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7/29/2019 Capital e Burocracia_ Do Novo Sindicalismo Ao Poder
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1. Ttulo: Capital e burocracia: do "novo sindicalismo" ao poder.2. Processo de trabalho e classes sociais.3. Apresentao e objetivos
Pretendemos estudar a grande transformao poltica vista no Partido dos Trabalhadores
(PT), desde a emergncia do "novo sindicalismo" at seu projeto de poder efetivado em seu
primeiro governo (2003-2007). No recorreremos a um recorte histrico rgido, nem
pretendemos esgotar mais de 25 anos da histria do PT, mas sim apreender o devir
supracitado (a partir de algumas referncias marcantes ao seu passado e da realidade do PT
frente do governo federal). Assim, ser mais esclarecedor observar como ocorrem as relaes
entre os setores organizados do trabalho e sua totalidade com as estruturas do capital, sem
esquecerque esta relao se d por todo o mundo, como modo de produo d'o capital.
Este projeto se alinha s "bandeiras histricas" dos trabalhadores, com seus objetivos
estratgicos de emancipao. fundamental investigar a relao entre os trabalhadores e os
setores que se descolam de suas propostas radicais, pois no h dvida da importncia dos
elementos ideopolticos na construo da histria e na interveno do Servio Social, como
apontaremos adiante. Nosso interesse pelo tema advm tanto da formao em Cincias
Sociais como da atuao poltica, em meio qual pudemos observar de perto as tendncias e
contratendncias do movimento dos trabalhadores.
Realizamos, antes deste projeto, uma pesquisa prvia, e percebemos, deste confronto
entre capital e trabalho na totalidade do tempo-espao, a tendncia do movimento dos
trabalhadores em burocratizar-se. Postulamos que a nica contratendncia possvel a esta
seria a unidade de teoria e ao radical, que se fez problemtica devido aos acontecimentos
dos sculos XIX e XX. Assim, nosso estudo tambm trata das questes que envolvem o
extremo antagnico direo hegemnica do movimento popular, o campo burocrtico, que
explicaremos adiante. Se a nica contratendncia burocratizao o movimento, radical e
consequente, dos trabalhadores, precisamos verificar a sua eficcia em evitar aburocratizao.
Tentamos oferecer uma anlise crtica realista do fenmeno, pois este produz uma srie
de equvocos na estratgia radical do trabalho, que faz com que tanto a personificao de
capital como a personificao do trabalho deitem "razes no processo de [auto]alienao"
(MARX, 1978, p.21). E algo fundamental aqui: ele ocorre numa era na qual a crise estrutural
do capital j pode ser constatada. Com a ofensiva global do capital, que redunda na queda da
URSS, com a reestruturao produtiva (determinada tambm pela crise estrutural) e sua
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expresso poltica o neoliberalismo , vemos o sujeito e processo, e tambm o movimento
poltico-sindical do trabalho entrar em colapso.
Todavia, sob a superfcie desta desintegrao do trabalho, h um movimento decisivo e
vitalizador deste projeto societrio: produes tericas que buscam estar altura dos desafios.
Esta nova produo do materialismo bastante heterognea, mas enfatizaremos aqui a
contribuio de Istvn Mszros para nossa anlise.
Mszros realiza uma produo bem diferente dos autores mais conhecidos. Por um lado,
tenta superar o que chamaramos de limites histricos do leninismo com uma rica leitura dos
escritos de Luxemburgo; por outro, ainda relacionado a estes limites, tenta cotejar o real
(includas aqui as posies revolucionrias e burocratizantes do trabalho) com os termos de
referncia do prprio legado de Marx, pois parte do princpio de que a sua teoria tem como fio
condutor o conceito de alienao.
4. ProblematizaoBoa parte do debate sobre burocracia gira em torno de consideraes ideopolticas, s
quais no negamos importncia; todavia, so muito presas ao plano superestrutural, ou
subestimam as determinaes do trabalho alienado. Isto constitui grave equvoco, pois, se as
determinaes da prxis so ontologicamente fundamentais (sem abrir mo do monismo de
Marx, que sempre considera a superestrutura numa totalidade com a base), e sendo a
alienao um fenmeno fundamentalmente prtico (autoalienao), devemos partir da.1
Tanto assim que, embora a autoalienao no seja homognea, Mszros diz que a ideologia
se limita a pregar aos convertidos.
Sob a perspectiva da autoalienao h uma densa e complexa ontologia. Esta considera o
ser como automediador que, neste ato de autoconfirmao, lana mo de mediaes
histricas, nas quais podemos perceber a continuidade do intercmbio entre homem e
natureza. Da resulta a distino entre mediaes de segunda ordem e de primeira ordem.2
Uma rpida observao deste metabolismo concluir, com facilidade, que as mediaes de
segunda ordem formam um ciclo vicioso, pois uma pressupe as outras e as ativa em seu
movimento conjunto. Marx critica sobretudo o movimento tautolgico e desumano do valor,
sem duvidar de que sua gnese a autoalienao; apenas a atividade consciente pode pr fim
ao capitalismo e ao capital, enquanto relao social. "Essa concluso alcanada com base no
fato de que o trabalhador no poderia se defrontar com o produto de sua prpria atividade
1 "Essa supresso real da propriedade privada s pode ocorrer no plano econmico, j que todas as outras
alienaes puramente ideais, religiosas, ou filosficas, 'se produzem apenas no domnio da conscincia, nointerior do homem, enquanto a alienao econmica alienao da vida real.'" (LUKCS, 2009, p.194).2Respectivamente: propriedade privada, diviso do trabalho, troca; sociedade, indstria, natureza.
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como um estranho se ele no se estivesse alienando de si mesmo no prprio ato da produo.
A atividade no pode ser uma atividade inalienada, se o seu produto a alienao; pois o
produto nada mais do que resultado da atividade, da produo" (MSZROS, 2006a,
p.136). Isto se relaciona de forma direta ao fenmeno da burocratizao, pois a personificao
no pode ser mais importante que a relao socialmente necessria.
O que seria a confirmao de seus prprios poderes o trabalho aparece, para o
trabalhador, como exterior, coercitivo, apenas meio: tanto a atividade como seu produto se
desenvolvem como fenmenos estranhos e hostis. Por meio destas mediaes de segunda
ordem temos uma relao social na qual o produto (autovalorizao) o fim em si mesmo da
atividade, e a produo jogada num caos que nem a classe dominante controla. Em meio a
estas contradies, de uma existncia que o trabalhador no controla, formulamos a hiptese
de que a burocracia aparece como um papel social necessrio produo. Logo, est
profundamente implicada com as mediaes de segunda ordem.
Mas este ser automediador tambm objetivo, e tem no s objetos de seu carecimento
fora de si, como tambm outros seres como objeto; alm disso, , ele mesmo, objeto para
terceiros e tambm para os seus objetos de carecimento: um ser social e histrico por
excelncia. a que constatamos as determinaes recprocas e simultneas destes objetos.
V-se, ento, que a superao do problema no est circunscrita a um programapoltico, pois
as mediaes de segunda ordem mutilam estas relaes ontolgicas essenciais do ser objetivo
automediador. Nem se supera o problema emriquecendo o sujeito fsico,3 ou criando uma
sociedade nos moldes da URSS na qual o trabalhador visa contribuir para a riqueza pblica
, pois ingnuo contrapor o produtor de mercadorias ao consumidor de mercadorias, j que a
completa emancipao dos sentidos e qualidades humanos s pode ocorrer na atividade
prtica: "A verdadeira meta a 'riqueza interior', que no um tipo de contemplao abstrata,
mas a autoconfirmao na plenitude da atividade vital de cada um. Isto significa que toda a
estrutura da atividade vital que precisa ser transformada desde o trabalho cotidiano at umaparticipao real nos mais altos nveis de elaborao de polticas (...), porque esse aumento
[alienado] de poder equivale ao crescimento do 'imprio do ser estranho ao qual o homem
est submetido'." (MSZROS, 2006a, p.163-64; Grifo nosso).
3 Jamais o trabalhador poder ser um sujeito, sob o capital, porque no pode existir um sujeito propriamentehumano sem objeto. Basta lembrar que a essncia, explicitada acima, no encontrada dentro do sujeito, massim fora dele, em suas relaes objetivadas. Na verdade, esse sujeito sem objeto [trabalhador], portanto, na
medida em que um ser natural com necessidades reais, s pode ser um sujeito fsico: O auge desta servido que somente como trabalhador ele pode se manter como sujeito fsico e apenas como sujeito fsico ele trabalhador (MSZROS, 2006a, p.162).
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Embora discutamos todas as mediaes de segunda ordem, devemos atentar para a
diviso do trabalho: "diviso do trabalho e propriedade privada so expresses idnticas
numa dito com relao prpria atividade aquilo que, noutra, dito com relao ao produto
da atividade" (MARX, 2007, p.37). E estas no so preocupaes restritas a um Estado
operrio, so colocadas todos os dias frente ao trabalho.4 No surpreende que a diviso do
trabalho, em seus aspectos vertical e horizontal (cuja raiz a oposio entre trabalho
intelectual e manual), trataram de continuar a reproduzir alienao e estranhamento e a
alimentar a burocracia. Se se quer emancipar a essncia omnilateral, no se pode manter
aspecto vertical da diviso do trabalho, que reduz o trabalho atividade mecnica e "falta
inerente de significado em toda atividade que se acomoda aos estreitos limites da produo
de mercadorias" (MSZROS, 2006a, p.192, Grifo nosso) ou da extrao politicamente
mediada de trabalho excedente.
Entretanto, no confundiramos meios e fins quando propomos o trabalho enquanto
autoatividade como meio para romper este ciclo vicioso? Acreditamos que no, pois tal
concepo mecanicista entre meios e fins, sujeito e objeto, causa e efeito no seria um
princpio condizente com o materialismo histrico-dialtico. A burocracia e as correntes que
carregam elementos burocratizantes caracterizam-se por escolher meios que no podem
conduzir emancipao do trabalho, ou superao positiva do capital e sua anttese. "O
homem [o ser objetivo] s no se perde em seu objeto se este lhe vem a ser como objeto
humano" (MARX, 2004, p.145). O projeto socialista prope uma estrutura social que
transforme a tendncia crescente alienao em decrescente. Marx dizia que se transcende a
alienao quando os indivduos se reproduzem como indivduos sociais.5 Parte do
reproduzido deve estar comopremissa da produo, e no se pode esperar que toda esta tarefa
seja respondida apenas pelo resultado da produo.
No podemos limitar as mudanas s relaes de propriedade, pois h tambm as
relaes de produo. Marx dizia, quanto superao da alienao, que no se deve fixar asociedade de maneira ideal. No podemos tambm achar que organizaes da superestrutura
apontaro, sozinhas, o caminho correto (o partido pode no mximo ser um bom "guarda-
4 notrio que, nas sociedades ps-capitalistas, esta mediao (diviso do trabalho) permaneceu. Isto fundamental para se contrapr burocratizao, pois um novo sociometabolismo no pode emergir da crtica esuperao somente da propriedade privada, como ela colocada pela vanguarda no reformista. A superaodesta mediao especfica necessria, masjamais suficiente para que, frente ao ciclo vicioso das mediaes desegunda ordem, a atividade de emancipao do trabalho seja o momento predominante impedindo aburocratizao e autoconstituindo um sociometabolismo alternativo.5
"A substituio das 'mediaes de segunda ordem' capitalistas, alienadas e reificadas, por instrumentos e meiosde intercmbio humano conscientemente controlados o programa scio-historicamente concreto destatranscendncia." (MSZROS; 2006a; p.228).
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trilhos"). Nem mesmo o Estado pode controlar o capital, que intrinsecamente incontrolvel,
pois "A suprassuno do estranhamento-de-si faz o mesmo caminho que o estranhamento-de-
si." (MARX, 2004, p.103).
Analisando, ento, o caso brasileiro, vemos que a contraposio entre "moderno" e
"arcaico", pr-capitalista e capitalista, errnea, como assinalam Fernandes (2006) e Oliveira
(s/d; 2003). H, antes, uma relao de "simbiose".6 Mas, para que ocorresse o "salto
qualitativo" em direo ao capitalismo monopolista-financeiro (que atnos pases centrais do
capital causou abalos mesmo ao empresariado) lanou mo da autocracia burguesa civil-
militar. O "novo sindicalismo" gesta-se como produto tanto da crise deste ltimo padro
capitalista quanto de que a dominao no pode ser assegurada somente pelo autoritarismo.
Longe de ser uma escolha, tal processo de sucesso de fases foi um imperativo objetivo
para que o capital pudesse manter-se como status quo. Ou realizava o desenvolvimento
intensivo (MSZROS, 2006b, p.90-91), ou os movimentos socialistas ascendentes na
periferia do capital triunfariam. Lembramos que a ameaa da revoluo social no se reduzia
por completo periferia do capital: as personificaes de capital sabiam que sem
contrapartidas materiais aos acordos com o stalinismo (Yalta) e socialdemocracia, o pacto
corria o risco de ser rasgado por sua prpria classe trabalhadora. A conhecida forma de
desenvolvimento desigual e combinado devia ser melhor explorada, pois os pases centrais do
capital precisavam de matrias-primas para a produo deste pacto (Welfare State), e de
mercados externos para a exportao de seus produtos e capitais. As contradies da relao-
capital no desaparecem, so apenas deslocadas no tempo e espao.
A crise da autocracia burguesa brasileira e a ascenso do "novo sidicalismo" so o limite
deste processo de deslocamento. A hegemonia burguesa, no Brasil, jamais enfrentou uma
crise de regime; passou por grandes abalos, mas sem uma fora contra-hegemnica que a
ameaasse. Destarte, tambm produto de algo maior (considerando capital como diferente
de capitalismo), a crise estrutural do capital.7 Enquanto o mundo ouve o There is no
alternative de Thatcher, no Brasil e Amrica Latina, os regimes autocrticos burgueses que
foram imprescindveis para deslocar a crise do capital no seu limite interno so erodidos
pelas piores contradies da forma-mercadoria. Isto prova que nenhum Estado pode se manter
6 O Brasil surge inserido na fase do capitalismo comercial, por interao do pr-capitalista e do "capitalista";passa, sobretudo por presso internacional e por mero desdobramento, desta fase para a do capitalismocompetitivo.7
Esta ocorre no trmino da dcada de 1960, acompanhada por uma vaga revolucionria em todo o mundo,mesmo nos pases centrais. Com a contraofensiva do capital, a vaga revolucionria decai no centro desenvolvidodo capital nos anos seguintes, mas sem anular as cadeias causais da crise estrutural.
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sem a construo de um consenso ou de certa hegemonia, especialmente o capital em sua fase
monopolista-financeira, como veremos melhor.
Esta inviabilidade foi antecipada antes mesmo do advento do "novo sindicalismo".
Florestan (2006, p.323-329) afirmou que a resultante do capitalismo-monopolista o aumento
do fosso entre "pobre" e "rico". No s o poder burgus que se restaura e se recompe, mas
tambm o do povo o proletariado adquire novo peso econmico, social e poltico. Com este
"salto" industrial aparecem condies mais favorveis ao movimento operrio. A participao
econmica dos assalariados tender a aumentar, principalmente pelas rendas mdia, alta e
muito alta. Isto extremamente importante em sociedades fechadas s prticas democrticas;
para ter peso prprio, os assalariados precisam melhorar sua base material de vida,
conquistando poder de barganha. Tal elevao desenvolve o "sindicalismo economicista".
Esta melhoria nos nveis de salrio levar a burguesia a exercer maior resistncia, e o
sindicalismo ser obrigado a assumir posies polticas. A transformao da base econmica
da classe operria essencial para o fortalecimento de formas autnomas, autodefensivas e
agressivas de comportamento de classe. Essa alterao criar um novo operariado, 8 mais
qualificado em todos os sentidos (econmico, intelectual e poltico) e mais apto a entender o
modo de produo capitalista.
Em poucas palavras: o sindicalismo "oficial" no mais possvel, nem muito menos a
autocracia burguesa. O marxismo vulgar reduzir a conjuntura em meio a qual a ditadura no
pode mais se impor como mera crise econmica (petrleo, dvida externa), escondendo que o
esgotamento da autocracia burguesa no se limita s condies objetivas; demonstra que
operariado e trabalhadores, frente ao novo padro de sociometabolismo monopolista-
financeiro que criara um proletariado de massas, tambm produzir uma conscincia de que
o poder poltico no pode manter-se sem os rgos de mediao da hegemonia. A autocracia
burguesa no poder mais estar frente das organizaes prprias do trabalho, representando
o que se tornou conhecido como "sindicalismo pelego". So necessrios novos elementos paraum novo pacto social, mesmo que a burguesia nacional esteja acostumada a "negociar"
apenas com a oligarquia. Num jogo dinmico de foras, o "novo sindicalismo" uma questo
ainda, mas que afasta um problema maior: os socialistas. Assim, a burguesia e o imperialismo
iro contra-atac-lo com o agressivo neoliberalismo e com algo muito mais produtivo em
termos de construo de hegemonia a reestruturao produtiva. Esta ataca o trabalho em
8
Muitos lamentaro que tal oportunidade tenha surgido sob o signo da comunicao de massa e das tcnicas decontrole social imperantes numa sociedade de massas, mas no se pode achar que estes fatores aprofundemunilateralmente a dominao e que as transformaes no se irradiem para o proletariado tambm.
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suas prprias linhas internas e de defesa, em especial as posies das correntes radicais, pois
far com que a direo majoritria do trabalho se coloque mais distante da "crtica
economia poltica"; far o movimento popular brasileiro se alinhar ao refluxo mundial.
Mas o PT no era s produto do reformismo e burocracia, era um partido de correntes e
heterogneo. Devemos observar os elementos objetivos e subjetivos de sua transformao,
para entender o momento predominante aqui.
Com as possibilidades abertas pela introduo da microeletrnica na produo, vemos
grandes mudanas: a nova "gerao" de trabalho objetivado exige um reposicionamento de
toda a "atividade vital". No que as novas formas de organizao do processo produtivo no
exeram suas prprias determinaes e tenham sua prpria histria, mas as mudanas so to
grandes que at se iniciou um debate sobre a centralidade do trabalho.
A produo da vida material foi modificada de tal forma que vemos um rearranjo que
aproxima trabalho produtivo e improdutivo, aumentando a interdependncia entre os dois.
Emerge assim um novo patamar do trabalhador coletivo e da indstria socialmente
combinada, em que no vemos mais as relaes simples contidas no "um homem, uma
ferramenta/mquina" as quais, junto s mediaes de segunda ordem e as especficas
(MSZROS, 2006a, p.96-108), acabam por gerar uma classe com profundos cortes internos.
Por certo, com o salto da produtividade, vemos a economia do tempo socialmente
necessrio, o aumento da composio orgnica do capital, reduzindo o capital varivel e
aumentando a produtividade. Isto possibilita que o capital tenha maior controle e que haja a
reduo ontolgica do trabalho, que v sua vida e ao limitadas por desemprego,
precarizao e horas-extra de trabalho. Da resulta uma classe trabalhadora fragmentada, mais
heterognea e complexa, que, junto s ofensivas na superestrutura da qual o neoliberalismo
s uma parte alimentam outro fenmeno: o individualismo. Assistimos, ento, a uma
profunda crise envolvendo os sindicatos e partidos ligados classe.
Com este salto qualitativo no processo de trabalho, o que se coloca uma novacapacidade do capital de se apropriar do saber e fazer dos trabalhadores (as estruturas
taylorista e fordista no so mais comportadas por um processo de trabalho cada vez mais
"inteligente" e dinmico): logo, fundamental capturar a subjetividade do trabalhador
(ALVES, 2000). As mediaes de segunda ordem e as especficas cumprem o seu papel (de
tornar poderes sociais alienados e hostis), e deste processo redundam enormes sofrimentos
para a classe. Desenvolvendo nossa hiptese, perguntamos: o capital poderia efetivar tal
mudana qualitativa sem a participao da mediao da burocracia que age entre ostrabalhadores?
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Na indstria da acumulao flexvel com a cincia aplicada, agora perpassando o corpo
de parte expressiva dos trabalhadores mas com a mesma estrutura de mediaes,
destacando-se a diviso do trabalho, em que os trabalhadores concorrem entre si no
podemos afastar o fenmeno da alienao, pois, se estivssemos diante de um trabalhador
enriquecido em termos omnilaterais, teramos, como pressuposto deste novo patamar do
processo de trabalho, a autonomia individual do trabalhador. A autonomia , justamente, o
contrrio do individualismo. Assim, mesmo que internalizadas nos limites do que a
objetividade desta relao social de produo permite , cincia e trabalho aparecem, para o
trabalhador, como estranhos e hostis. Cincia aparece menos como parte de si (omnilateral)
que instrumento de trabalho (tripalium). No surpreende que o estranhamento se faa mais
intenso (ANTUNES, 1999), pois o trabalhador atual dotado de mais foras produtivas, mas
com autonomia fictcia. Muitos trabalhadores, ao lidarem com mquinas computadorizadas,
no as veem como "objetivaes de suas funes cerebrais" (Lojkine, p.63-64) de seu
trabalho, mas apenas trabalho morto possibilidades de desemprego "sugando" sua vida, e
deixando muito pouco para contemplao de sua atividade vital. Por isso, Mszros fala em
"tecnologizao da cincia" (2004, p.195).
Vemos a diviso do trabalho permanecer, mesmo que em uma estrutura menos vertical.
Busca-se o envolvimento manipulatrio reduzindo as relaes de produo infantilizao
por meio das teorias de administrao o poltico cede lugar ao psicolgico
(TRAGTENBERG; 1989; p.15-28). A participao e toda a reestruturao so respostas no
s aos dilemas e possibilidades abertos pela revoluo informacional (fluxo e controle de
informaes, programao das mquinas, integrao de produtivo e improdutivo, expanso
progressiva dos mercados, as trocas em tempo real etc.: a nova postura que o trabalho
objetivado demanda), que ilude os trabalhadores, mas acaba por lhes oferecer uma "soluo"
s pequenas questes especficas, dentro dos limites do capital. Estas so fundamentais, pois o
movimento e a conscincia de classe apenas avanam quando se faz a "ponte" entre elas e asquestes gerais (do antagonismo da totalidade do trabalho e do capital global). Os interesses
da classe que, objetivamente, cada vez mais complexa, heterognea e fragmentada
permanecem sem uma base material para os laos de solidariedade, devido a esta apropriao
da soluo das questes especficas, das dicotomias entre social e econmico, entre poltico e
econmico. Este envolvimento manipulatrio trata de cristalizaruma burocracia que afasta
ainda mais as questes gerais, dificultando tambm a organizao nos locais de trabalho que
, usualmente, o ponto sensvel e fraco das entidades dos trabalhadores no Brasil e suaarticulao com as estruturas maiores.
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Se a organizao nas bases fundamental, v-se tambm que os trabalhadores
dificilmente podero alcanar sucessos, em meio a este novo patamar de subsuno, sem se
articularem tambm para alm da fbrica. Ademais, no s em grandes transformaes para
alm do capital, mas mesmo nas pequenas, se deve criar meios para que exeram
determinaes sobre o processo de reproduo, de modo que tambm possam se formar para
gerira produo. Isto pressupe uma completa incorporao crtica da cultura "letrada", pois
raramente a cultura "erudita", "cincia abstratamente material" (MSZROS; 2006a; p.96-
108) disponvel pode ser uma ferramenta de luta e de regulao do metabolismo social para
alm das sociedades de classe.
A subsuno real este processo pelo qual os meios de reproduo da vida material
simultaneamente confrontam os trabalhadores como meios para a sua dominao. Marx falava
que mesmo os bens de subsistncia enfrentavam os trabalhadores no s como meras
mercadorias, mas como capital. No poderamos excluir disto, hoje, a cincia e a educao
(que passou por um crescente processo de mercantilizao nos ltimos anos). Alves (2000)
define este estgio da acumulao flexvel como ltima forma de "racionalizao intrafirma".9
Tendo por base a subsuno real, o capital se impe por meio de sua hegemonia na
sociedade civil, pelo Estado e tambm pela burocracia. Esta fundamental, pois mediadora
por excelncia, oponto de contato entre o projeto hegemnico e o da contra-hegemonia
cabe justo a ela realizar a sntese10 entre ambos e, por fim, impor o que interesse do
trabalho morto em ltima instncia. Se nos ltimos anos a sntese burocrtica tendeu a se
aproximar mais do interesse hegemnico, mais uma demonstrao de que a crise estrutural
do capital (MSZROS, 2004, p.16-21) real; todos devem curvar-se ante a sua
irracionalidade crescente. Poderamos ento formular outra hiptese: no assistiremos, ou
assistimos j, ao desenvolvimento destas tendncias imbricadas? E, por conta mesmo desta
imbricao, pelo fato de a tendncia crescente alienao contida na relao-capital atingir o
trabalho em sua essncia (a atividade vital), tratariam de minar reaes radicais erevolucionrias, que, como afirmamos, poderiam ser a nica contratendncia ao devir do
capital? Isto , no observaramos a formao de dois ciclos viciosos, que se alimentam
9 Cabe aqui indagar sobre o ponto de referncia desta racionalizao e, tambm, como possvel circunscrev-la,numa economia globalizada, ao intrafirma. evidente que o ponto de referncia desta racionalizao a mnadado indivduo; e a gesto racional do intercmbio dos "produtores livremente associados" com a natureza deve tercomo referncia a racionalidade do ponto de vista social, global, partindo dos valores de uso e de formaplanejada.10 Logo, estamos diante de um estrato da classe trabalhadora, que consideramos fundamental para a reproduo
da hegemonia, pois ela uma eminente produtora de snteses. Entendemos a burocracia comopersonificao deuma necessidade objetiva, limitar a luta de classes forma-mercadoria, a tentativa utpica de encontrar umponto mdio entre a crtica economia poltica e a economia poltica.
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reciprocamente (o ciclo vicioso das mediaes de segunda ordemdo capital e o da tendncia
burocratizao dos organismos da totalidade do trabalho), em direo aos particularismos
com os quais o trabalho no pode se autoemancipar? Devemos ento entender at que ponto e
como essa subsuno se coloca classe (que o nico sujeito capaz de ser encarnao do
controle da riqueza pela sociedade): evitando os desvios burocratizantes.
"Em certo sentido, o problema subjacente pode ser brevemente caracterizado como a
separao historicamente estabelecida da poltica efetuada no parlamento e em seus vrios
corolrios institucionais da dimenso material reprodutiva da sociedade" (MSZROS,
2007, p.281). Na reproduo da vida material, o trabalhador aparece subsumido s condies
objetivas de trabalho e ao processo de valorizao numa personificao das coisas e em uma
reificao das pessoas em que o capitalista vem a ser a personificao do poder de facto e de
jure. O capital, portanto, extraparlamentar por excelncia: controla de fora o parlamento,
cuja prpria existncia lhe confere legitimidade.11
Deve-se salientar que, nas trs ltimas dcadas do sculo XIX, as organizaes dos
trabalhadores (sindicatos e partidos) comearam a ser assimiladas, para maior controle, pela
sociedade e o Estado burgueses, conformando-se com as regras do jogo parlamentar e da
venda da fora de trabalho. Logo, o movimento (poltico-sindical) da totalidade do trabalho,
nas totalizaes recprocas da sociedade e Estado, teve de recolher-se a uma estratgia
defensiva e os radicais foram isolados.
No surpreende que tanto os dirigentes como a classe trabalhadora desempenhassem um
papel mais que ativo no esforo da Primeira Guerra; pois os trabalhadores internalizaram as
necessidades do capital, especialmente o nacionalismo, mas no sem uma mediao dos
organismos do trabalho e ao de alguns trabalhadores.12 Tal transmutao ocorre
essencialmente pelas relaes que o trabalhador estabelece com o trabalho (alienado) e com o
restante da "comunidade", por meio dos rgos da sociedade civil e Estado burgueses. Ento,
"o Estado moderno, como constitudo sobre o fundamento material do sistema do capital, oparadigma da alienao no que concerne aos poderes de deciso abrangentes/totalizantes"
(Idem, p.289-290).
A Revoluo Russa, em seu frescor autonomista inicial (antes da burocratizao),
demonstraria (o que j constava em Marx, no nosso entender: a imanncia de forma e
11 " por isso que a reconstituio radical historicamente vivel da unidade indissolvel da esfera poltica e dereproduo material em uma base permanente , e permanece, a exigncia essencial do modo socialista decontrole sociometablico." (MSZROS, 2007, p.284).12
De entidades dos trabalhadores (os sindicatos e partidos) passaram a rgos que, simultaneamente, eram meiosde luta e tambm reprodutores da alienao e estranhamento, pois haviam se colocado distante da "crtica economia poltica", preferindo a via reformista.
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contedo), no pela pesquisa em Teoria Social, mas por um processo histrico real. O
aforismo de Marx, "O homem [o ser objetivo] s no se perde em seu objeto se este lhe vem a
ser como objeto humano", , ao contrrio da caracterizao stalinista do documento como
hegeliano (metafsico), um denso princpio da Teoria Social.13
O jovem proletariado russo, sem qualquer tradio socialdemocrata (carente de meios
pelos quais a classe trabalhadora europeia internalizou as necessidades do capital), construiria
rgos que em sua efetivao comprovam a imanncia de forma e contedo; por fim, a
dualidade de poderes demonstraria que o Estado burgus fazia parte do problema, no da
soluo: "o fenecimento do Estado no se refere a algo misterioso e remoto, mas a um
processo perfeitamente tangvel que deve iniciar-se j em nosso prprio tempo histrico"
(Idem, p.290).
Entendemos que crtica burocracia deve seguir-se a crtica a quem deveria super-la.
Assim, voltamo-nos, agora, para os que defendem o socialismo, pois o modelo de partido
hegemnico entre os socialistas (modelo leniniano, dos outros partidos operrios e correntes
internas que no pertenciam ao campo burocrtico), que trataremos adiante, tem limitaes
inaceitveis.
Comeamos com o quase elitismo da concepo de vanguarda de Lenin coloca a
conscincia de classe necessariamente exgena. Embora admita a grande participao de
acadmicos na formao de correntes reformistas que o resultado de uma reorientao em
admitir o proletariado como membro da sociedade civil , Lenin afirma que o trabalhador por
si s pode alar sua conscincia apenas ao tradeunismo. Ainda que em pocas de "rotina" a
conscincia dos trabalhadores tenda ao capital, e mesmo que concorde que esta hegemonia
encontre srias dificuldades para se reproduzir em pocas revolucionrias, afirma que
"Quanto doutrina socialista, nasceu das teorias filosficas, histricas, econmicas
elaboradas pelos representantes instrudos das classes proprietrias, pelos intelectuais."
(LENIN, 1986, p.25). Isto uma profunda injustia quanto ao papel dos trabalhadores naformao do materialismo histrico-dialtico e tambm sua capacidade de formao
(conforme o panfleto annimo elogiado por Marx, para citar apenas um caso).14 Sabemos,
com a leitura dos Manuscritos de Paris embora Lenin no obtivesse tal privilgio, pois foi
publicado aps sua morte , que as determinaes do trabalho alienado atingem tambm os
13 Uma dada forma de Estado ou de organizao do processo de trabalho e do restante do sociometabolismo, tmuma relao necessria que remete ao seu contedo; utpico tentar administrar o capital por meio dosConselhos, bem como super-lo com o presidencialismo, parlamentarismo, gesto de um nico homem, etc.14
Folheto ingls annimo: The source and remedy of national difficulties etc. A letter to Lord Russel , in: Marx,K., Teorias da mais-valia Histria crtica do pensamento econmico, livro 4 de O capital, volume 3, 1985,p.1287-1306.
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intelectuais. Portanto, a perspectiva leninista padece de certo unilateralismo, criando uma
distncia expressiva entre Partido e classe ambos perigosos para a teoria e a prtica
polticas.
Compartilhamos aqui da tese de Luxemburgo de que apenas a experincia ( latus) pode ser
um meio para a construo da conscincia de classe. Mszros (2004) acerta em achar uma
tragdia que Luxemburgo e Lenin sejam tratados como opostos, ao invs de complementares;
poderamos tambm afirmar que esse mesmo paradigma reduz a autora ao esteretipo
"espontanesta". No podemos, portanto, deixar de incorporar em termos crticos e
sistemticos as contribuies de Luxemburgo, dos autores conselheiristas, nem deixar de
constatar, afortunadamente, que o homo faber um ser pensante e crtico.
Investigaremos ainda as determinaes problemticas, j denunciadas por Luxemburgo,
do ultracentralismo leninista, partindo da ressalva de que a alienao no homognea.
Realizaremos tambm uma sntese histrico-sociolgica da dialtica do Partido e classe,
analisando o caso brasileiro. A dicotomia entre classe (reduzida a alienao e ideologia) e de
Partido (reduzido a ao e teoria emancipatrias) formadora de uma "via de mo nica",
esconde no s a ressalva feita como tambm que a classe um elemento estrutural. Embora
no possamos dizer o mesmo a respeito da totalidade do Partido, enfatizamos a necessidade
de profundo e sincero dilogo entre os dois elementos. Pretendemos investigar como essa "via
de mo nica" e as mediaes de segunda ordem minaram as foras criativas do trabalho,
permitindo tanto a reestruturao produtiva (considerando apenas os interesses do capital),
como a burocratizao do movimento. A burocracia petista no fomentava as "trocas
simblicas" entre o elemento estrutural (classe) e o superestrutural (partido); s estava
interessada em mediaro projeto hegemnico e a contra-hegemonia. Por sua vez, os que a isto
se contrapunham ainda estavam presos "via de mo nica" e/ou s determinaes da
alienao. A classe no apenas paciente da alienao alis, nada tem de passiva, positiva,
uma construo e o proletariado no s agente construtor de suas prprias cadeias(capital), mas tambm sujeito histrico construtor da "conscincia da alienao". Parece-nos
que o Partido pode somente ser um organizador da ao e conscincia, um elemento
"catalisador". Diante destas distores, recorremos ao trusmo de dizer que ele pode, no
mximo, dirigir a ao revolucionria.
Sabemos que, na Rssia, tal estrutura terico-organizacional ainda foi capaz de realizar a
tomada de poder, embora no a construo do poder e de um metabolismo alternativo por
meio dos conselhos. Mas essencial estudar o agravamento desta estrutura ensejado pelounipartidarismo e o modelo de centralismo democrtico institudo pela fora, antes de s-lo
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formalmente (BRINTON, 1975, p.188), contra a Oposio OperriaBolchevique. Isto criou o
modelo de Partido sob o qual encontramos tendncias apenas nas pocas de Congresso do
Partido. Entendemos tal fato como um cerceamento ao debate democrtico, pois no
acreditamos num direito de discusso democrtica abstrado dos seus pressupostos
organizacionais e materiais.
inevitvel tambm incorporar a anlise crtica da Oposio Operria forma de
socializao realizada. Vemos a um avano qualitativo das relaes de propriedade; contudo,
quanto s relaes de produo a delicada questo da "diviso hierrquica do trabalho"
(MSZROS, 2004, p.488-513) no se percebe este tipo de melhoria, ainda que o processo
histrico estivesse dotado de meios organizacionais e materiais, os Comits de Fbrica, to
pouco investigados em si, e ainda menos em sua relao com a era termidoriana que se
abriria.15 Estes fatos so importantes porque so ainda os modelos majoritrios entre os
socialistas: o partido com tendncias apenas durante os Congressos e a reduo da gesto
operria (que s pode ser a autogesto) em controle operrio. Pr fim apenas s relaes de
propriedade burguesas, sem faz-lo s relaes de produo, achando que o Partido poderia
substituir a classe neste salto qualitativo da gesto agora, orientada para emancipar o valor
de uso do valor de troca distorcer o quadro conceitual marxiano e reproduzir uma
hierarquia, ou seja, um lugarem que o trabalho no-pago possa se cristalizar nas mos de
uma "casta".
Assim se produziu um completo "substitucionismo" em que o Partido supostamente
cumpriria o papel da totalidade do trabalho, contrariando a advertncia de Marx de que a
libertao dos trabalhadores ser obra dos prprios trabalhadores. tambm uma distoro
irrealista, segundo a qual se supe que um elemento superestrutural (Partido ou Estado) seja
capaz de controlar e superar a alienao, quando sabemos que Marx j postulava que a
superao desta faria o mesmo caminho positivo que o fenmeno da alienao: a prxis, o
processo de automediao do ser objetivo.16 evidentemente uma apreciao tericaportadora da parcialidade do fenmeno do estranhamento/alienao , na qual o capital
15 "Acreditamos que as 'relaes de produo' as relaes que se estabelecem, entre as pessoas ou os grupos noprocesso de produo dos bens so os fundamentos essenciais de qualquer sociedade. Um determinado tipo derelaes de produo o denominador comum de todas as sociedades de classes. aquele no qual o produtorno domina os meios de produo mas , pelo contrrio, simultaneamente 'separado deles' e dos produtos do seutrabalho. Em todas as sociedades de classes, os produtores esto subordinados aos que dirigem o processo deproduo. A gesto operria da produo que implica o total domnio dos produtores sobre o processo deproduo no para ns uma questo secundria. o prprio ncleo da nossa poltica." (BRINTON, 1975,p.23).16
"A suprassuno do estranhamento-de-si faz o mesmo caminho que o estranhamento-de-si." (MARX, 2004,p.103).
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distanciado de sua natureza de relao de produo incontrolvel. Como corolrio, temos
ainda uma estratgia poltica que prejudica a interdependncia recproca dos meios e fins,
terminando por achar que, de taylorismo, passando por "disciplina no trabalho" (ao invs de
disciplina do trabalho), chegando sua militarizao, todos estes acabam por ser tomados
como "objetos humanos", meios viveis para a objetivao omnilateral. Hoje, no campo
burocrtico (que delimitaremos mais adiante), a cincia e engenharia social so tomadas como
"objetos humanos", bem como a estatizao, no campo socialista.
Cabe indagar: quando, no caso russo, inicia-se a era termidoriana? "A concluso a que
chegamos a seguinte: evidentemente o stalinismo 'surgiu' do bolchevismo; mas no surgiu
de um modo lgico e sim dialtico; no como sua afirmao revolucionria, mas como sua
negao termidoriana, o que no a mesma coisa." (TROTSKY; 1978; p.99). Tal formulao
pode ser aceita, mas atribuir, como ele fez, tudo ao "atraso asitico", ao esgotamento do
proletariado com a guerra civil e revoluo, s determinaes polticas de um campesinato
inevitavelmente preso ideia de propriedade, insuficiente. Lembremos que quem deveria
dirigir a revoluo e torn-la permanente era a totalidade do proletariado; mas quem o
substituiu foi um Partido-nico. No se pode fazer essa anlise sem invocar as determinaes
da diviso do trabalho e das mediaes de segunda ordem que sobrevivem no ps-revoluo.
Antes mesmo de lanar o argumento citado, Trotsky praticamente reconhece que havia a
esperana de que, controlando o Estado, o Partido poderia modificar em profundidade a
sociedade, isso verdade apenas at certo ponto. Logo em seguida, Trotsky reconhece que as
determinaes da antiga sociedade corromperam o Partido. Chamaramos a isto uma inverso
das determinaes estruturais do modo de produo, pois, desde a Crtica filosofia do
direito de Hegel, Marx j tinha claro que as determinaes essenciais eram provenientes da
sociedade civil, e que deveramos buscar a "o segredo" do Estado. Os bolcheviques
preferiram, ainda que no todos, arrendar as grandes indstrias ao invs de coloc-las sob
gesto dos Comits de Fbrica, preferiram assumir o rgo econmico estatal czarista aoinvs de reconstruir a economia com uma planificao que partisse das bases sob a mediao
da democracia direta; preferiram pr fim gesto colegiada da produo e dar poder aos
especialistas com a gesto de um nico homem (BRINTON, 1975). Lenin optou por reduzir a
gesto operria (ter as informaes e tomar as decises por si mesmo sobre o quanto, o que,
como, quando, de que forma produzir) ao controle operrio, mera superviso quantitativa das
decises de outrem (LENIN, 1961, p.118-125 e BRINTON, 1975, p.15). Dificilmente
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poderemos hoje combater o perigo da burocratizao com tal leitura das estruturas do
capital.17
Ao fazer a reproduo terica do real movimento socioeconmico, cultural e poltico da
burocracia, vemos que a problemtica no se reduz "crise de direo", localizada apenas no
setor organizado da totalidade do trabalho. De onde surgiria esta direo? Obviamente, da
totalidade do trabalho. Mesmo que apenas estejamos esboando este projeto, podemos antever
com clareza que a crise se d na totalidade do trabalho, nas suas bases sociais, e causada
pelos aspectos positivos da alienao, da ideologia e pela ao da burocracia.
O fato que, nos pases que realizaram revolues socialistas, o capitalismo foi superado,
mas no o capital. Com a chegada de sua crise estrutural (MSZROS, 2004, p.16-21), uma
de suas formas histricas a extrao de mais-valia politicamente mediada provou-se
menos resistente crise estrutural que a forma econmica pura, dotada de todas as suas
mediaes, estruturais e superestruturais, fazendo dos regimes ps-capitalistas formas
transitrias que tendem restaurao ou revoluo ps-capital. Dados os aspectos de ruptura
e conservao, segundo o monismo materialista, no podemos reduzir a revoluo, que
acabou no ocorrendo, a um carter apenas poltico (TROTSKY, 1977c, p.280), pois
elementos fundamentais da estrutura das mediaes de segunda ordem haviam permanecido
na sociedade sovitica. E uma revoluo para alm do capital no poderia se limitar a uma
mera troca de pessoal da direo, revelando-se uma nova revoluo social dentro da
revoluo degenerada.18
O Brasil o caso par excellence do desenvolvimento desigual e combinado e da
revoluo permanente: s ter instituies democrticas duradouras com a massificao do
proletariado. O PT surge como tentativa autnoma de autoemancipao do trabalho; seu
intento original era ir alm do stalinismo e do populismo. Todavia, no o faz em condies
objetivas que respeitam a lgica, mas em condies que fazem da dialtica uma necessidade.
Por entender que esta mediao terica depunha contra sua constituio autnoma, ele sepostular anticapitalista numa tenso permanente com o j objetivado pelos trabalhadores na
luta, tornando-se uma equao em aberto (IASI, 2012, p.382).19 A queda da URSS, a
reestruturao produtiva e a ofensiva global do capital sobre as superestruturas (ps-
17 Essa dialtica das mediaes de primeira e segunda ordem em sua continuidade na descontinuidade e suadescontinuidade na sua continuidade est ausente na anlise de parte expressiva dos correntes polticas.18 Se as outras revolues socialistas e nacionais (das ex-colnias) sofreram com as limitaes deste modelohegemnico e das determinaes de alienao, ideologia e burocracia, os anos que se seguiram restaurao
capitalista no Leste Europeu viram certo esgotamento terico-organizacional deste modelo: leninista.19 Algo fundamental aqui: as correntes que poderiam ter equilibrado a equao, no realizaram, no nossoentender, a tarefa de assent-la sobre o trabalho como autoatividade.
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modernidade e neoliberalismo) apenas forneceriam as condies subjetivas e, sobretudo,
objetivas para que a equao em aberto se aproximasse mais economia poltica.
Um drama conhecido na maior parte do mundo, mesmo as questes democrticas e mais
bsicas s so superadas com a quebra do elo mais fraco da cadeia do capital, por meio de
uma revoluo socialista. Logo, a mudana estrutural da sociedade e Estado brasileiros teve
de ser substituda por um reformismo sem reformas (o possvel na crise estrutural e num
pas perifrico), em que o Servio Social cumpre um papel central. Iasi entende que "o PT
mudou por no mudar o mundo". Acerta em cheio, pois: "No se lhes pode pedir [aos
trabalhadores], como no caso dos coolies ou dos escravos, que vo at ao esgotamento das
suas foras utilizando a coaco fsica, o chicote ou a violncia. A resposta seria igualmente
dura: a sabotagem das mquinas. A coaco deve ser interiorizada, utilizar meios de presso
moral, fazendo apelo responsabilidade individual." (PANNKOEK, s/d). Ou seja, as posturas
interiorizadas no operrio pelas mediaes de segunda ordem e pelas superestruturas fazem
com que o dominado internalize a dominao. Mas, contraditoriamente, ele a internaliza,
numa totalidade da vida social ainda mais contraditria, pois o capital eleva as foras
produtivas do indivduo social enquanto deve dobrar sua resistncia. Ao no fazer recuar as
mediaes de segunda ordem, o PT tratou de alimentar uma tendncia que o modificaria em
grande intensidade. Subjaz aqui uma questo: um processo de trabalho mais "inteligente", sob
o capital, demanda maior burocratizao ou o desenvolvimento do processo de trabalho
potencializa as contradies e, portanto, deve alimentar uma burocracia? Logo, separamos a
histria do PT em dois blocos: 1) no primeiro, os elementos burocratizantes no podem ainda
ser o momento predominante dada a conjuntura; 2) depois, os dois ciclos viciosos podem se
efetivar, pois a nica contratendncia a eles foi anulada.
O PT surge, simultaneamente, enquanto confirmao, como mediao burocrtica entre
interesse histrico do trabalho e do capital, tendendo aos princpios da economia poltica, e
tambm (entre suas correntes de esquerda) como crtica ao paradigma stalinista."Na verdade, a ideologia no iluso nem superstio religiosa de indivduos mal-
orientados, mas uma forma especfica de conscincia social, materialmente ancorada e
sustentada. Como tal, no pode ser superada nas sociedades de classe. Sua persistncia se
deve ao fato de ela ser constituda objetivamente (e constantemente reconstituda) como
conscincia prtica inevitvel das sociedades de classe" (MSZROS, 2004, p.65). Se o
materialismo aparece como conscincia da alienao, vemos, aps sua emergncia, uma
verdadeira ofensiva contra seus princpios ideotericos que se irradia dos meios acadmicos
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para o movimento; da o problema de circunscrever a conscincia da alienao aos setores
intelectuais da sociedade.
Em primeiro lugar, temos a economia ps-neoclssicos, que realiza a crtica ao valor-
trabalho como insuficiente, na qual encontramos o intento central de negar a explorao do
trabalho e da apreciao crtica da base miservel da economia do capital, que reduz tudo ao
tempo de trabalho socialmente necessrio, e o trabalhador carcaa do tempo. Em seguida,
h o surgimento de um neokantismo, mais preocupado em negar a dialtica do ser objetivo,
suas "necessidades em desaparecimento", como tambm a ontologia que o fundamenta e as
rupturas ontolgicas operadas pelo capital no processo de alienao. Por ltimo, temos a
negao da igualdade substantiva (de prazeres e tarefas segundo as capacidades e
necessidades individuais) em prol de uma igualdade formal e vazia de contedo material, ou
seja: presenciamos uma reduo da emancipao s fronteiras estreitas da alienao. Ao
contrrio do materialismo, que faz uma incorporao crtica de suas fontes, tomando-as
tambm como adversrios, o reformismo/revisionismo busca o que seria, supostamente, um
"ponto mdio" entre ambos.
Marx havia pensado em um desenvolvimento do capital e da classe trabalhadora em que
esta fosse perdendo suas caractersticas particulares e nacionais, vindo a se tornar menos
heterognea e cada vez mais antagnica ao capital. Todavia, as circunstncias desiguais de
desenvolvimento no possibilitaram que isto se concretizasse. Mszros e outros
diagnosticam bem como as possibilidades produtivas em termos econmicos e polticos
abertas pela era monopolista, pela sangria de recursos do imperialismo e pela reorientao das
classes dominantes (para tolerar as organizaes operrias) foram minando as bases materiais
da solidariedade, de uma classe que permanecia repartida em setores e categorias distintos e
se tornava um todo apenas centralizando esta setorialidade. Contudo, no identifica com a
mesma preciso o aspecto subjetivo, cuja articulao com o supracitado aspecto objetivo foi
tambm responsvel por esta quebra da solidariedade.No surpreende, ento, que pessoas ligadas s organizaes que estavam interessadas em
administrar a fora de trabalho e achavam factvel a engenharia social e colocando-se
frente de organizaes de massas tentassem tomar a autoridade da cincia para si, com o
objetivo de se manterem hegemnicas na direo poltica do trabalho. Se Mszros define os
polticos ligados aos partidos polticos burgueses como personificaes de capital, no
podemos ser ingnuos e achar que toda a hegemonia do capital garantida por eles, nem
apenas por tendncias objetivas, pois a hegemonia cresce ou decresce na proporo inversada contra-hegemonia.
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O reformismo/revisionismo, partindo de sua base acrtica de reflexo, descrevia a
periferia do capital como no-capitalista, passvel de um processo de "modernizao", que
tratava de desprezar por completo a categoria "totalidade do modo de produo ou do
mercado mundial", quando no o prprio mundo "subdesenvolvido" por completo.
Quando os partidos dos trabalhadores se organizaram, o capital j possua uma forma de
"disciplina" produtiva e positiva (interiorizvel); logo, concluiu que era melhor assimilar estes
partidos e organizaes sindicais do que simplesmente reprimi-los, com resultados muito mais
eficazes. Usou, ento, de vrias estratgias, como a barganha por cargos (em especial os
relativos s colnias), para assimilar os lderes dos trabalhadores no Estado burgus; usou,
ainda, o pio do Parlamento, e mesmo a mediao do sindicato, para manter sua autoridade
inconteste no processo de trabalho. O capital adota, inclusive, medidas que atingiram a
reproduo material dos indivduos da classe trabalhadora, tais como as vantagens de uma
taxa diferencial de explorao (MSZROS, 2004, p.424-5); da mesma maneira, apropriou-
se do sistema educacional inculcador destes valores e principalmente da ao de pessoas
que se tinham tornado "representantes" por meio dos trabalhadores. A dificuldade de
articulao dos sindicatos no se reduz ao carter fragmentado e heterogneo da classe
trabalhadora. Marx no viu que se a greve no podia ser integrada ao sistema do capital, o
sindicato poderia no s ser tolerado como at incorporado. Este era um fator indesejvel na
negociao pelo valor da fora de trabalho, mas que, bem manejado, poderia manter tudo
dentro da ordem. Se a greve em si no era incorporvel, uma frao dos trabalhadores que a
mantivesse dentro de um lapso "aceitvel" para as metas de produo uma frao que se
fazia hegemnica pela greve, e a mantinha como algo no to antittico ao capital podia-lhe
ser muito til. Da a importncia da burocracia e de seu papel no modo de produo, pois a
dicotomia entre seus braos poltico e industrial tem profundas relaes com a produo das
personificaes de burocracia.
Sabemos que no h uma burocracia pairando sobre o mundo, mas distintas formasparticulares de burocracias. No entanto, respeitando a dialtica do particular e do universal,
temos de atentar que da existncia instvel do capital surge todo um campo dentro da
totalidade do trabalho que no est interessado em sua autoemancipao. O "corte" na classe
que estamos propondo burocracia no nem um pouco homogneo, assume as mais
variadas formas de acordo com cada circunstncia; acreditamos que o nico trao comum e
marcante o posicionamento contemporizador e contrrio ao interesse do proletariado
mundial. E, de fato, a burocracia nunca deixou de lutar: o aforismo de Luxemburgo de que asocial-democracia estaria negando sua prpria base a luta de classes ainda ingnuo e
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unilateral, pois o que ela realmente faz limitar as consequncias e causa da luta aos limites
da totalidade do capital; mas no pode nem ela, nem as mais fortes ideologias cessar a
luta de classes. E a luta no intil burocracia, pois por meio dela que pode conseguir
mais foras para arrancar do imperialismo ou burguesia maiores benefcios para si e para sua
base social, que aumentaro seu ciclo de dominao.
A burocracia no pode se identificar com o capital diretamente sob pena de ser banida
das entidades dos trabalhadores nem aproximar-se mais deste por ter em seu flanco as
correntes de esquerda pressionando-a. Isto porque as ideologias e os interesses de classe so
forjados dentro da dinmica da correlao de foras. Logo, oscila como um pndulo
desequilibrado, tendendo mais para a direita que para a esquerda. Quando o capital toma a
ofensiva e as correntes de esquerda reagem, a burocracia caminha um pouco para a esquerda
(at por seus elementos internos mais esquerda); mas, quando as correntes de esquerda no
esto preparadas para o enfrentamento, caminha a passos largos para a direita. Podemos ver
estes movimentos na reestruturao produtiva no Brasil durante a dcada de 1990.
Acreditamos que eles podem revelar nas suas entrelinhas e elementos implcitos que a
direo majoritria da CUT e do PT j traziam dentro de si os traos subjetivos desta grande
transformao, mas que no podiam serexpressamente objetivados em discursos, estratgias,
ao etc., pois estavam pressionadas pelas correntes sua esquerda e as condies objetivas
nas quais a transformao burocrtica no era ainda uma necessidade imperiosa para a
relao-capital.
Mszros minimiza esta mediao burocrtica em vrios momentos, mas ele est bastante
correto ao afirmar que os insucessos dos trabalhadores se relacionam dificuldade de fazer
recuar as mediaes do capital. Contudo, se afirma que a ideologia crtica no dispe do luxo
de poder idealizar e mistificar o adversrio, o mesmo no pode ser dito da burocracia, que,
controlando as instituies de massas, tem muito a oferecer ao capital: no s pode mistific-
lo e mistificar a si mesma como a vemos fazendo isto diariamente. Alm de, ao contrrio deideologia, ela ter sua prpria histria.
5. MetodologiaO fenmeno da burocratizao no se mostra indelvel est objetivado em uma srie de
documentos, discursos, estratgias de ao poltica, teorias e formas organizativas, e mesmo
em um projeto de poder.
Entendemos que a transformao do PT ocorre principalmente nos anos 1990
(reestruturao produtiva), mas no pode ser entendida sem referncia aos seus primeirosanos. Evidentemente, centrar-nos-emos naquele perodo, sem perder suas causas e
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efeitos, tornando o recorte orgnico e no uma camisa de fora; seria decapitar a
teleologia intrnseca ao movimento histrico se nos esquecssemos dos primeiros anos de
governo do PT e desprezssemos documentos como a Carta aos Brasileiros.
Nosso mtodo ser a anlise da documentao por meio do referencial terico que
apontamos. Os documentos que pretendemos analisar so os textos, resolues congressuais
da CUT Nacional e do PT, nos quais a transmutao do PT pode ser identificada sem maiores
problemas, mas o seu sentido para a classe trabalhadora s pode ser compreendido por meio
da Teoria Social.
Faremos ainda um exame crtico dos autores que abordaram o tema (Oliveira, Iasi,
Novelli, Singer, Antunes, Alves, Boito Junior, Nakahodo & Savoia, Tomizaki, Sousa, Arcary,
Garcia, Santana, Ramalho, Netto, Lessa, Michels, Duverger, dentre outros). O objetivo do
projeto ser atingido com os recursos materiais disponveis, dentro do prazo estabelecido.
6. BibliografiaALVES, G. (2000). O novo (e precrio) mundo do trabalho reestruturao produtiva ecrise do sindicalismo. So Paulo: Boitempo Editorial.ANTUNES, R. (2007). Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidadedo trabalho. So Paulo/Campinas: Cortez Editora.______. (1999). Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmao e a negao do trabalho.So Paulo: Boitempo Editorial.BERNARDO, J. (1987). Capital, sindicatos, gestores. So Paulo: Edies Vrtice.
BOITO Jr., A. (1999). Poltica, neoliberalismo e sindicalismo no Brasil. So Paulo: Xam.BRINTON, M. (1975). Os bolcheviques e o controle operrio. Porto: Edies Afrontamento.FERNANDES, F. (2006). A revoluo burguesa no Brasil Ensaio de interpretaosociolgica. So Paulo: Editora Globo.LENIN, V. I. (1986). Que fazer?. So Paulo: Hucitec.LOJKINE, J. (1990).A classe operria em mutaes. Belo Horizonte: Oficina de Livros.LUKCS, G. (2009). O jovem Marx e outros escritos de filosofia. Rio de Janeiro. EditoraUFRJ.MARX, K. (2007).A ideologia alem. So Paulo: Boitempo Editorial.______. (2004).Manuscritos econmico-filosficos. So Paulo: Boitempo Editorial.______. (1985). Teoria da mais-valia histria crtica do pensamento econmico, volume
III. So Paulo: Difel Difuso Editorial.MSZROS, I. (2006a).A teoria da alienao em Marx. So Paulo: Boitempo Editorial.______. (2007). O desafio e o fardo do tempo histrico So Paulo: Boitempo Editorial.______. (2004). O poder da ideologia. So Paulo: Boitempo Editorial.OLIVEIRA, F. (2003). Crtica razo dualista ornitorrinco. So Paulo: BoitempoEditorial.______. (s/d).A economia da dependncia imperfeita. Rio de Janeiro: Edies Graal.PANNEKOEK, A. (s/d) A luta operria(http://www.marxists.org/portugues/pannekoe/ano/luta/cap04.htm; acesso em 21/01/2011).SOUZA, J. S. (2009). O sindicalismo brasileiro e a qualificao do trabalhador. Bauru (SP):Prxis.TRAGTENBERG, M. (1989).Administrao, poder e ideologia. So Paulo: Cortez Editora.TROTSKY, L. (1978).Escritos sobre sindicato. So Paulo: Kairs.