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1 Câmpus de Presidente Prudente Curso de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado) Convênio: UNESP/INCRA/Pronera Parceria: Escola Nacional Florestan Fernandes CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da produção de leite em Pinheiros - ES ALOISIO SOUZA DA SILVA Monografia apresentada ao Curso Especial de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado), do Convênio UNESP/INCRA/Pronera, para a obtenção do título de Licenciado e Bacharel em Geografia. Orientador: Prof. Dr. José Gilberto de Souza Monitora: Eliete Margutti Presidente Prudente 2011

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Câmpus de Presidente Prudente Curso de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado)

Convênio: UNESP/INCRA/Pronera Parceria: Escola Nacional Florestan Fernandes

CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA:

Uma análise da produção de leite em Pinheiros - ES

ALOISIO SOUZA DA SILVA

Monografia apresentada ao Curso Especial de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado), do Convênio UNESP/INCRA/Pronera, para a obtenção do título de Licenciado e Bacharel em Geografia.

Orientador : Prof. Dr. José Gilberto de Souza

Monitora : Eliete Margutti

Presidente Prudente

2011

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CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA

Uma análise da produção de leite em Pinheiros - ES

ALOISIO SOUZA DA SILVA

Trabalho de monografia apresentado ao Conselho do curso de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus de Presidente Prudente da Universidade Estadual Paulista, para obtenção do título de Licenciado e Bacharel em Geografia.

Orientador : Prof. Dr. José Gilberto de Souza

Presidente Prudente

2011

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Aloisio Souza da Silva

CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA

Uma análise da produção de leite em Pinheiros - ES

Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Geografia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, submetida à aprovação da banca examinadora composta pelos seguintes membros:

___________________________________________ Prof. Dr. José Gilberto de Souza UNESP Rio Claro - Orientador

_________________________________________

Prof. Dr Júlio Suzuki

_________________________________________ Prof. Dr Jorge Montenegro

Presidente Prudente-SP, Novembro de 2011

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DEDICATÓRIA

À minha mãe Dona Lourdes,

Ao meu irmão Adelvair,

À minha companheira Gislani.

Todos, com seu brilho da resistência e sabedoria têm iluminado as trevas de minha

ignorância, me acompanhado de corpo e alma e me estimulado ao estudo e a militância

permanente, sem desvincular do ambiente familiar, de nossa Terra, onde vivemos há mais de

40 anos, onde nasci e cresci, onde quero continuar vivendo e lutando, seja em meu corpo, seja

em corpo dos futuros militantes, alimentados pela comida farta desta Terra mãe sagrada.

A história os forjará, assim como nos fez.

IN MEMÓRIA

Ao companheiro, amigo, camarada Derli Casali.

A matéria se decompunha de volta seu berço originário.

Fica Viva a utopia,

A chama da vitória,

A lembrança,

A alegria de poder ter vivido ao seu lado.

Grande mestre que nos ensinou pela via da humildade e sabedoria.

Volta ao seu berço originário!

Homem-húmus-humildade-terra boa.

A vitória nos pertence. Pertence a quem luta!

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AGRADECIMENTOS

À Via Campesina, sendo a maior expressão política dos Camponeses, em suas mais variadas

estratificações espalhadas pela superfície do globo, é desafiada pela história contemporânea

em contribuir com o processo revolucionário em todo o mundo, em especial na América

Latina, onde as comunidades campesinas carregam aspectos particulares, sobretudo no que se

refere à resistência popular, por romper as cercas da ignorância presente em varias espaços,

manifestando se das mais variadas formas, desde o latifúndio à academia conservadora.

Ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST, em especial, que com o vermelho de sua

bandeira e o negro de suas lonas, levanta e acorda a alma adormecida dos inúmeros militantes

que foram escondidos atrás das cortinas da história. Sua mística envolvente nos faz sermos

todos Sem Terra em luta comum contra todas as formas de latifúndio.

À Escola Família Agrícola de Pinheiros (famílias, equipe de educadores e estudantes), cuja

acompanho desde 1992. Inicialmente como estudante e hoje como educador, sempre como

componente orgânico, com muita gratidão. Por permitir-me articular o estudo e o trabalho

militante, me amparando nas horas difíceis e reanimando para continuar a caminhada a passos

firmes e cada vez mais largos. Recuando quando necessário, avançando por meio das

possibilidades construídas pela luta concreta do povo. Sempre de cabeça erguida, com os pés

fincados no chão e o pensamento iluminado pelo brilho vermelho da revolução que

construímos no dia a dia a cada problema superado e aprendizagem realizada.

Aos Companheiros e Companheiras da turma “Milton Santos”, por ter me gratificado com

vossa companhia nestes longos cinco anos, que ao mesmo foi um tempo curto. Longos, por

ser tempo suficiente para refletirmos questões, embora iniciais, estruturantes do pensamento

geográfico, novas questões e desafios teórico-práticos. Curto, por não ser hábil em

proporcionar oportunidades para conhecermos profundamente a riqueza das múltiplas

experiências de vida militante de tantos e tantos camaradas, na agonia dos tempos escola e na

correria do tempo comunidade. Em especial, o Companheiro “Tchesco”, o tal Leandro Feijó,

que ao suportar meus delírios após doses de embriagues sonolenta, tecemos reflexões que

amadureceram nossas leituras, ficando a gratidão e o compromisso da continuidade em

publicarmos juntos alguns de nossos escritos.

Às monitoras Yamila e Eliete por terem me acompanhado e me ajudado em todas os

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momentos necessários, com vossa dedicação e compromisso com o estudo coletivo.

Ao Orientador, Prof. Gilberto que, mesmo um tanto distante, se dispôs em nos acompanhar

nesta importante fase da caminhada, socializando suas simpáticas reflexões e provocações,

que tiveram origem em nosso contato na disciplina Região e Regionalização. Nestes

encontros e desencontros, ficam suas lições da objetividade de suas análises e as indicações da

função social do conhecimento e o papel do intelectual em sua dimensão ética.

À Minha família, por ser sempre uma referencia de esforço, dedicação, fidelidade e

compromisso com o mundo, com as coisas e com as pessoas. Valores que aprendemos desde

cedo, com os tombos que levamos, mas principalmente pelos levantes que fizemos juntos.

Não cabem aqui detalhamentos, mas no intimo de cada um de nós, temos guardado as

importantes emoções da infância e os ensinamentos dos mais velhos, onde reside a essência

da educação, aquela que deixa marcas que se manifestam nas atitudes e nos hábitos

cotidianos. Família que cresceu ao longo de minha vida (e continua crescendo a cada dia que

passa), chegando a ponto de não me recordar do nome de todos que se aproximam de novo e

“puxam um dedo de prosa”. Primeiro a família biológica, a base da moral e da ética

camponesa, depois a vasta família política da Via Campesina, sustentação da ética que

transforma e se transforma na mobilização do povo, nossa mobilização!

À Universidade Estadual Paulista- UNESP, sendo uma das grandes referencias na produção

do conhecimento geográfico latino, se organizou, dentro de suas condições administrativas,

políticas e históricas, e nos recebeu da melhor maneira que pode. Claro! Não poderiam faltar

as divergências, as especulações, mas também os apegos e as admirações. Os grupos de

funcionários da universidade, desde as pessoas das limpezas diárias das dependências, aos

vigilantes, que nos acompanharam e nos orientaram sempre que necessário. Fica nosso

compromisso e abraço fraterno aos trabalhadores e às trabalhadoras desta instituição.

Aos Professores e Professoras, que dedicaram parte de seu tempo para desenvolver as

atividades das diversas disciplinas. Os momentos de tensão e descontração compuseram nosso

trajeto e tatuaram marcas, de seriedade profissional e amizade, em nossas vidas, cujas são

revitalizadas a cada lembrança e reencontro que o destino nos oportuniza.

À Coordenação Político Pedagógica do Curso Especial de Geografia, pela compreensão e

preocupação simultâneas em acompanhar-nos da melhor maneira possível. A renovação dos

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quadros só nos trouxe a satisfação e a responsabilidade de podermos construir coletivamente

uma experiência tão rica e distinta, que atrai referencias, criticas e desafios dia após dia, o que

nos exige eficácia na atuação política nos diversos momentos e espaços da militância.

À Escola Nacional Florestan Fernandes, nossa escola! Por ser uma das nossas mais

significantes expressões na de formação de quadros, e pela possibilidade sistemática de poder

fazer parte desta história da luta de classes no Brasil. Cujo instrumento potencializa nossa

intervenção política através da qualificação da formação cientifica em diferentes áreas do

conhecimento.

Ao Movimento dos Pequenos Agricultores- MPA, por ter me desafiado ao “encomendar” o

estudo deste tema, e por me gratificar pela oportunidade de poder contribuir na efetivação e

na construção da estratégia camponesa, do Plano Camponês, que se requalifica rumo aos

saltos, a maneira que identificamos, compreendemos e superamos as contradições oriundas do

modo capitalista de produção, em particular no campo capixaba.

Às pessoas que se dispuseram em fornecer informações e orientações ao longo do trabalho de

campo, me recebendo das melhores maneiras possíveis. Em especial ao jovem amigo Lucas

Altoé, que me acompanhou durante um longo dia de pesquisa. Todas me ensinaram a

importância da seriedade da pesquisa e do compromisso do estudo na transformação da

realidade.

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[...] quando capazes de atacar, devemos parecer incapazes; ao utilizar nossas forças, devemos parecer inativos; quando estivermos pertos, devemos fazer o inimigo acreditar que estamos longe; quando longe, devemos fazê-lo acreditar que estamos pertos. Preparar iscas para atrair o inimigo. Fingir desorganização e esmagá-lo. (SUN TZU, A arte da guerra)

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RESUMO

No processo da formação social e na configuração das classes, bem como das contradições eminentes do modo de produção capitalista, o conceito de campesinato é elemento chave para compreender com profundidade o falso dualismo entre cidade e campo, entendendo que ambos os espaços fazem parte de uma mesma lógica territorial, pois assim como o capital explora o trabalho sob formas de assalariamento, ele também o faz a maneira que sujeita a renda da terra subordinando nas relações de trabalho o camponês. No contexto de avanço de grandes projetos baseados na economia industrial, em particular no Espírito santo, legitimado pelo Estado, como o caso do programa de erradicação de cafezais, cujo discurso desenvolvimentista julgou a economia camponesa como sinônima de atraso, estimulando as florestas plantadas de eucalipto, os desertos de cana de açúcar, a fruticultura irrigada e, contraditoriamente, a retomada do cultivo de café, em larga escala, dentre outras transformações, a produção de leite se transformou em elemento da resistência camponesa. Para compreender este fato, analisa-se a produção de leite em diversas escalas e pontualmente sobre o município de Pinheiros, por meio de dados estatísticos da FAO, do IBGE, EMBRAPA-Gado de leite e trabalho de campo. Destaca-se que embora esta atividade econômica, por um lado, tenha possibilitado a resistência camponesa, por outro, está completamente atrelada aos laticínios, o que resulta na sujeição da renda da terra à agroindústria capitalista por meio da integração da produção camponesa. No sentido da superação desta contradição, é que Movimento dos Pequenos Agricultores propõe a organização e a construção de estratégias de processamento da produção camponesa, em específico, a consolidação mini-usinas de beneficiamento de leite no município de Pinheiros - ES, em vista da efetivação do Plano Camponês e da soberania alimentar. Palavras-chave: Campesinato. Produção de leite. Agroindústria Plano Camponês. Produção camponesa.

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RESUMEN

En el proceso de formación social y la configuración de las clases, así como las contradicciones del modo de producción capitalista, el concepto de los campesinos es un elemento clave para comprender en profundidad la falsa dicotomía entre campo y ciudad, creyendo que ambos espacios son parte de misma lógica territorial, así como el capital extrae la plusvalía del trabajo, sino que también lo hace sobre la renta, las relaciones laborales en la tierra, subordinando a los campesinos. En el contexto de avance de proyectos importantes basados en la economía industrial, sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por el Estado, como el caso programa de erradicación del café, cuyo desarrollo se considera el discurso de la economía campesina como sinónimo de retraso, el fomento de los bosques plantados de eucaliptos , los desiertos de la caña de azúcar, crecimiento de frutas en regadíos y, paradójicamente, la nueva fase de la producción de café a gran escala, entre otros cambios, la producción de leche se ha convertido en una estrategia de la resistencia campesina. Para entender esto, se analiza la producción de leche a diferentes escalas Ciudad de Pinheiros, Espírito Santo-Brasil, son utilizados los datos estadísticos de la FAO, IBGE, EMBRAPA-Ganado de leche y el trabajo de campo. Es de destacar que la resistencia campesina ha hecho posible el cambio, está totalmente vinculado a los productos lácteos, que se traduce en el sometimiento de todas las rentas de la tierra a los capitalistas agro-industriales a través de la integración de la producción campesina. Con el fin de superar esta contradicción es que el Movimiento de Pequeños Agricultores propone la construcción de la organización y las estratégias de procesamiento de la producción, en particular, la consolidación de mini-plantas procesadoras de leche teniendo en cuenta la realización de plan de campesinos de soberanía alimentaria. Palabras clave: campesinado, producción de leche, Agroindústria , producción campesina

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Lista de Mapas

Mapa 01: Produção de madeira em tora para papel e celulose (m³) ------------------------------ 38 Mapa 02: Espírito Santo- Área plantada de cana de açúcar – 1990- 2008 ----------------- 47 Mapa 03: Modelo digital de elevação do Espírito Santo ------------------------------------------- 54 Mapa 04: Espírito Santo- Área plantada de mamão – 1990- 2009 -------------------------------- 59 Mapa 5 -Espírito Santo – Área plantada de café -1990-2009 -------------------------------------- 68 Mapa 06: Área de estudo- localização dos estabelecimentos cadastrados ----------------------- 94

Lista de Gráficos

Gráfico 01: Evolução da produção de madeira em tora para papel e celulose (m³) ------------ 34 Gráfico 02: Produção de madeira em tora para papel e celulose ---------------------------------- 36 Gráfico 03: Produção nacional de madeira em tora para papel e celulose ----------------------- 39

Gráfico 04: Área plantada de cana de açúcar - Municípios selecionados- 2008 ---------------- 46 Gráfico 05: Área plantada de arroz e cana de açúcar ----------------------------------------------- 48 Gráfico 06: Evolução Nacional da área plantada de cana de açúcar ----------------------------- 50 Gráfico 07: Área plantada de mamão ----------------------------------------------------------------- 57 Gráfico 08: Evolução da área plantada de mamão -------------------------------------------------- 60

Gráfico 09: Área plantada de mamão ----------------------------------------------------------------- 61 Gráfico 10: Participação dos grupos de produtos no PIB Agropecuário ES -2006 ------------ 65 Gráfico 11: Área planta de café – Municípios selecionados - 2009 ------------------------------ 67 Gráfico 12: Evolução da área plantada de café ------------------------------------------------------ 69 Gráfico 13: Produção Mundial de leite de origem bovina-2007 ---------------------------------- 74 Gráfico 14: Produção de leite de origem bovina ---------------------------------------------------- 76

Gráfico 15: Produção de leite de origem bovina- América do sul- 2007 ------------------------ 77 Gráfico 16: Evolução da produção nacional de leite- 1990 a 2009 ------------------------------- 80 Gráfico 17: Produção nacional de leite de origem bovina- estados Selecionados - 2009 ----- 81 Gráfico 18: Evolução da produção de leite no Espírito Santo- 1990 a 2009 -------------------- 87 Gráfico 19: Produção de leite- Municípios selecionados- 2009 ----------------------------------- 87 Gráfico 20: Evolução da Produção de leite por vaca ordenhada (l/a/d) -------------------------- 92 Gráfico 21: Produção de leite por animal (L/an)- Área de estudo -------------------------------- 95 Gráfico 22: Produção de leite por área destinada a atividade- Área de estudo ------------------ 95

Gráfico 23: Participação das classes de produtores na produção total da área de estudo ------ 96 Gráfico 24: Estrutura fundiária da área de estudo –Nome do Município, ano ---------------- 100

Gráfico 33: Mão de obra empregada na atividade-------------------------------------------------- 108 Gráfico 34: Preço do leite recebido pelos produtores da área de estudo ------------------------ 120 Gráfico 36: Preço por destino de venda -------------------------------------------------------------- 121

Gráfico 39: Opinião do/as entrevistados/as --------------------------------------------------------- 133 Gráfico 40: Disposição do/as entrevistados para construir a mini usina ------------------------ 134

Lista de Tabelas

Tabela 01: Evolução da produção de madeira em tora para papel e celulose (m³) ------------- 37 Tabela 02:Evolução da produção nacional de madeira em tora para papel e celulose (m³) -1990 a 2009 ----------------------------------------------------------------------------------------------- 40

Tabela 03: Evolução da área plantada de cana de açúcar ------------------------------------------ 49 Tabela 04: Evolução Nacional da área plantada de cana de açúcar -1990 a 2009 -------------- 51 Tabela 05: Evolução da área plantada de mamão --------------------------------------------------- 58 Tabela 06: Evolução Nacional da área plantada de mamão- – 1990 a 2009 -------------------- 62 Tabela 07: Evolução da área plantada de café- Municípios selecionados- 1990 a 2009 ------- 66 Tabela 08: Evolução da área plantada de café no Brasil- 1990 a 2009 --------------------------- 70

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Tabela 09: Evolução da produção nacional de leite de origem bovina- 1990 a 2009 ---------- 82 Tabela 10: Produção nacional de leite por grupos de área - Unidades Federativas – 2006 --- 85 Tabela 11: Principais produtos exportados pelo Espírito Santo- 2009 --------------------------- 86 Tabela 12: Evolução da Produção de leite – Municípios Selecionados- 1990 a 2009 --------- 88 Tabela 13: Evolução do rebanho leiteiro, produção de leite, e produtividade por animal ----- 93 Tabela 14: Produção de leite por animal (L/an)- Área de estudo --------------------------------- 93 Tabela 15: produção de leite por área destinada a atividade (L/ha)- Área de estudo----------- 95 Tabela 16: Participação das classes de produtores na produção total da área de estudo ------- 96

Tabela 17:Produção de leite por grupo de área ------------------------------------------------------ 97 Tabela 18: Produção de leite por grupo de área e respectivos estabelecimentos --------------- 98 Tabela 19: Estrutura fundiária da área de estudo, nome do Município, ano --------------------- 99 Tabela 20: Tempo na atividade da produção leiteira, área de estudo, Pinheiros-2011 -------- 100 Tabela 21: Área da destinada à capineira nos estabelecimentos --------------------------------- 101 Tabela 22: Estabelecimentos que utilizam irrigação nas áreas de capineira -------------------- 102 Tabela 23: Fornecimento de suplemento alimentar (mineral e outros) -------------------------- 102 Tabela 24: Número de estabelecimentos com pasto rotativo ------------------------------------- 104 Tabela 25: Percentual da área de pasto extensivo nos estabelecimentos ------------------------ 104 Tabela 26: Rebanho bovino destinado à produção de leite, área de estudo, Pinheiros -------- 106

Tabela 27: Acesso à financiamento para investimento na atividade leiteira ------------------- 106 Tabela 28: Valores dos financiamentos -------------------------------------------------------------- 107 Tabela 29: Mão de obra empregada na atividade --------------------------------------------------- 108 Tabela 30: Nº de pessoas empregadas na atividade ------------------------------------------------ 109 Tabela 31: Mão de obra não familiar empregada na atividade ----------------------------------- 109 Tabela 32: Mão de obra família empregada na atividade ----------------------------------------- 109 Tabela 33: Serviço de assistência técnica prestada à atividade ----------------------------------- 110 Tabela 34: Aproveitamento dos resíduos no estabelecimento ------------------------------------ 111 Tabela 35: Destino do leite e respectivos preços recebidos pelos produtores ------------------ 121 Tabela 36: Receita bruta mensal por intervalos de valores em R$ ------------------------------- 122 Tabela 37: Receita bruta por área (ha) --------------------------------------------------------------- 123

Tabela 38: receita bruta por animal ------------------------------------------------------------------- 123 Tabela 39: Atribuições do/as entrevistados quanto a satisfação com a produção de leite e a idéia da mini usina -------------------------------------------------------------------------------------- 133

Tabela 40: Disposição do/as entrevistados para construir a mini usina ------------------------- 133

Lista de Figuras

Figura01: Escola Unidocente Córrego São Tomé, Pinheiros-ES. --------------------------------- 29 Figura 02: Abrangência da FIBRIA no Brasil ------------------------------------------------------- 41 Figura 03: Abrangência da FIBRIA no Mundo ------------------------------------------------------ 42 Figura 04: Fazenda Pícoli, Pinheiros - ES. ----------------------------------------------------------- 44 Figura 05: Fazenda Orletti, Pinheiros-ES ------------------------------------------------------------ 45 Figura 06: Comunidade Brunelli, Pinheiros-Espírito Santo --------------------------------------- 52 Figura 07:Fazenda Batalha- Pedro Canário – Espírito Santo -------------------------------------- 53 Figura 08: Comunidade São Domingos, Pinheiros -ES -------------------------------------------- 56 Figura 09: Produção mundial de leite de origem bovina- 2007 ----------------------------------- 78 Figura 10: Espacialização da produção de leite no Brasil por grupos de área- Municipios- 2006 -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 83

Figura 11: Espacialização da produção nacional de leite por grupos de área ------------------- 84 Figura 12: Produção de leite por grupos de área- Espírito Santo- 2006 -------------------------- 90

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SUMÁRIO

Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------------- 15

O Caminho percorrido ----------------------------------------------------------------------------------- 16

1. A resistência camponesa: o Campesinato como classe ------------------------------------------ 19

1.1-O conceito de camponês------------------------------------------------------------------------- 19

2. As transformações no campo: o caso do Espírito Santo ----------------------------------------- 29

2.1- Aspectos históricos ------------------------------------------------------------------------------ 30

2.2- As florestas plantadas de Eucalipto ----------------------------------------------------------- 33

2.3- A cana de açúcar: mais um deserto verde ---------------------------------------------------- 42

3.4 – A fruticultura irrigada: motivo de orgulho (para os fazendeiros!) ---------------------- 55

3.5- A cultura do Café: o retorno do atraso (?) --------------------------------------------------- 64

3. A produção de leite ----------------------------------------------------------------------------------- 72

3.1- A produção de leite no Mundo ---------------------------------------------------------------- 73

3.2- A produção de leite no Brasil ------------------------------------------------------------------ 79

3.3- A produção de leite no Espírito Santo -------------------------------------------------------- 85

3.4- A produção de leite em Pinheiros ------------------------------------------------------------- 89

4. - Outros Aspectos da área de estudo --------------------------------------------------------------- 99

4.1- Estrutura fundiária e tempo na atividade ----------------------------------------------------- 99

4.2- Alimentação Animal -------------------------------------------------------------------------- 101

4.3- Rebanho e reprodução ------------------------------------------------------------------------- 105

4.4- Financiamento ---------------------------------------------------------------------------------- 106

4.6 -Mão de obra e assistência técnica ------------------------------------------------------------ 107

4.7- Resíduos ----------------------------------------------------------------------------------------- 111

5.-Agroindústria Capitalista e Agroindústria Camponesa ----------------------------------------- 113

5.1- A Agroindústria Capitalista ------------------------------------------------------------------- 113

5.1.1-A relação com os produtores: o caso dos laticínios ----------------------------------- 116

5.2- Agroindústria Camponesa --------------------------------------------------------------------- 126

5.3- O Plano Camponês e o Movimento dos Pequenos Agricultores ------------------------ 128

5.3.1- O projeto da mini-usina de leite em Pinheiros ---------------------------------------- 129

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------------------------------- 135

7. - Referencias Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------ 137

8.0- Anexos

8. 1-carta do III encontro nacional do movimento dos pequenos agricultores

8.2- Orçamento de equipamento para mini usina (pasteurização e iogurte)

9.0- Apêndice

9.1- Questionário do trabalho de campo

9.2- Informações gerais dos estabelecimentos cadastrados- Área de estudo

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9.3 - Produção de leite por animal e por área, beneficiamento da produção no estabelecimento e vacas ordenhadas- Área de estudo

9.4- Destino do leite produzido no estabelecimento, preço, forma de pagamento Renda bruta mensal, Renda por área e por animal- Área de estudo

9.5- Situação fundiária dos estabelecimentos- Grupos de área

Área de estudo

9.6- Estabelecimentos que possuem área de capineira- Área de estudo

9.7- Fornecimento de suplemento alimentar nos estabelecimentos, irrigação das áreas de pastejo rotativo e adubação- Área de estudo

9.8- Área de pasto extensivo nos estabelecimentos- -Área de estudo

9.9- Síntese da área destinada à atividade leiteira por estabelecimentos- Área de estudo

9.10 - Rebanho bovino destinado à produção de leite nos estabelecimentos - Área de Estudo

9.11- Técnica de Reprodução e raça predominante dos reprodutores

9.11- Estabelecimentos que acessaram financiamento para investimento na atividade- Área de estudo

9.12- Mão de obra empregada na atividade

9.13- Serviço de assistência técnica aos estabelecimentos

9.14- Opinião do/as entrevistados nos respectivos estabelecimentos

9.15- Observações gerais do/as entrevistados

9.16- Produção de leite por grupos de área- Espírito Santo- 2006

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Introdução

A configuração do espaço agrário brasileiro é resultado de um conjunto de

contradições as quais caracterizam a dinâmica geral do modo de produção capitalista que, por

sua vez, organiza as forças produtivas ao modo que, aparentemente, gera uma dualidade entre

espaços agrários e espaços urbanos, ou se preferir, campo e cidade. Aparente porque é um

pseudo-dualismo, pois são dialéticos ao modo que constituem contradição principal da

sociedade brasileira.

É neste contexto que o conceito de Campesinato como classe social se coloca como

elemento chave para decifrar os processos e sociais, econômicos e políticos que se desdobram

em nossa contemporaneidade, desde as táticas de avanço do capital, a exploração do trabalho

e a sujeição da renda da terra, às lutas anticapitalistas que se efetivam em várias escalas e

dimensões.

Ao analisarmos as principais transformações no campo, em específico, o caso do

Espírito Santo, percebemos se que as articulações do capital privado e Estado se fundem nos

planejamentos regionais e ordenamentos territoriais, produzindo e se viabilizando um discurso

pautado no desenvolvimentismo, típico das décadas de 60 a 80, preferindo os grandes projetos

como as florestas plantadas de eucaliptos, cana de açúcar, fruticultura irrigada, café em larga

escala, entre outros, em detrimento da agricultura camponesa, julgando-a sinonímia ao atraso.

É neste contexto que a produção de leite se colocou como um elemento de resistência

dos camponeses, que têm como principal característica a divisão social do trabalho baseada na

família e comunidade e pequena propriedade de terra, no caso dos pequenos agricultores, o

que faz do Brasil um dos maiores produtores de leite do mundo e o maior da América do Sul.

Porém, como afirmam alguns autores, contraditoriamente a produção de leite no

Brasil tem sua gênese na própria agroindústria de leite (laticínios), destacando a multinacional

Nestlé, que por sua vez tem como objetivo principal, bem como todo e qualquer capitalista, é

manter suas taxas de lucros crescentes, e para isso, é necessário precarizar o máximo o preço

da matéria prima, transformando os camponeses em fornecedores por meio dos processos de

integração.

O Movimento dos Pequenos Agricultores, e outras esferas da Via Campesina,

propondo a superação desta contradição entre Camponeses e agroindústrias capitalistas, lança

na sociedade o debate do Plano Camponês, como uma estratégia de viabilização da

agricultura pela via camponesa e não pela via do agronegócio. É neste contexto, no eixo da

Soberania Alimentar, que se dá projeto da mini usina de beneficiamento de leite em Pinheiros,

e a nossa tarefa é ajudar o Movimento nesta tomada de decisão.

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Por isso, este trabalho é fruto de um conjunto de pesquisas, sistematização de dados

secundários e, principalmente, de trabalho de campo realizado entre os meses de maio e junho

deste ano, atingindo uma amostra de cerca de 10% do total de estabelecimentos produtores de

leite, cuja amostra localizada no centro norte, representando cerca de 25% da área total do

município, onde reunimos informações como produção, preços pagos pelos laticínios,

localização, disponibilidade se inserir na organização da mini usina, dentre outras.

Por fim, propõe de um plano de trabalho que, de maneira geral, pode orientar o

Movimento de como proceder na efetivação do Plano Camponês nesta realidade contraditória,

marcada pelo avanço do latifúndio e a resistência camponesa.

O Caminho percorrido

Ao analisar a realidade, o pesquisador é dotado de determinada intencionalidade

política, muito embora haja muitas afirmações da neutralidade científica, como afirmam

vários autores.

Nossa tarefa aqui é levantar e sistematizar informações julgadas importantes para

tomada de decisões do Movimento dos Pequenos Agricultores, ao debater a necessidade de

viabilizar o plano camponês em sua dimensão geral, considerando as análises das realidades

particulares, em escala específica de acordo a abrangência das proposições e projetos.

Neste caso, consiste num projeto de implantação de mini usinas de beneficiamento

de leite em um eixo de comunidades, sendo considerado aqui como área de estudo, no

município de Pinheiros, norte do estado do Espírito Santo.

A necessidade de implantação de estruturas coletivas de beneficiamento dos produtos

dos camponeses faz parte de um contexto econômico e político de evidenciação da

contradição histórica que existe na relação com a indústria capitalista e Campesinato.

Sendo assim, é importante quantificar a realidade, mapear, descrever, colocar

instrumentos da geografia, como a cartografia e a estatística, a serviço de uma classe, ou

especificamente de um Movimento social, com propostas de resistência na terra, indo contra a

lógica latifundista do modo de produção capitalista no Brasil, deixando claro nossa posição

teórica, histórica e geográfica deste trabalho.

Isso foi feito ao modo que sistematizamos e analisamos informações a respeito da

produção de leite mundial da Food and Agriculture Organization of the United Nations

(Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) – FAO e da Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA; da produção nacional do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, no banco de dados do sistema de recuperação

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automática-SIDRA, especificamente: censo agropecuário-2006 e pesquisa pecuária; e

trabalho de campo entre os meses de maio e junho do corrente ano.

Além destes, também foram analisados documentos do Governo do Espírito Santo,

como o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixada – PEDEAG,

dissertações e monografias que analisaram a realidade do campo no Espírito Santo, no sentido

de entender as principais transformações ocorridas a partir da década de 60 e os impactos

sobre a agricultura camponesa. Para isso foi analisado dados da pesquisa agrícola municipal

do IBGE entre os anos 1990 a 2008/9.

Foi neste contexto que a produção de leite se colocou como elemento de resistência

dos camponeses pequenos proprietários de terra, chamados de pequenos agricultores, cujos

configuram a base social principal do Movimento dos Pequenos Agricultores- MPA. Daí a

necessidade de compreendermos o conceito de Campesinato como classe dentro de um modo

de produção que tem como relações capitalistas como dominantes e não capitalistas como

contradição.

Sendo assim, vale detalhar os procedimentos do trabalho de campo, cujo consistiu se

em uma caracterização dos produtores de leite, em um eixo de comunidades, na zona centro

norte do município de Pinheiros- ES.

A amostra foi selecionada por critérios internos do Movimento dos Pequenos

Agricultores, em reunião da coordenação da regional “Valdício Barbosa”, composta por

coordenadores dos municípios de Pinheiros, Pedro Canário e Montanha, ocorrida no mês de

março de 2011, embora já havia sido discutida a temática em reuniões anteriores, apontando

esta área, dando origem ao projeto desta pesquisa, ainda no ano de 2010.

O levantamento destas informações ocorreu entre os meses de maio e junho deste

ano, com visita in loco, sendo aplicado questionário previamente formulado juntamente com o

professor orientador e a coordenação do MPA, em forma de entrevista pessoal em vinte e sete

casos (27), contendo uma (01) entrevista por telefone.

A área de estudo corresponde a aproximadamente 25 % da área total do município de

Pinheiros-ES, como mostra o mapa de localização dos estabelecimentos cadastrados, adiante.

Foram 28 estabelecimentos cadastrados, significando 100% dos que produzem leite

da área previamente indicada, independente da quantidade produzida, da área total ocupada

ou mesmo da posição política da família proprietária. Esta amostra equivale a 11% do total de

estabelecimentos que produziram leite no município, com base nas informações do censo

agropecuário de 2006.

Outros estabelecimentos contidos na área de estudo não compuseram a lista de

cadastro em função de desenvolverem outras atividades agropecuárias, não constando a

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leiteira. Esta informação foi obtida ao longo do trabalho de campo, cujas orientações

ocorreram pela experiência empírica dos moradores.

O itinerário das rotas e estradas de acesso foi o orientado por um “mosaico” de

imagens impressas, capturadas no software “KOSMO 2.0- Sitema Abierto de Informacion

Geográfica”, a partir do ortofotomosaico 2007-2008, disponível no site da Secretaria

Estadual de Meio Ambiente (www.seama.es.gov.br).

Cada questionário (anexo 8.1) foi numerado de acordo a ordem das entrevistas,

significando, posteriormente o equivalente ao CÓDIGO do estabelecimento nos mapas e

tabelas. Os questionários de número 15 e 25 foram cancelados, pois no momento de execução

da entrevista, um dos produtores se negou a fornecer as informações e outro alegou que estava

encerrando a atividade leiteira ainda no mês de junho deste ano, por isso avaliou inviável a

entrevista.

O conjunto das variáveis que integram o questionário é composto por: caracteres

gerais, como identificações e contatos, estrutura fundiária, tempo na atividade como

alimentação, rebanho leiteiro, produção, acesso a financiamento, técnica de reprodução,

assistência técnica, aproveitamento dos resíduos, mão de obra ocupada, e por ultimo, a

opinião do/a entrevistado/a, incluindo observações gerais que surgiram durante as entrevistas,

não sendo presentes em todas.

Os mapas temáticos do Mundo, do Brasil e do Espírito Santo foram produzidos por

meio do software de cartomática Philcarto 4.5 disponível em < http://philcarto.free.fr/>, a

partir das bases cartográficas do IBGE- Malha municipal de 2000, convertidas e adaptadas ao

software Adobe illustratror 10.0.

De maneira geral, este trabalho foi produzido por meio de reflexões teóricas e

análises de dados estatísticos secundários e primários, no sentido de compreender a dinâmica

da realidade.

Por isso, inicia se tal reflexão colocando a questão da resistência camponesa e o

Campesinato como classe social definida historicamente, que sofreu sofre múltiplas

transformações no interior do modo capitalista de produção, mas a resistência e a luta pela

terra o faz sujeito histórico geográfico de superação das contradições.

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1. A resistência camponesa: o Campesinato como classe

De maneira geral, o conceito de camponês tem provocado muitas reflexões no

interior das ciências sociais, com destaque à geografia, mas também debatido na sociologia,

antropologia e história. A questão colocada neste primeiro momento de nossa reflexão é a

atualidade do conceito no sentido de identificar suas contribuições e efetividade na

compreensão dos fenômenos históricos que ocorrem no seio de uma sociedade de classes,

bem como suas manifestações, condições e maneiras de garantir sua reprodução social por

meio de adaptações, resistências, transformações, sem que a sua gênese histórica se corrompa,

ou seja, manter a essencialidade das relações não capitalistas de produção que, por sua vez,

fundam a condição camponesa, embora muitas vezes esteja inserida em um contexto com

maior ou menor influência do modelo capitalista de produção, em diferentes espaços e/ou

fases históricas.

Neste sentindo, a compreensão do conceito e seus significados são importantes neste

momento, bem como avançar no entendimento de como a produção leiteira se transformou

em uma das principais atividades produtivas que contribuem para a resistência camponesa, em

específico no município de Pinheiros, situado no norte do estado do Espírito Santo.

1.1-O conceito de camponês

Nossa temática de estudo nos indica uma pressuposição histórica: a existência de

camponeses na contemporaneidade. Mas não somente isso, mas também uma teoria que

implique na pertinência e a atualidade do conceito. Como afirma Marques, (2008):

Trata se de um conceito que possui uma história significativa no interior das ciências sociais e que têm relacionado às disputas políticas e teóricas travadas em torno da questão agrária brasileira e as direções tomadas pelo desenvolvimento capitalista no campo. (MARQUES, 2008, p. 58).

O conceito de camponês se apresenta aqui, não como um setor da economia, embora

muitos o compreendam desta forma, em função de ter passado por grandes transformações e

re-significações oriundas dos processos contraditórios no interior do modo de produção

capitalista, mas como uma manifestação concreta de relações sociais de produção que

apresenta especificidades enquanto modo de vida (SHANIN, 2005) no âmbito da reprodução

social, e profundas contradições frente às formas produção hegemônicas do capitalismo e aos

seus preceitos e lógicas (a mercadoria).

É uma sociedade capitalista porque em seu interior podem existir distintas relações

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sociais de produção, ainda que uma apresente determinado grau de dominância, como diz

Harnecker (1990):

Embora em uma sociedade concreta se dêem ao mesmo tempo várias relações de produção, sempre um tipo de relação é dominante em relação as demais o importante é assinalar, por meio do estudo dessa sociedade em particular, qual é a relação dominante e de que maneira domina as demais. São essas relações dominantes que permitem caracterizar uma sociedade como escravagista, servil, capitalista ou socialista. (HARNECKER,1990. p. 86)

Neste sentido, entende-se por modo de produção capitalista uma forma de

organização da sociedade, fundada na exploração do trabalho, na maximização dos lucros, no

modelo de Estado liberal, que se baseia dentre outros elementos na apropriação privada dos

meios de produção e na acumulação de riquezas por uma parcela diminuta da sociedade,

parcela esta composta pelos capitalistas, que detém o poder político e econômico. Devido a

estes fatores, controlam também outras relações no interior da sociedade. Portanto, “por

serem donos dos meios de produção, os capitalistas têm em suas mãos o poder econômico, e,

devido a esse poder, controlam também outros aspectos da sociedade.”

(HARNECKER,1990, pg. 62).

Este modo de produção se organiza em dois níveis, dois pólos dialéticos de uma

mesma contradição: o econômico e o jurídico-politico-ideológico. O primeiro, chamado

também de infraestrutura, fundante de toda a sociedade, é o responsável pelo modo que se

erguem as estruturas sociais e se efetivam as relações de produção material. O segundo, a

superestrutura, representado por mediações ideológicas e de controle social, têm no Estado

sua principal síntese.

Na dinâmica real, a economia é dominante, muito embora as ideias, a jurisdição e

política legitimem e defendam seus interesses, aparecendo como fatores estruturantes.

[...] não são as idéias que explicam como se estrutura a sociedade, mas, ao contrário, é a infra estrutura ou nível econômico; mais precisamente, é o tipo de relações de produção que se estabelecem em uma sociedade o fio condutor que permite compreender as formas que adota o Estado, as leis, as idéias que dominam nessa sociedade, isto é a superestrutura (HARNECKER,1990,p. 65)

Embora as relações capitalistas sejam dominantes, na contemporaneidade, sobre as

demais, em uma sociedade pode haver outras relações, de natureza diferente, distintas e até

mesmo opostas ao modo de produção capitalista. “Essas relações de produção diferentes dão

origem a grupos sociais diferentes, que se diferenciam entre si pelo lugar que ocupam na

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produção de bens materiais, nós os chamaremos de classes sociais”. (HARNECKER,1990,

p. 87)

Por isso, trataremos o Campesinato como uma classe social, pois ocupam lugar

específico na sociedade no processo de produção de bens materiais. O camponês, por um lado

é o sujeito produto e produtor destas relações, e por outro o conceito científico, cujo estamos

tratando neste capítulo.

O Campesinato trata-se de uma classe histórica que se configurou ao longo de

centenas de anos, produzindo valores de uso e cultura própria, sendo produto dialético da

história na relação sociedade – natureza, através dos processos de desenvolvimento das

técnicas, de domesticação dos animais e plantas, na relação com a terra e outros elementos da

natureza.

É uma classe social que tem sua própria forma de organizar a produção e dinamizar

as relações de trabalho, configurando seu próprio modo de vida.

As diferentes maneiras pelas quais o modo de produção capitalista tem organizado

suas relações de trabalho, seus processos de reprodução objetiva e subjetiva, tem re-

significado a reprodução do Campesinato no mundo, gerando contradições que levam a

muitas afirmações precipitadas da inexistência de camponeses na sociedade atual, como

afirma Silva& Fagundes, 2011:

Sem dúvidas, as insistências, sobretudo teóricas, da ausência do Campesinato na sociedade contemporânea em função de sua integração direta ou indireta com o mercado capitalista, faz parte de um projeto social dominante que tem como perspectiva a inserção e a integração sistemática de tudo e de todos à lógica do capital. Pelo contrário, entendemos que estas relações são parte de uma estratégia, que os camponeses adotaram de forma involuntária de sobrevivência às “intempéries” da história para garantir sua reprodução social, não perdendo sua originalidade essencial que é a capacidade de trabalhar e viver com e na terra. (SILVA & FAGUNDES, 2011.p.02)

Existe uma persistência camponesa em existir, isso que chamamos de resistência

camponesa. [...]Eles persistem ao mesmo tempo em que se transformam e se vinculam

gradualmente à economia capitalista circundante, que “pervade” suas vidas. (SHANIN,

2005, pg. 9).

Os camponeses estabelecem em alguns momentos relações mercantilistas de caráter

capitalista, mas, essencialmente, seu modo de vida carrega características não capitalistas de

produção, sendo um conceito importante para compreensão dos processos sociais decorrentes

no espaço agrário brasileiro, como afirma MARQUES, 2008:

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Entendemos o Campesinato como uma classe social e não como um setor da economia, uma forma de organização da produção ou um modo de vida. Enquanto o campo brasileiro tiver a marca extrema da desigualdade social e a figura do latifúndio se mantiver no centro do poder político e econômico - esteja ele associado ou não ao capital industrial e financeiro-, o Campesinato permanece como conceito chave para decifrar os processos sociais e políticos que ocorrem neste espaço e suas contradições. (MARQUES, 2008, p.58)

Neste sentido, existem características essenciais do Campesinato, condições

antropológicas, relações culturais e econômicas que o faz em suas múltiplas formas históricas

de organização, de se realizar na relação com os vários elementos da natureza. De cultivar e

ser cultivado na e com a terra.

Em um estágio avançado desta reflexão, poderíamos afirmar que a cultura humana é

essencialmente camponesa, pois a domesticação de animais e plantas permitiu a evolução

cultural, da técnica, da língua, dos instrumentos, presentes em todas as sociedades, como

afirma Shanin (2005):

O que realmente se quer dizer é que os camponeses representam uma especificidade de características sociais econômicas, que se refletirão em qualquer sistema societário em que operem. Que dizer também que a história camponesa se relaciona com as histórias societárias mais amplas, não como seu simples reflexo, mas com medidas importantes de autonomia. Em poucas palavras, significa que uma formação social dominada pelo capital que abarque camponeses, difere daquelas em que não existem camponeses. (SHANIN,2005. p.14)

Por exemplo: ao reunir uma determinada família em um domingo, para

confraternizar um almoço a base de churrasco de carne bovina, no interior de uma

megalópole, talvez nem passe pela percepção das pessoas que a domesticação dos bovinos ao

longo da história da humanidade, elemento que possibilitou sua atual criação em diferentes

formatos tecnológicos, foi, sem sombra de dúvidas, tarefa dos camponeses, muito embora,

cuja moral da família, que consome tal carne em seu almoço dominical, pode estar baseada

em valores do consumo e das relações urbanistas, próprios da “sociedade industrializada” do

século XXI, ainda que seus membros possam defender teoricamente sua inexistência.

O exemplo nos mostra o traço camponês na sociedade, nas relações familiares, não

somente como elemento de um passado remoto que deixou marcas antropológicas, mas a

significância histórica deste conceito. Além disso, a relação direta com a natureza faz parte do

cotidiano de milhares de pessoas as quais designamos de Camponeses, cuja classe é marcada

por processos amplos e complexos, rupturas, revoluções. É parte de uma história geral.

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O campesinato é um processo e necessariamente parte de uma história social mais ampla; trata-se da questão da extensão da especificidade dos padrões de seu desenvolvimento, das épocas significativas e das rupturas estratégicas que dizem respeito aos camponeses. (SHANIN, 2005. p. 18)

A terra é elemento central para sua efetivação, seja como propriedade comunal ou

privada. O conhecimento camponês é tradicional e exclusivo à sua classe, e sua gênese está na

terra. Podemos identificar este fator, quando visitamos uma família de amigos que mora na

cidade há décadas e, mesmo vivendo da venda da sua força de trabalho em setores diversos da

economia, cultiva hortaliças em vasos ou caixas sobre a laje do terraço ou mesmo cria

pequenos animais domésticos no pequeno quintal. Estão simplesmente manifestando as

territorialidades do modo de vida camponês.

Se pensarmos sistematicamente na estratificação da sociedade pela condição

econômica desta família, classificaríamos imediatamente como assalariada, operária ou outra

categoria que designe a venda da força de trabalho, caráter próprio dos trabalhadores livres

que foram expropriados historicamente de seus meios de produção. Mas, como explicaríamos

a pratica da agricultura em vasos?

Certamente, este traço cultural nos hábitos familiares, nos diz que não podemos nos

privar somente a condição de propriedade da terra para compreender o Campesinato, senão,

correríamos o risco de sermos contraditórios ao defendermos uma política ampla de reforma

agrária, que redemocratize o acesso à terra aos camponeses sem terra, que vivem, quando

possível, em condições de assalariamento.

Entretanto, quando há o acesso a um pedaço de terra, na condição de posse,

propriedade, arrendamento, etc., determinam-se as condições objetivas de realização,

efetivação das relações camponesas em suas múltiplas dimensões, como a modernização dos

instrumentos de trabalho, produção de alimentos para abastecimento da família e mercado

local, bancos genéticos (sementes de plantas e raças de animais), moradia, lazer, esportes,

religiosidades, entre outras.

Como afirmado anteriormente, as relações capitalistas de produção geram problemas

de ordem estrutural para a sociedade, pois nem todas as pessoas podem se beneficiar, com os

mesmos parâmetros, das riquezas produzidas através das relações de trabalho.

Tais problemas, entendemos como contradições, que são produto e produtoras da

própria história humana, logo, não são estáticas e/ou imutáveis, podem ser superadas a

maneira que as interpretamos e atuamos sobre suas complexidades.

Para compreender as contradições da sociedade brasileira e identificar a contradição

principal, a reflexão deve obrigatoriamente passar pela questão da terra. Erroneamente alguns

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de nós temos nos privado em relacionar esta questão somente aos espaços agrários, sendo

aqueles que apresentam baixas densidades demográficas e que as atividades econômicas estão

vinculadas basicamente à agropecuária, ausentando, muitas vezes, desta leitura, os espaços

urbanos, sendo os que apresentam maiores demografias e a economia baseia-se no setor de

serviços, comércio e indústria.

Ambos são resultados de um processo histórico e econômico de organização da

sociedade, das forças produtivas e da produção do espaço brasileiro. Enquanto existe a

contradição econômica e social entre o trabalho e o capital, poderíamos afirmar que a

principal contradição geográfica é a concentração fundiária versus a concentração

demográfica. A primeira se origina do espaço agrário com base na renda da terra. A segunda,

o urbano, com a especulação imobiliária. Em ambos, a terra é dominante.

No processo complexo de desenvolvimento de um fenômeno, existe toda uma série de contradições; uma delas é necessariamente a contradição principal, cuja existência e desenvolvimento determinam a existência e desenvolvimento das demais contradições ou agem sobre elas. (TUNG, 2001. pg. 70)

Não dicotômicos como parecem, o urbano e o agrário são dialéticos, de maneira que

fazem parte da mesma dinâmica do modo de produção capitalista, onde a exploração do

capital sobre o trabalho está sempre presente, seja na forma da proletarização direta, onde

expropria os trabalhadores dos meios de produção e transforma artesões e camponeses em

“ trabalhadores livres”, e estes passam a ser proprietários somente de sua força de trabalho,

“obrigando-os” a vendê-la em troca de salário para prover sua existência, seja na

expropriação da renda da terra dos camponeses, por meio dos processos de especialização e

integração com a indústria.

Como em uma contradição, existe um pólo principal ou dominante, no caso

brasileiro, esta dominação tem sido exercida pelo latifúndio, pela grande concentração da

propriedade privada da terra.

Em qualquer contradição os pólos contrários desenvolvem-se de maneira desigual. Acontece que por vezes, estabelece um equilíbrio entre eles, mas isso não é mais que um estado passageiro e relativo; a situação fundamental é o desenvolvimento desigual. Dos dois pólos contrários, um é necessariamente principal e outro, secundário. O principal é aquele que desempenha o papel dominante na contradição. O caráter dos fenômenos é sobretudo determinado por esse pólo principal da contradição, o qual ocupa posição dominante (TUNG,2001.p. 73)

O latifúndio domina. Por isso não pode aparecer nos discursos desenvolvimentistas a

defesa da grande concentração fundiária, e sim o avanço das formas produtivas por meio da

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indústria, fazendo com que a maior parte da sociedade seja ludibriada por meio de

mecanismos ideológicos para alienação da sociedade nos espaços urbanos, ausentando-se

gradativamente do problema central, distanciando-se da compreensão da contradição

principal.

Compreender a sociedade por meio da questão da terra é uma iniciativa de poucas

ciências e de poucos cientistas. Faz parte de um arcabouço teórico-conceitual de leitura da

realidade, que se constituiu, sobretudo a partir dos anos 80, articulado com as lutas populares,

e de apontamentos da superação do modo de produção capitalista.

Sendo assim, ressalta-se que a maior relevância histórica dos camponeses na luta

política é não permitir a dominação absoluta deste pólo, evidenciando suas contradições, ora

resistindo a seu avanço, não permitindo suas ampliações territoriais (resistência na terra), ora

lutando por sua destruição (luta pela terra). Está, portanto, consolidada a disputa territorial.

Neste sentido, na luta camponesa, a reprodução social do Campesinato faz parte de

uma estratégia política e histórica de luta anticapitalista. Primeiro por destruir a dominância

do latifúndio, segundo por estabelecer relações de trabalho baseadas na ausência da

exploração capitalista.

Como isso ocorre? Ocorre pelo fato de que a apropriação da terra pelos camponeses

se dá em pequenas parcelas, quando posseiros ou proprietários, ou em forma comunal. Essa

variação ocorre em função da estratificação específica, do tipo de camponês que a se refere,

indo desde as comunidades tradicionais, , como no caso dos indígenas, quilombolas,

ribeirinhos, que baseiam se nesta última forma, até os pequenos agricultores, que são aqueles

que detêm uma pequena propriedade privada de terra, e a força de trabalho disponível da

família e comunidade é suficiente para desenvolver as atividades produtivas, descartando a

necessidade de assalariamento.

É neste momento que se funda e se diferencia a produção campesina, quando a terra se consolida não como fator de produção meramente econômico, como o capital, e nem mesmo o trabalho encerra tal perspectiva. A terra, fator de produção para o capital, como valor de uso para a produção campesina, não como mercadoria (valor de troca), passa a ser pensada do ponto de vista da mantença da família, do trabalho, da vida. (SOUZA,2007. p.09)

Quando ocorre o assalariamento, por uma família proprietária de uma pequena

parcela de terra, designada também como uma unidade de produção camponesa, que depois

de um determinado tempo, consegue ampliar sua produção por meio de tecnologias,

acumulando riqueza, e às vezes adquirindo mais terra, necessitando de contratar pessoas

externas ao núcleo familiar e pagá-las um salário em troca de sua força de trabalho, é o que

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Oliveira(1991) chama de “transformação de camponeses em capitalistas”.

[...] o nascimento da classe capitalista no campo, que segundo a história, teve origem naquela fase inicial do capitalismo, quando o comércio dominou (mercantilismo). O processo de nascimento de novos integrantes da classe capitalista continua. Vários fatores podem gerar a criação de novos capitalistas. Por exemplo, o setor tecnológico (máquinas, fertilizantes, sementes selecionadas, agrotóxicos, etc.). Para aumentar a produção de alimentos nas fazendas capitalistas, esse arsenal tecnológico entrou no mercado e está a disposição dos camponeses.através do trabalho familiar eles podem aumentar sua produção, ao mesmo tempo ampliar suas terras. Dessa forma, uma família camponesa pode estar produzindo além do necessário a sua sobrevivência e com isso acumulando. Esse dinheiro poderá ser destinado a aumentar suas terras e/ou contratar trabalhadores assalariados para trabalhar com ela. Quando isso ocorre, seus membros (filhos, pai e mãe) deixam de trabalhar na produção, passando a cuidas das tarefas de administração e comercialização da produção, tornando-se, pois, pequenos capitalistas. (OLIVEIRA, 1991. p.21)

Neste sentido, entende-se por capitalistas aqueles possuidores dos meios de produção

(terra, máquinas) e que forjam relações de trabalho baseados no assalariamento, apropriando-

se da riqueza produzida pelo trabalho alheio, como afirma Oliveira (1991).

Capitalistas são, portanto, todos aqueles que, possuidores de capital, destina-no à produção. Na agricultura, adquirem terras e outros meios de produção e contratam trabalhadores para trabalhar em forma de um salário. (OLIVEIRA, 1991. p. 21)

O salário é uma parcela da riqueza produzida pelo trabalhador. A outra, apropriada

pelo capitalista que se soma aos seus lucros, que devem ser preferencialmente crescentes,

sendo denominada por Karl Marx de mais valia. Por isso, quando um determinado capitalista

assalaria um trabalhador, está se apropriando, roubando diplomaticamente sua riqueza em

legítima defesa da lógica de acumulação.

Na lógica camponesa, pelo contrário, os membros dos grupos familiares e das

comunidades, organizam as relações de trabalho de maneira que lhes permitam produzir e

apropriar-se das riquezas de maneira coletiva, baseada no principio socialização, dos produtos

e do conhecimento. É comum a ocorrência, por exemplo, de visitas entre camponeses, haver a

troca de sementes, presentes como pedaços de carne de animais criados abatidos pelas

famílias. Isso significa que os produtos, as riquezas, do trabalho familiar e comunitário, são

apropriados coletivamente. Além disso, os planejamentos são feitos de acordo com as

necessidades da própria família, como a construção ou melhoria da moradia, aquisição de

meios de transporte, estudos dos filhos etc.

Os instrumentos de trabalho são desenvolvidos a partir da experiência vivenciada e a

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oralidade se transforma em elemento chave na produção do conhecimento geracional. Por

exemplo, se perguntamos a um camponês, com quem ele aprendeu a observar e considerar as

fases da lua para a castração de animais, preparando–os para o abate, para realização de

plantios e/ou colheitas, a resposta certamente não se referiria ao treinamento escolar, mas sim

a sua experiência de vida (diálogo, observação, experimentação) com os mais velhos, como os

pais ou avós.

Com o avanço do modo de produção capitalista no campo, parte destas relações foi

sendo consumida, destruída. Primeiro, pela expropriação das terras dos camponeses,

transformando-os em “trabalhadores livres”, obrigados a vender sua força de trabalho em

troca de salários (quando possível). Segundo, pela subordinação da produção e da circulação

dos produtos dos que não foram expropriados, ora por resistência cultural e/ou política ou

pelas áreas ocupadas por estes não servirem aos interesses geoeconômicos dos capitalistas,

como baixa fertilidade dos solos ou dificuldade de acesso, ao mercado capitalista.

Outra parte resistiu de maneiras diversas a este processo, sendo denominada de

resistência camponesa.Sendo assim, a compreensão do conceito de Campesinato, exige a

ampliação de sua leitura, pois como afirma Marques (2008):

O Campesinato se caracteriza por uma organização social específica que ora serve aos interesses capitalistas, ora lhes é contraditória. O modo de vida camponês apresenta simultaneamente uma relação de subordinação e estranhamento com a sociedade capitalista. Se, por um lado, o mercado domina o Campesinato, por outro, ele não o organiza. (TAUSSING, 1980 apud MARQUES, 2008, p 59).

Hoje no Brasil temos diferentes tipos de camponês, tendo como referência dois

movimentos centrais de enfrentamento à lógica capitalista (resistência e luta pela terra): a) os

camponeses sem terra, assalariados urbanos e rurais, desempregados, pequenos comerciantes,

que por uma maneira ou outra tiveram suas terras expropriadas ou nunca a tiveram como

propriedade privada da família, onde viviam na forma de concessão de uso, como os meeiros;

b)os camponeses com terra, variando entre as terras comunais, como remanescentes

quilombolas, que por muitos são chamados de “comunidades tradicionais”, até as pequenas

propriedades privadas dos pequenos agricultores.

Esta diversidade, de “tipos de camponeses”, é resultado de um processo histórico e

econômico, de uma determinada lógica de organização das forças produtivas, de produção e

apropriação das riquezas, de ordenamento territorial do Brasil, que hoje, por um lado, temos a

resistência e a luta na e pela terra, e por outro a ofensiva teórica, política, econômica e até

militar do latifúndio, tendo como principais veiculadores: as políticas do Estado e a atuação

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dos meios de comunicação, de instituições religiosas e de ensino.

Neste sentido, o campo brasileiro sofreu modificações significantes, substituindo

gradativamente, em alguns espaços, a agricultura camponesa, com economia doméstica e base

familiar, pelas relações de produção capitalistas. Estamos em um contexto de efetivação de

grandes projetos de produção agrícola prioritariamente voltada para mercados externos, uma

das faces do agronegócio, com produção em larga escala para abastecimento das matérias

primas que necessitam os complexos agro-químico-alimentares. (THOMAZ JÚNIOR, 2007,

p. 31).

Existem hoje diversas formas de subordinação da classe camponesa, como no

processo de integração aos complexos agroindustriais, o que permite a transferência da

riqueza camponês-capitalista, a dependência dos mercados de insumos e perca da autonomia

sobre os meios de produção, elemento que analisaremos no terceiro capítulo

Antes é importante entendermos as transformações ocorridas no campo, os principais

impactos sobre a agricultura camponesa, as articulações entre o capital provado e estatal no

processo de efetivação dos planejamentos regionais e ordenamentos territoriais sob a ótica

desenvolvimentista.

Neste caso, destacamos ocaso do Espírito Santo, no sentido de avançar a análise de

seus impactos sobre a agricultura camponesa.

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2. As transformações no campo: o caso do Espírito Santo

[...] aqui antigamente era bom, tinha muita gente... hoje parece um deserto. Mas agente não sai daqui não! (Dona Valdenir- Camponesa)

A maneira com que o campo capixaba se configurou após década de 60 trouxe

profundas seqüelas às comunidades camponesas. O símbolo visual nos espaços agrários são

os vestígios de casas, pomares, igrejas e escolas desativadas (figura 01), como também

famílias camponesas cercadas por grandes extensões de terra ocupadas por monocultivos,

como cana de açúcar e eucalipto.

Figura01: Escola Unidocente Córrego São Tomé, Pinheiros-ES.

Foto: Aloisio Souza da Silva, Maio de 2008.

Nas últimas quatro décadas, o Espírito Santo (ES) tem sido palco de grandes projetos

de investimentos na agricultura de larga escala, como as florestas plantadas de eucalipto, a

cana de açúcar, a fruticultura irrigada e a cafeicultura, resultado das políticas econômicas

oriundas do “casamento” entre o Capital e o Estado, impactando profundamente a dinâmica

da agricultura camponesa, que por sua vez tem sua própria lógica de organização das forças

produtivas e de reprodução social no campo.

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30

Esta paisagem que se configura e que chega até aos nossos olhares, faz parte de uma

lógica econômica dominante, marcada por grandes contradições sociais. O Campesinato é o

elemento chave para compreensão destes processos de avanço do modo de produção

capitalista no campo, considerando os impactos sobre a concentração da terra, a matriz

produtiva e o padrão tecnológico imposto.

2.1- Aspectos históricos

No caso do Espírito Santo, os grandes ciclos econômicos são marcas destas

contradições, assim como em outros estados do Brasil, obedecendo a uma lógica geral do

processo de territorialização do modo de produção capitalista, baseado na economia

industrial.

Desde o período colonial, na economia capixaba teve forte presença a produção do

café, baseada na mão-de-obra escrava, além da extração de madeira e criação de gado em

larga escala.

Ate o início da década de 60, a produção cafeeira teve grande participação na

economia do estado, chegando, na década de 50, ao ponto de 75% dos estabelecimentos

agropecuários terem o café como principal atividade econômica, respondendo por mais de 1/3

da renda gerada e 40% das receitas tributárias. (ESTADO, 2008. p 20).

Com o discurso predominante neste período, de existência de baixo nível

tecnológico para controle da broca do café e forte processo de esgotamento dos solos, o

governo federal implantou o "Programa de erradicação dos cafezais”, argumentando uma

“crise”, o que provocou grandes transformações na base econômica, propiciando a inserção

do Espírito Santo em um novo ciclo econômico: o da industrialização.

A partir dos anos 60, a redução da produtividade cafeeira em solos já depauperados ou degradados, as tecnologias insuficientes ao controle da broca-do-café, promovendo perdas substantivas em qualidade e o acúmulo de excedentes de oferta levou o Governo Federal a conceber e implementar o “Programa de Erradicação de Cafezais”. (ESTADO, 2008 p 20)

Na verdade, este discurso fez parte de uma estratégia econômica desenvolvimentista,

onde os diagnósticos para os planejamentos regionais identificaram que a economia capixaba

baseava-se em uma estrutura fundiária de base familiar, pequenas propriedades, isso sendo

então considerado como o principal fator do atraso, que deveria ser superado.

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[...] no discurso desenvolvimentista da década de 1960 a agricultura familiar foi apontada como a raiz da “crise”, ou seja, o problema não estava no café, mas na “base agrária” do estado, concentrada em pequenas unidades familiares, onde era produzido o café. Assim, mesmo reconhecendo que a “crise” não era da produção, pois o Espírito Santo pouco contribuía para o problema da superprodução, e identificando que havia transferência de renda do produtor ao comércio exportador, o discurso desenvolvimentista da década de 1960 identificou na base agrária de pequena propriedade familiar a causa da “crise”. [...] A agricultura familiar também foi identificada como a causa do “atraso” do estado em relação “aos demais centros do país”, e o Espírito Santo foi localizado na periferia do desenvolvimento nacional. (DARÈ, 2010.p 143)

Para o Capital e o Estado, a economia de base agrária camponesa era a principal

causadora do cenário atrasado, então os estudos concluíram que naquele período configurava

se uma crise econômica profunda, marcada por:

Pobreza rural intensa; Forte migração rural-urbana; Ausência de alternativas econômicas de substituição do café; Solos degradados, nas áreas liberadas com a erradicação; Estagnação econômica estadual; Grave crise nas finanças públicas do Estado. (ESTADO, 2008. p. 20-21)

A saída encontrada para tal atraso foi a implantação de logística para sustentação do

comércio exterior das mercadorias produzidas em parte do sudeste e centro-oeste brasileiro,

dando inicio ao ciclo da industrialização.

O Ciclo da Industrialização é marcado por significativas transformações na economia capixaba, identificadas pelo esforço de diversificação de sua base produtiva, focada na especialização secundário-exportadora, cuja referência, no tempo, é a implantação do Porto de Tubarão, em Vitória, a partir de meados dos anos 60, e a subseqüente instalação e operação das duas primeiras usinas de pelotização de minério de ferro da Companhia Vale do Rio Doce. [...]No setor secundário, fomentado com capitais estatal e estrangeiro e centrado nos “grandes projetos” de produção de bens intermediários (“commodities”), verificou-se a expansão da base industrial. Dentre esses projetos se destacam a produção de celulose branqueada, a ampliação das usinas de pelotização e a produção de placas de aço pela Companhia Siderúrgica de Tubarão. (ESTADO, 2008.p 21)

Esta foi a primeira iniciativa para “desenvolver” o Espírito Santo. Quanto à produção

primária, foi indicada como necessária a produção de madeira (eucalipto) para abastecimento

da indústria de celulose branqueada que se instaurava de maneira expressiva.

Como afirma Daré (2010), depois de apontada a solução para saída do atraso, era

necessário indicar o recorte espacial, ou seja, “onde?”.

Assim, após identificar a causa da “crise” e do “relativo atraso” em que o

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estado se encontrava o discurso desenvolvimentista apontou a solução: a “diversificação” da estrutura produtiva do estado, a qual deveria ser orientada pela indústria e pela produção de exportáveis. Mas ainda faltava o recorte espacial por onde o desenvolvimento iria se inserir no Espírito Santo. Esse recorte foi a região Norte do estado. (DARÉ, 2010.p 143)

Neste sentido, as áreas ocupadas pelas florestas plantadas de eucalipto para

abastecimento da indústria de papel e celulose, situada em Aracruz, a Aracruz Celulose S.A.,

ganham representatividade no padrão de uso do solo, ocupando as terras com relevo menos

acidentado, que viabiliza as estratégias de mecanização e com fácil acesso às vias de

circulação, sobretudo pela BR 101.

Estas áreas eram predominantemente ocupadas por comunidades camponesas, como

Pequenos Agricultores, Quilombolas e Indígenas, abrangendo, inicialmente os municípios de

São Mateus, Conceição da Barra e Aracruz. Grande parte da expansão territorial do

agronegócio silvicultor se estabeleceu por ocupações irregulares, sob a forma de violência

direta e indireta, pois na avaliação do Estado e do capital, além das condições geofísicas, foi

diagnosticado um fator de maior relevância, o que foi chamado de “vazios demográficos”.

Tal diagnóstico é resultado de estudos sobre a situação socioeconômica do Espírito

Santo, feitos pelo Conselho Técnico da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo

(FINDES), criado em 1959.

A atuação desse Conselho Técnico se deu, principalmente, através da criação de estudos e diagnósticos sobre a situação econômica e social do Espírito Santo. Esses estudos tiveram início com o Seminário Pró-desenvolvimento Econômico do Espírito Santo, realizado em fevereiro de 1960 pela FINDES com o apoio da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e do Governo Estadual. Em 1962, o Serviço Social Rural produziu um relatório síntese desse Seminário, intitulado Desenvolvimento Municipal e Níveis de Vida do Estado do Espírito Santo, o qual pode ser considerado um dos primeiros diagnósticos sócio-econômicos do Espírito Santo. (DARÉ,2010.p.37)

Segundo Daré (2010),

Este relatório tem início com uma caracterização da população do Espírito Santo, na qual é ressaltada a sua distribuição desigual. Explica-se que, em 1960, a maior concentração demográfica do estado se concentrava no sul, sobretudo no extremo sudoeste, e na região de Vitória. Já ao norte do Rio Doce, o povoamento ainda não possuía as características de “ocupação permanente”. (DARÉ,2010.p.37)

Diagnosticada esta situação da distribuição espacial da população no estado, o

relatório conclui que “é uma região que ainda procura sua vocação econômica e social.

Caracterizam-se extensos vazios demográficos, grandes áreas de terras devolutas e a

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economia ainda reveste caráter extrativo” (SERVIÇO SOCIAL RURAL, 1962 apud DARÉ,

2010.p.37).

Neste sentido, o norte do estado se transforma em uma área de “expansão potencial”,

que deveria ser explorada por atividades econômicas que promovessem o “desenvolvimento”

desta região.

2.2- As florestas plantadas de Eucalipto

Inicialmente a monocultura do eucalipto ocupou o norte litorâneo e, posteriormente,

avançou para outros municípios, atingindo praticamente todo o território capixaba, por meio

de programas específicos de fomento florestal, sobretudo para os pequenos agricultores,

veiculados tanto pela empresa Aracruz SA, bem como pelas próprias estruturas do Estado,

cujas razões são “explicadas” pelo domínio da técnica e da racionalidade, em defesa do

ambiente e da renda das famílias, como explica Barcelos (2010).

A implantação dos programas de fomento florestal no Espírito Santo pode ser compreendida como o desdobramento do modelo de desenvolvimento que veio, desde a década de 60, apresentando novos conteúdos para o espaço agrário capixaba e se impondo como via única de futuro. As razões e justificativas para estes programas se apresentam pelo domínio da técnica, do racional e do moderno e aparecem para consolidar projetos de “reflorestamento” ao nível da pequena propriedade rural. As “parcerias com o pequeno produtor rural” visam diversificar e complementar a renda familiar, otimizar a utilização de terras degradadas, ociosas ou improdutivas, oferecer instrumentos de gestão e planejamento da propriedade, proteger as reservas florestais nativas e apresentar uma alternativa de suprimento de madeira aos agricultores. (BARCELOS, 2010.p.155)

Além disso, há uma acusação da empresa sobre os camponeses, no sentido de culpar

lhes pelos desmatamentos das áreas ocupadas, no sentido de legitimar pela ótica ambientalista

os programas florestais. Sustenta-se uma afirmação sobre a incapacidade dos camponeses em

gerenciar suas matas e fragmentos pela “ignorância tecnológica”.

A visão normalmente aceita dos programas de fomento florestal se justifica, também, pela insistência em considerar a agricultura camponesa um sintoma estrutural do desmatamento, por suas técnicas e por sua racionalidade, quase sempre, refratária aos procedimentos modernos de gestão, racionalização, ordenamento e planejamento do espaço, dos saberes e das técnicas. Implica, assim, num modelo incapaz de conter o avanço predatório da fronteira agropecuária, frequentemente incorporada aos remanescentes florestais, sem contudo, dispor de um projeto de futuro para as florestas, qual seja, um projeto de fomentar florestas.[...]Sem a capacidade para gerenciar suas matas, fragmentos e práticas, sobretudo pela ausência do domínio da ciência, da técnica e do racional, a agricultura camponesa foi inserida no âmbito dos

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programas de fomento florestal como um novo corrigir suas práticas de uso dos recursos naturais, oferecer os “fatores ausentes” ao planejamento e desenvolvimento e fortalecer, sobretudo, um nicho específico de mercado mercado,normalmente associado à idéia de “políticas de suprimento

Neste sentido, os camponeses vão sendo transformados em “produtores florestais”,

ou seja, aqueles que implantam e cultivam a floresta (de eucalipto), re

com a terra e outros meios de produção atr

grande indústria.

Esta “interiorização” da monocultura do eucalipto por meio do fomento florestal

ocorreu principalmente a partir do final da década de 80 e início de 90. A partir desse

momento há um significativo e impactante crescimento da produção de

papel e celulose, que atinge aproximadamente quatro vezes. Saindo de uma produção, em

1990, que representava 1.645.781m³ para chegar a 6.062.232m³, relativos a produção de 2009

(Gráfico 01). (IBGE/SIDRA, 2010)

Gráfico 01: Evolução da produção de madeira em tora para papel e celulose (m³)

Fonte: IBGE/SIDRA (2011)

Esse crescimento é a

ampliação da atuação do setor florestal na economia capixaba, impactando profundamente a

estrutura agrária do estado, como afirma Barcelos (2010).

A expansão do Grupo Aracruz no Espírito Santo no fipode ser

programas de fomento florestal como um novo segmento de clcorrigir suas práticas de uso dos recursos naturais, oferecer os “fatores ausentes” ao planejamento e desenvolvimento e fortalecer, sobretudo, um nicho específico de mercado mercado,normalmente associado à idéia de “políticas de suprimento de madeira”. (BARCELOS,2010.pg.155)

Neste sentido, os camponeses vão sendo transformados em “produtores florestais”,

ou seja, aqueles que implantam e cultivam a floresta (de eucalipto), re-

com a terra e outros meios de produção através da especialização e da integração com a

Esta “interiorização” da monocultura do eucalipto por meio do fomento florestal

ocorreu principalmente a partir do final da década de 80 e início de 90. A partir desse

ivo e impactante crescimento da produção de

que atinge aproximadamente quatro vezes. Saindo de uma produção, em

1990, que representava 1.645.781m³ para chegar a 6.062.232m³, relativos a produção de 2009

(IBGE/SIDRA, 2010).

: Evolução da produção de madeira em tora para papel e celulose (m³)Espírito Santo - 1990 a 2009

(2011) - Extração Vegetal. Organizado pelo autor

Esse crescimento é a continuidade de um processo iniciado na década de 60, de

ampliação da atuação do setor florestal na economia capixaba, impactando profundamente a

estrutura agrária do estado, como afirma Barcelos (2010).

A expansão do Grupo Aracruz no Espírito Santo no fipode ser compreendida como a continuidade da marcha industrial que vinha

34

segmento de clientes, visando corrigir suas práticas de uso dos recursos naturais, oferecer os “fatores ausentes” ao planejamento e desenvolvimento e fortalecer, sobretudo, um nicho específico de mercado mercado,normalmente associado à idéia de

de madeira”. (BARCELOS,2010.pg.155)

Neste sentido, os camponeses vão sendo transformados em “produtores florestais”,

-significando a relação

avés da especialização e da integração com a

Esta “interiorização” da monocultura do eucalipto por meio do fomento florestal

ocorreu principalmente a partir do final da década de 80 e início de 90. A partir desse

ivo e impactante crescimento da produção de madeira em toras para

que atinge aproximadamente quatro vezes. Saindo de uma produção, em

1990, que representava 1.645.781m³ para chegar a 6.062.232m³, relativos a produção de 2009

: Evolução da produção de madeira em tora para papel e celulose (m³)

continuidade de um processo iniciado na década de 60, de

ampliação da atuação do setor florestal na economia capixaba, impactando profundamente a

A expansão do Grupo Aracruz no Espírito Santo no final da década de 80 compreendida como a continuidade da marcha industrial que vinha

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se impondo sobre as terras capixabas desde os anos 60. O espaço agrário capixaba, desigual e contraditório, foi amplamente impactado pelo surgimento de novas formas e estruturas, novos ritmos, novos tempos, um novo conteúdo. Os grandes projetos e seu binômio urbano-industrial impôs, ali, uma radical transformação na dinâmica econômica, agrária, demográfica e territorial, produziu novas estruturas de poder einternalizou o desenvolvimento – força particularmente sedutora que atraiu atenção e a ação da sistemática política local. (BARCELOS, 2010.p.209)

Vale ressaltar que este aumento da produção de madeira ocupou espaços específicos

de plantio que variaram do litoral norte do estado para os municípios do centro sul. Por

exemplo, o município de Conceição da Barra, situado no extremo norte litorâneo,

“tradicionalmente” ocupado por largas áreas de eucalipto, teve uma variação da produção

total, entre os anos 1990 a 2009, de 131.854m³ para 2.571.472m³, quase vinte vezes mais,

significando, no último ano, cerca de 43% da produção de todo o estado, transformando o

município no maior produtor de toras do estado do Espírito Santo.

Outro exemplo significativo se refere ao município Afonso Cláudio, no centro sul do

estado, que em 1990 não apresenta nenhuma área de produção e aparece com 11.190m³ no

ano de 2009, representando cerca de 0,2% da produção estadual. O município de Pinheiros,

neste cenário, está entre os dez municípios com maior produção, crescendo mais que duas

vezes, uma vez que para o mesmo período em análise partiu de uma produção de 30.045m³ e

com o processo de expansão chegou a produzir 72.631m³.

Na classificação geral do ranking dos dez maiores produtores (gráfico 2), além de

Conceição da Barra, estão os municípios de: São Mateus com 22,68% da produção total do

estado; Aracruz com 18,62% ; Vila Valério, 2,6%; Linhares, 2,25%; Rio Bananal, 1,57%;

Pinheiros, 1,2%; Montanha, 0,93%; Pedro Canário, 0,88%; e Jaguaré com

87%.(IBGE/SIDRA, 2010).

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Gráfico 0

Fonte: IBGE/SIDRA-Extração Vegetal. Organizado pelo autor

Podemos observar na tabela 1 as variações da produção

papel de celulose entre os anos de 1990 a 2009, dos onze municípios selecionados, sendo que

os dez primeiros são automaticamente maiores produtores,

está entre os maiores, mas ilustra o

Espírito Santo.

Em seguida apresentamos o mapa 1, que trata da espacialização da produção em tora

no período analisado, onde verificamos

maiores valores, embora boa

Isso deve se, em primeiro momento, a um fator geopolítico de articulação do capital

privado e o Estado nos processos de planejamento,

municípios que mais produzem toras

década de 60, como dito anteriormente.

O fato dos incentivos à expansão da monocultura a outros municípios faz parte de

uma estratégia de integração dos pequenos agricultores, pois estas áreas apresentam

concentração fundiária, como veremos. Sendo assim, por um lado diminui os custos na

produção da matéria prima, pois não há um desembolso para aquisição de terras, e por outros

legitima a tática de que a produção de florestas plantadas serve

ser inserida na economia camponesa.

Gráfico 02: Produção de madeira em tora para papel e celuloseMunicípios Selecionados – 2009

Extração Vegetal. Organizado pelo autor

Podemos observar na tabela 1 as variações da produção de madeira em tora para

papel de celulose entre os anos de 1990 a 2009, dos onze municípios selecionados, sendo que

os dez primeiros são automaticamente maiores produtores, e mais Afonso Cláudio, que não

mas ilustra o avanço da monocultura sobre as terras do centro sul do

Em seguida apresentamos o mapa 1, que trata da espacialização da produção em tora

no período analisado, onde verificamos que os municípios do norte litorâneo apresentam

maiores valores, embora boa parte dos municípios apresente produção em 2009.

Isso deve se, em primeiro momento, a um fator geopolítico de articulação do capital

privado e o Estado nos processos de planejamento, haja vista que, nos diagnósticos, os

icípios que mais produzem toras foram incluídos em zonas de “vazios demográficos” na

década de 60, como dito anteriormente.

O fato dos incentivos à expansão da monocultura a outros municípios faz parte de

uma estratégia de integração dos pequenos agricultores, pois estas áreas apresentam

fundiária, como veremos. Sendo assim, por um lado diminui os custos na

produção da matéria prima, pois não há um desembolso para aquisição de terras, e por outros

que a produção de florestas plantadas serve como uma

na economia camponesa.

36

: Produção de madeira em tora para papel e celulose

de madeira em tora para

papel de celulose entre os anos de 1990 a 2009, dos onze municípios selecionados, sendo que

e mais Afonso Cláudio, que não

cultura sobre as terras do centro sul do

Em seguida apresentamos o mapa 1, que trata da espacialização da produção em tora

norte litorâneo apresentam

parte dos municípios apresente produção em 2009.

Isso deve se, em primeiro momento, a um fator geopolítico de articulação do capital

que, nos diagnósticos, os

oram incluídos em zonas de “vazios demográficos” na

O fato dos incentivos à expansão da monocultura a outros municípios faz parte de

uma estratégia de integração dos pequenos agricultores, pois estas áreas apresentam menor

fundiária, como veremos. Sendo assim, por um lado diminui os custos na

produção da matéria prima, pois não há um desembolso para aquisição de terras, e por outros

como uma atividade que pode

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Tabela 01: Evolução da produção de madeira em tora para papel e celulose (m³) Municípios selecionados e Espírito Santo- 1990 a 2009

1990 1995 2000 2005 2009

m³ %* m³ % m³ % m³ % m³ % Conceição da Barra 131.854 8,01 1.521.410 29,87 278.002 6,10 1.645.363 34,86 2.571.472 42,42 São Mateus 195.810 11,90 1.556.732 30,57 2.138.939 46,91 894.530 18,95 1.374.692 22,68 Aracruz 913.013 55,48 1.757.529 34,51 904.292 19,83 1.455.066 30,83 1.128.690 18,62 Vila Valério - 0,00 - 0,00 0,00 314 0,01 157.772 2,60 Linhares 89.478 5,44 100.000 1,96 139.112 3,05 43.464 0,92 136.102 2,25 Rio Bananal - 0,00 - 0,00 93.300 2,05 4.891 0,10 95.258 1,57 Pinheiros 30.045 1,83 153.278 3,01 - 0,00 22.184 0,47 72.631 1,20 Pinheiros 30.045 1,83 153.278 3,01 - 0,00 22.184 0,47 72.631 1,20 Montanha - 0,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00 56.266 0,93 Pedro Canário 285.581 17,35 - 0,00 - 0,00 151.715 3,21 53.641 0,88 Jaguaré - 0,00 - 0,00 199.392 4,37 394.182 8,35 52.726 0,87 Afonso Cláudio - 0,00 - 0,00 5.292 0,12 - 0,00 11.190 0,18 Total- Espírito Santo 1.645.781 100 5.092.808 100 4.559.337 100 4.719.714 100 6.062.232 100 *participação do município na produção total do estado no respectivo ano Fonte: IBGE/SIDRA- Extração Vegetal. Organizado pelo autor

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Mapa 01: Produção de madeira em tora para papel e celulose (m³) Espírito Santo1990 - 2009

FONTE: IBGE/SIDRA- Extação vegetal . Organizado pelo autor

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No cenário nacional, o Espírito Santo

em tora para papel e celulose

2009 com 22,46% da produçao em metros cúbicos, seguido de Sao Paulo com 20,91%;

Paraná com 16,96%; Santa Catarina com

estados participam com um total de19,02%.

Gráfico 03: Produção

Fonte: IBGE/SIDRA- Extração

Embora estes cinco sejam os maiores produtores, podemos observar na tabela 2 que

há uma espécie de “cinturão” de florestas plantadas que irradia a partir do sudeste, alcançando

o estado da Bahia, parte do centro oeste, estados do sul e norte, nos casos do Amapá

No cenário nacional, o Espírito Santo está entre os maiores produtores de madeira

em tora para papel e celulose (ver gráfico 3). O estado da Bahia liderou o ranking nacional em

2009 com 22,46% da produçao em metros cúbicos, seguido de Sao Paulo com 20,91%;

Paraná com 16,96%; Santa Catarina com 11,37%; Espírito Santo, com 9,28%. Os outros

estados participam com um total de19,02%.

: Produção nacional de madeira em tora para papel e celulose

Estados selecionados 1990-2009

Extração Vegetal. Organzado pelo autor

Embora estes cinco sejam os maiores produtores, podemos observar na tabela 2 que

há uma espécie de “cinturão” de florestas plantadas que irradia a partir do sudeste, alcançando

o centro oeste, estados do sul e norte, nos casos do Amapá

39

está entre os maiores produtores de madeira

3). O estado da Bahia liderou o ranking nacional em

2009 com 22,46% da produçao em metros cúbicos, seguido de Sao Paulo com 20,91%;

11,37%; Espírito Santo, com 9,28%. Os outros

de madeira em tora para papel e celulose

Embora estes cinco sejam os maiores produtores, podemos observar na tabela 2 que

há uma espécie de “cinturão” de florestas plantadas que irradia a partir do sudeste, alcançando

o centro oeste, estados do sul e norte, nos casos do Amapá e Pará.

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40

Tabela 02:Evolução da produção nacional de madeira em tora para papel e celulose (m³) -1990 a 2009 1990 1995 2000 2005 2009 m³ % m³ % m³ % m³ % m³ % Bahia 121.707 0,37 2.646.807 5,44 11.436.517 24,86 11.973.906 22 14.674.553 22,46 São Paulo 11.788.081 35,77 8.877.696 18,26 11.996.347 26,07 15.592.240 29 13.665.914 20,91 Paraná 12.225.042 37,10 16.305.207 33,54 4.871.719 10,59 7.500.768 14 11.083.552 16,96 Santa Catarina 2.926.149 8,88 10.847.906 22,31 5.624.487 12,22 6.043.924 11 7.427.261 11,37 Espírito Santo 1.645.781 4,99 5.092.808 10,48 4.559.337 9,91 4.719.714 9 6.062.232 9,28 Minas Gerais 1.181.693 3,59 1.815.243 3,73 2.915.573 6,34 3.593.067 7 5.371.797 8,22 M. G. do Sul 346.634 1,05 0 0,00 0 0,00 933.612 2 2.893.849 4,43 Rio G. do Sul 1.223.882 3,71 1.415.016 2,91 2.056.652 4,47 2.561.881 5 2.473.237 3,78 Pará 1.028.517 3,12 1.329.889 2,74 1.206.953 2,62 1.477.945 3 1.432.000 2,19 Amapá 350.810 1,06 281.470 0,58 1.195.298 2,60 137.513 0 95.874 0,15 Maranhão 0 0,00 0 0,00 0 0,00 61.280 0 67.635 0,10 Rio de Janeiro 114.560 0,35 600 0,00 0 0,00 102.488 0 54.500 0,08 Alagoas 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 39.486 0,06 Sergipe 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 3.790 0,01 Rondônia 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Amazonas 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Tocantins 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Piauí 0 0,00 0 0,00 146.592 0,32 0 0 0 0,00 Ceará 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 R. G. do Norte 0 0,00 0 0,00 0 0,00 141 0 0 0,00 Paraíba 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Pernambuco 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Mato Grosso 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Goiás 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Distrito Federal 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Brasil - Total 32.952.856 100 48.612.642 100 46.009.475 100 54.698.479 100 65.345.680 100 Fonte: IBGE/ SIDRA- Extração VegetalOrganizado pelo autor

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Recentemente, houve uma fusão entre o grupo Votorantim Celulose e Papel (VCP) e

Aracruz Celulose S.A, resultando na FIBRIA, com áreas plantadas em todo o Brasil e

escritório em várias partes do mundo, passando a configurar-se como uma das maiores

multinacionais do ramo de papel e celulose. Segundo a empresa, sua base florestal própria

esta distribuída da seguinte maneira: o complexo industrial da Fibria no Espírito Santo tem

210 mil hectares de florestas plantadas com eucalipto. No estado da Bahia são 99 mil

hectares, no Mato Grosso do Sul alcançam uma área de 154 mil hectares, 47 mil hectares de

plantio no sul do estado do Rio Grande do Sul, nas regiões do Vale do Paraíba e Capão

Bonito, interior de São Paulo, com 88 mil hectares. No total, são cinco fábricas em operação

com capacidade para produzir um total de 5,25 milhões de toneladas de celulose por ano

(FIBRIA, 2011).

Na figura 2, podemos observar a localização das unidades de processamento de papel

e celulose, portos e florestas plantadas no Brasil. Além disso, podemos identificar na figura 3

a localização dos escritórios e centros de distrinuição da empresa no Mundo.

Isso nos mostra que, pelo capital que atua nas terras capixabas provocando impactos

ímpares ao Campesinato atuar em escala mundial, as lutas “anti florestas plantadas”,

necessariamente precisam romper as fronteiras das lutas locais e fragmentadas. Deve fazer

parte de uma estratégia internacional, tal como são as atuações da empresa.

Figura 02: Abrangência da FIBRIA no Brasil

Fonte: FIBRIA

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Figura 03: Abrangência da FIBRIA no Mundo

Fonte: FIBRIA

2.3- A cana de açúcar: mais um deserto verde

Outro setor que passou a ocupar vastas extensões de terra após década de 60,

impactando profundamente a agricultura camponesa foi o sucroalcooleiro, em resposta ao

anseio nacional de incentivo a produção de etanol na década de 70.

Porém, ressalta-se que a atividade canavieira é herança do período colonial no Brasil.

No caso do Espírito Santo, a produção de açúcar e cachaça esteve presente desde o século

XVII. Porém, é no séc. XX que a atividade amplia escala, sobretudo a partir dos anos 1990.

As plantações iniciais estiveram localizadas no sul do estado, com a implantação da

Usina Paineiras no inicio do sec. XX, com objetivo de impulsionar a economia na

microrregião, incluindo o norte do Rio de Janeiro, também influenciado pela reconhecida

participação do Campo de Goytacazes-RJ no cenário mundial da produção de açúcar.

Em Vitória, no ano de 1605, a produção do açúcar e de aguardente já dinamizava a atividade canavieira, alcançando, com isso, papel relevante para a economia local. Apesar disso, na forma de agroindústria, o setor canavieiro se desenvolveu no território capixaba somente a partir do início do século passado, diante da crise internacional do café. Nesse cenário, entre 1911 e 1912, com recursos do governo Jerônimo Monteiro, foi construída a

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Usina Paineiras no sul do estado, tendo a finalidade de impulsionar a economia da região, na qual prevalecia a atividade pecuária e a monocultura cafeeira que estava passando por dificuldades. Além dessa situação, a instalação da usina foi motivada também pelo sucesso econômico de Campos dos Goytacazes, município da região norte do Rio de Janeiro que, com 24 usinas instaladas, alcançou o título hegemônico de maior produtor mundial de açúcar (ZANOTTI, apud RODRIGUES, 2010.p. 51).

Posterior a esta fase a monocultura da cana de açúcar volta a ganhar força, por meio

dos incentivos do Proálcool, cujo programa fez parte de uma estratégia econômica do Brasil

diante da crise do petróleo de 1973, no sentido de potencializar uma nova matriz energética

para abastecimento interno, inicialmente, com base nos biocombustíveis destacando a cana de

açúcar, em função das condições favoráveis ao seu desenvolvimento, como afirma zanotti

(2007) apud Rodrigues (2010).

Outro momento que estimulou o setor sucroalcooleiro no Espírito Santo foi a crise internacional do petróleo, em 1973, período em que o valor do barril de petróleo, que variava entre US$ 7,00 e US$ 9,00, chegou a US$ 30,00. Diante desse desequilíbrio econômico na esfera mundial e da pressão provocada pela falta de recursos para garantir o abastecimento interno, o Brasil teve como uma das opções de curto, médio e longo prazo a produção do biocombustível oriundo da cana-de-açúcar. Isso porque o território brasileiro, além de possuir condições edafoclimáticas necessárias à produção canavieira, detinha nessa época também conhecimento tecnológico voltado para o setor petroquímico, haja vista que desde a Segunda Guerra Mundial o 51país já adicionava o álcool anidro como complemento à gasolina (ZANOTTI, apud RODRIGUES, 2010.p. 51)

O Proálcool foi um programa desenvolvido pelo governo federal para incentivar a

produção de álcool combustível, e foi organizado em duas fases. Inicialmente, a produção de

álcool anidro para adicionar à gasolina e posteriormente o hidratado para consumo sem

misturas em veículos de combustão exclusiva.

A implantação do Proálcool pode ser dividida em duas fases distintas: 1) a primeira, iniciada em1975, baseou-se na utilização da infra-estrutura já existente e caracterizou-se pela produção de álcool anidro a ser adicionado na gasolina; 2) a segunda, marcada por outra crise do petróleo em 1979, além de produzir o álcool anidro, passou a fabricar álcool hidratado que serviria para consumo em veículos projetados para uso exclusivo do álcool como combustível. (ALCOPAR, 2011)

Foram implantadas mais seis usinas com estímulos do Programa: a ALBESA-

Alcooleira Boa Esperança S/A, no município de Boa Esperança; a ALCON - Cia de Álcool e

a DISA - Destilaria Itaúnas S/A., em Conceição da Barra; a ALMASA-

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AcooleiraMateenseS/A, em São Mateus; a CRIDASA - Cristal Destilaria Autônoma S/A., em

Pedro Canário; e a LASA - Linhares Agroindustrial S/A., em Linhares. Atualmente, a

unidade de São Mateus e a de Pedro Canário encontram se desativadas.

Outro elemento foi a aquisição de algumas destas unidades pela multinacional

InfinityBio Energy em 2006, com sede na Ilha de Bermudas, se transformando em sócia

majoritária da DISA e CRIDASA, além da ALCANA em Nanuque- Minas Gerais, que

também tem áreas plantadas no Espírito Santo.

A partir deste período, houve um crescimento das áreas plantadas, por meio de

arrendamentos (preferência da empresa) ou mesmo plantios por conta dos próprios

proprietários de terra, avançando sobre áreas que antes eram ocupadas com outras atividades,

como a pecuária (ver figura 04) e a fruticultura, principalmente em áreas já irrigadas (ver

figura 05), além de substituição de algumas áreas já cultivadas por variedades mais produtivas

no sentido do volume total por área, e também nos teores de sacarose.

Figura 04: Fazenda Pícoli, Pinheiros - ES.

Foto: Aloisio Souza da Silva, Nov/2007.

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Figura 05: Fazenda Orletti, Pinheiros-ES

Foto: Aloisio Souza da Silva. Nov/2007

Neste período, a empresa planejou ampliar suas áreas a partir da atuação das três

unidades adquiridas entre as safras de 2006/07 a 2011/12. A unidade CRIDASA, de

400.000ton para aproximadamente 1.400.000ton; a ALCANA, de 450.000ton para

1.500.000ton aproximadamente; e a DISA, de 700.000ton para 1500.000ton de uma safra para

outra, de maneira gradativa. (<www.infinitybio.com.br>, acesso em 20 de janeiro de 2008).

A tática adotada foi formação de clusters, ou seja, agrupamento destas unidades para

funcionarem de maneira integrada, por pertencerem ao mesmo grupo. As unidades de Usinavi

e Iguatemi, o cluster 01, no sul do Mato Grosso do Sul e no norte d Espírito Santo formaria o

cluster 02. Segundo a Infinty, esta é uma estratégia que coloca a empresa em destaque.

(IDEM). Atualmente, 71% das ações da empresa são controladas pelo grupo Bertin, que esta

também no ramo de frigoríficos.

Com relação às áreas plantadas os municípios que lideram o ranking no ano de 2008

(gráfico 4) são: Linhares, com 19,17% do total do estado; Conceição da Barra, com 12,78%;

Pinheiros, 11,5%; Pedro Canário, 9,2%; Itapemirim, no sul do estado, com 8,95%; São

Mateus, 8,69%; Marataízes, 4,03%; e Mucurici com 3,19%. Estes dez resultam na soma de

88,37% das áreas plantadas em todo o Espírito Santo em 2008 (IBGE/SIDRA, 2010).

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Gráfico 04: Área plantada de cana de açúcar

Fonte: IBGE/SIDRA-Pesquisa Agrícola Municipal Organizado pelo autor

A distribuição espacial destas áreas obedece a uma lógica geral das monoculturas

onde os capitalistas deste ramo

acesso e fertilidade dos solos.

No mapa 2 observamos que as maiores áreas situam se no centro norte litorâneo,

onde se encontram a maior parte das usinas instaladas

da usina Paineiras.

Algumas destas áreas foram adquiridas pelas empresas logo em seus períodos de

implantação e outras arrendadas, incluindo propriedades de camponeses, como o caso de

Pinheiros, onde as comunidades ma

maio, São José do Jundiá, Brunelli e Capitão.

: Área plantada de cana de açúcar - Municípios selecionados

Pesquisa Agrícola Municipal Organizado pelo autor

A distribuição espacial destas áreas obedece a uma lógica geral das monoculturas

onde os capitalistas deste ramo observam especificamente fatores como relevo, condições de

acesso e fertilidade dos solos.

No mapa 2 observamos que as maiores áreas situam se no centro norte litorâneo,

ior parte das usinas instaladas, e no extremo sul, em área de atuação

Algumas destas áreas foram adquiridas pelas empresas logo em seus períodos de

implantação e outras arrendadas, incluindo propriedades de camponeses, como o caso de

Pinheiros, onde as comunidades mais impactadas estão situadas ao sudeste, como XV de

maio, São José do Jundiá, Brunelli e Capitão.

46

Municípios selecionados- 2008

A distribuição espacial destas áreas obedece a uma lógica geral das monoculturas,

como relevo, condições de

No mapa 2 observamos que as maiores áreas situam se no centro norte litorâneo,

extremo sul, em área de atuação

Algumas destas áreas foram adquiridas pelas empresas logo em seus períodos de

implantação e outras arrendadas, incluindo propriedades de camponeses, como o caso de

is impactadas estão situadas ao sudeste, como XV de

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Mapa 02: Espírito Santo- Área plantada de cana de açúcar – 1990- 2008

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado elaborado pelo autor

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Em depoimentos, algumas famílias afirmam que antes estas áreas eram muito

povoadas e que as monoculturas foram tornando

existem focos de resistência camponesa, como afirma a Sra Valdenir, camponesa da

comunidade XV de maio: “[..

um deserto. Mas agente não sai daqui não!

Para ilustrar o impacto das monoculturas sobre a agricultura camponesa, apresenta

uma análise da evolução das áreas plantadas com arroz, considerando sua importância na

matriz produtiva camponesa, em comparação com a produção da cana de açúcar entre

de 1990 a 2008 (gráfico 5).

No primeiro ano analisado, as áreas plant

hectares para o cultivo de arroz e de 40 mil para o cultivo da cana de açúcar. Ao longo do

período verifica-se o enorme distanciamento entre a

os cultivos de arroz e a cana de açúcar mais que duplicou, chegando aos 80 mil hectares.

Isso significa que, embora não sejam exatamente as mesmas terras em que foram

sendo substituídos os plantios (

estrutura produtiva do estado, invertendo drasticamente a lógica de uso e ocupação das terras,

dando preferência às atividades sucroalcooleiras para exportação no caso do açúcar e

vinculada à produção energética par

a produção de alimentos para abastecimento do mercado interno.

Gráfico 0

Fonte: IBGE/SIDRA

Em depoimentos, algumas famílias afirmam que antes estas áreas eram muito

monoculturas foram tornando-as verdadeiros desertos, mas mesmo assim,

existem focos de resistência camponesa, como afirma a Sra Valdenir, camponesa da

comunidade XV de maio: “[...] aqui antigamente era bom, tinha muita gente... hoje parece

um deserto. Mas agente não sai daqui não! [...].

Para ilustrar o impacto das monoculturas sobre a agricultura camponesa, apresenta

uma análise da evolução das áreas plantadas com arroz, considerando sua importância na

matriz produtiva camponesa, em comparação com a produção da cana de açúcar entre

5).

No primeiro ano analisado, as áreas plantadas eram aproximadamente de 30

hectares para o cultivo de arroz e de 40 mil para o cultivo da cana de açúcar. Ao longo do

se o enorme distanciamento entre as culturas, chegando a quase desaparecer

os cultivos de arroz e a cana de açúcar mais que duplicou, chegando aos 80 mil hectares.

Isso significa que, embora não sejam exatamente as mesmas terras em que foram

sendo substituídos os plantios (pode ter ocorrido em alguns casos), houve uma mudança na

estrutura produtiva do estado, invertendo drasticamente a lógica de uso e ocupação das terras,

dando preferência às atividades sucroalcooleiras para exportação no caso do açúcar e

vinculada à produção energética para a produção de álcool combustível, deixando de priorizar

a produção de alimentos para abastecimento do mercado interno.

Gráfico 05: Área plantada de arroz e cana de açúcar Espírito Santo- 1990 a 2009

e: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

48

Em depoimentos, algumas famílias afirmam que antes estas áreas eram muito

verdadeiros desertos, mas mesmo assim,

existem focos de resistência camponesa, como afirma a Sra Valdenir, camponesa da

aqui antigamente era bom, tinha muita gente... hoje parece

Para ilustrar o impacto das monoculturas sobre a agricultura camponesa, apresenta-se

uma análise da evolução das áreas plantadas com arroz, considerando sua importância na

matriz produtiva camponesa, em comparação com a produção da cana de açúcar entre os anos

adas eram aproximadamente de 30 mil

hectares para o cultivo de arroz e de 40 mil para o cultivo da cana de açúcar. Ao longo do

s culturas, chegando a quase desaparecer

os cultivos de arroz e a cana de açúcar mais que duplicou, chegando aos 80 mil hectares.

Isso significa que, embora não sejam exatamente as mesmas terras em que foram

o em alguns casos), houve uma mudança na

estrutura produtiva do estado, invertendo drasticamente a lógica de uso e ocupação das terras,

dando preferência às atividades sucroalcooleiras para exportação no caso do açúcar e

a a produção de álcool combustível, deixando de priorizar

Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

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Tabela 03: Evolução da área plantada de cana de açúcar Municípios selecionados – 1990 a 2008

1990 1995 1999 2000 2005 2008

ha %* ha % ha % ha % ha % ha 88,37 Linhares 6500 15,04 5600 13,91 7080 14,47 6096 14,21 11500 17,86 15000 19,17 Conceição da Barra 8000 18,50 6920 17,19 6400 13,08 7520 17,52 9911 15,40 10000 12,78 Pinheiros 600 1,39 1940 4,82 4150 8,48 1740 4,05 5620 8,73 9000 11,50 Pedro Canário 4000 9,25 3058 7,60 2500 5,11 3500 8,16 5500 8,54 7200 9,20 Itapemirim 10000 23,13 11127 27,64 9800 20,03 9800 22,84 7500 11,65 7000 8,95 São Mateus 2700 6,25 2200 5,46 2872 5,87 2027 4,72 6797 10,56 6797 8,69 Montanha 900 2,08 331 0,82 1500 3,07 1500 3,50 2850 4,43 6000 7,67 Boa Esperança 1528 3,53 1053 2,62 1410 2,88 1334 3,11 3150 4,89 3150 4,03 Marataízes 0 0,00 0 0,00 1500 3,07 1400 3,26 2500 3,88 2500 3,19 Mucuricí 100 0,23 246 0,61 280 0,57 140 0,33 700 1,09 2500 3,19 Total- Espírito Santo 43232 100 40258 100 48929 100 42914 100 64373 100 78249 100

*participação da área plantada do município na área total do estado nos respectivos anos FONTE: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

Page 50: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

No cenário nacional, o Espírito Santo está em 12º lugar com relação às áreas

plantadas com cana de açúcar em 2009, segundo dados do IBGE. O estado de São Paulo

lidera o ranking nacional desde os anos de 1990, chegando ao ultimo an

quase 4,9 milhões de hectares plantados, significando uma participação de 55,82% da área

total do Brasil que é de 8.756.576 ha.

715.628 há, sendo correspondente a 8,17% do total nacional;

em 6,8%; Goiás com 5,99%; Alagoas, 4,96%; Pernambuco 4,02%; Mato grosso do Sul,

3,27%; Rio de janeiro, 1,54%; Paraíba, 1,4%; Bahia, 0,94%;

80.162 ha plantados em 2009, correspondente a 0,92 da á

gráfico 06)

Gráfico 0

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

Aparentemente, é insignificante a atuação do Espírito Santo no setor canavieiro.

Porém, vale ressaltar que, embora com área muito inferior, provoca impactos tão significantes

quanto no caso de São Paulo,

paisagem pela ocupação das terras por uma única cultura, o que chamamos de “deserto

verde”, há em semelhantes condições a exploração e precarização do trabalho, além do

No cenário nacional, o Espírito Santo está em 12º lugar com relação às áreas

plantadas com cana de açúcar em 2009, segundo dados do IBGE. O estado de São Paulo

lidera o ranking nacional desde os anos de 1990, chegando ao ultimo an

quase 4,9 milhões de hectares plantados, significando uma participação de 55,82% da área

total do Brasil que é de 8.756.576 ha. Os outros estados que seguem são: Minas Gerais, com

715.628 há, sendo correspondente a 8,17% do total nacional; o Paraná, em 3º lugar, participa

em 6,8%; Goiás com 5,99%; Alagoas, 4,96%; Pernambuco 4,02%; Mato grosso do Sul,

3,27%; Rio de janeiro, 1,54%; Paraíba, 1,4%; Bahia, 0,94%; Espírito Santo

80.162 ha plantados em 2009, correspondente a 0,92 da área total do Brasil. (tabela 04 e

Gráfico 06: Evolução Nacional da área plantada de cana de açúcarEstados selecionados - 1990 a 2009

Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

Aparentemente, é insignificante a atuação do Espírito Santo no setor canavieiro.

Porém, vale ressaltar que, embora com área muito inferior, provoca impactos tão significantes

São Paulo, por exemplo. A lógica geral é a de homogeneização da

paisagem pela ocupação das terras por uma única cultura, o que chamamos de “deserto

verde”, há em semelhantes condições a exploração e precarização do trabalho, além do

50

No cenário nacional, o Espírito Santo está em 12º lugar com relação às áreas

plantadas com cana de açúcar em 2009, segundo dados do IBGE. O estado de São Paulo

lidera o ranking nacional desde os anos de 1990, chegando ao ultimo ano de análise com

quase 4,9 milhões de hectares plantados, significando uma participação de 55,82% da área

Os outros estados que seguem são: Minas Gerais, com

o Paraná, em 3º lugar, participa

em 6,8%; Goiás com 5,99%; Alagoas, 4,96%; Pernambuco 4,02%; Mato grosso do Sul,

Espírito Santo, em 12º, com

rea total do Brasil. (tabela 04 e

da área plantada de cana de açúcar

Aparentemente, é insignificante a atuação do Espírito Santo no setor canavieiro.

Porém, vale ressaltar que, embora com área muito inferior, provoca impactos tão significantes

a de homogeneização da

paisagem pela ocupação das terras por uma única cultura, o que chamamos de “deserto

verde”, há em semelhantes condições a exploração e precarização do trabalho, além do

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Tabela 04: Evolução Nacional da área plantada de cana de açúcar -1990 a 2009

1990 1995 2000 2005 2009

ha % ha % ha % ha % ha % São Paulo 1.811.980 41,92 2.258.900 48,70 2.484.790 50,92 3.084.752 53,05 4.887.820 55,82 Minas Gerais 301.710 6,98 267.571 5,77 292.571 6,00 349.112 6,00 715.628 8,17 Paraná 159.420 3,69 255.767 5,51 327.165 6,70 404.520 6,96 595.371 6,80 Goiás 106.826 2,47 115.073 2,48 139.186 2,85 200.048 3,44 524.194 5,99 Alagoas 561.217 12,98 449.746 9,70 461.912 9,47 406.788 7,00 434.005 4,96 Pernambuco 473.726 10,96 471.272 10,16 359.662 7,37 368.188 6,33 352.276 4,02 Mato G.do Sul 67.921 1,57 75.315 1,62 98.958 2,03 136.803 2,35 285.993 3,27 Mato Grosso 65.034 1,50 98.906 2,13 135.029 2,77 205.961 3,54 241.668 2,76 Rio de Janeiro 206.786 4,78 161.787 3,49 158.824 3,25 168.279 2,89 135.130 1,54 Paraíba 160.294 3,71 152.435 3,29 93.055 1,91 105.403 1,81 122.888 1,40 Bahia 80.302 1,86 76.880 1,66 92.060 1,89 92.947 1,60 82.045 0,94 Espírito Santo 43.232 1,00 40.258 0,87 43.914 0,90 64.373 1,11 80.162 0,92 Rio G. do Norte 59.959 1,39 53.723 1,16 43.380 0,89 53.940 0,93 67.597 0,77 Maranhão 37.374 0,86 24.514 0,53 19.912 0,41 31.728 0,55 46.112 0,53 Ceará 63.600 1,47 43.456 0,94 34.535 0,71 35.098 0,60 42.706 0,49 Sergipe 38.104 0,88 24.808 0,53 21.208 0,43 26.867 0,46 41.931 0,48 Rio G. do Sul 31.598 0,73 27.127 0,58 32.876 0,67 32.570 0,56 36.688 0,42 Santa Catarina 16.388 0,38 8.976 0,19 16.439 0,34 16.714 0,29 17.646 0,20 Piauí 19.360 0,45 15.254 0,33 7.241 0,15 9.966 0,17 12.866 0,15 Pará 7.084 0,16 8.018 0,17 8.064 0,17 9.952 0,17 9.973 0,11 Tocantins 5.980 0,14 5.503 0,12 3.590 0,07 2.767 0,05 9.654 0,11 Amazonas 2.389 0,06 1.654 0,04 4.168 0,09 5.756 0,10 6.050 0,07 Rondônia 462 0,01 393 0,01 410 0,01 700 0,01 4.220 0,05 Acre 1.538 0,04 659 0,01 220 0,00 798 0,01 2.541 0,03 Distrito Federal 0 0,00 271 0,01 243 0,00 498 0,01 783 0,01 Roraima 0 0,00 0 0,00 361 0,01 548 0,01 559 0,01 Amapá 15 0,00 15 0,00 68 0,00 75 0,00 70 0,00 Total - Brasil 4.322.299 100 4.638.281 100 4.879.841 100 5.815.151 100 8.756.576 100 Fonte: IBGE/SIDRA: Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor.

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esgotamento dos recursos naturais e apropriação privada da renda da terra pelo

capital internacional, legitimada pelo Estado, calcada no discurso da sustentabilidade

ambiental e da construção de nova matriz energética.

Estas duas monoculturas, as florestas plantadas de eucalipto e a cana de açúcar, são

as principais responsáveis pelas grandes mudanças na agricultura capixaba, sobretudo no

norte do estado. Esta observação vale por serem duas commodities produzidas sob o comando

de complexos agroindustriais vinculados ao capital internacional, e compõem a pauta da

marcha desenvolvimentista veiculada pelos mecanismos do Estado.

Podemos observar, pois, que estas duas atividades disputam, entre si, as mesmas

terras (figuras 06 e 07) fazendo com que ocorra uma especulação no preço das terras,

elemento que deixaremos para analises em estudos futuros.

Neste sentido, entendemos que exista uma disputa interna pelo território entre os

próprios setores do agronegócio, visto que a região apresenta segundo suas avaliações

“aptidão” para estas atividades, e ambos precisam se viabilizar ampliando suas áreas ocupadas

para abastecer, em matéria prima, suas demandas.

Por isso, algumas terras que antes eram pastos para criação de gado em sistema

extensivo, ou mesmo áreas cultivadas com fruticultura (mamão principalmente), vão de

maneira gradativa cedendo espaço a estas monoculturas, incluindo pequenos, médios e

grandes proprietários de terra.

Figura 06: Comunidade Brunelli, Pinheiros-Espírito Santo

Foto: Aloisio Souza da Silva, Abr/2008

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Figura 07:Fazenda Batalha- Pedro Canário – Espírito Santo

Foto: Aloisio Souza da Silva. Set/2007

Um dos fatores determinantes neste processo, como dito anteriormente, é a baixa

declividade dos solos, o que possibilita maior mobilidade da logística produtiva, desde os

plantios até as colheitas. Comparando os mapas de cana de açúcar e eucalipto com o de

declividade do relevo estadual a partir do mapa de elevação (mapa 03) podemos identificar

facilmente este fator.

O município de Pinheiros, por exemplo, apresenta uma elevação média de 100 metros

acima do nível do mar. Isso vale também para os outros municípios do norte litorâneo que

apresentam maiores áreas plantadas e maior produção de madeira em tora para papel e

celulose.

Além destas, podemos afirmar que, a próxima atividade a ser analisada, a fruticultura

irrigada, também obedece esta lógica geral de necessidade de relevo favorável, e, além disso,

a estrutura da drenagem, em função da necessidade do abastecimento dos grandes sistemas de

irrigação.

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Mapa 03: Modelo digital de elevação do Espírito Santo

Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves.

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3.4 – A fruticultura irrigada: motivo de orgulho (para os fazendeiros!)

Além da cana e do eucalipto, outra atividade agrícola que passou a ganhar força neste

período analisado, de forma simultânea à retomada do café, foi a fruticultura irrigada, que

teve seu inicio na década de 60 como um elemento de modernização da agricultura.

Simultaneamente a retomada do cultivo do café, a fruticultura irrigada, “que começou a ser explorada comercialmente a partir do final da década de 1960, por meio de lavouras de banana e de abacaxi. Hoje está representada também por várias outras frutas, mas principalmente por mamão, coco, morango, mexerica, abacate e maracujá. Dentre essas frutas, a que mais se destaca é o mamão, que tem parte da produção comercializada no exterior.” (Espírito Santo em Ação, 2011)

Como destacado, o cultivo de mamão (Caricapapaya) é o que merece destaque ,

pois, tal cultura avançou sobre a agricultura camponesa, sobretudo nos municípios do norte do

estado.

Os fatores que impulsionaram esta atividade foram a disponibilidade de solos com

grau de fertilidade considerável, a drenagem suficiente para abastecer os sistemas de

irrigação, a mão de obra barata (na condição de assalariados rurais- “bóias frias”) e o relevo

pouco acidentado, possibilitando alto grau de mecanização e vias de acesso que facilitaram o

escoamento da produção.

Segundo estudos do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (INCAPER), o

Espírito Santo é um dos estados que têm maiores áreas irrigadas do Brasil e Pinheiros, por sua

vez, está entre os municípios com maiores as áreas irrigadas.

A área total com lavoura no Espírito Santo é de 800 mil hectares (ha), divididos entre

100 mil produtores. Dessa área, 190 mil hectares são irrigados, com 30 mil irrigantes, o que

representa uma média de 6,3 ha/irrigante. A Região Nordeste do estado é a que reúne a maior

área irrigada, respondendo por 114 mil ha, com 12,5 mil irrigantes. A média registrada é de

9,1 ha/irrigante. O Incaper identificou sete municípios com as maiores concentrações de áreas

irrigadas: Pinheiros, Jaguaré, Linhares, São Mateus, Sooretama, Nova Venécia e Boa

Esperança. (ESTADO, 2010)

Este fator tem colocado um novo desafio na realidade dos camponeses que estão

cercados pelos fazendeiros “fruticultores”, trata-se da disputa pelo uso da água em função dos

grandes consumos dos sistemas de irrigação. Vale destacar que, em alguns casos, o Estado

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legitima os conflitos através da outorga para a utilização da água, como foi o caso do conflito

ocorrido na comunidade São Domingos, em Pinheiros no ano de 2008, que envolveu uma

família camponesa e dois fazendeiros fruticultores, onde ambos, amparados pelo direito

outorgado de uso da água, esgotaram seus reservatórios, ocasionando a escassez à família, não

restando água nem mesmo para abastecimento dos animais. (figura 8), embora, em seus

estudos, desconsidere esta realidade alegando que os sistemas de irrigação estão bem

distribuídos, como indica o INCAPER:[...] Em alguns casos, como Boa Esperança e

Pinheiros, as áreas irrigadas estão bem distribuídas pelo município, o que diminui a

probabilidade de conflito[...] (ESTADO, 2010, n.p.).

Figura 08: Comunidade São Domingos, Pinheiros -ES

Foto: Aloisio Souza da Silva, ago/ 2008.

Então é neste contexto que, além da concentração de terra, a fruticultura irrigada

ganha território e transforma o estado em grande produtor de mamão, sendo que no âmbito

estadual, os dois municípios que mais se destacam são Linhares e Pinheiros. Este último

chegou ao ponto de ser chamado pelos políticos e fazendeiros/empresários do estado, em

clima de festejos, de “A Capital da fruta”, participando com 40% das áreas plantadas em

todo o estado no ano de 2000, mantendo sua liderança no ranking estadual, com 33,87% em

2009.

Este leve retrocesso das áreas plantadas se deu principalmente em função de

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problemas fitossanitários que passaram

caso do vírus do mosaico

monopolizadores da terra determinam vulnerabilidade social, ambiental e ec

quando inflexões de caráter sanitário ou econômicos (trajetória dos preços, por exemplo)

atingem estas matrizes produtivas colocando grande parte dos trabalhadores e pequenos

agricultores em situação de desemprego e insolvência, respectivamente.

No mesmo ano (2009) os outros municípios que apresentaram maiores áreas

plantadas foram: Linhares, com 17,07% da área total do estado; Sooretama, com 9,48%; São

Mateus, com 8,99%; Montanha com 8,13%; Boa Esperança e Jaguaré com 4,74% cada;

Aracruz, 3,32%; Itaguaçú, 2,3%; e Pedro Canário, com 2,24% (

Fonte: SIDRA/IBGE

Do ponto de vista da evolução das

maioria dos municípios. Somente Pedro Canário, que embora ainda esteja entre os dez

maiores, saiu de 300 ha em 1990 para 165 ha em 2009

áreas plantadas.

Outros destaques são o

período analisado não tinham nenhuma área plantada e aparecem em 2009 com considerável

participação na produção estadual, como podemos ver na tabela 5 e mapa 4.

problemas fitossanitários que passaram a afetar as lavouras com muita intensidade, como é o

caso do vírus do mosaico (“Papayaringspotvirus - type P”), o que evidencia que modelos

monopolizadores da terra determinam vulnerabilidade social, ambiental e ec

quando inflexões de caráter sanitário ou econômicos (trajetória dos preços, por exemplo)

atingem estas matrizes produtivas colocando grande parte dos trabalhadores e pequenos

agricultores em situação de desemprego e insolvência, respectivamente.

No mesmo ano (2009) os outros municípios que apresentaram maiores áreas

plantadas foram: Linhares, com 17,07% da área total do estado; Sooretama, com 9,48%; São

Mateus, com 8,99%; Montanha com 8,13%; Boa Esperança e Jaguaré com 4,74% cada;

Itaguaçú, 2,3%; e Pedro Canário, com 2,24% (Gráfico 07).

Gráfico 07: Área plantada de mamão Municípios selecionados - 2009

Fonte: SIDRA/IBGE- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

o ponto de vista da evolução das áreas plantadas de mamão, houve um aumento na

maioria dos municípios. Somente Pedro Canário, que embora ainda esteja entre os dez

maiores, saiu de 300 ha em 1990 para 165 ha em 2009, diminuindo quase

Outros destaques são os municípios de Itaguaçú e Sooretama, que no iní

período analisado não tinham nenhuma área plantada e aparecem em 2009 com considerável

participação na produção estadual, como podemos ver na tabela 5 e mapa 4.

57

afetar as lavouras com muita intensidade, como é o

o que evidencia que modelos

monopolizadores da terra determinam vulnerabilidade social, ambiental e econômica,

quando inflexões de caráter sanitário ou econômicos (trajetória dos preços, por exemplo)

atingem estas matrizes produtivas colocando grande parte dos trabalhadores e pequenos

agricultores em situação de desemprego e insolvência, respectivamente.

No mesmo ano (2009) os outros municípios que apresentaram maiores áreas

plantadas foram: Linhares, com 17,07% da área total do estado; Sooretama, com 9,48%; São

Mateus, com 8,99%; Montanha com 8,13%; Boa Esperança e Jaguaré com 4,74% cada;

ráfico 07).

Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

áreas plantadas de mamão, houve um aumento na

maioria dos municípios. Somente Pedro Canário, que embora ainda esteja entre os dez

do quase pela metade as

Itaguaçú e Sooretama, que no início do

período analisado não tinham nenhuma área plantada e aparecem em 2009 com considerável

participação na produção estadual, como podemos ver na tabela 5 e mapa 4.

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Tabela 05: Evolução da área plantada de mamão Municípios Selecionados – 1990 a 2009

1990 1995 2000 2005 2009

ha %* ha % ha % ha % ha % Pinheiros 700 20,40 2100 33,28 2378 40 3200 33,45 2.500 33,87 Linhares 804 23,43 1345 21,32 1200 20 1672 17,48 1.260 17,07 Sooretama 0 0,00 0 0,00 212 04 823 8,60 700 9,48 São Mateus 400 11,66 1351 21,41 100 02 500 5,23 664 8,99 Montanha 350 10,20 32 0,51 130 02 1100 11,50 600 8,13 Boa Esperança 70 2,04 0 0,00 130 02 417 4,36 350 4,74 Jaguaré 200 5,83 550 8,72 408 07 500 5,23 350 4,74 Aracruz 55 1,60 78 1,24 250 04 664 6,94 245 3,32 Itaguaçu 0 0,00 32 0,51 14 00 60 0,63 170 2,30 Pedro Canário 300 8,74 350 5,55 450 08 200 2,09 165 2,24 Total-Espírito Santo 3.432 100 6.310 100 5.882 100 9.567 100 7.382 100 *Participação do município na área total do estado nos respectivos anos Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado Pelo autor

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Mapa 04: Espírito Santo- Área plantada de mamão – 1990- 2009

Fonte: IBGE/SIDRA-Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

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Este processo mostra

se desloca de um lugar para outro com muita rapidez. Isso se dá em função d

da fertilidade dos solos, da

favoráveis, sem desconsiderar a competição de rentabilidade em relação a outros setores

agrícolas. O fato é que nem sempre são os mesmos capitalistas que i

“famílias fruticultoras tradicionais”. As áreas que vão sendo deixadas de

mamão vão sendo ocupadas com outras culturas como a seringueira, para produção de látex

coagulado, café e mesmo a

O Espírito Santo

produção parte de 3.432 h

que a variação da área total do estado acompanhou a variação do município de Pinheiros, o

que traduz sua relevância na produção de mamão.

Gráfico 0

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal

Este processo mostra que esta cultura tem uma trajetória de “migra

de um lugar para outro com muita rapidez. Isso se dá em função d

da disponibilidade de mão de obra, além da hidrografia e do

, sem desconsiderar a competição de rentabilidade em relação a outros setores

fato é que nem sempre são os mesmos capitalistas que i

“famílias fruticultoras tradicionais”. As áreas que vão sendo deixadas de

mamão vão sendo ocupadas com outras culturas como a seringueira, para produção de látex

a cana de açúcar.

anto praticamente duplicou sua área plantada neste mesmo período,

3.432 ha para 7.382 ha de área plantada. No gráfico

que a variação da área total do estado acompanhou a variação do município de Pinheiros, o

duz sua relevância na produção de mamão.

Gráfico 08: Evolução da área plantada de mamão Espírito Santo e Pinheiros- 1990 a 2009

Pesquisa Agrícola Municipal (2011). Organizado pelo autor

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“migração”, ou seja, ela

de um lugar para outro com muita rapidez. Isso se dá em função do preço da terra,

disponibilidade de mão de obra, além da hidrografia e do relevo

, sem desconsiderar a competição de rentabilidade em relação a outros setores

fato é que nem sempre são os mesmos capitalistas que investem, embora haja

“famílias fruticultoras tradicionais”. As áreas que vão sendo deixadas de ser cultivadas com

mamão vão sendo ocupadas com outras culturas como a seringueira, para produção de látex

sua área plantada neste mesmo período, a

No gráfico 8 podemos analisar

que a variação da área total do estado acompanhou a variação do município de Pinheiros, o

. Organizado pelo autor

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No cenário nacional, o estado se coloca em segundo lugar em áreas plantadas com

mamão no último ano analisado, participando com 21,47%, sendo o estado da Bahia o líder

com 43,79% da área total do Brasil (gráfico 9 e tabela 6). Os estados que seguem compond

grupo dos maiores produtores de mamão são: Ceará, Rio Grande do Norte, Roraima,

Pernambuco, Pará, Paraíba, Minas Gerais e Amazonas.

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

No cenário nacional, o estado se coloca em segundo lugar em áreas plantadas com

ltimo ano analisado, participando com 21,47%, sendo o estado da Bahia o líder

com 43,79% da área total do Brasil (gráfico 9 e tabela 6). Os estados que seguem compond

grupo dos maiores produtores de mamão são: Ceará, Rio Grande do Norte, Roraima,

Pernambuco, Pará, Paraíba, Minas Gerais e Amazonas.

Gráfico 09: Área plantada de mamão Estados selecionados - 2009

Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

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No cenário nacional, o estado se coloca em segundo lugar em áreas plantadas com

ltimo ano analisado, participando com 21,47%, sendo o estado da Bahia o líder

com 43,79% da área total do Brasil (gráfico 9 e tabela 6). Os estados que seguem compondo o

grupo dos maiores produtores de mamão são: Ceará, Rio Grande do Norte, Roraima,

Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor

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Tabela 06: Evolução Nacional da área plantada de mamão- – 1990 a 2009

1990 1995 2000 2005 2009 ha % ha % ha % ha % ha %

Bahia 7.898 48,96 21.413 62,74 25.505 63,06 13.591 40,92 15.053 43,79 Espírito Santo 3.432 21,28 6.310 18,49 5.882 14,54 9.567 28,81 7.382 21,47 Ceará 252 1,56 574 1,68 1.182 2,92 1.368 4,12 2.360 6,86 Rio Grande do Norte 215 1,33 171 0,50 379 0,94 1.819 5,48 1.690 4,92 Roraima 0 0,00 0 0,00 413 1,02 699 2,10 1.269 3,69 Pernambuco 128 0,79 221 0,65 236 0,58 645 1,94 1.076 3,13 Pará 1.390 8,62 1.648 4,83 1.338 3,31 1.029 3,10 952 2,77 Paraíba 185 1,15 978 2,87 1.501 3,71 929 2,80 875 2,55 Minas Gerais 380 2,36 317 0,93 890 2,20 599 1,80 729 2,12 Amazonas 90 0,56 72 0,21 1.229 3,04 803 2,42 717 2,09 Sergipe 145 0,90 183 0,54 357 0,88 343 1,03 479 1,39 Rio Grande do Sul 420 2,60 369 1,08 358 0,89 307 0,92 289 0,84 Rondônia 767 4,76 900 2,64 47 0,12 190 0,57 263 0,77 Acre 109 0,68 344 1,01 290 0,72 202 0,61 230 0,67 São Paulo 226 1,40 231 0,68 188 0,46 322 0,97 224 0,65 Mato Grosso 6 0,04 55 0,16 115 0,28 97 0,29 155 0,45 Alagoas 0 0,00 0 0,00 16 0,04 146 0,44 141 0,41 Goiás 179 1,11 112 0,33 168 0,42 122 0,37 140 0,41 Maranhão 18 0,11 36 0,11 101 0,25 106 0,32 127 0,37 Paraná 167 1,04 97 0,28 124 0,31 86 0,26 91 0,26 Amapá 0 0,00 0 0,00 53 0,13 70 0,21 70 0,20 Piauí 8 0,05 3 0,01 26 0,06 21 0,06 24 0,07 Rio de Janeiro 80 0,50 25 0,07 8 0,02 46 0,14 23 0,07 Tocantins 12 0,07 10 0,03 0 0,00 68 0,20 10 0,03 Mato Grosso do Sul 19 0,12 56 0,16 10 0,02 27 0,08 4 0,01 Santa Catarina 2 0,01 0 0,00 8 0,02 4 0,01 3 0,01 Distrito Federal 2 0 3 0,01 24 0,06 4 0,01 3 0,01 Total- Brasil 16.130 100 34.128 100 40.448 100 33.210 100 34.379 100 Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor.

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63

Além dos problemas que envolvem a questão do uso da água, a fruticultura irrigada

promove outros problemas que envolvem os camponeses, embora não sejam explicitados,

existem informações de casos isolados de contaminação, o que exige estudos específicos

sobre esta questão.

Além disso, há uma “pressão diplomática” sobre os camponeses pequenos

proprietários de terra no que se refere a disposição das terras, pois, em alguns casos, as terras

dos camponeses estão em localidades de interesse dos capitalistas, onde surgem comumente

propostas de troca de terras, podendo ser ate em valores maiores que a dos camponeses, como

por exemplo, 01 hectare do camponês por 2 hectares do fazendeiro em outro área. Estes

fatores explicitam a disputa territorial entre o agronegócio da fruticultura irrigada e a

agricultura camponesa e ao mesmo tempo coloca em evidência a lógica capitalista de

determinação do valor de troca em detrimento do valor de uso.

Souza (2008) ao analisar esta mesma trajetória do setor sucroalcooleiro no estado de

S.Paulo, afirma que:

Este quadro de valorização da terra pelo setor agropecuário (capitalismo agro-industrial e financeiro) responde pela trajetória positiva dos preços, mas, sobretudo pelo processo de espacialização do setor sucroalcooleiro, como lógica de crescimento e acumulação, bem como sua efetiva territorialização. A trajetória dos preços em alguns casos, sobretudo sob a lógica da territorialização sucroalcooleira no extremo oeste paulista, é compreendida como fator de “riqueza regional” este é um fator de força imaterial do conceito de valor de troca (da terra) na consolidação de uma perspectiva de “desenvolvimento e progresso”. A terra, como natureza, é valorizada na relação estabelecida pela sociedade em seu processo de produção do espaço. Essa natureza incorporada à vida humana, no âmbito de suas necessidades, tem uma denominação em Marx: valor de uso. Uma categoria não cronológica, de dimensão histórico-teórica intrínseca à trajetória humana na terra, como riqueza material. A terra apropriada no sentido mais geral de satisfação das necessidades humanas. Porém sua concretude histórica, mediada pelas formas de apropriação, como resultado do metabolismo societal do capital, materializa-se em novo conceito, transforma sua natureza interior e é subsumida pelo valor atribuído pelo capital no âmbito das relações de troca. (mercantis). Está completa a mistificação do modo de produção capitalista advertia Marx, terra mercadoria como característica imediata das relações de

produção. O valor de uso se expressando como valor de troca (riqueza social), este é o valor da natureza no capitalismo quando se converte em dinheiro. Numa palavra: renda. Em suas diferentes formas, separadas entre produção e exploração, considerando que no sistema capitalista a natureza é ainda valorizada não apenas pela sua transformação em mercadoria (terra e valor de troca), mas como meio de produção, valoriza-se pelo produto mercantil a ser gerado. Esta expectativa de ganhos futuros é que explica a velocidade das trajetórias dos preços. (...) Confirma a lógica de especulação da terra, que promove padrões de ocupação insustentáveis derivados de mudança na orientação econômica de valor (da terra e da

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produção) que se territorializa, sobretudo nas áreas onde se concentram modos de produção campesina (SOUZA, 2008:97-98).

Todas essas questões compõem um conjunto de temáticas que merecem estudos mais

aprofundados, por isso nosso interesse aqui é demonstrar as principais transformações

ocorridas no campo e na situação do Campesinato.

3.5- A cultura do Café: o retorno do atraso (?)

Café! Cultura que foi avaliada como inviável na década de 70, o que sustentou os

discursos da necessidade de sua erradicação, na verdade o processo demonstrou o interesse de

legitimar a implantação dos grandes projetos anteriormente mencionados, alegando que a

economia que se centrava em uma estrutura agrária de base familiar era insuficiente para

promover o desenvolvimento do estado.

Nas décadas de 80 e 90, a cultura do café volta a ganhar espaço em alguns

municípios, em função das pesquisas de melhoramento genético da variedade conilon,

principalmente, porém, com características técnicas completamente diferentes da fase

anterior.

De acordo com o Centro do Comércio de Café de Vitória – CCCV quase 85% da

produção nacional têm como origem a região Sudeste do Brasil. Estima-se que por ano são

colhidos aproximadamente 10,5 milhões de sacas de café em território capixaba. O mercado

cafeicultor emprega 33% da população ativa do estado e está presente em todos os

municípios, exceto na capital, Vitória. Segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa e

Assistência Técnica (INCAPER, 2010), esse mercado ocupa 500 mil hectares de área em 60

mil propriedades, representando 40% do Produto Interno Bruto-PIB agrícola do Espírito

Santo, o que demonstra sua relevância na economia do estado.

A distribuição espacial destas lavouras varia de acordo as condições morfoclimáticas,

ou seja, nos municípios do centro sul do Espírito Santo, áreas de maior declividade predomina

a variedade arábica, enquanto ao centro norte, onde temos menores elevações, predomina a

variedade conilon.

A participação destas duas variedades no comércio internacional de café ao longo do

mês de junho deste ano, identificada pelo Centro de Comércio de Café de Vitória-CCCV, foi

equivalente a 168.049 sacas de café arábica e 388.450 sacas de conilon, sendo

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respectivamente 30,2 % e 69,8%, do total de 556.499 sacas (CCCV, 2011), significa que o

conilon tem maior relevância na atividade cafeeira do estado.

Observa-se que a cultura esta distribuída em todo o estado, exceto no extremo norte

litorâneo (mapa 5), onde tem a predominância de outras atividades, como a cana e o eucalipto.

Num conjunto de vinte municípios selecionados, o que corresponde a 56,31% da área

total do estado do Espírito Santo, em 2009, o município que apresentou maior área plantada

foi Vila Valério com 21.000 ha, representando 4,29% da área total do estado, seguido de

Nova Venécia, com 19.600 ha (4,0% do total; Jaguaré com 18.600 ha (3,8%); Brejetuba com

16.000 ha (3,27%); Iúna com 15.930 ha (3,25%); Sooretama, 15.400 ha (3,14%); Linhares,

15.015 ha (3,07%). Estes são os mais expressivos em termos de cultivada, segue um grupo de

municípios com uma variação de 2% a 3% de participação no total, quais sejam Vargem Alta,

Rio Bananal, Itaguaçú, Afonso Cláudio, Colatina, São Mateus, Muniz Freire, Castelo, São

Gabriel da Palha. Neste grupo se insere o município de , Pinheiros 10.500ha que

representam 2,14% do total da área Espírito Santo; Vila Pavão, 9600 ha, 1,96%; Irupi e

Mimoso do Sul com 9.400 ha plantados cada, representam juntos 3,84% do total (Gráfico 11

e Tabela 7).

De todos os municípios que reúnem áreas plantadas de café, o que representa quase

que o total dos 79 existentes no estado, a maior parte apresenta uma participação de 0,01 a

1,00% do total sendo 40 municípios; de 1,1 a 2,0%, são 20; de 2,1 a 3,0% são 10; e de 3,1% a

mais são sete, o que totaliza 77 municípios. (IBGE, 2011).

Na composição do Produto Interno Bruto-PIB da agropecuária, o café, no ano de

2006, segundo a Secretaria Estadual de Agricultura, participou com 43,26% (gráfico 10).

Gráfico 10: Participação dos grupos de produtos no PIB Agropecuário ES -2006

Fonte: SEAG,2010)

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Tabela 07: Evolução da área plantada de café- Municípios selecionados- 1990 a 2009

1990 1995 2000 2005 2009

ha % ha % ha % ha % ha % Vila Valério 0 0,00 0 0,00 15000 2,87 22500 4,13 21000 4,29 Nova Venécia 21666 4,26 15000 3,21 20000 3,82 20000 3,67 19600 4,00 Jaguaré 20000 3,93 19000 4,07 18000 3,44 18000 3,30 18600 3,80 Brejetuba 0 0,00 0 0,00 13500 2,58 18500 3,39 16000 3,27 Iúna 22000 4,32 9500 2,03 20010 3,82 18010 3,30 15930 3,25 Sooretama 0 0,00 0 0,00 16000 3,06 20000 3,67 15400 3,14 Linhares 38000 7,47 35280 7,55 12250 2,34 14400 2,64 15015 3,07 Vargem Alta 21000 4,13 15000 3,21 17300 3,31 16600 3,04 14583 2,98 Rio Bananal 18000 3,54 16500 3,53 15950 3,05 16350 3,00 13800 2,82 Itaguaçu 17000 3,34 13500 2,89 13540 2,59 14300 2,62 13731 2,80 Afonso Cláudio 33060 6,50 29500 6,32 17000 3,25 18440 3,38 13400 2,74 Colatina 25000 4,91 24000 5,14 24700 4,72 14200 2,60 13270 2,71 São Mateus 5200 1,02 6400 1,37 12000 2,29 13510 2,48 12550 2,56 Muniz Freire 12747 2,50 14200 3,04 18008 3,44 12036 2,21 11660 2,38 Castelo 13786 2,71 9100 1,95 10500 2,01 11200 2,05 11350 2,32 São G.da Palha 21580 4,24 22000 4,71 12500 2,39 12500 2,29 11000 2,25 Pinheiros 5400 1,06 4200 0,90 4500 0,86 7300 1,34 10500 2,14 Vila Pavão 0 0,00 8500 1,82 9500 1,82 10100 1,85 9600 1,96 Irupi 0 0,00 8500 1,82 9308 1,78 8521 1,56 9400 1,92 Mimoso do Sul 12800 2,52 9500 2,03 12000 2,29 10965 2,01 9400 1,92 Total-Espírito Santo 508928 100 467064 100 523312 100 545289 100 489754 100 Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal (2011). Organizado pelo autor

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Gráfico

Fonte: IBGE/SIDRA

Outro elemento importante

Espírito Santo em destaque no cenário nacional

Comércio de Café em Geral do

a 2008.

[...] Em 15 ano188%, passando de 9,2 para 26,57 sacas beneficiadas por hectare. A produção teve incremento de 215%, passando de 2,4 para 7,3 milhões de sacas beneficiadas por ano, com um aumento de apenas 11% dplantada

Gráfico 11: Área planta de café – Municípios selecionados

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal (2011). Organizado pelo autor

Outro elemento importante é a questão da produtividade, aspecto que tem colocado o

Espírito Santo em destaque no cenário nacional, segundo informações do Sindicato de

Comércio de Café em Geral do Estado do Espírito Santo, quando se refere ao período de 1993

[...] Em 15 anos, de 1993 até 2008, a produtividade média do Estado cresceu 188%, passando de 9,2 para 26,57 sacas beneficiadas por hectare. A produção teve incremento de 215%, passando de 2,4 para 7,3 milhões de sacas beneficiadas por ano, com um aumento de apenas 11% dplantada (SINDICAFE, 2011)

67

Municípios selecionados - 2009

. Organizado pelo autor.

é a questão da produtividade, aspecto que tem colocado o

, segundo informações do Sindicato de

stado do Espírito Santo, quando se refere ao período de 1993

s, de 1993 até 2008, a produtividade média do Estado cresceu 188%, passando de 9,2 para 26,57 sacas beneficiadas por hectare. A produção teve incremento de 215%, passando de 2,4 para 7,3 milhões de sacas beneficiadas por ano, com um aumento de apenas 11% da área

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Mapa 5 -Espírito Santo – Área plantada de café -1990-2009

Fonte IBGE/SIDRA-Pesquisa Agrícola Municipal (2011).Organizado pelo Autor

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No Brasil, o Espírito Santo

com 489.754 ha, o que significa 22,82% do total nacional. O estado que lidera em área

plantada no mesmo ano é Minas Gerais, com 47,13%.

Dos outros três estados que apresentam maiores áreas, é curioso o

São Paulo ter descendido a área de 567.027 ha em 1990 para

redução a um terço do existente. . Certamente este fenômeno tem

cana de açúcar e laranja. Rondônia e Bahia, mantiveram

155 mil hectares cada (IBGE, 2011)

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola

No Brasil, o Espírito Santo em 2009, ocupava a segunda posição em

com 489.754 ha, o que significa 22,82% do total nacional. O estado que lidera em área

plantada no mesmo ano é Minas Gerais, com 47,13%.

Dos outros três estados que apresentam maiores áreas, é curioso o

São Paulo ter descendido a área de 567.027 ha em 1990 para 172.115, significando uma

a um terço do existente. . Certamente este fenômeno tem a ver com a expansão da

cana de açúcar e laranja. Rondônia e Bahia, mantiveram certa estabilidade

(IBGE, 2011), como vemos no gráfico 12 e tabela

Gráfico 12: Evolução da área plantada de café Estados selecionados- 1990 a 2009

Pesquisa Agrícola Municipal (2011). Organizado pelo autor

69

em 2009, ocupava a segunda posição em área plantada ,

com 489.754 ha, o que significa 22,82% do total nacional. O estado que lidera em área

Dos outros três estados que apresentam maiores áreas, é curioso o fato do estado de

172.115, significando uma

ver com a expansão da

bilidade na faixa dos 130 a

, como vemos no gráfico 12 e tabela 8.

. Organizado pelo autor.

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Tabela 08: Evolução da área plantada de café no Brasil- 1990 a 2009

1990 1995 2000 2005 2009 ha % ha % ha % ha % ha %

Minas Gerais 983.645 33,48 848.060 42,83 998.515 43,56 1.043.308 44,71 1.011.356 47,13 Espírito Santo 508.928 17,32 467.064 23,59 523.312 22,83 545.289 23,37 489.754 22,82 São Paulo 567.027 19,30 241.385 12,19 211.552 9,23 221.700 9,50 172.115 8,02 Bahia 136.828 4,66 113.674 5,74 134.196 5,85 151.019 6,47 155.047 7,23 Rondônia 148.550 5,06 137.739 6,96 198.946 8,68 167.738 7,19 152.999 7,13 Paraná 429.687 14,63 102.683 5,19 142.118 6,20 106.219 4,55 85.324 3,98 Mato Grosso 72.097 2,45 16.292 0,82 35.323 1,54 29.448 1,26 24.024 1,12 Rio de Janeiro 17.607 0,60 9.797 0,49 9.553 0,42 13.772 0,59 13.923 0,65 Pará 20.293 0,69 14.661 0,74 17.461 0,76 22.263 0,95 12.394 0,58 Goiás 17.728 0,60 7.196 0,36 4.380 0,19 7.548 0,32 8.769 0,41 Ceará 9.551 0,33 9.186 0,46 7.384 0,32 7.517 0,32 7.436 0,35 Amazonas 260 0,01 890 0,04 415 0,02 5.493 0,24 5.706 0,27 Pernambuco 14.519 0,49 8.336 0,42 5.678 0,25 5.154 0,22 3.943 0,18 Mato G. do Sul 8.340 0,28 1.293 0,07 1.771 0,08 2.054 0,09 1.273 0,06 Distrito Federal 1.200 0,04 775 0,04 528 0,02 946 0,04 901 0,04 Acre 965 0,03 857 0,04 930 0,04 3.830 0,16 837 0,04 Alagoas 99 0,00 50 0,00 42 0,00 5 0,00 5 0,00 Roraima 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Amapá 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Tocantins 72 0,00 1 0,00 2 0,00 0 0,00 0 0,00 Maranhão 101 0,00 35 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Piauí 37 0,00 17 0,00 10 0,00 0 0,00 0 0,00 Rio G. do Norte 18 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Paraíba 62 0,00 42 0,00 26 0,00 0 0,00 0 0,00 Sergipe 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Santa Catarina 190 0,01 100 0,01 23 0,00 0 0,00 0 0,00 Rio Grande do Sul 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Total- Brasil 2.937.804 100 1.980.133 100 2.292.165 100 2.333.303 100 2.145.806 100 Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal. Organizado pelo autor.

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Embora com grandes investimentos na produção agrícola, com projetos de

desenvolvimento econômico baseado nos cultivos em larga escala com prioridade à

exportação, como vimos no caso do Espírito Santo as florestas plantadas de eucalipto, a cana

de açúcar, como mais um deserto verde, a fruticultura como orgulho dos fazendeiros, a

cafeicultura que moderniza o passado arcaico, a pecuária resiste ao longo das décadas como

base importante da economia em vários municípios, apresentando diferentes níveis

tecnológicos de manejo e produção, em diversas situações fundiárias, desde os pequenos até

os grandes estabelecimentos, tanto leiteira quanto de corte.

Neste sentido, a produção de leite pelos camponeses tem sido uma possibilidade de

resistência na terra, de manutenção de sua reprodução social, por dois motivos: primeiro, pela

evasão da juventude provocada pelas grandes transformações ocorridas no campo, diminuindo

a mão de obra disponível na família para desenvolver atividades produtivas diversas.

Segundo, sendo decorrente do primeiro, a produção de leite permite o uso de toda a área

disponível, exigindo poucos investimentos em tecnologia, fornecendo uma renda líquida

financeira mensal ou quinzenal, e uma espécie de poupança anual, efetivada pelas crias das

vacas em lactação (bezerros).

Neste sentido, no capitulo seguinte analisaremos a produção de leite no Brasil, no

Espírito Santo e em específico no município de Pinheiros, incluído o recorte espacial da área

de estudo.

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72

3. A produção de leite

“... os pequeno agricultor ainda produz leite porque não tem outra coisa que dá renda todo mês...é um jeito de sobreviver no meio do mato, porque se for depender dos governo, agente morre tudo de fome na cidade”. (Adelvair Almeida- Camponês)

Embora o campo tenha passado por grandes transformações econômicas nos últimos

anos, com os processos de industrialização da agricultura, como vimos no caso do Espírito

Santo com o avanço da cana de açúcar, do eucalipto, da retomada do café em larga escala e a

fruticultura em alguns municípios, a produção de leite se manteve como uma das principais

atividades econômicas, ora com maior, ora com menor grau de modernização em diferentes

condições fundiárias, desde os pequenos até os grandes estabelecimentos.

Em muitos casos, tem sido uma possibilidade de garantir uma renda financeira, com

pouca exigência de ocupação de mão de obra, possibilidade de maior ocupação das áreas

disponíveis nos estabelecimentos agropecuários, sobretudo sob forma de pastejo extensivo e

poucos investimentos em tecnologia (infraestrutura, alimentação e genética). Este é o fator

aqui analisado como uma forma de promover a resistência camponesa, em especifico, no

caso dos pequenos agricultores do município de Pinheiros - ES.

No cenário mundial o Brasil está entre os países com maior volume de produção e,

ao analisar sua produção particular, podemos identificar a relevância dos pequenos

estabelecimentos na sustentação desta atividade com base nos dados do IBGE e do censo

agropecuário de 2006.

Isso nos leva a um primeiro indicativo da importância dos camponeses neste setor,

pois em realidade convive-se com as grandes concentrações de terra e impactos profundos do

agronegócio sobre a estrutura produtiva do campo, mecanismos de integração e subordinação

da produção e pressões especulativas imobiliárias sobre a pequena unidade agrária, elementos

que explicitam o cenário de resistência camponesa.

Sendo assim, este será o principal critério na caracterização da produção camponesa

de leite, considera-se que por tratar-se de uma base geral de dados estabelecemos um

processo de generalização do conjunto de produtores, tendo consciência de seus riscos pois

algumas unidades de produção, considerando o tamanho da área como pequena e média, em

alguns casos pode prevalecer relações de trabalho capitalista em detrimento de estruturas

familiares camponesas.

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73

Em função destas questões, no sentido de minimizar as generalizações e apontar as

diferenciações o trabalho de campo realizado entre os meses de maio e junho de 2011,

permitiu verificar as reais condições de determinadas unidades camponesas..

3.1- A produção de leite no Mundo

Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations (Organização

das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO) a produção de leite é subdividida

em categorias de acordo com as espécies dos animais que o produzem, sendo que em 2007, a

proporção por animal apresentou a seguinte distribuição em termos de participação total:

Camelo (Camelus bactrianus) 0,2%; Ovelha (Ovis Áries) 1,4%; Cabra (Capra hircus) 2,2%;

Búfala (Pelorovis antiques) 12,7%.

A maior participação na produção total é de origem bovina (Bos Indicus e Bos

taurus)1, conhecido comumente como “leite de vaca”, correspondendo a 83,5% do total

mundial (FAO, 2009) e sendo o de maior relevância para abastecimento do mercado de

alimentos lácteos.

No cenário mundial, o Brasil está entre os vinte maiores produtores no ano analisado,

saindo da 12ª posição em 1965, com a produção de 6.774.857 toneladas. Vinte anos depois,

ou seja, em 1985, passa para o 9º colocado, com 12.452.830 ton. No ano de 2000, projeta se

para 6º lugar com 20.379.988 toneladas (FAO, 2009).

Enfim, no ano de 2007, o país se mantém como o 6º maior produtor, com um volume

de 26.944.064 t tendo um crescimento de 32% entre os anos de 2000 e 2007 (FAO,2009).

Os países que compõem o grupo dos 20 maiores do mundo e suas posições no

período de 1965 a 2007 estão apresentados no quadro 01.

No conjunto dos continentes, segundo dados da FAO, organizados pela Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA a produção mundial em 2007 se distribuiu

da seguinte forma: 37% na Europa; 4% na África; 5% na Oceania; 25% na Ásia e 29% na

América (EMBRAPA,2011), como mostra o Gráfico 13.

1 Bos indicus – nome científico dos bovinos de origem indiana; Bos taurus – nome científico dos bovinos de

origem européia. <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br)

Page 74: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

Gráfico

Fonte: EMBRAPA, 2011.

Gráfico 13: Produção Mundial de leite de origem bovina-2007

Fonte: EMBRAPA, 2011. Organizado pelo autor

74

2007

Page 75: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

75

Quadro 01: Ranking mundial dos vinte principais países produtores de leite – 1965 a 2007

Fonte: FAO,2009. Organizado pelo autor.

Posição 1965 1975 1985 1990 1995 2000 2005 2007

01º URSS URSS URSS URSS EUA EUA EUA EUA

02º EUA EUA EUA EUA Rússia Índia Índia India

03º Alemanha Alemanha Alemanha Alemanha Alemanha Rússia Rússia China

04º Francia Francia Francia Francia Índia Alemanha Alemanha Rússia

05º Polônia Polônia Índia Índia Francia Francia China Alemanha

06º Reino Unido Reino Unido Polônia Polônia Ucrânia Brasil Brasil Brasil

07º Itália Índia Reino Unido Reino Unido Brasil Reino Unido França França

08º Canadá Países Baixos Países Baixos Brasil Reino Unido Ucrânia Nova Zelandia Nova Zelândia

09º Países Bajos Brasil Brasil Países Baixos Polônia Itália Reino Unido Reino Unido

10º Austrália Itália Itália Itália Países Baixos Nova Zelândia Ucrânia Polônia

11º Índia Canadá Turquia Japão Itália Polônia Polônia Ucrânia

12º Brasil Austrália Nova Zelândia Canadá Nova Zelândia Países Baixos Itália Turquia

13º Nova Zelândia Turquia Canadá Turquia Turquia Austrália Países baixos Paquistão

14º Turquia Nova Zelândia Japão Nova Zelândia Argentina Argentina Austrália Países Baixos

15 º Dinamarca México México Checoslováquia Austrália México Turquia Itália

16º Argentina Argentina Checoslováquia Austrália Japão Turquia Argentina Argentina

17 º Bélgica Checoslováquia Espanha Argentina Canadá China México México

18º Checoslováquia Espanha Austrália México México Japão Paquistão Austrália

19º Finlândia Japão Irlanda Espanha Espanha Canadá Japão Canadá

20º Suécia Dinamarca Argentina Irlanda China Paquistão Canadá Japão

Page 76: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

Especificamente no continente americano, atingiu

toneladas de leite em 2007, a produção se distribuiu em 57% na América do Norte; 33% na

América Central e Caribe; 10% na América do Sul. (EMBRAPA,

gráfico 14.

Fonte: EMBRAPA, 2011.

Com relação à produção norte americana, sobretudo a estadunidense, há vários

estudos que indicam problemas de ordem socioambiental relacionados à produção leiteira,

pois os sistemas utilizados que possibilitam um gran

ocupada por animal e utilização de padrões genéticos altamente produtivos, se realiza com

base na mão de obra migrante da América Latina de baixo custo, o que contribui para a

viabilidade econômica da atividade. Além d

produzido tem provocado contaminações dos lençóis freáticos.

Em cada região do país, existem fatores específicos que contribuem para a instalação

e viabilidade da produção leite

pagamento do leite, além de que, em alguns casos como no oeste, predomina o sistema de

baias abertas (loose-housing),

animais, como explica REIS E COMBS.

Os sistemascada região do país. Os sistemas estabelecidos na região oeste, por exemplo, sofrem influência de dois fatores principais: o isolamento geográfico e o sistema dif

Especificamente no continente americano, atingiu-se um total de 160. 588 mil

2007, a produção se distribuiu em 57% na América do Norte; 33% na

América Central e Caribe; 10% na América do Sul. (EMBRAPA, 2011

Gráfico 14: Produção de leite de origem bovina América-2007

, 2011. Organizado pelo Autor.

Com relação à produção norte americana, sobretudo a estadunidense, há vários

estudos que indicam problemas de ordem socioambiental relacionados à produção leiteira,

pois os sistemas utilizados que possibilitam um grande volume de produção com menor área

ocupada por animal e utilização de padrões genéticos altamente produtivos, se realiza com

base na mão de obra migrante da América Latina de baixo custo, o que contribui para a

viabilidade econômica da atividade. Além disso, o grande volume de dejetos (esterco)

produzido tem provocado contaminações dos lençóis freáticos.

cada região do país, existem fatores específicos que contribuem para a instalação

e viabilidade da produção leiteira, como o isolamento geográfico e sistemas diferenciados de

pagamento do leite, além de que, em alguns casos como no oeste, predomina o sistema de

housing), o que possibilita menores investimentos e maior concentração de

REIS E COMBS.

Os sistemas de produção de leite nos EUA são bastante característicos em cada região do país. Os sistemas estabelecidos na região oeste, por exemplo, sofrem influência de dois fatores principais: o isolamento geográfico e o sistema diferenciado de pagamento do leite [...] há o predomínio do sistema

76

se um total de 160. 588 mil

2007, a produção se distribuiu em 57% na América do Norte; 33% na

2011), como mostra o

Com relação à produção norte americana, sobretudo a estadunidense, há vários

estudos que indicam problemas de ordem socioambiental relacionados à produção leiteira,

de volume de produção com menor área

ocupada por animal e utilização de padrões genéticos altamente produtivos, se realiza com

base na mão de obra migrante da América Latina de baixo custo, o que contribui para a

isso, o grande volume de dejetos (esterco)

cada região do país, existem fatores específicos que contribuem para a instalação

sistemas diferenciados de

pagamento do leite, além de que, em alguns casos como no oeste, predomina o sistema de

o que possibilita menores investimentos e maior concentração de

de produção de leite nos EUA são bastante característicos em cada região do país. Os sistemas estabelecidos na região oeste, por exemplo, sofrem influência de dois fatores principais: o isolamento geográfico e o

há o predomínio do sistema

Page 77: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

“ loosecomparado a média de 40 para o país. Tal sistema conduz a um baixo investimento de capital por vaca alojada. Nessa região, está a maior concentração de animaisvem causando problemas de ordem ambiental, como a contaminação das água subterrâneas. Embora nessa região seja comum a compra de toda a alimentação necessária para o rebanho, ainda é a região onde a prodleite é obtida a menor custo. A produção de alfafa é bastante eficiente por razões climáticas, utilização maciça de subprodutos da agricultura e mãoobra latina mais barata e disponível. (

Em outros países, como a

sistemas que concentram maior quantidade de animais por área e padrões genéticos com

maior produtividade, o que faz destes países, mesmo com pouca área ocupada, grandes

produtores, como pode se verificar na fig

Na América do Sul, de um total de 52.952 mil toneladas, o Brasil é o maior produtor

com 48% da produção, seguido da Argentina com 20%. Os outros países somam 32% da

produção. Porem cabe considerar que a produção leite

extremamente superiores aos patamares nacionais.(EMBRAPA.2010)

Gráfico 15: Produção de leite de origem bovina

Fonte: EMBRAPA, 2010

Neste sentido, o Brasil se coloca em destaque

leite. Porém, pela situação sócia econômica, sobretudo fundiária, as condições dos padrões

tecnológicos encontrados na produção leiteira, distinguem se de outros países que também se

destacam internacionalmente.

loose-housing” e o número médio de vacas por rebanho é de 500, comparado a média de 40 para o país. Tal sistema conduz a um baixo investimento de capital por vaca alojada. Nessa região, está a maior concentração de animais leiteiros por m² do país, onde o acúmulo de esterco vem causando problemas de ordem ambiental, como a contaminação das água subterrâneas. Embora nessa região seja comum a compra de toda a alimentação necessária para o rebanho, ainda é a região onde a prodleite é obtida a menor custo. A produção de alfafa é bastante eficiente por razões climáticas, utilização maciça de subprodutos da agricultura e mãoobra latina mais barata e disponível. (REIS E COMBS

Em outros países, como a Nova Zelândia e na Europa, também predominam

sistemas que concentram maior quantidade de animais por área e padrões genéticos com

maior produtividade, o que faz destes países, mesmo com pouca área ocupada, grandes

produtores, como pode se verificar na figura 09.

Na América do Sul, de um total de 52.952 mil toneladas, o Brasil é o maior produtor

com 48% da produção, seguido da Argentina com 20%. Os outros países somam 32% da

produção. Porem cabe considerar que a produção leite/animal/dia na Argentina tem pa

extremamente superiores aos patamares nacionais.(EMBRAPA.2010)

: Produção de leite de origem bovina- América do sul-

, 2010 Organizado pelo autor

Neste sentido, o Brasil se coloca em destaque no panorama mundial da produção de

leite. Porém, pela situação sócia econômica, sobretudo fundiária, as condições dos padrões

tecnológicos encontrados na produção leiteira, distinguem se de outros países que também se

destacam internacionalmente.

77

” e o número médio de vacas por rebanho é de 500, comparado a média de 40 para o país. Tal sistema conduz a um baixo investimento de capital por vaca alojada. Nessa região, está a maior

do país, onde o acúmulo de esterco vem causando problemas de ordem ambiental, como a contaminação das água subterrâneas. Embora nessa região seja comum a compra de toda a alimentação necessária para o rebanho, ainda é a região onde a produção de leite é obtida a menor custo. A produção de alfafa é bastante eficiente por razões climáticas, utilização maciça de subprodutos da agricultura e mão-de-

REIS E COMBS, p.189. s.d.).

Nova Zelândia e na Europa, também predominam

sistemas que concentram maior quantidade de animais por área e padrões genéticos com

maior produtividade, o que faz destes países, mesmo com pouca área ocupada, grandes

Na América do Sul, de um total de 52.952 mil toneladas, o Brasil é o maior produtor

com 48% da produção, seguido da Argentina com 20%. Os outros países somam 32% da

a Argentina tem padrões

- 2007

no panorama mundial da produção de

leite. Porém, pela situação sócia econômica, sobretudo fundiária, as condições dos padrões

tecnológicos encontrados na produção leiteira, distinguem se de outros países que também se

Page 78: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

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Figura 09: Produção mundial de leite de origem bovina- 2007

Fonte: FAO,2009. Organizado pelo autor

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79

3.2- A produção de leite no Brasil

A produção leiteira no Brasil apresenta particularidades ligadas, sobretudo, à

estrutura fundiária de cada região. Embora com muitas transformações ocorridas no campo, a

produção de leite tem se transformado em uma atividade econômica que possibilita a

reprodução social do Campesinato brasileiro2, como afirma Silva e Tsukamoto (2001) ao

estudarem a relação dos pequenos produtores de leite no Paraná com os laticínios capitalistas.

Entre as muitas alternativas apontadas para viabilizar a atividade rural, a produção de leite pode ser a solução mais rápida para o pequeno produtor continuar a ser um “homem do campo”. O leite tem uma importância econômico-social muito grande [...] (SILVA e TSUKAMOTO, 2001. p.159)

Porém, embora esta seja uma atividade de resistência camponesa, na relação com o

mercado capitalista, ou seja, com as indústrias capitalistas do ramo de laticínios, os

camponeses que produzem leite, sujeitam a renda da terra aos interesses da acumulação

capitalista, correndo sempre o risco da extinção, seja por meio da inviabilização da legislação

sanitária, seja por meio da descapitalização em função das estratégias de comercialização

dominadas pelas agroindústrias, que rebaixam os preços.

Por isso que, ao estudar a produção de leite no Brasil, há de se considerar a presença

das indústrias que se fazem presentes em todo território nacional, desde as de pequena escala,

até as multinacionais como a Nestlé e a Parmalat, como afirma Oliveira (2010), ao referir se

aos estudos de Mamigonian e Freitas (1976):

[...] a gênese da pecuária leiteira no Brasil está intimamente ligada à própria história da Nestlé, pois como ela era a fornecedora do leite em pó e do leite condensado importado no começo do século, quando essas importações foram ficando difíceis (devido ao início da produção nacional, e ao aumento da produção de leite no país, particularmente no Sudeste) ela construiu sua primeira fábrica no Brasil em Araras (1921). (OLIVEIRA, 2010)

Neste sentido, observando esta questão, analisaremos a espacialização da produção

de leite no Brasil. Segundo dados do IBGE- Pesquisa Pecuária Municipal (2011) a produção

nacional de leite cresceu praticamente duas vezes entre o período de 1990 a 2009. No

primeiro ano analisado, o Brasil apresentou um volume de 14.484.414 mil litros de leite,

chegando ao ultimo ano com 29.105.495 mil litros (Gráfico 16). Rever estes números, se são

2 Em alguns trabalhos, encontramos também as expressões como: “homem do campo”, “pequeno agricultor”,

“agricultor familiar” “pequeno produtor”... De maneira geral, embora existam várias terminologias, entende se

aqui como agricultura camponesa.

Page 80: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

bilhões de litros utilize 14,5 bilhões e 29,1 bilhões

Tal crescimento é resultado de inúmeros fatores que alteraram a estrutura produtiva

do país, como: investimentos dos produtores em

produção (alimentação, manejo, genética); estrutura de mercado de preços que obriga o

aumento da produção para atingir ganho de escala; a mudança do padrão genético do plantel,

aumentando os animais de aptidão leiteir

qualidade do produto; inclusão de novas áreas e de novos produtores a atividade leiteira,

incentivos por meios de programas de especialização da produção, realizados por governos

e/ou pelas próprias empresas

consumo da população e diminuir custos de transporte até os pontos de industrialização e

comercialização.

Gráfico 16

Fonte: IBGE/SIDRA

Quanto à distribuição nas unidades federativas, Minas Gerais lidera a produção

nacional desde o ano de 1990, saindo de um total de

litros, representando no ultimo ano 27,25% da produção nacional.

Além de Minas Gerais, os outros quatro principais produtores de leite são: Rio

Grande do Sul com 11,68%; Paraná com 11,47%; Goiás, com 10,32%; Santa Catarina, 7,69%

e São Paulo, 5,44%. Este grupo de seis estados representou 73,85%

de 2009. O estado do Espírito Santo

(gráfico 17 e tabela 09)

14,5 bilhões e 29,1 bilhões

Tal crescimento é resultado de inúmeros fatores que alteraram a estrutura produtiva

do país, como: investimentos dos produtores em tecnologias que resulta no aumento da

produção (alimentação, manejo, genética); estrutura de mercado de preços que obriga o

aumento da produção para atingir ganho de escala; a mudança do padrão genético do plantel,

aumentando os animais de aptidão leiteira, além desses aspectos destaca

qualidade do produto; inclusão de novas áreas e de novos produtores a atividade leiteira,

incentivos por meios de programas de especialização da produção, realizados por governos

e/ou pelas próprias empresas, no sentido de, aumentarem o atendimento da demanda de

consumo da população e diminuir custos de transporte até os pontos de industrialização e

16: Evolução da produção nacional de leite- 1990 a 2009

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Pecuária Municipal (2011). Organizado pelo autor

Quanto à distribuição nas unidades federativas, Minas Gerais lidera a produção

nacional desde o ano de 1990, saindo de um total de 4.290.800 mil litros para 7.931.115

litros, representando no ultimo ano 27,25% da produção nacional.

Além de Minas Gerais, os outros quatro principais produtores de leite são: Rio

Grande do Sul com 11,68%; Paraná com 11,47%; Goiás, com 10,32%; Santa Catarina, 7,69%

ste grupo de seis estados representou 73,85% da produção total no ano

Espírito Santo neste contexto está em 15º lugar, com apenas

80

Tal crescimento é resultado de inúmeros fatores que alteraram a estrutura produtiva

tecnologias que resulta no aumento da

produção (alimentação, manejo, genética); estrutura de mercado de preços que obriga o

aumento da produção para atingir ganho de escala; a mudança do padrão genético do plantel,

a, além desses aspectos destaca-se também a a

qualidade do produto; inclusão de novas áreas e de novos produtores a atividade leiteira,

incentivos por meios de programas de especialização da produção, realizados por governos

, no sentido de, aumentarem o atendimento da demanda de

consumo da população e diminuir custos de transporte até os pontos de industrialização e

1990 a 2009

. Organizado pelo autor

Quanto à distribuição nas unidades federativas, Minas Gerais lidera a produção

4.290.800 mil litros para 7.931.115 mil

Além de Minas Gerais, os outros quatro principais produtores de leite são: Rio

Grande do Sul com 11,68%; Paraná com 11,47%; Goiás, com 10,32%; Santa Catarina, 7,69%

da produção total no ano

neste contexto está em 15º lugar, com apenas 1,45%.

Page 81: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

Gráfico 17: Produção nacional de leite de orig

Fonte: IBGE/SIDRA-

Além de analisarmos os volumes totais da produção dos estados brasileiros, suas

respectivas evoluções e participações na produção total

condição fundiária que baseia esta produção, ou seja, quem são os principais responsáveis

pela sustentação da produção de leite no Brasil.

Vários autores têm indicado que os pequenos agricultores são responsáveis pela

maior parte da produção brasileira de leite, garantindo um fluxo rápido de capital, geração de

emprego e renda, em função de tal atividade garantir uma renda financeira constante, como

afirma SILVA, ALEIXO, SOUZA, 2004

[...] é importante salientar que a pecuária leiteira ocupa papel importante na agropecuária brasileira, envolve um grande número de pequenos produtores no processo produtivo, apresenta significativa capacidade de geração de empregos, trabalho e renda, desda industrialização dos produtos, com capacidade de gerar um fluxo rápido de capital, o que define a pecuária leiteira como fundamental na manutenção da estrutura produtiva familiar, principalmente pela questão da renda consta

Esta tese se confirma ao analisarmos os dados do Censo agropecuário do IBGE do

ano de 2006, considerando o tamanho dos estabelecimentos por grupos de área. Foram

formados três grupos de área: 0 a 100 ha; 100

respectivamente: pequenos, médios e grandes estabelecimentos agropecuários.

Os pequenos, no ano do Censo, corresponderam a 66,16%, de um total de 20 080 820

mil litros de leite (exceto os produtores sem

corresponderam a 30,44% e os grandes a 3,4% do total.

: Produção nacional de leite de origem bovina- estados Selecionados

Pesquisa Pecuária Municipal (2011). Organizado pelo autor.

Além de analisarmos os volumes totais da produção dos estados brasileiros, suas

respectivas evoluções e participações na produção total do Brasil, vale analisar também a

condição fundiária que baseia esta produção, ou seja, quem são os principais responsáveis

pela sustentação da produção de leite no Brasil.

Vários autores têm indicado que os pequenos agricultores são responsáveis pela

or parte da produção brasileira de leite, garantindo um fluxo rápido de capital, geração de

emprego e renda, em função de tal atividade garantir uma renda financeira constante, como

SILVA, ALEIXO, SOUZA, 2004 et al ( 2004)

[...] é importante salientar que a pecuária leiteira ocupa papel importante na agropecuária brasileira, envolve um grande número de pequenos produtores no processo produtivo, apresenta significativa capacidade de geração de empregos, trabalho e renda, desde as atividades produtivas até a industrialização dos produtos, com capacidade de gerar um fluxo rápido de capital, o que define a pecuária leiteira como fundamental na manutenção da estrutura produtiva familiar, principalmente pela questão da renda constante. (SILVA, ALEIXO, SOUZA, 2004

Esta tese se confirma ao analisarmos os dados do Censo agropecuário do IBGE do

ano de 2006, considerando o tamanho dos estabelecimentos por grupos de área. Foram

formados três grupos de área: 0 a 100 ha; 100 a 1000 ha; superiores a 1000 a ha;

respectivamente: pequenos, médios e grandes estabelecimentos agropecuários.

Os pequenos, no ano do Censo, corresponderam a 66,16%, de um total de 20 080 820

mil litros de leite (exceto os produtores sem área) da produção

corresponderam a 30,44% e os grandes a 3,4% do total. 81

estados Selecionados - 2009

(2011). Organizado pelo autor.

Além de analisarmos os volumes totais da produção dos estados brasileiros, suas

do Brasil, vale analisar também a

condição fundiária que baseia esta produção, ou seja, quem são os principais responsáveis

Vários autores têm indicado que os pequenos agricultores são responsáveis pela

or parte da produção brasileira de leite, garantindo um fluxo rápido de capital, geração de

emprego e renda, em função de tal atividade garantir uma renda financeira constante, como

[...] é importante salientar que a pecuária leiteira ocupa papel importante na agropecuária brasileira, envolve um grande número de pequenos produtores no processo produtivo, apresenta significativa capacidade de

e as atividades produtivas até a industrialização dos produtos, com capacidade de gerar um fluxo rápido de capital, o que define a pecuária leiteira como fundamental na manutenção da estrutura produtiva familiar, principalmente pela questão

SILVA, ALEIXO, SOUZA, 2004 et al. p. 13)

Esta tese se confirma ao analisarmos os dados do Censo agropecuário do IBGE do

ano de 2006, considerando o tamanho dos estabelecimentos por grupos de área. Foram

a 1000 ha; superiores a 1000 a ha;

respectivamente: pequenos, médios e grandes estabelecimentos agropecuários.

Os pequenos, no ano do Censo, corresponderam a 66,16%, de um total de 20 080 820

área) da produção do país, os médios,

Page 82: CAMPESINATO E AGROINDUSTRIA: Uma análise da … · A chama da vitória, ... vossa companhia nestes longos cinco anos, ... sobre todo en el Espírito Santo- Brasil, legitimado por

82

Tabela 09: Evolução da produção nacional de leite de origem bovina- 1990 a 2009

1990 1995 2000 2005 2009 Mil litros % Mil litros % Mil litros % Mil litros % Mil litros %

Minas Gerais 4290800 29,62 4762543 28,91 5865486 29,67 6908683 28,06 7931115 27,25 Rio Grande do Sul 1451797 10,02 1710677 10,38 2102018 10,63 2467630 10,02 3400179 11,68

Paraná 1160048 8,01 1576541 9,57 1799240 9,10 2568251 10,43 3339306 11,47 Goiás 1071966 7,40 1450158 8,80 2193799 11,10 2648599 10,76 3003182 10,32

Santa Catarina 650409 4,49 815379 4,95 1003098 5,07 1555622 6,32 2237800 7,69 São Paulo 1960781 13,54 1981844 12,03 1861425 9,42 1744179 7,08 1583882 5,44

Bahia 743774 5,13 668147 4,06 724897 3,67 890187 3,62 1182019 4,06 Pernambuco 312522 2,16 212709 1,29 292130 1,48 526515 2,14 788250 2,71

Rondônia 158474 1,09 202189 1,23 422255 2,14 692411 2,81 746873 2,57 Mato Grosso 213644 1,47 307426 1,87 422743 2,14 596382 2,42 680589 2,34

Pará 231497 1,60 308184 1,87 380319 1,92 697021 2,83 596759 2,05 Mato Grosso do Sul 398728 2,75 454743 2,76 427261 2,16 498667 2,03 502485 1,73

Rio de Janeiro 390304 2,69 432381 2,62 468752 2,37 464946 1,89 483129 1,66 Ceará 293562 2,03 292346 1,77 331873 1,68 367975 1,49 432537 1,49

Espírito Santo 281416 1,94 362696 2,20 378068 1,91 417676 1,70 421553 1,45 Maranhão 126934 0,88 145109 0,88 149976 0,76 321180 1,30 355082 1,22

Sergipe 99862 0,69 66013 0,40 115142 0,58 191306 0,78 286568 0,98 Rio G. do Norte 106967 0,74 105608 0,64 144927 0,73 211545 0,86 235986 0,81

Tocantins 105511 0,73 103731 0,63 156018 0,79 220465 0,90 233022 0,80 Alagoas 148580 1,03 201077 1,22 217887 1,10 236109 0,96 231991 0,80 Paraíba 155151 1,07 140018 0,85 105843 0,54 148599 0,60 213857 0,73

Piauí 57916 0,40 55588 0,34 76555 0,39 78713 0,32 87165 0,30 Acre 21431 0,15 29696 0,18 40804 0,21 79665 0,32 42595 0,15

Amazonas 36617 0,25 48977 0,30 36680 0,19 43881 0,18 41749 0,14 Distrito Federal 14036 0,10 26667 0,16 36318 0,18 34842 0,14 36000 0,12

Amapá 1685 0,01 2710 0,02 3735 0,02 4014 0,02 6706 0,02 Roraima 0 0,00 11210 0,07 9958 0,05 5797 0,02 5117 0,02

Total - Brasil 14.484.414 100 16.474.365 100 19.767.206 100 24.620.859 100 29.105.495 100 Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Pecuária Municipal. Organizado pelo autor.

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Figura 10: Espacialização da produção de leite no Brasil por grupos de área- Municipios- 2006

Fonte: IBGE/SIDRA- Censo Agropecuário (2011). Organizado pelo autor

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Esta realidade se dá em função de que na quase metade dos municípios brasileiros,

em torno de 44%, os pequenos estabelecimentos produziram cerca de 80 a 100% da produção

total do município. Enquanto isso, em cerca de 18% dos municípios, os médios

estabelecimentos produziram em torno de 10 a 20%. E, em 65% dos municípios, os grandes

só produziram cerca de 1 a 10% do total do município (figura 10). Isso nos revela que nos

médios e grandes predominam outras atividades econômicas, cabendo aos pequenos a

produção deste um importante alimento na composição da base de nutrição alimentar do país.

Com relação à situação da produção de leite por grupos de área nas unidades

federativas, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, são os que apresentaram maior

participação dos pequenos estabelecimentos, cerca de 90 a 100%. No Espírito Santo, este grupo de estabelecimentos participou com aproximadamente

60%, enquanto os médios com aproximados 37,5% e os grandes com apenas 2,5% (figura 11

e tabela10)

Figura 11: Espacialização da produção nacional de leite por grupos de área Unidades Federativas- 2006

Fonte: IBGE/SIDRA- Censo Agropecuário- 2006. Organizado pelo autor

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Tabela 10: Produção nacional de leite por grupos de área - Unidades Federativas – 2006

Ate 100 ha 100 a 1000 ha 1000 ha acima Unidade Federativa Mil litros % Mil litros % Mil litros %

Rondônia 418897 67,13 197330 31,62 7820 1,25 Acre 15553 57,45 10139 37,45 1378 5,09

Amazonas 14338 50,42 12166 42,78 1935 6,80 Roraima 3088 47,57 2668 41,10 735 11,32

Pará 245557 56,02 166450 37,98 26300 6,00 Amapá 502 52,90 397 41,83 50 5,27

Tocantins 84672 50,19 69608 41,26 14421 8,55 Maranhão 73961 45,68 77106 47,62 10847 6,70

Piauí 53482 66,24 23811 29,49 3449 4,27 Ceará 271879 61,85 141354 32,16 26325 5,99

Rio Grande do Norte 93569 50,10 78606 42,08 14607 7,82 Paraíba 150434 66,95 67917 30,23 6342 2,82

Pernambuco 327751 72,36 118151 26,09 7016 1,55 Alagoas 101850 59,23 61178 35,58 8939 5,20 Sergipe 106171 73,24 35508 24,49 3292 2,27

Minas Gerais 3062279 54,55 2361108 42,06 190281 3,39 Espírito Santo 186148 59,76 117113 37,59 8253 2,65 Rio de Janeiro 265650 63,09 145612 34,58 9817 2,33

São Paulo 792795 63,66 370064 29,72 82513 6,63 Paraná 1476812 81,64 312744 17,29 19394 1,07

Santa Catarina 1326567 95,60 59637 4,30 1472 0,11 Rio Grande do Sul 2254789 92,10 174649 7,13 18858 0,77

Mato Grosso do Sul 216245 58,42 122761 33,16 31171 8,42 Mato Grosso 320319 61,98 167568 32,42 28955 5,60

Goiás 972332 47,96 931987 45,97 123229 6,08 Distrito Federal 11505 64,27 6218 34,74 178 0,99 Total- Brasil 13286242 66,16 6112768 30,44 681810 3,40

Fonte: IBGE/SIDRA- Censo Agropecuário-2006. Organizado pelo autor

3.3- A produção de leite no Espírito Santo

No cenário nacional, o Espírito Santo não esta entre os maiores produtores de leite,

embora esta atividade seja consideravelmente relevante na economia estando entre os

principais produtos exportados pelo estado em 2009, significando 0,38% do total exportado

(VENEZA, 2010).

O produto de maior peso nas exportações, naquele ano, foi celulose, significando

58% do total. Os produtos que seguem são: Café e derivados, aproximadamente29%;

seguidos de outros produtos (tabela 11)

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Tabela 11: Principais produtos exportados pelo Espírito Santo- 2009 Principais produtos US$ (milhões) % do total

Celulose 821,161 58,0 Café e derivados 400,337 28,71

Carnes e miudezas de bovinos 26,7 1,92 Chocolates e preparados com cacau 25,4 1,8

Pimenta do Reino 20,6 1,48 Mamão 17,7 1,27

Cana de açúcar 11 0,79 Pescados em geral 5,4 0,39 Leite e derivados 5,3 0,38

Gengibre 2,2 0,16 Total 514,637 93,11

Fonte: Jornal da VENEZA, fev/2010. Organizado pelo autor

Isso significa que a economia agropecuária capixaba esta baseada em atividades que

têm o monocultivo predominante. destacando o café, a cana de açúcar e as florestas plantadas

de eucalipto, destaca-se que a excessão do café quase as duas últimas tem por característica a

promoção do abandono rural (absenteísmo), o que configura a a produção de leite como uma

“alternativa”, sobretudo para os pequenos agricultores, como forma de permanência na terra.

Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa Técnica e Extensão Rural - INCAPER,

dos três milhões de hectares da área ocupada com a agricultura no Espírito Santo,

aproximadamente 60% é destinado às pastagens. O rebanho bovino é composto por 2,2

milhões de cabeças, com 40% leiteiro e 60% de corte. Em média 16,45% deste total, são

vacas ordenhadas diariamente, com produção de 1,3 milhões de litros de leite, numa

produtividade de 3,59 l/animal/dia. O valor bruto da produção chega a R$ 300 milhões/ano,

gerando cerca de 50 mil empregos diretos e indiretos (INCAPER, 2009).

Entre os anos de 1990 e 2009, o Espírito Santo apresentou um crescimento na

produção leiteira de aproximadamente 50%, saindo de 281.419 mil litros para 421.558 mil

litros (gráfico 18). Tal crescimento deveu-se aos mesmos aspectos que destacamos a nível

nacional, mas, sobretudo a incorporação de novos produtores e investimentos em tecnologia.

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Gráfico 18: Evolução da produção de leite no Espírito Santo

Fonte: IBGE/SIDRA

No contexto do Espírito Santo

produção em 2009, de 421

do estado; Linhares com 5,06%; Colatina, 4,24%; Alegre, 3,84%; Barra de Sâo Francisco,

3.6%; Nova Venécia, 3,18%;

apresenta uma participação de 2,34%.

Gráfico

Fonte: IBGE/SIDRA

: Evolução da produção de leite no Espírito Santo- 1990 a 2009

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Pecuária Municipal (2011). Organizado pelo autor

No contexto do Espírito Santo, os municípios que se destacaram no volume total da

421.558 mil litros, foram: Ecoporanga com 9,91% da produção total

do estado; Linhares com 5,06%; Colatina, 4,24%; Alegre, 3,84%; Barra de Sâo Francisco,

3.6%; Nova Venécia, 3,18%; Presidente Kennedy, 3,03%. O município de Pinheiros

apresenta uma participação de 2,34%. (gráfico 19 e tabela 12).

Gráfico 19: Produção de leite- Municípios selecionados- 2009

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Pecuária Municipal(2011). Organizado pelo autor

87

1990 a 2009

. Organizado pelo autor

, os municípios que se destacaram no volume total da

, foram: Ecoporanga com 9,91% da produção total

do estado; Linhares com 5,06%; Colatina, 4,24%; Alegre, 3,84%; Barra de Sâo Francisco,

Presidente Kennedy, 3,03%. O município de Pinheiros

2009

Organizado pelo autor

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Tabela 12: Evolução da Produção de leite – Municípios Selecionados- 1990 a 2009

1990 1995 2000 2005 2009

Mil litros % Mil litros % Mil litros % Mil litros % Mil litros % Ecoporanga 21012 7,47 22031 6,07 23356 6,18 41327 9,89 41781 9,91 Linhares 20779 7,38 26592 7,33 12839 3,40 17850 4,27 21335 5,06 Colatina 10001 3,55 10228 2,82 12827 3,39 13795 3,30 17872 4,24 Alegre 7355 2,61 14241 3,93 13654 3,61 17000 4,07 16190 3,84 Barra de São Francisco 5354 1,90 5797 1,60 7449 1,97 12050 2,89 15161 3,60 Nova Venécia 10743 3,82 11834 3,26 10801 2,86 13085 3,13 13388 3,18 Presidente Kennedy 9081 3,23 7644 2,11 18633 4,93 12947 3,10 12753 3,03 Mimoso do Sul 13704 4,87 11381 3,14 13207 3,49 12982 3,11 12728 3,02 Baixo Guandu 5469 1,94 5919 1,63 6737 1,78 10701 2,56 12045 2,86 Cachoeiro de Itapemirim 11727 4,17 11705 3,23 14989 3,96 9986 2,39 11240 2,67 Itapemirim 9311 3,31 10401 2,87 12078 3,19 9033 2,16 9913 2,35 Pinheiros 4775 1,70 6833 1,88 8640 2,29 9330 2,23 9857 2,34 São Mateus 5485 1,95 17671 4,87 8034 2,13 8738 2,09 9788 2,32 Montanha 9418 3,35 13012 3,59 7741 2,05 8032 1,92 8192 1,94 Guaçuí 3630 1,29 7711 2,13 8683 2,30 10000 2,39 8037 1,91 Mucurici 10080 3,58 8882 2,45 6864 1,82 6937 1,66 7981 1,89 Sub- Total 157924 56,12 191882 52,90 186532 49,34 213793 51,19 228261 54,15 Outros 123495 43,88 170815 47,10 191536 50,66 203882 48,81 193297 45,85 Total-Espírito Santo 281419 100 362697 100 378068 100 417675 100 421558 100 Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Pecuária Municipal (2011). Organizado pelo autor

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Como vimos o Espírito Santo não está entre os maiores produtores de leite no Brasil,

embora sua produção tenha relevante participação na economia interna, tendo, por exemplo,

os dados dos principais produtos exportados em 2009.

No ano de 2006, traçando um paralelo das análises realizadas em termos nacionais,

verificou-se que no caso do estado do Espírito Santo os pequenos estabelecimentos foram

responsáveis por 59,76% da produção de leite; os médios, 37,59% e os grandes apenas 2,65%.

De maneira geral, a realidade capixaba acompanha a média nacional, com grande destaque

dos pequenos estabelecimentos, ou seja, até 100 ha, na produção leiteira. Estes dados

ratificam nossas considerações acerca da importância dos pequenos agricultores na atividade.

Do conjunto dos 78 municípios nos quais foram identificadas a realização da

atividade, destacamos dois: Pinheiros, onde os pequenos estabelecimentos participaram com

53,86% e os médios com 46,14%. Os grandes estabelecimentos não apresentaram nenhum

valor na produção de leite em 2006 (IBGE, Censo Agropecuário,2006)

Outro município que merece destaque é Conceição da Barra, que também reunia (ou

reúne) os maiores produtores de cana de açúcar e madeira em tora para papel e celulose,

neste município os pequenos estabelecimentos produziram 100% do leite no ano analisado.

Isso revela que, enquanto os médios e grandes estabelecimentos ocupam suas terras com

atividades agroexportadoras, os pequenos se matem com a produção de alimentos para

abastecimento interno.

Os demais municípios e os respectivos valores da participação dos grupos de

estabelecimentos podem ser verificados no apêndice 9.16 e figura 12.

3.4- A produção de leite em Pinheiros

Pinheiros é um município que, como vimos, passou por transformações na

agricultura obedecendo à lógica geral do avanço do capital monopolista no campo,

participando consideravelmente na produção de madeira em tora para papel e celulose, cana

de açúcar, mamão, café e, embora não estando entre os maiores, também leite.

No caso especifico do leite, vimos que a maior parte da produção situou se nos

estabelecimentos ate 100 ha, o que confirmou a tese da importância dos pequenos nesta

produção e em conversações com os camponeses, percebe-se que o leite é uma alternativa que

permite a reprodução social do Campesinato, como afirma o Camponês Adelvair: “os

pequeno agricultor ainda produz leite porque não tem outra coisa que dá renda todo mês...é

um jeito de sobreviver no meio do mato, porque se for depender dos governo, agente morre

tudo de fome na cidade”.

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90

Figura 12: Produção de leite por grupos de área- Espírito Santo- 2006

Fonte: IBGE/SIDRA- Censo Agropecuário- 2006. Organizado pelo autor

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Para avançarmos na análise da produção municipal, utilizaremos três fontes de

dados, sendo o Censo Agropecuário do IBGE-2006, a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) -

IBGE e trabalho de campo realizado entre os meses de maio e junho do corrente ano.

De um total de 250 estabelecimentos que apresentaram produção de leite no ano de

2006 (IBGE), o trabalho de campo atingiu cerca de 11%, ou seja, 28 estabelecimentos

situados no centro norte do município.

Com relação ao total do rebanho leiteiro estadual, Pinheiros participou no ano de

2008 com 2,42%, tendo praticamente dobrado a quantidade de vacas ordenhadas entre os anos

1990 e 2008, com um crescimento de 112%, enquanto o Espírito Santo apresentou um déficit

de 3,7% e o Brasil um crescimento de 90% no mesmo período (IBGE/SIDRA,2010)

(tabela13)

Isso revela que a atividade leiteira foi gradativamente se transformando em uma

alternativa econômica para muitos proprietários de terra no município em detrimento à outras

atividades econômicas.

Com relação à produtividade, ou seja, a produção leiteira por animal/dia (l/a/d), que

se constitui a partir da produção total do ano dividido pela quantidade de vacas ordenhadas

por 365 dias. , Pinheiros teve uma variação negativa no período analisado (1990 – 2008) de -

3,65%, sendo que em 1990 a média foi de 3,0 l/a/d, /an por dia e em 2008 foi de 2,9 l/a/d. O

estado do Espírito Santo neste mesmo período saiu de 1,9 l/a/d para l/a/d. Enquanto isso, o

Brasil apresentou um aumento na média geral por animal, saindo de 2,8 para 3,5 l/a/d

(IBGE/SIDRA,2010). (gráfico 20)

De maneira geral isso pode ter ocorrido em função de mais investimentos em

tecnologia e especialização produtiva de outros estados brasileiros, afetando a média nacional,

enquanto no município isso não ocorreu com tal efetividade. Este dado denota que a base

tecnológica da produção leiteira no município não passa por um forte processo de

investimentos de o que reforça sua composição produtiva alicerçada na pequena unidade de

produção, normalmente mais descapitalizada e com patamares produtivos, em maioria, muito

próximos a média nacional.

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Gráfico 20

Fonte: IBGE/SIDRA

Em específico na área estudada, com relação aos estabelecimentos cadastrados na

pesquisa de campo (mapa 06), no que refere a produtividade, trabalhamos com dois

indicadores: produção por animal em litros ( l

primeiro consiste na divisão matemática do volume total de leite por dia pela quantidade de

vacas em lactação. A segunda é a divisão da produção diária pela área total destinada a

atividade leiteira.

A produtividade dos animais variou entre a máxima 9,85 l

l/a/d , sendo que a média geral dos 28 estabelecimentos produtores é de

85,72%, apresenta valores de ate 6,0

litros, temos os valores de 46,43% dos estabelecimentos, ou seja, treze (13) dos vinte e oito

(28) variam de 2,0 a 4,0 l/

6,1 a 8,0 l/a/d ; e 10,71%, três (03), com média superior a 8,1 l

13 e gráfico 21.

A produção por área, ou seja, litros por hectare (l/ha) variam da máxima de 8,67 à

mínima de 2,27 l/ha, com uma média geral de 2,02 l/ha. A maioria, 67,85%, tem uma média

de ate 2,0 l/ha, sendo que destes, 32,14%, nove (9) estabelecimentos têm valores inferiores a

1,0 l/ha e dez (10) variam de 1,1 a 2,0 l/ha. Os outros 32,14% dos produtores, ou s

(9) estabelecimentos têm médias acima de 2,1 l/ha. Destes, dois (2) variam entre 2,1 e 4,0

l/ha, como indicam a tabela 14 e gráfico 22:

20: Evolução da Produção de leite por vaca ordenhada (lBrasil, Espírito Santo e Pinheiros- 1990 a 2008

Fonte: IBGE/SIDRA- Pesquisa Agrícola Municipal (2010)

Em específico na área estudada, com relação aos estabelecimentos cadastrados na

(mapa 06), no que refere a produtividade, trabalhamos com dois

indicadores: produção por animal em litros ( l/a/d) e produção por área em litros (l/ha). O

primeiro consiste na divisão matemática do volume total de leite por dia pela quantidade de

m lactação. A segunda é a divisão da produção diária pela área total destinada a

A produtividade dos animais variou entre a máxima 9,85 l/a/d e a mínima de 2, 0

a/d , sendo que a média geral dos 28 estabelecimentos produtores é de

85,72%, apresenta valores de ate 6,0 l/a/d. Classificados em quatro intervalos de dois em dois

litros, temos os valores de 46,43% dos estabelecimentos, ou seja, treze (13) dos vinte e oito

/a/d ; 39,29% com 4,1 a 6,0 l/a/d 3,57% (um estabelecimento) com

; e 10,71%, três (03), com média superior a 8,1 l/a/d , como mostram a tabela

A produção por área, ou seja, litros por hectare (l/ha) variam da máxima de 8,67 à

2,27 l/ha, com uma média geral de 2,02 l/ha. A maioria, 67,85%, tem uma média

de ate 2,0 l/ha, sendo que destes, 32,14%, nove (9) estabelecimentos têm valores inferiores a

1,0 l/ha e dez (10) variam de 1,1 a 2,0 l/ha. Os outros 32,14% dos produtores, ou s

(9) estabelecimentos têm médias acima de 2,1 l/ha. Destes, dois (2) variam entre 2,1 e 4,0

l/ha, como indicam a tabela 14 e gráfico 22:

92

l/a/d)

Em específico na área estudada, com relação aos estabelecimentos cadastrados na

(mapa 06), no que refere a produtividade, trabalhamos com dois

a/d) e produção por área em litros (l/ha). O

primeiro consiste na divisão matemática do volume total de leite por dia pela quantidade de

m lactação. A segunda é a divisão da produção diária pela área total destinada a

a/d e a mínima de 2, 0

4,71 l/a/d . A maioria,

a/d. Classificados em quatro intervalos de dois em dois

litros, temos os valores de 46,43% dos estabelecimentos, ou seja, treze (13) dos vinte e oito

3,57% (um estabelecimento) com

a/d , como mostram a tabela

A produção por área, ou seja, litros por hectare (l/ha) variam da máxima de 8,67 à

2,27 l/ha, com uma média geral de 2,02 l/ha. A maioria, 67,85%, tem uma média

de ate 2,0 l/ha, sendo que destes, 32,14%, nove (9) estabelecimentos têm valores inferiores a

1,0 l/ha e dez (10) variam de 1,1 a 2,0 l/ha. Os outros 32,14% dos produtores, ou seja, nove

(9) estabelecimentos têm médias acima de 2,1 l/ha. Destes, dois (2) variam entre 2,1 e 4,0

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93

Tabela 13: Evolução do rebanho leiteiro, produção de leite, e produtividade por animal Brasil, Espírito Santo e Pinheiros- 1990 a 2009

1990 1995 %* 2000 %* 2005 %* 2008 %* Brasil

Mil litros 14484414 16474365 13,7 19767206 36,47 24620859 69,98 27579383 90,41 Vacas ordenhadas 19072907 20579211 7,9 17885019 -6,23 20625925 8,14 21599910 13,25 Litros/vaca/ano** 759,42 800,53 5,41 1105,24 45,54 1193,69 57,18 1276,83 68,13 Litros/vaca/dia*** 2,08 2,19 5,29 3,03 45,67 3,27 57,21 3,5 68,27

Espírito Santo Mil litros 281416 362696 28,9 378068 34,34 417676 48,42 418938 48,87

Vacas ordenhadas 395233 511322 29,4 329437 -16,65 371106 -6,1 380579 -3,71 Litros/vaca/ano** 712,03 709,33 -0,38 1147,62 61,18 1125,49 58,07 1100,79 54,6 Litros/vaca/dia*** 1,95 1,94 -0,51 3,14 61,03 3,08 57,95 3,02 54,87

Pinheiros Mil Litros 4775 6833 43,1 8640 80,94 9330 95,39 9759 104,4

Vacas ordenhadas 4350 7200 65,5 8945 105,6 9129 109,86 9220 112 Litros/vaca/ano** 1097,7 949,03 -13,5 965,9 -12,01 1022,02 -6,89 1058,46 -3,57 Litros/vaca/dia*** 3,01 2,6 -13,6 2,65 -11,96 2,8 -6,98 2,9 -3,65

*Variação com base 100 o ano de 1990; **Produção anual ÷ vacas ordenhadas; *** Produção anual ÷ vacas ordenhadas÷ 365 dias

Fonte: IBGE/SIDRA-Pesquisa Pecuária Municipal. Organizado pelo autor.

Tabela 14: Produção de leite por animal (L/an)- Área de estudo L/an n° estabelecimentos %

2,0 a 4,0 13 46,43 4,1 a 6,0 11 39,29 6,1 a 8,0 1 3,57

8,1 a mais 3 10,71 Total 28 100,00

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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94

Mapa 06: Área de estudo- localização dos estabelecimentos cadastrados

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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Gráfico

Fonte: Trabalho de campo. Organizado

Tabela 15: produção de leite por área destinada a atividade (L/ha)

L/h0,1 a 1,01,1 a 2,02,1 a 4,04,1 a 6,0

6,1 a maisTotal

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Gráfico 22: Produção de leite por área destinada a atividade

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Com relação à produção total de leite no conjunto d

total chegou a aproximadamente 5.000 litros

declarados pelos/as entrevistadas/as nas respectivas datas das entrevistas, sendo que o valor

mínimo é de é de 10 litros/dia (l/d) e o máximo d

179 litros/dia por estabelecimento, sendo que dezessete (17), 60,71% dos estabelecimentos,

produzem ate 100 l/d, totalizando um volume de 765 litros, correspondente a 15,25% da

produção total, sendo classificados aq

Gráfico 21: Produção de leite por animal (L/an)- Área de estudo

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

: produção de leite por área destinada a atividade (L/ha)- Área de estudo

L/ha n° estabelecimentos % 0,1 a 1,0 9 32,14 1,1 a 2,0 10 35,71 2,1 a 4,0 5 17,86 4,1 a 6,0 2 7,14

6,1 a mais 2 7,14 Total 28 100

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

: Produção de leite por área destinada a atividade- Área de estudo

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Com relação à produção total de leite no conjunto dos estabelecimentos o volume

total chegou a aproximadamente 5.000 litros/dia, levando em consideração os valores

declarados pelos/as entrevistadas/as nas respectivas datas das entrevistas, sendo que o valor

mínimo é de é de 10 litros/dia (l/d) e o máximo de 1.280 l/d, mantendo uma média geral de

179 litros/dia por estabelecimento, sendo que dezessete (17), 60,71% dos estabelecimentos,

produzem ate 100 l/d, totalizando um volume de 765 litros, correspondente a 15,25% da

produção total, sendo classificados aqui como pequenos produtores.

95

Área de estudo

Área de estudo

Área de estudo

os estabelecimentos o volume

dia, levando em consideração os valores

declarados pelos/as entrevistadas/as nas respectivas datas das entrevistas, sendo que o valor

e 1.280 l/d, mantendo uma média geral de

179 litros/dia por estabelecimento, sendo que dezessete (17), 60,71% dos estabelecimentos,

produzem ate 100 l/d, totalizando um volume de 765 litros, correspondente a 15,25% da

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Os médios produtores, aqueles que produzem de 101 a 200 l/d, correspondem a

14,29% dos estabelecimentos, totalizando 550 litros, significando 10,97% da produção total.

Por fim, 25% que produzem 201 a mais l/d, apresentam um volume de leite de 3.700 litros,

correspondendo a 73,78% do total de 5015 litros sendo considerados grandes produtores

como seguem tabela 16 e gráfico:

Tabela 16: Participação das classes de produtores na produção total da área de estudo

Classe (L/d) n° Ate 100

101 a 200 201 a mais

Total Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Gráfico 23: Participação das classes de produtores na produção total da área de estudo

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

A questão do processamento da produção de leite no estabelecimento onde é

produzido é praticamente inexistente no conjunto da

oito (28), somente um (1) beneficia, tendo a produção principal de queijo. Os demais

comercializam para laticínios da região, para intermediários ou mesmo diretamente aos

consumidores.

No que refere aos preços atingi

constam, de maneira mais detalhada no apêndice 8.4, onde se pode identificar os

estabelecimentos produtores e seus respectivos valores.

Relacionando o tamanho do estabelecimento com ao volume da produção

como referencia três grupos de área, que classificamos entre: pequeno, médio e grande, sendo

Os médios produtores, aqueles que produzem de 101 a 200 l/d, correspondem a

14,29% dos estabelecimentos, totalizando 550 litros, significando 10,97% da produção total.

Por fim, 25% que produzem 201 a mais l/d, apresentam um volume de leite de 3.700 litros,

correspondendo a 73,78% do total de 5015 litros sendo considerados grandes produtores

tabela 16 e gráfico:

: Participação das classes de produtores na produção total da área de estudo

n° estabelecimento % Total (L) 17 60,71 765 4 14,29 550 7 25,00 3700 28 100,00 5015

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Participação das classes de produtores na produção total da área de estudo

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

A questão do processamento da produção de leite no estabelecimento onde é

produzido é praticamente inexistente no conjunto da área de estudo. Do conjunto de vinte e

oito (28), somente um (1) beneficia, tendo a produção principal de queijo. Os demais

comercializam para laticínios da região, para intermediários ou mesmo diretamente aos

No que refere aos preços atingidos no processo de comercialização tais informações

constam, de maneira mais detalhada no apêndice 8.4, onde se pode identificar os

estabelecimentos produtores e seus respectivos valores.

Relacionando o tamanho do estabelecimento com ao volume da produção

como referencia três grupos de área, que classificamos entre: pequeno, médio e grande, sendo

96

Os médios produtores, aqueles que produzem de 101 a 200 l/d, correspondem a

14,29% dos estabelecimentos, totalizando 550 litros, significando 10,97% da produção total.

Por fim, 25% que produzem 201 a mais l/d, apresentam um volume de leite de 3.700 litros,

correspondendo a 73,78% do total de 5015 litros sendo considerados grandes produtores

: Participação das classes de produtores na produção total da área de estudo %

15,25 10,97 73,78 100,00

Participação das classes de produtores na produção total da área de estudo

A questão do processamento da produção de leite no estabelecimento onde é

estudo. Do conjunto de vinte e

oito (28), somente um (1) beneficia, tendo a produção principal de queijo. Os demais

comercializam para laticínios da região, para intermediários ou mesmo diretamente aos

dos no processo de comercialização tais informações

constam, de maneira mais detalhada no apêndice 8.4, onde se pode identificar os

Relacionando o tamanho do estabelecimento com ao volume da produção, temos

como referencia três grupos de área, que classificamos entre: pequeno, médio e grande, sendo

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97

respectivamente ate 100 ha, de 100 a 500 ha e acima de 500, assim como nas análises das

informações do Censo de 20063.

Na área de estudo, não foi identificada produção de leite em grandes

estabelecimentos (acima de 1.000ha), sendo que o grupo de área dos pequenos

estabelecimentos (ate 100 ha), ou seja, vinte (20), que equivale a 71,43% do nº total de

estabelecimentos, apresentaram um valor de 1563 L/dia, correspondendo a 31,21% da

produção total da área estudada. Os médios, sendo os outros oito (8), 28,57% dos

estabelecimentos, participaram com 68,79% do volume total de 5015 l/dia, tendo como

referencia os valores declarados pelo/as entrevistados (tabela 17 e 18).

Tabela 17:Produção de leite por grupo de área Produção Estabelecimentos

Grupos de área (há) L/dia % Nº % Até 100 Pequeno 1565 31,21 20 71,43

100 a 1000 amais Médio 3450 68,79 8 28,57 1000 a mais Grande - - - -

Total 5015 100 28 100 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

De maneira geral, durante as entrevistas e visitas nos estabelecimentos produtores de

leite na área de estudo, pode-se perceber que, embora não fosse elemento de diagnóstico do

trabalho de campo, o leite é, na maior parte, a principal atividade econômica, pois tanto para

os produtores que assalariam mão de obra quanto os de trabalho de base familiar,

manifestaram que o leite é uma atividade alternativa para quem não tem muita estrutura

financeira ou mesmo de logística e tecnologia.

Isso confirma a tese de que o leite é um elemento de resistência na terra, o que

entendemos como resistência camponesa, ao modo que as condições de trabalho que

produzem o leite normalmente se baseiam em relações não capitalistas. Evidentemente que há

capitalistas produtores de leite na área de estudo, que, na maioria dos casos, necessitam desta

condição a maneira que o volume de atividades desenvolvidas ultrapassam as condições de

trabalho da própria família, considerando o elevado volume de produção, o que lhe permite

explorar trabalhadores, além de serem estimulados por uma política de preços que considera,

além da qualidade, também a quantidade produzida.

Além disso, existem também aqueles que são assalariados, proprietários de terra e

que assalariam , como é o caso de funcionários públicos e profissionais liberais. Alguns estão

na tríade dúvida, se são: proprietários de terra, capitalistas ou trabalhadores .

3 O modelo de classificação foi aplicado com o mesmo critério para todos os níveis territoriais (Brasil, Unidades Federativas, Municípios e Área de estudo), embora consideremos que,quanto menor a divisão, maior é a chance de erro em função das proporções territoriais.

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Tabela 18: Produção de leite por grupo de área e respectivos estabelecimentos Grupo de área Código Estabelecimento L/dia Área Total (ha)

Ate

100

ha

Peq

ueno

01 Sitio Nova Vida 120 90 02 Sitio Bela Vista 50 45 03 Sitio Altoé 130 100 06 Faz. Santos 35 90 07 Sitio São Jorge 70 60 08 Sitio D. Pedro II 50 37,5 11 Faz. Santa Rita 50 62 12 Sitio Santa Rita 30 57,5 14 Faz. Igrejinha 50 50 16 Faz. Bela Vista 20 40 17 Sitio Dois Irmãos 25 35 18 Faz. Bela Vista 55 25 20 Aras Boi naa Brasa 1 e2 150 67,5 22 Sitio São Roque 10 37,5 23 Sitio Ziviani 50 57,5 24 Faz. Paraiso 65 85 26 Sitio Sempre Verde 25 15 27 Figueiredo Ranch 450 85 28 Sitio Nova Esperança 50 15 29 Faz. Lança 80 60

Sub Total 20 1565 1114,5

De

100

a 10

00 h

a M

édio

04 Faz. São Roque 650 350 05 Sitio Ventura 150 107,5 09 Faz. Santa Clara 370 160 10 Faz. Monte Alto 50 135 13 Faz. Cachoeira 250 850 19 Faz. Paraiso 400 200 21 Faz. Santo Antônio 300 200 30 Faz. Bom Gosto 1280 450

Sub Total 8 3450 2452,5 Total Geral 28 5015 3567

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor.

Além da produção diária, preço recebido, áreas dos estabelecimentos, durante o

trabalho de campo pode se também diagnosticar outros aspectos que caracterizam a área de

estudo, sobretudo o nível tecnológico da produção leiteira.

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4. - Outros Aspectos da área de estudo

Como asseveramos, além dos aspectos tratados no capítulo anterior, foi possível

diagnosticar outros elementos que possibilitam maior caracterização da área de estudo, como

estrutura fundiária, tempo na atividade, nutrição animal, rebanho destinado à produção de

leite, acesso a financiamentos para investimento na atividade, condição de ocupação da mão

de obra para desenvolvimento das práticas de manutenção da produção e aproveitamento dos

resíduos, como urina, esterco seco e líquido.

Todos importam à nossa análise, mas há de se destacar que a nutrição, ou

alimentação, dos animais e as práticas de reprodução são as que mais influenciam na

estabilidade da produção ao longo dos anos, o que implica diretamente na viabilidade de

projetos que propõem beneficiar a produção, neste caso, a mini-usina de leite.

4.1- Estrutura fundiária e tempo na atividade

Com relação a estrutura fundiária, manteremos as mesmas categorias/classes de área

que analisamos os dados do IBGE no primeiro capítulo, sendo até 100 hectares, de 100 a

1000 hectares e de 1000 hectares a mais, que respectivamente se classifica por pequeno,

médio e grande

Os pequenos estabelecimentos somam 20, dos 28 cadastrados, ficando 08

classificados como médios e nenhum produtor classificado como grande. Embora ocupando

71,43% do número total de estabelecimentos, os pequenos correspondem por 31,24% da área

total. Enquanto isso, os médios ocupam 68,76% da área, correspondendo a apenas 28,57% do

número total, significado que, embora em maior quantidade os pequenos estabelecimentos

ocupam menor área total, como segue a tabela 19 e gráfico:

Tabela 19: Estrutura fundiária da área de estudo, nome do Município, ano

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Área (ha) n° estabelecimentos % área % Até 100 20 71,43 1114,5 31,24

de 100 a 1000 8 28,57 2452,5 68,76 1000 a mais 0 0,00 0 0,00

Total 28 100 3567 100,00

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Gráfico 24: Estrutura fundiária

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Na tabela seguinte, classificamos em pequenos e médios, segundo as áreas totais dos

estabelecimentos declaradas pelo/as entrevistados/as.

Com relação ao tempo na

50% atuam na atividade com tempo de

que a atividade leiteira faz parte da tradição econômica das famílias há tempo significante,

acompanhando a cultura e a economia da região.

Tabela 20: Tempo na atividade da produção leiteira, área de estudo, Pinheiros

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor.

Anos

06a 1011 a 1516 a 20

Sub total21 a 2526 a 30

Sub totalTotal

strutura fundiária da área de estudo –Nome do Município, ano

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Na tabela seguinte, classificamos em pequenos e médios, segundo as áreas totais dos

adas pelo/as entrevistados/as.

Com relação ao tempo na atividade leiteira metade dos estabelecimentos, ou seja,

com tempo de até 20 anos e o restante, com 20 anos acima. Significa

que a atividade leiteira faz parte da tradição econômica das famílias há tempo significante,

cultura e a economia da região.

: Tempo na atividade da produção leiteira, área de estudo, Pinheiros

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor.

Anos N° de estabelecimentos % < 05 4 14,29

06a 10 3 10,71 11 a 15 5 17,86 16 a 20 2 7,14

Sub total 14 50 21 a 25 4 14,29 26 a 30 1 3,57

> 30 9 32,14 Sub total 14 50

Total 28 100

100

Nome do Município, ano

Na tabela seguinte, classificamos em pequenos e médios, segundo as áreas totais dos

atividade leiteira metade dos estabelecimentos, ou seja,

20 anos acima. Significa

que a atividade leiteira faz parte da tradição econômica das famílias há tempo significante,

: Tempo na atividade da produção leiteira, área de estudo, Pinheiros-2011

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor.

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4.2- Alimentação Animal

No que se refere a alimentação animal foi investigada a presença de “banco de

alimentos” em forma de capineira (área designada ao cultivo de determinados volumosos que

apresentam maior rentabilidade de massa verde por área, teor de proteína bruta digestível

considerável e boa palatabilidade e digestibilidade, ou seja, que os animais comam com boa

aceitação e não tenham dificuldades na digestão, sendo servidos comumente triturados, em

sistema semi-intensivo); fornecimento de suplementação alimentar mineral ou outra forma;

pasto rotativo, sendo aquela área divida em lotes menores de pastoreio, onde os animais

permanecem menor tempo, normalmente um dia. A grande referência no sistema do pastejo

rotativo é o Voisan, com o principio da reciclagem da biomassa; e pasto extensivo, sendo o

que os animais ficam a solta na maior parte do tempo. Todas com suas respectivas áreas.

Verificou-se também a prática da irrigação do pasto e da capineira e adubação.

Dos vinte e oito (28) estabelecimentos, dezessete (17) possuem capineira, todas com

cultivo predominante de cana de açúcar, seguida de camerum, somando um total de 28,85 ha

(hectares), com uma média de 1,7 ha, sendo a mínima de 0,1 e a máxima de 6,0 ha. Destes,

onze (11) estabelecimentos têm área da capineira que varia de 0,1 a 1,0 ha; dois (02) com 4

ha; um (1) com 3 ha; um (1) com 5 ha e dois (2) com 6 ha.

Sendo, assim, respectivamente, 64,71% dos estabelecimentos que possuem capineira

participam com 16,81% do total das áreas somadas; 11,76% com 13,86%; 5,88% com

10,40%; 5,88% com 17,33%; 11,76% com 41,59%, como segue na tabela 20:

Tabela 21: Área da destinada à capineira nos estabelecimentos Área da capineira Total (ha) % n°estabel %

0,1 a 1 4,85 16,81 11 64,71 02 04 13,86 02 11,76 03 03 10,40 01 5,88 05 05 17,33 01 5,88 06 12 41,59 02 11,76

Total 28,85 100,00 17 100,00 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Destes dezessete (17), quatro (4) irrigam sempre a área de capineira, oito (8) não

irrigam e cinco (5) irrigam as vezes (AV). Isso deve- se ao fato de que o volumoso cultivado

mais resistente a estiagens prolongadas e maior tempo de armazenamento de nutrientes é a

cana de açúcar, o que, por um lado, não exige dos produtores investimentos em sistemas de

irrigação, contendo somente com as chuvas, e por outro, há a ausência de condições

financeiras para tal investimento.

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102

O anexo 8.6, consiste na identificação dos estabelecimentos que possuem capineira,

suas respectivas áreas e a presença de irrigação parcial, ou seja, os que irrigam as vezes (AV),

absoluta, os que irrigam sempre (S), e os que não irrigam (N).

Do total dos dezessete (17) estabelecimentos que possuem reserva de alimento em

forma de capineira, quatro (4) irrigam sempre estas áreas, oito (8) não irrigam e cinco (5)

irrigam às vezes, como mostra a tabela e gráfico seguintes:

Tabela 22: Estabelecimentos que utilizam irrigação nas áreas de capineira

Irrigação n° estabelecimentos %

S 4 23,53

N 8 47,06

AV 5 29,41

TOTAL 17 100,00 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Com relação a suplementação alimentar aos animais em lactação, do tipo mineral,

dos vinte e oito (28), somente três (03) estabelecimentos não fornecem continuamente, ou

seja, as vezes (AV), sendo os restante (25) fornecem continuamente (S). De outro tipo, como

proteinados ou concentrados, verificou-se que dez (10) estabelecimentos fornecem, destes,

dois (02) fornecem as vezes,como mostra tabela 23.

Tabela 23: Fornecimento de suplemento alimentar (mineral e outros) nº de estabelecimentos

Fornece Mineral % Outro % S 25 89,3 8 28,57 N 0 0 18 64,29

AV 3 10,7 2 7,14 TOTAL 28 100 28 100,00

Fonte: Trabalho de Campo. Organizado pelo autor

De maneira geral, todos os estabelecimentos fornecem algum tipo de suplementação

alimentar, com prioridade a mineral, devido a deficiência dos solos em função da formação

geológica da região. Neste sentido, a alimentação sob pastagem ou fornecimento de

volumosos, é insuficiente para suprir todas as exigências nutricionais dos animais. No anexo

8.7 constam os estabelecimentos e os indicativos da suplementação alimentar

Outro elemento que compõe a estrutura alimentar dos animais é o pastejo rotativo.

Consiste basicamente na subdivisão das áreas de pastagem em lotes menores, evitando o

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103

pisoteio excessivo e consumo da forragem de única vez. Nos últimos 5 a 8 anos se tem

observado o aumento desta prática em vários municípios do norte do Espírito Santo, uns por

iniciativa dos próprios produtores e outros por incentivo de empresas de prestação de

assistência técnica, incluindo principalmente os próprios laticínios, com destaque para a

VENEZA.

Com padrões tecnológicos diferentes, principalmente no que consistem as práticas de

adubação e irrigação, o pastejo rotativo tem sido uma forma de aumentar a produtividade por

área e por animal, manter uma determinada estabilidade da produção ao longo do ano,

inclusive em períodos de estiagem.

Do total de estabelecimentos, quatorze (14) tem área de pastejo rotativo, sendo o

equivalente a 50%, sendo que destes 100% tem a pratica de irrigação nas áreas. A área

mínima encontrada é de 1,0 ha e a máxima de 53 ha

Deste total de quatorze estabelecimentos 28,57% têm área que varia de 1 a 3 ha;

42,86% com área de 4 a 5 ha; 7,14% com 6 a 10 ha; 7,14% com 11 a 15 ha; e por último dois

(2), ou seja, 14,29% com área superior a 16 ha, somando um total de 130 ha, como seguem

tabela 24.

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104

Tabela 24: Número de estabelecimentos com pasto rotativo Área (ha) n° estabelecimentos %

1 a 3 4 28,57

4 a 5 6 42,86

6 a 10 1 7,14

11 a 15 1 7,14

16 a mais 2 14,29

Total 14 100,00 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Com relação à adubação destas áreas, doze (12) dos quatorze (14) estabelecimentos

realizam com freqüência que varia entre uma (01) vez ao mês (1/m) e uma (01) vez ao ano ,

sendo que seis (6) realizam uma vez ao mês ; quatro (4) realizam uma vez ao ano , um (1)

realiza duas vezes ao ano e um (1) três vezes ao ano . O percentual da área ocupada por pasto

rotativo da área total do estabelecimento é variável entre os valores de 0,93% e 30%. Do

total, treze (13) não excedem o valor 12%. O percentual da área ocupada por pasto rotativo da

área total do estabelecimento é variável entre os valores de 0,93% e 30%. Do total, treze (13)

não excedem o valor 12%. O principal tipo de forragem cultiva é brachiaria.

As áreas de pasto extensivo totalizam 2.967,4 ha, tendo como predominância

também a brachiaria e ocupa a maior parte das áreas totais dos estabelecimentos, chegando a

100% em dezoito (18) casos, mais seis (6) que variam entre 60% a 90%, e quatro (4) com

valores inferiores, totalizando vinte e oito (28) estabelecimentos. O total dessa área

corresponde a 83,19% da área total dos imóveis cadastrados (tabela 25)

Tabela 25: Percentual da área de pasto extensivo nos estabelecimentos %¹ n° estabelecimentos

Ate 50 04 50 a 60 00 60 a 70 02 70 a 80 01 80 a 90 03 90 a 100 18

Total 28 ¹ Percentual do pasto extensivo na área total do estabelecimento

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

A tabela que consta no apêndice 9.8 demonstra detalhadamente, por estabelecimento

identificado por código na primeira coluna, os valores da área ocupada pela pastagem

extensiva, porcentagem da área total ocupada, tipo de forragem predominante e área total do

estabelecimento.

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Finalizando a análise da variável alimentação, podemos adquirir os valores da área

total destinada a atividade leiteira no conjunto dos estabelecimentos, somando a área ocupada

pelas capineiras, pastagens rotativas e pastagens extensivas.

Dos percentuais indicados na tabela, temos o valor mínimo de 15% e o máximo de

100%, sendo que três (3) têm ate 50% da área total destinada ao leite, o mesma quantidade de

estabelecimentos para os valores de 50% a 70% da área, e vinte e quatro (24) com os valores

entre 70% a 100%. Destes últimos, dezesseis apresentam o maior valor. No total são 3.126,25

ha, correspondendo a 87,64% do total geral.

4.3- Rebanho e reprodução

Com relação ao rebanho, embora conste no questionário, não conseguimos levantar

informações a respeito de bezerro/as e novilho/as, em função da dificuldade dos/as

entrevistados/as reunirem estas informações de maneira exata. Então, optou-se por trabalhar

com os dados do rebanho leiteiro, ou seja, vacas em lactação, sendo aquelas que estão em fase

de produção de leite; vacas secas, aquelas que produzem leite mas não estão em fase de

lactação; e reprodutores com as respectivas raças predominantes. Além disso, também foi

diagnosticada a técnica de reprodução utilizada no estabelecimento.

Com relação as vacas em lactação, obtivemos o valor mínimo de quatro (4) animais e

o valor máximo de cento e trinta (130), somando um valor total de oitocentos e vinte e quatro

(824) no conjunto pesquisado, com uma média de x animais por estabelecimento.

As vacas secas variaram de zero a oitenta (80), obtendo a somatória de 618 animais,

no total dos vinte e oito (28) estabelecimentos, o que representa uma média de ___vacas

secas, o que responde a 42,86$% do total de animais leiteiros. Isso significa que na

quantidade geral de animais leiteiros que é de mil quatrocentos e quarenta e dois (1442),

temos uma proporção de 0,75 de vaca seca para cada vaca em lactação, ou seja, para cada

quatro (4) vacas produzindo leite, temos três (3) secas.

Com relação aos reprodutores, temos a variação de zero (0) a cinco (5) animais, com

um total de 61. Sendo assim, temos um valor geral de aproximadamente vinte e quatro (24)

vacas para cada reprodutor.

Com relação a área ocupada com a atividade leiteira que é de 3126,25 ha, temos

uma média geral de 0,46 vacas por hectare de área destinada, sendo que 39,29% dos

estabelecimentos apresentam valores de até 0,5 animal por hectare; 42,86% com 0,51 a 1,00

animal/ha; 7,14% com 1,01 a 1,50/há; 7,14% com 1,51 a 2,00/há; e 3,57% com valor de 2,01

a mais vacas por hectare. Vale ressaltar que a maioria dos estabelecimentos, cerca de 82%,

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têm menos que 1,0 animal por hectare de área destinada à atividade (tabela 26).

Tabela 26: Rebanho bovino destinado à produção de leite, área de estudo, Pinheiros Vaca/ha n° estabelecimentos % < 0,50 11 39,29

0,51 a 1,00 12 42,86 1,01 a 1,50 2 7,14 1,51 a 2,00 2 7,14

>2,00 1 3,57 Total 28 100,00

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

O conjunto destas informações encontra se na tabela, no apêndice 9.10, de maneira

detalhada por estabelecimento e seus respectivos valores.

Com relação a reprodução, a questão da entrevista se referia a técnica utilizada no

manejo do rebanho, incluindo as opções de monta natural (MN), monta controlada (MC)e

inseminação artificial (IA), além das raças predominantes dos reprodutores ((anexo 8.11)

Em todos os estabelecimentos, predomina a primeira opção (MN), com destaque a

apenas um (1) que também aplica a técnica da inseminação. Isso deve se ao fato da ausência

das condições de investimento, falta de acompanhamento técnico, mão de obra treinada,

dificuldade de “esperar as bezerras procriarem”, como afirma um dos entrevistados, além de

que os bezerros de origem zebuína têm maior aceitação no mercado para servir aos rebanhos

de corte, em função da rusticidade e pelagem mais fina. Isso explica a importância dos

bezerros, que servem de como uma espécie de “poupança” para os criadores de gado bovino.

4.4- Financiamento

Os estabelecimentos que apresentaram acesso à fonte financiadora para realização de

investimentos diretos na atividade leiteira estão apresentados na tabela 27. O acesso a

financiamento não foi absoluto, do total dos estabelecimentos entrevistados somente dez (10)

realizaram este tipo de operação, representando 35,71% do total.

Tabela 27: Acesso à financiamento para investimento na atividade leiteira

ACESSO (?) Nº de estabelecimentos % Sim 10 35,71 Não 18 64,29

Total 28 100 Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

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Do grupo dos dez (10), obtivemos valores que variaram entre até R$ 10.000,00 e de

R$ 30.000,00 a R$ 40.000,00. Os produtores se distribuíram da seguinte forma: quatro (4)

acessaram valores de até 10 mil; um (1) de 11 a 15 mil; dois (2) de 16 a 20 mil; dois (2) de 31

a 40 mil, e um (1) a pessoa entrevistada não soube informar o valor.

De maneira geral, os valores dos financiamentos não ultrapassaram R$ 40 000, o que

significa que não foram altos investimentos. Isso pode se dar em decorrência de dois fatores:

baixa tecnologia empregada, como genética , alimentação, manejo e infra estrutura, articulado

com os baixos retornos financeiros que a atividade tem dado, desestimulando os

investimentos, e ainda a reduzida oferta de força de trabalho apara manejo, fator que não

permite aumento significativo da produção, sobretudo em função da capacidade de ordenhar

manualmente os animais. Este caso é mais comum nos estabelecimentos onde somente a mão

de obra da família é empregada.

Segue tabela 28 que apresenta estas informações:

Tabela 28: Valores dos financiamentos Valor (mil R$) n° estabelecimentos %

ate 10 4 40,00 11 a 15 1 10,00 16 a 20 2 20,00 31 a 40 2 20,00

Não Sabe 1 10,00 Total 10 100,00

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

4.6 -Mão de obra e assistência técnica A mão de obra consiste basicamente nas pessoas envolvidas diretamente na atividade,

ou seja, na produção de leite no estabelecimento, podendo apresentar duas qualidades:

familiar e assalariada. A primeira é aquela cujos membros da própria família proprietária do

estabelecimento desenvolve o conjunto das tarefas relacionadas à produção leiteira como

tratos com alimentação, manejo de ecto e endoparasitas, reprodução, comercialização,etc.

A segunda consiste nas pessoas que são contratadas, sob a forma de assalariamento,

para prestar serviços e desempenhar tarefas no processo da produção de leite. Nestes casos, é

comum estes trabalhadores serem chamados de “vaqueiros”, por se tratarem de um estrato

social formado nas relações de trabalho com os animais, ou seja, com as “vacas”, de onde se

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origina esta denominação.

No caso do IBGE-

aparecem, nos censos agropecuários, como mão de obra “não familiar”, por não se tratarem de

membros da família proprietária ou posseira do estabelecimento

casos em que existe o emprego de mão de obra

familiar”.

No conjunto dos estabelecimentos cadastrados na pesquisa de campo, dez (10),

35,71%, empregam mão de obra exclusiva

assalariada, ou seja, não familiar, sendo a maioria de 53,57% do total; e três (3) empregam

mão de obra mista. (tabela 2

Mão de obraFamiliar

Não familiar

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Gráfico

Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

Do total de sessenta e sete (67) pessoas empregadas no

entrevistados 46,27% são membros das próprias famílias (familiar) e 53,73% são contratados

na forma de assalariamento (não

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, esses trabalhadores

aparecem, nos censos agropecuários, como mão de obra “não familiar”, por não se tratarem de

oprietária ou posseira do estabelecimento. Podemos também encontrar

casos em que existe o emprego de mão de obra mista, mesclando entre “familiar” e “não

No conjunto dos estabelecimentos cadastrados na pesquisa de campo, dez (10),

am mão de obra exclusivamente familiar; quinze (15) empregam mão de obra

não familiar, sendo a maioria de 53,57% do total; e três (3) empregam

mão de obra mista. (tabela 29 e gráfico 33)

Tabela 29: Mão de obra empregada na atividade Mão de obra N° estabelecimentos %

Familiar 10 35,71Não familiar 15 53,57

Misto 3 10,71Total 28 100,00

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Gráfico 25: Mão de obra empregada na atividade

Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

Do total de sessenta e sete (67) pessoas empregadas no

46,27% são membros das próprias famílias (familiar) e 53,73% são contratados

na forma de assalariamento (não familiar).

108

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, esses trabalhadores

aparecem, nos censos agropecuários, como mão de obra “não familiar”, por não se tratarem de

Podemos também encontrar

mista, mesclando entre “familiar” e “não

No conjunto dos estabelecimentos cadastrados na pesquisa de campo, dez (10),

; quinze (15) empregam mão de obra

não familiar, sendo a maioria de 53,57% do total; e três (3) empregam

35,71 53,57 10,71 100,00

Do total de sessenta e sete (67) pessoas empregadas nos estabelecimentos

46,27% são membros das próprias famílias (familiar) e 53,73% são contratados

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Tabela 30: Nº de pessoas empregadas na atividade Mão de obra N° de pessoas %

Familiar 31 46,27 Não familiar 36 53,73

Total 67 100,00 Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

Com relação aos estabelecimentos que empregam mão de obra assalariada (não

familiar), incluindo os de emprego misto, que somam treze (13), a menor quantidade é de uma

(1) pessoa e a maior é de oito (8), sendo que destes, dez (10) ou seja 76,92% , empregam de

uma a três pessoas (1 a 3), e somente três (3) empregam de quatro pessoas a mais (4 a mais).

Tabela 31: Mão de obra não familiar empregada na atividade

Não

fam

iliar

N° de pessoas N° estabelecimentos % 1 a 3 10 76,92

4 a mais 3 23,08 Total 13 100,00

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor Quanto aos que empregam mão de obra da família, incluindo os de emprego misto,

são dezoito (18) estabelecimentos, variando de uma (1) a três (3) pessoas empregadas. A

maior parte, 50% ocupa duas (2) pessoas da família, enquanto 38,89% ocupam somente uma

(1) pessoa. O restante ocupa três (3) pessoas.

Tabela 32: Mão de obra família empregada na atividade N° de pessoas N° estabelecimentos %

Fam

iliar

1 7 38,89 2 9 50,00 3 2 11,11

Total 18 100,00 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Destaca-se que o resultado da soma dos dois valores totais ultrapassa 28, resultando

em 31. Vale lembrar que em ambas as situações, foram considerados os estabelecimentos que

empregam mão de obra mista, que são três (3). Sendo assim, se subtrairmos este valor de um

ou outro total, encontraremos o valor de 28, que é o total de estabelecimentos cadastrados.

Neste contexto, entende se a relevância da agricultura camponesa na geração de

emprego em detrimento ao agronegócio, pois além das condições precárias do trabalho

assalariado, é necessário maiores áreas na lógica latifundista.

No apêndice 9.12 consta a tabela síntese que identifica estes valores de acordo os

estabelecimentos cadastrados.

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Além da mão de obra que é empregada diretamente na manutenção geral da

atividade, existe outro tipo que é empregado indiretamente. São os profissionais que prestam

serviço de assistência técnica.

A assistência técnica consiste no acompanhamento sistemático da produção com

orientações técnicas, realizada por profissionais da área, sendo pública e privada. No caso do

Espírito Santo, temos o INCAPER – Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural que se

encaixa na primeira modalidade, e empresas diversas, como os próprios laticínios, na

segunda.

Em específico na produção de leite, em alguns municípios, como o caso de

Montanha, Nova Venécia e outros, existe um programa fomentado pelos laticínios chamado

de “Balde cheio” que é desenvolvido em parceria com as prefeituras municipais, a SEAG-

Secretaria Estadual de Agricultura, os produtores, e fomentado pelos laticínios.

Dentre várias frentes como genética, alimentação, manejo, existe o acompanhamento

técnico feito por profissionais da área da Administração Rural, Zootecnia, Veterinária e

Agronomia.

Do total dos estabelecimentos, somente seis (6) recebem assistência técnica, ou seja,

21,43%. No restante, vinte e dois (22), as pessoas entrevistadas disseram que não recebem

nenhum tipo de assistência técnica.

Destes, quatro (4) recebem assistência de organismos privados e dois (2) recebem de

públicos. As visitas dos profissionais variam de uma vez por mês (1/m) a uma vez por ano

(1/a). Vale observar que justamente as que recebem visitas anuais, são as públicas,

manifestando, além da ausência na maioria, a precariedade do serviço público.

Tabela 33: Serviço de assistência técnica prestada à atividade Recebe (?) N° de estabelecimentos % Tipo N° de estabelecimentos %

Sim 06 21,43 Privada 04 14,29 Pública 02 7,14

Não 22 78,57 - - 0,00

Total 28 100,00 - 6 21,43 Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

De maneira geral, pode se afirmar que as atividades relacionadas à atividade leiteira,

são desenvolvidas a partir do conhecimento empírico das pessoas que manejam os animais. A

ausência da assistência técnica, por um lado é o reflexo da ineficiência dos organismos

públicos, e por outro, o interesse dos privados em especializar os estabelecimentos que

produzem leite, no sentido de fomentar a eficácia, aumentando a produtividade, e

automaticamente, diminuindo custos, principalmente no que se refere a qualidade e

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transporte, para as industrias capitalistas.

Seguem os estabelecimentos que recebem(S) ou não (N) assistência técnica e a

freqüência das visitações dos profissionais na tabela que consta no anexo 8.13.

4.7- Resíduos

A questão dos resíduos refere se ao aproveitamento ou não dos dejetos sólidos e/ou

líquidos expelidos pelos animais nas atividades desenvolvidas no estabelecimento,

independente de sua natureza e finalidade.

Entende se como sólido o “esterco” em condição seca (ES). Como líquido, o

“esterco” em forma de “chorume” (EL) e a urina (UR).

Do total dos estabelecimentos, somente oito (8) não aproveita nenhum tipo de

resíduo. Os outros vinte (20), todos aproveitam esterco seco (ES), e destes, além do ES,

aproveitam também a urina (UR), sendo dois(2) deles, e um (1) o esterco líquido (EL). Desta

forma, a soma dos estabelecimentos de acordo os tipos de resíduos resulta em 20, pois há

uma sobreposição de aproveitamentos.

Tabela 34: Aproveitamento dos resíduos no estabelecimento Aproveita (?) N° estabelecimentos %

Não 8 28,57 Sim 20 71,43

Total 28 100,00 Tipo

ES 20 100 EL 01 05 UR 02 10

Total 20 100,00 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Um dos fatores que impede maior aproveitamento é o fato de a maioria dos

estábulos, conhecidos popularmente como “currais” não têm piso de alvenaria, sendo que no

período das chuvas, fica impossibilitado em função da camada de lama que cobre o piso,

aumentando gradativamente de acordo o pisoteio dos animais.

De maneira geral pode se perceber que há baixo nível tecnológico empregado à

atividade. Isso deve se ao fato de que os produtores, sejam eles camponeses ou capitalistas

não se otimizam a ponto de realizar grandes investimentos, haja visto que a capacidade de

retorno financeiro fica completamente debilitada pelos baixos preços pagos pelos laticínios.

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Ou seja,

Quando se pensa em adotar uma determinada tecnologia, num sistema de produção capitalista, em qualquer setor produtivo, dois fatores primordiais são levados em consideração: qualidade e preço do produto, como forma de facilitar as negociações e posteriormente ampliação da margem de lucro. Neste sentido, forma-se uma tese fundamental que objetiva separar o conceito de tecnologia das condições sociais existentes e das relações desiguais que se estruturam nas burocracias privadas e públicas, ocorrendo mesmo em cooperativas, essa tese alicerça-se no modelo de acumulação/produtividade/qualidade que privilegia os grandes produtores em detrimento dos pequenos (SILVA, ALEIXO, SOUZA, 2004 et al, .p.7)

Então, se por um lado a produção de leite se transformou em um elemento de

resistência camponesa, por outro esta mesma produção está atrelada à industria capitalista,

que monopoliza os preços e controla a circulação. Neste caso, é importante avançarmos na

compreensão da relação entre agroindústrias e camponeses.

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5.-Agroindústria Capitalista e Agroindústria Camponesa

Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.

Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.

Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.

(Vladimir Maiakóvski)

Embora a produção de leite tenha se transformado em uma atividade econômica que

permitiu (e permite) a resistência camponesa em diversos espaços agrários, as formas de

estabelecer as relações com as agroindústrias capitalistas (laticínios) não lhes permitem uma

autonomia sobre os processos produtivos, muito menos de circulação da produção, o que se

entende como perda de autonomia sobre os meios de produção e sujeição da renda da

terra ao capital, que se viabiliza e se legitima pela integração em suas mais variadas formas

combinadas com a especialização produtiva, resultando numa submissão do Campesinato ao

capital (agro) industrial.

O debate da agroindústria se coloca neste contexto como um mecanismo tático, na estratégia

camponesa, de construção de uma autonomia (ainda que relativa) do Campesinato, de

rompimento a tal submissão, que possibilite a criação de valor (“agregação”) aos produtos

considerando o trabalho que a ele se incorpora, apropriando-se de uma parcela maior da

riqueza que é produzida pelas relações de trabalho camponês. Entendendo que agroindústria é

a estrutura de transformação e criação de valor (agregação) em produtos de origem

agropecuária, neste caso específico, tratamos do leite como produto e as mini-usinas como

estrutura.

5.1- A Agroindústria Capitalista

O Campesinato no Brasil, sobretudo até a década de 50 vivia sobre uma condição

muito diferente da que vivemos hoje. Com os projetos de industrialização, orientados pela

Comissão Econômica para América Latina – CEPAL, criada em 1948, o Brasil passou a

organizar sua economia com base na indústria, pois havia um entendimento que o mundo pós

II guerra mundial se soergueria se a indústria globalizasse.

Na ideologia e na política, os discursos se baseavam no desenvolvimento e no

subdesenvolvimento. O primeiro designara às economias baseadas na indústria, com moderna

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tecnologia. O segundo se refere as economias de base agrária, com baixa tecnologia

empregada. Sendo assim, na ideologia de massa, veiculada pelos meios de comunicação e

consolidada na hegemonia do discurso, o campo foi sendo símbolo de atraso e a cidade como

de moderno.

Alguns chamam este processo de industrialização dependente, pois o Estado

brasileiro, articulado com a oligarquia rural e capitalistas estrangeiros, deu origem a um

“casamento” de três capitais: nacional estatal, nacional privado e estrangeiro privado. A

orientação cepalina era a de um Estado desenvolvimentista, controlador e promotor da

economia industrial, como marcas deste período, o Estado brasileiro deixou o complexo

industrial da zona franca de Manaus, a transamazônica, Brasília, etc.

Porém, como havia uma “tradição” econômica baseada nas atividades agrárias, foi

inevitável a necessidade da oligarquia agrária apoiar a industrialização, muito embora com

divergências internas. O capital estrangeiro ficou com a tarefa dos grandes financiamentos e

do emprego da tecnologia, pois as pesquisas nacionais eram insuficientes ou não existiam tal

perspectiva desenvolvimentista ganhou força com a ditadura militar entre os anos 60 e 80,

como estratégia de enfrentamento ao avanço do pensamento comunista, pois, com a revolução

cubana de 1959, a América “avermelhou-se”.

As iniciativas populares dos partidos e sindicatos colocavam em xeque a ordem

estadista e a perspectiva da industrialização. Foi necessário o braço armado do Estado,

orientado pela política estadunidense, para combater e chacinar os levantes populares

anticapitalistas.

A indústria, apoiada pela ditadura, atuou em duas frentes: no campo e na cidade. Os

complexos industriais se instalaram nos centros urbanos, re-significando as cidades existentes

e originando outras. As grandes migrações campo-cidade são marcas da reorganização das

demografias regionais, com destaque para o Sudeste, onde passou a existir a maior

concentração populacional do país..

O campo se transformou na principal fonte de mão de obra barata, muito embora

pouco qualificada, sendo necessário instalar escolas e centros de treinamento e

aperfeiçoamento profissional, no sentido de qualificar a mão de obra para atuar em diferentes

e diversos setores da economia industrial.

A propaganda massiva, as promessas de vida melhor na cidade atraíram grandes

massas de trabalhadores para os centros urbanos, combinada com a expulsão (muitas vezes

violenta) dos camponeses pelos latifundiários, originando inicialmente o que alguns

economistas chamam de exército industrial de reserva, o que possibilitou a precarização dos

salários, pois a oferta e a demanda de trabalho não se equiparavam, sempre havia oferta

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crescente de mão de obra e demanda decrescente de empregos, sobretudo em função da

automação dos processos produtivos e do setor de serviços.

A tática, do exército de reserva, foi senão a principal, mas uma das mais importantes

no processo de acumulação capitalista, pois a precarização das relações de trabalho e

aviltamento dos salários se justificaram por um projeto de Brasil grande,conduzindo ou

mantendo uma grande massa de trabalhadores abaixo da linha da miséria.

Ou seja, a tática do exército de reserva legitima a precarização do trabalho e

automaticamente o aumento dos lucros dos capitalistas. No Âmbito das relações as estratégias

foram a extensão da jornada de trabalho e a substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto

a partir dos processos autônomos de produção, a chamada automação da produção por meio

de inserção de máquinas na substituição das classes trabalhadoras, o que aumenta a

produtividade do trabalho, não significando aumentos salariais equivalentes, pelo contrário,

viabiliza a contenção de gastos e diminuí a responsabilidade do patronato com as questões de

direitos trabalhistas.

Outra frente de expansão da indústria no Brasil foi a agricultura, combinada

dialeticamente com a primeira, pois a maneira com que se constituem as grandes

concentrações demográficas (muita gente em pouca terra) desde as vilas periféricas no interior

até os grandes complexos urbanos nas grandes metrópoles, se constitui também as grandes

concentrações de terra, os latifúndios (pouca gente com muita terra), então, entende-se que a

indústria no Brasil se baseou nesta contradição principal para se constituir, onde o pólo

principal da contradição está na questão da Terra.

Neste sentido, o processo de expropriação das terras dos camponeses se transformou

em necessidade e se deu sob diversas formas. Primeiro, foi necessário mapear as áreas de

interesses para as atividades latifundistas, levando em conta aspectos como fertilidade dos

solos, relevo, hidrografia e infraestrutura de acesso e demografia, como o caso do plantio de

eucalipto para produção de celulose no norte do Espírito Santo e sul da Bahia, onde o

diagnóstico feito pelo Estado foi de áreas de grande vazio demográfico, desconsiderando as

comunidades camponesas, como pequenos agricultores na condição de proprietários titulados

ou posse, remanescentes quilombolas e indígenas.

Ou seja, desenvolver a economia industrial foi necessário expropriar os meios de

produção. Mas não somente isso, também os conhecimentos técnicos e científicos, aspectos

que se apresentavam dicotômicos ao capital.

No entanto, de todas as formas a condição dicotômica deste grupo social não eliminou a trajetória histórica do desenvolvimento do capitalismo que marginalizou, subordinou e no limite expropriou este segmento social desde

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116

a base do conhecimento técnico produtivo à propriedade dos meios de produção. Esta expropriação do conhecimento técnico produtivo estabeleceu-se no Brasil, basicamente como suporte à “necessidade” de alteração do padrão produtivo como fundamento para o crescimento econômico promovido pelo Estado, no modelo de desenvolvimento com segurança, no período militar de 1964 a 1984. No entanto, no Brasil, a “necessidade” dessas mudanças já se apresentava ao final dos anos cinqüentas, quando o crescimento da produtividade da terra e do trabalho na agricultura era exigido para a sustentação dos processos de urbanização e industrialização. (SILVA, ALEIXO, SOUZA, 2004 et al. p.03)

As táticas da expropriação variaram em cada momento histórico, passando pela

expropriação violenta, com chacinas e capturas de camponeses, até os assédios financeiros,

como o caso do Espírito Santo nas décadas de 70 e 80, onde havia propagandas de que o

dinheiro da venda pouca era possível comprar muita terra em outras regiões, como no norte

do país, destacando os estados de Rondônia, Pará e Acre, cuja região recebia a política de

povoamento incentivado pelo governo, a partir do discurso “terra sem homens para homens

sem terra”.

Neste processo, o espaço ocupado pelos camponeses, vão sendo re-ocupados por

uma outra lógica produtiva se instala então o pacote tecnológico da revolução verde, com

máquinas de preparo do solo, plantio, colheita, transporte, etc., insumos como adubos

sintéticos, agrotóxicos para controle de ervas, pragas e doenças das plantas (que tendem a

aumentar com os distúrbios na biodiversidade provocados pelos latifúndios), utilização de

mão de obra assalariada, em condições precárias de trabalho, com poucos direitos trabalhistas

e estruturas de risco nos transportes, monocultivos, grandes extensões de terra com cultivo

único, como a cana, eucalipto, soja, algodão,...

Muito embora sendo quase territórios contínuos, em algumas comunidades,

encontramos famílias que resistiram ao avanço do latifúndio e a expropriação de suas terras.

São células de resistência cercadas por monoculturas.

Nas áreas de pouco interesse, onde os aspectos anteriores não se combinavam, a

ponto de se tornarem viáveis, segundo a geopolítica do latifúndio, algumas comunidades

camponesas resistiram e mantiveram sua reprodução social. Porém, o capital industrial

encontrou também formas de exploração da riqueza produzida pelas relações de trabalho

camponês através de relações específicas para cada tipo de produto e obedecem uma lógica

geral do capital.

5.1.1-A relação com os produtores: o caso dos laticínios

Com o avanço do capital industrial no campo, os complexos agroindustriais

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passaram a se desenvolver em amplitude considerando a horizontalidade escalar de ocupação

e em profundidade, no que diz respeito aos processos de integração, arrendamento,

coordenação e governança dos processos e agentes produtivos. Para viabilizar suas crescentes

taxas de lucro, algumas passaram a produzir sua própria matéria prima, como o caso da soja e

do eucalipto. Outra tática foi a integração de fornecedores de matéria prima. Aqui entra a

relação dos camponeses e a agroindústria capitalista, ou seja, o capital, quando não expropria

os meios de produção, transforma os camponeses em fornecedores de matéria prima e

consumidores de tecnologia industrial.. Um processo que se estabelece de duas formas:

a) por meio da inserção dos camponeses no pacote tecnológico da revolução verde,

criando uma dependência crescente, impedindo a autonomia sobre a produção, como é o caso

das sementes hibridas que criam um ciclo vicioso de compra em todo momento de plantio,

pois sua estrutura genética impede que outras gerações produzam como a primeira. No custo

destas sementes, estão embutidas as patentes das empresas que as desenvolveram, como por

exemplo, a Monsanto. No caso da produção de leite, os camponeses passam a depender da

indústria de medicamentos veterinários, rações e outros suplementos alimentares, semens,...

Uma dinâmica que se acentua com a execução dos programas de assistência técnica, sejam

estatais ou privados, pois nas visitas dos profissionais às unidades produtivas, há um incentivo

ao consumo e adequação da produção ao pacote tecnológico, o que induz intencionalmente os

camponeses à dependência;

b) simultaneamente em que insere os camponeses no pacote tecnológico, o capital

desenvolve mecanismos de subordinação do trabalho camponês à sua lógica de acumulação

precarizando os preços dos produtos, por meio da integração e da especialização, o que

permite aumentar significativamente seus lucros, uma vez que, contraditoriamente os

consumidores pagam cada vez mais caro pelos alimentos, como explica Martins (1980) apud

Oliveira(2010).

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118

Nestes casos, embora as grandes empresas não expropriem diretamente o lavrador, elas subjugam o produto do seu trabalho. Tem sido assim com grandes empresas de industrialização de leite, uva, carne, fumo, tomate, ervilha, laranja, frutas em geral. Na verdade, os lavradores passam a trabalhar para essas empresas nos chamados sistemas integrados, embora conservando a propriedade nominal da terra. Só que, nesse caso, a parcela principal dos ganhos fica com os capitalistas. É comum os consumidores desses produtos nas cidades queixarem-se do preço exorbitante, que têm que pagar por eles, preços que crescem continuamente. Essa queixa está em contradição com as queixas dos lavradores, de que recebem cada vez menos por aquilo que produzem. É o que podem constatar facilmente comparando a elevação dos preços dos insumos de que necessitam nas suas tarefas, como o adubo, a semente, o inseticida, etc. Na verdade, estamos diante de uma clara transferência de renda da pequena agricultura para o grande capital. (MARTINS, 1980 apud OLIVEIRA, 2010.p. 20)

A integração dos camponeses à industria é uma falsa inserção ao modo capitalista de

produção, pois praticamente não existem ganhos de capitais por parte dos camponeses, o que

ocorre é uma complexo empobrecimento e uma descapitalização da economia camponesa a

maneira que os preços dos insumos aumentam de forma distinta da produção camponesa.

Trata-se um processo de transferência de valor do campo para a cidade a medida em que

aumenta o valor do consumo intermediário. O consumo intermediário como define Souza

(2010), se refere ao grau de dependência que a produção estabelece em relação aos insumos

(sementes, adubos, defensivos, entre outros) externos à unidade de produção camponesa, o

que determina um processo de transferência de renda para os setores urbanos industriais e a

subordinação da produção a estes setores.

Destaca-se que produto, como leite, decaem gerando uma ampla insatisfação dos

camponeses, como diagnosticado no trabalho de campo, quando questionado o nível de

satisfação com atividade leiteira.

Um elemento central nesse processo é o fator “preço”: é a fixação do preço do leite abaixo de seu valor que permite essa transferência do excedente da pecuária leiteira para o capital industrial. O preço do leite é um preço político, elaborado em função das relações de força dentro da economia em geral, e do setor de laticínios em particular (FREDERICQ, 1980 apud SILVA, 2001.p.147)

Isso é na verdade o processo de efetivação da transferência da renda da terra ao

capital, que para além do processo de produção (consumo intermediário) se amplia também

na comercialização, como explicam SABÚ e AVELINO JUNIOR (2005)

[..] nos processos de integração, as agroindústrias pagam pela produção camponesa valores que não correspondem ao valor da produção, elas estão se apropriam da renda da terra do camponês e, não apenas de seu trabalho e

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sobre trabalho, mas também, da produção de capital que se faz a partir da renda da terra. Daí o fato de os camponeses serem indispensáveis ao processo produtivo capitalista, pois sua produção permite a extração da renda da terra e consequentemente da produção de capital, que legitimamente pertenceria ao camponês, mas que é apropriado pela indústria. É através deste processo contraditório de integração do camponês à (agro)industria que se recria no capitalismo o campesinato como uma estratégia do capital para apropriar-se da renda da terra camponesa e em contrapartida como uma das estratégias camponesas para resistir à territorialização do capital. (SABÚ e. AVELINO JUNIOR, 2005.p.8)

Embora com grande relevância a reflexão destes autores, há um problema, pois estes

concluem que as relações de integração , são um “um jogo de soma não nula”, quando

afirmam que “isto é melhor que a territorialização do capital que expropria o campesinato,

por isso podemos consideração que a integração represente, ou seja, ao mesmo tempo em

que os camponeses não ganham, por estarem subordinados as (agro)indústrias, também não

perdem, por conseguirem manter sua condição camponesa[...]Portanto devemos ser

cautelosos ao estudar as relações de integração entre camponeses e (agro)indústria, devemos

considerar que a integração se revela uma estratégia camponesa para sua recriação”

(SABÚ e AVELINO JUNIOR, 2005.p.9).

Pelo contrário, trata se, portanto de uma estratégia do capital agroindustrial a maneira

que necessita transformar os camponeses em fornecedores de matéria prima para seus

complexos e isso é revelado pelos próprios camponeses quando manifestam suas insatisfações

dizendo “o laticínio é como um vampiro que suga nosso sangue[...] só que nesse caso, esse

sangue é branco” (Sr Romildo- Camponês)

A insatisfação geral dos produtores de leite e ao mesmo tempo a insistência na

atividade é um fato curioso, pois, é como se fosse um “livre prisioneiro”, por um lado é uma

alternativa de e por outro uma submissão, uma vez que a produção de leite no Brasil tem sua

gênese no próprio capital agroindustrial do ramo de laticínios, no caso da NESTLÉ, como

explica OLIVEIRA (2010) refererindo se aos estudos de MAMIGONIAN e FREITAS (1976),

quando analisa os processos de integração da agricultura á industria no Brasil, como vimos

no capítulo anterior.

Esta multinacional que está presente em cinco continentes, 83 países, com 449

fábricas e que obteve um lucro líquido em 2009 de US$ 10,6 bilhões (aproximadamente R$

18,5 bilhões), tendo cerca de US$ 6,2 bilhões em matéria prima comprada por ano em países

em “desenvolvimento”, como o Brasil, (NESTLE, 2011), já explorava os produtores há

tempo, como explica KAUTSK (1968) ao analisar a relação entre agricultura e industria.

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"Que extensão tomaram certanos mostram, por exemploduas o preparo de farinha lácteadiariamente 100.000 litros de aldeiascaudatárias da casaproprietários de suas terras, mas já não são camponeses livres.(KAUTSKY

É na verdade uma verdadeira ironia quando a empresa divulga que seus objetivos do

milênio é “Acabar com a fome e a miséria; Educação básica de qualidade para todos;

Igualdade entre sexos e valorização da mulher; Reduzir a mortalid

saúde das gestantes; Combater a aids, a malária e outras doenças; Qualidade de vida e

respeito ao meio ambiente”

(NESTLÉ,2011). Na verdade seus objetivos são aumentar usas tax

necessário submeter o máximo o preço de sua matéria prima: o leite.

Com relação a este aspecto, na área estudada, foi diagnosticado que a maioria dos

estabelecimentos entregam aos laticínios, ao leite em qualidade de temperatura

sendo que dos vinte e oito (28), dezesseis (16) entregam nesta condição, recebendo um preço

que varia entre R$ 0,54 a R$

sejam para os laticínios, intermediários ou diretament

que varia entre R$ 0,51 a R$

Gráfico 26: Preço do leite recebido pelos produtores da área de estudo

Fonte: Trabalho de Campo. Organizado pelo autor

Os laticínios que atuam na região são quatro: Laticínios FABINA, situado na sede de

Pinheiros; Laticínios Rezende LTDA

montanha, na estrada que liga à São João do Sobrado; Veneza

"Que extensão tomaram certas explorações da indústria agrícola? É o que os mostram, por exemplo, as empresas da casa Nestlé. E

s grandes fábricas para o preparo de leite condensado e uma fábrica para o preparo de farinha láctea. Esta última, estabelecida em Veveydiariamente 100.000 litros de leite, produto de 12.000 vacaaldeias. 180 aldeias perderam a sua autonomia econômica e se tornaram caudatárias da casa. Nestlé. Os seus habitantes ainda são, exteriormenteproprietários de suas terras, mas já não são camponeses livres.(KAUTSKY, 1968.p. 300).

É na verdade uma verdadeira ironia quando a empresa divulga que seus objetivos do

Acabar com a fome e a miséria; Educação básica de qualidade para todos;

Igualdade entre sexos e valorização da mulher; Reduzir a mortalidade infantil; Melhorar a

saúde das gestantes; Combater a aids, a malária e outras doenças; Qualidade de vida e

respeito ao meio ambiente” onde todo mundo está “trabalhando pelo desenvolvimento”

(NESTLÉ,2011). Na verdade seus objetivos são aumentar usas taxas de lucro e, para isso, é

necessário submeter o máximo o preço de sua matéria prima: o leite.

Com relação a este aspecto, na área estudada, foi diagnosticado que a maioria dos

estabelecimentos entregam aos laticínios, ao leite em qualidade de temperatura

sendo que dos vinte e oito (28), dezesseis (16) entregam nesta condição, recebendo um preço

0,54 a R$ 0,81 por litro. Os outros doze (12) que entregam o leite quente,

sejam para os laticínios, intermediários ou diretamente para o consumidor, recebem um preço

0,51 a R$ 1,25 por litro (R$/l)

: Preço do leite recebido pelos produtores da área de estudo

Fonte: Trabalho de Campo. Organizado pelo autor

atuam na região são quatro: Laticínios FABINA, situado na sede de

nios Rezende LTDA- “Damare”, localizado a 6 km da sede do município de

montanha, na estrada que liga à São João do Sobrado; Veneza- Cooperativa Agropecuária do

120

explorações da indústria agrícola? É o que da casa Nestlé. Ela possuía na Suíça

grandes fábricas para o preparo de leite condensado e uma fábrica para ta última, estabelecida em Vevey, trabalha

leite, produto de 12.000 vacas, oriundos de 180 180 aldeias perderam a sua autonomia econômica e se tornaram

Nestlé. Os seus habitantes ainda são, exteriormente, proprietários de suas terras, mas já não são camponeses livres."

É na verdade uma verdadeira ironia quando a empresa divulga que seus objetivos do

Acabar com a fome e a miséria; Educação básica de qualidade para todos;

ade infantil; Melhorar a

saúde das gestantes; Combater a aids, a malária e outras doenças; Qualidade de vida e

“trabalhando pelo desenvolvimento”

as de lucro e, para isso, é

Com relação a este aspecto, na área estudada, foi diagnosticado que a maioria dos

estabelecimentos entregam aos laticínios, ao leite em qualidade de temperatura “resfriado”,

sendo que dos vinte e oito (28), dezesseis (16) entregam nesta condição, recebendo um preço

0,81 por litro. Os outros doze (12) que entregam o leite quente,

e para o consumidor, recebem um preço

: Preço do leite recebido pelos produtores da área de estudo

atuam na região são quatro: Laticínios FABINA, situado na sede de

“Damare”, localizado a 6 km da sede do município de

Cooperativa Agropecuária do

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Norte do ES, situada no bairro Filomena, município de Nova Venécia; e NESTLÉ, uma

empresa multinacional, com sede de captação também em Nova Venécia.

Do total, a maior parte entrega para a Cooperativa “Veneza”, sendo dezesseis (16)

dos vinte e oito (28). Para estes, o

Os outros doze (12) de

diretamente para os consumidores com o preço variando entre R$ 0,60 a R$

três (3) para Damare, variando o preço e

Fabina, com preço de R$ 0,70 por litro; um (1) entrega para intermediário, com preço de R$

0,75; cinco comercializam para Nestlé, com preços entre R$ 0,54

35 e gráfico 36)

Tabela 35: Destino do leite e respectivos preços recebidos pelos produtores

Destino

Consumidor Damare Fabina Intermediário Nestlé Veneza Total Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Com estes preços p

área (R$/ha) e por animal (R$/an), considerando o preço pago no

situada no bairro Filomena, município de Nova Venécia; e NESTLÉ, uma

empresa multinacional, com sede de captação também em Nova Venécia.

Do total, a maior parte entrega para a Cooperativa “Veneza”, sendo dezesseis (16)

dos vinte e oito (28). Para estes, o preço pago é de R$ 0,51 a R$ 0,68 por litro.

Os outros doze (12) de distribuem para outros destinos de venda, sendo: dois (2)

diretamente para os consumidores com o preço variando entre R$ 0,60 a R$

três (3) para Damare, variando o preço entre R$ 0,70 a R$ 0,74 por litro; um (1) vende para

Fabina, com preço de R$ 0,70 por litro; um (1) entrega para intermediário, com preço de R$

0,75; cinco comercializam para Nestlé, com preços entre R$ 0,54 a R$ 0,81 por litro. (tabela

: Destino do leite e respectivos preços recebidos pelos produtores

Estabelecimentos Preço (R$/Número % Máximo

2 7,14 0,63 10,71 0,71 3,57 0,751 3,57 0,755 17,86 0,5416 57,14 0,5128 100

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Gráfico 27: Preço por destino de venda

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Com estes preços pode-se atingir a receita bruta dos produtores

área (R$/ha) e por animal (R$/an), considerando o preço pago no ú

121

situada no bairro Filomena, município de Nova Venécia; e NESTLÉ, uma

empresa multinacional, com sede de captação também em Nova Venécia.

Do total, a maior parte entrega para a Cooperativa “Veneza”, sendo dezesseis (16)

0,51 a R$ 0,68 por litro.

istribuem para outros destinos de venda, sendo: dois (2)

diretamente para os consumidores com o preço variando entre R$ 0,60 a R$ 1,25 por litro;

0,74 por litro; um (1) vende para

Fabina, com preço de R$ 0,70 por litro; um (1) entrega para intermediário, com preço de R$

a R$ 0,81 por litro. (tabela

: Destino do leite e respectivos preços recebidos pelos produtores Preço (R$/l)

Máximo Mínimo 0,6 1,25 0,7 0,74

0,75 0,70 0,75 0,75 0,54 0,81 0,51 0,68

- -

se atingir a receita bruta dos produtores por mês (R$/m), por

último mês, declarado

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durante a entrevista, multiplicado por 30 dias, conseqüente o valor total do mês dividido pela

quantidade de vacas ordenhada e pela área total ocupada com a atividade leiteira.

Entende se por receita bruta o total adquirido pelo comércio do leite pelos

respectivos estabelecimentos produtores. A receita bruta do conjunto entrevistado/cadastrado

totaliza cerca de R$ 107.400,00 por mês, sendo que a receita bruta mínima é de R$ 195,00 e a

máxima de R$31.104,00 por mês, com uma média geral de R$ 3.834,90. Sendo que a maioria,

53,57%, 15 estabelecimentos, apresenta receita bruta de até R$ 1.500,00 por mês,

representando apenas 10,72% do total. Destes, doze (12) tem receita bruta de até R$ 1000,00

por mês. O restante se distribui em receitas que variam R$/1501,00 a mais de R$/12.000,00

por mês. Vale destacar que apenas dois (2), ou seja 7,14% dos estabelecimentos detém

42,41% da receita total. (tabela 36).

Tabela 36: Receita bruta mensal por intervalos de valores em R$ R$/m n° estabelecimentos % Total (R$) %

Até 1 500 15 53,57 11.512,50 10,72 1 501 a 3 000 5 17,86 10.596,00 9,87 3 001 a 6 000 2 7,14 7.335,00 6,83 6 001 a 12 000 4 14,29 32.400,00 30,17 12 001 a mais 2 7,14 45.534,00 42,41 Total 28 100,00 107 377,50 100,00 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

A rentabilidade por área e por animal, como dito anteriormente, leva em

consideração, primeiro, a receita bruta mensal e a área total destinada a atividade leiteira,

segundo, receita bruta e a quantidade de animais em lactação.

Neste sentido, a receita por área (R$/ha) varia de R$5,03 a R$ 158,00, com uma

média geral de R$40,85/ha. A maior parte tem rentabilidade maior que R$ 30,00/ha, sendo

aproximadamente 54% dos estabelecimentos, automaticamente sendo os maiores responsáveis

pela receita total, cerca de 84%.

De maneira mais detalhada, com valores até R$ 10,00/ha, são seis (6)

estabelecimentos, 21,43%, participando com apenas 6,37% da receita total; de R$ 10,10 a R$

20,00/ha, são quatro (4), 14,29%, que participam com 2,95% da renda total; de R$ 21,00 a R$

30,00/ha, são três (3), 10,71%, com 4,16% da receita quatro (4), com valores entre R$ 30,10 a

R$ 40,00/ha, ou seja, 14,29% dos estabelecimentos participam com 9,36%; de R$ 40,10 a R$

60,00/ha, 21,43% participa com 35,33% da renda total; por último, cinco (5), ou seja, 17,86%

dos estabelecimentos apresentam valores acima de R$60,10/ha, sendo responsáveis por uma

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grande parte da renda total bruta: 41,83%. (tabela 37 )

Tabela 37: Receita bruta por área (ha) R$/ha n° estabelecimentos % Total (R$) % Ate 10 6 21,43 6844,5 6,37

10,1 a 20 4 14,29 3163 2,95 20,1 a 30 3 10,71 4467,5 4,16 30,1 a 40 4 14,29 10053 9,36 40, 1 a 60 6 21,43 37936,5 35,33

60,1 a mais 5 17,86 44913 41,83 Total 28 100,00 107377,5 100,00

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

A receita por animal (R$/an), ou seja, o valor de litros de leite produzidos por dia,

multiplicados pelo valor pago no mês anterior, tendo como referencia o mês de realização da

pesquisa, multiplicado por trinta (30) dias por mês, dividido pela quantidade de vacas

ordenhadas.

O valor mínimo encontrado é de R$36,60/an por mês e o valor máximo é d R$

239,26/an. A média geral do conjunto é de R$ 95,81/an. Sendo que a maioria dos

estabelecimentos, cerca de 60% apresenta valores que variam entre R$ 51,00 a R$ 100,00/an.

Tabela 38: receita bruta por animal

R$/an N° estabelecimentos % Total (R$) % Ate 50 2 7,14 561,00 0,52 51 a 100 17 60,71 22822,50 21,25 101 a 150 5 17,86 32685 30,44 151 a 200 3 10,71 20205 18,82 200 a mais 1 3,57 31104 28,97 Total 28 100 107377,5 100 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

As formas de pagamento, na maioria dos casos, vinte e seis (26), recebem o

pagamento mensalmente e somente dois (2) recebem quinzenalmente. A tabela que consta no

apêndice 9.4, nos oferece o conjunto destas informações que foram analisadas de maneira

particular, de forma detalhada, inclusive locando os dados por estabelecimento.

Isso ocorre porque não está ao alcance do camponês o controle de mercados

concorrenciais, cabendo a estes a especulação e a monopolização dos preços para viabilizar o

lucro dos capitalistas e não dos camponeses. Ou seja, é como se o camponês fosse um “livre

prisioneiro” do mercado capitalista, a maneira que o produto de seu trabalho se transforma em

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uma mercadoria.

Quando o capitalista industrial, o dono da terra e o trabalhador são pessoas diferentes. O primeiro determina ao dono da terra o que deve ser produzido, em que quantidade, em que qualidade. Estamos diante da monopolização do território pelo capital monopolista, na qual o capitalista se apropria da renda da terra. Como exemplos desta realidade podemos mencionar os produtores de leite, uva, fumo, tomate, ervilha, laranjas, suínos, aves, etc (RAMOS FILHO,2005.p 4)

Sendo assim, tanto o leite produzido pelos camponeses ou o produzido pelos

capitalistas são produtos que se transformam em igual mercadoria na dinâmica mercantil

capitalista. Mercadoria é produto resultante das relações de trabalho que contém dois valores:

de uso e de troca. O primeiro equivale às condições qualitativas do produto, ou seja, sua

utilidade ao suprir determinadas necessidades humanas. É no manejo dos bovinos sob

condições domesticas que os camponeses tornam o leite, produção da natureza, como produto

de seu trabalho. A alimentação, os cuidados sanitários, reprodutivos, etc., são tarefas de

membros do grupo familiar, às vezes específicas, como as crianças e adolescentes apartarem

os bezerros das vacas na parte da tarde do dia para que seja reservado o leite para ordenha no

dia seguinte, ou não, onde todos podem exercer qualquer tarefa.

O segundo ponto a ser discutidoé a questão da mercadoria.CARCANHOLO (2011)

ao analisar o conceito desenvolvido por Marx, afirma:

[...] é a proporção em que se trocam valores de uso de um tipo por valores de uso de outro. Isso significa que uma mercadoria não tem um valor de troca tem valores de troca. Por exemplo: 1kg de trigo = 5kg de milho = 0,5kg de carne = 2 L de leite = 6 kg de mandioca = 3kg de feijão etc. (CARCANHOLO, 2011.p. 31)

O preço, teoricamente seria um valor simbólico de equivalência entre tais

mercadorias, porém o que ocorre é que no preço está embutido também os lucros dos

capitalistas, que, preferencialmente, devem ser crescentes.

Se o objetivo de todo e qualquer capitalista é o lucro, preferencialmente crescente,

tomemos como exemplo um comerciante intermediário, prática típica dos burgueses

tradicionais da Europa no surgimento da classe burguesa, onde a mercadoria é comprada por

um preço “x” e vendida por 2 vezes mais, de acordo as condições comerciais da época.

No caso do leite, temos os conhecidos “atravessadores”, são aqueles capitalistas que

compram o leite dos produtores e revendem, ainda em condição in natura, ou seja, sem passar

por processos físicos ou químicos de transformação, por um preço superior ao adquirido.

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Essa relação já foi explicada por Marx, em O Capital, na relação Capital e

Mercadoria. O Capitalista entra com o Capital inicial, de investimento, e o produtor de leite,

neste caso especifico, com o produto, que se transforma em mercadoria na relação mercantil.

Suponhamos que o preço pago ao camponês seja R$ 0,60 e vendido ao consumidor

por R$ 1,50. Se o produto ainda permanece em suas condições físico químicas inalteradas, a

diferença de R$ 0,90 entre o preço recebido pelo camponês e pago pelo consumidor, é

compostas por lucros e custos. O custo neste caso, se da principalmente com transporte (o que

não é alto no caso do comércio de leite in natura, pois a maioria é produzida próxima aos

perímetros urbanos), sendo que a maior parte se transforma no lucro do capitalista. É,

portanto, uma apropriação de uma riqueza produzida pelo trabalho alheio, neste caso

camponês, que por sua vez o realiza por meio de relações não capitalistas.

Neste caso, concordamos com Ariovaldo Umbelino, quando afirma que camponeses

são aqueles que desenvolvem as atividades na terra utilizando a força de trabalho do grupo

familiar, e comunitário em forma de mutirão, podendo contratar temporariamente mão de

obra para os períodos de pico das safras, como o caso do café.

No leite, isso não ocorre, pois a variação na produção ao longo do ano não chega a

apresentar a necessidade de contratação de mão de obra externa ao grupo familiar. Além

disso, são proprietários dos meios de produção, como a terra (que não pode ser muito grande,

pois impossibilita seu cultivo) e instrumentos de trabalho. Todo o grupo familiar se apropria

da riqueza produzida pelas relações de trabalho, comercializando ou não os produtos,

transforma-os em benefícios que promovem o bem estar de todos, como moradia, estudo,

alimentação, meios de transporte e comunicação.

A necessidade do comércio de alguns produtos é justamente por não conseguir

produzir tudo na terra, ou seja, a renda monetária se faz necessária para mediar a aquisição de

bens que são produzidos em outros espaços.

Em Pinheiros, a maioria das famílias camponesas opta pela produção leiteira por

possibilitar uma renda monetária mensal razoavelmente estável, exigir pouca mão de obra e

baixo custo com tecnologia. Além de que, o próprio metabolismo animal se transforma em

renda da terra, o manejo favorece em maior ou menor escala seu desempenho, mas ele é

inevitável em todas as circunstancias, desde que a condição básica de alimentação e sanidade

seja mantida.

Os produtores capitalistas de leite o produzem sob formas assalariadas de trabalho,

onde os “vaqueiros” (os trabalhadores que se fizeram ao longo da vida na lida com os

animais), que não são proprietários dos meios de produção, alguns possuem somente algumas

ferramentas de trabalho como arreios para os animais (cordas, sela, cabrestos,...). Sua maior

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propriedade é somente de sua própria força de trabalho e que necessita trocá-la por salário

para prover sua existência. Este extrato de trabalhadores é conhecido como assalariados

rurais. Sua maioria reside na terra onde trabalha, na fazenda do patrão, em moradias

específicas, designadas propriamente a este tipo de trabalhador, as chamadas “casas de

vaqueiro”.

O capitalista se apropria do produto resultante do trabalho dos vaqueiros de maneira

privada, pagando lhe somente o salário, o que lhe possibilita somente a manutenção mínima

da vida de sua família. A outra parte, a que chamamos de mais valia, soma se aos lucros do

patrão (fazendeiro), o que lhe permite realizar mais investimentos na produção, como

logística, melhoramento genético, etc.

O leite produzido em ambas as situações (camponesa ou capitalista) têm

propriedades físico-químicas iguais, tudo é leite. Muito embora resultante de relações de

trabalho distintas. Seu valor de uso, sua utilidade é a mesma: serve como alimento. Tendo

valor de uso, pode se transformar em mercadoria, ou seja, determinada quantidade de leite

pode ser trocada de maneira equivalente a outras mercadorias, surge seu valor de troca.

Isso acontece com os camponeses e com os capitalistas. Adquire outras mercadorias

a partir do comércio do leite, intermediado pelo dinheiro.

A quantidade e a qualidade de outras mercadorias que são necessárias variam de

acordo com a maneira que a indústria avançou sobre o território camponês, sendo que uma

das primeiras táticas foi acabar com a indústria doméstica, como explica OLIVEIRA (2007)

ao explicar o avanço da industria sobre a agricultura.

Essa nova situação passou a ser alterada com grande profundidade quando a indústria essencialmente urbana e o comércio promoveram a dissolução da pequena indústria dos camponeses. Assim, a indústria que antes só produzia para a cidade e os subúrbios, passou fabricar ferramentas que o camponês não conseguia produzir, da mesma maneira que passou a criar novas necessidades que penetravam no meio agrícola de maneira tanto mais rápida e irresistível, quanto mais ativas se tornavam as relações entre a cidade e o campo. (OLIVEIRA,2007.p.17)

Neste sentido, a reflexão avança em direção do entendimento de como a

agroindústria camponesa, que por um lado foi destruída, e por apropriada pelo capital, é um

elemento de disputa territorial entre o Campesinato e a industria capitalista.

5.2- Agroindústria Camponesa

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Como vimos, o processo de avanço da indústria na agricultura e a transformação dos

camponeses em fornecedores de matéria prima, trouxe profundas sequelas, gerando um amplo

e grave empobrecimento. Isso implica diretamente nas condições de vida das famílias, como

acesso a transporte, educação escolar, meios de comunicação, moradia, serviços de saúde,...

além de fazer com que a jornada de trabalho dos membros da família seja entendida ao ponto

de não disporem de tempo para outras atividades como inserção na vida política e cultural da

comunidade, ocorrendo, gradativamente, uma “individualização” dos grupos familiares, além

de que a industria capitalista transforma-os em “concorrentes” pelo mercado de seus produtos,

por meio da exigência do aumento da produção e controle de qualidade.

Sendo assim, o debate da agroindústria camponesa se coloca como parte de uma

ampla proposta de caráter camponês que vai para além da inserção dos “agricultores

familiares” no mercado, como entende o Plano de Desenvolvimento da Agricultura-

PEDEAG da Secretaria Estadual de Agricultura e Pesca do Espírito Santo-SEAG, quando se

refere às atividades rurais não agrícolas.

A agroindústria por processo artesanal teve início pela necessidade de aproveitamento da matéria-prima excedente das propriedades das famílias rurais. Assim, evitavam-se os desperdícios na agricultura com a transformação do milho, cana-de-açúcar, leite, carne, mandioca, frutas, verduras e hortaliças. Hoje, a implantação de agroindústrias é uma importante alternativa para promover a participação dos agricultores familiares no processo produtivo e no mercado. Para eles, a industrialização dos produtos agropecuários não se constitui em uma novidade: já faz parte da sua própria história e cultura. (ESTADO, 2007.pg.2)

Trata-se portanto de um elemento tático de uma estratégia que vem se constituindo

no seio dos Movimentos Sociais de luta pela e na terra. A partir da década de 80, com a

emergência de tais Movimentos, abre se um amplo debate da necessidade de avançarmos no

controle dos meios de produção por meio dos processos produtivos e de mercado, originando

as experiências de cooperativas camponesas que operam na produção-circulação- distribuição

de produtos de origem camponesa. Neste aspecto, os estados do Rio Grande do Sul, Santa

Catarina e Paraná se destacam como os que apresentam maiores acúmulos de experiências

desta natureza.

É neste sentido que o Movimento dos Pequenos Agricultores constrói o debate do

Plano Camponês.

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5.3- O Plano Camponês e o Movimento dos Pequenos Agricultores

O Movimento dos Pequenos Agricultores- MPA há aproximadamente 10 anos, vem

construindo um conjunto de articulações com vários intelectuais e organizações parceiras, no

sentido de conhecer de maneira mais profunda o Campesinato brasileiro, suas

particularidades, complexidades, relações, experiências de lutas, desafios, potencialidades...

Enfim, um conjunto de informações que pudessem instrumentalizar o Movimento à tomadas

de decisões e planejamentos estratégicos que se constituíram no Plano Camponês, que vai

para além de uma proposta de agricultura, é uma proposta de sociedade, como firma o Sr

Valmir Noventa:

“O Brasil nunca teve um plano para e da agricultura camponesa, sempre foi palco dos grandes projetos do capital internacional, o que impactou profundamente a sociedade como um todo [...] A proposta do MPA é avançar na consolidação de uma estratégia pela via camponesa e não pela via do agronegócio e isso é mais que um plano de agricultura, é uma proposta de sociedade [...] as agroindústrias camponesas consolidam esta perspectiva a medida que possibilitam melhorias de vidas dos camponeses e alimentação de boa qualidade para os trabalhadores urbanos[...] (Valmir Noventa)

Neste sentido, o Movimento promoveu seu III Encontro Nacional, entre os dias 12 e

16 de abril de 2010, na cidade de Vitória da Conquista-BA (carta do encontro no anexo 8.15),

com objetivo principal de debater e consolidar uma proposta camponesa, sendo chamada de

“Plano Camponês” (PC), que posteriormente foi incorporado no debate da Via Campesina

nacional

O PC é composto por vários eixos que se articulam de maneira orgânica numa perspectiva da

estratégia do controle do território pelos camponeses, sendo:

� Áreas Prioritárias: conhecimento do numero de camponeses, sua história, co-relação

de forças dentro da geopolítica do agronegócio e identificação das condições reais da

efetivação do trabalho de base;

� Mensagem Política: construir mecanismos de trabalho de base e diálogo com o povo

que anunciem “Qual o modelo de sociedade queremos”, ou seja, o Socialismo.

� Organicidade: quê tipo de organização queremos e precisamos construir na relação

base social – militância - dirigentes/Quadros? Ou seja, aprender com as lições históricas

de outras organizações, garantindo a autenticidade e autonomia do Movimento.

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� Plano de formação: programas de escolas de formação em diferentes escalas

espaciais e políticas, que garanta a construção permanente de leituras da realidade, da

dinâmica da conjuntura e fortaleça a linha ideológica do Movimento;

� Auto – sustentação: mecanismos que sustentem o Movimento em sua dimensão

Politica,econômica e ideológica, ou seja, não permitir o definhamento.

� Administração: Controlar o território, identificar nossos amigos e inimigos, suas

fragilidades e potenciais, formas de atuação e articulação na sociedade, bem como suas

capacidades de influencia no Movimento;

� Políticas de Alianças: relação com a sociedade que se alinha com as propostas do

Movimentos, ou seja, as parcerias, apoios, simpatizantes, aliados, amigos, divulgadores,...

� Comunicação/Divulgação: mecanismos de Informação e contra-informação com a

sociedade, através de veículos próprios (rádios comunitárias, jornais, TV,palfletos,...)

� Distribuição da Terra e Controle Camponês do território- reforma agrária popular

� Modelo Tecnológico/energético – Agroecologia

� Organização camponesa – política-econômica-comunitária, autônoma e autentica

� Soberania Alimentar: produção - beneficiamento – armazenamento – circulação –

distribuição de comida limpa, abundante, diversa e acessível ás camadas populares

� Políticas publicas: saúde,educação escolar, estradas,lazer, moradia, crédito e

pesquisa.

Especificamente o debate da agroindústria camponesa se coloca no eixo da soberania

alimentar. Então, em acompanhamento dos debates do Movimento das instancias da direção e

estadual do Espírito Santo, da direção e coordenação regional “Valdício Barbosa”

(Municípios de Pinheiros, Pedro canário e Montanha) e da coordenação municipal em

Pinheiros, e das atividades dos Grupos de Base, surge em conjunto a proposta de instalar mini

usinas de beneficiamento do leite produzido pelos camponeses, afim de concretizar o debate

do Plano Camponês.

5.3.1- O projeto da mini-usina de leite em Pinheiros

Dadas as condições da realidade contraditória dos camponeses que produzem leite e

o debate do Plano Camponês, surge a proposta de estruturar um projeto de uma mini usina de

beneficiamento de leite, cabendo a nós a tarefa desta sistematização a partir dos

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encaminhamentos da reunião da coordenação regional de maio deste ano.

Organizamos o projeto em: objetivos, metas, pontos positivos e negativos,

alternativas e propostas.

OBJETIVOS: � Diagnosticar a situação da produção de leite no município;

� Entender como a atividade leiteira se transformou em um elemento de

resistência camponesa e os seus respectivos processos de integração com os laticínios

capitalistas;

� Construir um plano de reestruturação da cadeia leiteira, a partir do debate do

Plano Camponês, na perspectiva da autonomia camponesa por meio de:

1. Organização de grupos de produção através de cooperativa;

2. Viabilização de projetos de infra-estruturas de transporte e beneficiamento;

3. Estruturação de programa de assistência técnica em manejo, alimentação,

genética e controle sanitário, no sentido de ampliação e estabilidade da produção, e

“adequações” à normativa 51/2002

4. Melhoria da renda financeira das famílias, através do comércio institucional

(Programa de Aquisição de Alimentos, Alimentação Escolar) e popular (Mercado

popular e feira livre)

5. Viabilizar condições de acesso dos produtos derivados do leite às famílias mais

pobres dos perímetros urbanos mais próximos;

Quadro - Cronograma de Ações, metodologia e Instrumentos de Consolidação do projeto Mini-usina Camponesa.

Ação Metodologia e instrumentos Período

Levantamento estrutural da situação da área de abrangência

Sistematização de informações gerais, por meio de entrevistas e reuniões com os grupos

1º semestre de 2011

Diagnóstico sócio econômico das famílias, por meio de trabalho de campo (visita in loco)

Projeto de assistência técnica

Articulação e viabilização de recursos dos programas de ATER’s

Em curso

Organização dos grupos de produção

Visitas da ATER e reuniões por proximidade

2ºsemestre 2011 a 1º semestre de 2012

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PONTOS POSITIVOS � Clareza política da estratégia do Plano Camponês;

� Sensibilidade às particularidades da realidade por parte do Movimento (o Plano

Camponês não é uma receita ou um modelo, é um Plano).

� Presença de camponeses marcados pela resistência ao agronegócio latifundista;

� Existência da produção de leite (matéria prima) como elemento da “tradição”

econômica das famílias, o que possibilita o avanço para o beneficiamento;

PONTOS NEGATIVOS

� Dispersão espacial dos camponeses, pelo avanço do agronegócio;

� Pouca experiência política de algumas famílias;

� Presença de oportunismo econômico e político;

� Ausência de outras experiências de agroindustrialização camponesa de leite no

estado;

� Possibilidade de monetarização das relações, endividamento das famílias e

interferências diretas e indiretas dos laticínios capitalistas;

ALTERNATIVAS/ PROPOSTAS � Acesso coletivo à fundos não re-embosáveis (“fundo perdido”);

� Ampliação das redes e fluxos de informações, produtos e pessoas;

� Redistribuição fundiária (articulação e trabalho de base na luta popular pela

terra)- sim à Reforma Agrária popular, não ao crédito fundiário!

Programa de formação política e capacitação técnica,administrativa e legislativa dos grupos

Cursos, dias de campo, oficinas, visitas de intercâmbio; NB 51

1º semestre de 2012 adiante

Projeto de reestruturação da produção

Programa de melhoramento genética e nutrição dos animais

1º semestre de 2012 adiante

Projeto de infra estrutura Programa de recuperação e construção das estradas; aquisição de veículos de carga; implantação de tanques resfriadores; construção de agroindústria

2º semestre

Projetos de comercialização

Organização das demandas institucionais (PAA, Alimentação Escolar) e mercados populares.

permanente

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� Incentivo à diversificação da produção por meio de integração de outras

cadeias produtivas (hortaliças, frutas, artesanatos,...);

� Potencialização do comércio institucional, “escapando” da concorrência

capitalista no mercado convencional;

ESCALA/TEMPO

� A proposta do PC é em escala nacional, ou seja, esta sendo debatido em todos

os estados onde o Movimento esta organizado.

� O caso específico deste projeto, é de escala municipal, abrangendo

inicialmente um eixo de três comunidades no centro norte do município de

Pinheiros-ES, como indica o mapa de localização da área de estudo

� O tempo para efetivação será de acordo as condições organizativas do

Movimento.

5.3.1.1-O diagnóstico

O Diagnóstico realizado entre os meses de maio e junho de 2011, sendo a primeira

atividade do item “METAS”, além das informações que constam os capítulos anteriores, foi

ta,bem diagnosticado a opinião dos/as entrevistados/as, com base em três perguntas: a

primeira relacionada ao nível de satisfação com a atividade; a segunda com relação à idéia da

instalação de uma mini usina de beneficiamento do leite; a terceira, a pré-disposição para se

inserir numa organização para construir a mini usina.

Para as duas primeiras, as opções de resposta a serem atribuídas variaram entre

péssimo - ruim – razoável – bom – ótimo, e na sistematização, foram atribuídos os respectivos

valores: 01-02-03-04-05. Para a última, foram três opções: sim (S), não(N) e não sabe (NS).

Com relação ao nível de satisfação com a atividade, a maior parte, cerca de 86% das

pessoas entrevistadas atribuíram razoável e boa,sendo metade destes para cada resposta. Duas

(2) atribuíram como péssima; uma (1) como ruim; e uma (1) como ótima.

Quanto à avaliação da idéia da instalação da mini usina, foi unanimidade a atribuição

boa e ótima, se distribuindo em 71,43% para a primeira e 28,57% para a segunda. Nenhuma

pessoa entrevistada atribuiu péssimo, ruim ou razoável.

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Tabela 39: Atribuições do/as entrevistados quanto a satisfação com a prod

Satisfação com a atividadeAtribuição N° de entrevistados/as

Péssimo Ruim

Razoável Boa

Ótima Total Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Quando foi perguntado se existia a

para a construção da mini usina de beneficiamento de leite, somente uma (1) pessoa disse que

não (N), em função de desconhecer totalmente a proposta. Doze (12) disseram que não sabem

(NS) e quinze (15) disseram

Tabela 40: Disposição do/as entrevistados para construir a mini usina

DisposiçãoSimNão

Não SabeTotal

Fonte:

: Atribuições do/as entrevistados quanto a satisfação com a produção de leite e a idéia da mini usina

Satisfação com a atividade Idéia da mini usinaN° de entrevistados/as % N° de entrevistados/as

02 7,14 00 01 3,57 00 12 42,86 00 12 42,86 20 01 3,57 8 28 100,00 28

Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

Gráfico 28: Opinião do/as entrevistados/as

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

Quando foi perguntado se existia a pré-disposição para inserção

para a construção da mini usina de beneficiamento de leite, somente uma (1) pessoa disse que

não (N), em função de desconhecer totalmente a proposta. Doze (12) disseram que não sabem

(NS) e quinze (15) disseram que sim (S).

: Disposição do/as entrevistados para construir a mini usina

Disposição N° de entrevistados/as % Sim 15 53,57 Não 01 3,57

Não Sabe 12 42,86 Total 28 100,00

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor.

133

ução de leite e a idéia da mini usina Idéia da mini usina

N° de entrevistados/as % 0,00 0,00 0,00 71,43

28,57 100,00

ção numa organização

para a construção da mini usina de beneficiamento de leite, somente uma (1) pessoa disse que

não (N), em função de desconhecer totalmente a proposta. Doze (12) disseram que não sabem

: Disposição do/as entrevistados para construir a mini usina

Trabalho de campo. Organizado pelo autor.

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Gráfico 29:

Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

No apêndice 8.14

códigos dos estabelecimentos.

Além das três questões diretas, foram também anotadas observações gerais a partir de

comentários do/as entrevistados, cujos ocorreram principalmente no momento

questionamento das opiniões anteriores.

A maioria das pessoas entrevistadas comentou sobra a importância de conhecerem

melhor a proposta, principalmente nos que diz respeito à estrutura de funcionamento. Quanto

a inserção, o fator de maior influencia é

pessoa entrevistada não era a proprietária dos estabelecimento, não podendo responder com

certeza as questões de opinião. Em grande parte também houveram reclamações quanto ao

preço pago pelos laticínios

A tabela com as observações que foram anotadas nos questionários, no momento da

entrevista segue no apêndice 9

: Disposição do/as entrevistados para construir a mini usina

Fonte: trabalho de campo. Organizado pelo autor

segue tabela com o conjunto destas informações e os respectivos

códigos dos estabelecimentos.

Além das três questões diretas, foram também anotadas observações gerais a partir de

comentários do/as entrevistados, cujos ocorreram principalmente no momento

questionamento das opiniões anteriores.

A maioria das pessoas entrevistadas comentou sobra a importância de conhecerem

melhor a proposta, principalmente nos que diz respeito à estrutura de funcionamento. Quanto

a inserção, o fator de maior influencia é o preço pago por litro de leite, e em alguns casos,a

pessoa entrevistada não era a proprietária dos estabelecimento, não podendo responder com

certeza as questões de opinião. Em grande parte também houveram reclamações quanto ao

hoje.

A tabela com as observações que foram anotadas nos questionários, no momento da

pêndice 9.15.

134

Disposição do/as entrevistados para construir a mini usina

segue tabela com o conjunto destas informações e os respectivos

Além das três questões diretas, foram também anotadas observações gerais a partir de

comentários do/as entrevistados, cujos ocorreram principalmente no momento do

A maioria das pessoas entrevistadas comentou sobra a importância de conhecerem

melhor a proposta, principalmente nos que diz respeito à estrutura de funcionamento. Quanto

o preço pago por litro de leite, e em alguns casos,a

pessoa entrevistada não era a proprietária dos estabelecimento, não podendo responder com

certeza as questões de opinião. Em grande parte também houveram reclamações quanto ao

A tabela com as observações que foram anotadas nos questionários, no momento da

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6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não se trata aqui de ameaçar em oferecer receitas. Trata se apontamentos gerais que

possam contribuir na tomada de decisão do Movimento, pois durante o processo de contrução

deste trabalho poder observar:

� A produção de leite é um elemento que faz parte da “tradição econoômica” de muitas

famílias e, contraditoriamente, é inerente a história dos laticínios, como o caso da Nestlé.

Sendo que, estes poderão se utilizar de mecanismos diversos, além das táticas concorrenciais

do mercado também podem recorrer (como práxis) ao Estado para bloquear as iniciativas

camponesas por meio de legislações específicas;

� É importante acessar fundos não reembolsáveis para evitar endividamentos das

famílias, como o caso dos fundos das fundações dos bancos e mesmo o PRONAF Capixaba

que soma R$ 200.000,00 por ano para cada munipio do Espírito Santo. Neste último caso é

necessário avançar para flexibilizar a legislação dos convênios;

� Potencializar as demandas institucionais com o Programa de Aquisição de Alimentos

–PAA, Alimentação Escolar e outros. No caso da alimentação escola, em novembro de 2010,

segundo dados da secretaria de educação de Pinheiros, havia uma demanda de 1.300 litros de

leite por dia. O que estava sendo abastecido pelos laticínios capitalistas.

� Há outros setores sociais que podem se aliar a proposta do Movimentos, como:

Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Escola Família Agrícola e Movimentos dos

Trabalhadores Sem Terra.

� As famílias se manifestam interessadas em experimentar algo concreto, porém, pela

pouca referência (ou até mesmo ausência) de experiências desta natureza na região, é valido

iniciar com uma estrutura pequena que não demande muita energia para gerenciar e manter. O

que pelo volume produzido pelos pequenos estabelecimentos (que seriam o publico inicial do

projeto) uma mini usina com capacidade de operação de 1000 a 2000 litros por dia seria

suficiente e, pelos valores orçados, seria possível viabilizar por meio de fundos não

reembolsáveis (ver anexo 8.18)

� Se este projeto se consolidar, poderá desencadear em uma ampla mobilização dos

camponeses da região para viabilização de outras experiências, o que resultaria na efetivação

da luta contra o agronegócio e concretização do Plano Camponês, além de agregar novas

famílias ao Movimento. Ou seja, a mini usina se transforma em um potente instrumento de

trabalho de base.

Ao longo deste trabalho pode perceber que a atividade leiteira tem grande

relevância para a sociedade em geral, sendo que os pequenos estabelecimentos são os

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principais responsáveis pela produção brasileira (IBGE-2006) o que faz do país um dos

maiores produtores mundiais embora tenha sua origem na própria gênese dos laticínios, a

maneira que se instalam em diferentes escalas e sujeitam a renda da terra (OLIVEIRA ,2010)

a maneira que integram e especializam os camponeses, transformando os em fornecedores de

matéria prima.

Neste sentido, o Campesinato como classe que se constituiu historicamente por

meio de relações de trabalho não capitalistas, se vê, ora expropriado de seus meios de

produção, ora explorado, o que lhe faz perde a autonomia sobre a produção e circulação dos

produtos, como o caso do leite, onde quem controla são os laticínios capitalistas por meio do

monopólio do preço, amparado pelo Estado liberal.

Há uma necessidade histórica de construirmos estruturas coletivas, por meio de

empresas sociais camponesas, que permitam viabilizar economicamente as famílias e ao

mesmo tempo permitir que se estabeleçam relações políticas entre camponeses e

trabalhadores urbanos por meio de produção-circulação-distribuição-consumo de alimentos, e

não simplesmente de mercadorias.

Por um lado, possibilita que os camponeses se apropriem da riqueza produzida

por meio do trabalho familiar e comunitário na terra, o que os torna mais disponíveis para

outras atividades como lazer e militância política.

Porém, para que isso ocorra, e não o contrário como ocorre na especialização

produtiva e na perspectiva do empreendedorismo rural. É necessário, portanto, um

instrumento de organização da classe que oriente e acompanhe sistematicamente tais saltos

qualitativos necessários à emancipação da sociedade.

Sendo assim, o rompimento das lutas corporativas, das reivindicações que se

fecham nelas mesmas, o que confundem a estratégia popular é mais que necessário neste

momento, pois o Plano Camponês não é um plano dos camponeses isoladamente, e sim de

uma sociedade como um todo, e isso não contrastam com o papel e a autenticidade das

organizações, pelo contrário, o torna ainda mais lúcido.

Eis o desafio histórico de Movimento dos Pequenos Agricultores!

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7. - Referencias Bibliográficas ALCOPAR, <http://www.alcopar.org.br/produtos/hist_proalcool.php> acesso em 22 de junho de 2011. BARCELOS,Eduardo Álvares da Silva. A espacialidade das plantações arbóreas e a integração agroindustrial: O Programa Produtor Florestal e seus (im) pactos na agricultura capixaba. Dissertação.UFF,Niterói,RJ. 2010 CARCANHOLO, Reinaldo (org.). Capital: essência e aparência. São Paulo: Expressão Popular, 2011. CARVALHO, Horacio Martins de.O camponês no capitalismo atual. Revista Sem Terra, Ano V nº 19, abril/junho 2003, p.16-19. DARÉ, Raquel. A “crise” do café e a ideologia desenvolvimentista no Espírito Santo. Dissertação de mestrado. UFES, Vitória. 2010 (disponível em <http://web3.ufes.br/ppgg/sites/web3.ufes.br.ppgg/files/Raquel.pdf>, acesso em 5 de julho de 2011) EMBRAPA, www.embrapa.gov.br. Acesso em 20 julho de 2011. ESPÍRITO SANTO (Estado). Plano Estratégico de desenvolvimento da Agricultura: novo PEDEAG 2007-2025. Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Pesca. Vitória: SEAG, 2008. Disponível em <http://www.seag.es.gov.br>, acesso em 12 de agosto de 2010. ESPÍRITO SANTO (Estado). Plano Estratégico de desenvolvimento da Agricultura: novo PEDEAG 2007-2025-ATIVIDADES RURAIS NÃO AGRÍCOLAS. Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Pesca. Vitória, 2007. disponível em <http://www.seag.es.gov.br/pedeag/setores/ativ_nao_agricolas.pdf> acesso em 6 de junho de 2011 FAO, FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS <http://www.fao.org/corp/statistics/es/>, acesso em 20 de fevereiro de 2009 FIBRIA, <http://www.fibria.com.br/web/pt/negocios/floresta/espiritosanto.htm>,acesso em 10 de julho de 2011. HARNECKER,Marta. Para compreender a sociedade. São Paulo: Brasiliense,1990.

INCAPER, <http://www.incaper.es.gov.br/>, acesso em março de 2009

KAUTSKY, Karl. – A Questão Agrária. Rio de Janeiro, Ed. Laemmert. 1968

MARQUES, Marta Inez Medeiros. A atualidade do uso do conceito de camponês. Presidente Prudente: revista NERA.ano11.nº12.pp 57-67, 2008 NESTLÉ, <http://www.nestle.com.br/portalnestle/nestleatevoce/>,acesso em 10 de julho de 2011. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo capitalista de produção, agricultura e reforma agrária. 1ª Edição.São Paulo:FFLCH/Labur Edições,2007.

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OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Agricultura e Indústria no Brasil CAMPO-TERRITÓRIO: revista de geografia agrária, v. 5, n.10, p. 5-64, ago2010. Disponível em <http://www.campoterritorio.ig.ufu.br/viewissue.php?id> , acesso em 16 de julho de 2011. RAMOS FILHO, Eraldo da silva.A ofensiva do capital no campo brasileiro e a resistência do Campesinato. Revista NERA – ANO 8, N. 6 – JANEIRO/JUNHO DE 2005.

REIS, Ronaldo Braga . COMBS, Dave K. Atividade leiteira nos estados unidos da América. 198?. Disponível em <www.fernandomadalena.com>, acesso em 18 de julho de 2011.

RODRIGUES, Zenaldo Vieira.A trajetória que se repete:análise da mobilidade dos trabalhadores rurais das usinas sucroalcooleiras de Conceição da Barra, ES. Trabalho de Monografia. UFES, Vitória. 2010) SABÚ,Regiane Martins. AVELINO JUNIOR, Fransciso José. Camponeses x agroindústrias e novas relações sociais.III Simpósio Nacional de Geografia Agrária – II Simpósio Internacional de Geografia Agrária.Jornada Ariovaldo Umbelino de Oliveira – Presidente Prudente, 11 a 15 de novembro de 2005. Diponível m <www4.fct.unesp.br> acesso em dezembro de 2010. SEAG, <http://www.seag.es.gov.br>, acesso em 12 de agosto de 2010 SHANIN, Teodor. A definição de camponês: conceituações e desconceituações – o velho e o novo em uma discussão marxista. Revista NERA Presidente Prudente Ano 8, n. 7 pp. 1-21 Jul./Dez. 2005. SILVA, Aloisio Souza da. FAGUNDES, Leandro Feijó. Agroecologia & Educação do campo. Boletim DATALUTA – Artigo do mês: maio de 2011. ISSN 2177-4463, disponível em www.fct.unesp.br/nera, acesso em jun. 2011.

SILVA, Jerri Augusto. TSUKAMOTO, Ruth Youko. A Modernização da Pecuária Leiteira e a Exclusão do Pequeno Produtor. Geografia, Londrina, v. 10, n. 2, p. 147-162, jul./dez. 2001

SILVA, R. L. P. ; ALEIXO, S. S. ; SOUZA . Uso e adequação de tecnologias na pecuária leiteira. In: XLII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, 2004, 2004, Cuiaba-MT. Anais XLII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, 2004. Brasilia-DF : Sober, 2004. v. 1. p. 1-1.

SOUZA José Gilberto. A Geografia agrária e seus elementos de crítica sobre o avanço do capital monopolista no campo brasileiro. Canadian Journal of Latin American and Caribbean Studies , v. 34, p. 147-176, 2010. TUNG, Mao Tse. Sobre a prática e a contradição. São Paulo, SP. Expressão Popular. 1999 VENEZA, jornal da. Campo Vivo.Nova Venécia,ES.Ano XIV, N. 242 - Fevereiro/2010

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8.0- Anexos

8. 1-carta do III encontro nacional do movimento dos pequenos agricultores Nós, camponeses e camponesas de 17 estados brasileiros, organizados pelo Movimento dos Pequenos Agricultores realizamos entre os dias 12 a 16 de abril de 2010 em Vitória da Conquista, Bahia, o III Encontro Nacional do MPA. Estiveram presentes mais de 1000 camponeses (as) com presença massiva da juventude e mulheres, representantes de seis países, assim como diversos intelectuais comprometidos com a construção do “Plano Camponês” e do “Projeto Popular” para o Brasil. Foram cinco dias de muito estudo, animação, mística, músicas, arte, cultura camponesa, troca de experiências, saberes e sabores, com debates sobre a conjuntura internacional, nacional, agrícola e agrária, projeto popular para o Brasil, plano camponês e definição de linhas estratégicas para o próximo período. Lançamos a campanha nacional contra os agrotóxicos e assumimos a campanha internacional pelo fim da violência contra a mulher. Entendemos a profunda crise civilizatória qual a sociedade organizada sob a lógica do capital se encontra, criando a cada dia falsas soluções para suas crises que eleva a níveis brutais a exploração dos trabalhadores, a destruição da natureza e em seus limites ameaça todos os seres viventes. O capital, amparado pelos Estados Nacionais Imperialistas, e pela sua classe social organizada em nível internacional, a burguesia, tem investido de forma violenta para manter calada a voz dos trabalhadores e de suas organizações que denunciam o projeto de morte e anunciam a urgente necessidade de um novo projeto para a sociedade. Diante deste cenário nós, militantes organizados pelo MPA, firmamos as seguintes compreensões e compromissos com a classe camponesa e com o conjunto da classe trabalhadora, são eles: 1) Nos afirmamos enquanto classe camponesa determinada a cumprir nossa tarefa histórica de lutar e construir um Plano Camponês como parte do Projeto Popular e como contribuição para a construção do socialismo; 2) Reafirmamos nosso caráter de movimento de massa, lutador, e firmamos o nosso rosto jovem, feminino e ecológico; 3) Lutar incansavelmente, e por todas as vias, contra o capital e seu projeto para o campo, o agronegócio, denunciando e impedindo suas ações destrutivas contra a sociedade e a natureza; 4) Lutar pelo controle do território e pela soberania alimentar como condição básica a construção do plano camponês e do poder popular; 5) Nos comprometemos a construir uma estrutura orgânica necessária à implantação da estratégia, tendo no grupo de base sua célula fundamental, formado pelas famílias camponesas, como mecanismo garantidor de resistência às diversas conjunturas; 6) Avançar na auto-sustentação como princípio de autonomia política do MPA e dar sustentação material ao plano de construção nacional; 7) Construir e executar um ousado plano de formação com objetivos de elevar o nível de consciência de nossa base, formar novos militantes, dirigentes e quadros preparados ideológica e tecnicamente a implantar nossa estratégia; 8) Nos comprometemos enquanto organização, a ampliar a participação dirigente de jovens e mulheres em todas as instâncias. 9) Controlar nossa atividade produtiva desenvolvendo Sistemas Camponeses de Produção, tecnologias de base ecológica, controlando a comercialização de nossa produção ligando campo e cidade afirmando a necessidade da reforma agrária como condição para a redistribuição da população no espaço geográfico e uma das soluções para crise social e ecológica. 10) Desenvolver uma política de alianças, nacional e internacional, estrategicamente com a Via Campesina, que nos permita avançar na construção do Plano Camponês e na aliança com os trabalhadores urbanos, estudantes e intelectuais.

Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA Vitória da Conquista – Bahia 16 de Abril de 2010

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8.2- Orçamento de equipamento para mini usina (pasteurização e iogurte)

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INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS PARA AGRO PROCESSAMENTO LTDA AVENIDA FUNDAÇÃO SHUNJI NISHIMURA, 490 – DISTRITO INDUSTRIAL

CEP: 17.580–000 – POMPÉIA / SP CNPJ: 58.850.835 / 0001 – 10

Telefone / Fax (14) 3452-1016

ORÇAMENTO

Pompéia, (SP) 03 de Dezembro de 2010. At. Sr. Aloisio. (27) 9949-9315 [email protected]

Passamos abaixo, nosso orçamento de equipamentos para laticínio. � Tanque Externo: com bomba sanitária e filtro de linha para captação do leite e posterior envio ao pasteurizador, fabricado em aço inox AISI 304 com acabamento sanitário, capacidade de 150 litros. Valor .......................................................................................................... R$ 3.400,00 � Pasteurizador: rápido a placas capacidade de 150 lts/hora (até 600 litros/dia) composto de: Tanque de equilíbrio capacidade de 150 litros em aço inox com acabamento sanitário. Bomba sanitária para transferência em aço inox AISI 304. Filtro de linha em aço inox com acabamento sanitário. Gerador de água quente elétrico. Bomba de água quente. Retardador tubular em aço inox com acabamento sanitário. Trocadores de calor à placas na seção de regeneração, aquecimento e resfriamento. Estrutura e carenagem em aço inox. Painel de comando integrado com chaves de acionamento. Controladores de temperatura. Alarme. Válvula de desvio de fluxo com acionamento manual. Tanque pulmão 150 Litros com bomba. Valor....................................................................................................... R$ 21.500,00 **Dimensões do Pasteurizador: 1,50 x 1,50 x 1,60 – 80kg (lar/comp/alt/pés). Classificação Fiscal (NBM): 8419.81.90 Cadastro na FINAME: 0472298 � Conjunto de frio: que fornece água gelada para resfriamento do leite após a pasteurização, rebaixamento de temperatura de leite cru ou ainda água gelada para resfriamento de iogurte, produz água gelada através de acúmulo de frio na forma de gelo, capacidade de 600 L, composto de:

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Telefone / Fax (14) 3452-1016 Serpentinas ¾ de polegadas em cobre. Bomba de agitação para envio da água gelada para as placas de resfriamento. Compressor de refrigeração. Chave liga / desliga. Proteção elétrica. Caixa em aço carbono tratada e pintada. Isolamento com isopor 100 mm. Valor.............................................................................R$ 10.900,00 **Dimensões do Banco de Frio: 1,20 x 1,20 x 1,30 x 90 kg (lar/comp/alt/pes). Classificação Fiscal (NMB ) : 8419.81.90 Cadastro na FINAME: 0993417 � Embaladeira: para líquido tipo Sache automática pneumática, com capacidade de até 1.000 unid./hora sem contato manual, acionamento pneumático, estrutura em aço inox e pintura anticorrosiva, lâmpada germicida que esteriliza a parte interna das embalagens, solda horizontal e vertical com termo datador e fotocélula. Valor......................................................................................................... R$ 18.000,00 Classificação Fiscal (NBM ): 8422.3029 Cadastro na FINAME: 0472220 � Compressor de ar para embaladeira, 10 HP , 140 libras , tanque 150 litros, 10 pés.

Valor.......................................................................................................... R$ 3.100,00 TOTAL DESTE ORÇAMENTO.................................... R$ 56.900,00 CONDIÇÕES Prazo de entrega: 90 dias. Condições de Pagamento: 50% no pedido + 3 Parcelas Fixas. (cheques) Frete: FOB/Fábrica Garantia: 01 ano – Exceto materiais elétricos – eletrônicos. Funcionamento e treinamento: DISBRASIL - Despesas de deslocação, estadia e alimentação por conta do cliente. Validade desta proposta: 30 dias Os equipamentos podem ser financiados através de: PRONAF / PROGER / FINAME. Aceitamos também CARTÃO BNDES. Atenciosamente, HELIANA GOMES

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ORÇAMENTO

Pompéia (SP), 03 de Dezembro de 2010. At. Sr. Aloisio. (27) 9949-9315 [email protected] Conforme solicitação, segue abaixo, nosso orçamento de equipamentos para Iogurte. � Tanque externo para recepção do leite e posterior envio a iogurteira, capacidade de 150 litros, fabricado em aço inox com acabamento sanitário, filtro de linha e bomba sanitária. Valor .............................................................................. R$ 3.400,00 *Bomba com motor de ½ CV. � Tanque de processamento (Iogurteira), fermentação e maturação de iogurte totalmente construído em aço inox com acabamento sanitário, encamisado para circulação de água de aquecimento ou resfriamento, agitação por moto redutor, indicação de controle de temperatura automático, aquecimento por vapor ou elétrico Capacidade: 50 litros ....................................................................... R$ 6.500,00 100 litros ....................................................................... R$ 6.950,00 . 200 litros ..................................................................... R$ 10.000,00 300 litros...................................................................... R$ 12.100,00 Iogurteira elétrica com: 01 resistência de 09 KW nos modelos de 50 e 100 Litros. 01 resistência de 15 KW nos modelos de 200 e 300 Litros. � Banco de frio: “fornece água gelada para resfriamento iogurte após a pasteurização, produz água gelada através de acúmulo de frio na forma de gelo, caixa em aço carbono tratada e pintada, compressor, serpentinas 5/8” e bomba de água gelada, a capacidade do banco de frio varia de acordo com o tamanho da iogurteira, segue abaixo uma relação e preços dos bancos de frio: Iogurteira: 50/100/300 litros – necessita de: Banco de Frio. capacidade de 1.200 litros Banco de Frio de 1.200 litros ................................................... R$ 13.900,00 OBS: O iogurte poderá ser resfriado com água de torneira à temperatura ambiente.

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Telefone / Fax (14) 3452-1016 � Bomba positiva helicoidal: em aço inox com acabamento sanitário com capacidade para até 1.000 litros / hora, para enviar o iogurte para a embaladeira ou envasadora. Valor...............................................................................R$ 5.000,00 *Bomba com motor de 1/3 CV. � Envasadora manual para garrafas: fabricada totalmente em aço inox AISI 304 com acabamento sanitário, capacidade do tanque de 150 litros com dois bicos dosadores. Valor...............................................................................R$ 5.000,00 � Embaladeira: totalmente automática em aço inox com acabamento sanitário, capacidade de 1.000 unidades/hora, acionamento pneumático, faz todo o processo automaticamente com termo datador. Valor...............................................................................R$ 18.000,00 *Trabalha com motor de ¼ CV � Compressor de ar para embaladeira, 10 HP , 140 libras , tanque 150 litros, 10 pés. Valor............................................................................... R$ 3.100,00 CONDIÇÕES Condições de pagamento: 50% no Pedido + 3 Parcelas Fixas (cheques). Prazo de entrega: 90 dias. Frete: FOB / Fábrica. Garantia: 01 ano - Exceto materiais elétricos – eletrônicos. Validade desta proposta: 30 dias. Funcionamento e treinamento: Despesas de frete, deslocação, estadia e diária do técnico por conta do comprador. Os equipamentos podem ser financiados através de: PRONAF / PROGER / FINAME. Aceitamos Cartão BNDES. Atenciosamente, HELIANA GOMES

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POMPÉIA / SP CNPJ: 58.850.835 / 0001 – 10 Telefone / Fax (14) 3452-1016

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CEP: 17.580–000 – POMPÉIA / SP CNPJ: 58.850.835 / 0001 – 10

Telefone / Fax (14) 3452-1016

ORÇAMENTO Pompéia (SP), 03 de Dezembro de 2010. At. Sr. Aloisio. (27) 9949-9315 [email protected]

Lavador de Botas para Barreira Sanitária Lavatório de Botas MEC TEC Descrição: Mais higiene. Botas mais limpas e desinfetadas. Mais rapidez na limpeza. Ganho na produtividade em laticínios, frigoríficos, indústrias de pescados e qualquer outra indústria onde a limpeza e higiene sejam necessárias Capacidade: 1 pessoa Também fabricamos para 2 pessoas. INDIVIDUAL...........R$ 1.600,00 DUPLO.....................R$ 2.300,00 Lavador de Mãos para Barreira Sanitária Lavatório de Mãos MEC TEC Descrição: Lavatório duplo de mãos para Agro-Industrias de polpa, sucos, Laticínios, açougues e frigorífico INDIVIDUAL.................................................................R$ 1.900,00 DUPLO............................................................................R$ 2.600,00 Os equipamentos podem ser financiados através de: PRONAF / PROGER / FINAME. Aceitamos também Cartão BNDES. CONDIÇÕES Prazo de entrega: 90 dias. Condições de Pagamento: Á vista. Frete: FOB/Fábrica Garantia: 01 ano – Exceto materiais elétricos – eletrônicos. Funcionamento e treinamento: DISBRASIL - Despesas de deslocação, estadia e alimentação por conta do cliente. Validade desta proposta: 30 dias Atenciosamente,

HELIANA GOMES

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9.0- Apêndice 9.1- Questionário do trabalho de campo

Campesinato, Agroindústria: Uma análise da produção de leite no município de Pinheiros - ES

DIAGNÓSTICO COM OS PRODUTORES DE LEITE Responsável: Aloisio Souza da Silva Entrevistado/a:______________________________________________________/ Proprietário/a:________________________________________________________________________________________/ Estabelecimento________________________________________________________________/ área total (ha)_________/

DATUM SAD-69:Coordenadas (UTM) X________________/ Y_________________ / altitude ____m/

A-TEMPO NA ATIVIDADE (em anos): � ate 5 � 6 a 10 �11 a 15 �16 a 20 �21 a 25 �26 a 30 � 31 a mais B-ALIMENTAÇÃO: 1-CAPINEIRA: �sim �não área(há) : _____/ IRRIGAÇÃO �sim �não � as vezes 2-TIPO DE FORRAGEIRA: �cana �anapiê verde �anapiê Roxo � Palma �feijão guandu �mandioca� outros_____________/ 3-SUPLEMENTO MINERAL: �sim �não � as vezes

OUTRO SUPLEMENTO: � sim �não �as vezes qual?____________________________________________/

4-PASTEJO: �extensivo / área _________ /� irrigado / tipo de gramínea _______________________________

� rotacionado / área_________ / � irrigado/ tipo de gramínea _______________________________/

ADUBAÇÃO: �sim �não ________ vezes/ �ano �mês �semana C- N° DE ANIMAIS: LACTAÇÃO:____/ VACAS SECAS:____/ BEZERROS(AS)/ NOVILHOS/AS____ / REPRODUTOR/S:______/ D-PRODUÇÃO: _____________ � litros � quilos /dia 1-INDUSTRIALIZA: � sim �não �total produzido �parte da produção (______%) 2-SUBPRODUTOS: �queijo �requeijão �iogurte �doces � outros _____________________________________/ E-REPRODUÇÃO �monta natural � monta controlada � inseminação artificial RAÇA DO/S REPRODUTOR/ES________________________________/ F-ACESSOU FINANCIAMENTO? � SIM � NÃO PRONAF? �SIM �NÃO VALOR ( em mil R$): � até 10 �11-15 �16- 20 �21 -30 �31-40 �41 -60 �60-70 �70 -80 �80 -90 �90 -100 � acima de 10 G- COMÉRCIO: 1-LEITE: � Direto p/consumidor � intermediário � laticínio (qual?) ________________________________/ PREÇO : R$________/ � Litro � quilo FORMA DE PAGAMENTO: � quinzenal � Mensal � a vista 2-SUB-PRODUTOS: � Direto p/consumidor � intermediário � laticínio ________________________________/ PREÇO : R$________/ � Litro � quilo FORMA DE PAGAMENTO: � quinzenal � Mensal � a vista H-QUALIDADE DE ENTREGA : � Quente � resfriado I-ASSISTENCIA TÉCNICA: �sim �não TIPO�privada � pública J-VISITAS: � semanal � quinzenal �mensal �bimestral �semestral �anual L-RESÍDUOS: Aproveita? � sim �não �esterco seco �esterco líquido �urina �outro _______________/ M-MÃO DE OBRA ENVOLVIDA NA ATIVIDADE: �Assalariado nº____________ �familiar nº______________ N-OPINIÃO 1-NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A ATIVIDADE: �ótimo �bom �razoável �ruin �péssimo 2-O QUE ACHA DA IDÉIA DA MINI USINA DE LEITE? � ótimo �bom �razoável �ruin �péssimo 3-ESTÁ DISPOSTO/A SE INSERIR EM UMA ORGANIZAÇÃO PARA CONSTRUIR A MINI USINA? �sim�não �não sabe OBS.:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

QUESTIONÁRIO

Nº__________

ENTREVISTA: _____/____/_____

TABULAÇÃO: _____/____/___ � Aproveitado � Nulo

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9.2- Informações gerais dos estabelecimentos cadastrados- Área de estudo

CÓDIGO Data entrevista Entrevistado/a Proprietário Propriedade Contato (DDD 27)

01 05/05/2011 Lucivânia Almeida da Silva Almir Santana Cangussú Sitio Nova Vida 9709 2381 02 07/06/2011 Joaquim Souza Pereira Joaquim Souza Pereira Sitio Bela Vista 9944 8723 03 07/06/2011 Lucas R. Pereira Altoé Arnaldo Altoé Sitio Altoé 9909 2520/ 9836 4165 04 07/06/2011 Advento José de S. Carvalho Jorge L. Martins dos Santos Faz. São Roque 9824 1016/9988 6106 05 07/06/2011 Robson Pinto Santos Mª Rosa Pinto Santos Sitio Ventura 9911 8604/9827 3559 06 10/06/2011 Lindiomar Cardoso dos Santos Lindiomr Cardoso dos Santos Faz. Santos 9617 0645 07 10/06/2011 Ivan de Souza Santos Josemiro Tomaz dos Santos Sitio São Jorge 9926 0527 08 07/06/2011 Antônio R. de jesus Lima Antônio R. de jesus Lima Sitio D. Pedro II 9908 6898/ 9709 1231 09 07/06/2011 Gilberto Rodrigues Viana Valmir Cazeli Assis Faz. Santa Clara 9948 4872/9988 6049 10 13/06/2011 Adevaldo Xavier Sobrinho Rosimere Rocha Bride Faz. Monte Alto 9793 1913/ 9861 6068 11 10/06/2011 Pedro de Souza Soares Pedro de Souza Soares Faz. Santa Rita 9912 5858 12 10/06/2011 Arlene Dias Carvalho Policarpo Salvino Dias Sitio Santa Rita 9861 3877 13 10/06/2011 João batista Martins Oliveira Ântônio Bressam Sobrinho Faz. Cachoeira 9934 7502/ 9933 0049 14 10/06/2011 Ivan Manoel Silva Barbosa Alcelany Silva Barbosa Faz. Igrejinha 9852 4963 16 10/06/2011 Aurelino Miguel de Deus Aurelino Miguel de Deus Faz. Bela Vista 9908 5589 17 10/06/2011 Balbino Lourenço de Souza Balbino Lourenço de Souza Sitio Dois Irmãos 9807 4656 18 13/06/2011 Hamilton Pereira Souza Hamilton Pereira Souza Faz. Bela Vista 3765 2124 19 10/06/2011 Ivan José Sardinha Ivan José Sardinha Faz. Paraiso 3765 1290/ 9988 6100 20 10/06/2011 Leôncio Neves dos Santos Leôncio Neves dos Santos Aras Boi na Brasa 1 e2 9988 8700 21 13/06/2011 Eduardo Martins dos Santos Eduardo Martins dos Santos Faz. Santo Antônio 9807 4592 22 13/06/2001 Romido Lopes dos Santos Romido Lopes dos Santos Sitio São Roque 9958 9820 23 13/06/2011 José Ferreira de Jesus Valdicira Ziviani Sitio Ziviani 9747 0646/ 3765 1542 24 14/06/2011 Elivan Gouveia Areia Elivan Gouveia Areia Faz. Paraiso 3765 2922 26 13/06/2011 Juarez Fernandes Lima Juarez Fernandes Lima Sitio Sempre Verde 3765 1057 27 13/06/2011 Alexandre Figueiredo Alexandre Figueiredo Figueiredo Ranch 9888 0280 28 14/06/2011 Adelvair Almeida da Silva Adelvair Almeida da Silva Sitio Nova Esperança 9847 9905/ 9949 9315 29 17/06/2011 Admilson Rodrigues Elaine Bernardo Lança Faz. Lança 3765 1227/ 9828 5313 30 20/06/2011 Leandro Martins dos Santos Francisco A. M. dos Santos Faz. Bom Gosto 9988 6003/ 37652348

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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9.3 - Produção de leite por animal e por área, beneficiamento da produção no estabelecimento e vacas ordenhadas- Área de estudo

CÓDIGO L/animal Litros/dia L/ha Industrializa (?) Sub-produto Vacas em Lactação 01 6,00 120 1,33 N - 20 02 2,78 50 1,11 N - 18 03 4,81 130 8,67 N - 27 04 6,50 650 1,86 N - 100 05 5,56 150 1,97 N - 27 06 3,50 35 0,39 N - 10 07 4,38 70 1,56 N - 16 08 5,56 50 4,35 N - 9 09 5,69 370 2,31 N - 65 10 3,33 50 0,37 N - 15 11 3,57 50 1,05 N - 14 12 3,33 30 0,52 N - 9 13 4,17 250 0,29 N - 60 14 3,33 50 1,00 N - 15 16 2,00 20 0,51 N - 10 17 3,13 25 0,71 N - 8 18 3,06 55 2,20 N - 18 19 8,89 400 2,15 N - 45 20 3,95 150 2,22 N - 38 21 6,00 300 1,50 N - 50 22 2,50 10 0,27 N - 4 23 5,00 50 1,05 N - 10 24 4,64 65 0,77 N 14 26 3,13 25 1,69 S QUEIJO 8 27 8,65 450 5,29 N - 52 28 5,00 50 3,85 N - 10 29 3,64 80 1,34 N - 22 30 9,85 1280 6,12 N - 130

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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9.4- Destino do leite produzido no estabelecimento, preço, forma de pagamento Renda bruta mensal, Renda por área e por animal- Área de estudo. CÓDIGO Destino R$/Litro* Entrega Pagamento R$/mês L/dia R$/ha R$/an

01 Nestlé 0,54 Frio Mensal 1944,00 120 21,60 97,20 02 Veneza 0,61 quente Mensal 915,00 50 20,33 50,83 03 Veneza 0,61 Frio Mensal 2379,00 130 158,60 88,11 04 Nestlé 0,74 Frio Mensal 14430,00 650 41,23 144,30 05 Veneza 0,68 Frio Mensal 3060,00 150 40,16 113,33 06 Veneza 0,61 Frio Mensal 640,50 35 7,12 64,05 07 Veneza 0,68 Frio Mensal 1428,00 70 31,73 89,25 08 Intermediário 0,75 quente Mensal 1125,00 50 97,83 125,00 09 Damare 0,7 Frio Mensal 7770,00 370 48,56 119,54 10 Veneza 0,57 quente Mensal 855,00 50 6,33 57,00 11 Veneza 0,57 Frio Mensal 855,00 50 18,00 61,07 12 Veneza 0,57 Frio Mensal 513,00 30 8,92 57,00 13 Veneza 0,57 Frio Mensal 4275,00 250 5,03 71,25 14 Veneza 0,51 quente Mensal 765,00 50 15,30 51,00 16 Veneza 0,61 quente Mensal 366,00 20 9,36 36,60 17 Veneza 0,55 quente Mensal 412,50 25 11,79 51,56 18 Veneza 0,61 quente Mensal 1006,50 55 40,26 55,92 19 Damare 0,74 Frio Mensal 8880,00 400 47,74 197,33 20 Veneza 0,62 quente Mensal 2790,00 150 41,33 73,42 21 Fabina 0,7 Frio quinzenal 6300,00 300 31,50 126,00 22 Veneza 0,65 quente Mensal 195,00 10 5,20 48,75 23 Consumidor 1,25 quente Mensal 1875,00 50 39,31 187,50 24 Veneza 0,58 quente Mensal 1131,00 65 13,38 80,79 26 Consumidor 0,6 quente quinzenal 450,00 25 30,51 56,25 27 Damare 0,7 Frio Mensal 9450,00 450 111,18 181,73 28 Nestlé 0,57 Frio Mensal 855,00 50 65,77 85,50 29 Nestlé 0,67 Frio Mensal 1608,00 80 27,03 73,09 30 Nestlé 0,81 Frio Mensal 31104,00 1280 148,82 239,26 Total - - - - 107 377,50 - - - *Preço recebido pelo produtor no mês anterior ao da entrevista. Fonte: Trabalho de Campo. Organizado pelo autor

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9.5- Situação fundiária dos estabelecimentos- Grupos de área Área de estudo

Classe CÓDIGO Estabelecimento Área total (ha) A

té 1

00 h

a

26 Sitio Sempre Verde 15 28 Sitio Nova Esperança 15 18 Faz. Bela Vista 25 17 Sitio Dois Irmãos 35 08 Sitio D. Pedro II 37,5 22 Sitio São Roque 37,5 16 Faz. Bela Vista 40 02 Sitio Bela Vista 45 14 Faz. Igrejinha 50 12 Sitio Santa Rita 57,5 23 Sitio Ziviani 57,5 07 Sitio São Jorge 60 29 Faz. Lança 60 11 Faz. Santa Rita 62 20 Aras Boi na Brasa 1 e2 67,5 24 Faz. Paraiso 85 27 Figueiredo Ranch 85 01 Sitio Nova Vida 90 06 Faz. Santos 90 03 Sitio Altoé 100

Total 20 1114,5

Classe CÓDIGO Estabelecimento Área total (ha)

100

a 10

00 h

a

05 Sitio Ventura 107,5 10 Faz. Monte Alto 135 09 Faz. Santa Clara 160 19 Faz. Paraiso 200 21 Faz. Santo Antônio 200 04 Faz. São Roque 350 30 Faz. Bom Gosto 450 13 Faz. Cachoeira 850

Total 08 2452,5

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9.6- Estabelecimentos que possuem área de capineira- Área de estudo

CÓDIGO Área (ha) Irriga 04 2 AV 05 0,2 AV 08 0,5 S 09 6 N 11 1 N 13 0,5 S 16 0,1 N 17 0,1 N 19 3 AV 21 5 S 23 0,2 S 24 0,5 N 26 0,25 N 27 2 N 28 1 AV 29 0,5 N 30 6 AV

Total 28,85 17 Fonte: Trabalho de Campo. Organizado pelo autor

9.7- Fornecimento de suplemento alimentar nos estabelecimentos, irrigação das áreas de pastejo rotativo e adubação- Área de estudo

CÓDIGO Suplemento Mineral Outro Suplemento 01 S farelo soja milho 02 S N 03 S N 04 S Concentrado/Integral 05 S farelo soja milho 06 S N

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07 S Ração Proteinada 08 S Concentrado 09 AV Farelo de milho 10 S N 11 AV N 12 S N 13 S N 14 S N 16 S N 17 S N 18 S N 19 S Ração Balanceada 20 S N 21 S N 22 AV N 23 S N 24 S Pró - Leite 26 S N

27 S Farelo de soja e

milho 28 S N 29 S N 30 S Concentrado

CÓDIGO Irrigação Área (há)

% da área total adubação Forragem

01 S 04 4,44 3/a Brachiária 03 S 05 5,00 1/m G. Tifton 04 S 18 5,14 1/m tansânia 05 S 01 0,93 1/a G. Tifton 07 S 04 6,67 0 Brachiária 08 S 01 2,67 2/a Brachiária 09 S 05 3,13 1/a Mombaça. 11 S 2,5 4,03 1/a Brachiária 13 S 15 1,76 1/m Brachiária 19 S 03 1,50 1/m Brachiária 21 S 05 2,50 1/ano Brachiária

27 S 09 10,59 1/m

Brachiárria + G. Tifton

28 S 4,5 30,00 0 Brachiária+Estilozante 30 S 53 11,78 1/m Brachiária

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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9.8- Área de pasto extensivo nos estabelecimentos- -Área de estudo CÓDIGO Área pasto extensivo (ha) % do total da área Forragem Área total (ha)

01 86 95,56 Brachiaria 90

02 45 100,00 Brachiaria 45

03 10 10,00 Brachiaria 100

04 330 94,29 Brachiaria 350

05 75 69,77 Brachiaria 107,5

06 90 100,00 Brachiaria 90

07 41 68,33 Brachiaria 60

08 10 26,67 Brachiaria 37,5

09 149 93,13 Brachiaria 160

10 135 100,00 Brachiaria 135

11 44 70,97 Brachiaria 62

12 57,5 100,00 Brachiaria 57,5

13 834,5 98,18 Brachiaria 850

14 50 100,00 Brachiaria 50

16 39 97,50 Brachiaria 40

17 34,9 99,71 Brachiaria 35

18 25 100,00 Brachiaria 25

19 180 90,00 Brachiaria 200

20 67,5 100,00 Brachiaria 67,5

21 190 95,00 Brachiaria 200

22 37,5 100,00 Brachiaria 37,5

23 47,5 82,61 Brachiaria 57,5

24 84 98,82 Brachiaria 85

26 14,5 96,67 Brachiaria 15

27 74 87,06 Brachiaria 85

28 7,5 50,00 Brachiaria 15

29 59 98,33 Brachiaria 60

30 150 33,33 Brachiaria 450

Total 2967,4 83,19 - 3567 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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9.9- Síntese da área destinada à atividade leiteira por estabelecimentos- Área de estudo

Área (ha)

CÓDIGO Capineira Pasto

rotativo Pasto

extensivo Destinado à atividade

Total do Estabelecimento %¹

01 0 4 86 90 90 100 02 0 0 45 45 45 100 03 0 5 10 15 100 15 04 2 18 330 350 350 100 05 0,2 1 75 76,2 107,5 70,88 06 0 0 90 90 90 100 07 0 4 41 45 60 75 08 0,5 1 10 11,5 37,5 30,67 09 6 5 149 160 160 100 10 0 0 135 135 135 100 11 1 2,5 44 47,5 62 76,61 12 0 0 57,5 57,5 57,5 100 13 0,5 15 834,5 850 850 100 14 0 0 50 50 50 100 16 0,1 0 39 39,1 40 97,75 17 0,1 0 34,9 35 35 100 18 0 0 25 25 25 100 19 3 3 180 186 200 93 20 0 0 67,5 67,5 67,5 100 21 5 5 190 200 200 100 22 0 0 37,5 37,5 37,5 100 23 0,2 0 47,5 47,7 57,5 82,96 24 0,5 0 84 84,5 85 99,41 26 0,25 0 14,5 14,75 15 98,33 27 2 9 74 85 85 100 28 1 4,5 7,5 13 15 86,67 29 0,5 0 59 59,5 60 99,17 30 6 53 150 209 450 46,44

Total 28,85 130 2967,4 3126,25 3567 87,64 ¹ total da área destinado à atividade * 100/ total da área do estabelecimento = % da área total do estabelecimento destinada á atividade leiteira

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9.10 - Rebanho bovino destinado à produção de leite nos estabelecimentos - Área de Estudo CÓDIG

O Lactaçã

o Secas Total % vaca

seca Reproduto

r Vaca/reproduto

r Vaca/h

á 01 20 8 28 28,57 2 14 0,31 02 18 20 38 52,63 2 19 0,84 03 27 15 42 35,71 2 21 2,80 04 100 40 140 28,57 8 17,5 0,40 05 27 15 42 35,71 2 21 0,55 06 10 6 16 37,50 1 16 0,18 07 16 12 28 42,86 2 14 0,62 08 9 3 12 25,00 1 12 1,04 09 65 30 95 31,58 2 47,5 0,59 10 15 35 50 70,00 3 16,67 0,37 11 14 26 40 65,00 2 20 0,84 12 9 23 32 71,88 4 8 0,56 13 60 70 130 53,85 3 43,33 0,15 14 15 10 25 40,00 1 25 0,50 16 10 10 20 50,00 2 10 0,51 17 8 8 16 50,00 1 16 0,46 18 18 22 40 55,00 2 20 1,60 19 45 0 45 0,00 3 15 0,24 20 38 16 54 29,63 2 27 0,80 21 50 50 100 50,00 5 20 0,50 22 4 8 12 66,67 0 0 0,32 23 10 22 32 68,75 1 32 0,67 24 14 20 34 58,82 2 17 0,40 26 8 8 16 50,00 1 16 1,08 27 52 20 72 27,78 2 36 0,85 28 10 16 26 61,54 2 13 2,00 29 22 25 47 53,19 2 23,5 0,79 30 130 80 210 38,10 1 210 1,00

Total 824 618 1442 42,86 61 23,64 0,46

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9.11- Técnica de Reprodução e raça predominante dos reprodutores

CÓDIGO Técnica Raça/reprodutor

01 MN Itabapuã

02 MN Nelore

03 MN Gir/ Guzerá

04 MN Gir/Olandês

05 MN Indubrasil/Itabapuã

06 MN Itabapuã

07 MN Olandês e Itabapuã

08 MN Itabapuã

09 MN Itabapuã

10 MN Nelore/Itabapuã

11 MN Guzerá/ Itabapuã

12 MN Olandês/ Itabapuã/guzerá/Gir

13 MN Guzerác/Olandês

14 MN Itabapuã

16 MN Gir/Guzerá

17 MN Itabapuã

18 MN Itabapuã

19 MN Gir/Nelore/Itabapuã

20 MN indubrasil/Nelore

21 MN Olandes/ Gir

22 MN -

23 MN Itabapuã

24 MN Nelore/ Brama

26 MN Itabapuã

27 MN Olandes/ Gir

28 MN Nelore

29 MN Nelore

30 IA/MN Olandes/ Gir

MN- Monta Natural; IA- Inseminação Artificial. Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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9.11- Estabelecimentos que acessaram financiamento para investimento na atividade- Área de estudo

CÓDIGO Acesso (?) Valor (mil R$) Fonte

01 S 11 a 15 PRONAF

02 N 0 N

03 N 0 N

04 S NS NS

05 S Ate 10 PRONAF

06 S Ate 10 PRONAF

07 S 16 a 20 PRONAF

08 N 0 N

09 N 0 N

10 N 0 N

11 S 16 a 20 PRONAF

12 N 0 N

13 N 0 N

14 S Ate 10 PRONAF

16 S Ate 10 PRONAF

17 N 0 N

18 N 0 N

19 N 0 N

20 S 31 a 40 PRONAF

21 N 0 N

22 N 0 N

23 N 0 N

24 S 31 a 40 PRONAF

26 N 0 N

27 N 0 N

28 N 0 N

29 N 0 N

30 N 0 N

Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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9.12- Mão de obra empregada na atividade

Mão de obra CÓDIGO Familiar Não familiar Total

01 01 00 01 02 02 00 02 03 03 00 03 04 00 07 07 05 02 00 02 06 01 00 01 07 02 00 02 08 03 00 03 09 00 03 03 10 00 01 01 11 02 00 02 12 01 00 01 13 00 07 07 14 02 00 02 16 02 00 02 17 02 00 02 18 00 01 01 19 00 02 02 20 00 01 01 21 02 02 04 22 01 00 01 23 00 01 01 24 00 01 01 26 01 00 01 27 02 01 03 28 01 00 01 29 00 01 01 30 01 08 09

Total 31 36 67 Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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9.13- Serviço de assistência técnica aos estabelecimentos

CÓDIGO Recebe (?) Tipo Frequência

01 N N N

02 N N N

03 N N N

04 S Privada Trimestre

05 S Privada Semestre

06 N N N

07 S Publica Anual

08 N N N

09 N N N

10 S Publica Anual

11 N N N

12 N N N

13 N N N

14 N N N

16 N N N

17 N N N

18 N N N

19 S Privada Mensal

20 N N N

21 N N N

22 N N N

23 N N N

24 N N N

26 N N N

27 N N N

28 N N N

29 N N N

30 S Privada Mensal

S:Sim; N:Não Fonte: Trabalho de campo. Organizado pelo autor

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9.14- Opinião do/as entrevistados nos respectivos estabelecimentos

QUESTÕES* CÓDIGO A B C

01 1 5 NS 02 4 4 NS 03 4 5 S 04 3 4 NS 05 4 5 S 06 3 5 S 07 3 5 S 08 5 5 S 09 3 4 S 10 2 4 NS 11 3 4 NS 12 4 4 S 13 4 4 NS 14 4 4 S 16 3 4 S 17 3 4 NS 18 3 4 S 19 3 4 S 20 4 4 S 21 3 4 NS 22 4 4 S 23 3 4 NS 24 4 4 NS 26 4 4 S 27 1 5 N 28 3 5 S 29 4 4 NS 30 4 4 NS

*A- Nível de satisfação com a atividade; B- Idéia da mini usina;

C- Disposição para inserção 1-Péssimo; 2- Ruim; 3- Razoável; 4- Bom; 5- ótimo

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9.15- Observações gerais do/as entrevistados

CÓDIGO OBSERVAÇÃO 01 A Nestlé exige do produtor e não valoriza no preço; o custo é alto; 02 - 03 - 04 A empresa quer re-adquirir os produtores que perdeu 05 - 06 Pela dificuldade auditiva do entrevistado, a entrevista teve dificuldades. 07 - 08 É uma renda mensal garantida; a intenção é aumentar a produção 09 a reposta K-3 incerta, pois o patrão não estava 10 a inserção depende do preço 11 muito trabalho para produzir e não tem valor; se for para melhorar, esta disposto. 12 Se for para melhorar, está disposto 13 A idéia da Micro Usina é boa, mas tem que "ver" o preço 14 - 16 Depende da posição dos outros ... "se os outros toparem, eu topo!" 17 como seria a questão da mão de obra envolvida? 18 - 19 O custo atual é alto e o preço é baixo; está disposto, desde que melhore o preço 20 - 21 Tem que ver como vai funcionar 22 Entrevista cedida por telefone móvel 23 - 24 Precisa conhecer melhor a forma de funcionamento 26 - 27 Precisaria conhecer melhor a proposta 28 Tem que ter cuidado para não desativar depois, como experiências passadas 29 - 30 Há projeto para ampliar p/ 5000 l/dia; precisa ter garantia da proposta do preço

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9.16- Produção de leite por grupos de área- Espírito Santo- 2006

Ate 100 ha 100 a 1000 ha 1000 ha acima MUNICÍPIO % Mil litros % Mil litros % Mil litros Afonso Cláudio - 88,01 3700 11,99 504 0,00 0 Águia Branca 74,88 3383 25,12 1135 0,00 0 Água Doce do Norte 76,53 4163 23,47 1277 0,00 0 Alegre 67,94 7852 32,06 3706 0,00 0 Afredo Chaves 94,15 2945 5,85 183 0,00 0 Alto Rio Novo 92,68 1392 7,32 110 0,00 0 Ancieta 62,81 1488 37,19 881 0,00 0 Apiacá 68,65 2490 31,35 1137 0,00 0 Aracru 66,58 2389 33,42 1199 0,00 0 Atilio Vivacqua 51,12 2721 48,88 2602 0,00 0 Baixo Guandu 56,82 3072 43,18 2335 0,00 0 Barra e São Francisco 75,76 9588 24,24 3068 0,00 0 Boa Esperança 86,78 1956 13,22 298 0,00 0 Bo Jesus do Norte 77,35 1045 22,65 306 0,00 0 Brejetuba 96,96 414 3,04 13 0,00 0 Cchoeiro de Itapemirim 58,25 7336 41,75 5258 0,00 0 Cariacica 73,01 668 26,99 247 0,00 0 Castelo 76,42 4852 23,58 1497 0,00 0 Colatina 54,58 3148 45,42 2620 0,00 0 Conceição da Barra 100,00 549 0,00 0 0,00 0 Conceição do Castelo 94,63 2398 5,37 136 0,00 0 Divino de São Lourenço 73,95 1601 26,05 564 0,00 0 Domingos Martins 90,85 655 9,15 66 0,00 0 Dores do Rio Preto 95,19 1147 4,81 58 0,00 0 Ecoporanga 48,45 12818 47,09 12459 4,46 1179 Fundão 61,50 1166 38,50 730 0,00 0 Governador Lindenberg 73,85 449 26,15 159 0,00 0 Guaçuí 66,40 5281 33,60 2672 0,00 0 Guarapari 61,70 2336 38,30 1450 0,00 0 Ibatiba 68,30 459 31,70 213 0,00 0 Ibiraçu 93,82 486 6,18 32 0,00 0 Ibitirama 74,64 2608 25,36 886 0,00 0 Iconha 100,00 1245 0,00 0 0,00 0 Irupi 95,71 535 4,29 24 0,00 0 Itaguaçu 62,94 3250 37,06 1914 0,00 0 Itapemirim 64,52 2740 35,48 1507 0,00 0 Itarana 74,05 742 25,95 260 0,00 0 Iúna 63,66 1412 36,34 806 0,00 0

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Jaguaré 81,17 418 18,83 97 0,00 0 Jerônimo Monteiro 47,60 1776 52,40 1955 0,00 0 João Neiva 69,24 1094 30,76 486 0,00 0 Laranja da Terra 82,44 2915 17,56 621 0,00 0 Linhares 24,15 2447 55,28 5600 20,57 2084 Mantenópolis 82,30 1948 17,70 419 0,00 0 Marataízes - - - - - - Marechal Floriano 100,00 39 0,00 0 0,00 0 Marilândia 77,76 416 22,24 119 0,00 0 Mimoso do Sul 38,17 6158 61,83 9975 0,00 0 Montanha 46,12 4585 53,88 5357 0,00 0 Mucurici 47,93 3019 52,07 3280 0,00 0 Muniz Freire 59,27 3698 40,73 2541 0,00 0 Muqui 59,90 1355 40,10 907 0,00 0 Nova Venécia 54,15 7192 45,85 6090 0,00 0 Pancas 75,06 1935 24,94 643 0,00 0 Pedro Canário 48,77 1623 51,23 1705 0,00 0 Pinheiros 53,86 2854 46,14 2445 0,00 0 Piúma 89,62 941 10,38 109 0,00 0 Ponto Belo 83,69 1498 16,31 292 0,00 0 Presidente Kennedy 48,15 4747 51,85 5112 0,00 0 Rio Bananal 91,32 873 8,68 83 0,00 0 Rio Novo do Sul 81,51 2605 18,49 591 0,00 0 Santa Leopoldina 44,41 532 55,59 666 0,00 0 Santa Maria de Jetibá 98,94 2059 1,06 22 0,00 0 Santa Teresa 72,01 795 27,99 309 0,00 0 São Domingos do Norte 62,55 1002 37,45 600 0,00 0 São Gabriel da Palha 50,14 1450 49,86 1442 0,00 0 São José do Calçado 82,70 4593 17,30 961 0,00 0 São Mateus 60,00 3152 30,59 1607 9,40 494 São Roque do Canaã 84,26 685 15,74 128 0,00 0 Serra 53,90 905 46,10 774 0,00 0 Sooretama 100,00 72 0,00 0 0,00 0 Vargem Alta 92,40 790 7,60 65 0,00 0 Venda Nova do Imigrante 86,35 487 13,65 77 0,00 0 Viana 46,60 906 53,40 1038 0,00 0 Vila Pavão 60,64 5799 39,36 3764 0,00 0 Vila Valério 67,76 826 32,24 393 0,00 0 Vila Velha 34,88 301 65,12 562 0,00 0 Vitória 0 0 0 0 0 0

Fonte: IBGE/SIDRA- Censo Agropecuário- 2006. Organizado pelo autor