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BRASIL CHINA E O FUTURO O ganha e perde da relação. Belluzzo e Júlio' Almeida: é hora de perseguir o superávit nominal erra e DUma mantêm empat

Carta capital 01 set 2010 3

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Matéria de capa sobre o erro do Datafolha

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BRASIL CHINA E O FUTURO O ganha e perde da relação. Belluzzoe Júlio' Almeida: é hora de perseguir o superávit nominal

erra e DUma mantêm empat

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Seu País

AbatalhadosnúmerosSUCESSÃO I O Datafolha estimuloua demonização dos institutosconcorrentes, mas agora pagao preço dos próprios equívocosPOR CYNARA MENEZES

S ANALISTAS de pes-quisa têm uma explica-ção simples para o fatode, na reta final de umacampanha eleitoral, osresultados dos institu-tos ficarem muito pare-

cidos: a consolidação das intenções de vo-to reduz as nuances e torna mais homogê-neos os grupos de eleitores. Fica mais fá-cil, portanto, captar as tendências.

O grande lance, o que evidencia a qua-lidade dos pesquisadores, é acertar quan-do a corrida das eleições está no seu inícioe o eleitorado ainda está muito disperso.Ligado ao jornal Folha de S.Paulo e chan-celado pela Rede Globo,oDatafolha criouem torno de si a aura de grande reputa-ção. Era como se seus métodos fossem su-periores e suas medições, mais confiáveis.Verdadeira ou não, essa suposta superio-ridade técnica virou, com uma intensida-de nunca antes vista em eleições, uma ar-ma contra os rivais. A associação entre oinstituto e o jornal provocou uma espéciede caça às bruxas no início do ano. Os al-vos foram dois concorrentes mineiros, oSensus, de Ricardo Guedes, e oVoxPopu-li, de Marcos Coimbra.

Agora, a menos de um mês da elei-ção, oDatafolha vê-se enredado na pró-pria armadilha. Depois de uma corre-ção brutal de rumo - em três semanas emeia o instituto saiu de um empate téc-nico de Dilma com o tucano José Ser-

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ra para uma acachapante vantagem de20 pontos porcentuais da petista - é aempresa dirigida pelo sociólogo MauroPaulino que está na berlinda.

Há uma percepção cristalizada en-tre a maioria dos especialistas sériosdo setor de que, no mínimo, a empre-sa do Grupo Folha cometeu graves fa-lhas técnicas. Marcus Figueiredo, doigualmente conceituado Instituto Uni-versitário de Pesquisas do Rio de Janei-ro (Iuperj) não mede palavras. Autor dachamada "pesquisa das pesquisas", quecompara os levantamentos das princi-pais companhias do ramo, é categórico:"O Datafolha errou. Demorou mais deum mês para encontrar os eleitores deDilma. Terá de explicar por quê".

Entre os quatro grandes, o Datafolhaé o único a utilizar a amostragem por"ponto de fluxo", ou seja, escolhe de-terminados lugares e aborda os tran-seuntes. Os demais utilizam a visita emdomicílio, com base no Censo do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE). É aí que poderia estar amaior distorção no resultado, que ocor-re apenas nos momentos em que a cam-panha está mais indefinida.

"O método de 'ponto de fluxo popula-cional' é aceito internacionalmente. Noentanto, tem um viés que pode, num mo-mento de maior volatilidade entre eleito-res, apresentar diferenças", diz Fígueire-

do. "Pode afetar esta metodologia o quechamamos de 'fenômeno de conglomera-do': como utilizam o mesmo ponto de flu-xo' os pesquisadores trocam de entrevis-tados, mas eles continuam iguais, em ter-mos de perfil. ODatafolha estava no mes-mo ponto de fluxo, por isso suas pesqui-sas se repetiam. Provavelmente, ao reo-rientar os pontos de fluxo, captou o queos outros já haviam captado, a subida deDilma, que não ocorreu de uma hora pa-ra outra, como o instituto diz agora."

A polêmica entre os institutos de pes-quisa começou em fevereiro deste ano.Até então, os números apresentados en-tre todos eram bastante similares. Na-quele mês - o Sensus primeiro, e o VoxPopuli a seguir - apontaram que Dil-ma, atrás nas pesquisas, havia empatado ~

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Marcus Figueiredo,do luperj, semmeias-palavras:"O Datafolha errou.Terá de explicarporquê"

Ataques. Paulino, diretordo instituto, líder da campanhaconrrc o Vox e o Sensus

Intenções de votos, em % f • José Serra • Dilma Rousseff

A sucessão presidencial, segundo os institutos

Vox populi Datafolha Sensus·· Ibope

45

30

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10 ----- -19/01 07/04 15/05 01/06 29/07 1010B

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IBM 27/03 21105 23/07 20/08 23111 01/02 14/05 02/08 22/0826/02 16/04 02/07 13/0B 26/08

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"Cem Ciro Gomes no cenário"Pesquisas encomendadas pela Confederação Naolona! dos transeortes

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~ com Serra. A partir daí, o distanciamen-to entre os dois candidatos tornou-se di-retamente proporcional às divergênciasdos números nas pesquisas. Mediçãoapós medição, o Sensus e o Vox capta-ram a subida da petista. Com certo atra-so, o Ibope mediu fenômeno semelhante.Só oDatafolha continuava a registrar va-riações tecnicamente pouco convincen-tes. O tucano, em alguns momentos, che-gou a ampliar sua vantagem. "Serra abre9 pontos e se isola na frente", nas pala-vras do jornal em 27 de março. Coinci-dência: no fim daquela semana, o tucanodecidiria, enfim, anunciar oficialmentesua candidatura à Presidência.

O empate no Datafolha, com Serra 1ponto porcentual acima, viria na pesquisapublicada em 24 de julho, um mês depoisde o Ibope apontar que Dilma passara àfrente. Àquela altura, o Vox Populi apon-tava vantagem em torno de 8 pontos paraa candidata de Lula: 41%a 33%.

A "virada" de Dilma sobre o tucano sóiria acontecer, para o Datafolha, na pes-quisa publicada em 14 de agosto, coma petista a abrir 8 pontos de vantagem.Apenas urna semana depois, Dilma che-garia aos 47%, e Serra cairia para 30%.Desde então, as pesquisas voltaram a fi-

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car parecidas, com em torno de 20% dediferença para a candidata governista.

Engana-se quem achou que isso tra-ria a paz entre Vox Populi e Sensus eDatafolha, em conflito desde que as di-ferenças nas sondagens apareceram. Osdiretores dos dois primeiros sentiram-se atingidos moral e cientificamentepelas críticas, estampadas pelo jornaldono do instituto contra suas pesqui-sas e ecoadas pelo PSDB e DEM.

Em abril, os tucanos entraram com re-presentação no Tribunal Superior Eleito-ral (TSE) contra o Sensus. E obtiveram odireito de entrar na empresa e ter aces-so aos questionários tabulados. Guedes,diretor da empresa, recorda que, mes-mo antes de ser notificado pelo tribunala autorizar a entrada de dois represen-tantes do partido na sede da companhia,em Belo Horizonte, um fotógrafo da Fo-lha de S.Paulo já estava a postos à espe-ra dos desdobramentos. Diz ainda queos representantes foram, durante todo otempo que passaram lá, instruídos ao te-lefone "por um instituto de pesquisa deSão Paulo". "Eles faziam perguntas típi-cas de quem é do meio, como: 'Qual O Ín-dice de ponderação utilizado'?"

Depois de suportar meses de tentati-vas de desqualificação, Coimbra, diretor

do Vox e colunista de CartaCapital, re-solveu atacar. Em artigo no Correio Bra-ziliense, diário para o qual também escre-ve, publicou um artigo franco e direto in-titulado "Pesquisas polêmicas".

No texto, Coimbra desafia o Datafolhaa comprovar cientificamente a "dispara-da" de 17pontos que aponta em sua pe-núltima pesquisa - na última, divulgadana quinta-feira 26, a ex-ministra já apa-recia 20 pontos à frente. "Como explicarque Dilma tivesse crescido 18pontos em27 dias, saindo de uma desvantagem pa-ra Serra de 1ponto, em 23 de julho, pa-ra 17pontos de frente, em 20 de agosto?Que ganhasse 24 milhões de eleitores noperíodo, à taxa de quase 1milhão ao dia?"

o cientista político apontou como "fan-tasiosa" a explicação dada pelos direto-res do instituto de que tal "disparada"se dera em virtude da estreia de Dilmano horário gratuito de televisão. "Trêsdias de propaganda eleitoral nunca te-riam esse impacto." De fato, no dia se-guinte à divulgação da pesquisa, a pró-pria Folha publicaria um texto em quedizia ser maior o potencial de Dilma"entre quem não viu a propaganda" nohorário eleitoral. Segundo a reporta-gem, 66% do eleitorado ainda não havia

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assistido à propaganda da petista, parce-la "formada sobretudo pelos menos esco-larizados e pelos mais pobres, segmentosem que a candidata se sai melhor".

A Carta Capital Coimbra conside-rou "estapafúrdias" as explicações da-das pelo concorrente para a subida de9 pontos de Serra em julho, detectadaapenas pelo instituto paulista. "Elesdiziam que Serra cresceu porque tinhaparado de chover em São Paulo, mas aía gente olhava os dados e via que era noSul que ele supostamente tinha subido.Uma coisa sem pé nem cabeça", criticaCoimbra, que diz não ter razão algumapara suspeitar de manipulação dos nú-meros, mas afirma ver dificuldade doinstituto em aceitar que suas pesquisasnaquele momento, comparadas às de-mais, não faziam sentido.

"Antes de fevereiro, estava tudo maisou menos emparelhado. O processo decrescimento da Dilma vinha aconte-cendo, sem perder velocidade, à medi-da que ia aumentando o conhecimen-to do nome dela e a associação com O

presidente Lula", diz o diretor do VoxPopuli. "Só eles podem responder on-de erraram, mas o que fica nítido é queo Datafolha começa a sair então de suaprópria trajetória. A evolução natural

dos dados apontava para outro resulta-do. Ou seja, os dados do Datafolha co-meçaram a ficar não só diferentes dosnossos, C0lil10 dos deles mesmos. E, emvez de se perguntar o que havia de er-rado com os dados deles, passaram a di-zer que os outros é que estavam equivo-cados. Uma posição arrogante e tola."

Na verdade, ainda que Coimbra nãoo diga, a ofensiva fez mais do que ape-nas sugerir equívocos nos concorrentes.O que se insinuou, a ponto de estimu-lar ações judiciais dos tucanos, foi queas pesquisas a detectar o crescimento dapetista tinham um viés com o intuito defavorecer a candidatura da situação.

Tanto o Vox Populi quanto o Sensus quei-xam-se da utilização do jornal pelo Da-ta folha, embora, na tentativa de explicaras distorções, recentemente a ombuds-man daFolha tenha salientado que o ins-tituto "é uma empresa à parte". Quando,em abril, o Vox apontava o crescimen-to de Dilma, duas notas publicadas pe-la coluna "Painel" da Folha questiona-vam a metodologia utilizada pelo ins-tituto mineiro, com procedimentos queseriam conhecidos "por distorcer resul-tados". Contra o Sensus, o jornal tentoucolocar em xeque ametodologia, os con-

Em artigo, Coimbra,do Vox Populi, criticao Datafolha. Para ele,a última explicaçãopara a subida deDilma é "fantasiosa"

Acerto. Guedes, do Sensus,e Coimbra captaramas tendências antes

tratantes, e repercutiu frases de repre-sentantes do PSDB que acusavam o ins-tituto de "distorcer" dados.

A suposta distorção consistia no fato deo pessoal de Guedes e Coimbra estimularos entrevistados a fazer associações po-líticas - Dilma e Lula, a mais notória. Oque se pergunta é o seguinte: se esta seráuma eleição plebiscitária e se a figura dopresidente da República é tão central noprocesso, que tipo de levantamento teriamais potencial para "distorcer" a realida-de: o que associava a ex-ministra a Lula ouo que escondia essa relação?

Nos bastidores, os diretores dos ins-titutos trocavam acusações durante asreuniões cada vez mais tensas da Asso-ciação Brasileira das Empresas de Pes-quisas CAbep).No congresso da entidade,em março, outro diretor do Vox Populí,João Francisco Meira, colocou em deba-te a possibilidade de a eleição acabar noprimeiro turno, o que desagradou a Pau-lino. O diretor do Datafolha enviou pos-teriormente e-mail ao grupo afirmandoser um "desservíço'' à pesquisa no Brasilque se fizessem projeções nesse sentido.

Meira reagiu, também em e-mail. Se-gundo ele, o Datafolha replicava o com-portamento do jornal da mesma empre-sa, "de ser o dono da verdade". Em um

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encontro da Abep no começo de abril, osdiretores das duas empresas voltaram ase enfrentar. "Acho absurdo a Folha, quepossui um instituto de opinião, promovera desqualificação dos concorrentes", dis-se Meira, apoiado por Guedes, que apon-tou "erros" na metodologia do concor-rente paulista. A relação geral azedou.

Sempre houve, por parte dos demais,inclusive o Ibope, incômodo com a pos-tura do Datafolha de se defender de ques-tionamentos com o argumento de ser "oúnico" a não vender pesquisas eleitoraispara partidos políticos e instituições fi-nanceiras. "Como se isso nos fizesse mo-ralmente inferiores", reclama Coimbra."Eles acham que os partidos são gru-pos de bandidos? Eu me orgulho de fa-zer pesquisas para políticos, para multi-nacionais. Agora que nossas projeções seconfirmaram, eles deviam nos pedir des-culpas", diz Guedes. Márcia Cavallari, doIbope, reforça: "Fazemos pesquisa paratodo mundo que nos contrata. Não é is-so que faz de um instituto mais ou menosidôneo, e sim sua credibilidade",

O portal iG, que, em parceria com aTV Bandeirantes, divulga os levanta-mentos do Vox Populi, publicou, no sá-bado 21, um texto onde questiona a me-todologia do Datafolha e a insinuação deque os outros institutos não seriam con-fiáveis por fazerem pesquisas para par-tidos e empresas. "De duas, uma. Ou afrase não quer dizer nada e é repetidasem necessidade - ou quer dizer sim, evisa sugerir, de alguma forma, que o ins-tituto que aceita políticos ou bancos co-mo clientes aceitaria também modificaro resultado final da pesquisa, distorcen-do a realidade encontrada pelos entre-vistadores. Se for esse o caso, estaríamosdiante de uma acusação gravíssima. Emvez de diferenças metodológicas aceitá-veis do ponto de vista científico, haveriaum fosso moral entre o Datafolha e seusconcorrentes", publicou o iG.

o diretor-executivo de jornalismo daBand, Fernando Mitre, enviou declaraçãoa CartaCapital em que destaca o fato de aspesquisas do Vox Populi divulgadas pelaemissora terem antecipado as tendências."ABand contratou as pesquisas do Insti-tuto VoxPopuli, mas não deixou de divul-gar as demais. Note-se que os resultadosdados inicialmente pelo Vox começarama aparecer, mais tarde, nas outras pesqui-sas. Hoje, estão praticamente igualadas,com pequenas oscilações. Quando os re-

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Márcia Cavallari,do Ibope: "Fazemospesquisa para quemnos contrata. Nãoé issoque fazum instituto maisou menos idôneo"

Montenegro. o diretordo Ibope mudou de opinião

sultados eram muito diferentes, chega-mos a fazer programas especiais exata-mente sobre essas diferenças, abordandotambém questões metodológicas. É claroque temos dado destaque ao fato de quenossas pesquisas exclusivas anteciparamos resultados que estão aí."

Em termos técnicos, os erros metodo-lógicos apontados pelos outros institutosno Datafolha, para que tenha chegado aum resultado tão discrepante dos demaisa certa altura da campanha, dizem res-peito primeiro ao uso de pontos de fluxopopulacional em detrimento do domici-liar, como salientou Figueiredo. Mas háoutras questões. O Datafolha não iria nazona rural, onde sabidamente o governoé bem avaliado e Dilma liderava desde ja-neiro. Além disso, ao pedir o telefone aosentrevistados para a checagem, reduziriao espectro econômico da amostragem, jáque apenas 45% dos domicílios brasilei-ros possuem aparelho fixo e 75%,celular,Isso tornaria o perfil do entrevistado umpouco mais elitizado e menos represen-tativo da totalidade dos eleitores. Sabe-seque os mais ricos e com maior escolarida-de tendem a definir seu voto mais cedo.

Procurado, Paulino não atendeu ao pedi-do de entrevista de CartaCapital.

Um dos pontos que saltam aos olhosnão de especialistas, mas do leitor daFolha, é que possivelmente o instituto,no mínimo, subestimou o potencial detransferência de votos do presidente Lu-la. Em setembro de 2008, o Sensus previaque 44,1%dos eleitores votariam no can-didato apontado por Lula para as eleiçõesmunicipais daquele ano. Já o Datafolhaestimava, em dezembro do ano passado,que só 15%dos eleitores estariam dispos-tos a votar para presidente na candidatadele. Quando a diferença de Dilma paraSerra alcançou 8 pontos pelos dados dopróprio instituto, Paulino escreveu que atransferência chegara "no teto".

"A pesquisa Datafolha divulgada hoje(14de agosto) é um divisor de águas. Alémde trazer, pela primeira vez, a liderançaisolada de Dilma Rousseff na disputa pre-sidencial, marca uma redução importan-te da influência do presidente Lula comocabo eleitoral de sua ex-ministra a partirdaqui", anotaram Paulino, diretor-geral,e Alessandro Janoni, diretor de pesquisasdo instituto. "Daqui em diante, o conjun-to a ser disputado é o dos que até cogitamvotar em um candidato apoiado por Lula,mas não estão certos disso. Hoje, eles são22% do eleitorado e votam mais em Ser-ra (36%)do que em Dilma (31%).Para es-ses, o desempenho do presidente não é su-ficiente para convencê-los a eleger sua ex-ministra." A previsão, como mostra o úl-timo levantamento do próprio instituto,também não se concretizou.

Não foi, porém, o Datafolha o únicoa subestimar o potencial de transferên-cia de Lula. Um ano atrás, o presiden-te do Ibope, Carlos Augusto Montene-gro, chegou a dar entrevista na qual ga-rantia que o presidente não faria o su-cessor e que sua candidata teria, no má-ximo, 20% dos votos. Errou feio e vol-tou atrás. Em fevereiro, afirmava nãose surpreender se Dilma ganhasse. Noinício do mês, dava como certa a vitóriada petista no primeiro turno.

Em boa medida, essa "guerra" entreos institutos serviu para derrubar cer-tos mitos sobre a qualidade das empre-sas. "Todos os quatro grandes, pelo quetemos visto em nossas análises, estãotodos muito bem, são confiáveis e ab-solutamente equivalentes." Quem pen-sa - ou pensava diferente - apenas fa-zia coro com a torcida organizada. e