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CAPACIDADE PARA O TRABALHO - UMA REVISÃO DE LITERATURA

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Capacidade para o trabalho: revisão de literatura

Work ability: a literature review

Resumo O objetivo deste trabalho é apresentaruma revisão de literatura sobre a capacidade parao trabalho de trabalho e envelhecimento funcio-nal. Foi realizada uma extensa busca de publica-ções do período de 1966 a 2006, usando as bases dedados MEDLINE, Lilacs e SciELO. São apresenta-dos vários aspectos relativos à capacidade para otrabalho: o contexto histórico no qual o tema emer-giu, o referencial teórico, os fatores determinantes,um modelo explicativo, a metodologia atual paraavaliar e monitorar a capacidade para o trabalhoe a importância de sua promoção. Também é des-tacada a situação atual da pesquisa, prática e pers-pectivas futuras relativas ao tema. No contexto doenvelhecimento da força de trabalho, a capacidadepara o trabalho tornou-se um indicador impor-tante em função de suas consequências para a saú-de, bem-estar e empregabilidade dos trabalhado-res, com impactos para os indivíduos, organiza-ções e sociedade. As questões sobre o tema, apesar

de relevantes, ainda carecem de maior atenção.Palavras-chave Capacidade para o trabalho, Ava-liação da capacidade para o trabalho, Envelheci-mento funcional, Índice de capacidade para o tra-balho, Saúde ocupacional, Ambiente de trabalho

Abstract The aim of this article is to present aliterature review on work ability and functionalageing. An extensive search of publications from1966 to 2006 was conducted using the databasesMEDLINE, LILACS and SciELO. Several aspectsof work ability are presented in this manuscript:the historical context when the theme emerged,the theoretical framework, the determinant fac-tors and an explanatory model, the current meth-odology to evaluate and monitor the work ability,the importance of its promotion. Highlights of thecurrent situation about the research, practice andfuture perspectives regarding the theme are alsodiscussed. In the context of the workforce aging,the work ability became an important indicatorbecause their consequences to the worker’s health,well-being and employability, with impacts to theindividuals, organizations and society. In spite oftheir relevance, there is a lack of attention to theissues about work ability and functional ageing.Key words Work ability, Work capacity evalua-tion, Functional aging, Work ability index, Occu-pational health, Working environment

Maria Carmen Martinez 1

Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre 2

Frida Marina Fischer 3

1 Núcleo de Epidemiologia,Hospital Samaritano de SãoPaulo. Av. ConselheiroBrotero 1.505/3º andar/Bloco 32, Higienópolis.01232-010 São Paulo [email protected] Departamento deEpidemiologia, Faculdadede Saúde Pública,Universidade de São Paulo.3 Departamento de SaúdeAmbiental, Faculdade deSaúde Pública,Universidade de São Paulo.

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Introdução

Com o envelhecimento da população trabalha-dora, questões referentes à idade de aposentado-ria, capacidade para o trabalho e saúde do traba-lhador em fase de envelhecimento passam a serobjeto de estudo na área de saúde do trabalha-dor em um contexto de globalização e de rees-truturação produtiva1-3.

Este artigo tem por objetivo apresentar umarevisão sobre os principais aspectos relativos àcapacidade para o trabalho. Foi realizado levan-tamento bibliográfico nas bases de dados ME-DLINE, Lilacs e SciELO, referente ao período de1966 a 2006, utilizando os descritores, palavras eassuntos “capacidade para o trabalho”, “avalia-ção da capacidade para o trabalho”, Tambémforam feitas buscas de relatórios técnicos, even-tos, monografias e outros tipos de publicações apartir das referências bibliográficas dos traba-lhos já selecionados e de buscas na internet. Osdocumentos incluídos nesta revisão foram sele-cionados considerando a pertinência ao tema e aqualidade dos estudos a partir do referencial teó-rico e metodologia adotados.

Histórico

Na Finlândia, o envelhecimento da populaçãotrabalhadora levou o Finnish Institute of Occu-pational Health (FIOH – Instituto Finlandês deSaúde Ocupacional) a desenvolver os estudos querepresentaram o primeiro marco teórico impor-tante neste campo de conhecimento2-4. Estes es-tudos, realizados a partir dos anos oitenta, per-mitiram consolidar a base teórica sobre os prin-cipais determinantes, consequências e medidasde intervenção e embasar uma política governa-mental de atenção à manutenção da capacidadepara o trabalho2-6.

Também foi formulado o conceito de capaci-dade para o trabalho, enfatizando que ela é umacondição resultante da combinação entre recur-sos humanos em relação às demandas físicas,mentais e sociais do trabalho, gerenciamento,cultura organizacional, comunidade e ambientede trabalho4. O conceito é expresso como “quãobem está, ou estará, um(a) trabalhador(a) pre-sentemente ou num futuro próximo, e quão ca-paz ele ou ela pode executar seu trabalho em fun-ção das exigências, de seu estado de saúde e capa-cidades físicas e mentais”7.

Nos anos noventa, a Organização Mundialda Saúde (OMS) elaborou um relatório sobre o

tema8 e, em 2000, incluiu a questão da promoçãoda capacidade para o trabalho como um dosobjetivos da promoção da saúde no local de tra-balho9. Desde então, pesquisadores em diversospaíses vêm desenvolvendo estudos sobre o tema10.

No Brasil, o processo de transição demográ-fica condicionou o envelhecimento da força detrabalho, com reflexos na composição da popu-lação economicamente ativa e na razão de de-pendência da população11. Nesse panorama, apartir do final da década de noventa, surgem osprimeiros estudos sobre o tema no Brasil.

Referencial teórico

Para esta revisão, foi utilizado o referencial teóri-co desenvolvido na Finlândia. Os estudos doFIOH tomaram como base o modelo estresse-desgaste de Rutenfranz e Colquhoun, no qual odesgaste que o trabalhador vivencia depende deestressores decorrentes das cargas física e mentaldo trabalho, do ambiente e das ferramentas dotrabalho e de características e recursos do traba-lhador3,12-14. O desgaste pode desencadear respos-tas fisiológicas, psicológicas e comportamentais,com possibilidade de diminuição da capacidadepara o trabalho e desencadeamento de doenças3,6.

Os onze anos de seguimento dos estudos doFIOH produziram significativo conhecimentosobre envelhecimento funcional e capacidade parao trabalho. Entre estes resultados, cabe ressaltarque o declínio do nível de capacidade para o tra-balho repercutiu em doenças e sintomas, apo-sentadoria ou afastamento por incapacidade emorte precoce6. Os principais fatores identifica-dos como agentes de modificações na capacida-de para o trabalho do trabalhador em fase deenvelhecimento foram o envelhecimento bioló-gico, a saúde, o trabalho e os estilos de vida2.

Com base nestes estudos, foi estruturado ummodelo para a manutenção da capacidade parao trabalho, integrando quatro diferentes áreasde ação: melhorias das condições de trabalho,melhorias na organização e no ambiente psicos-social do trabalho, promoção da saúde e dos re-cursos individuais e desenvolvimento de compe-tência profissional15,16.

A validade deste modelo foi testada com basenos dados de um seguimento de 1992 a 1997 de1.101 trabalhadores finlandeses, junto aos quaisforam desenvolvidas ações para a manutençãoda capacidade para o trabalho15. Os resultadosderam suporte consistente ao modelo, com asquatro áreas de ação apresentando associação

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estatisticamente significativa com a capacidadepara o trabalho. Além disso, a capacidade para otrabalho esteve positivamente associada à quali-dade e produtividade no trabalho15. Outro segui-mento, de 1.389 trabalhadores finlandeses, entre1997 e 2000, mostrou que uma boa qualidade dacapacidade para o trabalho esteve associada aobem-estar mental, à menor exaustão emocionaldos trabalhadores e a um elevado desempenho ecapacidade competitiva das empresas14.

Determinantes da capacidadepara o trabalho

Aspectos sociodemográficos

A partir dos 45 anos, com o aparecimento e/ou agravamento de diversos tipos de doenças, acapacidade funcional física e mental pode come-çar a deteriorar, influenciada pela diminuição dacapacidade cardiorrespiratória e musculoesque-lética em função da idade2,4,6,8,13,17.

A capacidade mental pode ser afetada peloenvelhecimento, com diminuição do desempe-nho da memória, da capacidade de percepção eda velocidade de processamento de informa-ções5,13. Estas mudanças não são sistemáticas,podendo ser compensadas pelo aumento doconhecimento, da experiência, da habilidade paratrabalhar de forma independente e do maior vín-culo ao emprego que trabalhadores com maisidade tendem a apresentar13.

Estudos evidenciaram que o sexo femininotem maior risco para perda da capacidade parao trabalho, situação que é influenciada pelas pio-res condições de trabalho e salariais que apre-sentam em relação aos homens e, ainda, peladupla jornada de trabalho15,18.

As condições socioeconômicas são tidas comoimportantes na determinação da saúde e da ca-pacidade para o trabalho, porém os padrões deassociação são complexos, influenciados por fa-tores relacionados ao trabalho, às condições devida e aos hábitos de saúde19,20.

Estilos de vida

O tabagismo é inversamente associado à ca-pacidade para o trabalho e à capacidade física,por sua ação como fator de risco para doençascardiovasculares e pulmonares8,20.

O consumo abusivo de álcool pode exercerefeitos deletérios sobre a capacidade para o tra-balho por meio do comprometimento da saúde

física e mental, queda da produtividade, aumen-to do absenteísmo e aumento do risco para aci-dentes de trabalho8,21.

A prática de atividade física é um preditor deboa capacidade para o trabalho e os benefícios sedão por meio do aumento do consumo energé-tico, redução da gordura corporal, manutençãoda capacidade aeróbia, da resistência e da forçamuscular, melhoria na percepção do estado desaúde e da autoestima e redução das reaçõesemocionais ao estresse8,13,20,22.

A obesidade é tida como fator de risco paraperda da capacidade para o trabalho, com o ex-cesso de peso exercendo impacto negativo porafetar a capacidade cardiorrespiratória e muscu-loesquelética e favorecendo o aumento da mor-bidade por doenças crônicas8,22.

Saúde

A saúde é tida como o fator que exerce omaior impacto sobre a capacidade para o traba-lho e seu papel está consistentemente demons-trado, em especial no que diz respeito à capaci-dade funcional e à presença de doenças15-17,23-25.

A capacidade cardiorrespiratória e o funcio-namento musculoesquelético são os aspectos quemaior impacto exercem sobre a capacidade fun-cional e esta é considerada como a base para acapacidade para o trabalho, dado seu papel sig-nificativo sobre o desgaste do trabalhador, poisse relaciona ao desempenho das demandas dotrabalho3,25.

A presença de sintomas e de doenças e a au-topercepção do estado de saúde também se cor-relacionam com a capacidade para o trabalho26.O estado de saúde (sintomas psicofísicos e capa-cidade funcional) é apontado como a base paraum modelo construtivo de capacidade para o tra-balho, responsável pelas mais significativas co-nexões deste processo24.

A saúde mental é menos correlacionada coma capacidade para o trabalho do que a saúde físi-ca e é tida como mais relevante em trabalho comelevadas demandas mentais2,25.

Educação e competência

A capacidade para o trabalho pode ser pro-movida pelo aumento da competência, entendi-da como as habilidades e conhecimentos que otrabalhador dispõe para executar seu trabalho,em especial em atividades que demandam maio-res habilidades psicológicas e cognitivas6. O há-bito de estudar, a possibilidade de desenvolvi-

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mento e de influenciar o trabalho são positiva-mente associados à capacidade para o trabalho15.

Trabalho

Trabalhadores com conteúdo do trabalhopredominantemente físico podem apresentar pi-ores condições da capacidade para o trabalho doque aqueles com conteúdo predominantementemental, como resultado de desgaste e compro-metimento da saúde decorrentes das exigênciasfísicas do trabalho13,23.

Entre as condições que podem configurarcargas físicas inadequadas estão trabalho mus-cular estático, uso de força muscular, levanta-mento e transporte de peso, esforço intenso re-pentino, movimentos repetitivos, posturas ina-dequadas, risco de acidentes, calor, frio, ruído,sujeira e umidade, equipamentos e ferramentasde trabalho inadequados5,15,20,27.

O estresse decorrente da organização e doambiente psicossocial do trabalho tem efeitosimportantes sobre a capacidade para o traba-lho13,17,24. Entre os fatores que podem configurarcargas mentais inadequadas para o trabalhadorestão conflito de papéis, conflito com chefias,pressão de tempo, volume de trabalho, restriçãono uso de habilidades e conhecimentos, limita-ção no controle sobre o próprio trabalho, nívelde responsabilidade, limitação no desenvolvimen-to profissional, falta de reconhecimento e de va-lorização, jornada e turnos de trabalho e conteú-do do trabalho15,19,20,24,28.

O tempo no emprego ou na profissão estárelacionado à capacidade para o trabalho, umavez que, quanto maior o tempo que o trabalha-dor está exposto às exigências do trabalho, mai-or poderá ser o envelhecimento funcional13. Alémdisso, o tempo de trabalho também pode estarcorrelacionado ao envelhecimento cronológico.

Importância da promoçãoda capacidade para o trabalho

Manutenção da capacidade para o trabalho é oconceito finlandês de promoção da saúde no tra-balho29 e tem como objetivos melhorar as condi-ções, o ambiente e a organização do trabalho,promover a saúde e a competência profissionaldos trabalhadores16,30. Ela tem resultados positi-vos para os trabalhadores, as empresas e a socie-dade, dado que o aumento da produtividade de-corrente da melhoria da capacidade para o traba-lho gera aumento na eficiência no trabalho e no

tempo efetivamente trabalhado, redução do ab-senteísmo e redução do excedente de pessoal31.Em consequência, ocorre diminuição do preçounitário do tempo efetivamente trabalhado, comaumento da rentabilidade e da competitividadeda empresa, resultando em aumento da taxa deemprego e redução dos gastos com assistência àsaúde, das mortes prematuras, das pensões porincapacidade e das aposentadorias precoces31.

O custo das ações de promoção da capacida-de para o trabalho como forma de prevenir doen-ças e acidentes é menor quando comparado aocusto dos tratamentos31. Para Liira et al.29, osefeitos no nível macroeconômico são difíceis dequantificar, com as organizações investindo nes-te tipo de atividades em função da percepção debenefícios organizacionais e econômicos futuros.

Nielsen32, avaliando dados de 5.575 trabalha-dores de uma coorte dinamarquesa, identificouque os trabalhadores com comprometimento dacapacidade para o trabalho apresentaram 1,4vezes a chance de ter uma percepção negativaquanto a sua empregabilidade futura quandocomparados com aqueles com a capacidade parao trabalho preservada.

Ilmarinen17, citando Ahonen, relata que em-presas de pequeno e médio porte que implemen-taram programas de manutenção da capacidadepara o trabalho obtiveram produtividade totalcerca de 3% maior do que empresas nas quaisnão ocorreram estes programas.

Avaliações das atividades do Finnish Natio-nal Programme for Ageing Workers (ProgramaNacional Finlandês para Trabalhadores em En-velhecimento) identificaram que as ações reali-zadas no período de 1998 a 2001 resultaram emmelhorias no ambiente e na organização do tra-balho, na competência profissional e no apoio àsaúde e recursos pessoais dos trabalhadores30.Cerca de 90% dos trabalhadores tiveram acessoàs ações de intervenção e estas foram considera-das lucrativas para cerca de 85% das organiza-ções, com taxa de custo-benefício satisfatória paracerca de 90% das organizações30.

A capacidade para o trabalho tem valor pre-ditivo para invalidez, aposentadoria e mortali-dade27. Nos estudos do FIOH, entre os trabalha-dores que apresentaram baixa capacidade parao trabalho em 1981, 62,2% estavam afastadosrecebendo pensão por invalidez e 11,6% tinhammorrido ao final dos onze anos de seguimento,sendo estes percentuais mais elevados do que entreos trabalhadores que apresentaram uma melhorqualidade da capacidade para o trabalho no iní-cio do seguimento27.

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Para Liira et al.30, o principal desafio para asações de manutenção da capacidade para o tra-balho está em dar suporte a trabalhadores e or-ganizações para o controle da carga de trabalhoe do estresse, na manutenção da eficiência e dacompetitividade e em encorajar empresas a serinovadoras e flexíveis e a manter seus trabalha-dores motivados e produtivos.

Mensuração e monitoramentoda capacidade para o trabalho

A mensuração da capacidade para o trabalhopode ser realizada por meio do índice de capaci-dade para o trabalho (ICT), instrumento estru-turado com base nos estudos do FIOH, que pos-sibilita avaliar e detectar precocemente alterações,predizer a incidência de incapacidade de traba-lhadores em fase de envelhecimento e ser usadocomo instrumento para subsidiar informações,direcionando medidas preventivas33.

O ICT considera a percepção do próprio tra-balhador e permite avaliar a capacidade para otrabalho a partir de sete dimensões: (a) capaci-dade para o trabalho atual e comparada com amelhor de toda a vida, (b) capacidade para otrabalho em relação às exigências do trabalho,(c) número atual de doenças autorreferidas e di-agnosticadas por médico, (d) perda estimadapara o trabalho devido a doenças, (e) falta aotrabalho por doenças, (f) prognóstico própriosobre a capacidade para o trabalho e (g) recur-sos mentais33.

Os itens que compõem o ICT recebem pon-tuações e, ao final, fornecem um escore que variade sete a 49 pontos. Esse escore foi categorizadocom base nos resultados dos trabalhadores fin-landeses com idade entre 45 a 58 anos, utilizandoos seguintes critérios: os 15% dos trabalhadorescom a pior classificação formaram a categoria“baixa”, os 15% dos trabalhadores com a melhorclassificação formaram a categoria “ótima”, asclassificações “moderada” e “boa”, foram dividi-das pela mediana do escore33,34.

O ICT demonstrou apresentar propriedadespsicométricas satisfatórias. A consistência inter-na do questionário foi demonstrada por meiodo teste-reteste35 e a validade interna foi demons-trada pela correlação entre os resultados subjeti-vos do ICT e avaliações clínicas do estado de saú-de e da capacidade funcional26.

Em estudo junto a cerca de 38.000 enfermei-ras de dez países europeus, o ICT apresentouconsistência interna coerente, estabilidade entre

países com padrões semelhantes de confiabilida-de e de estrutura fatorial, e correlações com di-versas situações de bem-estar físico e mental, si-nalizando que o uso do ICT pode ser generaliza-do, independente da cultura36.

Kujala et al.34 salientam que a categorizaçãodo ICT com base em resultados de trabalhadoresem fase de envelhecimento pode não ser válidapara trabalhadores jovens, pois os valores de re-ferência vigentes poderiam apresentar um perfilde capacidade para o trabalho com resultadossuperestimados entre os jovens. Baseados na ava-liação de 3.725 trabalhadores finlandeses na faixaetária dos trinta anos, os autores apresentaramuma proposta de categorização para avaliação dejovens, ressaltando, entretanto, a necessidade deestudos de seguimento para avaliar o valor predi-tivo do ICT para estes trabalhadores.

O ICT foi traduzido para o português e tes-tado por pesquisadores da Faculdade de SaúdePública da Universidade de São Paulo e profissio-nais de outras universidades e instituições doBrasil7. Foram feitas algumas alterações no textodo instrumento, visando garantir o entendimen-to das questões, e foi definido que o questionáriopoderia ser autoaplicável desde que a escolarida-de mínima fosse a quarta série do ensino funda-mental7. A versão em português e as instruçõespara cálculo do escore são encontradas em Tuo-mi et al.33. Uma limitação para uso do ICT noBrasil é que, apesar de traduzido e testado e deser utilizado em pesquisas no país desde 1999,ainda não existem estudos que demonstrem aspropriedades psicométricas da versão adaptadapara uso em língua portuguesa.

Como os trabalhadores brasileiros estão ex-postos a condições de trabalho e de vida diferen-tes daquelas existentes na Finlândia, possivelmen-te estão sujeitos a um envelhecimento funcionalmais precoce e, por isso, os pontos de corte ori-ginais podem não ser válidos para trabalhado-res brasileiros. Assim, é aconselhável que os re-sultados do ICT sejam utilizados na forma deescore até que haja possibilidade de implementa-ção de um estudo para validação dos pontos decorte para nossa realidade nacional.

Os resultados do ICT podem ser utilizadosnos níveis individual e coletivo. Individual porque permite identificar trabalhadores com com-prometimento da capacidade funcional e adotarmedidas de apoio. Coletivo por que permite aidentificação de um perfil geral da capacidadepara o trabalho, da capacidade funcional e dosfatores que os afetam, direcionando adoção demedidas corretivas33. Além disso, o ICT oferece

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as facilidades de ser um instrumento de preen-chimento rápido e simples, com baixo custo7.

Situação atual

O envelhecimento da força de trabalho fez comque as questões relativas ao envelhecimento funci-onal se tornassem prioridade no campo da saúde esegurança no trabalho e, neste contexto, a capaci-dade para o trabalho tornou-se um indicador im-portante por abarcar aspectos relativos à saúdefísica, bem-estar psicossocial, competência indivi-dual, condições e organização do trabalho2,4,16.

Costa et al.1 atestam o crescente interesse eimportância desta questão pelas suas implicaçõesindividuais, sociais e econômicas. Esse interessefoi acompanhado pelo aumento na produção dosestudos, em que muitos autores utilizam o ICTcomo principal instrumento de suas avaliações1,33.

O interesse no tema repercute na organiza-ção de eventos e estudos de grande relevânciamundial, como o 1º Simpósio Internacional so-bre Capacidade para o Trabalho em 200237, o 2ºSimpósio em 20041 e um estudo multicêntricoenvolvendo dez países da União Européia queinvestiga causas e consequências da evasão pre-matura de profissionais de enfermagem do mer-cado de trabalho, em um seguimento de 39.898participantes no período de 2002 a 200536.

Dellve et al.38 apontam que os estudos sobre otema devem ampliar sua abordagem, contemplan-do questões relativas à estrutura socioeconômi-ca, tais como inserção no mercado de trabalho,recursos econômicos e acesso a serviços de reabili-tação, dada a necessidade de implementar teoriase conceitos sobre fatores contextuais que exercemimpactos sobre a capacidade para o trabalho.

Fischer et al.39, avaliando profissionais de en-fermagem no Estado de São Paulo, identifica-ram que condições de trabalho e más condiçõesde vida contribuíram para uma capacidade parao trabalho inadequada, evidenciando a impor-tância de contextualizar os estudos não só noâmbito do trabalho, mas também das condiçõesde vida.

Ilmarinen16 propõe um modelo hierárquico dedeterminação da capacidade para o trabalho, sen-do que a base que sustenta esse processo está nasaúde e na capacidade funcional, seguidas pela com-petência profissional para fazer frente às deman-das do trabalho. Os valores, atitudes e motivaçãoinfluenciariam no equilíbrio entre os recursos pes-soais e o trabalho. Por fim, em outro nível, estari-am as condições e a organização do trabalho.

Na Europa, um esforço conjunto de catorzeinstituições de pesquisa em dez países investigouas causas, circunstâncias e consequências relacio-nadas ao abandono prematuro da profissão deenfermagem, coletando dados transversais juntoa 56.400 participantes e dados longitudinais juntoa 18.800 profissionais de 623 instituições de saú-de40. Entre os diversos resultados obtidos, desta-cam-se os de uma análise dos dados de 22.355enfermeiras da área hospitalar. Observou-se que,à medida que aumentava o comprometimentoda capacidade para o trabalho, intensificava-se aintenção de abandono da profissão, e este padrãose repetiu em todas as faixas etárias de todos ospaíses40. Apesar das variações entre países, houveuma clara relação entre condições de trabalho ecapacidade para o trabalho, com cerca de 20,0%da variância do escore do ICT sendo explicadapelas condições e organização do trabalho, comdestaque para as possibilidades de desenvolvi-mento, a incerteza relativa ao tratamento institu-cional e conflitos trabalho-lar40.

Estas propostas ampliam e aprofundam oescopo dos estudos sobre os determinantes e osfatores associados à capacidade para o trabalhoe ilustram a preocupação com a produção deestudos de qualidade sobre o tema.

No Brasil, os estudos sobre o tema iniciaramno final da década de noventa e, desde então,diversos estudos vêm sendo realizados, porémde forma pontual e em populações específicas,como trabalhadores do setor saúde39,41-44, de li-nhas de produção18,45, eletricitários46, bombei-ros47, pessoal administrativo48,49 e servidores fo-renses50. São estudos transversais, avaliando as-pectos como perfil da capacidade para o traba-lho e fatores associados. A prevalência de com-prometimento da capacidade para o trabalhovaria de 5,7% a 46,4%, de acordo com a metodo-logia utilizada e a população estudada41,43,46,49, ea heterogeneidade na apresentação dos resulta-dos, em termos do parâmetros populacionaisenfocados, categorização das faixa etárias e dis-criminação por sexo, impede uma padronizaçãodas populações para comparação de resultados.Quanto aos fatores associados, vêm sendo apon-tados aspectos individuais (como sexo, idade,estado civil, escolaridade)18,39,42,50, relativos aosestilos de vida (como obesidade, sedentarismo,sono e repouso, trabalho e responsabilidadesdomésticos)18,39,42 e às condições e organizaçãodo trabalho (como satisfação no trabalho, tem-po no serviço, cargo, turno, ritmo, autonomia,controle)18,39,45,48. A capacidade para o trabalhotambém foi identificada como relacionada a in-

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dicadores de capacidade física, estado de saúde equalidade de vida44,47,48. Apesar da relevância, asquestões relativas à capacidade para o trabalhoainda merecem maior atenção, incluindo a reali-zação de estudos com desenho longitudinal e deintervenção para avaliar as variações que se dãoentre os trabalhadores brasileiros e os resulta-dos de ações preventivas e corretivas.

Apesar da utilidade e facilidade operacionaldo ICT, as autoras deste artigo desconhecemempresas ou serviços de atenção ao trabalhadorno Brasil nas quais este instrumento esteja sendoutilizado, levando a considerar a possibilidadede restrições organizacionais e de falta de conhe-cimento dos profissionais quanto à existência efinalidade do instrumento.

Conclusões e recomendações

Com base nas informações apresentadas, a se-guir estão sintetizadas as principais questões abor-dadas, juntamente com propostas de atuação.

O envelhecimento da força de trabalho fez comque as questões relativas ao envelhecimento fun-cional se tornassem prioridade no campo da saú-de e segurança no trabalho e, neste contexto, acapacidade para o trabalho tornou-se um indica-dor importante por abarcar aspectos relativos àsaúde física, bem-estar psicossocial, competênciaindividual e condições e organização do trabalho.

O histórico e a tradição finlandeses no estu-do, no desenvolvimento de ações e na definiçãode políticas públicas voltadas à promoção dasaúde do trabalhador possibilitaram consolidarum corpo de conhecimento e direcionar inter-venções relativas à capacidade para o trabalhocom foco centrado eminentemente em aspectospreventivos.

O modelo finlandês proposto para a manu-tenção da capacidade para o trabalho mostrou

ser válido e foi construído com base na integra-ção de quatro diferentes áreas de ação: melhori-as das condições de trabalho, melhorias na or-ganização e no ambiente psicossocial do traba-lho, promoção da saúde e dos recursos indivi-duais e desenvolvimento de competência profis-sional.

A manutenção da capacidade para o traba-lho tem consequências positivas na determina-ção da saúde, bem-estar e empregabilidade dostrabalhadores, com benefícios para as organiza-ções e para sociedade em função de seus impac-tos sobre a produtividade, absenteísmo e sobreos custos sociais decorrentes das pensões porincapacidade e da assistência às doenças.

O ICT é um instrumento de preenchimentorápido e simples, com baixo custo, e que permiteser utilizado no nível individual e coletivo, identi-ficando precocemente alterações e subsidiandoinformações para direcionamento de medidaspreventivas.

As questões sobre capacidade para o traba-lho no Brasil, apesar de relevantes no atual con-texto de transição demográfica e de modificaçãono mundo do trabalho, ainda carecem de maioratenção. Há necessidade de implementar pesqui-sas sobre o tema no Brasil, incluindo: (a) estu-dos com desenho longitudinal para avaliar vari-ações, determinantes e consequências da capaci-dade para o trabalho, bem como para avaliar oresultado de medidas de intervenção, (b) estu-dos para avaliação das propriedades psicomé-tricas da versão brasileira do ICT e (c) estudospara validação dos pontos de corte para catego-rização do escore do ICT.

Há necessidade de disseminação do conheci-mento junto aos diversos atores (trabalhadores,profissionais de saúde e segurança no trabalho,gestores e empregadores) envolvidos com a pro-blemática, de forma que a temática seja incorpo-rada à realidade concreta do mundo do trabalho.

Colaboradores

MC Martinez, MRDO Latorre e FM Fischer par-ticiparam igualmente de todas as etapas da ela-boração do artigo.

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