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Finanças DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS SEXTA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2015 17 *ATÉ 31 DE MAIO DE 2015 FONTE: ANBIMA ESPELHO DAS INCERTEZAS Rentabilidade de cada tipo de aplicação por período Em % DÓLAR OURO CARTEIRA IMA-B IPCA CARTEIRA IMA GERAL CARTEIRA IRF-M PRÉ TESOURO SELIC DI CDB POUPANÇA AÇÕES IBOVESPA DÓLAR OURO CARTEIRA IMA-B IPCA CARTEIRA IMA GERAL CARTEIRA IRF-M PRÉ TESOURO SELIC DI CDB POUPANÇA AÇÕES IBOVESPA Em maio 2015 Em 12 meses * Investidor de perfil conservador deverá estar atento ao movimento do ciclo da taxa Selic em 2015 para aproveitar mais ganhos em posições pós-fixadas e pré-fixadas com papéis públicos federais Cenário para 12 meses promete juros de mais de 13% em carteira de títulos INVESTIMENTOS Ernani Fagundes São Paulo [email protected] No cenário mais pessimista para aplicações financeiras de renda fixa, o investidor de per- fil conservador poderá alcan- çar ganhos de 13,6% nos pró- ximos 12 meses com a alocação em títulos públicos federais, sendo 70% em pós-fi- xados e 30% em pré-fixados. “Os juros básicos só devem cair no médio prazo”, argu- mentou o economista-chefe da BNP Paribas Asset Mana- gement, Eduardo Yuki, ao apresentar sua carteira de in- vestimentos aos participan- tes do Seminário Mercer de Previdência, realizado on- tem, em São Paulo. Em linha semelhante, o só- cio e gestor da Brasil Plural, Carlos Eduardo Rocha, acre- dita que a taxa básica de ju- ros (Selic) provavelmente de- verá subir mais 0,5% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Co- pom) do Banco Central. Atualmente, a Selic está em 13,75%, ou seja, os juros pós-fixados da Letra Finan- ceira do Tesouro (LFT) po- dem subir a 14,25% ao ano. Nesse cenário, a carteira sugerida pela Brasil Plural para os próximos 12 meses aos investidores de perfil conservador indica composi- ção de 30% em títulos pós-fi- xados (Tesouro Selic), 10% em papéis pré-fixados, 30% em indexados à inflação (Te- souro Inflação IPCA), e ou- tros 21% em fundos multi- mercados concentrados em renda fixa, 2% em multimer- cados macro, 2% em multi- mercados multiestratégia, e apenas 5% em ações. “No cenário mais pessimis- ta, a projeção dessa carteira é de um retorno de 12,92%, e num cenário mais otimista, de 16,36%”, calculou o gestor da Brasil Plural. Na visão de Yuki, o atual momento recessivo da econo- mia brasileira será bom para controlar a inflação e obter ga- nhos reais na renda fixa no curto prazo. “Nenhum país do mundo faz um ajuste na eco- nomia em apenas um trimes- tre ou um ano, a confiança dos empresários está caindo mais, e a queda no PIB [produto in- terno bruto] será mais violenta no segundo semestre”, afirma. O economista-chefe da BNP Paribas Asset Management contou aos participantes do seminário que sua gestora op- tou pelo conservadorismo e que os juros nominais estão atrativos para vencimentos até 2018. “Estamos em letras fi- nanceiras (LFs) de instituições bancárias de baixo risco de crédito [grandes bancos]”. Oportunidades em ações Já Rocha também confirma o quadro recessivo para a econo- mia brasileira. “O segundo se- mestre será bastante sofrido. Mas não estou pessimista, mas sim, olhando os preços e as oportunidades”, diz o gestor. No quadro para renda variá- vel (ações), Rocha argumenta que diante dos juros altos, é preciso procurar companhias sólidas com retorno de capital acima de 20% ao ano. Ele citou o setor financeiro, e mais espe- cificamente, o papel da Cielo, cuja atividade em cartões fatu- ra com aumento das receitas com recebíveis de crédito, no atual momento de restrição de financiamentos bancários. O gestor também mencio- nou oportunidades em com- modities (Suzano e Klabin), alimentação (BR Foods) e ain- da em consumo (Lojas Renner e Lojas Americanas). “No caso dos bancos há o risco do au- mento dos impostos em JCP [juros sobre o capital próprio]”, ponderou Rocha sobre sua ci- tação ao setor financeiro. Questionado sobre o poten- cial de valorização dos papéis da Petrobras, Rocha afirmou que outras companhias pos- suem potencial melhor. “Prefi- ro ficar de fora de Petrobras, não queremos empresas tão alavancadas [endividadas], a dívida da empresa é 5 vezes a sua geração de caixa”, disse. Por outro lado, o gestor da Brasil Plural comentou que a Petrobras poderá surpreender em desinvestimentos, ou seja, na venda de ativos. “Uma pos- sível listagem da BR Distribui- dora”, apontou Rocha. Yuki também não vê pers- pectivas para os papéis da Pe- trobras. “O petróleo não deve ter uma explosão de preço, há muitas incertezas pela frente”, diz o economista-chefe. A carteira de ações mencio- nada por Yuki inclui os gran- des bancos, empresas de logís- tica e de proteínas. “O mundo está se abrindo para a carne brasileira”, argumentou sobre os setores mais dinâmicos. Apesar de o dólar ter avan- çado mais de 40% nos últimos doze meses, ambos os profis- sionais do mercado alertaram para o risco em aportar recur- sos em fundos cambiais. “Essa é sempre a pergunta mais difí- cil. A presidente do Fed [Fede- ral Reserve, o banco central americano] vai ser cuidadosa na elevação dos juros nos Esta- dos Unidos, e com isso, a valo- rização do dólar será de forma mais amena”, aponta Yuki. Rocha também alertou para o risco dos fundos imobiliários devido aos juros altos. “O ce- nário para fundos imobiliários está desfavorável e vai piorar mais, antes de melhorar”, diz. CVM quer revisão do Novo Mercado na Bolsa AÇÕES O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira, disse on- tem, durante abertura de evento sobre governança cor- porativa, em São Paulo, que o momento parece ideal para se iniciar uma discussão sobre reforma do Novo Mercado. Este é o segmento da bolsa brasileira com as mais altas exigências de governança. “Chegou a hora de dar um passo à frente e discutir real- mente uma reforma no Novo Mercado, ou ele poderá ficar caduco”, disse Pereira. Segundo ele, o segmento, quando criado, há 15 anos, mudou significativamente o mercado brasileiro, colocan- do o País até mesmo à frente de outros no quesito de go- vernança corporativa, mas após esse evento houve uma certa acomodação. “Fizemos um avanço tão grande e se to- mou uma posição de que não se precisa fazer tanta coisa”, afirmou Pereira, dizendo que por conta disso o Brasil pode ter ficado para trás. Uma discussão em torno do Novo Mercado ganhou muita força recentemente, diante da saída do segmento da rede de laboratórios Dasa, aprovada nesta semana. A facilidade da empresa listada no Novo Mer- cado sair do segmento vem sendo questionada por mino- ritários. Diferente de ofertas públicas de aquisição (OPA) para fechamento de capital de uma companhia, por exemplo, na saída de segmentos de go- vernança não é exigido um quórum para aprovação, além de ser permitido o voto do controlador. /Estadão Conteúdo Operações feitas com cartões cresceram 11% ano passado CONSUMO O volume de operações com cartão de crédito em 2014 cresceu 11%, para R$ 593 bi- lhões, informou o Banco Cen- tral ontem, por meio do Rela- tório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro, que contém as estatísticas de vare- jo e de cartões de 2014. A alta, porém, vai em linha com o verificado nas demais linhas de financiamento bra- sileiro e representa uma de- saceleração, já que em 2013 o aumento do uso do dinheiro de plástico na função de cré- dito havia sido de 15% sobre o ano anterior. Essa desacele- ração também foi vista no segmento de débito, que mo- vimentou R$ 348 bilhões no ano passado. A alta de 19% também foi mais baixa do que a de 2013, de 23%. O crescimento do número de transações com cartão de débito se manteve estável em 2014, com 15% em compara- ção ao ano anterior, o equiva- lente a 5,6 bilhões de transa- ções o aumento nas operações com cartão de cré- dito foi de 7%, ou 5,4 bilhões. O juro do rotativo do cartão de crédito, de acordo com o pró- prio BC, ficou em 347,5% ao ano em abril. O relatório divulgado pelo BC destaca também o "avan- ço" na segurança no Sistema de Pagamentos Brasileiro. O total de transações com car- tões de crédito feitas via chip foi de 77% do total em 2014. Já o dos pagamentos com tarja magnética caiu de 14% para 5%. /Estadão Conteúdo

Cenário para 12 meses promete juros de mais de 13% em ... · pós-fixados da Letra Finan-ceira do Tesouro (LFT) po-dem subir a 14,25% ao ano. Nesse cenário, a carteira ... tou pelo

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Finança sDIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS � SEXTA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 20 1 5 17

*ATÉ 31 DE MAIO DE 2015 FONTE: ANBIMA

ESPELHO DAS INCERTEZAS Rentabilidade de cada tipo de aplicação por período Em %

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CARTEIRA IMA-B IPCA

CARTEIRA IMA GERAL

CARTEIRA IRF-M PRÉ

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CARTEIRA IMA-B IPCA

CARTEIRA IMA GERAL

CARTEIRA IRF-M PRÉ

TESOURO SELIC

DI

CDB

POUPANÇA

AÇÕES IBOVESPA

Em maio 2015 Em 12 meses *

Investidor de perfil conservador deverá estar atento ao movimento do ciclo da taxa Selic em 2015para aproveitar mais ganhos em posições pós-fixadas e pré-fixadas com papéis públicos federais

Cenário para 12 meses promete jurosde mais de 13% em carteira de títulosINVE STIMENTOS

Ernani FagundesSão Pauloe r n a n i f@ d c i . c o m . b r

� No cenário mais pessimistapara aplicações financeiras derenda fixa, o investidor de per-fil conservador poderá alcan-çar ganhos de 13,6% nos pró-ximos 12 meses com aalocação em títulos públicosfederais, sendo 70% em pós-fi-xados e 30% em pré-fixados.

“Os juros básicos só devemcair no médio prazo”, argu-mentou o economista-chefeda BNP Paribas Asset Mana-gement, Eduardo Yuki, aoapresentar sua carteira de in-vestimentos aos participan-tes do Seminário Mercer dePrevidência, realizado on-tem, em São Paulo.

Em linha semelhante, o só-cio e gestor da Brasil Plural,Carlos Eduardo Rocha, acre-dita que a taxa básica de ju-ros (Selic) provavelmente de-verá subir mais 0,5% napróxima reunião do Comitêde Política Monetária (Co-pom) do Banco Central.

Atualmente, a Selic está em13,75%, ou seja, os jurospós-fixados da Letra Finan-ceira do Tesouro (LFT) po-dem subir a 14,25% ao ano.

Nesse cenário, a carteirasugerida pela Brasil Pluralpara os próximos 12 mesesaos investidores de perfilconservador indica composi-ção de 30% em títulos pós-fi-xados (Tesouro Selic), 10%em papéis pré-fixados, 30%em indexados à inflação (Te-souro Inflação IPCA), e ou-tros 21% em fundos multi-mercados concentrados emrenda fixa, 2% em multimer-cados macro, 2% em multi-mercados multiestratégia, eapenas 5% em ações.

“No cenário mais pessimis-ta, a projeção dessa carteira éde um retorno de 12,92%, enum cenário mais otimista, de16,36%”, calculou o gestor daBrasil Plural.

Na visão de Yuki, o atualmomento recessivo da econo-mia brasileira será bom paracontrolar a inflação e obter ga-nhos reais na renda fixa nocurto prazo. “Nenhum país domundo faz um ajuste na eco-nomia em apenas um trimes-tre ou um ano, a confiança dosempresários está caindo mais,e a queda no PIB [produto in-terno bruto] será mais violentano segundo semestre”, afirma.

O economista-chefe da BNPParibas Asset Managementcontou aos participantes doseminário que sua gestora op-tou pelo conservadorismo eque os juros nominais estãoatrativos para vencimentos até2018. “Estamos em letras fi-nanceiras (LFs) de instituiçõesbancárias de baixo risco decrédito [grandes bancos]”.

Oportunidades em açõesJá Rocha também confirma oquadro recessivo para a econo-mia brasileira. “O segundo se-mestre será bastante sofrido.Mas não estou pessimista, massim, olhando os preços e as

opor tunidades”, diz o gestor.No quadro para renda variá-

vel (ações), Rocha argumentaque diante dos juros altos, épreciso procurar companhiassólidas com retorno de capitalacima de 20% ao ano. Ele citouo setor financeiro, e mais espe-cificamente, o papel da C i e l o,cuja atividade em cartões fatu-ra com aumento das receitascom recebíveis de crédito, noatual momento de restrição definanciamentos bancários.

O gestor também mencio-nou oportunidades em com-modities (Su z a n o e Klabin),alimentação (BR Foods) e ain-da em consumo (Lojas Renner

e Lojas Americanas). “No casodos bancos há o risco do au-mento dos impostos em JCP[juros sobre o capital próprio]”,ponderou Rocha sobre sua ci-tação ao setor financeiro.

Questionado sobre o poten-cial de valorização dos papéisda Pe t ro b ra s, Rocha afirmouque outras companhias pos-suem potencial melhor. “Pre f i -ro ficar de fora de Petrobras,não queremos empresas tãoalavancadas [endividadas], adívida da empresa é 5 vezes asua geração de caixa”, disse.

Por outro lado, o gestor daBrasil Plural comentou que aPetrobras poderá surpreenderem desinvestimentos, ou seja,na venda de ativos. “Uma pos-sível listagem da BR Distribui-d o ra”, apontou Rocha.

Yuki também não vê pers-pectivas para os papéis da Pe-trobras. “O petróleo não deveter uma explosão de preço, hámuitas incertezas pela frente”,diz o economista-chefe.

A carteira de ações mencio-nada por Yuki inclui os gran-des bancos, empresas de logís-tica e de proteínas. “O mundoestá se abrindo para a carneb ra s i l e i ra”, argumentou sobreos setores mais dinâmicos.

Apesar de o dólar ter avan-çado mais de 40% nos últimosdoze meses, ambos os profis-sionais do mercado alertarampara o risco em aportar recur-sos em fundos cambiais. “Essaé sempre a pergunta mais difí-cil. A presidente do Fed [Fede-ral Reserve, o banco centralamericano] vai ser cuidadosana elevação dos juros nos Esta-dos Unidos, e com isso, a valo-rização do dólar será de formamais amena”, aponta Yuki.

Rocha também alertou parao risco dos fundos imobiliáriosdevido aos juros altos. “O ce-nário para fundos imobiliáriosestá desfavorável e vai piorarmais, antes de melhorar”, diz.

CVM quer revisão do Novo Mercado na Bolsa

AÇÕE S

�O presidente da Comissão deValores Mobiliários (CVM),Leonardo Pereira, disse on-tem, durante abertura deevento sobre governança cor-porativa, em São Paulo, que omomento parece ideal para seiniciar uma discussão sobrereforma do Novo Mercado.

Este é o segmento da bolsabrasileira com as mais altasexigências de governança.“Chegou a hora de dar umpasso à frente e discutir real-mente uma reforma no NovoMercado, ou ele poderá ficarc a d u c o”, disse Pereira.

Segundo ele, o segmento,quando criado, há 15 anos,mudou significativamente omercado brasileiro, colocan-do o País até mesmo à frentede outros no quesito de go-vernança corporativa, mas

após esse evento houve umacerta acomodação. “Fi ze m o sum avanço tão grande e se to-mou uma posição de que nãose precisa fazer tanta coisa”,afirmou Pereira, dizendo quepor conta disso o Brasil podeter ficado para trás.

Uma discussão em torno doNovo Mercado ganhou muitaforça recentemente, diante dasaída do segmento da rede delaboratórios Da s a , aprovada

nesta semana. A facilidade daempresa listada no Novo Mer-cado sair do segmento vemsendo questionada por mino-ritários. Diferente de ofertaspúblicas de aquisição (OPA)para fechamento de capital deuma companhia, por exemplo,na saída de segmentos de go-vernança não é exigido umquórum para aprovação, alémde ser permitido o voto docontrolador. /Estadão Conteúdo

Operações feitas com cartõescresceram 11% ano passado

CONSUMO

� O volume de operações comcartão de crédito em 2014cresceu 11%, para R$ 593 bi-lhões, informou o Banco Cen-tral ontem, por meio do Rela-tório de Vigilância do Sistemade Pagamentos Brasileiro, quecontém as estatísticas de vare-jo e de cartões de 2014.

A alta, porém, vai em linhacom o verificado nas demaislinhas de financiamento bra-sileiro e representa uma de-saceleração, já que em 2013 oaumento do uso do dinheirode plástico na função de cré-dito havia sido de 15% sobreo ano anterior. Essa desacele-ração também foi vista nosegmento de débito, que mo-vimentou R$ 348 bilhões noano passado. A alta de 19%

também foi mais baixa do quea de 2013, de 23%.

O crescimento do númerode transações com cartão dedébito se manteve estável em2014, com 15% em compara-ção ao ano anterior, o equiva-lente a 5,6 bilhões de transa-ções – o aumento nasoperações com cartão de cré-dito foi de 7%, ou 5,4 bilhões.O juro do rotativo do cartão decrédito, de acordo com o pró-prio BC, ficou em 347,5% aoano em abril.

O relatório divulgado peloBC destaca também o "avan-ço" na segurança no Sistemade Pagamentos Brasileiro. Ototal de transações com car-tões de crédito feitas via chipfoi de 77% do total em 2014. Jáo dos pagamentos com tarjamagnética caiu de 14% para5%. /Estadão Conteúdo