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Brasília - Capital da Esperança

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História bem contada de Brasília a Capital da Esperança

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Prefácio O texto “Brasília Capital da Esperança” mostra a trajetória do Ex. Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira desde os tempos em que era estudante de medicina na cidade de Belo Horizonte até a sua morte. Juscelino foi o mais importante dos Presidentes brasileiros. Sua principal obra realizada, a Construção de Brasília e a bem sucedida transferência da Capital Federal para lá, projetou-o no cenário mundial. Órfão de pai desde os três anos de idade, foi criado e educado por sua mãe a professora Da. Júlia Kubitschek, na cidade de Diamantina, Estado de Minas Gerais. Tenente-Coronel Médico da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais iniciou sua carreira política como Chefe da Casa Civil do Governador Benedito Valadares, depois como Deputado Federal, Prefeito de Belo Horizonte, Governador do Estado de Minas Gerais, onde realizou grandes obras, Presidente da República do Brasil, onde se notabilizou pela construção de Brasília, e, finalmente, Senador pelo Estado de Goiás. Quis o destino que JK iniciasse a sua campanha para Presidente da República na cidade de Jataí, no Estado de Goiás. Lá ele foi desafiado a mudar a Capital Federal para o Planalto Central Goiano, ao ser perquirido pelo jovem Antonio Soares Neto, o Toniquinho, “se pretendia cumprir a Constituição Federal”. Eleito Senador pelo Estado de Goiás, teve o seu mandato cassado pelo Governo Revolucionário, que também suspendeu os seus direitos políticos por um período de dez anos. Pretendia reeleger-se Presidente da República em 1965, criando o “slogan”: “JK 1965: A Vez da Agricultura”. Exilou-se voluntariamente em Nova York e depois em Paris, por

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um longo período. Morreu de desastre de automóvel na Rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade de Rezende, Estado do Rio de Janeiro e até hoje não se sabe se foi acidente ou atentado. Seu corpo foi levado para Brasília, onde foi sepultado temporariamente no Cemitério Campo da Esperança. Com a construção do Memorial JK em Brasília, seus restos mortais foram trasladados para lá, onde se encontram descansando numa câmara mortuária lacrada, exposta à visitação pública. Por tudo isto, JK foi merecidamente chamado de:

a) O “Prefeito Furacão”, de Belo Horizonte;b) O Governador “Tocador de Obras”, do Estado de Minas

Gerais;c) O “Construtor de Brasília”, e, finalmente,d) “O Brasileiro do Século”.

Leiser Lima de SouzaAutor

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Quem vê Brasília atualmente não tem a menor idéia do que foi a idealização e a construção dessa linda Capital, na segunda metade da década de 1950. O local era ermo. As cidades mais próximas do ponto demarcado eram: Corumbá, Cristalina, Formosa, Luziânia e Planaltina, no Estado de Goiás, bem como, Paracatu e Unaí, no vizinho Estado de Minas Gerais. Todas de pequeno porte e de difícil acesso. Os campos e cerrados do Planalto Central estavam ali em seu estado primitivo, desafiando qualquer aventureiro que quisesse conquistá-lo. As distâncias dos grandes centros eram desanimadoras, conforme se vê a seguir:

Belo Horizonte: 735 quilômetros;Goiânia: 206 quilômetros;Rio de Janeiro: 1.162 quilômetrosSão Paulo: 1.009 quilômetros.

A maior parte dessas estradas era de terra e sem a infraestrutura necessária. Os rios e córregos eram atravessados em pontes de madeira improvisadas ou em balsas. Nas estações chuvosas, uma viagem que podia ser feita em algumas horas, durava dias e até semanas. Era comum encontrarmos caminhões atolados no meio do percurso, aguardando socorros que nunca vinham. Rodovias asfaltadas e pontes de concreto armado só existiam nas regiões litorâneas ou ligando as maiores cidades aos grandes centros. As dificuldades eram tantas, que a população brasileira concentrou-se nas faixas litorâneas, por mais de trezentos anos. Poucos se aventuraram a penetrar o interior do País, com a finalidade de explorar uma atividade econômica com fins lucrativos.

Vê-se, pois, que a conquista do oeste brasileiro era o maior desafio daquela época. Vários governantes passaram pela Presidência

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da República, mas nenhum deles teve a coragem de enfrentar o problema de frente. A idéia da mudança da Capital Federal para o Planalto Central era antiga. A própria Constituição Federal de 1891 tinha um dispositivo que tratava do assunto. Também contemplaram a matéria, as Constituições de 1934 e 1946.

A Missão CrulsEm 1892/93, a Missão Cruls chefiada pelo Engenheiro–

Pesquisador Dr. Luiz Cruls, esteve no Brasil Central e demarcou o local da futura Capital. Daí por diante, um quadrilátero passou a ser colocado nos mapas do Estado de Goiás e nos livros didáticos com os seguintes dizeres:

“Futuro Distrito Federal”Decorridos 58 anos daquela visita e mais de 200 anos do

surgimento da idéia mudancista, a situação permanecia a mesma. Nenhum Presidente da República ousou transferir a Capital Federal para o interior do País, porque seria um trabalho imenso. Uma obra faraônica.

A Disputa do Poder Político no BrasilA partir da Proclamação da República, o Poder Político no Brasil

passou a ser disputado por grupos muito fortes, que chegavam a pegar em armas para conseguirem o seu intento.

Não bastasse isso, pressões externas também eram comuns naquele tempo, na tentativa de proteger os investimentos feitos no Brasil.

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A Política Café com LeitePor muitos anos, a “política café com leite” foi mantida no Brasil.

O café representava o Estado de São Paulo e o leite o Estado de Minas Gerais. Ambos revezavam os Mandatos Presidenciais entre si. Assim, quando um Mandato Presidencial era exercido por São Paulo, cabia a Minas Gerais exercer o Mandato seguinte. E vice versa. Dificilmente outros Estados conseguiam eleger um Presidente da República de sua região.

A política do café-com-leite foi um acordo firmado entre as oligarquias estaduais e o governo federal durante a  República Velha para que os Presidentes da República fossem escolhidos entre os políticos de São Paulo e Minas Gerais.

Embora, no geral, o acordo entre São Paulo e Minas Gerais visasse à ocupação da Presidência da República pelos dois estados, houve momentos de grande tensão na aliança paulista e mineira, levando à escolha de candidatos de outras regiões do país. Este foi o caso, por exemplo, do gaúcho Hermes da Fonseca e do paraibano Epitácio Pessoa.

Os Movimentos Golpistas Todos os Presidentes da República eleitos nesse período tiveram dificuldades em governar o País. Grupos poderosos infiltrados na política de São Paulo e do Rio de Janeiro uniram-se com a finalidade de desestabilizar o Governo Federal e assumir o poder. As Revoluções de 1924 e 1930 aconteceram devido a essa resistência. A própria Coluna Prestes que percorreu o País de norte a sul e de leste a oeste, visava tirar o poder das mãos desses governantes.

Getúlio Vargas foi um dos beneficiários desses movimentos. Assumiu a Presidência da República quando comandava movimentos

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vitoriosos no Estado do Rio Grande do Sul. Natural de São Borja, RS, pôs fim à República Velha, depondo o Presidente Washington Luís e impedindo a posse do Presidente eleito em 1º de março de 1930, Júlio Prestes.

Foi Presidente do Brasil em dois períodos. O primeiro durou 15

anos (03/11/30 a 29/10/45). Depois. foi eleito por voto direto (31/01/51 a 24/08/54).

Suicidou-se com um “tiro no peito” quando lhe exigiram a renúncia. Alegou numa Carta-Testamento encontrada em seu Gabinete Presidencial, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, que assim agira impelido por forças estranhas que o ameaçavam. Morreu no dia 24 de agosto de 1954 e até hoje não se sabe se foi homicídio ou suicídio.

Eis o inteiro teor da “Carta-Testamento” deixada pelo Ex-Presidente Getúlio Vargas, um documento histórico publicado exaustivamente nos jornais e revistas da época.

A Carta-Testamento de Getúlio Vargas “Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim”.

Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao Governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos

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internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário-mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.

Assumi o Governo dentro da aspiral inflacionária que destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Na declaração de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater a vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta.

Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate.

Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do

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povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. “Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”. (SIC).

Getúlio Vargas

O País Parou com a Morte de Getúlio VargasA inesperada morte de Getúlio Vargas causou um rebuliço

tremendo em todo o País. O comércio, os bancos, as escolas e as repartições públicas fecharam por um longo tempo, até que a situação acalmasse. Boletins noticiosos, seguidos de músicas militares (marchas) nos intervalos, eram transmitidos a todo instante nas rádios de todo o País, dando conta dos últimos acontecimentos. O Brasil parou. O perigo iminente de um “Golpe de Estado”, seguido de uma forte ditadura militar, pairava por todos os lugares.

A Posse de João Café FilhoJoão Fernandes Campos Café Filho, natural de Natal, Rio Grande

do Norte, que era ligado aos grupos golpistas, assumiu interinamente o cargo de Presidente da República, entre 24 de agosto de 1954 e 08 de novembro de 1955.

O Estado de SítioO primeiro ato de seu governo foi decretar “Estado de Sítio” por

tempo indeterminado, em todo o País, assim permanecendo até a posse de Juscelino, ocorrida no dia 31 de janeiro de 1956. João Café Filho não conseguiu completar o Mandato Presidencial de Getúlio, porque foi deposto.

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A Posse de Carlos LuzEm seu lugar assumiu o Sr. Carlos Coimbra da Luz, natural de Três

Corações, Estado de Minas Gerais (de 08 a 11 de novembro de 1955), ocupando a cadeira presidencial por apenas três dias.

As novas eleições aproximavam-se. Alguns candidatos ao cargo já se movimentavam para lançar-se em campanha. A situação política do País era preocupante. As mesmas forças golpistas do Rio de Janeiro e de São Paulo afirmavam que somente assumiriam o poder candidatos por eles indicados.

Juscelino, um Candidato Ideal.Juscelino era o homem certo para a função de Presidente

da República. Realizou uma excelente administração como Prefeito em Belo Horizonte, onde recebeu popularmente o título de “Prefeito Furacão”.

Belo Horizonte que era tida e conhecida como a Capital mais moderna do País, carecia de infraestrutura e esta foi feita durante o seu mandato de Prefeito. Daí a Governador do Estado de Minas Gerais foi um pulo para Juscelino. Novos investimentos foram feitos na Capital e em todo o Estado de Minas Gerais.

Oscar Niemeyer, o Arquiteto da Modernidade.Projetos feitos pelo arquiteto Oscar Niemeyer foram implantados

em toda a cidade, sobressaindo o Complexo da Pampulha, pela graciosidade, beleza e modernidade de seus traçados. A repercução da construção da Igreja São Francisco de Assis da Pampulha, em Belo

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Horizonte, Minas Gerais, foi tamanha que chocou a conservadora sociedade da Capital Mineira e a própria Igreja Católica.

JK, o Político Número Um do Brasil.Bem, voltando ao homem Juscelino, é preciso dizer que os seus

feitos e o seu estilo de governar, transformaram-no no político número um no cenário nacional. Sua força era tão grande que nenhum outro político de seu partido quis concorrer com ele.

JK, o Tocador de Obras.JK notabilizou-se pela quantidade de obras que realizou. Era um

verdadeiro “tocador de obras”. O Brasil inteiro tinha os olhos voltados para a sua administração. Era o candidato ideal para o cargo de Presidente da República. Ninguém podia questionar.

As Forças ContráriasMas a sua pretensão não agradava a ala golpista sediada no

Rio de Janeiro e em São Paulo. As forças contrárias, juntamente com os militares tinham outros planos políticos para o Brasil e, certamente iriam reagir, como de fato reagiu.

A Primeira ReaçãoLogo que surgiram os primeiros rumores da candidatura de

Juscelino ao cargo de Presidente da República, ainda no Governo de Minas Gerais, este foi chamado ao Rio, pelo Presidente da República em exercício, Dr. João Café Filho. Lá fora advertido para desistir da pretensão de ser Candidato a Presidente, porque se fosse eleito não

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tomaria posse. As mesmas forças ocultas mencionadas por Getúlio, não permitiriam a sua posse. E, como Café Filho fazia parte dessas mesmas forças, finalizou dizendo que: “Não valeria a pena tamanha aventura”.

O Bilhete do Senador Dr. Dario CardosoDesolado, mas ainda com um fio de esperança, Juscelino voltou

a Belo Horizonte e, por sorte, lá encontrou, por escrito, um recado do Senador goiano Dr. Dario Cardoso, também do seu partido.

No bilhete, esse Senador aconselhava-o a:

“Não começar a sua campanha pelos grandes centros, porque era lá que se encontravam a maior parte das forças adversárias”. (SIC).

Na oportunidade, sugeriu que JK iniciasse a sua campanha pelo interior do País, se possível, pela cidade de Jataí, no Estado de Goiás, que, medindo as proporções, lá se encontrava o maior reduto de seu partido no País. Imediatamente JK entrou em contato com o citado Senador sobre o assunto. Este, por sua vez, explicou-lhe que Jataí tinha como líder o Dr. Serafim de Carvalho, uma das maiores forças políticas de Goiás. A notícia não podia ser melhor. Ambos estudaram medicina em Belo Horizonte e eram grandes amigos. Tinha a absoluta certeza de que podia contar com o seu apoio, naquele momento difícil.

O Telegrama e a DesincompatibilizaçãoAto contínuo telegrafou ao amigo informando-lhe que, na data

prevista pela Legislação Eleitoral da época, passaria a Chefia de seu Governo ao seu sucessor para desincompatibilizar-se e começaria a sua campanha em Jataí. Até 1957, Jataí não tinha telefone. Por isso, toda

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comunicação anterior àquela data era feita por carta ou por telegrama, tal como aconteceu no presente caso. O telegrama de Juscelino foi entregue ao Dr. Serafim de Carvalho, dentro de uma Igreja em Jataí, numa missa de domingo. Terminada a missa, o Dr. Serafim, ainda na porta da Igreja, mostrou o telegrama recebido a um grupo de amigos e incumbiu o Sr. Antonio Soares Neto (Toniquinho), para levar a correspondência ao Prefeito Municipal da cidade Dr. Luziano Ferreira de Carvalho. Este, após lê-lo, pediu ao emissário para ir com ele até a casa do Dr. Serafim, explicando-lhe que o tempo era curto para preparar uma recepção ao Candidato. Tudo isto ocorreu no dia 27 de março de 1955. A chegada de JK estava prevista para o dia 04 de abril de 1955, às 10h30min. Portanto, dispunham de apenas oito dias para organizar o evento.

A Chegada de Juscelino a JataíNo dia aprazado, exatamente às dez horas e trinta minutos da

manhã, o avião - o famoso Douglas DC-3 comprado pelo partido para a campanha JK - sobrevoou a cidade e desceu no Aeroporto sob ovação total da população local. Jataí tinha cerca de 20.000 habitantes naquela época. A maioria absoluta apoiava os candidatos do seu partido.

Logo em seguida, foi organizado um grande cortejo que percorreu as principais Ruas e Avenidas da cidade, com o carro do candidato na frente (uma Buick Conversível aberta), JK de pé, ao lado do Dr. Serafim de Carvalho. Muito simpático, de chapéu numa das mãos, acenando com a outra, JK chamava a atenção de todos até chegar à Praça Tenente Diomar Menezes, que se encontrava completamente lotada.

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O nome dessa praça foi dado em homenagem a um herói da Força Aérea Brasileira (FAB), nascido em Jataí, que lutou na 2ª Guerra Mundial.

A Mudança do Local do ComícioMais uma vez o destino quis mudar os acontecimentos. Uma

forte ventania seguida de chuva e poeira dispersou a concentração que o estava aguardando. Além da pressão vinda do Rio de Janeiro, naquela hora ela vinha também do espaço, em forma de vendaval e tempestade. Os desígnios de Deus modificaram a programação do encontro. A situação era desesperadora. O povo para não se molhar por completo, começou a sair do local em disparada à procura de um abrigo. Concomitante a tudo isto foi anunciada a transferência do comício para um barracão da Concessionária “Studebaker”, situado na Rua José Carvalho Bastos, entre a Avenida Goiás e a Rua José Manoel Vilela. Naquela época, esse barracão pertencia ao Sr. Epaminondas Honório de Campos, ex. Prefeito da cidade e amigo do Dr. Serafim. Hoje, esse local pertence ao Sr. Lindomar J. Zaiden, irmão do cunhado do autor, o já falecido Sr. Nicolau Zaiden. O povo, numa correria desenfreada para não se molhar, acompanhou o candidato até a citada oficina procurando espaço para se acomodar.

O Comício de Jataí Os últimos acontecimentos ocorridos obrigaram os

organizadores do encontro a modificar o programa, permitindo que apenas dois oradores discursassem num palanque improvisado em cima da carroceria de um caminhão que estava lá para conserto (foto abaixo).

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O Comício de Jataí (GO). Foto exposta no Memorial JK, em Brasília

Primeiro, falou o Dr. José Feliciano Ferreira, que era o Deputado Estadual da cidade e exercia a função de Secretário da Educação do Estado de Goiás. O orador fez a apresentação do candidato, enaltecendo os seus feitos como Prefeito de Belo Horizonte e como Governador do Estado de Minas Gerais.

O Discurso de JKEm seguida, falou o próprio Juscelino deixando claro que, se eleito

fosse, queria fazer um governo de coalizão, voltado para os interesses do povo e com absoluto respeito à Constituição Brasileira. Depois descreveu o seu “Plano de Metas”, com ênfase para a industrialização do País, construção de usinas hidrelétricas, de estradas de rodagem, de escolas e instalação de montadoras de automóveis, ainda inexistentes no País.

Antes de terminar o seu discurso, JK inaugurou um sistema de conversação com o povo, como sempre costumava fazer em seus comícios. Queria conhecer a opinião de cada um sobre política,

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administração pública e outras coisas. Na verdade, ele queria sentir a reação popular quanto aos seus feitos como Prefeito de Belo Horizonte e como Governador do Estado de Minas Gerais, objetos de admiração em todo o País. Mas o povo permaneceu calado.

Para quebrar o impasse criado, o Dr. José Feliciano Ferreira que se encontrava ao seu lado, pediu novamente a palavra e falou sobre a economia do Estado de Goiás, naquela época. Disse que a maioria dos pecuaristas do Estado encontrava-se em dificuldade devido a um surto de febre aftosa em toda a região, que estava dizimando os rebanhos bovinos. Por fim, concluiu pedindo ao Candidato presente que, se fosse eleito, envidasse esforços em favor daquela sofrida classe. Juscelino, como bom interlocutor que era, pediu alguém ao seu lado para anotar o pedido. Prosseguindo, Juscelino postou-se um pouco mais à frente no palanque improvisado e voltou a perguntar ao povo de Jataí, o que mais tinham a sugerir ao candidato.

O DesafioFoi justamente nesse instante que o Sr. Antonio Soares Neto

(Toniquinho), um jovem de 29 anos de idade, levantou o dedo e com o coração saindo pela boca, pediu a palavra e fez a seguinte pergunta:

“Senhor Candidato, já que o Senhor falou tanto na Constituição, se eleito for mudará a Capital para o Planalto Central Goiano? Essa mudança está prevista na Constituição”. (SIC).

“Toniquinho” referiu ao artigo 4º, do “Ato das disposições constitucionais transitórias da Constituição de 1946”, que dizia:

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Art. 4º - A Capital da União será transferida para o Planalto Central do País. § 1 º - Promulgado este Ato, o Presidente da República, dentro de sessenta dias, nomeará uma Comissão de técnicos de reconhecido valor para proceder ao estudo da localização da nova Capital. § 2 º - O estudo previsto no parágrafo antecedente será encaminhado ao Congresso Nacional, que deliberará a respeito, em lei especial, e estabelecerá o prazo para o início da delimitação da área a ser incorporada ao domínio da União. § 3 º - Findos os trabalhos demarcatórios, o Congresso Nacional resolverá sobre a data da mudança da Capital. § 4 º - Efetuada a transferência, o atual Distrito Federal passará a constituir o Estado da Guanabara. (SIC).

— Constituição

Federal de 1946

A Resposta “Como Candidato à Presidência não posso ignorar referido dispositivo constitucional. Sua pergunta, apesar de embaraçosa, é muito oportuna e feliz. Por isso, a partir desse momento faço dessa pergunta o objetivo principal de minha Campanha e de sua administração se eleito for”. (SIC).

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A Reação PopularEra justamente isto que o povo queria ouvir. O silêncio de antes

explodiu numa manifestação de alegria, em total delírio, contagiando todo mundo, inclusive o candidato que se emocionou muito com a inesperada reação. E para Juscelino isto seria um bom começo, porque ele precisava de respaldo popular para levar em frente a sua Campanha Política.

A Certidão de Nascimento de BrasíliaNota-se, portanto, que Brasília nasceu exatamente naquele

momento. Com aquela afirmação, Juscelino selou a Certidão de Nascimento da Nova Capital. Brasília nasceu com ano, mês, dia e hora marcados. Dificilmente uma cidade nasce assim.

A regra é sempre a mesma: “A mais bela construção não se teria efetuado senão a partir do primeiro tijolo...”. E ali, naquele exato momento, foi assentado o primeiro tijolo da construção da Nova Capital. Foi na simplicidade daquela oficina mecânica, em pleno sertão brasileiro, na pacata cidade de Jataí, utilizando a carroceria de um caminhão que estava sendo consertado, como palanque improvisado, que nasceu a grande idéia de incluir no Plano de Metas de Juscelino, a mudança da Capital Federal para o Planalto Central de Goiás. A ideia mudancista era antiga, mas ninguém teve peito de enfrentá-la, fazendo com que tudo não passasse de uma simples teoria. O lado prático da questão começou ali, naquele exato momento, cheio de audácia, coragem e confiança. Todos sabem que a audácia é fruto dos homens de visão. Antônio Soares Neto, o Toniquinho, foi um visionário, um sonhador. JK percebeu isto. Aproveitou a idéia e fez dela uma meta a mais em seu plano de governo, transformando-a na maior de todas. Aquela

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que mudou o Brasil para melhor. Ambos os interlocutores tiveram um impulso de patriotismo, iluminado por uma manifestação Divina que, num relâmpago, acionou o gatilho que desencadeou a construção de Brasília. Os impulsos para tornar o Brasil mais forte e competitivo começaram exatamente naquele momento. E, quer queiram, quer não queiram, os resultados estão aí para quem quiser ver. Não consigo imaginar como seria o Brasil sem Brasília. Só não vê isso quem não é patriota. Não fosse o questionamento de Antonio Soares Neto (Toniquinho), sobre a “mudança da Capital Federal para o interior do Brasil”, este não teria atingido o desenvolvimento atual em todos os níveis. O Brasil deve muito a Juscelino e a Antônio Soares Neto, o Toniquinho. São dois benfeitores da nação brasileira. Um, pela coragem, audácia e empreendedorismo. Outro, pela brilhante ideia e oportuno questionamento. É preciso ficar claro, que o Brasil não é só a faixa litorânea como alguns brasileiros acreditam ser. Tem uma visão míope quem pensa assim. A maioria das riquezas naturais está no interior do País, no coração da nossa Pátria. Foi o interior que transformou o Brasil num dos maiores celeiros do mundo. Nossa agricultura e a nossa pecuária não perdem para nenhum País estrangeiro. Não é aleatório que estamos atravessando a crise financeira mundial sem maiores conseqüências. O Comício de Jataí foi um divisor de águas. Antes, vivíamos num subdesenvolvimento absoluto. Ninguém pode negar. Depois, começamos a crescer a passos largos, mesmo prejudicados pelas forças estranhas e pelos maus políticos que só pensavam em si mesmos. Aqueles que só enxergavam apenas dois palmos à frente de seu nariz. De maus brasileiros. Mas o Brasil é muito maior do que tudo isto. Penso até que ele caminharia sozinho, devido à grandeza de seus recursos naturais. 21

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Os Primeiros PassosAinda em Jataí, o candidato altera o seu plano de metas,

determinando aos técnicos que iniciassem, imediatamente, os estudos para a transferência da capital. Brasília hoje está no mesmo patamar de Jerusalém (Israel), Veneza e Roma (Itália), Évora (Portugal), Cidade de Goiás (Brasil) e de monumentos notáveis como as Pirâmides do Egito e as Muralhas da China. Todas foram transformadas em “Patrimônio Cultural da Humanidade”.

Três fatos que contribuíram para a construção de Brasília:

a) Um sonho, uma premonição: Dom Bosco;

b) Um questionamento iluminado e sábio: Antonio Soares Neto (Toniquinho). Ele estava no lugar certo e na hora certa. Deus o colocou ali para mudar os destinos do Brasil. E galhardamente ele o fez. Cumpriu o seu dever de cidadão brasileiro. E, por último,

c) Uma decisão: Foi em Jataí, no Estado de Goiás, que Juscelino decidiu construir Brasília.

O Local do ComícioNo local do comício em Jataí, existe atualmente uma placa na

parede interna do barracão com os seguintes dizeres:

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“Aqui nasceu Brasília. Em 04 de abril de 1955, neste local Juscelino Kubitschek de Oliveira fez o seu primeiro comício para a Presidência da República. E respondendo a uma pergunta do jataiense Antônio Soares Neto (Toniquinho), JK se comprometeu a construir Brasília”. (SIC).

Eis aí o testemunho de um dos acontecimentos mais importantes de nossa história. Sobre o Comício de Jataí, no Estado de Goiás, o candidato JK escreveu a seguinte mensagem: “Quero confessar que até aquele instante não havia fixado, com a devida atenção, o problema da mudança. Mas tive de responder de pronto à pergunta. Sendo assim, daria eu os primeiros passos para a construção da futura Capital do Brasil”. (SIC).

No Encerramento do Comício No encerramento do Comício de Jataí, Juscelino, muito alegre e cordial, agradeceu muito ao povo local, por proporcionar aquele encontro histórico da Política Nacional. Ainda no palanque, despediu-se dizendo que, logo após o almoço para o qual estava sendo convidado, voaria para Anápolis, naquele Estado e de lá partiria para Manaus, onde assistiria a inauguração oficial de um “poço de petróleo”, em Nova Olinda, naquele Estado do Norte. Esclareceu ainda que, naquele evento pretendia falar ao povo do Amazonas sobre o compromisso que acabara de assumir. O de mudar a Capital Federal para o Planalto Central Goiano, ainda em seu governo.

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O Almoço No Jóquei Clube local, onde estava sendo servido o almoço (foto abaixo), Juscelino mandou chamar o Sr. Antônio Soares Neto (Toniquinho), alegando que queria conhecê-lo. Feitas as devidas apresentações, ambos conversaram por um bom tempo, onde falaram sobre a vida em Jataí e sobre a Constituição Brasileira. Perquirido a respeito de sua pergunta, Toniquinho esclareceu ao candidato que estudou a Constituição do Brasil para prestar um concurso para Escrivão de Cartório em Goiânia, em 1.952.

Foto do almoço no Jóquei Clube de Jataí, Goiás.

Na Despedida a Confirmação Já no aeroporto da cidade, ao despedir-se do Dr. Serafim de Carvalho, JK voltou a dizer ao amigo e que o compromisso por ele assumido haveria de ser cumprido, sob a proteção de Deus.

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O Plano de Metas O Plano de Governo proposto por Juscelino Kubitschek, caso fosse eleito Presidente da República, era arrojado para aquela época. Conforme já foi dito acima, compunha-se de 30 (trinta) metas, com ênfase para a industrialização do País, principalmente construção de usinas hidrelétricas, implantação de indústrias de grande porte, construção de estradas de rodagem, de escolas e instalação de montadoras de veículos automotores no País.

A Meta SínteseO Comício de Jataí, no Estado de Goiás e o inesperado desafio

de construir a Nova Capital do Brasil, no Planalto Central, levaram Juscelino a repensar o seu Plano de Metas e acrescentar mais uma. A trigésima primeira ou “meta-síntese”. A mais ousada de todas. Aquela que a maioria dos brasileiros não acreditava que podia acontecer. A Construção de Brasília. Tudo isto está registrado nos anais do Arquivo Público do Distrito Federal e nos livros escritos por JK. É só pesquisar.

Daí por diante, a campanha de Juscelino à Presidência da República transcorreu dentro dos padrões de normalidade. As chamadas forças estranhas e os incansáveis políticos golpistas arrefeceram os seus ânimos, dando uma folga para que Juscelino concluísse a sua campanha em paz. Toda vez que Juscelino mencionou em seus comícios a sua pretensão de mudar a Capital para o Planalto Central Goiano, foi ovacionado de pé.

“Estava absolutamente claro que a mudança da Capital Federal

para o Planalto Central era o interesse maior da nação brasileira”.

A idéia fortaleceu a sua candidatura, tornando-a irreversível.25

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As Eleições PresidenciaisRealizadas as eleições no dia 03 de outubro de 1955, Juscelino

foi eleito Presidente da República com cerca de 400.000 votos a mais do que o candidato Juarez Távora, e, 800.000 votos a mais que o terceiro colocado Ademar de Barros. Só que ele não teve maioria absoluta. E isto lhe causaria um grave problema, pois, as alas descontentes, as mesmas já descritas anteriormente, iriam valer-se disto e fazer de tudo para impedir a sua posse. Por esta razão, o seu mandato presidencial, garantido pelas eleições gerais, ainda permanecia uma incógnita.

A Tentativa de ImpugnaçãoComo era de se esperar, as forças contrárias mencionadas

anteriormente tentaram impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve vitória por maioria absoluta de votos.

Consequentemente, a sua posse juntamente com o vice João Belquior Marques Goulart o (Jango), só foi garantida com um contragolpe militar liderado pelo General Henrique Batista Dufles Teixeira Lott (O General Lott), que em 11 de novembro de 1955, depôs o então Presidente Interino Carlos Luz, sucessor de João Café Filho e entregou o poder ao então Presidente do Senado, Sr. Nereu Ramos, que era do mesmo partido de Juscelino.

Suspeitava-se na ocasião, que o Ex. Presidente Carlos Luz não daria posse a Juscelino. Com Nereu Ramos no poder tudo ficou mais fácil. O mandato presidencial de Getúlio Vargas foi concluído, ficando assim assegurada a posse de JK.

O contragolpe feito pelo General Lott enfraqueceu os

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movimentos golpistas que aspiravam assumir o poder a qualquer custo, assegurando, desse modo, a normalidade democrática do País, durante todo o governo JK.

A Primeira Visita ao Planalto CentralSomente um estadista poderia ter dentro de si a imagem que

lhe foi transmitida ao olhar a vastidão silenciosa do cerrado goiano, sintetizada em uma das mais representativas, belas e fortemente expressivas frases da história de Brasília, pronunciada por Juscelino Kubitscheck:

“Deste planalto central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino. Brasília, 02 de outubro de 1956”. (SIC). A frase acima foi dita no dia 02 de outubro de 1956, quando Juscelino pisou pela primeira vez no solo do Planalto Central, com o objetivo de construir a Nova Capital. Constou no “Livro de Ouro” da futura capital e está transcrita no mármore do Museu da Cidade, na Praça dos Três Poderes e gravada na memória da maioria dos brasileiros com mais de 65 anos de idade.

O Pontapé InicialCom a linda mensagem acima JK deu o pontapé inicial para a

construção da Nova Capital Federal. Em seguida, criou a Comissão Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (NOVACAP). Convidou grandes tocadores de obras para administrar a maior de todas. Convidou o

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arquiteto Oscar Niemeyer e o urbanista e arquiteto Lúcio Costa para idealizar como seria a cidade. Escolheu o nome da nova Capital. Submeteu o Plano de Obras ao Congresso Nacional que, mesmo desacreditando no empreendimento pretendido, aprovou-o sem ressalvas, dando assim o sinal verde para que Juscelino construísse a maior obra do século feita no Brasil.

Consta que a maioria dos Parlamentares votou favorável à realização do empreendimento somente para assistirem a queda de Juscelino. Para eles sua pretensão era impossível, uma simples utopia.

A ConstruçãoObras com ritmos alucinantes começaram a ser executadas nos

principais pontos do chamado Plano Piloto. Primeiro dois riscos em forma de uma cruz ou de um avião ou de um pássaro foram traçados naquela imensidão isolada do cerrado goiano.

A partir daquele lugar, lançaram-se as primeiras bases para a construção da Esplanada dos Ministérios.

Do nada iam surgindo edificações as mais variadas. Estruturas de palácios nunca dantes imaginadas emergiam no meio daquela imensidão isolada como se fosse uma miragem. A Catedral de Brasília, o Teatro Nacional de Brasília em forma de pirâmide e o Palácio da Alvorada com os seus arcos moderníssimos contrastavam com o vazio do cerrado.

Os Dois EixosOs dois riscos em forma de um avião ou de uma cruz ou de um

pássaro acima referidos, resultaram no Eixo Monumental que parte

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da Estação Rodoferroviária e vai até a Praça dos Três Poderes e no Eixo Rodoviário Sul e Norte, popularmente chamado de Eixão, numa extensão de 14 quilômetros aproximadamente. Ambos se tornaram símbolos da nova Capital, bem como foram considerados por muito tempo, no “guinness book”, como as duas Avenidas mais largas do mundo.

O Sonho de Dom Bosco “Entre os paralelos de 15º e 20º, havia uma depressão bastante larga e comprida, partindo de um ponto onde se formava um lago. Então, repetidamente uma voz assim falou ... - Quando vierem escavar as minas ocultas, no meio dessas montanhas, surgirá aqui a terra prometida, vertendo leite e mel. Será uma riqueza inconcebível - ”. (SIC). Interpreta-se que este local era Brasília. Dom Bosco, santo italiano, nasceu em 1815 e foi o fundador da Ordem dos Salesianos. Desse sonho nasceu Brasília, rodeada pelo Lago Paranoá, abrangendo uma área superficial de 37,5 km2, totalizando cerca de 498 milhões de metros cúbicos, com uma profundidade média de 12,4 metros e máxima de 40 metros, esta na região da Barragem do Paranoá. O perímetro do Lago Paranoá atinge cerca de 111,8 quilômetros, com 40 quilômetros de comprimento e 5 de largura. O espelho d’água por ele formado reflete a beleza do céu da Nova Capital com algumas nuvens brancas mais parecendo blocos de algodão, dando a impressão de que a terra e o céu encontravam-se justamente naquele lugar. O céu de Brasília é lindo. Quem o vê jamais o esquece. Todos os cartões postais da cidade mostram isto. Muitos argumentam que Dom Bosco não teve um sonho e sim uma premonição. Pressentiu com antecedência o que estava prestes a acontecer.

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A Escolha dos Administradores ‘Obras grandiosas exigem administradores audaciosos. Para o desempenho da missão, Juscelino convidou, além de outros, Israel Pinheiro e Bernardo Sayão, verdadeiros tocadores de obras, ícones da construção civil, ambos seus conhecidos e homens de sua inteira confiança. Israel Pinheiro foi o homem que dirigiu a construção de Brasília. Bernardo Sayão começou atuando em Brasília, mas logo a seguir foi incumbido de construir a Rodovia Belém/Brasília, num total aproximado de 2.277 quilômetros, ligando essas duas Capitais.

O Primeiro Pouso de Avião em Brasília No dia 23 de fevereiro de 1956, ocorreu o primeiro pouso na pista de 2.400 metros do Aeroporto, do Douglas C-47, da FAB, procedente do Rio de Janeiro. A bordo, Israel Pinheiro e Parlamentares.

A Criação da NOVACAP No dia 18 de abril de 1956, JK envia ao Congresso Mensagem de Anápolis, propondo criar a Cia. Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (NOVACAP), essencial para a construção de Brasília. À NOVACAP ela cabia:

a) o controle das terras;

b) o planejamento e execução das obras;

c) os contratos e as concorrências;

d) a aquisição de materiais para a construção, que no início eram transportados por aviões de carga. (SIC).

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A TERRACAP assumiu as funções da NOVACAP Com o passar dos anos, a Companhia Imobiliária de Brasília – TERRACAP assumiu as funções da NOVACAP.

“A Companhia Imobiliária de Brasília - TERRACAP é originária do desmembramento da NOVACAP, realizado pela Lei nº 5.861, de 12 de dezembro de 1972.

Por meio desse regulamento, a empresa assumiu como suas as competências da NOVACAP de “exercício dos direitos e as obrigações na execução das atividades imobiliárias de interesse do Distrito Federal, objeto de utilização, aquisição, administração, disposição, incorporação, oneração ou alienação de bens, assim como realizar obras e serviços de infraestrutura e obras viárias no Distrito Federal, vinculados às suas finalidades essenciais”. (SIC).

A Escolha do Nome da Nova Capital O nome “Brasília” entrou na Lei 2.874 mediante emenda do Deputado Francisco Pereira da Silva, do “PSD” do Amazonas, Presidente da Comissão Parlamentar da Mudança da Capital. O Congresso Nacional, mesmo com descrença, conforme já foi dito anteriormente, aprovou a Lei n° 2.874, sancionada por JK, em 19 de setembro de 1956, determinando a mudança da Capital Federal e criando a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil - NOVACAP. As obras, lideradas pelo urbanista e arquiteto Lúcio Costa e pelo arquiteto Oscar Niemeyer começaram com entusiasmo em fevereiro de 1957.

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Os Candangos Mais de 200 máquinas e de 30 mil operários – “os candangos” - vindos de todas as regiões do Brasil (principalmente do nordeste), exerceram um regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para construir e concluir Brasília até a data prefixada de 21 de abril de 1960, em homenagem à Inconfidência Mineira. As obras terminaram no tempo recorde de 41 meses, antes do prazo previsto. Já no dia da inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília era considerada como uma das obras mais importantes da arquitetura e do urbanismo contemporâneos.

A Primeira Viagem de Jk A Brasília No dia 2 de outubro de 1956, ocorreu a primeira viagem do Presidente da República Juscelino Kubitschek à região onde seria construída a nova capital. O avião pousou em pista construída por Bernardo Sayão, onde hoje se encontra a Estação Rodoferroviária. Foi nesse dia que JK proferiu a famosa frase anteriormente citada, que se fez constar no “Livro de Ouro” da Nova Capital, para conhecimento da posteridade.

A Construção e Inauguração do Catetinho No dia 10 de novembro de 1956, após 10 dias de trabalho, amigos de JK e alguns operários inauguraram a residência provisória para o Presidente. Dilermando Reis, um dos idealizadores da construção, violinista e compositor paulista, amigo de JK, sugeriu o nome “Catetinho”, que permanece até hoje.

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A Criação do Distrito Federal No dia 18 de fevereiro de 1957, JK preside cerimônia de assinatura de transferência para a União de 30.933,759 alqueires geométricos do Estado de Goiás, por Cr$ 18.255.789,70, para a construção da futura Capital do País.

A Inauguração do Aeroporto Internacional de Brasília No dia 2 de abril de 1957, às 11 horas, ocorreu o pouso do Viscount Presidencial com o Presidente JK e os Embaixadores de Portugal e da França, inaugurando o novo aeroporto, dotado de extensa pista pavimentada e de moderna estação de passageiros.

A inauguração da Rodovia Belém/Brasília No dia 1º de fevereiro de 1959, ocorreu a abertura da Rodovia Bernardo Sayão “o desbravador”, ligando Belém a Brasília, popularmente conhecida como “Rodovia Belém/Brasília”. Bernardo Sayão não estava presente proque morrera de acidente quando estava construindo essa estrada.

Belém/Brasília! A Obra de Jk Mais Criticada Depois da Nova Capital. A construção da Rodovia Belém/Brasília foi uma das obras de Juscelino mais criticadas na época. Os críticos afirmavam que essa rodovia partia de um ponto despovoado, passando por regiões despovoadas em direção à Capital do Estado do Pará, que ficava nos confins do Brasil. Outros a chamavam de rodovia das onças. E outros,

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para criticar essa obra, “chamavam de Belém/Brasília as mulheres altas e feias”. Na verdade eles queriam dizer que essas mulheres eram compridas e mal acabadas. A Rodovia Belém/Brasília tinha 2.277 quilômetros de comprimento. Era comprida e sem asfalto. Daí a razão da comparação. O fato é que a criticada Rodovia Belém/Brasília ligou o sul do País ao norte, promovendo o progresso por onde passou, transformando-se numa das mais importantes rodovias do Brasil, uma espécie de espinha dorsal do complexo rodoviário brasileiro. Belém até aquela época só tinha acesso ao resto do Brasil pelo mar ou pelo ar. A Rodovia Belém Brasília, além de mudar tudo isto, foi a primeira estrada brasileira aberta em plena Floresta Amazônica. Rasgou a selva levando o progresso a lugares jamais imaginados pelo homem comum. Vale lembrar ainda, que todas as rodovias abertas por JK foram importantes para levar o progresso ao interior do País. A Rodovia BR-364, popularmente conhecida como Rodovia São Paulo/Cuiabá, ligou a cidade de Limeira, no Estado de São Paulo a Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, passando pelo sudoeste goiano, no centro do País. Abriu espaço para que o progresso chegasse também àquela região, assegurando com isto, as nossas fronteiras no local onde foram demarcadas. A Rodovia BR-60, popularmente conhecida como Rodovia Brasília/Acre, também foi de suma importância para o crescimento do Brasil. A Rodovia Brasília/Fortaleza, rasgou o Brasil do centro até o nordeste brasileiro. Rodovias como a Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo, Regis Bitencourt, que liga São Paulo a Curitiba, bem como, Belo Horizonte/Brasília e Brasília/Goiânia, também foram concluídas por Juscelino Kubitscheck.

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As Maiores Obras de JK Foi na área do desenvolvimento industrial que JK teve maior êxito. Abrindo a economia para o capital internacional, atraiu o investimento de grandes empresas. Foi no governo JK que entraram no país grandes montadoras de automóveis como, por exemplo, Ford Motors do Brasil, S.A, Volkswagen do Brasil, S.A, Willys Overland do Brasil, S.A e General Motors do Brasil, S.A. Essas indústrias instalaram suas filiais nas região sudeste do Brasil, principalmente nas cidades do ABC Paulista (Santo André, São Bernardo e São Caetano) e na cidade do Rio de Janeiro. As oportunidades de empregos aumentaram muito nessas duas regiões, atraindo trabalhadores de todo Brasil. Este fato fez aumentar o êxodo rural (saída do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas de suas regiões para as grandes cidades do Sudeste. Mas Juscelino queria mais. O seu “Plano de Metas” era extenso. Construiu as Centrais Elétricas de Furnas e Três Marias. A primeira quando ainda era Governador de Minas Gerais. Ambas consideradas um colosso para alavancar o progresso brasileiro, principalmente a ampliação do Parque Industrial. A grandiosidade do Lago de Furnas fez com que todos o chamassem de “Mar de Minas Gerais”.

A história da instalação da Volkswagen do Brasil, S.A, em São Bernardo do Campo, forma um capítulo à parte. JK teve de convencer a Alemanha investir no Brasil, prometendo-lhe que seria um bom negócio. O fato é que, com o passar dos anos, essa montadora brasileira tornou-se o maior investimento daquele País, fora de seu limite territorial. Juscelino era um empreendedor nato. Ainda como Governador de Minas Gerais inaugurou a “Siderúrgica Mannesmann” nas proximidades de Belo Horizonte. Um investimento alemão que impulsionou o Brasil na área da siderurgia.

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De Volta a Construção de Brasília Bem, voltando à construção de Brasília, JK conseguiu concluir a maior parte das obras antes da data prevista.

A Inauguração do Palácio da Alvorada No dia 30 de junho de 1959, ocorreu a inauguração do Palácio da Alvorada, com as colunas imortais de Oscar Niemeyer e as esculturas “As Iaras”, de Alfredo Ceschiatti, expostas na entrada principal. As colunas do Palácio da Alvorada e os seus bem distribuídos arcos, mostram o crescimento e a modernidade da arquitetura brasileira. A partir daí, Oscar Niemeyer projetou-se no cenário internacional como o arquiteto da modernidade, passando a executar o seus projetos também no exterior, como ocorreu no caso do Edifício das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

A Instalação dos Três Poderes

No dia 21 de abril de 1960, ocorreram as seguintes inaugurações:

a) de Brasília, e

b) a instalação dos três poderes:

I - Presidência da República (Executivo)

II - Congresso Nacional (Legislativo);

III - Supremo Tribunal Federal (Judiciário).

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As Dificuldades Pós-Transferência da Capital Nos governos dos Presidentes Jânio da Silva Quadros e João Belchior Marques Goulart (o Jango), a continuação das obras da Nova Capital foi interrompida. Ambos os governantes limitaram-se a administrar o País do jeito em que o encontrou. Assim, despachavam ora do Rio de Janeiro, ora de Brasília. Isso se deu, porque parte dos órgãos do governo federal ainda se encontrava na cidade do Rio de Janeiro, por falta de acomodações em Brasília. A partir de 1964, os Presidentes Humberto de Alencar Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Batista de Oliveira Figueiredo consolidaram Brasília como a capital de fato do Brasil.

As Construções Mais Importantes de Brasília Brasília foi edificada num curto período de quarenta e um meses. As construções mais importantes, imprescindíveis para viabilizar a mudança de JK e seu séquito para Brasília, foram idealizadas e concluídas num passe de mágica. Com a graça de Deus tudo caminhou bem. O “Brasília Pálace Hotel” foi o primeiro hotel construído em Brasília. Fica nas margens do Lago Paranoá, parte norte, próximo do Palácio da Alvorada. Hoje, completamente restaurado, continua servindo à sua finalidade. Brasília depois de construída ficou uma cidade muito bonita. Suas largas Avenidas, as Super-Quadras, o Setor Bancário Sul e Norte, o Setor Comercial Sul e Norte, a Torre de Televisão, o Memorial JK, a Universidade de Brasília, o Lago Paranoá com os seus Clubes, o Aeroporto Internacional de Brasília, a Concha Acústica, os Bares que promovem os encontros noturnos, a Esplanada dos Ministérios, a Praça dos Três Poderes, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, o Palácio dos Buritis, a Granja do Riacho Fundo, a Granja do Torto, o Jardim Botânico, o

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Estádio Mané Garrincha, o Autódromo Nelson Piquet, o Parque Rogério Pithon de Farias (hoje Parque Sara Kubstichek), a Catedral de Brasília, o Teatro Nacional de Brasília, o Setor de Embaixadas, a Avenida das Nações, tudo isto e muito mais humanizou a Nova Capital, transformando-a na “Capital do Milênio”. Brasília é diferente de tudo aquilo que conhecemos em termo de cidade. Vale a pena conhecê-la. O Plano Piloto, Lago Norte e Lago Sul são as áreas mais nobres da cidade e também as mais próximas do local de trabalho. Por isto, o metro quadrado nesses locais é um dos mais caros do País.

Os Críticos de Brasília O jornalista e engenheiro Gustavo Corção foi um dos maiores críticos da construção de Brasília. No dia 12 de setembro de 1959, afirmou que o Lago Paranoá nunca encheria. JK assistiu a tudo passivamente. Todavia, no dia que o lago encheu, JK mandou-lhe um telegrama com apenas duas palavras: “Encheu, viu?”. Como se pode notar, Juscelino rebatia os ataques recebidos entregando obras prontas. Era o seu jeito de administrar o País.

O Surgimento das Cidades Satélites Paralelo a tudo isso foi surgindo as chamadas “cidades satélites” idealizadas para acomodar a população de menor renda que também mudou para Brasília. O Núcleo Bandeirante, inicialmente chamado de “Cidade Livre”, foi a primeira cidade construída nas proximidades de Brasília. Serviu para acomodar os trabalhadores que vieram participar da construção da Nova Capital. Taguatinga e Ceilândia são as maiores cidades satélites de Brasília. Hoje, já têm o aspecto de metrópole, proporcionando aos seus

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moradores as mesmas regalias de quem mora no Plano Piloto. Vila Planalto, Paranoá, Gama, Planaltina e Sobradinho também fazem parte das povoações pioneiras da Nova Capital. Candangolândia, Guará I, Guará II, SIA, Área Octogonal, Setor Sudoeste e Cruzeiro, são as cidades satélites mais próximas do Plano Piloto. A partir daí, dezenas de outras povoações foram surgindo ao redor da Capital, para acomodar os migrantes que vieram de todo o País.

As Cidades do Entorno de Brasília Luziânia, Valparaízo I, Valparaizo II, Cidade Ocidental, Cidade Osfaia, Novo Gama, Pedregal, Céu Azul, Esplanada I, Esplanada II, Cidade Jardins, Santo Antônio do Descoberto, Padre Bernardo, Formosa, Unaí e Águas Lindas formam uma espécie de conurbação ao redor de Brasília. Muitas dessas cidades já estão localizadas nos Estados de Minas Gerais e Goiás. São as chamadas cidades do entorno de Brasília. Hoje, o entorno de Brasília tem quase três milhões de habitantes, sendo que os Estados de Goiás e Minas Gerais não dão a mínima condição estrutural a esses municípios recém-criados, jogando toda a responsabilidade no governo do Distrito Federal. É preciso lembrar que quando referimos ao entorno de Brasília, estamos mencionando todas as cidades localizadas num raio de 100 quilômetros ao redor da Capital Federal ou um pouco mais. O Distrito Federal também tem quase três milhões de habitantes e a cada dia chegam mais. Se não houver um controle rígido do governo federal em parceria com o governo do Distrito Federal, não vai demorar muito para que Cristalina, Taguatinga de Goiás e Alexânia também se emendem à região do entorno.

À primeira vista, todas essas cidades estão interligadas a Brasília, mas, na verdade, pertencem aos Estados de Minas Gerais e Goiás, a quem

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respondem política e administrativamente. Hoje, a região do entorno de Brasília vem causando enormes problemas para os moradores locais e do Distrito Federal, principalmente pelo alto índice de criminalidade lá existente. É preciso levar em conta, que, apesar de estarem localizadas nos Estados de Minas Gerais e Goiás, todos os seus moradores vivem em função de Brasília. Todos trabalham ou estudam lá. O problema é muito sério. A violência vem aumentando dia a dia. As autoridades de Minas e Goiás não conseguem manter a segurança necessária. As autoridades do Distrito Federal fazem vista grossa a tudo isto, alegando que nada podem fazer porque esses povoados pertencem aos Estados de Goiás e Minas Gerais.

O aumento da marginalidade da região periférica da cidade do Rio de Janeiro aconteceu por falta de assistência dos órgãos responsáveis pelo seu controle. É sempre assim. Onde as autoridades governamentais omitem o seu poder de mando, por falta de recursos e mesmo por desinteresse, passam a mandar facções criminosas, principalmente traficantes e contrabandistas.

Eu, particularmente, penso que a situação dessas cidades poderia ser resolvida criando uma área neutra, substituindo os atuais “prefeitos” por “administradores regionais e secretários”, bem como, criando um “Fundo para o desenvolvimento do entorno de Brasília”, com recursos orçamentários previamente alocados dos cofres do Governo Federal, do Estado de Goiás, do Estado de Minas Gerais e do Distrito Federal. Tenho a certeza de que, com o passar dos anos, esses povoados atingiriam o mesmo desenvolvimento das demais “cidades

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satélites” que ficam dentro do Distrito Federal. Existem também aqueles que pleiteiam o aumento da área geográfica do Distrito Federal até atingir um raio de 100 quilômetros ao redor de Brasília ou um pouco mais, a fim de integrar esses municípios vizinhos às regiões administrativas já existentes. Essa ideia, se colocada em prática, também poderá ser uma boa alternativa.

O Crescimento de Brasília Hoje, Brasília atingiu um desenvolvimento impressionante. As cidades satélites acima cresceram. Algumas delas mais do que outras. Novos povoados foram surgindo ao longo dos anos. Regiões desabitadas há vintes anos atrás, hoje já estão totalmente urbanizadas. Condomínios residenciais horizontais surgiram por todos os lados, a exemplo do que ocorre no restante do País.

A Ponte JK A Ponte JK ligando o centro da cidade ao Lago Sul, recentemente construída, forma um espetáculo à parte. Foi considerada a mais linda ponte do Brasil, logo após a sua inauguração.

O Metrô de Brasília Hoje, Brasília já conta com várias Linhas de Metrô ligando o Plano Piloto às maiores Cidades Satélite. Já é um bom começo. Todavia, novos investimentos precisam ser feitos com urgência no setor. Engarrafamentos nas principais vias da cidade acontecem todos os dias. A região de Águas Claras, por exemplo, é um caos. Dificilmente alguém consegue sair das garagens dos prédios em que residem nos horários de maior fluxo de veículos.

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De Volta a Construção de Brasília Bem, voltando à construção de Brasília, podemos notar que a parte mais difícil dessa grandiosa obra foi levar as primeiras máquinas para o local. Não tinha estradas, aeroportos, luz, telefone. Era um isolamento total. Tudo partia da estaca zero. Para ter-se uma idéia, até mesmo a maior parte dos materiais de construção foi transportada de avião de carga para lá, até que se construíssem rodovias asfaltadas ligando a Capital Federal a Goiânia, a Belo Horizonte e a São Paulo.

As Primeiras Construções O início de qualquer grande empreendimento sempre é traumático. A Construção de Brasília não foi diferente. Para chegar-se ao local da obra, abriram-se estradas de terra, fizeram pontes improvisadas e até um aeroporto improvisado. Não tinha energia, água potável, acomodações, nem banheiros. No início, tudo foi improvisado.

Uma Cidade Criada Fora do Estilo Convencional Uma cidade criada fora do estilo convencional. Não tinha esquinas nem sinaleiros. Os cruzamentos eram feitos através de trevos e passagens subterrâneas. Iluminação férrea. Fios elétricos subterrâneos. Extensas áreas verdes. Um imenso lago para melhorar o clima da cidade. Jardins criados pelo paisagista Roberto Burle Marx embelezavam os palácios e as principais repartições públicas. Tudo parecia perfeito. Todavia, com o passar dos anos, a cidade cresceu e os problemas de trânsito começaram a surgir. Hoje, Brasília e suas cidades satélites estão cheias de semáforos e radares. Um número impressionante de veículos trafega por todos os lugares, provocando enormes congestionamentos.

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As Obras De Artes Obras de artes criadas por Alfredo Ceschiatti, Athos Bulcão, Marianne Peretti, Bruno Giorgi e outros, podiam ser vistas nos mais importantes edifícios públicos da cidade, numa visão futurista que encantavam aqueles que as contemplavam pela primeira vez. Assim foi construída Brasília, a Nova Capital do Brasil. A Capital do Futuro.

Brasília, a Meca dos Intelectuais. Como se podem notar, energias positivas dos mais distantes rincões foram trazidas para Brasília, para que a sua criação fosse perfeita. A prova disto está nas centenas de obras de artes que se espalham por todos os lugares públicos. Cada uma mais linda do que a outra. Um grupo de intelectuais, dentre esses, arquitetos, urbanistas e artistas plásticos de renome nacional contribuiu para o êxito do empreendimento. A experiência de Juscelino, primeiro como Prefeito de Belo Horizonte, depois, como Governador do Estado de Minas Gerais, foi transplantada para Brasília, transformando a Capital Federal numa “vitrine das obras de artes”. “O mundo todo se curvou ante o espetáculo que deslumbrava à sua frente”.

A Inauguração de Brasília No dia em que Brasília foi inaugurada, manchetes dos principais jornais de todo o planeta fizeram questão de mencionar o fato. Lembro-me bem de uma: “Brasília, uma capital surge no sertão”. Todos os jornais brasileiros reservaram espaços para noticiar o evento, conforme se vê a seguir.

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A Mensagem do Papa No momento da inauguração de Brasília, uma pausa foi feita para ouvir a mensagem do Papa João XXIII, em Português, transmitida diretamente de Roma, saudando a inauguração da Nova Capital Federal do Brasil.

A Presença de Convidados Importantes Autoridades de várias partes do mundo estiveram presentes à inauguração, dando maior brilho ao acontecimento festivo.

O Espetáculo PirotécnicoUma chuva de fogos de artifício iluminou os céus de Brasília,

formando um espetáculo pirotécnico jamais visto anteriormente.

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A Esquadrilha Da FumaçaRiscos nos céus de Brasília surgiram com a passagem da

“esquadrilha da fumaça”, saudando o grande acontecimento.

O Acompanhamento das Festividades O interior do Brasil, inclusive a maioria das Capitais de Estados, acompanhou a inauguração de Brasília pelo rádio, jornais e revistas, porque não tinham televisão naquela época.

A Repercução em Jataí A população da cidade de Jataí, no sudoeste do Estado de Goiás, uma das principais protagonistas daquele acontecimento, eufórica de alegria, acompanhou tudo em tempo real pelo rádio, e, nos dias que se seguiram, pelos jornais e revistas. Foi um momento mágico, eternizado pelas publicações feitas nas principais revistas da época, principalmente “Manchete”, de Adolfo Bloch e “O Cruzeiro”, de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. É do conhecimento de todos que, “do nada Deus criou o mundo”. A construção de Brasília também partiu do nada. A idéia de sua criação surgiu de baixo para cima. No primeiro comício de JK, realizado em Jataí, Estado de Goiás, um jovem no meio da multidão pediu a palavra, falou sobre a mudança da Capital e desafiou o candidato a construí-la. É a mais pura verdade. Juscelino mencionou o ocorrido em uma de suas obras. A idéia ganhou força e impôs-se contra tudo e contra todos. Ninguém conseguiu barrá-la.

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Ao ver Brasília alguns anos mais tarde, o próprio JK exclamou: “Gostei de ver como Brasília está bonita. Tive a certeza de que ela se constituirá na sede da Civilização Latina, no terceiro milênio. Senti-me como o Semeador que, do alto do penhasco, observa o seu feito que será indestrutível”. (SIC).

Cronologia dos Acontecimentos Primeiro um sonho. Depois um desafio de um jovem desconhecido dos grandes centros. E, finalmente, um candidato a Presidente da República que aceitou executar a empreitada, colocando em risco o próprio cargo, caso fosse mal sucedido. São homens arrojados que constroem obras arrojadas.

A Meta Síntese A Construção da Nova Capital Federal foi incluída como a 31ª Meta do Plano de Governo de Juscelino, mas no desenrolar da campanha presidencial tornou-se a “meta-síntese”, a mais importante de todas. A Nova Capital foi construída em 41 meses e inaugurada no dia 21 de abril de 1960. O ritmo de sua construção foi impressionante. Mesmo quando os recursos acabaram as obras não paralisaram. JK conseguiu a verba necessária por outros meios e concluiu o serviço dentro do prazo previsto. Se a construção de Brasília paralisasse por falta de recursos, não teria ocorrido a mudança da Capital. Era tudo ou nada. E Juscelino sabia disso. A ala golpista estava aguardando uma oportunidade para entrar em ação. Mas a oportunidade esperada não veio e Brasília está aí, linda e moderna. Juscelino foi um visionário. Brasília ainda é considerada “a maior obra do século já feita no Brasil”. Empreendimentos como este

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constituem motivo de orgulho para todos os brasileiros. A história da construção de Brasília é do conhecimento de todos.

Mas nas entrelinhas muita coisa não ficou completamente esclarecida. Por isto, quem tiver a paciência de ler tudo o que aqui está escrito, terá a oportunidade de perceber que algum pequeno detalhe não foi mencionado nos milhares de livros já escritos a respeito do assunto. Acompanhei a História de Brasília desde criança, presenciando fatos que antecederam à sua criação, lendo livros, jornais e revistas, ouvindo os rádios e a voz do povo. Embora ainda fosse um adolescente, lembro-me nitidamente do primeiro comício realizado por JK em Jataí, no Estado de Goiás.

Reações Contrárias à Mudança da Capital Acostumados com a Sede do Distrito Federal na cidade do Rio de Janeiro, uma nostalgia foi surgindo naqueles que em breve iriam despedir-se das mordomias de ter ao seu lado o Poder Central do Governo Brasileiro. Muita alegria de um lado e muita tristeza do outro. A vida é assim mesmo. O Brasil aguardava esse momento há mais de dois séculos. Era o interesse de toda a nação sobrepondo aos interesses de uma região. O Rio de Janeiro que antes já fora até Sede da Coroa Portuguesa nos idos de 1808, àquela hora estava perdendo também a condição de Capital Federal do Brasil. Seria como qualquer outra Capital de Estado, exceto por suas belezas naturais que foram desenhadas por Deus.

A Data da inauguração Brasília foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960. Exatamente há 52 anos. Coincidência ou não, no mesmo dia de “Tiradentes” o herói

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nacional que morreu lutando pela Independência do Brasil. Portanto, dois acontecimentos importantes buscando o mesmo objetivo. O de tornar o Brasil independente e mais forte. A idéia não podia ser mais sugestiva. A mudança da Capital ia fazer o Brasil crescer. Como de fato cresceu. Hoje temos prova disto.

A Criação do Estado da Guanabara Para amenizar o vazio deixado pela transferência da Sede do Governo Federal para Brasília, transformou-se a cidade do Rio de Janeiro em “Cidade-Estado”. Criou-se o Estado da Guanabara, cuja Capital era a própria cidade do Rio de Janeiro. Pelo mesmo ato governamental, a cidade de Niterói foi transformada em Capital do Estado do Rio de Janeiro. Com o passar dos anos, extinguiu-se o Estado da Guanabara. A cidade Niterói perdeu a condição de Capital e a cidade do Rio de Janeiro voltou a ser a Capital de todo do Estado do Rio. São acomodações que, às vezes se fazem necessárias, para agradar as alas descontentes.

A Conquista do Oeste Brasileiro A marcha para o oeste americano deu-se para integrar o restante do país ao leste que já estava desenvolvido. A marcha para o oeste brasileiro buscou o mesmo objetivo, ou seja, incorporar as áreas abandonadas ao processo produtivo, como vem ocorrendo até hoje. Só que, no nosso caso foi diferente. Começamos no Centro do País e partimos para todas as direções, como se fosse um leque. Brasília foi o pontapé inicial dessa mudança.

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“Integrar” para não “Entregar” “Integrar” para não “entregar”, eis o lema. Já alcançamos grandes resultados, mas ainda resta muito por fazer. Haja vista, as regiões da fronteira oeste e norte do País. Os riscos de perder parte de nosso território ainda persistem principalmente nas fronteiras com a Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname. As demarcações de terras indígenas têm-se constituído no nosso principal problema. Muitas coisas estranhas estão acontecendo por lá, sem que as autoridades brasileiras adotem medidas mais enérgicas para regularizar a situação. Vez por outra, ouvimos histórias preocupantes sobre a presença de estrangeiros na região. O que há por traz de tudo isto? Ninguém sabe. Conflitos de interesses sempre existiram em todos os lugares do mundo. Mas os do Brasil são os maiores de todos. Aqui estão sendo discutidas as questões indígenas, da água, da biodiversidade, da destruição da Floresta Amazônica e da exploração de riquezas naturais. Espero que encontremos soluções para tudo isto, no mais curto espaço de tempo. A maior de todas já foi encontrada, que foi a Construção de Brasília.

Dois Hinos. Duas Mensagens. Com o surgimento de Brasília e a criação do Estado da Guanabara, dois hinos passaram a ser cantados nos rádios da época. “Cidade Maravilhosa” homenageando a cidade do Rio de Janeiro e “Brasília Capital da Esperança” homenageando a cidade de Brasília. Ambos ainda existem, mas o tempo incumbiu de jogá-los no túnel do esquecimento. É uma pena, porque os dois expressam o sentimento do povo brasileiro, na busca de sua autoafirmação.

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A Hora da Transferência O Rio de Janeiro acompanhava a partir daquele momento a transferência da máquina governamental para o Planalto Central, em quase toda a sua totalidade. Digo isto, porque alguns órgãos do governo ainda permaneceriam lá, aguardando acomodações em Brasília. Muitos desses órgãos ficaram por lá mais tempo do que o esperado. Os servidores neles lotados não tinham o mínimo interesse em mudar-se para a Nova Capital. Ninguém queria sair do Rio.

O “BB” Muda a Sua Sede para Brasília Pelo lugar que sempre ocupou na esfera governamental, o Banco do Brasil S/A também foi instado a transferir a sua Sede para Brasília, antes mesmo que essa fosse inaugurada. E isto foi cumprido com o máximo empenho.

As Primeiras Edificações do BB em Brasília O Banco do Brasil, S/A ergueu alguns edifícios no Setor Bancário Sul à altura das edificações que estavam sendo feitas em Brasília. Logo em seguida, transferiu a Presidência e suas principais Diretorias para lá. Cumpriu com precisão todos os prazos que lhe foram concedidos pelo Governo Federal.

Os Apartamentos Funcionais Para acomodar todo o pessoal removido do Rio de Janeiro e de outras regiões, o Banco do Brasil, S/A, a exemplo do Governo Federal, adquiriu também cerca de 1.400 apartamentos funcionais na nova Capital. A maior parte desses apartamentos foi entregue aos funcionários transferidos que os ocuparam imediatamente. Assim,

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tal como ocorreu com o Governo Federal, os administradores e os funcionários do Banco, também mudaram para Brasília e marcaram presenças no momento mais importante do Brasil. No momento da inauguração da nova Capital. E não podia ser de outra maneira, porque o Banco do Brasil S/A estava diretamente ligado à área econômica do Governo Federal.

Os funcionários públicos não queriam mudar para Brasília No início ninguém queria morar em Brasília porque a cidade não tinha estrutura. Tudo lá era precário.

Os Atrativos Criados Como os funcionários públicos lotados no Rio de Janeiro resistiam em mudar-se para Brasília, o Governo Federal não teve outro recurso senão o de criar vantagens para quem optasse pela mudança. Primeiramente dobrou o salário desses servidores. O Banco do Brasil, S/A também passou a pagar a chamada dobradinha.

As Vantagens Concedidas Além da dobradinha, quem ocupava um apartamento funcional não pagava aluguel. Os únicos gastos com a ocupação eram decorrentes do pagamento das despesas administrativas de cada Edifício. Uma espécie de taxa de condomínio. Essas despesas eram rateadas proporcionalmente à quantidade de apartamentos existentes em cada prédio, ocupados ou não. As contas de água, luz e telefone corriam por conta dos ocupantes. Tal como acontece até hoje na locação de imóveis,

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o ocupante ficava obrigado a restituí-lo nas mesmas condições em que o recebeu, ou seja, em perfeito estado de funcionamento, sem estragos e devidamente pintado. Por força da Lei do Inquilinato, o funcionário ocupante de uma unidade funcional, no momento da venda desta, exercia o direito de preferência comprando-o.

O Fim dos Apartamentos Funcionais Hoje, tudo isto desapareceu. Muitos dos servidores que foram para lá na época da transferência já morreram ou já se aposentaram. A dobradinha acabou há mais de três décadas. Quase todos os apartamentos funcionais foram vendidos aos ocupantes da época em que foram colocados à venda, por exigência do Governo Fernando Collor de Mello, no início da década de 1990. Brasília hoje se encontra no mesmo patamar das quatro maiores Capitais brasileiras, tanto no aspecto populacional como na comodidade. Tudo nela foi idealizado para minorar a falta de praias, clubes, lojas, shoppings, universidades e lazer. O brasiliense não tem mais o que reclamar, exceto dos engarrafamentos de veículos descritos anteriormente.

JK! Senador por Goiás. Terminado o Mandato Presidencial de JK, o povo de Goiás homenageou-o, elegendo-o Senador da República. Era o chamado voto da gratidão. Posteriormente, foi cruelmente injustiçado pela cassação de seus direitos políticos. Exilado voluntariamente, viveu muitos anos, tristemente, fora do País, inicialmente em Nova York, depois em Paris, deixando o mundo material, entrando eternamente para a história brasileira.

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Como o Brasil Foi Governado Após A Inauguração de Brasília? Quando os militares assumiram o poder em 31 de março de 1964, Brasília ainda não tinha completado quatro anos de idade. Uma parte da máquina governamental estava em Brasília e a outra parte ainda permanecia no Rio de Janeiro. Os Presidentes Jânio Quadros e João Goulart, os dois primeiros sucessores de Juscelino, pouco fizeram para consolidar Brasília. Como já foi dito anteriormente, preferiram despachar ora no Rio de Janeiro, ora em Brasília, ou nas duas cidades, no mesmo dia. Era mais fácil. O percurso era feito de avião, um Douglas “DC 3”. O mais moderno da época. Juscelino foi o Presidente da República que mais viajou de avião. É impossível calcular quantas horas de vôo ele fez, durante o seu governo. Foram cinco anos de loucura. O avião servia de hotel, residência, local de estudo, gabinete presidencial, local de despacho e de outras coisas. Se levarmos em conta que a construção de Brasília partiu do zero e que durou quarenta e um meses, só Deus poderá avaliar o esforço despendido por JK para administrar o País e as obras da Nova Capital, ao mesmo tempo. Em razão disto, faço questão de afirmar: “Ainda está para nascer outro brasileiro capaz de fazer o que JK fez”. Basta olhar para as administrações dos Governos de Jânio Quadros e João Goulart, referidas anteriormente.

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A Administração do País Após a Instalação Do Regime Militar Todos sabem que Brasília já tinha sido inaugurada quando os militares assumiram o poder. Para eles, era impossível administrar o País daquele jeito. Um grupo de militares chegou a sugerir a volta da Máquina Administrativa Federal para a cidade do Rio de Janeiro, centralizando lá todas as decisões nacionais, novamente. A precariedade das estradas, das comunicações, da estrutura da cidade e a distância em relação ao Rio de Janeiro foram as principais causas dessa pretensão estúpida.

O Que Fazer com Brasília? Estudos preliminares sugeriram até que Brasília fosse doada a organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e outros.

O Bom Senso Prevaleceu Todavia, uma decisão desse quilate, seria um retrocesso para o País e uma mancha indelével na imagem de quem a tomasse, principalmente na área internacional. Felizmente, a razão e o juízo prevaleceram. O mundo todo jamais iria entender tamanha falta de sensibilidade.

A Consolidação de Brasília Apesar de tudo isto, Brasília foi consolidando-se aos poucos. A idéia de retornar a Capital para a cidade do Rio de Janeiro foi perdendo força até que desapareceu por completo. Estradas pavimentadas foram construídas ligando a Capital Federal ao restante do País. Um complexo

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sistema hidrelétrico e telefônico foi implantado. A abertura de rodovias ligando Brasília ao restante do País, o crescimento da agricultura brasileira e o avanço da fronteira agrícola, incorporando áreas antes abandonadas ao processo produtivo, também contribuiu para o fortalecimento da interiorização do Brasil, trazendo ao povo brasileiro vantagens jamais vistas. Juscelino estava certo.

Os Grandes Feitos São Perpétuos “Ele ergueu um monumento mais duradouro do que o bronze e a história provou que ele cumpriu o seu dever (SIC).

A frase acima foi encontrada num monumento construído na cidade de Lajes, Estado de Santa Catarina, para homenagear o Ex-Presidente Getúlio Vargas. Penso que a mesma servirá também para homenagear Juscelino Kubitschek. O nosso JK. É sempre assim. Os grandes empreendimentos e as grandes idéias transformam os seus executores em imortais. Seus nomes e seus feitos ficam registrados na história do País para sempre.

O Brasil de Hoje O Brasil de hoje sem a nova Capital, retrocederia a mais de 100 anos no tempo. Todo o progresso por ele alcançado é uma conseqüência da bem sucedida mudança da Capital Federal para o Planalto Central. O plano de Juscelino era fazer o Brasil avançar cinqüenta anos em cinco. E eu digo mais: O Brasil avançou 100 anos no tempo. E promete muito mais. Depende de termos a sorte de encontrar outros Estadistas que tenham a mesma visão e o espírito desbravador de Juscelino. É preciso entender que: “Estadistas do nível de JK surgem apenas um a cada cem anos”. Não foi aleatório, que Juscelino foi considerado “O Brasileiro do Século”.

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Hoje, o Brasil superou a condição de atraso e subserviência em que vivia. Estruturou-se. Democratizou-se. Industrializou-se. Expandiu suas fronteiras agrícolas e pecuárias. De mero importador passou a grande exportador. De detentor da maior dívida externa do mundo, passou à condição de credor de vários países, inclusive dos Estados Unidos. Chega até ser hilário, mas é a mais pura verdade. Não é aleatório que sua economia cresceu.

Tudo foi fruto de uma concentração de esforços jamais vista. Brasileiros notáveis uniram-se em prol da concretização da obra e venceram. Um grupo de empresas de grande porte, dentre elas o Banco do Brasil, S/A, também contribuiu para isto. “Empresas fortes, países fortes. Um depende do outro para crescer”.

Nossa Época Foi a Que Mais Evoluiu É a mais absoluta verdade. E nós tivemos a felicidade de viver na época em que o mundo mais evoluiu. Muitos estudiosos chegaram a comentar que a evolução dos últimos cinqüenta anos foi maior do que toda aquela que a humanidade viveu desde o início da civilização até meados do século XX. É humanamente impossível imaginar como serão os próximos cinqüenta anos. A que velocidade as coisas irão acontecer e de que maneira acontecerão. A que ponto chegará o homem na exploração do universo ou do conhecimento de si mesmo. Isto são coisas para nossos filhos e netos presenciarem. Até lá o nosso tempo já passou.

O Brasil também passou por mudanças incríveis. Haja vista a construção de Brasília entre os anos de 1956 e 1960.

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A Morte de Juscelino Juscelino faleceu no dia 22 de agosto de 1976. Momentos de comoção tomaram conta do Brasil e de todos os habitantes de Brasília. Eu também fiquei muito consternado, principalmente pelo fato de ter acompanhado a sua trajetória desde os tempos da realização de seu primeiro comício na cidade de Jataí, no Estado de Goiás. Juscelino foi um Presidente amigo daquela cidade. Trabalhou com o Dr. Serafim de Carvalho, quando ambos concluíram o curso de medicina em Belo Horizonte e serviram no mesmo hospital, onde ele era o Chefe da Enfermagem. Quantas vezes eu lhe acenei com a minha mão ou com bandeirinhas, saudando a sua passagem pelas ruas locais. A Dispensa de Honras Militares Os governos militares fizeram tanto mal a Juscelino, que Da. Sara recusou “honras militares” após a sua morte. Apenas aceitou que o seu caixão fosse transportado num caminhão do Corpo de Bombeiros de Brasília. Multidões arrastavam-se de um lado para o outro buscando prestar a sua última homenagem ao construtor de Brasília. Todos os motoristas de taxis de Brasília transportaram de graça os brasilienses mais pobres que queriam despedir-se do FUNDADOR da Capital Federal. Na Explanada dos Ministérios, a multidão ainda era maior. Uma voz uníssona era ouvida durante todo o cortejo, com os seguintes dizeres: “Ele é o nosso Presidente. Foi eleito pelo povo”. (SIC). Vez por outra, cantavam a música “peixe vivo” de que ele tanta gostava. Era uma homenagem merecida, vinda do coração de cada acompanhante. Essa situação durou várias horas e somente terminou com o sepultamento temporário do corpo de Juscelino no Cemitério “Campo da Esperança”. Isto não está escrito em nenhuma parte. Aconteceu espontaneamente. Tomou força e ninguém conseguiu impedir. A massa disforme de acompanhantes impôs o seu ritmo.

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O Memorial JK Alguns anos depois, Da. Sara Kubitschek, com o apoio de toda a sociedade brasileira, angariou fundos e construiu o Memorial JK, no Eixo Monumental de Brasília, onde o transeunte pode observar a silhueta do “Fundador” em cima de um pedestal, ao passar pelo local. É o criador contemplando a sua criatura.

O Que Pode Ser Visto no Memorial JK. No Memorial JK podem ser vistos:

a) Um museu;

b) A biblioteca de JK, uma das mais completas de um cidadão brasileiro;

c) Fotos de Juscelino discursando na carroceria de um caminhão em Jataí, no Estado de Goiás, no momento em que foi desafiado a construir Brasília;

d) Um painel feito pela artista plástica Marianne Peretti no teto do salão principal, dando a impressão de que estamos entrando em outra dimensão. Aquela onde vivem os anjos e os querubins;

e) Um ataúde com os restos mortais do Presidente, colocado em cima de um pedestal, com os seguintes dizeres: “O Fundador”, eternizando a nobre figura do criador de Brasília;

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f ) Uma obra de arte de Athos Bulcão circundando o ataúde, mostrando a forte ligação que o ex-presidente tinha com o mundo das artes;

g) Medalhas e condecorações recebidas, e

h) Mais uma série de lembranças relacionadas com o homenageado.

Quem for a Brasília tem a obrigação de visitar o local. É preciso lembrar que ali se encontra um pouco de cada um de nós. A nossa vida está interligada ao surgimento de Brasília. Ao Juscelino Kubitschek de Oliveira, as minhas homenagens. Que Deus o tenha no lugar em que merece. Por tudo isto, ninguém pode negar que Juscelino foi um grande brasileiro, um homem iluminado, um vencedor de barreiras. Dividiu o Brasil em duas eras. Uma antes e a outra depois de seu governo. As glórias por ele conquistadas ninguém lhe tira, porque são eternas.

Como JK Era Visto Pelas Personalidades da Época “Homem excepcional, incapaz de uma perseguição, de uma violência, de uma vingança. Perdoava as pessoas, anistiava os culpados e seus delatores. Mas depois foi por eles perseguido de forma cruel, por inveja e despeito. Lançassem “as urnas eleitorais e ele teria voltado à presidência com a consagração de todo o povo brasileiro”.

(Sobral Pinto)

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“Confiava na liberdade, mesmo quando atingido por seus eventuais excessos; que fazia da tolerância em face do adversário sua permanente norma de conduta; que era o primeiro, na vitória, a desfraldar a bandeira da paz, como seria o primeiro, na derrota, a esquecer as mágoas em benefício da normalização política e social; que realizava o quase milagre de não ser arrogante no poder, embora firme, perseverante e combativo nos seus propósitos; que negociava com grevistas, fossem estudantes ou operários, para avaliar pessoalmente as razões verdadeiras do desafio e mais rapidamente fazê-los voltar à atividade construtiva; que se orientava por sua intuição de liderança e por sua visão de Chefe de Estado, mas não se supunha monopolizador da verdade, continuando sempre disposto a retificar a rota; que para reconhecer e corrigir seus erros ouvia argumentos de qualquer procedência, inclusive dos adversários entre os quais mantinha muitos amigos, com quem nunca deixou de dialogar”.

(Vitor Nunes Leal)

“Um homem maior do que os seus erros. A encarnação da cordialidade brasileira. Ele foi exemplo de ambição e, ao mesmo tempo, de solidariedade humana. Quando nos encontramos pela primeira vez, ele era prefeito e eu conspirava. Quando nos vimos pela última vez. Éramos amigos e descobrimos que a nossa amizade latente sobrevivera a todas as lutas. A marca mais forte de sua grandeza foi a imaginação. Era corajoso e humilde. Esse homem cioso de seu destino, compenetrado daquilo que considerava uma espécie de missão, era humilde de coração. O Homem cordial. O vencedor de ódios. O homem da anistia, do esquecimento dos agravos. O apaixonado da vida. No horror à vingança, à mesquinharia, à mediocridade. Essa é a marca que fica. A que imprimiu à vida brasileira. E, nesse sentido, lhe faz imensa falta. Pois o exemplo que deixa é este: cordialidade e imaginação”.

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(Carlos Lacerda) “Para o povo brasileiro, ele sempre foi, até o fim, o Juscelino, o JK. A simples pronúncia desses nomes resumia todo o afeto de um dos povos mais sentimentais do mundo. Juscelino Kubitscheck permanece como o obstinado construtor de Brasília. É o símbolo de um Brasil que desfrutou renome internacional nunca mais atingido”.

(Le Monde)

Outras Curiosidades Sobre JK Quando o Autor deste texto esteve a serviço do Banco do Brasil, S/A na cidade de Montes Claros, Estado de Minas Gerais, dois fatos chamaram a sua atenção naquela região:a) Sobre a cidade de Brasília de Minas Quando escolheram o nome Brasília para a nova Capital do Brasil, verificou-se que existia uma cidade em Minas Gerais com o mesmo nome. O Governo Federal não queria duas cidades com o mesmo nome. Portanto, a solução encontrada foi mudar para Brasília de Minas o nome da cidade mineira. Todavia, para que o Projeto de Lei fosse aprovado precisou passar pela aprovação da Câmara de Vereadores e pela homologação do Prefeito. Mantidos os entendimentos necessários, o projeto logrou aprovação e a cidade mineira passou a chamar-se “Brasília de Minas”. Este fato corre de boca em boca na região, mas, certamente, deve estar registrado nos anais daquela cidade. Contam também, que foi preciso interferência dos Governos de Minas e Federal para agilizar o trâmite do referido Projeto de Lei. Para convencer os Vereadores e o

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Prefeito da cidade, foi alegado que o município entraria para a História do Brasil porque estava emprestando o seu nome para o da Capital do País;b) Sobre as mensagens que Juscelino deixou escritas em paredes de Fazendas do Norte de Minas

É bom lembrar que Juscelino nasceu em Diamantina, cidade próxima daquela região e passava com freqüência por ali. Certa vez o autor e sua família foram almoçar numa fazenda próxima a Montes Claros e, surpreso, percebeu que era um dos locais utilizados para descanso do Presidente, quando ainda era Governador do Estado de Minas Gerais. Tinham várias mensagens escritas por ele nas paredes da Sede principal. Eram guardadas com carinho pelos proprietários do imóvel. Uma verdadeira relíquia. São estórias não escritas perdidas no tempo.

O Memorial JK de Jataí A Prefeitura Municipal de Jataí também mandou construir um Memorial JK nessa cidade, com a finalidade de eternizar o notável acontecimento que foi a Construção de Brasília. Nele foram instalados painéis históricos doados pela Fundação Banco do Brasil sobre a vida de Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Salvo melhores considerações, penso eu que a Oficina Mecânica utilizada para a realização do primeiro comício de JK, também precisava ser tombada como “Patrimônio Histórico da Cidade de Jataí” e, também, para a preservação da memória nacional. Quer queiram, quer não queiram, estamos ligados a um fato histórico da maior importância.

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Penso também, que o tombamento do local em nada prejudicará o seu atual proprietário. Apenas não poderá demolir o prédio ou modificá-lo em sua parte externa. Isto já acontece em todas as cidades históricas do País.

Entre as características apontadas estão: a) o traçado de Brasília em forma do pássaro “ÍBIS”, e,

b) os muitos prédios em forma de pirâmide, entre estes, o Teatro Nacional de Brasília e o Templo da Legião da Boa Vontade.

O fato é que Juscelino visitou o Egito quando ainda era jovem e estudante. Lá ele fez questão de conhecer as ruínas da cidade de Akhetaton (atual Tell El-Amarna), idealizada e construída pelo Faraó Akhenaton há 3000 anos. Situada às margens do Rio Nilo, as ruínas por ele visitadas encontravam-se cobertas pelas areias do deserto em sua maior parte. A cidade media oito quilômetros de cumprimento por dois de largura. A grandeza das construções, a beleza do Palácio do Faraó Akhenaton e de um magnífico Templo ao lado, deixaram Juscelino muito impressionado.

Por tudo isto, resta-nos concluir que o Faraó Akhenaton e o Presidente Juscelino tiveram uma forte ligação. Ambos construíram uma cidade, com idênticos propósitos. Só que, a Cidade de Akhetaton foi construída para os mortos. E a Cidade de Brasília foi construída para os vivos. Juscelino a fez pensando no futuro do Brasil.

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Outro fato que também despertou a atenção dos religiosos de todo o mundo, é o desenho do Plano Piloto de Brasília que parece com uma imensa nave desenhada no solo.

Muitos acreditam que esse desenho representa a “Ísis Alada” ou o próprio “Deus Hórus”. Ísis” era a esposa do “Deus Osíris”. Das asas da “Ísis” pode ter nascido a inspiração para as duas asas de Brasília, cujo eixo está alinhado com o nascer e o por do sol, no sentido leste/oeste. Outros entendem que as duas asas de Brasília formam a imagem de um avião e que o Eixo Monumental seria o corpo desse mesmo avião. Há também quem vê no traçado de Brasília o desenho de uma cruz, simbolizando a religiosidade do povo brasileiro. Coincidência ou não, é preciso ter presente que a verdadeira imagem das duas asas de Brasília, popularmente chamadas de Eixão, somente podem ser vistas do alto, tal com ocorrem com as enormes Linhas de Nazca, no Peru, encontradas no meio do deserto, com muitos quilômetros de extensão. Afirmam os estudiosos do assunto que essas linhas foram construídas para serem vistas do espaço, numa época que ainda não existiam aviões, balões, helicópteros ou qualquer outra aeronave.

Outros Mistérios de Brasília E os mistérios do Planalto Central não param por aí. A mistura de crenças da região do entorno e da própria cidade de Brasília, impressiona qualquer visitante. A “Cidade de Alto Paraíso”, localizada na Chapada dos Veadeiros, no Estado de Goiás, a mais mística do país, reune 8.000 habitantes e

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40 religiões e seitas de sete grandes Templos. É uma verdadeira Torre de Babel no sentido da religiosidade, onde, diferentemente do Oriente Médio, todos convivem na mais absoluta harmonia. É o protótipo de um sonho que persegue toda a humanidade há milênios.

A “Cidade Eclética”, em Santo Antonio do Descoberto, em Goiás, o “Vale do Amanhecer”, perto de Planaltina e a “Cidade da Paz”, na saída da BR-40, também são centros irradiadores de religiosidade que, juntamente com Brasília, são considerados por muitos como a “Capital do Terceiro Milenio”, melhor dizendo, a “Capital da Civilização Aquariana”. Coincidência ou não, Brasília foi construída no limiar da “Era de Aquárius”.

Curiosidades Sobre a Localização de Brasília Além do misticismo de Brasília, outro fato que também chama a atenção de todos é a sua localização, conforme se vê a seguir.

O fenômeno “Águas Emendadas” Brasília foi edificada a cerca de 50 quilômetros de um local chamado de “Águas Emendadas”. É uma região de paisagem montanhosa que serve de nascentes de vários rios que correm para o norte, nordeste e sul do país.

De Uma Mesma Lagoa, Dois Córregos Correm Em Sentido Contrário. Um Para O Norte e o Outro Para o Sul do País

A fonte é a mesma. Só que de uma mesma lagoa nascem dois 66

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córregos que correm em direções contrárias. O “Córrego Brejinho” e o “Córrego Vereda Grande”. O “Córrego Brejinho” segue em direção ao sul do país. Suas águas juntam-se ao “Córrego Fumal”, depois desaguam no “Rio Pipiripau”, que por sua vez conflui com o “Rio Mestre d’Armas”, formando o “Rio Bartolomeu”. Mais adiante desaguam no “Rio Corumbá”, que por sua vez desagua no “Rio Paranaíba”, principal afluente do “Rio Paraná”, um dos formadores da “Bacia do Prata”. O “Córrego Vereda Grande” segue rumo ao norte, desagua no “Rio Maranhão”, que por sua vez deságua na “Lagoa da Barragem Serra da Mesa”, cujas águas fluem para o “Rio Tocantins”, que se junta ao “Rio Araguaia” e deságua no “Oceano Atlântico”, já na foz do “Rio Amazonas”.

Águas emendadas. Nascedouro das duas maiores bacias hidrográficas da América Latina Conclui-se, portanto, que os “Córregos Brejinho e Vereda Grande”, originários das águas emendadas, são, na verdade, as nascentes das duas maiores bacias hidrográficas da América Latina, a Bacia Amazônica e a Bacia Platina. E, não muito distante dalí, na direção da cidade de Unaí, já no Estado de Minas Gerais, começa a “Conexão São Francisco”, cujas águas vertem para o “Rio São Francisco”, que por sua vez deságua no “Oceano Atlântico”, na Região Nordeste do país.

A Estação Ecológica Águas Emendadas A  Estação Ecológica Águas Emendadas  é uma área de 10.547 hectares, criada em 1968. A UNESCO declarou, em 1992, que se trata de uma área nuclear da Reserva da Biosfera do Cerrado. Com isto, a fauna e a flora da região encontram-se completamente protegidas. Apenas

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cientistas interessados em estudar a região conseguem licença para entrar no local.

Brasília, uma Miscigenação de Raças e de Brasileiros. Desde que Brasília começou a ser construída, levas de brasileiros de todas as regiões do país foram para lá, em busca de uma nova oportunidade. A maior parte veio da Região Nordeste do Brasil, trazendo consigo, além da esperança de dias melhores, o seu jeito de falar, os pratos típicos, as indumentárias e a cultura, na tentativa de amenizar a saudade de sua terra. Eram os chamados “candangos”, herois anônimos, homenageados com um monumento exposto em local público na Nova Capital. Hoje, Brasília transformou-se num aglomerado composto de brasileiros de todos os Estados, de turistas de todo o mundo e de mais de uma centena de representações diplomáticas que lá se instalaram, para tratar dos interesses de seus respectivos Países. A concentração de poder em Brasília é tamanha que dificilmente poderá ser explicada. Estão sediados na Capital Federal, os Três Poderes da República (executivo, legislativo e judiciário), exército, marinha e aeronáutica, a maioria das empresas estatais brasileiras, Banco Central do Brasil, Banco do Brasil, S.A, Caixa Econômica Federal, Secretaria da Receita Federal e mais de uma centena de órgãos que não me recordo no momento. É de lá que partem todas as decisões que modificam a vida do cidadão brasileiro. Não é aleatório que o custo de vida em Brasília é um dos maiores do Brasil, ou, quiçá, o maior de todos. O metro quadrado nas áreas nobres da cidade chegou a números astronômicos.

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O alto poder aquisitivo do funcionalismo público dos diversos escalões do governo, a dobra dos salários de quem optou por residir em Brasília no início e a falta de moradias, foram as principais causas da elevação dos preços na Capital Federal.

Frases interessantes Ouvidas em Brasília A convivência do cidadão comum com todo esse aparato de autoridades gerou frases interessantes, tais como: Brasília tem mais caciques do que índios”. E é a mais absoluta verdade. Quase todo mundo que vive lá é autoridade. Daí a razão da comparação. Outra expressão comum na cidade é: “sabe com quem você está falando?”. Isto fez com que o trato com as pessoas locais fosse feito com bastante cautela.

Brasília! A Torre de Babel dos Brasileiros! Noventa por cento dos cidadãos brasilienses vieram de outros Estados brasileiros. Isto se percebe até mesmo nos encontros casuais. Em cada dez pessoas reunidas, dificilmente encontramos duas de uma mesma região. Durante os nove anos que residi em Brasília, pude perceber, claramente, essa característica da população local. O desfile de autoridades em todos os lugares públicos era uma constante. Tudo lá acontecia primeiro, para depois repercutir no restante do País. Na época do Plano Collor, por exemplo, aquele que congelou todo o dinheiro da população, os gerentes de agências do Banco do Brasil, S.A, de todo o País, telefonavam com freqüência para a Direção Geral em Brasília, onde o autor se encontrava, pedindo orientação para

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resolver os problemas gerados em sua área de ação com a mudança de regras. Era baiano atendendo gaúcho. Goiano atendendo cearence. Mineiro atendendo pernambucano e assim por diante. Cada um com o seu sotaque. A pequena amostragem acima dá-nos uma idéia do que acontece nos Ministérios e nas demais Repartições Federais lá sediadas. E a Alta Administração do Banco do Brasil, S.A, tinha plena consciência de tudo isto. Todos os cursos por ela ministrados eram compostos de, no máximo, três funcionários convocados em cada Estado do Brasil. O Banco assim procedia para estimular a troca de experiência entre as diversas regiões do País. Os debates em sala de aula visavam promover o crescimento pessoal de cada um. Os mais preparados pinçavam os menos experientes para o centro das questões debatidas, transmitindo-lhes as experiências de sua região. Todos, experientes ou não, tinham algo a oferecer aos demais participantes do certame. O método aplicado nos cursos do Banco era bom para todos. Os trabalhos realizados fora da sala de aula também eram feitos em grupos de, no máximo, cinco pessoas. No final dos cursos, cada funcionário voltava para a cidade de origem, levando consigo um grande volume de metodologias de trabalho, para ser aplicado no encaminhamento dos negócios da empresa. Com isto lucravam os clientes, a empresa, os funcionários e o próprio País.

A Primeira Criança Nascida no Dia da Inaguração de Brasília No dia da inauguração de Brasília, começou a contagem

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regressiva para saber qual seria a primeira criança a nascer naquela importante data. A espera foi angustiante na porta de um hospital improvisado. As condições não eram boas. A noite estava chuvosa. Um médico entra apressado e, pouco tempo depois, espalha a notícia. Brasílio Franklin Queiroz, um menino, tinha nascido naquele exato momento. Era o primeiro cidadão oficialmente nascido na Nova Capital. A festa do lado de fora foi tão grande que culminou com o Presidente Juscelino Kubtischek batizando o récem nascido. “Brasílio”, também chamado de “Brasil”, foi o primeiro cidadão brasiliense de fato. Tal como acontece com Brasília, ele também completou 52 anos de idade este ano. É o testemunho vivo de um dos acontecimentos mais importantes do Brasil. Pinçado do isolamento em que se encontrava para o mundo das celebridades, Antônio Soares Neto desde o início teve que conviver com a nova situação, de acordo com o seu modo de vida adquirido na cidade de Jataí e depois em Goiânia, no Estado de Goiás. Humilde, trabalhador, cumpridor de seus deveres e muito dedicado à sua família, Antônio Soares Neto procurou conviver com a fama dentro dos padrões de normalidade. Homonageado em todo o País, pela sua participação no ideário de construir Brasília, mudando a Capital Federal para o Planalto Central, ele sempre fez questão de comparecer a todos os eventos, retribuindo, dessa forma, as homenagens recebidas. Guarda com carinho fotos, diplomas recebidos, revistas e recortes de jornais, em que aparece sendo homenageado e atende com muita simpatia todos que o procuram para melhor conhecer os detalhes de tão importante acontecimento. Vejam nas páginas que se seguem a sequüência de fotos, diplomas e recortes de jornais pertencentes ao

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seu arquivo pessoal.

Hoje, com 87 de idade, Antônio Soares Neto é advogado e reside em Goiânia, Capital do Estado de Goiás. Todavia, pelo amor que sempre dedicou a Jataí, sua cidade natal, ele continua mantendo a casa residencial onde morava e lá passa parte de seu tempo, juntamente com a sua esposa, filhos e netos. As homenagens por ele recebidas, as fotos, os recortes de jornais, os livros escritos por Juscelino Kubitschek, são o testemunho vivo de sua participação em tão importante acontecimento. Eis nas páginas que se seguem, alguns documentos e imagens por ele gentilmente cedidos para compor o presente trabalho:

1ª FOTO: Lembra o momento que JK mandou chamar o jovem que o havia desafiado a mudar a Capital Federal para o Planalto Central de

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Goiás, durante o almoço no Joquei Clube de Jataí, no dia 04.04.1955.

2ª FOTO: Lembra o encontro de Antônio Soares Neto com JK no dia da inauguração de Brasília, em 21.04.1960.

3ª FOTO: Lembra a terceira visita de JK à cidade de Jataí, durante a sua campanha como Candidato a Senador pelo Estado de Goiás, em maio

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de 1961.

4ª FOTO: Lembra a cerimônia de colação de grau de Bacharel em Direito, pela Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas, em Goiânia, Estado de Goiás.

5ª FOTO: Diploma por sua participação “no despertar de um sonho”,

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expedido pela “Federação do Comércio de Brasília-DF, em 16.07.1984.

6ª FOTO: Diploma da Medalha Presidente Juscelino Kubitschek, expedido pelo Estado de Minas Gerais, em 12.09.1998.

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7ª FOTO: Diploma de Sócio Honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, em Brasília, DF, em 11.08.1999.

8ª FOTO: Diploma de Cidadão Honorário de Brasília, expedido pela

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Câmara Legislativa do Distrito Federal, em Brasília, DF, em 19.04.1999.

9ª FOTO: Visita de Antônio Soares Neto a Brasília, DF.

10ª FOTO: Homenagem recebida em Diamantina, Estado de Minas Gerais, na presença do Governador do Estado Sr. Eduardo Azeredo, em

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1998.

11ª FOTO: Visita ao Ex. Senador José de Alencar, em 09.12.2002.

12 ª FOTO: Diploma de Honra ao Mérito expedido pela AGI Associação

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Goiana de Imprensa, em Goiânia, em 10.09.2002.

13ª FOTO: Diploma recebido do Governador do Distrito Federal, Grão-Mestre da Ordem do Mérito Brasília, promovendo Antônio Soares Neto ao grau da mesma ordem, por decreto de 24 de abril de 2002.

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14ª FOTO: Homenagem recebida no Governo Fernando Henrique Cardoso, durante as comemorações do centenário de JK, em Brasília, DF, em 09.12.2002.

’15ª FOTO: Homenagem recebida da Academia do Mérito do

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Empreendedor Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília-DF.

16ª FOTO: Homenagem de Honra ao Mérito, na Semana JK 95, recebida na cidade de Americana, Estado de São Paulo, em 04.04.1995.

17ª – FOTO: Diploma da “Ordem do Pioneiro de Brasília”, admitindo Antônio Soares Neto, no Grau Hierárquico de Grã Cruz, em seu Quadro de Agraciados, em Brasília, DF, em 21.04.2006.

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18ª FOTO: Foto “Eu amo Jataí”, mostrando o Parque Ecológico JK, bem como o Memorial JK de Jataí, ao fundo.

19ª FOTO: Foto do Lago JK, em Jataí, mostrando a Roda D’Água utilizada numa serraria que beneficiou Perobas Rosas da região, utilizadas na construção de Brasília.

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20ª FOTO: Título de Honra do Mérito expedido pela “Câmara Municipal de Jataí”.

21ª FOTO: Cruz do Mérito do Empreendedor Juscelino Kubitschek, outorgando o grau cavalheiresco de “Comendador”, da cidade de Araxá, Estado de Minas Gerais, em 09.09.2010.

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22ª FOTO: Diploma de Medalha do Mérito JK 108, expedido pela Academia Internacional de Cultura, em Brasília, DF, em 16.09.2010.

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23ª FOTO: Medalha do Mérito Legislativo “Pedro Ludovico Teixeira”, pelos relevantes serviços prestados ao Estado, concedida pela Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, em 17 de setembro de 2012.

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Como se vê, o País todo vem homenagendo o ilustre cidadão jataiense o hoje advogado Dr. Antônio Soares Neto, reconhecendo a importância de sua participação na mudança da Capital Federal para o Planalto Central do Estado de Goiás. Agora, cabe a cada um de nós jataienses vivificar o ocorrido por todos os meios que estiverem ao nosso alcance. Conclamo aos conterrâneos que têm o dom da escrita, que façam algo a respeito do assunto, dignificando a pessoa de Antônio Soares Neto, o Toniquinho JK, para que o seu feito não caia no túnel do esquecimento. Eu, particularmente, penso que fiz a minha parte, transcrevendo nestas poucas páginas, tudo o que sei e encontrei a respeito da matéria.

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Conclusão  Antes de concluir o presente trabalho, quero esclarecer que o mesmo foi elaborado com a finalidade de:

a) preservar a memória nacional, divulgando fatos que porventura não foram abordados nos milhares de livros e revistas já escritos sobre o assunto, e

b) dar mais vida ao notável questionamento feito pelo jovem Antonio Soares Neto (Toniquinho JK), ao então candidato a Presidente do Brasil Sr. Juscelino Kubistchek, que culminou com a construção da Nova Capital Federal no Planalto Central de Goiás e transformou o Brasil num país emergente.

E, como não poderia ser de outra forma, a cidade de Jataí, no Estado de Goiás, serviu de cenário para que tal fato ocorresse. “Conforme se pode notar, estamos diante de um acontecimento inédito, que a história não pode ignorar. E cabe a cada um de nós mantermos essa chama acesa, para que ela nunca se apague”.

Atendendo ao pedido feito pelo Sr. Antônio Soares Neto (o Toniquinho JK), cópia deste humilde trabalho está sendo encaminhada:

a) à “Casa de Juscelino”, com sede na Rua São Francisco, nº 241, Centro, CEP 39100-000, Telefone: (38) 3531-3607, na cidade de Diamantina, Estado de Minas Gerais, para compor o acervo histórico do grande homem que foi Juscelino Kubitschek de Oliveira, natural daquela cidade. Tenho a absoluta certeza de que, lá no plano superior onde se encontra, ele continua admirando a grande obra que realizou aqui na Terra, em favor de todos os brasileiros; 87

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b) ao “Memorial JK de Brasília, Distrito Federal”;

c) ao “Memorial JK de Jataí, no Estado de Goiás”, e, por uma questão de justiça, d) ao ilustre conterrâneo o advogado Dr. Antônio Soares Neto (o Toniquinho JK), residente em Goiânia, no Estado de Goiás, um dos principais arquitetos da ideia que desencadeou a Construção de Brasília no final da década de 1950 e a bem sucedida mudança da Capital Federal para o Planalto Central.

Ficam aqui registrados os meus agradecimentos:a) A todos aqueles que tiveram o interesse e a paciência de ler todo o conteúdo deste documento, relembrando fatos que já estão cansados de vê-los no quotidiano, nos noticiários de jornais, nos livros e nas televisões;

b) Ao Sr. Antônio Soares Neto (Toniquinho JK), pelo material que me enviou, tão logo soube do presente relato. Sua ajuda foi de um valor inestimável para enriquecer o meu trabalho, fazendo com que a verdade fosse restabelecida, onde por desconhecimento de detalhes encontrava-se omissa. A grandeza de seu caráter denota a responsabilidade que carrega a partir do dia que desafiou Juscelino a construir Brasília. Não fosse o seu questionamento, a mudança da Capital Federal para o Planalto Central teria sido postergada “sine die”, como já vinha acontecendo a mais de 200 anos do nascimento da idéia;

c) À Gercinda, minha esposa e incansável companheira de todos os tempos, a minha gratidão. Se não fosse o seu espírito de luta, coragem e

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dedicação, eu não teria me aventurado na busca de melhores condições de vida em regiões distantes;

d) Aos meus filhos Cláudio, Adriano e Fabrício, bem como, à minha neta Ana Clara, razões de minhas constantes aventuras, o meu respeito;

e) Às minhas noras Carla e Renata, o meu muito obrigado por fazerem os meus filhos felizes;

f ) Aos meus irmãos Daniel (in memoriam), Laídes, Leví (in memoriam), Lázaro, João Batista, Maria Inácia, José Carlos e Luiz Brás, obrigado por ajudar-me a formar uma família de verdade. Que Deus os conserve sempre assim;

g) Ao meu falecido pai João Fagundes de Souza, exemplo de trabalho e humildade, as minhas homenagens, e,

h) Com especial carinho, à minha falecida mãe Prudenciana Rosa de Lima, principal responsável pelo crescimento profissional, ético e moral meu e de meus irmãos. Que Deus a tenha ao lado dos justos! Sua presença em nosso meio sempre foi considerada “uma lição de vida”. E, parafraseando Machado de Assis, tenho a mais absoluta certeza de que lá no plano superior onde ela se encontra, sua luz continua servindo de farol para mostrar a rota que devemos seguir “nesses grandes mares gelados para onde navegamos todos”.

Leiser Lima de Souza- Rua Coronel Constantino, 145- Bairro Tabajaras- CEP 38400 – 222 – Uberlândia – Minas Gerais- Telefones: (034) 3236.5438 // (034) 9992.2544- e-mail: [email protected]

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NOTAS DO AUTOR

Leiser Lima de Souza trabalhou na Farmácia Drogassis, em Jataí, em 1957. Entre 1958 e 1959, na Casa Peter, de propriedade do já falecido Pedro Carlos do Prado. Daí, com a ajuda de seu irmão mais velho Daniel e de um ex-colega do ginásio Wilson Veado Filho, foi admitido no Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais S/A, cujo gerente era o Sr. José Sebastião Soares, conhecido como Zé do Banco. José Sebastião Soares hoje é um dos donos da firma Irmãos Soares, especializada em materiais de construção. O Bancomércio, como era conhecido na época, foi encampado pelo Banco da Lavoura de Minas Gerais S/A, que por sua vez incorporou-se ao já extinto Banco Nacional S/A, o Banco do Guarda Chuva, de propriedade do Ex-Governador de Minas Gerais, Sr. Waldomiro Magalhães Pinto, também já falecido. Durante os três anos que trabalhou no Bancomércio, preparou-se para prestar concurso no Banco do Brasil, S/A, onde foi aprovado em segundo lugar, juntamente com o seu colega de estudo Lázaro Antônio Batuíra, e, aproveitado lá mesmo em Jataí, tendo tomado posse no novo serviço, ficando apto a exercer quaisquer cargos comissionados. O primeiro desses cargos foi na função de Investigador de Cadastro. Daí por diante, exerceu a função de Ajudante de Serviço. Casou-se com Gercinda Monteiro de Souza e assumiu a Chefia da Carteira Agrícola do Banco do Brasil, S/A, em Inhumas. Mais tarde assumiu a função de Coordenador de Bateria de Caixa lá mesmo, ocasião em que passou a substituir o Subgerente da Agência. Em 1975, foi nomeado Subgerente da Agência de Quirinópolis e lá permaneceu por 3,5 anos, onde teve a oportunidade de substituir o Gerente da Agência por vários meses. Ainda em Inhumas, iniciou o curso vago de Direito, na Faculdade de Direito de Uberlândia, do saudoso professor Dr. Jacy de Assis. Esse curso foi concluído antes de sair da cidade de Quirinópolis, com muita perseverança e sacrifício, pois, não dispunha de tempo suficiente para estudar toda a matéria exigida. Por isso, estabeleceu horários entre 19:00 e 22:00 horas, de segunda a sexta-feira. Nos sábados, domingos e feriados, estudava o dia inteiro. Isto durou cerca de cinco anos. Além dessa meta, estabeleceu outra, para fazer o Curso de Estágio Frequentado em Uberlândia, que durou dois anos, ou seja, entre 1977 e 1978. Esse estágio exigia frequência máxima, admitindo apenas duas faltas no decorrer dos dois anos. E isto foi cumprido. A única falta que teve nesse período foi para assistir o casamento de seu irmão mais novo Luiz Braz de Souza, em 1978. Isto sem falar nas 64 viagens que teve de fazer entre Quirinópolis e Uberlândia, num percurso de 350 kms de ida e 350 kms de volta, sendo parte destes em estradas de terra, com muita poeira durante a seca e muito barro durante as chuvas. Essas viagens eram iniciadas às 03.00 horas da madrugada de sábado e finalizadas entre 01:00 e 2:00 horas da madrugada de domingo. O percurso durava 5 horas e éramos sempre os primeiros a chegar à faculdade. Bacharelou-se em direito no dia 10 de março de 1979. Leu todos os livros recomendados no curso de graduação em direito e no estágio, além dos resumos feitos por colegas de faculdade, que eram vendidos e remetidos pelo Correio. Tinha o hábito de resumir os livros que lia, para facilitar nas épocas das provas. Participou de vários cursos ministrados pelo próprio Banco do Brasil S/A, em Brasília, tendo como

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mestres professores da UNB e alguns do Rio de Janeiro e São Paulo. Adquiriu noções básicas de economia, administração, direito, estatística, grafoscopia, datiloscopia, mercado de capitais, câmbio, comércio exterior, organização administrativa, entre outras. Assim que terminou a Faculdade foi nomeado Gerente Adjunto da Agência do Banco do Brasil S/A, em Montes Claros, Minas Gerais, para onde foi logo a seguir. Lá permaneceu por três anos, sendo que, a maior parte desse tempo, passou na Gerência. Ajudou a construir a nova sede da Agência, com capacidade para 150 funcionários e o Centro de Computação do Banco em Montes Claros (CESEC), com capacidade para 150 funcionários. Em 1982, mudou-se para Brasília e lá permaneceu por oito anos consecutivos. Exerceu cargos de Chefia na Agência Central, inclusive na Tesouraria local, que era enorme. Depois, passou a trabalhar no DENAI – Departamento de Normas Agrícolas e Industriais e no DENOP – Departamento de Normas Operacionais, ambos do Banco do Brasil, S/A, órgãos da Direção Geral. Lá permaneceu até se aposentar, em setembro de 1990. No final desse mesmo ano, mudou-se para Uberlândia, onde mora até hoje. Exerceu a função de advocacia entre 1996 e 2005, especializando-se em direito de família, inventários, condomínios e em direito trabalhista. É pai de quatro filhos. O mais velho destes nasceu morto. Atualmente curte uma neta que se chama Ana Clara, a única que tem e cuida dos interesses da família.

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