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1 CARCINOMA UROTELIAL DA BEXIGA DA BIOPATOLOGIA À CLÍNICA Carlos Lopes – I.P.O. – Porto Lúcio Santos – I.P.O. – Porto Teresina Amaro – I.P.O. – Porto

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CARCINOMA UROTELIAL DA BEXIGA

DA BIOPATOLOGIA À CLÍNICA Carlos Lopes – I.P.O. – Porto Lúcio Santos – I.P.O. – Porto Teresina Amaro – I.P.O. – Porto

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INTRODUÇÃO

O carcinoma da bexiga é uma das neoplasias de maior prevalência e incidência em

praticamente todos os países do mundo. Em Portugal são diagnosticados anualmente cerca de

1500 novos casos, 75% dos quais em indivíduos do sexo masculino. A taxa de incidência

global por 100.000 habitantes e por ano é de 12,5, com valores de 19,5 no sexo masculino e

5,9 em mulheres (1).

Nos Estados Unidos o número de novos casos diagnosticados no ano de 2000 foi de 53.200,

admitindo-se que possam ter morrido da doença 12.200 doentes.(2)

Cerca de 75% casos diagnosticados apresentam-se com crescimento superficial, ou limitado à

mucosa (estádio Ta), ou à lâmina própria (estádio T1). Acresce que a maior parte destes

tumores tem comportamento pouco agressivo, não sendo muitas vezes possível identificar

alterações citológicas de malignidade.(3) Por tal razão, na última classificação proposta pela

OMS em 1999, um número significativo das neoplasias anteriormente diagnosticadas como

carcinomas papilares de grau 1, foram classificadas como “tumores papilares uroteliais de

baixo potencial de malignidade ”, designação que, ao excluir o termo “carcinoma”, reconhece

a falência de, em bases puramente morfológicos, se identificarem alterações citológicas e

arquitecturais que apontem de maneira segura ou para benignidade (cura após a ressecção

transuretral, sem recidivas ou progressão), ou para malignidade (possibilidade de recidiva e

progressão após RTU).

As taxas de recorrência dos tumores papilares da bexiga são variáveis (4), oscilando entre 30 a

85%, de acordo com as séries e o tamanho, número e grau citológico de malignidade das

neoplasias. Por outro lado, 10 a 30% dos tumores superficiais (Ta e T1) irão progredir

tornando-se infiltrativos, com invasão da camada muscular própria (T2-T4), e tornar-se-ão

citologicamente mais agressivos (G1 para G2 ou G3).

Apenas cerca de 25% dos carcinomas uroteliais são invasivos desde o início e mostram alto

grau citológico de malignidade, com elevadas taxas de recidiva e de metastização se não

forem de imediato tratados de maneira radical com cistectomia, imunoterapia (BCG) e

quimioterapia.(4)

A heterogeneidade morfológica e de comportamento clínico das neoplasias do urotélio

levanta alguns problemas práticos no diagnóstico e no seguimento dos doentes com este tipo

de patologia, para os quais a morfologia – citologia urinária e histologia – não permite, por si

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só e na maioria dos casos, respostas adequadas, nomeadamente ao diagnóstico diferencial das

neoplasias superficiais de baixo grau, agressivas e não agressivas; e ao determinar do

momento em que surge o risco de recidiva ou de progressão neoplásica. Por isso se vêm

concentrando esforços no estudo da complexidade do processo de transformação neoplásica e

dos genes, proteinas, enzimas e outras moléculas envolvidos, com o objectivo de se

encontrarem “marcadores” moleculares que complementem a morfologia convencional. (5)

INICIAÇÃO E PROMOÇÃO NEOPLÁSICAS DO UROTÉLIO

O urotélio é um dos epitélios mais usados para o estudo do processo de iniciação e progressão

neoplásicas, constituindo um bom modelo de cancerização química largamente usado tanto

em condições experimentais, como nos humanos. Refira-se a este propósito que já em 1885

Rehn descreveu três casos de carcinoma da bexiga em trabalhadores de anilinas,

documentando assim a associação entre a neoplasia e produtos químicos ligados ao exercício

de algumas actividades profissionais. (6)

De entre os agentes ambientais globalmente reconhecidos como intervenientes nas fases de

iniciação e promoção neoplásica do urotélio, destacam-se os seguintes: tabagismo; exposição

profissional a determinados produtos químicos; infestação por Schistosoma haematobium;

cistites crónicas associadas a elementos mecânicos; tratamento com citostáticos como a

ciclofosfamida; tratamento por radiações.

É bem conhecida a relação entre o tabagismo e a incidência do carcinoma urotelial da bexiga,

muito embora continuem por identificar os agentes químicos e os mecanismos biopatológicos

intervenientes. Os investigadores têm concentrado parte considerável da sua atenção nos

produtos da pirólise do tabaco como os hidrocarbonetos aromáticos, as aminas aromáticas e os

aldeidos insaturados que são agentes que se ligam ao ADN e o alteram, induzindo mutações

estáveis que iniciam e promovem o processo de transformação neoplásica.(7)

Muitos destes produtos que surgem no tabagismo também são libertados na urina de

indivíduos com determinadas ocupações que são, por isso, consideradas profissões de risco,

nomeadamente trabalhadores de indústrias de tintas, couro, borracha e alumínio; pintores

ligados à industria automóvel; cabeleireiros. É o que acontece com a 4-aminodifenil que se

junta com o ADN nuclear alterando-o e dando origem a mutações que interferem com o

processo de tradução.(8.9)

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A Fig. 1 mostra as alterações por que passam aminas ligadas ao tabagismo e a algumas

profissões para se ligarem a moléculas de ADN, constituindo-se mutantes com acção

cancerígena.

Fig. 1 – Aminas cancerígenas e seu metabolismo com formação de

mutantes de ADN que constituem a iniciação do processo de transformação neoplásica do urotélio (5)

Os edulcorantes artificiais foram associados ao carcinoma da bexiga durante algum tempo

essencialmente porque surgiram alguns estudos experimentais onde se demonstrou que Ratos

expostos a altos níveis de sacarina desenvolvem carcinomas uroteliais. No Homem, contudo,

nunca se encontraram elementos que confirmasses os dados da experiência animal, pelo que

hoje esta acção cancerígena de açúcares artificiais está abandonada.(4)

A participação do café e do chá no processo de cancerização vesical também é controversa e,

de um modo geral, não é considerada. Entre nós, porém, tivemos oportunidade de verificar

num estudo epidemiológico de tipo caso/controlo que o hábito de tomar grandes quantidades

de café se associou de maneira significativa ao desenvolvimento de carcinomas da bexiga,

constituindo-se em factor de risco independente.

A schistosomíase vesical associa-se ao carcinoma espinocelular da bexiga(6) e é responsável

pelas diferenças geográficas, epidemiológicas e clínicas entre os carcinomas da bexiga

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associados à Scistosomíase (Áfria) e não associados (países desenvolvidos e industrializados).

Há estudos que identificam lesões associadas a neoplasia e pré-malignas em bexigas com

schsitosomíase, de que se destacam as distintas formas de hiperplasia do urotélio e a

metaplasia epidermoide. Esta, sobretudo quando apresenta displasia, é comprovadamente uma

lesão pré-maligna que exprime diferenciação fenotípica diferente da urotelial e explica o tipo

histológico epidermoide destas neoplasias, ao contrário do que ocorre em carcinomas não

associadas à schistosomíase, onde o tipo urotelial (transicional) é o prevalente, sendo

infrequentes os carcinomas espinocelulares.

De entre os mecanismos de acção que se invocam para o desenvolvimento da cancerização

vesical na schistosomíase, destacam-se a acção mecânica dos ovos depositados aos milhares

na parede vesical e a infecção da bexiga que está sempre presente. As bactérias, com

capacidade para reduzir nitratos, induzem a formação de compostos nítricos e nitrosos do tipo

das nitrosaminas e nitrosamidas, que são carcinogénicas.

AGENTES DE CANCERIZAÇÃO DO UROTÉLIO (4)

Tabaco (tabagismo) Medicamentos

Nitrosaminas Fenacetina

2-naftilamina Ciclofosfamida

Agentes ligados à profissão Infecções

Benzidina Schistosomíase (S. Haematobium)

2 – naftilamina Cistites crónicas (associadas a cálculos)

Hidrocarbonetos alifáticos Outros

Arilaminas Café

Nirosaminas Edulcorantes artificiais

..

Fig. 2: Agentes que intervêm na cancerização do urotélio

As cistites crónicas, sobretudo quando associadas ao uso prolongado de cateteres, a cálculos

vesicais e a malformações congénitas do tipo das extrofias, constituem também importante

factor de risco para o desenvolvimento de carcinomas da bexiga(10). Em certa medida, este

processo de cancerização é idêntico ao descrito para a schsitosomíase, associando factores

mecânicos físicos à infecção bacteriana com libertação de compostos de óxido nítrico e

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nitroso que são cancerígenos. Também pelas mesmas razões, o padrão histológico mais

comum nestas circunstâncias é o carcinoma espinocelular e, de entre as lesões que precedem a

neoplasia, a metaplasia epidermoide é das mais importantes e comuns.

Os doentes tratados com ciclofosfamida têm um risco de desenvolver carcinoma da bexiga

nove vezes superior à população normal. O índice cumulativo de risco é 10,7% aos 12anos,

com um período de latência que oscila entre 65 e 112 meses. Os carcinomas assim originados

têm elevado grau citológico de malignidade, são profundamente infiltrativos e tendem a

desenvolver metástases. Para além de carcinomas uroteliais, a ciclofosfamida também tem

sido associada a outros tipos de cancro da bexiga como carcinoma espinocelular,

adenocarcinoma e leiomiossarcoma(11, 12).

Pensa-se que é a acroleina, um metabolito da ciclofosfamida, a responsável pela

transformação neoplásica, actuando através de mutação da p53 e de outros oncogenes(13).

O tratamento por radiações da região pélvica constitui também um factor de risco

considerável para a cancerização vesical. Os carcinomas da bexiga ocorrem 6 a 10 anos após a

radioterapia e o processo de transformação neoplásica parece estar relacionado com a geração

de radicais livres que provocam mutações directas do ADN de genes oncossupressores e de

oncogenes(14-16).

A intervenção de factores hereditários no carcinoma urotelial é ainda controversa(17), embora

se tenham identificado famílias com prevalência elevada de carcinomas da bexiga que,

nalguns casos, surgem em indivíduos jovens. Contudo os elementos disponíveis são ainda

escassos e controversos, não sendo possível afirmar com segurança a existência de “genes

ligados ao cancro da bexiga”. Contudo, resulta indiscutível de alguns estudos epidemiológicos

que existem factores constitucionais de natureza genética que conferem maior risco para o

desenvolvimento de algumas neoplasias, entre as quais se encontram o carcinoma urotelial da

bexiga. Entre esses factores situam-se os ligados a polimorfismos de genes que codificam a

síntese de enzimas que metabolizam alguns dos produtos químicos que se libertam com o

tabagismo e com o exercício de profissões de risco e que desencadeiam o processo de

transformação neoplásica: as aminas cancerígenas do tipo da nitrosamina e 2-naftilamina(18-20).

Antes de exercerem a sua acção cancerígena sobre o urotélio, muitas das aminas referidas

necessitam de prévia acção metabólica induzida por enzimas hepáticas cuja síntese é

codificada por genes polimorfos. Por isso, diferentes associações génicas determinam nos

indivíduos riscos igualmente diferentes de desenvolver carcinomas da bexiga. Esta

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variabilidade de expressão dos produtos génicos de indivíduos de uma mesma população,

traduz-se em diferentes taxas de metabolização enzimática (19).

As enzimas metabolizadoras de xenobióticos são classificadas de acordo com o tipo de

reacção que catalisam, podendo ser:

a) Enzimas de fase I ou de activação, que activam metabolicamente os pró-

carcinogéneos. Este grupo está representado pela família dos Citocromos P450;

b) Enzimas de fase II ou de conjugação, representadas pelas enzimas Glutationas S-

transferase (GSTs) e N-acetiltransferases (NATs), que completam o ciclo de

desintoxicação através do aumento da componente hidrofílica destes intermediários

reactivos, facilitando assim a sua excreção

Desta maneira, o polimorfismo destes genes pode conduzir à metabolização lenta ou rápida

dos agentes xenobióticos. Na primeira situação há maior tempo de contacto com as

substâncias tóxicas o que pode aumentar a probabilidade de desenvolvimento de cancro de

bexiga. Assim, vários Autores verificaram existir uma associação entre os polimorfismos da

GSTM1 “null”, CYP1A2, CYP2D6 (metabolizadores rápidos), da NAT1 (acetiladores

rápidos) e da NAT2 (acetiladores lentos), a um maior risco de carcinoma da bexiga (19-21).

Contudo, outros polimorfismos como os da GSTT1, CYP1A1-MspI e CYP2E1-DraI parecem

não conferir o mesmo risco e os resultados de diferentes grupos nem sempre são concordantes.

Assim por exemplo, o nosso grupo(20) estudou o genótipo GSTM1 “null” e o genótipo GSTT1

“null” em doentes com carcinoma de bexiga e comparou os resultados obtidos com os

genótipos observados no grupo controlo, não tendo encontrado diferenças estatisticamente

significativas. Recentemente, o estudo dos genótipos GSTP1, GSTM1 e GSTT1 em 135

doentes com carcinoma da bexiga e em 127 indivíduos controlo sem neoplasia, revelou que a

homozigotia para o gene GSTM1 “null” é mais frequente no grupo de doentes com carcinoma,

embora as diferenças encontradas não fossem estatisticamente significativas.

PROGRESSÃO NEOPLÁSICA

Após desencadeamento das acções de iniciação e promoção, a continuidade do processo em

ordem ao aparecimento de carcinomas uroteliais clinicamente sintomáticos depende da

interacção dinâmina, no microambiente célula/matriz, entre toda uma constelação de

fenómenos biopatológicos de que genericamente se destacam: inibição ou mutação de genes

supressores do crescimento, delecção de genes ou partes de cromossomas, estimulação de

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genes que codificam a síntese de factores de crescimento, moléculas de adesão, factores de

neoangiogénese e de necrose, produtos reguladores da apoptose, colagenases.

ALTERAÇÕES CROMOSSÓMICAS

Os estudos citogenéticos, de hibridização “in situ” e de perda de heterozigotia realizados em

carcinomas uroteliais e em linhas celulares estabelecidas a partir destes, permitiram observar

alterações cromossómicas sistemáticas e correlacioná-las com o processo de transformação

maligna e progressão da doença (4, 22-27).

A análise citogenética convencional de tumores de bexiga revelou uma série de anomalias

cromossómicas frequentes e não aleatórias que ocorrem em regiões genómicas provavelmente

envolvidas na carcinogénese destes tumores. O cromossoma 9 é dos que apresentam

alterações mais frequentes e constantes, nomeadamente delecções parciais e/ou monossomia.

A frequência de delecções, sobretudo as do braço longo (9q-), levam provavelmente à perda

de genes oncossupressores parece ser um fenómeno precoce e importante na cancerização

vesical, razão porque alguns genes deste cromossoma são considerados, por alguns, genes

“gatekeeper” da carcinogénese urotelial (28).

Para além do cromossoma 9, também se conhecem outras alterações citogenéticas, com perda

de heterozigotia nos cromossomas 1p, 1q, 3p, 5q, 6q, 11p, 13q, 17p, e 18q. As delecções são

das lesões cromossómicas mais comuns e assumem particular significado as do cromossoma

13 onde se localiza o gene do retinoblastoma (Rb), e no cromossoma 17, onde se localiza o

gene da p53. Por outro lado, mais do 50% dos tumores de bexiga de doentes de sexo

masculino apresentavam perda do cromossoma Y (22-27).

As técnicas de hibridização in situ são consideradas actualmente ferramentas de grande

utilidade no estudo de tumores sólidos porque permitem detectar aberrações citogenéticas

específicas sem recurso à cultura de células, podendo inclusivamente ser realizadas em

material de arquivo incluído em parafina. Também com a utilização destas técnicas, o

cromossoma 9 mantém lugar de destaque na frequência e constância das alterações

encontradas.

Os nossos resultados, obtidos a partir do estudo com sondas centroméricas específicas para os

cromossomas 7 e 17, também confirmaram a presença de polissomias frequentes destes

cromossomas, principalmente associadas à tumores que recorrem mais precocemente (29,30).

A hibridação genómica comparativa (CGH) é neste momento uma das metodologias mais

importantes para a análise de genomas tumorais e tem sido utilizada com sucesso na

caracterização citogenética de vários tipos de tumores urológicos. Com esta técnica têm-se

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descrito diferenças citogenéticas entre tumores superficiais (Ta e T1) e invasivos (T2-T4).

Assim, delecções do 17p, incluindo o “locus” do TP53 e ganhos do 1q têm sido identificados

particularmente em tumores invasivos: Em contrapartida a perda do cromossoma 9 (-9) parece

ocorrer mais frequentemente em carcinomas superficiais de Grau 1. Estes resultados estão,

contudo, longe de ser unânimes porquanto há séries nas quais as alterações do cromossoma 9

ocorreram em todos os graus de malignidade histológica e estádios; e as delecções nos

cromossomas 8 (8p21-q11.2) e 13 associaram-se particularmente a tumores de alto grau e/ou

invasivos (9). Também foram descritas delecções da região 11p13 (gene supressor do tumor

de Wilms) (8).

Na Fig. 3 apresentam-se as alterações cromossómicas descritas nos carcinomas do urotélio,

segundo estes estudos de perdas de heterozigotia.

Em termos cronológicos a trissomia do cromossoma 7 e as delecções do cromossoma 9

parecem ser acontecimentos precoces no processo de carcinogénese, enquanto que as

delecções dos cromossomas 8, 13 e 17 parecem ocorrer ao longo do processo de progressão

neoplásica (8,28).

ALTERAÇÕES CROMOSSÓMICAS NO CARCINOMA TRANSICIONAL DA BEXIGA

CROMOSSOMAS

FIG. 3 (PERDA DE HETEROZIGOTIA)

Alterações cromossómicas específicas parecem associar-se, por um lado, à progressão e por

outro, ao tipo histológico de carcinoma superficial. As alterações no cromossoma 9 são mais

frequentes nos tumores papilares. As delecções em 9p21 isoladas são raramente associadas

com a invasão mas, frequentemente relacionadas com um risco mais elevado de recidiva. As

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perdas do braço longo do cromossoma 9 (9q11-13 e 9q33-34) ocorrem em carcinomas

uroteliais de baixo grau e superficiais. Alterações que envolvem perdas do cromossoma 17,

nomeadamente do gene TP53, são usuais nos carcinomas "in situ" e parecem representar uma

via de carcinogénese urotelial alternativa. Contudo, no nosso grupo verificámos que os

doentes com carcinomas papilares superficiais de baixo grau e monossomia do gene TP53

tinham um período de sobrevivência livre de recidiva significativamente menor. Estes

resultados sugerem que este genótipo parece conferir, também neste grupo particular de

carcinomas uroteliais, maior agressividade (30, 31).

GENES SUPRESSORES

As delecções cromossómicas observadas em tumores superficiais da bexiga sugerem que as

perturbações funcionais dos genes supressores são críticas no processo de transformação

maligna e progressão da doença. Estas alterações de genes supressores conduzem usualmente

à perda do controlo do ciclo celular. Têm sido particularmente estudados os seguintes genes

supressores: p53, p16, p14, pRb, p27 (22, 30, 34, 35).

Gene do Retinoblastoma

O gene Rb codifica uma fosfoproteína nuclear, a pRb, que tem funções no controlo do ciclo

celular. A pRb não fosforilada liga-se fortemente ao factor de transcrição E2F impedindo-o de

actuar. Quando a pRb é fosforilada pelo complexo ciclina D/CDK o factor E2F é libertado

activando, assim, genes alvo que promovem o ciclo celular (23, 24, 25).

As células uroteliais normais (não neoplásicas) exprimem, por imunocitoquínica, a pRb.

Assim, a perda de imunorreactividade pode servir para identificar delecções e mutações do

cromossoma 13q, o que ocorre em cerca de 80% dos carcinomas do urotélio, comprovando-se

assim a importância da perda de heterozigotia neste processo. Acresce, por outro lado, que há

dados que sugerem que a perda de imunorreactividade para a pRb se associa a carcinomas de

maior grau de malignidade e com crescimento mais infiltrativo. No entanto, e em

contrapartida, existem estudos mais recentes que demonstram que a sobrexpressão desta

proteína pode ocorrer também em carcinomas uroteliais de mau prognóstico; com efeito, a

pRb fosforilada não se liga a E2F-1 pelo que, quando hiperfosforilada como ocorre em

carcinomas uroteliais de alto grau, pode haver imunorreactividade nuclear acentuada.

Contudo a lógica dos resultados é controversa e complexa, dada a multiplicidade de

interacções moleculares em jogo, naturalmente diferentes de caso para caso. Assim por

exemplo, na nossa experiência, os carcinomas uroteliais superficiais papilares de baixo grau

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só em 19,6% dos casos foram negativos para a pRb enquanto que em 72,3% dos casos houve

positividade tanto para a pRb como para a p16. Por outro lado, a imunorreactividade para a

pRb, nesse estudo, não se associou com o prognóstico (29-31).

Gene TP 53

O gene TP53 codifica uma proteína de 53kDa que é um factor crítico no controlo do ciclo

celular, na promoção da reparação do ADN e na apoptose. A proteína p53 mutada tem uma

sobrevivência média maior do que a proteína normal, possibilitando a sua detecção

imunohistoquímica.

Os estudos que avaliam a expressão imunohistoquímica da proteína p53 nos carcinomas

uroteliais são contraditórios. As diferenças encontradas prendem-se também com diferenças

nas populações estudadas, técnicas utilizadas e quantificações adoptadas e não apenas com a

real imunoexpressão da proteina (34-37).

A imunoexpressão para a p53 associa-se, de um modo geral a carcinomas de alto grau a

carcinomas de alto grau, com padrão não papilar, densa reacção inflamatória do estroma,

aneuploides, elevada fracção de células em fase S e com elevado número de mitoses. A

progressão neoplásica estabelecida em função do T.N.M., relacionou-se significativamente

com a expressão da p53, embora também aqui a variabilidade de resultados seja comum.

Assim, em análise univariada a expressão imunohistoquímica aumentada de p53 indica

prognóstico reservado para os doentes com carcinomas papilares invasivos (não indiciando o

mesmo para os superficiais). Porém a análise multivariada não identificou a expressão da p53

como factor independente de prognóstico enquanto que o estádio do tumor e o índice mitótico

o foram (38-40).

Noutros trabalhos a imunorreactividade para a p53 foi mais frequente em carcinomas do

urotélio com fracção de células em fase S baixa, coincidindo, no entanto, com as outras

associações já referidas. As recidivas e as displasias uroteliais em mucosas adjacentes ao

carcinoma da bexiga, apresentavam uma elevada expressão do p53 (40).

Num estudo realizado pelo nosso grupo em 80 carcinomas uroteliais papilares da bexiga,

verificou-se que existe uma acumulação nuclear da p53 em todos os graus de diferenciação

(GI, GII, GIII) e em todos os estádios (Ta, T1, T2a, T2b). A percentagem de casos positivos

aumentou com o grau e estádio mas as diferenças não foram significativas (38). Apesar de não

se ter revelado um factor associado à sobrevivência livre de recidiva nos carcinomas papilares

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superficiais e de baixo grau da bexiga, a imunoexpressão da p53 nas recidivas foi

significativamente superior do que nos tumores primários. Contudo este aumento de

positividade em recidivas não se acompanhou de progressão neoplásica, isto é, não se

associou de maneira significativa com aumento do grau de malignidade ou com

comportamento invasivo.

A confirmar esta aparente ausência de progressão em carcinomas papilares de crescimento

superficial estão outros resultados do nosso grupo. Assim, num estudo por FISH em que se

analisaram alterações numéricas do gene TP53 em carcinomas papilares do urotélio, em

estádios Ta e T1 e GI ou GII, tratados com intenção curativa verificou-se que a monossomia

para o TP53 se associou significativamente a uma menor sobrevivência livre de recidiva.

Também foi observado que as recidivas dos tumores com monossomia para este gene e

ausência de imunorreactividade para a p53 mantinham as alterações cromossómicas, mas

adquiriam imunorreactividade para a p53. Este facto sugere que, durante o processo de

recidiva o alelo restante possa sofrer a mutação responsável pela diminuição do intervalo livre

de doença sem que, necessariamente, haja sinais de progressão neoplásica (41-43).

Em resumo: apesar dos resultados controversos, parece poder concluir-se pela intervenção de

alterações da p53 na progressão neoplásica dos carcinomas in situ e nodulares invasivos, o

mesmo podendo não ocorrer nos carcinomas papilares de crescimento superficial. Contudo, as

taxas de recorrência e a diminuição dos tempos de sobrevivência livre de doença parecem

também ser influenciados pela p53 e essa influência ocorre tantos em carcinomas de alto grau

invasivos como em tumores papilares de crescimento superficial.

A participação da p53 na progressão de alguns carcinomas da bexiga e na diminuição dos

tempos de sobrevivência livres de doença tem levado alguns Autores a utilizá-la como factor

preditivo de comportamento e, portanto, condicionador de esquemas de tratamento. Por

exemplo, no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center os doentes com carcinoma do urotélio

localmente avançado que têm expressão normal da p53 são candidatos a cirurgia conservadora

de órgão. Na Universidade de Southern California os doentes cistectomizados, com tumor

confinado à bexiga, são randomizados para quimioterapia adjuvante ou seguimento de rotina

enquanto que no M.D. Anderson Cancer Center se iniciou um estudo de fase II em que os

doentes com carcinoma superficial da bexiga são considerados como doentes com elevado

risco de recidiva se tiverem expressão anormal da p53 e/ou pRb e realizam, para além da

quimioterapia neoadjuvante prevista, instilação com BCG no pós-operatório (34-38).

A multifocalidade e a frequência com que ocorrem recidivas em tumores papilares de

crescimento superficial levou à realização de estudos que definissem se eram vários tumores

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9-

p53

que se desenvolviam em resultado do efeito de campo ou se, pelo contrário, era a mesma

neoplasia que se disseminava em superfície e reaparecia. Para esclarecimento desta questão

recorreu-se ao estudo das mutações do gene p53 em estudos de clonalidade, o que permitiu

verificar que tumores multifocais e as suas recorrências tinham um único progenitor celular. O

mesmo se verificou com o recurso ao estudo da instabilidade genética por microssatélites.

Estes novos achados, que começam a ser utilizados no diagnóstico molecular de recidivas,

afirmam a monoclonalidade destas neoplasias e a sua verdadeira recorrência e contrariam o

efeito de campo e o desenvolvimento de neoplasias distintas (45, 46).

Tumores não invasivos Alterações dos cromossomas

Ta; CIS 3p, 4, 5q, 11p, 13p, 18q

Tumor papilar

de baixo grau p53

Urotélio 9- Tumor papilar p53 Invasão da p53 Invasão da Metástases

normal de alto grau mucosa camada muscular

p53

Carcinoma

in situ

Fig. 4 - Modelo de progressão tumoral no carcinoma do urotélio, a partir de perdas de heterozigotia do cromossoma 9 e de mutações do gene da proteina p53 (28)

Genes do cromossoma 9

As delecções do cromossoma 9 são muito frequentes no processo de transformação neoplásica

do urotélio, ocorrendo em mais de 60% dos casos; estão presentes em carcinomas de

crescimento superficial e invasivo e parece serem precoces intervindo na fase de iniciação.

Pode mesmo acontecer que seja a única alteração detectada como monossómica em estudos

análise de imagem, com influência na génese de recidivas mas sem intervenção aparente na

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progressão neoplásica. Isto é, parece que os circuitos moleculares em causa na cancerização

resultante de genes que se perdem do cromossoma 9 são diferentes e mais precoces do que os

desencadeados com a p53 e pRb (47-49).

A região p21 do cromossoma 9 (9p21) está mutada numa série de neoplasias o que sugere a

presença aqui de um gene supressor que intervém com relativa frequência. Existe evidência de

que esse gene possa ser o gene p16 (CDKN2) porque codifica a síntese de um inibidor de

cinases ciclino-dependente que evita a fosforilação de Rb, mantendo-o assim activo e com

acção bloqueadora da saída das células da fase G1 do ciclo celular. A perda da função de p16

leva à fosforilação da Rb e consequente desregulação do ciclo celular com passagem das

células de G1 para a fase S e consequente aumento da divisão celular. A metilação da região

promotora do p16 pode ser o mecanismo que leva ao seu silenciar e inactivação.

Fig. 5 – Mecanismos moleculares de iniciação e progressão durante o processo de transformação neoplásica do urotélio (5)

Existe um outro gene, o gene p14, também localizado no cromossoma 9p21, muito próximo

do gene p16. Codifica, porém, uma proteína diferente que, quando expressada em excesso,

leva à paragem do ciclo nas fases G1 e G2. A acção da p14 parece ser primariamente exercida

sobre a p53 bloqueando a sua degradação mediada pela Mdm2; assim, ao assegurar a presença

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de uma p53 intacta, permite que esta contrarie o crescimento de células não inibidas e

estimule a sua evolução para apoptose em resultado da alteração do ADN presente (50-52).

Há ainda duas outras regiões no cromossoma 9q (9q11-13 e 9q33-34) que também estão

perdidas através de delecções num número significativo de carcinomas do urotélio. Porém,

não se conhecem ainda as proteinas que codificam nem tão pouco a localização exacta dos

genes. Sabe-se apenas que a sua delecção é mais frequente em carcinomas uroteliais de baixo

grau.

Instabilidade de Microssatélites

No genoma humano existem sequências repetitivas de ADN, constituídas por 1 a 4 pares de

bases, que se perdem em muitas neoplasias entre as quais se encontra o carcinoma urotelial. É

a esta perda dessas sequências que se chama instabilidade de microssatélites (45, 46).

As sequências do ADN destes microssatélites variam de indivíduo para indivíduo. Porém,

como são de transmissão hereditária mantêm-se as mesmas em todas as células normais de

cada pessoa.

Nas células neoplásicas, contudo, há frequentes variações em muitas das sequências dos

microssatélites causadas por erros da replicação do ADN. Como, porém, a grande maioria dos

microssatélites se encontra em intrões, isto é em segmentos de ADN mudos não codificantes,

não se sabe como os erros de replicação deste ADN geram mutações que favorecem a

expansão clonal das neoplasia. Uma das explicações possíveis é que erros semelhantes

também ocorram em exões e aí se exprimam ou como genes supressores mutados ou mesmo

como oncogenes (53-55).

Independentemente da compreensão dos mecanismos pelos quais a instabilidade de

microssatélites participa no processo de cancerização, a sua pesquisa em células da urina tem

sido usada como meio não invasivo de diagnóstico precoce do carcinoma urotelial em fases

muito iniciais e, também, para a detecção precoce de recidivas durante o seguimento de

doentes já com tumores previamente diagnosticados. Mais adiante este tema será retomado.

ONCOGENES

São muitos os oncogenes que estão envolvidos em diferentes fases do processo de

carcinogénese dos diferentes tipos de carcinoma do urotélio. O uso de novas técnicas como a

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hibridização genómica comparativa (CGH) tem sido importante na identificação de novas

regiões que estão amplificadas nestes tumores. Destacam-se o c-erb-B2 e o H-ras.

c-erb-B2

O proto-oncegene c-erb-B2 codifica uma proteína transmembranácea do tipo receptor de

membrana e idêntico ao factor de crescimento epidérmico (EGFR). Nalguns carcinomas de

células uroteliais há expressão aumentada de c-erb-B2 por um mecanismo de amplificação

genética e mediada por estimulação da actividade de uma cinase da tirosina que induz a

divisão celular (56, 57).

A participação do oncogene c-erb-B2 no processo de transformação neoplásica do urotélio é

controversa e está longe de ser esclarecida. Sobretudo sabe-se ainda não há elementos que

afirmem a utilidade da sua determinação para diagnóstico e para indicação de prognóstico.

Na nossa experiência pessoal, a amplificação do c-erb-B2 ocorre na progressão neoplásica e a

sua determinação por imunocitoquímica revelou-se de alguma utilidade no diagnóstico

diferencial entre o carcinoma sarcomatoide da bexiga (onde a positividade é frequente) e o

leiomiossarcoma (onde a negatividade foi sistemática) (58).

A recente utilização do c-erb-B2 como proteina alvo para certas terapêuticas anti-neoplásicas

poderá vir, em futuro, próximo, a ser também aplicada à bexiga para tratamento dos

carcinomas que exprimem essa oncoproteina.

H-ras

O gene H-ras codifica uma proteína ancorada à face citoplasmática da membrana celular que

pode ter papel importante na génese do carcinoma urotelial. Foram detectadas, por PCR,

mutações do H-ras em 35% de uma série de tumores da bexiga. A maioria dessas mutações

são pontuais e envolvem na maioria das vezes o codão 12 (guanina para adenina), mas

também o codão 13 (guanina para timina) e o codão 61 (adenina para timina) (59, 60).

Embora haja quem pretenda associar a expressão aumentada de H-ras com maior precocidade

de recidiva, a verdade é que não existem ainda dados que confiram a este gene utilidade no

diagnóstico e prognóstico dos tumores do urotélio.

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OUTROS FACTORES DE PROGRESSÃO NEOPLÁSICA

É grande a multiplicidade de factores que intervêm na progressão neoplásica e é de grande

variabilidade o fluxo de interacções entre eles. Para além dos produtos de oncogenes e genes

supressores já referidos, vale a pena citar alguns outros que intervêm no crescimento

descontrolado e no aumento da mobilidade das células neoplásicas: o factor de crescimento

epidérmico (EGF) e respectivos receptores (EGFRs); moléculas de adesão e factores de

angiogénese (61, 62).

A anormalidade da expressão e funcionamento de factores de crescimento e de receptores

de factores de crescimento pode contribuir para aumentar a capacidade de proliferação

celular e, sobretudo, a desregulação do controlo da divisão celular (58).

O factor de crescimento epidérmico (EGF) é uma proteína de acentuada actividade

mitogénica que é excretada na urina de indivíduos normais em concentrações elevadas, mas

que surge em baixas concentrações na urina de doentes com carcinoma do urotélio. Esta

aparente “retenção” de EGF pode traduzir aumento da sua ligação a maior número de

receptores (EGFR) presentes nas células uroteliais neoplásicas, com consequente aumento da

proliferação. É por isso que, nalguns estudos, a expressão imunocitoquímica aumentada de

EGFR ocorre em neoplasias de maior grau histológico de malignidade e mais agressivas (4,5).

Este aumento da expressão de EGFR induz também aumento da mobilidade celular,

facilitando não só a mobilização trans-epitelial que pode ser a responsável pela multiplicidade

tumoral, como também a invasão da parede.

A interacção entre a células neoplásica e a matriz, que depende muito mais de factores

biológicos que mecânicos, reveste-se de particular importância na aquisição de comporta-

mentos mais ou menos agressivos. A síntese de colagenases e a neovascularização são dois

fenómenos que podem contribuir para aumentar a agressividade de uma neoplasia. O mesmo

ocorre com as moléculas de adesão de que se destacam as caderinas (E-caderina) e com as

integrinas (5, 44).

Embora amplamente estudados, o lugar e importância das caderinas e integrinas no carcinoma

urotelial ainda não é bem conhecido. A neoangiogénese, quando grande e mais intensa,

confere maior capacidade de metastização às neoplasias e, portanto, pior prognóstico. Os

mecanismos de angiogénese passam pela síntese de determinadas proteinas indutoras: o factor

de crescimento do endotélio vascular (VEGF), o factor de crescimento fibroblástico (b-FGF),

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o factor autócrino de mobilidade (AMF). O VEGF está amplamente expresso no carcinoma

urotelial papilar superficial da bexiga (63, 64).

Usando técnicas de imunocitoquímica, o aumento da densidade celular tem sido associado a

maior agressividade em carcinomas da bexiga. Por outro lado, a excreção aumentada na urina

de b-FGF, AMF e ácido hialurónico e seus metabolitos tem sido encontrada em doentes com

carcinoma urotelial o que pode servir para monitorizar os doentes para a detecção precoce de

recidivas.

A BIOLOGIA MOLECULAR NA CLÍNICA

O grande volume de informação e de conhecimento disponíveis na área da patologia

molecular e da sua relação com as neoplasias, ainda não tem a mesma contrapartida na sua

aplicação prática no diagnóstico e no tratamento. Nos carcinomas uroteliais como nas demais

neoplasias a anatomia patológica convencional continua a ser a base em que assenta a

informação necessária para o tratamento dos doentes com qualidade. Contudo, também nos

carcinomas da bexiga há problemas que a morfologia convencional, mesmo quando feita por

patologistas conceituados e muito experientes, não consegue resolver. O diagnóstico

citológico dos carcinomas uroteliais superficiais de baixo grau; o diagnóstico diferencial

seguro entre tumores papilares de baixo potencial maligno e carcinomas papilares de baixo

grau; a afirmação, no caso individual, do momento em que uma neoplasia se vai tornar mais

agressiva (por exemplo abandona o crescimento superficial e começa a tornar-se invasiva); a

afirmação segura de que a multiplicidade vai ocorrer; o diagnóstico de certeza do momento

em que vai ocorrer recidiva de um tumor de baixo grau, são alguns exemplos de problemas

práticos do dia a dia do diagnóstico e seguimento dos doentes para os quais não existe ainda

resposta satisfatória.

A aplicação do conhecimento fornecido pela biologia molecular ao diagnóstico e tratamento

de doentes com carcinoma urotelial tem-se concentrado das seguintes áreas principais: ADN e

estudo do ciclo celular; delecção de antigénios dos grupos sanguíneos; anomalias

cromossómicas; instabilidade de microssatélites; telomerases; identificação de proteinas na

urina e índice proliferativo (65).

ADN E FRACÇÃO DE CÉLULAS EM FASE S

O estudo da ploidia das células neoplásicas através do cálculo do ADN por citometria de fluxo

e citometria de imagem, bem como a avaliação da proliferação celular através da

NH2 NH2 CYP1A CYP1A NHOH NHOH Arilamina HidroxilaArilamina Hidroxilamina mina HidoxilaminaHidoxilamina

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determinação da fracção de células em fase S constituem meios de investigação amplamente

utilizados em oncologia e, naturalmente também, nas neoplasias da bexiga onde, porventura

mais que nas outras, existe alguma “lógica” que associa a diploidia às células dos carcinomas

de baixo potencial maligno e de baixo grau de malignidade (Grau 1) e a aneuploidia às células

de carcinomas mais agressivos (Graus 2 e 3). Na nossa experiência, que confirma de um modo

geral a literatura, em células uroteliais obtidas a partir de lavado vesical de doentes com

carcinomas papilares superficiais de baixo grau (Grau 1) ou de tumores de baixo potencial de

maligno, a percentagem de casos aneuploides é de 2%. Essa mesma percentagem sobe para

58% em carcinomas moderadamente diferenciados (Grau 2) e sobe ainda mais para 100% em

carcinomas pouco diferenciados (Grau 3). Nestas circunstâncias o aparecimento, na urina ou,

de preferência no lavado, de células aneuploides constitui um bom indicador da presença de

carcinoma. Porém, como a aneuploidia se liga ao grau de malignidade citológico e este é

também facilmente detectado por citologia, a ajuda do ADN acaba por não ser muito

importante em termos de diagnóstico, tanto mais que as situações de maior dificuldade para a

citologia são, precisamente, aquelas em que as células tendem a ser diploides, como o são as

células normais (4, 66).

O recurso ao estudo da fracção de células em fase S pode ajudar em parte esta dificuldade.

Com efeito, as células uroteliais não neoplásicas, que são diploides, têm uma fracção de

células em fase S relativamente baixa (em regra menos de 6%). Em contrapartida nos

carcinomas uroteliais de grau 1 esse valor pode ser maior; e quando encontrámos células

diploides com fracção de células em fase S superior a 10%, esses casos foram na sua grande

maioria carcinomas. Em contrapartida, valores inferiores a 7% corresponderam quase sempre

a situações não neoplásicas. Assim, apenas os casos em a fracção de células em fase S se

situou entre 7 e 10% não beneficiaram grandemente com o estudo do ADN por citometria de

fluxo.

As taxas de recidiva e de progressão também se associam de maneira significativa com a

ploidia das células neoplásicas. Assim, os dados da nossa experiência indicam que a taxa de

recidiva em carcinomas papilares diploides foi de 56% contra 89% em tumores aneuploides.

O mesmo ocorreu com a progressão neoplásica traduzida por aumento de grau de malignidade

e/ou invasão: ocorreu em apenas 2% dos carcinomas diploides contra 58% de tumores

aneuploides (67).

Em resumo. apesar de útil na solução de alguns problemas de diagnóstico e de prognóstico em

carcinomas papilares G1 da bexiga, sobretudo quando associada a uma citologia de qualidade,

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o estudo do ADN tem uma limitação fundamental: não é um método acessível porquanto

exige um citómetro (que é caro) e pessoal preparado para a execução da técnica e leitura dos

resultados, o que só existe em escasso número de Centros, quase sempre ligados à

investigação.

ALTERAÇÕES ANTIGÉNICAS

Desde há mais de 30 anos se sabe que a delecção dos antigénios do grupo sanguíneo ABO

que ocorre em células dos tumores do urotélio constitui bom indicador de aumento de

agressividade e, portanto, pode ser utilizada com elemento preditivo de aumento de grau de

malignidade de um carcinoma urotelial. Na nossa própria experiência, usando a

imunocitoquímica como técnica de suporte, verificámos que em indivíduos do grupo À

delecção do antigénio A em células de carcinomas papilares de grau 1 seguiu-se, em 76% dos

casos, a passagem para grau 2 e em 48% dos casos à aquisição de um comportamento

claramente invasivo (passagem do estádio Ta para T1 e T2). Por outro lado 81% dos

carcinomas de grau 2 e 100% dos de grau 3 tinham, à partida delecção antigénica (4, 68).

Para além dos antigénios do sistema ABO, outros existem e que também têm sido usados com

o mesmo significado de que são exemplos os antigénios do sistema Lewis. M, N e T.

De um ponto de vista técnico e na nossa experiência, as determinações foram muito mais

fáceis para o antigénio A do que para o antigénio 0, porquanto a imunorreactividade dos

anticorpos disponíveis no mercado era muito mais forte para o anticorpo anti-A. Acresce, por

outro lado, que outras técnicas também usadas, como a imunofluorescência, acabam por ser de

execução mais difícil e, portanto, de menor acessibilidade. Finalmente os nossos resultados

foram mais expressivos em cortes histológicos do que em citologia. Por todas estas razões, o

estudo da delecção dos antigénios ligados aos grupos sanguíneos não é prático em acções de

rotina. Mantém, contudo, pleno interesse em protocolos de investigação.

Para além dos antigénios dos grupos sanguíneos, outros existem que também se encontram

alterados em carcinomas do urotélio. Um dos “marcadores” por nós estudado foi o Um dos

“marcadores” por nós estudado foi o antigénio Sblad que é reconhecido por um anticorpo

monoclonal o BL2-10D1. Há estudos que indicam que o antigénio em causa é positivo em

células de carcinomas uroteliais de baixo grau, sendo negativos em células não neoplásicas e

em carcinomas de alto grau. A ser assim, tratar-se-ia de um bom “marcador” para uso em

citologia, porquanto quando positivo indicaria a presença de carcinomas de baixo grau,

precisamente as neoplasias em que a citologia convencional tem menor sensibilidade. Na

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nossa experiência, estes resultados inicialmente promissores não se confirmaram porquanto

encontrámos casos em que a positividade ocorreu em carcinomas de alto grau (o que não

diminuiria o seu valor no diagnóstico), mas também em células não neoplásicas, o que lhe

retirou a categoria principal com que foi descrita de “marcador” inicial de malignidade.

Mesmo assim, trata-se de um anticorpo que pode ser usado como auxiliar da citologia

convencional no diagnóstico de carcinomas papilares de baixo grau, desde que se saiba que a

sua positividade ou negatividade não podem ser interpretados como significando, em termos

absolutos, presença ou ausência de células neoplásicas (44-65).

ANOMALIAS CROMOSSÓMICAS

A frequência com que surgem alterações cromossómicas no carcinoma urotelial,

nomeadamente delecções do antigénio 9 constitui a base para a sua pesquisa em células

eliminadas pela urina, acreditando-se que quando estão presentes é porque há carcinoma. As

técnicas usadas são as habituais nestas circunstâncias, nomeadamente a citogenética e a

hibridização in situ. Não é, contudo, fácil a aplicação prática do método em estudos de rotina

por duas razões fundamentais: a tecnologia tem alguma complexidade e não está acessível na

prática clínica de rotina; as alterações são múltiplas e variadas, com uma estabilidade que não

permite uma especificidade aceitável independentemente da sua grande sensibilidade.

Para além do cromossoma 9, também têm sido estudadas aneussomias dos cromossomas 1, 7,

8 e 17 (22-25, 41). Os resultados obtidos parecem indicar que este tipo de abordagem poderá ser

útil na detecção precoce, monitorização do tratamento e previsão de recorrência de doentes

com carcinomas da bexiga.

INSTABILIDADE DE MICROSSATÉLITES

Como já anteriormente referido, os microssatélites são sequências repetitivas de pequenas

moléculas de ADN cujo comprimento é, em média, de 1 a 4 bases, e que estão situados nos

intrões.

A pesquisa de instabilidade de microssatélites tem sido usada como meio de detecção de

carcinoma do urotélio dada a sua grande sensibilidade e especificidade, sobretudo quando

associada à citologia convencional de qualidade. Por outro lado e relativamente aos outros

métodos referidos acima é de fácil realização podendo estar disponível na maioria dos

laboratórios dos nossos hospitais.

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Na maioria dos estudos já publicados, tanto na Europa e Estados Unidos como em países

orientais como a China e o Japão, a sensibilidade do método anda à roda dos 80% para os

tumores de baixo grau de malignidade (G1), valor claramente superior ao da citologia

convencional mesmo quando feita em centros com grande experiência onde, para a mesma

população de neoplasias essa sensibilidade não ultrapassa os 60% em tumores de baixo grau.

Para as neoplasias de grau 2 e 3 a sensibilidade atinge os 95% mas aqui já a citologia

convencional, quando praticada por citologistas experientes, tem valores não muito diferentes.

Contudo, mesmo aqui, a determinação da instabilidade de microssatélites tem vantagens

porque é mais objectiva e mais reprodutível e, por outro lado, não abundam os citologistas

com experiência (45, 46, 53-55).

A instabilidade de microssatélites tem tido particular utilização e com êxito progressivamente

confirmado no seguimento de doentes com tumores papilares de comportamento incerto e de

carcinomas de grau 1, onde a detecção de recidivas por citologia é muito difícil e de baixa

sensibilidade. Nestas circunstâncias, a análise da urina para pesquisa da instabilidade dos

microssatélites, chega a detectar anomalias genéticas alguns meses antes do aparecimento de

recidivas clinicamente detectáveis, o que constitui outro elemento de grande relevância.

TELOMERASES

Os telómeros são moléculas de ADN constituídas por sequências repetidas de pequenas duplas

hélices não codificantes cujo peso molecular varia entre 2 e 50 Kb e em cuja estrutura se

repetem sequências de bases TTAGGG. Os telómeros estão situados nas extremidades dos

cromossomas onde têm função de protecção da integridade de cada uma das hélices do par,

impedindo que haja fusão entre elas e outras formas de desarranjo e, por outro lado,

facilitando a sua separação para que a replicação se faça adequadamente e a divisão celular se

concretize sem perturbações. Acontece, porém, que em células somáticas normais os

telómeros, porque se não dividem, se vão consumindo em cada divisão celular e quando

acabam, a divisão deixa de ocorrer e a célula caminha para o envelhecimento e morte.

A síntese de novos telómeros que garanta a sua presença e, portanto, a continuidade da divisão

celular, é favorecida por enzimas com a estrutura e funções de uma transcriptase inversa, as

telomerases. Nas células neoplásicas, onde a divisão celular se não perde e o envelhecimento

não ocorre, há grande aumento das telomerases, facto que pode ser usado no diagnóstico.

Assim e no que respeita ao urotélio, estão descritos os seguintes valores médios de actividade

das telomerases: urotélio normal – 5% dos casos; displasia do urotélio – 54% dos casos;

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carcinomas uroteliais – 80 a 100% dos casos. Refira-se que os estudos referidos foram

realizados tanto em tecido tumoral como na urina, o que torna a determinação de maior

utilidade e acessibilidade por também ser um método não invasivo (68).

Os elementos disponíveis para o seu uso na rotina ainda não são suficientes para conclusões

definitivas. Contudo este é mais um método “molecular” de diagnóstico precoce de tumores

papilares uroteliais de baixo grau em que se depositam fundamentadas esperanças.

“MARCADORES” DE CARCINOMA UROTELIAL NA URINA

Desde sempre houve da parte dos investigadores a tentativa de detectarem na urina qualquer

proteína cuja presença fosse reveladora de carcinoma do urotélio. A fundamentação para a

expectativa é que as células uroteliais neoplásicas sofrem alterações antigénicas através da

síntese de proteinas anormais que possam ser identificadas tanto nas células por métodos de

imunocitoquímica, como na própria urina por técnicas bioquímicas.

A prática vem demonstrando, contudo, que esta abordagem tem tido resultados menos

convincentes que as técnicas de genética molecular (instabilidade de microssatélites e

telomerases) porquanto com as diversas proteinas investigadas os resultados são menos

sensíveis e, sobretudo, menos específicos porque apresentam resultados falsos positivos em

quantidade superior à desejável.

A proteína human complement-related H factor, possivelmente produzida por células

uroteliais neoplásicas, é conhecida como BTA (Bladder Tumor Antigen). Os resultados

obtidos têm sido pouco encorajadores, já que o teste utilizado para a sua pesquisa tem

sensibilidade inferior à citologia para detectar carcinomas de alto grau e “in situ”. Por outro

lado, o BTA foi também encontrado em doenças benignas da bexiga, com uma taxa de falsos

positivos não aceitável para o diagnóstico do dia a dia.

Com o mesmo objectivo tem sido pesquisado na urina uma proteína da matriz nuclear

associada ao fuso mitótico, conhecida como NMP-22. Estudos recentes indicam que a

pesquisa de NMP-22 na urina é um método que embora globalmente mais sensível que a

citologia (83% contra 68%), é relativamente menos específico (80% contra 94%). Porém, a

associação dos dois métodos permite resultados melhores do que o uso isolado de cada um

deles (69).

Para além dos métodos referidos, existem neste momento outros em investigação, como por

exemplo os produtos de degradação da fibrina ou do fibrinogénio e a detecção da

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hialuronidase e do ácido hialurónico36-37. A sua real utilidade ou não está ainda em

investigação.

CONCLUSÕES GERAIS

O processo de transformação neoplásica do urotélio é complexo e multifactorial, nele

intervindo uma intricada rede de fenómenos biomoleculares, muitos dos quais continuam por

identificar. Poderá até acontecer que os mecanismos já conhecidos não tenham a relevância

que se pretende. Embora a utilidade prática do conhecimento entretanto adquirido ainda não

tenha repercussões muito significativas no diagnóstico e tratamento dos doentes, o diagnóstico

molecular do carcinoma urotelial começa a tornar-se cada vez mais uma certeza, com

benefícios mais assinaláveis no seguimento dos doentes, onde a detecção precoce de recidivas

através do estudo molecular da urina, tende a entrar na rotina. De entre as vantagens mais

significativas refere-se a maior sensibilidade, a cada vez maior especificidade e o facto de se

tratar de métodos não invasivos e, portanto, cada vez mais acessíveis porquanto a própria

tecnologia exigida começa a ser acessível a laboratórios de diagnóstico comuns.

O desenvolvimento da patologia molecular, que se saúda e incentiva, não pode significar

porém o abandono de métodos de diagnóstico morfológico convencional, como a histologia e,

sobretudo, a citologia. Por isso mesmo, a atitude mais correcta consiste em ver nas novas

tecnologias que utilizam técnicas moleculares de estudo, complementos à morfologia

convencional e não alternativas. Só a prática experiente e reflectida permite valorizar

adequadamente e com rigor científico os avanços que a ciência vai produzindo e introduzindo

na rotina do diagnóstico diário.

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Fig. 1 – Aminas cancerígenas e seu metabolismo com formação de mutantes de ADN que constituem a iniciação do processo de

transformação neoplásica do urotélio (5)

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Fig 5 – Mecanismos moleculares de iniciação e progressão durante o processo de transformação neoplásica do urotélio (5)

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