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RENATO DUARTE PLANTIER REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO SÃO PAULO – 2010

Partidarismo na revista Carta Capital

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Semiótica. Analise semiótica greimasiana aplicada aos editoriais da Revista Carta Capital. Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo

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RENATO DUARTE PLANTIER

REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO SÃO PAULO – 2010

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RENATO DUARTE PLANTIER

REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Nove de Julho (Uninove) como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo Orientadora: Mestra Carla de Oliveira Tozo

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

SÃO PAULO – 2010

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Resumo

A semiótica é um estudo extremamente importante para comunicação. Ela se encaixa em qualquer formato de análise de sentido. Jürgen J. Greimas foi um semiótico que idealizou uma teoria representada por modelo teórico capaz de estudar todas as manifestações do pensamento. Esta teoria será aplicada em uma análise sobre os editoriais da Revista Carta Capital escrito por Mino Carta, à fim de demonstrar através do Percurso Gerativo de Sentindo de Greimas, que a revista é partidária do governo Lula, bem como, qual foi o trajeto do autor para elaborar os sentidos do texto. Neste fôlego, este trabalho ambiciona uma análise qualitativa no que tange ao percurso gerativo de sentido dos elementos textuais do jornalismo político, sob a perspectiva da semiótica greimasiana. Greimas acredita que tudo no mundo é texto, considerável passível de análise. Este trabalho é mais um desafio para a teoria demonstrar o seu nível de precisão analítica da produção de sentido.

Palavras Chave: Semiótica – Jornalismo Político – Partidarismo - Carta Capital

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Sumário

Introdução..........................................................................................................06

1. Jornalismo Especializado..............................................................................08

1.1. Jornalismo político......................................................................................09

1.2. Jornalismo internacional.............................................................................17

1.3. Jornalismo econômico................................................................................20

2. Conceitos de apoio........................................................................................27

2.1. Imparcialidade.............................................................................................27

2.2. Ética Jornalística.........................................................................................29

2.3. Gêneros opinativos.....................................................................................34

3. Semiótica.......................................................................................................37

3.1. Ícone, índice e símbolo - Charles S. Pierce ...............................................41

3.2. As idades de Pierce................................................................................... 44

3.3. Greimas e o percurso gerativo de sentindo ...............................................47

3.4. Os três níveis de Greimas......................................................................... 50

4. Análise semiótica dos editoriais da Revista Carta Capital............................ 56

4.1. Estrutura semiótica para este trabalho.......................................................56

1ª ANALISE (EXEMPLO).................................................................................. 57

4.2. Análises dos editoriais.............................................................................. 62

2ª ANÁLISE.......................................................................................................62

3ª ANÁLISE.......................................................................................................64

4ª ANÁLISE ......................................................................................................66

5ª ANÁLISE.......................................................................................................69

6ª ANÁLISE.......................................................................................................71

7ª ANÁLISE.......................................................................................................73

8ª ANÁLISE.......................................................................................................75

9ª ANÁLISE.......................................................................................................77

10ª ANÁLISE.....................................................................................................79

11ª ANÁLISE.....................................................................................................81

12ª ANÁLISE.....................................................................................................83

13ª ANÁLISE.....................................................................................................85

14ª ANÁLISE.....................................................................................................87

15ª ANÁLISE.....................................................................................................89

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16ª ANÁLISE.....................................................................................................91

Conclusão..........................................................................................................93

Referências Bibliográficas.................................................................................95

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Introdução

Nos últimos 100 anos o jornalismo político mudou em diversos aspectos,

porém o seu objetivo continua o mesmo, informar à população o que está

acontecendo no mundo político, tanto em território nacional quanto em âmbito

mundial.

Devida concorrência que se precipitou depois da segunda grande Revolução

Industrial entre as redações de jornalismo político, os jornalistas buscam, até os dias

de hoje, novas fórmulas de agregar consumidor, principalmente diante material

impresso, que a cada dia que passa perde o seu espaço para a Internet.

Antes os jornalistas políticos assumiam em que lado estavam. Hoje eles

assumem através de uma argumentação muito melhor organizada postas mais

implicitamente do que explicitamente. O leitor vai lendo, se convencendo ou não, as

palavras proferidas. Em todo trajeto do texto o leitor vai sentindo sensações

causadas por emissor. E, de fato, no meu ponto de vista, a semiótica de Greimas –

O Percurso Gerativo de Sentido – é a melhor teoria para se estudar estes efeitos de

sentidos que o narrador impõe em seu discurso.

O alvo desta análise semiótica são os editoriais da revista Carta Capital. Mino

Carta é o autor e um dos donos da revista, escreve como chefe de redação para a

mesma. O editorial é consumido muito pouco pelo leitor. Justamente por isso que

Mino Carta elabora um editorial bem segmentado por temas e diagramado com

muita qualidade, para favorecer uma leitura rápida, dinâmica e perspicaz. Porém,

justamente por este dinamismo de seus textos e por muitos leitores não possuírem

filtros jornalísticos, ou políticos, eles acabam por não perceber, seja pela velocidade

de leitura ou falta de conhecimento especializado, que a opinião de Mino Carta é

somente mais uma dentre as diversas vozes, e não a legítima.

É interessante notar que os textos de Mino Carta são qualitativos em diversos

sentidos textuais: Ele percorre o tempo, em um texto ele pode começar falando do

Império Bizantino e terminar criticando FHC, fazendo uma analogia entre os dois

períodos. Mino possui uma grande experiência no jornalismo políticos, seu pai, Gino

Carta, fora também um consagrado jornalista político. Mino trabalhava na revista

Veja na época da ditadura militar durante o governo de Ernesto Geisel; acabou

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tendo que pedir demissão da revista devida pressão que a censura impôs à família

Civita, donos da Veja na época.

Por isso, existe uma alta perspectiva no que tange a qualidade textual do

autor, que diante sua vasta experiência percorrerá diversos tipos de sentidos para

convencer o leitor da legitimidade de suas palavras.

Este estudo semiótico está dividido em quatro capítulos. O primeiro e o

segundo trazendo características que irão auxiliar para um melhor entendimento

sobre o papel da comunicação entre jornalistas e políticos para com a sociedade.

Eles são justificáveis, pois a semiótica de Greimas estuda não só os elementos

textuais, como também as relações sociais entre os agentes de um discurso.

Naturalmente é necessário entender a relação entre estes dois tipos de poderes

para compreender melhor os efeitos percorridos pelo discurso elaborado por Mino

Carta para defender sua argumentação frente ao receptor.

O terceiro capítulo é uma breve explicação sobre o conceito de Semiótica. Ele

abrange os conceitos iniciais de Charles Sanders Pierce, com explicações prévias

sobre Índice, Ícone e Símbolo. Afinal, Peirce é tido como um dos precursores do

estruturalismo e da semiótica moderna. Na época existiam também os trabalhos

paralelos de Ferdinand de Saussure, porém o modelo de Pierce era muito mais

qualitativo. Vamos perceber a diferença entre estes lingüísticas.

Este terceiro capítulo também abrange o Percurso Gerativo de Sentido,

idealizado pelo linguista lituano Algirdas Julius Greimas. Ele foi um dos linguistas

estruturalistas que mais contribuíram com a teoria Semiótica e com a narratividade.

Sua teoria será aplicada neste trabalho que visa à análise semiótica dos editoriais de

Mino Carta, chefe de redação da revista Carta Capital. Através dos estímulos de

sentidos de Mino, vamos poder analisar se a revista é de fato partidária do governo

Lula.

O quarto capítulo vai trazer a própria teoria do percurso Gerativo de Sentido

aplicado sobre os textos selecionados de acordo com o valor notícia da cobertura

presidencial dos editoriais da Carta Capital.

Quando analisamos estes textos através da semiótica de Greimas

entendemos tanto o percurso de sentido que o emissor percorreu para convencer o

receptor, como os estímulos sentimentais e intelectuais que estimularam o autor a

percorrer tal sequência de sentido, bem como os legítimos objetivos e relações que

se implicam no texto.

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1. Jornalismo Especializado

Este trabalho visa uma análise semiótica do editorial A Semana da revista

Carta Capital. Minha hipótese: a cobertura da revista é partidária do governo Lula.

Se vamos estudar textos referentes ao presidente, naturalmente o editorial de Mino

Carta é de política e economia - muitas vezes, misturados no mesmo texto.

Entendemos que a revista é partidária do governo, e que estes editoriais políticos

elaborados por Mino Carta demonstram, com mais facilidade, a opinião que a revista

possui.

Para iniciar o trabalho pretendo explicar estes tipos de jornalismos

especializados presentes tanto no editorial quanto no conteúdo bruto da revista.

Vamos utilizar a análise semiótica proposta pelo lingüista lituano Algirdas Julien

Greimas chamada: “Percurso Gerativo de Sentindo”, baseado nos estudos de

Algirdas Julien Greimas (cuja explicação estará no terceiro capitulo), para investigar

de uma forma lingüística - jornalística, o Percurso Gerativo de Sentido dos editoriais,

ou seja, os passos de Mino Carta dentro dos elementos textuais para convencer o

leitor de que suas palavras são as mais próximas da legitimidade diante os fatos

cobertos.

Mino Carta é considerado um jornalista especializado em política e em

econômica. E, o fato de Mino Carta ser um dos donos da revista não o credibiliza

para escrever estes textos apresentativos sobre o conteúdo e a opinião da revista

diante fatos, mas sim, por possuir uma grande experiência de campo nestes tipos de

jornalismos especializados. Vamos entender um pouco sobre o jornalismo político e

o jornalismo econômico.

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1.1. Jornalismo político

Lula é o presidente do Brasil, simplesmente o cargo mais alto poder político

no Brasil. Naturalmente o gênero para a cobertura de um presidente nacional é o

político. Não obstante, Mino Carta possui ligações explícitas com a política: Mino

Carta já fora censurado pelo governo Geisel enquanto comandava a revista Veja, foi

obrigado a pedir demissão para não ser demitido pela família Civita, dona da revista.

Por outro lado, hoje em dia na democracia, o presidente Lula vai a festas

promovidas pela própria revista de Mino, o que simboliza, de certa ótica, uma

relação explícita entre Mino e Lula.

A editoria de política provoca controvérsia diante suas coberturas.

Diariamente a mídia divulga notícias que afetam direta ou indiretamente a

sociedade. Por isso, é tida com a categoria clássica da história do jornalismo. Por

vezes o jornalista político passa dias sem observar nenhuma novidade, porém, as

coisas podem mudar rapidamente. O jornalista político deve estar preparado para

entender os reais interesses discursivos dos políticos, afinal, estes possuem

estereótipos de “não confiáveis”. Os jornalistas devem ter o domínio das regras do

Congresso, conhecer a história política recente do Brasil e as leis vigentes no país.

Ou seja, uma conversão de matérias que antes eram concebidas separadamente,

entrando em fusão com a evolução do jornalismo político.

A principal mudança do jornalismo político de tempos oriundos para cá é o

objetivo da informação. Agora a cobertura é para informar o leitor e não convencê-lo

a adotar idéias. Na campanha de 1950 os jornais como o Estado de S. Paulo, o

Correio da Manhã e o Diário de Noticias faziam questão de não se preocupar com a

isenção da cobertura das eleições presidenciais de Getúlio Vargas contra o

Brigadeiro Eduardo Gomes. Já em 2002, com a eleição de Lula, a imprensa cobriu a

campanha ao invés de “entrar em campanha”, como há 60 anos.

“Até algumas décadas atrás, os jornais, em sua maioria, tinham um caráter quase partidário. E dirigiam também a um leitor razoavelmente partidarizado. Hoje em dia, ao contrário, a grande imprensa, de modo geral, tem a preocupação de separar nitidamente a informação da opinião na cobertura política.” (MARTINS, 2005:17)

De fato, hoje em dia a cobertura política está mais estudada e estruturada.

Quando o gênero é informativo temos menção de que ele visa somente à arte de

informar, normalmente intitulados como matérias e reportagens. Quando o gênero é

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opinativo temos a ideia de uma visão ideológica explícita sobre um fato social, que é

o caso dos editoriais e colunas, por exemplo.

Por isso são textos com maior poder de coerção. Hoje em dia poucas

pessoas lêem os editoriais dos jornais. Justamente por isso as revistas trazem

inúmeros formatos de editoriais visando aderência dos leitores. São inúmeras as

técnicas de formas de adesão ideológicas não explícitas. Justamente para analisar

estas técnicas que a essência do trabalho é a aplicação do Percurso Gerativo de

Sentido, elaborado pelo lingüista Algirdas Julien Greimas, no editorial da revista

Carta Capital.

Fica pressuposto que o leitor comprava um jornal e esperava encontrar uma

afinação com o seu viés político. Duas das principais mudanças significativas no

jornalismo político são: estrutura dos impressos e perfil do leitor. Os noticiários

políticos passaram por processos de modernização, profissionalização e

concentração. A mudança do perfil do público afetou diretamente mudança nos

jornais, um leitor mais plural.

A cobertura isenta se torna mais cara. Sujeita a novas, e caras, fórmulas de energia. Conseqüentemente, houve uma concentração muito forte. Resultado - hoje tem um número muito mais inferior de produtos impressos do que em 1950. Um jornal para sobreviver atualmente deve vender mais de 150 mil exemplares para amortizar os custos de produção e atrair a receita publicitária necessária para sair do vermelho e gerar lucro. (MARTINS, 2005:18)

Como os antigos impressos tinham tiragem amplamente mais expressiva eles

não eram tão dependentes da publicidade como hoje em dia. De fato só os grandes

jornais conseguiam a tiragem superior de 150 mil exemplares, porém o número de

leitores consumidores de impressos era superior. Atualmente é fato que jornais e

revistas dia a dia vão perdendo tiragem e público para os outros meios de

comunicação, principalmente para a internet que agrega conteúdo textual de

apuração mais dinâmica, possuindo um caráter multimídia. Naturalmente a

publicidade acaba sendo um equilíbrio representando o papel fundamental para o

orçamento das redações. De 18 grandes jornais do Rio de Janeiro da década de 50

do século passado, 12 fecharam. (MARTINS, 2005)

A modernização das redações é evidente. Os custos para manter

equipamentos de altíssima qualidade para uma melhor apuração ficam caros a cada

dia que passa. As pequenas e médias coberturas políticas normalmente seguem a

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cobertura da grande imprensa que concentra grande parte da informação política e

são pautados por ela, dando um novo enfoque para a notícia.

Isso porque normalmente é o jornalista da grande imprensa que tem

condições de fazer uma apuração mais qualitativa e quantitativa no local. A

modernização vem desde os equipamentos até a estética das publicações, com

fotos e caricaturas com uma resolução muito superior do que 60 anos atrás. A

isenção passou a ser mais “acoplada às grandes empresas que possuem mais

capital financeiro para investir em maquinário ou qualificação e quantização de força

de trabalho”. Claro que a isenção também está presente nas médias e pequenas

empresas jornalísticas, muitas vezes até mais. Porém, a argumentação é de quem

pode fazer uma cobertura mais quantitativa e qualitativa no aspecto tecnológico e

físico, e não de quem pode ser mais imparcial. (MARTINS, 2005:29)

Por outro lado, uma visão menos romântica do jornalismo político é a visão de

Medina. “A informação tornou-se mais um produto da indústria cultural, de interesse

dos complexos econômicos, políticos, sociais e o elo principal da identificação com o

sistema”. A vitória dos recursos tecnológicos que veiculam a informação se deu por

conta das necessidades da industrialização e automaticamente normaliza ou reforça

a informação jornalística como parte da manutenção do sistema econômico.

(MEDINA, 1988:30)

“A mensagem-consumo exige um título de apelo forte, bem nutrido de emoções, surpresas lúdicas, jogos visuais, artifícios lingüísticos. O título ganha vida de consumo como qualquer anúncio publicitário e a edição trabalha com cuidados especiais: criam-se os “títuleiros” hábeis, verdadeiros mitos de sala de redação. Na ampliação interpretativa das informações, essa habilidade exige mais.” (MEDINA, 1988:119).

Diante a disputa dos jornais que cobrem política o mercado fica cada vez

mais acirrado. Os veículos desenvolveram um componente verbal para chamar a

atenção do leitor para o produto “matéria”, utilizando até mesmo o apelo visual para

conquistar o leitor. Tanto os “gêneros informativos” quanto os “opinativos” da revista

Carta Capital possuem estes aspectos. Diversos artifícios linguísticos são utilizados

para deixar a leitura mais prazerosa.

O público também mudou o seu perfil, consequentemente mudando as

características dos jornais. Antes os leitores eram mais partidarizados. Quando

analisamos a época de Getúlio Vargas percebemos que independente dos

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diferentes partidos, ou a pessoa era getulista ou não. Ou seja, ou compravam

publicações do jornal A Última Hora de Samuel Wainer que explicitamente era o

produto impresso mais partidário getulista do país, ou consumiam os textos de

Carlos Lacerda ou o udenismo, pelo conservadorismo ou pela reivindicação

intelectual. Era uma pátria com estados e cidades modernas em um período de forte

reivindicação, por isso o partidarismo era alto. O público jovem tinha um papel

extremamente importante neste processo, era mais participativo politicamente

falando.

Hoje em dia o público jovem não é mais tão engajado na política porque o

partidarismo cultural aos poucos vai acabando no Brasil pós-moderno. “Diante desta

manifestação, a estratégia passou a ser atrair um público plural com as mais

variadas visões políticas e as mais diferentes visões do mundo”. Apesar das

adesões continuarem sendo propostas pelos veículos de comunicação, esta é feita

com uma cara mais imparcial. Porém, a motivação de gerar um sentido complacente

a visão editorial do veículo continua, explicitamente ou implicitamente. (MARTINS,

2005:22)

Hoje em dia ele está muito mais plural, exigente. Além da alta concorrência

política, o leitor consegue muitas informações em diversos meios de comunicação.

Porém, este “bombardeio” de informações elaboradas muitas vezes sem o

olhar crítico se utiliza deste mecanismo para usufruir vantagens e estimular o

domínio. O excesso de conteúdo faz com que o receptor não perceba o discurso que

está intrínseco na mensagem. A mensagem pode carregar o discurso, mas mesmo

assim, não utilizá-lo. Não promover o efeito desejado e ser divergente em cada

processo.

Não me parece suficiente dizer que a ideologia está em toda parte, o que de certa maneira é correto. Ocorre que estar presente não significa atuar de forma idêntica em todos esses processos. A atuação, no meu modo de ver, mais plena e eficaz se dá no plano do produto mesmo e de sua penetração na consciência do receptor. Idéias são insistentemente “semeadas” no público; encontrando um solo fértil onde podem germinar, elas crescem, regadas cuidadosamente e diariamente pelos meios de comunicação massificantes. (MARCONDES FILHO, 1985:94)

Martins também cita algo a respeito:

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Todo jornal, revista e departamento de jornalismo de rádio ou de TV tem sua opinião pública interna. Ela é invisível, mas está sempre presente nas redações. Trata-se da primeira e da maior crítica do nosso trabalho. Ela não se confunde com a hierarquia formal da empresa, embora muitos formadores de opinião possam ocupar posições de chefia. (MARTINS, 2005:27)

Naturalmente é pressuposto que todo o meio de comunicação político possui

uma ideologia. Hoje, diante a tentativa implícita de imposição ideológica são

necessárias novas fórmulas de retórica frente ao receptor. E para entender estas

novas fórmulas de argumentação trabalhos que analisam discursos pela semiótica

são de total importância e relevância.

“A notícia é a comunicação de um fato. Pode significar muito ou quase nada.

Quando a notícia é do presidente Lula, todos entendem, já quando é do deputado

Enristes Costa, para quem não esta no meio político, muitas vezes não significa

nada“. O importante não é apenas discorrer sobre o fato, mas sim, explicar ao leitor

o que acontece por dentro da mensagem. Neste aspecto cabe um jornalismo mais

interpretativo que de certo é diferente do opinativo. O primeiro relaciona os fatos e o

segundo opina sobre eles. Transforma um grande conteúdo em um simples texto.

Essa é uma sensibilidade que o jornalista político deve ter em mente, lembrar que

“nem sempre todos os leitores pré-dispostos a consumir o produto são especialistas

em política”. (MARTINS, 2005:21)

A relação entre o jornalista e o político também é interessante. Ao contrário do

esportivo, por exemplo, quando nos lembramos do caso de Ronaldo na Copa de

1998 e não temos até hoje uma versão aceitável, percebemos que o jornalismo

político acaba superando as outras especialidades. O número de fontes disponíveis

tanto em Brasília quanto no campo acadêmico é amplamente maior tornando a

disponibilidade de informação mais ampla. Sem contar que em política sempre há

uma oposição que vai estar sempre disposta a falar. E quando um meio de

comunicação passa a não enfocar a oposição com tanta disposição quanto aos

passos do presidente acaba sendo taxado de pró-governista, caso das acusações

de grande parte do campo jornalístico acadêmico perante a revista Carta Capital.

“São 513 deputados, 82 senadores, mais 30 ministros, 11 integrantes do

Supremo Tribunal Federal, além de uma legião de milhares de assessores,

secretárias, técnicos, funcionários, amigos, lobistas, curiosos – um mar de gente

com informação”. Martins diz que diante o grande número de disponibilidade de

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fontes o jornalista deve conversar com muitas pessoas, independente de cargo.

(MARTINS, 2005:47)

A proliferação da cobertura vai trazendo mais verdades factuais. Porém, o

repórter não deve se contentar com o factual, precisa entender ao mesmo tempo o

contexto em que o fato está sendo dado. No jargão dos jornalistas, quem tem mais

background information (informação de fundo) tem mais sensibilidade em captar

possíveis desdobramentos de casos políticos.

Ele deve ficar sempre atento averiguando se o boato é verossímil. “O que é

bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”, resumiu Rubens Ricupero,

ministro da Fazenda do governo Itamar Franco em 1993. O comentário foi divulgado

graças a problemas técnico de uma antena parabólica, derrubando-o do cargo.

Afinal, em política certas idéias não podem ser ditas explicitamente.

“Não há fórmula mágica que nos torne imunes à contra-informação”. O melhor

antídoto continua sendo reunir muita informação. Nada costuma acontecer

similarmente como te contaram e ninguém lhe conta exatamente o que aconteceu.

“Assim, por melhor que tenha sido a apuração, em geral, há outro ponto que ficou

obscuro, fatos importantes que não vieram à tona ou episódios que não puderam ser

levantados a tempo”. (MARTINS 2005:71)

Umas das coisas que mais irritam os políticos são quando suas declarações

ganharem repercussões não imaginadas, normalmente encaradas com

negatividade. A Carta Capital é campeã no gênero. Costuma pegar opiniões

dissidentes e interpretá-las de acordo com sua opinião e ideologia. Vamos perceber

este aspecto claramente com o andar do projeto.

A combinação de poder de polícia com a força da imprensa tem um lado bom e um lado ruim. O positivo é que gera uma ação com tal profundidade, contundências e rapidez que rompe barreiras aparentemente inexpugnáveis e dissolve cumplicidades tidas como destrutíveis. O lado negativo é a conversão da CPI em um espetáculo. Alguns deputados e senadores deixam de lado o trabalho sério de investigação e recorrem a todo tipo de truques, piruetas e efeitos especiais para conseguir um bom lugar diante as câmeras. (SEABRA & SOUZA, 2006:75)

Vamos perceber que Mino Carta na elaboração de seus editoriais sempre

parte para uma visão mais espetacular para agregar humor. Muitas hipérboles e

parábolas estão presentes em seus textos. Mino Carta parte de dois pressupostos,

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se vende como um paladino anticorrupção aplicando o clássico “espetáculo” nos

seus textos, em busca de um humor sarcástico.

Os jornalistas político disputam a exclusividade da informação. Seus chefes

nas redações ficam pressionando com os passos dos concorrentes.

Consequentemente diante a fobia de todos, “suposição vira informação, indícios

convertem-se em prova, suspeito passa a ser bandido, e a dica, que em condições

normais seria ponto de partida de matéria, pode acabar com manchete de jornal”.

Assim, na fobia da publicação o jornalista começa a divulgar os seus passos diante

o fato investigado. (SEABRA & SOUZA, 2006: 76)

Faz parte também do cotidiano do jornalista político investigar denúncias

sobre irregularidades na administração pública, desvios de recursos, armações em

concorrência e negócios escusos com o dinheiro do Estado. Por menor que sejam

os delitos, o jornalista político tem o papel social de divulgar o que se passa para a

população.

Outro período interessante de coberturas política são as eleições. É

interessante notar que a eleição é a época onde os eleitores mais ficam

interessados em política. Alguns telefonam, mandam cartas, enviam e-mails, sempre

criticando a cobertura. Uns são educados, outros nem tanto. O período de pleito

popular é um dos mais tensos na carreira do jornalista político com relação ao

contato e interação com o receptor. Este é o momento do jornalista manter a calma

e continuar com sua função social de cobertura diante as eleições, que é um

importante símbolo de democracia para qualquer nação.

As CPIS só são cobertas quando tem apelo junto à opinião pública, passando

para cobertura excepcional. As mais famosas são: PC Faria, levando Collor ao

impeachment, a de Nicolau Dos Santos Neto (Lalau) e do Senador Luis Estevão.

Quem não se lembra das coberturas jornalísticas informando a entrega de pizzas

delivery para o juiz Lalau na prisão. O fato do jornalismo cobrindo a CPI faz com que

ela tenha maior apelo social. (SEABRA & SOUZA, 2006)

As coberturas de CPIS têm um lado positivo e outro negativo. O primeiro

porque rompe o paradigma de algo indestrutível. Já o lado ruim é que a CPI acaba

por tornar-se um espetáculo. Muitos deputados esquecem o itinerário político para

conseguir um espaço diante as câmeras. Os jornalistas ávidos por furos de

reportagem acabam por divulgar grande parte de informações recolhidas em OFF

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sem a checagem necessária. “E assim, aos poucos, passa-se de caça ao furo para

caça às bruxas”. (SEABRA & SOUZA, 2006:35)

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1.2. Jornalismo internacional

Aqui concebido como político também. Normalmente o gênero acaba sendo

uma cobertura de política internacional. Quando alocamos o gênero de jornalismo

internacional ao trabalho pretendemos analisar as visitas do presidente Lula a outros

países, ou a visita de ilustres internacionais ao planalto central.

Como a análise semiótica vai partir também para campos da sociologia,

semântica e pragmática, todos os elementos suscetíveis de gerar coerção são

importantes, principalmente pelo julgamento de valor e de realidade na qual a visão

internacional do país é encarada pelo leitor, tanto perante países periféricos como

aos países do centro do capitalismo. Afinal, esta pode ser considerada uma forma

internacional de prática de adesão do poder argumentativo retórico do emissor.

A existência do jornalismo internacional já é amplamente debatida. Enquanto

alguns pesquisadores classificam sua existência no Sec.XIX com o advento da

máquina de impressão cilíndrica e o surgimento da primeira agência de notícias,

criada na frança por Charles Havas, atual AFP. (NATALI, 2004)

Outros, como o jornalista João Batista Natali diz que esta visão é um

equívoco, pois o jornalismo já nasceu internacional e o mercantilismo já precisava

dele, como o banqueiro Jacob Fugger, criador da primeira newsletter, ainda no final

do século XIII. De uma forma ou de outra, este método de coleta e difusão de

notícias de terras distantes sempre teve um objetivo com viés econômico. Para

Natali este foi o primeiro tipo de jornalismo a sofrer censura. Aconteceu em Paris,

1631, quando o jornal Nouvelles Ordinaires de Divers Endroits (Notícia comum de

vários lugares) foi proibido de circular. Em seu lugar foi produzido o La Gazette, que

tinha como responsável Théophraste Renaudot, uma espécie de testa de ferro do

poderoso cardeal Richelieu. (NATALI, 2005)

O precursor do jornalismo internacional, ou político, no Brasil foi Hipólito da

Costa. No século XVII, a família real desembarcou no Brasil em fuga da ascensão

napoleônica na Europa. Junto com a comissão real estava Hipólito da Costa. Ele

carregava de dentro de um dos navios uma prensa trazida de Portugal. Aqui

elaborou o primeiro jornal brasileiro chamado o Correio Brasiliense, que era

impresso em Londres e fazia oposição ao governo de Don João. Devido á censura

na América Portuguesa, Hipólito da Costa teve que fugir para Inglaterra. (NATALI,

2005)

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Na época da ditadura militar (1964-1985) o jornalismo internacional viveu o

seu boom . Havia equipes de correspondentes que recebiam salário em dólar, com o

país vivendo o conhecido “milagre econômico dos anos 70”. Nos cadernos haviam

críticas de ditaduras vividas na África, e que indiretamente fazia analogia do próprio

sistema vivido no Brasil. Natali diz que com a redemocratização da nação, a editoria

de Internacional deixou de ser a única válvula que o jornal tinha de criticar o sistema,

mesmo que indiretamente.

Com o fim da Guerra Fria acontece o fim da polarização nas coberturas

internacionais. Os noticiários passam a lidar com uma única potência - os Estados

Unidos – diante três enfoques históricos diferentes. O primeiro é a eleição de

George Bush, o pai. Ele iniciou a Guerra do Golfo, uma guerra que para muitos

pesquisadores foi de motivo imaginado. A invasão do Kuwait foi a partir de “fotos” de

ataques a navios americanos. (NATALI, 2005)

O segundo momento é a eleição de Bill Clinton, que conseguiu abafar a

imagem negativa de Bush, o pai, e ao mesmo tempo, isolar a Rússia. O terceiro

momento é a eleição de George W. Bush, o filho. O jornalismo internacional ainda

estava encantado com a época de Clinton e não soube investigar o caso 11 de

setembro que culminou com a invasão no Iraque e a captura de Sadah Hussein,

antigo desafeto da família petroleira da família Bush. (NATALI, 2005)

Com o advento da internet o jornalismo internacional obteve uma grande

mudança nas redações. Natali acredita que agora o redator possui mais função nas

redações. Trabalha muito mais pelo mesmo salário. Com a diversidade da internet, o

redator deve apurar cada vez mais as informações. Deve saber fazer uma

interpretação qualitativa diante o acúmulo de informações enviadas pelas agências

de notícias para as redações. Selecionar de acordo com o valor-notícia redigindo

melhor na medida da “superinformação”.

Cobertura presidencial : Muitos jornalistas encaram o convite de uma

entrevista junto ao presidente como uma grande oportunidade de acompanhá-lo em

sua trajetória internacional. Martins não encara desta forma, para ele é muito mais

desgastante para o jornalista que vai cobrir esta trajetória do que para o presidente.

Enquanto o primeiro pode ocorrer diversos imprevistos que vão desde a falta de

internet como revistas não programadas em diversos aeroportos, já o segundo (o

presidente) sempre vai estar descansado e com a maioria dos recursos a

disposição.

Page 19: Partidarismo na revista Carta Capital

19

Os jornalistas políticos também são contaminados pelo imperialismo da economia. Somos obrigados a lidar com os sábios da equipe econômica por que no Brasil, ao contrário dos países do G-7, onde são meros assessores dos governantes, os economistas decidem com grande independência e distanciamento das instâncias políticas (NATALI, 2002:28)

No próximo tópico vamos analisar o jornalismo econômico que contempla não

só com os temas trabalhados nos editorias como para uma concepção maior do que

é o jornalismo político no país. Esse que muitas vezes se confunde com a cobertura

econômica. Um jornalista que quem cobre política tem que estar preparado para

cobrir economia, e vice versa, fruto do enorme envolvimento que os políticos

possuem no desenvolvimento econômico do país.

Page 20: Partidarismo na revista Carta Capital

20

1.3. Jornalismo econômico

Uma vez que os gêneros opinativos colhidos para analisar a revista Carta

Capital são também econômicos vamos entender um pouco desta cobertura. A

cobertura brasileira divide-se em duas partes essenciais: prestação de serviços e

planos de ajustes econômicos. A carta Capital se baseia em planos de ajustes

econômico. Um de seus colunistas, Delfim Neto, já foi ministro da economia do país.

Não obstante, Mino Carta e Delfim Neto frequentemente citam elementos que

simbolizam um jornalismo macroeconômico.

Depois do famoso “crack de 29”, o estado começou a participar mais da

economia para dar maior fluidez ao desempenho do sistema capitalista que, vira e

mexe, tem suas crises. As crises cíclicas. Então, o governo acaba muitas vezes,

para poder auxiliar o sistema, gastando mais que arrecada. Aqui entra também a

possibilidade de chamada malversação do patrimônio público, ou seja, desvios de

verba, desperdícios, favorecimentos, etc.¹ (AMARAL, 2007)

Contudo o jornalismo econômico brasileiro nasceu na mesma época da

ditadura militar de 1964-1985. Este regime político mantinha uma ideologia de

desenvolvimento. Outro boato explícito da época era o da democracia. O mundo

dizia que era impossível uma nação almejar a democracia sem uma economia

consistente. Consequentemente foi necessária uma alta cobertura sobre ajustes

econômicos dos países democráticos.

Em economia, é necessário saber o que se passa com o vizinho. Isso criou

uma demanda concreta para o jornalismo econômico. Naturalmente é papel da

profissão de jornalista divulgar qualquer informação que seja útil para a sociedade,

independente do gênero, motivo este do jornalismo especializado em economia

gerar um boom em terras brasileiras.

Desde os tempos do Delfim, nos anos 70, criou-se uma supervalorização da análise macroeconômica. Não é mistificação recente, porque já tem história. Mas se trata de uma tendência recorrente na vida do País. Durante o período era a confusão de jornalista como vidente econômico. Nestes momentos as pessoas paravam os jornalistas para perguntar perguntas técnicas, do tipo qual papel esta subindo, como ficará o dólar cambial. Em um momento de Milagre Econômico o jornalista era tido como uma das principais fontes pela população, independente se a

1. Antes do “Crack de 1929” o mundo vivia o conceito de Adrian Smith, que acreditava que o mercado se estabelecia sozinho, chamado liberalismo. Após o Crack, as leituras de Keynes foram tidas em práticas pelo governo Roosevelt, que colocou o Estado de metendo na economia para tirar os EUA da crise mundial, gerando mais empregos e rendas - o que se convencionou como o chamado intervencionismo do Estado na economia.

Page 21: Partidarismo na revista Carta Capital

21

análise era quantitativa ou não. Bastava o jornalista dominar um pouco do economês. Porque bastava dominar duas ou três expressões do economês para se tornar poderoso. E foi essa mistificação que pautou toda a década de 90. (NASSIF, 2001:98)

Foi nesta época que foi concebido também o estereótipo das teorias

internacionais. “Olha, eu estudei lá fora, conheço teoria econômica. Por isso, tenho a

solução, resolvo tudo”. O que é um grande mito, pois é muito difícil continuar

atualizado sobre os passos dos grandes centros sem estar dentro deles. Porém,

este estereótipo dura até hoje, tanto para os economistas quanto aos jornalistas.

Quem estudou fora do país é tido como gênio. O que acaba sendo não

avaliativo, uma vez que depois de alguns anos fora do país o cidadão fica totalmente

desatualizado do que está de fato acontecendo. Dificilmente ele vai ter tempo para

ler publicações locais e se atualizar. “Esse papel mistificador do economista - papel

político, no mau sentido - existia no início do século, na proclamação da República.

Depois, o jornalismo econômico foi revitalizado a partir do Plano Cruzado, quando se

promoveu a mesma privatização do Estado, a mesma desorganização”. (NASSIF:

2001:99)

Outro papel mitológico esclarecido acima por Luís Nassif também se entende

pelo uso do economês como uma forma de ultrapassar a censura da época diante

as publicações. Com função específica durante o regime militar – que tinha um

governo populista que se baseava no avanço e modernidade – os jornalistas

econômicos usavam o economês como uma fórmula de escapar da censura. O

governo não tinha capacidade para filtrar este tipo de notícias. Ela era rica de

linguagem técnica, números, siglas e estrangeirismo afastavam a censura. Hoje em

dia, desmistificar o economês é um dos maiores desafios do jornalismo econômico,

porém, na época ditatorial o uso era viável diante a censura. Neste ponto, os

gêneros opinativos são ótimos para uma interpretação mais clara sobre o fato.

(NASSIF, 2001)

Ao mesmo tempo, a censura que se exercia no regime militar era muito mais branda no jornalismo econômico, até porque a maioria das notícias era positiva. Só depois de certo tempo surgiu o debate sobre a questão da distribuição de renda, que começou a piorar, apesar do desenvolvimento acelerado. Mesmo assim, foi essa base econômica que permitiu ao regime militar ter o apoio da sociedade. (SARDEMBERG, 2001: S/p)

Page 22: Partidarismo na revista Carta Capital

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Aspectos do início da cobertura macroeconômica: tendência oficialista

porque havia um ambiente positivo e a censura lhe era mais branda. Apesar disso,

vários jornais tiveram a capacidade de levar essa área com qualidade, não raro

usando linguagem meio cifrada, ajudando a dar origem ao economês.

O economês tem dois sentidos, ambos negativos, significando escrever mal,

errado, ou então com tanto requinte técnico que poucos entendem. Se alguém

escrevesse que o regime ditatorial brasileiro estava baseado em políticas que

visavam o arrocho salarial, provavelmente ficaria censurado. Porém, se afirmasse

que estava baseado na contenção do fator trabalho, acabava passando pelo filtro da

censura, devido o economês de difícil compreensão para os militares da época. Um

dos principais fatores para evolução do jornalismo econômico foi à ação do governo

Castelo Branco que diminuiu a inflação de 100% para a casa dos 40%.

(SARDEMBERG, 2001)

Ao mesmo tempo em que Sardemberg enxerga elementos que demonstram

uma evolução do jornalismo econômico em plena época ditatorial, João Natali,

correspondente internacional da Folha de S. Paulo, também os vê. Neste caso o

autor entende que noticiar positivamente um fato em um governo em que qualquer

forma de oposição ao sistema aplicado é motivo de censura, o jornalismo econômico

encontrou poucos cortes em seu noticiário. Fica a dúvida, será que o jornalismo

econômico fazia isso para que não fosse censurado? Será que este tipo de

jornalismo era aliado ao governo ditatorial? De uma forma ou de outra, notícias pró-

governos acabaram atrapalhando um preparo da indústria, ou até mesmo da

população, diante a crise que se agravou na década de 80, seguinte da intitulada

década do “milagre econômico”.

O Brasil mergulhou numa crise prolongada a partir da década de oitenta – chamada década perdida. E o que aconteceu com o jornalismo econômico? Continuou sendo notícia, embora de um modo inverso. Paramos de falar de crescimento para falar de estagnação, recessão e de um personagem novo, a inflação. Aquela conhecida, desde 1964, era brincadeira, ridícula, de 100% ao ano. Nesse novo período, este chegou a ser quase o índice mensal – 80% no último mês do governo Sarney. Depois, 45% ao mês era o normal. (SARDEMBERG, 2001, S/p)

A posição de jornalista macroeconômico começava a florescer. Os problemas

financeiros geraram mais demanda ao jornalismo macroeconômico nos anos de

1980. De uma forma ou de outra “a crise econômica dos anos 80 do século

Page 23: Partidarismo na revista Carta Capital

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passado, foi caracterizada por uma inflação ascendente. Elevando a credibilidade do

jornalismo econômico brasileiro diante o mundo inteiro, aumentando a análise de

títulos públicos, investimentos públicos, jornal de serviços, coberturas anti-

inflacionárias, bancos, taxa de juros e commodytes.

Com a crise dos anos 80 o jornalismo econômico teve que mudar o foco.

Naturalmente ele soube se adequar a esta nova temática diante coberturas

qualitativas de notícias macroeconomias. A primeira grande cobertura diante a crise

dos anos 80 foi à divulgação de diversos pacotes diante a mudança para o Plano

Cruzado na clara tentativa de conter a inflação.

O interessante é que havia dois grupos de acadêmicos, com linhas de pensamento distintas, que se uniram para fazer o Cruzado. A corrente que desenvolveu a base teórica da nova moeda era ligada à PUC do Rio de Janeiro. O outro grupo veio da Unicamp. Ambos assumiram uma função política das mais relevantes. Passaram a garantir a eleição de partidos políticos. O grupo da PUC se aliou ao PSDB; o da Unicamp, ao PMDB, até a hora em que o PMDB naufraga, com a imprensa dando a retaguarda (NASSIF, 2001:100)

Estes são grupos que chegaram a um poder político muito forte. Passaram a

ser as fontes principais da época. Esta característica perdura até hoje em dia,

porém, com menos ênfase quanto na época do plano cruzado. E mesmo quando

existia um erro, a opinião era mantida por outros especialistas mais jovens. “Aquela

primeira geração criativa é substituída por uma segunda geração xiita, presa a

dogmas, que perde a capacidade de pensar criativamente”. (NASSIF, 2001:102)

A baixa especialização da imprensa especializada gerou uma repetição de

fontes das duas academias. A opinião deles é sobreposta sobre as outras. Os

jornalistas passam a acreditar tanto naquela teoria, que descura a própria realidade,

criando outra teoria para argumentar o erro da escolha. “Então, eu diria que a crise

do jornalismo econômico é, antes de tudo, uma crise da análise macroeconômica”.

(NASSIF, 2001:102)

A crise econômica, sem dúvida, e de gigantescas proporções, sem que se possa ver com segurança a sua superação. A crise econômica é, também, uma crise do jornalismo econômico? (indagação crise Jô econômico) Acho que a resposta também é afirmativa. Não considero ter sido bem informado do estado real da economia ao longo dos últimos anos pelos colegas especializados (ALVES, 2001:90)

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Um dos destaques dos anos de 1980 eram as coberturas anti-flacionárias.

Para dar uma idéia de como funcionava, nem dentro do próprio governo se

entendiam as coisas. Pior, ninguém sabia as respostas que deveriam ser passadas

ao público, pois existiam informações contraditórias

Era tamanha a mudança que se fazia que ninguém estava compreendendo direito o que era. Imagine–se a situação dos repórteres – a maioria foi tomada de surpresa, mas os bons profissionais sabiam que alguma coisa estava em andamento. Como era o primeiro dos planos econômicos, a imprensa ainda não estava treinada para identificar indícios de que haveria um pacote. Hoje, está. Na época, era possível ao governo elaborar em segredo um plano daquelas proporções. Os bons repórteres desconfiavam, porque, entre outras coisas, havia algo parecido em Israel e no México. E quem acompanhava a literatura acadêmica, além de alguns artigos que apareciam nos jornais brasileiros, podia adivinhar que alguma coisa estava no ar. (SARDEMBERG, 2001)

Com os boatos de que Tancredo Neves estava a um passo dá eleição

começou um movimento de economistas esquerdistas a fim da reflexão sobre o que

fazer diante o novo governo. Neste momento, só os jornalistas experientes

entendiam que uma mudança estava por vir. Aos poucos a imprensa foi adquirindo

habilidade de antecipação diante sinais de crises. Hoje em diante a concorrência a

melhor imprensa é aquela que antevê os passos, e, a pior, é a que só falha na

cobertura. (SARDEMBERG, 2001)

As décadas de inflação obrigaram os jornalistas econômicos a se

familiarizarem com o jargão americano dos economistas. Dificilmente um jornalista

europeu não especializado saiba o que é overnight, hedge e outras esquisitices, que

são matérias primas repórteres, expressões que são ditas com a maior naturalidade

na TV, como se estivessem falando o inglês que o povo entende. Contudo, nos anos

90 a competição dos meios de comunicação perante a cobertura econômica começa

a ficar acirrada, por vezes desleal:

Com todo perdão pela palavra forte, para mim os anos 90 foram os anos do acanalhamento da mídia. O jornalista saía da escola com a seguinte visão: “eu vou atropelar quem atravessar meu caminho, vou manipular e inventar informação. O que vale é a manchete”. Foram os anos do “vale tudo”, em que a imprensa adquiriu o maior poder da História, antes de estar suficientemente madura. (NASSIF, 2001:103)

O furo jornalístico era ambicionado de uma forma ou de outra. Se a notícia

tivesse impacto já era o bastante. E tivemos alguns modelos jornalísticos que se

consolidaram nesse período. “Foram, a meu ver, o supra-sumo da leviandade, da

irresponsabilidade, da falta de compromisso com a qualidade. Se não houver notícia

Page 25: Partidarismo na revista Carta Capital

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quente, inventa-se uma”. A questão de buscar os diversos ângulos foi deteriorada

nos anos de 1990. A imprensa se tornou unanimidade. Em qualquer escândalo,

normalmente a cobertura segue numa única direção. No jornalismo econômico,

existe até hoje a ditadura dos analistas ligados ao mercado financeiro donde as

opiniões dos mesmos persistem na imprensa. (NASSIF, 2001:104).

Porém, o discurso uniforme da imprensa especializada, ou melhor, teorias

Neoliberais postas em prática nos EUA pelo presidente Reagan, e inglesas por

Margareth Thatcher acabaram caindo com as vitórias de Bill Clinton e do trabalhista

Tony Blair. Começou maior diversificação de opinião. É interessante notar que de

uma forma ou outra o jornalista que almeja cobrir macroeconomia deve ter domínio

da língua inglesa e dedicar um imenso tempo para acompanhar ao menos: o Wall

Street, o Economist, o Financial Times, para não falar dos boletins de análise

conjuntural, publicados pelos principais bancos de investimentos, ou de publicações

mais sérias, como o Journal of Economic Literature, o Journal of Monetary Economy.

Porém, os “jornalistas econômicos brasileiros são os que, no mundo, têm

maior intimidade com os termos e os conceitos da economia. É o fruto de décadas

de crise e de inflação descontrolada. A mídia brasileira também é a que maior

espaço dedica às notícias econômicas”. Naturalmente a cobertura foi ganhando

experiência diante as problemáticas econômicas (ALVES, 2001:91)

Hoje em dia imprensa econômica brasileira está num ponto intermediário

entre um tipo de cobertura oficialista e um tipo mais aberto, democrático. A primeira

almeja somente a cobertura do que foi divulgada pelo governo à titulo de informação

que dispensa qualquer tipo de consideração contrária, característica semelhante ao

do jornalismo econômico na época ditatorial. A versão oficial é a que prevalece. Já a

segunda consiste em opiniões de economistas contrários ao conteúdo. Apesar de

ser mais democrática, ela ainda possui suas limitações diante uma cobertura com

diversas opiniões e pouca interpretação por parte do emissor do conteúdo

Em grande parte, isso é falta de preparo. Se ele tiver competência para compreender as medidas, poderá dizer que elas irão provocar tais e tais resultados positivos e negativos, como fazem os colunistas. Muitas vezes, os jornalistas poderiam agir dessa forma, em vez de bater nas portas dos economistas. Tanto para captar o que a fonte está dizendo – sem entrar na informação parcial ou distorcida – quanto para ir atrás da notícia correta e bancá-la. (SARDEMBERG, 2001: S/p)

Page 26: Partidarismo na revista Carta Capital

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Aí entram os aspectos da cobertura economia. A crise de hoje é de natureza

criativa. Há uma reformulação de todo o processo de pensar, e de atuar no âmbito

econômico. É a descentralização. Surgem novos modelos de cobertura no mundo.

Agora estamos entrando na era da maturidade, onde o próprio leitor passa a exigir

qualidade de informação. Empresas começam a trabalhar de uma forma conjunta.

“E o novo modelo que vem pela frente, que exigirá mudanças principalmente no âmbito das empresas – o foco mais dinâmico da sociedade -, deve gerar análises sistêmicas, de conjunto. Acaba a história de investigar o problema A, o B ou C, isoladamente. É preciso superar a mera análise dos números” (NASSIF, 2001:92)

O jornalismo continua preso a cobertura de câmbio e de open marketing do

Banco Central. São necessários novos modelos, mais populares com maior

integração com o meio ambiente perante um desenvolvimento sustentável. Mais

diversidade de publicações. Pois, nenhuma economia hoje em dia pode ser

analisada isoladamente.

A relação do jornalista econômico com os economistas é crucial para o

sucesso da profissão. Entrar nestes nichos é muito difícil, o que estimula a

concentração de informações em OFF retidas para poucos. Hoje em dia o jornalista

é tido como importante neste tipo de cobertura por se tratar de um órgão

supostamente imparcial, independente do governo ou de interesses econômicos

secundários. Porém, são atreladas, não possuem quantidades necessárias.

A mesma pesquisa utilizada em um grande jornal é a mesma que o

concorrente vai usar, não obstante, mesma matéria prima das empresas jornalísticas

de médio e pequeno porte que trabalham com a cobertura macroeconômica. O

jornalismo econômico competente, numa economia estável, é um jornalismo

dedicado a empresas, empreendimentos e negócios. Já o jornalismo competente

diante uma economia fraca acaba sendo investigativo diante o motivo desta queda.

(NASSIF, 2001)

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2. Conceitos de apoio

Neste capítulo estão alguns conceitos de apoio que servem para um

entendimento melhor sobre o papel da comunicação entre os próprios políticos e

sobre algumas nuances do papel do jornalista diante da sociedade. São tópicos

interessantes que vão ajudar para um melhor entendimento de como os políticos e

jornalistas atuam, otimizando a compreensão da análise semiótica sobre este

trabalho. Tanto a visão negativa quanto a positiva diante o papel de jornalistas e

políticos na sociedade estarão nas palavras deste capítulo. Quanto melhor

entendemos como funcionam estes papéis, mais vamos estar por cima da ótica

tradicional que estes se demonstram para a sociedade.

2.1. Imparcialidade

A finalidade do jornalismo permanece a mesma desde seu surgimento -

fornecer aos cidadãos as informações que precisam para ser livres, viver em uma

democracia. Por isso que existe a liberdade de imprensa, pois um imprensa livre

simboliza um pátria livre e democrática. “Essa noção de liberdade de imprensa foi

criada no contexto da independência americana, pois somente uma imprensa livre

pode contar a verdade”. (ALMOND E POWELL JR, 1972:110)

Porém, com a chegada da tecnologia no jornalismo, muitas empresas

jornalísticas se tornaram conglomerados de negócios, e são necessariamente

dependentes da liberdade de imprensa para manter seus negócios. “Os

conglomerados de empresas jornalísticas interferem na sobrevivência da imprensa

independente ao mesmo tempo em que se volta para os negócios”. (KOVACH E

ROSENSTIEL, 2004:53).

“Com a chegada da tecnologia, as empresas jornalísticas passaram a

submeter o jornalismo a interesses econômicos, portanto a ameaça ao objetivo da

profissão nos dias de hoje não vem da censura dos poderes governamentais, e sim

no fato de que a independência do jornalismo pode ser dissolvida no meio da

autopromoção ou informação comercial.” (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:32).

Cada pessoa possui uma verdade, um argumento individual. O jornalismo

procura utilizar a prática da verdade, não no sentido filosófico, mas deve se basear

em uma verdade que funcione para a sociedade. O compromisso com verdade é

Page 28: Partidarismo na revista Carta Capital

28

fundamental para “independência jornalística”. “Os jornalistas não somente vendem

conteúdo informativo ao público, como também constroem uma relação com base

em seus próprios valores, profissionalismo, compromisso, julgamento e autoridade”,

criando-se assim um vínculo mais resistente entre o público e as empresas

jornalísticas, que por sua vez utilizam desse “crédito” para conquistar anunciantes.

(KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:83)

É interessante notar que Desde os primeiros estudos de Edgar Morin, teóricos

da comunicação afirmam que há uma espécie de contaminação nos mass-media

que ajuda a confundir os conteúdos informativos e o sistema ficcional. Esse efeito

faz com que a realidade pareça ser encenada, para que seja recebida pelos

consumidores. Como dizia Aristóteles, a representação não é regida pela fidelidade

à realidade, não se destina a reproduzir o que é real. O critério é a própria

representação em si, “a capacidade de envolver o espectador a partir de suas

próprias experiências, ou seja, o simulacro não representa o real, mas deve parecer

que o faz”. (FAUSTO NETTO, BRAGA e PORTO, 1995:81)

A função dos jornalistas não é só informar, mas também ser um vigilante

independente do poder, porém, esse princípio é mal interpretado pelos jornalistas. “A

função de guardião pode ser ameaçada por excesso de uso, falha na condução da

vigilância ou ainda pelo aumento de conglomerados corporativos, que podem

destruir o papel do profissional de imprensa”. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004: 169

-171)

Atualmente os jornalistas acreditam que a imprensa impede que líderes

políticos burlem a lei ou a ética, essa finalidade distingue sua profissão das demais.

“Ser guardião significa mais do que monitorar ações governamentais, na verdade se

estende a todas as instituições poderosas”. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:172)

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2.2. Ética Jornalística

Uma das coisas que um jornalista político deve ter em mente é que qualquer

grupo ou partido governante sempre representa interesses particulares contrários

aos divulgados pelos políticos: “Tomar uma posição fundamentalmente crítica não

significa rejeitar o próprio estado, menos ainda aplicar um negativismo geral”. É

papel do jornalista sempre contestar para dignificar sua posição de formador de

opinião bem como para reforçar o próprio conceito de democracia. Afinal, quanto

mais crítica, mais vozes apontando problemáticas. (KUNCZIK, 2002:340)

Quanto mais ampla a participação da pessoa na tomada coletiva das decisões e maior a sua integração na estrutura das comunicações, maior é o seu compromisso para com a associação (afeto positivo, lealdade e empenho em realizar as metas de grupo) e menor o seu desligamento (distância pessoal e sentimentos da incapacidade para influenciar as ações e políticas coletivas). (KNOKE, 1986:341) Com esta citação percebemos qual é a responsabilidade do jornalista político.

Ele nunca deve perder o sentimento democrático e sempre se lembrar do seu

compromisso para com o leitor. Quanto mais engajado na política, maior a

responsabilidade ética do formador de opinião.

O jornalista ajuda “a prevenir o esclarecimento de uma liderança oligárquica,

já que o governo de poucos é fundamentalmente prejudicial ao avanço da

democracia”. Analisando este contexto percebemos que o jornalista também tem a

função de esclarecedor dos processos de construção da vontade política. Logo, ele

pauta os políticos que procuram resolução de problemáticas conforme a demanda

de notícias. Aqui, o jornalista ético e concebido como o jornalista de

desenvolvimento. (KUNCZIK, 2002:340)

A vida humana já não pode se subordinar completamente aos objetivos econômicos. Existem outros objetivos que transcendem a edificação de uma sociedade consumidora tipo ocidental com seus produtos parcial ou totalmente supérfluos e sua destruição do meio ambiente. Promover um orgulho sadio com respeito ao patrimônio e as conquistas da própria cultura, dentro do contexto de uma concepção de desenvolvimento não baseados em medidas monetárias, mas tenha a qualidade de vida como cerne, é a principal função do jornalista de desenvolvimento. (KUNCZIK, 2002:345)

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O jornalista de desenvolvimento pode ser atuante em qualquer editoria do

jornalismo. Em qualquer estado social, não é porque é jornalismo de

desenvolvimento que ele enfoca países em desenvolvimento. Esta ação esta além

das classes sociais, por se tratar de uma noção ética. Os valores de um jornalista

ético abrangem todas as categorias. Por isso o jornalista de desenvolvimento não

deve medir o país unicamente pelas taxas do PIB. O importante para a análise é

saber como esta auto-realização da população. Noticiar sempre visando os valores

humanos em primeiro lugar.

E neste contexto o jornalista deve ser o mediador, porta voz das diversas

opiniões democráticas diante uma problemática. “Assim encarado o jornalista tem

uma função mais ou menos pública, pois proporciona a cidadania, a informação

mais concisa possível dos fatos, para capacitá-la a formular juízos e optar por ações

apropriadas”. (KUNCZIK, 2002:346)

Atribuindo-se assim a tarefa do jornalista em estimular discussões, promover

encontros e, quando o debate está a ponto de parar, intervir, contribuindo com suas

próprias idéias. Ele não pode ser passível diante sua cobertura. Os receptores estão

ávidos por informações legitimas, e cabe ao jornalista de desenvolvimento fornecer

este material.

O jornalista ético tem a função de crítico. Para um jornalista ser um crítico,

deve ser capaz de “analisar os prováveis efeitos sociais, culturais e econômicos que

tem um projeto pode ter sobre o povo, sabendo-se que mesmo os projetos públicos

surtem efeitos distributivos no sentido de que muito raramente eles atuarão contra

os privilegiados”. (KUNCZIK, 2002:348)

Mesmo sendo elitizado, Mino Carta costuma fazer este papel de crítico a favor

do povo que vive na camada da sociedade. Ele possui muita experiência no campo

jornalístico, por isso é credibilizado pela academia jornalística a ser um crítico. Esta

credibilidade não é algo tangível como um título ou um troféu, ela é abstrata, está no

ar, donde o histórico do crítico é o balanceamento do julgamento de valor que será

embutido nele.

“O jornalista de desenvolvimento deve aceitar o fato de que o

subdesenvolvimento é também um estado mental”. Não é por ser um jornalista

brasileiro, um país considerado de terceiro mundo, que ele deve redigir como

terceiro mundo, ou ter qualidade de terceiro mundo. Na verdade ele deve sempre

ambicionar a alta tecnologia, se familiarizando e otimizando os custos diante um

Page 31: Partidarismo na revista Carta Capital

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trabalho qualitativo. “Tentar remover sentimentos de alienação, como impotência,

auto-alienação, isoladamente, insensatez e até mesmo fé nas normas, constitui uma

tarefa essencial de jornalista de desenvolvimento”. Naturalmente ele estimula

efeitos positivos. Porém este otimismo não deve ser levado ao extremo, pois existe

situação onde é impossível ser positivo, como a cobertura de uma guerra, por

exemplo. (KUNCZIK, 2002:352-353)

O problema do Terceiro Mundo não começou nem com o capitalismo monopolista, nem com o colonialismo. Os elementos do problema já estavam presentes no Terceiro Mundo, especialmente na Ásia e na África, nas formas da posse de terras, nas configurações da produção agrícola, nas relações sociais, nos modos de organização política, etc. que caracterizaram essas sociedades antes do advento da “expansão européia”. (JAYAWEERA, 1986:20) Neste contexto é natural que um jornalista de desenvolvimento esteja

atenuado com a leitura das ciências sociais. Através desta leitura o jornalista fica

livre de falsos julgamentos e estereótipos. Naturalmente, este jornalista deve ser

autodidata. Através da busca do conhecimento ele beneficia o leitor.

O jornalista de desenvolvimento deve compreender a interação entre os

problemas pessoais e os problemas sociais existentes para pode dar sentido ao

mundo.

O critério decisivo que distingue o jornalismo ocidental do jornalismo de desenvolvimento reside na aceitação do principio da atualidade. A regra segundo a qual uma boa cobertura informativa é sinônima de uma cobertura informativa de atualidade não pode ser aplicada ao jornalismo de desenvolvimento. O empenho em produzir constantemente notícias com rapidez impossibilita uma recopilação de notícias baseadas na investigação cuidadosa e na explicação de contextos. (KUNCZIK, 2002:364)

De certa forma, este aspecto de agilidade do jornalismo ocidental acaba

muitas vezes por não ser ético. A falta de análise, acusação em massa de fontes em

uma só direção, vista com sensacionalismo, muitas vezes ultrapassa somente o

objetivo de informar.

Este é um grande diferencial entre jornais e revistas, impressos. Enquanto o

primeiro é mais dinâmico, na mesma proporção, é o que tem mais chances por

burlar a ética diante o aspecto quantitativo. Não por isso que a revista também não

vai fugir a regra. Somente os ataques entre os editoriais de Mino Carta e Diogo

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Mainardi, editor chefe da revista Veja, já explicitam de cara que as duas revistas

ultrapassam o limite da ética jornalística.

Não obstante, diante a sociedade da informação acontece o famoso

bombardeio de notícias instantâneas onde ninguém entende nada. Causam mais

efeitos do que informam principalmente os telejornais das grandes emissoras

ocidentais. “É duvidoso que os meios de comunicação de propriedade privada, que

competem entre si, sejam mais idôneos para realizar um jornalismo de

desenvolvimento”. (KUNCZIK, 2002:364)

Este tipo de jornalismo é mais reflexivo, mais trabalhado, interpretativo. Ele

não cai na fobia do rápido, onde grande parte do conteúdo é elaborada de última

hora, sem muita averiguação. Depender da agilidade é depender do publico, e não

respeitá-lo. “Isso envolveria na prática o risco de priorizar conteúdos despolitizados,

culturalmente empobrecidos, sensacionalista e de entretenimento”, naturais do

grande jornalismo moderno ocidental. (ARBEX, 2001:75)

Ele é um franco defensor da democracia, consequentemente da liberdade de

imprensa. “Os governos autocratas da América Latina e de muitos estados asiáticos

combatem os meios de comunicação independentes, e em particular os jornais; só

um jornalismo livre e responsável poderá contribuir de maneira duradoura para o

desenvolvimento planificado”. (KUNCZIK, 2002:372)

Na Ásia quando falamos em divulgação parcial ficamos em dúvidas perante

os governos, em particular da China, em censurar a imprensa. Já na América Latina,

vemos Hugo Chaves censurar a Television, ao passo que Cristina Kirchner já

intervencionou o INDEC, que é o indicie que mede os movimentos econômicos da

Argentina. No Brasil, tivemos a intervenção de Gilmar Mendes ao jornal Estado de S.

Paulo.

O jornalista ético de desenvolvimento não pode deixar germinar na sociedade

um tipo de consenso que faculte uma minoria que vive nas costas de uma maioria

que realmente trabalha e obedecem as leis estipuladas, ao fim de manter a ordem e

serviço a nação.

“Ele motiva a crítica na sociedade, motiva o povo a lutar por um ideal que

julga necessário para a maioria participante”. O jornalismo de desenvolvimento se

encontra arraigado num conceito geral de administração e planejamento e por isso

possui um “caráter instrumental e sócio-tecnológico”. “O jornalista deve estar

arraigado numa dada cultura local, esforçar-se para obter a cooperação dos

Page 33: Partidarismo na revista Carta Capital

33

membros mais importantes da comunidade e usar linguagem apropriada para as

habilidades lingüísticas do público”. (KUNCZIK, 2002:370)

Uma das características mais importantes do jornalismo é a confiabilidade de

um meio de comunicação. “O meio de comunicação pode ser visto como instrumento

de propaganda do governo. Uma vez que a maioria das pessoas considera como

pouco confiável um sistema de comunicação, mesmo os melhores conteúdos de

jornalismo de desenvolvimento deixarão de ter efeito”. (KUNCIZIK, 2002:371)

O jornalismo ético deve usar a sua capacidade de retórica nos detentores do

poder, um jornalismo livre serve de interesse a todos os integrantes do sistema.

Diante o neopopulismo na América Latina, muitas vezes estas liberdades são postas

em risco.

“Os governos autocratas da America Latina e de muitos estados asiáticos

combatem os meios de comunicação independentes e em particular os jornais”. De

acordo com a organização Freedom House, somente em 1986 foram presos 178

jornalistas e 19 assassinados. “Só um jornalista livre e responsável poderá

contribuir de maneira duradoura para o desenvolvimento planificado”. (KUNCIZIK,

2002:372)

O jornalista ético deve promover a pluralidade social. Sempre objetivando o

principio de subsidiaridade. Diante a proximidade do receptor e emissor, o primeiro

pode se tornar o informante e o professor das regras da democracia em termos

“locais” e “regionais” no mesmo instante.

Como principal veículo de informação entre o político e a população o

jornalista acaba dando suporte às leis. Ao mesmo tempo em que o jornalismo pauta

as problemáticas para o político. Como transmissor de exigências, podemos incluir

as denúncias e os problemas sociais. Através da retroalimentação o jornalista ético

vai sempre interpretar a notícia, relembrando de fatos, demonstrando hipóteses

cabíveis para problemáticas. Quando o governo lança uma lei, é ele quem vai

divulgar a mesma, retroalimentar as novas leis estipuladas. É ele quem vai estudar o

passado, entender o presente e ajudar a solucionar o futuro.

Assim em suma, o jornalista ético de desenvolvimento é baseado em

propósitos racionais e responsabilidade ética. Ele visa a qualidade de vida de seus

leitores. “A orientação de valores é claramente democrática e emancipadora”.

(KUNCIZIK, 2002:372)

Page 34: Partidarismo na revista Carta Capital

34

2.3. Gêneros opinativos

Por mais que a instituição jornalística tenha uma orientação definida (posição ideológica ou linha política), em torno da qual pretende que as suas mensagens sejam estruturadas, subsiste sempre uma diferenciação opinativa (no sentido de atribuição de valor aos acontecimentos). Isso é uma decorrência do processo de produção industrial, pois a realidade captada e relatada condiciona-se à perspectiva de observação dos diferentes núcleos emissores (empresa, jornalista, colaborador e leitor). (MELO, 1994:34)

No instante em que a imprensa se profissionalizou deixando de ser um

empreendimento individual, como no tempo de Chateaubriand, tornando-se uma

organização complexa contando com uma grande força de trabalho assalariado de

acordo com os Sindicatos, “a expressão da opinião fragmentou-se seguindo

tendências diversas e até mesmo conflitantes”. (MELO, 2006:12)

Um jornalismo opinativo qualitativo visa: A informação, o interesse, a

denúncia perante desigualdades, a investigação, apuração de fatos, o contextualizar

o individuo na sociedade, propiciar a democratização, demonstrar a realidade, ser

polêmico e aguçar o senso crítico. Normalmente os jornalistas opinativos possuem

bastante experiência de campo. Ele deve ser um hiper especialista sobre sua

especialidade. Normalmente possuem diversas fontes importantes. (BELTRÃO,

1986)

No Brasil, os editoriais acabam tendo muito mais impacto político do que nos

Estados Unidos – maior representante do modelo ocidental de jornalismo. Nos

Estados Unidos, o Estado tem muito mais autonomia do que a mídia. Lá, se

existirem 1000 tablóides contra a guerra no Iraque, o estado não vai tomar a atitude

por estas, mais sim por seus ministros que protegem sua posição democrática. Já no

Brasil, Collor Caiu via imprensa. Este trabalho de análise de discurso visa o

conteúdo opinativo do editorial da Carta Capital. Os principais gêneros opinativos do

jornalismo são: “Comentário, Artigo, Resenha, Coluna e Editorial”. (MELO, 2003:26).

Apesar de ser um pouco raro, o comentário também existe. Este é um gênero

que foi introduzido no país recentemente, utilizado para ser um paradigma

alternativo do editorial, porém mais focado nos assuntos tocados em torno dos fatos

que estão acontecendo. Ele vem junto com a própria notícia.

Já o artigo pode ter duas definições. Pelo senso comum é qualquer elemento

jornalístico impresso, não importando o objetivo. Já as instituições jornalísticas

definem o artigo como “um gênero específico, uma forma verbal”. Todavia, trata-se

Page 35: Partidarismo na revista Carta Capital

35

de uma matéria jornalística onde o emissor desenvolve uma idéia apresentando uma

opinião. O artigo é um “escrito, de conteúdo amplo e variado, de forma diversa, na

qual se interpreta, julga ou explica um fato ou uma idéia atual, de especial

transcendência, segundo a conveniência do articulista“. (MELO, 2003: S/p)

A resenha pode ser concebida como uma análise sobre obras-de-arte ou dos

produtos culturais. Seu objetivo é a orientação dos receptores. No nosso país o

termo ainda não se desenvolveu também - muitas vezes estes gêneros são

intitulados como “crítica”. Trata-se de uma atividade eminentemente utilitária.

“Coluna é a seção especializada de jornal ou revista publicada com regularidade, geralmente assinada, e redigida em estilo mais livre e pessoal do que o noticiário comum. Compõe-se de notas, sueltos, crônicas, artigos ou textos-legendas, podendo adotar, lado a lado, várias dessas formas. As colunas mantêm um título ou cabeçalho constante, e são diagramadas geralmente numa posição fixa e sempre na mesma página o que facilita a sua localização imediata pelos leitores“. Elas são opiniões e informações curtas que visam agilidade e abrangência. “Procura trazer fatos, idéias e julgamentos em primeira mão. Do ponto de vista estrutural, ela é um complexo de mini-informações”. (MARQUES DE MELO, 2003:42)

Toda empresa de comunicação possui uma ideologia. A imparcialidade é tida

com um mito. E é no texto do editorial que esta visão é demonstrada, implícita ou

explicitamente. Os textos informativos objetivam a informação, independente se

sejam tendenciosos ou não - no caso da tendência demonstrada de uma forma

informativa, com citação de fontes, ou até mesmo apurações em OFF.

Segundo José Marques de Melo, a opinião contida no editorial não se trata de

uma atitude voltada para perceber as reivindicações da coletividade e expressá-las a

quem de direito. Significa muito mais um trabalho de “coação“ ao Estado para a

defesa de interesses dos segmentos empresariais e financeiros que representam.

Para José Marques de Mello o escritor do editorial deve conciliar os diferentes

interesses do cotidiano e refletir o consenso dos diferentes núcleos proprietários da

instituição. Nisso, o princípio de orientar a opinião pública está associado à

orientação das ações do estado. Muitas vezes o editorial esta objetivando uma

motivação político – econômica em favor ou detrimentos, a este ou aquele político

que dependente ou independentemente favorece a empresa jornalística

economicamente.

É necessário que este jornalista seja experiente. Ele precisa ter uma vocação

de pegar determinados assuntos e direcioná-los. Porém, a voz dos veículos tem de

Page 36: Partidarismo na revista Carta Capital

36

ser acordada, pois a visão pessoal do jornal não é a do seu dono, em sua maioria.

Isso porque existem outros aspectos que também precisam se acertar entre si, para

que saia um editorial que atenda a todos estes interesses (acionistas, agências

financiadoras, donos, estados).

Por sinal, todo o conteúdo ideológico se um jornal é afetado com as mesmas

decisões. Leva-se a discussão para direção do jornal, e esta, sempre aponta a

atitude que o estado vai tomar. Toda esta dinâmica entre o que os jornalistas

defendem e a ideologia da empresa de comunicação é negociada.

No caso da revista Carta Capital o editorial é semanal visto que a revista é

semanal. Cada edição de uma revista jornalística, normalmente, sempre vem com

um editorial, independente do seu gênero, ou público alvo. Na carta capital o

editorial elaborado por Mino Carta trás o conteúdo da semana. Ele analisa e

seleciona as principais notícias de acordo com os seus valores pessoais e os

valores notícias. No caso de Carta, ele é um dos donos da revista. Porém,

normalmente quem escreve o editorial é o chefe de redação, normalmente

gabaritado perante os objetivos ideológicos e comerciais do periódico.

De acordo com Luiz Beltrão, os atributos específicos do editorial são: a)

impessoalidade (não se trata de matéria assinada, utilizando portanto a terceira

pessoa do singular ou a primeira do plural) ; b) topicalidade (tema bem delimitado,

tratando de questões específicas); c) condensalidade (poucas idéias, breve e claro) ;

d) plasticidade (flexibilidade, ritmo dos fatos com seus desdobramentos).

“Os editoriais são lidos por menos de 10% dos leitores“ - segundo o escritor

Alan Viggiano - a maioria dos leitores brasileiros recusa o editorial porque ele é

muito massudo; destina-se a uma determinada classe de leitores; não é valorizado

(problema gráfico); e, geralmente, o tema abordado não diz respeito ao universo

específico do público (massa).

Independente do sucesso do editorial junto ao leitor é nele que o chefe de

redação vai utilizar muitas formas de argumentação e estimular vários sentidos para

demonstrar que a visão da revista é a mais legítima. Justamente por isso que o

estudo semiótico foi escolhido para analisar estes textos opinativos. Mais

precisamente a semiótica inspirada por Greimas, pois ela estuda todas as

performances de efeitos de sentido de uma mensagem.

Page 37: Partidarismo na revista Carta Capital

37

3. Semiótica

O Código verbal da linguagem é dependente de três conceitos inicias:

Emissor, Mensagem e Receptor. Receptores têm códigos de vidas diferentes. A

mensagem pode ser mostrada de uma forma direta (jornal, fala) ou indireta

(pressuposições). No início do século XX duas ciências da linguagem cresceram

rapidamente, uma delas é a linguística, ciência da linguagem verbal, a outra é a

Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem. Nela existe uma forma de

comunicação que escapa da tríade comunicacional “ver-ouvir-ler”, e ao mesmo

tempo, é estimulado por ela de uma forma direta.

Um clássico exemplo é a sentença: “Onde existe fumaça ha fogo”. Muita

fumaça pode significar diversas coisas, como incêndio, chaminé, queimada. Até

olhar ou cheirar a fonte do problema a dúvida permanecerá no ar. Diante o mundo

em que vivemos cada um forma uma codificação particular. Se um urbanista estiver

no campo e enxergar fumaça, pode pensar que se trata de uma queimada quando

na verdade pode ser apenas a chaminé de um forno a lenha.

Quando falamos da linguagem é perceptível que ela veicula conceitos que se

desenvolvem no ouvido onde tal som recebe uma tradução visual (linguagem

escrita). Quando crianças, aprendemos a falar por esta fórmula de assimilação.

Existe uma figura e esta recebe um nome para o seu significado. Primeiro

aprendemos o símbolo, depois o que ele significa. Justamente por isso que existem

excessos de figuras nos livros didáticos infantis.

Simultaneamente existe um grande conteúdo de outros tipos de linguagens

que também se constituem em sistemas sociais de representação mundana. Tanto

diante a situação social de dado país quanto na codificação da sua população -

como a linguagem de libra, automobilismo, culinária, etc.

Quanto maior a capacidade de interpretação do ser, maior o entendimento

dos códigos de linguagem. Não obstante falamos do jornalismo especializado e ele

se encaixa muito bem nesta categoria de informação. O jornalista político deve

conhecer também os jargões da política, os econômicos dos economistas, e assim

por diante – só desta forma vão conseguir o sucesso na comunicação diante as

fontes especializadas. Este jornalista acaba adequando sua linguagem para poder

Page 38: Partidarismo na revista Carta Capital

38

acompanhar as especialidades. Mais ou menos como um dos aspectos do

naturalismo – o meio (lugar) modificando o homem.

“De dois séculos para cá (pós-revolução industrial), as invenções de máquinas capazes de produzir, armazenar e difundir linguagens (a fotografia, o cinema, os meios de impressão gráfica, o rádio, a TV, as fitas magnéticas etc.) povoou nosso cotidiano com mensagens e informações que nos espreitam e nos esperam. Para termos uma idéia das transmutações que estão se operando no mundo da linguagem, basta lembrar que, ao simples apertar de botões, imagens, sons, palavras (a novela das oito, um jogo de futebol, um debate político...) invadem nossa casa e a elas chegam mais ou menos do mesmo modo que chegam à água, o gás ou a luz”. (SANTAELLA, 2003:12)

Dominar a linguagem é ter poder. Um bom exemplo é a Inglaterra. Ela que já

fora uma grande potência do mundo, agora, só demonstra sua potência

linguisticamente através da língua universal, o inglês.

Outro bom exemplo é a moda. No Brasil onde a temperatura média é de trinta

graus, a população segue tendências de países frios que estão na elite da moda, a

calça jeans é o maior exemplo disto. O terno e gravata também são muito usados,

principal traje das grandes instituições. A discussão paira sobre a qualidade da

marca, sendo que na verdade nenhum terno é adequado a um calor de quarenta

graus. Isso acontece porque o julgamento de valor que fazemos sobre isso é

extremamente forte; se uma pessoa não está vestida adequadamente passa a ser

julgada negativamente perante a ética mundial misturada com da sociedade vivente.

Neste sentido os grandes países do capitalismo comandam a comunicação

mundial. A imprensa é tida como principal canal de comunicação, forma a

personalidade das pessoas através de signos organizados em mensagens, o

funcionamento da mensagem ocorre como forma de transmitir: emissor, tipologia e

dissertação. No sistema social em que vivemos recebemos um “bombardeio de

mensagens que servem à inculpação de valores que se prestam aos interesses dos

proprietários dos meios de produção de linguagem e não aos receptores”. Assim, se

todo fenômeno cultural só funciona culturalmente porque é também um fenômeno de

comunicação, e considerando que tais fenômenos “só se comunicam porque se

estruturam como linguagem”, é notável que todo e qualquer fato cultural e qualquer

atividade ou prática social “constituem-se como práticas significantes, isto é, práticas

de produção de linguagem e de sentido. Iremos, contudo, mais além; de todas as

Page 39: Partidarismo na revista Carta Capital

39

aparências sensíveis, o homem — na sua inquieta indagação para a compreensão

dos fenômenos — desvela significações”. (SANTAELLA, 2003:15-16)

A leitura é poder de linguagem, pode ser objetiva e subjetiva. Um bom escritor

pensa no tema e em argumentos textuais, para quem e como escrever. A função da

linguagem é de mexer com o emocional de receptor, rompendo a estrutura social

com argumentos no papel social. Tudo possui uma linguagem. E toda linguagem

trabalhada acaba virando especializada. Desde linguagem computacional, humana,

até florestal. A catalepsia projetiva estuda o estudo do sono. Existem, até mesmo,

estudos sobre a linguagem do silencio.

Visto assim, “a semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas

as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de

constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de

significação e de sentido”. O que nos favorece, pois se já sabemos que os grandes

políticos possuem a arte da retórica o grande jornalista político ambiciona a mesma

arte pragmática. Explosão de geração de sentido elaborado por ambas as partes,

intencionalmente. (SANTAELLA, 2003:18)

A semiótica é um grande indefinido. Ela ambiciona os fenômenos

antecedentes até a construção da linguagem. Consequentemente, um bom

semiótico deve ter boa base das ciências sociais, devido à alta oferta de

entendimento cultural pertencente a cada sociedade. É mais uma matéria que

estimula a convergência de diversas faculdades. Um bom semiótico está além do

olhar, de um simples julgamento de valor. Ele entende os estereótipos formados na

realidade em que vive.

Portanto, a semiótica procura analisar o “ser” na linguagem, ou seja, a ação

de signo. Para quem não sabe, signo é a estética do observado, significante é o que

ele pensa sobre a significação do observado. Por exemplo, quando vemos um lápis

(imagem – signo) logo pensamos na palavra LÁPIS (significante – palavra, neste

caso), e vice e versa.

Um dos maiores lingüistas da história, Charles S. Pierce, elaborou um estudo

dos signos que é base para entendermos a semiótica moderna. Diante a confusão

dos estudos da lingüística na sua época, ele tentou colocar as relações lingüísticas

sociais através de um modelo consistente

Pierce era estudante de química e de tanto estudar tal matéria e outros

fenômenos acabou percebendo que a maioria das coisas da natureza é semelhante,

Page 40: Partidarismo na revista Carta Capital

40

o pensador possui trabalhos em diversos campos de estudo. Nisto, no campo da

filosofia, acabou inventando a fenomenologia (estudos dos fenômenos naturais). O

pensador inventou o termo “pragmático”, porém, por brigas de autoria do mesmo,

acabou por definir a palavra “pragmatismo”, que se refere ao mesmo conteúdo de

estudo.

Num artigo intitulado “Sobre uma nova lista de categorias”, Pierce em 14 de

maio de 1867 descreveu suas três categorias universais para toda experiência e

pensamento. Para Pierce, tudo o que surge na consciência se mobiliza numa

gradação de três propriedades que correspondem aos três elementos formais de

toda e qualquer experiência. Essas categorias foram denominadas: qualidade;

relação e representação. Para representar toda manifestação do pensamento

humano atravé de um único modelo Pierce se baseia em uma terminologia dividida

em: Primeiridade, Segundidade e Terceiridade – traduzindo-as como ícone, índice e

símbolo. (PEIRCE, 1999, S/p)

Page 41: Partidarismo na revista Carta Capital

41

3.1. Ícone, índice e símbolo - Charles S. Pierce

O ícone é considerado um signo que possui alguma semelhança com o objeto

representado. “Exemplos de signo icônico: a escultura de uma mulher, uma

fotografia de um carro, e mais genericamente, um diagrama, um esquema”. Ele é um

signo que ganhou tanta consideração que acaba virando um grande símbolo dos

outros símbolos de sua especialidade. (COELHO, NETTO 2007:57)

Afinal, John Lennon já se considerou mais famoso do que Jesus Cristo.

Mesmo que o Pelé fique jogando basquete para o resto de sua vida, ele sempre

representará o futebol, e não meramente só lembrará o esporte. O Pelé é um bom

exemplo de ícone. Quando falamos do Ronaldinho Gaúcho, do Romário ou do

Ronaldo Fenômeno, são considerados meros símbolos no que tange ao Pelé no

futebol. É um fato social unânime entre os diversos segmentos de especialistas e

interessados em futebol. Tão natural quanto o sol de manhã, ou a Lua de noite.

É interessante notar que dificilmente um signo se torna ícone. Pois para um

signo virar ícone ele deve ser unanimidade no que tange a representação de outros

signos do mesmo segmento. Ele será um índice que nunca perderá o seu valor

como objeto. É interessante lembrar que cada um possui as suas codificações. Se

eu encontro no centro da cidade o padeiro que está ha trinta anos na esquina da

minha casa, ele será um ícone de padaria para mim. Já, diante a aglomeração ele

se torna apenas mais uma pessoa diante ao número de pessoas que percorrem o

local.

Já “o índice dentro da semiótica é um signo indicador”. O fato de o índice ser

mobilizado pelo objeto o torna um signo. Eles se fixam diante a repetição dos fatos

sociais vividos. Quando somos crianças aprendemos diveros indicadores desta

espécie como: não abra a porta para estranhos, não tome remédios por conta

própria, não ingerir líquidos que contenham “caveira” nos rótulos. (COELHO NETTO,

1990:59)

Já se tiramos o valor do objeto do índice ele perde seu significante. Se virmos

um veículo na rua sem a maçaneta, estando apenas um buraco no local, logo

pensamos que ali ocorrerá uma tentativa de assalto, observação esta estimulada por

experiências anteriores diante a televisão, fotografias, ou experiências pessoais.

Porém, depois de uma análise qualitativa da região, percebemos que o veículo está

perto de uma oficina mecânica donde esta saindo um mecânico com uma nova

Page 42: Partidarismo na revista Carta Capital

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maçaneta na mão. Logo entendemos que estávamos errados diante o objeto

estereotipado.

Exemplos de índices: Onde há fumaça há fogo, um campo molhado é índice

de que choveu, uma seta colocada num cruzamento é índice do caminho a seguir;

um pronome demonstrativo, uma impressão digital, um número ordinal. O índice é

algo que vai representar o seguimento de alguma coisa, quando consumimos os

produtos e pensamos neles com um índice percentual ao seu salário, verá que o

valor do objeto aumentará no pensamento.

Como diria Emile Durkheim, quando nascemos estamos diante uma

sociedade dada independente das manifestações individuais. Conforme crescemos,

percebemos a simbologia das coisas. Os símbolos são todos dados. No nosso

cotidiano infantil aprendemos discriminadamente que o branco simboliza paz e o

negro terror.

Símbolo é um signo que se refere ao objeto denotado em virtude de uma associação de idéias produzida por uma convenção. O signo é marcado pela arbitrariedade. Pierce observa que o símbolo é de natureza. Ex.: qualquer das palavras de uma língua, a cor verde como símbolo de esperança etc. (COELHO NETTO, 1990:59)

Se uma placa de trânsito possui uma seta simbolizando para os veículos

virarem à esquerda, e no respectivo lado não existindo uma curva, o índice passa a

perder o seu valor, pois não representa o objeto. Neste fôlego, o símbolo da placa,

ou mesmo a placa simboliza (índice), perde o seu valor representativo. Naturalmente

existe uma grande relação entre símbolo e índice. Logo quando um símbolo faz

sucesso vira ícone.

Estabelecendo o signo como gênero do qual ícone, índice e símbolo são

espécies, o modelo de Pierce apresenta-se como mais satisfatório e coerente do

que as outras propostas de sua época, principalmente a concepção de signo

lingüístico de Ferdinand de Saussure, incompletas quando comparadas com a de

Pierce no que tange o sentido dos termos.

Saussure concebe o signo lingüístico como um signo arbitrário, não funcional

no que tange o designamento do signo lingüístico. Ele dava exemplos como à

balança, a seta, condizendo que eles nunca poderiam ser substituídos. Saussure

não acreditava que índice, símbolo e ícone pudessem se misturar (ícone e símbolo,

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43

simultaneamente, ou símbolo e índice), já Pierce acreditava como vimos nos

exemplos se índices e símbolos acima, por exemplo, que os níveis de convergem.

Pierce se baseou até mesmo no aspecto religioso comparando as idades com

a tríplice trindade. Na idéia, seguem-se caminhos regentes que vai do abstrato ao

concreto, neste mundo que é um poço de abstrações. Para ele a natureza se

manifesta em três sentidos sobre três sensações de possibilidade: Olhar, ação e

concretização.

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3.2. As idades de Pierce

Primeridade / Ícone / Olhar: Idéia surgida. Em todas as mentes existe este

lago sem fundo. Trata-se de uma consciência imediata, momentânea. Quantas

vezes as pessoas tem boas idéias enquanto discutem, porém, elas não saem do

bom papo. Tudo que está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo

aquilo que está em sua mente no instante presente, já diria o linguista Luis Tatit.

Nossa vida inteira está no presente, porém, em instantes o presente já se foi,

e o que permanece dele já está transformado.

Primeridade é uma qualidade tomada como signo. Ex.: sensação de "vermelho". Sendo uma qualidade, só pode significar um objeto tendo com este alguma semelhança; portanto, é um ícone. E considerando que uma qualidade é uma mera possibilidade lógica, só pode ser interpretada enquanto rema. Portanto, esta é a classe do qualissigno icônico remático . É uma coisa ou evento da experiência cujas qualidades fazem com que signifique um objeto. Ex.: o diagrama de uma árvore. Tendo semelhança com o objeto, é um Ícone (envolve, pois, um qualissigmo) e, como no primeiro caso, é interpretado através de um rema: (COELHO NETTO, 1990:62)

O sentimento é base da consciência imediata, sendo também paradoxalmente

justo aquilo que se oculta no pensamento porque para pensar precisamos nos

mobilizar no tempo.

Consciência em primeridade é qualidade de sentimento e, por isso mesmo, é

compreendido como a primeira apreensão das coisas. “Sentimento é, pois, um

quase-signo do mundo, primeira forma, vaga e indeterminada de predicação das

coisas. É ainda a possibilidade de ser, deslancha irremediavelmente para o que já é,

e no seu ir sendo, já foi”. (FIORIN, 2007:16)

Segundidade / Índice / Ação: Transição. Como transformar em material a

idéia sugerida na idade à cima. Há um mundo real independente do pensamento,

porém pensável, o que simboliza a segundidade. “Esta é a categoria que a aspereza

e o revirar da vida tornam mais familiarmente proeminente; Esbarramos em fatos

que nos são externos, tropeçando em obstáculos que não cedem ao mero sabor de

nossas fantasias”. (COELHO NETTO, 1990:64)

Só o fato de existência humana significa a todo o momento ação de

consciência em relação ao mundo. Estar numa relação, tomar um lugar no universo,

Page 45: Partidarismo na revista Carta Capital

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resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço junto com outros corpos – todos, fatos

de segundidade. Alguns se desenvolvem até a terceridade; já a maioria, acaba por

perder-se no pensamento.

Neste sentido, a idéia surgida na primeridade passa a ser desenvolvida, e é a

segundidade que vai desenvolvê-la. A segundidade é justamente os caminhos

traçados para a evolução de idéias, as campanhas percorridas para chegar a

determinada sanção. Neste momento o dono da idéia vai perceber se seu

pensamento vai dar certo ou não. “Certamente, onde quer que haja um fenômeno há

uma qualidade (um pensamento inicial qualitativo), isto é, sua primeridade. Mas a

qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem

de estar convertida numa matéria. A factualidade do existir (secundidade) está

nessa corporificarão material do pensamento”. (SANTAELLA, 2000:32)

Qualquer sensação já é o estimulo do pensamento, aquilo que move o

pensar. Falar em pensamento é falar em processo longo de codificação, mediação

interpretativa entre nós e os fenômenos. É sair, portanto, do segundo como aquilo

que nos impulsiona para o universo do terceiro.

“Agir, reagir, interagir e fazer são modos marcantes, concretos e materiais de

dizer ao mundo, interação dialógica, ao nível da ação, do homem com sua

historicidade”. Assim sendo, secundidade é quando o sujeito lê com compreensão e

profundidade de seu conteúdo. “Como exemplo: ‘O homem comeu banana’, e na

cabeça do sujeito, ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente

visualiza os dois elementos e a ação da frase”. (SANTAELLA, 2000:30)

Terceridade – Símbolo - Concretização : A conclusão da idéia passa a ser

direta - explícita. Um prédio cujo projeto fora discutido por engenheiros desde a

época da faculdade (primeridade), quando se reuniram depois de dez anos depois e

o assunto voltou à tona, começou o projeto (segundidade), e assim foi construído um

prédio de negócios (terceridade).

"Nenhuma linha firme de demarcação pode ser desenhada entre diferentes estados integrais da mente, isto é, entre estados tais como sentimento, vontade e conhecimento. É claro que estamos ativamente conhecendo em todos os nossos minutos de vigília e realmente sentindo também. Se não estamos sempre querendo, estamos pelo menos, a todo o momento, com a consciência reagindo em relação ao mundo externo". (PEIRCE, 1999:11)

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Nessa medida tudo é signo, qualquer coisa que se produz na consciência tem

o caráter de signo. O sentimento ou qualidade de impressão é um pré-signo porque

já funciona como um primeiro significante das coisas que se apresentam. A ação ou

experiência também pode funcionar como signo porque se apresenta como resposta

ou marca que deixamos no mundo.

Justamente neste ponto esta enraizada as bases para a semiótica, pois “é

justo na terceira categoria fenomenológica que encontramos a noção de signo

genuíno ou triádico, assim como é nas segunda e primeira categorias que emergem

as formas de signos não genuínos, isto é, as formas quase sígnicas da consciência

ou linguagem”. Depois que uma idéia passa pelos três níveis, ele chega à semiose,

ou sansão. (SANTAELLA, 2003:12)

Voltando ao exemplo de “onde existe fumaça há fogo”, percebemos que

existem certas condições antes de qualquer precipitação na interpretação. Pode-se

dizer que os dois primeiros níveis são os mais difíceis, porque beiram a abstração,

caso contrário da terceridade, que já é o objeto em si existente, ou a confirmação do

(símbolo) da desconfiança (índice) que foi gerada (ícone) no pensamento.

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47

3.3. Greimas e o percurso gerativo de sentindo

Para clarificar os modos de organização dos textos, bem como os mecanismos de produção e recepção, a semiótica parte da construção dinâmica de um enunciado através do percurso gerativo de sentido. De fato, conforme o terceiro postulado de Floch, para semiótica uma manifestação lingüística é construída por “[...] uma sucessão de patamares, cada um dos quais suscetíveis de receber uma descrição adequada, que mostra como se produz e se interpreta o sentido, num processo que vai do mais simples ao mais complexo [...]” do mais abstrato ao mais figurativo do plano de conteúdo. (GREIMAS apud FIORIN, 1997, p.17)

Depois da revolução pierciana diante o estudo da semiótica que antes da

chagada de Pierce estudava apenas elementos linguistícos - se esquecendo do

aspecto social na análise da mensagem - ocorreu um boom de teorias semióticas.

Porém, em meados da década de 60 do século passado, mais

particularmente no território francês, havia um descontentamento diante os

paradigmas da época que tinham como carater a análise de sentido. Este momento

é considerado como o auge do estruturalismo na europa, cuja preocupação era com

a contrução dos sentidos dos textos e com a interpretação.

Para os franceses as teorias vigentes eram qualitativas, mas pecavam em

algumas aspectos análiticos de sentido. Diante a problemátiva, “uma das teorias que

adotava a produção de sentidos como interesse fundamental era a semiótica

desenvolvida pelo chamado Grupo de Paris, constituído em torno dos pensamentos

de A. J. Greimas”. (GRAGEIRO E GREGOLIN, 2005:05)

“As dificuldades práticas para estabelecer essas universais semânticas e para

definir as regras de compatibilidade entre estas unidades são de tal ordem que a

análise sêmica só produz resultados satisfatórios em campos léxicos bem

delimitados”. (GREIMAS & FONTANILLE, 1993:09-14)

Greimas concebeu uma Teoria Geral dos Signos, onde o mesmo dizia que um

signo não é algo em si vivo, mas, representativo. Concebeu a semiótica, sendo

classificada como estruturalista. Inventou um modelo teórico, uma teoria cientifica.

Greimas considera “tudo” como um texto suscetível de análise de sentindo. Todas

as organizações sociais têm seus textos, sua configuração discursiva no percurso

gerativo da mensagem. Elaborou um modelo fechado mantido por modelo teórico de

análise de sentido.

Page 48: Partidarismo na revista Carta Capital

48

O simulacro metodológico proposto pela semiótica francesa ou greimasiana parte de grandes linhas gerais: Todo enunciado tem como pressuposto necessário um sujeito da enunciação (um “alguém que diz”). Esse sujeito da enunciação se desdobra em um enunciador (quem fala) e um enunciatário (para quem se fala). Isso implica dizer que todo enunciado tem como pressuposto uma interlocução entre ambos. (GREIMAS & COURTÉS, 1979:14)

A história faz parte da construção lingüística. O mundo é significado na

mensagem e no poder codificado. Se quisermos salvar o ambiente, temos que

demonstrar uma mensagem pragmática ao mundo sobre a necessidade da

problemática. Se quisermos escapar do julgamento de valor, ou de realidade,

perante nosso vestuário, é importantíssimo entender a linguagem da moda atual.

Considerando a semântica como elemento da “lingüística, descritiva, que tem

por objeto o estudo da relação dos signos com aquilo que eles significam, numa

língua dada, e o estudo das palavras no que tange seus significados”, considera-se

a semântica como: gerativa, sintagma e geral. (GREIMAS & FONTANILLE, 1993:16)

A “gerativa” é aquela que detecta os “níveis de invariância crescente de

sentido de forma a perceber os diversos elementos do nível da superfície ou do nível

mais profundo do discurso”. Já a “sintagma” é a combinação de duas formas ou

palavras, sendo que uma funciona como determinante da outra, criando um elo de

subordinação. È a sintagma não lexical, sem necessidade léxica; que não busca a

mera análise no conjunto de vocábulos de um idioma, mas sim a produção e

interpretação do discurso. (BARROS, 2000)

A “geral” é a unidade de sentido que pode ser manifestado por diferentes

planos de expressão. É algo já enraizado, como um percurso de herói – a satisfação

da conquista. O fato do sentido de “herói” ser enfatizado todo tempo pelos mais

diferentes tipos de canais ajuda à ligar um termo no outro.

O percurso do sentido possui um fim específico, a manipulação. Este é o

objetivo final do emissor na mensagem: Mostrar que sua opinião, ou doutrina, é a

certa diante o assunto tratado. “Independente das intenções do orador”.

Naturalmente para que isso aconteça, é necessário entender a linguagem do outro

para entender as perspectivas de linguagem, sentimento, raciocínios, etc.

(BARROS, 2000)

A semântica estrutural de Greimas é postulada no paralelismo do plano de

expressão e plano de conteúdo. Para o estudo dos elementos dessa semântica

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49

gerativa, sintagmática e geral, existe o modelo de produção do sentido que constitui

um percurso gerativo de sentido, geração de movimentos em níveis invariáveis.

Existem dois planos na estruturalização de uma mensagem. O “plano de

conteúdo” é o que pretendemos dizer, o de “expressão” é a forma de se comunicar.

A linguagem é trabalho dos dois. Quando negamos um fato, por exemplo, temos

diversas formas de negá-lo – o conteúdo é mantido e a expressão variada. Um bom

orador consegue adequar um ao outro. Descobrir a melhor forma de mostrar o fato

ocorrido. Um bom roteirista é aquele que percebe as nuanças da expressão. “O

percurso da mensagem não é elástico, ele deve gerar um sentido. Uma

intencionalidade, um percurso, o sentido, sendo em última estância a manipulação”.

(BARROS, 2000:18)

De acordo com a Semiótica greimasiana, todo texto possui uma narratividade

com base num percurso gerativo de sentido composto de três níveis semânticos:

semântica fundamental , semântica narrativa e semântica discursiva .

Esta é a teoria que será aplicada na análise semiótica deste trabalho. Através

das três semânticas vamos demonstrar o nível de parcialidade da revista Carta

Capital em seu editorial. Vamos dar ênfase na representação da dimensão retórica

que Mino Carta almeja passar utilizando a análise do significado para entendermos

se de acordo com a semiótica greimasiana a revista é partidária.

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3.4. Os três níveis de Greimas a) Semântica fundamental

“Nível em que se estabelece o eixo semântico sobre o qual o texto se constrói e em que, através do quadrado semiótico, representa-se graficamente a sintaxe sumária das transformações que ocorrem entre os termos de uma categoria semântica. Tal sintaxe funda-se em relações de contrariedade, contradição e implicação, que são as responsáveis pelas articulações mínimas de uma narrativa”. (GREIMAS e COURTÉS, 1979:22)

É o contexto da mensagem, tanto no seu conteúdo linguístico quanto de

efeito. Quando o autor usa o termo “sintaxe sumária”, quer dizer sobre o significado

o conteúdo dos tipos textuais. Tudo está embutido de acordo com a intenção do

emissor, se o que ele pensa pode causar a aderência do receptor imaginado.

Neste modelo entenderemos quem está escrevendo, para quem, se a

mensagem é positiva diante a ética vigente e se ela tem poder de coerção, ou seja,

de causar a aderência do receptor. É o núcleo principal, do que se quer falar.

Quanto mais pragmática a mensagem neste sentido, mais ela tem a chance de

aderência devido ao fácil entendimento.

O nível fundamental é a divisão principal da categoria semântica. É o

responsável principal para elaboração de um texto. Ou pelo conjunto da obra, por

exemplo, tanto uma reportagem sobre o tratamento do governo americano diante os

prisioneiros de Guantánamo, como uma matéria sobre a precariedade do urbanismo

para os cegos na cidade, estou me referindo, em ambas, sobre a categoria

“Liberdade VS. Opressão” (nível fundamental da mensagem). ”Ou seja, esses são

os pólos em torno dos quais os elementos do texto vão se organizar; enfim, o

importante é percebermos que nesse simulacro metodológico há uma interligação

entre os níveis que garante a coerência textual”. (BARROS, 2000:73-75)

Ele busca revelar o mais abstrato de uma mensagem, diagnosticando e

resumindo o objetivo do enunciatário da oração. Ele organiza as idéias do texto de

acordo com o que é mais elementar. “Sua operacionalização ocorre através da

oposição semântica de dois semas articulados pelas categorias tímicas de euforia

(positivo) e disforia (negativo) e das operações sintáticas de negação e asserção”. O

nível profundo se estabelece através da percepção das diferenças de quem capita.

“Ao menos dois termos-objetos, como simultaneamente presentes e relaciona-os de

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um ou de outro modo apontando como conseqüência a certeza de que um termo-

objeto só não comporta significações” (BARROS, 2005:73-75)

“As relações pressupõem uma ligação de oposição ou diferença entre dois

termos como morte e vida, por exemplo, que podem ser qualificados como eufórico

e disfórico respectivamente”. (BARBALHO, 2006:10-14)

A contradição é a chave do nível profundo. Neste nível é pressuposto que a

mensagem possui uma forma de contradição, independente do nível da relação.

b) Semântica narrativa: A sintaxe narrativa deve ser pensada como um

“espetáculo” que simula o fazer do homem que transforma o mundo. Para entender

a organização narrativa é preciso descrever o “espetáculo”. Ele analisa como o

enunciador executa as operações do nível fundamental.

Ele considera que “uma narrativa ocorre quando se tem um estado inicial que

se articula em percursos narrativos e que compõem o esquema narrativo”. Ele é

constituído de enunciados do estado e do fazer. O primeiro estabelece uma relação

de posse ou de privação entre um sujeito e um objeto, ou seja, uma disjunção ou

conjunção. O segundo é enfatizado pela transformação de um estado para o outro.

“Assim os enunciados de fazer regem os de estado que, transformados, geram

narrativas mínimas hierarquizadas no texto”. (FIORIN, 2007, p. 21).

A semântica narrativa tem sua perspectiva baseada na “mobilização do fazer”.

O objetivo e as relações para com o sujeito são mudáveis. A “modalização do ser”

também está presente nesta constituição narrativa. Para os dois casos a semiótica

moderna define quatro modalidades - o querer, o dever, o poder o saber. A

semântica narrativa se baseia na mobilização do “Ser / Fazer” e do “Ser / Parecer”.

O primeiro é quando o emissor de fato irá fazer o que esta enunciando, já no

segundo, o receptor apenas diz que vai fazer, porém, de fato não o faz – como as

campanhas políticas de alguns políticos brasileiros. A própria modalização

veridictória articula como categoria moral – “ser” ou “parecer”.

Da investigação dos pressupostos do fazer, depreende a modalização da sintaxe narrativa, ou seja, tanto o ser quanto o fazer do sujeito podem estar sobredeterminados. De imediato, revelou-se a capacidade de expansão do modelo para a descrição das etapas que antecediam e sucediam a ação do sujeito propriamente dita e que, até então, não tinham uma explicação adequada. (BARROS, 2000:47)

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As pesquisas de Greimas sobre a modalização do “ser” e do “saber”

acabaram por conduzi-lo diretamente ao universo passional. Ele considera as

paixões como “arranjos de configurações modais passíveis de análise científica”. Ou

seja, o sujeito utiliza várias formas para informar o que sente, ou o que finge sentir

diante outro sentimento. “Seriam os sentimentos os estimuladores das ações modais

diante o discurso”. (GREIMAS e FONTANILLE, 1993:54)

Quanto mais o individuo “querer”, maior será à vontade e a persistência em

busca da “sanção”. De imediato entende-se que o sujeito acaba sendo mobilizado

pelo “querer”, não pelo “poder”. A universitária busca sua meta, sendo o diploma,

através do “dever”, porém, este “dever” é movido muito mais pelo “querer” do que

pelo “dever”.

Neste âmbito, Greimas concebeu que o “fazer” do sujeito exige competências

modais que transformam o “querer”, o “dever”, o “poder” e o “saber” em fazer

definindo-lhe semioticamente suas existências de três modos diferentes: o virtual

(pelo querer ou dever - fazer), o atual (poder e saber fazer) e o realizado (pelo fazer

e pela transformação).

Com o trabalho “Semiótica das Paixões (Greimas e Fontanille), é nítido que

uma série de questões pendentes foram sanadas diante os inúmeros modelos

estruturalistas de análise de sentido que pecavam em diversos paradigmas. A teoria

foi mais discutida e melhorada nos estudos sobre a tensividade, propostos por

Jacques Fontanille e Claude Zilberg, em 2001. Eles “deram prosseguimento às

discussões levantadas em Semiótica das Paixões, praticando um refinamento do

instrumental teórico relacionado ao nível das precondições de formação do sentido”.

Estes aspectos discutidos justificam o uso da semiótica francesa para

qualquer análise de discurso que almeja uma forma qualitativa do percurso do

sentido. O uso é justificado para análise de textos midiáticos:

Um bom exemplo concreto da aplicação de alguns dos conceitos desenvolvidos pelos estudos tensivos em textos midiáticos é a análise de estratégias enunciativas de manipulação do enunciatário de algumas propagandas veiculadas na mídia. A partir desses conceitos tensivos, podemos, por exemplo, mostrar que alguns textos publicitários manipulam o enunciatário pelo esperado, pelo conhecido. (FONTANILLE e ZILBERG, 2001:03)

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Quando analisamos os editoriais da Carta Capital percebemos que grandes

partes dos textos contem a manipulação através da surpresa – “estranhamento

causado pelo desconhecido ou pelo imprevisto”.

Com esta matriz teórica é possível elaborar uma abordagem estratégica na

qual o dono da enunciação se põe em jogo para manipular o receptor. “A semiótica

francesa aumenta a chance de precisão de análise objetivando a compreensão e a

explicitação dos mecanismos de formação de sentido dos textos que dia a dia

impõem novos desafios à teoria”. (FONTANILLE e ZILBERG, 2001:07)

Convencemos ou persuadimos por meio de um gesto ou canal através de

palavras, gestos e ambiente. Usamos nossa lábia para o poder de coerção.

Naturalmente cada interlocução constrói especificidades diferentes para cada texto

uma vez que o enunciador se projeta no enunciado deixando suas marcas no

enunciado.

“Vale sempre a ressalva de que quando falamos de sujeito da enunciação na

semiótica – seja pela perspectiva do enunciador seja pela do enunciatário – estamos

nos referindo a uma voz que emana do texto e não a pessoas reais”. (GREIMAS e

COURTÉS, 1979:22)

Existem dois tipos de enunciados para uma síntese narrativa: Os “Enunciados

de Estado” que formalizam a relação de função (disjunção, negativo / conjuração,

positivo) entre sujeito e objeto. E os “Enunciados de Fazer”, demonstradores das

transformações que correspondem à mobilização entre um estado e outro. “Uma

narrativa complexa estrutura-se numa seqüência canônica que compreende a quatro

fases: A manipulação, competência, performance e sanção”. (BARROS, 2000:25)

“A competência não é sempre positiva, podendo ser insuficiente ou mesmo negativa, assim como a performance, que pode ser bem sucedida ou conduzir a um fracasso” De qualquer forma, na narrativa em que existem dois sujeitos a competência e a performance são sempre positiva para um e negativa para outro”; “Uma vez postos em seqüência de pressuposição lógica, os programas narrativos compõem o percurso narrativo que, por sua vez é composto pelo percurso do sujeito, do destinador-manipulador e do destinador-julgador”. (GREIMAS, 1979:24)

É necessário ter competência para elaborar diversas performaces á fim de se

chegar a uma sanção diante a manipulação. Um clássico exemplo é o da mãe

alimentando o filho. A mulher usa diversas formas para fazer o bebê comer a

comida. Apelos sentimentais, castigos, comparações, enfim, utiliza-se de diversas

permorfances para conseguir a sanção. Manipula a criança utilizando uma das

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quatro fórmulas de manipulação, ou todas: Tentação, intimidação, provocação,

sedução. Em geral usado em todo argumento como forma mais corriqueira e

cotidiana. Exemplos:

Tentação : “Se comer te darei um doce”

Intimidação : “Se não comer vai apanhar”

Sedução : “Como um mocinho tão grande, forte e esperto não vai comer?”

Provocação : “O seu irmão já comeu, ele sim é lindo”

Na “tentação” o locutor oferece um objeto positivo ao interlocutor, aguçando

sua ambição para conseguir a sanção. Com a “intimidação”, divergente da tentação,

possui um objeto com valor negativo para o interlocutor. Abusa-se do medo para

conseguir alcançar o objetivo. Com a “sedução” o emissor mexe com o ego do

receptor, atribuindo-lhe um juízo de valor positivo – elevando a moral. Já a

“provocação” ocorre no contraponto da “sedução”, sendo atribuído um juízo negativo

do interlocutor, uma comparação. (BARROS, 2000)

“Tentação” e “sedução” estão convencendo; “intimidação” e “provocação”

estão persuadindo. Assim, “o percurso do sujeito se estabelece pela aquisição da

competência necessária para realizar a ação, bem como pela performance de sua

existência”. (GREIMAS 1979:30)

c) Semântica discursiva: Local onde estão às estratégias projetivas do

enunciador, espaço e tempo. Neste mesmo nível, devem ser enquadradas as

relações entre temas e figuras (semântica discursiva) determinadas pela mesma

enunciação.

Pode ser concebido como o texto em si. A enunciação definida como o “ato

pelo qual o sujeito faz ser o sentido, produz o enunciado cujo sentido faz ser o

sujeito exigindo do enunciador competências para que o enunciatário aceite como

verdade ou mentira, realidade ou ficção, aquilo que está em jogo”. (LANDOWSKI,

1992:167)

O enunciatário divulga um novo saber como o lado certo. Revela a mentira

através de segredos revelados no andamento do discurso. Simula a situação. Cabe

ao receptor aceitar a nova verdade de acordo com suas relações com o texto e com

o contexto sócio-histórico.

A semântica discursiva é operada pela tematização e pela figurativização. A

tematização demonstra os elementos abstratos buscando uma explicação e uma

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realidade para representar o mundo através de algum corpo textual. “Temas são,

portanto, palavras ou expressões que representam algo não existente no mundo

natural, como a felicidade, a humanidade, por exemplo,”. (BARROS, 2000:55)

A figurativização representa o concreto, uma vez que se manifesta pelo

mundo: como o sol, a lua etc. Já, em certos casos, algumas figuras apresentam-se

através de mundos fictícios, oriundos da imaginação humana, como um

extraterrestre, por exemplo. De modo a gerar sentido, figuras e temas precisam

seguir uma ordem lógica para gerar o sentido proposto. Os percursos figurativos

utilizam recursos para produzir efeitos de sentido.

Também os percursos temáticos se utilizam da coerência, do confronto ou da

sobreposição como estratégia para produzir determinado efeito. “A escolha de temas

e figuras pode ocorre também através de determinados léxicos que produzem

efeitos bastante específicos, como é o caso da gíria, do arcaísmo, do neologismo,

do regionalismo ou estrangeirismo e do jargão”. (BARROS, 2000:69)

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4. Análise semiótica dos editoriais da Revista Cart a Capital 4.1. Estrutura semiótica para este trabalho Este é o protótipo explicativo de como vai funcionar o trabalho. É

demonstrado algum editorial que se refira à Lula, depois, analisado pela Semiótica

de Greimas – Percurso Gerativo de Sentido – no modelo organizado por Diana

Barros.

Foram escolhidos 16 textos entre o período de 04 de julho de 2007 a 06 de

março de 2006. Os critérios para a escolha deles foram dois: o tema e o valor

notícia. Como os temas por vezes se repetem (como Mino Carta atacando o FHC)

foi selecionado o melhor texto no que tange a análise para cada tema. O valor

notícia é concebido como os temas que mais traz impacto diante o receptor, o tema

que é mais consumível.

Protótipo da Análise semiótica

COMPONENTE SINTÁTICO COMPONENTE SEMÂNTICO

* Estrutura do senso narrativo Nível profundo / Sintaxe superficial

1. Semântica fundamental

* Nível superfície / Sintaxe narrativa Semântica Narrativa - Modalizações do “Ser” e do “Fazer ”

2. Semântica narrativa

* Estrutura discursiva - Sintaxe discursiva - Discursivização - Actorização e especialização - Temporalização

3. Semântica Discursiva

Tematização Figuralização

FONTE: DIANA BARROS, 1997 OBS – A análise vai ser em texto corrido respeitand o o conteúdo da tabela diante os três níveis

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1ª ANALISE (EXEMPLO) Edição : n°596 p: 14 Editorial : Rosa dos Ventos, Dias Título : A guerra de sempre Nestas horas, o partido da mídia brasileira torna-se exército contra Dilma, como foi contra Lula Subtítulo: “Cada programa deste governo tem a minha Participação”, Dilma Rousself Foto : Dilma Rousself Índice : A vez dela. Toda a “isenção” para favorecer o candidato Serra

A semântica fundamental é concebida como a estrutura mínima da análise.

É a sintaxe superficial, ou seja, o que a relação das palavras no texto quer dizer. No

texto existe um conflito ou convergência entre opiniões que geram o fato divulgado.

No nível das estruturas fundamentais determina-se o mínimo de sentido a partir de

como o discurso se constrói.

Relação entre contrários Relação entre contraditórios Relação entre complementares

FONTE: DIANA BARROS, 1997

No exemplo das Rosas dos Ventos, percebemos três níveis fundamentais

organizados hierarquicamente em uma relação de contrários, contraditórios e

complementares.

Contrário: - Candidato do PT X Grande Mídia Brasil eira Contraditório: - Autoritarismo XX Liberdade Complementar: - Mídia Americana E Mídia Brasileira OBS: X – Significa Contrário XX – Significa Contraditório E – Significa Complementar

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A semântica narrativa é o nível da superfície da sintaxe narrativa, ou seja,

demonstra o que o autor pretende através de duas modalizações: Ser e Fazer. Este

é momento em que o emissor se relaciona com os receptores no texto. É a parte do

convencimento. O desejo, o querer e a possibilidade são elementos presentes na

análise. No exemplo citado, Dias possui o desejo de defender os ataques que a

grande imprensa faz ao PT. Para isso, ele quer mais pluralidade de imprensa e

aponta para a possibilidade de copiar a diversidade de informação da imprensa

norte-americana. “Tanto para a modalização do ser quanto para a do fazer , a

semiótica prevê essencialmente quatro modalidades: o querer, o dever, o poder e

o saber”. (BARROS, 1997:82)

O autor, ao ver a campanha contra o PT da grande imprensa, explicita o

dever fazer alguma coisa – é “dever” do “jornalismo qualitativo ter pluralidade de

imprensa”. Crítica o dever posto como lei (dever ) pelo deputado – este é o principal

argumento do autor no texto. Quando aponta o paradigma americano de diversidade

de informação o autor utiliza o elemento do “poder ”. Pelo saber , ele aponta dados

sobre a atualidade jornalística dos dois países. Tudo com base no “querer ”, no caso,

defender o PT e a candidatura de Dilma Rousseff.

A modalização do fazer ambiciona os valores modais. Possui um caráter

mobilizador. O dever-fazer e o querer-fazer são modalidades virtualizantes,

enquanto o saber-fazer e o poder-fazer são modalidades atualizantes. No exemplo

dado, o autor percorre mais as modalidades virtuantes, já que não aponta dados

concretos de como atingir o seu desejo. Só dizer que se deve seguir outro exemplo

de jornalismo superficialmente não possui tanta coerção, pois o mesmo só aponta à

problemática dizendo que lá tem mais pluralismo que aqui.

A modalização do ser também vai estar presente na análise do trabalho.

Parte do pressuposto da realidade da análise. Um emissor pode elaborar um texto

mentindo, ou falando a verdade. Ele pode estar se mostrando ser de um jeito,

quando na verdade é de outro. O quadro abaixo esclarece as relações modais do

elemento “Ser”.

O trabalho vai trazer a análise em texto corrido com base no quadro acima

quando existir a necessidade de análise do elemento “ser” no texto. No exemplo

analisado, Dias parece ser verdadeiramente defensor do PT. Na semântica narrativa

estão presentes as competências que o autor elabora para suas performances á fim

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de se chegar a uma sanção diante a manipulação utilizada na argumentação diante

a defesa ideológica. As manipulações são dadas como: Tentação , sedução ,

intimidação e provocação .

Dias utilizou a provocação estimulada pela sua inteligência na

argumentação, utilizando dados concretos para defender sua opinião. Somente o

fato de ser jornalista já o credibiliza diante argumentações provocativas elaboradas

com inteligência, principalmente diante uma coluna própria, o que simboliza a

experiência do autor. Ele diz que nos EUA existe diversidade de informação.

Mistura o senso comum com o elitizado no mesmo texto: “A senhora Dunn chora de

barriga cheia, pois lá tem mais diversidade que aqui”, “a mídia elitizada no atual

momento mais importante nos rituais da democracia brasileira” – citações

provocativas diante o contexto da coluna.

A semântica discursiva simboliza a relação do discurso do texto. Serve

também como explicação do contexto do objeto analisado. Suas características: a

discursivização, temporalização, tematização ou figuratização, e, actorização ou

especialidade.

Discursivização : É a coerência textual analisada. A idéia de recorrência, a

“linha sintagmática do discurso e sua coerência semântica”. A análise dos percursos

faz-se pelo exame dos traços semânticos, abstratos e figurativos, examinando a

busca dos sentidos do texto, “as relações vigentes entre as várias argumentações

que ilustram o texto”. (BARROS, 1997:71)

Discursivização aplicada no exemplo: Dias começa seu texto dizendo que

a grande imprensa fez campanha contraditória ao PT durante as últimas cinco

eleições: “Este é o fato que tem desequilibrado o jornalismo brasileiro no

momento mais importante das democracias política”, no caso as eleições.

Depois ele faz uma crítica ao deputado Cândido Cavvarezza, líder do governo

na câmara. O conselho de auto-regulamentação de imprensa posto pelo deputado é

visto como uma fórmula de autoritarismo. Este conselho tem como caráter coibir a

partidarização ou a cobertura dirigida, principalmente em época de eleições.

“Aqueles que simpatizam com a imparcialidade chegam à beira de um

compreensível desespero e a um passo de injustificáveis ações autoritárias. A

proposta de monitoramento da imprensa é uma delas”. Dias acha que esta lei

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estimulará mais a imposição de informação da grande imprensa, prejudicando a

diversidade de informação.

Para fundamentar sua idéia, Dias cita Annita Dunn, diretora de Comunicações

da Casa Branca, como exemplo de grande mídia partidária diante uma acusação

sobre a Fox News: “Ela opera praticamente (...) como o setor de comunicações do

Partido Republicano”. O objetivo do autor perante esta lembrança americana se dá

pela comparação entre o nível de pluralidade da mídia americana e mídia brasileira:

“Dunn Chora de barriga cheia. Lá, bem ou mal existe diversidade ”, uma crítica

direta implícita à proposta de Cavvarezza.

Termina o texto demonstrando a Luta de Lula contra a grande imprensa em

sua época da campanha, alertando a tendência anti-petista da mídia contra a

candidatura de Dilma.

Temporalização : Quando o discurso é elaborado por temas, temporais,

atemporais, ou os dois juntos, normalmente os paradoxos se reptem. No caso do

exemplo de Dias, ele vai até da época de Fernando Collor de Mello até Lula.

Também passa pela atualidade Casa Branca no mesmo texto, exemplificando as

palavras da ministra de telecomunicações dos EUA quanto à precariedade da FOX.

“Não chore, pelo menos ai existe diversidade de informação ”, “A campanha está

de volta” . Outro bom exemplo é a ida até a época de Collor: “A imprensa relembra a

época dos marajás volta...”

Tematização e figurativização : O percurso da mensagem é figurativizada.

As transformações narrativas tornam-se ações de (de acordo com o texto de Dias):

Não haver surpresa, Impedir a partidarização; Lamentar a inexistência do

pluralismo da informação; Lá (EUA) bem ou mal existe diversidade; Injustificáveis

reações autoritárias (referente à proposta do deputado); Resistência em admitir a

análise da mídia; Lula e o enfrentamento com coragem e clareza; Adotar um

híbrido entre dois modelos de pluralismo; Autoqualificação e Adaptação do

modelo americano; Diferença no tratamento conferido aos candidatos; Tornar-se

exército contra Dilma - referente à grande imprensa brasileira.

A actorização e a especialização estão presentes neste nível semântico.

São como os personagens do texto são nomeados: A Imprensa; o deputado

Cândido Caccarezza; a diretora de telecomunicações da Casa Branca Annita Dunn;

o cientista político Marcus Figueiredo; Lula, Dilma e Serra - são os atores do texto de

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Dias - enquanto Fernando Collor de Mello é taxado de “caçador de marajás” Lula é

chamado de presidente.

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4.2. ANÁLISES

Depois da explicação exemplificada à cima, este tópico vai trazer a análise

semiótica propriamente dita dos editoriais de Mino Carta.

2ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°451, p16, 04 de Julho de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: A ética e a lei em xeque

SUBTÍTULO : Lula fala de governabilidade. Mas a questão é outra FOTO: Uma zebra metade branca, metade listrada com preto e branco ÍNDICE: MONSTRO? Nem cavalo nem zebra. Algo assim com a política de

cravo e ferradura OBS: Palavras destacadas em vermelho seguem o model o da revista, ou

seja, as palavras destacadas por Mino Carta ao elab orar o editorial

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRADITÓRIO: Ética XX Cobertura da grande imprensa

CONTRADITÓRIO: Ética XX Sensacionalismo

Em uma relação contraditória, pois a imprensa crítica não é contrária a ética,

mas sim a favor de distorcê-la, transformando-a em consumo.

SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino Carta quer defender Lula diante a cobertura

da grande imprensa que objetiva precipitar uma crise. Ele enxerga na crise da ética

brasileira uma grande oportunidade para atacar a grande imprensa que a ele faz

tudo para vender notícias. Carta é a favor de Lula e se mostra como defensor da

ética. Pela modalização do “Ser” no texto encontramos citações como: “O tempo é

hoje bem diferente”; “Que a mídia continue em buscar crise não é surpresa”

Utiliza a provocação : “A comparação não convence, o tempo é outro”, com

sua inteligência relembra períodos utilizando a modalidade para dever-fazer crer

que a cobertura da grande mídia é sensacionalista e não factual. “Que a mídia

continue em busca de crises não é surpresa”, outro exemplo de provocação ao

dever-fazer não crer na cobertura da grande imprensa. “Pura teoria? Rompante

retórico? Sim, no Brasil a ética é que foi para o brejo há muito tempo”, utiliza

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perguntas eruditas com respostas no senso comum. Utiliza o sarcasmo seduzindo

Joaquim Roriz, “humilde o bastante para falar de questões pessoais”.

SEMÂNTICA DISCURSIVA : Mino Carta diz que a ética do país já foi embora

há muito tempo. Nesta época de Renan Calheiros, Carta diz que Lula pediu maior

apoio do governo para não ocorrer uma crise de governabilidade, “como a que

ocorrereu em 2005, quando o mandato do presidente Lula foi colocado em cheque”.

O objetivo de Mino Carta é desmistificar a cobertura da mídia que compara os

dois momentos de Lula com o intuito de provocar outra crise no governo: “Que a

mídia continue em buscar crises não é surpresa, bem como o fato de produzir

buracos n’ água”. Neste ponto que Mino salienta que a ética acabou, vale tudo por

uma notícia.

Mino Carta diz que as épocas são distantes. Enquanto que em 2005, Lula

teve que afastar alguns membros - em 2007 diante Calheiros - Lula está muito mais

tranqüilo. Na ocasião, o ex-governador do DF explicou trechos da escuta que

surpreendeu a divisão de dinheiro corrupto: “Situações e figuras como estas em

lugar de ameaçar a governabilidade liquidam as esperanças da nação e atropelas as

esperanças da nação pela enésima vez”.

Mino Carta compara o governo Lula entre os anos de 2005 e 2007,

comparando os dois momentos diante a força política de Lula. “A comparação não

convence (referência a mídia), o tempo é outro, bem diferente”. Mino tematizou a

figurativização com as seguintes citações: “O presidente lembrou; O envolvimento

de Lula nunca foi provado; A mídia continua em busca de crise política;

atropelam pela enésima vez ética e lei”. Os atores do texto são: Renan Calheiros,

Lula, a mídia, José Dirceu, Delúbio Soares, o ex-governador do DF Joaquim Roriz e

o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura.

Page 64: Partidarismo na revista Carta Capital

64

3ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°452, p18, 11 de Julho de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Mal- estar diplomático

SUBTÍTULO : O presidente da Venezuela dá ultimato ao congresso brasileiro. Lula reage

FOTO: Lula e Cháves conversando ÍNDICE: RETÓRICA. Hugo Chaves volta a cutucar

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRADITÓRIOS: MERCOSUL XX Hugo Cháves

CONTRADITÓRISO: DIPLOMACIA XX Boli varianos

SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta deseja mostrar a força diplomática de

Lula, para isso argumenta na possibilidade de Chaves não ter saída quanto um

futuro ingresso ao MERCOSUL. Carta é sabedor da dependência econômica entre

Venezuela e Brasil, e defende Lula diante o embate diplomático.

Carta utiliza a modalização do ser e do fazer: “Hugo Chávez é dado a

arroubos retóricos”; “declarações dele para criar um clima de crise políticas” - pelas

modalizações Mino quer demonstrar o que a mídia faz nestes casos de discursos

sensacionalistas. “Os congressos do Brasil e do Paraguai são notoriamente

conservadores” e “O fato é que Brasil e Venezuela têm interesses comerciais

recíprocos”, se eles têm, no caso, eles são dependentes comercialmente, de certa

forma.

O autor coloca uma citação direta de Lula como uma forma de intimidação:

“Para entrar, tem de ter a aceitação dos quatros membros do MERCOSUL. Agora,

para sair não tem regra”, Lula passa uma mensagem de “dever-fazer” à Chaves,

devido à necessidade de parceiros econômicos no continente. “O isolacionismo não

interessa a sociedade Venezuelana”, argumenta Mino Carta diante a pressão que

pensa que o governo venezuelano estava sentindo na época.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino Carta almeja demonstrar a força política

que o presidente Lula tem no continente. Ele começa o texto dando uma alfinetada

na cobertura da grande imprensa diante os discursos de Hugo Cháves “que grande

parte supervaloriza as declarações dele, para criar um clima de crise política,

também é sobejamente conhecido”. Mais uma vez a imprensa tida como

Page 65: Partidarismo na revista Carta Capital

65

sensacionalista para vendas é colocada no papel. Para reforçar o discurso direto

intimidador do presidente Lula, Carta argumenta com Rousseff: “Um dia antes, a

ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff haver dito que o país não aceitaria ultimatos”.

Dever-fazer a imagem positiva de Dilma.

No aspecto temporal Carta fica em dois dias, um dia antes com a citação da

ministra Dilma, e o dia anterior, quando Cháves encontrou com a Cúpula

presidencial do MERCOSUL. Carta usou o tempo para argumentar. Carta usa

figurativização com: “Cháves é dado a arroubos retóricos; A mídia supervaloriza

as declarações deles; A ameaça da Venezuela de desistir; Para entrar tem de ter a

aceitação ; Brasil e Venezuela têm interesses recíprocos.”

Os atores presentes no texto são: Hugo Cháves, Lula e Dilma Rousseff.

Page 66: Partidarismo na revista Carta Capital

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4ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°453 p18, 18 de Julho de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Como sempre, falta coragem

SUBTÍTULO : A tradição ganha. Na hora azada, a minoria leva vantagem com o apoio ou a omissão, do poder. No caso, levam vantagem a Globo e as múltis

FOTO: Lula e Renan Calheiros sorrindo ÍNDICE: ENQUANTO ISSO, Lula recomenda a Renan: não vai ao Senado,

assim não te pegam

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRÁRIOS: Lula X Cobertura da imp rensa

COMPLEMENTARES : Lula E Fábio, o Contempor izador

CONTRADITÓRIOS: Medo XX Sociedade Civil

SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta é a favor da sociedade civil e percorre

a modalização do ser para dizer que Lula é forte diplomaticamente comparando-o

com um personagem da história, sendo que a mídia quer crise política a qualquer

custo: “É natural que ele (Lula) tenha transferido essa qualidade para o terreno da

atuação política”. “Fábio, o Contemporizador, é fonte inesgotável de inspiração”. “A

situação é grave. Que polícia seria está a serviço da mídia?”

Através da Modalização do fazer Mino Carta utiliza o dever-fazer uma

cobertura isenta: “A Carta capital foi critica do governo em vários momentos; apoiou

abertamente sua candidatura”, se a revista foi então ela fez. “Saiu a respeito, na

última edição de Carta Capital o laudo do doutor Molina”. “A Assessoria de

Comunicação da PF de São Paulo, procurada por Carta Capital, informou não ter

prestado qualquer informação oficial à Folha”. Com isso diz que a Carta Capital fez a

apuração e agora denuncia (dever) mais uma notícia inventada da grande imprensa.

Como técnica da manipulação começa com a sedução classificando Lula

pelo modalizador querer-fazer Lula forte: “O presidente Lula, o Mediador

Recomendável , evoca remotas aulas de história, pois a tática assemelha-se à do

Contemporizador”; “Lula já exibia seu talento diplomático”; “Fábio, o

Contemporizador é fonte inesgotável de inspiração ”; “Em 2003, Olavo Setubal

dizia-se encantado com a atuação do ex-metalúrgico”.

Também percorre a intimidação através do dever-fazer criticando o governo e

cobertura da mídia: “O recuo ou omissão governista, beneficia os interesses da

minoria”, colocando valores negativos no governo esta é a primeira frase que crítica

Page 67: Partidarismo na revista Carta Capital

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de fato o governo Lula que o trabalho mostra diante a recomendação à Renan

Calheiros. “A mídia tripudia no apoio estratégico com a aparente colaboração de

delegados da própria PF” e “que polícia seria esta a serviço da mídia”, são outros

exemplo de provocação intimidadora. Frisa a provocação à Folha de S. Paulo pelo

dever-fazer jornalístico: “Saiu a respeito, na última edição de Carta Capital, o laudo

do doutor Molina constatando o óbvio: ali não há envelope (como a folha dizia ter).

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino Carta quer mostrar a força mediadora de

Lula e enxerga na possibilidade da Folha de S. Paulo ter sido beneficiada pela PF o

exemplo de falta de sociedade civil no Brasil. Carta objetiva dizer que apesar das

problemáticas de Renan Calheiros, Lula consegue mediar seu governo, o que

representaria um grande Líder – este é o efeito: “Lula sempre soube ser negociador

excelente”. Interessante notar que Carta assume a sua preferência por Lula no meio

do texto: “Em virtude da capacidade de Lula conciliar posições opostas, Carta

Capital apoiou abertamente a sua eleição e reeleição, por enxergar nele o mediador

necessário entre minoria e maioria”.

Carta critica mais uma vez a grande imprensa: “O segundo mandato,

conquistado contra uma feroz campanha midiática; A mídia tripudia, no apoio

estratégico, com a aparente colaboração de delegados da própria PF”, referindo-se

ao furo de reportagem da Folha de S Paulo daquela semana dizendo que “A PF

sabe da presença da grana na bolsa da funcionária de Gautama”. Neste ponto Carta

dá a sentença: “Relembro os anos de ditadura, sonhávamos com o nascimento da

sociedade civil. Parto adiado. Falta coragem”. Por ter vivenciado a ditadura e ter

sofrido perdas por causa dela, como a chefia de redação da Revista Veja,

frequentemente Carta relembra o período para comparar a atualidade diante as

expectativas de revanchismo que tem sobre regime militar.

De certo que a Folha de S. Paulo não diz quem da PF afirmou isso para o

jornal. “A Assessoria de Comunicação da PF de São Paulo, procurada pela Carta

Capital informou não ter prestado qualquer informação oficial à Folha”.

Pelo aspecto temporal, Mino percorre a época da ascensão do império

romano, “Os Romanos destruíram Cartago e jogaram sal sobre as ruínas”, para

chegar á época em que Lula era Metalúrgico: “Desde seus tempos de sindicalista,

Lula, sempre soube ser negociados excelente”. Depois da lembrança metalúrgica,

Mino Carta vai para 2002, época da eleição de Lula: “A carta aos Brasileiros que

Page 68: Partidarismo na revista Carta Capital

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funcionou como plataforma ideológica de Lula às vésperas de 2002, já exibia seu

talento diplomático”, relembrando o seu objetivo, que é demonstrar a força

diplomática de Lula. Segue para 2003: “Em abril de 2003, o doutor Olavo Setubal

dizia-se encantado com a atuação do ex-metalúrgico”. Depois vem para 2007 diante

a problemática da Gautama: “Um envelope pardo que uma funcionária do Gautama

teria entregue, com seu conteúdo de 100 mil reais”. Para voltar ao dia 20 de maio:

“Em 20 de Maio, o doutor Molina constata o obvio: ali não há envelope pardo”, com

isso Mino quer dizer que a Folha, de fato, inventou esta apuração, com o objetivo de

pressupor crise política no governo Lula.

Figurações do texto: “Aníbal chegou, atacou, arrasou, derrotou ; dizimou-

lhe o exército e pôs em fuga; Jogou sal; Lula sempre soube ser; A Carta aos

Brasileiros funcionou ; Carta Capital apoiou ; A omissão governista beneficiou ; O

doutor Molina constatou ; Carta Capital procurou a PF; correu risco, anotou e Mino

Carta empardeceu .”

Personagens do Texto: Mino Carta e receptores (“impávidos, assistíamos ao

espetáculo”), Lula como “Mediador Recomendável” e “o Metalúrgico”, Renan

Calheiros, Fábio “O Contemporizador”, Aníbal “O Cartaginês”, Cipião “O Africano” e

Olavo Setubal.

Page 69: Partidarismo na revista Carta Capital

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5ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°455 p18, 01 de agosto de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Presidente do povo, Por que não?

SUBTÍTULO : Lula continua acuado diante da mídia, derrotada no ano passado. E a maioria continua com ele, à espera de uma reação

FOTO1: Lula FOTO2: O ex-jurista Raymundo Faoro ÍNDICE1: INCERTEZAS. O presidente ainda tem espaço para recuperar o

tempo perdido ÍNDICE2: CERTEZAS. Faoro fala de uma elite que pretende a democracia sem povo

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL CONTRÁRIOS: Líder do Povo X Líder Burguês

COMPLEMENTARES: Líder do Povo E Lula

SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino Carta quer mais postura de Lula e enxerga

na postura marxista de Raymundo Faoro uma oportunidade para clamar por mais

atitude política de Lula. Um discurso mais de incentivo do que crítica ao presidente.

Modalização do “Ser” e “Fazer” – “Waldir Pires é cidadão honrado e político

coerente”, referente à revolta de Mino Carta diante a saída do ex-ministro da defesa;

Percebemos traços de sedução no discurso através do querer-fazer a imagem

positiva do Pires. Por outro lado, “o currículo de Nelson Jobim não prima pela

coerência”, provocando Jobim através do não dever-fazer Jobim como ministro.

“Ninguém deseja mais do que nós as reformas úteis” – pela sedução, nós,

brasileiros, merecemos. Mino quer-fazer o leitor entender que o PAC é necessário.

Carta intimida o presidente Lula para dever-fazer , de fato, o legítimo papel

dos presidentes dos pobres: “Isso teria que levar Lula a usar uma firmeza há tempo

deixada de lado. Apressar a aplicação do PAC, tomar decisões em relações a

questões pendentes ; Recorrer a panos quentes, tais como agradar o mercado, ou

omitir-se, ou recuar diante dá Globo que não quer a classificação indicativa, não

muda o preconceito atávico”.

Provocação: “E falta nitidez quanto às idéias e aos sentimentos do presidente

Lula”.

Page 70: Partidarismo na revista Carta Capital

70

SEMÂNTICA DISCURSIVA : Mino Carta pretende mostrar ao leitor a

identificação entre o presidente e o povo: ”Carta Capital tem a convicção que a

identificação entre o ex-metalúrgico é um dado da situação destinado a

permanecer”. Possui uma visão otimista quando aplica pensamento marxista de

Raymundo Faoro ao governo Lula: “Estas reformas devem ser feitas pelo povo” , no

caso um representante do povo. “Os índices de popularidade do presidente são

estáveis entre os brasileiros distantes do privilégio”. Mino percorre o tempo:

Começa no dia 20 daquele mês, quando o presidente Lula fez uma declaração com

relação à crise dos aeroportos. Depois vai para 1811, escrevendo o que Faoro

observou sobre Hipólito da Costa, ao sair o primeiro jornal brasileiro, Correio

Brasiliense: “Ninguém merece mais do que nós que estas reformas sejam feitas

pelo povo , para depois terminar o texto com o mesmo dia 20. Ele circula o tempo.

Na tematização temos: “Um crítico observou ; Carta Capital entendeu ;

Nelson Jobim não primou ; Os quepes acostumaram ; A Carta Capita declarou ; A

mídia não chegou ao povo; Foi lançado a reedição do livro de Raymundo Faoro;

Ninguém desejou mais reforma; O entendimento continuou na minoria; Lula usou

o PAC; Lula se omitiu diante a Globo”.

Os personagens do texto são: A Mídia; Mino Carta; os litores; Lula como

acuado, Raymundo Faoro; Waldir Peres como honrado e coerente; Nelson Jobim

como sem coerência e força; e Hipólito da Costa.

Page 71: Partidarismo na revista Carta Capital

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6ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°456 p18, 08 de agosto de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Brasil real e Brasil da fantasia

SUBTÍTULO : Temos dois países, aquele do povo, talvez a caminho do despertar, e aquele dos privilegiados doutrinados pela mídia.

FOTO: Lula tocando cavaquinho ÍNDICE: O NOSSO LUÍS XIV. Reconhece que até agora fez muito mais pelos

ricos do que pelos pobres

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRÁRIOS: Brasil Real X Brasil da fantasia

COMPLEMENTARS: Grande Imprensa E Elite

COMPLEMENTARES : Getúlio Vargas E Lula

COMPLEMENTARES: Geisel E Lula

SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino quer mostrar a diferença social do Brasil e

enxerga na possibilidade de comparar o governo de Lula com o de Vargas e Geisel,

todos beneficentes dos ricos, segundo autor.

Mino Carta percorre a modalização do “Ser”: “Esta é precisamente uma das

razões das críticas de Carta Capital ao ex-metalúrgico presidente”, referente aos

ricos estarem crescendo muito mais do que os pobres em 2007; “Inevitável é que

exibisse mirabolâncias, fantasmagorias”, se referindo as declarações de Mantega

quanto ao Brasil ser um paraíso econômico; “No país da Fantasia, por exemplo, Lula

é culpado pelo desastre de Congonhas”, referente às críticas da grande mídia diante

o governo. “Pois neste nosso infeliz País, as pessoas de nível de escolaridade mais

alto são as responsáveis seculares pelo estado de horror que assola o país”, aqui

Carta apenas parece ser crítico a isso, pois ele faz parte da mesma elite que crítica.

“Na opinião de Carta Capital, a nomeação de Nelson Jobim em lugar de

Waldir Pires é erro político”, assumindo, depois de muitas pressupões nas edições

analisadas passadas, a sua opinião explicitamente sobre a escolha do ministro da

defesa.

Mino provoca a elite capitalista e a grande imprensa: “Nossa burguesia e seus

aspirantes, com temperos de fantasia de sabor novelesco, graças à contribuição da

Page 72: Partidarismo na revista Carta Capital

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mídia nativa; a pobreza que toma conta da maioria da população não aproveita a

ninguém, à luz de um raciocínio capitalista e contemporâneo do mundo”.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino Carta objetiva mostrar que as coisas

erradas que a mídia divulga em nome de Lula na verdade encontra sua culpa na

própria elite defendida pela grande imprensa. Começa o texto condizendo que Lula

disse que os ricos ganharão muito mais do que os pobres. E mostra o fato por

dados, colocando o Brasil em terceiro pior país com má distribuição, ficando atrás de

Serra Leoa e Nigéria.

Crítica o governo Lula com isso dizendo que “o progresso produz inclusão”.

Depois começa a explicar a diferença dos dois Brasis: “O afastamento entre os dois

Brasis acentua-se inexoravelmente, separados pelo abismo em que fermentam a

miséria, a ignorância, a criminalidade”; Criticando a mídia: “Difícil, se não impossível,

para quem dá atenção aos órgãos midiáticos é perceber o Brasil real; No país da

fantasia Lula é culpado pelo desastre de Congonhas”.

Termina o texto dizendo que a culpa é da elite: “Pois, neste nosso infeliz País,

as pessoas e nível de escolaridade são responsáveis pelo horror que assola o país

a sanha predatória da sua elite”,

No tempo percorre começando com uma comparação da época de Vargas

com Lula, dizendo uma parte da carta de suicido de Vargas: “Os nossos burgueses

não entendem que sou a salvação dele”. Segue mais uma vez para a ditadura diante

a época de Geisel comparando novamente com a época de Lula – “Ernesto Geisel

definia o país como uma ilha de prosperidade .

Tematização: Vargas disse ; Lula foi mais específico; Lula devia refletir; O

afastamento dos dois Brasis ; Geisel definiu ; Mantega pronunciou ; Lula é

culpado ; Waldir Pires foi ; Nelson Jobim é; Dora Kramer lida ; Rodrigues avaliou ;

As pessoas de níveis mais altos são ;

Personagens: Getúlio Vargas; Lula; Carta Capital (apurando); Paulo Secches

o diretor-presidente da TNS InterScience, Ernesto Geisel como “diretor de plantão”;

Guido Mantega; Waldir Pires; Nelson Jobim; Luís XIV, o cientista político Leôncio

Martins Rodrigues e Luís XIV.

Page 73: Partidarismo na revista Carta Capital

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7ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°460, p19, 05 de setembro de 2007 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: As palavras no devido lugar

SUBTÍTULO : Livros sobre mortos e desaparecidos políticos irrita militares. Lula promete manter investigações

FOTO: Lula no dia de lançamento do livro ÍNDICE: LANÇAMENTO. Direito à memória e à verdade

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRÁRIOS: Democracia X Ditadura Militar

CONTRÁRIOS: Livro DITADURA X Militares

CONTRÁRIOS: Liberdade X Opressão

SEMÂNTICA NARRATIVA : Lula objetiva a lembrança da ditadura militar e

enxerga na possibilidade de inauguração de um livro a respeito à oportunidade de

voltar a criticar o período. Utiliza a modalização do “Ser” para estabelecer sua

opinião no início e no final do texto: “É esse direito que queremos resgatar sem

rancor, sem revanchismo de qualquer ordem; “Por ora, a imagem que resiste é a de

Elzita Santa Cruz, que discursou em nome dos familiares”. No caso, ele é realmente

contra a ditadura militar e guarda certo tipo de rancor da época, principalmente na

época do governo Geisel, que obrigou a Editora Abril tirar o nome dele da chefia de

redação da Veja que vivenciava sua época de ouro.

Os militares começam intimidando no texto de Mino: “Convidados para a

cerimônia, os comandantes das Forças Armadas não compareceram ”. E Jobim

termina no texto com um discurso direto intimidador: “Não haverá um indivíduo que

possa reagir, se houver , vai ser retrucado”. Modalizador dever-fazer pela

democracia.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: No início mostra a firmeza política de Lula diante

a abertura dos processos da ditadura que pouco a pouco vão sendo divulgados:

“Lula afirmou que as investigações do governo sobre os crimes da ditadura vão

continuar”. Depois, destaca que a falta dos militares no evento: “Os comandantes

das Forças Armadas não compareceram”. E, mesmo sendo contra a ascensão de

Jobim no Ministério da Defesa, Mino destaca uma citação positiva de Jobim: “Não

Page 74: Partidarismo na revista Carta Capital

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haverá um individuo que possa a isso reagir e, se houver, terá resposta”. Vale tudo

para criticar aquele período.

Mino não ultrapassa o limite do texto neste editorial, fica preso só ao encontro

e na ditadura - levemente. Tematiza como: Lula veio e afirmou ; os comandantes

não vieram e não pronunciaram; Jarbas Passarinho queixou-se ; Delfim Netto

(mesmo participando do governo ditatorial) não vê razão para não publicação do

livro; Nelson Jobim classificou e não tolerou ; Elzita Santa Cruz discursou .

Personagens: Lula; Os militares; O ministro dos governos militares Jarbas

Passarinho; Delfim Netto; Nelson Jobim; e, a Secretaria Especial dos Direitos

Humanos, e, a autora do livro.

Page 75: Partidarismo na revista Carta Capital

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8ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°482 p16, 13 de fevereiro de 2008 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: A mídia tucano-udenista

SUBTÍTULO : O caso do cartão não é edificante, mas o objetivo é sempre o mesmo

FOTO: Lula apontando o dedo indicador para o alto ÍNDICE: SURPRESA? O alvo é Lula, à sombra da hipocrisia tradicional

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL CONTRADITÓRIO: Lula XX Cartão Corpora tivo

CONTRÁRIO: Lula X Gr ande Imprensa

CONTRADITÓRIO: POVO XX SENADORES

CONTRÁRIO: MISÉRIA X RIQUEZA

SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino Carta quer a defesa de Lula perante os

cartões corporativos e enxerga uma possibilidade de colocar a culpa em FHC. Pela

modalização do “ ser ” e “ fazer ” : “O cartão não é edificante, más o objetivo é sempre

o mesmo”, referente aos freqüentes ataques da mídia à Lula. “As mazelas do poder

fazem parte da tradição e, em inúmeras oportunidades, contaram com o silêncio da

mídia” – mais uma critica a elite e à mídia. “O cartão foi criado no governo de

Fernando Henrique Cardoso”, condizendo que a culpa da problemática é de FHC e

não de Lula.

Mino utiliza a provocação comparativa com dados reais pela modalização

“dever-fazer” algo diante a injustiça: “enredos clássicos do País, onde apenas 5%

da população ganha mais de 800 reais , e os senadores autorizados a gastar 15 mil

por mês”. Outro exemplo de provocação com o “ dever-fazer” negativamente a

imagem desta cultura brasileira: “Estamos a viver, depois do carnaval, conforme

manda o nosso irresponsável figurino”.

Utiliza a tentação perante os inimigos do artigo: “O governo já agiu

convocando a CPI, com o objetivo diferente daquele desejado pelo clube tucano-

udenista”.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino objetiva defender os ataques a Lula devido

à problemática dos cartões corporativos, dizendo que a mídia nunca esteve tão

atenta como na era Lula: “Até o começo da era Lula, quando nenhuma ocasião

Page 76: Partidarismo na revista Carta Capital

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passou a ser perdida na tentativa de pôr o governo em dificuldade. E nem sempre as

mazelas alegadas foram provadas”. Depois se pergunta sarcasticamente: “fuzuê?

Escândalo? Crise do cartão corporativo. Logo após defende o governo: “agora o

governo age como velocista antecipasse a convocação da CPI e ele mesmo a

convoca, acabando com as perspectivas do clube tucano-udenista”. Para encerrar o

texto Mino alerta o leitor diante as futuras coberturas midiáticas: “Não se

surpreendam, mesmo que aconteçam, não deixem cair o queixo”.

No tempo Mino relembra que é período de pós-carnaval para condizer que a

grande mídia já começa a trabalhar: “depois do carnaval, conforme manda o nosso

irresponsável figurino, o ano de 2008 vem”. E vai até a época de FHC: “O cartão foi

criado no governo FHC”.

Mino tematiza seu texto: A mídia mergulha na história; os senadores estão

autorizados; As mazelas do poder fazem ; tentativa em por o governo em

dificuldade ; A mídia achou seu tema; o governo age como velocista; o cartão foi

criado por FHC.

Os personagens do texto são: A mídia como sentinela da “democracia”, Lula e

Fernando Henrique Cardoso.

Page 77: Partidarismo na revista Carta Capital

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9ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°492, p16, 22 de abril de 2008 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: A adesão incondicional

SUBTÍTULO : A mídia inventa para complicar o governo e não percebe que a identificação do povo com Lula é natural e automática

FOTO: Capa da Veja criticando o governo Lula ÍNDICE: FATO E VERSÃO. Veja ladra e a caravana passa. As críticas

cabíveis são bem outras

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRÁRIOS: Lula X Mídia

COMPLEMENTARES : Lula E Homem do po vo

SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino deseja defender Lula quanto à publicação

da capa da Veja que diz: “2026, Lula outra vez”, e enxerga na possibilidade da

publicação da Veja uma oportunidade de dizer que Lula é um representante do

povo, pois é partidário à Lula.

Modalização do “ Ser” e “ Fazer” : “A mídia inventa para complicar o governo e

não percebe que a identificação do povo com Lula é natural e automática (fazer) ; A

identificação com a maioria dos brasileiros deu-se como a manga nasce na

mangabeira (fazer) ”. “O homem é bom, muito bom de comunicação, e está longe de

carecer de carisma” (ser) ; “E isto é de conhecimento até do mundo oriental”,

referente à desigualdade social no Brasil (ser) .

Provocativo : “Diminuiu o fervor midiático em torno do famoso dossiê e logo

não falta quem informe qual fosse à verdade factual, que Lula está a ser tentado

pela idéia do terceiro mandato; Trata-se de insinuações atiradas ao vento na

pretensão de abalar o prestígio político do ex-meta lúrgico que virou presidente

da República”, referente à constante atividade da mídia em inventar crises políticas,

faz questão de dizer “ex-metalúrgico” com efeito de provocar o público elitizado.

Promove o “dever-fazer” jornalismo de verdade, e não o mentiroso, no caso da

revista Veja.

Sedutor : “O homem é bom, muito bom de comunicação, e está longe de

carecer de carisma”, referente à citação de Leonel Brizola referente ao sucesso de

Lula promovido por Mino. Utiliza o “querer–fazer” a imagem positiva de Lula.

Page 78: Partidarismo na revista Carta Capital

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Intimidador : “A minoria privilegiada repete as frases feitas que os jornalistas

e seus patrões lhe põem na boca, enquanto a maioria dos brasileiros forma a

caravana e passa ao largo, indiferente”. Usa o “dever-fazer” outro enfoque para a

mídia, pois o atual não abala a popularidade de Lula.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Mino fica em um só tempo – presente -

criticando a revista Veja por querer inventar uma nova crise depois que os cartões

corporativos não atingiram o governo. “Diminui o fervor midiático em torno do famoso

dossiê e logo não falta quem informe (no caso a Veja), qual fosse à verdade factual,

que Lula está tentado pela idéia do terceiro mandato”.

Pela tematização percorre: Os índices de aprovação fermentam ; Diminui o

fervor midiático - e logo não falta que informe ; Algo mudou a crença popular; A

minoria privilegiada repete ; A caravana percorre ; a atuação governista merece ; o

próprio Lula não pratica ; A mídia não conseguiu; Lula representa o povo .

Atores da reportagem: A revista Veja; Lula; Ibrahim Sued; Leonel Brizola e

Francis Drake.

Page 79: Partidarismo na revista Carta Capital

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10ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°519, p18, 28 de outubro de 2008 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Lula e Barack Obama

SUBTÍTULO : Discurso otimista na festa de Carta Capital e referência ao candidato negro cuja vitória seria por si só, sinal de mudança

FOTO: Barack Obama levantando a mão ÍNDICE: MEMÓRIA. O governo de Roosevelt resultou da crise de 1929.

Obama poderia ser um Roosevelt negro?

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

COMPLEMENTARES : Roosevelt E Barack Oba ma

COMPLEMENTARES : Lula E Bar ack Obama

CONTRÁRIO: Intervencionismo X Neoliberal ismo

COMPLEMENTARES : CLINTON E FHC

SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta quer mostrar a força de Lula e

enxerga nas eleições uma possibilidade de mostrar a esta força, pois é favorável a

Lula.

Modalização do “Ser” e “Fazer” : “Conheço bem a infância, a angustia e o

humor do presidente”, fazendo imagem de proximidade com Lula. “Se tornou o

presidente mais popular do Brasil”, fazendo crer que Lula é o melhor presidente do

Brasil de todos os tempos; “O presidente também faz referências ao império” –

utilizando o “querer-fazer” a imagem diplomática de Lula também no EUA.

“Ser” : “A importância da provável eleição do primeiro presidente negro”,

utilizando uma citação direta, colocando-o a favor de Obama. Ele também termina o

texto fazendo uma pergunta com o verbo ser no futuro imperfeito: E se Obama fosse

um Roosevelt negro?

Utiliza a sedução pelo “querer-fazer” uma imagem positiva diante a

constituição política de Lula. “Discurso otimista, como se espera de quem amargou

três derrotas eleitorais sem sofrer maiores abalos interiores; Bush Jr. o procurava

para uma conversa telefônica”. Mino percorre também a sedução quando espera

que Obama tenha um caráter de partido democrata: “Em termos de desenvolvimento

econômico e social, os EUA viveram a sombra do Partido Democrata um período

muito favorável, com Roosevelt“.

Page 80: Partidarismo na revista Carta Capital

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Provoca o neoliberalismo rotulando Obama e Lula: “capacitados a forçar

definitivamente o funeral do neoliberalismo que em pouco mais de três décadas

conseguiu exasperar a desigualdade” - querendo fazer o túmulo dos neoliberais.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Carta começa o texto no momento atual do

Brasil: “O presidente diz que na vida do brasileiro a crise é constante”. Depois, volta

em duas épocas em uma só sentença: “Conheço bem a infância de Lula, evocada

na primeira entrevista que ele me deu, faz 31 anos” - para trazer Lula na festa da

Carta Capital - “Na noite de segunda-feira passada fez um belo e honesto discurso

ao encerrar a festa de Carta Capital ”. Na sequência, volta á época de Lula

comparando ele com outros períodos: “Lula se tornou o presidente mais popular do

Brasil desde Deodoro, sem exclusão de Getúlio e Juscelino”. Para ir mais adentro e

ganhar valor agregado Carta internacionaliza a informação: “e eu soube dele, em

conversa lateral, que Bush Jr. o procurava para uma conversa telefônica. Obama,

obviamente, surgiu à cena”. Mino taxionômica Obama: “E se Obama fosse um

Roosevelt negro”.

Na figuratização: “Lula diz ; Lula é abandonado pelo pai; primeira entrevista

que ele me deu ; fez um belo discurso ao encerrar a festa de Carta Capital ; tornou

o presidente mais popular do Brasil ; enxergou na crise uma oportunidade; Bush

Jr. o procurou para uma conversa telefônica; Obama surgiu em cena; o presidente

me disse; E se Obama fosse um Roosevelt negro ?; Obama vai intervir na

econômica como Lula esta intervindo em detrimento d e 8 anos de liberalismo

da era Bush e é comparado por este aspecto em nível profundo. .

Personagens: Lula com sua família; Carta Capital; Deodoro da Fonseca;

Getúlio Vargas; Juscelino Kubichech; Bush Jr.; Barack Obama e Roosevelt

Page 81: Partidarismo na revista Carta Capital

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11ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°523, p16, 26 de novembro de 2008 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: E Lula assinou

SUBTÍTULO : O decreto presidencial permite a união das empresas da telefonia. Mas as aplicações vão além da mera questão econômica

FOTO: Lula fazendo bico ÍNDICE: S/em índice

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRADITÓRIOS: Protógenes Queiroz XX PF

COMPLEMENTARES: Protógenes Queiroz E Investigações

CONTRÁRIOS: Lei X Ordem

CONTRÁRIOS: Lula X Crise política

SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino quer defender Lula de uma crise no governo

e enxerga no afastamento do delegado Protógenes Queiroz a possibilidade de

defender seu ideal. Pela modalização utiliza o “querer-fazer” o receptor entender o

impacto sobre a problemática de Protógenes: “Ao ponto de provocar uma guerra

interna na Polícia Federal; De qualquer forma, o doutor Queiroz produziu durante

quatro anos farto material, suficiente para explicar parte essencial das relações de

poder no Brasil .

Utiliza a intimidação para “dever-fazer” temor diante a todos aqueles que

temem a revelação da investigação de Protógenes: “Já o delegado Queiroz continua

sentado sobre uma espécie de caixa de Pandora. As conseqüências são

imprevisíveis , se o conteúdo desta caixa vier à tona”.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Começa próximo: “Nesta quinta-feira 20”. Depois

relembra a Operação Satiagraha: “Sob o comando do delegado Protógenes Queiroz,

a Operação Satiagraha”. E termina o texto na mitologia: “Sentado sobre uma

espécie de caixa de pandora”.

Temporalização: “O decreto presidencial permitiu ; as implicações foram

alem ; Sinal verde para a OI; Protógenes Queiroz provocou ; O delegado está

Page 82: Partidarismo na revista Carta Capital

82

sendo ; Queiroz produziu ; Lula assinou ; e Queiroz continuou sentado sobre uma

espécie de caixa de pandora”.

Actorização: Lula; Protógenes Queiroz; Ricardo Saadi como substituto de

Queiroz e Pandora.

Page 83: Partidarismo na revista Carta Capital

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12ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°563, p21, 16 de setembro de 2009 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Lula e Sarkozy afinados

SUBTÍTULO : DEFESA, O Brasil pode ficar também com caças franceses FOTO: Lula e Sarkozy com poses informais, brincando ÍNDICE: ELOS. No Brasil, Sarkozy assinou venda de submarino nuclear

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

COMPLEMENTARES : Lula E Sa rkozy

CONTRADITÓRIOS: Lula X Boei ng

SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino quer demonstrar a afinidade entre Lula e

Sarkozy e enxerga na possibilidade da compra de aviões militares por parte do

Brasil uma forma para demonstrar o seu desejo, explicitando a força de Lula.

Utiliza a modalização do “fazer” para demonstrar o que o acordo entre os

presidentes provoca: “Ao mostrar preferência pelo caça francês, Lula colocou as

força armadas em uma saia justa”, pois as mesmas esperavam que o acordo fosse

mais discutido em favor da empresa americana Boeing.

Mino utiliza uma citação direta de Marco Aurélio Garcia para explicar as

razões de fechar o acordo com os franceses, fazendo o receptor ficar ainda mais

descrente diante os aviões americanos: “E os antecedentes americanos não são

bons”.

Provocação : Utiliza um argumento provocativo utilizando uma citação direta

de Garcia para “dever-fazer” o receptor crer que Lula está agindo corretamente

nesta compra. “Em tom irônico, Garcia afirmou que gosta de levar em conta os

antecedentes das partes envolvidas, E os antecedentes americanos, no caso dos

Super Tucanos da Embraer, não são bons”.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Carta percorre o tempo com os três dias de

encontro dos presidentes: “O encontro do dia; Nos dias seguintes o governo mudou

o tom. Na quarta-feira 9”. Tematização: Sarkozy assinou ; Lula mostrou-se ; o

convênio previu ; Lula deu sinal ; os termos mencionam ; Lula aproveitou ; o

governo brasileiro mudou ; Garcia afirmou .

Page 84: Partidarismo na revista Carta Capital

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Personagens do texto: Lula; Nicolas Sarkozy; Forças Armadas Brasileira;

Rafale – empresa de aviões franceses; Embraer; Boeing, empresa americana de

aviões; Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais de Lula.

Page 85: Partidarismo na revista Carta Capital

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13ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°568, p21, 21 de outubro de 2009 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Lula, Agnelli e o papel da Vale

SUBTÍTULO : DISPUTA. A mineradora não é apenas uma empresa privada, ambos sabem

FOTO: Lula e Eike Batista, os dois sorrindo ÍNDICE: Arranjo. O importante é preservar os avanços

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRADITÓRIOS: Lula XX Grand e imprensa

COMPLEMENTARES: Lula E Agnell i

CONTRÁRIOS: Intervencionismo X Liberalismo

SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta que criticar a grande imprensa e

enxerga na possibilidade do intervencionismo do governo na mesma uma

oportunidade para mostrar que colunistas e editorialistas estão equivocados.

Mobilização do “Ser” : “Não é fato suficiente, porém para justificar a mais

recente mobilização das tropas salvadoras do capitalismo”, finge elogiar a grande

imprensa de uma forma sarcástica dizendo que ela se considera a salvadora do

mundo ocidental em criticar o intervencionismo de uma empresa considerada mais

particular do que pública. “Portanto, a mineradora é uma companhia pública de

capital misto”, diz isso condizendo que grande parte do capital da Vale pertence ao

BNDES, portanto ao Estado. Com isso, para Mino, não existe motivo para críticas ao

governo na intervenção da Vale. Termina o texto dizendo que o que a mídia

esperava não ocorreu: “Talvez esperassem de Agnelli um duela verbal com o

presidente, mas isso não é do feitio do presidente.

Modalização do “Fazer” : Utiliza a modalização para justificar para o receptor

o intervencionismo de Lula: “Roger Agnelli tornou a Vale uma das maiores

empresas do mundo no setor; a mineradora exagerou quando anunciou cortes

preventivos na produção e nos empregos”.

Provocação : “A mineradora não é apenas uma empresa privada, ambos

sabem”, provoca aos críticos do intervencionismo de Lula. Justificando o dever-fazer

de Lula ao leitor.

Sedução : “A entrada em cena do acumulador de dinheiro Eike Batista e a sua

mirabolante proposta”, começa o texto com a frase sedutora para dizer que os

Page 86: Partidarismo na revista Carta Capital

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rumores sobre o mal estar entre governo e Vale esta errada; “Não é fato para

justificar a mais recente mobilização entre tropas salvadoras do capitalismo, sempre

em prontidão nas redações, contra o que seria outro espasmo do Palácio do

Planalto”, sedução a grande imprensa com o objetivo de diminuí-la; “Talvez

esperassem de Agnelli um duela verbal com o presidente, mas isso não é do feitio

do presidente”, pressupõe que nem Agnelli e nem Lula são sensacionalista como a

grande imprensa.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Carta percorre o tempo: Com o LIDE tradicional

Mino começa o texto explicando um pouco sobre o Papel da mineradora Vale.

Depois relembra quando a Vale foi privatizada: “Convém lembrar que o acordo de

acionistas após a privatização de 1997”. Pula para a virada entre o ano 2008 e 2009:

“Na virada do ano anunciou cortes preventivos na produção e nos empregos”.

Termina o texto pinicando a grande imprensa provocativamente: “Entrincheirados

atrás de mesas e computadores, colunistas e editorialistas continuam a produzir

textos tão definitivos quanto sofisticados”.

Figuratização: Eike Batista propõe ; Seria um espasmo estatista ; A União

reclamou ; Roger Agnelli alcançou ; a mineradora exagerou e anunciou cortes;

Agnelli explicou isso a Lula, o que irritou certos colunistas; Colunistas e

editorialistas continuam .

Os personagens da reportagem são: Lula, o empresário Eike Batista, como o

acumulador de dinheiro; Vale; Bradesco; BNDES; Roger Agnelli, diretor da Vale;

Colunistas e editorialistas como defensores da tirania.

Page 87: Partidarismo na revista Carta Capital

87

14ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°583, p12, 17 de fevereiro de 2010 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Pecado Capital SUBTÍTULO : FHC cai na armadilha de Lula e na prática, fortalece a ideia de

eleição plebiscitária FOTO: FHC fazendo careta. ÍNDICE: Vanitas vanitatum . Dilma Rousseff esfrega as mãos de

contentamento e José Serra fica incomodado

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL CONTRÁRIO: FHC X LULA

CONTRÁRIO: VAIDADE X POPULAR

CONTRÁRIO: INVÉJA X POPULARIDADE

CONTRÁRIO: GRANDE IMPRENSA X LULA

SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino Carta quer mostrar que Lula soube se

adaptar as acusações de terceiro mandato e enxerga no enfoque da grande

imprensa em destacar a idéia de plebiscito estimulada por FHC uma boa

oportunidade para atacar e imprensa e defender Lula.

Modalização do “Ser” : “É de conhecimento até do mundo mineral que FHC é

vaidoso; FHC é pecador contumaz; A Folha de S. Paulo tem sido bom intérprete do

pensamento serrista; O certo é que FHC fortalece a ideia de plebiscito; Através de

frases provocativas estimula o dever-fazer a imagem negativa de FHC.

Modalização do “Fazer” : “Mesmo os amigos mais chegados de FHC lhe

apontam o pecado”; “Este aspecto de personalidade do ex-presidente não passam

despercebido aos olhos do Pão de Açúcar e da Pedra do Baú”. Argumentando até

mesmo diante a juventude de FHC, Mino Carta intitula FHC, comparando com Lula -

“Se a vaidade de FHC se estabelece, Lula vence, pois é exatamente a vitória que

procura“, Mino utiliza a intimidação pelo “dever-fazer” imagem negativa de FHC ao

leitor, pois a imagem que o ex-presidente gostaria de ter que era a de sucesso

presidencial, não é dada por Mino. “FHC quebrou o Brasil três vezes, terminando

sua obra prima com engodo presidencial”

Provocação : “A taxa de pobreza caiu de forma aguda comente sob Lula”; “a

folha foi generosa com o ex-presidente, aquele que o mundo nos invejou, não é

Page 88: Partidarismo na revista Carta Capital

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mesmo? Aliás, Lula atingiu uma popularidade mundial com que FHC nunca sonhou”.

Utiliza a provocação para o “dever-fazer” Lula como incomparável a FHC.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Temporalização: “Iam às calçadas paulistanas

na noite da corrida de São Silvestre para torcer pelo tcheco Emil Zatopek”, referente

à juventude de FHC e seus amigos. Depois vai para o Rio de Janeiro: “aos olhos do

Pão de Açúcar e da Pedra do Baú”. Para chegar ao primeiro domingo e terça de

fevereiro: “Interessante as repercussões na mídia nativa. O Estadão, por exemplo,

com patética insistência, orgulha-se por ter publicado no domingo 7; “Já a Folha na

terça”. Para voltar no tempo na sequência textual: “No caso da pobreza, ela

permaneceu estável de 1996 a 2002”. Partindo para o Estados Unidos dos anos 90

– “Protegido de Clinton”. Chegando até a “chacina dos Carajás” onde “dezenove

morreram diante do descaso de FHC” - terminando o texto em uma figura frequente

nas críticas da revista, se indagando o porque do esquecimento da imprensa

perante Dantas: “E por que não evocar a figura onipresente de Daniel Dantas”?

Figuratização: “Fernando Henrique é vaidoso ; Lula, um expert em FHC; FHC

é pecador ; Lula vence ; Lula adaptou-se ; repercussões da mídia nativa; O Estadão

orgulha-se , Já a Folha de S. Paulo levanta-se ; Exemplo do pensamento serrista ;

A pobreza permaneceu ; A Folha foi generosa ; Lula atingiu ; FHC quebrou o Brasil

três vezes”.

Personagens do texto: Lula como “expert de FHC”; FHC como “vaidoso”’,

“pecador”, “protegido de Clinton”, a “bomba atômica”; Dilma Rousseff; Emil Zatopek

como a “Locomotiva Humana”; O Estadão; Folha de S. Paulo; Bill Clinton; MST e

Daniel Dantas.

Page 89: Partidarismo na revista Carta Capital

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15ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°584, p13, 24 de fevereiro de 2010 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: O PT, Dilma e o pós-Lula SUBTÍTULO : FUTURO. Aos 30 anos, um partido diante de uma nove era FOTO: Um trabalhador dormindo embaixo das estrelas do PT ÍNDICE: TOM. Mais difícil do que divergir dos tucanos é um duo com o PMDB

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

COMPLEMENTARES : PT E Lula COMPLEMENTARES : Dilma E Lula

SEMÂNTICA NARRATIVA: Mino quer divulgar a candidatura de Dilma e

enxerga no congresso do PT uma oportunidade para divulgar as dificuldades que

Dilma terá caso chegue à presidência da República.

Modalização do “Ser”: Mino explica os dois lados do 4°Congresso Nacional

do PT: “O primeiro é simbólico, festivo, pois ele comemora os 30 anos de partido. O

segundo pode ser perturbador: pela primeira vez, Lula não será indicado candidato

a qualquer cargo”. Ressalta como mais importante a falta de Lula nestas eleições do

PT.

Modalização do “Fazer” . Mino diz que o PT não é mais o mesmo: “Em 30

anos, muita coisa aconteceu. E o PT mudou a se afastou dos objetivos iniciais.

Sedução : “Querer-fazer” uma introdução sedutora ao leitor “O 4° Congresso

tem contornos especiais ”

Provocação : “Dever-fazer” provocação ao PT. “Defendia então as

bandeiras claramente socialistas”; “O PT se afastou dos objetos iniciais”

Intimidação : “Dever-Fazer” intimidação à Russef, “O programa que ela se

proporá a cumprir tem de ser amplo para satisfazer sem traumas os integrantes do

grande leque de alianças que dará sustentação à sua candidatura. Tarefa nada

fácil ”.

SEMÂNTICA DISCURSIVA: Carta percorre o tempo: “O 4° Congresso

Nacional do Partido dos Trabalhadores, aberto na quinta-feira 18; Fundado

oficialmente em 1980, já em 1982 apresentava o então metalúrgico; Depois, foi

candidato à Presidência da República em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006”.

Figuratização : Fundado oficialmente em 1980; Defendeu as bandeiras

socialistas; Os anos se passaram ; Lula foi candidato ; Lula foi o grande condutor

Page 90: Partidarismo na revista Carta Capital

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do partido; Em 30 anos, o PT se afastou dos objetivos iniciais, Lula lançou Dilma

Rousseff como eventual sucessora.

Actorização : PT, Lula como o grande condutor do partido; Dilma Rousseff;

PSDB; DEM; PMDB.

Page 91: Partidarismo na revista Carta Capital

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16ª ANÁLISE EDIÇÃO: n°587, p19, 17 de março de 2010 EDITORIAL : A Semana, de Mino Carta TÍTULO: Equívocos sentimentais

SUBTÍTULO : DIREITOS HUMANOS. Lula erra ao defender Cuba e criticar dissidentes em greve de fome

FOTO: Lula abraçando Raul Castro ÍNDICE: Relações. Há outras maneiras de apoiar Raul Castro

SEMÂNTICA FUNDAMENTAL

CONTRÁRIOS: Opressão X Lib erdade

CONTRADITÓRIOS: LULA XX Mino C arta

CONTRADITÓRIOS: LULA XX Greve d e fome

SEMÂNTICA NARRATIVA : Mino Carta que defender os dissidentes cubanos

refugiados no Brasil e enxerga na ação de Lula uma oportunidade para criticar o

governo

Modalização do “Ser” e “Fazer” : Através de uma comparação usa as duas

modalizações na sequência para argumentar sua opinião: “Quando metalúrgico, Lula

valeu-se da greve de fome para denunciar os arbítrios da ditadura, se Lula mudou

de ideia é uma questão pessoal e não pode servir para condenar quem ainda

acredita neste instrumento de protesto secularmente adotado de leste a oeste do

planeta”

Intimidação . “Dever-fazer”: “O presidente Lula equivoca-se no caso dos

dissidentes cubanos em greve de fome ”.

Provocação: “Dever-fazer”. “A dita esquerda brasileira (e Lula, que diz não

ser de esquerda, parece ter embarcado nesta) tem usado de certa leviandade no

caso”. “Parte de esquerda, se assim podemos chamar, comporta-se como espelho

da mídia tradicional que tanto critica, é engraçado ver, por exemplo, os textos do ex-

ministro José Dirceu em seu blog”, referente à opinião de Dirceu que condiz que os

cubanos são culpados e Batistti não.

SEMÂNTICA DISCURSIVA - Temporalização: Lula começa com o Lide: “O

presidente Lula equivoca-se no caso dos dissidentes cubanos em greve de fome”.

Depois volta na vida política de Lula: “Quando metalúrgico Lula valeu-se da greve de

fome para denunciar os arbítrios da ditadura. Depois vai para uma comparação

Page 92: Partidarismo na revista Carta Capital

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geográfica; Até os cactos do Semiárido estão secos de saber” E termina no

ambiente virtual: “Os textos do ex-ministro José Dirceu em seu blog”.

Figuratização: “O presidente equivoca-se; Lula já valeu-se da greve de fome;

Lula mudou de ideia; A dita esquerda foi leviana; Parte da esquerda comporta-se

como espelho da mídia tradicional; Os meios de comunicação são hipócrita; José

Dirceu acha que os cubanos são criminosos e que Cesare Battisti não é”.

Personagens: Lula como leviano; Tamayo e Fariñas, os dissidentes cubanos;

José Dirceu; Cesare Batistti

Page 93: Partidarismo na revista Carta Capital

93

CONCLUSÃO

O jornalismo político desempenha um importante papel na democracia

brasileira. Através dele a população fica informada sobre os passos de nossos

representantes políticos. A concorrência do jornalismo político impresso a cada dia

fica mais acirrada. Isto faz com que eles elaborem novas formas de enfoque para

atrair mais leitores. Porém uma coisa não mudou em sua essência, o editorial. Ele

continua representando a opinião das redações diante os fatos cobertos pela revista.

Quem escreve o editorial da revista Carta Capital é Mino Carta. Ele possui

muita experiência no campo do jornalismo político. Os textos analisados são

carregados de simbolismos e representações. Se levarmos em conta que o editorial

é a visão da redação com relação aos fatos cobertos, entendemos que a revista

Carta Capital é partidária ao governo Lula. Dos dezesseis editoriais analisados

através do Percurso Gerativo de Sentido, apenas um criticava, de fato, as ações do

governo Lula, que foi o último texto analisado que falava sobre os dissidentes

cubanos refugiados no Brasil após o encerramento dos últimos jogos pan-

americanos.

Nos outros 15 textos Mino Carta defendeu Lula. Com o nível fundamental

procurou mais comparar os personagens de seu texto com uma forma contraditória.

Taxando o outro lado, na maioria dos exemplos, com uma forma provocativa. A

provocação está presente, em sua plenitude, em 13 dos 16 textos analisados.

É perceptível que Mino Carta tem muita experiência tanto no campo do

jornalismo político, com relações particulares com o poder, como no campo da

literatura, pois para provocar sentido no seu texto costuma a passar as barreiras do

limite do tempo. Os locais mais preferidos são: Roma antiga e a ditadura militar

brasileira (1965-1989), vista sua vivência na época.

Mino Carta costuma a criticar o enfoque dado pela grande imprensa diante os

passos de Lula. Para ele, a grande imprensa nunca aceitou o ex-metalúrgico no

poder. De 16 textos analisados apenas cinco não citam a imprensa, sendo que toda

vez que é mencionada é tida como contraditória ou contrária, nunca complementar.

As empresas jornalísticas mais citadas são: A revista Veja, A Folha de S. Paulo e a

rede Globo. Os assuntos referentes vão desde questões éticas de coberturas até

Page 94: Partidarismo na revista Carta Capital

94

questões de nível legislativo, como a classificação de faixa etária para programas

televisivos diante as novas leis.

É perceptível que existe um clima de revanchismo nos editoriais analisados.

Por isso Mino relembra frequentemente alguns enfoques equivocados, no seu

entender, dados pela grande imprensa. Aparentemente ele se sente ressentido pelo

episódio na revista Veja, durante o governo ditatorial de Geisel, culminando com sua

saída da chefia da revista, forçada pela censura. Os seus sentimentos estão

explícitos nos textos, Mino encontro na figura de Lula uma grande oportunidade de

fidelizar um público que combina com seu viés partidário, e ao mesmo tempo, banca

uma revista que explicita, mais do que um jornalismo de novo enfoque, sua própria

opinião diante os fatos. Uma forma de fazer um jornalismo com cara de reivindicativo

Este trabalho também demonstrou que a imparcialidade é um mito, onde as

emoções do editorialistas estão acima da isenção e igualdade de enfoque entre

governo e oposição. A teoria mostrou-se mais uma vez muito perspicaz diante seu

objetivo, demonstrar o trajeto de sentido que o autor almeja gerar diante o receptor.

Este trabalho é apenas mais um exemplo que comprova a genialidade de Greimas

no diante o Percurso Gerativo de Sentido, que revolucionou e impactou os estudos

semióticos no que tange a elementos textuais até os dias de hoje. Concluindo, no

que tange o Percurso Gerativo de Sentido, o editorial da revista Carta Capital é

partidário de Lula e do PT.

Page 95: Partidarismo na revista Carta Capital

95

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