Caderno de Direito Processual Civil I

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130Direito Processual Civil I Clarissa Diniz Guedes

CADERNO DE PROCESSO CIVIL I

Profa: Clarissa email: [email protected]

Avaliao

1 TVC: 100 pts 21/set

2 TVC: 100 pts 09/nov

Questionrios semanais: 40 pts extras

3o TVC: 23/en se precisar

Bibliografia:

Fredie Didier. Humberto Teodoro Jnior Moacir Santos Alexandre Freitas Cmara (a profa acha que o autor tem posies s dele).

Preferncias da professora:

Luis Guilherme Marinoni. Leonardo Greco. Candido Rangel Dinamarco Fredie Didier

A RELAO JURDICA PROCESSUAL

1) Importncia do estudo

A relao jurdica um conceito importante porque ao lado de sua criao h uma correlao com o seu desenvolvimento do direito processual. Alm disso, hoje inquestionvel que a relao jurdica processual integra o processo, que o mtodo utilizado pelo Estado para o exerccio da funo jurisdicional.

2) Evoluo do processo e correlata compreenso da relao jurdica processual

a. Fase sincrtica

Na fase do sincretismo, o direito processual era tido como parte integrante do direito material. No era considerado autnomo. A ao era entendida como mera inflamao do direito subjetivo violado.

b. Fase autonomista ou conceitual > a partir da metade do sc. XIX (Blow)

Com o desenvolvimento dos pressupostos processuais e das excees, teoria elaborada por BLLOW, e das teorias da ao, passou-se a entender a relao processual de maneira autnoma, independente da relao jurdica material. Era a chamada fase autonomista.Na fase autonomista deu-se muito valor a relao processual, esquecendo-se que ela tem o objetivo de servir como instrumento para resolver as relaes materiais. Apesar da autonomia, no existe uma relao jurdica processual seno para resolver uma relao jurdica material.O processo uma forma de atuao estatal, atravs da qual h o exerccio da funo jurisdicional, normalmente exercida pelo Poder Judicirio. Na fase autonomista, apesar de no ser monopolizada pelo Estado, a jurisdio passou a ser um poder-dever do Estado. O Estado avocou o poder de dizer o direito. No monopolizado porque h, por ex, a arbitragem, a mediao, etc. Caso as partes queiram resolver o litgio pela via judicial, o Estado tem o dever de resolver os conflitos.Na fase autonomista, enfim, a relao processual autnoma da relao material. Isso porque a relao material narrada em juzo (ex: locao) comporta um sujeito ativo e um sujeito passivo, que no necessariamente so os mesmos que figuram na relao processual.

c. Fase teleolgica ou instrumental > ver Dinamarco

Passou-se a ter uma preocupao maior com as garantias e com as finalidades do processo. Deixou-se de lado os aspectos conceituais e passou-se a dar nfase nos resultados. Entrou-se, assim, na fase teleolgica.Nessa fase, continuou-se dando proeminncia para a relao processual entre os sujeitos. Embora o processo tenha 2 lados: intrnseco (relao processual) e extrnseco (procedimento).A maioria dos autores d maior importncia para a relao processual, esquecendo-se do procedimento. Um dos poucos que d nfase ao procedimento Fazzalari, chegando a dizer que o processo um procedimento em contraditrio.A professora mostra que o procedimento importantssimo, pois, por ex, so importantes os prazos para recursos, as formalidades da petio, etc. Ou seja, o aspecto formal do processo (procedimento) precisa ser mais valorizado. O CPC atual, por ex, no permite que o juiz altere os prazos processuais. Isso mostra a importncia do procedimento.

d. O formalismo valorativo

O processo e suas faces e a proeminncia da relao processual na doutrina: viso crtica

Carlos Alberto lvaro de Oliveira e Dierle Nunes equiparam o procedimento em importncia a relao processual. Eles deixam de entender o procedimento como mera sucesso de atos sem carga valorativa, passando a valorar os atos. Essa a fase atual do estudo do processo, chamada fase do formalismo valorativo.A professora ressalta a importncia do procedimento. No se pode dar importncia apenas s relaes entre os sujeitos no processo, mas se deve dar a mesma importncia aos atos (procedimento). Ex: o ru pode reconvir quando for citado. E a reconveno ser apresentada concomitantemente contestao, sob pena de precluso. Mas ela ser apresentada em pea separada, com as mesmas condies da ao. A jurisprudncia atual entende que se o ru reconvir no mesmo documento da contestao, observando as condies da ao e deixando claro que se trata de uma reconveno, no pode ser descartada pelo juiz. Isso mostra a supresso de formalidades legais, demonstrando a valorao que se d ao procedimento.

3) A relao jurdica processual autnoma:

> Estado: sujeito> Partes: descoincidncia com a relao material> Objeto: o pedido de tutela jurisdicional

O processo civil brasileiro no cuida somente das questes entre particulares, mas de todas as relaes entre particulares e entre particulares e o Estado que no pertenam as justias especiais e no-penais. No h o contencioso administrativo, que uma justia especial para julgar as relaes nas quais o Estado participa.Mesmo que o Estado participe da relao processual, os sujeitos da relao processual sero distintos daqueles da relao material. Isso porque na relao processual o Estado/juiz tem o dever de exercer a funo jurisdicional. Assim, se algum rgo estatal participa como sujeito da lide de algum processo, ser o rgo judicial o responsvel pela sua composio, no havendo confuso entre os sujeitos da relao processual.A despeito das discusses se o Estado ou no sujeito passivo das relaes processuais, o importante entender que o Estado/juiz participa delas com a responsabilidade de compor lides, dizendo a vontade da lei para cada caso concreto.A ao um direito subjetivo pblico exercido contra o estado para que este exera a tutela jurisdicional e exercido tambm contra o ru, para que este satisfaa a pretenso do autor.O importante entender que o processo traz posies jurdicas para os sujeitos do processo. No h coincidncia entre as posies jurdicas pretendidas pelas partes. Isso quer dizer que o autor, sujeito ativo do processo, que se alega credor, sujeito ativo da relao material, no necessariamente o ser. Isso demonstra a autonomia entre a relao processual e a relao material. O objeto primordial do processo a entrega da prestao jurisdicional, que ser um provimento jurisdicional que se busca, ao passo que o objeto da relao material o prprio bem da vida. Os objetos so diversos, o que demonstra a autonomia entre a relao processual e a relao material. Essa autonomia que levou a nfase na relao jurdica processual. A relao processual e o carter dinmico

O processo algo abstrato, logo o que se v no o processo, mas so os autos do procedimento. Os autos so o corpo fsico, a materialidade dos documentos que corporificam os atos praticados. A relao processual dinmica, no sentido de que as situaes jurdicas das partes nem sempre vo estar estanques, pelo contrario, elas variam o tempo todo. Ex: na reconveno, o ru passa a ser autor e o autor originrio passa a ser ru. Alm disso, a relao processual pblica e autnoma. Pblica porque sempre haver a presena do Estado como responsvel no objetivo final do processo: dar um fim na relao jurdica material conforma vontade da lei. Autnoma porque no se confunde com a relao jurdica material.

Fora motriz do processo: imperativo do prprio interesse (nus processual)

O dinamismo da relao processual tem como fora motriz a participao das prprias partes, a partir dos nus processuais. O nus um imperativo do prprio interesse. Ele pode ser perfeito (ex: se o autor no recorrer, a deciso no ser alterada) ou imperfeito (ex: nus da prova, se o autor no apresentar a prova, esta pode ser dada por outro que no o autor).

Outras situaes jurdicas:

Faculdades a faculdade uma liberdade, possibilidade de atuao das partes no processo. Ex: CPC, art. 154 uma liberdade.

Deveres so obrigaes para satisfazer interesse alheio, sendo o descumprimento gerador de sanes. O descumprimento do nus no caracteriza ilicitude. Ex: no necessrio recorrer, produzir provas, etc. J o descumprimento do dever um ato ilcito. O dever serve para satisfazer o interesse do Estado ou alheio. O descumprimento do dever gera uma sano (ex: multa) ou uma imposio (ex: obrigado a fazer algo).

Sujeies so as submisses as outras situaes jurdicas.

Poderes Direitos

PARTES E TERCEIROS NO PROCESSO CIVIL

- O conceito de parte:- doutrina clssica- Liebman

De acordo com a doutrina clssica, baseada em Chiovenda, parte todo aquele que deduz uma pretenso em juzo e contra quem se deduz uma pretenso em juzo. Partes seriam, portanto, apenas autor e ru. Todos os demais sujeitos participantes do processo seriam terceiros, mas no partes.Liebman desenvolveu um conceito diferente, que no necessariamente se restringe a autor e ru. Partes seriam os sujeitos parciais que participam do processo em contraditrio. Esse conceito engloba tanto autor e ru, como terceiros.

- a importncia do conceito: art. 472, CPC

A importncia do conceito de parte poder diferenciar terceiros, o que importante para se determinar os reflexos da coisa julgada.Com a definio de Liebman (parte aquele que participa do processo), pode-se entender que outras pessoas alm de autor e ru esto abrangidas pelos efeitos da coisa julgada. Isso porque o art. 472, CPC diz que a coisa julgada tem efeitos sobre as partes. Assim, dependendo do conceito adotado, os efeitos dar-se-o sobre pessoas diferentes: para a doutrina clssica, partes so apenas autor e ru; j para Liebman, partes so autor, ru e terceiro participante do processo.Ex: fiador que no tem um benefcio de ordem. Ele no o devedor principal, mas apenas se o ru devedor no tiver bens suficientes para pagar. Assim, o fiador pode ter interesse em participar do processo de uma ao de cobrana, auxiliando o devedor principal. Ele pode se valer de um instituto de interveno de terceiros chamado de assistncia simples (veremos adiante).Ex: assistente litisconsorcial. A partir do momento em que entra ao processo, ele no passa a auxiliar o assistido, mas defende tambm direito prprio, logo se discute se ele tambm parte.O importante saber que, dependendo do conceito adotado, modifica-se as pessoas que sofreram os efeitos da coisa julgada. Se se adotar o conceito de Chiovenda, a expresso parte do art. 472 abrange apenas autor e ru. J se for adotado o conceito de Liebman, o conceito de parte abrange autor, ru e terceiro interveniente (ex: assistente simples).Liebman diz que h partes principais (autor e ru) e partes secundrias ou acessrias (terceiros intervenientes). J para Chiovenda, no h essa diviso, apenas autor e ru so partes.A professora conclui que a noo clssica definiu partes, mas para efeitos da coisa julgada, deve-se considerar aqueles que participaram do processo em contraditrio (autor e ru) e eventualmente aceitar as partes acessrias (terceiros intervenientes).

- conceito exclusivamente processual?

Existe a discusso da dicotomia entre parte processual e parte material. Vimos que a autonomia da relao processual leva possibilidade das partes processuais serem diferentes das partes materiais.A doutrina diz que no h relevncia para o processo em definir o que parte processual e o que parte material. O importante entender quem deduz a pretenso (autor) e contra quem se deduz a pretenso (ru). Parte, ento, ser sempre processual.Embora esteja claro que o importante entender que partes so autor e ru, h situaes em que importante a diviso entre parte processual e parte material.Quando se est diante da substituio processual, que legitimao extraordinria, em que se defende em nome prprio direito alheio, nesses casos a parte processual no se confunde com a parte material. Ex: MP ajuza ao para investigao de paternidade ele ser autor (parte processual); a parte material ser o menor. Assim, h uma descoincidncia entre parte processual e material. Nesse caso, no ser a parte processual que ser abrangida pelos efeitos da coisa julgada, mas sim a parte material.Assim, nem sempre a parte processual ser abrangida pelos efeitos da coisa julgada. Mas isso a exceo.Outra hiptese so as aes coletivas para a defesa dos direitos difusos (pertencem a todos e ao mesmo tempo a ningum). Ex: individuo no vai pleitear o direito de respirar ar puro. Isso porque um direito que lhe pertence, mas no exclusivamente. Ele no legitimado para pleitear um direito difuso. Para isso, h rgos que tem a competncia de defender esses direitos (ex: MP). Ex 1: MP ajuza ao contra indstria para despoluir um rio. Nesse caso, o MP parte processual, mas no ser parte material, que so todas as pessoas.Ex 2: associao de pescadores que defende os direitos dos pescadores (direitos coletivos) nesse caso a parte processual a associao. A parte material so os pescadores.A dicotomia parte processual e parte material importante, alm de definir aqueles que sofrero os efeitos da coisa julgada, para se analisar a litispendncia. Sabemos que ocorre a litispendncia quando duas causas so idnticas quanto s partes, pedido e causa de pedir, ou seja, quando se ajuza uma nova ao que repita outra que j fora ajuizada, sendo idnticas as partes, o contedo e pedido formulado.Quando se fala em idnticas as partes, deve-se entender estas como partes materiais. Assim, parte processual no pode ensejar litispendncia. Ex 1: ao do MP para que a empresa se abstenha de poluir o ar. Essa ao pode ser proposta pela prefeitura. Logo a parte processual muda, mas a parte material no muda. Isso ser litispendncia.Ex 2: ao de alimentos se a me ajuizar a ao, ela ser parte processual. Logo se j houver uma ao do MP, haver litispendncia, pois haver o mesmo pedido, a mesma causa de pedir e as mesmas partes. Isso porque o importante a parte material, que nos 2 casos ser o menor.

- as partes como pressuposto processual

Em geral, se diz que a presena das partes pressuposto processual de existncia.O processo conceituado como instrumento que possui elementos intrnsecos (relao jurdica) e extrnsecos (procedimento). Logo, como uma relao jurdica processual, entendida como uma relao trplice, costuma-se dizer que a presena das partes essencial para a existncia do processo e, portanto, seria um pressuposto de existncia.

- Pergunta: se no houve uma das partes no processo, o processo existiu? As partes so realmente um pressuposto inafastvel de existncia do processo? Ex: o juiz profere uma sentena sem se ter presente uma das partes. A sentena ser um ato inexistente?OBS: importante sempre ter em mente que quando se fala em relao triangular, os juristas utilizam-se do processo em que h litgio, um contencioso, uma contradio entre as partes. Assim, nesses casos, h um processo subjetivo. No se pode analisar, ento, os processos objetivos (ADI, ADC, ADPF, jurisdio voluntria).

A presena do ru garantida pela citao vlida. Alm disso, a citao vlida garante ao ru o direito ao contraditrio. O ru revel no perdeu o direito ao contraditrio, pois lhe foi garantido a possibilidade do contraditrio, ou seja, a potencialidade de se manifestar e de ter influencia na deciso. Se ele se tornou revel, foi por uma escolha dele. No lhe foi negado o direito ao contraditrio.Contudo, existem situaes em que se descobre que a citao invlida. Logo, o ru no revel, h uma pseudo-revelia. A doutrina divide os pressupostos do processo em de existncia e de validade. Dentre os pressupostos de existncia, est a existncia das partes. A inexistncia no produz efeitos jurdicos porque o ato est totalmente inbil, ele no possui os elementos mnimos para produzir efeitos. J a invalidade no produz efeitos porque o ordenamento estabeleceu que assim deve ser se o ato no satisfazer determinadas condies. No obstante, a professora acha que isso no pode ser visto de maneira rgida, pois no se pode falar que se faltar um dos pressupostos de existncia no haver processo. Deve-se analisar o tipo de pretenso deduzida em juzo para, s ento, definir realmente a indispensabilidade de um pressuposto processual de existncia.Assim, em algumas situaes, a presena do ru dispensada. Nesses casos, no se pode dizer que o processo ser sempre inexistente. O que importante entender que naqueles processos em que h a necessidade da presena de autor e ru, se no estiver presente o ru, a sim o processo ser inexistente. Ex: autor que deduz uma pretenso contra ru morto. A sentena ser inexistente.No caso da nulidade, todas as nulidades do processo so sanadas pela coisa julgada material. Existe excepcionalmente a ao rescisria, que permite o desfazimento da coisa julgada. Quando se fala que uma sentena nula, ela pode produzir coisa julgada, depois no podendo ser alterada. Pode passar a condio de anulabilidade excepcionalmente nos casos de ao rescisria. Quando se fala que uma sentena inexistente, ela no produz coisa julgada, logo ela pode ser mudada a qualquer tempo. Na hiptese do ru revel citado invalidamente ou que no tenha sido citado, o problema gravssimo e fere o contraditrio a tal ponto que alguns defendem que esta a nica nulidade que pode ser alegada a qualquer tempo (ver a nota de rodap da apostila). Feitas tais ressalvas, devemos entender ainda que, em princpio, as partes so pressupostos para o processo existir (pressuposto processual de existncia).

- capacidade das partes: - de ser parte- de estar em juzo- postulatria (art. 133, CF; lei 8.906; art. 37, CPC)- excees: > juizados especiais> habeas corpus> STF: Lei 9099 constitucionalidade

A capacidade de ser parte a capacidade de ser autor ou ru. Engloba a capacidade de direito, que se tem desde o nascimento, que diz respeito aptido para ter direitos e deveres. Possuem capacidade de ser parte no s as pessoas fsicas e jurdicas, mas tambm os entes despidos de personalidade jurdica, que a jurisprudncia e doutrina dizem que tem personalidade judiciria. So eles: massa falida (patrimnio que restou do patrimnio do morto), o condomnio, a sociedade de fato, etc..Assim, a capacidade de ser parte mais ampla que a capacidade de direito.O autor precisa ter capacidade de ser parte, pois se, por ex, ele tiver morto, no pode deduz uma pretenso.

A capacidade de estar em juzo pressupe a capacidade de ser parte e significa a capacidade de pleitear algo em juzo, de participar do processo. Alm da capacidade de direito, precisa da capacidade de fato (de exerccio), ou seja, aptido para exerccio dos direitos e deveres.Assim, os menores, os doentes mentais no possuem a capacidade de fato e, por conseguinte, no possuem a capacidade de estar em juzo. No tem a capacidade plena de exercer os atos da vida civil. Por isso, essa capacidade ser suprida pela representao ou pela assistncia. Assim, a parte precisa de um representante ou assistente para que tenha capacidade de estar em juzo. O menor continua sendo parte, mas depende do representante para suprir a capacidade de estar em juzo.

A capacidade postulatria a capacidade de postular em juzo, sendo prerrogativa do advogado. A CF fala que a advocacia funo essencial administrao da justia. Assim, qualquer parte que queira ir a juzo, precisa de um advogado, nico que possui capacidade postulatria. Excepcionalmente, a lei admite que o advogado seja dispensado, como, por ex, nos juizados especiais em que as causas no superem o valor de 20 salrios. Alis, foi proposta uma ADI contra essa previso legal da lei 9099, mas o STF considerou constitucional a dispensa de advogado.Na prtica, notrio que a falta de assistncia de um advogado muito prejudicial, pois as pessoas ficam desamparadas. preciso o auxlio de um advogado para que haja um efetivo acesso justia. A parte no consegue deduzir pretenso ou defesa e praticar os demais atos em juzo sem algum que conhea o direito (advogado).Em regra, s ter capacidade postulatria aquele que se formar em direito e estiver inscrito na OAB.Apesar da lei 9099 prever a dispensabilidade do advogado, ela prev tambm que o juiz pode advertir a parte sobre a convenincia da assistncia de advogado.Leonardo Greco defende que a dispensa de advogado nas causas de at 20 salrios mnimos pressupe a simplicidade da causa. Assim, ele defende que preciso fazer uma interpretao sistemtica, defendendo que, mesmo nas causas de at 20 salrios mnimos, caso estas sejam complexas, o juiz pode determinar a extino do processo sem a resoluo do mrito por falta da capacidade postulatria.

- a legitimadade ad causam- a teoria da assero: suficiente?

A legitimidade ad causam uma das condies da ao a pertinncia subjetiva mnima das partes, isto , a possibilidade da ligao da parte com a relao material. Ou seja, o autor deve demonstrar minimamente que ele tem a possibilidade de possuir o direito alegado por ele na citao inicial; e que o ru tem a possibilidade de ser o alvo dessa pretenso.O juiz deve fazer a seguinte pergunta: partindo do pressuposto que as alegaes na inicial sejam verdadeiras, possvel, em tese, que este autor obtenha essa tutela jurisdicional contra este ru? Quando o juiz faz essa pergunta, ele est analisando o mrito da causa, juridicamente o caso concreto. Esta a diferena entre os pressupostos processuais e as condies da ao: nestas, deve-se tangenciar o caso concreto; j aqueles so aspectos extrnsecos.Se o autor prope uma ao de divrcio contra uma mulher que ele tem uma unio estvel h anos, causa de falta de interesse de agir. Falta essa condio da ao. Se o autor prope uma ao de cobrana contra um devedor que na verdade no mais devedor, por ex, demonstrando que houve uma cesso de crdito e ele concordou com isso, o autor no pode propor ao, logo ele no tem legitimidade ad causam (condio da ao).Na inicial, ento, o juiz pode verificar se o autor tem direito contra aquele ru, sendo, portanto, uma prvia das condies da ao.A ideia acima exposta caracteriza a teoria da assero, segundo a qual o juiz, a partir do exame de meras alegaes contidas na inicial, verifica se o autor e ru so partes legtimas. Em outras palavras, a teoria da assero consiste no fato do juiz partir de uma assero (afirmao) do autor, para concluir se h legitimidade ad causam ou no.Essa anlise prvia do juiz pode ser complementada pela anlise de outros documentos existentes nos autos. A teoria da assero em si no suficiente. preciso essa complementao.

- legitimidade ordinria e extraordinria

A legitimidade ordinria, prevista no art. 6, CPC, diz que a parte defende direito prprio em nome prprio. Nem sempre a legitimidade ad causam conferia quele que o pretenso titular do direito alegado em juzo. Pode ocorrer, ento, uma descoincidncia entre a posio do sujeito na relao processual e na relao material.H casos em que a lei autoriza que se pleiteei direito alheio em nome prprio. a chamada legitimao extraordinria, prevista na ressalva do art. 6, CPC. Via de regra, a legitimao extraordinria ser uma substituio processual.Ex 1: MP entra com ao de investigao de paternidade. O MP ir defender em nome prprio um direito do menor > substituio processual.Ex 2: MP entra com ao declaratria de anulao de casamento. O MP no ir defender o direito do casal > no h substituio processual.Nesses casos, a parte processual no se confunde com a parte material. O ex 2 mostra que nem toda legitimidade extraordinria ser substituio processual, pois nesse caso o MP ser autor e os cnjuges sero rus. - diferena entre substituio e representao processual

A capacidade de estar em juzo capacidade de pleitear em juzo nem sempre plena. Por isso, necessrio uma complementao, que ser feita atravs do instituto da representao processual. Ex: menor impbere me, pai, tutor ou curador podero ser representantes. Nesses casos, o autor ser o menor. O representante apenas complementa a falta de capacidade de estar em juzo do menor.A substituio processual consiste na defesa em nome prprio de direito alheio. Ela est no campo da legitimidade extraordinria. O substituto ser autor ou ru da ao, ou seja, ser parte processual. O substitudo, em regra, ser a parte material da relao material.J a representao processual est no campo da capacidade de estar em juzo. O representante processual apenas complementa a falta dessa capacidade e, por isso, no parte. Esta ser o representado.Pode ocorrer uma legitimidade extraordinria concorrente, em que tanto o substituto quanto o titular do direito podem ingressar em juzo. Ex: MP e o menor (representado por sua me) podem ingressar com uma ao de investigao de paternidade.

- diferena entre sucesso e substituio processualNa substituio quem figura como autor ou ru o substituto. Em algumas hipteses, porm, o autor ou ru deixa de ter legitimidade ad causam ou capacidade de estar em juzo. Nesses casos, deve-se colocar outra parte no lugar, ocorrendo a chamada sucesso processual ou substituio de parte.Ex: sucesso causa mortis o autor da ao morre, deixando de participar da relao processual e, por isso, precisa que outra pessoa o substitua. No caso de morte, a sucesso processual acontecer com os herdeiros do de cujus. Os herdeiros no se valem da substituio processual, pois se o patrimnio j foi transferido para eles, esto defendendo direito prprio em nome prprio, logo no h em que se falar em legitimidade extraordinria, mas sim em legitimidade ordinria.Evidentemente, se o inventario do de cujus estiver aberto, quem substituir o esplio, representado pelo seu inventariante.A sucesso processual pode ocorrer entre atos entre vivos, mas depende da anuncia da outra parte. Ex: existe hiptese em que o bem est em litgio (bem litigioso). Se durante o processo, a parte decide alienar o bem, ela no pode simplesmente falar que no tem mais responsabilidade sobre o bem (no deixa de ter legitimidade ad causam). Assim, o alienante continua no processo defendendo em nome prprio direito alheio, ou seja, h a substituio processual. Porm, se a outra parte anuir, o comprador pode ingressar em juzo para defender direito prprio em nome prprio, ocorrendo a sucesso processual.Ex: Raissa entra com uma ao reivindicatria contra a Clarissa. Durante o processo, a Clarissa vende o bem. Ainda assim, ela responde pela ao da Raissa. Assim, h uma legitimidade extraordinria posterior, ocorrendo, neste caso, a substituio processual.

Questiona-se:

1) A existncia das partes a partir da citao um pressuposto de existncia do processo?

2) A falta das partes motivo da inexistncia do processo?

LITISCONSRCIO

- conceito

a pluralidade de partes no plo ativo (litisconsrcio ativo), no plo passivo (litisconsrcio passivo) ou em ambos (litisconsrcio misto).

Costuma-se dizer que no litisconsrcio h uma cumulao subjetiva de ao. Cada autor teria uma ao contra o ru. Se h rus diferentes, tem-se aes diferentes. Para se ter uma ao, preciso as partes, o pedido e a causa de pedir. Assim, se h partes diferentes, h aes diferentes.- fundamentos

O fundamento para existncia do litisconsrcio a economia processual. Alm disso, busca-se evitar decises contraditrias sobre o mesmo assunto, ou assuntos que sejam parecidos, conexos.

- espcies:

a) Quanto obrigatoriedade na formao

O litisconsrcio pode ser necessrio ou facultativo. Ser necessrio quando a lei ou a natureza jurdica da relao impe a obrigatoriedade de todos os participantes, sob pena de anulao sem resoluo do mrito.Ex: MP prope uma ao declaratria de anulao de casamento. Nesse caso, ser um litisconsrcio necessrio por imposio da lei e at pela natureza, pois obrigatrio que o casal participe.Ex 2: inventrio necessrio a presena de todos os herdeiros.Ex 3: ao de usucapio a lei determina que todos os confinantes (todos aqueles que possuem terreno que margeiem o imvel usucapido) participem da relao. Isso porque no faz sentido uma sentena que afete esses confinantes sem que eles tenham participado.O litisconsrcio facultativo aquele em que a formao fica na esfera de liberdade das partes. Ou seja, as partes tem a liberdade de form-lo ou no.

CPC, art. 46 litisconsrcio facultativo.

Inc. I o condomnio determina que o proprietrio pode entrar isoladamente ou todos podem entrar.Inc. II Inc. III Inc. IV trata da afinidade de questes fticas ou jurdicas. Essa afinidade no necessariamente se confunde com causa de pedir. Ex: 2 amigos ajuzam uma ao contra o provedor de internet. Cada um desses amigos tem um contrato separado. Se ambos pedissem a resciso do contrato, haveria identidade da causa de pedir e, por conseguinte, conexo entre as aes. Como a causa de pedir e o pedido so parecidos, eles podem entrar em litisconsrcio ativo.

OBS: No caso de litisconsrcio passivo necessrio, o autor deve obrigatoriamente pedir a citao de ambos, sob pena de extino do processo sem resoluo de mrito.

b) Quanto uniformidade da deciso

Conforme a unidade de deciso seja inevitvel ou no, o litisconsrcio pode ser unitrio ou simples. A unidade de deciso a obrigatoriedade do juiz proferir a mesma deciso para todos os litisconsorte.O litisconsrcio ser unitrio se a unidade da deciso for obrigatria, ou seja, a deciso igual para todos os litisconsortes. Se a deciso no precisa ser igual, o litisconsrcio ser simples.Ex: ao de anulao de casamento o litisconsrcio unitrio, pois a deciso a mesma para o cnjuge varo e a esposa.Ex: ao de usucapio U entra com uma ao de usucapio contra A, B, C e D. Na deciso, o terreno de B pode ser alterado um pouco do que foi proposto na ao, enquanto o terreno dos demais rus no. Assim, o litisconsrcio simples.

- litisconsrcio necessrio

A maioria da doutrina fala que o litisconsrcio necessrio ocorre somente no plo passivo do processo. Isso porque no h como obrigar ningum a ingressar em juzo e no se pode condicionar o direito daquele que quer propor uma ao a necessidade da propositura pelos demais. Desta forma, estar-se-ia limitando o direito de ao, previsto na CF (art. 5, XXXV).Entretanto, a professora acha mais adequado tomar o seguinte posicionamento: adotar a impossibilidade do litisconsrcio necessrio no plo ativo como regra geral, ressalvando, contudo, eventuais hipteses em que a excepcionalidade das circunstncias possa autorizar sua implantao.- litisconsrcio unitrio CPC, art. 47 faz uma confuso entre litisconsrcio unitrio e litisconsrcio simples. O art. 47 define litisconsrcio unitrio como litisconsrcio necessrio. Entretanto, devemos ter em mente que nem sempre o litisconsrcio necessrio ser unitrio e vice-versa, bem como nem sempre o litisconsrcio facultativo ser Ex 1: ao de usucapio um litisconsrcio necessrio e no-unitrio (a deciso no precisa ser uniforme para todos os litisconsortes).Ex 2: anulao de deliberao assemblear proposta por um s acionista. A maioria da doutrina fala que um litisconsrcio facultativo e unitrio, pois no h a necessidade dos outros acionistas ingressarem em juzo, bastando apenas que tomem conhecimento. A deciso ser uniforme para todos os scios.Ex 3: execuo de dvida de um dos cnjuges em que a penhora recaia sobre imvel do casal. Ambos os cnjuges tero que figurar na relao processual (art. 655, par. 2, CPC), mas cada qual poder obter sentena diferente. Ou seja, trata-se de um litisconsrcio obrigatrio e unitrio.

- litisconsrcio multitudinrioO litisconsrcio multitudinrio aquele em que h um excessivo nmero de litisconsortes na relao processual.A lei no prev uma soluo para os transtornos causados por um litisconsrcio multidudinrio obrigatrio. No caso do facultativo, o par. nico do art. 46, CPC fala que o juiz pode limitar o nmero de litigantes no litisconsrcio facultativo, quando o nmero de litisconsortes causar prejuzo ao andamento do processo ou a defesa dos direitos do juzo, determinando a distribuio do processo, criando vrios processos. Como, s vezes, impossvel faticamente a citao de todos, admite-se no ser necessria que o faa, sendo melhor que o juiz trate a causa como ao coletiva (essa a posio de Leonardo Greco). OBS: O litisconsrcio multitudinrio consiste em um litisconsrcio facultativo com nmero excessivo de litisconsortes, o que prejudica e dificulta a celeridade e a defesa processual. Diante disso, o processo poder ser dividido em outros processos, limitando-se, assim, o nmero de litigantes. A iniciativa da ciso poder ocorrer tanto por ato de ofcio do juiz como a requerimento do ru.A limitao somente poder ocorrer no caso de litisconsrcio facultativo, j que no litisconsrcio necessrio proibida tal limitao, pois a pluralidade de partes obrigatria, o que dispe o pargrafo nico do artigo 46, CPC. (Fonte: LFG)

c) Quanto posio

O litisconsrcio pode ser ativo, passivo e misto. O ativo se d quando h vrios autores; o passivo, quando h vrios rus; e o misto, quando h vrios autores e rus.

d) Quanto ao momento da formao

O litisconsrcio pode ser inicial ou ulterior.O litisconsrcio inicial aquele que surge no ajuizamento da ao. J o litisconsrcio ulterior aquele que surge depois de j iniciado o processo.Ex 1: na sucesso de partes, por ex, morre o autor e entram no processo 2 herdeiros > litisconsrcio ulterior.Ex 2: mediante uma das modalidades de interveno de terceiros. O MP ajuza a ao no interesse do menor, este pode posteriormente ingressar na ao como litisconsorte, ele vai se valer da assistncia litisconsorcial > litisconsrcio ulterior. Se, porm, o menor ajuizar a ao juntamente com o MP, ser litisconsrcio inicial.Ex 3: quando haja conexo de causas, estas devem ser unidas perante o juzo prevento. Assim, ocorrer litisconsrcio ulterior.Em sntese, as hipteses de litisconsrcio ulterior so: sucesso, interveno de terceiros e conexo de causas.

- tratamento dos litisconsortes: autonomia dos atos processuais

Via de regra, a lei determina que os atos praticados por um litisconsorte no pode afetar os demais, especialmente os atos que dizem respeito disposio de direito. Ex: se um autor desiste do processo, os demais no necessariamente o faro.H, portanto, autonomia dos atos processuais. Em geral, essa autonomia ocorre no litisconsrcio simples, ao passo que no litisconsrcio unitrio deve-se analisar se o ato praticado por um litisconsorte benfico ou prejudicial para os demais. Se for prejudicial, o ato ser ineficaz perante os demais; mas se for benfico, ser aproveitado por todos.Ex 1: ao de cobrana ajuizada contra 3 devedores. Digamos que a clusula sobre correo monetria da dvida igual para todos. Assim, o litisconsrcio unitrio. Se um dos litisconsortes fica revel, presume-se que os fatos alegados sejam verdadeiros. No se pode aplicar os efeitos da revelia para os demais. Assim, os atos prejudiciais praticados por um litisconsorte so ineficazes perante os demais.Ex 2: a contestao de um serve para aquele que ficou revel. A lei d a entender que no litisconsrcio simples no poder haver aproveitamento de atos processuais. A professora no concorda com isso.Ex 1: ao de indenizao por acidente areo as citaes dos autores podem ter fundamentos diferentes. Se um dos autores recorrer, a deciso gerar efeitos sobre os demais. Por isso, a professora acha que possvel que os atos sejam aproveitados se houver fatos que afetem a todos os litisconsortes.Ex 2: abalroamento de veculo. As pessoas entram com ao contra o primeiro e o ltimo da fila do engavetamento. Digamos que o primeiro da fila alegue que uma vaca entrou na sua frente, essa fundamentao aproveita o ltimo.Assim, no se pode dizer que os atos processuais so aproveitados apenas no litisconsrcio unitrio, de modo que, dependendo do caso concreto, pode ser aproveitado tambm no litisconsrcio simples.

- prazo: art. 191, CPC

Quando os litisconsortes tm advogados diversos, os prazos processuais correm em dobro. Se o advogado for igual, o prazo igual. Essa mudana no prazo se d em virtude da disponibilidade dos autos, pois, se o prazo no fosse em dobro, ficaria muito difcil dos dois advogados terem acesso aos autos dentro do prazo normal.Se o prazo for recursal, o prazo em dobro s ir incidir se ambos os litisconsortes quiserem recorrer.

- diferenas e semelhanas entre o ato atentatrio justia e as condutas de litigncia de m-f.

necessrio que as partes atuem segundo a boa f-objetiva. Violando os deveres decorrentes da boa-f, as partes cometero o ato atentatrio justia ou a litigncia de m-f.O Ato atentatrio justia est previsto no art. 14, CPC de forma ampla.A litigncia de m-f est prevista de maneira taxativa no art. 17, CPC. Nada mais do que uma modalidade especfica dos atos atentatrios justia. Para configurar litigncia de m-f, so necessrios, segundo o STJ, os seguintes requisitos:

a) a conduta deve estar prevista no art. 17, CPC;b) que parte tenha sido oferecida oportunidade de defesa (CF, art. 5, LV); e c) que da sua conduta resulte prejuzo processual parte adversa.

A litigncia de m-f s pode ser praticada pelos prprios litigantes, diferentemente do ato atentatrio, que pode ser praticado por qualquer participante do processo, at mesmo o juiz.Embora se fale em dever de lealdade, cooperao, a punio propriamente dita (multa) sempre vai se referir a uma previso taxativa (art. 17, CPC). claro que pode haver consequncias negativas, como a precluso lgica.O ato atentatrio em sentido estrito o descumprir ou criar embarao ao provimento judicial (art. 14, V, CPC). Ato atentatrio em sentido amplo todo ato contra a justia, englobando inclusive a litigncia de m-f. Por que todos podem praticar o ato atentatrio (alm das partes), exceto o advogado? Porque este ato pode ser praticado por todos que possam figurar numa relao processual. Assim, por ex, uma pessoa entra com um Mandado de Segurana reivindicando sua matrcula no curso de direito. A autoridade coatora a Aline (coordenadora). Se o Edmundo for intimado, ele deve cumprir o ato, sob pena de praticar ato atentatrio justia. Assim, apesar de no ser parte daquele processo do MS, ele vai ter que pagar pelo no cumprimento de deciso judicial.J a litigncia de m-f s pode ser praticada pelas partes do processo. Obviamente, as condutas de litigncia de m-f so tambm de ordem pblica e so atos atentatrias justia. Entretanto, o legislador entendeu que seria conveniente coloc-las expressamente no CPC.Os advogados no respondem porque a lei garante a ele a prerrogativa de uma ao separada para responder por sua conduta.Embora uma parte seja vencedora de uma causa, no fica esta desobrigada de pagar a multa decorrente de seu ato. Essa multa diz respeito ao dano processual. No quer dizer que no se possa entrar com uma ao indenizatria em virtude da conduta da parte ter causado um dano material a outra parte. A multa de litigncia de m-f no alcana o prejuzo material. Logo, cabvel a ao prpria (ao de indenizao) para reparar os danos materiais.

OBS: multa diria (astreinte) para o estadoLitigncia de m-f para a parte

INTERVENO DE TERCEIROS

CONCEITO

HTJ: ocorre interveno de terceiros quando um terceiro ingressa na condio de parte ou de coadjuvante da parte em um processo j pendente entre outras partes.

Via de regra, na figura da interveno de terceiros, o terceiro s terceiro antes de ingressar no processo. A partir do momento em que ele ingressa, ele deixa de ser terceiro e passa a ser parte. A exceo na assistncia simples, na qual o terceiro continua como terceiro (= coadjuvante da parte).

LGM chama a interveno de terceiros de participao de processo, porque o terceiro a utiliza como meio de participao do processo, no como autor e ru.

Ex de interveno de terceiro: chamamento ao processo. Ocorre sempre no plo passivo. sempre provocada (pelo ru). O chamamento serve para um ru que demandado como devedor de uma obrigao chamar ao feito aqueles que so to devedores ou mais do que ele. Isso ocorre normalmente quando h solidariedade. Assim, no s o ru originrio do processo que poder ser condenado, mas tambm os outros devedores solidrios. Com o chamamento, evita-se uma ao de regresso, consagrando a economia processual. Assim, o ttulo executivo judicial (sentena) executado contra todos. O credor pode invadir no s o patrimnio do ru originrio, mas de todos. O chamamento ao processo faz com que o terceiro passe a ser parte do processo.

A nica interveno de terceiros que o terceiro no tem interesse jurdico direto na causa a assistncia simples. Ele vai apenas auxiliar uma das partes. Vai ser o que HTJ chama de coadjuvante da parte. O interesse do assistente que haja uma sentena favorvel ao assistido. Ele no ru nem autor, mas apenas auxiliar. uma modalidade em que o terceiro ingressa na qualidade de terceiro e continua sendo terceiro (adotando a definio de parte e de terceiro de Chiovenda, segundo a qual parte aquele que deduz uma pretenso ou contra quem se deduz uma pretenso). Para outros, parte acessria. Ex: ao de cobrana. O fiador no parte propriamente dita. Ele participa como auxiliar.

Pode ocorrer que com o ingresso do terceiro haja a formao de uma ao jurdica secundria. Isso ocorre, por ex, na denunciao da lide, que serve para o demandante ou o demandado exercer o seu direito de garantia oriundo da relao versada em juzo.Ex: denunciao da lide seguradora. Na contestao, o ru pode dizer que no tem culpa no evento, que tem seguro e, por isso, denuncia a lide seguradora. Assim, h uma ao de condenao entre autor e ru e uma ao secundria de regresso, em que o ru pede a condenao da seguradora. A seguradora no um terceiro propriamente dito. Ela era um terceiro que, ao ingressar na ao subsidiria ao principal, passou a ser parte. Assim, a denunciao da lide uma ao acessria principal na qual o terceiro passa a ser parte nessa ao secundria.A assistncia simples a nica modalidade de interveno de terceiros em que o assistente ingressa na qualidade de terceiros e continua como tal. Ironicamente, ela a nica modalidade que no vem prevista no CPC como interveno de terceiros. Ela tratada separadamente das modalidades de interveno. No projeto do CPC, contudo, a assistncia simples passar a ser uma modalidade expressa de interveno de terceiros. VOLUNTARIEDADE

Quando essa expresso se refere interveno de terceiros, ela pode significar:

A. No sentido de no-obrigatoriedade um sentido bvio.

HTJ diz que toda interveno de terceiros voluntria. Com isso, o autor quer dizer que ningum pode ser obrigado a atuar como terceiro em juzo. Pela indeclinabilidade, uma vez provocada a jurisdio pelo autor, no pode o ru se esquivar de figurar no plo passivo. Ele pode ser obrigado a figurar como ru, mas no a participar (ex: revelia).Se nem o ru obrigado a participar do processo, por maior razo no se pode obrigar o terceiro a participar do processo. No entanto, ele arcar com o nus processual caso no participe. B. Espontaneidade mais prtico entender assim. Nem toda interveno de terceiros espontnea, ou seja, nem toda interveno parte do terceiro. A interveno de terceiros pode ser: provocada (iniciativa de uma das partes) ou espontnea (iniciativa do terceiro).Ex de interveno espontnea oposio. Na oposio, o opoente (terceiro) ingressa com o objetivo de afastar o direito do autor e/ou do ru originrio ao bem litigioso. O opoente alega que o bem pertence a ele, e no as partes. Inicialmente h uma ao entre autor e ru, e, com a oposio, surge uma nova ao no mesmo processo (cumulao de aes).

CLASSIFICAO

A) Conforme a modificao da relao jurdica processual:

Diz respeito ao efeito da interveno de terceiros sobre a relao, ou seja, a interveno pode servir para ampliar (interveno ad coadjuvandum) ou para restringir subjetivamente a relao jurdica processual (interveno ad excludendum). a.1) Interveno ad coadjuvandum

A interveno ad coadjuvandum aquela na qual o terceiro assume uma posio de cooperador de uma das partes. Desta forma, servir para ampliar a relao jurdica processual.Ex: assistncia, chamamento ao processo, denunciao da lide.

a.2) Interveno ad excludendum

A interveno ad excludendum aquela em que o terceiro tem por objetivo a excluso ou o indeferimento da pretenso de uma ou de ambas as partes. Com isso, servir para restringir ou modificar a relao jurdica processual.Ex: nomeao autoria, oposio.

Na nomeao autoria, o objetivo excluir a figura do ru e colocar um terceiro no lugar dele. Ocorre em geral quando se discute a posse ou quando se pede uma indenizao. Nas situaes de direito material, o ru nomeia autoria uma terceira pessoa que no faz parte do processo, indicando-a como a verdadeira legtima da pretenso discutida em juzo. Assim, a verdadeira inteno do ru se excluir da relao processual.Ex: detentor o caseiro detentor da imvel. Vamos supor que algum ajuze uma ao possessria contra o caseiro. O detentor tem o nus de nomear o possuidor autoria. Assim, o detentor deixa de ser ru e o possuidor passa a ser o ru.Na nomeao, preciso a autorizao do autor e do nomeado. Alm disso, se o ru no nomear e no final se constata que ele deveria ter feito isso, ele ter que pagar uma indenizao para o autor. Ex: no caso do caseiro, este tem o nus de nomear autoria o possuidor, se no o fizer, no final tem que indenizar o autor. Por isso, o novo projeto determina que o juiz, ao verificar a ilegitimidade da parte, pode determinar a substituio processual de ofcio.

OBS: O novo projeto do CPC prev a excluso da nomeao autoria, tendo em vista que o procedimento extremamente complicado. Como fundamento da interveno de terceiros a economia processual, a nomeao autoria, por lhe ser contrria, no pode ser aceita.

b) conforme o sujeito que toma a iniciativa para a interveno:

b.1) espontnea decorrem da iniciativa do prprio interveniente. Ex: assistncia, oposio.

b.2) provocada dependem de provocao de uma das partes principais. Ex: nomeao autoria, chamamento ao processo, denunciao da lide.

Modalidades

As modalidades de interveno previstas no CPC so essas, exceto as duas ltimas, que, apesar de no constarem no CPC, devem ser assim consideradas.So as seguintes as modalidades de interveno de terceiros:

- assistncia- oposio- nomeao autoria- denunciao- chamamento ao processo- Recurso de terceiro prejudicado- interveno anmala macete: aonde c ri

OBS 1: interveno anmala tem previso na lei 9.469/1997. Essa interveno permite a Fazenda Pblica (em sentido amplo) ingressar em juzo para auxiliar uma das partes quando esteja em jogo algum interesse econmico do ente (Unio, Estado, Municpio, DF, entidades autrquicas, etc.). O art. 5 da lei determina as pessoas jurdicas de direito pblico que podem intervir. A lei 9.469 no exige que haja um interesse jurdico para a interveno da Fazenda Pblica. Pode ser interesse econmico. o que prev o art. 5 da lei.A interveno anmala no pode ser considerada uma assistncia. Critica-se a interveno anmala por permitir que a Unio defenda interesses que no so jurdicos. Muitas das vezes, no so nem interesses primrios (educao, segurana), mas interesses secundrios.Alm disso, quando a Unio intervm no feito, h um deslocamento de competncia para a justia federal (claro se esta j no estiver julgando).Ex: digamos que Chaves entre com uma ao contra a ANATEL. A Unio pode se usar da interveno anmala por ter interesse na causa. Critica-se essa possibilidade porque fere o p. do juiz natural. Assim, quando for interesse da Unio, ela intervm para deslocar a competncia jurisdicional.

OBS 2: Recurso de terceiro prejudicado art. 499, CPC uma interveno que poderia ter ocorrido em qualquer modalidade de interveno em 1 grau de jurisdio, mas no ocorreu. Nela, o terceiro tem a faculdade de ingressar em grau de recurso como terceiro prejudicado. Assim, ele vai apenas atuar como um assistente, auxiliando a parte.

ASSISTNCIA

- conceito e noes gerais:A assistncia o ingresso de um terceiro num processo pendente na defesa de um interesse jurdico a uma sentena favorvel a uma das partes art. 50, CPC.O interesse jurdico um pressuposto para a assistncia. Esse interesse no precisa ser a tal ponto que o terceiro participe da relao material. Ele pode ter apenas o interesse que alguma parte ganhe.Ex 1: o terceiro fiador tem interesse jurdico numa ao de cobrana.Ex 2: digamos que o terceiro um compromissrio comprador, ou seja, existe um compromisso de compra e venda entre o terceiro e uma pessoa. S que esta pessoa est discutindo uma ao reivindicatria de propriedade com outra pessoa. Assim, o terceiro pode intervir a favor daquela pessoa atravs do instituto da assistncia. Nesse ex, a relao do assistente com o ru diferente da relao do autor com o ru. O assistente no tem nenhuma relao com o autor.Essa a regra geral, chamada de assistente simples.

- interveno ad coadjuvandum

A assistncia uma interveno ad coadjuvandum porque amplia subjetivamente a relao jurdica processual, pois o assistente assume uma posio de cooperador do assistido (autor ou ru).- espontnea

uma interveno de terceiros espontnea ou voluntria, pois pode ser provocada espontaneamente pelo terceiro.

- interesse na sentena favorvel ao assistido (assistncia simples). INTERESSE JURDICO (art. 50, CPC)

O pressuposto da assistncia o interesse jurdico do assistente. Este no faz parte da relao material, mas tem interesse na resoluo da lide. No pode ser um interesse meramente moral, poltico, econmico, etc.. A atuao do assistente simples limitada ao interesse do assistido. Ele pode interpor recurso se a parte quiser recorrer, mas ele no pode contrariar os interesses do assistido. Caso, por ex, o assistido queira desistir da causa, o terceiro no pode fazer nada.Ex 1: Seu Madruga tem uma dvida de R$10.000,00 com o Sr. Barriga. O pai do Madruga, no querendo que o nome do seu filho fique sujo e tenha m reputao, no pode intervir numa ao promovida pelo Sr. Barriga contra o Seu Madruga. Assim, no h motivo jurdico (justificativa legal) para a assistncia. Essa relao entre assistente e assistido, s vezes, no to clara. Pode ser que o assistente tenha o interesse no esclarecimento dos fatos da relao discutida.Ex: o tabelio tem interesse jurdico numa causa que verse sobre a nulidade de escritura pblica. Isso porque a nulidade de uma escritura de compra e venda gera efeitos na esfera do tabelio. Digamos que uma das partes diga que houve uma fraude dolosa. Esse autor est acusando indiretamente o tabelio de ter compactuado com a fraude. Nesse caso, ele no autor ou ru, mas tem interesse jurdico na relao, podendo auxiliar a parte r. Isso porque, se a sentena for procedente, repercutir na esfera jurdica dele. Nesse caso, no h como vislumbrar uma relao jurdica direta entre tabelio e ru. Mas ele tem interesse no esclarecimento dos fatos. E esse interesse jurdico, pois ele pode ser responsabilizado por uma possvel fraude do documento.

A parte no pode proibir a assistncia. O assistente entra com uma ao comum demonstrando que tem interesse jurdico na relao. O juiz pode indeferir, se constatar que no h interesse jurdico. Mas, via de regra, o juiz abre vista s partes para que estas entrem com uma impugnao de assistncia, cujos autos ficaro apensos aos autos principais (as aes correm em separado).A coisa julgada no atinge o assistente simples, pois ele no tem interesse na causa.

- Cabimento exceo: art. 7, par. 2, lei 9.868/1999

A assistncia (simples) cabvel em qualquer tipo de processo, exceto em processos objetivos (controle de constitucionalidade).A participao das associaes e entes nas aes objetivas se d por meio da figura do amicus curae. Essa interveno no igual interveno pela assistncia. O amicus curae no um interveniente, porque no tem interesse na causa. Ele tem conhecimento da matria versada nos autos e tem condies de colaborar com a deciso que ser proferida.Ex: ADI atinente a uma norma que verse sobre medicamentos uma associao ligada a uma doena especial pode ser chamada ao processo para colaborar com a deciso.

- procedimento

Na fase da execuo, existe controvrsia sobre a possibilidade da assistncia. O art. 50, CPC fala que o assistente tem que ter interesse jurdico numa sentena favorvel. Assim, pressupe-se que necessrio um litgio, ou seja, um processo de conhecimento.A tutela de conhecimento parte de uma situao de conflito, incerteza, para proferir uma deciso que acabe com essa incerteza. Busca-se, ento, a definio de uma situao. A tutela de execuo tem a finalidade de, a partir de um ttulo judicial (sentena) ou extrajudicial, implementar o direito no plano ftico. Quando se cogita de sentena favorvel, a doutrina diz que essa referncia diz respeito a um processo de conhecimento. Isso porque na fase de cumprimento de sentena no existe uma sentena favorvel, mas apenas o seu cumprimento. Assim, a assistncia s caberia no processo de conhecimento.Todavia, existe parte da doutrina que entende o art. 50, CPC de maneira mais ampla, aceitando a possibilidade da assistncia tambm nos processos de execuo. A professora acha essa posio mais razovel, pois, apesar de no haver um pedido de uma definio de uma situao jurdica, preciso analisar algumas questes fticas. Assim, em certos casos, o assistente pode ter interesse jurdico em um processo de execuo.

Sntese:- A assistncia cabvel em todo tipo de processo. - H duvida se cabvel em processo de execuo. - Nas aes objetivas no cabe a assistncia.

- Poderes e nus do assistente simples

O assistente simples pode praticar os mesmos atos que o assistido. E ele faz isso com uma autonomia relativa, pois ele tem que respeitar os atos do assistido. Ele no pode interferir a ponto de contrariar os atos do assistido.Ex 1: se o assistido transacionar, o assistente no pode continuar litigando; se o assistido renunciar ou desistir, o assistente no pode se opor.

OBS: diferena entre desistncia e renncia

Quando se pratica a desistncia, pratica-se um ato processual. Antes da citao do ru, pode-se desistir. Depois da citao, a depende da anuncia do ru. Quando se desiste da ao, no se desiste do direito material. O autor pode propor nova ao.Quando se fala em renncia, recai sobre o direito material. uma forma de solucionar o conflito. Assim, o autor no pode mais entrar com uma ao. A renncia uma forma de composio. H coisa julgada material, pois, quando h a renncia, o juiz d uma sentena com resoluo de mrito.

Ex 2: se o ru (assistido) reconhecer o pedido do autor, o assistente no pode dizer ao contrrio.Existe controvrsia sobre a possibilidade de o assistente recorrer se o assistido no recorreu. No houve uma manifestao peremptria deste. A jurisprudncia no tem uma definio clara. A professora acha que uma coisa o assistido demonstrar a vontade de no recorrer, a no cabe recurso do assistente. Mas, se o assistido no se manifestar sobre o recurso, ela entende que possvel o recurso do assistente.

O assistente simples pode atuar como gestor de negcios. uma figura do direito civil. parecido com o mandato, mas no h o documento. O assistido fica revel e o assistente pode contestar. Se o assistido no contrariar, tacitamente ele aceita a contestao do assistente. Mas se ele se posicionar contra, a vale a sua posio.

- assistncia simples e assistncia litisconsorcial

Na assistncia simples o assistente no integra a relao jurdica material versada em juzo. Ele no tem ligao direta com a parte contrria ao assistido.Mas pode acontecer que o assistente tenha uma ligao direta com a relao matria discutida no processo, nesse caso, trata-se da assistncia litisconsorcial. O interesse jurdico nesse caso mais intenso do que uma simples relao com o assistido, pois tem uma relao com a parte contrria.Ex 1: ao de petio de herana de um suposto herdeiro contra outro herdeiro. Os demais herdeiros podem figurar como assistentes litisconsorciais. Eles tm interesse jurdico na deciso favorvel ao ru, ao mesmo tempo em que tm interesse jurdico na relao material.Ex 2: obrigao solidria digamos que o credor entre contra um dos devedores. Os demais devedores podem figurar como assistentes litisconsorciais, pois tm interesse na causa. A maioria da doutrina entende que o assistente litisconsorcial parte. Contudo, parte da doutrina diz que ele equiparado parte, pois ele no deduz pedido (autor) e contra ele no deduzido nenhum pedido (ru), na viso de Chiovenda. A lei compara o assistente litisconsorcial parte, mas no parte.LGM fala que o assistente litisconsorcial no autor e nem ru porque, quando ele ingressa no processo, j houve a estabilizao da demanda (o pedido e a causa de pedir j no podem ser alterados). Assim, para o autor, o assistente litisconsorcial adere ao pedido e causa de pedir do autor ou do ru, passando a ser parte do processo.- Coisa julgada e efeito da interveno

Tratar o assistente litisconsorcial como parte ou no extremamente relevante no que diz respeito aos efeitos da coisa julgada. Dependendo do tratamento que lhe for dado, ele sofrer os efeitos da coisa julgada de forma diferente.Se o assistente litisconsorcial for considerado parte, ele sofre os efeitos da coisa julgada. Se no for, ele no necessariamente sofre. Afora isso, o assistente litisconsorcial no se submete aos atos do assistido, e pode praticar atos at mesmo contrrios.O assistente simples no sofre os efeitos da coisa julgada. Mas isso no quer dizer que ele possa sempre rediscutir a deciso. A partir do momento que ele ingressou no processo, a lei diz no art. 55, CPC que o assistente no pode rediscutir a justia da deciso, em regra. O assistente no sofre os efeitos da coisa julgada pelo simples fato da sentena no ter efeito direto sobre ele.Ex: o assistente um sublocatrio. Digamos que a ao principal de despejo do locador e do locatrio. Juridicamente, a sentena no se dirige ao assistente. Mas do ponto de vista da coisa julgada, como os efeitos no se dirige a ele, no h como o assistente entrar com uma ao para rever a deciso. Ele no tem legitimidade para entrar com uma ao com o intuito de rediscutir uma relao na qual ele no tem interesse direto. Ele no sofre os efeitos jurdicos diretos da sentena. Assim, ele no tem legitimidade para discutir a relao locatcia entre locador e locatrio. Ele no pode rediscutir no por causa da coisa julgada, mas sim porque ele no tem legitimidade para discutir uma relao material que no lhe pertence.A coisa julgada s atinge a parte dispositiva da sentena (que o resultado). Os fundamentos da sentena no produzem coisa julgada. O assistente simples no abarcado pela coisa julgada material. Entretanto, na prtica, isso no far diferena, pois ele nunca ter legitimidade para discutir os resultados da deciso, por se tratar de uma relao jurdica material que no lhe interessa.O art. 55, CPC diz que no possvel que o assistente discuta os fundamentos da deciso (justia da deciso) depois do trnsito em julgado (coisa julgada). O fundamento lhe interessa e ele pode discutir somente at transitada em julgado.A impossibilidade de rediscusso pelo assistente da justia da deciso do art. 55, CPC chamada de eficcia da interveno. LGM fala que esta mais restrita que a coisa julgada.Por outro lado, a exceo do art. 55, CPC permite que o assistente rediscuta os fundamentos da deciso mesmo depois do trnsito em julgado.Se o assistente fosse parte s no poderia discutir a parte dispositiva, sendo assistente no pode discutir tambm os fundamentos, depois do trnsito fica mais restrito que a parte.

OBS: quando o assistente ingressa recorrendo, chama-se recurso de terceiro prejudicado.

Sntese:

O assistente simples no tem relao jurdica com a parte contrria ao assistido, tem interesse apenas na deciso favorvel ao assistido; j o assistente litisconsorcial possui interesse direto na causa, pois integra a relao material versada em juzo, portanto, tem relao direta com o adversrio do assistido. O assistente simples tem vrias restries, como, por ex, no pode praticar atos contrrios ao assistido; para o assistente litisconsorcial vige a regra da autonomia dos litisconsrcios, pois ele tratado como parte, logo pode praticar atos at mesmos contrrios aos do assistido.O assistente simples sofre os efeitos do art. 55, CPC, no pode discutir a justia da deciso transitada em julgado; o assistente litisconsorcial sofre os efeitos da coisa julgada, logo atingido pelos efeitos da sentena e est impossibilitado de discutir o resultado (parte dispositiva) da sentena.

DEMAIS INTERVENES (questo extra na prova)

Oposio:- espontnea- ad excludendumPLS 166/2010: excluso

Nomeao autoria:- provocada- ad excludendum

PLS 166/2010: excluso

Denunciao da lide:- provocada- ad coadjuvante

Chamamento ao processo:- provocada- ampliao plo passivoPLS 166/2010: manuteno

Interveno anmala lei 9.469/1997: - espontnea- ad coadjuvandum- Unio- Interesse jurdico indireto (econ.)

- julgamento de improcedncia liminar ou julgamento prima facie referentes ao art. 285-A, CPC.

OBS: caso da seguradora o htj fala que a partir do art. 787, cc, o egislador estaria admitindo que a interveno da seguradora na lide seria chamamento ao processo, pois o artigo fala em garante e no seria assim denunciao da lide, que pressupe o direito de regresso do segurado.

PROCESSO E PROCEDIMENTO

Noes gerais sobre o processo de conhecimento

O que vamos estudar aqui o procedimento comum ordinrio.

- tutela de conhecimento tutela executiva

Tutela de conhecimento aquela na qual se busca a formulao de uma norma jurdica concreta. A formulao de uma soluo para uma situao de incerteza jurdica.

Tutela de execuo busca a atuao prtica do direito.

A tutela de conhecimento busca a formulao do direito para permitir a atuao prtica (tutela de execuo).A tutela de conhecimento parte de uma incerteza jurdica e ftica para perquirir qual a norma adequada para a aplicao no caso, de forma a pacificar a incerteza. O que se busca uma sentena de mrito.Na tutela de execuo, j no se busca mais a criao jurdica a partir de um estado de incerteza, mas j se parte de uma situao certa, para proceder aplicao prtica do direito. Isso vai acontecer atravs de atos processuais pelo juiz ou pelos auxiliares (ex: ao de cobrana).Na tutela de conhecimento o juiz conhece de um fato e vai definir qual o direito a ser aplicado. Na tutela de execuo o juiz vai apenas aplicar o direito, sem discusso de controvrsia, h o cumprimento de uma sentena.

O CPC 1973 trazia uma perfeita simetria entre tutela de conhecimento e processo de conhecimento; e entre tutela de execuo e processo de execuo. Assim, toda vez, por ex, que se requeria uma tutela de conhecimento, requer-se-ia um processo de conhecimento. Assim, tambm na tutela e processo de execuo.Dessa maneira, proferida a sentena no processo de conhecimento, tinha-se que entrar com um processo de execuo.S que isso durou por pouco tempo, pois, muitas vezes, a sentena de um processo de conhecimento j permitia a execuo com um simples ato, sem a necessidade de um processo de execuo.Com a criao em 1990 da tutela antecipada (nada mais do que o adiantamento total ou parcial do provimento judicial pretendido ao final), houve um sincretismo, mistura, confuso dos trs tipos de tutela no mesmo processo.Com a tutela antecipada, o que se previa a execuo de atos antes do provimento final.Hoje no necessria a instaurao de um processo autnomo para o cumprimento da sentena da tutela de conhecimento.

Existe ainda um terceiro tipo de tutela: tutela cautelar, que serve para assegurar o resultado prtico de uma tutela de conhecimento.Ex: arresto de bens, indisponibilidade de bens o autor s tem a garantia de que o ru no final ter patrimnio suficiente para pagar sua dvida.Portanto, temos 3 tipos de tutela: conhecimento, execuo e cautelar.Vamos tratar adiante da tutela de conhecimento.

- o procedimento comum e os especiais: gneros

Existem vrios tipos de procedimento para o processo de conhecimento. A regulamentao do procedimento recebe denominaes especficas no CPC.H um procedimento comum e vrios procedimentos especiais (jurisdio contenciosa: usucapio, etc.; e jurisdio voluntria).O que importa no o tipo de ao, mas o correto tipo de procedimento. Assim, por ex, o procedimento de usucapio tem suas particularidades: tem litisconsrcio necessrio; a citao, em regra, por edital, etc.; o que no acontece no procedimento comum.No procedimento comum as regras so gerais; j nos procedimento especiais as regras so especficas para cada tipo de procedimento.

- procedimento comum: sumrio e ordinrio

Existem 2 tipos de procedimento comum: o ordinrio e o sumrio.

OBS: o projeto do CPC (PLS 166/2010) prev apenas um nico procedimento comum.

Quando o autor prope uma ao sem falar o tipo de procedimento, o procedimento ser o comum ordinrio. Este , portanto, a regra.Para saber qual o correto tipo de procedimento, primeiro se analisa se o procedimento no se enquadra nas hipteses taxativas de procedimento especial previstas no CPC e nas leis especiais. Ex: inventrio, usucapio, etc..Residualmente, ento, h o procedimento comum, que pode ser ordinrio e sumrio. As hipteses de procedimento comum sumrio esto previstas taxativamente no art. 275, CPC. Assim, residualmente, o procedimento ser o comum ordinrio.

CPC, art. 275

I de acordo com o valor da causa; OUII de acordo com a matria, independentemente do valor.

Assim, o procedimento comum sumrio no somente de acordo com o valor, mas tambm de acordo com a matria.Ateno com o par. nico, art. 275.A lei elegeu nas hipteses dos incisos as situaes de menor complexidade que no precisam de um procedimento mais demorado, com mais fases. Isso porque o procedimento comum ordinrio tem fases mais bem definidas, com prazos maiores, h mais garantias para as partes. J o procedimento comum sumrio tem fases mais condensadas, h menos garantias as partes.

Estas so as fases do procedimento comum ordinrio:

FASE POSTULATRIAPetio Inicial

Citao

O ru tem 15 dias.Contestao

Rplica

O juiz determina que as partes especifiquem os meios de prova. O juiz, em tese, deveria dizer quais so as controvrsias entre as partes, pois so elas que sero objeto de prova.FASE DE SANEAMENTOO juiz verifica se preciso corrigir alguma irregularidade formal (pressupostos processuais, condies da ao, etc.)Audincia Preliminar

Depois do saneamento, o juiz determina percia, se for necessrio. Na fase instrutria h a AIJ, em que o juiz pode abrir para alegaes finais das partes, ou abrir prazo para que as partes apresentem alegaes finais por escrito. Como o processo extenso, em regra, o juiz no vai julgar na AIJ.FASE INSTRUTRIAAudincia de Instruo e Julgamento

Alegaes Finais

FASE DECISRIASentena

FASE RECURSALAcrdo

J no procedimento comum sumrio, em virtude da concentrao dos atos processuais, no se pode distinguir de maneira exata as fases processuais. Contudo, didaticamente, pode-se dizer que h 3 momentos:

A petio inicial tem que vir com rol de testemunhas, a necessidade de percia, indicao de assistente tcnico e os quesitos que sero respondidos pela percia.

No procedimento ordinrio isso s ocorre na AIJ.Resposta em audincia de conciliao o juiz cita o ru para que apresente a contestao nessa audincia, na qual vai ocorrer tambm a rplica e a Audincia Preliminar do procedimento ordinrio. Aqui o juiz j fixa o prazo para a AIJ.

Esto no mesmo ato a fase postulatria, de saneamento e instrutria.Passa para a deciso.

Todas as normas do procedimento ordinrio se aplicam subsidiariamente ao procedimento sumrio e aos procedimentos especiais (par. nico, art. 272, CPC).

Existe o p. da indisponibilidade do procedimento: indica que as partes no tm a faculdade de escolher o procedimento. Este est previsto na lei, de acordo com a complexidade da relao material.Logo, se a parte entra com uma petio inicial prevendo o procedimento comum sumrio, o juiz vai mandar emend-la, sob pena de extino do processo sem resoluo de mrito (art. 267, I c/c art. 295, V, CPC).Excees: os juizados especiais estaduais cveis lei 9.099. O ingresso no juizado uma faculdade nas causas de valor de at 40 salrios mnimos. A razo para que o ingresso seja facultativo que o procedimento bem mais simplificado (chamado procedimento sumarssimo), restringindo o direito do contraditrio e da ampla defesa; no h possibilidade de recurso contra as decises interlocutrias; o juiz pode decidir de acordo com a equidade; os prazos so mais curtos, etc..

OBS: Nos juizados federais lei 10.259 no h essa faculdade. A competncia absoluta. Porm, devido restrio aos direitos do contraditrio e da ampla defesa, parte da doutrina questiona essa competncia absoluta dos juizados federais, alegando que inconstitucional.

O procedimento, portanto, em regra, indisponvel. Exceo: juizados estaduais cveis. Nestes, o rito denominado sumarssimo. As hipteses de cabimento do rito sumarssimo dos Juizados Especiais Cveis Estaduais, previstas no art. 3 da lei 9.099, coincidem com algumas hipteses de cabimento do rito sumrio (Justia Estadual Comum). Nesses casos, cabe parte optar pela propositura da ao perante os Juizados, seguindo o rito sumarssimo, ou perante a Justia Comum, pelo rito sumrio.Outra exceo ao p. da indisponibilidade: digamos que o autor entre com uma ao determinando um procedimento sumrio, mas, na verdade, o procedimento ordinrio. O juiz no se d conta disso e profere a sentena. Nesse caso, o ru pode argir nulidade, pois houve prejuzo para ele, pois lhe foi suprimido garantias processuais. Por outro lado, se o procedimento foi o ordinrio, mas precisava ser sumrio, no h que se falar em nulidade, pois no h prejuzo para a parte, pois foi assegurado mais garantias do que as previstas na lei.

PETIO INICIAL- conceito

O p. da demanda obriga o autor a invocar a tutela jurisdicional, pois esta inerte (p. da inrcia da jurisdio).A petio inicial o instrumento que veicula o direito de ao, direito autnomo e abstrato de invocar a tutela jurisdicional. o ato escrito pelo qual o autor exerce o seu direito de ao, invocando a tutela jurisdicional.

- importncia

A petio inicial s cumpre sua funo se o autor delimita os aspectos objetivo e subjetivo da lide ou, no caso da jurisdio voluntria, da sua pretenso.No adianta o autor ajuizar uma ao contra um ru no identificado, com uma causa de pedir sem fundamento, com um pedido impossvel. Ele precisa, pois, observar as condies da ao.

Limites objetivos pedido e causa de pedir.

Limites subjetivos as partes. O autor tem que se identificar e identificar a parte r, ou se haver litisconsrcio.

Esses limites vo delimitar o contedo da sentena e, por conseguinte, os efeitos da coisa julgada.O princpio da demanda to vinculante ao juiz, que dele deriva outro princpio: o princpio da congruncia, que a correlao entre o pedido e a sentena arts. 2, 128 e 460, CPC.O juiz no pode julgar mais que o pedido do autor, no pode extrapolar o pedido formulado na inicial. Isso caracteriza uma sentena ultra petita. Na parte que excede o pedido, a sentena nula. Ex: ao de cobrana o juiz concede R$500 mil, mas o pedido foi de R$300 mil. O que excedeu o pedido nulo, ou seja, R$200 mil. Essa nulidade sanada pela coisa julgada, mas suscetvel de ao rescisria.Quando a sentena concede algo diverso, ela tambm desrespeita o p. da demanda e o p. da congruncia. Ela mais grave. Ex: o autor pede uma obrigao em pecnia, mas o juiz concede uma obrigao de fazer. Trata-se de uma sentena extra petita, sendo totalmente nula.Sentena citra ou infra petita aquela que aprecia a menos do que foi pedido. Ex: ao indenizatria de danos materiais e danos morais o juiz analisa to somente os danos materiais. A sentena no nula no que o juiz decidiu, mas precisa ser complementada, mediante embargos de declarao. O juiz s pode complementar de ofcio se houver um erro grosseiro material ou de clculo art. 463, CPC.

- requisitos: arts. 282, 283 e 39, I, CPC

A petio inicial um ato formal, embora no tenha uma forma predefinida. Pelo princpio da instrumentalidade das formas, o que prepondera nos atos processuais o cumprimento da finalidade para a qual o ato foi previsto.Contudo, h, naturalmente, requisitos mnimos que a petio inicial deve conter para que o juiz delimite o objeto do processo.Os arts. 282, 283 e 39, I, CPC trazem os requisitos mnimos da petio inicial. Vejamos tais formalidades:

1) a petio inicial precisa ser escrita;

2) inc. I, art. 282, CPC: a petio inicial deve indicar: o juiz ou tribunal da causa (o direcionamento ao rgo, e no a pessoa fsica, por isso no se coloca nome, mas, por ex, Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara de Famlia da Comarca de Juiz de Fora).

OBS: quando houver mais de um juiz na vara, haver a distribuio.

3) inc. II, art. 282, CPC: identificao completa das partes o autor precisa estabelecer os limites subjetivos da lide. importante, por ex, determinar se ele casado, pois, dependendo do regime de bens, preciso da outorga uxria[footnoteRef:1]. O endereo importante para se saber o local de citao e intimao do ru; alm disso, para saber a competncia relativa do juzo. A profisso importante para uma causa especfica, ou se ele tem prerrogativas em virtude da profisso. [1: Diz-se outorga uxria a autorizao dada por um dos cnjuges ao outro, para a prtica de determinados atos, sem a qual estes no teriam validade, haja vista o disposto nos arts. 107, 219, 220, 1.647, 1.648, 1.649 e 1.650, todos do Cdigo Civil/2002.]

H que se interpretar o inc. II, art. 282, CPC de acordo com o princpio da instrumentalidade das formas, de forma que se a identificao cumprir a finalidade a que se destina, mesmo que falte alguma coisa, ela ser vlida.

4) inc. III, art. 283, CPC: causa de pedir o nosso ordenamento adotou a teoria da substanciao, segundo a qual exige no s a definio genrica do direito, mas a contextualizao do fato gerador desse direito. Por isso, preciso que a causa de pedir remota esteja expressa na inicial, de forma que estejam expressos os fatos geradores do direito.Ex: relao de crdito causa de pedir remota: contrato de mtuo no preciso categorizar juridicamente o fato, basta apenas relatar o fato que serve para fundamentar o pedido.A causa de pedir prxima uma consequncia da remota. Ex: relao de credito o fundamento jurdico do pedido. o nexo entre o fato e o resultado pretendido. So os fatos jurdicos geradores do pedido.Pela teoria da individuao, apenas precisaria se referir causa de pedir prxima, sem a necessidade de estabelecer os fatos geradores desse direito. Pela teoria da substanciao, porm, preciso estabelecer esses fatos, que so a causa de pedir remota.

Pesquisa: Segundo Liebman, acausa petendi o fato jurdico que o autor coloca como fundamento de sua demanda. preciso que sejam trazidos ao juiz os fatos e a conseqncia jurdica deles derivada, e de forma a conduzir logicamente pretenso formulada. Em outras palavras, tem-se que, no direito brasileiro, a causa de pedir constituda do elemento ftico e da qualificao jurdica que deles decorre, abrangendo, portanto, acausa petendiprxima e a causa petendiremota.A causa de pedir prxima so os fundamentos jurdicos que justificam o pedido, e a causa de pedir remota so os fatos geradores do direito pretendido.Ex: causa de pedir prxima: contrato; causa de pedir remota: falta de pagamento, no caso de pedido de despejo.

Artigo: http://jus.uol.com.br/revista/texto/6767/a-fragmentacao-da-causa-de-pedir-o-pedido-e-a cumulacao-de-demandas-frente-a-eficacia-preclusiva-da-coisa-julgada.

5) inc. IV, art. 282, CPC: pedido deve ser claro, conclusivo e inequvoco. Isso porque ele interpretado restritivamente pelo juiz, pois, caso contrrio, ele feriria o p. da demanda.

6) inc. V, art. 282, CPC valor da causa em geral, o valor da causa um valor correspondente a uma estimativa patrimonial do pedido. Ex: pedido de vrias prestaes vencidas o valor ser o montante total dessas prestaes. Ver tambm o art. 259, CPC.Existem hipteses que o pedido no tem valor patrimonial especfico. A caber ao autor estipular um valor.O valor da causa serve, alm de definir o que o ru dever pagar, para calcular as custas judiciais, os honorrios sucumbenciais.

OBS 1: Custas iniciais (calculadas proporcionalmente ao valor da causa) se o autor ganhar a ao, o ru ir pagar. Abrangem as despesas com intimao de testemunha, do ru, etc..

OBS 2: os honorrios sucumbenciais no refletem a restituio pelo custo com advogado. O advogado da parte vencedora j recebe os honorrios contratuais. Mas, ele pode receber ainda os honorrios sucumbenciais, que lhe sero pagos diretamente pela parte vencida.

7) inc. VI, art. 282: as provas que pretendem produzir. Pelo rito ordinrio, o que o CPC quer dizer que o autor precisa demonstrar os meios de prova (percia, testemunha, etc.), mas no precisa determinar quais so as provas que sero utilizadas.Se o autor no colocar isso na inicial, regra geral, entende-se que no se preclui o direito de produo das provas no alegadas na inicial. Isso porque h a audincia preliminar em que as partes vo dizer os meios de prova.Mas adequado que o autor j coloque os meios de prova na inicial, por respeito ao contraditrio e ao p. da colaborao entre as partes. Isso evita surpresas no processo e mostra ao ru o que lhe est sendo alegado.

8) inc. VII, art. 282: o autor tem que requerer a citao do ru, pois nesse momento fica inequvoco a vontade dele para ajuizar ao contra o ru. A citao, via de regra, ocorre pelo correio. A citao por oficial de justia se d em casos especficos.

9) o art. 283, CPC determina que o autor anexe na inicial os documentos indispensveis a propositura da ao. Esses documentos so aqueles que no s fazem prova do fato gerador de pedido (Ex: certido de casamento no caso de ao de divrcio), mas tambm todos os documentos que possam ser alegados para comprovar o que se alega e o que se pede.A razo de anexar logo no incio porque a prova documental do autor com a inicial; j o momento para o ru fazer sua prova documental na contestao.E se aparecer um documento indispensvel posteriormente? Se for comprovada a existncia de um documento superveniente, do qual no se tinha conhecimento no momento da propositura da inicial, pode-se fazer uma petio pedindo a anexao aos autos. Mas se ficar provado que o autor agiu de m-f, deixando de anexar o documento de propsito, no se anexar. Isso porque essa conduta pode surpreender a outra parte, suprimindo-o o contraditrio; alm disso, para garantir a efetividade do processo.

10) o art. 39, I, CPC faz referncia a necessidade do advogado ou da parte declarar o endereo em que receber a intimao.

OBS: as partes no so intimadas de todos os atos processuais. Elas so intimadas por meio do seu advogado, que ser intimado por uma publicao no dirio oficial. Isso para garantir a celeridade e por ser invivel intimar sempre por correio.

- procedimento sumrio: art. 276, CPC

No procedimento sumrio preciso que na inicial j conste o rol das testemunhas, com a qualificao e o endereo delas. Alm disso, caso o autor queira prova pericial, j deve constar na inicial sua vontade, alm do tipo de percia. Precisa tambm dizer se vai querer determinar um assistente tcnico, que uma pessoa indicada pela parte para acompanhar a percia. Esse assistente produz um parecer tcnico, no qual ele vai dar seu relato sobre a percia. O nus de pagamento do assistente da parte.No caso de requerimento de percia, preciso colocar na inicial os quesitos que sero formulados ao perito, em virtude da concentrao dos atos processuais. o que determina o art. 276, CPC.

- PLS 166/2010 (8.046/2010, na Cmara): art. 296

O PLS 166 prev um procedimento comum nico, extinguindo o ordinrio e o sumrio. Nesse procedimento comum nico existe um requisito a mais na inicial em relao ao procedimento ordinrio: apresentao do rol de testemunhas caso o autor queira a prova testemunhal. Isso sinaliza a vontade do legislador em fazer um meio termo entre o ordinrio e o sumrio, entre simplificao e segmentao.

DESPACHO / DECISO DE DEFERIMENTO OU INDEFERIMENTO DA PETIO INICIAL

Uma vez distribuda a inicial, o juiz tem 3 sadas:

Receber a inicial e manda citar o ru;

Verificando que existe um vcio sanvel, ele determina a intimao do autor para emendar a inicial ou complement-la art. 284, CPC. Serve para que o autor esclarea pontos contraditrios, obscuros. Isso para evitar que o juiz profira uma sentena de acordo com o que ele entendeu da inicial, o que pode ferir a imparcialidade. O autor tem 10 dias.

Indeferir a inicial caso haja um vcio insanvel ou, tendo sido intimado para emendar a inicial, o autor no cumpriu.

O CPC divide os pronunciamentos dos atos do juiz em: decises, despachos e atos ordinatrios (atos de mero impulso processual).A diferena que nas decises o juiz soluciona alguma dvida e tem a potencialidade de causar prejuzos a uma das partes. Por isso, as decises so recorrveis. O CPC permite o recurso das decises interlocutrias, que so aquelas dadas durante o processo. Ex: defere um pedido de assistncia.J os despachos so pronunciamentos do juiz que tem o objetivo de impulso oficial, mas no so como um ato ordinatrio porque no so apenas burocrticos, tem importncia maior. Ex: marca o dia da audincia; etc..Hoje contra toda deciso interlocutria possvel recurso Agravo retido ou de instrumento. inequvoco que a deciso que indefere a inicial realmente uma deciso. Isso porque a deciso fundamentada e soluciona uma questo, prejudicando o autor. Assim, cabe recurso.

- despacho inicial

Existe dvida sobre a natureza da deciso ou despacho que recebe a inicial. Discute-se se seria um despacho ou uma deciso. Embora haja um juzo de admissibilidade, este implcito e no fundamentado. A maioria da doutrina fala que um despacho e no uma deciso. Isso porque no h nenhum prejuzo para as partes que enseje um recurso. Entretanto, a professora acha que isso no tira do juiz o dever de verificar os requisitos da inicial. Isso gera uma dvida sobre o carter desse despacho inicial. Alm disso, a professora acha que o despacho que no aceite a inicial gera prejuzos para as partes, sobretudo o direito de defesa do ru, pois muito difcil contestar algo vago, obscuro. O despacho do juiz gera prejuzo at mesmo para o autor, porque, com a inicial obscura, o juiz poder julgar improcedente por falta de subsdios jurdicos para julgar.Apesar disso, a professora no tem dvida que no cabe recurso do despacho inicial.

- Determinao de Emenda / complementao: art. 284, CPC

O art. 284, CPC diz que o juiz determinar a emenda da inicial quando no tenha sido atendido os requisitos e os vcios sejam sanveis. Se for vcio insanvel, vai indeferir a inicial (par. nico).Por medida de economia processual, o juiz deve tentar ao mximo possvel que o autor emende ou complemente a inicial. O autor tem 10 dias. Se no fizer, o processo ser extinto sem resoluo de mrito (art. 267, I)Mas a jurisprudncia tem aceito que se intime o autor mais de uma vez, para evitar que o processo seja extinto sem a resoluo de mrito, o que permite que o autor entre novamente com outro processo.

- Deciso de indeferimento: art. 295, CPC

A deciso de carter decisrio. O art. 295, CPC elenca as hipteses de indeferimento da inicial:

Hipteses de indeferimento:

a) Inpcia (art. 295, I e par. nico, CPC)O par. nico, art. 295 define o que petio inepta. At o inc. II, a definio correta. Mas a partir do inc. III est errado, pois se trata de uma condio da ao. E o indeferimento por falta de condio da ao est previsto no inc. VI, caput, art. 295 c/c art. 284 c/c art. 282, II, III e IV, CPC.Petio inepta aquela que no contm pedido ou causa de pedir, ou aquela cujo pedido no advm da causa de pedir (no h nexo entre um e outro), ou aquela cujos pedidos so incompatveis entre si. Este ltimo caso acontece quando h cumulao prpria de pedidos. Assim, por ex, no pode pedir a nulidade do casamento e o divrcio; a resoluo e a nulidade do contrato, etc..Mas se a cumulao for imprpria, ou seja, o autor no pretende as duas ao mesmo tempo, mas alternativamente, a no existe incompatibilidade. Nesse caso, a inicial no inepta. Ex: o autor requer a nulidade do contrato, ou, caso isso no seja possvel, a resoluo do contrato.

Inc. III o fato e os fundamentos jurdicos do pedido, na verdade, configuram a causa de pedir, que uma condio da ao. A sua no observncia gera indeferimento da inicial, no por ser a inicial inepta, mas por previso do inciso VI do art. 267 c/c art. 284 c/c art. 282, II, III e IV, CPC

Inc. IV cumulao prpria de pedidos.

b) Ilegitimidade / interesse (carncia)

Previsto no inc. III, caput, art. 295, CPC. A falta do interesse processual configura carncia de ao.

c) Decadncia / prescrio

Previsto no inc. IV, caput, art. 295.

d) Procedimento inadequado

Previsto no inc. V, caput, art. 295.

e) Inobservncia dos requisitos (282, 283 e 39, I)

Previsto no inc. VI, caput, art. 295.

Em sntese, a inicial ser indeferida quando no contiver os requisitos da inicial e no contiver as condies da ao.

- natureza e extenso da deciso de indeferimento:- sentena?- terminativa (=sem resoluo de mrito)?

Quando o juiz indefere a inicial, o autor pode entrar com o recurso da apelao. O juiz tem at 48 horas para rever o seu posicionamento (art. 296, CPC). Essa previso uma exceo, pois, em regra, o juiz no pode alterar a sentena, salvo raras excees. Mas, no caso do indeferimento da inicial, que ocorre antes da citao, por uma medida de economia, se o juiz se convence das razes da apelao declinadas pelo autor, ele pode rever o seu posicionamento, deferindo-a. Isso evita que a inicial seja encaminhada ao tribunal de justia.

OBS: a apelao encaminhada para o juiz que proferiu a sentena, e ele ir analisar os requisitos da apelao e depois encaminhar para o tribunal de justia.

Importante: o indeferimento da inicial uma sentena e por isso cabe recurso. Desse indeferimento, cabe retratao pelo juiz juzo de retratao no prazo de 48h se ele entender que as razes da apelao so satisfatrias. O juiz s pode alterar se houver a apelao, no podendo se retratar de ofcio.

Via de regra, a deciso de indeferimento uma sentena.

Sentena definitiva uma sentena de mrito, que julga a causa, que julga o pedido do autor. Se transitar em julgado, ela irrecorrvel, gerando coisa julgada material.

Sentena terminativa aquela que no julga o mrito. Normalmente, aquela que extingue o processo por uma irregularidade formal. Gera coisa julgada formal.

A sentena de indeferimento da inicial por carncia de ao (art. 295, inc. II, III e par. nico, III, CPC) gera controvrsias. H quem entenda que uma sentena definitiva, que resolve o mrito e, assim, gera coisa julgada material. Entretanto, h quem entenda que se trata de uma sentena terminativa, caso em que no se resolve o mrito e, por isso, cabe apelao. Mas, adotando a teoria de Liebman, o CPC determina que, quando o processo extinto por falta de condio da ao, no h o julgamento de mrito art. 267, VI, CPC. A professora aceita a teoria ecltica da ao (Liebman), segundo a qual, embora o juiz julgue superficialmente o mrito, ele no o julga completamente e, por isso, deve-se entender que as condies da ao no ensejam o indeferimento da inicial com resoluo de mrito.O art. 268, CPC diz que o autor pode propor uma nova ao caso no processo anterior caso juiz julgue extinto o processo sem a resoluo de mrito. Como o indeferimento da inicial uma causa de extino do processo sem resoluo de mrito, segundo o art. 267, I, CPC, infere-se que, de acordo com o CPC, o indeferimento da inicial por falta da condio da ao uma sentena terminativa, ou seja, sem resoluo de mrito.

CPC, arts. 295, inc. IV e 269,inc. IV:

Analisando o art. 295, IV c/c art. 269, IV, CPC, a deciso do juiz de indeferir a inicial por decadncia ou prescrio uma sentena definitiva ou terminativa? Apesar do art. 295, IV c/c art. 267, I, CPC, a sentena ser definitiva. Isso porque se trata de uma questo de ordem material. Assim, o indeferimento da inicial pela decretao de prescrio ou decadncia uma sentena definitiva, com resoluo de mrito.

O par. 5, art. 219, CPC diz que o juiz pode decretar a prescrio de ofcio. Assim, o juiz pode indeferir a inicial por prescrio. Mas h criticas a esse par. 5. Criticam que no se pode, a qualquer custo, aceitar qualquer conduta por medida de economia. O art. 191, CC admite a renncia da prescrio, ou seja, o devedor pode renunciar a prescrio e pagar o que deve ao credor. A razo disso por questo moral. Assim, critica-se a possibilidade do juiz decretar de ofcio a prescrio, pois pode ser que o ru queira pagar o que deve. Assim, o correto seria o ru, na contestao, alegar a prescrio caso queira. Se o ru quisesse pagar ele no estaria litigando!

Em sntese, a regra que o indeferimento da inicial seja uma sentena terminativa.Excees: Condies da ao, especialmente a impossibilidade do pedido; Prescrio e decadncia.

O indeferimento da inicial sempre uma sentena? Ex 1: Se eu formulo uma inicial com cumulao de pedidos, o juiz aceita um pedido e indefere o outro.Ex 2: se eu formulo contra vrios rus (litisconsrcio passivo), o juiz aceita a legitimidade de um e de outro no. A deciso que indefere parcialmente uma inicial uma interlocutria. Admite o recurso do agravo de instrumento.

- o julgamento das aes repetitivas art. 285-A, CPC

O art. 285-A trouxe uma hiptese que o CPC no disse que indeferimento da inicial, mas admite que o juiz julgue a improcedncia de aes repetitivas. O artigo diz que possvel que o juiz julgue a improcedncia do pedido antes mesmo da citao do ru.

Julgamento das aes repetitivas (art. 285-A, CPC) ou improcedncia prima facie

A improcedncia prima facie est prevista no art. 285-A, CPC e prev que o juiz pode julgar improcedente o pedido do autor, sem que o ru seja citado, quando a matria contro