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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARÁ Biologia Aquática e Pesqueira Carlos Alberto Machado da Rocha Curso Técnico em Aquicultura

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INSTITUTO FEDERAL DEEDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARÁ

Biologia Aquática e Pesqueira

Carlos Alberto Machado da Rocha

Curso Técnico em Aquicultura

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2011PARÁ

Biologia Aquática e Pesqueira

Carlos Alberto Machado da Rocha

INSTITUTO FEDERAL DEEDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARÁ

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Ficha catalográfi caSetor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - IFPA

Equipe de ElaboraçãoInstituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará / IFPA

ReitorProf. Edson Ary de Oliveira Fontes

Vice-ReitorProf. João Antônio Pinto

DiretorProf. Darlindo Maria Pereira Veloso Filho

Coordenador InstitucionalProf. Érick de Oliveira Fontes

Coordenadores dos Cursos Prof. Marlon Carlos França (Curso Técnico em Pesca)

Maurício Camargo Zorro (Curso Técnico em Aquicultura)

Professor-autor Carlos Alberto Machado da Rocha

Equipe de ProduçãoSecretaria de Educação a Distância / UFRN

ReitoraProfa. Ângela Maria Paiva Cruz

Vice-ReitoraProfa. Maria de Fátima Freire Melo Ximenes

Secretária de Educação a DistâncIaProfa. Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo

Secretária Adjunta de Educação a DistâncIaProfa. Eugênia Maria Dantas

Coordenador de Produção de Materiais DidáticosProf. Marcos Aurélio Felipe

RevisãoCristinara Ferreira dos SantosKaline Sampaio de AraújoLuciane Almeida Mascarenhas de AndradeThalyta Mabel Nobre BarbosaVerônica Pinheiro da Silva

DiagramaçãoAna Paula ResendeRafael Marques Garcia

Arte e IlustraçãoAdauto HarleyAnderson Gomes do Nascimento

Projeto Gráfi coe-Tec/MEC

© Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA. Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para o Sistema Escola Técnica Aberta doBrasil – e -Tec Brasil.

Presidência da República Federativa do Brasil

Ministério da Educação

Secretaria de Educação a Distância

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e-Tec Brasil

Apresentação e-Tec Brasil

Prezado estudante,

Bem-vindo ao e-Tec Brasil!

Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica

Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007,

com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na mo-

dalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Minis-

tério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED)

e de Educação Profi ssional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escolas

técnicas estaduais e federais.

A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande

diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao

garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da

formação de jovens moradores de regiões distantes, geografi camente ou

economicamente, dos grandes centros.

O e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de en-

sino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir

o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino

e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das

redes públicas municipais e estaduais.

O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus

servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profi ssional

qualifi cada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz de

promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com auto-

nomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar,

esportiva, política e ética.

Nós acreditamos em você!

Desejamos sucesso na sua formação profi ssional!

Ministério da Educação

Janeiro de 2010

Nosso contato

[email protected]

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e-Tec Brasil

Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráfi cos utilizados para ampliar as formas de

linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o

assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao

tema estudado.

Glossário: indica a defi nição de um termo, palavra ou expressão

utilizada no texto.

Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros,

fi lmes, músicas, sites, programas de TV.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em

diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa

realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.

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e-Tec Brasil

Sumário

Palavra do professor-autor 9

Apresentação da disciplina 11

Projeto instrucional 15

Aula 1 – A questão da sistemática biológica 171.1 Introdução 17

1.2 Nomenclatura 18

1.3 Os sete grupos básicos de classifi cação 19

Aula 2 – O que é um molusco? 332.1 Organização 33

2.2 Digestão 38

2.3 Circulação 38

2.4 Excreção 39

2.5 Respiração 40

2.6 Coordenação 40

2.7 Reprodução 41

Aula 3 – Quais moluscos você conhece? 473.1 A diversidade dos moluscos 47

Aula 4 – O que é um crustáceo? 614.1 Organização 61

4.2 Digestão 63

4.3 Circulação 64

4.4 Excreção 64

4.5 Respiração 64

4.6 Sistema nervoso 65

4.7 Reprodução 65

Aula 5 – Quais crustáceos você conhece? 695.1 A diversidade dos crustáceos 69

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Aula 6 – Os cordados 836.1 Organização 83

6.2 Diversidade 85

Aula 7 – Os peixes 917.1 Introdução 91

7.2 Morfologia externa 92

7.3 Digestão 95

7.4 Circulação 96

7.5 Excreção 97

7.6 Respiração 99

7.7 Sistema nervoso 99

7.8 Reprodução 99

Aula 8 – Quais peixes você conhece? 1038.1 Diversidade dos condrictes 103

8.2 Diversidade dos osteíctes 106

Aula 9 – Os anfíbios 1159.1 Introdução 115

9.2 Morfologia externa 115

9.3 Reprodução 117

9.4 Diversidade 119

Aula 10 – Os répteis 12510.1 Introdução 125

10.2 Morfologia externa 125

10.3 Reprodução 126

10.4 Diversidade dos répteis 127

Aula 11 – Conhecendo artes de pesca 13311.1 Introdução 133

11.2 Principais artes de pesca 133

Aula 12 – Noções de estoque e sustentabilidade 14312.1 Introdução 143

12.2 Estoque pesqueiro 144

12.3 Pesca e sustentabilidade 146

Referências 151

Currículo do professor-autor 154

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Palavra do professor-autor

Biologia Aquática e Pesqueira é uma disciplina introdutória que deve contri-

buir para a inserção dos alunos no ambiente formativo e nas bases do co-

nhecimento específi co que se inicia. Nesse sentido, a disciplina é organizada

em 12 aulas, compondo quatro unidades temáticas, de importância funda-

mental para a aquisição de bases de conhecimento e competências míni-

mas para o bom desenvolvimento futuro da sua formação como técnico. Os

quatro temas da disciplina são os seguintes: I. Nomenclatura e classifi cação

zoológica; II. Biologia dos grupos animais com representantes aquáticos; III.

Artes de pesca; IV. Estoques pesqueiros e sustentabilidade.

Na primeira unidade, será indicado como utilizar categorias hierárquicas para

classifi car organizadamente os seres vivos e como identifi cá-los de maneira

precisa e singular para que as informações sobre eles possam ser convenien-

temente catalogadas e utilizadas.

A unidade II, maior e organizada em nove aulas, apresentará aspectos da

morfologia e reprodução de diferentes grupos animais, com ênfase nos mo-

luscos, crustáceos e peixes.

Na terceira unidade, serão apresentados: o conceito de artes de pesca, várias

das artes mais utilizadas na pesca brasileira, além das relações entre os ape-

trechos utilizados e as características das espécies capturadas.

Finalmente, a unidade IV desenvolverá noções de estoques pesqueiros e sua

explotação, com atenção para os modelos de avaliação pesqueira e susten-

tabilidade do setor.

Pretende-se que os alunos adquiram e exercitem a sua capacidade de deba-

ter esses temas de forma crítica, se mantenham receptivos a novos conheci-

mentos e dispostos a reinterpretar e ampliar os conhecimentos anteriormen-

te tidos como defi nitivos.

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e-Tec Brasil11

Apresentação da disciplina

Na Aula 1, você verá que, dependendo da localização, existem inúmeras ma-

neiras populares de identifi car uma espécie. Isso pode ser observado quando

no Mercado Público do Ver-o-Peso, em Belém do Pará, você procurar pela

pescadinha-gó, um peixe bastante comum em toda a costa atlântica do nos-

so país, e facilmente ser entendido pelos comerciantes do local. No entanto,

o mesmo não ocorrerá no Mercado Público do Rio Grande, no estado do

Rio Grande do Sul, pelo menos se procurá-lo pelo nome pescadinha-gó.

Ocorre que a mesma espécie é mais conhecida nas regiões Sudeste e Sul do

Brasil como pescadinha real ou pescada-foguete. Por outro lado, é conheci-

da como King weakfi sh em inglês, pescadilla real em espanhol, acoupa chaesseur em francês, considerando-se apenas alguns idiomas. Seu nome

científi co, porém, Macrodon ancylodon, é o mesmo em qualquer lugar do

mundo.

Já na Aula 2, você vai ver que alguns animais, provavelmente já utilizados

na sua alimentação, como ostra, mexilhão, lula, polvo, ou mesmo escargot, e que são alimentos de alto valor nutritivo, são animais do grupo dos mo-

luscos. Mas o que eles têm em comum para serem reunidos nesse fi lo do

reino animal? Ao longo dessa aula, você encontrará os detalhes da anato-

mia externa e interna que identifi cam um animal como molusco, bem como

informações básicas, porém indispensáveis, sobre o funcionamento de seus

diversos sistemas.

Na Aula 3, você vai ver que existem diversas espécies de moluscos importan-

tes em nossas vidas. Muitas dessas espécies se notabilizam pelo seu aprovei-

tamento como recursos naturais, principalmente no que se relaciona à área

alimentar. Algumas outras se destacam pelos danos diretos ou indiretos que

podem proporcionar ao homem. Ao longo dessa aula, serão apresentadas

informações sobre algumas das espécies de moluscos que foram seleciona-

das entre as que consideramos mais interessantes dentro do fi lo. Além dis-

so, você encontrará orientações que o auxiliarão a obter informações sobre

muitos outros moluscos.

Na Aula 4, você saberá que diversos animais, provavelmente muito apreciados

na sua alimentação, como camarões, lagostas, caranguejos e siris, são integran-

tes do grupo dos crustáceos. Mas o que eles têm em comum para serem reuni-

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dos nesse grupo? E como se distinguem dos outros artrópodes? Ao longo dessa

aula, você encontrará os detalhes da anatomia externa e interna que identifi cam

um animal como crustáceo, bem como informações básicas, porém indispensá-

veis, sobre o funcionamento de seus diversos sistemas.

Complementando os conhecimentos da Aula 4, na Aula 5, você vai ver que

existem diversas espécies de crustáceos importantes em nossas vidas. A

maioria dessas espécies se notabiliza pelo seu aproveitamento como recurso

natural, principalmente relacionado à alimentação. Ao longo dessa aula, se-

rão apresentadas informações sobre algumas das espécies de crustáceos que

foram selecionadas entre as que consideramos mais interessantes dentro

do grupo. Além disso, você encontrará orientações que o auxiliarão a obter

informações sobre muitos outros crustáceos.

Na Aula 6, você verá algumas informações sobre animais que estão entre

os mais comuns à nossa volta. Na realidade, você conhece muitos deles e,

nessa aula, poderá relacioná-los por meio das principais características que

permitem reuni-los em um mesmo grupo. Estamos falando dos cordados,

dentre os quais são mais notáveis os vertebrados. Ao longo dessa aula, você

encontrará os detalhes embriológicos e anatômicos que identifi cam um ani-

mal como cordado, bem como informações básicas sobre alguns de seus

representantes (urocordados, cefalocordados e ciclóstomos). A maioria dos

vertebrados será abordada nas quatro aulas posteriores.

Na Aula 7, você vai ver que apesar da grande diversidade de tamanhos,

cores e hábitos, dentre outros aspectos, os vertebrados reunidos no grupo

dos peixes comungam diversas características. Mas o que eles têm em co-

mum para serem reunidos nesse grupo e como se distinguem dos outros

vertebrados? Ao longo dessa aula, você encontrará os detalhes da anatomia

externa e interna que identifi cam um animal como peixe; conhecerá as prin-

cipais diferenças entre peixes cartilaginosos e peixes ósseos, bem como terá

informações básicas, porém indispensáveis, sobre o funcionamento de seus

diversos sistemas e sua reprodução.

Já na Aula 8, você terá informações sobre as diversas espécies de peixes que

foram selecionadas entre as que consideramos mais interessantes dentro

do grupo e perceberá que já conhece ou pelo menos ouviu falar de algu-

mas delas, principalmente das que ocorrem na sua região. Todas as espécies

mencionadas se notabilizam pelo seu aproveitamento como recurso natural,

particularmente aquelas relacionadas à área alimentar. Além disso, você en-

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contrará orientações que lhe auxiliarão a obter informações sobre muitos

outros peixes.

Na Aula 9, você vai conhecer informações sobre a anatomia externa dos anfí-

bios que facilitam sua identifi cação, bem como alguns aspectos relacionados à

sua reprodução. Também são apresentadas algumas espécies de anfíbios que

foram selecionadas entre as que consideramos mais interessantes dentro do

grupo, principalmente as relacionadas à alimentação. Além disso, você encon-

trará orientações que lhe auxiliarão a obter informações sobre outros anfíbios.

Na Aula 10, você estudará a anatomia externa dos répteis que facilitam sua

identifi cação, bem como alguns aspectos relacionados à sua reprodução. Tam-

bém são apresentadas algumas espécies de répteis que foram selecionadas

entre as que consideramos mais interessantes dentro do grupo, principalmen-

te as utilizadas na alimentação humana. Além disso, você encontrará orienta-

ções que lhe auxiliarão a obter informações sobre outros répteis.

Na Aula 11, você vai ver que “conhecer o equipamento a ser utilizado é fun-

damental na hora de pescar”. Nessa aula, você encontrará o signifi cado da

expressão “artes de pesca”, algumas informações sobre a diversidade de ape-

trechos utilizados, bem como dados sobre a relação entre o tipo de aparelho

e o comportamento da espécie a ser capturada.

Por fi m, na Aula 12, você vai ver o signifi cado da expressão “estoque pes-

queiro”, bem como informações sobre as categorias de pesca e explotação

pesqueira. Além disso, são apresentados alguns comentários sobre esforço de

pesca e sobrepesca, como orientação no sentido de se alcançar o uso susten-

tável do recurso natural “peixe”.

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e-Tec Brasil15

Projeto instrucional

Disciplina: Biologia Aquática e Pesqueira (Carga horária: 45h)

Ementa: Noções de nomenclatura biológica; Características gerais e sistemas dos fi -

los: Mollusca, Arthropoda (subfi lo Crustacea), Chordata: classe Chondrichthyes, classe

Osteichthyes, classe Amphibia, classe Reptilia (ordem Chelonia); Ecologia trófi ca em

peixes; Artes de pesca; Noções de estoque pesqueiro e captura máxima sustentável.

AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMCARGA

HORÁRIA(horas)

1. A questão dasistemática biológica

Conhecer as principais regras de nomenclatura biológica e suas aplicações. Identifi car os mais importantes grupos animais.

5

2. O que é um molusco?

Conhecer as diversas características morfológicas e fi siológicas dos moluscos.Entender a relação entre as estruturas morfológicas e sua fi siologia.Relacionar a morfologia e fi siologia dos moluscos com o seu modo de vida e relações com os ambientes onde estão adaptados.

4

3. Quais moluscos você conhece?

Caracterizar a diversidade de moluscos do Brasil.Identifi car moluscos de maior frequência na fauna brasileira e de maior manejo humano.

4

4. O que é um crustáceo?

Conhecer as diversas características morfológicas e fi siológicas dos crustáceos.Entender a relação entre as estruturas morfológicas e sua fi siologia.Relacionar a morfologia e fi siologia dos crustáceos com o seu modo de vida e relações com os ambientes onde estão adaptados.

4

5. Quais crustáceos você conhece?

Conhecer um pouco da diversidade de crustáceos do Brasil, com ênfase em algu-mas regiões.Identifi car crustáceos de maior frequência na fauna brasileira e de maior manejo humano.

4

6. Os cordadosConhecer aspectos morfológicos dos cordados para identifi car seus representantes.

3

7. Os peixesIdentifi car a morfologia externa geral dos peixes.Conhecer a estrutura e o funcionamento dos diversos sistemas dos peixes.Compreender a reprodução dos peixes.

5

8. Quais peixes você conhece?

Conhecer um pouco da diversidade de peixes do Brasil.Identifi car peixes de maior frequência na fauna brasileira e de importância para a pesca, cultivo e consumo humano.

4

9. Os anfíbios

Identifi car a morfologia externa geral dos anfíbios.Conhecer a reprodução dos anfíbios.Entender um pouco a diversidade de anfíbios do Brasil.

3

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e-Tec Brasil 16

AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMCARGA

HORÁRIA(horas)

10. Os répteisIdentifi car a morfologia externa geral dos répteis.Entender o processo reprodutivo dos répteis.Conhecer um pouco da diversidade de répteis do Brasil.

3

11. Conhecendo artes de pesca

Conceituar artes de pesca.Conhecer as artes mais utilizadas na pesca brasileira.

3

12. Noções de estoque e sustentabilidade

Conceituar estoque pesqueiro.Analisar as estimações da captura máxima sustentável.

3

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Objetivos

Conhecer as principais regras de nomenclatura biológica e suas aplicações.

Identifi car os mais importantes grupos animais.

e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 17

Aula 1 – A questão da sistemática biológica

1.1 IntroduçãoOlá! Nossa disciplina de Biologia Aquática e Pesqueira aborda generalidades

sobre sistemática biológica, enfatiza representantes aquáticos dos diferentes

grupos animais e analisa aspectos ligados aos estoques pesqueiros e à sele-

tividade dos apetrechos de pesca.

Nesta primeira aula, você verá, por exemplo, como utilizar categorias hierár-

quicas para classifi car organizadamente os seres vivos. Se bem que organizar

os seres vivos de forma hierárquica é apenas parte da sistemática biológica.

É importante que você saiba ainda da necessidade de identifi cá-los de ma-

neira precisa e singular para que as informações sobre os mesmos possam

ser convenientemente catalogadas e organizadas.

Observe o a situação-exemplo no Box a seguir.

Ao entrar no Mercado Público do Ver-o-Peso, em Belém do Pará e procu-

rar pela pescadinha-gó, um peixe bastante comum em toda a costa atlântica

do nosso país, você facilmente será entendido pelos comerciantes de peixe.

Porém, o mesmo não ocorrerá no Mercado Público do Rio Grande, no estado

do Rio Grande do Sul, pelo menos se procurá-lo pelo nome pescadinha-gó.

A mesma espécie é mais conhecida, por exemplo, nas regiões Sudeste e Sul do

Brasil como pescadinha real ou pescada-foguete. Por outro lado, é conhecida

como King weakfi sh em inglês, pescadilla real em espanhol, acoupa chaesseur

em francês, considerando-se apenas alguns idiomas. Porém seu nome cientí-

fi co, Macrodon ancylodon, é o mesmo em qualquer lugar do mundo.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 18

Agora você já pode facilmente entender que o uso de um nome científi co

para cada espécie corresponde a uma padronização mundial, evitando pro-

váveis confusões geradas pela existência de diferentes termos populares que

variam de uma região para outra.

Você conhece algum caso em que o nome de um mesmo ser vivo é diferente

de uma região para outra, ou mesmo, algum caso em que um mesmo nome

é utilizado para diferentes seres vivos? Comente.

1.2 NomenclaturaA designação de uma espécie é feita por dois termos latinos ou latinizados

(nomenclatura binominal).

• O primeiro nome, geralmente um substantivo, corresponde ao gênero e

deve ser escrito com letra inicial maiúscula.

• O segundo nome é um adjetivo que representa o epíteto específi co, sen-

do grafado com inicial minúscula.

• O nome científi co, a partir do gênero, deve ser grifado, ou seja, destaca-

do no texto onde aparece, podendo tanto ser impresso em itálico (letra

inclinada) como em sublinhado.

Ex.1: No nome científi co do caranguejo-uçá Ucides cordatus, o termo “Uci-des” designa o gênero e o termo “cordatus”, o epíteto específi co.

Ex.2: No nome científi co do tambaqui Colossoma macropomum, o termo “Co-lossoma” designa o gênero e o termo “macropomum”, o epíteto específi co.

Se o autor da descrição de uma espécie for mencionado, seu nome deverá

aparecer em seguida ao epíteto específi co (termo específi co) sem pontuação

e sem grifo; o ano em que ele descreveu a espécie virá após seu nome, pre-

cedido de uma vírgula:

Ex.3: Ucides cordatus Linnaeus, 1763.

Ex.4: Colossoma macropomum Cuvier, 1818.

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e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 19

O próximo exemplo será apresentado por você. Pesquise na internet uma espé-

cie de organismo aquático de seu interesse e a escreva, de acordo com as regras

de nomenclatura, acompanhada das referências de autor e ano da descrição.

1.3 Os sete grupos básicos de classifi caçãoAgora que você já sabe a importância e a lógica do uso da nomenclatura,

vamos entender um pouco sobre os grupos hierárquicos de classifi cação dos

seres vivos. Os termos caranguejo-uçá, camarão da malásia, tambaqui, e

corvina referem-se a espécies diferentes. Uma espécie, segundo a defi nição

mais usual, é formada por um grupo de indivíduos muito semelhantes e

capazes de cruzar entre si, gerando descendentes férteis. Algumas espécies

diferentes podem cruzar entre si, mas os fi lhos são geralmente estéreis.

Com base na espécie, foram organizados outros grupos taxonômicos, que

reúnem seres vivos com graus de semelhança cada vez menores.

Espécies muito parecidas podem ser reunidas no grupo gênero; neste, o

grau de semelhança é menor que na espécie. Gêneros afi ns formam famílias

e estas compõem ordens, que se reúnem em classes. Os fi los (ou divisões)

são compostos por classes semelhantes. Os diversos fi los ou divisões são reu-

nidos em reinos. Além dessas categorias, muitas vezes utilizamos táxons in-

termediários, tais como subfi lo, subordem, infraordem, superfamília, subfa-

mília, subgênero, subespécie.

Utilizando o tambaqui como exemplo, teríamos a seguinte classifi cação hie-

rárquica: Reino Animalia, Filo Chordata, Subfi lo Vertebrata, Superclasse Pis-

ces, Classe Osteichthyes, Ordem Characiformes, Família Characidae, Gênero

Colossoma, Espécie Colossoma macropomum.

I. Qual a ordem hierárquica (decrescente) dos sete grupos básicos de clas-

sifi cação biológica?

II. Se reunirmos as famílias Loricariidae (acaris), Ariidae (gurijuba),

Pimelodidae (piramutaba, dourada e fi lhote) e Ictaluridae (bagre-americano),

veremos que todos são peixes de corpo nu, envolto por pele espessa, ou

coberto por placas ósseas; portanto, pertencem a (ao) mesma (o):

Para ajudá-lo na sua leitura desse texto, acesse o artigo Glossário sobre ecossistema aquático – Zoologia, disponível no link <http://www.cadernos.ecologia.furg.br/images/artigos/05_sandra_CAB.pdf>. Acesso em: 15 out. 2010.

Táxons As unidades utilizadas em sistemática. São também denominados taxa (plural de taxon em latim) e podem ocupar qualquer nível de um sistema de classifi cação: reinos, ordens, famílias, gêneros e subgêneros são alguns táxons.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 20

a) espécie.

b) ordem.

c) subespécie.

d) família.

e) gênero.

III. Se reunirmos as ordens Siluriformes (acaris, gurijuba, piramutaba e fi -

lhote), Perciformes (tucunarés, tilápias, pescadas e pargo) e Mugiliformes (tainhas), veremos que todos são peixes de escamas dérmicas, com guelras

protegidas e com nadadeiras medianas e pares sustentadas por raios cartila-

ginosos ou ósseos; portanto, pertencem a (ao) mesma (o):

a) espécie.

b) classe.

c) ordem.

d) família.

e) gênero.

A vida surgiu na água há aproximadamente quatro bilhões de anos. Muitas

espécies se extinguiram e outras evoluíram até as formas atuais, que incluem

representantes aquáticos e terrestres. Em nosso curso precisamos estudar

espécies atuais que integram o reino animal, com ênfase nos seus represen-

tantes aquáticos.

1.4 O reino Animalia

O reino Animalia ou Metazoa abrange todos os animais, seres eucariontes,

pluricelulares e heterótrofos. Como vimos anteriormente, nos grupos hie-

rárquicos, um reino é composto por fi los. Assim, os componentes do reino

animal são organizados em numerosos fi los, dos quais destacaremos os mais

interessantes quanto à biologia aquática.

1.4.1 Poríferos Você provavelmente conhece esses animais como esponjas, a denominação

mais popular. São animais assimétricos ou radiais, sésseis (fi xos ao substra-

to), fi ltradores, com numerosos poros na parede do corpo. Fazem parte da

Por convenção internacional, o nome ofi cial de uma família

animal sempre apresenta o sufi xo IDAE. Já uma subfamília

animal tem seu nome terminando em INAE.

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e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 21

macrofauna bentônica. As esponjas não possuem órgãos e têm como prin-

cipais células: coanócitos, amebócitos, arqueócitos, pinacócitos e porócitos.

Figura 1.1: Poríferos fi xos a um substrato no fundo do marDisponível em: <http://www.cadernos.ecologia.furg.br/images/artigos/05_sandra_CAB.pdf>. Acesso em: 15 out. 2010.

1.4.2 CnidáriosOs animais deste fi lo podem ser muito perigosos devido às substâncias ur-

ticantes que fabricam e que podem causar queimaduras às pessoas que

entram em contato. Seus representantes mais característicos são as águas-

vivas, caravelas, hidras, corais e anêmonas-do-mar.

Os cnidários (do grego knidos = urticantes) são animais radiais, sésseis (“póli-

pos”) ou móveis (“medusas”). Caracterizam-se pelas células urticantes conhe-

cidas como cnidoblastos, úteis na defesa e na captura de alimentos (pequenos

animais). Outra importante característica é a grande cavidade gastrovascular

ou enteron. Os cnidários são os primeiros animais na escala evolutiva que

apresentam sistema digestivo (incompleto) e sistema nervoso (difuso).

Sistema Nervoso Difuso é o sistema constituído por uma rede de células

nervosas, mas sem que haja regiões com maior concentração de neurônios

e sinapses, ou seja, não há gânglios nem cérebro.

Os tipos morfológicos dos cnidários (pólipo e medusa) são apresentados nas

Figuras 8 e 9.

Bentônica relativa aos bentos, que são comunidades de organismos que vivem no fundo do mar, desde as praias até as profundezas abissais. Suas vidas estão ligadas a algum substrato.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 22

Figura 1.2: Colônia de pólipos: cada indivíduo como uma haste cilíndrica, com uma extremidade apoiada em um substrato e a outra livre, onde se encontra a boca rodeada de tentáculos.

Disponível em:<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/coelenterata/coelenterata.php> Acesso em: 28 out. 2010.

Figura 1.3: Medusa: arredondada ou em forma de guarda-chuva, deslocando-se livre-mente. A boca localiza-se na face inferior; tentáculos ao redor da boca e na periferia do corpo.

Disponível em:<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/coelenterata/coelenterata.php> Acesso em: 28 out. 2010.

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1.4.3 CtenóforosEstes animais provavelmente se originaram de cnidários medusóides (forma

de medusa), com os quais muito se assemelham. Os ctenóforos constituem

um pequeno fi lo de animais marinhos com cerca de apenas 80 espécies. A

cavidade gastrovascular tem a forma de um sistema de canais. O corpo é

esférico ou oval e dividido em secções iguais por oito eixos constituídos por

faixas ciliadas, característica a partir da qual deriva o nome do fi lo.

Cnidários e Ctenóforos podem ser reunidos sob a denominação de “Celen-

terados”, devido à grande cavidade gastrovascular que possuem.

Nesta atividade utilizaremos palavras cruzadas. Primeiramente, escreva na

coluna vertical em destaque o nome dado a um cnidário que vive fi xo a

algum substrato.

Em seguida, responda às perguntas abaixo preenchendo as linhas corres-

pondentes.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

1. Qual a denominação popular dos animais do fi lo Porífera?

2. De qual tipo morfológico de cnidários provavelmente se originaram os

ctenóforos?

3. De acordo com a hierarquia de classifi cação, qual a categoria formada

pela reunião de vários gêneros?

4. Qual o adjetivo utilizado para uma espécie ou toda uma comunidade que

vive no fundo de um ecossistema aquático, em contato com o substrato?

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 24

5. Se o nome científi co (a espécie) do camarão branco do Atlântico é Lito-penaeus schmitti, qual é o seu gênero?

6. Como é chamada a célula urticante, característica dos cnidários?

1.4.4 PlatelmintosVocê certamente já ouviu falar ou mesmo estudou sobre os vermes conhe-

cidos como tênias – as solitárias. Muito bem. Todos os vermes de corpo

chato, como as solitárias, pertencem ao fi lo dos platelmintos (do grego platy = achatado; helminthes = verme). São, portanto, animais bilaterais, carac-

terizados como vermes de corpo achatado no sentido dorso-ventral. Nesse

grupo passamos a observar centralização do sistema nervoso na região cefá-

lica. Entre os platelmintos mais populares, além das solitárias, encontramos

as planárias (vermes achatados de vida livre) e os esquistossomos (parasitas

de veias do fígado e intestino).

Quanto aos platelmintos que parasitam peixes, diversas espécies do gênero

Diphyllobothrium são conhecidas também por infectar seres humanos, po-

rém o Diphyllobothrium latum é o mais freqüente. Suas larvas são encontra-

das em crustáceos e peixes. O homem e outros mamíferos, como os ursos,

são infectados ao ingerir peixes contaminados e passam a abrigar a forma

adulta do verme no intestino.

1.4.5 AsquelmintosAgora vamos ver os asquelmintos. Você já ouviu falar sobre esses seres?

Bem, eles são animais bilaterais, caracterizados como vermes de corpo ci-

líndrico, revestido por uma cutícula protetora. É como se o verme estivesse

empacotado, dentro de um saco (asIkon = saco; helminthes = verme).

Na realidade o termo asquelmintos não corresponde a um fi lo, mas sim um

adjetivo aplicado a alguns fi los de vermes. Dentre estes fi los, merecem desta-

que Nematodas e Acantocéfalos, pelo fato de incluírem várias espécies que

podem parasitar peixes.

Um exemplo interessante é a espécie Anisakis simplex, pertencente ao fi lo

Nematoda. Suas larvas infectantes são encontradas em diversos peixes. Al-

guns mamíferos marinhos, e mais raramente (ou acidentalmente) o homem,

abrigam a forma adulta do verme. Alguns casos de anisaquíase (nome da

doença) já foram descritos na Europa.

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1.4.6 MoluscosApós os dois grupos de vermes, você passará a observar animais relativamen-

te mais complexos quanto à organização do corpo. O primeiro destes será o

grupo dos moluscos, animais com uma série de características interessantes.

Os moluscos (do latim mollis = mole) são invertebrados de corpo mole, não

segmentado, geralmente envolvido por uma concha calcária. Este fi lo com-

preende mais de 100.000 espécies, que se espalham pelos mais variados

tipos de habitat.

Em sua maioria, vivem no mar, fi xos sobre as rochas (ostras e mexilhões),

deslocando-se ativamente (polvos e lulas) ou enterrados na areia (dentálios).

Há, porém, alguns dulcícolas (vivem em água doce), como o caramujo Biom-phalaria, hospedeiro do Schistosoma mansoni, e alguns terrestres que vivem

em locais úmidos (caracóis e lesmas).

Figura 1.4: Representantes dos moluscos. A) ostra, B) caracol, C) dentálio, D) polvo, E) quíton.

Disponível em: <http://cas.bellarmine.edu/tietjen/Laboratories/Bio%20Pix%204%20U/Image95.gif>. Acesso em: 15 out. 2010.

1.4.7 AnelidasO termo anelida ou anelídeo (anelo = anel) indica uma das principais ca-

racterísticas desses animais: a segmentação do corpo, com repetições des-

Um representante curioso deste fi lo é o turu. O animal adulto lembra a aparência de um verme, porém na extremidade anterior possui uma concha com duas peças, chamadas valvas. É um molusco bivalve, como as ostras e habita troncos podres do mangue. Também conhecido como bicho-de-pau. Rico em cálcio e proteína, pode ser comido cru com sal e limão, cozido com vegetais, na sopa ou refogado na frigideira à moda provençal. Além de apetecer ao paladar dos marajoaras, existe a crença nas propriedades afrodisíacas, do turu.

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Metameriasignifi ca segmentação em

metâmeros. De forma mais simples, é quando uma parte do corpo do animal se repete

várias vezes.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 26

ses segmentos (em forma de anel). Esse fenômeno é chamado metameria

(meta = sucessão; meros = parte).

Os representantes mais populares deste fi lo são as minhocas e sanguessu-

gas, entretanto há um número muito grande de anelídeos constituindo prin-

cipalmente a fauna bentônica de ecossistemas dulcícolas e marinhos. A fi gu-

ra 1.5, a seguir, mostra um anelídeo marinho pertencente ao gênero Nereis.

Figura 1.5: Nereis, um anelídeo marinho da classe dos poliquetasDisponível em: <http://biology.unm.edu/ccouncil/Biology_203/Summaries/Protostomes.htm>Acesso em: 15 out. 2010.

1.4.8 ArtrópodesOutro grupo que precisamos que você entenda é o grupo dos artrópodes.

Ele tem em comum com os anelidas o corpo segmentado (metameria), po-

rém se diferencia pelo exoesqueleto quitinoso (esqueleto externo no qual se

destaca uma substância chamada quitina) e principalmente pelos apêndices

articulados, como as pernas, por exemplo (daí o nome do fi lo: artro = arti-

culação; podos = patas).

Os artrópodes formam o mais numeroso e um dos mais diversifi cados gru-

pos de animais; há mais espécies de artrópodes que de todos os outros

animais reunidos.

Tradicionalmente, o fi lo Arthropoda era dividido em cinco classes:

Insecta (insetos: mosquitos, gafanhotos, barbeiros, borboletas, pulgas, abe-

lhas, formigas etc.);

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e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 27

Crustacea (crustáceos: camarões, lagostas, siris, caranguejos etc.);

Arachnida (aracnídeos: aranhas, escorpiões, carrapatos etc.);

Chilopoda (quilópodes: lacraia);

Diplopoda (diplópodes: piolho de cobra ou embuá).

Hoje, existem outras propostas de classifi cação. Em uma delas, considera-se

que os crustáceos formam um subfi lo (Crustacea ou Biramia, por serem dota-

dos de apêndices birremes, ou seja, divididos em dois ramos na extremidade);

os aracnídeos formam uma classe do subfi lo Chelicerata (quelicerados: “por-

tadores de quelíceras”); os insetos formam uma classe do subfi lo Uniramia (“dotados de apêndices unirremes”, isto é, sem ramifi cações), que também

inclui as classes Chilopoda e Diplopoda.

Figura 1.6 – Diversidade dos artrópodes.Disponível em: <http://www.animalshow.hpg.ig.com.br/artrop.htm>. Acesso em: 15 out. 2010.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 28

Nesta atividade novamente utilizaremos palavras cruzadas. Então, responda

às perguntas abaixo preenchendo as linhas correspondentes.

1. A

2. Q

3. U

4. Á

5. T

6. I

7. C

8. O

1. Qual a outra denominação do subfi lo Crustacea?

2. Se, acidentalmente, um homem for parasitado pelo verme Anisakis sim-plex, como será chamada a doença?

3. Como é conhecido o molusco que parece um verme leitoso, mas é capaz

de perfurar troncos, principalmente no mangue?

4. Qual o grupo de artrópodes mais importante para a Biologia Aquática e

Pesqueira?

5. Qual a característica comum mais marcante entre anelídeos e artrópo-

des?

6. Qual a denominação popular do principal representante terrestre dos

anelídeos?

7. O que a maioria dos moluscos apresenta externamente ao corpo?

8. Qual a denominação popular comum aos vermes das espécies Taenia solium, Taenia saginata e Diphyllobothrium latum?

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Deuterostômios: os animais nos quais a forma-ção da boca ocorre em época posterior à do ânus, durante o desenvolvimento. São deu-terostômios os representantes dos equinodermos e cordados.

e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 29

1.4.9 EquinodermasOs equinodermas (do grego echinos = espinhos; derma = pele) são animais

exclusivamente marinhos, deuterostômios, dotados de um endoesqueleto

calcário, muitas vezes provido de espinhos salientes, que justifi cam o nome

zoológico do grupo. Entre os equinodermas encontramos as estrelas-do-

mar, os ouriços-do-mar, os pepinos-do-mar e os lírios-do mar, entre outros.

Figura 1.7: Fotografi a de uma estrela-do-mar.Disponível em:<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/Equinodermos.php>. Acesso em: 28 out. 2010.

O tamanho dos equinodermos varia bastante; o diâmetro da estrela-do-mar

(fi gura acima), por exemplo, medido de uma ponta a outra de seus braços,

pode ser de alguns centímetros a até um metro, dependendo da espécie.

1.4.10 CordadosOs cordados são animais adaptados para a vida aquática e terrestre. São deu-

terostômios e bilaterais. Dividem-se em: protocordados e eucordados. Os pro-

tocordados são destituídos de coluna vertebral e de caixa craniana. Já os eucor-

dados, ou vertebrados, possuem coluna vertebral e têm crânio com encéfalo.

As características diferenciais e exclusivas, que permitem o enquadramento

de um animal no grupo dos cordados e que estão presentes pelo menos

no desenvolvimento embrionário, são a notocorda (um cordão de células

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 30

Para ajudá-lo na sua leitura desse texto, visite o

endereço abaixo e encontre informações interessantes

sobre classifi cação e regras de nomenclatura zoológica:

<http://www.avesmarinhas.com.br/Nomenclatura%20

zool%F3gica.pdf>Nota: O material está

disponível para download.

que se forma acima do intestino primitivo, representando o primeiro eixo de

sustentação do animal), as fendas branquiais (pequenos orifícios que se

formam na faringe do embrião e que, quando persistentes, se prestam à res-

piração e, algumas vezes, fi ltração de alimentos) e o tubo nervoso dorsal (do qual se origina o sistema nervoso central).

Apesar da grande variabilidade observada na fi gura a seguir, todos os ani-

mais apresentados são cordados, pois obedecem à descrição apresentada

acima quanto às três características exclusivas deste fi lo.

Figura 1.8: Diversidade dos cordadosDisponível em: <http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/em/biologia/temasbio/transparencias/organismos_13.pdf>.Acesso em: 15 out. 2008.

Para muitos autores também devemos considerar característica diferencial

dos cordados a ocorrência de cauda pós-anal, ou seja, apenas neste grupo

de animais a cauda estende-se além do ânus (ou após o ânus).

As noções de nomenclatura e classifi cação dos seres vivos que você estudou

no início desta aula são aplicadas para facilitar o estudo dos diversos grupos

do reino dos animais. O objetivo da classifi cação é organizar grupos de orga-

nismos que, além de suas semelhanças na aparência, descendam, por evo-

lução, de um mesmo ancestral. Peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos,

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e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 31

por exemplo, pertencem ao mesmo fi lo, o que signifi ca que esses animais

evoluíram de antepassados dos cordados atuais.

Resumo

Nesta aula, você viu que a classifi cação dos seres vivos é feita por meio de

categorias hierárquicas, conheceu as principais regras de nomenclatura bio-

lógica e constatou que a utilização de um nome científi co para cada espécie

é uma tentativa de padronização, para evitar possíveis confusões geradas

pelo uso de diferentes nomes populares, que variam entre idiomas e mesmo

dentro de um idioma quando abordado em diferentes regiões. Viu ainda a

descrição geral dos maiores fi los que integram o reino animal, com ênfase

nos seus representantes aquáticos. Em relação à nossa área de estudo, são

particularmente interessantes os fi los dos moluscos; artrópodes, por conta

dos crustáceos; e cordados, principalmente por incluírem os peixes.

Atividade de aprendizagem

Estamos chegando ao fi nal da nossa 1ª aula. E então? Você já consegue

aplicar as principais regras de nomenclatura biológica e identifi car os grupos

de animais mais importantes para o seu curso?

1. Explique a expressão: “A espécie é binominal”.

2. Leptodactylus labyrinthicus é um nome aparentemente complicado para

um anfíbio que ocorre em brejos de diversos pontos do Brasil. Justifi que

o uso do nome científi co em vez de identifi car o anfíbio como “rã-pimen-

ta”, como fazem os pescadores.

3. Pargo é a denominação popular para algumas espécies do gênero Lutja-nus. Uma dessas espécies foi descrita por Poey, em 1875, e tem como

epíteto específi co o termo purpureus. Vamos supor que você está escre-

vendo um relatório sobre a pesca dessa referida espécie de pargo em

um determinado ponto do litoral brasileiro. Como devem ser reunidas e

escritas as informações acima, de acordo com as normas internacionais

de nomenclatura?

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 32

4. Explique com as suas palavras como são os moluscos.

5. Entre os artrópodes, a classe dos crustáceos é a mais importante para

nossa área de estudo. Então, como você diferencia os crustáceos dos

demais artrópodes?

6. Quais as três características diferenciais dos cordados?

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Objetivos

Conhecer as diversas características morfológicas e fi siológicas dos

moluscos.

Entender a relação entre as estruturas morfológicas e sua fi siologia.

Relacionar a morfologia e fi siologia dos moluscos com o seu modo

de vida e relações com os ambientes onde estão adaptados.

e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 33

Aula 2 – O que é um molusco?

2.1 OrganizaçãoNa primeira aula você teve contato com as noções de nomenclatura e clas-

sifi cação de seres vivos, além de um resumo de diversos grupos ou fi los que

constituem o reino dos animais. Muito bem, a partir de agora passaremos a

destacar cada um dos fi los animais que merecem maior importância na área

de recursos pesqueiros.

O primeiro destaque será para os moluscos, animais estudados na Mala-

cologia. Isso mesmo. Chamamos de Malacologia a ciência que estuda os

moluscos. Então, nesta aula, você verá que alguns animais, provavelmente já

utilizados na sua alimentação, como ostra, mexilhão, lula, polvo, ou mesmo

escargot, e que são alimentos de alto valor nutritivo, são animais do grupo

dos moluscos. Mas, o que eles têm em comum, para serem reunidos nesse

fi lo do reino animal? Ao longo desta aula você encontrará os detalhes da

anatomia externa e interna que identifi cam um animal como molusco, bem

como informações básicas, porém indispensáveis, sobre o funcionamento de

seus diversos sistemas.

Os moluscos são animais de corpo mole, não segmentado e geralmente

protegido por uma concha de material calcário. O corpo desses animais é

dividido em três regiões: cabeça ou região cefálica, pé e massa visceral. Ob-

serve a Figura 2.1 para entender melhor.

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DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DE UM GASTRÓPODE

Glândulas digestivas

Gânglios nervosos Pé

Glândulas sexuais

Coração

Brânquia

Orifício urogenitalEstômago

Concha

Manto

Rádula(língua rugosa)

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 34

Figura 2.1: Esquema geral de molusco semelhante a caracol.Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fi lo-mollusca/imagens/diagrama-esquem%E1tico-de-um-gastropodeg.jpg>. Acesso em: 29 out. 2010.

Ao longo da evolução, essas partes sofreram mudanças e passaram a ser

diferentes em cada grupo de moluscos, principalmente como adaptação ao

modo de vida e ambiente ocupado pelo animal.

A cabeça ocupa uma posição anterior, onde se abre a boca, entrada do tubo

digestivo. Na cabeça também se localizam centros nervosos, como os gân-

glios cerebrais (equivalentes ao cérebro do animal) e estruturas sensoriais,

como os olhos.

O pé tem localização ventral (parte de baixo do animal) e corresponde à es-

trutura muscular mais desenvolvida dos moluscos, podendo ser usado para

deslocar, cavar, capturar presas ou mesmo fi xar o animal.

Todo o restante do corpo recebe o nome de massa visceral, pois abriga a

maioria e os principais órgãos internos ou vísceras.

A massa visceral é revestida por uma dobra da epiderme chamada manto ou

pálio (você pode ver na Figura 2.1), que produz os componentes calcários

da concha. O manto também delimita uma cavidade entre ele e a massa

visceral, chamada cavidade palial ou cavidade do manto. Nela estão as aber-

turas dos sistemas digestivo e excretor, além de brânquias (ou pulmões, nas

espécies terrestres).

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e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 35

A concha calcária corresponde a um exoesqueleto, revestindo o corpo. No

caracol, ela é composta de uma peça só (univalve = uma valva = peça única)

e na ostra de duas (bivalve = duas valvas). Na lesma e no polvo, está ausente.

A lula tem uma concha interna e muito reduzida, sendo geralmente chama-

da de pena ou gládio.

Em geral, a ostra deixa sua concha aberta por pouco tempo. Quando algum

inimigo se aproxima, ela imediatamente a fecha graças à ação de um pode-

roso músculo adutor. Ele prende o corpo da ostra à parte interna das valvas

da concha e promove o fechamento até que o perigo passe.

O movimento dos moluscos depende da musculatura do pé, que pode ser

usado para rastejar, nadar ou cavar. No polvo e na lula, ele está transformado

em tentáculos. Por sinal, além de rastejarem, utilizando seus tentáculos, os

polvos e lulas deslocam-se por propulsão de jatos de água emitidos por um

sifão, formado pela cavidade do manto, como você pode ver na Figura 2.2.

Figura 2.2: Esquema da locomoção de uma lulaFonte: Marczwski e Vélez (1999).

Jato de água lançadopara a frente provocandodeslocamento para trás.

Jato de água lançadopara trás provocandodeslocamento para a frente.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 36

Em animais que vivem fi xos a algum substrato, como os mexilhões, o pé

fabrica uma substância que endurece em contato com a água e forma fi os

que aderem o molusco ao substrato. Essa região do pé formada pelos fi os de

fi xação é chamada bisso e pode ser vista na Figura 2.3, a seguir.

Figura 2.3: Mexilhão Mytilus edulis fi xa-se às superfícies por um conjunto de fi lamentos chamado de bisso

Grande parte dos moluscos vive no mar (lulas, polvos e a maioria dos maris-

cos). Alguns vivem em terra (lesmas e caracóis); outros vivem em água doce

(caramujos dos rios).

Os moluscos são importantes para nossas vidas sob diversos aspectos. Muitos

deles, tais como ostras, mexilhões, polvos, lulas e escargots, são utilizados na

nossa alimentação há bastante tempo. Os moluscos participam de cadeias

alimentares, consumindo outros seres, como plantas e animais menores, e ser-

vindo de alimento para diversos peixes ou mesmo diretamente para o homem.

Em algumas ostras, pequenas partículas de areia e outros corpos estranhos

podem se instalar entre o manto e a concha. Parte do manto envolve a par-

tícula, formando uma cobertura circular que passa a depositar carbonato de

cálcio em camadas mais ou menos concêntricas ao redor da partícula. Grada-

tivamente mais e mais material se deposita, formando-se a pérola (Figura 2.4).

sifãomanto

bisso brânquias

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e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 37

Figura 2.4: Ostra com pérolas formadasFonte: <http://img130.imageshack.us/img130/3120/islama38af7.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010.

A formação da pérola pode ser induzida artifi cialmente com a introdução

de um fragmento de concha envolvido por um retalho de manto, entre a

concha e o manto de uma ostra. São as “pérolas cultivadas”.

Responda às questões que seguem.

I. I. O pé dos moluscos é uma estrutura muscular, de localização ventral,

que pode adaptar-se a variadas funções. Nesse sentido, identifi que um

exemplo de molusco em que o pé desempenha cada uma das funções

abaixo.

a) Fixação:

b) Locomoção:

II. As ostras, pertencentes ao fi lo Mollusca e classe Bivalvia, são de grande

interesse econômico para o homem por diversas razões. As ostras perlí-

feras despertam interesse econômico pelo fato de poderem desenvolver

entre o manto e a concha as famosas pérolas. Sobre esses organismos,

responda:

a) Como são formadas as pérolas naturais?

b) Qual a importância do processo de formação de pérolas para as ostras?

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 38

2.2 DigestãoO tubo digestivo é completo: boca, estômago, glândula digestiva e intestino,

que se abre pelo ânus. Muitos moluscos apresentam na boca uma estrutura

característica do grupo, semelhante a uma língua com pequenos dentes de

quitina, a rádula (visível na Figura 2.1). Com esse órgão, o animal raspa algas

e outros alimentos presos nas pedras e nas conchas de outros moluscos e os

envia para o tubo digestivo. Apresentam, ainda, o hepatopâncreas (fígado +

pâncreas), uma importante glândula digestiva. Os moluscos fi ltradores, que se

alimentam de plâncton, como as ostras e o mexilhão, não apresentam rádula.

Que tal palavras cruzadas?

1. P

2. O

3. L

4. V

5. O

1. Epitélio que reveste a massa visceral e secreta a concha dos moluscos.

2. Glândula digestiva que acumula as funções de fígado e pâncreas.

3. Estrutura típica de moluscos, funcionando como uma língua com dentes.

4. Tipo de concha das ostras, de acordo com o número de valvas.

5. Músculo que conecta as duas valvas da concha dos mexilhões e ostras.

2.3 CirculaçãoO metabolismo de um animal requer o constante suprimento de alimento

e oxigênio molecular para as células. Por outro lado, o funcionamento das

células produz substâncias que devem ser excretadas. A difusão de partículas

entre as células não é sufi ciente para o trânsito das substâncias dentro do or-

ganismo. O aparelho circulatório realiza o transporte, entre longas distâncias,

de moléculas de um ponto a outro de um organismo multicelular.

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e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 39

Na maioria dos moluscos, a circulação é aberta. Isso quer dizer que o sangue

percorre vasos, mas também extravasa dos mesmos para cavidades denomi-

nadas hemoceles, nas quais banha diretamente os órgãos.

No polvo e na lula, a circulação é fechada: o sangue circula sempre dentro de

vasos, e as trocas de alimento e gases ocorrem entre os capilares e os tecidos.

O pigmento respiratório no sangue dos moluscos é geralmente a hemocianina

(de cor azulada), mas existem alguns que possuem a hemoglobina (de cor

vermelha, como no nosso sangue).

2.4 Excreção O sistema excretor dos moluscos é formado por estruturas chamadas nefrí-

dios, que quando reunidos formam rins primitivos. Cada nefrídio é consti-

tuído por três partes: nefróstoma, a extremidade ciliada voltada para a inti-

midade do animal; nefroduto, o canal que conduz o produto de excreção;

nefridióporo, a extremidade externa do órgão. Na Figura 2.5 você pode ver

um nefrídio isolado, porém não esqueça que na maioria dos moluscos essas

estruturas são numerosas e se agrupam para funcionar como rins.

Figura 2.5: Esquema de um nefrídioFonte: Marczwski e Vélez (1999).

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Estatocistosórgãos estáticos localizados no

pé ou na cabeça do molusco, para a percepção da gravidade, capazes de detectar mudanças

na posição do corpo, o que facilita a manutenção

da postura e do equilíbrio.

Osfrádiossão como manchas de epitélio

sensorial localizadas na margem posterior de cada uma

das membranas branquiais aferentes. Eles funcionam como

quimiorreceptores e também determinam a quantidade de

sedimentos na corrente inalante.

sifão exalante

sifão inalante

fluxo da água

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 40

2.5 RespiraçãoComo mencionado anteriormente, o metabolismo de um animal requer o

constante suprimento de alimento e gás oxigênio para as células. O aparelho

respiratório é o responsável pela obtenção desse gás a partir do ambiente,

bem como pela eliminação do gás carbônico proveniente das células. Na

maioria dos moluscos, a respiração se faz através de brânquias, chamadas

ctenídios (Figura 2.6). Essas brânquias são localizadas na cavidade palial e

retiram o oxigênio dissolvido na água, que é levado pelo sangue para todas

as células do corpo. O gás carbônico segue caminho inverso.

Figura 2.6: Esquema da respiração branquial de uma ostraFonte: Marczwski e Vélez (1999).

Em alguns caracóis (terrestres) e caramujos de água doce, a cavidade palial

transforma-se em uma câmara cuja parede é irrigada de sangue. Essa câmara

funciona como um pulmão primitivo, retirando oxigênio do ar atmosférico.

2.6 CoordenaçãoOs moluscos apresentam um sistema nervoso constituído por gânglios in-

terligados por condões nervosos. Esse sistema é particularmente desenvol-

vido nos polvos e lulas. Na sua constituição destacam-se os gânglios ce-

rebrais (ou cerebroides) diretamente ligados a estruturas sensitivas: olhos,

estatocistos (relacionados ao equilíbrio), tentáculos e osfrádios (relacio-

nados à quimiorrecepção).

Existem, ainda, massas de gânglios distribuídas pelas principais regiões do

corpo, como gânglios pediais (no pé) e gânglios viscerais (na massa visceral).

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e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 41

O polvo e a lula têm olhos bem desenvolvidos, semelhantes aos dos verte-

brados e capazes de formar imagens. Em outros moluscos, como as ostras e

mexilhões, os órgãos visuais são mais simples e capazes apenas de captar a

presença de luz.

2.7 ReproduçãoA reprodução dos moluscos é sexuada. Nos representantes aquáticos, há es-

pécies monoicas (hermafroditas) e espécies dioicas (de sexos separados, como

o mexilhão), com fecundação externa. A forma mais comum de desenvolvi-

mento é o indireto, ou seja, com a ocorrência de estágios larvais. As larvas de

moluscos mais conhecidas são a trocófora e a véliger (ou larva velígera), que

você pode ver no ciclo de vida de uma ostra mostrado na Figura 2.7.

Figura 2.7: Ciclo de vida de uma ostraFonte: Matias (2010). Disponível em: <http://ipimar-iniap.ipimar.pt/projectos/biotecmar/Documentos/2010/Apresenta-cao%20BIOTECMAR_Domitilia_Matias.pdf>. Acesso em: 31 out. 2010.

O caramujo-de-jardim, por exemplo, é hermafrodita, com fecundação inter-

na e cruzada. Na cópula, dois indivíduos aproximam-se e encostam seus po-

ros genitais, pelos quais se fecundam reciprocamente. Os ovos desenvolvem-

se e, ao eclodirem, liberam novos indivíduos sem a passagem por fase larval

(desenvolvimento direto).

Os polvos e as lulas são dotados de uma glândula produtora de tinta escura, que pode ser esguichada, turvando a água e prejudicando a visão e o olfato de eventuais predadores. Apresentam, também, cromatóforos, que são estruturas epidérmicas portadoras de pigmentos capazes de determinar a mudança de coloração do animal, de maneira a camufl á-lo no ambiente em que se encontra. A emissão de tintas e a mudança de cor são, portanto, mecanismos de defesa do animal.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 42

Que tal palavras cruzadas?

1. C

2. A

3. R

4. A

5. C

6. O

7. L

1. Proteína azulada que transporta oxigênio no sangue da maioria dos moluscos.

2. Como é chamado o tipo de mecanismo de defesa utilizado pelos polvos

por meio dos cromatóforos?

3. Um exemplo de molusco fi ltrador.

4. Qual o tipo predominante de respiração dos moluscos?

5. Nome de uma das principais larvas observadas no desenvolvimento de

mexilhões e ostras.

6. Como também são conhecidas as brânquias dos moluscos?

7. Um exemplo de molusco de sexos separados.

Os moluscos estão entre os invertebrados com maior nível de especialização

de organização do corpo, o que justifi ca sua adaptação por variados habi-

tats, bem como a existência de mais de 80.000 espécies nesse fi lo, o segun-

do maior no reino animal. Na Aula 3, destacaremos alguns dos moluscos de

maior interesse para os recursos pesqueiros.

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Rádula

Cabeça

Tentáculo

Massa visceral

Glândula digestiva

Concha

Estômago

Cavidade domanto

e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 43

Resumo

Nesta aula, você viu que os moluscos são animais de corpo mole, não seg-

mentado e geralmente envolvido por uma concha de natureza calcária. Seus

representantes estão entre os animais invertebrados mais conspícuos e in-

cluem formas bastante familiares. Esse fi lo é um dos poucos grupos de inver-

tebrados com certa popularidade entre leigos e colecionadores amadores.

Várias espécies, principalmente do mar, são utilizadas como alimento (ostras,

mexilhões, polvos, lulas), porém há espécies dulcícolas comestíveis (mexi-

lhões) e outras que se destacam como hospedeiros intermediários de alguns

vermes (certos caramujos). Existem ainda espécies terrestres de caracóis e

lesmas. Algumas ostras destacam-se pela produção de valiosas pérolas.

Atividades de aprendizagem

Estamos chegando ao fi nal da nossa 2ª aula. Então, é hora da autoavaliação.

1. Você pode ver na fi gura a seguir a organização geral de um molusco

gastrópode, em que se observa um corpo constituído por cabeça, massa

visceral (onde se concentram os órgãos) e pé. Com relação ao fi lo Mollus-

ca, é correto afi rmar que:

a) não apresenta sistema digestivo completo, de forma que a digestão é

processada através de uma bolsa enzimática.

b) apresenta respiração exclusivamente branquial.

c) o sistema nervoso consiste de um anel situado em torno da boca.

Você pode ler mais sobre a anatomia e fi siologia dos moluscos no seguinte endereço: <http://malaconet.br.tripod.com/osmoluscos_anatomia&fi siologia.htm>.Esse site também lhe permite obter informações sobre fi logenia e classifi cação.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 44

d) a excreção é feita através dos túbulos de Malpighi e de glândulas locali-

zadas na base dos pés.

e) lesmas, ostras, mexilhões, lulas e polvos são moluscos.

2. Uma estrutura comum no tubo digestivo de várias classes de moluscos

é a rádula, que funciona como uma língua raspadora e trituradora de

alimentos. Porém, nos bivalves, a rádula está ausente. Por quê?

3. Para que serve o músculo adutor do mexilhão?

4. Diferencie moluscos gastrópodes e moluscos bivalves quanto à concha.

5. Descreva a locomoção de uma lula.

6. “... Os moluscos constituem um grupo muito bem sucedido na natureza.

Ocupam vários ambientes e exibem hábitos de vida bastante diversifi -

cados” (Trecho extraído do livro “Biologia” de Amabis e colaboradores,

1974, p.294).

Em relação a esse fi lo e baseado na observação dos diferentes hábitos mos-

trados na fi gura, assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S).

( ) Como características embrionárias são celomados, deuterostômios e

apresentam simetria radial.

( ) Os gastrópodes possuem no assoalho da boca ou faringe a rádula, que

utilizam para raspar o alimento.

( ) A respiração é branquial nos animais aquáticos e pulmonar nos terrestres.

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e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 45

( ) O grupo dos bivalves compreende muitos animais comestíveis e importan-

tes economicamente, como os mexilhões, as ostras e os escargots.

( ) A fi gura representa o grupo dos bivalves, que se caracterizam por apre-

sentar uma concha formada por duas partes chamadas valvas.

( ) Baseado na fi gura, podemos constatar que enquanto o Pecten é um

animal de vida livre, a ostra e o Mytilus são fi xos.

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Objetivos

Caracterizar a diversidade de moluscos do Brasil.

Identifi car moluscos de maior frequência na fauna brasileira e de

maior manejo humano.

3.1 A diversidade dos moluscosNesta aula, você verá que existem diversas espécies de moluscos importantes

em nossas vidas. Muitas dessas espécies se notabilizam pelo seu aproveita-

mento como recursos naturais, principalmente, no que se relaciona à área

alimentar. Algumas outras se destacam pelos danos diretos ou indiretos que

podem proporcionar ao homem. Ao longo desta aula, serão apresentadas

informações sobre algumas das espécies de moluscos que foram selecionadas

entre as que consideramos mais interessantes dentro do fi lo. Além disso, você

encontrará orientações que o auxiliarão a obter informações sobre muitos ou-

tros moluscos de interesse para o técnico na área de recursos pesqueiros.

O número de espécies conhecidas é realmente muito grande, menor apenas

que o de artrópodes. Distinguem-se três classes principais de moluscos: Gas-tropoda, Bivalvia ou Pelecypoda e Cephalopoda. Além dessas, podemos

mencionar as classes Amphineura e Scaphopoda.

Como vimos na aula anterior, os moluscos são animais de corpo mole, não

segmentado e geralmente protegido por uma concha de material calcário. O

corpo desses animais é dividido em três partes: cabeça, pé e massa visceral.

Ao longo da evolução, essas partes sofreram mudanças e passaram a ser

diferentes em cada classe de moluscos, principalmente devido ao modo de

vida e adaptação ao ambiente ocupado pelo animal.

A seguir, faremos uma descrição resumida de cada classe de moluscos,

acompanhada da apresentação de seus exemplos mais representativos.

e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 47

Aula 3 – Quais moluscos você conhece?

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Heliciculturadenominação utilizada para o cultivo de escargot. Deriva do nome do principal gênero

cultivado: Helix.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 48

3.1.1 GastrópodesA classe Gastropoda é a maior classe dos moluscos, já tendo sido descritas

mais de 30.000 espécies viventes. Considerando a ampla variedade de habi-

tats que os gastrópodes invadiram, eles certamente constituem o grupo mais

bem-sucedido entre todas as classes de moluscos. O nome da classe deve-se

ao fato de o pé apresentar-se achatado em forma de palmilha recobrindo

o ventre do animal. São representados pelos caramujos (aquáticos), pelas

lesmas e pelos caracóis (terrestres).

A maioria possui uma concha enrolada em espiral (que você pode ver nas

Figuras 3.1, 3.2 e 3.2), mas outros, como certas lesmas terrestres, não têm

concha. Em outros, como a lesma-do-mar, a concha é interna e reduzida.

A cabeça é bem desenvolvida, com um ou dois pares de tentáculos sensoriais

(Figuras 3.1 e 3.2) e olhos. O pé possui uma glândula pedal ou numerosas

células glandulares, que produzem um muco para ajudar no deslocamento

do animal. A maioria possui brânquias; o caracol e o caramujo de água doce

possuem um pulmão primitivo.

Como representantes dos gastrópodes serão apresentadas duas espécies de

escargots: Helix aspersa e Achatina fulica, além de três gêneros de caramu-

jos de água doce: Planorbis, Australorbis, Biomphalaria.

3.1.1.1 Helix aspersa (escargot) A helicicultura tem se destacado como opção de cultivo alternativo no Bra-

sil, especialmente na região Sul onde o clima é favorável a essa atividade. Os

escargots do gênero Helix apresentam maior aceitação no mercado consu-

midor e valor econômico para a comercialização, devido às suas característi-

cas desejáveis, como a cor mais clara de sua carne.

Figura 3.1: Exemplar de Helix aspersaFonte: <http://correiogourmand.com.br/images/cg_escargot_10_470.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010.

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e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 49

3.1.1.2 Achatina fulica (caracol gigante africano) Espécie também conhecida como caramujo gigante africano (Figura 3.2).

Chega a pesar 200 g. Essa espécie de caramujo terrestre foi importada para

cultivo, visando à comercialização para consumo humano como escargot.

Porém, devido à perda de controle ou mesmo abandono de muitos cultivos,

A. fulica passou a se espalhar no ambiente de diversas cidades do Brasil. O

encontro de A. fulica em vida livre é importante por se tratar de espécie en-

volvida na transmissão de Angiostrongylus cantonensis, verme nematódeo

causador da angiostrongilíase meningoencefálica no homem, que é uma

doença comparável às meningites.

Figura 3.2: Exemplar adulto de Achatina fulicaFonte: <http://correiogourmand.com.br/images/cg_escargot_03_470.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010.

3.1.1.3 Planorbis, Australorbis, Biomphalaria (caramujos)Esses moluscos têm a concha em espiral, com as voltas ou giros no mesmo

plano (Figura 3.3) e, por isso, recebem a denominação de planorbídeo (famí-

lia Planorbidae). Os caramujos planorbídeos criam-se e vivem na água doce

de córregos, riachos, valas, alagados, brejos, açudes, represas ou outros lo-

cais onde haja pouca correnteza.

Destacam-se por sua participação como hospedeiros intermediários no ciclo

evolutivo da doença esquistossomose, causada por verme platelminto da

espécie Schistosoma mansoni.

Nota: É importante frisar que a zoonose (doença que se transmite de outro animal para o homem) conhecida como angiostrongilíase, na forma meningoencefálica, ocorre principalmente no Sudeste Asiático e que até o presente não há nenhum registro de sua ocorrência no Brasil (Aquino, 2010).

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 50

Figura 3.3: Caramujo do gênero Biomphalaria, hospedeiro intermediário do verme Schistosoma mansoni na América Latina Fonte: <http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/img/caramujo.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010.

Pesquisando na rede internacional (internet)

Nessa atividade, você deverá pesquisar na internet para obter respostas às

questões a seguir, relacionadas à helicicultura.

a) Como é feito o abate do escargot cultivado?

b) O manejo de escargot como alimento obedece aos ditames da tradição e

dos mais experientes chefes de cozinha franceses. Nesse sentido, o que

é “court bouillon”?

3.1.2 Bivalves A classe Bivalvia, ou Pelecypoda, é formada pelos moluscos lateralmente

comprimidos e que possuem uma concha com duas valvas (como você pode

ver nas Figuras 3.4 e 3.5) articuladas na porção dorsal e que envolvem total-

mente o corpo.

O pé tem a forma de uma lâmina de machado, sendo esta a origem do

nome Pelecypoda (pé em forma de machado; Pelekys = machado).

A cabeça é muito reduzida e as brânquias são geralmente muito grandes,

desempenhando dupla função – retiram o oxigênio dissolvido na água (como

qualquer brânquia) e fi ltram partículas alimentares e algas verdes microscó-

picas, que são em seguida conduzidas à boca. Por essa razão, os bivalves são

considerados “animais fi ltradores”.

Nota: Os bivalves são os moluscos realmente

importantes em termos de aquicultura, pois, na prática,

observamos apenas o desenvolvimento de tecnologia

para o cultivo desse grupo de moluscos. Nesse contexto, você precisa conhecer termos

como Mitilicultura (o cultivo de mexilhões) e Ostreicultura

(para o cultivo de ostras). Por outro lado, se quisermos fazer referência ao cultivo de qualquer molusco, devemos usar o termo Malacocultura.

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e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 51

Como representantes dos bivalves serão apresentados: uma espécie de ostra

(Crassostrea rhizophorae), duas espécies de mexilhões (Mytella guyanensis e

Mytella falcata), além de alguns turus.

3.1.2.1 Crassostrea rhizophorae (ostra-do-mangue)Crassostrea rhizophorae é a espécie de ostra-do-mangue mais comumente

encontrada na costa do Brasil (Figura 3.4). Ocupa lugar de destaque nas raízes

aéreas dos manguezais de diversos estados brasileiros, na forma de extensos

bancos naturais nas regiões entremarés. Ocorre também em formações rocho-

sas que fi cam submersas durante a maré alta. É utilizada como recurso tanto

para fi ns de cultivo quanto para alimentação das populações locais.

Figura 3.4: Valvas da concha de Crassostrea rhizophorae (ostra), município de Bra-gança – ParáFonte: Foto de Carlos Fernandes (2003).

3.1.2.2 Mytella guyanensis e Mytella falcata (mexilhões) Muitas espécies de mexilhões são largamente utilizadas na alimentação

humana. Entre elas estão as do gênero Mytella. A espécie M. guyanensis (Figura 3.5), conhecida pelos nomes populares de sururu, mexilhão de estu-

ário, bacucu ou bico-de-ouro, pode apresentar comprimento máximo de 8

cm e distribui-se em bosques de mangue, situados na zona entremarés de

ambientes estuarinos. Enquanto isso, M. falcata, conhecido como sururu,

Nota: Crassostrea gigas é uma ostra nativa das costas do Oce-ano Pacífi co na Coreia, China e Japão. É também cultivada em alguns estados brasileiros (principalmente Santa Catarina e São Paulo), e outros países, como nos Estados Unidos da América, Austrália e Nova Zelândia (onde substituiu comercialmente a ostra nativa Crassostrea glomerata). Também foi levada para o Mar Frísio, na Europa, onde é uma espécie invasora e compete, com sucesso, com outras espécies de bivalves, como o mexilhão Mytilus edulis.

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mexilhão de estuário ou bacucu, que pode crescer até 5 cm, é encontrado

da zona infralitoral até a zona entremarés.

Figura 3.5: Valvas da concha de Mytella guyanensis (mexilhão), município de Bragança – ParáFonte: Foto de Carlos Fernandes (2003).

3.1.2.3 Teredo sp., Neoteredo reynei e outros (turus) Os turus são importantes decompositores de madeira, especialmente em

manguezais, onde a produtividade é alta. Mas certamente chamam a aten-

ção pelos prejuízos que podem causar perfurando o casco de embarcações

(Figura 3.6). São como cupins de madeira molhada. Por outro lado, desta-

cam-se ainda por serem utilizados como alimento.

Figura 3.6: Espécimes de turus do gênero TeredoFonte: <http://1.bp.blogspot.com/_esD6aRur2q0/R6r4dJzYT0I/AAAAAAAABDI/aBpYz8WbZNM/s400/turu+-+ele.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010.

Nota: Alguns bivalves de água doce formam larvas chamadas

gloquídios, que parasitam (geralmente peixes) até que

sua metamorfose ocorra e as transforme em adultos,

que se fi xam em substratos e passam a viver como moluscos fi ltradores. Entre esses bivalves, podemos destacar: Paxyodon

syrmatophorus dos rios Guamá e Tocantins, no Pará;

Anodontites trapesialis do rio Pardo, em São Paulo; Diplodon

berthae do rio Sinos, no Rio Grande do Sul.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 52

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Pesquisando na rede internacional (internet)

Nessa atividade, você deverá escolher uma espécie de molusco bivalve, de

preferência bastante valorizada no seu estado ou região, sobre a qual deverá

reunir informações através de pesquisas feitas na internet.

Em seguida, procure realizar sua atividade utilizando o seguinte padrão de

tópicos:

1. Taxonomia

2. Morfologia

3. Distribuição

4. Importância e curiosidades

5. Endereços consultados

Logicamente cada um desses tópicos deverá conter as informações que você

obteve sobre o animal que escolheu para a atividade.

3.1.3 CefalópodesIncluem os mais especializados e mais bem organizados de todos os molus-

cos. A maioria desloca-se ativamente, apesar dos polvos terem assumido se-

cundariamente um hábito menos ativo. A cabeça é geralmente bem desen-

volvida e a porção anterior do pé apresenta-se transformada em uma coroa

de tentáculos, que você pode observar nas Figuras 3.7 e 3.8. Os cefalópodes

atingiram o maior tamanho entre todos os invertebrados. Embora a maio-

ria tenha comprimento entre 6 e 70 cm, incluindo os tentáculos, algumas

espécies de lulas alcançam proporções gigantescas. Polvos gigantes existem

apenas em contos. Nessa classe, uma concha completamente desenvolvida

apenas é observada nas poucas espécies do Nautilus (Figura 3.9), que ocor-

rem no Pacífi co Ocidental Tropical.

Como representantes dos cefalópodes serão apresentados: uma espécie de polvo

(Octopus vulgaris), uma espécie de lula (Loligo vulgaris) e o gênero Nautilus.

e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 53

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3.1.3.1 Octopus vulgaris (polvo comum)Na Figura 3.7 você pode ver uma fotografi a de polvo. Ele apresenta o corpo

globoso e dotado de oito tentáculos, do mesmo comprimento. O macho,

em geral, é maior que a fêmea, podendo atingir mais de 1 m e ultrapassar os

8 kg. Vive em tocas e faz excursões à procura de alimento ou então espera

na entrada da toca. Alimenta-se de crustáceos, peixes pequenos e outros

moluscos. Sua cor é geralmente cinza-esbranquiçada, mas ele pode mudar

de cor para camufl ar-se.

A captura do polvo é feita com potes, que, do ponto de vista pesqueiro,

é considerada mais efi ciente que o arrasto, em razão da reduzida fauna

acompanhante e do menor impacto sobre a biota bentônica. Essa espécie de

polvo é usada como alimento por várias comunidades, porém é interessante

ressaltar que existem polvos venenosos.

Figura 3.7: Espécime de Octopus vulgarisFonte:<http://www.okeefes.org/Marine_Life/marinelife.htm#Mollusks>. Acesso em: 10 nov. 2010.

3.1.3.2 Loligo vulgaris (lula vulgar)O corpo é alongado. O comprimento dos machos é de aproximadamente

35 cm, podendo chegar a 50 cm, e o das fêmeas, 22 cm. Cabeça com dois

grandes olhos, situados lateralmente, boca central rodeada por cinco pares

de tentáculos, sendo os menores mais grossos com numerosas ventosas no

lado interno (http://www.vivaterra.org.br/moluscos.htm).

Os dois tentáculos restantes são bem mais longos, apresentando ventosas

apenas nas extremidades dilatadas (Figura 3.8). O resto do corpo é delgado,

cônico, com uma nadadeira triangular ao longo de cada lado da extremida-

de afi lada, as quais equilibram o animal durante o deslocamento. Essa es-

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 54

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pécie é comestível, fazendo parte de algumas receitas de sucesso em alguns

restaurantes brasileiros.

Figura 3.8: Espécime de lula do gênero LoligoFonte: <http://www.katembe2.com/images/lulart07f4.gif>. Acesso em: 15 out. 2010.

3.1.3.3 Nautilus (náutilos)Os náutilos são os únicos cefalópodes dotados de concha, a qual é enrolada

acima da cabeça numa espiral plana bilateralmente simétrica (Figura 3.9).

Figura 3.9: Espécime de Nautilus pompilius em aquárioFonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/Nautilus_pompilius.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010.

Nos náutilos, apenas as duas últimas voltas da concha são visíveis, uma vez

que elas recobrem as voltas internas. Esses cefalópodes apresentam dois

pares de brânquias e numerosos tentáculos, porém não preênseis.

e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 55

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Figura 3.10: Espécime de quíton do gênero Callistochiton. Há espécies desse gênero que ocorrem na plataforma continental de Pernambuco, BrasilFonte: <http://cuhwww.upr.clu.edu/~cgarcia/quitones/shuttleworthianus/mohoso.jpg>. Acesso em: 1 nov. 2010.

Figura 3.11: Representação esquemática de Dentalium enterrado na areia do marFonte: <http://cas.bellarmine.edu/tietjen/images/scaphopoda.jpg>. Acesso em: 01 nov. 2010.

Nota: Além de gastrópodes, bivalves e cefalópodes, outros

grupos de moluscos são os anfi neuros e escafópodes. Os

anfi neuros, também chamados quítons (Figura 3.10), medem

cerca de 5 cm e rastejam no fundo do mar, raspando algas

das rochas com o auxílio da rádula. A concha é formada

pela superposição de oito placas produzidas pelo manto. Já os escafópodes têm o corpo

protegido por uma concha tubular, recurvada como um

grande canino, medindo cerca de 6 cm de comprimento e aberta

nas duas extremidades. Passam a maior parte do tempo enterrados

na areia das águas rasas. Um exemplo é o gênero Dentalium,

que você pode observar na Figura 3.11.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 56

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Que tal, palavras cruzadas?

1. Após encontrar as palavras de cada linha, defi na a palavra que surgirá na

coluna em destaque.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

11.

1. Molusco gastrópode sem concha.

2. Bivalves são também chamados pelecípodes porque seu pé tem a forma de...

3. Nome popular comum a moluscos dos gêneros Mytella e Mytilus.

4. Órgãos utilizados pelos bivalves para fi ltrar partículas alimentares trazidas

pela água.

5. Denominação utilizada para certos caracóis herbívoros terrestres; uma

iguaria presente nos melhores restaurantes do mundo.

6. Molusco cefalópode dotado de oito tentáculos.

7. Classe de moluscos à qual pertencem os turus.

e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 57

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8. O gênero da ostra-do-mangue e da ostra gigante do Pacífi co.

9. O gênero da lula vulgar.

10. Nome dado ao cultivo de escargot.

11. Cefalópode dotado de concha externa normal.

Resumo

Nesta aula, você estudou alguns dos mais importantes animais do fi lo Mollus-

ca. Viu que eles se destacam pelos variados tipos de relações que mantêm

com a espécie humana. Assim, embora existam escargots, ostras, mexilhões,

polvos e lulas comestíveis, ostras produtoras de pérolas, há espécies prejudi-

ciais ao homem, como as lesmas que podem atuar como pragas em planta-

ções, caramujos hospedeiros de parasitas que causam enfermidades em hu-

manos, além de alguns polvos e outros moluscos venenosos. Você entendeu

por que precisamos conhecer esses animais para melhor aproveitamento das

espécies úteis e o adequado controle das nocivas.

Atividades de aprendizagem

Chegamos ao fi nal da nossa 3ª aula. Então é hora da avaliação.

1. Como é chamado o cultivo de escargot?

2. Quais gêneros de escargot você conhece?

3. Qual importante verminose humana tem em seu ciclo evolutivo um mo-

lusco gastrópode como hospedeiro intermediário?

4. Como você identifi ca um molusco pelecípode?

5. Complete as lacunas no trecho a seguir com os termos técnicos corres-

pondentes.

“De acordo com a defi nição do IBAMA, o cultivo de organismos aquáticos

que tenham na água o seu normal ou mais frequente meio de vida é chama-

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 58

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do _________________. Um de seus ramos é a _________________, respon-

sável pelo cultivo de moluscos. Entretanto, nesta prática apenas observamos

o desenvolvimento de tecnologia para o cultivo de moluscos bivalves. Assim,

de maneira mais restrita, utilizamos os termos _________________ para o

cultivo de mexilhões e _________________ para o cultivo de ostras.”

6. Alguns bivalves de água doce apresentam larvas que parasitam (geral-

mente peixes) até que sua metamorfose ocorra e as transforme em adul-

tos. Estes se fi xam em substratos e passam a viver como moluscos fi ltra-

dores. Qual a denominação dessas larvas?

7. Cite uma importância positiva e outra negativa em relação aos bivalves

conhecidos como turus.

8. Apresente duas diferenças morfológicas entre o polvo (Octopus) e a lula

(Loligo).

e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 59

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Objetivos

Conhecer as diversas características morfológicas e fi siológicas dos

crustáceos.

Entender a relação entre as estruturas morfológicas e sua fi siologia.

Relacionar a morfologia e fi siologia dos crustáceos com o seu modo

de vida e relações com os ambientes onde estão adaptados

4.1 OrganizaçãoOlá pessoal! Nas aulas anteriores, você teve contato com as noções de no-

menclatura e classifi cação de seres vivos, além de um resumo de diversos

fi los que constituem o reino dos animais. Em seguida, passamos a destacar

cada um dos grupos animais que merecem maior importância na área de

recursos pesqueiros. O primeiro destaque foi para os moluscos. Agora che-

gou a vez dos crustáceos, animais estudados na carcinologia. Isso mesmo,

chamamos de carcinologia a ciência que estuda os crustáceos.

Você verá nesta aula que diversos animais, provavelmente muito apreciados

na sua alimentação, como camarões, lagostas, caranguejos e siris, são inte-

grantes do grupo dos crustáceos. Mas, o que eles têm em comum para se-

rem reunidos nesse grupo e como se distinguem dos outros artrópodes? Ao

longo desta aula, você encontrará os detalhes da anatomia externa e interna

que identifi cam um animal como crustáceo, bem como informações básicas,

porém indispensáveis, sobre o funcionamento de seus diversos sistemas.

Os crustáceos são animais geralmente aquáticos e, em sua maioria, mari-

nhos. Seu corpo divide-se em cefalotórax e abdome, o que em um camarão

costumamos chamar de “cabeça” e “cauda”. O exoesqueleto quitinoso é

reforçado por sais de cálcio, vindo daí o nome crustáceo: crusta = pele gros-

sa ou crosta. Por outro lado, há espécies terrestres, como o tatuzinho-de-

jardim, que vive apenas em ambientes muito úmidos.

e-Tec BrasilAula 4 – O que é um crustáceo? 61

Aula 4 – O que é um crustáceo?

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Como vimos na aula 1, Crustacea corresponde a um subfi lo, dentro do fi lo

Arthropoda. Por outro lado, entre os crustáceos, a classe Malacostraca é bas-

tante diversifi cada, incluindo o maior número de espécies e a maioria das

formas maiores. Dentro da classe Malacostraca, a maior ordem é Decapoda,

distinguindo-se por seus integrantes possuírem os três primeiros pares de

apêndices torácicos modifi cados em maxilípedes (relacionados ao tato, pala-

dar e manipulação de alimentos). Os cinco pares restantes de apêndices do

tórax são pereiópodos ou pernas torácicas, que você pode ver na Figura 4.1,

das quais é derivado o nome Decapoda (= dez pernas).

Figura 4.1: Morfologia geral: vista lateral dos principais caracteres anatômicos no estudo de camarões

Fonte: Rocha (2000).

Em diversos decápodes, como o da Figura 4.2, o primeiro par de pereiópo-

dos é muito mais forte que os pares restantes, e quando tem essa forma, é

chamado quelípodo. A cabeça e os segmentos torácicos são fundidos dor-

salmente e os lados da carapaça envolvem as brânquias dentro de câmaras

branquiais laterais.

Como na maioria dos animais, os órgãos do corpo de um crustáceo se as-

sociam e interagem, constituindo os sistemas e aparelhos, para a realização

de funções específi cas e integradas. A seguir, você acompanhará um resumo

de cada função relacionada ao seu respectivo sistema responsável: digestão,

circulação, excreção, respiração, coordenação e reprodução.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 62

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Responda às questões a seguir.

1. Uma aula prática de Biologia tinha como objetivo conhecer a diversidade

dos artrópodes. Então, o professor entregou vários animais aos alunos

para que esses animais fossem reunidos em três grupos. Ao fi nal da ativi-

dade, foram formadas as seguintes associações: I. aranha, abelha, carra-

pato; II. siri, formiga, mosca; III. camarão, lagosta, escorpião. O professor,

porém, constatou que foram cometidos alguns equívocos.

b) Reagrupe, então, os animais, corrigindo os erros.

c) Cite uma característica externa exclusiva de cada grupo que você formou.

2. Se considerarmos os ambientes em que vivem os camarões, podemos

dizer que eles fazem parte da macrofauna bentônica de diversos ecossis-

temas aquáticos.

Pesquise o que signifi ca “macrofauna bentônica”.

4.2 DigestãoNa Figura 4.2, você pode visualizar um esquema da estrutura interna de um

crustáceo genérico. São apresentados órgãos dos sistemas: digestivo, circu-

latório, excretor e nervoso.

Figura 4.2: Esquema da estrutura interna de um crustáceoFonte: Marczwski e Vélez (1999).

e-Tec BrasilAula 4 – O que é um crustáceo? 63

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A organização do sistema digestivo dos crustáceos é a seguinte:

a) boca, em posição anterior e ventral, entre as mandíbulas;

b) esôfago, bastante curto;

c) estômago, dilatado, no tórax e dividido em duas câmaras, a anterior (es-

tômago químico) e a posterior (estômago triturador);

d) intestino, longo, tubuloso, no dorso do abdome e terminando em ânus,

situado na base do télson;

e) hepatopâncreas (grande glândula anexa ao tubo digestivo) que lança se-

creções no estômago.

4.3 CirculaçãoComo em todos os artrópodos, a circulação é aberta, ou seja, o sangue em

algumas partes do corpo deixa os vasos e passa a fl uir por espaços livres

entre os tecidos – as lacunas ou hemoceles. O coração muscular fi ca situado

dorsalmente (como mostrado na Figura 4.2) e bombeia o sangue para todo

o corpo. O sangue contém pigmentos transportadores de oxigênio, como a

hemocianina e, menos frequentemente, a hemoglobina.

4.4 ExcreçãoOs crustáceos apresentam um par de glândulas verdes (veja na Figura 4.2),

localizadas na região anterior do cefalotórax para a excreção de amônia e

outros resíduos. São constituídas por um túbulo excretor e saco terminal,

comunicando-se com o meio externo por um poro que se abre na base do

segundo par de antenas. Por esse motivo, recebem, também, o nome de

glândulas antenais.

4.5 RespiraçãoA respiração é feita por brânquias, que são ramifi cações laterais situadas na

base das pernas cefalotorácicas. Através do epitélio que recobre as brân-

quias, são feitas as trocas gasosas entre o sangue e o meio aquático. As

brânquias estão situadas em duas câmaras branquiais que ladeiam o tórax e

são recobertas por uma parte da carapaça.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 64

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4.6 Sistema nervosoO sistema nervoso dos crustáceos é ganglionar e ventral. Dois gânglios su-

pra-esofágicos unem-se num gânglio cerebroide (ou cérebro), que envia ner-

vos para os olhos, antenas e antênulas.

O sistema nervoso dos crustáceos é centralizado em uma massa cerebral de

que parte uma cadeia ganglionar ventral, como nos insetos. Os olhos, as

antenas e várias cerdas tácteis espalhadas pelo corpo desempenham impor-

tante função sensorial. Os sentidos de olfato e paladar são percebidos por

receptores localizados nas antenas e na boca. Os estatocistos localizam-se na

base das antenas e estão relacionados com o equilíbrio.

4.7 Reprodução Para o estudo da reprodução, vamos considerar o camarão rosa da espécie

Farfantepenaeus subtilis, a mais frequente nas capturas da costa Norte do Bra-

sil. Os sexos são separados, sendo a fêmea maior que o macho. No macho, o

primeiro par de apêndices abdominais entra em fusão, constituindo um tubo

chamado petasma (reveja a Figura 4.1), gerando a transferência de esperma-

tozóides para o corpo da fêmea. De cada testículo sai um canal deferente

enovelado que se abre na base do quinto par de pereiópodos. Dos ovários das

fêmeas, partem os ovidutos que desembocam no terceiro par de pereiópodos.

Durante a desova, ovos são liberados em águas profundas de alto mar e,

durante o desenvolvimento, as larvas náuplio, protozoea e mysis, vivem no

plâncton do ambiente marinho. As pós-larvas migram em direção à costa,

entrando geralmente à noite nas áreas de criadouros. O ciclo de vida pode

ser visto na Figura 4.3.

Nos estuários e lagoas costeiras de águas rasas e salobras, as pós-larvas se-

mibênticas e os juvenis encontram proteção e um ambiente rico que lhes

proporciona a alimentação adequada. Depois de alguns meses, os subadul-

tos migram para o mar, onde realizam sua primeira desova, completando,

dessa forma, o curto ciclo de vida que dura em média dois anos.

e-Tec BrasilAula 4 – O que é um crustáceo? 65

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 66

Figura 4.3: Ciclo de vida do camarão rosa Farfantepenaeus subtilis: (a) ovos; (b) náu-plios; (c) protozoea; (d) mysis; (e) e (f) pós-larvas; (g) e (h) juvenis; (i) adulto.

Fonte: Rocha (2000).

Vamos trabalhar com palavras cruzadas?

1. P

2. L

3. E

4. Ó

5. P

6. O

7. D

8. O

9. S

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e-Tec BrasilAula 4 – O que é um crustáceo? 67

1. Primeiro estágio larval do camarão Farfantepenaeus.

2. Estrutura pontiaguda, na extremidade posterior do exoesqueleto do ca-

marão, com função de defesa.

3. Estrutura do macho de Penaeidae, responsável pela transferência de es-

permatóforos para a fêmea.

4. Os apêndices do 6o e último segmento abdominal, relacionados ao dire-

cionamento da natação.

5. Órgão glandular dos crustáceos, que produz enzimas digestivas.

6. Resulta da fusão de cabeça e tórax.

7. Estruturas excretoras dos crustáceos.

8. Localizam-se na base das antenas e estão relacionados com o equilíbrio.

9. Uma espécie de espinho, geralmente com as duas margens serrilhadas,

na porção anterior do cefalotórax do camarão.

Resumo

Nesta aula, você viu que os crustáceos são artrópodes, devido aos apêndi-

ces articulados e o esqueleto quitinoso que reveste e sustenta o corpo. Viu

como podemos diferenciar os crustáceos dos demais artrópodes. Seus repre-

sentantes estão entre os animais invertebrados mais conspícuos e incluem

formas bastante familiares. Quase todas as espécies de crustáceos vivem no

ambiente aquático, podendo ser pescadas ou cultivadas para fi ns comerciais

e alimentares. Você também aprendeu nesta aula que os mais conhecidos

crustáceos pertencem à ordem Decapoda, apresentam um ciclo de vida com

um ou mais tipos de larvas e dependem geralmente de ambientes com dife-

rentes graus de salinidade.

O camarão rosa da espécie Farfantepenaeus paulensis distribui-se ao longo da plataforma continental brasileira, a partir de Ilhéus, Bahia, estendendo-se pela plataforma do Uruguai até o litoral nordeste da Argentina. Trata-se de uma das importantes espécies na área de pesca. No endereço a seguir, você encontrará um artigo que sugere uma alternativa de cultivo para esse camarão.KRUMMENAUER, Dariano. Viabilidade do cultivo do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis (Crustácea, Decapoda) em gaiolas sob diferentes densidades durante o outono no sul do Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v. 36, n. 1, p. 252-257, jan./fev. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cr/v36n1/a39v36n1.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2010.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 68

Atividades de Aprendizagem

Chegamos ao fi nal da nossa 4ª aula. E então? Você já consegue explicar com

suas palavras as características morfológicas e fi siológicas dos crustáceos?

1. A maioria dos crustáceos que conhecemos pertence à ordem dos Deca-

poda. Como você descreve a morfologia geral dos crustáceos decápodes?

2. Diferencie pereiópodos de pleópodos quanto à localização e funções es-

pecífi cas.

3. O que é o télson de um camarão?

4. O que é quelípodo?

5. Qual a função do hepatopâncreas dos crustáceos?

6. Quais os estágios larvais no ciclo do camarão rosa?

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e-Tec BrasilAula 5 – Quais crustáceos você conhece? 69

Aula 5 – Quais crustáceos você conhece?

Objetivos

Conhecer um pouco da diversidade de crustáceos do Brasil, com

ênfase em algumas regiões.

Identifi car crustáceos de maior frequência na fauna brasileira e de

maior manejo humano.

5.1 A diversidade dos crustáceosExistem diversas espécies de crustáceos muito importantes em nossas vidas.

E, nesta aula, você verá que muitas dessas espécies se notabilizam pelo seu

aproveitamento como recursos naturais, principalmente na área alimentar. Há

também outras que se destacam pelos danos diretos ou indiretos que podem

proporcionar ao homem. Ao longo desta aula, serão apresentadas informa-

ções sobre algumas das espécies de crustáceos que foram selecionadas entre

as que consideramos mais interessantes dentro do grupo. Além disso, você

encontrará orientações que o auxiliarão a obter informações sobre muitos

outros crustáceos de interesse para o técnico na área de recursos pesqueiros.

Os crustáceos apresentam grande diversidade de formas, tamanhos e am-

bientes. O número de espécies conhecidas passa de 50.000. A ordem Deca-

poda é a maior e contempla os familiares camarões, lagostas, caranguejos e

siris. Dedicaremos, nesta aula, especial atenção a alguns representantes des-

sa ordem, a qual é dividida nas subordens Dendrobranchiata e Pleocyemata.

Os Dendrobranchiata são caracterizados por apresentarem a pleura do se-

gundo somito abdominal sobreposta à terceira, mas não à primeira (Figura

5.1), os três primeiros pares de pereiópodos com forma e tamanhos similares

e as brânquias são muito ramifi cadas, conhecidas como tipo dendrobrân-

quias. As fêmeas liberam os ovos diretamente na água, como é o caso dos

camarões da infraordem Penaeidea, por exemplo.

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Lembre-se de que você conheceu os somiros

abdominais do camarão na aula anterior. Viu também

que os pereiópodos são as pernas ligadas ao cefalotórax

do camarão e os pleópodos são apêndices ligados ao

abdômen do animal (rever Figura 4.1 da Aula 4).

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 70

As fêmeas dos Pleocyemata incubam seus ovos nos pleópodos. Incluem os

camarões restantes (infraordem Caridea); as lagostas (infraordem Astacidea);

siris e caranguejos (infraordem Brachyura); os paguros (infraordem Anomura).

Figura 5.1: Esquemas de abdômen de camarões, mostrando a organização das pleu-ras dos diversos somitos: (A) Penaeidea; (B) Caridea

Fonte: Rocha (2000).

Na infraordem Caridea, você encontra a família Palaemonidae, que é cons-

tituída pela maioria dos camarões de água doce. Os populares lagostins e

pitus, por exemplo, pertencem a esta família, mais precisamente ao gênero

Macrobrachium.

5.1.1 Farfantepenaeus (camarão-rosa)Segundo Lopes e colaboradores (2007), o gênero Farfantepenaeus, per-

tencente à família Penaeidae, possui um total de oito espécies em todo o

mundo, dentre as quais, apenas quatro existem no Brasil: Farfantepenaeus notialis, F. subtilis, F. brasiliensis e F. paulensis, popularmente chamadas de

camarões-rosa. Em geral, não são diferenciadas entre si em avaliações de es-

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e-Tec BrasilAula 5 – Quais crustáceos você conhece? 71

toques pesqueiros a partir de desembarques em entrepostos de pesca. Devi-

do à sobrepesca dessas espécies, decorrente do seu elevado valor comercial,

seus estoques encontram-se colapsados.

Figura 5.2: Espécime subadulto de Farfantepenaeus subtilis. Município de Bragança – ParáFonte: Rocha (2000).

As quatro espécies de camarão-rosa que ocorrem no Brasil não apresentam

exatamente os mesmos limites de distribuição. No mapa da Figura 5.3, você

pode observar esses limites para cada espécie, bem como identifi car as áreas

do nosso litoral em que coexistem duas ou três espécies de camarão-rosa.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 72

Figura 5.3: Distribuição das espécies de Farfantepenaeus que ocorrem no BrasilFonte: Elaboração de Rocha e Álvares-Rocha (2008).

a) Considerando a distribuição apresentada na Figura 5.3, qual é a espécie de

camarão-rosa que apresenta menor área de distribuição no litoral do Brasil?

b) Geralmente em uma mesma pescaria ocorre a captura de mais de uma

espécie de camarão-rosa.

b.1) De acordo com a Figura 5.3 e uma didática de divisão do litoral brasi-

leiro, assinale onde podemos capturar maior variedade de espécies de

camarão-rosa?

( ) Costa Norte

( ) Costa Nordeste

( ) Costa Sudeste

( ) Costa Sul

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e-Tec BrasilAula 5 – Quais crustáceos você conhece? 73

b.2) De acordo com a Figura 5.3, quais as espécies de camarão-rosa que não

poderiam ser capturadas em um mesmo ponto do litoral do Brasil?

5.1.2 Litopenaeus (camarão-branco)Litopenaeus é outro gênero da família Penaeidae, contando com duas es-

pécies de valor comercial no Brasil: Litopenaeus schmitti e Litopenaeus van-namei. A primeira espécie (L. schmitti), nativa, geralmente é capturada até

os 50 m de profundidade. Distribui-se pelo Atlântico ocidental (limite norte:

Baía de Matanzas, Cuba; limite sul: estuário da Lagoa dos Patos, Rio Grande

do Sul, Brasil).

Você pode perceber na Figura 5.4 a coloração mais clara (quando compara-

mos com o camarão-rosa, Figura 5.2), o que motivou a denominação popu-

lar de camarão-branco. A espécie apresentada na fi gura, Litopenaeus sch-mitti, costuma ser referida como camarão-branco do Atlântico, em função

de sua distribuição.

Figura 5.4: Espécime de Litopenaeus schmitti. Município de Bragança – ParáFonte: Rocha (2000).

A espécie Litopenaeus vannamei, conhecida como camarão-branco do Pací-

fi co, originalmente se distribui no leste do Pacífi co, de Sonora (México) até

Tumbes, no Peru. Entretanto, foi introduzida no Brasil no início dos anos 1980

e é, atualmente, a principal espécie de camarão marinho cultivada no país.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 74

5.1.3 Macrobrachium amazonicum (camarão-canela)

O camarão-canela é abundante nos ecossistemas de água doce das regiões

Norte e Centro-Oeste do Brasil, por preferir um clima mais quente. Pode

atingir 15 cm de comprimento. Corpo cinza claro, transparente, segundo

par de pereiópodos ligeiramente mais escuro e acastanhado.

Essa espécie é largamente explorada pela pesca artesanal do Pará e Amapá,

sendo utilizada em cultivos extensivos nessa região e no Nordeste do Brasil.

5.1.4 Macrobrachium rosenbergii (camarão da Malásia)

É a espécie de água doce que se encontra melhor adaptada para a atividade

de cultivo (carcinicultura), devido às suas características como rápido cresci-

mento, ser onívora, apresentar alta fertilidade e fecundidade, além de regu-

lar a boa aceitação no mercado. Trata-se de uma espécie exótica, originária

da Ásia e foi trazida para o Brasil (e diversos outros países) com fi ns de cria-

ção em cativeiro, em tanques e viveiros. Muitos espécimes foram liberados

na natureza e, atualmente, existem em diversos estuários brasileiros.

Figura 5.5: Espécime de Macrobrachium rosenbergii. Município de Bragança – ParáFonte: Rocha (2000).

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e-Tec BrasilAula 5 – Quais crustáceos você conhece? 75

Como vimos na parte inicial desta aula, os camarões do gênero Macrobra-chium pertencem à infraordem Caridea.

Identifi que a característica morfológica típica da infraordem Caridea visível

no camarão da Malásia (Macrobrachium rosenbergii) na fi gura anterior.

Estudos de biologia molecular permitem novas percepções sobre a história da introdução do Macrobrachium rosenbergii no Brasil.

O camarão gigante de rio, tradicionalmente classifi cado como Macrobra-chium rosenbergii de Man, 1879, é uma espécie de água doce com muitas

das características mencionadas e é um exemplo clássico de uma espécie

que tem se tornado comum devido a sua popularidade em aquicultura co-

mercial. Já foi introduzido em mais de 40 países, em alguns dos quais esse

camarão é considerado uma espécie invasora, o que exige acompanhamento

de perto. No Brasil, os espécimes foram registrados na natureza nos estados

do Pará, Maranhão, São Paulo e Paraná. A distribuição natural relativamente

ampla desse camarão resultou na variação de algumas características, o que

tem gerado um debate considerável sobre o status taxonômico desta espé-

cie. Originalmente, foram reconhecidas duas subespécies, a M. rosenbergii rosenbergii do leste asiático e a M. rosenbergii dacqueti, mais ocidental. No

entanto, um estudo recente de Bruyn e colaboradores (2004), que analisa-

ram o gene mitocondrial 16S rRNA, concluiu que estas duas formas podem

de fato representar espécies fi logeneticamente distintas. Segundo Wowor e

Ng (2007), as análises morfológicas não só confi rmaram essas conclusões,

mas também mostraram que as duas espécies podem ser facilmente distin-

guidas com base em algumas características de simples diagnóstico. Além

disso, M. dacqueti e não M. rosenbergii é a espécie mais espalhada e culti-

vada no mundo. Mais recentemente, ainda, Iketani e colaboradores (2010)

demonstraram que a espécie introduzida no Brasil foi M. dacqueti através de

dois eventos: um a partir de camarões originários do Vietnam e outro a partir

de Bangladesh e Tailândia. Essas origens diferentes realçam a necessidade de

confi rmar a origem de outras populações exóticas ao redor do mundo. Por

outro lado, as populações de camarão gigante invasoras na Amazônia exi-

gem acompanhamento, principalmente porque a biodiversidade da região

pode ser afetada por esta introdução.

Ada ptado do Artigo “The history of the introduction of the giant river prawn, Macrobrachium cf. rosenbergii (Decapoda, Palaemonidae). In: IKETANI, Gabriel et al (Colabor.). Brazil: New insights from molecular data. Genetics and Molecular Biology, 2010.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 76

5.1.5 Ucides cordatus (caranguejo-uçá)Esse caranguejo é um importante componente alimentar em toda sua área

de ocorrência nas regiões de mangue do Brasil, entre os estados do Amapá

e de Santa Catarina. Alcança altos valores de comercialização nas grandes

cidades, em função da sua elevada procura pelos turistas. É encontrado nos

troncos das árvores, em galerias sedimentares, ou andando pelo manguezal

durante o período de acasalamento, conhecido como “andada”.

Figura 5.6: Espécime adulto de Ucides cordatusFonte: <http://www.uesc.br/projetos/inventariocrustaceos/fi gura_5.jpg>. Acesso em: 26 out. 2010.

Questão de legislação referente ao caranguejo-uçá.

Em função de sua exagerada comercialização e seu ciclo de vida relativamen-

te longo, temos uma legislação que regulamenta a sua captura.

A legislação pode variar de um estado para outro. A Portaria nº 52, de 30 de

setembro de 2003 (IBAMA, 2003), por exemplo, regula a exploração da es-

pécie nos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e San-

ta Catarina. Essa portaria proíbe, em qualquer época do ano, a captura de

fêmeas ovígeras e de indivíduos de ambos os sexos com largura da carapaça

inferior a 6,0 cm, bem como o uso de armadilhas, petrechos, instrumentos

cortantes ou produtos químicos para sua captura.

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e-Tec BrasilAula 5 – Quais crustáceos você conhece? 77

O IBAMA tomou algumas medidas, visando ordenar a atividade, nos estados

do Nordeste e no Pará: estabeleceu um período de defeso; aumentou o ta-

manho mínimo para coletas autorizadas; proibiu a retirada de partes isoladas

(quelas, pinças, garras ou puans), durante a captura, e restringiu o método

de captura ao chamado braceamento, com auxílio de gancho ou cambito

com proteção na extremidade.

Em dezembro de 2010, foi publicada no site do Guia da Pesca <http://www.guiadapesca.com.br> uma reportagem sobre a aprovação do calen-

dário nacional para o defeso do caranguejo-uçá no ano de 2011. Parte desta

reportagem é transcrita a seguir:

Durante a fase de proteção à reprodução da espécie, denominada “anda-

da”, quando os caranguejos saem das tocas para se acasalar, fi cam proibi-

dos captura, transporte, benefi ciamento, industrialização, armazenagem e

comercialização do crustáceo. Em 2011, as datas do defeso foram defi nidas

segundo as maiores amplitudes de maré e as fases da lua nova e cheia nos

meses de janeiro (05 a 10/01 e 20 a 25/01), fevereiro (03 a 08/02 e 19 a

24/02) e março (05 a 10/03 e 20 a 25/03). A proibição vale para todos os es-

tados onde há ocorrência do caranguejo-uçá: Amapá, Pará, Alagoas, Bahia,

Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe

e Espírito Santo. Os técnicos alertam, porém, que o calendário é apenas indi-

cativo. Se os caranguejos andarem, não poderão ser capturados, mesmo se

o fenômeno ocorrer antes ou depois da data ofi cial do defeso.

Devido às grandes diferenças entre os manguezais de diversas regiões do

Brasil, é praticamente impossível prever as datas precisas de andada em cada

local, mas é preciso proteger, para não faltar.

Você consegue identifi car se um caranguejo é macho ou fêmea?

Agora vai fi car muito fácil. Basta comparar as duas fotos a seguir e perce-

berá as principais características que diferenciam fêmea e macho de Ucides cordatus. Na Figura 5.7, observe os pleópodos, no abdômen da fêmea, os

quais ela utilizará para carregar os ovos quando estiver grávida. Na Figura

5.8, observe que o abdômen do macho é mais estreito que o da fêmea e que

somente os pleópodos anteriores estão presentes, os quais são utilizados

como órgãos copulatórios.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 78

Figura 5.7: Fêmea de Ucides cordatus, no município de São Caetano de Odivelas – ParáFonte: Foto de Marcos Brabo (2007).

Figura 5.8: Macho de Ucides cordatus, no município de São Caetano de Odivelas – ParáFonte: Foto de Marcos Brabo (2007).

5.1.6 Panulirus (lagostas espinhosas)Gênero de lagostas distribuídas pelas águas tropicais e subtropicais de todo o

mundo. Quando adultas, essas lagostas são encontradas no leito oceânico, mui-

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e-Tec BrasilAula 5 – Quais crustáceos você conhece? 79

tas vezes escondidas entre as rochas, algas e corais. A cada ano, constata-se que

a captura da lagosta está em declínio, ocasionando problemas econômicos e

sociais como o desemprego e extinção de empresas no setor pesqueiro.

Saiba mais

Além da ordem Decapoda (camarões, lagostas, caranguejos e siris), o grande

grupo dos crustáceos (Crustacea) inclui organismos indesejáveis como os da

ordem Isopoda e alguns das ordens Cyclopoida e Calanoida. Os parasitos da

ordem Isopoda ocorrem tanto em peixes de água doce como nos marinhos

e são frequentemente encontrados na cavidade bucal, nas brânquias e na

superfície do corpo. A espécie Livoneca redmanni tem sido encontrada pa-

rasitando o peixe-serra Scomberomorus brasiliensis nas águas costeiras do

Rio Grande do Norte. Por outro lado, alguns Cyclopoida (como Cyclops) e

Calanoida (como Diaptomus) participam como hospedeiros intermediários

no ciclo evolutivo do verme Diphyllobothrium latum. Você provavelmente

conhece esse verme como “tênia do peixe”. Pois bem, as larvas jovens desse

verme hospedam-se em pequenos crustáceos (como Cyclops e Diaptomus); peixes que se alimentam desses crustáceos tornam-se infectados e transmi-

tem essa verminose ao homem.

Que tal palavras cruzadas?

Após encontrar as palavras de cada linha, defi na a palavra que surgirá na

coluna em destaque.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

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Para uma leitura complementar sobre o caranguejo-uçá, visite o

site da referência a seguir. SOUTO, Francisco José Bezerra. Uma abordagem etnoecológica

da pesca do caranguejo-uçá Ucides cordatus, Linnaeus, 1763 (Decapoda: Brachyura), no manguezal do Distrito de

Acupe (Santo Amaro-BA). Biotemas, v. 20, n. 1, p. 69-80,

mar. 2007. Disponível em: <http://www.biotemas.ufsc.br/volumes/pdf/volume201/p69a80.pdf>. Acesso em: 8

dez. 2007.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 80

1. As pernas ligadas ao cefalotórax do crustáceo.

2. Nome dado ao cultivo de camarões (criação de camarões em cativeiro).

3. A infraordem a qual pertencem os lagostins e pitus.

4. Ordem de crustáceos que inclui espécies parasitas, como Livoneca redmanni.

5. O gênero de crustáceos que inclui todas as espécies de camarão-rosa.

6. A subordem que reúne caranguejos, siris, lagosta e alguns camarões.

7. Migração do caranguejo no período reprodutivo.

8. A principal ordem dos crustáceos, reunindo as espécies de importância ali-

mentar.

9. Gênero de crustáceos conhecidos como lagostas espinhosas.

Resumo

Nesta aula, você estudou sobre diversidade dos crustáceos. Viu que se des-

tacam principalmente por sua importância alimentar. Mas que também há

espécies nocivas: algumas, por parasitarem organismos aquáticos que fazem

parte de nossa dieta; outras, por hospedarem formas jovens de parasitas que

poderão encontrar no homem seu hospedeiro defi nitivo. Então, precisamos

conhecer esses animais para o melhor aproveitamento das espécies úteis e o

adequado controle daquelas que podem nos ser danosas.

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e-Tec BrasilAula 5 – Quais crustáceos você conhece? 81

Atividade de Aprendizagem

1. Estabeleça duas diferenças entre os camarões das infraordens Penaeidea

e Caridea.

2. Cite dois gêneros de camarões da infraordem Penaeidea.

3. Quais as principais espécies da carcinicultura marinha e continental (água

doce), respectivamente?

4. Quais as espécies de camarão-rosa que podem ser capturadas na Costa

do Brasil?

5. Em relação ao comportamento reprodutivo, o que a fêmea de caranguejos,

siris e camarão-canela fazem, diferentemente da fêmea de camarão-rosa?

6. Qual a ordem de crustáceos parasitas frequentemente encontrada na cavi-

dade bucal, nas brânquias e na superfície do corpo de peixes e camarões?

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e-Tec BrasilAula 6 – Os cordados 83

Aula 6 – Os cordados

Objetivo

Conhecer aspectos morfológicos dos cordados para identifi car seus

representantes.

6.1 OrganizaçãoDepois de diversos grupos exclusivamente invertebrados, você verá nesta

aula os cordados. O fi lo Chordata constitui o grupo animal mais notável e

conhecido atualmente, por estar presente em todos os ambientes: mari-

nho, de água doce e terrestre. Provavelmente, a maioria dos animais que

você já viu pertence ao grupo dos cordados. Assim, é fácil notar que o

grupo dos cordados é bastante heterogêneo, incluindo animais muito di-

ferentes, principalmente porque costumamos observá-los quando adultos.

Todavia, há caracteres comuns em todos esses animais que justifi cam seu

agrupamento num mesmo fi lo. Todos os cordados são bilaterais, celoma-

dos, com o corpo segmentado, esqueleto interno, circulação fechada e

tubo digestivo completo. Além disso, e mais importante que isso, todos

apresentam, pelo menos na fase jovem da vida, as estruturas notocorda,

tubo nervoso dorsal e fendas branquiais, que você pode observar na

Figura 6.1.

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encéfaloum conjunto de estruturas

do sistema nervoso central, protegido pelos ossos do crânio.

Os principais componentes do encéfalo são o cérebro, o

hipotálamo, o cerebelo e o bulbo raquidiano.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 84

Figura 6.1: Estruturas embrionárias dos cordados. Acima e à esquerda, visão externa do embrião; acima à direita, embrião em corte transversal; abaixo, em-brião em corte longitudinal

Fonte: <http://www.conecteeducacao.com/escconect/medio/BIO/imagem/10_3_1.gif>. Acesso em: 28 out. 2010.

Notocorda - Uma haste de tecido conjuntivo que se desenvolve acima do

tubo digestivo do embrião, como o primeiro eixo de sustentação do animal.

Pode persistir durante toda a vida, como no anfi oxo; ou ser substituída pela

coluna vertebral, como nos vertebrados.

Tubo nervoso dorsal - Um cordão único e oco, disposto ao longo da região

dorsal do corpo, ao contrário da maioria dos outros animais, que têm um cor-

dão nervoso duplo e ventral. Nos cordados vertebrados, a extremidade ante-

rior desse tubo sofre dilatação e as especializações que originam o encéfalo.

Fendas branquiais - Aberturas que comunicam o interior da faringe com o

meio extraembrionário. Persistem e realizam função respiratória na maioria

dos cordados aquáticos. Em todos os répteis, aves e mamíferos, elas só existem

nas primeiras fases embrionárias, mas não são funcionais e cedo se fecham.

Fendas branquiais

Epiderme

Notocorda

Tubo Disgestivo

Tubo Nervoso

Celona

Cauda

Ânus

Somito (músculo)

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e-Tec BrasilAula 6 – Os cordados 85

O esquema embriológico representa os cordados, que são animais triblásticos

e celomados. Observe a indicação dos números e assinale a afi rmativa correta.

a) 2 é a notocorda, 5 é a mesoderme e 3 é o celoma.

b) 1 é a notocorda, 2 é a mesoderme e 4 é o celoma.

c) 5 é a notocorda, 1 é a mesoderme e 3 é o celoma.

d) 1 é a notocorda, 2 é a mesoderme e 4 é o celoma.

6.2 DiversidadeExistem cerca de 50 mil espécies de cordados, desde os mais simples, conhe-

cidos como ascídias e anfi oxos (descritos a seguir), até as diversas classes de

vertebrados. Sistematicamente, o fi lo dos cordados pode ser dividido em três

subfi los: urocordados, cefalocordados e vertebrados.

Os urocordados (ascídias) têm seu nome derivado da existência de noto-

corda restrita à cauda da larva. Durante a metamorfose ocorre regressão

da cauda. Os adultos, sem notocorda, têm forma globosa ou tubular, apre-

sentam o corpo protegido por uma túnica, por isso o grupo é também de-

nominado Tunicata. Na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, é comum a

presença da espécie Phallusia nigra, que você pode observar na Figura 6.2.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 86

Figura 6.2: Espécimes de Phalusia nigraFonte: <http://www2.bishopmuseum.org/HBS/invertguide/species/phallusia_nigra.htm>. Acesso em: 28 out. 2010.

Já os cefalocordados, como os anfi oxos, são assim chamados porque sua

notocorda estende-se da cauda à cabeça, persistindo por toda a vida. Trata-

se de pequenos animais marinhos com aspecto de “peixe”, com o corpo

achatado bilateralmente e afi lado nas extremidades.

Esses animais sedentários, de alguns poucos centímetros e escavadores, pas-

sam a maior parte do tempo enterrados na areia, expondo apenas a extre-

midade anterior (Figura 6.3). Durante a noite, desenterram-se e saem para

nadar por meio de movimentos rápidos do corpo. São fi ltradores que se

alimentam de plâncton. As partículas alimentares trazidas pela água do mar

fi cam retidas na faringe e são conduzidas por cílios para o intestino.

Figura 6.3: Anfi oxo com a maior parte do corpo enterrada na areia do fundo do marFonte: <http://www.asturnatura.com/Imagenes/articulos/cordados/wwwfi g13.gif>. Acesso em: 28 out. 2010.

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Em algumas propostas de classifi cação, os vertebrados são divididos em dois grupos: agnatos e gnatóstomos. Os primeiros correspondem aos vertebrados desprovidos do arco mandibular e de extremidades locomotoras pares. Já os gnatóstomos incluem todos os vertebrados mandibulados e dotados de extremidades locomotoras pares.

e-Tec BrasilAula 6 – Os cordados 87

Os vertebrados (subfi lo Vertebrata), também chamados eucordados, in-

cluem os cordados que possuem coluna vertebral e encéfalo protegido pelo

crânio. Neste grupo, encontramos os agnatos ou peixes sem mandíbula

(classe dos ciclóstomos), os peixes verdadeiros ou mandibulados (condríctes

e osteíctes) e os tetrápodes (anfíbios, répteis, aves e mamíferos).

6.2.1 CiclóstomosSão vertebrados pisciformes sem mandíbula (agnatos), sem escamas, com

a boca circular no fundo de um funil bucal, esqueleto cartilaginoso. Esses

animais vivem em água doce ou salgada e têm respiração branquial. Seus

representantes são as lampreias e feiticeiras.

As lampreias são parasitas de peixes e baleias. Fixam-se à superfície de suas

vítimas por meio de sua boca (Figura 6.4), que age como ventosa, raspando-

lhes a pele com os dentes do funil bucal, em seguida, sugam os tecidos jun-

tamente com o sangue, podendo causar a morte desses animais.

Figura 6.4: Lampreia parasitando uma cavalaFonte: <http://www.anma.pt/galeria/d/2439-2/Lampreia+em+Cavala.JPG>. Acesso em: 28 out. 2010.

A maioria das espécies marinhas de lampreias sobe os rios na época da re-

produção. A fecundação é externa e o desenvolvimento passa por um está-

gio de larva, que em muito lembra o anfi oxo.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 88

As feiticeiras (ou peixes-bruxas) são exclusivamente marinhas, carnívoras,

alimentando-se principalmente de pequenos poliquetos e peixes moribun-

dos. Sua boca, rodeada por 6 tentáculos, é reduzida, com dentes pequenos

usados para arrancar pedaços do corpo da presa. Esses animais são herma-

froditas, mas geralmente só o ovário ou só o testículo é funcional no indiví-

duo. Dos ovos eclodem indivíduos jovens, sendo o desenvolvimento direto.

Fonte: <http://biologia.ifsc.usp.br/bio2/apostila/bio2_apostila_zoo_03.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2011.

Que tal palavras cruzadas?

1. C

2. O

3. R

4. D

5. A

6. D

7. O

1. Primeiro eixo de sustentação no desenvolvimento de um cordado.

2. Grupo de anfíbios em que a larva, conhecida como girino, sofre regres-

são da cauda durante sua metamorfose.

3. Diz-se de animais, como os cordados, cujo blastóporo do embrião origina

o ânus.

4. Aquisição dos gnatóstomos em relação aos agnatos.

5. Ciclóstomo encontrado como ectoparasita de peixe.

6. Cordados invertebrados com notocorda restrita à cauda da larva.

7. Cordado invertebrado que passa a maior parte do tempo enterrado na

areia, expondo apenas a extremidade anterior.

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Você pode ler mais sobre a biologia dos cordados em um material didático disponível no endereço abaixo:<http://www.upvix.com.br/_admin/upload/exercicios/wanderley_biologia_zoologia_vertebrados_030808.pdf>. Este site também lhe permite ler sobre a classifi cação de seres vivos.

e-Tec BrasilAula 6 – Os cordados 89

Resumo

Nesta aula, você viu as características gerais dos cordados. Estes animais são

bastante diversifi cados na fase adulta, mas apresentam importantes carac-

terísticas em comum, pelo menos no estágio embrionário. Você também

aprendeu que o grupo dos cordados é muito numeroso, incluindo desde os

representantes invertebrados (ascídias e anfi oxos) até todos os vertebrados.

Este fi lo é, certamente, o fi lo com maior popularidade entre nós.

Atividade de aprendizagem

1. Cite as três características comuns a todos os cordados, presentes em

pelo menos uma fase de sua vida, que os diferenciam de todos os outros

animais.

2. Cite dois exemplos de cordados invertebrados.

3. Qual grupo de animais é também conhecido como “peixes sem mandí-

bula”?

4. Qual a grande vantagem da aquisição de mandíbula pelos peixes?

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e-Tec BrasilAula 7 – Os peixes 91

Aula 7 – Os peixes

Objetivos

Identifi car a morfologia externa geral dos peixes.

Conhecer a estrutura e o funcionamento dos diversos sistemas dos peixes.

Compreender a reprodução dos peixes.

7.1 IntroduçãoMuita atenção! Chegamos a um dos conteúdos mais esperados nesta disci-

plina: você verá, a partir de agora, os peixes! Para começar, iniciamos com

uma defi nição básica de peixes. Peixes (do latim pisces) correspondem a ani-

mais vertebrados, aquáticos, que possuem o corpo fusiforme, os membros

são nadadeiras sustentadas por raios ósseos ou cartilaginosos, respiram o

oxigênio geralmente pelas guelras e possuem, na sua maioria, o corpo co-

berto de escamas.

Peixes são vertebrados aquáticos, com o corpo fusiforme e nadadeiras

como membros; respiram geralmente por guelras e possuem, na sua maio-

ria, o corpo coberto de escamas.

A palavra “peixes” não tem valor taxonômico ofi cial, embora alguns consi-

derem designar uma superclasse. Sob a denominação de peixes são incluídos

os condrictes (ou peixes cartilaginosos) e os osteíctes (ou peixes ósseos), po-

rém muitos também consideram os ciclóstomos como peixes.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 92

7.2 Morfologia externaVeja um esquema de um peixe mostrando sua morfologia externa.

Figura 7.1: Esquema de um robalo mostrando aspectos da morfologia externaFonte: Elaboração de Carlos Rocha (2008).

7.2.1 Linha lateralA linha lateral (visível na Figura 7.1) é um sistema sensorial desenvolvido ao

longo das duas laterais do animal e formado por uma fi leira de canais cheios

de água, que se comunicam através de poros com a água do exterior.

Essa linha é de extrema importância para a detecção e localização de ani-

mais em movimento – predadores, presas ou parceiros sexuais. Este sistema

também possui a vantagem de atuar em uma amplitude maior de condições

ambientais em relação às demais modalidades sensoriais, desde a água lím-

pida e transparente até águas barrentas e turvas.

7.2.2 NadadeirasOs peixes apresentam nadadeiras laterais pares – um par de peitorais e um

par de pélvicas – e nadadeiras medianas ímpares – uma ventral, uma caudal

e uma ou duas dorsais.

Em vários peixes, como os da família Characidae (tambaqui, pacu), a segun-

da dorsal recebe a denominação de nadadeira adiposa. Nos condrictes, as

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e-Tec BrasilAula 7 – Os peixes 93

nadadeiras pélvicas do macho são modifi cadas, formando, na face interna,

um órgão copulador: clásper ou pterigopódio, que você pode observar na

Figura 7.2, a seguir.

Figura 7.2: Vista ventral de arraia macho exibindo o clásper (seta) na porção interna das nadadeiras pélvicasFonte: Foto de Marcos Brabo (2007).

Outro tipo de nadadeira que você também deve conhecer bem é a nadadeira

caudal que, como o nome sugere, faz parte da cauda dos peixes. Na Figura

7.3 você pode ver as formas mais comuns de nadadeira caudal.

Figura 7.3: Tipos de nadadeira caudalFonte: <http://portalsaofrancisco.com.br/alfa/peixes/imagens/divisao1.jpg>. Acesso em: 28 out. 2010.

HomocercaHeterocerca

DificercaProtocerca

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cicloidesdesignação das escamas de origem dérmica com

semicírculos concêntricos em toda sua superfície. Ex.: salmão,

truta, carpa.

ctenoidesdesignação das escamas de origem dérmica com

semicírculos paralelos dispostos em sua área anterior; próximo

à borda livre, sua superfície apresenta numerosos

dentículos. Ex.: perca, robalo, pescada amarela.

placoidesdesignação das escamas de

origem dermo-epidérmica com estrutura muito semelhante

aos dentes, mas com tamanho bastante reduzido.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 94

Certamente, você se lembra da cauda dos tubarões e pode, então, comparar

com a Figura 7.3, concluindo que sua nadadeira caudal é do tipo heterocer-

ca. Por outro lado, a maioria dos osteíctes (como robalo, o pargo e o tamba-

qui) tem nadadeira caudal do tipo homocerca.

7.2.3 EscamasAs escamas são discos na pele em sobreposição como telhas para facilitar o

movimento dos peixes. Existem escamas de variados aspectos. Quase todos

os osteíctes têm as escamas cicloides ou as ctenoides. Nos condrictes as

escamas são placoides, também chamadas dentículos cutâneos.

7.2.4 OpérculoQuando você observa um peixe vivo, em um aquário, por exemplo, facilmen-

te percebe duas peças ósseas se movimentando, uma a cada lado da cabeça.

São os opérculos. Eles cobrem as brânquias e são acionados por músculos,

aumentando a efi ciência da circulação da água e da troca de gases nas brân-

quias. Os peixes cartilaginosos, entretanto, não possuem opérculos, exceção

feita às quimeras que são os únicos condrictes com opérculos.

Vamos trabalhar com palavras cruzadas?

1. P

2. E

3. S

4. C

5. A

6. D

7. O

1. Peças ósseas que cobrem as guelras da maioria dos peixes.

2. Peixes com escamas dérmicas e esqueleto predominantemente ósseo.

3. Especialização de machos de Chondrichthyes, responsável pela transfe-

rência de esperma para a fêmea.

4. Tipo de nadadeira caudal característica da maioria dos Osteichthyes.

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e-Tec BrasilAula 7 – Os peixes 95

5. Conjunto de receptores do peixe, que percebem a correnteza e a pressão

da água.

6. Escamas observadas em peixes como a pescada amarela, o robalo e a

perca.

7. Diz-se da nadadeira ímpar na parte superior do peixe.

Até o momento, tratamos de aspectos da morfologia externa dos peixes.

Agora, passaremos a analisar as funções e órgãos internos desses animais:

você verá, na sequência, informações sobre digestão, circulação do sangue,

excreção, respiração, sistema nervoso e reprodução.

7.3 DigestãoO sistema digestório, como você pode observar na Figura 7.4, é constituído

de boca, faringe, esôfago, estômago e intestino, além de glândulas anexas,

como o fígado e o pâncreas.

Figura 7.4: Esquema de peixe com destaque para os órgãos do sistema digestórioFonte: Barros e Paulino (2006, p. 207).

Os peixes podem ser divididos, basicamente, em três grandes categorias, de

acordo com o tipo de alimento consumido: herbívoros, onívoros e carnívoros.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 96

Os herbívoros ingerem os itens de origem vegetal, disponíveis no ambien-

te – a maioria se alimenta de poucas espécies de plantas e, frequentemente,

possuem estruturas de mastigação especializadas, obtendo o máximo valor

nutricional através da completa trituração do alimento. Ex.: piau, carpa capim.

Os onívoros se alimentam de itens de origem animal e vegetal – possuem

uma dieta mista e estruturas pouco especializadas. Frequentemente conso-

mem pequenos invertebrados, plantas e frutos. Ex.: lambari, piraputanga,

pacu, tambaqui, tambacu, tilápia.

Os carnívoros ingerem, sobretudo, itens de origem animal: invertebra-

dos de maior tamanho e outros peixes, podendo se especializar em algum

tipo em particular. Essas preferências podem mudar com a disponibilidade

sazonal dos alimentos. Ex.: robalo, salmão, tucunaré, dourado, pintado,

cachorra, piranha, traíra.

Os peixes podem ser, entre outras formas alimentares, carnívoros ou herbí-

voros. Quanto a essas duas formas de alimentação, como são os peixes mari-

nhos que vivem em grandes profundidades, nas chamadas regiões abissais?

Justifi que sua resposta.

7.4 CirculaçãoComo em todos os vertebrados, a circulação nos peixes é fechada. Na Figura

7.5, você também pode ver que essa circulação é simples, pois no circuito

completo o sangue passa uma única vez pelo coração. Depois de passar pelo

coração, o sangue “não oxigenado” (sangue venoso; em azul na fi gura) vai

por meio de uma artéria aorta ventral para as brânquias, onde recebe gás

oxigênio. Em seguida, o sangue “agora oxigenado” (sangue arterial; em

vermelho na fi gura), é distribuído pela aorta dorsal para todos os órgãos do

corpo do animal.

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e-Tec BrasilAula 7 – Os peixes 97

Figura 7.5: Circulação simples em peixeFonte: Linhares e Gewandsznajder (2004, p. 328).

O coração dos peixes tem duas dilatações principais – um átrio e um ven-

trículo (mais musculoso), como mostrado na parte inferior da Figura 7.5.

Acompanhe as setas e veja que o sangue venoso (pobre em oxigênio), vindo

de todas as partes do corpo, é levado pelas veias para o átrio. Em seguida, o

átrio passa o sangue para o ventrículo e este bombeia para fora do coração,

em direção às brânquias.

7.5 ExcreçãoOs peixes apresentam um par de rins localizados no tórax (chamados rins

mesonefros), responsáveis pela excreção. A urina é eliminada pelo poro uro-genital, que se abre na parte posterior do intestino, próxima ao ânus. Os

peixes de água doce produzem um grande volume de urina, quando com-

parados aos peixes marinhos, que perdem muita água para o meio externo

(mais rico em sais que o corpo), produzindo, portanto, uma urina bem con-

centrada e pouco volumosa.

Vale ressaltar que nos osteíctes você pode ver o poro urogenital e o ânus

como duas aberturas distintas. Enquanto isso, os condrictes você verá ape-

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 98

nas uma cloaca, que é uma bolsa para a qual convergem as porções termi-

nais dos sistemas excretor (urinário), reprodutor e digestório.

Questões de múltipla escolha.

1. O coração de condrictes e osteíctes tem:

a) um átrio e um ventrículo.

b) um átrio e dois ventrículos.

c) dois átrios e um ventrículo.

d) dois átrios e dois ventrículos.

2. Depois de passar pelo coração do peixe, o sangue “não oxigenado” vai

por meio de uma artéria aorta ventral para __________, onde recebe gás

oxigênio. Em seguida, agora oxigenado, é distribuído pela aorta dorsal

para todos os órgãos do corpo do animal.

Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna.

a) o fígado.

b) o cérebro.

c) as brânquias.

d) os rins.

3. A função de excreção relaciona-se à eliminação de resíduos tóxicos do

metabolismo do animal, mas também representa uma importante contri-

buição à regulação do equilíbrio hidrossalino. Neste aspecto, qual a única

afi rmativa correta sobre os peixes?

a) A urina é eliminada pela uretra.

b) Peixes de água doce produzem um volume de urina maior que o dos

peixes marinhos.

c) Os peixes possuem dois rins localizados no abdômen.

d) Os rins dos peixes são chamados metanefros.

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Na maioria dos osteíctes ocorre uma bolsa de gás chamada bexiga natatória (“grude”, no popular), que atua como órgão hidrostático, ajudando na fl utuação, permitindo que o animal mantenha o equilíbrio em diferentes profundidades sem muito esforço muscular. Em um pequeno grupo de osteíctes conhecidos como peixes dipnoicos, a membrana da bexiga natatória é vascularizada e permite a realização de trocas gasosas entre o ar e o sangue. Esses “peixes pulmonados” podem resistir a longos períodos de seca, quando permanecem entocados em buracos no fundo lamacento dos rios. É o caso do peixe australiano Neoceratodus e da piramboia (Lepidosiren), encontrada na América do Sul, inclusive no Brasil.

Partenogênesedesenvolvimento do gameta feminino, originando o fi lhote sem a participação do esperma-tozoide.

e-Tec BrasilAula 7 – Os peixes 99

7.6 Respiração A maioria dos peixes respira por brânquias (guelras). A água entra continu-

amente pela boca, banha as brânquias e sai pelas fendas existentes de cada

lado da cabeça. Por esse motivo aquelas peças chamadas opérculos (que

cobrem as guelras da maioria dos peixes) fi cam abrindo e fechando quando

o peixe respira.

7.7 Sistema nervosoO sistema nervoso, como em todos os vertebrados, é centralizado em en-

céfalo e medula. Os hemisférios cerebrais dos peixes são lisos (animais li-

sencéfalos) e pequenos. Os lobos olfativos e ópticos e o cerebelo são bem

desenvolvidos, o que permite bom olfato, boa visão e coordenação de mo-

vimentos rápidos.

7.8 ReproduçãoOs peixes têm uma extraordinária variedade de formas de reprodução,

desde a partenogênese como em Poecilia formosa, até os machos

parasitas permanentemente fi xos às fêmeas do peixe de profundidade

Edriolychnus schmidti.

Tal como nos vertebrados superiores, as primeiras células germinativas forma-

das inicialmente nos testículos e ovários são chamadas de “gônias”. Reserva-

-se a denominação de espermatogônias para as produzidas nos testículos e

de ovogônias ou oogônias para as produzidas nos ovários. No início de cada

período reprodutivo, uma fração das “gônias” passa por uma série de divi-

sões mitóticas, seguida de crescimento, quando se tornam espermatócitos e

ovócitos. Os espermatócitos e ovócitos entram em meiose e depois seguem

seu desenvolvimento até gametas maduros: os espermatozoides e óvulos.

Na etapa de crescimento, os ovócitos de osteíctes (mostrados na Figura 7.6)

adquirem grande quantidade de vitelo que servirá de alimento para o em-

brião e para os primeiros momentos de vida da larva.

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Pelágicosseres vivos que habitam as

águas oceânicas abertas, até a profundidade de 200 metros.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 100

Figura 7.6: Ovócitos de Hoplosternum litoralle (tamuatá), ricos em vitelo, observados ao microscópio

Fonte: Foto de Carlos Rocha (2008).

A fecundação pode ser interna (maioria dos condrictes) ou externa (maioria

dos osteíctes). Nos osteíctes a fecundação é geralmente precedida de curio-

sos rituais de corte nupcial. Uma vez estimuladas pela “dança nupcial”, as fê-

meas eliminam os óvulos e os machos lançam sobre eles os espermatozoides.

A fecundidade varia entre os 300 milhões de ovos por ano em Mola mola até

uma descendência reduzida como em alguns tubarões. Da mesma forma,

o desenvolvimento pode ser direto (condrictes) ou indireto (osteíctes). Nos

osteíctes há um estágio larval conhecido como alevino. Os cuidados paren-

tais podem estar ausentes, como em muitos peixes pelágicos, ou envolver

diversas formas de vigilância do ninho ou eclosão bucal.

Que tal palavras cruzadas?

1. P

2. E

3. I

4. X

5. E

6. S

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Você pode ler mais sobre a alimentação e digestão em peixes cultivados no Brasil, no artigo: ROTTA, Marco Aurélio. Aspectos Gerais da Fisiologia e Estrutura do Sistema Digestivo dos Peixes Relacionados à Piscicultura. Documentos, Corumbá, RS, n. 53, dez. 2003. Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/DOC53.pdf>. Acesso em: 28 out. 2010.

e-Tec BrasilAula 7 – Os peixes 101

1. Especialização na face interna das nadadeiras pélvicas de condrictes ma-

chos, para transferência de esperma à fêmea.

2. Tipo de nadadeira caudal da maioria dos condrictes, como os tubarões.

3. Escamas com semicírculos concêntricos em toda sua superfície, como na

carpa e no salmão.

4. Órgão hidrostático dos osteíctes, popularmente chamado de grude.

5. Órgãos protegidos pelos opérculos nos peixes ósseos.

6. Sentido bem desenvolvido nos peixes, graças aos lobos ópticos.

Resumo

Nesta aula, você viu as características gerais dos peixes: tanto os aspectos

que identifi cam o grupo, quanto o que se refere à morfologia externa e in-

terna, possibilitando a melhor exploração de sua diversidade. Você obteve

informações sobre várias características distintas entre peixes cartilaginosos

e peixes ósseos, e agora pode diferenciá-los não apenas pela constituição de

seus esqueletos. Quanto aos hábitos variados dos peixes, nesta aula, você

identifi cou aspectos da alimentação e reprodução, ambos importantíssimos,

principalmente quando observarmos espécies de interesse para a piscicultura.

Atividade de aprendizagem

Chegamos ao fi nal da nossa Aula 7. E então? Você já consegue explicar com

suas palavras as características gerais dos peixes?

1. Como você descreve uma nadadeira caudal do tipo heterocerca? Esse

tipo de nadadeira é característica de condrictes ou de osteíctes?

2. Qual a importância da linha lateral para os peixes?

3. Como distinguir um macho de uma fêmea de peixe cartilaginoso?

4. Descreva as escamas ctenoides (encontradas no robalo e na pescada amarela).

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 102

5. Como são classifi cados, respectivamente, o robalo, o tamuatá e a carpa

capim, de acordo com o tipo de alimento consumido?

6. Cite duas possíveis funções para a bexiga natatória (“grude”) dos teleósteos.

7. Cite duas características frequentes da reprodução de osteíctes, mas que

não sejam comuns na reprodução de condríctes.

8. Dos comportamentos observados nos diversos peixes, cite duas ativida-

des que podem ser consideradas como medidas de proteção aos fi lhotes.

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e-Tec BrasilAula 8 – Quais peixes você conhece? 103

Aula 8 – Quais peixes você conhece?

Objetivos

Conhecer um pouco da diversidade de peixes do Brasil.

Identifi car peixes de maior frequência na fauna brasileira e de im-

portância para a pesca, cultivo e consumo humano.

Na aula anterior, você acompanhou as características gerais dos peixes. Va-

mos começar mais uma aula sobre peixes, mas agora serão abordados as-

pectos da diversidade dentro desse grupo, um dos mais importantes na área

de sua atual formação técnica. O conteúdo desta aula será apresentado

em duas seções: a primeira sobre os condrictes e a segunda referente aos

osteíctes.

8.1 Diversidade dos condrictesA classe dos condrictes (Chondrichthyes, em latim) é formada pelos peixes

cartilaginosos e apresenta duas subclasses: Elasmobranchii e Holocephali. Os

elasmobrânquios são também chamados de seláquios e incluem os condric-

tes mais conhecidos: tubarões, cações e raias (ou arraias). A subclasse Holo-

cephali inclui uma pequena e única ordem – Chimaeriformes – que abriga as

espécies conhecidas como quimeras.

Os condrictes apresentam grande diversidade de formas, tamanhos e am-

bientes. O número de espécies conhecidas está acima de 800, com apenas

cerca de 30 espécies de água doce. São predadores ativos. Alimentam-se ge-

ralmente de peixes, embora lulas, polvos e crustáceos também façam parte

da dieta de algumas espécies menores. Uma exceção é o tubarão-baleia, o

maior peixe conhecido, que se alimenta de plâncton. Algumas interessantes

espécies de condrictes foram selecionadas e serão apresentadas a seguir.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 104

8.1.1 Prionace glauca (tubarão-azul)Os tubarões-azuis (“blue sharks”) pertencem à ordem Carcharhiniformes e

estão entre os mais comuns e bem distribuídos, sendo normalmente vistos

no alto-mar e, em certas ocasiões, em águas costeiras. Eles são famosos pela

sua capacidade migratória. Há registros de alguns exemplares que nadaram

milhares de quilômetros entre dois continentes em apenas alguns meses.

8.1.2 Carcharhinus leucas (tubarão cabeça chata)O tubarão cabeça chata é o mesmo tubarão touro ou simplesmente cabeça

chata, é o mais perigoso para o homem, muito numeroso e bem-sucedido. O

cabeça chata é um dos tubarões que mais ataca os seres humanos. Ele possui

duas características de hábitat particulares: se encontra com mais facilidade

em mares tropicais; possui uma glândula que evita perda de sal do corpo,

podendo nadar em águas doces, subindo cabeceiras de rios, o que seria fatal

à maioria de seus parentes. Pode ser encontrado perto de costas das praias,

mas pode viver por um tempo em rios e lagoas. Ele já foi encontrado 3 km

acima no rio Mississipi (nos EUA) e 4 km acima do rio Amazonas. Vive numa

profundidade de até 30 m. Encontrada no Brasil, principalmente em Recife,

essa espécie de tubarão, juntamente com o tubarão-tigre, é responsável por

diversos ataques na praia de Boa Viagem.

Figura 8.1: Espécime de Carcharhinus leucas, a espécie associada à maior parte dos acidentes na costa brasileira

Fonte: <http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3748&bd=1&pg=1&lg>. Acesso em: 28 out. 2010.

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e-Tec BrasilAula 8 – Quais peixes você conhece? 105

8.1.3 Manta birostris (arraia manta)A arraia manta é também conhecida como jamanta ou morcego do mar e

corresponde à maior espécie atual de arraia. Ocorre nas regiões tropicais de

todos os oceanos, perto de recifes de corais. A arraia jamanta alcança até

5 metros de comprimento por 8 metros de largura e 3 toneladas de peso,

chegando a viver no máximo 20 anos.

8.1.4 Potamotrygon motoro (arraia pintada)Os espécimes dessa arraia são solitários e apresentam o corpo em formato

discoide, cujas bordas são fl exíveis para facilitar a locomoção; os olhos es-

tão localizados na região dorsal. Apresentam variação de diversas cores e

tonalidades para facilitar a camufl agem, sendo manchas em tons de ocre e

amarelo na face dorsal, as quais podem variar de acordo com o ambiente. É

também conhecida como arraia de fogo. Embora sejam animais de natureza

dócil, quando se sentem ameaçadas acabam se tornando agressivas, usando

seu ferrão terminal como instinto de proteção.

Figura 8.2: Fêmea de Potamotrygon motoro, a arraia pintada. Peso: 510 g. Largura do disco: 28 cm

Fonte: <http://www.scielo.br/img/revistas/bn/v7n1/22f3.gif>. Acesso em: 28 out. 2010.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 106

Vamos trabalhar com palavras cruzadas?

1. T

2. U

3. B

4. A

5. R

6. Ã

7. O

1. Os órgãos que constituem o esqueleto dos condrictes.

2. Denominação popular dos peixes da subclasse Holocephali dos condrictes.

3. Maior e mais importante grupo de peixes dentro da classe Chondri-chthyes.

4. Denominação popular da maior espécie atual de arraia.

5. Tubarão______________e tubarão-tigre são responsáveis por diversos

ataques na praia de Boa Viagem, em Recife.

6. Enorme peixe cartilaginoso que se alimenta apenas de plâncton.

7. A função do ferrão das arraias.

8.2 Diversidade dos osteíctesOs osteíctes (peixes ósseos) apresentam grande diversidade de formas, ta-

manhos e ambientes, correspondendo a mais de 95% dos peixes e mais da

metade do número de vertebrados. O número de espécies conhecidas está

acima de 21.000. Alguns têm aspecto bastante peculiar, como o cavalo-

marinho e a enguia. O poraquê ou peixe-elétrico da Amazônia é capaz de

produzir descargas elétricas de até 500 volts, dependendo do seu tamanho.

Outros (sardinha, truta, bacalhau, atum, enchova, salmão, pargo, cioba,

bagres, tucunaré, pintado, pescada-amarela etc.) são fontes de alimento

para o ser humano. Alguns, entretanto, são predadores temidos, como a

piranha e a moreia.

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e-Tec BrasilAula 8 – Quais peixes você conhece? 107

A classe Osteichthyes apresenta duas subclasses: Sarcopterygii e Actinop-

terygii. Os sarcopterígios possuem nadadeiras carnosas (sarcos = carnoso;

pterígio = nadadeira), com suporte ósseo no centro da nadadeira. Atualmen-

te, o grupo é representado apenas por algumas espécies, que incluem os

peixes dipnoicos e o celacanto (Latimeria), este o único sobrevivente de uma

ordem que se supunha extinta, o crossopterígios. A subclasse Actinoperygii

(actinopterígios) inclui a maioria dos peixes, os quais possuem nadadeiras

raiadas (actino = raio), com um feixe de ossos fi nos, em forma de leque. En-

tre os actinoperígios destaca-se a infraclasse dos teleósteos. Nela encontra-

mos quase todos os peixes ósseos mais conhecidos. Todos os representantes

dos osteíctes que serão apresentados a seguir são teleósteos.

8.2.1 Colossoma macropomum (tambaqui)De hábito alimentar onívoro, nativo da Bacia Amazônica, Orinoco e seus rios

afl uentes, o C. macropomum, pertencente à família Characidae, constitui-

se num dos maiores peixes de valor econômico da região Amazônica. É o

segundo maior peixe de escamas e o maior Characiforme do rio Solimões/

Amazonas que, no ambiente natural, pode chegar a cerca de 1 metro de

comprimento total e mais de 30 kg. Por possuir carne bastante apreciada

pela população local e por apresentar certo declínio na captura em ambiente

natural, o tambaqui é a principal espécie cultivada na região Norte, desta-

cando-se na piscicultura de seis dos sete estados da região. Dependendo da

quantidade e do tipo de alimento usado no cultivo, seu ganho de peso varia

de 65 g/mês a 90 g/mês.

A piscicultura é uma atividade zootécnica em plena expansão e economica-

mente rentável, desde que se adotem técnicas de cultivo adequadas a cada

espécie. Atualmente, são cultivadas no Brasil 48 espécies de peixes de água

doce. Segundo Ostrenski et al. (2000), o tambaqui é a espécie cultivada em

maior número de estados brasileiros (25), seguido pelas tilápias (22 estados)

e carpa comum.

8.2.2 Cichla spp. (tucunarés)Os tucunarés são espécies sedentárias, ou seja, não realizam migrações.

Vivem preferencialmente em lagos e lagoas, entrando na mata inundada

durante as cheias. Alimentam-se de diversos peixes, camarões e insetos

aquáticos. A taxonomia do gênero Cichla tem sido avaliada apenas com

dados morfológicos. Mais de 15 formas diferentes têm sido sugeridas e,

pelo menos, cinco espécies válidas já são aceitas pelos taxonomistas atu-

ais: C. temensis, da Amazônia Ocidental (rios Orinoco, Negro e Tapajós); C.

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BagreTermo aplicado a grande

número de espécies da ordem Siluriformes na maior parte da América do Sul que

se caracteriza por possuir "barbilhões" (ou bigodes) em

suas mandíbulas.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 108

monoculus da Amazônia Central (rios Solimões e Amazonas); C. ocellaris, Amazônia Venezuelana; C. orinocensis, da bacia do rio Orinoco e rio Negro;

C. intermedia do alto rio Negro e médio Orinoco.

Figura 8.3: Espécime de Cichla ocellarisFonte: <http://213.180.95.58/artregister/artbild/c_ocellaris_michael_persson.jpg>. Acesso em: 28 out. 2010.

8.2.3 Brachyplatystoma rousseauxii (dourada)A dourada é um bagre migrador de interesse econômico para a Amazônia,

sendo geralmente consumida fresca. Sua distribuição vai desde a Bolívia,

passando pelo médio Amazonas (rios Negro e Madeira) até a parte doce da

foz amazônica. É uma espécie essencialmente fl uvial, mas pode também

ser pescada em estuários, até 20 metros de profundidade. Alimenta-se de

peixes e camarões nas várzeas à noite e volta para o canal do rio durante o

dia; é um predador voraz.

1. A maioria dos peixes dotados de esqueleto ósseo, denominados osteíc-

tes, está reunida atualmente na classe Actinopterygii (actinopterígios, em

português).

a) Qual a característica mais marcante dos actinopterígios, capaz de distin-

gui-los dos demais peixes?

b) Cite quatro exemplos de actinopterígios encontrados no estado do Brasil

em que você mora.

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e-Tec BrasilAula 8 – Quais peixes você conhece? 109

8.2.4 Lutjanus analis (cioba)Várias espécies do gênero Lutjanus são conhecidas como vermelhos ou cio-

bas. Inclusive o pargo eventualmente recebe essas denominações. O termo

cioba é mais apropriado e difundido para a espécie L. analis, a qual possui

o corpo com coloração verde oliva no dorso, que se torna gradualmente

vermelho em direção à barriga. Atinge 1 metro e pouco mais de 15 kg. Uma

mancha preta característica está presente nos fl ancos logo abaixo dos raios

moles da nadadeira dorsal.

Figura 8.4: Espécime de Lutjanus analisFonte: <http://www.barcodinglife.org/pics/MEFM/MEFM311-06+1144953556.jpg>. Acesso em: 28 out. 2010.

8.2.5 Netuma barba (bagre-branco, bagre marinho)Apresenta o corpo robusto, cabeça moderadamente deprimida, boca gran-

de e inferior, rodeada por 3 pares de barbilhões. A nadadeira dorsal e as pei-

torais possuem acúleos rígidos e serrilhados; a nadadeira adiposa é estreita.

O dorso é cinza azulado escuro, com as laterais prateadas; o ventre é branco,

com pigmentos escuros esparsos. É um dos maiores bagres do litoral brasilei-

ro, alcançando 50 cm de comprimento total médio, podendo atingir até 90

cm com 30 kg. Distribui-se das Guianas ao Rio da Prata, na Argentina. Vive

no fundo lodoso ou arenoso na zona litorânea. Tem ciclo de vida anádromo,

isto é, migra do mar para o estuário entre agosto e setembro, para desovar

em águas menos salinas, como da Lagoa dos Patos (RS), por exemplo, onde

os juvenis se desenvolvem, retornando ao mar quando adultos.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 110

Figura 8.5: Espécime de Netuma barbaFonte: Leal e Bemvenuti (2006).

Que tal palavras cruzadas?

1. O

2. S

3. T

4. E

5. Í

6. C

7. T

8. E

1. Peixe-elétrico da Amazônia capaz de produzir descargas elétricas de até

500 volts.

2. O gênero do peixe cultivado em maior número de estados brasileiros.

3. Maior e mais importante grupo de peixes dentro da classe Osteichthyes.

4. Tecido predominante no esqueleto dos osteíctes.

5. Osteíctes que possuem nadadeiras carnosas, como o celacanto.

6. Gênero que inclui as várias espécies de tucunaré.

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e-Tec BrasilAula 8 – Quais peixes você conhece? 111

7. Gênero de peixes conhecidos como “vermelhos”, como a cioba e o pargo.

8. Gênero de um grande bagre que migra do mar para o estuário, para de-

sovar em águas menos salinas, como da Lagoa dos Patos (RS).

Pesquisando na internet

Nesta atividade, você deverá escolher uma espécie de peixe, de preferência

bastante valorizada no seu estado ou região, sobre a qual deverá reunir in-

formações através de pesquisas feitas na internet.

Em seguida, procure realizar sua atividade utilizando o seguinte padrão de

tópicos:

1. Taxonomia

2. Morfologia

3. Distribuição

4. Importância e curiosidades

5. Endereços consultados

Logicamente, cada um desses tópicos deverá conter as informações que

você obteve sobre o animal que escolheu para a atividade.

Você deve ter percebido que a maioria das espécies de peixes que conhece-

mos tem sua importância na área de alimentação humana. Entretanto, há

outros produtos naturais fornecidos por peixes, como a cartilagem de tuba-

rões, já usada para auxiliar nos processos de osteoartrite, artrose e degene-

ração muscular. Atualmente, substâncias obtidas da cartilagem do tubarão

Squalus acanthias encontram-se em testes clínicos para o tratamento de

tumores. Outro exemplo interessante é a proteína do colágeno, uma espécie

de gelatina obtida da bexiga natatória ou “grude”.

Acompanhe, no trecho a seguir, algumas interessantes informações sobre

o aproveitamento da bexiga natatória de alguns peixes, chegando a atingir

importância comercial até maior que a de sua carne.

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Você pode conhecer mais sobre as características dos peixes mais frequentes no Mercado

Público do Rio do Grande (RS) lendo o artigo com a seguinte

referência:LEAL, Lizabeth Carolina

Nobre; BEMVENUTI, Marlise de Azevedo. Levantamento e

caracterização dos peixes mais freqüentes no mercado público

do Rio Grande. Cadernos de Ecologia Aquática, v. 1, n.

1, p. 45-61, jan./ jul. 2006. Disponível em: <http://

www.ceac.furg.br/revista/artigos/01_01_04_Lizabeth.

pdf>. Acesso em: 28 out. 2010.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 112

Em 2005, a região Norte produziu 135.596,5 toneladas de pescado. Detém

a maior produção da pesca extrativa continental do Brasil. Os estados do

Pará e Amazonas são os maiores produtores. A produção da pescada ama-

rela, com 21 mil toneladas, e a gurijuba, com oito mil toneladas, se presta a

uma gama tão vasta de aplicações que seus quilos de carne saborosa e de

bom valor econômico praticamente fi cam em segundo plano.

Elas são capturadas com os apetrechos artesanais: espinhel e rede de ema-

lhar, principalmente no município de Vigia de Nazaré, no Pará, e no Amapá,

o maior produtor dessas espécies. São peixes que formam cardumes nu-

merosos em alto-mar. Os pescadores comercializam também a bexiga na-

tatória, conhecida como “grude”, mais valiosa do que o próprio peixe. Ele

é industrializado para a obtenção de gelatinas de alta qualidade. É utilizado

na indústria de bebidas, principalmente de cerveja e vinho, como agente

clarifi cante, pois atua no sequestro das partículas em suspensão. Tem fi nali-

dade também na indústria como espessante, emulsifi cante, dispersante, ge-

lifi cante e adesivo base. Novas aplicações estão sendo investigadas, porém,

a mais importante delas talvez seja o uso desse órgão para a fabricação de

fi os cirúrgicos biodegradáveis, que evitam nova operação para a retirada dos

pontos, em muitas intervenções complexas.

Fonte: Corrente Contínua: a revista da Eletronorte, agosto/setembro, 2007. Disponível em: <http://www.eln.gov.br/open-cms/export/sites/eletronorte/modulos/correnteContinua/arquivosCC/CorrenteContxnua216.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2011.

Resumo

Nesta aula, você estudou detalhes sobre alguns condrictes e osteíctes, dos

quais a maioria se destaca principalmente como recurso alimentar, sendo

muito apreciados em várias regiões. Se bem que alguns, como o “tubarão

cabeça chata”, são mais temidos do que apreciados. Viu que as arraias ape-

nas usam seu ferrão para se defender. Viu também que algumas espécies

apresentadas são importantes na pesca de diferentes regiões, como a dou-

rada, o pargo, a cioba e o bagre Netuma. Além da importância alimentar,

alguns peixes podem fornecer outros produtos naturais, como a bexiga na-

tatória (popularmente “grude”), importante na extração de colágeno para

diversas indústrias.

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e-Tec BrasilAula 8 – Quais peixes você conhece? 113

Atividades de aprendizagem

1. Estabeleça duas diferenças entre os condrictes e osteíctes, com base na

morfologia externa.

2. Cite dois gêneros de condrictes da subclasse Elasmobranchii.

3. Cite dois exemplos de peixes da família Lutjanidae que se destacam na

pesca do litoral nordeste do Brasil.

4. Quais os principais peixes da piscicultura de água doce no Brasil?

5. Em relação à bexiga natatória dos osteíctes:

a) Qual sua principal importância (função) para o peixe?

b) Qual sua denominação popular?

c) A bexiga natatória de alguns bagres e da pescada amarela é utilizada

industrialmente. Cite um uso industrial desse órgão.

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e-Tec BrasilAula 9 – Os anfíbios 115

Aula 9 – Os anfíbios

Objetivos

Identifi car a morfologia externa geral dos anfíbios.

Conhecer a reprodução dos anfíbios.

Entender um pouco a diversidade de anfíbios do Brasil.

9.1 IntroduçãoVocê certamente conhece animais como sapos, rãs e pererecas, mesmo que

provavelmente nem saiba diferenciá-los perfeitamente. Pois esses três gru-

pos de vertebrados, mais as salamandras e cobras-cegas, constituem a classe

dos anfíbios, que veremos a partir de agora.

Anfíbios, do grego amphibios (de amphi, “de um e de outro lado” + bios, “vida”), foram os primeiros vertebrados a ocupar o ambiente terrestre, princi-

palmente graças à presença de pulmões e dois pares de pernas. Entretanto, ain-

da são muito dependentes da água, principalmente em relação à reprodução.

9.2 Morfologia externaEm função de sua maior importância em relação aos humanos, serão enfati-

zados os anfíbios anuros (sem cauda na fase adulta). Os termos rãs, sapos e

pererecas não são científi cos e cada um deles pode ser aplicado a diferentes

espécies de anuros. As principais diferenças visíveis entre esses anfíbios são

apresentadas no Quadro 1.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 116

Quadro 9.1: Principais diferenças entre rãs, sapos e pererecas.

RÃS SAPOS PERERECAS

Tamanho Pequeno a grande Médio Pequeno

Cor Verde a marrom Marrom Diversas

Corpo Esguio e liso Troncudo e rugoso Frágil

Veneno Sem Com glândulas Geralmente sem

Patas Longas e musculosas Pequenas Longas com ventosas

Desova Espalhada Em cordão Em espuma

Gênero (exemplo) Rana Bufo Hyla

A pele dos anfíbios tem uma fi na camada de queratina e não possui esca-

mas, exceto na cobra-cega. Numerosas glândulas mucosas mantêm a pele

úmida, o que é importante para a difusão dos gases respiratórios.

Você já prestou atenção nas glândulas citadas no quadro? São as chamadas

glândulas paratoides, que fi cam atrás dos olhos dos sapos. Nelas, realmente

há uma substância venenosa, porém, o bicho não tem capacidade de lançá-

la em ninguém. O que pode acontecer é outro animal, mais comumente um

cachorro desavisado, morder o sapo nesse local. Quando acontece isso, a

glândula é espremida e o líquido sai – um mecanismo de defesa do anfíbio.

Rãs aquáticas possuem membranas interdigitais nas patas traseiras, lem-

brando os pés de pato. As pererecas vivem próximas aos lagos, e possuem

em suas patas pequenas ventosas, utilizadas para subir em pedras altas,

árvores etc.

1. Um anfíbio sem cauda, de coloração amarela, sem glândulas de veneno

e dotado de longas pernas, deve ser:

( ) um sapo

( ) uma rã

( ) uma perereca

( ) uma salamandra

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e-Tec BrasilAula 9 – Os anfíbios 117

2. Os sapos têm sido considerados popularmente animais perigosos por seu

veneno, por sua urina e por “trazerem azar”. São inofensivos, entretan-

to, apresentam um par de glândulas de veneno que só é liberado quando

essas glândulas são comprimidas.

a) Como são chamadas essas glândulas?

b) Qual a função ou funções da secreção dessas glândulas?

9.3 ReproduçãoOs anfíbios são dioicos. O óvulo é liberado no ambiente aquático e envolto

por uma camada gelatinosa. A partir dele, após a fecundação, eclode o gi-rino, que permanece na água, onde sofre a metamorfose e origina a forma

adulta, que em muitas espécies vive em ambiente terrestre. O desenvolvi-

mento é, portanto, indireto, com poucas exceções.

A fecundação é geralmente externa, com cópula. Os sapos e rãs machos

atraem as fêmeas com o coaxar e se acasalam à beira da água. O macho

agarra-se às costas da fêmea, prendendo-a com as patas anteriores. Esse

abraço sexual é chamado amplexo. À medida que a fêmea libera os óvulos,

eles são fecundados pelos espermatozoides liberados pelo macho. Do ovo

forma-se o girino, uma larva com cauda, sem pernas e de respiração bran-

quial, que evolui para o estado adulto através de metamorfose, ocorrendo

a regressão da cauda e das brânquias, o desenvolvimento das pernas e dos

pulmões, o encurtamento do intestino, o alargamento da boca e o apareci-

mento da língua e das pálpebras. Essas transformações são controladas prin-

cipalmente pela tiroxina, hormônio produzido pela tireoide e que contém

iodo na sua constituição.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 118

Figura 9.1: Rãs por ocasião do amplexoFonte: <http://media-2.web.britannica.com/eb-media/57/42157-004-2706C93D.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2011.

Questões de múltipla escolha.

1. As palavras que completam corretamente as seguintes frases são respec-

tivamente:

A larva do sapo denomina-se _______.

As mudanças de forma durante a transformação da larva em adulto chama-

se _______.

Os sapos são anfíbios da ordem _______.

a) Girino, metamorfose, Anura.

b) Girino, metamorfose, Urodela.

c) Girino, metamorfose, Gymnophiona.

d) Miracídio, desenvolvimento hemimetábolo, Anura.

e) Lagarta, desenvolvimento hemimetábolo, Urodela.

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e-Tec BrasilAula 9 – Os anfíbios 119

2. Veja que a fi gura representa a metamorfose de um girino; essas transfor-

mações sofridas pelos anfíbios dependem de um importante elemento

químico, o iodo.

Então, pode-se afi rmar que a ausência total desse elemento químico:

a) prejudicará ou retardará a metamorfose, dada a sua importância para as

glândulas paratireoides, cuja função é controlar o metabolismo de cálcio

e iodo.

b) não trará prejuízo para o desenvolvimento, pois a glândula hipófi se con-

tinuará produzindo o hormônio tireotrofi na que através de um mecanis-

mo de compensação suprirá a falta de iodo.

c) prejudicará o desenvolvimento desse girino por defi ciência do hormônio

de crescimento. Logo, a metamorfose ocorrerá lentamente e o anfíbio

adulto terá tamanho reduzido.

d) prejudicará a formação do hormônio tiroxina, cuja função é promover o

crescimento e a metamorfose completa do girino.

9.4 DiversidadeDe maneira simplifi cada, podemos falar em anfíbios ápodes (sem pernas), an-

fíbios com cauda e anfíbios sem cauda. A classe apresenta três ordens: Ápoda

(cecílias ou cobras-cegas); Urodela (salamandras); Anura (rãs, sapos e pererecas).

Os chamados anfíbios saltadores (rãs, sapos e pererecas) constituem a ordem

Salientia ou Anura (sem cauda). Trata-se da maior ordem de anfíbios, com

33 famílias e quase cinco mil espécies. Entre as numerosas famílias dessa

ordem, merecem nosso destaque Ranidae, Leptodactylidae e Bufonidae. A

seguir, você encontrará um resumo das características de duas interessantes

espécies que foram selecionadas.

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RaniculturaCultivo de rãs em cativeiro

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 120

9.4.1 Rana catesbeiana (rã-touro)A rã-touro é o maior anfíbio anuro encontrado na América do Norte, poden-

do pesar até 0,5 kg e medir até 20 centímetros de comprimento, embora

o comprimento típico varie de 9 a 15 centímetros. A cor varia de marrom

a tons de verde, muitas vezes com manchas de uma cor mais escura sobre

a parte traseira. As patas traseiras são totalmente aladas (com membrana

interdigital).

O sexo de uma rã-touro adulta pode ser facilmente determinado através da

análise do tamanho do tímpano em relação ao do olho. O tímpano é um

círculo localizado no lado da cabeça próximo ao olho, e no sexo masculino

é muito maior do que o olho. Nas fêmeas, o tímpano é do mesmo tamanho

ou menor do que o olho. Além disso, durante a época de reprodução, a gar-

ganta da rã macho fi ca amarela, enquanto a da fêmea fi ca branca.

Figura 9.2: Espécime macho de Rana catesbeiana Fonte: <http://www.fs.fed.us/r8/el_yunque/wildlife-facts/2003/wildlife-facts_images_2003/rana_catesbeiana.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2011.

Rana catesbeiana é uma espécie exótica, pois é originária da América do

Norte (nordeste dos EUA e sudeste do Canadá), onde vive em temperaturas

muito baixas durante vários meses do ano. Ao ser introduzida no Brasil, para

a ranicultura, adaptou-se perfeitamente às condições climáticas, o que fa-

voreceu seu desenvolvimento em relação à reprodução e engorda.

Atenção

A rã-touro (bullfrog) é assim chamada porque o macho, na época da repro-

dução, emite um som potente como vocalização, o coaxar, muito parecido

com o mugido de boi. Por outro lado, essa espécie recentemente passou a

ser identifi cada cientifi camente como Lithobates catesbeianus.

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e-Tec BrasilAula 9 – Os anfíbios 121

9.4.2 Leptodactylus labyrinthicus (rã-pimenta)Uma rã de grande porte, conhecida como rã-pimenta, generalista quanto à

utilização de habitat, adapta-se facilmente aos ambientes antropizados, sen-

do o seu status de conservação defi nido como de menor preocupação pela

União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN – International Union for Conservation of Nature). Ocorre nos cerrados e caatingas do Bra-

sil central e sudeste, costa da Venezuela, leste do Paraguai, Bolívia e norte

da Argentina. Sua pele e carne apresentam potencial econômico. Syphaxin,

laticeptin e ocellatins são peptídeos antimicrobianos extraídos de diferentes

espécies do gênero Leptodactylus.

Figura 9.3: Espécime de Leptodactylus labyrinthicusFonte: <http://www.geocities.com/geckoides/pics/Leptodactylus_labyrinthycus.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2011.

Que tal palavras cruzadas?

1. A

2. N

3. F

4. Í

5. B

6. I

7. O

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 122

1. O abraço sexual, na cópula das rãs.

2. Denominação da larva dos anfíbios anuros.

3. Reorganização anatômica e fi siológica que ocorre nos anfíbios na passa-

gem da fase de larva para adulto.

4. Câmara cardíaca dos anfíbios em que se verifi ca mistura de sangue arte-

rial e venoso.

5. Tipo de respiração característico das larvas de anfíbios.

6. Hormônio principal responsável pelas alterações durante a metamorfose

de anfíbios.

7. Denominação técnica para o som produzido por animais, que popular-

mente chamamos de canto.

Apesar de muita gente ainda ter um pouco de aversão ao animal, as rãs têm

uma das carnes mais saborosas que existem. Além da carne, muita coisa se

aproveita da rã. Sua pele, depois de curtida, pode ser utilizada em peças de

vestuário, como cintos e bolsas e na cicatrização de queimaduras.

Resumo

Nesta aula, você observou que os anfíbios são vertebrados geralmente com

uma fase jovem aquática e uma fase adulta terrestre. Notou que mesmo sen-

do o primeiro grupo de vertebrados a enfrentar a vida fora da água, desta

ainda depende muito, particularmente para a reprodução e respiração. Viu

ainda que a metamorfose sofrida pela maioria desses animais durante o seu

desenvolvimento implica em mudanças signifi cativas em órgãos externos e

em alguns sistemas internos, para permitir boa adaptação ao novo modo de

vida assumido. Constatou também que os anfíbios se notabilizam por sua

importância como recurso natural, ligados à alimentação ou à obtenção de

produtos como cintos e bolsas, bem como na extração de drogas de interes-

se medicamentoso.

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e-Tec BrasilAula 9 – Os anfíbios 123

Atividades de aprendizagem

1. Cite uma característica dos anfíbios que justifi que por que a maioria des-

ses animais tem vida restrita a ambientes úmidos.

2. As glândulas paratoides ocorrem em sapos ou em rãs? E qual sua impor-

tância?

3. Cite duas alterações que você considera marcantes durante a metamor-

fose de um girino para a fase adulta.

4. Qual a principal espécie utilizada na ranicultura brasileira?

5. Além da carne, que outros produtos podem ser obtidos das rãs?

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e-Tec BrasilAula 10 – Os répteis 125

Aula 10 – Os répteis

Objetivos

Identifi car a morfologia externa geral dos répteis.

Entender o processo reprodutivo dos répteis.

Conhecer um pouco da diversidade de répteis do Brasil.

10.1 IntroduçãoO nome desse grupo de animais refere-se ao seu modo característico de

deslocamento (do Latim, reptum = rastejar). Inclui quatro ordens: os cro-codilianos (crocodilos e jacarés), os escamosos (serpentes e lagartos), os

quelônios (tartarugas, cágados e jabutis) e os rincocéfalos (tuataras da

Nova Zelândia).

A tartaruga é uma espécie de réptil que vive na água doce ou marinha sain-

do somente quando necessário, os cágados são espécies semiaquáticas e os

jabutis são espécies terrestres. A desova desses animais é terrestre. O termo

tartaruga também pode ser usado para todos os animais pertencentes ao

grupo dos quelônios.

10.2 Morfologia externaQuando você olha para um réptil, facilmente percebe que a pele é espessa,

sem glândulas. Dizemos que a pele dos répteis é bastante queratinizada,

ou seja, contém grande quantidade de queratina. Nas cobras e lagartos, há

escamas córneas; nos crocodilos e jacarés, há placas córneas; nas tartarugas,

essas placas se unem a placas ósseas, formando uma carapaça protetora. Em

muitos casos (cobras e alguns lagartos), ocorrem mudas, com eliminação das

camadas mais superfi ciais da epiderme.

No sistema ósseo das tartarugas, existem duas partes: o endoesqueleto,

composto pelos ossos internos, como em qualquer vertebrado, e o exoes-

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 126

queleto, composto pela carapaça (dorsal) e o plastrão (ventral). Por causa do

plastrão, as pernas são projetadas para os lados e não para baixo.

10.3 ReproduçãoAlguns aspectos da reprodução foram fundamentais para o sucesso dos rép-

teis na conquista do ambiente terrestre. A fecundação é interna, havendo

nos machos da maioria das espécies um órgão (pênis) para lançar gametas

no interior da fêmea.

O desenvolvimento do embrião ocorre em um ovo com casca, que fornece

proteção mecânica e suporte. Além do saco vitelino, que contém alimento

para o desenvolvimento do embrião, os répteis possuem três outros anexos

embrionários: o âmnio, o alantoide e o córion. O âmnio, também chamado

de bolsa de água, protege o embrião contra a desidratação (ele está presen-

te também nas aves e nos mamíferos; por isso esses animais são chamados

amniotas). O ovo dos répteis (também o das aves) é chamado ovo amniótico.

O alantoide acumula as excretas do embrião e participa das trocas de gases

respiratórios entre o ovo e o meio externo. O córion fornece uma proteção

adicional e colabora com a alantoide na respiração.

Questões de múltipla escolha

1. Na história da conquista do ambiente terrestre pelos vertebrados,

os répteis apresentam soluções defi nitivas para alguns “problemas”

que ainda mantinham os anfíbios dependentes do ambiente aquáti-

co. Dentre as soluções dos répteis, podemos citar: a pele queratiniza-

da, o pulmão com maior superfície de trocas gasosas e a eliminação

de catabólitos nitrogenados de baixa toxicidade e de baixa solubilidade.

Em relação à reprodução, assinale a alternativa que apresenta duas con-

quistas evolutivas que conferiram aos répteis a independência do am-

biente aquático.

a) fecundação externa, desenvolvimento indireto

b) fecundação interna, ovo com âmnio e com casca

c) fecundação externa, ovo com alantoide

d) fecundação interna, desenvolvimento indireto

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e-Tec BrasilAula 10 – Os répteis 127

2. Assinale a afi rmação correta em relação aos répteis.

a) São os primeiros animais amniotas na escala animal.

b) Algumas ordens apresentam fecundação externa.

c) São animais agressivos, mas só entre os ofídios encontramos indivíduos

peçonhentos.

d) Não fazem parte do ecossistema marinho.

10.4 Diversidade dos répteisPor conta do maior interesse em nosso curso, dedicaremos especial atenção

aos quelônios e jacarés. 

10.4.1 Podocnemis expansa (tartaruga-da-Amazônia)

Habita rios e lagos no Norte da América do Sul, nas bacias dos rios Amazo-

nas e Orinoco. Desova entre 40 e 160 ovos por postura, que eclodem após

45 a 80 dias de incubação. É o maior quelônio da América do Sul. Atinge

facilmente 50 kg, mas algumas chegam a até 75 kg e um casco de 90 cm de

comprimento. Por isso, foram muito caçadas, e ainda são por povos ribeiri-

nhos, pela sua carne e pelos seus ovos.

Hoje, busca-se equilibrar o quanto se pode caçar desse animal com a re-

posição de indivíduos pela reprodução, e a apanha de ovos foi proibida.

Inclusive, alguns projetos estabelecem formas de criação em cativeiro para

aumentar o número de tartarugas-da-Amazônia. Apesar de serem muito

prolífi cas, botando por volta de 120 ovos em covas cavadas à beira dos rios,

e de milhares de tartarugas colocarem seus ovos juntas no período de postu-

ra, são poucas as que conseguem atingir a idade adulta, pois muitos animais

se alimentam das jovens tartaruguinhas-da-Amazônia.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 128

Figura 10.1: Espécime de Podocnemis expansa Fonte: <http://www.ethnobiomed.com/content/fi gures/1746-4269-4-3-1-l.jpg>. Acesso em: 21 jun. 2011.

Chamamos de quelonicultura o cultivo de tartarugas em cativeiro. A Porta-

ria 142/92 de 30 de dezembro de 1992 normatiza a criação de Podocnemis expansa (tartaruga-da-Amazônia) e Podocnemis unifi lis (tracajá) em cativei-

ro, na Amazônia.

10.4.2 Podocnemis unifi lis (tracajá)O tracajá é uma espécie comum na Amazônia, possuindo ampla distribuição

geográfi ca, ocorrendo em rios e fl orestas inundados das regiões Norte e

Centro-Oeste do Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela e Guia-

nas. Seu habitat natural é formado por rios que possuem águas escuras com

correntes fracas. Espécie de porte médio, atingindo em torno de oito quilos

e até 68 cm de comprimento de carapaça.

Apresenta casco levemente convexo com manchas amareladas bem eviden-

tes na parte dorsal da cabeça e nas bordas das placas marginais da carapaça,

melhor observadas em fi lhotes, que desaparecem em fêmeas adultas. Pode

viver até 90 anos e sua maturidade sexual ainda não está defi nida, supõe-se

que ocorra com sete anos de idade, aproximadamente.

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e-Tec BrasilAula 10 – Os répteis 129

Figura 10.2: Espécime de Podocnemis unifi lisFonte: <http://www.tartarugas.avph.com.br/jpg/podocnemis%20unifi lis5.jpg>. Acesso em: 21 jun. 2011.

10.4.3 Caiman latirostris (jacaré-de-papo-amarelo)

Além das tartarugas, como as espécies aqui apresentadas, também merecem

destaque os jacarés, cujo cultivo já começa a ser realizado no Brasil. Do ponto

de vista nutricional, a carne do jacaré é rica em proteínas, possui baixo teor

calórico, baixa taxa de gordura, não contém gordura trans e nem carboidra-

tos. Na dieta dos animais em cativeiro não são utilizados aditivos químicos e

nenhum tipo de medicação, tornando o alimento totalmente natural.

O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) alimenta-se de peixes e outros

vertebrados aquáticos, e de invertebrados, como caranguejos, caramujos e

insetos. Pode chegar a 3 metros. Nidifi ca construindo um ninho com folhas

e fragmentos de plantas, nas bordas de capões de cerradão e mata, ou sobre

tapetes de vegetação fl utuantes. Desova de 20 a 30 ovos em uma câmara no

interior do ninho. Os jacarés são ecologicamente importantes porque fazem

o controle biológico de outras espécies animais ao se alimentarem daqueles

indivíduos mais fracos, velhos e doentes, que não conseguem escapar de

seu ataque. Suas fezes servem de alimento a peixes e a outros seres vivos

aquáticos. Essa espécie está classifi cada na categoria ameaçada de extinção.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 130

Figura 10.3: Espécime de Caiman latirostris.Fonte: <http://www.bouzada.d2g.com/galeria/292.jpg>. Acesso em: 20 abr. 2011.

Você sabe como diferenciar um crocodilo de um jacaré? Na prática, é preciso

olhar de perto, de modo que muita gente prefere fi car sem saber. Os jaca-

rés têm focinho largo e arredondado, enquanto os crocodilos têm a cabeça

mais afi lada. A diferença mais visível, porém, está nos dentes. No crocodilo,

o quarto dente de cada lado da mandíbula inferior se encaixa num chanfro

da mandíbula superior, permanecendo visível mesmo de boca fechada. Já no

jacaré (Figura 10.3), o mesmo dente se esconde num buraco da mandíbula

superior, sumindo de vista ao fechar a boca.

Vamos trabalhar com palavras cruzadas?

1. R

2. É

3. P

4. T

5. I

6. L

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e-Tec BrasilAula 10 – Os répteis 131

1. Nome popular da espécie Podocnemis unifi lis.

2. Grupo de répteis restrito da Nova Zelândia.

3. Gênero que inclui a tartaruga-da-Amazônia e o tracajá.

4. Parte ventral do exoesqueleto dos quelônios.

5. Ordem de répteis que inclui os jacarés.

6. Denominação dada ao cultivo de tartarugas em cativeiro.

Resumo

Nesta aula, você observou que os répteis são vertebrados melhor adaptados

que os anfíbios à vida terrestre. Seu ovo com casca e âmnio em muito con-

tribuiu para essa conquista. Percebeu ainda que os quelônios e jacarés são

os répteis de maior interesse para o nosso curso. Constatou também que a

tartaruga-da-Amazônia e o tracajá já têm o seu cultivo (quelonicultura) nor-

matizado pelo IBAMA.

Atividades de aprendizagem

1. Cite uma característica que garante melhor adaptação dos répteis ao

ambiente terrestre, quando comparados com os anfíbios.

2. Por que Podocnemis expansa tornou-se espécie ameaçada de extinção?

3. Como é chamado o cultivo de tartarugas em cativeiro?

4. Estabeleça diferenças entre crocodilo e jacaré.

5. Identifi que as principais interações ecológicas estabelecidas pelo jacaré-

de-papo-amarelo com outras espécies em seu ambiente natural.

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e-Tec BrasilAula 11 – Conhecendo artes de pesca 133

Aula 11 – Conhecendo artes de pesca

Objetivos

Conceituar artes de pesca.

Conhecer as artes mais utilizadas na pesca brasileira.

11.1 IntroduçãoA expressão artes de pesca é utilizada na Engenharia de Pesca, nas ciências

e na legislação pesqueira para designar os instrumentos ou aparelhos usa-

dos para pescar, também chamados apetrechos de pesca. A seguir, você vai

encontrar informações sobre tarrafa, espinhel, redes de emalhar, mazuás e

matapis, dentre outros apetrechos.

11.2 Principais artes de pescaOs diversos tipos de artes de pesca foram desenvolvidos para capturar es-

pécies aquáticas com diferentes comportamentos: as redes de emalhar, por

exemplo, são mais apropriadas para capturar peixes que vivem em cardu-

mes; linha e anzol são mais empregados na captura de peixes predadores.

11.2.1 TarrafaConsiste em uma rede de forma cônica, com pesos de chumbo nas bordas e

uma corda no centro do saco para retirá-la da água (Figura 1). Geralmente é

de malha fi na e lançada a partir de uma embarcação pequena ou das mar-

gens de um corpo d’água. É usada na pesca de peixes pequenos e camarões

que ocorrem junto à superfície ou a pouca profundidade (Espírito Santo &

Isaac, 2005).

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Tapagemarmadilha confeccionada de

madeiras regionais, em forma de esteiras ou cercas, ou

construída de linhas, tipo rede, colocadas de forma a impedir

a circulação ou migração biológica de cardumes.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 134

Figura 11.1: TarrafaFonte: <http://www.fi pesca.com.br/img/fotos/47.jpg>. Acesso em: 4 jul. 2011.

11.2.2 Redes

São apetrechos retangulares, de malha e comprimentos variados. Podem ser

empregadas de várias maneiras, recebendo nomes diferentes para cada uso.

Observe os exemplos no quadro a seguir.

Quadro 11.1: Apetrechos de pesca utilizados na pesca do tamoatá na região de Santa Cruz do Arari, Ilha de Marajó, Pará.

Rede de cerco Rede de fi o

Arrasto de lanço – pescaria realizada com uma única rede.

Arrasto de encontro – pesca realizada com duas redes, podendo ser denominada de ‘cacuri’.

Arrasto de encontro no lago.

Arrasto de encontro no rio.

Rede de emalhar Rede de fi bra

Arrasto – método de pesca ativo.

Espera – método de pesca passivo.

Sozinha – rede de 100 a 200 m.

Em bateria – redes de 1.500 m, com ma-lhas de 25 a 40 mm entre nós adjacentes.

Fonte: Modifi cado de Albuquerque e Barthem (2008).

O termo cacuri também é aplicado a um instrumento de tapagem feito de

lianas atadas com cordões de fi bras naturais que se coloca nas margens dos

rios e canais.

11.2.3 Puçá de arrasto

Você já viu um apetrecho de pesca que é arrastado por dois pescadores em

áreas de pouca profundidade? É o puçá de arrasto, uma rede em forma de

saco, com as laterais presas a hastes (estacas) de sustentação.

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Fuzarca ou puçá de estaca é parecido com o puçá de arrasto, porém, é fi xo e de maiores dimensões. O curral e a fuzarca, como armadilhas fi xas, são semelhantes, construídas na maioria das vezes com madeira retirada do mangue, facilitando a entrada e obstruindo a saída dos peixes. Diferenciam-se quanto ao interior, já que no curral os peixes fi cam armazenados numa área denominada chiqueiro, enquanto na fuzarca eles são levados a uma rede cônica. A seletividade, nesse caso, depende do tamanho da malha. Normalmente, há uma diversidade de espécies capturadas.

e-Tec BrasilAula 11 – Conhecendo artes de pesca 135

Trata-se de uma rede móvel, confeccionada com linha de algodão ou náilon

seda, semelhante a um cone, pois se estreita da boca para a extremidade

terminal e serve principalmente para capturar peixes pequenos e camarões.

11.2.4 Curral

Chamamos de curral uma arte fi xa de grandes dimensões, como um cercado

construído por estacas de madeira fi xas (“espia”) e dispostas de maneira a

permitir que os peixes nadem para o interior da armadilha, através de um cor-

redor, e não encontrem mais a saída. O local onde os peixes fi cam presos cha-

ma-se depósito ou “chiqueiro” e o corredor até lá é conhecido como “sala”.

Através de currais capturam-se peixes de hábitos costeiros e, ocasionalmente,

também camarões e outros crustáceos (ESPÍRITO SANTO; ISAAC, 2005).

Figura 11.2: Curral de beira no formato “centro” no município de São Caetano de Odivelas/Pará

Fonte: Brabo (2007).

1. Assinale a alternativa que apresenta um apetrecho adequado para a cap-

tura de cardumes.

a) rede de emalhar

b) manzuá

c) linha e anzol

d) puçá de arrasto

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 136

2. O puçá de arrasto, mostrado na fi gura a seguir, é um apetrecho melhor

apropriado para explorar qual dos recursos relacionados?

a) cardumes de tainhas

b) camarão-rosa em alto-mar

c) pequenos peixes de regiões pouco profundas

d) grandes peixes migradores

3. Os métodos de captura estão associados tanto ao hábito quanto ao hábi-

tat de cada espécie. Dessa forma, na pesca de peixes pequenos e cama-

rões em áreas de pouca profundidade, são utilizados:

a) rede de espera e fuzarca

b) espinhel e puçá de arrasto

c) manzuá e curral

d) puçá de arrasto e tarrafa

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e-Tec BrasilAula 11 – Conhecendo artes de pesca 137

11.2.5 EspinhelA pescaria com espinhel é realizada pelas frotas espinheleiras nacionais e

arrendadas baseadas nos portos das regiões Sul e Sudeste (Rio Grande – RS,

Itajaí – SC e Santos – SP) e Nordeste (Recife – PE, Cabedelo – PB e Natal –

RN). Essa atividade iniciou-se no Brasil em 1958, introduzida por japoneses.

Hoje, porém, o modelo japonês de espinhel vem sendo substituído pelo mo-

delo norte-americano. O espinhel é um apetrecho formado por um extenso

fi o ou corda (linha mãe), no qual se prendem, de espaço em espaço, linhas

armadas de anzóis. A distância entre os anzóis pode ser variada, mas geral-

mente fi ca entre 1,5 e 3 metros.

Figura 11.3: EspinhelFonte: <http://www.geocites.com/j.aldeia/barcos/espinhel.gif>. Acesso em: 4 jul. 2011.

Uma variação de espinhel é a linha pargueira. Esse espinhel é um apetre-

cho vertical com 200 metros de comprimento de linha principal, linhas par-

gueiras com 9 a 10 metros com ramos de 0,5 metro de comprimento com

chumbada e 10 a 15 anzóis de número 3 a 6. Inicialmente, era totalmente

operada de forma manual. Mais recentemente, tem sido operada com auxí-

lio da “bicicleta”, roldana manual fi xada à borda da embarcação (FONTELES

FILHO, 1972), que você pode ver na Figura 11.4.

A pargueira é um artefato direcionado principalmente a cardumes e o seu

posicionamento na coluna d’água depende da localização das espécies-alvo.

Entre os alvos de valor comercial estão espécies como: xarelete (Caranx cry-sos), enxova (Pomatamus saltator), barracuda (Sphyraena barracuda), robalo

(Centropomus sp.), corvina (Micropogonias furnieri), pargo (Lutjanus purpu-reus) e cioba (Lutjanus analis).

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Existe outro tipo de manzuá, feito de palha para a pesca da

lagosta. Do mesmo modo, o animal entra e não consegue

sair. É também chamado covo e a malha deve ser quadrada e ter no mínimo 5 cm de espaço

entre nós consecutivos.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 138

Figura 11.4: Pesca com uso da linha pargueira com bicicleta a bordoFonte: Modifi cado de Souza (2002).

11.2.6 ManzuáÉ uma armadilha para peixes feita de varas fi nas de madeira de mangue.

O modelo mais comum tem aspecto semicilíndrico, com duas entradas. Os

peixes que entram não conseguem sair. Para atrair os peixes para o manzuá

são colocadas iscas, como peixes ou frutas.

Figura 11.5: ManzuásFonte: Espírito Santo e Isaac (2005).

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e-Tec BrasilAula 11 – Conhecendo artes de pesca 139

11.2.7 MatapiNa pesca artesanal de camarões, uma das artes de pesca utilizadas é o ma-

tapi. Trata-se de uma armadilha cilíndrica para pegar camarão, que muito se

assemelha ao manzuá, sendo feito de talas de bambu ou fi bras de palmeiras,

as quais são amarradas em corda e colocadas nas beiras de rios e igarapés.

Tal como no manzuá, nos dois lados do matapi existem uma espécie de funil

por onde o camarão entra e depois não consegue sair facilmente, fi cando

preso no interior da armadilha.

11.2.8 Linha de mãoA linha de mão é o método de captura que consiste simplesmente em uma

linha com um ou mais anzóis iscados na ponta, operada manualmente. Cap-

tura peixes predadores de tamanhos diversos. Sua seletividade depende do

tamanho das partes componentes do anzol; distância entre anzóis numa

linha; tipo, tamanho e poder de atração da isca; tempo de permanência da

isca no anzol.

Que tal palavras cruzadas?

1. P

2. E

3. S

4. C

5. A

6. R

7. I

8. A

1. Apetrecho utilizado para a pesca do camarão feito de talas de algum tipo

de palmeira, as quais são amarradas em corda e colocadas nas beiras de

rios e igarapés.

2. Roldana manual fi xada à borda da embarcação para lançar e recolher o

espinhel.

3. Método passivo de pesca, com a utilização de rede de emalhar.

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Para uma leitura complementar sobre a seletividade de duas

modalidades de matapi, acesse a referência a seguir.

CAMARGO, Maurício et al. Matapi pet: uma nova proposta

para a exploração sustentável do camarão amazônico

Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862). Uakari, v. 5, n. 1, p. 91-96, jun. 2009. Disponível

em: <http://uakari.org.br/index.php/UAKARI/article/view/58/70>. Acesso em: 8

dez. 2009.

Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 140

4. Instrumento de tapagem feito de lianas atadas com cordões de fi bras

naturais que se coloca nas margens dos rios e canais.

5. Apetrecho fi xo de grandes dimensões, como um cercado construído por

estacas de madeira fi xas, dispostas de maneira a permitir que os peixes

nadem para o interior da armadilha através de um corredor e não encon-

trem mais a saída.

6. Linha e anzol são mais empregados na captura desses peixes.

7. Apetrecho constituído por uma linha mãe que fi ca horizontal e desta

partem várias outra linhas dotadas de anzóis iscados.

8. Rede de forma cônica, com pesos de chumbo nas bordas e uma corda no

centro do saco para retirá-la da água.

Dentre as pescarias atuantes no Brasil, o arrasto de profundidade é reco-

nhecido mundialmente como sendo o método de pesca mais destrutivo,

devido, principalmente, a não seletividade de seus apetrechos. São sempre

bem-vindas as tentativas de utilização de apetrechos seletivos para limitar

pelo menos o tamanho mínimo de captura, tanto nas pescarias industriais

quanto artesanais.

Um trabalho de pesquisa que focaliza a importância da seletividade na sus-

tentabilidade da pesca de camarões é apresentado, a seguir, como sugestão

de leitura.

Resumo

Nesta aula, você observou que as artes de pesca são os diferentes aparelhos

usados para pescar. Variam de complexidade e de acordo com o tipo de

pescado que deve ser capturado. Podem ser também chamadas apetrechos

de pesca. Algumas são fi xas como o curral e a fuzarca; outras podem ser

deslocadas para variados locais.

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e-Tec BrasilAula 11 – Conhecendo artes de pesca 141

Atividades de aprendizagem

1. Estabeleça diferenças entre o puçá de arrasto e a fuzarca.

2. O que há de semelhante e qual a diferença entre o curral e a fuzarca?

3. Cite um apetrecho adequado para a captura de cardumes.

4. O pargo (Lutjanus purpureus) é uma espécie do Atlântico Ocidental,

ocorrendo em quase todo o mar do Caribe e ao longo de toda a costa

Nordeste da América do Sul. Sua captura é realizada, principalmente,

pelo sistema industrial de pesca, através de grandes empresas com sede

em Fortaleza-Ceará, mas operando nos portos base de Belém, Vigia e

Bragança, todas no estado do Pará. Descreva a principal arte de pesca

utilizada nessa captura de pargo.

5. A respeito da seletividade da pesca com linha e anzol, cite duas caracte-

rísticas (ou fatores) que devem ser levadas em consideração.

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e-Tec BrasilAula 12 – Noções de estoque e sustentabilidade 143

Aula 12 – Noções de estoquee sustentabilidade

ExplotarExplorar economicamente os recursos naturais de uma deter-minada área

Objetivos

Conceituar estoque pesqueiro.

Analisar as estimações da captura máxima sustentável.

12.1 IntroduçãoVocê já consegue perceber que há muita diferença, em termos de nível de

exploração de recursos pesqueiros, quando comparamos alguns membros

de uma família que ganham seu sustento pescando no leito do rio em cujas

margens residem e uma grande embarcação altamente equipada e com tri-

pulação qualifi cada para capturar recursos pesqueiros marinhos. E note que

neste exemplo consideramos apenas duas das modalidades de pesca que

existem: artesanal e industrial. Na realidade, a pesca pode ser classifi cada em

cinco categorias: tradicional de subsistência, recreacional, artesanal, indus-

trial e captura em estoques introduzidos por programas de repovoamento.

A pesca industrial, isto é, baseada em frotas de capturas modernas e tecno-

logia de ponta, é praticada em sua maioria em águas marinhas, cujos esto-

ques suportam este nível de exploração extrativista. Os recursos pesqueiros

em águas continentais são geralmente explotados por comunidades que

vivem ao longo de rios, lagos e reservatórios. Em muitos casos, tais comuni-

dades fazem da pesca sua única fonte de renda, sendo o pescado a base de

sua alimentação.

Segundo a FAO (2004), o pescado provê a mais de 2,6 bilhões de pessoas,

pelo menos vinte por cento de seu consumo médio per capita em proteína

animal. Suas estimativas mostram que o pescado proveniente da captura

atingiu um volume, em 2003, de 90,3 milhões de toneladas, sendo 81,3

de águas marinhas e 9 de águas continentais. De 1998 a 2003, a média da

produção global de pescado, incluindo aquela proveniente da aquicultura,

foi de 128,7 milhões de toneladas, já a do pescado advindo da pesca conti-

nental foi de 8,6 milhões de toneladas, o que representa 6,5% deste total.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 144

Existe uma tendência mundial de redução da capacidade de exploração de

diversas espécies de peixes. A informação é do Instituto de Pesca do Estado

de São Paulo. Segundo dados do órgão, os números apontam que das espé-

cies capturadas no mundo, 50% estão dentro de sua capacidade limite de

exploração, 25% já são consideradas estoques esgotados, enquanto apenas

25% ainda podem ter alguma possibilidade de aumento de captura.

Pesquisando na rede internacional (internet)

1. Nesta atividade, você deverá pesquisar na internet para obter respostas

às questões a seguir, relacionadas aos tipos de pesca e capacidade de

exploração.

a) Cite um exemplo de pescado que seja explorado principalmente (ou ex-

clusivamente) pela pesca tradicional de subsistência.

b) Há espécies de pescado no seu estado ou região, que já sejam considera-

das de estoques esgotados? Em caso positivo, exemplifi que.

12.2 Estoque pesqueiro

De acordo com Carvalho e Hauser (1994), a conceituação de estoques abran-

ge uma ampla gama de defi nições, dependendo de quem os defi ne e para

que propósito. Por exemplo, em termos práticos, para aqueles que manejam

estoques pesqueiros para fi ns comerciais, o estoque pode ser considerado

como um grupo de peixes explotados em uma área específi ca ou por um

método de captura específi co.

Aspectos políticos e socioculturais também podem infl uenciar na defi nição

de um estoque, pois a pesca comercial nem sempre leva em consideração

os benefícios de sua preservação em longo prazo, devido à pressão pela am-

pliação de cotas por novos recursos e locais de captura. Pode-se dizer que

estoque pesqueiro corresponde a um grupo de peixes da mesma espécie, os

quais habitam uma mesma área e que estão dentro da faixa etária (ou de

tamanho) permitida para serem pescados. Portanto, a exploração indiscrimi-

nada de um estoque pesqueiro pode estar comprometendo várias popula-

ções de uma mesma espécie. Na Figura 12.1, a seguir, você pode observar

diversos fatores que infl uenciam o conceito de estoque pesqueiro.

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Manejoa longo prazo(conservação)

AspectosBiológicos

AspectosPráticos

Acessibilidadedos locais de

captura

Disponibilidade de dados sobre o estoque

Complexidadeda pesca

Estoque de pesca

Estoque genético

Estoqueexplotável Unidade de Manejo

“Estoque”

Grau deintegridade

dos Estoques

alta

baixa

Manejoa curto prazo

(SY)

Interessespolíticos na

estrutura dosestoques

Disponibilidade defundos para pesquisa

e coleta de dados

AspectosPolíticos

Consideraçõessocioeconomicas

e-Tec BrasilAula 12 – Noções de estoque e sustentabilidade 145

Figura 12.1: Esquema representando fatores que afetam o conceito de estoqueFonte: Carvalho e Hauser (1994).

Explorando a fi gura sobre conceito de estoque

2. Nesta atividade, com base na Figura 12.1, você deverá organizar os di-

versos fatores que afetam o conceito de estoque em seus três diferentes

aspectos:

a) Aspectos biológicos:

b) Aspectos práticos:

c) Aspectos políticos:

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 146

SobrepescaExpressão usada em Ciências Náuticas para a situação em

que a atividade pesqueira sobre uma espécie ou em determinada região deixa

de ser sustentável, ou seja, quanto mais esforço de pesca

se utilizar, menores serão os rendimentos, seja do ponto

de vista biológico, seja do econômico.

12.3 Pesca e sustentabilidadeEm 1995, a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Ali-

mentação lançou em Roma o Código de Conduta para a Pesca Responsável,

documento que pretende lançar uma nova estratégia para a pesca no mun-

do, ameaçada em muitos lugares pela sobrepesca e pela marginalização

dos milhões de pescadores artesanais.

A avaliação de recursos pesqueiros é uma área científi ca em constante desen-

volvimento, onde são aplicados conhecimentos de Biologia Pesqueira de modo

que seja feita uma exploração racional e sustentada dos recursos da pesca.

12.3.1 Esforço de pesca

Chamamos de esforço de pesca a quantidade de operações ou de tempo de

operação das artes de pesca numa determinada pescaria, durante um perío-

do determinado, sendo normalmente representado pela sigla f nos manuais

de Ciências Pesqueiras

O esforço de pesca é diferente para cada pescaria e depende do tipo de artes

de pesca utilizado e do nível tecnológico das operações. Assim, na pesca à

linha, por exemplo, o f total pode ser representado pelo número total de

operações de pesca multiplicado pelo número de anzóis utilizados por todos

os pescadores que operaram numa determinada área, durante o período de

estudo (semana, mês, ano, ou campanha de pesca); quando os números de

anzóis e de tempo no pesqueiro são uniformes, o f pode ser simplifi cado,

contabilizando apenas o número de pescadores envolvidos e os dias de pes-

ca que cada um operou.

Para os biólogos pesqueiros, o f é um índice da mortalidade por pesca (nor-

malmente representado nos manuais pela sigla F), parâmetro indispensável

para avaliar o estado de exploração duma pescaria. O f máximo é o nível de

exploração que permite obter a captura máxima sustentável de uma pesca-

ria. Já para os economistas, o esforço de pesca corresponde aos custos de

operação da pescaria. Da mesma forma, o f máximo é a despesa necessária

para obter a receita ou o lucro máximo que a pescaria pode fornecer.

Para a administração pesqueira, o f traduz o número de barcos ou de opera-

ções de pesca associados à determinada pescaria. O controle do esforço dessa

atividade é uma das formas de gerir uma pescaria, para evitar a sobrepesca.

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e-Tec BrasilAula 12 – Noções de estoque e sustentabilidade 147

12.3.2 Tipos de modelos mais usados na avaliação pesqueira

Segundo Pitcher e Preikshot (2001), os modelos de avaliação de estoques

tentam prever mudanças na biomassa e produtividade baseadas em dados

de produção coletados em uma pesca alvo. Avaliação de estoque depende

da estimativa de vários parâmetros, que requerem muitos dados de pescas

históricas e avaliações independentes de biomassa.

Entre os modelos mais usados na avaliação pesqueira estão os modelos de produção e modelos estruturais, que você conhecerá a seguir.

12.3.2.1 Modelos de produção

Os modelos de produção também são designados por modelos de Produ-

ção Geral, modelos Globais, modelos Sintéticos ou ainda modelos do tipo

Lotka-Volterra. Esses modelos consideram o manancial na sua globalidade,

em particular a abundância total (em peso ou em número) e estudam a sua

evolução, os efeitos do esforço de pesca, etc. Não consideram a estrutura

por idades ou por tamanhos do manancial.

12.3.2.2 Modelos estruturaisEstes modelos consideram a estrutura do manancial por idades e a evolu-

ção dessa estrutura com o tempo. Mas, principalmente, reconhecem que o

manancial num determinado período de tempo é composto por indivíduos

de diferentes coortes e, portanto, de diferentes idades e tamanhos. Deste

modo, permitem analisar os efeitos nas capturas e biomassas, de mudanças

do nível de pesca e também do padrão relativo de exploração.

Vamos trabalhar com palavras cruzadas?

1. E

2. S

3. T

4. O

5. Q

6. U

7. E

CoorteTermo adotado para designar a classe ou o grupo de indivíduos que apresentam o mesmo fenômeno em dado período de tempo. Em nosso contexto, seria o conjunto dos indivíduos de um recurso pesqueiro nascidos de uma mesma época de desova.

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Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 148

Em um estudo de Victoria Judith Isaac-Nahum (2006) encontramos:

“Em decorrência do estado atual de exploração dos recursos pesqueiros no litoral amazônico

e seus confl itos e entraves, considera-se fundamental o delineamento de um plano de ação que garanta o seu

desenvolvimento racional no futuro mais próximo. Nesse sentido, para

a implementação de um modelo mais sustentável de gestão dos

recursos pesqueiros do litoral amazônico será necessária uma mudança no paradigma clássico

sobre a forma e as estratégias de manejo”. ISAAC-NAHUM, Victoria

Judith. Explotação e manejo dos recursos pesqueiros do litoral

amazônico: um desafi o para o futuro. Cienc. Cult., São Paulo, v.

58, n. 3, jul./sept. 2006. Disponível em: <http://cienciaecultura.

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1. A situação em que a atividade pesqueira sobre uma espécie ou em deter-

minada região deixa de ser sustentável.

2. Pesca baseada em frotas de capturas modernas e tecnologia de ponta.

3. A retirada, extração ou obtenção de recursos naturais para fi ns de apro-

veitamento econômico.

4. Um conjunto de indivíduos de um recurso pesqueiro nascidos de uma

mesma época de desova.

5. Depois da pesca, a outra atividade de produção de pescado.

6. Modelos de avaliação pesqueira que reconhecem que o manancial num

determinado período de tempo é composto por indivíduos de diferentes

coortes.

7. Pesca caracterizada principalmente pela mão de obra familiar, com em-

barcações de porte pequeno.

Resumo

Nesta aula, você conheceu o signifi cado de explotação pesqueira e sobrepes-

ca e acompanhou diferentes formas de abordar o estoque. Também pôde se

familiarizar com as noções sobre esforço de pesca e modelos para avaliação

pesqueira, conhecimentos básicos para a avaliação da sustentabilidade da prá-

tica pesqueira.

Atividades de aprendizagem

1. “Muitos ecologistas marinhos acreditam que, atualmente, a maior amea-

ça individual para os ecossistemas marinhos é a sobrepesca”. O que você

entende por sobrepesca?

2. Existe uma tendência mundial de redução da capacidade de exploração

de diversas espécies de peixes. Neste sentido, em que condições estão

os estoques da maior porcentagem das espécies capturadas no mundo?

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3. De que maneira os aspectos políticos e socioculturais podem infl uenciar

na defi nição de um estoque pesqueiro?

4. Dos modelos usados na avaliação pesqueira, qual efetivamente utili-

za a noção de coortes? E qual seu diferencial em relação ao(s) outro(s)

modelo(s)?

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Currículo do professor-autor

Carlos Alberto Machado da Rocha

Licenciado pleno em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará -

1987, com especialização em Ecologia e Higiene do Pescado pela Faculdade

de Ciências Agrárias do Pará (atual Universidade Federal Rural da Amazônia) –

1996; mestrado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do

Pará – 2000; doutorado em Neurociências e Biologia Celular pela Universidade

Federal do Pará - 2009. Tem experiência nas áreas de Genética e Ecologia, com

ênfase em Genética Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: bio-

logia molecular, citogenética, ecologia e mutagênese ambiental.

Professor do Quadro Permanente do Instituto Federal de Educação, Ciência

e Tecnologia do Pará (IFPA) desde 2003.

• Professor de Ecologia e Educação Ambiental nos Cursos Técnicos de

Aquicultura e de Pesca (2003-2005).

• Coordenador de Recursos Pesqueiros e Agronegócio (2006-2007).

• Atualmente, é responsável pelas disciplinas: 1. Biologia Aquática e Pes-

queira, 2. Controle da Qualidade do Pescado, 3. Fundamentos de Nu-

trição e Patologia em Aquicultura, nos Cursos Técnicos de Aquicultura

e de Pesca, 4. Citogenética Geral, 5. Genética e Evolução, no Curso de

Licenciatura Plena em Biologia.

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INSTITUTO FEDERAL DEEDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARÁ

Biologia Aquática e Pesqueira

Carlos Alberto Machado da Rocha

Curso Técnico em Aquicultura

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