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Semiótica. Analise semiótica greimasiana aplicada aos editoriais da Revista Carta Capital. Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo
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RENATO DUARTE PLANTIER
REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO SÃO PAULO – 2010
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RENATO DUARTE PLANTIER
REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Nove de Julho (Uninove) como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo Orientadora: Mestra Carla de Oliveira Tozo
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
SÃO PAULO – 2010
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Resumo
A semiótica é um estudo extremamente importante para comunicação. Ela se encaixa em qualquer formato de análise de sentido. Jürgen J. Greimas foi um semiótico que idealizou uma teoria representada por modelo teórico capaz de estudar todas as manifestações do pensamento. Esta teoria será aplicada em uma análise sobre os editoriais da Revista Carta Capital escrito por Mino Carta, à fim de demonstrar através do Percurso Gerativo de Sentindo de Greimas, que a revista é partidária do governo Lula, bem como, qual foi o trajeto do autor para elaborar os sentidos do texto. Neste fôlego, este trabalho ambiciona uma análise qualitativa no que tange ao percurso gerativo de sentido dos elementos textuais do jornalismo político, sob a perspectiva da semiótica greimasiana. Greimas acredita que tudo no mundo é texto, considerável passível de análise. Este trabalho é mais um desafio para a teoria demonstrar o seu nível de precisão analítica da produção de sentido.
Palavras Chave: Semiótica – Jornalismo Político – Partidarismo - Carta Capital
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Sumário
Introdução..........................................................................................................06
1. Jornalismo Especializado..............................................................................08
1.1. Jornalismo político......................................................................................09
1.2. Jornalismo internacional.............................................................................17
1.3. Jornalismo econômico................................................................................20
2. Conceitos de apoio........................................................................................27
2.1. Imparcialidade.............................................................................................27
2.2. Ética Jornalística.........................................................................................29
2.3. Gêneros opinativos.....................................................................................34
3. Semiótica.......................................................................................................37
3.1. Ícone, índice e símbolo - Charles S. Pierce ...............................................41
3.2. As idades de Pierce................................................................................... 44
3.3. Greimas e o percurso gerativo de sentindo ...............................................47
3.4. Os três níveis de Greimas......................................................................... 50
4. Análise semiótica dos editoriais da Revista Carta Capital............................ 56
4.1. Estrutura semiótica para este trabalho.......................................................56
1ª ANALISE (EXEMPLO).................................................................................. 57
4.2. Análises dos editoriais.............................................................................. 62
2ª ANÁLISE.......................................................................................................62
3ª ANÁLISE.......................................................................................................64
4ª ANÁLISE ......................................................................................................66
5ª ANÁLISE.......................................................................................................69
6ª ANÁLISE.......................................................................................................71
7ª ANÁLISE.......................................................................................................73
8ª ANÁLISE.......................................................................................................75
9ª ANÁLISE.......................................................................................................77
10ª ANÁLISE.....................................................................................................79
11ª ANÁLISE.....................................................................................................81
12ª ANÁLISE.....................................................................................................83
13ª ANÁLISE.....................................................................................................85
14ª ANÁLISE.....................................................................................................87
15ª ANÁLISE.....................................................................................................89
5
16ª ANÁLISE.....................................................................................................91
Conclusão..........................................................................................................93
Referências Bibliográficas.................................................................................95
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Introdução
Nos últimos 100 anos o jornalismo político mudou em diversos aspectos,
porém o seu objetivo continua o mesmo, informar à população o que está
acontecendo no mundo político, tanto em território nacional quanto em âmbito
mundial.
Devida concorrência que se precipitou depois da segunda grande Revolução
Industrial entre as redações de jornalismo político, os jornalistas buscam, até os dias
de hoje, novas fórmulas de agregar consumidor, principalmente diante material
impresso, que a cada dia que passa perde o seu espaço para a Internet.
Antes os jornalistas políticos assumiam em que lado estavam. Hoje eles
assumem através de uma argumentação muito melhor organizada postas mais
implicitamente do que explicitamente. O leitor vai lendo, se convencendo ou não, as
palavras proferidas. Em todo trajeto do texto o leitor vai sentindo sensações
causadas por emissor. E, de fato, no meu ponto de vista, a semiótica de Greimas –
O Percurso Gerativo de Sentido – é a melhor teoria para se estudar estes efeitos de
sentidos que o narrador impõe em seu discurso.
O alvo desta análise semiótica são os editoriais da revista Carta Capital. Mino
Carta é o autor e um dos donos da revista, escreve como chefe de redação para a
mesma. O editorial é consumido muito pouco pelo leitor. Justamente por isso que
Mino Carta elabora um editorial bem segmentado por temas e diagramado com
muita qualidade, para favorecer uma leitura rápida, dinâmica e perspicaz. Porém,
justamente por este dinamismo de seus textos e por muitos leitores não possuírem
filtros jornalísticos, ou políticos, eles acabam por não perceber, seja pela velocidade
de leitura ou falta de conhecimento especializado, que a opinião de Mino Carta é
somente mais uma dentre as diversas vozes, e não a legítima.
É interessante notar que os textos de Mino Carta são qualitativos em diversos
sentidos textuais: Ele percorre o tempo, em um texto ele pode começar falando do
Império Bizantino e terminar criticando FHC, fazendo uma analogia entre os dois
períodos. Mino possui uma grande experiência no jornalismo políticos, seu pai, Gino
Carta, fora também um consagrado jornalista político. Mino trabalhava na revista
Veja na época da ditadura militar durante o governo de Ernesto Geisel; acabou
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tendo que pedir demissão da revista devida pressão que a censura impôs à família
Civita, donos da Veja na época.
Por isso, existe uma alta perspectiva no que tange a qualidade textual do
autor, que diante sua vasta experiência percorrerá diversos tipos de sentidos para
convencer o leitor da legitimidade de suas palavras.
Este estudo semiótico está dividido em quatro capítulos. O primeiro e o
segundo trazendo características que irão auxiliar para um melhor entendimento
sobre o papel da comunicação entre jornalistas e políticos para com a sociedade.
Eles são justificáveis, pois a semiótica de Greimas estuda não só os elementos
textuais, como também as relações sociais entre os agentes de um discurso.
Naturalmente é necessário entender a relação entre estes dois tipos de poderes
para compreender melhor os efeitos percorridos pelo discurso elaborado por Mino
Carta para defender sua argumentação frente ao receptor.
O terceiro capítulo é uma breve explicação sobre o conceito de Semiótica. Ele
abrange os conceitos iniciais de Charles Sanders Pierce, com explicações prévias
sobre Índice, Ícone e Símbolo. Afinal, Peirce é tido como um dos precursores do
estruturalismo e da semiótica moderna. Na época existiam também os trabalhos
paralelos de Ferdinand de Saussure, porém o modelo de Pierce era muito mais
qualitativo. Vamos perceber a diferença entre estes lingüísticas.
Este terceiro capítulo também abrange o Percurso Gerativo de Sentido,
idealizado pelo linguista lituano Algirdas Julius Greimas. Ele foi um dos linguistas
estruturalistas que mais contribuíram com a teoria Semiótica e com a narratividade.
Sua teoria será aplicada neste trabalho que visa à análise semiótica dos editoriais de
Mino Carta, chefe de redação da revista Carta Capital. Através dos estímulos de
sentidos de Mino, vamos poder analisar se a revista é de fato partidária do governo
Lula.
O quarto capítulo vai trazer a própria teoria do percurso Gerativo de Sentido
aplicado sobre os textos selecionados de acordo com o valor notícia da cobertura
presidencial dos editoriais da Carta Capital.
Quando analisamos estes textos através da semiótica de Greimas
entendemos tanto o percurso de sentido que o emissor percorreu para convencer o
receptor, como os estímulos sentimentais e intelectuais que estimularam o autor a
percorrer tal sequência de sentido, bem como os legítimos objetivos e relações que
se implicam no texto.
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1. Jornalismo Especializado
Este trabalho visa uma análise semiótica do editorial A Semana da revista
Carta Capital. Minha hipótese: a cobertura da revista é partidária do governo Lula.
Se vamos estudar textos referentes ao presidente, naturalmente o editorial de Mino
Carta é de política e economia - muitas vezes, misturados no mesmo texto.
Entendemos que a revista é partidária do governo, e que estes editoriais políticos
elaborados por Mino Carta demonstram, com mais facilidade, a opinião que a revista
possui.
Para iniciar o trabalho pretendo explicar estes tipos de jornalismos
especializados presentes tanto no editorial quanto no conteúdo bruto da revista.
Vamos utilizar a análise semiótica proposta pelo lingüista lituano Algirdas Julien
Greimas chamada: “Percurso Gerativo de Sentindo”, baseado nos estudos de
Algirdas Julien Greimas (cuja explicação estará no terceiro capitulo), para investigar
de uma forma lingüística - jornalística, o Percurso Gerativo de Sentido dos editoriais,
ou seja, os passos de Mino Carta dentro dos elementos textuais para convencer o
leitor de que suas palavras são as mais próximas da legitimidade diante os fatos
cobertos.
Mino Carta é considerado um jornalista especializado em política e em
econômica. E, o fato de Mino Carta ser um dos donos da revista não o credibiliza
para escrever estes textos apresentativos sobre o conteúdo e a opinião da revista
diante fatos, mas sim, por possuir uma grande experiência de campo nestes tipos de
jornalismos especializados. Vamos entender um pouco sobre o jornalismo político e
o jornalismo econômico.
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1.1. Jornalismo político
Lula é o presidente do Brasil, simplesmente o cargo mais alto poder político
no Brasil. Naturalmente o gênero para a cobertura de um presidente nacional é o
político. Não obstante, Mino Carta possui ligações explícitas com a política: Mino
Carta já fora censurado pelo governo Geisel enquanto comandava a revista Veja, foi
obrigado a pedir demissão para não ser demitido pela família Civita, dona da revista.
Por outro lado, hoje em dia na democracia, o presidente Lula vai a festas
promovidas pela própria revista de Mino, o que simboliza, de certa ótica, uma
relação explícita entre Mino e Lula.
A editoria de política provoca controvérsia diante suas coberturas.
Diariamente a mídia divulga notícias que afetam direta ou indiretamente a
sociedade. Por isso, é tida com a categoria clássica da história do jornalismo. Por
vezes o jornalista político passa dias sem observar nenhuma novidade, porém, as
coisas podem mudar rapidamente. O jornalista político deve estar preparado para
entender os reais interesses discursivos dos políticos, afinal, estes possuem
estereótipos de “não confiáveis”. Os jornalistas devem ter o domínio das regras do
Congresso, conhecer a história política recente do Brasil e as leis vigentes no país.
Ou seja, uma conversão de matérias que antes eram concebidas separadamente,
entrando em fusão com a evolução do jornalismo político.
A principal mudança do jornalismo político de tempos oriundos para cá é o
objetivo da informação. Agora a cobertura é para informar o leitor e não convencê-lo
a adotar idéias. Na campanha de 1950 os jornais como o Estado de S. Paulo, o
Correio da Manhã e o Diário de Noticias faziam questão de não se preocupar com a
isenção da cobertura das eleições presidenciais de Getúlio Vargas contra o
Brigadeiro Eduardo Gomes. Já em 2002, com a eleição de Lula, a imprensa cobriu a
campanha ao invés de “entrar em campanha”, como há 60 anos.
“Até algumas décadas atrás, os jornais, em sua maioria, tinham um caráter quase partidário. E dirigiam também a um leitor razoavelmente partidarizado. Hoje em dia, ao contrário, a grande imprensa, de modo geral, tem a preocupação de separar nitidamente a informação da opinião na cobertura política.” (MARTINS, 2005:17)
De fato, hoje em dia a cobertura política está mais estudada e estruturada.
Quando o gênero é informativo temos menção de que ele visa somente à arte de
informar, normalmente intitulados como matérias e reportagens. Quando o gênero é
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opinativo temos a ideia de uma visão ideológica explícita sobre um fato social, que é
o caso dos editoriais e colunas, por exemplo.
Por isso são textos com maior poder de coerção. Hoje em dia poucas
pessoas lêem os editoriais dos jornais. Justamente por isso as revistas trazem
inúmeros formatos de editoriais visando aderência dos leitores. São inúmeras as
técnicas de formas de adesão ideológicas não explícitas. Justamente para analisar
estas técnicas que a essência do trabalho é a aplicação do Percurso Gerativo de
Sentido, elaborado pelo lingüista Algirdas Julien Greimas, no editorial da revista
Carta Capital.
Fica pressuposto que o leitor comprava um jornal e esperava encontrar uma
afinação com o seu viés político. Duas das principais mudanças significativas no
jornalismo político são: estrutura dos impressos e perfil do leitor. Os noticiários
políticos passaram por processos de modernização, profissionalização e
concentração. A mudança do perfil do público afetou diretamente mudança nos
jornais, um leitor mais plural.
A cobertura isenta se torna mais cara. Sujeita a novas, e caras, fórmulas de energia. Conseqüentemente, houve uma concentração muito forte. Resultado - hoje tem um número muito mais inferior de produtos impressos do que em 1950. Um jornal para sobreviver atualmente deve vender mais de 150 mil exemplares para amortizar os custos de produção e atrair a receita publicitária necessária para sair do vermelho e gerar lucro. (MARTINS, 2005:18)
Como os antigos impressos tinham tiragem amplamente mais expressiva eles
não eram tão dependentes da publicidade como hoje em dia. De fato só os grandes
jornais conseguiam a tiragem superior de 150 mil exemplares, porém o número de
leitores consumidores de impressos era superior. Atualmente é fato que jornais e
revistas dia a dia vão perdendo tiragem e público para os outros meios de
comunicação, principalmente para a internet que agrega conteúdo textual de
apuração mais dinâmica, possuindo um caráter multimídia. Naturalmente a
publicidade acaba sendo um equilíbrio representando o papel fundamental para o
orçamento das redações. De 18 grandes jornais do Rio de Janeiro da década de 50
do século passado, 12 fecharam. (MARTINS, 2005)
A modernização das redações é evidente. Os custos para manter
equipamentos de altíssima qualidade para uma melhor apuração ficam caros a cada
dia que passa. As pequenas e médias coberturas políticas normalmente seguem a
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cobertura da grande imprensa que concentra grande parte da informação política e
são pautados por ela, dando um novo enfoque para a notícia.
Isso porque normalmente é o jornalista da grande imprensa que tem
condições de fazer uma apuração mais qualitativa e quantitativa no local. A
modernização vem desde os equipamentos até a estética das publicações, com
fotos e caricaturas com uma resolução muito superior do que 60 anos atrás. A
isenção passou a ser mais “acoplada às grandes empresas que possuem mais
capital financeiro para investir em maquinário ou qualificação e quantização de força
de trabalho”. Claro que a isenção também está presente nas médias e pequenas
empresas jornalísticas, muitas vezes até mais. Porém, a argumentação é de quem
pode fazer uma cobertura mais quantitativa e qualitativa no aspecto tecnológico e
físico, e não de quem pode ser mais imparcial. (MARTINS, 2005:29)
Por outro lado, uma visão menos romântica do jornalismo político é a visão de
Medina. “A informação tornou-se mais um produto da indústria cultural, de interesse
dos complexos econômicos, políticos, sociais e o elo principal da identificação com o
sistema”. A vitória dos recursos tecnológicos que veiculam a informação se deu por
conta das necessidades da industrialização e automaticamente normaliza ou reforça
a informação jornalística como parte da manutenção do sistema econômico.
(MEDINA, 1988:30)
“A mensagem-consumo exige um título de apelo forte, bem nutrido de emoções, surpresas lúdicas, jogos visuais, artifícios lingüísticos. O título ganha vida de consumo como qualquer anúncio publicitário e a edição trabalha com cuidados especiais: criam-se os “títuleiros” hábeis, verdadeiros mitos de sala de redação. Na ampliação interpretativa das informações, essa habilidade exige mais.” (MEDINA, 1988:119).
Diante a disputa dos jornais que cobrem política o mercado fica cada vez
mais acirrado. Os veículos desenvolveram um componente verbal para chamar a
atenção do leitor para o produto “matéria”, utilizando até mesmo o apelo visual para
conquistar o leitor. Tanto os “gêneros informativos” quanto os “opinativos” da revista
Carta Capital possuem estes aspectos. Diversos artifícios linguísticos são utilizados
para deixar a leitura mais prazerosa.
O público também mudou o seu perfil, consequentemente mudando as
características dos jornais. Antes os leitores eram mais partidarizados. Quando
analisamos a época de Getúlio Vargas percebemos que independente dos
12
diferentes partidos, ou a pessoa era getulista ou não. Ou seja, ou compravam
publicações do jornal A Última Hora de Samuel Wainer que explicitamente era o
produto impresso mais partidário getulista do país, ou consumiam os textos de
Carlos Lacerda ou o udenismo, pelo conservadorismo ou pela reivindicação
intelectual. Era uma pátria com estados e cidades modernas em um período de forte
reivindicação, por isso o partidarismo era alto. O público jovem tinha um papel
extremamente importante neste processo, era mais participativo politicamente
falando.
Hoje em dia o público jovem não é mais tão engajado na política porque o
partidarismo cultural aos poucos vai acabando no Brasil pós-moderno. “Diante desta
manifestação, a estratégia passou a ser atrair um público plural com as mais
variadas visões políticas e as mais diferentes visões do mundo”. Apesar das
adesões continuarem sendo propostas pelos veículos de comunicação, esta é feita
com uma cara mais imparcial. Porém, a motivação de gerar um sentido complacente
a visão editorial do veículo continua, explicitamente ou implicitamente. (MARTINS,
2005:22)
Hoje em dia ele está muito mais plural, exigente. Além da alta concorrência
política, o leitor consegue muitas informações em diversos meios de comunicação.
Porém, este “bombardeio” de informações elaboradas muitas vezes sem o
olhar crítico se utiliza deste mecanismo para usufruir vantagens e estimular o
domínio. O excesso de conteúdo faz com que o receptor não perceba o discurso que
está intrínseco na mensagem. A mensagem pode carregar o discurso, mas mesmo
assim, não utilizá-lo. Não promover o efeito desejado e ser divergente em cada
processo.
Não me parece suficiente dizer que a ideologia está em toda parte, o que de certa maneira é correto. Ocorre que estar presente não significa atuar de forma idêntica em todos esses processos. A atuação, no meu modo de ver, mais plena e eficaz se dá no plano do produto mesmo e de sua penetração na consciência do receptor. Idéias são insistentemente “semeadas” no público; encontrando um solo fértil onde podem germinar, elas crescem, regadas cuidadosamente e diariamente pelos meios de comunicação massificantes. (MARCONDES FILHO, 1985:94)
Martins também cita algo a respeito:
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Todo jornal, revista e departamento de jornalismo de rádio ou de TV tem sua opinião pública interna. Ela é invisível, mas está sempre presente nas redações. Trata-se da primeira e da maior crítica do nosso trabalho. Ela não se confunde com a hierarquia formal da empresa, embora muitos formadores de opinião possam ocupar posições de chefia. (MARTINS, 2005:27)
Naturalmente é pressuposto que todo o meio de comunicação político possui
uma ideologia. Hoje, diante a tentativa implícita de imposição ideológica são
necessárias novas fórmulas de retórica frente ao receptor. E para entender estas
novas fórmulas de argumentação trabalhos que analisam discursos pela semiótica
são de total importância e relevância.
“A notícia é a comunicação de um fato. Pode significar muito ou quase nada.
Quando a notícia é do presidente Lula, todos entendem, já quando é do deputado
Enristes Costa, para quem não esta no meio político, muitas vezes não significa
nada“. O importante não é apenas discorrer sobre o fato, mas sim, explicar ao leitor
o que acontece por dentro da mensagem. Neste aspecto cabe um jornalismo mais
interpretativo que de certo é diferente do opinativo. O primeiro relaciona os fatos e o
segundo opina sobre eles. Transforma um grande conteúdo em um simples texto.
Essa é uma sensibilidade que o jornalista político deve ter em mente, lembrar que
“nem sempre todos os leitores pré-dispostos a consumir o produto são especialistas
em política”. (MARTINS, 2005:21)
A relação entre o jornalista e o político também é interessante. Ao contrário do
esportivo, por exemplo, quando nos lembramos do caso de Ronaldo na Copa de
1998 e não temos até hoje uma versão aceitável, percebemos que o jornalismo
político acaba superando as outras especialidades. O número de fontes disponíveis
tanto em Brasília quanto no campo acadêmico é amplamente maior tornando a
disponibilidade de informação mais ampla. Sem contar que em política sempre há
uma oposição que vai estar sempre disposta a falar. E quando um meio de
comunicação passa a não enfocar a oposição com tanta disposição quanto aos
passos do presidente acaba sendo taxado de pró-governista, caso das acusações
de grande parte do campo jornalístico acadêmico perante a revista Carta Capital.
“São 513 deputados, 82 senadores, mais 30 ministros, 11 integrantes do
Supremo Tribunal Federal, além de uma legião de milhares de assessores,
secretárias, técnicos, funcionários, amigos, lobistas, curiosos – um mar de gente
com informação”. Martins diz que diante o grande número de disponibilidade de
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fontes o jornalista deve conversar com muitas pessoas, independente de cargo.
(MARTINS, 2005:47)
A proliferação da cobertura vai trazendo mais verdades factuais. Porém, o
repórter não deve se contentar com o factual, precisa entender ao mesmo tempo o
contexto em que o fato está sendo dado. No jargão dos jornalistas, quem tem mais
background information (informação de fundo) tem mais sensibilidade em captar
possíveis desdobramentos de casos políticos.
Ele deve ficar sempre atento averiguando se o boato é verossímil. “O que é
bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”, resumiu Rubens Ricupero,
ministro da Fazenda do governo Itamar Franco em 1993. O comentário foi divulgado
graças a problemas técnico de uma antena parabólica, derrubando-o do cargo.
Afinal, em política certas idéias não podem ser ditas explicitamente.
“Não há fórmula mágica que nos torne imunes à contra-informação”. O melhor
antídoto continua sendo reunir muita informação. Nada costuma acontecer
similarmente como te contaram e ninguém lhe conta exatamente o que aconteceu.
“Assim, por melhor que tenha sido a apuração, em geral, há outro ponto que ficou
obscuro, fatos importantes que não vieram à tona ou episódios que não puderam ser
levantados a tempo”. (MARTINS 2005:71)
Umas das coisas que mais irritam os políticos são quando suas declarações
ganharem repercussões não imaginadas, normalmente encaradas com
negatividade. A Carta Capital é campeã no gênero. Costuma pegar opiniões
dissidentes e interpretá-las de acordo com sua opinião e ideologia. Vamos perceber
este aspecto claramente com o andar do projeto.
A combinação de poder de polícia com a força da imprensa tem um lado bom e um lado ruim. O positivo é que gera uma ação com tal profundidade, contundências e rapidez que rompe barreiras aparentemente inexpugnáveis e dissolve cumplicidades tidas como destrutíveis. O lado negativo é a conversão da CPI em um espetáculo. Alguns deputados e senadores deixam de lado o trabalho sério de investigação e recorrem a todo tipo de truques, piruetas e efeitos especiais para conseguir um bom lugar diante as câmeras. (SEABRA & SOUZA, 2006:75)
Vamos perceber que Mino Carta na elaboração de seus editoriais sempre
parte para uma visão mais espetacular para agregar humor. Muitas hipérboles e
parábolas estão presentes em seus textos. Mino Carta parte de dois pressupostos,
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se vende como um paladino anticorrupção aplicando o clássico “espetáculo” nos
seus textos, em busca de um humor sarcástico.
Os jornalistas político disputam a exclusividade da informação. Seus chefes
nas redações ficam pressionando com os passos dos concorrentes.
Consequentemente diante a fobia de todos, “suposição vira informação, indícios
convertem-se em prova, suspeito passa a ser bandido, e a dica, que em condições
normais seria ponto de partida de matéria, pode acabar com manchete de jornal”.
Assim, na fobia da publicação o jornalista começa a divulgar os seus passos diante
o fato investigado. (SEABRA & SOUZA, 2006: 76)
Faz parte também do cotidiano do jornalista político investigar denúncias
sobre irregularidades na administração pública, desvios de recursos, armações em
concorrência e negócios escusos com o dinheiro do Estado. Por menor que sejam
os delitos, o jornalista político tem o papel social de divulgar o que se passa para a
população.
Outro período interessante de coberturas política são as eleições. É
interessante notar que a eleição é a época onde os eleitores mais ficam
interessados em política. Alguns telefonam, mandam cartas, enviam e-mails, sempre
criticando a cobertura. Uns são educados, outros nem tanto. O período de pleito
popular é um dos mais tensos na carreira do jornalista político com relação ao
contato e interação com o receptor. Este é o momento do jornalista manter a calma
e continuar com sua função social de cobertura diante as eleições, que é um
importante símbolo de democracia para qualquer nação.
As CPIS só são cobertas quando tem apelo junto à opinião pública, passando
para cobertura excepcional. As mais famosas são: PC Faria, levando Collor ao
impeachment, a de Nicolau Dos Santos Neto (Lalau) e do Senador Luis Estevão.
Quem não se lembra das coberturas jornalísticas informando a entrega de pizzas
delivery para o juiz Lalau na prisão. O fato do jornalismo cobrindo a CPI faz com que
ela tenha maior apelo social. (SEABRA & SOUZA, 2006)
As coberturas de CPIS têm um lado positivo e outro negativo. O primeiro
porque rompe o paradigma de algo indestrutível. Já o lado ruim é que a CPI acaba
por tornar-se um espetáculo. Muitos deputados esquecem o itinerário político para
conseguir um espaço diante as câmeras. Os jornalistas ávidos por furos de
reportagem acabam por divulgar grande parte de informações recolhidas em OFF
16
sem a checagem necessária. “E assim, aos poucos, passa-se de caça ao furo para
caça às bruxas”. (SEABRA & SOUZA, 2006:35)
17
1.2. Jornalismo internacional
Aqui concebido como político também. Normalmente o gênero acaba sendo
uma cobertura de política internacional. Quando alocamos o gênero de jornalismo
internacional ao trabalho pretendemos analisar as visitas do presidente Lula a outros
países, ou a visita de ilustres internacionais ao planalto central.
Como a análise semiótica vai partir também para campos da sociologia,
semântica e pragmática, todos os elementos suscetíveis de gerar coerção são
importantes, principalmente pelo julgamento de valor e de realidade na qual a visão
internacional do país é encarada pelo leitor, tanto perante países periféricos como
aos países do centro do capitalismo. Afinal, esta pode ser considerada uma forma
internacional de prática de adesão do poder argumentativo retórico do emissor.
A existência do jornalismo internacional já é amplamente debatida. Enquanto
alguns pesquisadores classificam sua existência no Sec.XIX com o advento da
máquina de impressão cilíndrica e o surgimento da primeira agência de notícias,
criada na frança por Charles Havas, atual AFP. (NATALI, 2004)
Outros, como o jornalista João Batista Natali diz que esta visão é um
equívoco, pois o jornalismo já nasceu internacional e o mercantilismo já precisava
dele, como o banqueiro Jacob Fugger, criador da primeira newsletter, ainda no final
do século XIII. De uma forma ou de outra, este método de coleta e difusão de
notícias de terras distantes sempre teve um objetivo com viés econômico. Para
Natali este foi o primeiro tipo de jornalismo a sofrer censura. Aconteceu em Paris,
1631, quando o jornal Nouvelles Ordinaires de Divers Endroits (Notícia comum de
vários lugares) foi proibido de circular. Em seu lugar foi produzido o La Gazette, que
tinha como responsável Théophraste Renaudot, uma espécie de testa de ferro do
poderoso cardeal Richelieu. (NATALI, 2005)
O precursor do jornalismo internacional, ou político, no Brasil foi Hipólito da
Costa. No século XVII, a família real desembarcou no Brasil em fuga da ascensão
napoleônica na Europa. Junto com a comissão real estava Hipólito da Costa. Ele
carregava de dentro de um dos navios uma prensa trazida de Portugal. Aqui
elaborou o primeiro jornal brasileiro chamado o Correio Brasiliense, que era
impresso em Londres e fazia oposição ao governo de Don João. Devido á censura
na América Portuguesa, Hipólito da Costa teve que fugir para Inglaterra. (NATALI,
2005)
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Na época da ditadura militar (1964-1985) o jornalismo internacional viveu o
seu boom . Havia equipes de correspondentes que recebiam salário em dólar, com o
país vivendo o conhecido “milagre econômico dos anos 70”. Nos cadernos haviam
críticas de ditaduras vividas na África, e que indiretamente fazia analogia do próprio
sistema vivido no Brasil. Natali diz que com a redemocratização da nação, a editoria
de Internacional deixou de ser a única válvula que o jornal tinha de criticar o sistema,
mesmo que indiretamente.
Com o fim da Guerra Fria acontece o fim da polarização nas coberturas
internacionais. Os noticiários passam a lidar com uma única potência - os Estados
Unidos – diante três enfoques históricos diferentes. O primeiro é a eleição de
George Bush, o pai. Ele iniciou a Guerra do Golfo, uma guerra que para muitos
pesquisadores foi de motivo imaginado. A invasão do Kuwait foi a partir de “fotos” de
ataques a navios americanos. (NATALI, 2005)
O segundo momento é a eleição de Bill Clinton, que conseguiu abafar a
imagem negativa de Bush, o pai, e ao mesmo tempo, isolar a Rússia. O terceiro
momento é a eleição de George W. Bush, o filho. O jornalismo internacional ainda
estava encantado com a época de Clinton e não soube investigar o caso 11 de
setembro que culminou com a invasão no Iraque e a captura de Sadah Hussein,
antigo desafeto da família petroleira da família Bush. (NATALI, 2005)
Com o advento da internet o jornalismo internacional obteve uma grande
mudança nas redações. Natali acredita que agora o redator possui mais função nas
redações. Trabalha muito mais pelo mesmo salário. Com a diversidade da internet, o
redator deve apurar cada vez mais as informações. Deve saber fazer uma
interpretação qualitativa diante o acúmulo de informações enviadas pelas agências
de notícias para as redações. Selecionar de acordo com o valor-notícia redigindo
melhor na medida da “superinformação”.
Cobertura presidencial : Muitos jornalistas encaram o convite de uma
entrevista junto ao presidente como uma grande oportunidade de acompanhá-lo em
sua trajetória internacional. Martins não encara desta forma, para ele é muito mais
desgastante para o jornalista que vai cobrir esta trajetória do que para o presidente.
Enquanto o primeiro pode ocorrer diversos imprevistos que vão desde a falta de
internet como revistas não programadas em diversos aeroportos, já o segundo (o
presidente) sempre vai estar descansado e com a maioria dos recursos a
disposição.
19
Os jornalistas políticos também são contaminados pelo imperialismo da economia. Somos obrigados a lidar com os sábios da equipe econômica por que no Brasil, ao contrário dos países do G-7, onde são meros assessores dos governantes, os economistas decidem com grande independência e distanciamento das instâncias políticas (NATALI, 2002:28)
No próximo tópico vamos analisar o jornalismo econômico que contempla não
só com os temas trabalhados nos editorias como para uma concepção maior do que
é o jornalismo político no país. Esse que muitas vezes se confunde com a cobertura
econômica. Um jornalista que quem cobre política tem que estar preparado para
cobrir economia, e vice versa, fruto do enorme envolvimento que os políticos
possuem no desenvolvimento econômico do país.
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1.3. Jornalismo econômico
Uma vez que os gêneros opinativos colhidos para analisar a revista Carta
Capital são também econômicos vamos entender um pouco desta cobertura. A
cobertura brasileira divide-se em duas partes essenciais: prestação de serviços e
planos de ajustes econômicos. A carta Capital se baseia em planos de ajustes
econômico. Um de seus colunistas, Delfim Neto, já foi ministro da economia do país.
Não obstante, Mino Carta e Delfim Neto frequentemente citam elementos que
simbolizam um jornalismo macroeconômico.
Depois do famoso “crack de 29”, o estado começou a participar mais da
economia para dar maior fluidez ao desempenho do sistema capitalista que, vira e
mexe, tem suas crises. As crises cíclicas. Então, o governo acaba muitas vezes,
para poder auxiliar o sistema, gastando mais que arrecada. Aqui entra também a
possibilidade de chamada malversação do patrimônio público, ou seja, desvios de
verba, desperdícios, favorecimentos, etc.¹ (AMARAL, 2007)
Contudo o jornalismo econômico brasileiro nasceu na mesma época da
ditadura militar de 1964-1985. Este regime político mantinha uma ideologia de
desenvolvimento. Outro boato explícito da época era o da democracia. O mundo
dizia que era impossível uma nação almejar a democracia sem uma economia
consistente. Consequentemente foi necessária uma alta cobertura sobre ajustes
econômicos dos países democráticos.
Em economia, é necessário saber o que se passa com o vizinho. Isso criou
uma demanda concreta para o jornalismo econômico. Naturalmente é papel da
profissão de jornalista divulgar qualquer informação que seja útil para a sociedade,
independente do gênero, motivo este do jornalismo especializado em economia
gerar um boom em terras brasileiras.
Desde os tempos do Delfim, nos anos 70, criou-se uma supervalorização da análise macroeconômica. Não é mistificação recente, porque já tem história. Mas se trata de uma tendência recorrente na vida do País. Durante o período era a confusão de jornalista como vidente econômico. Nestes momentos as pessoas paravam os jornalistas para perguntar perguntas técnicas, do tipo qual papel esta subindo, como ficará o dólar cambial. Em um momento de Milagre Econômico o jornalista era tido como uma das principais fontes pela população, independente se a
1. Antes do “Crack de 1929” o mundo vivia o conceito de Adrian Smith, que acreditava que o mercado se estabelecia sozinho, chamado liberalismo. Após o Crack, as leituras de Keynes foram tidas em práticas pelo governo Roosevelt, que colocou o Estado de metendo na economia para tirar os EUA da crise mundial, gerando mais empregos e rendas - o que se convencionou como o chamado intervencionismo do Estado na economia.
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análise era quantitativa ou não. Bastava o jornalista dominar um pouco do economês. Porque bastava dominar duas ou três expressões do economês para se tornar poderoso. E foi essa mistificação que pautou toda a década de 90. (NASSIF, 2001:98)
Foi nesta época que foi concebido também o estereótipo das teorias
internacionais. “Olha, eu estudei lá fora, conheço teoria econômica. Por isso, tenho a
solução, resolvo tudo”. O que é um grande mito, pois é muito difícil continuar
atualizado sobre os passos dos grandes centros sem estar dentro deles. Porém,
este estereótipo dura até hoje, tanto para os economistas quanto aos jornalistas.
Quem estudou fora do país é tido como gênio. O que acaba sendo não
avaliativo, uma vez que depois de alguns anos fora do país o cidadão fica totalmente
desatualizado do que está de fato acontecendo. Dificilmente ele vai ter tempo para
ler publicações locais e se atualizar. “Esse papel mistificador do economista - papel
político, no mau sentido - existia no início do século, na proclamação da República.
Depois, o jornalismo econômico foi revitalizado a partir do Plano Cruzado, quando se
promoveu a mesma privatização do Estado, a mesma desorganização”. (NASSIF:
2001:99)
Outro papel mitológico esclarecido acima por Luís Nassif também se entende
pelo uso do economês como uma forma de ultrapassar a censura da época diante
as publicações. Com função específica durante o regime militar – que tinha um
governo populista que se baseava no avanço e modernidade – os jornalistas
econômicos usavam o economês como uma fórmula de escapar da censura. O
governo não tinha capacidade para filtrar este tipo de notícias. Ela era rica de
linguagem técnica, números, siglas e estrangeirismo afastavam a censura. Hoje em
dia, desmistificar o economês é um dos maiores desafios do jornalismo econômico,
porém, na época ditatorial o uso era viável diante a censura. Neste ponto, os
gêneros opinativos são ótimos para uma interpretação mais clara sobre o fato.
(NASSIF, 2001)
Ao mesmo tempo, a censura que se exercia no regime militar era muito mais branda no jornalismo econômico, até porque a maioria das notícias era positiva. Só depois de certo tempo surgiu o debate sobre a questão da distribuição de renda, que começou a piorar, apesar do desenvolvimento acelerado. Mesmo assim, foi essa base econômica que permitiu ao regime militar ter o apoio da sociedade. (SARDEMBERG, 2001: S/p)
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Aspectos do início da cobertura macroeconômica: tendência oficialista
porque havia um ambiente positivo e a censura lhe era mais branda. Apesar disso,
vários jornais tiveram a capacidade de levar essa área com qualidade, não raro
usando linguagem meio cifrada, ajudando a dar origem ao economês.
O economês tem dois sentidos, ambos negativos, significando escrever mal,
errado, ou então com tanto requinte técnico que poucos entendem. Se alguém
escrevesse que o regime ditatorial brasileiro estava baseado em políticas que
visavam o arrocho salarial, provavelmente ficaria censurado. Porém, se afirmasse
que estava baseado na contenção do fator trabalho, acabava passando pelo filtro da
censura, devido o economês de difícil compreensão para os militares da época. Um
dos principais fatores para evolução do jornalismo econômico foi à ação do governo
Castelo Branco que diminuiu a inflação de 100% para a casa dos 40%.
(SARDEMBERG, 2001)
Ao mesmo tempo em que Sardemberg enxerga elementos que demonstram
uma evolução do jornalismo econômico em plena época ditatorial, João Natali,
correspondente internacional da Folha de S. Paulo, também os vê. Neste caso o
autor entende que noticiar positivamente um fato em um governo em que qualquer
forma de oposição ao sistema aplicado é motivo de censura, o jornalismo econômico
encontrou poucos cortes em seu noticiário. Fica a dúvida, será que o jornalismo
econômico fazia isso para que não fosse censurado? Será que este tipo de
jornalismo era aliado ao governo ditatorial? De uma forma ou de outra, notícias pró-
governos acabaram atrapalhando um preparo da indústria, ou até mesmo da
população, diante a crise que se agravou na década de 80, seguinte da intitulada
década do “milagre econômico”.
O Brasil mergulhou numa crise prolongada a partir da década de oitenta – chamada década perdida. E o que aconteceu com o jornalismo econômico? Continuou sendo notícia, embora de um modo inverso. Paramos de falar de crescimento para falar de estagnação, recessão e de um personagem novo, a inflação. Aquela conhecida, desde 1964, era brincadeira, ridícula, de 100% ao ano. Nesse novo período, este chegou a ser quase o índice mensal – 80% no último mês do governo Sarney. Depois, 45% ao mês era o normal. (SARDEMBERG, 2001, S/p)
A posição de jornalista macroeconômico começava a florescer. Os problemas
financeiros geraram mais demanda ao jornalismo macroeconômico nos anos de
1980. De uma forma ou de outra “a crise econômica dos anos 80 do século
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passado, foi caracterizada por uma inflação ascendente. Elevando a credibilidade do
jornalismo econômico brasileiro diante o mundo inteiro, aumentando a análise de
títulos públicos, investimentos públicos, jornal de serviços, coberturas anti-
inflacionárias, bancos, taxa de juros e commodytes.
Com a crise dos anos 80 o jornalismo econômico teve que mudar o foco.
Naturalmente ele soube se adequar a esta nova temática diante coberturas
qualitativas de notícias macroeconomias. A primeira grande cobertura diante a crise
dos anos 80 foi à divulgação de diversos pacotes diante a mudança para o Plano
Cruzado na clara tentativa de conter a inflação.
O interessante é que havia dois grupos de acadêmicos, com linhas de pensamento distintas, que se uniram para fazer o Cruzado. A corrente que desenvolveu a base teórica da nova moeda era ligada à PUC do Rio de Janeiro. O outro grupo veio da Unicamp. Ambos assumiram uma função política das mais relevantes. Passaram a garantir a eleição de partidos políticos. O grupo da PUC se aliou ao PSDB; o da Unicamp, ao PMDB, até a hora em que o PMDB naufraga, com a imprensa dando a retaguarda (NASSIF, 2001:100)
Estes são grupos que chegaram a um poder político muito forte. Passaram a
ser as fontes principais da época. Esta característica perdura até hoje em dia,
porém, com menos ênfase quanto na época do plano cruzado. E mesmo quando
existia um erro, a opinião era mantida por outros especialistas mais jovens. “Aquela
primeira geração criativa é substituída por uma segunda geração xiita, presa a
dogmas, que perde a capacidade de pensar criativamente”. (NASSIF, 2001:102)
A baixa especialização da imprensa especializada gerou uma repetição de
fontes das duas academias. A opinião deles é sobreposta sobre as outras. Os
jornalistas passam a acreditar tanto naquela teoria, que descura a própria realidade,
criando outra teoria para argumentar o erro da escolha. “Então, eu diria que a crise
do jornalismo econômico é, antes de tudo, uma crise da análise macroeconômica”.
(NASSIF, 2001:102)
A crise econômica, sem dúvida, e de gigantescas proporções, sem que se possa ver com segurança a sua superação. A crise econômica é, também, uma crise do jornalismo econômico? (indagação crise Jô econômico) Acho que a resposta também é afirmativa. Não considero ter sido bem informado do estado real da economia ao longo dos últimos anos pelos colegas especializados (ALVES, 2001:90)
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Um dos destaques dos anos de 1980 eram as coberturas anti-flacionárias.
Para dar uma idéia de como funcionava, nem dentro do próprio governo se
entendiam as coisas. Pior, ninguém sabia as respostas que deveriam ser passadas
ao público, pois existiam informações contraditórias
Era tamanha a mudança que se fazia que ninguém estava compreendendo direito o que era. Imagine–se a situação dos repórteres – a maioria foi tomada de surpresa, mas os bons profissionais sabiam que alguma coisa estava em andamento. Como era o primeiro dos planos econômicos, a imprensa ainda não estava treinada para identificar indícios de que haveria um pacote. Hoje, está. Na época, era possível ao governo elaborar em segredo um plano daquelas proporções. Os bons repórteres desconfiavam, porque, entre outras coisas, havia algo parecido em Israel e no México. E quem acompanhava a literatura acadêmica, além de alguns artigos que apareciam nos jornais brasileiros, podia adivinhar que alguma coisa estava no ar. (SARDEMBERG, 2001)
Com os boatos de que Tancredo Neves estava a um passo dá eleição
começou um movimento de economistas esquerdistas a fim da reflexão sobre o que
fazer diante o novo governo. Neste momento, só os jornalistas experientes
entendiam que uma mudança estava por vir. Aos poucos a imprensa foi adquirindo
habilidade de antecipação diante sinais de crises. Hoje em diante a concorrência a
melhor imprensa é aquela que antevê os passos, e, a pior, é a que só falha na
cobertura. (SARDEMBERG, 2001)
As décadas de inflação obrigaram os jornalistas econômicos a se
familiarizarem com o jargão americano dos economistas. Dificilmente um jornalista
europeu não especializado saiba o que é overnight, hedge e outras esquisitices, que
são matérias primas repórteres, expressões que são ditas com a maior naturalidade
na TV, como se estivessem falando o inglês que o povo entende. Contudo, nos anos
90 a competição dos meios de comunicação perante a cobertura econômica começa
a ficar acirrada, por vezes desleal:
Com todo perdão pela palavra forte, para mim os anos 90 foram os anos do acanalhamento da mídia. O jornalista saía da escola com a seguinte visão: “eu vou atropelar quem atravessar meu caminho, vou manipular e inventar informação. O que vale é a manchete”. Foram os anos do “vale tudo”, em que a imprensa adquiriu o maior poder da História, antes de estar suficientemente madura. (NASSIF, 2001:103)
O furo jornalístico era ambicionado de uma forma ou de outra. Se a notícia
tivesse impacto já era o bastante. E tivemos alguns modelos jornalísticos que se
consolidaram nesse período. “Foram, a meu ver, o supra-sumo da leviandade, da
irresponsabilidade, da falta de compromisso com a qualidade. Se não houver notícia
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quente, inventa-se uma”. A questão de buscar os diversos ângulos foi deteriorada
nos anos de 1990. A imprensa se tornou unanimidade. Em qualquer escândalo,
normalmente a cobertura segue numa única direção. No jornalismo econômico,
existe até hoje a ditadura dos analistas ligados ao mercado financeiro donde as
opiniões dos mesmos persistem na imprensa. (NASSIF, 2001:104).
Porém, o discurso uniforme da imprensa especializada, ou melhor, teorias
Neoliberais postas em prática nos EUA pelo presidente Reagan, e inglesas por
Margareth Thatcher acabaram caindo com as vitórias de Bill Clinton e do trabalhista
Tony Blair. Começou maior diversificação de opinião. É interessante notar que de
uma forma ou outra o jornalista que almeja cobrir macroeconomia deve ter domínio
da língua inglesa e dedicar um imenso tempo para acompanhar ao menos: o Wall
Street, o Economist, o Financial Times, para não falar dos boletins de análise
conjuntural, publicados pelos principais bancos de investimentos, ou de publicações
mais sérias, como o Journal of Economic Literature, o Journal of Monetary Economy.
Porém, os “jornalistas econômicos brasileiros são os que, no mundo, têm
maior intimidade com os termos e os conceitos da economia. É o fruto de décadas
de crise e de inflação descontrolada. A mídia brasileira também é a que maior
espaço dedica às notícias econômicas”. Naturalmente a cobertura foi ganhando
experiência diante as problemáticas econômicas (ALVES, 2001:91)
Hoje em dia imprensa econômica brasileira está num ponto intermediário
entre um tipo de cobertura oficialista e um tipo mais aberto, democrático. A primeira
almeja somente a cobertura do que foi divulgada pelo governo à titulo de informação
que dispensa qualquer tipo de consideração contrária, característica semelhante ao
do jornalismo econômico na época ditatorial. A versão oficial é a que prevalece. Já a
segunda consiste em opiniões de economistas contrários ao conteúdo. Apesar de
ser mais democrática, ela ainda possui suas limitações diante uma cobertura com
diversas opiniões e pouca interpretação por parte do emissor do conteúdo
Em grande parte, isso é falta de preparo. Se ele tiver competência para compreender as medidas, poderá dizer que elas irão provocar tais e tais resultados positivos e negativos, como fazem os colunistas. Muitas vezes, os jornalistas poderiam agir dessa forma, em vez de bater nas portas dos economistas. Tanto para captar o que a fonte está dizendo – sem entrar na informação parcial ou distorcida – quanto para ir atrás da notícia correta e bancá-la. (SARDEMBERG, 2001: S/p)
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Aí entram os aspectos da cobertura economia. A crise de hoje é de natureza
criativa. Há uma reformulação de todo o processo de pensar, e de atuar no âmbito
econômico. É a descentralização. Surgem novos modelos de cobertura no mundo.
Agora estamos entrando na era da maturidade, onde o próprio leitor passa a exigir
qualidade de informação. Empresas começam a trabalhar de uma forma conjunta.
“E o novo modelo que vem pela frente, que exigirá mudanças principalmente no âmbito das empresas – o foco mais dinâmico da sociedade -, deve gerar análises sistêmicas, de conjunto. Acaba a história de investigar o problema A, o B ou C, isoladamente. É preciso superar a mera análise dos números” (NASSIF, 2001:92)
O jornalismo continua preso a cobertura de câmbio e de open marketing do
Banco Central. São necessários novos modelos, mais populares com maior
integração com o meio ambiente perante um desenvolvimento sustentável. Mais
diversidade de publicações. Pois, nenhuma economia hoje em dia pode ser
analisada isoladamente.
A relação do jornalista econômico com os economistas é crucial para o
sucesso da profissão. Entrar nestes nichos é muito difícil, o que estimula a
concentração de informações em OFF retidas para poucos. Hoje em dia o jornalista
é tido como importante neste tipo de cobertura por se tratar de um órgão
supostamente imparcial, independente do governo ou de interesses econômicos
secundários. Porém, são atreladas, não possuem quantidades necessárias.
A mesma pesquisa utilizada em um grande jornal é a mesma que o
concorrente vai usar, não obstante, mesma matéria prima das empresas jornalísticas
de médio e pequeno porte que trabalham com a cobertura macroeconômica. O
jornalismo econômico competente, numa economia estável, é um jornalismo
dedicado a empresas, empreendimentos e negócios. Já o jornalismo competente
diante uma economia fraca acaba sendo investigativo diante o motivo desta queda.
(NASSIF, 2001)
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2. Conceitos de apoio
Neste capítulo estão alguns conceitos de apoio que servem para um
entendimento melhor sobre o papel da comunicação entre os próprios políticos e
sobre algumas nuances do papel do jornalista diante da sociedade. São tópicos
interessantes que vão ajudar para um melhor entendimento de como os políticos e
jornalistas atuam, otimizando a compreensão da análise semiótica sobre este
trabalho. Tanto a visão negativa quanto a positiva diante o papel de jornalistas e
políticos na sociedade estarão nas palavras deste capítulo. Quanto melhor
entendemos como funcionam estes papéis, mais vamos estar por cima da ótica
tradicional que estes se demonstram para a sociedade.
2.1. Imparcialidade
A finalidade do jornalismo permanece a mesma desde seu surgimento -
fornecer aos cidadãos as informações que precisam para ser livres, viver em uma
democracia. Por isso que existe a liberdade de imprensa, pois um imprensa livre
simboliza um pátria livre e democrática. “Essa noção de liberdade de imprensa foi
criada no contexto da independência americana, pois somente uma imprensa livre
pode contar a verdade”. (ALMOND E POWELL JR, 1972:110)
Porém, com a chegada da tecnologia no jornalismo, muitas empresas
jornalísticas se tornaram conglomerados de negócios, e são necessariamente
dependentes da liberdade de imprensa para manter seus negócios. “Os
conglomerados de empresas jornalísticas interferem na sobrevivência da imprensa
independente ao mesmo tempo em que se volta para os negócios”. (KOVACH E
ROSENSTIEL, 2004:53).
“Com a chegada da tecnologia, as empresas jornalísticas passaram a
submeter o jornalismo a interesses econômicos, portanto a ameaça ao objetivo da
profissão nos dias de hoje não vem da censura dos poderes governamentais, e sim
no fato de que a independência do jornalismo pode ser dissolvida no meio da
autopromoção ou informação comercial.” (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:32).
Cada pessoa possui uma verdade, um argumento individual. O jornalismo
procura utilizar a prática da verdade, não no sentido filosófico, mas deve se basear
em uma verdade que funcione para a sociedade. O compromisso com verdade é
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fundamental para “independência jornalística”. “Os jornalistas não somente vendem
conteúdo informativo ao público, como também constroem uma relação com base
em seus próprios valores, profissionalismo, compromisso, julgamento e autoridade”,
criando-se assim um vínculo mais resistente entre o público e as empresas
jornalísticas, que por sua vez utilizam desse “crédito” para conquistar anunciantes.
(KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:83)
É interessante notar que Desde os primeiros estudos de Edgar Morin, teóricos
da comunicação afirmam que há uma espécie de contaminação nos mass-media
que ajuda a confundir os conteúdos informativos e o sistema ficcional. Esse efeito
faz com que a realidade pareça ser encenada, para que seja recebida pelos
consumidores. Como dizia Aristóteles, a representação não é regida pela fidelidade
à realidade, não se destina a reproduzir o que é real. O critério é a própria
representação em si, “a capacidade de envolver o espectador a partir de suas
próprias experiências, ou seja, o simulacro não representa o real, mas deve parecer
que o faz”. (FAUSTO NETTO, BRAGA e PORTO, 1995:81)
A função dos jornalistas não é só informar, mas também ser um vigilante
independente do poder, porém, esse princípio é mal interpretado pelos jornalistas. “A
função de guardião pode ser ameaçada por excesso de uso, falha na condução da
vigilância ou ainda pelo aumento de conglomerados corporativos, que podem
destruir o papel do profissional de imprensa”. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004: 169
-171)
Atualmente os jornalistas acreditam que a imprensa impede que líderes
políticos burlem a lei ou a ética, essa finalidade distingue sua profissão das demais.
“Ser guardião significa mais do que monitorar ações governamentais, na verdade se
estende a todas as instituições poderosas”. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:172)
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2.2. Ética Jornalística
Uma das coisas que um jornalista político deve ter em mente é que qualquer
grupo ou partido governante sempre representa interesses particulares contrários
aos divulgados pelos políticos: “Tomar uma posição fundamentalmente crítica não
significa rejeitar o próprio estado, menos ainda aplicar um negativismo geral”. É
papel do jornalista sempre contestar para dignificar sua posição de formador de
opinião bem como para reforçar o próprio conceito de democracia. Afinal, quanto
mais crítica, mais vozes apontando problemáticas. (KUNCZIK, 2002:340)
Quanto mais ampla a participação da pessoa na tomada coletiva das decisões e maior a sua integração na estrutura das comunicações, maior é o seu compromisso para com a associação (afeto positivo, lealdade e empenho em realizar as metas de grupo) e menor o seu desligamento (distância pessoal e sentimentos da incapacidade para influenciar as ações e políticas coletivas). (KNOKE, 1986:341) Com esta citação percebemos qual é a responsabilidade do jornalista político.
Ele nunca deve perder o sentimento democrático e sempre se lembrar do seu
compromisso para com o leitor. Quanto mais engajado na política, maior a
responsabilidade ética do formador de opinião.
O jornalista ajuda “a prevenir o esclarecimento de uma liderança oligárquica,
já que o governo de poucos é fundamentalmente prejudicial ao avanço da
democracia”. Analisando este contexto percebemos que o jornalista também tem a
função de esclarecedor dos processos de construção da vontade política. Logo, ele
pauta os políticos que procuram resolução de problemáticas conforme a demanda
de notícias. Aqui, o jornalista ético e concebido como o jornalista de
desenvolvimento. (KUNCZIK, 2002:340)
A vida humana já não pode se subordinar completamente aos objetivos econômicos. Existem outros objetivos que transcendem a edificação de uma sociedade consumidora tipo ocidental com seus produtos parcial ou totalmente supérfluos e sua destruição do meio ambiente. Promover um orgulho sadio com respeito ao patrimônio e as conquistas da própria cultura, dentro do contexto de uma concepção de desenvolvimento não baseados em medidas monetárias, mas tenha a qualidade de vida como cerne, é a principal função do jornalista de desenvolvimento. (KUNCZIK, 2002:345)
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O jornalista de desenvolvimento pode ser atuante em qualquer editoria do
jornalismo. Em qualquer estado social, não é porque é jornalismo de
desenvolvimento que ele enfoca países em desenvolvimento. Esta ação esta além
das classes sociais, por se tratar de uma noção ética. Os valores de um jornalista
ético abrangem todas as categorias. Por isso o jornalista de desenvolvimento não
deve medir o país unicamente pelas taxas do PIB. O importante para a análise é
saber como esta auto-realização da população. Noticiar sempre visando os valores
humanos em primeiro lugar.
E neste contexto o jornalista deve ser o mediador, porta voz das diversas
opiniões democráticas diante uma problemática. “Assim encarado o jornalista tem
uma função mais ou menos pública, pois proporciona a cidadania, a informação
mais concisa possível dos fatos, para capacitá-la a formular juízos e optar por ações
apropriadas”. (KUNCZIK, 2002:346)
Atribuindo-se assim a tarefa do jornalista em estimular discussões, promover
encontros e, quando o debate está a ponto de parar, intervir, contribuindo com suas
próprias idéias. Ele não pode ser passível diante sua cobertura. Os receptores estão
ávidos por informações legitimas, e cabe ao jornalista de desenvolvimento fornecer
este material.
O jornalista ético tem a função de crítico. Para um jornalista ser um crítico,
deve ser capaz de “analisar os prováveis efeitos sociais, culturais e econômicos que
tem um projeto pode ter sobre o povo, sabendo-se que mesmo os projetos públicos
surtem efeitos distributivos no sentido de que muito raramente eles atuarão contra
os privilegiados”. (KUNCZIK, 2002:348)
Mesmo sendo elitizado, Mino Carta costuma fazer este papel de crítico a favor
do povo que vive na camada da sociedade. Ele possui muita experiência no campo
jornalístico, por isso é credibilizado pela academia jornalística a ser um crítico. Esta
credibilidade não é algo tangível como um título ou um troféu, ela é abstrata, está no
ar, donde o histórico do crítico é o balanceamento do julgamento de valor que será
embutido nele.
“O jornalista de desenvolvimento deve aceitar o fato de que o
subdesenvolvimento é também um estado mental”. Não é por ser um jornalista
brasileiro, um país considerado de terceiro mundo, que ele deve redigir como
terceiro mundo, ou ter qualidade de terceiro mundo. Na verdade ele deve sempre
ambicionar a alta tecnologia, se familiarizando e otimizando os custos diante um
31
trabalho qualitativo. “Tentar remover sentimentos de alienação, como impotência,
auto-alienação, isoladamente, insensatez e até mesmo fé nas normas, constitui uma
tarefa essencial de jornalista de desenvolvimento”. Naturalmente ele estimula
efeitos positivos. Porém este otimismo não deve ser levado ao extremo, pois existe
situação onde é impossível ser positivo, como a cobertura de uma guerra, por
exemplo. (KUNCZIK, 2002:352-353)
O problema do Terceiro Mundo não começou nem com o capitalismo monopolista, nem com o colonialismo. Os elementos do problema já estavam presentes no Terceiro Mundo, especialmente na Ásia e na África, nas formas da posse de terras, nas configurações da produção agrícola, nas relações sociais, nos modos de organização política, etc. que caracterizaram essas sociedades antes do advento da “expansão européia”. (JAYAWEERA, 1986:20) Neste contexto é natural que um jornalista de desenvolvimento esteja
atenuado com a leitura das ciências sociais. Através desta leitura o jornalista fica
livre de falsos julgamentos e estereótipos. Naturalmente, este jornalista deve ser
autodidata. Através da busca do conhecimento ele beneficia o leitor.
O jornalista de desenvolvimento deve compreender a interação entre os
problemas pessoais e os problemas sociais existentes para pode dar sentido ao
mundo.
O critério decisivo que distingue o jornalismo ocidental do jornalismo de desenvolvimento reside na aceitação do principio da atualidade. A regra segundo a qual uma boa cobertura informativa é sinônima de uma cobertura informativa de atualidade não pode ser aplicada ao jornalismo de desenvolvimento. O empenho em produzir constantemente notícias com rapidez impossibilita uma recopilação de notícias baseadas na investigação cuidadosa e na explicação de contextos. (KUNCZIK, 2002:364)
De certa forma, este aspecto de agilidade do jornalismo ocidental acaba
muitas vezes por não ser ético. A falta de análise, acusação em massa de fontes em
uma só direção, vista com sensacionalismo, muitas vezes ultrapassa somente o
objetivo de informar.
Este é um grande diferencial entre jornais e revistas, impressos. Enquanto o
primeiro é mais dinâmico, na mesma proporção, é o que tem mais chances por
burlar a ética diante o aspecto quantitativo. Não por isso que a revista também não
vai fugir a regra. Somente os ataques entre os editoriais de Mino Carta e Diogo
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Mainardi, editor chefe da revista Veja, já explicitam de cara que as duas revistas
ultrapassam o limite da ética jornalística.
Não obstante, diante a sociedade da informação acontece o famoso
bombardeio de notícias instantâneas onde ninguém entende nada. Causam mais
efeitos do que informam principalmente os telejornais das grandes emissoras
ocidentais. “É duvidoso que os meios de comunicação de propriedade privada, que
competem entre si, sejam mais idôneos para realizar um jornalismo de
desenvolvimento”. (KUNCZIK, 2002:364)
Este tipo de jornalismo é mais reflexivo, mais trabalhado, interpretativo. Ele
não cai na fobia do rápido, onde grande parte do conteúdo é elaborada de última
hora, sem muita averiguação. Depender da agilidade é depender do publico, e não
respeitá-lo. “Isso envolveria na prática o risco de priorizar conteúdos despolitizados,
culturalmente empobrecidos, sensacionalista e de entretenimento”, naturais do
grande jornalismo moderno ocidental. (ARBEX, 2001:75)
Ele é um franco defensor da democracia, consequentemente da liberdade de
imprensa. “Os governos autocratas da América Latina e de muitos estados asiáticos
combatem os meios de comunicação independentes, e em particular os jornais; só
um jornalismo livre e responsável poderá contribuir de maneira duradoura para o
desenvolvimento planificado”. (KUNCZIK, 2002:372)
Na Ásia quando falamos em divulgação parcial ficamos em dúvidas perante
os governos, em particular da China, em censurar a imprensa. Já na América Latina,
vemos Hugo Chaves censurar a Television, ao passo que Cristina Kirchner já
intervencionou o INDEC, que é o indicie que mede os movimentos econômicos da
Argentina. No Brasil, tivemos a intervenção de Gilmar Mendes ao jornal Estado de S.
Paulo.
O jornalista ético de desenvolvimento não pode deixar germinar na sociedade
um tipo de consenso que faculte uma minoria que vive nas costas de uma maioria
que realmente trabalha e obedecem as leis estipuladas, ao fim de manter a ordem e
serviço a nação.
“Ele motiva a crítica na sociedade, motiva o povo a lutar por um ideal que
julga necessário para a maioria participante”. O jornalismo de desenvolvimento se
encontra arraigado num conceito geral de administração e planejamento e por isso
possui um “caráter instrumental e sócio-tecnológico”. “O jornalista deve estar
arraigado numa dada cultura local, esforçar-se para obter a cooperação dos
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membros mais importantes da comunidade e usar linguagem apropriada para as
habilidades lingüísticas do público”. (KUNCZIK, 2002:370)
Uma das características mais importantes do jornalismo é a confiabilidade de
um meio de comunicação. “O meio de comunicação pode ser visto como instrumento
de propaganda do governo. Uma vez que a maioria das pessoas considera como
pouco confiável um sistema de comunicação, mesmo os melhores conteúdos de
jornalismo de desenvolvimento deixarão de ter efeito”. (KUNCIZIK, 2002:371)
O jornalismo ético deve usar a sua capacidade de retórica nos detentores do
poder, um jornalismo livre serve de interesse a todos os integrantes do sistema.
Diante o neopopulismo na América Latina, muitas vezes estas liberdades são postas
em risco.
“Os governos autocratas da America Latina e de muitos estados asiáticos
combatem os meios de comunicação independentes e em particular os jornais”. De
acordo com a organização Freedom House, somente em 1986 foram presos 178
jornalistas e 19 assassinados. “Só um jornalista livre e responsável poderá
contribuir de maneira duradoura para o desenvolvimento planificado”. (KUNCIZIK,
2002:372)
O jornalista ético deve promover a pluralidade social. Sempre objetivando o
principio de subsidiaridade. Diante a proximidade do receptor e emissor, o primeiro
pode se tornar o informante e o professor das regras da democracia em termos
“locais” e “regionais” no mesmo instante.
Como principal veículo de informação entre o político e a população o
jornalista acaba dando suporte às leis. Ao mesmo tempo em que o jornalismo pauta
as problemáticas para o político. Como transmissor de exigências, podemos incluir
as denúncias e os problemas sociais. Através da retroalimentação o jornalista ético
vai sempre interpretar a notícia, relembrando de fatos, demonstrando hipóteses
cabíveis para problemáticas. Quando o governo lança uma lei, é ele quem vai
divulgar a mesma, retroalimentar as novas leis estipuladas. É ele quem vai estudar o
passado, entender o presente e ajudar a solucionar o futuro.
Assim em suma, o jornalista ético de desenvolvimento é baseado em
propósitos racionais e responsabilidade ética. Ele visa a qualidade de vida de seus
leitores. “A orientação de valores é claramente democrática e emancipadora”.
(KUNCIZIK, 2002:372)
34
2.3. Gêneros opinativos
Por mais que a instituição jornalística tenha uma orientação definida (posição ideológica ou linha política), em torno da qual pretende que as suas mensagens sejam estruturadas, subsiste sempre uma diferenciação opinativa (no sentido de atribuição de valor aos acontecimentos). Isso é uma decorrência do processo de produção industrial, pois a realidade captada e relatada condiciona-se à perspectiva de observação dos diferentes núcleos emissores (empresa, jornalista, colaborador e leitor). (MELO, 1994:34)
No instante em que a imprensa se profissionalizou deixando de ser um
empreendimento individual, como no tempo de Chateaubriand, tornando-se uma
organização complexa contando com uma grande força de trabalho assalariado de
acordo com os Sindicatos, “a expressão da opinião fragmentou-se seguindo
tendências diversas e até mesmo conflitantes”. (MELO, 2006:12)
Um jornalismo opinativo qualitativo visa: A informação, o interesse, a
denúncia perante desigualdades, a investigação, apuração de fatos, o contextualizar
o individuo na sociedade, propiciar a democratização, demonstrar a realidade, ser
polêmico e aguçar o senso crítico. Normalmente os jornalistas opinativos possuem
bastante experiência de campo. Ele deve ser um hiper especialista sobre sua
especialidade. Normalmente possuem diversas fontes importantes. (BELTRÃO,
1986)
No Brasil, os editoriais acabam tendo muito mais impacto político do que nos
Estados Unidos – maior representante do modelo ocidental de jornalismo. Nos
Estados Unidos, o Estado tem muito mais autonomia do que a mídia. Lá, se
existirem 1000 tablóides contra a guerra no Iraque, o estado não vai tomar a atitude
por estas, mais sim por seus ministros que protegem sua posição democrática. Já no
Brasil, Collor Caiu via imprensa. Este trabalho de análise de discurso visa o
conteúdo opinativo do editorial da Carta Capital. Os principais gêneros opinativos do
jornalismo são: “Comentário, Artigo, Resenha, Coluna e Editorial”. (MELO, 2003:26).
Apesar de ser um pouco raro, o comentário também existe. Este é um gênero
que foi introduzido no país recentemente, utilizado para ser um paradigma
alternativo do editorial, porém mais focado nos assuntos tocados em torno dos fatos
que estão acontecendo. Ele vem junto com a própria notícia.
Já o artigo pode ter duas definições. Pelo senso comum é qualquer elemento
jornalístico impresso, não importando o objetivo. Já as instituições jornalísticas
definem o artigo como “um gênero específico, uma forma verbal”. Todavia, trata-se
35
de uma matéria jornalística onde o emissor desenvolve uma idéia apresentando uma
opinião. O artigo é um “escrito, de conteúdo amplo e variado, de forma diversa, na
qual se interpreta, julga ou explica um fato ou uma idéia atual, de especial
transcendência, segundo a conveniência do articulista“. (MELO, 2003: S/p)
A resenha pode ser concebida como uma análise sobre obras-de-arte ou dos
produtos culturais. Seu objetivo é a orientação dos receptores. No nosso país o
termo ainda não se desenvolveu também - muitas vezes estes gêneros são
intitulados como “crítica”. Trata-se de uma atividade eminentemente utilitária.
“Coluna é a seção especializada de jornal ou revista publicada com regularidade, geralmente assinada, e redigida em estilo mais livre e pessoal do que o noticiário comum. Compõe-se de notas, sueltos, crônicas, artigos ou textos-legendas, podendo adotar, lado a lado, várias dessas formas. As colunas mantêm um título ou cabeçalho constante, e são diagramadas geralmente numa posição fixa e sempre na mesma página o que facilita a sua localização imediata pelos leitores“. Elas são opiniões e informações curtas que visam agilidade e abrangência. “Procura trazer fatos, idéias e julgamentos em primeira mão. Do ponto de vista estrutural, ela é um complexo de mini-informações”. (MARQUES DE MELO, 2003:42)
Toda empresa de comunicação possui uma ideologia. A imparcialidade é tida
com um mito. E é no texto do editorial que esta visão é demonstrada, implícita ou
explicitamente. Os textos informativos objetivam a informação, independente se
sejam tendenciosos ou não - no caso da tendência demonstrada de uma forma
informativa, com citação de fontes, ou até mesmo apurações em OFF.
Segundo José Marques de Melo, a opinião contida no editorial não se trata de
uma atitude voltada para perceber as reivindicações da coletividade e expressá-las a
quem de direito. Significa muito mais um trabalho de “coação“ ao Estado para a
defesa de interesses dos segmentos empresariais e financeiros que representam.
Para José Marques de Mello o escritor do editorial deve conciliar os diferentes
interesses do cotidiano e refletir o consenso dos diferentes núcleos proprietários da
instituição. Nisso, o princípio de orientar a opinião pública está associado à
orientação das ações do estado. Muitas vezes o editorial esta objetivando uma
motivação político – econômica em favor ou detrimentos, a este ou aquele político
que dependente ou independentemente favorece a empresa jornalística
economicamente.
É necessário que este jornalista seja experiente. Ele precisa ter uma vocação
de pegar determinados assuntos e direcioná-los. Porém, a voz dos veículos tem de
36
ser acordada, pois a visão pessoal do jornal não é a do seu dono, em sua maioria.
Isso porque existem outros aspectos que também precisam se acertar entre si, para
que saia um editorial que atenda a todos estes interesses (acionistas, agências
financiadoras, donos, estados).
Por sinal, todo o conteúdo ideológico se um jornal é afetado com as mesmas
decisões. Leva-se a discussão para direção do jornal, e esta, sempre aponta a
atitude que o estado vai tomar. Toda esta dinâmica entre o que os jornalistas
defendem e a ideologia da empresa de comunicação é negociada.
No caso da revista Carta Capital o editorial é semanal visto que a revista é
semanal. Cada edição de uma revista jornalística, normalmente, sempre vem com
um editorial, independente do seu gênero, ou público alvo. Na carta capital o
editorial elaborado por Mino Carta trás o conteúdo da semana. Ele analisa e
seleciona as principais notícias de acordo com os seus valores pessoais e os
valores notícias. No caso de Carta, ele é um dos donos da revista. Porém,
normalmente quem escreve o editorial é o chefe de redação, normalmente
gabaritado perante os objetivos ideológicos e comerciais do periódico.
De acordo com Luiz Beltrão, os atributos específicos do editorial são: a)
impessoalidade (não se trata de matéria assinada, utilizando portanto a terceira
pessoa do singular ou a primeira do plural) ; b) topicalidade (tema bem delimitado,
tratando de questões específicas); c) condensalidade (poucas idéias, breve e claro) ;
d) plasticidade (flexibilidade, ritmo dos fatos com seus desdobramentos).
“Os editoriais são lidos por menos de 10% dos leitores“ - segundo o escritor
Alan Viggiano - a maioria dos leitores brasileiros recusa o editorial porque ele é
muito massudo; destina-se a uma determinada classe de leitores; não é valorizado
(problema gráfico); e, geralmente, o tema abordado não diz respeito ao universo
específico do público (massa).
Independente do sucesso do editorial junto ao leitor é nele que o chefe de
redação vai utilizar muitas formas de argumentação e estimular vários sentidos para
demonstrar que a visão da revista é a mais legítima. Justamente por isso que o
estudo semiótico foi escolhido para analisar estes textos opinativos. Mais
precisamente a semiótica inspirada por Greimas, pois ela estuda todas as
performances de efeitos de sentido de uma mensagem.
37
3. Semiótica
O Código verbal da linguagem é dependente de três conceitos inicias:
Emissor, Mensagem e Receptor. Receptores têm códigos de vidas diferentes. A
mensagem pode ser mostrada de uma forma direta (jornal, fala) ou indireta
(pressuposições). No início do século XX duas ciências da linguagem cresceram
rapidamente, uma delas é a linguística, ciência da linguagem verbal, a outra é a
Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem. Nela existe uma forma de
comunicação que escapa da tríade comunicacional “ver-ouvir-ler”, e ao mesmo
tempo, é estimulado por ela de uma forma direta.
Um clássico exemplo é a sentença: “Onde existe fumaça ha fogo”. Muita
fumaça pode significar diversas coisas, como incêndio, chaminé, queimada. Até
olhar ou cheirar a fonte do problema a dúvida permanecerá no ar. Diante o mundo
em que vivemos cada um forma uma codificação particular. Se um urbanista estiver
no campo e enxergar fumaça, pode pensar que se trata de uma queimada quando
na verdade pode ser apenas a chaminé de um forno a lenha.
Quando falamos da linguagem é perceptível que ela veicula conceitos que se
desenvolvem no ouvido onde tal som recebe uma tradução visual (linguagem
escrita). Quando crianças, aprendemos a falar por esta fórmula de assimilação.
Existe uma figura e esta recebe um nome para o seu significado. Primeiro
aprendemos o símbolo, depois o que ele significa. Justamente por isso que existem
excessos de figuras nos livros didáticos infantis.
Simultaneamente existe um grande conteúdo de outros tipos de linguagens
que também se constituem em sistemas sociais de representação mundana. Tanto
diante a situação social de dado país quanto na codificação da sua população -
como a linguagem de libra, automobilismo, culinária, etc.
Quanto maior a capacidade de interpretação do ser, maior o entendimento
dos códigos de linguagem. Não obstante falamos do jornalismo especializado e ele
se encaixa muito bem nesta categoria de informação. O jornalista político deve
conhecer também os jargões da política, os econômicos dos economistas, e assim
por diante – só desta forma vão conseguir o sucesso na comunicação diante as
fontes especializadas. Este jornalista acaba adequando sua linguagem para poder
38
acompanhar as especialidades. Mais ou menos como um dos aspectos do
naturalismo – o meio (lugar) modificando o homem.
“De dois séculos para cá (pós-revolução industrial), as invenções de máquinas capazes de produzir, armazenar e difundir linguagens (a fotografia, o cinema, os meios de impressão gráfica, o rádio, a TV, as fitas magnéticas etc.) povoou nosso cotidiano com mensagens e informações que nos espreitam e nos esperam. Para termos uma idéia das transmutações que estão se operando no mundo da linguagem, basta lembrar que, ao simples apertar de botões, imagens, sons, palavras (a novela das oito, um jogo de futebol, um debate político...) invadem nossa casa e a elas chegam mais ou menos do mesmo modo que chegam à água, o gás ou a luz”. (SANTAELLA, 2003:12)
Dominar a linguagem é ter poder. Um bom exemplo é a Inglaterra. Ela que já
fora uma grande potência do mundo, agora, só demonstra sua potência
linguisticamente através da língua universal, o inglês.
Outro bom exemplo é a moda. No Brasil onde a temperatura média é de trinta
graus, a população segue tendências de países frios que estão na elite da moda, a
calça jeans é o maior exemplo disto. O terno e gravata também são muito usados,
principal traje das grandes instituições. A discussão paira sobre a qualidade da
marca, sendo que na verdade nenhum terno é adequado a um calor de quarenta
graus. Isso acontece porque o julgamento de valor que fazemos sobre isso é
extremamente forte; se uma pessoa não está vestida adequadamente passa a ser
julgada negativamente perante a ética mundial misturada com da sociedade vivente.
Neste sentido os grandes países do capitalismo comandam a comunicação
mundial. A imprensa é tida como principal canal de comunicação, forma a
personalidade das pessoas através de signos organizados em mensagens, o
funcionamento da mensagem ocorre como forma de transmitir: emissor, tipologia e
dissertação. No sistema social em que vivemos recebemos um “bombardeio de
mensagens que servem à inculpação de valores que se prestam aos interesses dos
proprietários dos meios de produção de linguagem e não aos receptores”. Assim, se
todo fenômeno cultural só funciona culturalmente porque é também um fenômeno de
comunicação, e considerando que tais fenômenos “só se comunicam porque se
estruturam como linguagem”, é notável que todo e qualquer fato cultural e qualquer
atividade ou prática social “constituem-se como práticas significantes, isto é, práticas
de produção de linguagem e de sentido. Iremos, contudo, mais além; de todas as
39
aparências sensíveis, o homem — na sua inquieta indagação para a compreensão
dos fenômenos — desvela significações”. (SANTAELLA, 2003:15-16)
A leitura é poder de linguagem, pode ser objetiva e subjetiva. Um bom escritor
pensa no tema e em argumentos textuais, para quem e como escrever. A função da
linguagem é de mexer com o emocional de receptor, rompendo a estrutura social
com argumentos no papel social. Tudo possui uma linguagem. E toda linguagem
trabalhada acaba virando especializada. Desde linguagem computacional, humana,
até florestal. A catalepsia projetiva estuda o estudo do sono. Existem, até mesmo,
estudos sobre a linguagem do silencio.
Visto assim, “a semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas
as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de
constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de
significação e de sentido”. O que nos favorece, pois se já sabemos que os grandes
políticos possuem a arte da retórica o grande jornalista político ambiciona a mesma
arte pragmática. Explosão de geração de sentido elaborado por ambas as partes,
intencionalmente. (SANTAELLA, 2003:18)
A semiótica é um grande indefinido. Ela ambiciona os fenômenos
antecedentes até a construção da linguagem. Consequentemente, um bom
semiótico deve ter boa base das ciências sociais, devido à alta oferta de
entendimento cultural pertencente a cada sociedade. É mais uma matéria que
estimula a convergência de diversas faculdades. Um bom semiótico está além do
olhar, de um simples julgamento de valor. Ele entende os estereótipos formados na
realidade em que vive.
Portanto, a semiótica procura analisar o “ser” na linguagem, ou seja, a ação
de signo. Para quem não sabe, signo é a estética do observado, significante é o que
ele pensa sobre a significação do observado. Por exemplo, quando vemos um lápis
(imagem – signo) logo pensamos na palavra LÁPIS (significante – palavra, neste
caso), e vice e versa.
Um dos maiores lingüistas da história, Charles S. Pierce, elaborou um estudo
dos signos que é base para entendermos a semiótica moderna. Diante a confusão
dos estudos da lingüística na sua época, ele tentou colocar as relações lingüísticas
sociais através de um modelo consistente
Pierce era estudante de química e de tanto estudar tal matéria e outros
fenômenos acabou percebendo que a maioria das coisas da natureza é semelhante,
40
o pensador possui trabalhos em diversos campos de estudo. Nisto, no campo da
filosofia, acabou inventando a fenomenologia (estudos dos fenômenos naturais). O
pensador inventou o termo “pragmático”, porém, por brigas de autoria do mesmo,
acabou por definir a palavra “pragmatismo”, que se refere ao mesmo conteúdo de
estudo.
Num artigo intitulado “Sobre uma nova lista de categorias”, Pierce em 14 de
maio de 1867 descreveu suas três categorias universais para toda experiência e
pensamento. Para Pierce, tudo o que surge na consciência se mobiliza numa
gradação de três propriedades que correspondem aos três elementos formais de
toda e qualquer experiência. Essas categorias foram denominadas: qualidade;
relação e representação. Para representar toda manifestação do pensamento
humano atravé de um único modelo Pierce se baseia em uma terminologia dividida
em: Primeiridade, Segundidade e Terceiridade – traduzindo-as como ícone, índice e
símbolo. (PEIRCE, 1999, S/p)
41
3.1. Ícone, índice e símbolo - Charles S. Pierce
O ícone é considerado um signo que possui alguma semelhança com o objeto
representado. “Exemplos de signo icônico: a escultura de uma mulher, uma
fotografia de um carro, e mais genericamente, um diagrama, um esquema”. Ele é um
signo que ganhou tanta consideração que acaba virando um grande símbolo dos
outros símbolos de sua especialidade. (COELHO, NETTO 2007:57)
Afinal, John Lennon já se considerou mais famoso do que Jesus Cristo.
Mesmo que o Pelé fique jogando basquete para o resto de sua vida, ele sempre
representará o futebol, e não meramente só lembrará o esporte. O Pelé é um bom
exemplo de ícone. Quando falamos do Ronaldinho Gaúcho, do Romário ou do
Ronaldo Fenômeno, são considerados meros símbolos no que tange ao Pelé no
futebol. É um fato social unânime entre os diversos segmentos de especialistas e
interessados em futebol. Tão natural quanto o sol de manhã, ou a Lua de noite.
É interessante notar que dificilmente um signo se torna ícone. Pois para um
signo virar ícone ele deve ser unanimidade no que tange a representação de outros
signos do mesmo segmento. Ele será um índice que nunca perderá o seu valor
como objeto. É interessante lembrar que cada um possui as suas codificações. Se
eu encontro no centro da cidade o padeiro que está ha trinta anos na esquina da
minha casa, ele será um ícone de padaria para mim. Já, diante a aglomeração ele
se torna apenas mais uma pessoa diante ao número de pessoas que percorrem o
local.
Já “o índice dentro da semiótica é um signo indicador”. O fato de o índice ser
mobilizado pelo objeto o torna um signo. Eles se fixam diante a repetição dos fatos
sociais vividos. Quando somos crianças aprendemos diveros indicadores desta
espécie como: não abra a porta para estranhos, não tome remédios por conta
própria, não ingerir líquidos que contenham “caveira” nos rótulos. (COELHO NETTO,
1990:59)
Já se tiramos o valor do objeto do índice ele perde seu significante. Se virmos
um veículo na rua sem a maçaneta, estando apenas um buraco no local, logo
pensamos que ali ocorrerá uma tentativa de assalto, observação esta estimulada por
experiências anteriores diante a televisão, fotografias, ou experiências pessoais.
Porém, depois de uma análise qualitativa da região, percebemos que o veículo está
perto de uma oficina mecânica donde esta saindo um mecânico com uma nova
42
maçaneta na mão. Logo entendemos que estávamos errados diante o objeto
estereotipado.
Exemplos de índices: Onde há fumaça há fogo, um campo molhado é índice
de que choveu, uma seta colocada num cruzamento é índice do caminho a seguir;
um pronome demonstrativo, uma impressão digital, um número ordinal. O índice é
algo que vai representar o seguimento de alguma coisa, quando consumimos os
produtos e pensamos neles com um índice percentual ao seu salário, verá que o
valor do objeto aumentará no pensamento.
Como diria Emile Durkheim, quando nascemos estamos diante uma
sociedade dada independente das manifestações individuais. Conforme crescemos,
percebemos a simbologia das coisas. Os símbolos são todos dados. No nosso
cotidiano infantil aprendemos discriminadamente que o branco simboliza paz e o
negro terror.
Símbolo é um signo que se refere ao objeto denotado em virtude de uma associação de idéias produzida por uma convenção. O signo é marcado pela arbitrariedade. Pierce observa que o símbolo é de natureza. Ex.: qualquer das palavras de uma língua, a cor verde como símbolo de esperança etc. (COELHO NETTO, 1990:59)
Se uma placa de trânsito possui uma seta simbolizando para os veículos
virarem à esquerda, e no respectivo lado não existindo uma curva, o índice passa a
perder o seu valor, pois não representa o objeto. Neste fôlego, o símbolo da placa,
ou mesmo a placa simboliza (índice), perde o seu valor representativo. Naturalmente
existe uma grande relação entre símbolo e índice. Logo quando um símbolo faz
sucesso vira ícone.
Estabelecendo o signo como gênero do qual ícone, índice e símbolo são
espécies, o modelo de Pierce apresenta-se como mais satisfatório e coerente do
que as outras propostas de sua época, principalmente a concepção de signo
lingüístico de Ferdinand de Saussure, incompletas quando comparadas com a de
Pierce no que tange o sentido dos termos.
Saussure concebe o signo lingüístico como um signo arbitrário, não funcional
no que tange o designamento do signo lingüístico. Ele dava exemplos como à
balança, a seta, condizendo que eles nunca poderiam ser substituídos. Saussure
não acreditava que índice, símbolo e ícone pudessem se misturar (ícone e símbolo,
43
simultaneamente, ou símbolo e índice), já Pierce acreditava como vimos nos
exemplos se índices e símbolos acima, por exemplo, que os níveis de convergem.
Pierce se baseou até mesmo no aspecto religioso comparando as idades com
a tríplice trindade. Na idéia, seguem-se caminhos regentes que vai do abstrato ao
concreto, neste mundo que é um poço de abstrações. Para ele a natureza se
manifesta em três sentidos sobre três sensações de possibilidade: Olhar, ação e
concretização.
44
3.2. As idades de Pierce
Primeridade / Ícone / Olhar: Idéia surgida. Em todas as mentes existe este
lago sem fundo. Trata-se de uma consciência imediata, momentânea. Quantas
vezes as pessoas tem boas idéias enquanto discutem, porém, elas não saem do
bom papo. Tudo que está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo
aquilo que está em sua mente no instante presente, já diria o linguista Luis Tatit.
Nossa vida inteira está no presente, porém, em instantes o presente já se foi,
e o que permanece dele já está transformado.
Primeridade é uma qualidade tomada como signo. Ex.: sensação de "vermelho". Sendo uma qualidade, só pode significar um objeto tendo com este alguma semelhança; portanto, é um ícone. E considerando que uma qualidade é uma mera possibilidade lógica, só pode ser interpretada enquanto rema. Portanto, esta é a classe do qualissigno icônico remático . É uma coisa ou evento da experiência cujas qualidades fazem com que signifique um objeto. Ex.: o diagrama de uma árvore. Tendo semelhança com o objeto, é um Ícone (envolve, pois, um qualissigmo) e, como no primeiro caso, é interpretado através de um rema: (COELHO NETTO, 1990:62)
O sentimento é base da consciência imediata, sendo também paradoxalmente
justo aquilo que se oculta no pensamento porque para pensar precisamos nos
mobilizar no tempo.
Consciência em primeridade é qualidade de sentimento e, por isso mesmo, é
compreendido como a primeira apreensão das coisas. “Sentimento é, pois, um
quase-signo do mundo, primeira forma, vaga e indeterminada de predicação das
coisas. É ainda a possibilidade de ser, deslancha irremediavelmente para o que já é,
e no seu ir sendo, já foi”. (FIORIN, 2007:16)
Segundidade / Índice / Ação: Transição. Como transformar em material a
idéia sugerida na idade à cima. Há um mundo real independente do pensamento,
porém pensável, o que simboliza a segundidade. “Esta é a categoria que a aspereza
e o revirar da vida tornam mais familiarmente proeminente; Esbarramos em fatos
que nos são externos, tropeçando em obstáculos que não cedem ao mero sabor de
nossas fantasias”. (COELHO NETTO, 1990:64)
Só o fato de existência humana significa a todo o momento ação de
consciência em relação ao mundo. Estar numa relação, tomar um lugar no universo,
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resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço junto com outros corpos – todos, fatos
de segundidade. Alguns se desenvolvem até a terceridade; já a maioria, acaba por
perder-se no pensamento.
Neste sentido, a idéia surgida na primeridade passa a ser desenvolvida, e é a
segundidade que vai desenvolvê-la. A segundidade é justamente os caminhos
traçados para a evolução de idéias, as campanhas percorridas para chegar a
determinada sanção. Neste momento o dono da idéia vai perceber se seu
pensamento vai dar certo ou não. “Certamente, onde quer que haja um fenômeno há
uma qualidade (um pensamento inicial qualitativo), isto é, sua primeridade. Mas a
qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem
de estar convertida numa matéria. A factualidade do existir (secundidade) está
nessa corporificarão material do pensamento”. (SANTAELLA, 2000:32)
Qualquer sensação já é o estimulo do pensamento, aquilo que move o
pensar. Falar em pensamento é falar em processo longo de codificação, mediação
interpretativa entre nós e os fenômenos. É sair, portanto, do segundo como aquilo
que nos impulsiona para o universo do terceiro.
“Agir, reagir, interagir e fazer são modos marcantes, concretos e materiais de
dizer ao mundo, interação dialógica, ao nível da ação, do homem com sua
historicidade”. Assim sendo, secundidade é quando o sujeito lê com compreensão e
profundidade de seu conteúdo. “Como exemplo: ‘O homem comeu banana’, e na
cabeça do sujeito, ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente
visualiza os dois elementos e a ação da frase”. (SANTAELLA, 2000:30)
Terceridade – Símbolo - Concretização : A conclusão da idéia passa a ser
direta - explícita. Um prédio cujo projeto fora discutido por engenheiros desde a
época da faculdade (primeridade), quando se reuniram depois de dez anos depois e
o assunto voltou à tona, começou o projeto (segundidade), e assim foi construído um
prédio de negócios (terceridade).
"Nenhuma linha firme de demarcação pode ser desenhada entre diferentes estados integrais da mente, isto é, entre estados tais como sentimento, vontade e conhecimento. É claro que estamos ativamente conhecendo em todos os nossos minutos de vigília e realmente sentindo também. Se não estamos sempre querendo, estamos pelo menos, a todo o momento, com a consciência reagindo em relação ao mundo externo". (PEIRCE, 1999:11)
46
Nessa medida tudo é signo, qualquer coisa que se produz na consciência tem
o caráter de signo. O sentimento ou qualidade de impressão é um pré-signo porque
já funciona como um primeiro significante das coisas que se apresentam. A ação ou
experiência também pode funcionar como signo porque se apresenta como resposta
ou marca que deixamos no mundo.
Justamente neste ponto esta enraizada as bases para a semiótica, pois “é
justo na terceira categoria fenomenológica que encontramos a noção de signo
genuíno ou triádico, assim como é nas segunda e primeira categorias que emergem
as formas de signos não genuínos, isto é, as formas quase sígnicas da consciência
ou linguagem”. Depois que uma idéia passa pelos três níveis, ele chega à semiose,
ou sansão. (SANTAELLA, 2003:12)
Voltando ao exemplo de “onde existe fumaça há fogo”, percebemos que
existem certas condições antes de qualquer precipitação na interpretação. Pode-se
dizer que os dois primeiros níveis são os mais difíceis, porque beiram a abstração,
caso contrário da terceridade, que já é o objeto em si existente, ou a confirmação do
(símbolo) da desconfiança (índice) que foi gerada (ícone) no pensamento.
47
3.3. Greimas e o percurso gerativo de sentindo
Para clarificar os modos de organização dos textos, bem como os mecanismos de produção e recepção, a semiótica parte da construção dinâmica de um enunciado através do percurso gerativo de sentido. De fato, conforme o terceiro postulado de Floch, para semiótica uma manifestação lingüística é construída por “[...] uma sucessão de patamares, cada um dos quais suscetíveis de receber uma descrição adequada, que mostra como se produz e se interpreta o sentido, num processo que vai do mais simples ao mais complexo [...]” do mais abstrato ao mais figurativo do plano de conteúdo. (GREIMAS apud FIORIN, 1997, p.17)
Depois da revolução pierciana diante o estudo da semiótica que antes da
chagada de Pierce estudava apenas elementos linguistícos - se esquecendo do
aspecto social na análise da mensagem - ocorreu um boom de teorias semióticas.
Porém, em meados da década de 60 do século passado, mais
particularmente no território francês, havia um descontentamento diante os
paradigmas da época que tinham como carater a análise de sentido. Este momento
é considerado como o auge do estruturalismo na europa, cuja preocupação era com
a contrução dos sentidos dos textos e com a interpretação.
Para os franceses as teorias vigentes eram qualitativas, mas pecavam em
algumas aspectos análiticos de sentido. Diante a problemátiva, “uma das teorias que
adotava a produção de sentidos como interesse fundamental era a semiótica
desenvolvida pelo chamado Grupo de Paris, constituído em torno dos pensamentos
de A. J. Greimas”. (GRAGEIRO E GREGOLIN, 2005:05)
“As dificuldades práticas para estabelecer essas universais semânticas e para
definir as regras de compatibilidade entre estas unidades são de tal ordem que a
análise sêmica só produz resultados satisfatórios em campos léxicos bem
delimitados”. (GREIMAS & FONTANILLE, 1993:09-14)
Greimas concebeu uma Teoria Geral dos Signos, onde o mesmo dizia que um
signo não é algo em si vivo, mas, representativo. Concebeu a semiótica, sendo
classificada como estruturalista. Inventou um modelo teórico, uma teoria cientifica.
Greimas considera “tudo” como um texto suscetível de análise de sentindo. Todas
as organizações sociais têm seus textos, sua configuração discursiva no percurso
gerativo da mensagem. Elaborou um modelo fechado mantido por modelo teórico de
análise de sentido.
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O simulacro metodológico proposto pela semiótica francesa ou greimasiana parte de grandes linhas gerais: Todo enunciado tem como pressuposto necessário um sujeito da enunciação (um “alguém que diz”). Esse sujeito da enunciação se desdobra em um enunciador (quem fala) e um enunciatário (para quem se fala). Isso implica dizer que todo enunciado tem como pressuposto uma interlocução entre ambos. (GREIMAS & COURTÉS, 1979:14)
A história faz parte da construção lingüística. O mundo é significado na
mensagem e no poder codificado. Se quisermos salvar o ambiente, temos que
demonstrar uma mensagem pragmática ao mundo sobre a necessidade da
problemática. Se quisermos escapar do julgamento de valor, ou de realidade,
perante nosso vestuário, é importantíssimo entender a linguagem da moda atual.
Considerando a semântica como elemento da “lingüística, descritiva, que tem
por objeto o estudo da relação dos signos com aquilo que eles significam, numa
língua dada, e o estudo das palavras no que tange seus significados”, considera-se
a semântica como: gerativa, sintagma e geral. (GREIMAS & FONTANILLE, 1993:16)
A “gerativa” é aquela que detecta os “níveis de invariância crescente de
sentido de forma a perceber os diversos elementos do nível da superfície ou do nível
mais profundo do discurso”. Já a “sintagma” é a combinação de duas formas ou
palavras, sendo que uma funciona como determinante da outra, criando um elo de
subordinação. È a sintagma não lexical, sem necessidade léxica; que não busca a
mera análise no conjunto de vocábulos de um idioma, mas sim a produção e
interpretação do discurso. (BARROS, 2000)
A “geral” é a unidade de sentido que pode ser manifestado por diferentes
planos de expressão. É algo já enraizado, como um percurso de herói – a satisfação
da conquista. O fato do sentido de “herói” ser enfatizado todo tempo pelos mais
diferentes tipos de canais ajuda à ligar um termo no outro.
O percurso do sentido possui um fim específico, a manipulação. Este é o
objetivo final do emissor na mensagem: Mostrar que sua opinião, ou doutrina, é a
certa diante o assunto tratado. “Independente das intenções do orador”.
Naturalmente para que isso aconteça, é necessário entender a linguagem do outro
para entender as perspectivas de linguagem, sentimento, raciocínios, etc.
(BARROS, 2000)
A semântica estrutural de Greimas é postulada no paralelismo do plano de
expressão e plano de conteúdo. Para o estudo dos elementos dessa semântica
49
gerativa, sintagmática e geral, existe o modelo de produção do sentido que constitui
um percurso gerativo de sentido, geração de movimentos em níveis invariáveis.
Existem dois planos na estruturalização de uma mensagem. O “plano de
conteúdo” é o que pretendemos dizer, o de “expressão” é a forma de se comunicar.
A linguagem é trabalho dos dois. Quando negamos um fato, por exemplo, temos
diversas formas de negá-lo – o conteúdo é mantido e a expressão variada. Um bom
orador consegue adequar um ao outro. Descobrir a melhor forma de mostrar o fato
ocorrido. Um bom roteirista é aquele que percebe as nuanças da expressão. “O
percurso da mensagem não é elástico, ele deve gerar um sentido. Uma
intencionalidade, um percurso, o sentido, sendo em última estância a manipulação”.
(BARROS, 2000:18)
De acordo com a Semiótica greimasiana, todo texto possui uma narratividade
com base num percurso gerativo de sentido composto de três níveis semânticos:
semântica fundamental , semântica narrativa e semântica discursiva .
Esta é a teoria que será aplicada na análise semiótica deste trabalho. Através
das três semânticas vamos demonstrar o nível de parcialidade da revista Carta
Capital em seu editorial. Vamos dar ênfase na representação da dimensão retórica
que Mino Carta almeja passar utilizando a análise do significado para entendermos
se de acordo com a semiótica greimasiana a revista é partidária.
50
3.4. Os três níveis de Greimas a) Semântica fundamental
“Nível em que se estabelece o eixo semântico sobre o qual o texto se constrói e em que, através do quadrado semiótico, representa-se graficamente a sintaxe sumária das transformações que ocorrem entre os termos de uma categoria semântica. Tal sintaxe funda-se em relações de contrariedade, contradição e implicação, que são as responsáveis pelas articulações mínimas de uma narrativa”. (GREIMAS e COURTÉS, 1979:22)
É o contexto da mensagem, tanto no seu conteúdo linguístico quanto de
efeito. Quando o autor usa o termo “sintaxe sumária”, quer dizer sobre o significado
o conteúdo dos tipos textuais. Tudo está embutido de acordo com a intenção do
emissor, se o que ele pensa pode causar a aderência do receptor imaginado.
Neste modelo entenderemos quem está escrevendo, para quem, se a
mensagem é positiva diante a ética vigente e se ela tem poder de coerção, ou seja,
de causar a aderência do receptor. É o núcleo principal, do que se quer falar.
Quanto mais pragmática a mensagem neste sentido, mais ela tem a chance de
aderência devido ao fácil entendimento.
O nível fundamental é a divisão principal da categoria semântica. É o
responsável principal para elaboração de um texto. Ou pelo conjunto da obra, por
exemplo, tanto uma reportagem sobre o tratamento do governo americano diante os
prisioneiros de Guantánamo, como uma matéria sobre a precariedade do urbanismo
para os cegos na cidade, estou me referindo, em ambas, sobre a categoria
“Liberdade VS. Opressão” (nível fundamental da mensagem). ”Ou seja, esses são
os pólos em torno dos quais os elementos do texto vão se organizar; enfim, o
importante é percebermos que nesse simulacro metodológico há uma interligação
entre os níveis que garante a coerência textual”. (BARROS, 2000:73-75)
Ele busca revelar o mais abstrato de uma mensagem, diagnosticando e
resumindo o objetivo do enunciatário da oração. Ele organiza as idéias do texto de
acordo com o que é mais elementar. “Sua operacionalização ocorre através da
oposição semântica de dois semas articulados pelas categorias tímicas de euforia
(positivo) e disforia (negativo) e das operações sintáticas de negação e asserção”. O
nível profundo se estabelece através da percepção das diferenças de quem capita.
“Ao menos dois termos-objetos, como simultaneamente presentes e relaciona-os de
51
um ou de outro modo apontando como conseqüência a certeza de que um termo-
objeto só não comporta significações” (BARROS, 2005:73-75)
“As relações pressupõem uma ligação de oposição ou diferença entre dois
termos como morte e vida, por exemplo, que podem ser qualificados como eufórico
e disfórico respectivamente”. (BARBALHO, 2006:10-14)
A contradição é a chave do nível profundo. Neste nível é pressuposto que a
mensagem possui uma forma de contradição, independente do nível da relação.
b) Semântica narrativa: A sintaxe narrativa deve ser pensada como um
“espetáculo” que simula o fazer do homem que transforma o mundo. Para entender
a organização narrativa é preciso descrever o “espetáculo”. Ele analisa como o
enunciador executa as operações do nível fundamental.
Ele considera que “uma narrativa ocorre quando se tem um estado inicial que
se articula em percursos narrativos e que compõem o esquema narrativo”. Ele é
constituído de enunciados do estado e do fazer. O primeiro estabelece uma relação
de posse ou de privação entre um sujeito e um objeto, ou seja, uma disjunção ou
conjunção. O segundo é enfatizado pela transformação de um estado para o outro.
“Assim os enunciados de fazer regem os de estado que, transformados, geram
narrativas mínimas hierarquizadas no texto”. (FIORIN, 2007, p. 21).
A semântica narrativa tem sua perspectiva baseada na “mobilização do fazer”.
O objetivo e as relações para com o sujeito são mudáveis. A “modalização do ser”
também está presente nesta constituição narrativa. Para os dois casos a semiótica
moderna define quatro modalidades - o querer, o dever, o poder o saber. A
semântica narrativa se baseia na mobilização do “Ser / Fazer” e do “Ser / Parecer”.
O primeiro é quando o emissor de fato irá fazer o que esta enunciando, já no
segundo, o receptor apenas diz que vai fazer, porém, de fato não o faz – como as
campanhas políticas de alguns políticos brasileiros. A própria modalização
veridictória articula como categoria moral – “ser” ou “parecer”.
Da investigação dos pressupostos do fazer, depreende a modalização da sintaxe narrativa, ou seja, tanto o ser quanto o fazer do sujeito podem estar sobredeterminados. De imediato, revelou-se a capacidade de expansão do modelo para a descrição das etapas que antecediam e sucediam a ação do sujeito propriamente dita e que, até então, não tinham uma explicação adequada. (BARROS, 2000:47)
52
As pesquisas de Greimas sobre a modalização do “ser” e do “saber”
acabaram por conduzi-lo diretamente ao universo passional. Ele considera as
paixões como “arranjos de configurações modais passíveis de análise científica”. Ou
seja, o sujeito utiliza várias formas para informar o que sente, ou o que finge sentir
diante outro sentimento. “Seriam os sentimentos os estimuladores das ações modais
diante o discurso”. (GREIMAS e FONTANILLE, 1993:54)
Quanto mais o individuo “querer”, maior será à vontade e a persistência em
busca da “sanção”. De imediato entende-se que o sujeito acaba sendo mobilizado
pelo “querer”, não pelo “poder”. A universitária busca sua meta, sendo o diploma,
através do “dever”, porém, este “dever” é movido muito mais pelo “querer” do que
pelo “dever”.
Neste âmbito, Greimas concebeu que o “fazer” do sujeito exige competências
modais que transformam o “querer”, o “dever”, o “poder” e o “saber” em fazer
definindo-lhe semioticamente suas existências de três modos diferentes: o virtual
(pelo querer ou dever - fazer), o atual (poder e saber fazer) e o realizado (pelo fazer
e pela transformação).
Com o trabalho “Semiótica das Paixões (Greimas e Fontanille), é nítido que
uma série de questões pendentes foram sanadas diante os inúmeros modelos
estruturalistas de análise de sentido que pecavam em diversos paradigmas. A teoria
foi mais discutida e melhorada nos estudos sobre a tensividade, propostos por
Jacques Fontanille e Claude Zilberg, em 2001. Eles “deram prosseguimento às
discussões levantadas em Semiótica das Paixões, praticando um refinamento do
instrumental teórico relacionado ao nível das precondições de formação do sentido”.
Estes aspectos discutidos justificam o uso da semiótica francesa para
qualquer análise de discurso que almeja uma forma qualitativa do percurso do
sentido. O uso é justificado para análise de textos midiáticos:
Um bom exemplo concreto da aplicação de alguns dos conceitos desenvolvidos pelos estudos tensivos em textos midiáticos é a análise de estratégias enunciativas de manipulação do enunciatário de algumas propagandas veiculadas na mídia. A partir desses conceitos tensivos, podemos, por exemplo, mostrar que alguns textos publicitários manipulam o enunciatário pelo esperado, pelo conhecido. (FONTANILLE e ZILBERG, 2001:03)
53
Quando analisamos os editoriais da Carta Capital percebemos que grandes
partes dos textos contem a manipulação através da surpresa – “estranhamento
causado pelo desconhecido ou pelo imprevisto”.
Com esta matriz teórica é possível elaborar uma abordagem estratégica na
qual o dono da enunciação se põe em jogo para manipular o receptor. “A semiótica
francesa aumenta a chance de precisão de análise objetivando a compreensão e a
explicitação dos mecanismos de formação de sentido dos textos que dia a dia
impõem novos desafios à teoria”. (FONTANILLE e ZILBERG, 2001:07)
Convencemos ou persuadimos por meio de um gesto ou canal através de
palavras, gestos e ambiente. Usamos nossa lábia para o poder de coerção.
Naturalmente cada interlocução constrói especificidades diferentes para cada texto
uma vez que o enunciador se projeta no enunciado deixando suas marcas no
enunciado.
“Vale sempre a ressalva de que quando falamos de sujeito da enunciação na
semiótica – seja pela perspectiva do enunciador seja pela do enunciatário – estamos
nos referindo a uma voz que emana do texto e não a pessoas reais”. (GREIMAS e
COURTÉS, 1979:22)
Existem dois tipos de enunciados para uma síntese narrativa: Os “Enunciados
de Estado” que formalizam a relação de função (disjunção, negativo / conjuração,
positivo) entre sujeito e objeto. E os “Enunciados de Fazer”, demonstradores das
transformações que correspondem à mobilização entre um estado e outro. “Uma
narrativa complexa estrutura-se numa seqüência canônica que compreende a quatro
fases: A manipulação, competência, performance e sanção”. (BARROS, 2000:25)
“A competência não é sempre positiva, podendo ser insuficiente ou mesmo negativa, assim como a performance, que pode ser bem sucedida ou conduzir a um fracasso” De qualquer forma, na narrativa em que existem dois sujeitos a competência e a performance são sempre positiva para um e negativa para outro”; “Uma vez postos em seqüência de pressuposição lógica, os programas narrativos compõem o percurso narrativo que, por sua vez é composto pelo percurso do sujeito, do destinador-manipulador e do destinador-julgador”. (GREIMAS, 1979:24)
É necessário ter competência para elaborar diversas performaces á fim de se
chegar a uma sanção diante a manipulação. Um clássico exemplo é o da mãe
alimentando o filho. A mulher usa diversas formas para fazer o bebê comer a
comida. Apelos sentimentais, castigos, comparações, enfim, utiliza-se de diversas
permorfances para conseguir a sanção. Manipula a criança utilizando uma das
54
quatro fórmulas de manipulação, ou todas: Tentação, intimidação, provocação,
sedução. Em geral usado em todo argumento como forma mais corriqueira e
cotidiana. Exemplos:
Tentação : “Se comer te darei um doce”
Intimidação : “Se não comer vai apanhar”
Sedução : “Como um mocinho tão grande, forte e esperto não vai comer?”
Provocação : “O seu irmão já comeu, ele sim é lindo”
Na “tentação” o locutor oferece um objeto positivo ao interlocutor, aguçando
sua ambição para conseguir a sanção. Com a “intimidação”, divergente da tentação,
possui um objeto com valor negativo para o interlocutor. Abusa-se do medo para
conseguir alcançar o objetivo. Com a “sedução” o emissor mexe com o ego do
receptor, atribuindo-lhe um juízo de valor positivo – elevando a moral. Já a
“provocação” ocorre no contraponto da “sedução”, sendo atribuído um juízo negativo
do interlocutor, uma comparação. (BARROS, 2000)
“Tentação” e “sedução” estão convencendo; “intimidação” e “provocação”
estão persuadindo. Assim, “o percurso do sujeito se estabelece pela aquisição da
competência necessária para realizar a ação, bem como pela performance de sua
existência”. (GREIMAS 1979:30)
c) Semântica discursiva: Local onde estão às estratégias projetivas do
enunciador, espaço e tempo. Neste mesmo nível, devem ser enquadradas as
relações entre temas e figuras (semântica discursiva) determinadas pela mesma
enunciação.
Pode ser concebido como o texto em si. A enunciação definida como o “ato
pelo qual o sujeito faz ser o sentido, produz o enunciado cujo sentido faz ser o
sujeito exigindo do enunciador competências para que o enunciatário aceite como
verdade ou mentira, realidade ou ficção, aquilo que está em jogo”. (LANDOWSKI,
1992:167)
O enunciatário divulga um novo saber como o lado certo. Revela a mentira
através de segredos revelados no andamento do discurso. Simula a situação. Cabe
ao receptor aceitar a nova verdade de acordo com suas relações com o texto e com
o contexto sócio-histórico.
A semântica discursiva é operada pela tematização e pela figurativização. A
tematização demonstra os elementos abstratos buscando uma explicação e uma
55
realidade para representar o mundo através de algum corpo textual. “Temas são,
portanto, palavras ou expressões que representam algo não existente no mundo
natural, como a felicidade, a humanidade, por exemplo,”. (BARROS, 2000:55)
A figurativização representa o concreto, uma vez que se manifesta pelo
mundo: como o sol, a lua etc. Já, em certos casos, algumas figuras apresentam-se
através de mundos fictícios, oriundos da imaginação humana, como um
extraterrestre, por exemplo. De modo a gerar sentido, figuras e temas precisam
seguir uma ordem lógica para gerar o sentido proposto. Os percursos figurativos
utilizam recursos para produzir efeitos de sentido.
Também os percursos temáticos se utilizam da coerência, do confronto ou da
sobreposição como estratégia para produzir determinado efeito. “A escolha de temas
e figuras pode ocorre também através de determinados léxicos que produzem
efeitos bastante específicos, como é o caso da gíria, do arcaísmo, do neologismo,
do regionalismo ou estrangeirismo e do jargão”. (BARROS, 2000:69)
56
4. Análise semiótica dos editoriais da Revista Cart a Capital 4.1. Estrutura semiótica para este trabalho Este é o protótipo explicativo de como vai funcionar o trabalho. É
demonstrado algum editorial que se refira à Lula, depois, analisado pela Semiótica
de Greimas – Percurso Gerativo de Sentido – no modelo organizado por Diana
Barros.
Foram escolhidos 16 textos entre o período de 04 de julho de 2007 a 06 de
março de 2006. Os critérios para a escolha deles foram dois: o tema e o valor
notícia. Como os temas por vezes se repetem (como Mino Carta atacando o FHC)
foi selecionado o melhor texto no que tange a análise para cada tema. O valor
notícia é concebido como os temas que mais traz impacto diante o receptor, o tema
que é mais consumível.
Protótipo da Análise semiótica
COMPONENTE SINTÁTICO COMPONENTE SEMÂNTICO
* Estrutura do senso narrativo Nível profundo / Sintaxe superficial
1. Semântica fundamental
* Nível superfície / Sintaxe narrativa Semântica Narrativa - Modalizações do “Ser” e do “Fazer ”
2. Semântica narrativa
* Estrutura discursiva - Sintaxe discursiva - Discursivização - Actorização e especialização - Temporalização
3. Semântica Discursiva
Tematização Figuralização
FONTE: DIANA BARROS, 1997 OBS – A análise vai ser em texto corrido respeitand o o conteúdo da tabela diante os três níveis
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1ª ANALISE (EXEMPLO) Edição : n°596 p: 14 Editorial : Rosa dos Ventos, Dias Título : A guerra de sempre Nestas horas, o partido da mídia brasileira torna-se exército contra Dilma, como foi contra Lula Subtítulo: “Cada programa deste governo tem a minha Participação”, Dilma Rousself Foto : Dilma Rousself Índice : A vez dela. Toda a “isenção” para favorecer o candidato Serra
A semântica fundamental é concebida como a estrutura mínima da análise.
É a sintaxe superficial, ou seja, o que a relação das palavras no texto quer dizer. No
texto existe um conflito ou convergência entre opiniões que geram o fato divulgado.
No nível das estruturas fundamentais determina-se o mínimo de sentido a partir de
como o discurso se constrói.
Relação entre contrários Relação entre contraditórios Relação entre complementares
FONTE: DIANA BARROS, 1997
No exemplo das Rosas dos Ventos, percebemos três níveis fundamentais
organizados hierarquicamente em uma relação de contrários, contraditórios e
complementares.
Contrário: - Candidato do PT X Grande Mídia Brasil eira Contraditório: - Autoritarismo XX Liberdade Complementar: - Mídia Americana E Mídia Brasileira OBS: X – Significa Contrário XX – Significa Contraditório E – Significa Complementar
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A semântica narrativa é o nível da superfície da sintaxe narrativa, ou seja,
demonstra o que o autor pretende através de duas modalizações: Ser e Fazer. Este
é momento em que o emissor se relaciona com os receptores no texto. É a parte do
convencimento. O desejo, o querer e a possibilidade são elementos presentes na
análise. No exemplo citado, Dias possui o desejo de defender os ataques que a
grande imprensa faz ao PT. Para isso, ele quer mais pluralidade de imprensa e
aponta para a possibilidade de copiar a diversidade de informação da imprensa
norte-americana. “Tanto para a modalização do ser quanto para a do fazer , a
semiótica prevê essencialmente quatro modalidades: o querer, o dever, o poder e
o saber”. (BARROS, 1997:82)
O autor, ao ver a campanha contra o PT da grande imprensa, explicita o
dever fazer alguma coisa – é “dever” do “jornalismo qualitativo ter pluralidade de
imprensa”. Crítica o dever posto como lei (dever ) pelo deputado – este é o principal
argumento do autor no texto. Quando aponta o paradigma americano de diversidade
de informação o autor utiliza o elemento do “poder ”. Pelo saber , ele aponta dados
sobre a atualidade jornalística dos dois países. Tudo com base no “querer ”, no caso,
defender o PT e a candidatura de Dilma Rousseff.
A modalização do fazer ambiciona os valores modais. Possui um caráter
mobilizador. O dever-fazer e o querer-fazer são modalidades virtualizantes,
enquanto o saber-fazer e o poder-fazer são modalidades atualizantes. No exemplo
dado, o autor percorre mais as modalidades virtuantes, já que não aponta dados
concretos de como atingir o seu desejo. Só dizer que se deve seguir outro exemplo
de jornalismo superficialmente não possui tanta coerção, pois o mesmo só aponta à
problemática dizendo que lá tem mais pluralismo que aqui.
A modalização do ser também vai estar presente na análise do trabalho.
Parte do pressuposto da realidade da análise. Um emissor pode elaborar um texto
mentindo, ou falando a verdade. Ele pode estar se mostrando ser de um jeito,
quando na verdade é de outro. O quadro abaixo esclarece as relações modais do
elemento “Ser”.
O trabalho vai trazer a análise em texto corrido com base no quadro acima
quando existir a necessidade de análise do elemento “ser” no texto. No exemplo
analisado, Dias parece ser verdadeiramente defensor do PT. Na semântica narrativa
estão presentes as competências que o autor elabora para suas performances á fim
59
de se chegar a uma sanção diante a manipulação utilizada na argumentação diante
a defesa ideológica. As manipulações são dadas como: Tentação , sedução ,
intimidação e provocação .
Dias utilizou a provocação estimulada pela sua inteligência na
argumentação, utilizando dados concretos para defender sua opinião. Somente o
fato de ser jornalista já o credibiliza diante argumentações provocativas elaboradas
com inteligência, principalmente diante uma coluna própria, o que simboliza a
experiência do autor. Ele diz que nos EUA existe diversidade de informação.
Mistura o senso comum com o elitizado no mesmo texto: “A senhora Dunn chora de
barriga cheia, pois lá tem mais diversidade que aqui”, “a mídia elitizada no atual
momento mais importante nos rituais da democracia brasileira” – citações
provocativas diante o contexto da coluna.
A semântica discursiva simboliza a relação do discurso do texto. Serve
também como explicação do contexto do objeto analisado. Suas características: a
discursivização, temporalização, tematização ou figuratização, e, actorização ou
especialidade.
Discursivização : É a coerência textual analisada. A idéia de recorrência, a
“linha sintagmática do discurso e sua coerência semântica”. A análise dos percursos
faz-se pelo exame dos traços semânticos, abstratos e figurativos, examinando a
busca dos sentidos do texto, “as relações vigentes entre as várias argumentações
que ilustram o texto”. (BARROS, 1997:71)
Discursivização aplicada no exemplo: Dias começa seu texto dizendo que
a grande imprensa fez campanha contraditória ao PT durante as últimas cinco
eleições: “Este é o fato que tem desequilibrado o jornalismo brasileiro no
momento mais importante das democracias política”, no caso as eleições.
Depois ele faz uma crítica ao deputado Cândido Cavvarezza, líder do governo
na câmara. O conselho de auto-regulamentação de imprensa posto pelo deputado é
visto como uma fórmula de autoritarismo. Este conselho tem como caráter coibir a
partidarização ou a cobertura dirigida, principalmente em época de eleições.
“Aqueles que simpatizam com a imparcialidade chegam à beira de um
compreensível desespero e a um passo de injustificáveis ações autoritárias. A
proposta de monitoramento da imprensa é uma delas”. Dias acha que esta lei
60
estimulará mais a imposição de informação da grande imprensa, prejudicando a
diversidade de informação.
Para fundamentar sua idéia, Dias cita Annita Dunn, diretora de Comunicações
da Casa Branca, como exemplo de grande mídia partidária diante uma acusação
sobre a Fox News: “Ela opera praticamente (...) como o setor de comunicações do
Partido Republicano”. O objetivo do autor perante esta lembrança americana se dá
pela comparação entre o nível de pluralidade da mídia americana e mídia brasileira:
“Dunn Chora de barriga cheia. Lá, bem ou mal existe diversidade ”, uma crítica
direta implícita à proposta de Cavvarezza.
Termina o texto demonstrando a Luta de Lula contra a grande imprensa em
sua época da campanha, alertando a tendência anti-petista da mídia contra a
candidatura de Dilma.
Temporalização : Quando o discurso é elaborado por temas, temporais,
atemporais, ou os dois juntos, normalmente os paradoxos se reptem. No caso do
exemplo de Dias, ele vai até da época de Fernando Collor de Mello até Lula.
Também passa pela atualidade Casa Branca no mesmo texto, exemplificando as
palavras da ministra de telecomunicações dos EUA quanto à precariedade da FOX.
“Não chore, pelo menos ai existe diversidade de informação ”, “A campanha está
de volta” . Outro bom exemplo é a ida até a época de Collor: “A imprensa relembra a
época dos marajás volta...”
Tematização e figurativização : O percurso da mensagem é figurativizada.
As transformações narrativas tornam-se ações de (de acordo com o texto de Dias):
Não haver surpresa, Impedir a partidarização; Lamentar a inexistência do
pluralismo da informação; Lá (EUA) bem ou mal existe diversidade; Injustificáveis
reações autoritárias (referente à proposta do deputado); Resistência em admitir a
análise da mídia; Lula e o enfrentamento com coragem e clareza; Adotar um
híbrido entre dois modelos de pluralismo; Autoqualificação e Adaptação do
modelo americano; Diferença no tratamento conferido aos candidatos; Tornar-se
exército contra Dilma - referente à grande imprensa brasileira.
A actorização e a especialização estão presentes neste nível semântico.
São como os personagens do texto são nomeados: A Imprensa; o deputado
Cândido Caccarezza; a diretora de telecomunicações da Casa Branca Annita Dunn;
o cientista político Marcus Figueiredo; Lula, Dilma e Serra - são os atores do texto de
61
Dias - enquanto Fernando Collor de Mello é taxado de “caçador de marajás” Lula é
chamado de presidente.
62
4.2. ANÁLISES
Depois da explicação exemplificada à cima, este tópico vai trazer a análise
semiótica propriamente dita dos editoriais de Mino Carta.
2ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°451, p16, 04 de Julho de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: A ética e a lei em xeque
SUBTÍTULO : Lula fala de governabilidade. Mas a questão é outra FOTO: Uma zebra metade branca, metade listrada com preto e branco ÍNDICE: MONSTRO? Nem cavalo nem zebra. Algo assim com a política de
cravo e ferradura OBS: Palavras destacadas em vermelho seguem o model o da revista, ou
seja, as palavras destacadas por Mino Carta ao elab orar o editorial
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRADITÓRIO: Ética XX Cobertura da grande imprensa
CONTRADITÓRIO: Ética XX Sensacionalismo
Em uma relação contraditória, pois a imprensa crítica não é contrária a ética,
mas sim a favor de distorcê-la, transformando-a em consumo.
SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino Carta quer defender Lula diante a cobertura
da grande imprensa que objetiva precipitar uma crise. Ele enxerga na crise da ética
brasileira uma grande oportunidade para atacar a grande imprensa que a ele faz
tudo para vender notícias. Carta é a favor de Lula e se mostra como defensor da
ética. Pela modalização do “Ser” no texto encontramos citações como: “O tempo é
hoje bem diferente”; “Que a mídia continue em buscar crise não é surpresa”
Utiliza a provocação : “A comparação não convence, o tempo é outro”, com
sua inteligência relembra períodos utilizando a modalidade para dever-fazer crer
que a cobertura da grande mídia é sensacionalista e não factual. “Que a mídia
continue em busca de crises não é surpresa”, outro exemplo de provocação ao
dever-fazer não crer na cobertura da grande imprensa. “Pura teoria? Rompante
retórico? Sim, no Brasil a ética é que foi para o brejo há muito tempo”, utiliza
63
perguntas eruditas com respostas no senso comum. Utiliza o sarcasmo seduzindo
Joaquim Roriz, “humilde o bastante para falar de questões pessoais”.
SEMÂNTICA DISCURSIVA : Mino Carta diz que a ética do país já foi embora
há muito tempo. Nesta época de Renan Calheiros, Carta diz que Lula pediu maior
apoio do governo para não ocorrer uma crise de governabilidade, “como a que
ocorrereu em 2005, quando o mandato do presidente Lula foi colocado em cheque”.
O objetivo de Mino Carta é desmistificar a cobertura da mídia que compara os
dois momentos de Lula com o intuito de provocar outra crise no governo: “Que a
mídia continue em buscar crises não é surpresa, bem como o fato de produzir
buracos n’ água”. Neste ponto que Mino salienta que a ética acabou, vale tudo por
uma notícia.
Mino Carta diz que as épocas são distantes. Enquanto que em 2005, Lula
teve que afastar alguns membros - em 2007 diante Calheiros - Lula está muito mais
tranqüilo. Na ocasião, o ex-governador do DF explicou trechos da escuta que
surpreendeu a divisão de dinheiro corrupto: “Situações e figuras como estas em
lugar de ameaçar a governabilidade liquidam as esperanças da nação e atropelas as
esperanças da nação pela enésima vez”.
Mino Carta compara o governo Lula entre os anos de 2005 e 2007,
comparando os dois momentos diante a força política de Lula. “A comparação não
convence (referência a mídia), o tempo é outro, bem diferente”. Mino tematizou a
figurativização com as seguintes citações: “O presidente lembrou; O envolvimento
de Lula nunca foi provado; A mídia continua em busca de crise política;
atropelam pela enésima vez ética e lei”. Os atores do texto são: Renan Calheiros,
Lula, a mídia, José Dirceu, Delúbio Soares, o ex-governador do DF Joaquim Roriz e
o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura.
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3ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°452, p18, 11 de Julho de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Mal- estar diplomático
SUBTÍTULO : O presidente da Venezuela dá ultimato ao congresso brasileiro. Lula reage
FOTO: Lula e Cháves conversando ÍNDICE: RETÓRICA. Hugo Chaves volta a cutucar
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRADITÓRIOS: MERCOSUL XX Hugo Cháves
CONTRADITÓRISO: DIPLOMACIA XX Boli varianos
SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta deseja mostrar a força diplomática de
Lula, para isso argumenta na possibilidade de Chaves não ter saída quanto um
futuro ingresso ao MERCOSUL. Carta é sabedor da dependência econômica entre
Venezuela e Brasil, e defende Lula diante o embate diplomático.
Carta utiliza a modalização do ser e do fazer: “Hugo Chávez é dado a
arroubos retóricos”; “declarações dele para criar um clima de crise políticas” - pelas
modalizações Mino quer demonstrar o que a mídia faz nestes casos de discursos
sensacionalistas. “Os congressos do Brasil e do Paraguai são notoriamente
conservadores” e “O fato é que Brasil e Venezuela têm interesses comerciais
recíprocos”, se eles têm, no caso, eles são dependentes comercialmente, de certa
forma.
O autor coloca uma citação direta de Lula como uma forma de intimidação:
“Para entrar, tem de ter a aceitação dos quatros membros do MERCOSUL. Agora,
para sair não tem regra”, Lula passa uma mensagem de “dever-fazer” à Chaves,
devido à necessidade de parceiros econômicos no continente. “O isolacionismo não
interessa a sociedade Venezuelana”, argumenta Mino Carta diante a pressão que
pensa que o governo venezuelano estava sentindo na época.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino Carta almeja demonstrar a força política
que o presidente Lula tem no continente. Ele começa o texto dando uma alfinetada
na cobertura da grande imprensa diante os discursos de Hugo Cháves “que grande
parte supervaloriza as declarações dele, para criar um clima de crise política,
também é sobejamente conhecido”. Mais uma vez a imprensa tida como
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sensacionalista para vendas é colocada no papel. Para reforçar o discurso direto
intimidador do presidente Lula, Carta argumenta com Rousseff: “Um dia antes, a
ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff haver dito que o país não aceitaria ultimatos”.
Dever-fazer a imagem positiva de Dilma.
No aspecto temporal Carta fica em dois dias, um dia antes com a citação da
ministra Dilma, e o dia anterior, quando Cháves encontrou com a Cúpula
presidencial do MERCOSUL. Carta usou o tempo para argumentar. Carta usa
figurativização com: “Cháves é dado a arroubos retóricos; A mídia supervaloriza
as declarações deles; A ameaça da Venezuela de desistir; Para entrar tem de ter a
aceitação ; Brasil e Venezuela têm interesses recíprocos.”
Os atores presentes no texto são: Hugo Cháves, Lula e Dilma Rousseff.
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4ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°453 p18, 18 de Julho de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Como sempre, falta coragem
SUBTÍTULO : A tradição ganha. Na hora azada, a minoria leva vantagem com o apoio ou a omissão, do poder. No caso, levam vantagem a Globo e as múltis
FOTO: Lula e Renan Calheiros sorrindo ÍNDICE: ENQUANTO ISSO, Lula recomenda a Renan: não vai ao Senado,
assim não te pegam
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRÁRIOS: Lula X Cobertura da imp rensa
COMPLEMENTARES : Lula E Fábio, o Contempor izador
CONTRADITÓRIOS: Medo XX Sociedade Civil
SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta é a favor da sociedade civil e percorre
a modalização do ser para dizer que Lula é forte diplomaticamente comparando-o
com um personagem da história, sendo que a mídia quer crise política a qualquer
custo: “É natural que ele (Lula) tenha transferido essa qualidade para o terreno da
atuação política”. “Fábio, o Contemporizador, é fonte inesgotável de inspiração”. “A
situação é grave. Que polícia seria está a serviço da mídia?”
Através da Modalização do fazer Mino Carta utiliza o dever-fazer uma
cobertura isenta: “A Carta capital foi critica do governo em vários momentos; apoiou
abertamente sua candidatura”, se a revista foi então ela fez. “Saiu a respeito, na
última edição de Carta Capital o laudo do doutor Molina”. “A Assessoria de
Comunicação da PF de São Paulo, procurada por Carta Capital, informou não ter
prestado qualquer informação oficial à Folha”. Com isso diz que a Carta Capital fez a
apuração e agora denuncia (dever) mais uma notícia inventada da grande imprensa.
Como técnica da manipulação começa com a sedução classificando Lula
pelo modalizador querer-fazer Lula forte: “O presidente Lula, o Mediador
Recomendável , evoca remotas aulas de história, pois a tática assemelha-se à do
Contemporizador”; “Lula já exibia seu talento diplomático”; “Fábio, o
Contemporizador é fonte inesgotável de inspiração ”; “Em 2003, Olavo Setubal
dizia-se encantado com a atuação do ex-metalúrgico”.
Também percorre a intimidação através do dever-fazer criticando o governo e
cobertura da mídia: “O recuo ou omissão governista, beneficia os interesses da
minoria”, colocando valores negativos no governo esta é a primeira frase que crítica
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de fato o governo Lula que o trabalho mostra diante a recomendação à Renan
Calheiros. “A mídia tripudia no apoio estratégico com a aparente colaboração de
delegados da própria PF” e “que polícia seria esta a serviço da mídia”, são outros
exemplo de provocação intimidadora. Frisa a provocação à Folha de S. Paulo pelo
dever-fazer jornalístico: “Saiu a respeito, na última edição de Carta Capital, o laudo
do doutor Molina constatando o óbvio: ali não há envelope (como a folha dizia ter).
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino Carta quer mostrar a força mediadora de
Lula e enxerga na possibilidade da Folha de S. Paulo ter sido beneficiada pela PF o
exemplo de falta de sociedade civil no Brasil. Carta objetiva dizer que apesar das
problemáticas de Renan Calheiros, Lula consegue mediar seu governo, o que
representaria um grande Líder – este é o efeito: “Lula sempre soube ser negociador
excelente”. Interessante notar que Carta assume a sua preferência por Lula no meio
do texto: “Em virtude da capacidade de Lula conciliar posições opostas, Carta
Capital apoiou abertamente a sua eleição e reeleição, por enxergar nele o mediador
necessário entre minoria e maioria”.
Carta critica mais uma vez a grande imprensa: “O segundo mandato,
conquistado contra uma feroz campanha midiática; A mídia tripudia, no apoio
estratégico, com a aparente colaboração de delegados da própria PF”, referindo-se
ao furo de reportagem da Folha de S Paulo daquela semana dizendo que “A PF
sabe da presença da grana na bolsa da funcionária de Gautama”. Neste ponto Carta
dá a sentença: “Relembro os anos de ditadura, sonhávamos com o nascimento da
sociedade civil. Parto adiado. Falta coragem”. Por ter vivenciado a ditadura e ter
sofrido perdas por causa dela, como a chefia de redação da Revista Veja,
frequentemente Carta relembra o período para comparar a atualidade diante as
expectativas de revanchismo que tem sobre regime militar.
De certo que a Folha de S. Paulo não diz quem da PF afirmou isso para o
jornal. “A Assessoria de Comunicação da PF de São Paulo, procurada pela Carta
Capital informou não ter prestado qualquer informação oficial à Folha”.
Pelo aspecto temporal, Mino percorre a época da ascensão do império
romano, “Os Romanos destruíram Cartago e jogaram sal sobre as ruínas”, para
chegar á época em que Lula era Metalúrgico: “Desde seus tempos de sindicalista,
Lula, sempre soube ser negociados excelente”. Depois da lembrança metalúrgica,
Mino Carta vai para 2002, época da eleição de Lula: “A carta aos Brasileiros que
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funcionou como plataforma ideológica de Lula às vésperas de 2002, já exibia seu
talento diplomático”, relembrando o seu objetivo, que é demonstrar a força
diplomática de Lula. Segue para 2003: “Em abril de 2003, o doutor Olavo Setubal
dizia-se encantado com a atuação do ex-metalúrgico”. Depois vem para 2007 diante
a problemática da Gautama: “Um envelope pardo que uma funcionária do Gautama
teria entregue, com seu conteúdo de 100 mil reais”. Para voltar ao dia 20 de maio:
“Em 20 de Maio, o doutor Molina constata o obvio: ali não há envelope pardo”, com
isso Mino quer dizer que a Folha, de fato, inventou esta apuração, com o objetivo de
pressupor crise política no governo Lula.
Figurações do texto: “Aníbal chegou, atacou, arrasou, derrotou ; dizimou-
lhe o exército e pôs em fuga; Jogou sal; Lula sempre soube ser; A Carta aos
Brasileiros funcionou ; Carta Capital apoiou ; A omissão governista beneficiou ; O
doutor Molina constatou ; Carta Capital procurou a PF; correu risco, anotou e Mino
Carta empardeceu .”
Personagens do Texto: Mino Carta e receptores (“impávidos, assistíamos ao
espetáculo”), Lula como “Mediador Recomendável” e “o Metalúrgico”, Renan
Calheiros, Fábio “O Contemporizador”, Aníbal “O Cartaginês”, Cipião “O Africano” e
Olavo Setubal.
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5ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°455 p18, 01 de agosto de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Presidente do povo, Por que não?
SUBTÍTULO : Lula continua acuado diante da mídia, derrotada no ano passado. E a maioria continua com ele, à espera de uma reação
FOTO1: Lula FOTO2: O ex-jurista Raymundo Faoro ÍNDICE1: INCERTEZAS. O presidente ainda tem espaço para recuperar o
tempo perdido ÍNDICE2: CERTEZAS. Faoro fala de uma elite que pretende a democracia sem povo
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL CONTRÁRIOS: Líder do Povo X Líder Burguês
COMPLEMENTARES: Líder do Povo E Lula
SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino Carta quer mais postura de Lula e enxerga
na postura marxista de Raymundo Faoro uma oportunidade para clamar por mais
atitude política de Lula. Um discurso mais de incentivo do que crítica ao presidente.
Modalização do “Ser” e “Fazer” – “Waldir Pires é cidadão honrado e político
coerente”, referente à revolta de Mino Carta diante a saída do ex-ministro da defesa;
Percebemos traços de sedução no discurso através do querer-fazer a imagem
positiva do Pires. Por outro lado, “o currículo de Nelson Jobim não prima pela
coerência”, provocando Jobim através do não dever-fazer Jobim como ministro.
“Ninguém deseja mais do que nós as reformas úteis” – pela sedução, nós,
brasileiros, merecemos. Mino quer-fazer o leitor entender que o PAC é necessário.
Carta intimida o presidente Lula para dever-fazer , de fato, o legítimo papel
dos presidentes dos pobres: “Isso teria que levar Lula a usar uma firmeza há tempo
deixada de lado. Apressar a aplicação do PAC, tomar decisões em relações a
questões pendentes ; Recorrer a panos quentes, tais como agradar o mercado, ou
omitir-se, ou recuar diante dá Globo que não quer a classificação indicativa, não
muda o preconceito atávico”.
Provocação: “E falta nitidez quanto às idéias e aos sentimentos do presidente
Lula”.
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SEMÂNTICA DISCURSIVA : Mino Carta pretende mostrar ao leitor a
identificação entre o presidente e o povo: ”Carta Capital tem a convicção que a
identificação entre o ex-metalúrgico é um dado da situação destinado a
permanecer”. Possui uma visão otimista quando aplica pensamento marxista de
Raymundo Faoro ao governo Lula: “Estas reformas devem ser feitas pelo povo” , no
caso um representante do povo. “Os índices de popularidade do presidente são
estáveis entre os brasileiros distantes do privilégio”. Mino percorre o tempo:
Começa no dia 20 daquele mês, quando o presidente Lula fez uma declaração com
relação à crise dos aeroportos. Depois vai para 1811, escrevendo o que Faoro
observou sobre Hipólito da Costa, ao sair o primeiro jornal brasileiro, Correio
Brasiliense: “Ninguém merece mais do que nós que estas reformas sejam feitas
pelo povo , para depois terminar o texto com o mesmo dia 20. Ele circula o tempo.
Na tematização temos: “Um crítico observou ; Carta Capital entendeu ;
Nelson Jobim não primou ; Os quepes acostumaram ; A Carta Capita declarou ; A
mídia não chegou ao povo; Foi lançado a reedição do livro de Raymundo Faoro;
Ninguém desejou mais reforma; O entendimento continuou na minoria; Lula usou
o PAC; Lula se omitiu diante a Globo”.
Os personagens do texto são: A Mídia; Mino Carta; os litores; Lula como
acuado, Raymundo Faoro; Waldir Peres como honrado e coerente; Nelson Jobim
como sem coerência e força; e Hipólito da Costa.
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6ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°456 p18, 08 de agosto de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Brasil real e Brasil da fantasia
SUBTÍTULO : Temos dois países, aquele do povo, talvez a caminho do despertar, e aquele dos privilegiados doutrinados pela mídia.
FOTO: Lula tocando cavaquinho ÍNDICE: O NOSSO LUÍS XIV. Reconhece que até agora fez muito mais pelos
ricos do que pelos pobres
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRÁRIOS: Brasil Real X Brasil da fantasia
COMPLEMENTARS: Grande Imprensa E Elite
COMPLEMENTARES : Getúlio Vargas E Lula
COMPLEMENTARES: Geisel E Lula
SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino quer mostrar a diferença social do Brasil e
enxerga na possibilidade de comparar o governo de Lula com o de Vargas e Geisel,
todos beneficentes dos ricos, segundo autor.
Mino Carta percorre a modalização do “Ser”: “Esta é precisamente uma das
razões das críticas de Carta Capital ao ex-metalúrgico presidente”, referente aos
ricos estarem crescendo muito mais do que os pobres em 2007; “Inevitável é que
exibisse mirabolâncias, fantasmagorias”, se referindo as declarações de Mantega
quanto ao Brasil ser um paraíso econômico; “No país da Fantasia, por exemplo, Lula
é culpado pelo desastre de Congonhas”, referente às críticas da grande mídia diante
o governo. “Pois neste nosso infeliz País, as pessoas de nível de escolaridade mais
alto são as responsáveis seculares pelo estado de horror que assola o país”, aqui
Carta apenas parece ser crítico a isso, pois ele faz parte da mesma elite que crítica.
“Na opinião de Carta Capital, a nomeação de Nelson Jobim em lugar de
Waldir Pires é erro político”, assumindo, depois de muitas pressupões nas edições
analisadas passadas, a sua opinião explicitamente sobre a escolha do ministro da
defesa.
Mino provoca a elite capitalista e a grande imprensa: “Nossa burguesia e seus
aspirantes, com temperos de fantasia de sabor novelesco, graças à contribuição da
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mídia nativa; a pobreza que toma conta da maioria da população não aproveita a
ninguém, à luz de um raciocínio capitalista e contemporâneo do mundo”.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino Carta objetiva mostrar que as coisas
erradas que a mídia divulga em nome de Lula na verdade encontra sua culpa na
própria elite defendida pela grande imprensa. Começa o texto condizendo que Lula
disse que os ricos ganharão muito mais do que os pobres. E mostra o fato por
dados, colocando o Brasil em terceiro pior país com má distribuição, ficando atrás de
Serra Leoa e Nigéria.
Crítica o governo Lula com isso dizendo que “o progresso produz inclusão”.
Depois começa a explicar a diferença dos dois Brasis: “O afastamento entre os dois
Brasis acentua-se inexoravelmente, separados pelo abismo em que fermentam a
miséria, a ignorância, a criminalidade”; Criticando a mídia: “Difícil, se não impossível,
para quem dá atenção aos órgãos midiáticos é perceber o Brasil real; No país da
fantasia Lula é culpado pelo desastre de Congonhas”.
Termina o texto dizendo que a culpa é da elite: “Pois, neste nosso infeliz País,
as pessoas e nível de escolaridade são responsáveis pelo horror que assola o país
a sanha predatória da sua elite”,
No tempo percorre começando com uma comparação da época de Vargas
com Lula, dizendo uma parte da carta de suicido de Vargas: “Os nossos burgueses
não entendem que sou a salvação dele”. Segue mais uma vez para a ditadura diante
a época de Geisel comparando novamente com a época de Lula – “Ernesto Geisel
definia o país como uma ilha de prosperidade .
Tematização: Vargas disse ; Lula foi mais específico; Lula devia refletir; O
afastamento dos dois Brasis ; Geisel definiu ; Mantega pronunciou ; Lula é
culpado ; Waldir Pires foi ; Nelson Jobim é; Dora Kramer lida ; Rodrigues avaliou ;
As pessoas de níveis mais altos são ;
Personagens: Getúlio Vargas; Lula; Carta Capital (apurando); Paulo Secches
o diretor-presidente da TNS InterScience, Ernesto Geisel como “diretor de plantão”;
Guido Mantega; Waldir Pires; Nelson Jobim; Luís XIV, o cientista político Leôncio
Martins Rodrigues e Luís XIV.
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7ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°460, p19, 05 de setembro de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: As palavras no devido lugar
SUBTÍTULO : Livros sobre mortos e desaparecidos políticos irrita militares. Lula promete manter investigações
FOTO: Lula no dia de lançamento do livro ÍNDICE: LANÇAMENTO. Direito à memória e à verdade
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRÁRIOS: Democracia X Ditadura Militar
CONTRÁRIOS: Livro DITADURA X Militares
CONTRÁRIOS: Liberdade X Opressão
SEMÂNTICA NARRATIVA : Lula objetiva a lembrança da ditadura militar e
enxerga na possibilidade de inauguração de um livro a respeito à oportunidade de
voltar a criticar o período. Utiliza a modalização do “Ser” para estabelecer sua
opinião no início e no final do texto: “É esse direito que queremos resgatar sem
rancor, sem revanchismo de qualquer ordem; “Por ora, a imagem que resiste é a de
Elzita Santa Cruz, que discursou em nome dos familiares”. No caso, ele é realmente
contra a ditadura militar e guarda certo tipo de rancor da época, principalmente na
época do governo Geisel, que obrigou a Editora Abril tirar o nome dele da chefia de
redação da Veja que vivenciava sua época de ouro.
Os militares começam intimidando no texto de Mino: “Convidados para a
cerimônia, os comandantes das Forças Armadas não compareceram ”. E Jobim
termina no texto com um discurso direto intimidador: “Não haverá um indivíduo que
possa reagir, se houver , vai ser retrucado”. Modalizador dever-fazer pela
democracia.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: No início mostra a firmeza política de Lula diante
a abertura dos processos da ditadura que pouco a pouco vão sendo divulgados:
“Lula afirmou que as investigações do governo sobre os crimes da ditadura vão
continuar”. Depois, destaca que a falta dos militares no evento: “Os comandantes
das Forças Armadas não compareceram”. E, mesmo sendo contra a ascensão de
Jobim no Ministério da Defesa, Mino destaca uma citação positiva de Jobim: “Não
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haverá um individuo que possa a isso reagir e, se houver, terá resposta”. Vale tudo
para criticar aquele período.
Mino não ultrapassa o limite do texto neste editorial, fica preso só ao encontro
e na ditadura - levemente. Tematiza como: Lula veio e afirmou ; os comandantes
não vieram e não pronunciaram; Jarbas Passarinho queixou-se ; Delfim Netto
(mesmo participando do governo ditatorial) não vê razão para não publicação do
livro; Nelson Jobim classificou e não tolerou ; Elzita Santa Cruz discursou .
Personagens: Lula; Os militares; O ministro dos governos militares Jarbas
Passarinho; Delfim Netto; Nelson Jobim; e, a Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, e, a autora do livro.
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8ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°482 p16, 13 de fevereiro de 2008 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: A mídia tucano-udenista
SUBTÍTULO : O caso do cartão não é edificante, mas o objetivo é sempre o mesmo
FOTO: Lula apontando o dedo indicador para o alto ÍNDICE: SURPRESA? O alvo é Lula, à sombra da hipocrisia tradicional
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL CONTRADITÓRIO: Lula XX Cartão Corpora tivo
CONTRÁRIO: Lula X Gr ande Imprensa
CONTRADITÓRIO: POVO XX SENADORES
CONTRÁRIO: MISÉRIA X RIQUEZA
SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino Carta quer a defesa de Lula perante os
cartões corporativos e enxerga uma possibilidade de colocar a culpa em FHC. Pela
modalização do “ ser ” e “ fazer ” : “O cartão não é edificante, más o objetivo é sempre
o mesmo”, referente aos freqüentes ataques da mídia à Lula. “As mazelas do poder
fazem parte da tradição e, em inúmeras oportunidades, contaram com o silêncio da
mídia” – mais uma critica a elite e à mídia. “O cartão foi criado no governo de
Fernando Henrique Cardoso”, condizendo que a culpa da problemática é de FHC e
não de Lula.
Mino utiliza a provocação comparativa com dados reais pela modalização
“dever-fazer” algo diante a injustiça: “enredos clássicos do País, onde apenas 5%
da população ganha mais de 800 reais , e os senadores autorizados a gastar 15 mil
por mês”. Outro exemplo de provocação com o “ dever-fazer” negativamente a
imagem desta cultura brasileira: “Estamos a viver, depois do carnaval, conforme
manda o nosso irresponsável figurino”.
Utiliza a tentação perante os inimigos do artigo: “O governo já agiu
convocando a CPI, com o objetivo diferente daquele desejado pelo clube tucano-
udenista”.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino objetiva defender os ataques a Lula devido
à problemática dos cartões corporativos, dizendo que a mídia nunca esteve tão
atenta como na era Lula: “Até o começo da era Lula, quando nenhuma ocasião
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passou a ser perdida na tentativa de pôr o governo em dificuldade. E nem sempre as
mazelas alegadas foram provadas”. Depois se pergunta sarcasticamente: “fuzuê?
Escândalo? Crise do cartão corporativo. Logo após defende o governo: “agora o
governo age como velocista antecipasse a convocação da CPI e ele mesmo a
convoca, acabando com as perspectivas do clube tucano-udenista”. Para encerrar o
texto Mino alerta o leitor diante as futuras coberturas midiáticas: “Não se
surpreendam, mesmo que aconteçam, não deixem cair o queixo”.
No tempo Mino relembra que é período de pós-carnaval para condizer que a
grande mídia já começa a trabalhar: “depois do carnaval, conforme manda o nosso
irresponsável figurino, o ano de 2008 vem”. E vai até a época de FHC: “O cartão foi
criado no governo FHC”.
Mino tematiza seu texto: A mídia mergulha na história; os senadores estão
autorizados; As mazelas do poder fazem ; tentativa em por o governo em
dificuldade ; A mídia achou seu tema; o governo age como velocista; o cartão foi
criado por FHC.
Os personagens do texto são: A mídia como sentinela da “democracia”, Lula e
Fernando Henrique Cardoso.
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9ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°492, p16, 22 de abril de 2008 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: A adesão incondicional
SUBTÍTULO : A mídia inventa para complicar o governo e não percebe que a identificação do povo com Lula é natural e automática
FOTO: Capa da Veja criticando o governo Lula ÍNDICE: FATO E VERSÃO. Veja ladra e a caravana passa. As críticas
cabíveis são bem outras
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRÁRIOS: Lula X Mídia
COMPLEMENTARES : Lula E Homem do po vo
SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino deseja defender Lula quanto à publicação
da capa da Veja que diz: “2026, Lula outra vez”, e enxerga na possibilidade da
publicação da Veja uma oportunidade de dizer que Lula é um representante do
povo, pois é partidário à Lula.
Modalização do “ Ser” e “ Fazer” : “A mídia inventa para complicar o governo e
não percebe que a identificação do povo com Lula é natural e automática (fazer) ; A
identificação com a maioria dos brasileiros deu-se como a manga nasce na
mangabeira (fazer) ”. “O homem é bom, muito bom de comunicação, e está longe de
carecer de carisma” (ser) ; “E isto é de conhecimento até do mundo oriental”,
referente à desigualdade social no Brasil (ser) .
Provocativo : “Diminuiu o fervor midiático em torno do famoso dossiê e logo
não falta quem informe qual fosse à verdade factual, que Lula está a ser tentado
pela idéia do terceiro mandato; Trata-se de insinuações atiradas ao vento na
pretensão de abalar o prestígio político do ex-meta lúrgico que virou presidente
da República”, referente à constante atividade da mídia em inventar crises políticas,
faz questão de dizer “ex-metalúrgico” com efeito de provocar o público elitizado.
Promove o “dever-fazer” jornalismo de verdade, e não o mentiroso, no caso da
revista Veja.
Sedutor : “O homem é bom, muito bom de comunicação, e está longe de
carecer de carisma”, referente à citação de Leonel Brizola referente ao sucesso de
Lula promovido por Mino. Utiliza o “querer–fazer” a imagem positiva de Lula.
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Intimidador : “A minoria privilegiada repete as frases feitas que os jornalistas
e seus patrões lhe põem na boca, enquanto a maioria dos brasileiros forma a
caravana e passa ao largo, indiferente”. Usa o “dever-fazer” outro enfoque para a
mídia, pois o atual não abala a popularidade de Lula.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino fica em um só tempo – presente -
criticando a revista Veja por querer inventar uma nova crise depois que os cartões
corporativos não atingiram o governo. “Diminui o fervor midiático em torno do famoso
dossiê e logo não falta quem informe (no caso a Veja), qual fosse à verdade factual,
que Lula está tentado pela idéia do terceiro mandato”.
Pela tematização percorre: Os índices de aprovação fermentam ; Diminui o
fervor midiático - e logo não falta que informe ; Algo mudou a crença popular; A
minoria privilegiada repete ; A caravana percorre ; a atuação governista merece ; o
próprio Lula não pratica ; A mídia não conseguiu; Lula representa o povo .
Atores da reportagem: A revista Veja; Lula; Ibrahim Sued; Leonel Brizola e
Francis Drake.
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10ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°519, p18, 28 de outubro de 2008 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Lula e Barack Obama
SUBTÍTULO : Discurso otimista na festa de Carta Capital e referência ao candidato negro cuja vitória seria por si só, sinal de mudança
FOTO: Barack Obama levantando a mão ÍNDICE: MEMÓRIA. O governo de Roosevelt resultou da crise de 1929.
Obama poderia ser um Roosevelt negro?
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
COMPLEMENTARES : Roosevelt E Barack Oba ma
COMPLEMENTARES : Lula E Bar ack Obama
CONTRÁRIO: Intervencionismo X Neoliberal ismo
COMPLEMENTARES : CLINTON E FHC
SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta quer mostrar a força de Lula e
enxerga nas eleições uma possibilidade de mostrar a esta força, pois é favorável a
Lula.
Modalização do “Ser” e “Fazer” : “Conheço bem a infância, a angustia e o
humor do presidente”, fazendo imagem de proximidade com Lula. “Se tornou o
presidente mais popular do Brasil”, fazendo crer que Lula é o melhor presidente do
Brasil de todos os tempos; “O presidente também faz referências ao império” –
utilizando o “querer-fazer” a imagem diplomática de Lula também no EUA.
“Ser” : “A importância da provável eleição do primeiro presidente negro”,
utilizando uma citação direta, colocando-o a favor de Obama. Ele também termina o
texto fazendo uma pergunta com o verbo ser no futuro imperfeito: E se Obama fosse
um Roosevelt negro?
Utiliza a sedução pelo “querer-fazer” uma imagem positiva diante a
constituição política de Lula. “Discurso otimista, como se espera de quem amargou
três derrotas eleitorais sem sofrer maiores abalos interiores; Bush Jr. o procurava
para uma conversa telefônica”. Mino percorre também a sedução quando espera
que Obama tenha um caráter de partido democrata: “Em termos de desenvolvimento
econômico e social, os EUA viveram a sombra do Partido Democrata um período
muito favorável, com Roosevelt“.
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Provoca o neoliberalismo rotulando Obama e Lula: “capacitados a forçar
definitivamente o funeral do neoliberalismo que em pouco mais de três décadas
conseguiu exasperar a desigualdade” - querendo fazer o túmulo dos neoliberais.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Carta começa o texto no momento atual do
Brasil: “O presidente diz que na vida do brasileiro a crise é constante”. Depois, volta
em duas épocas em uma só sentença: “Conheço bem a infância de Lula, evocada
na primeira entrevista que ele me deu, faz 31 anos” - para trazer Lula na festa da
Carta Capital - “Na noite de segunda-feira passada fez um belo e honesto discurso
ao encerrar a festa de Carta Capital ”. Na sequência, volta á época de Lula
comparando ele com outros períodos: “Lula se tornou o presidente mais popular do
Brasil desde Deodoro, sem exclusão de Getúlio e Juscelino”. Para ir mais adentro e
ganhar valor agregado Carta internacionaliza a informação: “e eu soube dele, em
conversa lateral, que Bush Jr. o procurava para uma conversa telefônica. Obama,
obviamente, surgiu à cena”. Mino taxionômica Obama: “E se Obama fosse um
Roosevelt negro”.
Na figuratização: “Lula diz ; Lula é abandonado pelo pai; primeira entrevista
que ele me deu ; fez um belo discurso ao encerrar a festa de Carta Capital ; tornou
o presidente mais popular do Brasil ; enxergou na crise uma oportunidade; Bush
Jr. o procurou para uma conversa telefônica; Obama surgiu em cena; o presidente
me disse; E se Obama fosse um Roosevelt negro ?; Obama vai intervir na
econômica como Lula esta intervindo em detrimento d e 8 anos de liberalismo
da era Bush e é comparado por este aspecto em nível profundo. .
Personagens: Lula com sua família; Carta Capital; Deodoro da Fonseca;
Getúlio Vargas; Juscelino Kubichech; Bush Jr.; Barack Obama e Roosevelt
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11ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°523, p16, 26 de novembro de 2008 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: E Lula assinou
SUBTÍTULO : O decreto presidencial permite a união das empresas da telefonia. Mas as aplicações vão além da mera questão econômica
FOTO: Lula fazendo bico ÍNDICE: S/em índice
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRADITÓRIOS: Protógenes Queiroz XX PF
COMPLEMENTARES: Protógenes Queiroz E Investigações
CONTRÁRIOS: Lei X Ordem
CONTRÁRIOS: Lula X Crise política
SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino quer defender Lula de uma crise no governo
e enxerga no afastamento do delegado Protógenes Queiroz a possibilidade de
defender seu ideal. Pela modalização utiliza o “querer-fazer” o receptor entender o
impacto sobre a problemática de Protógenes: “Ao ponto de provocar uma guerra
interna na Polícia Federal; De qualquer forma, o doutor Queiroz produziu durante
quatro anos farto material, suficiente para explicar parte essencial das relações de
poder no Brasil .
Utiliza a intimidação para “dever-fazer” temor diante a todos aqueles que
temem a revelação da investigação de Protógenes: “Já o delegado Queiroz continua
sentado sobre uma espécie de caixa de Pandora. As conseqüências são
imprevisíveis , se o conteúdo desta caixa vier à tona”.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Começa próximo: “Nesta quinta-feira 20”. Depois
relembra a Operação Satiagraha: “Sob o comando do delegado Protógenes Queiroz,
a Operação Satiagraha”. E termina o texto na mitologia: “Sentado sobre uma
espécie de caixa de pandora”.
Temporalização: “O decreto presidencial permitiu ; as implicações foram
alem ; Sinal verde para a OI; Protógenes Queiroz provocou ; O delegado está
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sendo ; Queiroz produziu ; Lula assinou ; e Queiroz continuou sentado sobre uma
espécie de caixa de pandora”.
Actorização: Lula; Protógenes Queiroz; Ricardo Saadi como substituto de
Queiroz e Pandora.
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12ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°563, p21, 16 de setembro de 2009 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Lula e Sarkozy afinados
SUBTÍTULO : DEFESA, O Brasil pode ficar também com caças franceses FOTO: Lula e Sarkozy com poses informais, brincando ÍNDICE: ELOS. No Brasil, Sarkozy assinou venda de submarino nuclear
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
COMPLEMENTARES : Lula E Sa rkozy
CONTRADITÓRIOS: Lula X Boei ng
SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino quer demonstrar a afinidade entre Lula e
Sarkozy e enxerga na possibilidade da compra de aviões militares por parte do
Brasil uma forma para demonstrar o seu desejo, explicitando a força de Lula.
Utiliza a modalização do “fazer” para demonstrar o que o acordo entre os
presidentes provoca: “Ao mostrar preferência pelo caça francês, Lula colocou as
força armadas em uma saia justa”, pois as mesmas esperavam que o acordo fosse
mais discutido em favor da empresa americana Boeing.
Mino utiliza uma citação direta de Marco Aurélio Garcia para explicar as
razões de fechar o acordo com os franceses, fazendo o receptor ficar ainda mais
descrente diante os aviões americanos: “E os antecedentes americanos não são
bons”.
Provocação : Utiliza um argumento provocativo utilizando uma citação direta
de Garcia para “dever-fazer” o receptor crer que Lula está agindo corretamente
nesta compra. “Em tom irônico, Garcia afirmou que gosta de levar em conta os
antecedentes das partes envolvidas, E os antecedentes americanos, no caso dos
Super Tucanos da Embraer, não são bons”.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Carta percorre o tempo com os três dias de
encontro dos presidentes: “O encontro do dia; Nos dias seguintes o governo mudou
o tom. Na quarta-feira 9”. Tematização: Sarkozy assinou ; Lula mostrou-se ; o
convênio previu ; Lula deu sinal ; os termos mencionam ; Lula aproveitou ; o
governo brasileiro mudou ; Garcia afirmou .
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Personagens do texto: Lula; Nicolas Sarkozy; Forças Armadas Brasileira;
Rafale – empresa de aviões franceses; Embraer; Boeing, empresa americana de
aviões; Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais de Lula.
85
13ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°568, p21, 21 de outubro de 2009 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Lula, Agnelli e o papel da Vale
SUBTÍTULO : DISPUTA. A mineradora não é apenas uma empresa privada, ambos sabem
FOTO: Lula e Eike Batista, os dois sorrindo ÍNDICE: Arranjo. O importante é preservar os avanços
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRADITÓRIOS: Lula XX Grand e imprensa
COMPLEMENTARES: Lula E Agnell i
CONTRÁRIOS: Intervencionismo X Liberalismo
SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta que criticar a grande imprensa e
enxerga na possibilidade do intervencionismo do governo na mesma uma
oportunidade para mostrar que colunistas e editorialistas estão equivocados.
Mobilização do “Ser” : “Não é fato suficiente, porém para justificar a mais
recente mobilização das tropas salvadoras do capitalismo”, finge elogiar a grande
imprensa de uma forma sarcástica dizendo que ela se considera a salvadora do
mundo ocidental em criticar o intervencionismo de uma empresa considerada mais
particular do que pública. “Portanto, a mineradora é uma companhia pública de
capital misto”, diz isso condizendo que grande parte do capital da Vale pertence ao
BNDES, portanto ao Estado. Com isso, para Mino, não existe motivo para críticas ao
governo na intervenção da Vale. Termina o texto dizendo que o que a mídia
esperava não ocorreu: “Talvez esperassem de Agnelli um duela verbal com o
presidente, mas isso não é do feitio do presidente.
Modalização do “Fazer” : Utiliza a modalização para justificar para o receptor
o intervencionismo de Lula: “Roger Agnelli tornou a Vale uma das maiores
empresas do mundo no setor; a mineradora exagerou quando anunciou cortes
preventivos na produção e nos empregos”.
Provocação : “A mineradora não é apenas uma empresa privada, ambos
sabem”, provoca aos críticos do intervencionismo de Lula. Justificando o dever-fazer
de Lula ao leitor.
Sedução : “A entrada em cena do acumulador de dinheiro Eike Batista e a sua
mirabolante proposta”, começa o texto com a frase sedutora para dizer que os
86
rumores sobre o mal estar entre governo e Vale esta errada; “Não é fato para
justificar a mais recente mobilização entre tropas salvadoras do capitalismo, sempre
em prontidão nas redações, contra o que seria outro espasmo do Palácio do
Planalto”, sedução a grande imprensa com o objetivo de diminuí-la; “Talvez
esperassem de Agnelli um duela verbal com o presidente, mas isso não é do feitio
do presidente”, pressupõe que nem Agnelli e nem Lula são sensacionalista como a
grande imprensa.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Carta percorre o tempo: Com o LIDE tradicional
Mino começa o texto explicando um pouco sobre o Papel da mineradora Vale.
Depois relembra quando a Vale foi privatizada: “Convém lembrar que o acordo de
acionistas após a privatização de 1997”. Pula para a virada entre o ano 2008 e 2009:
“Na virada do ano anunciou cortes preventivos na produção e nos empregos”.
Termina o texto pinicando a grande imprensa provocativamente: “Entrincheirados
atrás de mesas e computadores, colunistas e editorialistas continuam a produzir
textos tão definitivos quanto sofisticados”.
Figuratização: Eike Batista propõe ; Seria um espasmo estatista ; A União
reclamou ; Roger Agnelli alcançou ; a mineradora exagerou e anunciou cortes;
Agnelli explicou isso a Lula, o que irritou certos colunistas; Colunistas e
editorialistas continuam .
Os personagens da reportagem são: Lula, o empresário Eike Batista, como o
acumulador de dinheiro; Vale; Bradesco; BNDES; Roger Agnelli, diretor da Vale;
Colunistas e editorialistas como defensores da tirania.
87
14ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°583, p12, 17 de fevereiro de 2010 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Pecado Capital SUBTÍTULO : FHC cai na armadilha de Lula e na prática, fortalece a ideia de
eleição plebiscitária FOTO: FHC fazendo careta. ÍNDICE: Vanitas vanitatum . Dilma Rousseff esfrega as mãos de
contentamento e José Serra fica incomodado
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL CONTRÁRIO: FHC X LULA
CONTRÁRIO: VAIDADE X POPULAR
CONTRÁRIO: INVÉJA X POPULARIDADE
CONTRÁRIO: GRANDE IMPRENSA X LULA
SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta quer mostrar que Lula soube se
adaptar as acusações de terceiro mandato e enxerga no enfoque da grande
imprensa em destacar a idéia de plebiscito estimulada por FHC uma boa
oportunidade para atacar e imprensa e defender Lula.
Modalização do “Ser” : “É de conhecimento até do mundo mineral que FHC é
vaidoso; FHC é pecador contumaz; A Folha de S. Paulo tem sido bom intérprete do
pensamento serrista; O certo é que FHC fortalece a ideia de plebiscito; Através de
frases provocativas estimula o dever-fazer a imagem negativa de FHC.
Modalização do “Fazer” : “Mesmo os amigos mais chegados de FHC lhe
apontam o pecado”; “Este aspecto de personalidade do ex-presidente não passam
despercebido aos olhos do Pão de Açúcar e da Pedra do Baú”. Argumentando até
mesmo diante a juventude de FHC, Mino Carta intitula FHC, comparando com Lula -
“Se a vaidade de FHC se estabelece, Lula vence, pois é exatamente a vitória que
procura“, Mino utiliza a intimidação pelo “dever-fazer” imagem negativa de FHC ao
leitor, pois a imagem que o ex-presidente gostaria de ter que era a de sucesso
presidencial, não é dada por Mino. “FHC quebrou o Brasil três vezes, terminando
sua obra prima com engodo presidencial”
Provocação : “A taxa de pobreza caiu de forma aguda comente sob Lula”; “a
folha foi generosa com o ex-presidente, aquele que o mundo nos invejou, não é
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mesmo? Aliás, Lula atingiu uma popularidade mundial com que FHC nunca sonhou”.
Utiliza a provocação para o “dever-fazer” Lula como incomparável a FHC.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Temporalização: “Iam às calçadas paulistanas
na noite da corrida de São Silvestre para torcer pelo tcheco Emil Zatopek”, referente
à juventude de FHC e seus amigos. Depois vai para o Rio de Janeiro: “aos olhos do
Pão de Açúcar e da Pedra do Baú”. Para chegar ao primeiro domingo e terça de
fevereiro: “Interessante as repercussões na mídia nativa. O Estadão, por exemplo,
com patética insistência, orgulha-se por ter publicado no domingo 7; “Já a Folha na
terça”. Para voltar no tempo na sequência textual: “No caso da pobreza, ela
permaneceu estável de 1996 a 2002”. Partindo para o Estados Unidos dos anos 90
– “Protegido de Clinton”. Chegando até a “chacina dos Carajás” onde “dezenove
morreram diante do descaso de FHC” - terminando o texto em uma figura frequente
nas críticas da revista, se indagando o porque do esquecimento da imprensa
perante Dantas: “E por que não evocar a figura onipresente de Daniel Dantas”?
Figuratização: “Fernando Henrique é vaidoso ; Lula, um expert em FHC; FHC
é pecador ; Lula vence ; Lula adaptou-se ; repercussões da mídia nativa; O Estadão
orgulha-se , Já a Folha de S. Paulo levanta-se ; Exemplo do pensamento serrista ;
A pobreza permaneceu ; A Folha foi generosa ; Lula atingiu ; FHC quebrou o Brasil
três vezes”.
Personagens do texto: Lula como “expert de FHC”; FHC como “vaidoso”’,
“pecador”, “protegido de Clinton”, a “bomba atômica”; Dilma Rousseff; Emil Zatopek
como a “Locomotiva Humana”; O Estadão; Folha de S. Paulo; Bill Clinton; MST e
Daniel Dantas.
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15ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°584, p13, 24 de fevereiro de 2010 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: O PT, Dilma e o pós-Lula SUBTÍTULO : FUTURO. Aos 30 anos, um partido diante de uma nove era FOTO: Um trabalhador dormindo embaixo das estrelas do PT ÍNDICE: TOM. Mais difícil do que divergir dos tucanos é um duo com o PMDB
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
COMPLEMENTARES : PT E Lula COMPLEMENTARES : Dilma E Lula
SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino quer divulgar a candidatura de Dilma e
enxerga no congresso do PT uma oportunidade para divulgar as dificuldades que
Dilma terá caso chegue à presidência da República.
Modalização do “Ser”: Mino explica os dois lados do 4°Congresso Nacional
do PT: “O primeiro é simbólico, festivo, pois ele comemora os 30 anos de partido. O
segundo pode ser perturbador: pela primeira vez, Lula não será indicado candidato
a qualquer cargo”. Ressalta como mais importante a falta de Lula nestas eleições do
PT.
Modalização do “Fazer” . Mino diz que o PT não é mais o mesmo: “Em 30
anos, muita coisa aconteceu. E o PT mudou a se afastou dos objetivos iniciais.
Sedução : “Querer-fazer” uma introdução sedutora ao leitor “O 4° Congresso
tem contornos especiais ”
Provocação : “Dever-fazer” provocação ao PT. “Defendia então as
bandeiras claramente socialistas”; “O PT se afastou dos objetos iniciais”
Intimidação : “Dever-Fazer” intimidação à Russef, “O programa que ela se
proporá a cumprir tem de ser amplo para satisfazer sem traumas os integrantes do
grande leque de alianças que dará sustentação à sua candidatura. Tarefa nada
fácil ”.
SEMÂNTICA DISCURSIVA: Carta percorre o tempo: “O 4° Congresso
Nacional do Partido dos Trabalhadores, aberto na quinta-feira 18; Fundado
oficialmente em 1980, já em 1982 apresentava o então metalúrgico; Depois, foi
candidato à Presidência da República em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006”.
Figuratização : Fundado oficialmente em 1980; Defendeu as bandeiras
socialistas; Os anos se passaram ; Lula foi candidato ; Lula foi o grande condutor
90
do partido; Em 30 anos, o PT se afastou dos objetivos iniciais, Lula lançou Dilma
Rousseff como eventual sucessora.
Actorização : PT, Lula como o grande condutor do partido; Dilma Rousseff;
PSDB; DEM; PMDB.
91
16ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°587, p19, 17 de março de 2010 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Equívocos sentimentais
SUBTÍTULO : DIREITOS HUMANOS. Lula erra ao defender Cuba e criticar dissidentes em greve de fome
FOTO: Lula abraçando Raul Castro ÍNDICE: Relações. Há outras maneiras de apoiar Raul Castro
SEMÂNTICA FUNDAMENTAL
CONTRÁRIOS: Opressão X Lib erdade
CONTRADITÓRIOS: LULA XX Mino C arta
CONTRADITÓRIOS: LULA XX Greve d e fome
SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino Carta que defender os dissidentes cubanos
refugiados no Brasil e enxerga na ação de Lula uma oportunidade para criticar o
governo
Modalização do “Ser” e “Fazer” : Através de uma comparação usa as duas
modalizações na sequência para argumentar sua opinião: “Quando metalúrgico, Lula
valeu-se da greve de fome para denunciar os arbítrios da ditadura, se Lula mudou
de ideia é uma questão pessoal e não pode servir para condenar quem ainda
acredita neste instrumento de protesto secularmente adotado de leste a oeste do
planeta”
Intimidação . “Dever-fazer”: “O presidente Lula equivoca-se no caso dos
dissidentes cubanos em greve de fome ”.
Provocação: “Dever-fazer”. “A dita esquerda brasileira (e Lula, que diz não
ser de esquerda, parece ter embarcado nesta) tem usado de certa leviandade no
caso”. “Parte de esquerda, se assim podemos chamar, comporta-se como espelho
da mídia tradicional que tanto critica, é engraçado ver, por exemplo, os textos do ex-
ministro José Dirceu em seu blog”, referente à opinião de Dirceu que condiz que os
cubanos são culpados e Batistti não.
SEMÂNTICA DISCURSIVA - Temporalização: Lula começa com o Lide: “O
presidente Lula equivoca-se no caso dos dissidentes cubanos em greve de fome”.
Depois volta na vida política de Lula: “Quando metalúrgico Lula valeu-se da greve de
fome para denunciar os arbítrios da ditadura. Depois vai para uma comparação
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geográfica; Até os cactos do Semiárido estão secos de saber” E termina no
ambiente virtual: “Os textos do ex-ministro José Dirceu em seu blog”.
Figuratização: “O presidente equivoca-se; Lula já valeu-se da greve de fome;
Lula mudou de ideia; A dita esquerda foi leviana; Parte da esquerda comporta-se
como espelho da mídia tradicional; Os meios de comunicação são hipócrita; José
Dirceu acha que os cubanos são criminosos e que Cesare Battisti não é”.
Personagens: Lula como leviano; Tamayo e Fariñas, os dissidentes cubanos;
José Dirceu; Cesare Batistti
93
CONCLUSÃO
O jornalismo político desempenha um importante papel na democracia
brasileira. Através dele a população fica informada sobre os passos de nossos
representantes políticos. A concorrência do jornalismo político impresso a cada dia
fica mais acirrada. Isto faz com que eles elaborem novas formas de enfoque para
atrair mais leitores. Porém uma coisa não mudou em sua essência, o editorial. Ele
continua representando a opinião das redações diante os fatos cobertos pela revista.
Quem escreve o editorial da revista Carta Capital é Mino Carta. Ele possui
muita experiência no campo do jornalismo político. Os textos analisados são
carregados de simbolismos e representações. Se levarmos em conta que o editorial
é a visão da redação com relação aos fatos cobertos, entendemos que a revista
Carta Capital é partidária ao governo Lula. Dos dezesseis editoriais analisados
através do Percurso Gerativo de Sentido, apenas um criticava, de fato, as ações do
governo Lula, que foi o último texto analisado que falava sobre os dissidentes
cubanos refugiados no Brasil após o encerramento dos últimos jogos pan-
americanos.
Nos outros 15 textos Mino Carta defendeu Lula. Com o nível fundamental
procurou mais comparar os personagens de seu texto com uma forma contraditória.
Taxando o outro lado, na maioria dos exemplos, com uma forma provocativa. A
provocação está presente, em sua plenitude, em 13 dos 16 textos analisados.
É perceptível que Mino Carta tem muita experiência tanto no campo do
jornalismo político, com relações particulares com o poder, como no campo da
literatura, pois para provocar sentido no seu texto costuma a passar as barreiras do
limite do tempo. Os locais mais preferidos são: Roma antiga e a ditadura militar
brasileira (1965-1989), vista sua vivência na época.
Mino Carta costuma a criticar o enfoque dado pela grande imprensa diante os
passos de Lula. Para ele, a grande imprensa nunca aceitou o ex-metalúrgico no
poder. De 16 textos analisados apenas cinco não citam a imprensa, sendo que toda
vez que é mencionada é tida como contraditória ou contrária, nunca complementar.
As empresas jornalísticas mais citadas são: A revista Veja, A Folha de S. Paulo e a
rede Globo. Os assuntos referentes vão desde questões éticas de coberturas até
94
questões de nível legislativo, como a classificação de faixa etária para programas
televisivos diante as novas leis.
É perceptível que existe um clima de revanchismo nos editoriais analisados.
Por isso Mino relembra frequentemente alguns enfoques equivocados, no seu
entender, dados pela grande imprensa. Aparentemente ele se sente ressentido pelo
episódio na revista Veja, durante o governo ditatorial de Geisel, culminando com sua
saída da chefia da revista, forçada pela censura. Os seus sentimentos estão
explícitos nos textos, Mino encontro na figura de Lula uma grande oportunidade de
fidelizar um público que combina com seu viés partidário, e ao mesmo tempo, banca
uma revista que explicita, mais do que um jornalismo de novo enfoque, sua própria
opinião diante os fatos. Uma forma de fazer um jornalismo com cara de reivindicativo
Este trabalho também demonstrou que a imparcialidade é um mito, onde as
emoções do editorialistas estão acima da isenção e igualdade de enfoque entre
governo e oposição. A teoria mostrou-se mais uma vez muito perspicaz diante seu
objetivo, demonstrar o trajeto de sentido que o autor almeja gerar diante o receptor.
Este trabalho é apenas mais um exemplo que comprova a genialidade de Greimas
no diante o Percurso Gerativo de Sentido, que revolucionou e impactou os estudos
semióticos no que tange a elementos textuais até os dias de hoje. Concluindo, no
que tange o Percurso Gerativo de Sentido, o editorial da revista Carta Capital é
partidário de Lula e do PT.
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