luta pelo seu 18ºtítulo em Grand slams desimples, além de ser o se-gundo homem em toda ahistória do tênis a ganhar

o torneio australiano porcinco vezes.

Com a vitória, o adversárioé o número 1 do mundo – oespanhol Rafael nadal – quederrotou o búlgaro GrigorDimitrov também por 3 a 1(3/6, 7/6, 7/6 e 6/2), alémde conviver, durante a par-tida, com uma bolha na mãoque o incomodou bastante.

Federer e nadal, dois dosmaiores tenistas da atua-lidade, se enfrentam nestasexta-feira (24) em mel-bourne. (BD)

do Rio de Janeiro (RJ)

do Rio de Janeiro (RJ)

OLIMPÍADAS Thomas Bach, presidente do COI, esteve na cidade

Federer e Nadal se enfrentamna AustráliaTÊNIS Duelo de gigantes na semifinal

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Bach: “Rio precisa de uma transformação”

Putin minimizou críticas à Lei Anti-Gay

BINÓ́CULO

Page 16: Brasil de Fato RJ - 036

Jogando no moacyrzão, em macaé,o Vasco só empatou com o time dacasa e saiu de campo novamente vaia-do. Com este resultado, o time de sãoJanuário soma apenas dois pontos natabela do Carioca.

O Vasco teve dificuldades para acharseu jogo. O time da casa acabou abrin-do o placar aos 18 minutos do primeiro

tempo, em boa jogada de marquinhopela direita, cruzando a bola para aconclusão de João Carlos.

Depois do gol sofrido, o Vasco selançou ao ataque. a insistência deucerto aos 39 minutos. a bola cruzadaachou William Barbio que bateu mal,mas deu sorte. sobrou limpa para Ed-milson que só empurrou.

no segundo tempo, o Vasco teveum jogador a mais por cerca de 20minutos, com a expulsão de Ernani,

mas não soube apro-veitar. Com a expulsãode Pedro Ken, o Vasconão conseguiu imporseu jogo.

O Vasco agora re-cebe o Friburguense,enquanto o macaé vaià Conselheiro Galvão,pegar o madureira.(BP)

da Redação

Sob vaias, Vasco empataa segunda seguidaCARIOCA Cruzmaltino fica apenas no 1 a 1 com o Macaé

Enquanto o Flamengo per-manece negociando o retornode Elias, destaque do timecampeão em 2013, com osporting de lisboa, seus re-servas não conseguem umaboa atuação, mas vencem por1 a 0 o Volta Redonda, no Rau-lino de Oliveira.

a diretoria aumentou a pro-posta pelo volante do clubeportuguês e agora espera poruma resposta positiva. O im-passe, no momento, se dariaapenas pelo número de par-celas para o pagamento do va-lor de R$ 16 milhões – quantiadivulgada pela imprensa por-

tuguesa – por 50% dos direitoseconômicos do jogador.

Em um jogo tecnicamentefraco, as defesas levavam van-tagem sobre os ataques deFlamengo e Volta Redonda,até os 40 minutos do segundotempo, quando Welinton, cri-ticado antes pela torcida, maisuma vez decidiu o resultado,assim como na estreia contrao audax.

no jogo que marcou o re-torno do meia Rodolfo, pro-messa da base rubro-negraque cumpriu suspensão naprimeira rodada, o Flamen-go quase não criou jogadasde perigo.

Diante da maior posse debola rubro-negra, o Voltaço selimitou a sair em contra-ata-

ques, chegando a levar perigoem alguns lances.

a vitória levou o Flamengoà liderança da competição,

com seis pontos, e agora en-frenta o Duque de Caxias do-mingo, no maracanã, possi-velmente com os titulares.

Rio de Janeiro, 23 a 29 de janeiro de 201416 | esporte

CARIOCA Flamengo joga mal, mas vence o Voltaço com outro gol de Welinton

• O URUGUAIO For-lán, até então preten-dido pelo Botafogo,acertou sua ida para oCerezo Osaka, do Ja-pão. O internacionalrescindiu seu contratonesta quarta-feira (22).

• O ARGENTINOBo-latti está regularizadoe já pode estrear noBotafogo, nesta quin-ta-feira (23), contra omadureira.

• O ATACANTERafaelmarques já viajou paraa China, a fim de reali-zar exames médicosem seu novo clube, oHenan Jianye. Ele sóretorna ao Brasil paratratar de questões rela-tivas à mudança.

• FELIPE XIMENESfoi demitido do cargode diretor-executivode futebol do Flumi-nense. O vice de fute-bol Ricardo Tenórioacumula as funções apartir de agora. Correà boca pequena que oex-diretor não eramuito querido porCelso Barros, presi-dente da patrocinado-ra do clube.

• O ATACANTE Fredestá confirmado parao jogo de quinta-feira(23) contra o Bonsu-cesso, no maracanã. OFluminense deve pre-parar uma homena-gem a Conca, em seuretorno ao estádio.

• O MINISTÉRIO Pú-blico de são Paulo,apesar de ainda des-conhecer os motivos,acredita que Portu-guesa e Flamengo sa-biam que não pode-riam contar com Hé-verton e andré santos,respectivamente, naúltima rodada do Bra-sileirão 2013.

TOQUES CURTOS

Bruno Porpettado Rio de Janeiro (RJ)

À espera de Elias, Flamengovence novamente

Elias foi o destaque do time campeão em 2013

Alexandre Vidal/ Fla Imagem

Copa do Brasil tem datas e horários marcados

a CBF confirmou, nesta quarta-feira(22), as datas e horários dos jogos daCopa do Brasil. a competição leva o cam-peão à disputa da libertadores em 2015.

O Fluminense pega o Horizonte (CE)no dia 20 de março, às 21:50h, no Cas-telão. se não vencer por dois gols de di-ferença, terá que enfrentar novamenteo time cearense em 10 de abril, tambémàs 21:50h, no maracanã.

O Vasco encara um confronto estadualcontra o Resende, no dia 03 de abril às21:50h, no estádio Raulino de Oliveira,em Volta Redonda. Caso tenha que en-carar o jogo de volta, será no dia 17 deabril, às 21:50h em são Januário.

Flamengo e Botafogo estreiam nasoitavas-de-final, por conta da partici-pação de ambos na libertadores. (BP)

TABELA Competição terá mesmoregulamento de 2013

da Redação

Macaé | Moacyrzão | 22/01 | 19h30

FICHA TÉCNICA

Macaé Vasco

1 X 1