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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
CAPÍTULO 2 AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA EM MOÇAMBIQUE
2.1. Moçambique em Poucas Palavras
2.1.1. Condições Naturais
Moçambique está localizado no sudeste da África, voltado para o Oceano Índico,
com 799.380 km2 de área territorial total, dos quais 786.380 km2 são área terrestre.
A topografia é composta por planícies costeiras, altiplanos no centro, planaltos no
noroeste e montanhas a oeste. Os rios principais, como Rovuma, Zambeze, Save e
Limpopo fluem para o Oceano Índico. O clima é na maior parte tropical a subtropical,
com período de chuvas que se estendem de outubro a abril: a precipitação anual
varia desde menos de 400 mm até mais de 2.000 mm, enquanto que a temperatura
média anual varia desde menos de 18 ºC até mais de 26 ºC. A cobertura terrestre de
Moçambique inclui 51% de floresta e 19% é de outras coberturas lenhosas. O tipo
de vegetação mais comum é a savana chamada ‘miombo’ e ‘mopane’. As áreas
protegidas ocupam 19% do território nacional. O número de espécies relatado de
flora e fauna é de 5.500 (dos quais 4.800 são vegetação alta) e 4.271 (insetos, aves,
mamíferos, répteis e anfíbios), respectivamente. Moçambique é dotado de recursos
minerais tais como carvão, titânio, gás natural, tântalo e grafite. Os solos, de
fertilidade relativamente baixa, como arenosols e lixisols são amplamente presentes
no país, seguidos por acrisols, ferralsols, fluvisols e luvisols. Em termos de
fenômenos naturais, e em parte devido às mudanças climáticas, Moçambique é
propenso a ciclones, inundações e secas.
2.1.2. Condições Sociais e Econômicas
Moçambique iniciou seu amplo processo de democratização em 1995, após a
primeira eleição presidencial realizada em 1994, depois do término da guerra civil.
Desde 1995, a taxa de crescimento real do seu produto interno bruto (PIB) continuou
a crescer a uma taxa
superior a 8% até meados
dos anos 2000 e, durante
os últimos cinco anos
(2006 a 2010), ela ainda
se manteve em alta de
6,7% por ano. O PIB per
capita também cresceu de
US$ 141 em 1995 para
US$ 444 em 2008.
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5
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20
25
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
PIB
(bi
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s de
US
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alte
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o an
ual (
%)
0
100
200
300
400
500
PIB
per
cap
ita (
US
$)
PIB (bilhões de US$)
PIB annual % Alteração
PIB per capita (US$)
Fonte: Base de Dados do Banco Mundial
Figura 2.1.1 Crescimento do PIB após 1995
Relatório Intermédio 1
2-2
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
A participação do setor agrícola na agregação de valor de mais de 30% do PIB se
mantém alta e é seguida pelos setores da indústria e da fabricação, como
apresentado nas Figuras 2.1.2.
-
5
10
15
20
25
30
35
40
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Par
cela
do S
eto
r no P
IB (
%)
Agricultura, valor agregado (% do PIB)Fabricação,, valor agregado (% do PIB)Indústria, valor agregado (% do PIB)
Figura 2.1.2 Mudança da Participação no PIB por Subsetor
A população de 15,9 milhões de 1995 cresceu para 23,4 milhões em 2010 (média de
crescimento anual de 2,6%). A participação da população rural decresceu de 74,8%
em 1995 para 62,4% em 2010, no entanto, o crescimento anual médio da população
na zona rural aumentou 1,4% no mesmo período. A população urbana cresceu 5,2%
por ano.
Os principais indicadores sociais são mostrados na Tabela 2.1.1.
2.1.3. Sistema Legal e Regulatório
Temas que afetam o desenvolvimento agrário do país como Água, Energia Elétrica,
Floresta e Fauna Bravia, Petróleo, Minas, Patrimônio Arqueológico, e Zonas
Turísticas, são abordados por Leis específicas. Existem ainda outros instrumentos
legais de implantação de ações necessárias para o desenvolvimento que
estabelecem estruturas e definições necessárias, como as atribuições e
competências do Ministério da Agricultura, e estatuto orgânico dos governos
provinciais e distritais.
Tabela 2.1.1 Indicadores Sociais
Taxa de alfabetização (%) 50,4 Expectativa de vida ao nascer (anos) 52,1 Taxa de natalidade (em 1000) 41,6 Taxa de mortalidade (em 1000) 13,7 Taxa de mortalidade infantil (em 1000) 88,0 Fonte: Anuário Estatístico do INE 2010
Fonte: Base de Dados do Banco Mundial
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estratégias neles descritos.
O marco legal sobre o acesso e utilização da terra é a Lei 19/97 de outubro de 1997,
que revê a primeira Lei de Terras aprovada logo após a independência do país, a Lei
6/79 de 3 de julho, e tem como base a Política Nacional de Terras e na Política
Agrária, ambas aprovadas em 1995. A regulamentação da Lei de Terras ocorreu em
1998 e vem sofrendo ajustes necessários, sendo o último a ocorrer com o Diploma
Ministerial nº 158/2011, de 15 de junho, que trata das regras para a consulta às
comunidades locais no âmbito da titulação do direito de uso e aproveitamento da
Terra (DUAT).
A tabela a seguir apresenta o quadro normativo que rege o uso da terra em
Moçambique.
Tabela 2.1.2 Marco Legal sobre Uso da Terra
Principais Instrumentos Legais Aprovados por
Lei da Terra
1. Lei no. 19/97 de 1 de outubro (Lei de Terras)
Assembleia da República /Presidência da República.
Politicas sob a Lei de Terras
2. Resolução no. 10/95, de 17 de outubro (Aprova a Política Nacional de Terras). 3. Resolução no. 11/95, de 31 de outubro (Aprova a Política Agrária). 4. Resolução no. 4/2010, de 13 de abril (Aprova o Plano Quinquenal do Governo para 2010 –
2014).
Conselho de Ministros e Ministério da Agricultura – MINAG.
Primeira Legislação sobre Terras Pós-independência
5. Lei no. 6/79, de 3 de julho (1a. Lei de Terras). 6. Decreto no. 16/87, de 15 de julho (Regulamentação da 1ª. Lei de Terra).
Assembleia Popular e Presidência da República.
Legislação Complementar
7. Decreto no. 66/98, de 8 de dezembro (Aprova o Regulamento da Lei de Terras). 8. Decreto no. 1/2003, de 18 de fevereiro (Altera os artigos 20º. e 30º. do Regulamento da Lei
de Terras). 9. Decreto no. 60/2006, de 26 de dezembro (Regulamenta o regime nas áreas de cidades e
vilas). 10. Decreto no. 5/2007, de 16 de outubro (Altera o artigo 35º. do Regulamento da Lei de
Terras). 11. Decreto no. 43/2010, de 29 de outubro (Altera o no. 2 do artigo 27º. do Regulamento da Lei
de Terras). 12. Diploma Ministerial no. 29 – A/2000, de 17 de março (Anexo Técnico ao Regulamento da
Lei de Terras).
Presidência da República e Conselho de Ministros.
Órgãos Competentes
13. Decreto Presidencial no. 24/2005, de 27 de abril (Define as atribuições e competências do Ministério da Agricultura).
14. Resolução no. 17/2009, de 8 de julho (Publica o Estatuto Orgânico do Ministério da Agricultura).
15. Lei no. 2/97 de 18 de fevereiro (Aprova o quadro jurídico para a implementação das Autarquias Locais)
16. Lei no. 8/2003 de 19 de maio (Estabelece os princípios e normas de organização dos órgãos locais do Estado nos escalões de província, distrito, posto administrativo e de localidade).
17. Decreto no. 11/2005, de 10 de junho (Aprova o regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado).
18. Decreto no. 6/2006, de 12 de abril (Aprova a Estrutura e o Estatuto Orgânico do Governo Distrital).
Presidência da República e Conselho de Ministros.
Autoridades Comunitárias
19. Decreto no. 15/2000, de 20 de junho (Aprova as formas de articulação dos órgãos locais do Estado com as autoridades comunitárias).
20. Diploma Ministerial no. 107 – A/2000, de 25 de agosto (Aprova o Regulamento do Decreto no. 15/2000).
21. Diploma Ministerial no. 80/2004, de 14 de maio (Aprova o Regulamento de Articulação dos Órgãos da Autarquia Locais com as Autoridades Comunitárias).
Conselho de Ministros e Ministério da Administração Estatal - MAE
Ordenamento do Território Conselho de Ministros, Ministério para a Coordenação
Relatório Intermédio 1
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vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
22. Lei no. 19/2007 de 18 de julho (Lei Orgânica do Território) 23. Decreto no. 23/2008, de 1 de julho (Aprova o Regulamento da Lei do Ordenamento do
Território). 24. Diploma Ministerial no. 181/2010, de 3 de novembro (Aprova a Diretiva sobre o Processo de
Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial).
da Ação Ambiental – MICOA e Ministério das Finanças e da Justiça.
Participação Pública
25. Decreto no. 42/2010, de 22 de outubro (Cria o Fórum Nacional de Terras). 26. Despacho conjunto dos Ministérios da Administração Estatal e do Plano e Finanças, de 13
de outubro (Aprova o Guião para a Participação e Consulta Comunitária na Planificação Distrital).
27. Diploma Ministerial no. 158/2011, de 15 de junho (Regras para a consulta as comunidades locais no âmbito da titulação do direito de uso e aproveitamento da Terra).
Conselho de Ministros, Ministério da Agricultura – MINAG, Ministério da Administração Estatal – MAE e Ministério das Finanças – MF.
Taxas
28. Diploma Ministerial no. 76/99, de 16 de junho (Referente às taxas). 29. Decreto no. 77/99, de 15 de outubro (Referente às taxas). 30. Diploma Ministerial no. 144/2010, de 24 de agosto (Atualiza o valor das taxas aprovadas
pelo Decreto no. 77/99, de 16 de junho).
Ministério da Agricultura – MINAG e Ministério das Finanças – MF.
Comparticipação nas taxas florestais e faunísticas
31. Diploma Ministerial no. 93/2005, de 4 de maio (Aprova os mecanismos da canalização e utilização dos vinte por cento das taxas florestais e faunísticas).
32. Diploma Ministerial no. 66/2010, de 31 de março (Cria os mecanismos da canalização e das receitas cobradas nos Parques e Reservas Nacionais do Setor de Turismo).
33. Diploma Ministerial no. 63/2003, de 18 de junho (Referente às receitas nas áreas sob a alçada do Programa Tchuma Tchato, incluindo a percentagem a serem destinadas às comunidades locais).
Ministério da Agricultura – MINAG, Ministério do Turismo das Finanças e da Justiça.
Investimentos
34. Lei no. 3/93, de 24 de julho (Lei de Investimentos). 35. Decreto no. 14/93 de 21 de julho (Aprova o Regulamento da Lei dos Investimentos) 36. Decreto no. 43/2009 de 21 de agosto (Aprova o ajuste do Regulamento da Lei dos
Investimentos) 37. Resolução no. 70/2008, de 30 de dezembro (Define critérios adicionais orientadores do
processo de avaliação de investimentos cuja implementação requer grandes extensões de terras).
Assembleia da República, Presidência da República e Conselho de Ministros.
Turismo
38. Lei no. 4/2004, de 17 de junho (Lei do Turismo). 39. Decreto no. 88/2009, de 31 de dezembro (Aprova o Regulamento da Ecoturismo).
Assembleia da República, Presidência da República e Conselho de Ministros.
Zonas de Proteção
40. Lei no. 16/91, de 3 de agosto (Lei das Aguas). 41. Lei no. 21/97, de 1 de outubro (Lei da Energia Elétrica). 42. Lei no. 10/99, de 7 de julho (Lei de Floresta e Fauna Bravia). 43. Lei no. 3/2001, de 21 de fevereiro (Lei dos Petróleos). 44. Lei no. 14/2002, de 26 de julho (Lei das Minas). 45. Decreto no. 27/94, de 20 de julho (Aprova o Regulamento de Proteção do Patrimônio
Arqueológico). 46. Decreto no. 77/2009, de 15 de dezembro (Aprova o Regulamento das Zonas de Interesse
Turístico).
Assembleia da República, Presidência da República e Conselho de Ministros.
Fonte: Coletânea de Legislação sobre a Terra - 4ª. Edição --2011 – Carlos Manuel Serra Centro de Formação Jurídica e Judiciária – Ministério da Justiça
2.1.4. Política de Desenvolvimento Socioeconômico do Governo
Após o aceite do Ajuste Estrutural do FMI, o desenvolvimento econômico e social
nacional, sob a economização do mercado, progrediu. No entanto, 60% da
população está abaixo da linha da pobreza (US$ 1,25/dia) e a RNB (Renda Nacional
Bruta) per capita permaneceu em US$ 440. O Governo de Moçambique definiu a
redução da pobreza como a principal prioridade e promoveu vários programas
econômicos e sociais. O “Plano de Ação para a Redução da Pobreza (PARPA) (2011
a 2014)” foi aprovado pelo Governo e, para alcançar a “redução da pobreza e a
melhoria das forças de trabalho por meio do desenvolvimento econômico integrado”,
a meta é reduzir o índice de pobreza para 42% até 2014.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
As políticas de desenvolvimento econômico e social do Governo de Moçambique
estão compiladas no Plano Nacional de Desenvolvimento (Programa de Governo ou
Plano Quinquenal do Governo), como as principais, e o Programa de Ação para
Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) e os planos setoriais de desenvolvimento
prosseguem sob aquele plano.
2.1.5. Descentralização da Administração do Governo
A administração dos governos locais em Moçambique é regida pela Lei dos Órgãos
Locais de Estado (LOLE) de 2003 e define o sistema de governo provincial e distrital.
De acordo com esta lei, em questões de desenvolvimento, a unidade administrativa
básica em Moçambique é representada pelo distrito e seus planos de
desenvolvimento e orçamento são a base dos planos e do orçamento nacionais de
desenvolvimento. Os planos de desenvolvimento são preparados pelos governos
distritais, sendo que os conselhos municipais são reunidos para fins de
implementação e monitoramento de projetos, assim estruturando um sistema que
permite a participação direta da população local.
O Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta II (PARPA II) tem promovido
a descentralização, através do foco no desenvolvimento baseado no distrito. Um dos
três pilares do PARPA II é o pilar da governança, no qual a reforma do setor público
será promovida para a descentralização e desenvolvimento com base no distrito. Os
distritos são unidades importantes já que são formulados os planos de
desenvolvimento distrital. O objetivo é que os distritos se tornem os centros de
planejamento e de implementação. Entretanto, as direcções provinciais dos
ministérios setoriais têm, atualmente, o controle dos fundos alocados dos ministérios
centrais.
Para mudar esta situação, em 2006, o governo lançou um esquema de fornecimento
direto aos distritos de fundos de desenvolvimento discricionários anuais (Fundo de
Desenvolvimento Distrital – FDD). Este esquema é chamado de “7 milhões” porque
o montante do fundo disponibilizado para cada distrito é de aproximadamente MT 7
milhões. O dinheiro é emprestado para indivíduos ou grupos com projetos viáveis
que criarão empregos e promoverão a produção de alimentos. Os mutuários devem
devolver o empréstimo para que o FDD possa se tornar um fundo rotativo,
emprestando dinheiro para novos solicitantes sem necessariamente ter que ser
reabastecido continuamente com orçamento do governo. Entretanto, na realidade,
em todo o país, a maioria das pessoas que recebeu o dinheiro do fundo ainda não o
devolveu.
Relatório Intermédio 1
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estratégias neles descritos.
2.2. Setor Agrícola na Economia Nacional e Direção do
Desenvolvimento
2.2.1. Tendência da Produção Agrícola e sua Contribuição Socioeconômica
A agricultura é o maior sector econômico de Moçambique, gerando 29,4% do PIB
em 2009 (INE), enquanto que o sector representava aproximadamente um quarto
em meados dos anos 2000. Estima-se que o sector absorva aproximadamente 80%
de toda a força de trabalho.
De acordo com o Censo Agrícola realizado pelo INE, em 2009-2010, o número total
de estabelecimentos agrícolas (agricultura & pecuária) em Moçambique é 3.827.797,
enquanto que a área total cultivada é de apenas 5.633.850 ha. Os estabelecimentos
agrícolas são predominantemente de pequenos agricultores e sua área média
cultivada é de apenas 1,47 ha, conforme mostrado na Tabela 2.2.1. A % de
agricultores de média e grande escala é relativamente alta nas províncias de Tete,
Gaza e Maputo, enquanto que a % é muito limitada nas províncias do norte nas
quais o centro produtivo está no campo.
Tabela 2.2.1 Número de Estabelecimentos Agrícolas e sua Área Cultivada em Moçambique
Pequeno Médio Grande Total
Estabelecimentos agrícolas
(%)
3.801.259 25.654 884 3.827.797
(99,3) (0,7) (0,0) (100,0)
Área cultivada (ha)
(%)
5.428.571 130.651 74.628 5.633.850
(96,4) (2,3) (1,3) (100,0)
Área cultivada média
(ha/estabelecimento) 1,43 5,09 84,4 1,47
Fonte: Censo Agrícola em 2009-2010, INE
Existe um número substancial de mulheres chefes de família nos estabelecimentos
agrícolas, representando 27,5% de todos os estabelecimentos (pequena e média
escala), conforme mostrado na Tabela 2.2.2.
Tabela 2.2.2 Número de Estabelecimentos Agrícolas (Pequenos & Médios) por Sexo do Chefe
Mulheres Homens Total
Estabelecimentos agrícolas
(%)
1.051.679 2.775.234 3.826.913*
(27,5) (72,5) (100,0)
Fonte: Censo Agrícola em 2009-2010, INE
Nota: * foram apenas contados pequenos e médios estabelecimentos agrícolas.
Comparando a área cultivada dos estabelecimentos agrícolas, os estabelecimentos
tendo mulheres como chefe gerenciam áreas relativamente menores, conforme
mostrado na Tabela 2.2.3.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.2.3 Distribuição de Estabelecimentos Agrícolas (Pequenos & Médios) por Tamanho da Propriedade
Unid.: %
< 0,5ha 0,5 – <
1,0ha
1,0 - <
5,0ha
5,0 - <
10,0ha
Mais que
10,0 ha
Não
especificado
Chefe mulher 14,59 30,75 51,95 2,28 0,03 0,40
Chefe homem 8,77 21,49 62,67 6,65 0,17 0,24
Total 10,37 24,03 59,73 5,45 0,14 0,28
Fonte: Censo Agrícola em 2009-2010, INE
2.2.2. Segurança Alimentar
(1) Visão Geral
As condições de segurança alimentar em Moçambique estão estáveis nos últimos
anos, embora algumas áreas sejam afetadas por períodos secos e enchentes
localizadas. As famílias pobres e urbanas, especialmente na região sul que é uma
área de constante déficit alimentar, são vulneráveis. Entretanto, o déficit tem sido
complementado pelas províncias que produzem excedente nas regiões Central e
Norte, assim como por alimentos importados, incluindo o suprimento através de
ajuda internacional de alimentos.
A Tabela 2.2.4 mostra os dados (kcal/capita/dia) do suprimento alimentar levantados
pela FAO para o país de 1998 a 2007. Eles mostram que o suprimento alimentar,
mesmo que em nível mínimo, tem sido estável e mostrou uma tendência positiva
nos últimos anos. O Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional
(SETSAN) declarou, em agosto de 2009, que a situação da segurança alimentar em
Moçambique mostrou sinais de melhoria, e isto foi observado pela redução do
número de pessoas passando fome. De acordo com o Coordenador Nacional do
SETSAN, esta tendência se deveu aos investimentos do governo na agricultura,
particularmente na produção de alimentos.
Tabela 2.2.4 Suprimento de Alimentos (kcal/capita/dia) de Moçambique de 1998 a 2007
Food item 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Maize 444.35 499.68 506.97 503.43 486.00 464.85 443.96 428.34 414.70 404.33
Cassava 708.64 685.78 671.71 679.74 694.49 682.11 659.38 678.61 668.28 627.64
Rice 93.04 75.38 90.88 86.71 91.28 113.66 127.46 137.53 172.08 197.84
Wheat 55.19 78.17 93.25 91.78 95.66 121.18 147.09 166.27 178.29 187.98
Sorghum 109.32 105.99 79.63 64.11 60.77 68.35 66.53 61.93 76.54 57.95
Millet 18.57 17.21 13.36 8.23 6.68 8.21 6.82 7.04 7.86 9.17
Pulses 71.01 42.98 44.07 44.97 44.04 46.19 41.77 37.81 55.46 56.10
Peanuts 23.80 24.04 19.70 16.53 15.30 11.32 11.71 12.64 10.10 12.15
Vegetable Oils 170.89 171.78 164.18 159.14 174.97 170.47 191.04 194.12 194.74 190.26
Vegetables 5.52 5.52 3.63 3.56 3.89 3.71 3.57 3.20 3.61 3.51
Fruits 23.19 22.79 17.76 17.89 19.98 20.65 19.78 18.75 17.76 17.35
Meat 89.18 87.41 86.48 81.66 79.21 66.01 70.34 74.98 56.18 62.15
Fish, Seafood 2.79 2.48 3.32 2.32 2.93 3.88 3.53 4.29 4.18 4.08
Others 113.99 159.63 163.63 179.19 175.99 217.57 225.66 229.40 231.03 236.08
Total 1,929.48 1,978.84 1,958.57 1,939.26 1,951.19 1,998.16 2,018.64 2,054.91 2,090.81 2,066.59
Fonte: FAOSTAT
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
A Tabela 2.2.4 também mostra que as pessoas ainda têm necessidade de uma
ingestão maior de calorias, ao invés de considerar uma dieta balanceada. Em nível
nacional, estima-se que 34% da população ainda estejam enfrentando uma fome
crônica (WFP, 2010). Ainda deve levar algum tempo antes que a população de
Moçambique comece uma real diversificação no consumo de alimentos.
A Tabela 2.2.5 mostra a produção e o comércio dos principais cultivos de alimentos
em Moçambique. Ela mostra que Moçambique quase atingiu a auto-suficiência nos
principais cultivos de alimentos, exceto pelo trigo e arroz. O consumo doméstico de
ambos os cultivos tem aumentado, apesar da redução do consumo de cultivos
alimentares tradicionais, isto é, milho, mapira (sorgo) e mexoeira (milheiro) (ver
Tabela 2.2.4). Considerando o potencial da produção crescente de alimentos do
país, o desenvolvimento do arroz pode ser um tema considerável a ser tratado para
a melhoria da segurança alimentar nacional.
Tabela 2.2.5 Produção e Comércio dos Principais Cultivos de Alimentos (Média 2005 a 2007)
(Unidade: (mil toneladas)
Cultivo Alimentar Produção Importação Exportação
a+b-c (a) (b) (c)
Milho 1.170,7 148,7 41,3 1.278,0
Mandioca 6.066,0 0,0 0,0 6.066,0
Trigo 2,3 486,3 1,0 487,7
Arroz (equivalente processado) 59,7 365,0 0,0 424,7
Sorgo 163,3 8,7 1,0 171,0
Fonte: FAOSTAT
Na reunião do Conselho de Ministros em junho de 2011, foi decidido que o Instituto
de Cereaisde Moçambique (ICM) deveria assumir o papel de “comprador de último
recurso” de todos os grãos produzidos em Moçambique, que não são comprados
pelos comerciantes privados. O ICM já começou sua aquisição em nível distrital.
(2) Suprimento e Consumo dos Principais Cultivos Alimentares
1) Milho
O milho é o alimento básico mais importante, juntamente com a mandioca, em
Moçambique. A produção tem sido quase igual ao consumo doméstico do alimento,
embora não possa atender toda a demanda doméstica (consumo + sementes +
estoque de reserva). O consumo per capita de milho tem se reduzido após 2000.
Isto é provavelmente devido ao aumento do consumo do trigo e do arroz. A redução
contribui para estabilizar a quantidade total de consumo, apesar do aumento da
população.
2) Mandioca
A mandioca é um item alimentar muito apreciado, assim como um cultivo seguro
(menos riscos com menos insumos) para muitos agricultores em Moçambique. A
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-9
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
produção de mandioca tem sido constantemente maior que o consumo doméstico
total do alimento. O consumo per capita é estável, apesar do consumo decrescente
dos cereais tradicionais.
3) Trigo
Quase toda a demanda de trigo é atendida por importações, uma vez que a
produção doméstica é mínima em Moçambique. Devido ao rápido aumento do
consumo per capita após meados dos anos 2000, o consumo doméstico total está
crescendo simultaneamente.
4) Arroz
Assim como o trigo, o consumo per capita de arroz e o consumo total estão
crescendo em Moçambique. Embora haja uma certa produção doméstica de arroz, a
produção não tem como atender a demanda crescente. O que é ainda pior, a
produção tem decrescido desde meados dos anos 2000.
5) Mapira (Sorgo)
A mapira (sorgo) era um cultivo alimentar tradicionalmente importante, depois do
milho e da mandioca. Entretanto, o consumo per capita tem sido inferior ao do trigo e
do arroz nos últimos anos. A produção tem sido quase igual à demanda doméstica
total. Assim como o milho, o consumo per capita menor contribui para estabilizar a
quantidade total consumida, apesar do aumento da população.
�1) Milho 2) Mandioca
3) Wheat 4) Rice
5) Sorgo
0
2000
4000
6000
8000
1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Pes
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alim
ento
(10
00 to
n)
0
50
100
150
200
250
300
Con
sum
o/ca
pita
(kg/
capi
tal/a
no)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Pes
o do
alim
ento
(10
00 to
n)
0
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20
30
40
50
60
70
Con
sum
o/ca
pita
(kg/
capi
tal/a
no)
0
250
500
750
1000
1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Pes
o do
alim
ento
(10
00
ton)
0
5
10
15
20
25
Con
sum
o/ca
pita
(kg/
capi
tal/a
no))
0
250
500
750
1000
1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Pes
o do
alim
ento
(10
00
ton)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Con
sum
o/ca
pita
(kg/
capi
tal/a
no) Production
Domestic supply quantity
Food Consumption
Consumption per capita
0
250
500
750
1000
1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Pes
o do
alim
ento
(10
00 to
n)
0
5
10
15
20
25
30
Con
sum
o/ca
pita
(kg/
capi
tal/a
no)
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.2.1 Suprimento e Consumo de Cultivo de Alimentos
Relatório Intermédio 1
2-10
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.2.3. Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA)
A produção agrícola é praticada por aproximadamente 3,6 milhões de pequenos e
médios empreendimentos, dos quais 99% são pequenas propriedades, muitas com
menos de dois hectares (CAP, 2010). Empreendimentos pequenos não utilizam
tecnologia moderna (enxada e pequenos insumos modernos, como sementes
certificadas, fertilizantes, entre outros). Como resultado, o setor agrícola enfrenta
desafios para aumentar a produtividade e a competitividade agrícola. O Governo de
Moçambique, em colaboração com parceiros, tem concebido e implementado
políticas, estratégias, programas e projetos com o objetivo de melhorar o
desempenho do setor agrícola. Por exemplo, o Governo implementou nos últimos 10
anos o Programa Nacional de Desenvolvimento Agrícola (PROAGRI I e II) que
resultou na criação de ferramentas para o planejamento e gestão, além de
mecanismos de coordenação das atividades.
O Governo aprovou o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário
(PEDSA, 2011-2019) em 3 de maio de 2011. O PEDSA surge como uma estrutura
orientadora, motivadora de sinergias e ferramenta harmonizadora para promover o
desenvolvimento agrícola, cuja meta é atingir uma média anual de crescimento
agrícola de 7%. O PEDSA é consistente com os pilares e princípios do Programa
Compreensivo de Desenvolvimento da Agricultura Africana (CAADP).
No PEDSA, a visão do desenvolvimento agrícola é definida como “Um sector
agrícola integrado, próspero e sustentável” e a missão é “Contribuir para a
segurança alimentar e para a renda dos produtores agrícolas de maneira
competitiva e sustentável, garantindo igualdade social e de gêneros” e os
objetivos estratégicos (pilares) são os seguintes:
Aumento da produção e da produtividade agrícola e de sua competitividade
Melhoria da infraestrutura e dos serviços para os mercados e para a
comercialização
Uso dos recursos do solo, água, florestas e fauna de maneira sustentável
Fortalecimento das instituições agrícolas
Os resultados esperados de cada pilar são mostrados na Tabela 2.2.6
O PEDSA será operacionalizado em planos quinquenais e anuais:
O Programa Quinquenal – 2010 a 2014 – compatibiliza as atividades setoriais
para introduzir melhorias significativa no uso da terra, água e florestas, com o
objetivo de atingir as Metas de Desenvolvimento do Milênio. O Plano de Acção
para Produção de Alimentos (PAPA) para 2000 a 2011 é parte do PEDSA
durante os cinco primeiros anos.
O Programa Quinquenal – 2015 a 2019 – consolida a segurança alimentar e
aumenta o acesso aos mercados doméstico, regional e global. A base
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-11
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
operacional para este período será estabelecida à luz das lições aprendidas
durante a implementação nos cinco primeiros anos.
Tabela 2.2.6 Resumo do PEDSA
Visão Um sector agrário, próspero, competitivo e sustentável, capaz de oferecer respostas aos desafios da segurança alimentar e nutricional e atingir mercados agrários a nível global
Missão Contribuir para a segurança alimentar e nutricional e a renda dos produtores agrários de forma competitiva garantindo a equidade social e de género
Pilar 1 Aumento da produtividade, produção e competitividade
na agricultura contribuindo
para uma dieta adequada
Pilar 2 Serviços e infra-estruturas para
maior acesso ao mercado e quadro
orientador conducente ao investimento agrário
Pilar 3 Uso sustentável e aproveitamento
integral dos recursos terra, água,
florestas e fauna
Pilar 4 Instituições agrárias
fortes
1.1 Adoptadas tecnologias melhoradas pelos agricultores para o aumento da produtividade agrícola e da produção animal
2.1 Melhorada a infra-estrutura rural (rede de estradas, instalações de armazenamento, mercados)
3.1 Melhoradas as técnicas e práticas de uso dos recursos naturais – terra, água, florestas e fauna
4.1 Reforçadas as organizações de agricultores
1.2 Aumentada a capacidade dos serviços de extensão para disponibilizar com eficácia tecnologias e práticas avançadas e para desenhar programas adequados para a segurança alimentar
2.2 Melhorada a capacidade de regulamentação e cumprimento dos padrões e garantia de qualidade dos produtos agrícolas e animais
3.2 Melhorada a capacidade de formulação de políticas e programas relacionados com a terra, água, florestas e mudanças climáticas
4.2 Desenvolvido Capital humano
1.3 Reforçado o sistema de investigação para desenvolver ou adaptar e disponibilizar tecnologias e práticas agrárias avançadas
2.3 Acrescentado valor aos produtos agrícolas, animais e florestais
3.3 Melhorada a administração e gestão da terra
4.3 Reforçada a coordenação das instituições agrárias e de segurança alimentar
1.4 Melhorada a disponibilidade e a gestão de água para a produção agrária
2.4 Melhorada gestão pós colheita e reserva alimentar estratégica
3.4 Recursos florestais usados de forma sustentável
1.5 Melhorada a fertilidade do solo
2.5 Melhorada a capacidade dos actores ao longo de toda a cadeia de valor (agricultores, processadores de produtos agrários, comerciantes) para participarem nos mercados doméstico e internacional
3.5 Aumentada a capacidade das comunidades rurais para prevenir e controlar as queimadas florestais
1.6 Melhorado o controle de pragas e doenças das culturas e dos animais de criação
2.6 Reforçada a capacidade do sector privado para fornecer insumos agrários (sementes, fertilizantes, agro-químicos, drogas e medicamentos para uso veterinário, instrumentos e equipamento)
3.6 Melhorada a capacidade das comunidades rurais e dos profissionais do sector de fauna bravia para uma
gestão sustentável destes recursos e diminuição do conflito homemfauna bravia.
1.7 Aumentada a mecanização agrária e o uso de tecnologias eficientes
2.7 Políticas consistentes com os objectivos do sector
3.7 Melhorada a capacidade de resposta aos efeitos das mudanças climáticas
1.8 Incentivada a participação dos empreendimentos de produção de culturas orientadas ao mercado na produção de alimentos
2.8 Reforçado o sistema de informação agrária
2.9 Reforçadas as políticas de apoio aos mercados de insumos
Relatório Intermédio 1
2-12
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.2.4. Institutos e Organizações Relevantes da Agricultura
Entre as instituições concernentes às atividades agrícolas em Moçambique, o
Ministério da Agricultura (MINAG) centraliza e coordena ações em nível nacional,
tendo a função de formular, planejar e implementar suas políticas e estratégias para
o desenvolvimento agrícola do país. Entre suas atribuições, estão a administração,
regulação do uso, gestão, proteção e conservação dos recursos essenciais das
atividades agrícolas, tais como terra, água, florestas e vida selvagem nativa. O
MINAG promove atividades para estimular a produção, o processamento
agroindustrial e a comercialização de insumos e de produtos agrícolas, assim como
a pesquisa agrícola e a assistência técnica e extensão rural. Entre outros papeis e
atribuições, o MINAG também destaca o seguinte:
Garantir a defesa sanitária animal e vegetal;
Implementar programas de pesquisa agrícola e a disseminação dos resultados;
Promover a infraestrutura básica e os serviços para as atividades dos agentes
econômicos no sector agropecuário.
Registrar o uso e aproveitamento da terra e gerir o cadastro
Nas atividades de pesquisa e desenvolvimento, o MINAG possui três institutos
subordinados, a saber:
IIAM – Instituto de Investigação Agrária de Moçambique – a função do IIAM é
gerar conhecimento e soluções tecnológicas para o desenvolvimento
sustentável do agronegócio e a segurança alimentar e nutricional.
IAM – Instituto do Algodão de Moçambique– O instituto tem o objetivo de
promover a atividade relacionada com o algodão, com a função de supervisionar,
orientar e regular a produção, comercialização e exportação do produto, assim
como cooperar com o IIAM na pesquisa.
INCAJU – Instituto de Fomento do Caju – O instituto tem o objetivo de promover
programas para estimular o plantio, a produção e o processamento industrial do
caju.
O MINAG possui outra instituição subordinada, o Centro de Promoção da Agricultura
(CEPAGRI), que tem o objetivo de atrair investimentos para a agricultura.
O CEPAGRI atua de maneira coordenada com o Centro de Promoção de
Investimentos – CPI, que é responsável por promover a atração de investimentos
diretos nacionais e estrangeiros em todas as atividades.
Quanto ao sistema de terras, a Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF) foi
criada para fiscalizar, registrar e demarcar a terra, estando subordinada ao MINAG.
A DNTF reúne informações e permite às autoridades governamentais gerir o uso da
terra de forma apropriada.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-13
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Nas províncias, a implementação de políticas estratégicas para o desenvolvimento
agrícola é de responsabilidade das respectivas Direcções Provinciais de Agricultura
(DPAs), que coordenam as atividades dos Serviços Distritais de Actividades
Económicas (SDAE) em nível distrital.
A Figura 2.2.2 mostra a estrutura administrativa das atividades agrícolas dos três
níveis de governo em Moçambique.
Figura 2.2.2 Estrutura Administrativa das Atividades Agrícolas dos Três Níveis de Governo em Moçambique
2.3. Produção Agrícola
2.3.1. Uso do Solo e Área Cultivada
Da área total de 79.938 mil ha
(FAOSTAT) em Moçambique, a área
agrícola é estimada em 15% da área
total ou 12 milhões de ha na Tabela
2.3.1, enquanto que a área cultivada é
calculada pelo Censo Agrícola de
2009-2010 em 5,6 milhões de ha,
como mostrado na Tabela 2.3.2.
Tabela 2.3.1 Uso do Solo (2005 a 2007) de
Moçambique
Uso do solo (%) Área Calculada*
(1000 ha)
Florestas 51 40.768
Outras coberturas
vegetais 19 15.188
Pastos 12 9.593
Terra agrícola 15 11.991
Outros 3 2.398
Total 100 79.938
Fonte: Avaliação da Biodiversidade e das Florestas
Tropicais de Moçambique 118/119, USAID,
Setembro 2008
Nota: * Cálculo feito pela Equipe de Estudo da JICA com
base na %
A MINAG GOVERNO CENTRAL
- Direcção Nacional Extensão Agrícola
Direcção Nacional Serviços Agrícolas
- Direcção Nacional Serviços Veterinários
- Institutos:
IIAM; IAM & INCAJU Outras Direcções
A DPA GOVERNO PROVINCIAL
Serviços Provinciais de Extensão Rural
Serviços Provinciais de Agricultura
Serviços Provinciais de Pecuária
Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia
Outros Serviços
A SDAE GOVERNO DISTRITAL
Função Agricultura e
Extensão
Função Pecuária, Fauna Bravia e
Pesca
Função Desenvolvimento
Rural
Função Indústria e Comércio
Função Minerais e
Energia
Função Turismo
Relatório Intermédio 1
2-14
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.3.2 Distribuição da Área Cultivada e dos Estabelecimentos Agrícolas por Distrito
Província Área cultivada Estabelecimentos agrícolas
Área
agrícola
média (ha) (ha) (%) (número) (%)
Niassa 409.473 7,3 225.151 5,9 1,82
Cabo Delgado 491.151 8,7 339.816 8,9 1,45
Nampula 1.037.748 18,4 829.642 21,7 1,25
Zambezia 1.071.170 19,0 828.801 21,7 1,29
Tete 623.014 11,1 376.150 9,8 1,66
Manica 555.900 9,9 265.486 6,9 2,09
Sofala 473.548 8,4 271.249 7,1 1,75
Inhambane 414.841 7,4 269.310 7,0 1,54
Gaza 364.367 6,5 216.771 5,7 1,60
Maputo 161.352 2,9 150.706 3,9 1,07
Cidade de Maputo 31.286 0,6 54.715 1,4 0,57
Moçambique 5.633.850 100,0 3.827.797 100,0 1,47
Fonte: Censo Agrícola em 2009-2010, INE
A Tabela 2.3.1 pode contabilizar área em pousio como terra agrícola, porque
práticas agrícolas não intensivas (queimadas com agricultura itinerante) prevalecem
na maior parte do país. Presume-se que uma parte substancial de outros usos do
solo na tabela também pode ser terra abandonada para pousio após o cultivo.
Embora muitas fontes relevantes concluam que haja aproximadamente 36 milhões
de ha de terra cultivável em Moçambique, eles relatam vários dados diferentes
sobre área agrícola. Por exemplo, o PEDSA diz que apenas 10% da terra cultivável
está em uso no momento, enquanto que o PROAGRI II (2004) estimou que
aproximadamente 9 milhões de ha eram cultivados. Os agricultores, de fato,
precisam de muitas vezes mais área em pousio do que as de cultivo para continuar
as práticas agrícolas não intensivas em bases sustentáveis. Tais práticas agrícolas
tornam difícil avaliar a área agrícola precisa em uso que deve incluir terra em pousio
e sistema de agricultura itinerante.
2.3.2. Principais Cultivos
(1) Cultivos Alimentares Básicos
O milho, mandioca, mapira e mexoeria são cultivos alimentares tradicionais
praticados pelos agricultores de subsistência, enquanto que o arroz é plantado em
estalecimentos de grade escala, assim como por agricultores individuais. A
produção de trigo é insignificante, embora seja um cultivo alimentar importante.
Os feijões e o amendom também são importantes cultivos alimentares para o povo,
além dos cereais e da mandioca. Vários tipos destes feijões, isto é, o feijão comum,
nhemba, holoco e boer são cultivados principalmente para a subsistência dos
agricultores de acordo com suas condições de cultivo. Os feijões são normalmente
plantados misturados com cereais e a mandioca no mesmo campo.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-15
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.3.3 Produção de Cultivos Alimentares Básicos em Moçambique (2006 a 2010)
Cultivos Item 2006 2007 2008 2009 2010
Milho
Área Colhida (ha) 1.664.000 1.350.000 1.400.000 1.612.000 1.573.000
Produção (t) 1.417.800 1.152.050 1.284.930 1.932.000 1.878.000
Produtividade (t/ha) 0,85 0,85 0,92 1,20 1,19
Mandioca
Área Colhida (ha) 857.000 650.000 525.000 940.000 950.000
Produção (t) 6.658.710 5.038.620 4.054.590 5.672.370 5.700.000
Produtividade (t/ha) 7,77 7,75 7,72 6,03 6,00
Mapira (Sorgo)
Área Colhida (ha) 406.000 300.000 320.000 617.000 620.000
Produção (t) 204.986 169.543 187.265 384.000 395.000
Produtividade (t/ha) 0,50 0,57 0,59 0,62 0,64
Arroz
Área Colhida (ha) 105.000 105.000 104.000 182.000 185.000
Produção (t) 99.173 104.655 101.914 179.000 180.000
Produtividade (t/ha) 0,94 1,00 0,98 0,98 0,97
Mexoeira
Área Colhida (ha) 57.000 58.000 60.000 109.000 110.000
Produção (t) 22.721 25.213 23.967 49.000 50.000
Produtividade (t/ha) 0,40 0,43 0,40 0,45 0,45
Feijões
Área Colhida (ha) 300.000 320.000 290.000 300.000 315.000
Produção (t) 195.000 210.000 190.000 195.000 205.000
Produtividade (t/ha) 0,65 0,66 0,66 0,65 0,65
Amendoim com
casca
Área Colhida (ha) 295.000 295.000 295.000 295.000 295.000
Produção (t) 85.977 102.932 94.454 68.000 70.000
Produtividade (t/ha) 0,29 0,35 0,32 0,23 0,24
Batata doce
Área Colhida (ha) 128.000 120.000 80.000 126.000 130.000
Produção (t) 929.896 875.216 566.050 900.000 920.000
Produtividade (t/ha) 7,26 7,29 7,08 7,14 7,08
Batata reno
Área Colhida (ha) 6.800 7.500 7.512 7.997 8.000
Produção (t) 90.000 100.000 104.530 110.000 110.500
Produtividade (t/ha) 13,24 13,33 13,92 13,76 13,81
Hortículas
Área Colhida (ha) 39.662 36.657 42.214 48.737 50.150
Produção (t) 164.841 180.925 194.969 206.504 215.700
Produtividade (t/ha) 4,16 4,94 4,62 4,24 4,30
Frutas
Área Colhida (ha) 64.069 61.527 62.423 65.670 66.990
Produção (t) 358.094 354.791 356.624 358.749 368.810
Produtividade (t/ha) 5,59 5,77 5,71 5,46 5,51
Fonte: FAOSTAT
Comparando com os cereais, a mandioca e os feijões, a produção de hortículas e
frutas ainda é limitada, entretanto a produção de hortículas tem mostrado uma
tendência positiva nos últimos anos. As hortículas são normalmente plantadas por
agricultores relativamente bem sucedidos ou por grupos de agricultores apoiados
pelo governo em áreas onde há recursos hídricos para irrigação.
A produção dos principais cultivos aumentou notadamente desde 2009,
provavelmente devido às campanhas do governo para o aumento da produção de
alimentos, por exemplo, PAPA, etc. Entretanto, o aumento da produção ocorreu
principalmente pelo aumento da área cultivada, ao invés do aumento da
produtividade (t/ha).
Relatório Intermédio 1
2-16
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
(2) Cultivos de Rendimento (Oleaginosas & Cultivos Industriais)
A maioria dos cultivos comerciais foi desenvolvida durante o período colonial, sendo
que o algodão, tabaco, castanhas de caju e açúcar ainda são importantes
commodities de exportação de Moçambique. Os cultivos eram feitos em plantations
antes da independência, os quais foram transferidos para o setor privado, embora o
governo tenha intervido na gestão nos termos de sua política socialista por um certo
período de tempo após a independência. O governo, no entanto, ainda mantém uma
certa participação em algumas empresas após a privatização.
Muitos agricultores individuais também começaram a produzir culturas de
rendimento. O algodão e o tabaco são cultivados por agricultores contratados por
empresas particulares que têm o direito de monopólio do governo para contratar
agricultores e comprar suas colheitas feitas na área de concessão.
Tabela 2.3.4 Produção de Cultivos de Rendimento em Moçambique (2006 a 2010)
Cultivos Item 2006 2007 2008 2009 2010
Algodão (fibra)
Área Colhida (ha) 390.000 360.000 398.000 365.000 370.000
Produção (t) 59.000 55.000 62.000 57.500 58.000
Produtividade (t/ha) 0,15 0,15 0,16 0,16 0,16
Cana de açúcar
Área Colhida (ha) 160.000 160.000 180.000 165.000 215.000
Produção (t) 2.060.320 2.060.670 2.451.170 2.207.000 2.800.000
Produtividade (t/ha) 12,88 12,88 13,62 13,38 13,02
Semente de
mamona
Área Colhida (ha) 135.922 150.000 157.143 160.193 149.100
Produção (t) 49.627 54.515 52.071 37.487 38.600
Produtividade (t/ha) 0,37 0,36 0,33 0,23 0,26
Coco
Área Colhida (ha) 70.000 70.662 73.604 89.758 82.900
Produção (t) 290.000 306.494 265.000 270.000 277.900
Produtividade (t/ha) 4,14 4,34 3,60 3,01 3,35
Castanha de
caju, com casca
Área Colhida (ha) 75.000 90.000 102.000 77.000 77.000
Produção (t) 62.821 74.395 85.000 64.000 67.200
Produtividade (t/ha) 0,84 0,83 0,83 0,83 0,87
Semente de
gergelim
Área Colhida (ha) 22.500 33.000 45.000 68.000 69.500
Produção (t) 15.000 22.000 30.000 45.000 46.000
Produtividade (t/ha) 0,67 0,67 0,67 0,66 0,66
Tabaco
Área Colhida (ha) 58.000 70.000 62.000 60.000 59.200
Produção (t) 59.041 73.000 64.342 63.000 86.000
Produtividade (t/ha) 1,02 1,04 1,04 1,05 1,45
Semente de
girassol
Área Colhida (ha) 8.500 14.000 12.000 10.808 12.500
Produção (t) 4.204 6.252 5.128 6.500 6.700
Produtividade (t/ha) 0,49 0,45 0,43 0,60 0,54
Fonte: FAOSTAT
(3) Diferenças Regionais
A Tabela 2.3.5 mostra a produção dos principais cultivos por província. Ela mostra
que Nampula, Zambezia e Tete são líderes em termos de produção de cultivos no
país. Elas também são províncias com alta densidade populacional, sendo que mais
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-17
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
da metade dos estabelecimentos agrícolas está concentrada nestas províncias. A
produção nas províncias da região Sul é pouco desenvolvida devido a seu precário
regime de chuvas. A região Sul sempre sofre de déficit alimentar devido a esta
situação.
Tabela 2.3.5 Produção dos Principais Cultivos por Província (unidade: 1000t)
Cultivo
Região Norte Região Central Região Sul
Total Niassa
Cabo
Delgado
Nam-
pula
Zam-
bézia Tete Manica Sofala
Inham-
bane Gaza Maputo
Milho 104 86 94 229 212 212 97 29 61 11 1.133
Mandioca 88 45 1.144 2.322 24 171 123 442 156 42 4.557
Arroz (processado) 3 12 10 62 3 2 11 2 2 0,1 103
Mapira 8 18 21 14 22 44 36 3 1 - 169
Mexoeira 0,9 0,2 1,5 3,4 10,6 2,4 3,6 0,5 1,8 - 25
Feijão comum 16 0,1 4 15 12 3 1 0,2 3 0,1 55
Feijão nhemba 1 12 20 6 5 3 2 9 3 1 62
Amendoim 3 11 50 12 10 3,3 3 8,3 2 1 101
Batata doce 20 8 9 205 288 178 74 7 56 15 861
Algodão 1 24 11 9 16 17 15 0,02 0,02 0 93
Castanha de caju - 3,9 14,8 13,4 - 3,2 4,7 9,8 7,2 0,5 57
Semente de gergelim 0,3 4 6 1 2 2 4 - 0 - 19
Tabaco 11 0,3 1 5 16 1 0,1 0,1 - 0 36
Girassol 0,1 0,02 0,01 2 0,2 3 0,04 0 0 - 6
Fonte: TIA 2007, MINAG
Nota: O cálculo total (Nacional) não está correto para alguns cultivos
2.4. Sistema de Suporte para a Agricultura
2.4.1. Investigação Agrícola
O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) é o principal órgão de
pesquisa e desenvolvimento (P&D) agrícola do país. Com o estabelecimento da paz
em 1992, o governo de Moçambique realizou esforços para reavivar suas P&D
agrícolas em cooperação com recursos externos, tais como IARCS, IITA, CIMMYT,
ICRISAT, CIP, etc. Desde então, Moçambique tem feito progressos principalmente
na pesquisa adaptativa que trata da distância entre boas práticas em nível de
pesquisa e a prática real nas propriedades. Entretanto, o sistema de P&D enfrenta
as seguintes restrições.
1) Falta de pessoal administrativo e de pessoal científico qualificado
2) Poucos recursos financeiros, não disponíveis em algumas épocas
3) Precária infraestrutura de pesquisa
4) Fraca gestão de pesquisas
5) Planejamento, definição de prioridades e participação de interessados na
pesquisa inadequados
Relatório Intermédio 1
2-18
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
O outro problema é que o sistema de P&D depende muito de doações, que flutuam
de um ano para outro. As doações representavam de 50 a 75% do orçamento total
do IIAM entre 2004 e 2008. Junto com a falta de recursos, o desembolso tardio e
irregular de recursos afetaram negativamente o desempenho do IIAM.
2.4.2. Tecnologia da Extensão Agrícola
(1) Descrição geral
O SDAE é responsável pelo serviço de extensão agrícola após a descentralização
da governança da extensão pelo PRONEA (Programa Nacional de Extensão
Agrícola). Enquanto cada SDAE organiza o trabalho dos extensionistas sob a
supervisão de um Supervisor da Extensão, o Serviço Provincial de Extensão do DPA
e a Direcção Nacional de Extensão Agrária (DNEA) do MINAG orientam e
supervisionam o SDAE em nível provincial e nacional, respectivamente.
De acordo com o Relatório de Análise Intermediária do PRONEA de 2011, havia em
2102, 2.238 extensionistas, dos quais apenas 770 eram servidores do governo. Os
demais 817 eram de ONGs e 651 prestadores de serviços privados. Este número
mostra que o serviço de extensão agrário no país depende bastante do setor privado,
incluindo as ONGs. De qualquer modo, o número total de trabalhadores da extensão
é muito pequeno para fornecer os serviços técnicos necessários para 3,8 milhões de
estabelecimentos agrícolas no país.
O Plano Diretor de Extensão Agrária do MINAG (2007 a 2016) descreve que há dois
pilares principais para a organização da extensão agrícola em Moçambique. Os
pilares são o Sistema Nacional de Extensão (SISNE), no qual diferentes prestadores
de extensão dos setores público e privado têm um papel, e o Sistema Unificado de
Extensão (SUS), no qual todos os serviços agrários operam através de um único
funcionário de extensão que contrata agricultores em uma área particular de
produção.
(2) PRONEA (Programa Nacional de Extensão Agrária)
O PRONEA foi implementado como o programa de operacionalização do Plano
Director de Extensão Agrária, que está em conformidade com o PEDSA (2011-
2020). Embora o PRONEA tenha sido originalmente planejado para os anos 2008 a
2015, um novo plano de implementação de cinco anos (2012 a 2016) foi feito após a
revisão intermediária em 2011. O Relatório de Análise Intermediária confirmou que o
projeto de apoio PRONEA foca em agricultores pequenos e emergentes para
melhorar sua produtividade e acesso ao mercado.
O PRONEA é organizado em três componentes, cada um com dois
subcomponentes.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-19
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
<Componente 1: Desenvolvimento do lado da Oferta dos serviços de extensão
agrícola>
1) Reorientação e Apoio do Sector Público, contribuindo para a reorganização do
sector público na abordagem dos desafios, tais como mudança de paradigma
para a extensão participativa, desconcentração para o distrito e uso da
abordagem da cadeia de valor, e no subcomponente
2) Promoção e Apoio ao Sector Privado/ONGs nas atividades de extensão, que se
refere principalmente ao fortalecimento dos prestadores de serviços de
extensão agrícola das ONGs e do setor privado em nível distrital e provincial.
<Componente 2: Desenvolvimento do lado da Demanda dos serviços de extensão
agrícola>
1) Organização e Empoderamento dos Agricultores, contribuindo para o
fortalecimento do papel das organizações de agricultores no planejamento
participativo distrital e na provisão de extensão voltada para a demanda
2) Desenvolvimento de Grupos, Associações e Empreendimentos, contribuindo
para o fortalecimento das organizações dos agricultores em termos do
desenvolvimento da cadeia de valor e da prestação de serviços agrícolas
<Componente 3: Prestação de Serviços de Extensão Agrícola>
3) Prestação de Serviços em nível Provincial, contribuindo para uma melhor
prestação dos serviços após a capacitação e fortalecimento do programa de
prestação de serviços agrícolas
4) Prestação de Serviços a nível Distrital/Local pelos prestadores de serviço de
extensão públicos e privados
O orçamento total para o novo plano quinquenal é de US$ 26,8 milhões financiados
pelo Governo, IFAD e UE.
2.4.3. Apoio à Organização dos Agricultores
O movimento associativo em Moçambique foi iniciado com o apoio da Lei das
Associações (Lei 8/91; Lei das Associações: Lei 8/91), que previa a livre associação
e os fóruns de incorporação e registro de diferentes formas de associação
(associações filantrópicas que defendem interesses, sindicatos, partidos políticos,
ONGs, clubes desportivos, etc.) Dentro deste quadro jurídico para associativismo,
um grande número de associações de agricultores foram estabelecidos no centro e
norte de Moçambique, muitas vezes com apoio de agências não governamentais de
desenvolvimento (ONG), tais como World Vision, Care, e CLUSA. Membros
agricultores foram treinados em práticas agrícolas melhoradas, bem como
habilidades de governança, tais como a alfabetização, aritmética, resolução de
conflitos, facilitação de reuniões, agendas, práticas de governança democrática e
competências empresariais. Culturas também foram identificadas que eram
Relatório Intermédio 1
2-20
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
adequadas ao lucro de pequenos produtores na região, tais como gergelim e soja
(CLUSA).
Posteriormente, a legislação foi melhorada com a aprovação do governo do
Decreto-Lei 2/2006, que simplifica e descentraliza o processo de registro das
associações agrícolas até nível distrital. A maioria das associações foi iniciada
através do apoio desta lei. A fim de incentivar mais organizações orientadas
economicamente, apoiadas pela sociedade civil e aprovadas pelo governo, a Lei
Geral das Cooperativas Modernas (Lei 23/2009), que enfatiza a organização de
pessoas com a visão econômica para superar questões sociais em diferentes áreas,
não apenas no setor agrícola ou ramos de atividade (agricultura, crédito, saúde,
consumo, construção, serviços, etc.) com base nestas três leis.
(1) Decreto-Lei 2/2006
As associações de agricultores incluem organizações registradas e organizações
não registradas. Quanto à regulamentação sobre uma organização incorporada, o
Decreto lei presidencial 2/2006 prescrevia. As organizações registradas têm
vantagens para seu levantamento de fundos. No entanto, o pedido de registro exige
vários documentos e formalidades burocráticas. Torna-se um grande obstáculo
quando os agricultores o solicitam. Como resultado disso, muitas organizações de
agricultores não foram registradas.
A associação registrada pode estabelecer um sindicato com uma mais outras
associações registradas. Se o sindicato opera além de mais de um distrito, o chefe
da província tem a responsabilidade pela supervisão. Se o sindicato funciona além
de mais de uma província, o chefe do departamento em questão da MINAG tem a
responsabilidade pela supervisão. Depois do estabelecimento de um sindicato, as
organizações-membro podem modificar a sua Constituição.
Associações de agricultores são formadas para cumprir um ou mais das (múltiplas)
funções seguindo cinco áreas: 1) atuar como um destinatário de serviços de
extensão agrícola (informações, tecnologia, equipamentos, etc.) do MINAG e outros,
2) reforçar a assistência mútua (desenvolvimento comunitário, educação,
alfabetização, qualificação de mulheres, etc.) na comunidade, 3) consolidar a coleta
e envio para negociar coletivamente com comerciantes e / ou intermediários, 4)
acessar recursos financeiros (microcrédito), e 5) operar e manter a propriedade
comunal (instalações de irrigação, instalações de armazenagem, instalações de
processamento, tratores, etc.)
(2) Nova Lei de Cooperativas (Lei 23/2009)
A nova Lei do Cooperativismo (Lei 23/2009) foi aprovada em Setembro de 2009, e
entrou em vigor em Março de 2010. Uma série de diferentes organizações e projetos
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-21
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
(incluindo a OIT, CLUSA, Agrifuturo e outras) esteveram envolvidas na elaboração
da nova lei. A Associação Moçambicana de Promoção do Cooperativismo Moderno
(AMPCM) foi formalmente criada em janeiro de 2010 para assumir um papel de
liderança na implementação da lei através da promoção e desenvolvimento de
cooperativas modernas em Moçambique como uma forma sustentável de geração
de riqueza. A nova lei prevê um quadro jurídico bem definido para a organização de
cooperativas de agricultores com um propósito claramente definido. A
comercialização de produtos pode atualmente ser o mais urgente, e o propósito para
o qual os agricultores podem criar cooperativas que funcionam razoavelmente bem.
Tornar nova legislação conhecida e disponível, especialmente nos distritos e áreas
rurais, ainda é um desafio real em Moçambique.
As cooperativas são autônomas e independentes, baseadas na associação
voluntária de seus membros, e sob seu controle democrático. Se as cooperativas
estão organizadas como cooperativas de vendas, há um amplo espaço para
associações de agricultores distintas que, de acordo com a legislação moçambicana,
devem ter fins não lucrativos, e não estão em uma posição legal de assinar
contratos comerciais. Mas, diferentes tipos de organização de agricultores podem
operar nas mesmas localidades, sem que isso seja visto como formas competitivas
ou excludentes de organização rural.
As cooperativas, diferentemente das associações, exigem autorização prévia do
Governo para ser estabelecidas. Uma cooperativa de produtores (uma cooperativa
de primeiro nível) deve ter no mínimo cinco membros, embora não exista qualquer
limite superior relacionado com a adesão. Cooperativas de segundo nível são
constituídas de cooperativas de primeiro nível como membros, e elas devem ter no
mínimo dois membros. O Artigo 82 da nova Lei das Cooperativas prevê a
transformação das associações de produtores existentes em modernas
cooperativas de produtores se elas cumprirem os requisitos estabelecidos na lei
2.4.4. Empréstimos e Créditos Agrícolas
Nos últimos 10 anos, o volume de empréstimos para a agricultura triplicou, apesar
dos empréstimos totais para a economia moçambicana cresceram 9 vezes em
termos de moeda local. O volume de crédito para o setor agrícola representou
apenas 6,5% do volume total da economia nacional em 2010. Os empréstimos para
a produção agrícola ainda se concentram nos cultivos comerciais tradicionais, isto é,
tabaco, açúcar, algodão, caju, copra e chá.
A maioria dos pequenos agricultores que dominam a economia rural de
Moçambique estão totalmente fora do alcance de qualquer operadora financeira.
Uma vez que não há nenhum sistema formal de financiamento subsidiado para
pequenos agricultores, os bancos comerciais são atualmente o único canal formal
Relatório Intermédio 1
2-22
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
de financiamento para eles. Embora o Banco Terra e o ProCredit tenham criado um
esquema de microempréstimo apropriado para pequenos agricultores, o esquema
não tem condições específicas para empréstimos agrícolas.
Quase nenhum distrito tem instalações bancárias formais. Além disso, muitos
agricultores têm dificuldades de acessar os empréstimos dos bancos comerciais
devido à alta taxa de juros, normalmente superiores a 25%, e problemas em
fornecer garantia pelos empréstimos. Uma vez que a terra é propriedade estatal, a
terra agrícola não pode ser usada como garantia. O setor de microfinanças,
complementando o precário sistema bancário comercial, é pequeno e tem
orientação urbana, embora um número limitado de associações de agricultores tem
experiência com ONGs para operar um microfinanciamento. Esta situação torna
difícil para os pequenos agricultores ter suas demandas crescentes por serviços
financeiros rurais atendidas.
A Tabela 2.4.1 mostra que apenas 2,3% dos estabelecimentos agrícolas poderiam
acessar o crédito em nível nacional, e existe uma grande diferença entre os
pequenos e médios agricultores e os grandes agricultores em termos de
acessibilidade ao crédito, exceto na província de Tete.
Tabela 2.4.1 % dos Estabelec Imentos Agrícolas que Acessaram Crédito
Província Pequeno Médio Grande Total
Niassa 0,7 11,1 - 0,7
Cabo Delgado 1,2 8,9 4,5 1,2
Nampula 1,2 6,3 11,4 1,2
Zambezia 0,4 8,1 13,0 0,4
Tete 13,9 9,9 15,6 13,8
Manica 0,6 6,3 20,0 0,7
Sofala 2,2 6,6 10,3 2,2
Inhambane 1,0 7,4 4,3 1,1
Gaza 2,4 5,3 20,7 2,4
Maputo 0,5 2,2 15,5 0,5
Maputo Cidade 0,9 3,0 24,1 0,9
Nacional 2,3 7,0 15,2 2,3
Fonte: Censo Agrícola 2009-2010, INE
Os Indicadores de Agronegócio, Moçambique (Banco Mundial, Abril 2012) analisam
que a maioria dos agricultores que tiveram acesso ao crédito na província de Tete
devem ter obtido crédito da MLTC (empresa de tabaco). Como mostrado na Tabela
2.4.2, um número relativamente grande de agricultores teve acesso ao crédito
fornecido por fornecedores de insumos, talvez a MLTC, na província de Tete. A
Tabela mostra que o governo é a 2ª maior fonte de crédito após os fornecedores de
insumos, até mesmo a maior em algumas províncias.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-23
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.4.2 Número de Estabelecimentos Agrícolas que Acessaram Crédito por
Fonte de Crédito
Província Bancos Comer-
ciais
Bancos de Des.
Agrícola*
Cooperativas
de Crédito
Fornecedores de
Insumos
Grupo de Auto-ajuda
Parentes & Amigos
Gov. Outros Total
Niassa 262 80 14 822 0 46 414 0 1.638
Cabo Delgado 100 244 1.044 0 47 334 1.458 792 4.019
Nampula 752 93 1.163 80 392 3.201 2.508 1.617 9.806
Zambezia 458 131 155 912 349 138 885 487 3.515
Tete 377 10 3.963 32.600 321 206 648 13.679 51.804
Manica 501 340 0 554 3 0 435 0 1.833
Sofala 4 1 11 1.031 576 24 3.850 431 5.928
Inhambane 90 46 74 339 472 0 1.821 6 2.848
Gaza 326 554 785 71 566 520 1.885 588 5.295
Maputo 296 117 187 2 56 0 77 46 781
Maputo Cidade 111 129 1 69 0 69 43 85 507
Nacional 3.277 1.745 7.397 36.480 2.782 4.538
14.02
4 17.731 87.974
Fonte: Censo Agrícola em 2009-2010, INE
Nota: *A definição deve ser esclarecida uma vez que não há bancos exclusivamente para desenvolvimento agrícola em
Moçambique.
A fonte do governo são provavelmente os Fundos de Desenvolvimento Distrital
(FDD). O FDD é um orçamento global, MT 7 milhões, alocado pelo Governo Central
para cada distrito para a implementação de projetos de desenvolvimento distrital,
sujeitos à deliberação com a comunidade e com os Conselhos Distritais. Embora os
primeiros planos de FDD eram destinados a projetos de investimento público, como
a construção de estradas e escolas, o Governo posteriormente reservou o FDD para
empréstimos para associações rurais, assim como para a produção de cultivos
visando a melhoria da segurança alimentar.
2.5. Irrigação e Drenagem
2.5.1. Recursos Hídricos e Gestão
(1) Marco Legal e Políticas
A base do marco legal relacionada com o uso e gestão de recursos hídricos em
Moçambique inclui a Lei de Águas (1991), a Política Nacional para Águas (1995,
revisada em 2007), a Política de Tarifas de Água (1998) e a Estratégia Nacional para
a Gestão de Recursos Hídricos (2007).
1) Lei de Águas
A Lei de Águas é o fundamento do marco legal relativo aos recursos hídricos. Esta
se desenvolve baseada no enfoque de bacias hidrográficas para a gestão de
recursos hídricos, proporciona as bases para reformas dentro do setor e traça os
Relatório Intermédio 1
2-24
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
lineamentos da estrutura institucional, assim como os princípios e políticas da
gestão de águas em Moçambique. Esta Lei está desenhada, com o fim de permitir a
criação de um sistema de gestão de águas descentralizado e participativo dentro do
país. De acordo com ela, o uso da água se classifica em comum e privado. O uso
comum é grátis e não requer licença, para atender as necessidades de uso
doméstico e pessoal, inclusive para a agricultura em pequena escala. O uso privado
é dado por concessão ou através de leis relacionadas.
2) Política Nacional de Águas
A Política Nacional de Águas (PNA), aprovada em 1995, traça estratégias
específicas de abastecimento de água para as principais áreas urbanas e
periurbanas, abastecimento em áreas rurais, saneamento e gestão integral de
recursos hídricos. A PNA visa descentralizar a gestão de recursos hídricos para
entidades autônomas no nível de bacias e províncias. De acordo com esta política, o
Governo define as prioridades, lineamentos e nível mínimo de prestação de serviços,
mas não presta o serviço. A gestão integral de águas se promove dentro da política,
como um meio de otimização de benefícios às comunidades, e considera ao mesmo
tempo, os impactos ambientais e a sustentabilidade dos recursos no tempo
Dentro da nova PNA, se espera que o uso de água para irrigação possa contribuir
para expandir a base do desenvolvimento econômico, criando riqueza e melhores
condições de vida, e os principais objetivos estabelecidos para o setor são:
a) Melhorar a segurança alimentar para incrementar a renda familiar e criar
oportunidades de emprego, a través da expansão de áreas irrigadas,
particularmente os pequenos sistemas de irrigação que se encontram
dispersos.
b) Melhorar a sustentabilidade e minimizar os impactos ambientais com o uso da
água, ao melhorar a eficiência no uso e a capacidade dos usuários de água
para operar e administrar os sistemas de irrigação.
c) Produção de cultivos agrícolas para exportação para o desenvolvimento da
agroindústria
3) Política de Tarifas de Água
A Política de Tarifas de Água aprovada em 1998 contém seis princípios importantes
para o estabelecimento das tarifas de água: i) o usuário paga; ii) proteção ambiental;
iii) tarifas equalitárias; iv) sustentabilidade; v) descentralização; e vi) gestão
participativa e mecanismos de descentralização.
4) Estratégia Nacional para a Gestão dos Recursos Hídricos
A Estratégia Nacional para a Gestão dos Recursos Hídricos aprovada em 2007 é o
marco para a implementação da Política de Águas. A gestão de recursos hídricos
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-25
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
inclui: i) avaliação dos recursos hidráulicos; ii) plano de monitoramento dos recurso
hídricos; iii) gestão da demanda de água; iv) alocação da água; v) plano de gestão
das bacias hidrográficas; vi) estruturas hidráulicas; vii) gestão conjunta das águas de
rios internacionais; viii) gestão de riscos de inundação e seca ix) consolidação das
Administrações Regionais de Águas: ARA
(2) Marco Institucional
A Direcção Nacional de Águas (DNA), pertencente ao Ministério de Obras Públicas e
Habitação está a cargo da elaboração e implantação de políticas, planejamento
geral e gestão dos recursos hídricos do país e o abastecimento de serviços de água
e saneamento. Seu objetivo é assegurar a utilização adequada de recursos das
águas superficiais e subterrâneas. O Conselho Nacional das Águas (CNA) foi criado
em 1991 como um corpo consultor do Conselho de Ministros. O CNA realiza
coordenações entre as agencias envolvidas na gestão de recursos hídricos.
Na DNA, as ARAs se estabelecem sob a Lei de Águas, como as autoridades das
bacias, responsáveis pelo desenvolvimento e gestão de águas. Ao nível nacional, a
gestão de águas está sob a responsabilidade da Direção Nacional de Águas e no
nível regional, há cinco ARAs responsáveis, ex. ARA Sul, Ara Centro, ARA Zambezi,
ARA Centro-Norte e ARA-Norte. As ARAs têm autonomia administrativa,
organizacional e financeira, pela coleta das tarifas de água dos consumidores.
Atualmente, a tarifa de água é cobrada somente para consumidores de grande
escala como a FIPAG, mineradoras e outros usuários industriais, assim como
grandes usuários de rega com mais de 500ha. As principais responsabilidades das
ARAs são:
a) Planejamento e alocação dos recursos hídricos
b) Controle do uso de águas, descarga dos tributários e outras atividades que
afetam os recursos hídricos.
c) Licença e concessão de uso de água e cobrança das tarifas de água
d) Planejamento, construção e operação de infraestrutura hidráulica.
e) Autorização e aprovação de infraestrutura hidráulica
f) Prestação de serviço técnico para os setores público e privado
g) Coleta e gestão de dados hidrológicos
Com relação às licenças para o uso de águas, existem dois tipos, i.e., Licença e
Concessão. A Licença é emitida basicamente para o curto prazo ou para uso
limitado, com uma validade de 5 anos e não pode ser estendida por mais de 10 anos,
enquanto que a Concessão não tem limite de validade. Para o uso permanente, é
necessário obter principalmente a concessão de uso de água. Além das licenças
mencionadas acima, em algumas províncias como Lichinga, também são
concedidas licenças provisórias para o uso da água, com renovação anual.
Relatório Intermédio 1
2-26
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Com relação aos desenvolvimentos de irrigação e drenagem, os projetos de grande
escala são administrados pela DNA e a CAN, enquanto que os de pequena e média
escala são administrados pelo Departamento de Engenharia Hidráulica da Direcção
Nacional de Serviços Agrários (DNSA) do MINAG.
2.5.2. Irrigação e Drenagem
(1) Política e Estratégia Nacional de Irrigação
A Política Nacional de Irrigação e sua Estratégia de Implantação foram adotadas em
2002, que enfatizou a importância estratégica da irrigação. A Estratégia Nacional de
Irrigação foi revisada em 2010. Os objetivos da estratégia são contribuir para i) o
incremento da produção e produtividade agrícola, ii) a geração de superávits de
produtos agrícolas para a exportação, iii) incremento de oportunidades de emprego
nas áreas urbanas e periurbanas e iv) incremento da renda dos produtores, através
da utilização do potencial da agricultura de irrigação. Na Estratégia, se estabelecem
três metas periódicas, i.e., metas de curto prazo para 2012, metas de médio prazo
para 2015 e metas de longo prazo para 2020:
Metas de curto prazo (2012)
Estabelecimento de uma instituição autônoma para coordenar as ações do setor
irrigação.
Formulação e aprovação do Programa Nacional de Irrigação e fortalecimento da
mobilização de capital de investimento
Metas de médio prazo (2015)
Incremento na produtividade agrícola de culturas alimentares nas terras altas
em pelo menos 3 vezes
Incremento na proporção de uso de sistemas de rego dos atuais 60% para pelo
menos 80%
Desenvolvimento de uma base de dados de sistemas de rego
Metas de longo prazo (2020)
Expansão da área irrigada para cultivos alimentares em pelo menos 50.000 ha,
das quais, ao menos 20.000 ha serão desenvolvidos através de investimentos
privados.
Incremento da capacidade dos reservatórios em aproximadamente 30 Mm3
pela reabilitação e construção de açudes
O Programa Nacional de Irrigação se encontra actualmente em formulação.
(2) Situação Atual das Áreas Irrigadas
O país conta com uma tradição de práticas de irrigação desde o período anterior à
independência, quando a área irrigada total chegava a 100.000 ha. Depois da
independência em 1975, a área irrigada foi incrementada, atingindo quase 120.000
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-27
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
ha no início dos anos 80. Posteriormente à independência, o governo promoveu a
exploração dos extensos esquemas de irrigação existentes pelas empresas estatais.
Porém, estas empresas tornaram-se um símbolo de ineficiência, mal administração
levando à consequente deterioração das infraestruturas de rego. Atualmente, as
áreas irrigadas estão ocupadas por pequenos proprietários e empresas agrícolas.
Em todo o país existem sistemas de irrigação de pequena escala, que se encontram
abandonados ou parcialmente utilizados. Grandes partes dos esquemas se
encontram em más ou péssimas condições e somente uma parte relativamente
pequena dos esquemas de irrigação está sendo utilizada. Na maioria dos esquemas
de irrigação são utilizadas águas superficiais dos rios e as águas subterrâneas são
utilizadas de maneira bastante limitada por famílias do setor de pequenos
proprietários familiares.
De acordo com resultados do inventario de infraestrutura de irrigação efetuado pelo
MINAG durante o período 2001 a 2003 (Tabela 2.5.1), 118.120 ha estão equipadas
para irrigação, das quais 40.063 ha são efetivamente utilizados, consistentes em
sua maioria por grandes esquemas superiores a 500 ha. Depois do inventario, foram
reabilitados ou construídos 13.356 ha de áreas de irrigação durante o período de
2004 a 2009, de acordo com o DNSA/MINAG. Mesmo considerando a expansão da
área em operação desde 2004, cerca de 60.000 ha ainda se encontram inativas.
Ao norte do país, há poucos sistemas de irrigação de grande escala que se
encontram efetivamente em funcionamento. Somente sistemas de irrigação de
pequena (Classe A) e média (Classe B) escala estão em operação. Ao sul e centro
do país, sistemas de grande escala (Classe C) são responsáveis por
aproximadamente de 70 a 80 % da área equipada. Os sistemas de Classe A são
operados principalmente por produtores individuais ou organizados em uma
associação. Os sistemas de Classe B são geralmente utilizados para a exploração
industrial, principalmente de cana de açúcar e arroz. Os sistemas de Classe C já
não são utilizados, uma vez que a maior parte dos projetos recentes está voltada
para a reabilitação e desenvolvimento dos sistemas de classes A e B.
De acordo com o Inquérito Agrícola de 2007 realizado pelo MINAG, em média 13%
das famílias produtoras utilizavam irrigação em nível nacional. As províncias de
Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Zambezia apresentam as taxas mais baixas
entre 3 a 8%, enquanto as províncias de Tete, Manca, Inhambane e Maputo
apresentam taxas elevadas, aproximadamente de 30%.
Relatório Intermédio 1
2-28
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.5.1 Inventário de Áreas Irrigadas e Sua Utilização
(ha) (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%)
Áreas Equipadas para Rega:
Classe A (<50 ha) 592 17 1428 4 4369 6 6389 5
Classe B (50-500 ha) 1760 53 6653 17 11234 15 19647 17
Classe C (>500 ha) 1000 30 30949 79 60135 79 92084 78
Total 3352 100 39030 100 75738 100 118120 100
Área realmente regada
Classe A (<50 ha) 200 30 624 4 2452 11 3276 8
Classe B (50-500 ha) 461 70 1584 10 2635 11 4680 12
Classe C (>500 ha) 0 0 14049 86 18058 78 32107 80
Total 661 100 16257 100 23145 100 40063 100
Proporção de área equipada realmente regada
Classe A (<50 ha) 34 44 56 51
Classe B (50-500 ha) 26 24 23 24
Classe C (>500 ha) 0 45 30 35
Total 20 42 31 34
Tecnologia
Rega de superfície 656 99 4200 26 12000 52 16856 42
Rega por aspersão 0 0 11530 71 8330 36 19860 50
Rega por gotejamento 5 1 527 3 2815 12 3347 8
Total 661 100 16257 100 23145 100 40063 100
Principais culturas de rega
Cana-de-açúcar 0 0 13799 84.9 10059 43.4 23858 59.6
Horticultura 301 100 210 1.3 6500 28.1 7011 17.5
Arroz 0 0 480 3 3650 15.6 4130 10.3
Tabaco 0 0 445 2.7 0 0 445 1.1
Citrinos 0 0 370 2.3 0 0 370 0.9
Outras 0 0 953 5.9 3036 13.1 4249 10.6
Total 301 100 16257 100 23145 100 40063 100
Norte Centro Sul Total
Descrição
Fonte: MINAG (Inventário de terras equipadas com rega, 2001 -2003)
Tabela 2.5.2 Porcentagem de Famílias Utilizando Irrigação no Inquérito Agrícola de 2007
Provincia 2002 2003 2005 2006 2007
Niassa 8 6 2 6 8
CDelgado 4 1 2 2 3
Nampula 2 2 5 6 6
Zambezia 1 3 2 3 6
Tete 28 19 9 17 30
Manica 22 5 3 10 30
Sofala 6 5 4 4 11
Inhambane 30 10 14 21 28
Gaza 27 15 18 19 17
Maputo 25 19 26 22 31
Nacional 10 6 6 11 13
Fonte : MINAG Trabalho de Inquérito Agrícola 2007
2.5.3. Organização de Usuários de Água
Em Moçambique, é possível observar que nos sistemas de irrigação de grande
escala, as instalações principais tais como o canal principal e as estruturas
relacionadas são operados e administrados pela corporação de serviços públicos e
as instalações depois do canal secundário são operadas e administradas pela
Associação de Usuários de Água (AUAs), organizadas pelos usuários de irrigação.
Como exemplo, no Esquema de Irrigação de Chokwe, um dos mais importantes
esquemas de Irrigação de grande escala em Moçambique, as instalações principais
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-29
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
são gerenciadas pela Hidráulica de Chókwè Empresa Pública: HICEP, responsável
pelo fornecimento e alocação de água no canal principal, cobrança e coleta de
tarifas de água e a operação e manutenção das facilidades relacionadas. As AUAs
organizadas por cada bloco de irrigação são responsáveis pela operação e
manutenção dos sistemas de irrigação secundários e terciários.
Em Moçambique, as AUAs são legalizadas pela Lei de Associação (Decreto-Lei
2/2006) como uma Organização de Produtores, porque ainda não existe uma lei
para associação de usuários de água.
Geralmente, as capacidades das AUA não estão desenvolvidas devido à falta de
experiência na operação e manutenção das instalações assim como na gestão de
águas, além da falta de fontes de financiamento. Portanto, os sistemas de irrigação
não são adequadamente administrados. O governo e o MINAG assim como os
doadores vêm realizando diversos esforços para fortalecer a funcionalidade das
AUA.
Para pequenos sistemas de irrigação, as AUA, os sistemas são operados e
administrados pela Associação de Produtores ou Grupo de Produtores, em alguns
casos pela Comunidade, sem uma AUA que se organiza especialmente para a
operação e manutenção do sistema de irrigação. Em geral, a situação da operação
e manutenção das instalações por estes também são de padrão inferior. Para
enfrentar esta situação descrita anteriormente, a Estratégia Nacional de Irrigação
enfatiza o apoio para a organização e fortalecimento das associações de usuários
de irrigação, pelos pilares de desenvolvimento de infraestrutura, administração e
uso da irrigação.
2.6. Logística Agrícola
2.6.1. Mercados dos Produtos Agrícolas
O mercado de produtos agrícolas está dividido em local, regional e internacional. O
mercado local fornece produtos agrícolas da área de produção ao público e ao
mercado temporário no distrito, em outros distritos e na capital da província. O
mercado regional fornece produtos de outras regiões e distritos. O mercado
internacional consiste da importação e exportação de produtos agrícolas e de
produtos processados. Considerando que a cobertura dos sistemas de irrigação em
Moçambique é pequena, a prática de cultivo de sequeiro é dominante no país,
havendo a falta de alimentos básicos na estação seca. Por outro lado, a região norte
tem produção excedente de milho mesmo na estação seca. Não obstante, o milho é
importado todos os anos na região sul. Os altos custos de transporte causados
pelas precárias condições das estradas fazem com que produtos como o milho na
Relatório Intermédio 1
2-30
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
região norte enfrentem dificuldades para competir com produtos importados na
região sul. Como resultado, o milho produzido na região norte é exportado para
países vizinhos como o Malavi e Zimbabwe. Os cultivos de alto valor, como feijões e
amendoim da região norte, ainda têm competitividade no mercado da região sul.
2.6.2. Comércio Doméstico dos Produtos Agrícolas
Como acima mencionado, Moçambique é dividido em 3 regiões, norte, central e sul.
Além do movimento entre distritos, os movimentos típicos dos produtos agrícolas
em cada região são apresentados a seguir.
- Na região norte, o movimento para o mercado de Nampula, exportação e
importação com o Malaui em distritos adjacentes à fronteira na província do
Niassa, movimento de produtos de exportação para Nacala, foram observados.
- Na região central, movimento para o mercado de Maputo, movimento para o
mercado de Beira, exportação para o Zimbabwe através de Tete,
- Na região sul, movimento do sul e movimento da África do Sul.
O fluxo de produtos agrícolas em Moçambique está utilizando dois produtos típicos,
milho e feijões. A Figura 2.6.1 ilustra o movimento do milho em Moçambique. O
milho produzido na região norte é fornecido aos distritos da região e em regiões
vizinhas principalmente para consumo, e para o Malaui e para o porto de Nacala
para exportação. Um fenômeno similar está ocorrendo na região central, mas eles
fornecem milho para Maputo.
Enquanto isso, quanto aos feijões, uma quantidade muito pequena foi exportada
para o país vizinho, sendo que um grande volume foi fornecido da região norte para
as regiões central e sul. A razão é o alto valor dos feijões. Um membro da
associação de transportes respondeu em nossa entrevista que eles compram feijões
em Lichinga por 15 a 17MT/kg e podem vendê-los em Maputo entre 45 a 50 MT/kg.
No caso do milho, a margem não é tão grande como a dos feijões, mas eles
compram em Lichinga por 3MT/kg e vendem por 10MT/kg em Maputo.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-31
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Fonte: FEWSNET, 2009
Figura 2.6.1 Fluxo de Produção e Comercialização do Milho (esquerda) e dos Feijões (direita)
2.6.3. Comércio Internacional de Produtos Agrícolas
(1) Milho
Como mostrado na Figura 2.6.2, a exportação de milho apresentou níveis variados
de 15.000 a 30.000 t. A produção doméstica de milho em 2006 foi muito boa e
parece ter havido um excedente de aproximadamente 70.000 t de milho. Enquanto
isso, a importação de milho apresenta uma tendência de redução desde 2003. No
geral, a quantidade importada tende a decrescer.
Importação de milho
0
100,000
200,000
300,000
400,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
20,000
40,000
60,000
80,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 125,000300,000373,312205,612 56,374 179,000239,000 28,150 100,893 81,794
Value 20,000 51,000 75,448 26,672 9,637 30,000 36,000 7,000 35,000 23,275
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
exportação de milho
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 0 0 5,522 3,267 11,965 931 103,210 19,123 29,156 15,190
Value 0 0 862 324 2,113 1,130 88,640 5,094 5,117 3,254
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.6.2 Importação e Exportação de Milho (quantidade e valor)
Relatório Intermédio 1
2-32
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
(2) Arroz
Os dados sugerem que o nível de
importação de arroz (Figura 2.6.3)
mostrou um aumento geral no volume
e no valor de 2001 a 2007, tendo
então diminuído entre 2004 a 2005.
Isto foi causado por um pico do preço
do arroz no mercado internacional em
2008 e pelo aumento da produção
doméstica devido à expansão da área
de produção em 2008. Entretanto, aproximadamente 280 mil t (US$ 140 milhões) de
arroz foram importados em 2009.
(3) Soja
Como ilustrado na Figura 2.6.4, a quantidade importada de soja parece ter crescido
no período 2000-2006, mas caiu em 2008. O quadro geral obtido a partir dos dados
é que a importação de óleo de soja aumentou de 2000 a 2009.
Importação de soja e de óleo de soja
0
10,000
20,000
30,000
40,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 7,300 13,300 13,000 8,695 24,265 23,000 30,200 19,945 35,700 35,700
Value 3,200 4,100 4,100 5,297 14,805 13,000 13,800 15,334 29,000 29,000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Importação de soja
0
100
200
300
400
500
600
qu
anti
dad
e (
t.)
0
50
100
150
200
250
300
350
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 27 92 148 31 6 370 510 469 36 137
Value 12 21 52 9 25 165 306 289 54 120
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.6.4 Importação de Soja e de Óleo de Soja (quantidade e valor)
(4) Trigo
Moçambique é um importante
importador de trigo especialmente
para consumo urbano, e os dados
parecem mostrar um aumento da
quantidade no período de 2000 a
2006, embora a quantidade
importada tenha caído em 2007 e
2008 devido ao alto preço no
mercado internacional. Em 2009, a
redução do preço no mercado
internacional ao nível de 2006
resultou em aumento da quantidade importada.
Iportação de arroz processado
0
100,000
200,000
300,000
400,000
500,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
50,000
100,000
150,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 70,000 31,500 75,980 159,35 262,58 259,34 382,27 425,60 263,65 280,34
Value 21,200 9,500 13,619 30,244 49,396 67,500 96,300 127,50 100,00 136,74
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.6.3 Importação de Arroz
Processado (quantidade e valor)
Importação de trigo e de farinha de trigo
0
200,000
400,000
600,000
800,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 230,008230,666245,483363,695503,185470,497614,372353,666243,958439,746
Value 23,300 20,400 34,978 60,682 91,396 65,970 92,364 94,420 88,770 109,589
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.6.5 Importação de Trigo e de Farinha
de Trigo (quantidade e valor)
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-33
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
(5) Frango
A Figura 2.6.6 mostra a importação de frango e de torta de soja, que é utilizada
como material para alimentação dos frangos. A importação de frango começou a cair
em 2006, mas cresceu novamente a partir de 2008 e alcançou aproximadamente
18.000 t em 2009, sendo o pico dos últimos anos. Como mencionado anteriormente
na seção de soja, a produção doméstica de carne de frango tem aumentado desde
2006 e, desde então, tem causado a redução da importação de carne frango e o
aumento da importação de torta de soja. A quantidade importada de torta de soja
variou de 7.000 t a 8.000 t no período de 2006 a 2009. Não obstante, a importação
de frango voltou ao seu nível mais alto de 2005. Existe um forte crescimento da
demanda por carne de frango no mercado doméstico.
Importação de carne de frango
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
5,000
10,000
15,000
20,000
Val
ue
(1
00
0U
S$)
Quantitiy 2,900 2,900 7,913 3,308 8,050 13,216 10,812 8,461 9,199 12,605
Value 3,600 3,600 9,409 6,547 9,225 15,232 12,742 10,463 13,775 17,152
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Importação de torta de soja
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
1,000
2,000
3,000
4,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 600 4,200 3,245 1,184 696 853 6,582 7,965 7,600 7,200
Value 70 1,100 833 392 185 376 1,670 2,659 2,600 3,491
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.6.6 Importação de Carne de Frango e de Torta de Soja (quantidade e valor)
A importação de torta de soja cresceu dramaticamente. A razão para este rápido
crescimento da importação da torta de soja é que o governo baniu, em 2006, a
venda de carne de frango com mais de 80 dias depois do abate. Este regulamento
estimulou a produção doméstica de carne de frango, que não era competitiva em
relação à carne de frango importada. A carne de frango doméstica, que tinha apenas
10% de capacidade de produção, teve sua capacidade aumentada em 20% por ano
nos últimos 5 anos, com a continuidade dos investimentos na produção de frango. O
preço da soja no mercado internacional também tem aumentado desde 2007.
Consequentemente, a demanda por soja doméstica está se expandindo
rapidamente. Os avicultores de Nampula disseram que o preço da torta de soja
importada está 21,43 MT/kg, e a da Zambezia está 18 MT/kg (de 12 a 13 MT/kg
direto do produtor). (Desenvolvimento de organizações nacionais de produtores e
unidades de negócios especializados em Moçambique 2012)
(6) Amendoim
O amendoim apresenta forte elasticidade de preços conforme a demanda. Como
mostrado na Figura 2.6.7, os dados parecem mostrar que a quantidade de
amendoim importada decresce quando o preço aumenta e vice-versa. Como o
preço no mercado internacional aumentou em 2006, a quantidade exportada
Relatório Intermédio 1
2-34
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
continuou a crescer. Por outro lado, a quantidade importada foi mantida em um
nível baixo.
Exportação de Amendoim con Casca
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000q
uan
tid
ade
(t.
)
0
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
4,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 300 300 36 1,954 212 532 473 10,362 3,125 2,548
Value 150 150 4 708 91 538 61 3,588 1,597 2,008
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Importação de AmendoimImport con Casca
0
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
6,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
500
1,000
1,500
2,000
2,500
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 240 2,900 5,624 816 1,889 5,296 910 841 918 811
Value 169 1,050 1,345 540 823 1,942 888 815 943 859
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.6.7 Importação e Exportação de Amendoim (quantidade e valor)
(7) Banana
Como mostrado na Figura 2.6.8, a
exportação de banana começou em
2004 e continuou a crescer em volume e
valor. No corredor de Nacala, a
Matanuska financiada pela África do Sul
em aliança com a Chiquita Banana
financiada pelos EUA exporta banana
para o mercado europeu através do
porto de Nacala.
(8) Gergelim
Os dados para o gergelim (Figura 2.6.9)
parecem mostrar um aumento global no
volume e no valor de exportação de
aproximadamente 7,5 vezes o volume e
13,8 vezes o valor, crescendo de 5.300 t
com aproximadamente US$ 3.300 em
2003 para aproximadamente 40.000 t
com aproximadamente US$ 45.000 em
2009.
(9) Feijões
Não há informação estatística sobre o comércio de feijões. US$ 6,5 milhões de
feijões foram exportados em 2009, mas não foram classificados os tipos de feijões
exportados. Em Nampula, a Export Marketing, que é uma empresa indiana de
comércio de grãos, exportou 7.000 t de feijão holoco e 23.000 t de feijão boer em
2011. Eles coletaram diretamente dos produtores através de coletores e exportaram
para a Índia.
Exportação de banana
0
1,000
2,000
3,000
4,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantity 0 0 0 0 338 537 1,429 2,884 3,371 2,920
value 0 0 0 0 1,776 3,701 9,635 18,081 19,971 18,570
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.6.8 Exportação de Banana
(quantidade e valor)
Exportação de gergelim
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
45,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
45,000
50,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 0 0 0 5,281 12,582 11,755 8,166 19,653 25,793 39,436
Value 0 0 0 3,268 9,005 8,303 5,788 15,793 38,233 45,151
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.6.9 Exportação de Gergelim
(quantidade e valor)
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-35
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.6.4. Mecanismo de Definição de Preços dos Produtos Agrícolas e
Tendências Recentes
(1) Milho
O milho é cultivado em sistema de sequeiro com uma estação de colheita por ano,
Abril-Junho, que não muda. Então, o preço do milho em Nampula tem um padrão
sazonal com um pico em Janeiro e menor preço em Maio, conforme ilustrado na
Figura 2.6.10. Enquanto isso, o milho cultivado na região sul é fornecido para o
mercado da região sul de Junho a Setembro, portanto o volume fornecido na região
sul é reduzido. O milho da África do
Sul é fornecido, no lugar da
produção doméstica, até a próxima
colheita. Portanto, o preço do
milho na região sul é afetado pelo
preço na África do Sul. Os preços
variaram de 6 a 12 MT/kg no
período 2007 a 2012.
(2) Mandioca
Como mostrado na Figura 2.6.11,
os dados parecem mostrar um
aumento global de mais do dobro
nos últimos 5 anos, mas o preço
da farinha de mandioca é
relativamente estável entre os
cultivos básicos. Considerando
que a mandioca pode ser colhida
durante todo o ano, os produtores
fornecem por demanda do
mercado. Os preços no último ano variaram de 15 a 18 MT/kg.
(3) Arroz processado
Moçambique conta com a
importação para o consumo
doméstico e os preços do arroz
refletem o preço no mercado
internacional. Não há variação
sazonal de preços. O preço de
mercado no último ano flutuou
entre 20 a 25 MT/kg.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2007/4/7 2008/4/7 2009/4/7 2010/4/7 2011/4/7 2012/4/7
Pre
ço d
e m
erc
ado (
MT
/kg)
Fonte: SIMA
Figura 2.6.10 Preço de Mercado de Grãos de Milho em Nampula
0
5
10
15
20
25
30
2007/4/7 2008/4/7 2009/4/7 2010/4/7 2011/4/7 2012/4/7
Pre
ço d
e m
erc
ado (
MT
/kg)
Fonte: SIMA
Figura 2.6.11 Preço de Mercado da Farinha de Mandioca em Nampula
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
2007/4/7 2008/4/7 2009/4/7 2010/4/7 2011/4/7 2012/4/7
Pre
ço d
e m
erc
ado (
MT
/kg
)
Fonte: SIMA
Figura 2.6.12 Preço de Mercado do Arroz Processado em Nampula
Relatório Intermédio 1
2-36
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
(4) Feijão nhemba
O preço de varejo do feijão
nhemba é relativamente inferior
aos outros feijões. O preço
ficou estável no ano passado,
próximo a 25 MT/kg, e não há
flutuação sazonal.
(5) Feijão branco
O feijão branco tem forte
demanda em todo o país e é
vendido a um alto preço. Os
preços flutuaram entre 20 e 70
MT/kg em Nampula. O feijão
branco é cultivado na região
norte, que pode ser competitivo
nas regiões central e sul.
(6) Amendoim
Não há padrão sazonal nos
preços do amendoim. Os
preços flutuaram entre 10 a 50
MT/kg nos últimos 5 anos.
2.7. Agro-processamento
2.7.1. Agro-processamento de Larga Escala
As indústrias de agro-processamento de larga escala mostradas abaixo têm uma
longa história. Os investimentos em agro-processamento são predominante e
geograficamente localizados como mostrado a seguir: (1) milho em Nampula,
Maputo e Sofala, (2) algodão em Nampula, Zambezia e Cabo Delgado, (3) caju em
Nampula, Gaza, Inhambane, e (4) tabaco em Nampula, Tete, Manica, Cabo Delgado,
Gaza e Sofala, (5) chá em Zambezia, e (6) açúcar em Maputo e Sofala.
O milho é um dos alimentos básicos de Moçambique e existem grandes moageiras
localizadas nas capitais das províncias para fornecer farinha de milho para o
0
5
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2007/4/7 2008/4/7 2009/4/7 2010/4/7 2011/4/7 2012/4/7
Pre
ço d
e m
erc
ado (
MT
/kg
)
Fonte: SIMA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
2007/4/7 2008/4/7 2009/4/7 2010/4/7 2011/4/7 2012/4/7
Pre
ço d
e m
erc
ado (
MT
/kg
)
Fonte: SIMA
Figura 2.6.14 Preço de Mercado do Feijão Branco em Nampula
Figura 2.6.13 Preço de Mercado do Feijão Nhemba em Nampula
0
10
20
30
40
50
60
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2007/04/07 2008/04/07 2009/04/07 2010/04/07 2011/04/07 2012/04/07
Pre
ço
de m
erc
ad
o (
MT
/kg
)
Fonte: SIMA
Figura 2.6.15 Preço de Mercado do Amendoim (pequeno com casca) em Nampula
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-37
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
mercado local. Os donos das moageiras compram milho e vendem a farinha após
seu processamento e embalagem.
(1) Algodão
Os dados (Figura 2.7.1) parecem mostrar um aumento global da exportação de
algodão de 2000 a 2007, e uma redução a partir de 2008. A recessão global pode ter
afetado o mercado internacional de algodão. A quantidade e o valor caíram de
32.000 t com aproximadamente US$ 36,7 milhões em 2007, como pico, para 20.000
t com US$ 25,1 milhões em 2009.
Moçambique também exporta sementes de algodão. A exportação de sementes de
algodão caiu em 2008, do mesmo modo que a de algodão, porém o valor exportado
aumentou e teve seu maior valor em 2009.
Exportação de algodão
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000va
lor
(US$
10
00
)
Quantitiy 10,000 14,500 20,274 24,681 19,577 21,235 28,081 31,694 26,102 20,102
Value 8,300 17,100 16,311 25,166 22,753 23,128 30,747 36,696 36,577 25,113
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Exportação de semente de algodão
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
4,000
4,500
5,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 2,800 1,983 6,447 8,809 8,390 10,202 13,856 29,177 19,916 19,059
Value 350 705 529 731 937 1,150 1,620 3,777 4,216 4,300
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.1 Exportação de Algodão (esquerda) e de Semente de Algodão (direita)
(quantidade e valor)
(2) Castanha de caju
A Figura 2.7.2 mostra a exportação de castanha de caju sem e com casca. Desde
2003, a quantidade e o valor da castanha de caju sem casca têm aumentado
constantemente, atingindo cerca de 4.000 t com US$ 17,6 milhões. Por outro lado,
a castanha de caju com casca teve um aumento de 2,5 vezes na sua exportação,
10.000 t em 2009, mas o valor foi aproximadamente metade do valor do caju sem
casca com US$ 9,3 milhões.
Exportação de castanha de caju sem casca
0
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
16,000
18,000
20,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 4,700 4,700 631 221 500 921 2,196 3,167 3,346 3,935
Value 15,000 15,000 1,179 671 1,974 3,916 8,713 12,081 14,365 17,613
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Exportação de castanha de caju com casca
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
45,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 0 0 38,447 32,659 39,731 33,492 24,053 32,671 10,468 10,468
Value 0 0 18,728 18,399 28,473 23,520 13,996 27,413 9,346 9,346
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.2 Exportação de Castanha de Caju sem Casca (esquerda) e com Casca (direita)
(quantidade e valor)
Relatório Intermédio 1
2-38
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
(3) Tabaco
Como mostrado na Figura 2.7.3, em
2006, a exportação de tabaco pulou
para 34.000 t, três vezes em
relação ao ano anterior. A
quantidade exportada tem se
mantido em mais de 30.000 t,
desde então. A quantidade e o valor
exportado em 2009 foram 34.000 t
e US$ 123,6 milhões,
respectivamente.
(4) Chá
Como ilustrado na Figura 2.7.4, no
período de 2007 a 2009, a
quantidade de chá exportada foi
relativamente alta e estável em
comparação com anos anteriores.
A quantidade e o valor exportado
em 2009 foram 1.300 t e US$ 2,0
milhões, respectivamente.
(5) Açúcar
Os dados sugerem um aumento constante da exportação de melaço (açúcar bruto
centrifugado) no período de 3.400 t em 2001 para 132.000 t em 2008. O valor
também aumentou de US$ 7,5 milhões para US$ 83,1 milhões, respectivamente.
Por outro lado, a importação de açúcar refinado decresceu para 51.000 t em 2009,
um quarto da quantidade em 2000.
Exportação de açúcar bruto centrifugado
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
140,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
10,000
20,000
30,000
40,000
50,000
60,000
70,000
80,000
90,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 68,600 14,766 14,000 24,997 43,402 78,151 80,645 106,448131,783101,771
Value 24,900 7,500 7,000 11,167 18,152 29,494 36,596 57,719 82,826 53,146
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Importação deaçúcar refinado
0
50,000
100,000
150,000
200,000
250,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
10,000
20,000
30,000
40,000
50,000
60,000
70,000
80,000
90,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 220,000170,500134,100 95,900 149,500 99,600 7,385 12,255 50,600 50,600
Value 65,000 51,000 35,740 30,500 85,400 51,400 6,834 9,972 23,078 23,078
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.5 Importação e Exportação de Açúcar (quantidade e valor)
Exportação de Tabaco, não manufaturado
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
45,000
50,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
140,000
160,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 0 0 8,268 11,363 11,637 11,637 34,175 44,452 30,847 33,897
Value 0 0 21,755 31,936 32,022 32,022 89,702 139,955107,500123,648
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.3 Exportação de Tabaco
(quantidade e valor)
Exportação de chá
0
1,000
2,000
3,000
qu
anti
dad
e (
t.)
0
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
valo
r (U
S$ 1
00
0)
Quantitiy 132 950 2,424 937 586 317 505 1,518 1,174 1,332
Value 101 1,700 2,109 789 630 321 836 2,531 1,521 1,977
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.4 Exportação de Chá (quantidade e
valor)
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-39
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.7.2. Agro-processamento de pequena escala
O agro-processamento de pequena escala, como as moageiras de arroz, milho e
mandioca, é dominante em todo o país. As moageiras estão localizadas no centro e
ao redor dos distritos e cidades, fornecendo serviços de moagem para os clientes.
Na zona rural, os donos das moageiras não compram os produtos para vender os
produtos moídos, apenas fornecem serviços de moagem.
2.8. Investimentos no Desenvolvimento Agrícola
2.8.1. Políticas do Governo para a Promoção e Regulamentação dos
Investimentos Agrícolas
(1) Condições gerais do ambiente de investimentos de Moçambique
Na revisão e na comparação do ambiente geral de investimento, o Índice “Doing
Business”1 desenvolvido pelo Banco Mundial foi utilizado como ponto de referência,
destacando a facilidade com a qual um empreendedor é capaz de abrir e operar um
negócio, cumprindo com os regulamentos relevantes do país.
A Tabela 2.8.1 a seguir apresenta a classificação relevante do índice “Doing
Business” para Moçambique e seus países vizinhos, com Moçambique em 139º
lugar no ranking global de 2012, abaixo do 132º lugar que ocupava em 2011. Entre
as 7 nações vizinhas, Moçambique está em 5º lugar, enquanto que a África do Sul
está em primeiro lugar entre os 7 países, e no 2º lugar na África sub-Saariana,
seguida de Mauritius. Em termos de indicadores de “Starting Business”,
Moçambique está no 70º lugar no mundo, o que indica que os regulamentos de
Moçambique para os investimentos, incluindo procedimentos de licenciamento, são
relativamente amigáveis aos investidores que desejam iniciar um negócio. Além
disso, Moçambique está em 18º lugar no ranking geral dos 46 países da África
sub-Saariana, o que indica que o Governo de Moçambique criou um ambiente
regulatório favorável, útil para a operação de negócios, em comparação com outros
países da África sub-Saariana.
1
O “Doing Business” classifica as economias com base em 10 áreas de regulação: 1) começar um negócio; 2) lidar com permissões de construção; 3) obter eletricidade; 4) registrar a propriedade; 5) obter crédito; 6) proteger os investidores; 7) pagar impostos; 8) comercializar através das fronteiras; 9) fazer valer os contratos; e 10) resolver insolvência.
Relatório Intermédio 1
2-40
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.8.1 Índice “Doing Business” 2012 de Moçambique e dos Países Vizinhos
País
Classificação Global (de 183 países) Indicador
“Starting a Business”
Classificação
Global na África
Sub-Saariana 2012 2011
Moçambique 139 132 70 18
África do Sul 35 36 44 2
Zâmbia 84 80 69 7
Tanzânia 127 125 123 14
Madagascar 137 144 20 17
Malawi 145 141 139 21
Zimbábue 171 168 144 36
(2) Agências de Promoção de Investimento
Em 2009, o setor agrícola de Moçambique representou 31% do PIB e empregou
quase 80% de toda a força de trabalho2. O Governo de Moçambique definiu, no
Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Agrícola (PEDSA 2010 – 2019),
uma direção política, enfatizando a importância da abordagem da cadeia de valor
para o desenvolvimento agrícola, o que criou as bases para o atual ambiente
favorável ao agronegócio. Isto implica que a promoção das iniciativas privadas na
agricultura comercial e no agronegócio é fundamental para o crescimento
sustentável e inclusivo do setor agrícola, envolvendo mais pequenos agricultores
nas cadeias de valor da produção. Para atrair investimentos estrangeiros e
domésticos para o setor de agricultura/agronegócio, dois órgãos diferentes do
governo, o Centro de Promoção de Investimentos (CPI) e o Centro de Promoção da
Agricultura do Ministério da Agricultura (CEPAGRI), têm trabalhado em atividades
específicas na promoção de investimentos, como resumido a seguir. Em relação à
área do Corredor de Nacala, a Fundação Malonda, uma entidade privada sem fins
lucrativos, tem trabalhado na província do Niassa desde 2005, com o objetivo de
promover investimentos para fortalecer a situação econômica da região, que por sua
vez contribui para a melhoria das condições de vida da população local.
1) Centro de Promoção de Investimentos (CPI)
O CPI, criado em 1993 sob a jurisdição do Ministério do Planejamento e
Desenvolvimento, lida com o desenvolvimento dos investimentos privados em
Moçambique. Como uma janela para os investimentos diretos estrangeiros e
domésticos, o CPI presta serviços de promoção de investimentos, como a
disseminação de informações sobre investimentos e consultas sobre
ideias/oportunidades de negócios, atuando como prestador de serviços unificados
para os investidores. O CPI recebe propostas de projetos de investimento dos
investidores e os processa para aprovação de acordo com os Regulamentos da Lei
2 Trabalho Econômico e Setorial: Indicador de Agronegócio: Moçambique, Banco Mundial, 2012
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-41
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
de Investimentos (Decreto no. 43/2009 de 21 de agosto). O CPI tem 5 escritórios
regionais em Beria, Chimoio, Tete, Quelimane e Nampula, com os escritórios
trabalhando em estreita cooperação com os governos locais para apoiar os
investidores na negociação dos direitos de uso da terra e na preparação dos
documentos necessários para as propostas de investimento.
2) Centro de Promoção da Agricultura (CEPAGRI)
O CEPAGRI tem um mandato específico para: i) promover investimentos e o
comércio no agronegócio e na agroindústria; ii) analisar o potencial do agronegócio
através de pesquisa/estudos técnicos; e iii) coordenar a integração de
projetos/iniciativas implementados por diferentes atores, como o governo,
ONG/doadores e negócios privados, para maximizar os impactos no
desenvolvimento agrícola. O CEPAGRI trabalha em estreita cooperação com o CPI,
na revisão de propostas de projeto de investimento relacionadas com o
desenvolvimento da agricultura/agronegócio, fazendo comentários técnicos e dando
feedback, que são então examinados em detalhe durante o processo de aprovação
de cada proposta de investimento. O CEPAGRI tem 4 subescritórios nas províncias
de Gaze, Manica, Zambezia e Nampula.
3) Fundação Malonda
A Fundação Malonda foi criada em 2005, em cooperação técnica com a Agência de
Cooperação Internacional Sueca, com o objetivo de reduzir a pobreza na província
do Niassa através da promoção dos investimentos privados. Desde 2011, a
Fundação Malonda tem dado maior atenção às atividades de promoção de
investimentos, fornecendo informações sobre potenciais oportunidades de
investimento na província do Niassa através do seu site e através de serviços de
assessoria a investidores com relação à obtenção das licenças/permissões
necessárias para iniciar o negócio3. A Fundação Malonda trabalha em cooperação
estreita com os órgãos do governo local para facilitar a criação de parcerias entre os
diferentes interessados, representantes da comunidade, ONGs, negócios locais e
investidores, para criar um ambiente de negócios favorável, atraindo mais
investimentos para a região.
(3) Incentivos aos Investimentos
O ambiente de investimentos em Moçambique é amplamente favorável ao setor
agrícola Incentivos fiscais e não fiscais são dados para projetos de investimentos
internacionais e domésticos, da maneira resumida na Tabela 2.8.2. Além disso, uma
alíquota especial de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPC) foi oferecida
exclusivamente para o setor agrícola até 31 de dezembro de 2015.
3 A Fundação Malonda dá prioridade aos setores de agricultura, silvicultura, turismo e mineração na promoção de
investimentos.
Relatório Intermédio 1
2-42
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.8.2 Incentivos a Investimentos para o Setor Agrícola
Itens Incentivos Duração
Taxas alfandegárias e VAT sobre a importação de equipamentos
Isenção Primeiros 5 anos do projeto
Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPC) para todo o setor agrícola
Alíquota especial de 10% (alíquota normal: 32%)
Até 31 de dezembro de 2015
Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPC) para novos projetos de investimento
80% de redução da alíquota acima
(alíquota de IRPC aplicada de 2%)
50% de redução (alíquota de IRPC aplicada será de 16%)
Até 31 de dezembro de 2015
De 2016 a 2025
Custo do treinamento profissional para funcionários moçambicanos
Deduzido da renda tributável do IRPC
Primeiros 5 anos do projeto
Custos da construção/recuperação de infraestrutura social (estradas, abastecimento de água, eletricidade, etc.)
Deduzido da renda tributável do IRPC às taxas abaixo.
110% dos gastos em Maputo
120% em outras províncias
5 exercícios fiscais
Fonte: Código de Benefícios Fiscais, Lei no. 4/2009 de 12 de janeiro, o Governo de Moçambique
(4) Fatores limitantes dos investimentos na agricultura/agronegócio
<Ambiente das Políticas>
Embora a direção política geral e o ambiente de investimentos de Moçambique seja
considerado favorável pelos desenvolvedores de agricultura/agronegócio, como
verificado nos resultados do levantamento4, o levantamento também indica que o
setor privado também quer que seja dada maior transparência à formulação das
políticas e que a implementação de alguns regulamentos, decretos e procedimentos
não seja inconsistente. Um exemplo destas mudanças nas políticas é a renúncia de
impostos sobre as importações de milho e soja, que é vista criticamente como
benéfica para empresas grandes de agronegócio e comercialização, enquanto que
desencoraja os investimentos locais na produção e beneficiamento de milho e soja.5
<Financiamento>
A principal barreira para o investimento na agricultura/agronegócio é o acesso a
recursos acessíveis de financiamento. O crédito para os produtores de agronegócio
ou de agricultura é caro em Moçambique, já que as taxas de juros dos bancos
comerciais variam de 20% a 25%, dependendo do mérito do cliente/projeto e da
qualidade da garantia. Outro fator limitante é o prazo dos empréstimos, já que vários
4 “Indicadores de Agronegócio: Moçambique, Banco Mundial, abril de 2012
5 Idem.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-43
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
bancos não oferecem empréstimos para mais de 5 anos, o que limita os tipos de
investimentos que os mutuários podem realizar.6
<Obtenção de um direito de uso da terra/DUAT e garantia para um empréstimo>
Um investidor tem que passar por um processo longo e complexo para obter um
DUAT, de acordo com os Regulamentos da Lei da Terra (Lei no. 19/97 de 1º de
outubro), que exige a realização de várias consultas públicas, a demarcação
topográfica da área e a obtenção de documentos de vários órgãos do governo, tudo
incorrendo em custos. E, mesmo quando o DUAT foi emitido, a terra não pode ser
utilizada como garantia para o empréstimo, fato que é considerado como o principal
fator limitante do aumento do crédito para a agricultura. Entretanto, os bancos
aceitam construções rurais, armazéns e sistemas privados de irrigação como
garantia.
(5) Procedimentos de solicitação de investimento
Com procedimentos de licenciamento simplificados, os Regulamentos da Lei de
Investimentos (Decreto no. 43/2009 de 21 de agosto) estipulam os detalhes para a
obtenção da autorização para investimento direto estrangeiro e doméstico. O CPI
desempenha um papel de liderança no processo das propostas de investimento,
coordenando as reuniões interinstitucionais com os ministérios e órgãos relevantes
para a autorização da proposta. A decisão sobre a aprovação de uma proposta de
investimento deve ser tomada pelas autoridades de acordo com o valor total do
investimento, como resumido na Tabela 2.8.3 a seguir. Um investidor recebe uma
notificação sobre o resultado final da avaliação no prazo de 17 dias da aceitação
oficial da proposta de investimento pela CPI.7
Tabela 2.8.3 Autoridade com Poder de Decisão sobre os Investimentos
Decisão tomada por: Condições
O Governador da Província (na qual o projeto de investimento proposto será realizado)
O valor do investimento não é superior a 1.500.000.000 MT (aprox. US$ 50 milhões).
Diretor Geral do CPI O valor do investimento não é superior a 2.500.000.000 MT (aprox. US$ 100 milhões).
O Ministro de Planejamento e Desenvolvimento
O valor do investimento não é superior a 13.500.000.000 MT (aprox. US$ 500 milhões).
O Conselho de Ministros O valor do investimento é superior a 13.500.000.000 MT (aprox. US$ 500 milhões).
A área de terra necessária para o projeto é maior que 10.000 ha; ou
A área de concessão para silvicultura é maior que 100.000 ha.
Fonte: Regulamentos da Lei de Investimentos, Decreto no. 43/2009 de 21 de agosto
6 Idem.
7 No caso de uma decisão feita pelo Conselho de Ministros, o prazo é de aproximadamente 45 dias.
Relatório Intermédio 1
2-44
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Outras licenças necessárias para começar um negócio são o “DUAT (direito de uso
da terra)” e “uma licença ambiental” com a aceitação de um relatório de avaliação
ambiental. Os procedimentos para solicitação destas licenças estão relacionados
com os da proposta de investimento, como ilustrado na Figura 2.8.1, cujos passos
são os seguintes: i) consulta preliminar com o governo local e realização de
consultas públicas oficiais; ii) apresentação de uma proposta de investimentos para
o CPI com uma carta de apoio emitida pelo governo local e com a minuta da reunião
de consulta pública anexada; iii) apresentação de uma solicitação de DUAT após a
obtenção de uma autorização para o investimento do CPI; e iv) a aceitação do
relatório de avaliação ambiental e a emissão da licença ambiental após a
autorização do DUAT provisório.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-45
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Fluxograma de Solicitação de uma Autorização de Investimento e das Licenças RelacionadasCronograma
1. Solicitação do Projeto
Detalhes do projeto proposto
Cópia do documento de identificação do investidor
Certificado de registro da empresa
Planta topográfica ou desenho da localização da área proposta
Apresentação ao CPI
2. Coordenação Interinstitucional
Inclui Ministérios e órgãos do governo relevantes
Em 7 dias após o recebimento
da proposta
3. Autorização da proposta
Uma ordem ministerial preliminar é emitida contendo os termos específicos da
autorização relacionada com o respectivo projeto
Tais como: Nome do investidor, Objetivos do projeto, Localização, Número de
funcionários, Incentivos ao investimento.
Sem resposta em 5 dias, a proposta
é considerada como tendo sido
aprovada
4. Aprovação do Projeto de Investimento
Governador da Província: Valor do investimento não superior a 1.500.000.000 MT
(Aprox. US$ 50 Milhões)
Diretor Geral do CPI: Valor do investimento não superior a 2.500.000.000 MT
(Aprox. US$ 100 Milhões)
Ministro do Planejamento e Desenvolvimento: Valor do investimento não superior a
13.500.000.000 MT (Aprox. US$ 500 Milhões)
Conselho de Ministros': 1) Valor do investimento superior a 13.500.000.000 MT, 2)
terras com mais de 10.000 ha, 3) área para concessão de silvicultura maior que
100.000 ha
Solicitação para uma Aprovação da Proposta de Investimento
A aprovação é dada em 3 dias
após o recebimento da
proposta(no prazo de 30 dias para
aprovação pelo Conselho de
Ministros)
Notificação da Decisão para o proponente pela CPI
Em 48 horas após decisão ser
tomada
4. Implementação do Projeto
Em 120 dias Após o
recebimento de uma notificação
oficial
Em 90 dias após aprovação do projeto, o investidor estrangeiro
deve registrar o Investimento Direto Estrangeiro no Banco de
Moçambique.
Consulta Preliminar com os Governos Locais e Consultas Públicas Oficiais
(Consulta Preliminar)
Identificação da terra através dos órgãos provinciais/distritais. Visita de campo pelos funcionários do governo (SUDE/SPGC)
( Consultas Públicas para o DUAT de acordo com a Lei da Terra )
Realização de reuniões de consulta pública (pelo menos 2 vezes) envolvendo representantes da comunidade, órgãos concernentes do governo e
investidores
Troca da minuta da reunião entre as 3 partes, ao aceitar uma proposta de projeto, incluindo os detalhes da compensação
Carta de Confirmação do Governo Distrital/Provincial
Apresentação da Solicitação do DUAT
Apresentação dos Documentos para Pré-
avaliação do EIA
Minuta da Consulta PúblicaAutorização do Investimento
Autorização Provisória do DUAT
Aprovação do Relatório EIA e Emissão da
Licença Ambiental
Solicitação do DUAT
DUAT
Em 90 dias Após a
apresentação da
solicitação do DUAT
Minuta da Consulta Pública
Fonte: Equipe de Estudo da JICA
Figura 2.8.1 Fluxograma de Solicitação de Autorização para Investimento e Licenças Relacionadas
Relatório Intermédio 1
2-46
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.8.2. Investimentos Agrícolas
Como mostrado na Tabela 2.8.4 a seguir, o valor total dos investimentos em
Moçambique, nos últimos 5 anos, variou de US$ 1 bilhão a US$ 8 bilhões por ano
devido à influência de grandes investimentos no setor de energia/recursos em 2007
e 2010, e no setor agrícola em 2009.8 Em termos dos investimentos no setor da
agricultura/agroindústria, o número de projetos de investimento aumentou de 19 em
2007 para 46 em 2011, representando 27,6% do volume total de investimentos em
2011. Embora grandes projetos de silvicultura e de biocombustível tenham
contribuído para o aumento do volume de investimentos, é evidente que a
agricultura é um importante setor econômico em Moçambique, representando de 20
a 30% do valor total dos investimentos nos últimos 5 anos, excluindo os grandes
projetos no setor de energia/recursos. A Figura 2.8.2 mostra as tendências no
número de projetos de investimento aprovados para cada setor nos últimos 5 anos.
Tabela 2.8.4 Valor Total dos Investimentos em Moçambique (US$ 1.000)
Amount % No. % Amount % No. % Amount % No. % Amount % No. % Amount % No. %
Agriculture/Agro-Industry 581,111 7.2 19 9.8 484,688 44.9 33 16.9 4,915,607 85.5 33 13.2 388,104 12.6 37 15.8 787,336 27.6 46 17.6
Aquaculture 13,236 0.2 4 2.1 745 0.1 4 2.1 30,294 0.5 3 1.2 6,264 0.2 3 1.3 8,194 0.3 5 1.9
Finance/Insurance 1,999 0.0 3 1.5 12,833 1.2 2 1.0 20,218 0.4 3 1.2 75,110 2.4 3 1.3 69,298 2.4 2 0.8
Construction 18,548 0.2 14 7.2 43,139 4.0 19 9.7 77,255 1.3 24 9.6 38,238 1.2 21 9.0 600,162 21.0 35 13.4
Industry 402,361 5.0 66 34.0 215,932 20.0 57 29.2 191,631 3.3 60 24.0 169,202 5.5 76 32.5 370,728 13.0 72 27.6
Energy/Resource 6,582,247 81.5 5 2.6 0.0 0.0 3,656 0.1 1 0.4 1,900,000 61.5 1 0.4 157,000 5.5 1 0.4
Service 71,231 0.9 13 6.7 91,731 8.5 9 4.6 78,100 1.4 18 7.2 48,249 1.6 10 4.3 515,128 18.1 8 3.1
Transport/Communication 272,188 3.4 48 24.7 191,186 17.7 37 19.0 264,129 4.6 57 22.8 134,017 4.3 39 16.7 95,162 3.3 36 13.8
Tourism/Hotel 129,347 1.6 22 11.3 40,000 3.7 34 17.4 167,730 2.9 51 20.4 331,071 10.7 44 18.8 249,556 8.7 56 21.5
Total 8,072,268 194 1,080,254 195 5,748,620 250 3,090,255 234 2,852,564 261
2010 2011Sectors
2008 20092007
Fonte: Dados Resumo de Investimentos do CPI
0
10
20
30
40
50
60
70
80
2007 2008 2009 2010 2011
Agriculture/Agro-indústria
Aquicultura
Finanças/Seguro
Construção
Indústria
Energia/Recursos
Serviços
Transportet/Comunicação
Turismo/Hotel
Fonte: Dados Resumo de Investimentos do CPI
Figura 2.8.2 Número de Projetos de Investimento Aprovados por Setor
8 Em 2009, as propostas de investimento para dois projetos grandes de plantação nas províncias da Zambezia e de Nampula foram
aprovadas.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.9. Sistema Legal e Registro da Terra
2.9.1. Sistema Legal da Terra
A Lei de Terras 19/97 vem revisar a Lei 6/79 a primeira legislação sobre terras
promulgada após a independência do país, de forma a garantir o acesso e a
segurança de posse de terra e torná-la, conforme estabelecido na Constituição
Federal, fonte de criação de riqueza e de bem-estar social (Art.109), incentivando
seu uso por setores, como o da agricultura, base do desenvolvimento nacional (Art.
103). Assim, a Lei estabelece como deve ocorrer a constituição, uso, modificação,
transmissão e extinção do direito do uso e aproveitamento da terra.
Os principais temas abordados pela Lei encontram-se abaixo relacionados:
a terra como propriedade do Estado, não pode ser vendida, alienada, hipotecada ou penhorada; e constitui o Fundo Estatal de Terras;
as zonas de proteção total (áreas de preservação, segurança, etc) e parcial (áreas de fronteira, orla marítima, etc) são de domínio público;
Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) pode ser adquirido por sujeitos nacionais e estrangeiros (pessoa física que resida há pelo menos 5 anos no país e jurídica devidamente registrada); pessoas singulares e comunidades locais (segundo práticas costumeiras); ou pessoas singulares nacionais que estejam a utilizar a terra há no mínimo 10 anos;
a titulação, DUAT, será emitida pelos Serviços Provinciais de Geografia e Cadastros (SPGC); entretanto sua ausência é permitida para pessoas singulares e comunidades locais, (segundo práticas costumeiras); ou pessoas singulares nacionais que estejam a utilizar a terra há no mínimo 10 anos;
registro de modificações, comprovação do uso da terra, transmissão e extinção do DUAT;
DUAT para fins de atividade econômica possui um prazo máximo de 50 anos, renováveis por igual período, se solicitado;
prazos não se aplicam a DUATs adquiridos por ocupação de comunidades locais, casa própria e exploração familiar;
competência para emissão de DUATs e licenças relativas a áreas não cobertas pelos planos de urbanização:
aproveitamento de terras até 1.000 ha = Governadores Provinciais;
aproveitamento de terras entre 1.000 e 10.000 ha = Ministro da Agricultura;
aproveitamento de terras acima de 10.000 ha = Conselho de Ministros;
participação das comunidades locais na gestão de recursos naturais, gestão de conflitos, etc;
autorização provisória, após pedido do DUAT, (05 anos para nacionais e 02 anos para estrangeiros); autorização definitiva; emissão do título;
taxas de autorização, anuais;
Relatório Intermédio 1
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
cooperativas nacionais e associações agropecuárias nacionais de pequena escala estão isentas de taxas.
Quanto à Regulamentação da Lei, o Decreto 66/98 detalha procedimentos
administrativos abordando temas como: aquisição do DUAT por ocupação por boa
fé de pessoas singulares nacionais, comunidades locais, co-titulariedade, direitos e
deveres de titulares, prazos (solicitar a prorrogação de uso por mais 50 anos, 12
meses antes do fim do prazo fixado no título); provas de uso da terra; realização de
projeto/plano; demarcação; fiscalização; taxas e isenção temporária de taxas.
A Lei de Terras, sua regulamentação e alterações visam garantir direitos de uso da
terra pelo povo moçambicano e promover investimentos nacionais estrangeiros. Tais
medidas conferem, assim, importância ao cidadão moçambicano, quando
reconhece os direitos consuetudinários das comunidades locais, as práticas
costumeiras, a participação pública das comunidades nos processos de obtenção
do DUAT, e estabelecem formas de articulação entre organismos legais do estado e
as autoridades comunitárias. Quanto aos investimentos, a Lei reconhece que os
investimentos privados nacionais e estrangeiros constituem a força propulsora do
desenvolvimento de Moçambique.
2.9.2. Sistema de Registro
De forma a organizar e entender o uso e aproveitamento da terra foi criado por força
da Lei de Terras, o Cadastro Nacional de Terras. Um sistema único, de
responsabilidade da Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF). O DNTF
reúne informações e permitem as autoridades governamentais: a) conhecer a
situação econômica-jurídica das terras; tipos de ocupação e uso, fertilidade dos
solos, manchas florestais, reservas hídrica, fauna e flora; b) organizar a utilização da
terra, proteção e conservação; c) determinar as regiões próprias para produções
especializadas; d) emitir títulos de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT).
O Sistema, descentralizado, é alimentado com informações geradas pelas
Províncias do país, por meio dos Serviços Provinciais de Geografia e Cadastro –
SPGC, e sua atualização ocorre periodicamente, à medida que haja a formalização
da concessão de DUATs, com a demarcação real (geo-referenciada) das áreas
concedidas.
2.9.3. Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)
O título DUAT, Direito de Uso e Aproveitamento da Terra, é emitido pela DNTF -
Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF) e pelos Serviços Provinciais de
Geografia e Cadastro (SPGCs), e destina-se à:
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-49
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
1. Ocupação por pessoas singulares e pelas comunidades locais, segundo as normas e praticas costumeira (tradição) que não contrariem a Constituição (DNTF);
2. Ocupação por pessoas singulares nacionais que, de boa fé, estejam a utilizar a terra por pelo menos dez anos (DNTF); e
3. Ocupação formal de pessoas singulares ou coletivas, nacionais ou estrangeiras, que tenham Plano de Exploração aprovado (SPGCs).
Embora as três categorias sejam reconhecidas como legítimas pelo Estado
Moçambicano, apenas a totalidade das ocupações, relativas ao item 3, constam no
Cadastro Nacional de Terras, por serem formas de concessões demarcadas e
autorizadas de forma provisória ou definitiva (emissão do título DUAT). Já as
ocupações descritas nos itens 1 e 2, embora possam solicitar o título com isenção
de taxas, em geral não o fazem, talvez devido aos custos com a demarcação. Assim,
apenas um número impreciso das ocupações dos tipos 2 e 3 constam do Cadastro.
(1) Custos do DUAT
Os custos envolvidos no processo de solicitação do DUAT são regulados pelo
Governo, e cobrados conforme a Tabela a seguir, que especifica os valores
referentes à Trâmite Processual e Valor anual cobrado por Atividade
Específica/hectare.
Tabela 2.9.1 Tabela de Taxas
Autorização provisória (taxa de trâmite do processo) 1.500,00 MT
Autorização definitiva (taxa de trâmite do processo) 750,00 MT
Taxa anual ( para o comercio) 75,00 MT/ha
Taxa anual para Atividades Especificas:
Criação de gado bovino 5,00 MT/ha
Repovoamento de Fauna Bravia 5,00 MT/ha
Culturas permanentes 5,00 MT/ha
Agricultura 37,50 MT/ha
Turismo, habitação de veraneio e comercio na faixa com a extensão de três quilómetros confrontantes com a zona de domínio publico da orla marítima.
500,00 MT/ha
Fonte: Diploma Ministerial no. 144/2010 de 24 de agosto de 2010.
Os cálculos envolvem ainda a Tabela de Índices 2.9.2 de ajustamento, a seguir, que
são multiplicados sobre os valores das “taxa para atividades específicas” da Tabela
2.9.1.
Tabela 2.9.2 Tabela de Índices
Índice aplicável à taxa anual para pessoa singular nacional 0,8
Terrenos confrontantes com as:
Zonas de proteção parcial 1,5
Zonas prioritárias de desenvolvimento 0,5
Restantes zonas 1,0
Dimensão: Até 100 ha 1,0
De 101 a 1000 ha 1,5
Superior a 1000 ha 2,0
Finalidade do uso: Associações com fins de beneficência 0,5
Fonte: Decreto no. 66/98 de 08 de dezembro, artigo 41, anexo 2 e 3.
Relatório Intermédio 1
2-50
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Este é um exemplo de cálculo referente à taxa paga anualmente por pessoa
singular nacional, que trabalhe com agricultura, em área de 900 ha, conforme
relato do SPGC de Nampula:
MT 37,50 (agricultura) x 900ha (área) = MT 33.750 x 0,8 (índice aplicado ao cidadão
moçambicano) = MT 27.000,00
No caso de pessoa singular estrangeira:
MT 37,50 (agricultura) x 900ha (área) = MT 33.750 x 1,5 (índice aplicado a pessoa
não moçambicana) = MT 50.635,00
(2) Autoridade Comunitária Local e o DUAT
O processo de obtenção do DUAT para a implementação de Plano de Exploração
em determinada área requer o consentimento da Autoridade Comunitária Local.
Torna-se, assim, importante conhecer a estrutura dessa instância, que possui uma
organização hierárquica, estabelecida tradicionalmente.
O governo moçambicano, por meio do Ministério da Administração Estatal, MAE,
reconhece essa hierarquia por meio do Decreto no. 15 de 20 de Junho de 2000, o
qual foi regulamentado pelo Diploma Ministerial no. 107-A/2000 em 25 de agosto e
estabelece a forma de articulação entre os Organismos Legais do Estado e as
Autoridades Comunitárias, estipulando deveres e direitos de cada autoridade e
definindo subsídios mensais para cada liderança, nas figuras do RÉGULO, Chefe
Tradicional; Líder de 1º. GRAU; Líder de 2º. GRAU e Líder de 3º. GRAU.
(3) O Investimento privado e o DUAT
A Politica Nacional de Terras parte do princípio de que a terra é um dos mais
importantes recursos naturais que Moçambique dispõe, que o Estado mantém a
terra como sua propriedade e que há garantias de acesso e uso da terra à
população bem como aos investidores nacionais e estrangeiros.
O investimento privado é considerado pelo governo como propulsor de sua política
de desenvolvimento e crucial para mitigar a pobreza. E realização de investimentos
nos setores de agricultura e de turismo depende do acesso a terra e requer a
obtenção do DUAT.
Embora o DUAT, por definição, não represente um direito que se iguale ao conceito
de propriedade privada, seu conteúdo legal oferece segurança, sendo possível, por
exemplo, a renovação da concessão por um período total de até 100 anos,
considerado suficiente para garantir um bom retorno de capital investido.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-51
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
(4) Processo de obtenção do DUAT
O Serviço Provincial de Geografia e Cadastro (SPGC) de cada Província concentra
o trâmite processual de solicitação de DUAT - Direito de Uso e Aproveitamento da
Terra, prestando aos interessados, esclarecimentos relativos a:
a) legislação aplicável;
b) documentos necessários à formação do processo;
c) encargos do processo e taxas aplicáveis;
d) exigências do processo relativas a esboço, mapas de localização e demarcação;
e) benefícios, impedimentos ou restrições à pretensão dos interessados; e.
f) formas de reclamação e recursos.
Relatório Intermédio 1
2-52
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
SIM
SIM
NÃO
SIM
Pagar as taxas e Registrar o DUAT provisório no Órgão
de Registro Predial.
Pagar os custos e Publicar do Boletim da Republica o
deferimento. Averbamento e Registro no órgão
competente.
DDA e SEDAE emitem parecer informando que as
comunidades são favoráveis, e que não houve manifesta
ção contrária.
Encaminham-se Atas, Edital e Parecer ao Serviço
Provincial de Geografia e Cadastro – SPGC.
Existe a possibilidade de se
indenizar as benfeitorias dos
ocupantes, para seguir com a
segunda etapa da Consulta as
Comunidades Locais.
A SPGC elabora um esboço de localização com coordenadas. •
Presença do Conselho Consultivo da Localidade e Técnico da
SPGC.
• Presença das Autoridades do governo (DDA e SEDAE) ou
representante.
• No prazo de 30 dias da primeira consulta deve-se realizar a 2.a
Consulta.
• As Comunidades que fazem limites com a área requerida
devem ser consultadas.
Reunião conjunta, CPI, DPA e CEPAGRI para
emitir parecer técnico sobre o
Empreendimento.
O SPGC emite Titulo de DUAT Definitivo com a concessão de 50 anos.
SEGUNDA ETAPA -
SUBMISSÃO DO
PROCESSO DE DUAT
TERCEIRA ETAPA - DUAT
PROVÍSORIO PARA
DEFINITIVO
Ação do Requerente.
Os SPGC s -
Responsabilidades.
Quando as Comunidades
intervem na ação.
Quando intervem outras entidades do Estado na a
ção.
Ação - Despacho de Autoridades Superiores.
Gabinete do Governador recebe o processo e solicita
parecer técnico dos organismos envolvidos – CPI, DPA e
CEPAGRI e encaminha para autorização.
Despacho Favorável destas Instâncias
Com o despacho favorável, o SPGC comunica o
Requerente.
DNTF / SPGC da Província comunica o requerente da
aprovação do DUAT provisório.
SPGC indica técnico para realizar a demarcação Geo
referenciada (GPS) da área, elabora mapa e certifica a á
rea exata da parcela.
O Requerente cumpriu com o Plano de Exploração no
prazo.
Requerente tem 12 meses para Demarcar a Área e
suportar os custos.
Acompanhar o processo de demarcação. Caso a área
levantada for menor, solicitar a remarcação ou recá
lculo. Cumprir o Plano de Exploração, o Projeto, dentro
do Prazo de 2 anos (para requerente estrangeiro) e 5 anos
(requerente nacional). Pagar a taxa anual da concessão
do DUAT.
O SPGC elabora proposta de autorização do DUAT
definitivo e encaminha: Ao Governador, Ao Ministro da Agricultura – MINAG, ou Ao Conselho de Ministros.
Processo técnico de demarcação da área aprovada. O
SPGC lança no Cadastro Provincial e informa o lanç
amento ao Cadastro
O SPGC faz a vistoria do Plano de Exploração. Após 2
anos ou 5 anos.
Prestar suporte técnico e esclarecimentos
sobre o Projeto se necessário.
�Se o DUAT solicitado for de área até 10.000 ha. O Governador
emite despacho e encaminha ao Ministro da Agricultura.
Governador emite despacho favorável à concessão e se for á
rea até 1.000 ha. Retorna o processo à DPA e ao SPGC
autorizando a emissão do DUAT provisório.
Se o DUAT solicitado for de área acima 10.000 ha. O
Governador emite despacho e encaminha ao Ministro
da Agricultura que emite parecer e encaminha ao
Conselho de Ministros.
Publicar o DUAT provisório no Boletim da Republica e
pagar a taxa.
Elaboração da Primeira Ata de consulta com a anuência
das Autoridades Comunitárias e do governo da
Localidade.
O SPGC recebe e confere todos os documentos, somente
com a documentação completa é possível encaminhar
para o Governador, Ministro ou Conselho de Ministros
autorizar o DUAT.
Documentos - atas, mapa, projetos de uso e aproveitamento,
documentos jurídicos do investidor ou da empresa, autorização
da CPI.
Submissão do Pedido do DUAT com documentos completos Requerente solicita Licença Ambiental e se
necessario elabora Estudo de Impacto Ambiental –
EIA.
Todos os Custos do Processo de Consulta são suportados
pelo Requerente, mediante orçamento preparado pelo
SPGC.
Assinam a ATA: O Conselho Consultivo da Localidade; Um mí
nimo de 9 representantes de cada comunidade local;
- Comunidades vizinhas ou ocupantes limítrofes;
- Técnico(s) do SPGC;
- Administrador do Distrito ou seu representante (DDA).
- O requerente ou representante do mesmo.
- Autoridade DDA e SEDAE, Publicam o Edital das Consultas, e
aguarda-se 30 dias por alguma manifestação contrária.
Prosseguir para segunda etapa da Consulta as
Comunidades Locais.
- Preparar Documentação necessária (Constituição da Empresa
em Moçambique), Entregar formulário e anexar documentação
para formar o processo do DUAT junto a SPGC e Assinar o
documento de solicitação. - Pagar as taxas de tramite
processual e dos serviços de delimitação da área.
Elaborar Projeto de Investimentos e aproveitamento da
Área e solicitar aprovação na CPI.
Fluxo de Autorização do Direitos de Uso e Aproveitamento da Terra - DUAT
PRIMEIRA ETAPA DE CONSULTAS
PARA FORMAR O PROCESSO DE
DUAT Requerente do DUAT
Terreno Ocupado ?
NÃO
Comunicar ao Requerente sobre a existência da ocupaçã
o (SPGC)
SIM
Existe Ocupação ?
Primeira Reunião Pública - Verificar e informar sobre o projeto de exploração e interesse
em obter o DUAT. São envolvidos na consulta as autoridades comunitárias (Régulo e
demais representantes) e representantes de órgãos do governo local (DDA e SEDAE);
verificar in loco a disponibilidade de área.
O SPGC - parecer favorável a concessão do DUAT e a
Direção Provincial de Agricultura – DPA emite parecer e
encaminha o processo a instancia superior (Governador,
Ministro ou Conselho de Ministro).
NÃO
As Comunidades são
favoráveis?
• O Serviço Distrital de Actividade Econômica - SEDAE elabora a
Segunda Ata com as consultas. Assinam as Atas o Administrador
Distrital, todos os presentes, as Autoridades do Local e o
Conselho Consultivo da Localidade.
SPGC forma o processo de tramitação do DUAT, um té
cnico elabora mapa com a delimitação da área e
memorial descritivo.
Declaração do SPGC após afixação do Edital
de que tudo correu satisfatoriamente. O
Requerente deve apresentar documentação
complementar.
Figura 2.9.1 Fluxograma do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-53
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.10. Considerações Sócio-Ambientais
2.10.1. A Abordagem do ProSAVANA-PD
"As diretrizes da JICA para as considerações sócio-ambientais (Abril 2010)" serão
aplicadas ao longo do estudo. Uma vez que o ProSAVANA-PD prevê a formulação
de um Plano Director, a "Avaliação Ambiental Estratégica" (o que significa uma
avaliação implementada nos níveis de planejamento, política e programa, mas não
uma AIA em nível de projecto) será a metodologia de base. Na fase posterior do
estudo, quando os “projectos prioritários de desenvolvimento agrícola”, assim como
os “projectos de impacto rápido” forem identificados, a triagem (que significa
classificar os projectos propostos em quatro categorias) e aplicação do escopo (que
significa escolher alternativas para análise, uma gama de impactos de potencial
significativos, e métodos de estudo) serão realizados em cada projecto. Planos
simplificados de acção de reassentamento também serão esboçados para os
projectos que exigirem a desapropriação de terras ou o reassentamento involuntário.
Todos estes processos devem estar em harmonia com a legislação moçambicana
relacionada. As estapas estão resumidas na Fígura 2.10.1.
Figura 2.10.1 Etapas das Considerações Sócio-Ambientais
Reunião de Stakeholders
Análise de alternativas em nível de política, planificação e programação
Identificação de impactos adversos significativos e seus metodos de avaliação
Categorização dos projectos propostos
Identificaçãode impactos adversos e métodos de sua medição/ estimativa
Orientação sobre medidas de mitigação e plano de monitoria
Avaliação Estratégica Ambiental
Triagem e Aplicação de escopo
Relatório
Intermediário I
Esboço do
Relatório Final
Confirmação da legislação moçambicana, estudos de casos e áreas sensíveis
Levantamento Inicial
Projectos de Impacto Rápido
Projectos Prioritários de Desenvolvimento Agrícola
Plano Director Final
Colaboração com as C/Ps moçambicanas para esboçar o PAR simplificado
Plano Simplificado de Acção de Reassentament (se necessário)
Esboço do Plano Director
Relatório
Intermediário II
Relatório
Intermediário III Reunião de Stakeholders
Relatório Intermédio 1
2-54
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.10.2. Marco Legal
(1) Geral
A protecção socio-ambiental em Moçambique é apoiada por um número significativo
de leis e regulamentos (Tabela 2.10.1) com base na Constituição da República.
Tabela 2.10.1 Marco Legal de Proteção Ambiental E Social
Principais Instrumentos Legais
(Apenas aqueles relacionados com a Agricultura/ Agro-indústria)
Orgãos Responsáveis
(centrais / provinciais)
Meio ambiente em geral, Avaliação do Impacto Ambiental
Lei nº.27/90: Lei do Ambiente
Decreto nº.45/2004: Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto
Ambiental (mais, Diplomas Ministeriais nº.198/2005, 129/2006,130/2006, 182/2010)
Decreto nº.11/2006: Regulamento sobre a Inspecção Ambiental
Decreto nº.25/2011: Regulamento sobre o Processo de Auditoria Ambiental
Decreto nº.5/2012: Regulamento do Licenciamento Simplificado
MICOA / DPCA
Poluição, Lixo
Decreto nº.18/2004: Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de
Emissão de Efluentes (mais, Decreto nº.67/2010)
Decreto nº.13/2006: Regulamento sobre a Gestão de Resíduos
Decreto nº.6/2009: Regulamento sobre a Gestão de Pesticidas
MICOA / DPCA
MINAG / DPA (para
pesticidas)
Terra, Floresta e Fauna Bravia, Áreas Protegidas
Lei nº.19/97: Lei de Terras
Decreto nº.66/98: Regulamento da Lei de Terras (mais, Decretos nº.1/2003,
43/2010, Resolução nº.70/2008 e Diplomas Ministeriais nº.29-A/2000, 144/2010,
158/2011)
Decreto nº.60/2006: Regulamento do Solo Urbano
Lei nº.10/99: Lei de Florestas e Fauna Bravia
Decreto nº.12/2002: Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (mais,
Decreto nº.11/2003 e Diplomas Ministeriais nº.55/2003, 93/2005)
MINAG / DPA
MITUR (para parques
e reservas nacionais)
Água
Lei nº.16/91: Lei de Águas
Decreto nº.43/2007: Regulamento de Licenças e Concessões de Águas
Decreto nº.47/2009: Regulamento de Pequenas Barragens
MOPH / ARA (ao nível
regional)
Patrimônio Cultural
Lei nº.10/88: Lei de Protecção do Património Cultural Moçambicano
Decreto nº.27/94: Regulamento de Protecção do Património Arqueológico
Lei nº.13/2009: Lei de Protecção do Património da Luta de Libertação Nacional
Decreto nº.72/2009: Regulamento da Lei de Protecção do Património da Luta de
Libertação Nacional
MEC / DPEC
Ordenamento Territorial, Expropriação da Terra, Reassemtamento
Lei no.19/2007: Lei de Ordenamento do Território
Decreto nº.23/2008: Regulamento da Lei de Ordenamento do Território (mais,
Diploma Ministerial nº.181/2010)
Resolução nº.63/2009: Política de Conservação e Estratégia de Sua
Implementação, Anexo 4
(Aprovado em Maio 2012 pelo Conselho de Ministros, ainda a ser promulgado):
Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante de Actividades
Económicas
Council of Ministers /
Province Government
MICOA (for
resettlement from
protected areas)
Fonte: Equipe de Estudo da JICA
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-55
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Moçambique é também signatário dos seguintes acordos internacionais sobre o
meio-ambiente natural:
AU Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais (ratificada em 1981);
Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora
Silvestres ameaçadas de extinção (ratificada em 1981);
UNESCO Convenção para a Protecção do Património Cultural e Natural do
Mundo (ratificada em 1982);
UN Convenção sobre a Diversidade Biológica (ratificada em 1994);
SADC Protocolo relativo à Conservação da Fauna e Aplicação da Lei na
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (ratificado em 2002)
UNESCO Convenção sobre Terras Húmidas de Importância Internacional,
Especialmente as que servem como Habitat de Aves Aquáticas (ratificada em
2003); e,
SADC Protocolo sobre Actividades Florestais (ratificado em 2009).
(2) Zonas de Protecção
A legislação moçambicana define vários tipos de zona de proteção, conforme
resumido na Tabela 2.10.2. De acordo com a Lei de Terras e seus Regulamentos,
está proibida nas "zonas de protecção total" e "zonas de protecção parcial" a
realização da maioria das actividades humanas, mas algumas podem,
excepcionalmente, ser aceitas se devidamente licenciadas pelas autoridades
competentes. A aquisição de DUAT (direito de uso e aproveitamento da terra) não é
permitida nestas zonas.
A Lei de Floresta e Fauna Bravia e seu Regulamento proíbem em parques nacionais
as seguintes actividades (excepto por razões científicas ou por necessidade de
gestão do parque): caça; exploração florestal, agrícola, mineira ou pecuária;
pesquisa, prospecção, sondagem, aterros; quaisquer acções que possam alterar a
terra ou a vegetação, poluir a água ou afetar a flora e a fauna; e, a introdução de
espécies zoológicas ou botânicas, quer indígenas quer importadas, selvagens ou
domésticas. A utilização dos recursos naturais existentes nas reservas nacionais
está sujeita à licença ambiental e ao plano de maneio de cada reserva, desde que
não prejudique o objectivo específico de criação da reserva. No caso das "zonas de
uso e de valor histórico cultural", o direito das comunidades locais ao acesso a
recursos florestais e à fauna bravia, em conformidade com as normas e práticas
costumeiras, é garantido para fins econômicos, sociais ou culturais, desde que as
comunidades respeitem determinadas restrições, tais como a protecção de certas
espécies e pagamento da taxa de exploração.
Relatório Intermédio 1
2-56
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.10.2 Zonas de Protecção pela Legislação Moçambicana
Base Legal Zonas de Protecção
Lei de Terras
(artigos 7, 8, 9) em
1997
Zonas de protecção total: áreas destinadas a actividade de conservação ou
preservação da natureza e de defesa e segurança do Estado.
Zonas de protecção parcial:
- O leito das águas interiores, do mar territorial e da zona económica
exclusiva;
- A plataforma continental;
- A faixa de terreno que orla as águas fluviais e lacustres navegáveis até 50
metros medidos a partir da linha máxima de tais águas;
- A faixa de terreno até 100 metros confinante com as nascentes de água;
- A faixa da orla marítima e no contorno de ilhas, baías e estuários, medida da
linha das máximas preia-mares até 100 metros para o interior do território;
- A faixa de terreno no contorno de barragens e albufeiras até 250 metros;
- A faixa de 2 quilómetros ao longo da fronteira terrestre.
Zonas de protecção parcial criadas em projetos de infra-estruturas públicas:
- Estradas secundárias e terciárias e a faixa de terreno de 15 metros
confinante;
- Estradas primárias e a faixa de terreno de 30 metros confinante;
- Auto-estradas e estradas de quatro faixas e a faixa de terreno de 50 metros
confinante;
- Instalações e condutores aéreos, superficiais, subterrâneos e submarinos
de electricidade, de telecomunicações, petróleo, gás e água, e a faixa de 50
metros confinante;
- Linhas férreas e respectivas estações e a faixa de terreno de 50 metros
confinante;
- Aeroportos e aeródromos e a faixa de terreno de 100 metros confinante;
- Instalações militares e outras instalações de defesa e segurança do Estado
e a faixa de terreno de 100 metros confinante.
Regulamento da Lei de
Terras
(artigos 4, 5, 6, 7, 8)
em 1998
Lei de Florestas e
Fauna Bravia
(artigos 10, 11, 12, 13)
em 1999
Parques nacionais: Espaço territorial delimitado que se destina à preservação
dos ecossistemas naturais, em geral de grande beleza cénica, e
representativos do património nacional.
Reservas nacionais: Espaço territorial que se destina à preservação de certas
espécies de flora e fauna raras, endémicas, ameaçadas ou em vias de
extinção, ou que denunciem declínio, e os ecossistemas frágeis.
Zonas de uso e de valor histórico cultural: Espaço territorial delimitado com a
finalidade de protecção de florestas sagradas e outros sítios de importância
histórica e de uso cultural para a comunidade local.
Zona tampão: Porção territorial circunvizinha duma zona de protecção, que
forma uma faixa de transição entre a área protegida e áreas de utilização
múltiplas, com o objectivo de controlar e reduzir os impactos decorrentes da
acção humana.
Regulamento da Lei de
Florestas e Fauna
Bravia
(artigos 2, 3, 4, 5, 6, 7,
8) em 2002
Lei de Águas
(artigos 57, 58) em
1991
Nos terrenos inclinados próximos de fontes, de cursos de água ou onde se
previna ou combata a erosão, fica dependente de prévia autorização a
execução de quaisquer actividades susceptíveis de alterar a existência, o
caudal ou reservas de fontes, lagos, lagoas ou cursos de água.
Regulamento de
Protecção do
Património
Arqueológico
(artigo 21) em 1994
Zonas de protecção arqueológica: zona circundante à um elemento imóvel
arqueológico, ou outras áreas que possuam evidências de elementos
arqueológicos de inestimável valor científico e que importa preservar para as
gerações do futuro.
Fonte: Equipe de Estudo da JICA
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
(3) Avaliação do Impacto Ambiental
A legislação moçambicana exige a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) para todas
as actividades públicas e privadas que possam influenciar componentes ambientais,
directa ou indirectamente. O processo de AIA difere, conforme a categorização de
projecto proposto (ver Figura 2.10.2 e Tabela 2.10.2).
Abreviaturas
AIA
Avaliação do Impacto
Ambiental
EIA
Estudo de Impacto
Ambiental
EAS
Estudo Ambiental
Simplificado
EPDA
Estudo de Pré-
Viabilidade Ambiental
e Definição do Âmbito
CTA
Comissão Técnica de
Avaliação
TdR
Termos de Referência
DPCA
Direcção Provincial
para a Coordenação
da Acção Ambiental
Fonte: Manual sobre a Legislação da Avaliação Ambiental na Região da SADC
Figura 2.10.2 Fluxograma do processo da AIA
Relatório Intermédio 1
2-58
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Tabela 2.10.3 Critérios de Categorização de Projectos para AIA
Categoria Actividade (Apenas aquelas relacionadas com a Agricultura/ Agro-indústria)
A Todas actividades referents a e/ou localizadas em áreas susceptíveis descritas na Tabela
3.10.1;
Actividades de parcelamento para agricultura de mais de 350ha com regadio e de 1.000ha sem
regadio;
Reconversão de terra agrícola para fins comerciais, urbanísticos ou industriais;
Reconversão de areas equivalents ou de mais de 100ha de terra agrícola sem cultivo há mais
de 5 anos para agricultura intensiva;
Introdução de novas culturas e species exóticas;
Sistemas de irrigação para areas com mais de 350ha;
Actividades de aquaculture ou maricultura com mais de 100 ton. de produção por ano e área
quivalente ou superior a 5ha;
Actividades de pecuária intensive de mais de: 100.000 animais de capoeira, 3.000 porcos e/ou
100 porcas reprodutoras, e 500 bovinos e área individual ou cumulativa inferior a 2.000ha
(4ha/animal);
Pulverização aérea ou no terreno em areas, individuais ou cumulativas, superiors a 100ha;
Fábrica de produção de ração com produção de 2.000t/mês;
Produção de oleos e gorduras animais (produção igual ou superior a 75t/dia) e vegetais
(produção igual ou superior a 300t/mês);
Açucareira incluindo o cultivo da cana sacarina;
Desbravamento, parcelamento e exploração de cobertura vegetal native com áreas, individuais
ou cumulativas, superiores a 100ha;
Todas as actividades de deflorestação com mais de 50ha, reflorestação e florestação de mais
de 250ha;
Exploração comercial de fauna e flora naturais;
Actividades de loteamento industrial com mais de 15ha;
Todas as estradas principais for a de zonas urbanas, construção de novas estradas;
Condutas de água de mais de 0,5m de diâmetro e com mais de 10km de comprimento;
Barragens e represas com albufeira de area inundável equivalente ou maior que 5ha;
Exploração para, e uso de, recursos de água subterrânea incluindo a produção de energia
geotérmica que impliquem a extracção de mais de 500 m3/h ou 12.000 m
3/dia;
Fabrico de pesticidas;
Produção ou processamento de fertilizantes.
B Todas actividades que não constam na Categoria A e na Categoria C.
C Eaquemas de irrigação com area individual ou cumulative entre 50 e 100ha;
Transformação ou remoção de vegetação indígenas em areas entre 100 e 200ha sem regadio;
Exploração para, e uso de, recursos de água subterranean incluindo a produção de energia
geotérmica que implique a extracção de mas de 200 m3/ano;
Criação em pavilhão de animais de capoeira com capacidade entre 1.000 e 1.500 animais;
Indústria de conservação de frutos e hortícolas – produção igual ou superior a 300 t/dia;
Fábrica de produção de ração com produção inferior a 1.000t/mês;
Fábrica de processamento da castanha de caju.
A: Projectos que possam ter um impacto significativo sobre o meio ambiente e, portanto, a EIA completo é necessária.
B: Projectos que não afetam significativamente as populações ou áreas ambientalmente sensíveis: os impactos negativos
podem ser facilmente mitigados e poucos são susceptíveis de serem irreversíveis e, portanto, só o EAS é necessário.
C: Projectos que possam ter efeito insignificante, negligenciável ou mínimo no meio ambiente, nenhum dos quais são
susceptíveis de serem irreversíveis e, portanto, não requerem EIA ou EAS.
Fonte: Adaptado do “Decreto nº.45/2004: Regulamento sobre os Processos de Avaliação de
Impacto Ambiental” e “Manual sobre a Legislação da Avaliação Ambiental na Região da SADC”
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
2-59
As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Os projectos de categoria A necessitam de autorização do MICOA a nível central,
enquanto os projectos de categoria B são autorizados pela DPCA em nível provincial
para obter licença ambiental. Em nível distrital, SDPI é responsável pelos assuntos
ambientais, mas o seu papel ainda é limitado na AIA e licenciamento. O proponente
deverá arcar com todos os custos de AIA ou EAS (Estudo Ambiental Simplificado) e
taxa de licenciamento. Em Moçambique, apenas consultores profissionais
cadastrados no MICOA podem realizar AIA ou EAS. A participação pública é
obrigatória para projectos da Categoria A e facultativa para os projectos da categoria
B, enquanto ela se transforma em obrigatória quando o projecto implica
reassentamento, reinstalação de bens, ou restrição no uso de recursos naturais. Os
relatórios técnicos produzidos durante o processo de AIA devem estar abertos e
disponíveis à consulta pública, e seus registros são necessários em forma de anexo
ao relatório do EIA / EAS. O período da AIA pode variar de acordo com muitos
factores: sabe-se que em alguns casos foi necessário mais do que um ano. Após
autorizado, o projecto deve iniciar a suas actividades no prazo de 2 anos a partir da
data de emissão da licença. A licença ambiental será válida por 5 anos, renovável
por igual período.
Um relatório do EIA deve ser composto por: resumo executivo, relatório principal,
plano de gestão ambiental, relatório de participação pública e anexo. Os impactos
socioeconômicos sobre as comunidades locais também devem ser incluídos no
mesmo estudo. O DUAT (quer pedido inicial quanto a autorização provisória) e
proposta de investimento para a CPI devem constar como anexos. A necessidade e
o procedimento do plano de acção de reassentamento (PAR) não estão claramente
afirmados na “Directiva geral para a elaboração de estudos do impacto ambiental
(Diploma Ministerial nº.129/2006 pelo MICOA)”, no entanto, há um exemplo de caso
ocorrido na área de estudo, onde um PAR foi apresentado juntamente com o
relatório do EIA, mas levou mais de meio ano para ser aprovado. A implementação
do plano de gestão ambiental, bem como PAR, incluindo a monitoramento periódico
e auditoria, deve ocorrem com a emissão de licença e o início das actividades do
projecto. Alguns estudos de caso serão descritos no Capítulo 3.
Muito recentemente, o “Regulamento do Licenciamento Simplificado (Decreto
nº.5/2012)” foi aprovado pelo Conselho de Ministros. De acordo com este novo
instrumento legal, certos tipos de actividades económicas, incluindo a agricultura,
podem ser isentos do EIA ou EAS através da obtenção de "licença simplificada'', que
é válida por um período indeterminado. No entanto, isto não é aplicável a pessoas
colectivas estrangeiras. Será importante reunir e analisar exemplos de casos de
projectos agrícolas onde este novo sistema está sendo aplicado. Actividades
elegíveis para 'licença simplificada' incluem:
Agricultura numa extensão até 350 ha com regadio e até 1.000 ha sem regadio;
Relatório Intermédio 1
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
Criação de gado bovino até 50; Criação de suínos até 3.000 e/ou 100 porcas
reprodutoras; e, Criação de animais de capoeira até 100.000.
2.11. Doadores estrangeiros para a Agricultura e Desenvolvimento
Rural
2.11.1. Coordenação de Ajuda
Moçambique é um dos países mais ativos de coordenação da ajuda na África
subsaariana, havendo um grande número de países e organizações doadoras para
realizar o apoio orçamental geral. Actualmente, 19 países e organizações
(Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Reino Unido, Itália, Finlândia, França, Irlanda,
Noruega, Holanda, Portugal, Suécia, Suíça, Canadá, Espanha, Áustria, Banco
Mundial, UE e Banco Africano de Desenvolvimento) concederam um apoio
orçamental geral, e são chamados de PAPs (Program Aid Partnership) ou G19.
Devido ao quadro de apoio orçamental geral pelo G19/PAPs tornar-se o quadro de
acompanhamento e avaliação do PARPA como o Documento de Estratégia de
Redução da Pobreza de Moçambique, o G19/PAPs tem uma grande influência na
determinação da política de desenvolvimento em Moçambique.
Por outro lado, os doadores que não deram um apoio orçamental geral, tais como
Japão, Estados Unidos e agências da ONU, que são coletivamente chamados de
não PAPs. É dito que são limitados os canais de perspectiva macro de os Não PAPs
fazer uma política de diálogo com o Governo de Moçambique. O Japão participa
como observador na reunião do apoio orçamental geral na reunião de doadores
realizada regularmente e uma reunião conjunta entre os doadores e o Governo de
Moçambique (Avaliação de País Moçambique, Ministério dos Negócios Estrangeiros
do Japão, 2009)
Recentemente, o Banco Mundial anunciou a "Estratégia de Parceria de
Moçambique 2012-2016", em abril de 2012. Esta estratégia pretende apoiar
programas de $1,04 bilhões de dólares, visa inclusive o crescimento econômico
extensivo. Na revisão anual de 2011, o G19 foi avaliado como "satisfatório" em
relação à implementação dos resultados do Governo de Moçambique, e expressou
que o apoio orçamental geral de 2013 continuará a ser realizado. Por outro lado,
eles estão buscando novos esforços do Governo de Moçambique relacionados com
a luta contra a corrupção, melhorar a transparência da administração pública,
incluindo a publicação de conteúdos, tais como contratos com empresas de
mineração e o governo, e facilitar a implementação do plano estratégico do setor da
educação.
Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
2.11.2. Tendência dos Doadores de Assistência ao Setor de Agricultura e
Desenvolvimento Rural
De acordo com o relatório realizado pelo Governo da Holanda, o Governo de
Moçambique e os parceiros concordam que uma mudança política importante é
necessária para ampliar o crescimento e permitir que segmentos maiores da
população se beneficiem dele (o crescimento inclusivo). Em particular, a
produtividade agrícola de pequenos produtores está em um nível muito baixo. Há
uma necessidade urgente de estimular a produtividade agrícola e o
desenvolvimento rural em geral; a produção e produtividade agrícolas são grandes
obstáculos ao desenvolvimento econômico do país. Pelo menos 70% das famílias
moçambicanas vivem em áreas rurais, e a maioria delas está envolvida em
agricultura. No entanto, os moçambicanos não cultivam o suficiente para se
alimentar: se todos os alimentos produzidos anualmente fossem divididos
igualmente entre todas as famílias moçambicanas, eles não seriam suficientes para
lhes proporcionar as calorias necessárias.
Restrições técnicas significativas (acesso a sementes melhoradas, serviços de
extensão, fertilizantes, etc.) prejudicam a produção e desenvolvimento da cadeia de
mercado. A falta de infraestrutura habilitadora (estradas e energia elétrica) também
contribui para a estagnação da produtividade agrícola em níveis entre 30% e 60%
do potencial disponível (Políticas de Gênero e Feminização da Pobreza em
Moçambique, CMI 2008). O envolvimento da elite política nas importações de
alimentos, um exemplo do nexo Estado-partido-negócios (Relatório Chatham House,
2010) não é propício à iniciativa privada. Prestadores de serviços financeiros
avessos ao risco estão dificultando o acesso a capitais e serviços financeiros
(apenas 4% da população rural tem acesso a capital) e ainda limitam o
desenvolvimento viável e sustentável da agricultura comercial, em que o governo e
o setor privado (pequenos agricultores) operam em conjunto. Em geral, o Governo
promove investimentos em grandes fazendas que contribuem para o
desenvolvimento da macroeconomia, criam algumas oportunidades de trabalho mas
não estão focados no desenvolvimento social, que exige o desenvolvimento do setor
de pequenas e médias empresas agrícolas.
E também, os pequenos agricultores não têm acesso seguro à terra, o que afeta
investimentos de longo prazo. Um compromisso político inicial forte com reforma
agrária favorável aos pobres, expresso na inovadora lei agrária, garantindo os
direitos à terra para as comunidades rurais e promovendo o investimento privado
está sendo desafiado por uma tendência para realizar ganhos rápidos,
negligenciando os direitos da comunidade à terra.
Relatório Intermédio 1
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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são
vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das
estratégias neles descritos.
As oportunidades encontram-se na integração de competências de todos os
protagonistas envolvidos (doadores, ONGs, setores privado e público) através de
trabalho prático, pesquisa sobre o desenvolvimento da cadeia de mercado e através
da formação profissional e vocacional. Maior acesso ao capital por protagonistas
locais (agricultores, processadores e comerciantes) no setor agrícola e rural é
essencial.
Moçambique é altamente dependente de fluxos de ajuda. Para 2011, 44% do
Orçamento do Estado devia vir de fontes externas, e há dezenas de programas
setoriais e de fundos comuns, bem como centenas de projetos em implementação
no país. As receitas fiscais, no entanto, aumentaram recentemente: em 1996, as
receitas fiscais representavam 9,9% do PIB, e em 2011, elas representavam cerca
de 16%. Gradualmente, Moçambique está se aproximando de outros países SADC
de baixa renda, como o Malaui (18% do PIB) e Zâmbia (18% do PIB), e o governo
ainda tem um enorme potencial para melhorar a sua arrecadação de receitas, tanto
em nível central quanto municipal (Plano Plurianual da Embaixada da Holanda
Maputo-Moçambique 2012-2015, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2011.)
Assistência para Elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique
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