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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
JOSIANE RODRIGUES DOS SANTOS
PROGRAMA HABITAR BRASIL II NA ZONA NORTE DE LONDRINA:
O remanejamento da população do fundo de vale da microbacia do córrego
Sem Dúvida
LONDRINA 2010
JOSIANE RODRIGUES DOS SANTOS
PROGRAMA HABITAR BRASIL II NA ZONA NORTE DE LONDRINA:
O remanejamento da população do fundo de vale da microbacia do córrego
Sem Dúvida
Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina – UEL, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Fábio César Alves da Cunha
LONDRINA
2010
JOSIANE RODRIGUES DOS SANTOS
PROGRAMA HABITAR BRASIL II NA ZONA NORTE DE LONDRINA:
O remanejamento da população do fundo de vale da microbacia do córrego
Sem Dúvida
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________
_____________________________
_____________________________
LONDRINA
2010
AGRADECIMENTOS
Agradeço aqueles que me incentivaram. Ao meu orientador, amigos e professores
do departamento de geociências da Universidade Estadual de Londrina.
SANTOS, Josiane Rodrigues dos. Programa Habitar Brasil II na zona norte de Londrina:
O Remanejamento da população do fundo de vale da microbacia do Córrego Sem
Dúvida. 2010. 90 folhas. Monografia (Bacharelado em Geografia) – Centro de Ciências
Exatas – Departamento de Geografia – Universidade Estadual de Londrina, 2010.
RESUMO
O presente trabalho teve como finalidade analisar o Projeto de Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS) financiado através do Programa Habitar Brasil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (HBB). Este Projeto foi executado em um assentamento subnormal situado no fundo de vale da microbacia do Córrego Sem Dúvida localizado na zona norte da cidade de Londrina. O projeto contemplou uma série de ações como o remanejamento das famílias envolvidas, cursos de capacitação e uma nova unidade habitacional. O presente trabalho procurou fazer uma avaliação dessas ações.
Palavras-chave: Assentamentos Subnormais. Habitação. Programas Habitacionais.
Urbanização. Remanejamento.
SANTOS, Josiane Rodrigues dos. Programa Habitar Brasil II na zona norte de Londrina:
O Remanejamento da população do fundo de vale da microbacia do Córrego Sem
Dúvida. 2010. 90 folhas. Monografia (Bacharelado em Geografia) – Centro de Ciências
Exatas – Departamento de Geografia – Universidade Estadual de Londrina, 2010.
ABSTRACT
The present work was aimed to analyze the Project of Urbanization of Subnormal Settlement (USS) financed by the Programa Habitar Brasil from Interamerican Bank of Development (IBD). This project was executed in a subnormal settlement situated in the valley bottom of the watershed of the creek Sem Dúvida located in the northern zone of Londrina City. The project contemplated a series of actions like the relocation of the involved families, training courses and a new housing unit. The present work searched to make an evaluation of these actions.
Key-words: Subnormal Settlement. Housing. Housing Projects. Urbanization. Relocation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Atlas Ambiental da Cidade de Londrina.................................................................. 12
Figura 2 - Carta de Localização das Poligonais Turquino e Maracanã e
Poligonal Primavera. ................................................................................................ 30
Figura 3 - Vista aérea panorâmica da microbacia do fundo de vale do
Córrego Sem Dúvida................................................................................................ 33
Figura 4 - Aspecto do fundo de vale do córrego Sem Dúvida. ................................................ 35
Figura 5 - Barracos precários construídos nas proximidades da microbacia do Sem Dúvida. . 36
Figura 6 - Barracos precários construídos nas proximidades da microbacia do Sem Dúvida. . 37
Figura 7 - Carta hipsométrica da microbacia do fundo de vale Córrego Sem Dúvida. ............ 38
Figura 8 - Cartaz confeccionado pelo eixo ESA ...................................................................... 48
Figura 9 - Casa demolida do fundo de vale da microbacia do Sem Dúvida localizada no
“Vale da Lua”........................................................................................................... 54
Figura 10 - Moradia do Jardim Primavera II construídas por meio do Projeto HBB II. .......... 55
Figura 11 - Aspecto das moradias construídas pelo Habitar Brasil. ......................................... 56
Figura 12 - Moradias localizadas na Rua Antônio Milton Mendes altura do n° 200. .............. 57
Figura 13 - Moradia do Sr. Augusto, localizada na esquina da Rua Zhefiro
Modenuti do n°472. ................................................................................................. 58
Figura 14 - Área de revitalização do fundo de vale da microbacia do córrego Sem Dúvida ... 64
Figura 15 - Campo de futebol localizado no antigo “Vale da Lua” ......................................... 65
Figura 16 - Centro de Referência Viva a Vida. ........................................................................ 66
2
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados populacionais/caracterização da população da microbacia do fundo de vale
do córrego sem dúvida. ............................................................................................ 50
Tabela 2 - Moradores co-habitados do fundo de vale da microbacia do córrego
Sem Dúvida: ............................................................................................................. 51
Tabela 3 - Tempo de moradia ................................................................................................... 52
Tabela 4 - Instalação sanitária das residências no assentamento irregular ............................... 52
Tabela 5 - Condições do Escoadouro das casas do assentamento irregular no fundo de vale da
microbacia do Sem Dúvida ..................................................................................... 53
Tabela 6 - Moradores entrevistados que ainda não haviam sido remanejados pelo HBB II. ... 60
Tabela 7 - Moradores entrevistados que já haviam sido remanejados por meio do HBB II. ... 61
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS APP - Área de Preservação Permanente BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento BNH - Banco Nacional da Habitação CEF - Caixa Econômica Federal CTNP - Companhia de Terras do Norte do Paraná COHAB-LD - Companhia de Habitação de Londrina DI - Desenvolvimento Institucional DF - Distrito Federal ESA - Educação Sanitária e Ambiental FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço GERCA - Grupo Executivo de Erradicação do Café GTR - Geração de Trabalho e Renda HBB - Habitar Brasil BID IAP - Instituto Ambiental do Paraná ITEDES - Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e Social MOC - Mobilização e Organização Comunitária PSH - Programa de Subsídio a Habitação de Interesse Social UAS - Urbanização de Assentamentos Subnormais UEM - Unidade Executora Municipal
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
2 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................... 15
2. 1 A URBANIZAÇÃO E O PROBLEMA DA HABITAÇÃO ............................................. 15
2.2 CRESCIMENTO URBANO E TERRITORIAL DE LONDRINA ................................... 22
2.3 OCUPAÇÕES IRREGULARES EM LONDRINA ........................................................... 27
2.3.1 A origem do assentamento no fundo de vale da microbacia do córrego Sem Dúvida .... 32
2.3.1.1 Vale da Lua ................................................................................................................... 34
2.3.1.2 Vale do Sol ................................................................................................................... 34
2.3.1.3 Jardim dos Campos ....................................................................................................... 35
2.3.2 Programa de Subsídio a Habitação de Interesse Social – PSH........................................ 39
2.3.3 O Programa Habitar Brasil .............................................................................................. 41
2.3.4 Ações desempenhadas antes da execução do Projeto UAS do Programa HBB II .......... 45
2.3.5 Perfil dos moradores da Poligonal Primavera ................................................................. 50
2.4 Metodologia da Pesquisa .................................................................................................... 59
2.5 Desempenho do HBB II no fundo de vale da microbacia do córrego Sem Dúvida ........... 59
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 67
ANEXOS ................................................................................................................................. 72
ANEXO A - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ................................................................ 72
ANEXO B - RECURSOS HUMANOS ................................................................................... 85
ANEXO C - RECURSOS MATERIAIS .................................................................................. 86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 87
10
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como intuito analisar um problema que se solidificou na
realidade urbana brasileira, a questão do déficit habitacional. Ela é fruto dos baixos salários,
dos altos índices de desemprego, da concentração de renda, da segregação social imposta pelo
modo capitalista de produção e principalmente da transformação da terra em uma mercadoria
cara e escassa.
Vivemos em um país na qual uma minoria vive em casas abastadas, verdadeiros
palacetes, enquanto grande parte da população reside em ocupações irregulares em condições
precárias ou subumanas. Esta situação expressa que a cidade não é apropriada por todos de
maneira igual. São muitos os que convivem em locais inadequados à edificação de habitações,
lugares desprovidos de qualquer tipo de infraestrutura básica com riscos de alagamentos,
deslizamentos e proliferação de doenças etc. Comumente são áreas proibidas de se instalar
moradias como áreas públicas ao longo de rios (como os fundos de vales que são áreas de
preservação permanentes: (APPs) e encostas de morros etc.).
Nosso objetivo é compreender como são constituídas estas áreas. Por isso,
analisamos o processo de ocupação que teve início em 1996 na cidade de Londrina, no espaço
situado na Rua Ana Caputo Piacentini, parte integrante do fundo de vale da microbacia
Córrego Sem Dúvida, que corresponde a uma área de preservação permanente (APP) no
fundo do conjunto habitacional Jardim Aquiles Stenghel.
Tendo como finalidade solucionar a questão da ausência de um lar, inicialmente
84 famílias procedentes da região dos Cinco Conjuntos em virtude da incapacidade de arcar
com o oneroso custo do aluguel ocuparam o espaço da área daquela rua. Posteriormente tendo
conhecimento da existência desse assentamento chegaram outras famílias que resolveram
abandonar a casa em que habitavam com o objetivo de residir neste local.
Estas famílias incorporaram para si as terras que ficavam nas bordas e no entorno
do fundo de vale, da microbacia do Córrego Sem Dúvida. Coletando sobras de material de
construção, lonas, compensados de madeira, pedaços de tijolos, papelão, garrafas pet e
qualquer outro tipo de material que lhes permitissem levantar seus barracos, organizaram-se e
ocuparam o fundo de vale da Rua Ana Caputo Piacentini e constituíram ali um assentamento
subnormal.
11
Os moradores com o decorrer do tempo criaram uma espécie de regionalização do
local que deste modo foi dividido em três subáreas sendo elas: “Vale da Lua”, “Vale do Sol”,
“Jardim dos Campos” e, que fazem divisa com os Conjuntos Habitacionais: Aquiles Stenghel,
Luís de Sá e Maria Cecília.
Desemparadas por um longo período de sete anos, em 2003 aquelas 84 famílias
neste período já correspondiam a 122. Todas elas foram beneficiadas com a implantação de
um programa habitacional intitulado de Programa de Subsídio a Habitação e Interesse Social
(PSH).
Salienta-se que foram beneficiadas com o PSH um total de 122 famílias
moradoras no fundo de vale da microbacia do Córrego Sem Dúvida. Deste total 08 famílias
eram da comunidade “Vale da Lua”, 45 do “Vale do Sol” ambas foram remanejadas e as 69
restantes permaneceram no local da ocupação em lotes parcelados e regularizados no “Jardim
dos Campos”. O PSH encerrou suas atividades no ano de 2005.
Contudo diante da proliferação de 249 novos barracos na citada microbacia o
poder público de Londrina pleiteou outro programa habitacional intitulado: Habitar Brasil do
Banco Interamericano de Desenvolvimento ou, (HBB) este financiava projetos de urbanização
de assentamentos subnormais (UAS). Ele foi concebido em 1998 entre o governo federal e
implantado em 119 cidades brasileiras sendo umas delas Londrina. Foi executado por duas
vezes nesta cidade.
A primeira experiência do HBB aconteceu em 2004 na área sudoeste de Londrina
que compreendia o Jardim Turquino e o Jardim Maracanã (designado de Habitar Brasil I ou
HBB-I). A segunda iniciou-se em junho de 2006 sendo executado na região norte desta cidade
nas proximidades da Rua Ana Caputo Piacentini no fundo de vale da microbacia do córrego
Sem Dúvida – Poligonal Primavera (nomeado de Habitar Brasil II ou HBB-II). Este último foi
o cerne de nosso trabalho.
É necessário esclarecer que as áreas atendidas pelo HBB foram intituladas de
Poligonal I e II, por apresentarem características semelhantes como falta de infraestrutura
básica correspondendo a áreas de riscos, insalubres, ou sujeitas a desmoronamentos.
Na página seguinte podemos observar na figura 1 carta da cidade de Londrina
com a localização da Poligonal Turquino / Maracanã (na cor roxa) e também a Poligonal
Primavera (em destaque na cor vermelha).
12
Figura 1 - Atlas Ambiental da Cidade de Londrina
Organização: Santos, Josiane Rodrigues.
13
A figura 1 mostra a carta de localização das áreas contempladas com o programa
HBB em Londrina. Na cor roxa destaca-se a primeira implantação que ocorreu no Jardim
Turquino e o Maracanã (HBB I), também nomeado de Poligonal I. Já em vermelho, notamos
a área de efetivação da segunda experiência do Habitar Brasil, situado na zona norte de
Londrina, fundo de vale da microbacia do Sem Dúvida e designada de HBB II ou Poligonal
Primavera II.
Salientou-se que o HBB foi um programa realizado por meio do governo federal
na gestão do presidente Itamar Franco em parceria com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento. Foi implantado para assistir as famílias que ocuparam o fundo de vale do
Sem Dúvida após a conclusão do PSH.
Desta forma, o presente trabalho está estruturado em quatro capítulos sendo que o
primeiro trata da urbanização e o problema do déficit habitacional. Neste, apontamos a
necessidade do sistema capitalista de produção de reestruturar o espaço urbano em função do
caráter capitalista de produção de mercadorias. Mencionamos as alterações na estrutura
urbana, as mudanças nas relações de trabalho e nas relações de produção de equipamentos e
infraestrutura urbana, a instituição da propriedade privada dos meios de produção e a
conversão da terra em mercadoria cara e escassa.
No segundo capítulo, intitulado Crescimento Urbano e Territorial de Londrina,
analisamos esta cidade que foi originada na dinâmica capitalista de produção. Veremos que
Londrina é fruto de um empreendimento de colonização da Companhia de Terras do Norte do
Paraná (CTNP) responsável pela ordenação espacial que ditou o tipo de ocupação dessa
cidade planejada para abrigar uma população de 20.000 habitantes locais.
Esclareceremos os motivos que levaram a ocorrer a partir de 1950, uma explosão
demográfica em Londrina ocasionando um processo de ocupação territorial e populacional
desordenado.
No que diz respeito ao terceiro capitulo designado “As ocupações irregulares em
Londrina” discutimos sobre a questão da produção, disputa e utilização do solo urbano
moldado de acordo com a atuação de diferentes agentes sociais.
Tratamos da transformação do solo em mercadoria cara e escassa que fez surgir o
problema do déficit habitacional que atinge grande parte da população brasileira, sendo que a
cidade de Londrina não foge a regra.
Essa pesquisa nasceu da necessidade de compreender a execução de programas
habitacionais que tentam conter a proliferação de assentamentos irregulares em Londrina.
14
Discutimos especificamente a execução de um programa habitacional implantado por duas
vezes nessa cidade nomeado Programa Habitar Brasil do Banco Interamericano
Desenvolvimento (HBB). Analisaremos a segunda versão deste que foi realizado no
assentamento subnormal no fundo de vale do Córrego Sem Dúvida.
No quarto capítulo nomeado Desempenho do HBB II discorremos sobre as ações
desenvolvidas pelo projeto assim como a sua atuação no referido fundo de vale. Esse local é
uma Área de Preservação Permanente (APP) onde se instalaram primeiramente 116 famílias
no ano de 1996 e que depois de uma longa espera de sete anos foram assistidas através do
Programa de Subsídio a Habitação (PSH).
Contudo no mesmo local surgiram novas 249 famílias que ocuparam o local
referido acima. Estas foram assistidas por meio de outro Programa o Habitar Brasil do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (HBB). Este programa concedeu a essas famílias uma
unidade habitacional e, além disso, lhes ofertou cursos de capacitação profissional visando à
reintegração dessas pessoas a sociedade.
E finalmente, nas considerações finais buscamos sintetizar os principais resultados
alcançados através do referido programa habitacional descrito neste trabalho.
15
2 DESENVOLVIMENTO 2. 1 A URBANIZAÇÃO E O PROBLEMA DA HABITAÇÃO
No período que antecede a Revolução Industrial na Inglaterra no século XVIII, a
vida, o cotidiano humano, bem como as configurações territoriais apresentavam-se em
contextos diferentes dos atuais.
Havia a produção de mercadorias, contudo, esta se realizava com vistas a atender
uma pequena demanda de compradores locais da cidade.
Segundo Rolnik (1995 p. 26), em um primeiro momento, os mercados urbanos
eram somente locais, restritos a uma cidade, e a dimensão mercantil da cidade era secundária
em relação a sua dimensão política.
A autora enfatiza que a expansão do caráter mercantil da cidade se dá quando se
constitui uma divisão de trabalho entre cidades.
(...) Quando esta divisão do trabalho se estabelece, à cidade deixa de ser apenas a sede da classe dominante, onde o excedente do campo é socialmente consumido para se inserir no circuito da produção propriamente dita. (ROLNIK, 1995 p. 26 e 27).
A vida não era regulada pela ditadura do relógio (tempo), a terra (espaço físico)
ainda não havia sido transformada em uma mercadoria escassa e cara.
Este quadro sofre alterações profundas a partir da mudança no modo de produção
de mercadorias que antes era manufaturado e que a partir da Revolução Industrial no século
XIX é convertido em maquinofaturado.
A implantação de um novo modo de produção, o fabril, permitiu a concretização
de um novo modo de produção que corresponde ao capitalismo industrial.
O capitalismo industrial ocorreu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII com uma série de inovações na tecnologia de produção, onde a capacidade de transformação da natureza por meio de máquinas movidas a vapor possibilitou o aumento cada vez maior de produtos, o que multiplicava os lucros dos produtores. <órbita.starmedia.com/neomundo/capind.htm> acesso em 23/10/2010.
16
De acordo com Spósito, (1989, p. 44), este modo de produção desenvolveu-se
plenamente a princípio na Inglaterra, pois naquele país se concretizaram as condições para tal,
e mais cedo se criou uma classe trabalhadora livre da condição social servil e sem
propriedades.
Segundo a mesma autora (1989 p. 53) o novo ritmo de produção imprimido pela
industrialização maquinofatureira exigia e provocava mudanças estruturais incluindo o
crescimento populacional das cidades. A ampliação da capacidade produtiva pressupunha
também a expansão do próprio mercado. A produção artesanal corporativa supria apenas o
mercado local. Com a produção industrial em larga escala era necessário que este mercado se
ampliasse em nível regional, nacional e até internacional.
Conforme Rolnik, (1995 p 31) as cidades passam a se organizar em função do
mercado, gerando um tipo de estrutura urbana que não só opera uma reorganização do seu
espaço interno, mas também redefine todo o espaço circundante, atraindo para a cidade
grandes populações.
Spósito, (1989 p 54) afirma que isso significou o fim da cidade como um sistema
institucional e social quase autônomo e provocou de forma definitiva, a constituição de redes
urbanas, dada à ampliação crescente da articulação entre os lugares.
Contudo Pechman, e Ribeiro (1984 p 20) afirmam que o surgimento do grande
capital industrial criou a necessidade de remodelação do espaço urbano, adaptando-o às novas
exigências ditadas pela produção capitalista de mercadorias. São as economias externas
requeridas pela grande indústria implicando a produção de todo um conjunto de equipamentos
e de infraestrutura urbanos: sistema de transportes e comunicação, sistema de abastecimento
de água e esgoto sanitário, etc. Torna-se também necessário à implantação de um novo
sistema de comercialização, condizente com as exigências e uma produção contínua e em
grande escala, através da construção de grandes lojas comerciais.
Com o decorrer do tempo as relações de produção vão se modificando, pois, o
trabalho que era realizado nas corporações de ofício por artesãos já não supria as novas
necessidades do mercado, ou seja, produzir em larga escala. O trabalho passa a ser realizado
através da divisão do mesmo em etapas, assim sendo, cada operário produz apenas uma parte
do produto.
17
Constitui-se então uma divisão social: de um lado os proprietários dos meios de
produção (capitalistas) e do outro temos os donos da força de trabalho (trabalhadores). Uma
divisão social que se territorializa e se expressa na própria divisão territorial do trabalho em
áreas urbanas.
A produção industrial reduziu o tempo de fabricação de mercadorias, baniu os
trabalhadores do conhecimento de todas as etapas do processo de produção, o que resultou no
processo de alienação do trabalho, ou seja, os trabalhadores passaram a não mais deter o
controle do processo de produção, foram desta maneira expropriados de seu saber como um
todo.
A Revolução Industrial e o novo modo de produção, como já assinalado, exigiam
mudanças nas relações de trabalho, nas relações de produção de mercadorias, e na produção
de equipamentos e infraestrutura urbana como transporte, sistema de água e esgoto. Além
disso, era imprescindível conceber a propriedade privada dos meios de produção bem como
converter a terra em mercadoria.
Neste contexto, o capital industrial passa a ditar as regras de produção de
mercadorias e assim comanda toda a nova vida citadina por ele alterada. Ocorreu um
aceleramento, no ciclo produtivo, ou seja, fabricavam-se mais mercadorias em menos tempo.
Além de produzir mais mercadorias o transporte destas acabou sendo facilitado com o
advento das ferrovias e seu desenvolvimento que proporcionaram um escoamento rápido bem
como simplificou a circulação das mercadorias e das pessoas.
Num sistema de produção na qual todos os bens acabam se convertendo em
mercadorias não demorou muito para que o espaço também acabasse se transformando numa
mercadoria cada vez mais valorizada.
Salienta Rolnik (1995 p. 39), que as cidades sofreram uma reorganização radical
na forma de organização. O primeiro elemento que entra em jogo é a questão da
mercantilização do espaço, ou seja, a terra urbana, que era comunalmente ocupada, (no
período medieval) passa a ser uma mercadoria – que se compra e vende como um lote de bois,
um sapato, uma carroça ou um punhado de ouro.
Portanto, alguns mecanismos condicionaram o modo de produção industrial
dentre eles: a organização social do trabalho que concretizou as relações de exploração, a
18
propriedade privada dos meios de produção, bem como a transformação da cidade no espaço
da produção de mercadorias, o lugar que assegurou a produção e reprodução do capital.
Fatores como a organização social do trabalho, a propriedade privada dos meios
de produção e a transformação das cidades no lócus da produção de mercadorias asseguraram
as condições necessárias à implantação do sistema capitalista, porém, restava a concretização
de um mecanismo: tornar a terra uma mercadoria, esta foi uma das grandes estratégias de
sobrevivência do sistema capitalista de produção.
De acordo com Rodrigues, (2001, p. 17) a terra transformou-se em uma espécie de
capital, que esta sempre se valorizando. É na verdade, um falso capital, porque é um valor que
se valoriza, mas a origem de sua valorização não é a atividade produtiva. Investe-se capital
dinheiro em terra e espera-se a valorização.
Neste contexto, Spósito (1989, p.74) afirma que na economia capitalista, tudo se
torna mercadoria até mesmo a terra. O preço do aluguel ou da compra do imóvel é
determinado pelo fato de ser um bem indispensável à vida, de ser propriedade de alguns
homens e não ser de outros, e de que nas cidades o seu valor se eleva pelo alto nível de
concentração populacional e de atividades.
Rodrigues (2001, p. 23) salienta que a terra, passa a ter um preço que é definido
pela propriedade, pela capacidade de pagar de seus compradores, e não pela sua produção.
Desta mercadoria se obtém renda. No caso das habitações, a determinação de seu preço é
sempre acrescida com a renda da terra absoluta e diferencial.
Conforme Oliveira (1987 p 74) a renda diferencial resulta do caráter capitalista da
produção e não da propriedade privada do solo. Já a renda absoluta resulta da propriedade
privada do solo e da oposição existente entre o interesse do proprietário fundiário e o interesse
da coletividade, resulta do fato de que a propriedade da terra é monopólio de uma classe que
cobra um tributo da sociedade inteira para colocá-la para produzir.
Além disto, são acrescidos ao valor da habitação os lucros dos investimentos de
incorporação da construção da casa, e os juros do capital financeiro, o que atingirá um preço
extremamente elevado para a maioria dos trabalhadores.
Com a transformação da terra em mercadoria criam-se obstáculos quanto ao
acesso à mesma, pois nem todos possuem condições financeiras que permitam adquirir um
lote urbano ou mesmo que tornem possível arcar com o elevado preço do aluguel.
19
Contudo não podemos deixar de mencionar que o espaço urbano é um
emaranhado de significados na medida em que o mesmo está sujeito às ações de diversos
agentes sociais que atuam em sua configuração espacial.
A cidade é moldada por diferentes agentes sociais que atuam sobre ela. Estes
agentes sociais constroem e reconstroem o espaço urbano de acordo com seus próprios
interesses visando sempre que mecanismos como a transformação da terra em mercadoria e a
especulação fundiária lhes proporcionem renda e concomitantemente se concretize o processo
de acumulação e reprodução de seu capital.
Para Corrêa (1989, p. 12) a ação destes agentes sociais se faz dentro de um marco
jurídico que regula a atuação deles. Por outro lado, a ação desses agentes serve ao propósito
dominante da sociedade capitalista, que é o da reprodução das relações de produção,
implicando a continuidade do processo de acumulação e a tentativa de minimizar os conflitos
de classe, sendo este um papel assumido pelo Estado.
Conforme o mesmo autor, os agentes sociais são: os proprietários dos meios de
produção, os promotores imobiliários, os proprietários fundiários, o Estado e também os
grupos sociais excluídos.
Corrêa R. (1989 p. 12) lembra-nos que os proprietários dos meios de produção são
os grandes industriais, estes precisam de terrenos amplos e baratos e de fácil acesso para
escoarem seus produtos, bem como necessitam de locais de ampla acessibilidade à população.
É importante lembrar que os proprietários dos meios de produção também podem
ser os proprietários de pequenas indústrias que nesse caso demandam de menores terrenos
para efetivar sua produção.
Os proprietários fundiários têm como objetivo extrair de suas terras uma renda
elevada através da possibilidade transformação de seus lotes voltados ao uso comercial,
industrial ou a construção de empreendimentos mais sofisticados como condomínios ou
imóveis de luxo.
Portanto Corrêa (1989 p. 14) ressalta que a especulação fundiária não interessa
aos proprietários dos meios de produção. Interessa, no entanto, aos proprietários fundiários,
pois é a retenção de terras que cria uma escassez de oferta e o aumento de seu preço,
possibilitando-lhes ampliar a renda da terra. Tal prática gera conflito entre proprietários
industriais e fundiários.
20
De acordo com Corrêa, (1989 p. 21), há diferentes tipos de promotores
imobiliários. Existe desde o proprietário fundiário que se transformou em construtor e
incorporador, ao comerciante próspero que diversifica suas atividades criando uma
incorporadora, passando pela empresa industrial, que em momentos de crise ou ampliação de
seus negócios cria uma subsidiária ligada à promoção imobiliária. Grandes bancos e o Estado
atuam também como promotores imobiliários.
É importante destacar que segundo Rodrigues, A (2001, p. 20) dentre os vários
agentes que produzem o espaço urbano, destaca-se o Estado, que tem sua presença marcante
na produção, distribuição e gestão de equipamentos de consumo coletivos necessários à vida
nas cidades. Entre os consumos coletivos mais importantes no contexto histórico, destacam-
se: abastecimento de água, luz, telefone, sistema viário e transporte coletivo, espaços
coletivos de lazer e esporte, equipamentos de saúde, educação e habitação para as chamadas
classes populares.
Além disso, os agentes sociais excluídos constituem outro grupo produtor do
espaço urbano, estes, banidos de condições financeiras que lhes possibilitem adquirir ou
alugar uma casa, e assim ocupam lotes (públicos ou privados) que constituem com o tempo
em assentamentos, favelas, ou ocupações irregulares.
Para Corrêa (1989, p. 30), é na produção da favela, em terrenos públicos ou
privados invadidos, que os grupos sociais excluídos tornam-se, efetivamente, agentes
modeladores, produzindo seu próprio espaço. A produção deste espaço é, antes de qualquer
coisa, uma forma de resistência e, ao mesmo tempo uma estratégia de sobrevivência.
A partir deste contexto notamos que o espaço urbano na economia capitalista é
lapidado e comandado de acordo com os interesses das classes dominantes.
Segundo Spósito (1994 p. 57), apenas os poucos proprietários de grandes
extensões do território ou de inúmeras residências, acabam determinando os custos do preço
do metro quadrado do solo ou do aluguel, o que também vai depender da localização do
terreno e/ou padrão da residência.
O autor acima afirma que essas pessoas determinam também a dinâmica de
crescimento da cidade, não apenas pelo fato de serem proprietárias de grandes parcelas do
território, mas também porque fazem parte de outros organismos que definem a cidade,
associações patronais, partidos políticos, etc.
21
Portanto, verificamos que a cidade é constituída por diferentes agentes, sendo que
estes atuam de maneira específica (porém conjunta) no processo de concepção e gestão da
mesma.
Assim sendo, notamos que a cidade é o espaço da concretização da produção e
reprodução do capital, que em sua consolidação gera a cidade como espaço das contradições,
desigualdades e injustiças sociais.
Carlos (1994, p. 23) lembra-nos que o uso diferenciado da cidade demonstra que
esse espaço se constrói e se reproduz de forma desigual e contraditória.
A autora acima ainda afirma que o processo de reprodução espacial envolve uma
sociedade hierarquizada, dividida em classes, produzindo de forma socializada para
consumidores privados. Portanto, a cidade aparece como produto apropriado diferencialmente
pelos cidadãos.
Carlos, (1994, p. 26), afirma que a cidade aparece como materialidade produto do
processo de trabalho de sua divisão técnica, mas também da divisão social. E materialização
de relações da história dos homens, reguladas por ideologias, e formas de pensar, sentir,
consumir, é modo de vida, de uma vida contraditória.
Enfim, Rolnik (1995 p. 28), atesta que hoje a imagem de cidade como centro de
produção e de consumo domina totalmente a cena urbana. Nas cidades contemporâneas não
há praticamente nenhum espaço que não seja investido pelo mercado (ou pela produção para o
mercado).
Realmente as cidades são espaços produzidos para o consumo desenfreado. No
entanto, independentemente da mercadoria ou de qualquer espécie de serviço prestado haverá
sempre um valor de troca, ou seja, um custo financeiro. Mercadorias de valor elevado como,
por exemplo, a habitação, poderá ser adquirida somente por aqueles que possuem condições
financeiras para tal.
Aqueles que são excluídos desse direito que é uma necessidade fundamental
acabam fazendo brotar ocupações irregulares.
Falaremos a seguir de Londrina, uma cidade que foi concebida dentro da dinâmica
capitalista de produção, destacando o crescimento de sua zona norte dentro da lógica
capitalista e a geração de ocupações irregulares em áreas de fundos de vale.
22
2.2 CRESCIMENTO URBANO E TERRITORIAL DE LONDRINA
A cidade de Londrina se configurou como processo de formação territorial ligado
à implantação de um empreendimento de colonização realizado pela Companhia de Terras
do Norte do Paraná (CTNP). O mesmo empreendimento trouxe consigo diversos objetivos
dos quais se podem destacar o loteamento do local e concomitantemente a especulação
imobiliária. Segundo Fresca:
No decorrer da década de 1930, Londrina estava em construção e para garantir o sucesso de tal empreendimento era fundamental a presença de um núcleo urbano que garantisse as condições mínimas aos pequenos proprietários rurais em termos de coleta, beneficiamento e transporte da produção, oferta de bens e serviços de atendimento às demandas básicas da população rural. FRESCA (2002 p. 242).
A autora afirma que como forma de assegurar as condições necessárias à realização da
especulação fundiária foi criada a cidade de Londrina com planta urbana previamente
elaborada, anterior ao ato da fundação. Sobre esse assunto Nakagawara argumenta que
O empreendimento e viabilização dos assentamentos humanos realizados pela CTNP foram precedidos de um planejamento global, onde tanto os assentamentos rurais como urbanos, foram concebidos juntamente com um esquema de circulação de mercadorias e de pessoas. NAKAGAWARA, (1984 p.3)
A cidade de Londrina nasce por meio do empreendimento imobiliário executado
pela CTNP. Segundo Luiz a cidade de Londrina foi
Fundada em 1929 (emancipada em 1934) pela Companhia de Terras do Norte do Paraná, que conseguiu comercializar estas terras devido à alta fertilidade de seu solo, ideal para o cultivo do café, até então em expansão no Brasil. LUIZ, (1991 p. 1).
Além disso, para vender estes lotes foram divulgadas propagandas vantajosas
(como a venda de terras férteis e baratas) que proporcionaram a efetiva colonização do norte
paranaense. Sobre isso Cunha alega que
A Companhia de Terras Norte do Paraná começou a desenvolver suas atividades de loteamento fazendo intensa propaganda no Brasil e no exterior. Realçou sempre em seu discurso as maravilhas da região e da riqueza ali existente CUNHA, (2005 p 69).
23
As intensas propagandas atraiam muitos habitantes à cidade de Londrina. Outro
fator que contribuiu com o rápido crescimento de Londrina, foi à implantação da ferrovia em
1935, pois através desta houve a possibilidade de escoar tanto as mercadorias com as pessoas.
Com relação a estas propagandas Bitencort afirma que as mesmas estiveram
fortemente presentes no Brasil principalmente nos Estados de Minas e São Paulo. Para a
autora os compradores foram seduzidos pela facilidade de pagamento dos lotes podendo ser
donos de uma determinada quantidade de alqueires de terras. BITENCORT, (2007 p 12).
Além da ocorrência destes acontecimentos Londrina é dotada de uma organização
espacial (territorial) implantada de acordo com a política colonizadora da Cia. de Terras Norte
do Paraná, pois como já vimos existiu previamente toda uma ordenação espacial ditando o
tipo de ocupação espacial de Londrina.
Outro fator a ser considerado conforme Luiz refere-se à colonização do norte
paranaense que foi executada pelos ingleses. Segundo o autor
Os ingleses enxergavam o Brasil como uma fonte de matérias-primas, seus intuitos foram o de investir altas somas de capital para o seu país de origem. Esta “colonização” fora feita de forma diferente de sua antiga colônia, os Estados Unidos. Sua função não era a de povoar e constituir novas moradias para a própria população inglesa, e sim a exploração pura e simples de todos os nossos recursos, principalmente os da agricultura, além da comercialização de produtos já beneficiados. LUIZ (1991 p.12).
Neste processo, Londrina cresceu rapidamente e passou a atrair populações de
diferentes nacionalidades. Isso ocorreu em conseqüência do apelo à imigração por meio das
intensas propagandas divulgadas pela CTNP que rotulavam o norte paranaense como o lugar
das oportunidades de melhorar de vida, ou seja, de ascender socialmente.
Um fator também que contribuiu para a entrada de imigrantes no Brasil foi que a
partir de 1870, o governo deste país passou a subsidiar os custos da viagem e as primeiras
despesas que aqueles teriam. Sobre esse assunto Martins declara que
Com a imigração subvencionada, o fazendeiro não poupava capital, mas ganhava capital, dado que cada trabalhador chegado à fazenda representava um efetivo gasto em dinheiro feito com recursos públicos. Martins (1972 p. 68).
Neste contexto, Londrina que foi planejada para abrigar uma população de
aproximadamente 20.000 habitantes sofreu um desordenado processo de expansão territorial e
populacional a partir da década de 1950.
24
Durante os anos 1930 e 40, Londrina se consolida como uma importante cidade da
região norte paranaense, e nas décadas de 50, 60 e 70 que esta cidade passa a ter um
crescimento muito mais expressivo. CUNHA, (2005 p 78).
Segundo Luiz (1991 p. 26), a partir de 1950, Londrina sofreu uma verdadeira
explosão demográfica e urbana, tendo como causas principais o êxodo rural, causado pela
erradicação do café, surgimento de novos cultivos, mecanização agrícola, etc.
Assim sendo, a mecanização agrícola provocou o aceleramento da produção,
entretanto, eliminou maciçamente a mão-de-obra da área rural, sendo esta obrigada a migrar
para área urbana em busca de trabalho. Londrina acabou sendo um desses destinos.
A década seguinte (1960) foi caracterizada pela continuação das mudanças
iniciadas na década passada. Sobre isto Fresca (2002 p. 245) esclarece que ao longo dos anos
de 1960 ocorreram transformações na produção agropecuária do norte do Paraná, através da
política de erradicação da cafeicultura liderada pelo Grupo Executivo de Erradicação do Café
- GERCA, o aumento da área ocupada por pastagens, à introdução de novas culturas e
produção de novos gêneros alimentícios como arroz, feijão, etc., a introdução e a expansão de
novas formas e comercialização através das cooperativas.
Neste contexto, a cidade de Londrina vai se expandindo e em 1960 a população
urbana já ultrapassava a rural. Segundo Cavalllari
No final da década de 1960 e início de 70, começa haver uma concentração populacional na área urbana do município de Londrina devido ao êxodo rural, lembra que a população urbana neste período aumentou em 100% passando de 77.382 para 163.871. CAVALLARI (1996 p 25)
Este rápido crescimento populacional exigia à incorporação de novas terras a
cidade destinada à construção de moradias a nova demanda de habitantes urbanos,
principalmente a população de trabalhadores que foram expulsos do campo devido à
mecanização do mesmo.
Com a finalidade de atender a essa demanda populacional que carecia de moradia
foram edificados os primeiros conjuntos habitacionais concentrados na zona norte da cidade
de Londrina. Sobre esses conjuntos habitacionais Santos explica que
Foram construídos predominantemente pela Companhia de Habitação de Londrina (COHAB-LD) em todas as direções da cidade, sendo que a região onde mais se concentrou a construção destes foi a Região Norte, que passou a ser chamada de Cinco Conjuntos, em virtude dos cinco primeiros conjuntos construídos no local denominados Ruy V. Carnascialy, Milton
25
Gavetti, Parigot de Souza I e II, João Paz e Semíramis B. Braga. (SANTOS, 2004 p. 38).
No que diz respeito da Região Norte, a autora acima analisa que
É uma área que dista em média 12 km do centro principal de Londrina, formada a partir de uma política habitacional da COHAB-LD e que se tornou o local de implantação dos conjuntos habitacionais construídos com a finalidade de servir de moradia à população procedente do campo em virtude da modernização da agricultura. (SANTOS, 2004 p. 44).
Com relação aos conjuntos habitacionais Fresca afirma que
Entre 1970-1980, a COHAB-LD entregou à comunidade 32 conjuntos, totalizando 9.055 unidades. Do total de conjuntos, 12 foram localizados na porção norte, perfazendo 7.821 unidades. FRESCA (2002 p 246) APUD (LONDRINA 1996 p.18).
Quanto aos recursos financeiros necessários a implantação dos conjuntos
habitacionais Fresca comenta que até 1982 eram oriundos do Banco Nacional da Habitação -
BNH, a partir de então a Caixa Econômica Federal (CEF), com recursos do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), assumiu juntamente com a Companhia de Habitação
de Londrina (COHAB-LD), os financiamentos para habitação. (FRESCA, 2002, p. 247).
Desse modo novas áreas são incorporadas à cidade de Londrina e assim inicia-se o
processo de expansão desta. Fresca trata deste assunto e declara que
Com relação à expansão da cidade no sentido oeste praticamente não há terras disponíveis a expansão devido ao limite administrativo (divisa municipal entre Londrina e Cambé). (FRESCA 2002 p.252).
Quanto à porção leste Fresca afirma que a expansão físico-territorial desta ocorre desde os anos 1980. Porém em 1990, a expansão foi intensificada pela implantação de conjuntos habitacionais, por loteamentos implantados pela iniciativa privada e por aumento do número de plantas industriais implantadas ao longo da BR 369. (FRESCA 2002 p 252).
Fresca afirma que a expansão de Londrina foi acompanhada do surgimento de
ocupações irregulares. Ela revela que
No extremo sul da cidade de Londrina a expansão prossegue, marcada, via de regra, como área de localização da população de menor poder aquisitivo. É onde tem se concentrado vários assentamentos urbanos como o União da Vitória, o São Marcos, Jardim Novo Perobal /área da Sanepar, Favela do Jardim Novo Perobal e as ocupações irregulares do Jardim Cristal e Fundo de Vale do Fransciscato. (FRESCA 2002 p. 253).
26
Fresca (2002 p 252) argumenta ainda que os grupos sociais excluídos incorporam
novas áreas à malha urbana. E dessa forma instituem os assentamentos urbanos constituídos
por favelas ou ocupações irregulares.
Estes grupos foram privados do direito a uma moradia, pois são desprovidos de
recursos financeiros suficientes que lhes assegurem a aquisição de uma mercadoria tão cara
como a habitação.
Para se resolver o problema da falta da habitação estes grupos erguem barracos
em áreas públicas ou privadas geralmente em locais impróprios a construção como, por
exemplo, os fundos de vale, morros, etc. Constituindo-se desta forma as favelas, ou os
assentamentos urbanos considerados ocupações irregulares. Sobre este assunto, Fresca afirma
que
Em Londrina os assentamentos urbanos constituídos por grupos sociais excluídos se proliferaram nos anos 1990. No extremo norte da cidade há vários assentamentos e ocupações irregulares como o Jardim São Jorge e o Fundo da Fazenda Primavera. Fresca (2002 p. 252).
Como não existe uma política pública que resolva o problema do déficit
habitacional, o governo federal através de parcerias com o poder privado implanta programas
habitacionais que visam erradicar as ocupações irregulares ou assentamentos subnormais e
amenizar tais problemas.
Com esta finalidade ocorreu na cidade de Londrina à efetivação do Projeto de
Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS) do Programa Habitar Brasil do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (HBB) que inicialmente foi financiado com recursos
deste Banco. Mais tarde este Projeto passou a ser financiado com recursos do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).
A realização deste Projeto será o objeto de estudo do próximo capitulo. Contudo
antes de nos referirmos ao Projeto faremos uma breve análise sobre a ocupação de terras na
cidade capitalista no capítulo seguinte.
27
2.3 OCUPAÇÕES IRREGULARES EM LONDRINA
O solo na economia capitalista é produzido, disputado, e utilizado para diferentes
fins, sendo moldado conforme a atuação de vários agentes sociais, como os proprietários dos
meios de produção, os loteadores (ou promotores imobiliários), os proprietários fundiários, o
Estado e os grupos sociais excluídos. (CORRÊA, 1989, P.20).
No que diz respeito ao uso do solo Singer assegura que:
O uso do solo na economia capitalista é regulado pelo mecanismo de mercado, no qual se forma o preço desta mercadoria sui-generis que é o acesso à utilização do espaço. Este acesso pode ser ganho mediante a compra de um direito de propriedade ou mediante o pagamento de um aluguel periódico. (SINGER, 1978 p. 23).
Na economia capitalista o solo é uma mercadoria vendida a um preço elevado o
que torna o seu acesso restrito a grande maioria da população.
Como resultado cria-se uma grande demanda populacional que não consegue
pagar pela utilização de um lote urbano e construir sua moradia, nem ao menos podem arcar
com o elevado preço do aluguel.
Singer ainda ressalta que
Normalmente o salário cobre o custo da reprodução da força de trabalho, inclusive o custo de ocupar um segmento do espaço urbano. No Brasil há uma tendência crescente de o Estado subsidiar a reprodução da força de trabalho através dos planos de habitação popular implementados nos últimos anos pelo Banco Nacional da Habitação- BNH. (SINGER, 1978 P. 28).
Soma-se ao fato de que na sociedade capitalista não há interesse em se produzir
habitações para os estratos mais pobres da população, visto que estes usufruem (e quando
usufruem) de um salário que mal lhes garante a sobrevivência, assim sendo são banidos do
acesso a uma moradia digna. Sobre isso Corrêa afirma que
Na sociedade capitalista não há interesses das diferentes frações do capital envolvidas na produção de habitações populares. Isto se deve basicamente, aos baixos níveis dos salários das camadas populares, face ao custo da habitação produzida capitalisticamente. (CORRÊA, 1999 p. 21).
Como esta camada social também precisa morar e não tem condições financeiras
para comprar ou pagar o aluguel de uma casa, a única alternativa que encontram é ocupar
28
glebas públicas ou privadas para morarem, erguendo seus barracos. Assim, são concebidas
diversas alternativas de morar como os assentamentos urbanos ou bairros subnormais que
correspondem às ocupações ou loteamentos irregulares, favelas, mocambos, palafitas, etc.
Sobre esse assunto Maricato traz a seguinte referência:
É nas áreas desprezadas pelo mercado imobiliário, nas áreas ambientalmente frágeis cuja ocupação é vetada pela legislação e nas áreas públicas que a população pobre vai se instalar: encostas de morros, beira dos córregos, áreas de mangue, áreas de proteção de mananciais... Na cidade, a invasão de terras é uma regra, e não uma exceção. Mas ela não é ditada pelo desapego à lei ou por lideranças que querem afrontá-la. Ela é ditada pela falta de alternativas. (MARICATO p.02).
De acordo com Rodrigues (2001)
A favela surge da necessidade do onde e do como morar [...] Representam para a população uma estratégia de sobrevivência, uma iniciativa, que levanta barracos de um dia para outro, contra uma ordem desumana, segregadora. (RODRIGUES, 2001 p 40).
É necessário esclarecer que existem diferentes sentidos para os conceitos de favela
e ocupação. Faremos uso do conceito abordado por Rodrigues.
A favela caracteriza-se por ser uma ocupação individual e cotidiana, ou seja, aqueles que não têm onde morar procuram um lugar para instalar-se com sua família. Conversam com os moradores já existentes e ao encontrar um pedaço de chão, constroem seu barraco, ou então compram um barraco já pronto. A construção é feita individualmente, ou com a ajuda da família ou de amigo. (RODRIGUES, 2001 p 43).
No que diz respeito às ocupações Rodrigues alega que
Estas ocorrem em bloco, ou seja, certo número de famílias procura juntamente uma área para instalar-se. Esta ocupação da área ocorre no mesmo dia para todo o grupo. As ocupações caracterizam-se por uma mobilização anterior. As construções, embora de responsabilidade de cada família ocupante, são realizadas em verdadeiros mutirões famílias que não contam com homens, são auxiliadas por outras. (RODRIGUES, 2001 p 43).
Como foi dito por Maricato geralmente, as ocupações irregulares ocorrem em
áreas proibidas por lei de serem regularizadas, em geral são terrenos públicos ou privados,
sujeitos a inundações, ou correspondem a áreas de preservação permanente (APP), como
fundos de vale.
Sobre estas áreas Cortez afirma que
29
Áreas de Preservação Permanente (APP) são faixas de terra ocupadas ou não por vegetação nas margens de nascentes, córregos, rios, lagos, represas, no topo de morros, em dunas, encostas, manguezais, restingas e veredas. Essas áreas são protegidas por lei federal, inclusive em áreas urbanas.
Na antiga resolução conama nº 302 no artigo 3º constava que
Constituía Área de Preservação Permanente a área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo normal de: I - trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e cem metros para áreas rurais. <www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30202.html>
Porém, o relatório do deputado Aldo Rebelo estabeleceu mudanças no novo código
florestal brasileiro, especificamente nas apps conforme citação abaixo:
As Áreas de Proteção Permanente (APP) de rios (matas ciliares) de até cinco metros de largura foram reduzidas de 30 para 15 metros, e os estados não terão poder para alterar esses limites. http://www.ecodebate.com.br/
Assim, ratificamos que a lei proíbe a construção em áreas de fundo de vale, visto
que as mesmas correspondem a áreas de preservação permanente (APP). Todavia como a
maior parte da população tem salários baixos que não lhes asseguram as condições financeiras
suficientes para obter uma habitação, resta-lhes ocupar estas áreas mesmo com a
impossibilidade de serem regularizadas e assim erguem seus barracos procurando resolver o
problema da ausência da moradia.
Na página seguinte apresentamos a figura 2 que indica as ocupações irregulares
em Londrina.
30
Figura 2 – Carta de Localização das Poligonais Turquino e Maracanã e Poligonal Primavera.
Fonte: Atlas Ambiental da Cidade de Londrina. .
Na carta de localização das ocupações irregulares demonstrada na figura 2
comprovamos que Londrina sofre com a questão do déficit habitacional, pois apresenta um
grande número de assentamentos irregulares distribuídos por toda a cidade. A presença das
ocupações irregulares indica a gravidade do difícil acesso à moradia sem mencionar os danos
ambientais provocados por estas.
31
Diante da dimensão deste problema nosso objetivo aqui é compreender como os
grupos sociais excluídos apropriam-se do espaço geográfico buscando solucionar a questão da
falta de moradia através da criação dos assentamentos subnormais.
Com o intuito de compreender como são constituídas tais áreas analisamos o
processo de ocupação que ocorreu na cidade de Londrina em 1996, no espaço situado na Rua
Ana Caputo Piacentini, parte integrante do fundo de vale da microbacia Córrego Sem Dúvida,
que corresponde a uma área de preservação permanente (APP) no fundo do conjunto
habitacional Jardim Aquiles Stenghel.
No item seguinte trataremos da origem do processo de ocupação que fez brotar
um assentamento subnormal na área citada acima.
32
2.3.1 A origem do assentamento no fundo de vale da microbacia do córrego Sem Dúvida
No decorrer do ano de 1996 com o desígnio de resolver a questão da ausência de
um lar, 84 famílias procedentes da região dos “Cinco Conjuntos”, em virtude da incapacidade
de arcar com os custos do aluguel ocuparam uma área de fundo de vale da microbacia córrego
Sem Dúvida, nas proximidades da Rua Ana Caputo Piacentini, zona norte de Londrina, nas
imediações do conjunto habitacional Jardim Aquiles Stenghel. Local que corresponde a uma
área de preservação permanente (APPs).
Vale esclarecer que consideraremos como fundo de vale a área contígua ao fundo
de vale do Córrego Sem Dúvida, delimitada pela Rua Armando Sanguinete.
Os moradores locais com o decorrer do tempo de ocupação realizaram uma
espécie de regionalização do fundo de vale ”dividindo-o” em três comunidades. Elas foram
denominadas de Vale da Lua, Vale do Sol, Jardim dos Campos. Todas estas comunidades
estavam inseridas no fundo de vale (e imediações) do córrego Sem Dúvida dentro da
denominada Poligonal Primavera.
Na próxima página na figura 3 é nítida a regionalização criada pelos habitantes
deste local por meio de imagem aérea da microbacia do fundo de vale do córrego Sem
Dúvida.
33
Figura 3- Vista aérea panorâmica da microbacia do fundo de vale do Córrego Sem Dúvida.
Fonte: Projeto UAS do HBB II p.11 Na figura 3 podemos verificar também a indicação da área a ser recuperada bem
como a abrangência do HBB II. É visível ainda, a proximidade das ocupações irregulares com
a área rural da cidade.
É necessário esclarecer que o local onde ficam as casas do PSH foi nomeado de
Jardim Primavera I. A área destinada ao remanejamento efetuado por meio do HBB II foi
intitulada de Jardim Primavera II.
34
2.3.1.1 Vale da Lua
De acordo com o Projeto HBB-II (2005 p. 12) a ocupação aconteceu em agosto de
1996, quando 76 famílias oriundas da região norte de Londrina (nomeada de Cinco
Conjuntos), sem opção de moradia, resolveram por meios próprios suas necessidades de
moradia.
Na época as famílias ocuparam o espaço situado no fundo do vale nas
proximidades da Rua Ana Caputo Piacentini, denominada “Vale da Lua”, e assim ergueram
seus barracos.
O terreno onde se encontravam as famílias é de propriedade pública, sendo considerada área de Preservação Permanente e fundo de Vale é ilegal sua utilização para implantação de moradias. No local estabeleceram residência 151 famílias, das quais 08 foram anteriormente atendidas pelo P.S.H. Estas últimas foram beneficiadas apenas com a substituição de seus barracos por uma nova unidade habitacional. As 143 restantes foram remanejadas pelo Projeto Integrado HBB II. (Projeto UAS do HBB II 2005 p. 13).
2.3.1.2 Vale do Sol
Esta ocupação localizava-se na continuação da Rua Ana Caputo Piacentini e
corresponde ao fundo de vale que faz parte da Fazenda Primavera.
Em 1996 neste local instalaram-se 78 famílias. Estas permaneceram nesta
ocupação em condições de insalubridade e somente no ano de 2001, conforme a solicitação
dos moradores, a COHAB-LD instalou no local um poste coletivo de energia elétrica e água.
Com o decorrer do tempo já habitavam no local um total de 110 famílias, destas,
45 foram previamente atendidas no ano de 2004, através do Programa de Subsídio a
Habitação (PSH) que forneceu material e construiu unidades habitacionais para remover estas
famílias do local.
As 55 famílias restantes foram atendidas a partir da execução do Projeto UAS do
HBB II.
35
É preciso esclarecer que o local escolhido para a construção de casas do PSH
localiza-se no Jardim Primavera I. O espaço destinado ao remanejamento do HBB II fica nas
proximidades no Jardim Primavera II.
2.3.1.3 Jardim dos Campos
A ocupação ocorreu no mesmo período das outras. Esta área inicialmente foi
apropriada por setenta famílias. O terreno é de propriedade pública e fica no entorno da
microbacia do fundo de vale do Córrego Sem Dúvida.
No local acabaram fixando-se 116 famílias, sendo que destas 63 permaneceram no
local em lotes parcelados e regularizados no fundo de vale por meio do PSH. As 51 famílias
restantes foram remanejadas Projeto UAS do HBB II.
Consta no Projeto UAS do HBB II (2005 p.9), que o fundo de vale do Conjunto
Habitacional Aquiles Stenghel possui uma extensão de 122.294.36 metros quadrados,
passando por ele o afluente do Ribeirão Jacutinga que abastece parte da população do
município vizinho Ibiporã.
Na seqüência observamos aspecto do fundo de vale do córrego Sem Dúvida.
Figura 4 - Aspecto do fundo de vale do córrego Sem Dúvida. Fonte: Projeto HBB-II 2005 p.10
36
A figura 4 mostra perfil da microbacia do fundo de vale do córrego Sem Dúvida
localizado na comunidade “Vale de Sol”. Como não havia nenhum tipo de infraestrutura
básica os moradores o utilizavam como depósito de lixos e dejetos humanos, ou como lazer.
De acordo com o Projeto UAS do HBB II
O fundo de vale da Rua Ana Caputo Piacentini é conhecido como Vale da Lua, o fundo de vale da Fazenda Primavera, conhecido como Vale do Sol, e o Jardim dos Campos fazem parte do aglomerado de ocupações irregulares, pois a maioria destas estão em Áreas de Preservação Ambiental. (APA). (Projeto UAS do HBB II 2005 p. 10).
Adiante nas figuras 5 e 6 verificamos a precariedade dos barracos construídos
com sobras de material de construção, localizados no Vale da Lua e Vale do Sol,
respectivamente, e vemos também a proximidade destes com a microbacia do Sem Dúvida
bem ao fundo na área arborizada.
Figura 5- Barracos precários construídos nas proximidades da microbacia do Sem
Dúvida. Fonte: Projeto UAS do HBB-II 2005 p23
37
Figura 6- Barracos precários construídos nas proximidades da microbacia do Sem Dúvida.
Fonte: Projeto UAS do HBB-II 2005 p.23.
Esses barracos estavam localizados respectivamente no “Vale da Lua” e no “Vale
do Sol” e as famílias foram remanejadas deste local através do Programa de Subsídio a
Habitação (PSH). Nota-se a proximidade de ambos com o fundo de vale do Sem Dúvida.
Na página seguinte na figura 7 observa-se a carta hipsométrica da microbacia do
fundo de vale Córrego Sem Dúvida.
38
Figura 7 - Carta hipsométrica da microbacia do fundo de vale Córrego Sem Dúvida. Organização: Santos, Josiane Rodrigues.
39
Observa-se na figura 7 por meio de carta hipsométrica que as variações de altitude
do relevo do fundo de vale do Sem Dúvida são muito íngremes provando assim ser local
inadequado à construção de moradias pelo risco de enchentes e desmoronamentos das casas e,
além disso, o local é área de preservação permanente (APP's. Visando amenizar o problema
do déficit habitacional, o poder público de Londrina implantou dois programas habitacionais
no referido fundo de vale. O primeiro foi o PSH e programa seguinte o HBB. No próximo
item os mencionaremos.
2.3.2 Programa de Subsídio a Habitação de Interesse Social – PSH
O PSH é um programa do governo federal operado com recursos provenientes do
Orçamento Geral da União (OGU) e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e
conta, ainda, com o aporte de contrapartida proveniente dos estados, DF e municípios, sob a
forma de complementação aos subsídios oferecidos pelo programa.
Este programa opera em nível nacional atuando como um agente financeiro
habitacional. Segundo prescrito no site da Caixa Econômica Federal o PSH atua
Em parceria com o setor público, sob a forma de recursos financeiros, bens ou serviços, o PSH viabiliza a aquisição e/ou produção de casas populares para a população de baixa renda (com renda familiar de até três salários minímos).
A seguir, consta recorte da noticia extraída do site da Caixa econômica Federal
sobre a assinatura do contrato para implantação do PSH no estado do Paraná.
A Caixa Econômica Federal assina nesta segunda-feira (26/08/02) o primeiro contrato do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH). Inicialmente, serão beneficiadas duas cidades do Paraná. Em Londrina serão financiadas 450 moradias, com investimentos de R$ 3 milhões. Na cidade de Arapongas, a CAIXA vai financiar mais 100 unidades, no valor de R$ 700 mil. ( 26 agosto de 2002).
É ainda informado que
No PSH, os projetos imobiliários são realizados em parceria com governos estaduais e municipais, o que possibilita reduzir o custo médio de cada unidade, que varia entre R$ 3.000,00 e R$ 7.000,00.
40
Este programa habitacional foi realizado no fundo de vale da microbacia do
Córrego Sem Dúvida pela COHAB-LD antes da implantação do Projeto UAS do HBB-II.
Ocorreu entre 2003 e 2005 com o objetivo de atender 45 famílias que residiam no “Vale do
Sol”. Entretanto, o PSH assistiu também 69 famílias do “Jardim dos Campos” e 08 do “Vale
da Lua” o que totalizou um número de 122 famílias.
De acordo com o Projeto UAS do HBB II
Em julho de 2003 a COHAB-LD (por meio do PSH) ofertou a estes moradores um terreno no Jardim Primavera, mais um kit de material de construção para uma casa de 25 m². Estes pagariam somente pelo terreno. O acordo foi aceito e a área desocupada após a entrega das casas. (Projeto UAS do HBB II 2005 P. 14)
É importante destacar que em razão de ser um loteamento particular já residiam
neste local 38 famílias, posteriormente, vieram àquelas que foram remanejadas por meio do
PSH. Os lotes do PSH foram nomeados de Jardim Primavera I.
É indispensável informar que este loteamento também foi o local disponibilizado
pela COHAB-LD para realizar o remanejamento dos moradores da Poligonal Primavera por
meio do Projeto UAS do HBB II. Foi intitulado de Jardim Primavera II.
Na seqüência faremos referência ao programa HBB, também esclareceremos
algumas ações que foram imprescindíveis à efetivação do projeto de urbanização. Estas ações
faziam parte das exigências que foram pré-estabelecidas pelo Programa Habitar Brasil do
BID.
41
2.3.3 O Programa Habitar Brasil
Cordeiro (2006 p. 83) afirma que no ano de 1998 através de parceria com o Banco
de Desenvolvimento Interamericano (BID), foi criado o Programa Habitar Brasil (HBB).
Afirma a autora que
O objetivo central do Programa é estimular os municípios a destinar maiores recursos ao financiamento de projetos de regularização dos bairros subnormais e de modernização dos instrumentos e regulamentações relacionados com a gestão urbana, das quais foram as que originaram, em grande parte, a sua criação. (CORDEIRO, 2006 p. 83).
Salienta ainda que
Os municípios são incentivados a executar projetos integrados de melhoramentos de bairros. [...] Entende-se por projetos integrados as propostas de intervenção com abrangência das diversas demandas identificadas na comunidade, ou seja, são ações voltadas a aspectos sociais, ambientais, econômicos, culturais, e de urbanização e regularização, entre outros. (CORDEIRO, 2006 p 83).
Conforme citado, o Programa HBB teve como objetivo central à construção de
casas à população de baixa renda que mora em bairros subnormais, ou seja, em favelas,
mocambos, palafitas, assentamentos ou ocupações irregulares. Sobre o Programa HBB, Dores
menciona que:
Trata-se de um Programa de nível nacional que apresenta como principal objetivo contribuir para melhorar a qualidade de vida das famílias de baixa renda que residem em favelas, ocupações irregulares e áreas semelhantes. Visa também à produção de moradias para o remanejamento de famílias que se encontram em áreas institucionais e de preservação ambiental, prevendo futura regularização fundiária de todos os lotes localizados na área de abrangência. (DORES, 2005 p.55/56).
Os participantes do Programa são: o Ministério das Cidades (MCidades), a Caixa
Econômica Federal (CEF) e a Unidade Executora Municipal (UEM).
Conforme informações do site do Ministério das Cidades (MCidades) este é órgão
gestor do Programa, com atribuições de promover treinamentos, planejar, organizar,
coordenar e controlar sua execução. Já a Caixa Econômica Federal (CEF) é a empresa pública
contratada pela UNIÃO para operacionalização do Programa através dos projetos de
42
urbanização de assentamentos subnormais em que se desdobra, orientando suas formulações e
realizando as atividades de análise, aprovação, acompanhamento e avaliação dos mesmos.
E ainda, temos o proponente e agente executor destes projetos, corresponde a
Unidade Executora Municipal (UEM).
A UEM, no caso de Londrina, foi composta pela COHAB-LD e pela Secretaria
Especial de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal. Os recursos financeiros do
Programa foram repassados através da Caixa Econômica Federal (CEF) que trouxe a verba do
Orçamento Geral da União (OGU).
Segundo o Ministério das Cidades de 1999 a 2005 foram assinados contratos com
119 municípios brasileiros para efetuar o Projeto UAS do HBB.
O montante de recursos destinado à segunda execução do Projeto UAS do HBB
na zona norte de Londrina foi de aproximadamente R$ 7.000.000 (sete milhões). Os recursos
são municipais e federais, oriundos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da
União e da Unidade Executora Municipal (UEM). A verba do Projeto é concedida na medida
em que as ações prescritas no mesmo forem desempenhadas.
Cordeiro declara que para executar o Projeto UAS do HBB
Os municípios poderão apresentar ao programa, projetos integrados e planos de desenvolvimento institucional, para os quais pleitearão financiamento procurando esboçar a solução cabível à realidade local da maneira mais conveniente, e atendendo aos impactos sociais, econômicos, financeiros e ambientais. Desta forma, o projeto integrado deverá ser composto com os projetos que cumpram os seguintes requisitos: Dominial, (ou seja, da questão fundiária), urbanística e de engenharia, social e ambiental. (CORDEIRO, 2005 p. 87).
No caso de Londrina foram apresentados projetos integrados ao Programa HBB.
Foram designados de integrados, pois, nele além do benefício da casa estava prevista a
regularização fundiária e uma série de atuações diferenciadas voltadas aos aspectos sócio-
culturais, econômicos, de engenharia e urbanização. Estas ações foram efetuadas com o
intento de que a população assistida alcançasse qualidade de vida e que a mesma fosse
reintegrada a sociedade na qual vive.
Além disso, o Programa UAS do HBB foi dividido em Subprograma de
Desenvolvimento Institucional - DI e Subprograma de Urbanização de Assentamentos
Subnormais – UAS, que deveriam assegurar respectivamente apoio monetário e técnico,
contando assim com a participação financeira de municípios e estados em sua execução.
43
Cordeiro declara que
A implantação do Subprograma de Desenvolvimento Institucional (DI) visa capacitar os municípios, pois a grande maioria não dispunha de equipe atuante na área de desenvolvimento urbano e, conseqüentemente não conhecia e nem tinha condições de enfrentar o problema habitacional existente. (CORDEIRO, 2005 p 85).
O subprograma descrito acima tem como finalidade ampliar e atualizar as
instituições municipais para que as mesmas trabalhem no sentido de reduzir a situação de
precariedade na qual se encontram as famílias de baixo poder aquisitivo moradoras em áreas
subnormais de abrangência do Projeto.
Ainda, constava no Subprograma de Desenvolvimento Institucional (DI), que para
realizar o Projeto UAS do HBB, os municípios precisavam comprometer-se a formular,
aprovar e implantar o -(Plano Estratégico Municipal para Assentamentos Subnormais)
PEMAS. Sobre ele Dores esclarece que
A implementação do Programa ocorreu mediante a elaboração do Plano Estratégico Municipal para Assentamentos Subnormais – PEMAS (2001) que foi executado pela COHAB-LD, com o objetivo de viabilizar a implantação de programas direcionados para atender a demanda habitacional da população de baixa renda e buscar a redução da subnormalidade e dos índices de violência entre outros fatores (educação e segurança) (DORES, 2005 p.56).
O PEMAS estabeleceu as diretrizes e ações que foram postas em prática no
município com a finalidade melhorar as condições de moradia das famílias que viviam em
estado de subnormalidade. Sobre as ações do PEMAS Cordeiro afirma que
Como parte das ações previstas no PEMAS foi realizado pelo órgão público local (COHAB-LD) no período de 29/01/01 a 28/02/01, um levantamento das áreas subnormais urbanas, representadas pelas favelas, assentamentos e ocupações irregulares. (Cordeiro, 2005 p 100).
A partir deste levantamento (realizado pela COHAB-LD) das áreas subnormais
urbanas da cidade de Londrina, houve uma classificação de acordo com o estado de risco
(como inundações, deslizamentos e desabamentos) em que se encontravam as moradias das
ocupações irregulares. Ou seja, foram diagnosticadas as populações que residiam em situação
mais grave (e menos grave) no que diz respeito às condições de habitação.
44
Assim sendo, foram identificadas em Londrina as áreas a serem beneficiadas com
Projeto de Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS) do HBB. Foram elas: o Jardim
Turquino junto com o Jardim Maracanã, (zona sudoeste) e o fundo de vale da microbacia do
córrego Sem Dúvida no fundo do conjunto habitacional Jardim Aquiles Stenghel situado na
(zona norte). A primeira implantação foi na zona sudoeste e foi designado Projeto UAS do
HBB I. Foi executado pela segunda vez na zona norte e nomeado de Projeto UAS do HBB II.
Este último constitui objeto de análise de nosso trabalho.
É importante esclarecer que as áreas de intervenção do Projeto UAS do Programa
HBB I e II foram nomeadas pelo poder público local (COHAB-LD) de Poligonal, visto que
estes espaços correspondem à união de bairros que apresentam características semelhantes, ou
seja, correspondiam a lugares insalubres, precários, impróprios a habitação, sem infra-
estrutura básica, sujeitos a desmoronamentos, enchentes, contaminações, etc.
Convém advertimos que a partir de maio de 2008 os Projetos UAS do Programa
Habitar Brasil II anteriormente financiados e acompanhados pelo BID passam a ter estas
funções desempenhadas por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Esta
mudança no programa trouxe um novo agente financiador e acompanhador da execução dos
Projetos.
Convém alertar que optamos por adotar a nomeação antiga quando nos referirmos
ao Projeto, pois mesmo com a alteração do agente financiador do projeto ele continuou sendo
divulgado com a nomeação do agente anterior (BID).
Como dissemos, o objeto de nosso estudo foi o remanejamento efetivado por meio
do Projeto UAS do Programa HBB II. Contudo é necessário elucidarmos sobre algumas ações
que foram imprescindíveis a efetivação do mesmo. Estas ações fazem parte das exigências
que foram pré-estabelecidas pelo Programa Habitar Brasil do BID.
45
2.3.4 Ações desempenhadas antes da execução do Projeto UAS do Programa HBB II
Não podemos deixar de salientar que a execução deste Programa ocorreu por duas
vezes em Londrina. Faremos referência à segunda implantação do mesmo que aconteceu na
zona norte, no fundo de vale (e no entorno) do Córrego Sem Dúvida ora nomeada de
“Poligonal Primavera”. Além disso, quando nos referirmos a este ele será designado de
Projeto UAS do HBB II ou, apenas HBB II.
Antes de ser implantado, o Projeto UAS do Programa HBB II foi aprovado e
homologado pela prefeitura municipal de Londrina e pelos seguintes órgãos: Instituto
Ambiental do Paraná (IAP), Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) e Promotoria do Meio
Ambiente.
Dentre as ações previstas constava também o contrato de uma equipe técnica
multidisciplinar composta por assistente social, geógrafa e engenheiro civil. Estes
profissionais escreveram respectivamente o projeto social, o ambiental e o de urbanização do
local. Estas equipes foram contratadas através do Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento
Econômico e Social (ITEDES).
Esta Instituição foi contratada pela Unidade Executora Municipal (UEM) e pela
Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal com a finalidade de
coordenar pesquisas e levantamentos, executar o pagamento das equipes de técnicos do
projeto, financiar os eventos e cursos ofertados pelo projeto.
Uma das condições para executar o Projeto UAS do HBB II era a realização um
cadastro das famílias que moravam na ocupação do fundo de vale (e entorno) da microbacia
do fundo de vale do Córrego Sem Dúvida. Este foi efetuado no ano de 2003 pelo ITEDES.
Além do cadastro, era necessário obter um levantamento socioeconômico dos
moradores identificando suas aspirações e principais dificuldades. Este levantamento foi
realizado em 2005, também através daquela instituição. Os dados serviram para planejar as
propostas de intervenção que seriam desempenhadas no decorrer do Projeto UAS do
Programa HBB II.
Acrescenta-se ao levantamento socioeconômico da Poligonal Primavera os
contatos feitos com as lideranças comunitárias objetivando que as mesmas apoiassem à
46
realização do Projeto e que, também, reivindicassem as melhorias que aspiravam para o local.
Entre elas citou-se o aumento de atendimentos na creche, implantação de saneamento básico,
regularização dos lotes, capacitação profissional, atividades para geração de renda, ampliação
do transporte coletivo local e do número de telefones públicos.
Neste levantamento foi constatado que além das 116 famílias assistidas através do
PSH, outras 249 haviam erguido seus barracos na área do fundo de vale da microbacia do
Córrego Sem Dúvida, portanto, todas deveriam ser remanejadas através do Projeto UAS do
Programa HBB II.
Após a verificação da quantidade de contemplados com o Projeto UAS do
Programa HBB II, esta área foi considerada “congelada”, isto significa que nenhuma outra
família poderia ocupar a área.
Vale mencionar que no Projeto UAS do Programa HBB II consta que deveriam
ser priorizadas no remanejamento as famílias com renda mensal de até três salários mínimos
que habitassem em assentamentos subnormais em condições de risco social e ambiental (área
insalubre sujeita a inundação, enchentes, etc.).
Para colocar em prática as ações do Projeto UAS foram contratadas três equipes
técnicas de áreas ou “eixos” diferentes. As equipes são: Mobilização e Organização
Comunitária (MOC), Geração de Trabalho e Renda (GTR) e Educação Sanitária e Ambiental
(ESA) que cumpriram funções diferentes tratando de aspectos relacionados à questão urbana
(como os impactos: sociais, ambientais, urbanísticos e de engenharia), no entanto, as equipes
atuaram em conjunto. Estas equipes eram compostas de assistentes sociais, geógrafo, e
profissionais de educação física e engenharia civil sem contar a participação dos estagiários
de cada uma destas áreas.
Sobre estas equipes Cordeiro (2005 p. 88) afirma:
[...] que elas deveriam impulsionar à mobilização e organização comunitária na concepção e execução do projeto, a educação sanitária e ambiental, a capacitação profissional e a implantação de atividades voltadas à geração de trabalho e renda para as famílias residentes na área de atuação do projeto. Cordeiro (2005 p. 88)
Uma destas equipes, intitulada de Mobilização e Organização Comunitária
(MOC) era encarregada de realizar de atividades comunitárias voltadas ao lazer, cultura,
esporte e eventos bem como tinham o papel de acompanhar as famílias participantes do
remanejamento e também estabelecer parcerias com o intuito de promover a educação de
47
jovens e adultos. Além disso, deveriam apoiar a participação comunitária na promoção de
atitudes ligadas ao zelo e ao bom funcionamento dos equipamentos sociais comunitários.
Conforme o Projeto UAS do Programa HBB II
As ações deste eixo são voltadas o acompanhamento das obras, e promoção social das famílias pertencentes à Poligonal. Ações de saúde educação infantil, alfabetização de jovens e adultos, assistência à criança e adolescentes. (Projeto UAS do HBB II 2005p. 66).
Este eixo também é responsável pela realização de atividades comunitárias
voltadas ao lazer, cultura, esporte e eventos em datas comemorativas. Constituíram grupos de
ginástica ou times de diferentes modalidades de esporte como vôlei, basquete, futebol;
divididos conforme a idade dos componentes dos grupos. Coordenaram este eixo profissional
de Educação Física, Assistente Social e estagiário destas áreas.
Um dos critérios para se inscrever nas atividades deste eixo era ser morador do
fundo de vale da microbacia do fundo de vale do Córrego Sem Dúvida ou de seu entorno. Os
assistentes sociais desta equipe permanecem 06 meses pós-conclusão das obras físicas do
Projeto UAS HBB II para orientação dos moradores quanto ao processo de regularização
fundiária bem como ampliação das moradias.
A equipe Geração e Trabalho e Renda (GTR) teve como fim oferecer cursos de
capacitação profissional com o desígnio de integrar e/ou promover o acesso ao mercado de
trabalho da comunidade atendida pelo Projeto. Visa contribuir para o desenvolvimento
individual e da qualidade de vida e trabalho destes moradores.
Os cursos ofertados e já realizados foram de azulejista, manicuro/pedicuro,
cabeleireira, fabricação de bombons e ovos de páscoa, biscuit, sacola artesanal, aulas de
informática, corte e costura, artesanato em tronco de árvore, sabonete artesanal, velas
artesanais, decoração de natal, formação em economia solidária, empregabilidade e
empreendedorismo, gestão financeira, higiene e segurança do trabalho, e secretariado. Este
eixo é dirigido por de Assistentes Sociais e estagiários desta área.
O número de participantes de cada um dos cursos variava de 15 a 20 pessoas. Da
mesma forma, para tomar parte dos cursos, a pessoa obrigatoriamente deveria ser moradora da
microbacia do fundo de vale do Córrego Sem Dúvida ou do seu entorno (que correspondia à
área de abrangência do HBB II). Esta equipe permanecerá no projeto até dezembro de 2010.
48
No que diz respeito à equipe Educação Sanitária e Ambiental (ESA) era sua
função realizar um trabalho de caráter educativo através de parcerias com escolas e creches
das proximidades.
Foram promovidas palestras, visitas a rede de tratamento de esgoto da cidade na
Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), visitas monitoradas ao fundo de vale da
microbacia do Córrego Sem Dúvida, envolvendo os moradores deste fundo de vale e do
entorno com o intuito de que os mesmos tenham consciência ecológica, evitando o
desperdício de água e energia elétrica e que também possam contribuir na melhoria do
orçamento familiar.
Trabalhou-se também com o descarte correto de materiais recicláveis, e com o uso
destes foram realizadas oficinas de artesanato. Este eixo foi coordenado por uma Geógrafa e
estagiários graduandos em geografia.
Na imagem da figura 8 notamos cartaz confeccionado pelo eixo ESA.
Figura 8 - Cartaz confeccionado pelo eixo ESA Fonte: Santos, Josiane Rodrigues.
49
Este cartaz comprova o caráter social do projeto que apresentava como um de seus
objetivos o despertar da consciência ecológica nos moradores do fundo de vale.
As oficinas de artesanato ofertadas foram todas confeccionadas com material
reciclável. Entre as oficinas realizadas podem ser citadas: a de Bijouteria, Brinquedos, Pufes,
Árvores de Natal, Papai-Noel, etc.
As ações desse eixo visavam levar a comunidade a valorizar a infraestrutura,
implantada pelo HBB II. Assim como prepará-la para a correta utilização das habitações,
especialmente com relação à rede sanitária e rede de esgoto.
É necessário ressaltar que, estas ações foram pré-estabelecidas no Projeto UAS do
Programa HBB II. Assim sendo, os profissionais responsáveis por cada uma das equipes
deveria cumprir um cronograma de atividades durante o transcorrer do Projeto. (Em anexo
encontra-se o cronograma de atividades). Este eixo encerrou suas atividades no início de julho
de 2010.
Outro ponto a ser salientado é que os profissionais de cada um dos eixos (MOC,
GTR e ESA) precisavam registrar em relatórios mensais, trimestrais e semestrais com estas
ações previstas no cronograma foram colocadas em prática.
Estes relatórios eram avaliados pela Unidade Executora Municipal – UEM (como
pronunciamos era a COHAB-LD), pela Caixa Econômica Federal (CEF), e ainda pela
supervisão do Ministério das Cidades (MCidades).
Além disso, eram realizadas reuniões semanais com as três equipes (ESA, GTR e
MOC) juntamente com a assistente social Lenir de Assis, da Secretaria Especial de
Desenvolvimento Urbano do Município de Londrina, que vistoriava a implementação do
Projeto bem como assessorava os técnicos de todas as equipes fornecendo materiais para os
cursos, planejando eventos. Adiante revelamos o perfil dos moradores da Poligonal
Primavera.
50
2.3.5 Perfil dos moradores da Poligonal Primavera
Na tabela 1 verificamos os dados populacionais e a caracterização da população
moradora nas margens da microbacia fundo de vale do Córrego Sem Dúvida que foram
inseridas no projeto.
Tabela 1 - Dados populacionais/caracterização da população da microbacia do fundo de vale do córrego sem dúvida.
Tipo Número
População Urbana do Município 467.332 habitantes
População beneficiada com o projeto (HBB II) 1.466 pessoas
Famílias a remanejar (HBB II) 249 famílias
Famílias em habitações subnormais (PSH) 08 famílias
Tempo médio de ocupação 06 anos
Situação de expansão Estável
Número de famílias co-habitantes 40 famílias
Renda média das famílias 02 salários mínimos
Fonte: Projeto UAS do HBB II 2005 p.6
A análise da tabela 1 permitiu constatar que 249 famílias deveriam ser
remanejadas através do HBB II, por residirem em área imprópria à construção de habitação.
Na referida tabela notamos o número elevado de pessoas beneficiadas com a
execução do projeto, isto ocorre, porque o projeto foi muito além do remanejamento das 249
famílias, haja vista que o local foi urbanizado, ocorreu à implantação de asfalto, rede de água
e esgoto, ampliação da creche do bairro, construção de centro de lazer, centro de referência à
criança e ao adolescente, pista de caminhada, quadra poliesportiva e equipamento infantil e
revitalização da microbacia do Córrego Sem Dúvida, etc. Tudo isto justifica um maior
número de beneficiados com a realização do projeto.
Antes da atuação do projeto essas áreas eram desprovidas de qualquer tipo de
infraestrutura básica como água, energia elétrica e rede de esgoto. Como sabemos, estes
serviços estão presentes apenas em áreas regularizadas. Sem infraestrutura básica os
moradores estavam sujeitos a várias doenças e contaminações.
51
Sobre este aspecto no Projeto UAS do HBB II consta que
No levantamento realizado em 2005 na Poligonal foram identificados domicílios e edificações submetidos a situações críticas de risco epidemiológico e insalubridade, causados pela inexistência de saneamento básico. Problemas que vão desde a exigüidade dos lotes, co-habitações1, precariedade das moradias, dos acessos, fossas rudimentares sem nenhum parâmetro técnico, valas a céu aberto despejando dejetos no Córrego Sem Dúvida, famílias utilizando-se de água da mina próxima ao local, ligações clandestinas de luz, trazendo riscos para as famílias. (Projeto UAS do HBB II 2005 p. 18).
Cumprindo uma das normas do Programa Habitar Brasil foi dada prioridade de
intervenção pelo Projeto UAS do HBB II (ou seja, de que seriam remanejadas inicialmente) as
famílias moradoras na microbacia do fundo de vale do Córrego Sem Dúvida que possuíam
renda mensal de até três salários mínimos e que conviviam em área de risco. Também foram
priorizadas no remanejamento as famílias co-habitadas.
Na tabela 2 observamos o número de moradores co-habitados da Poligonal
Primavera.
Tabela 2 - Moradores co-habitados do fundo de vale da microbacia do córrego Sem Dúvida:
Tipos Freqüência
Casa 13
Edícula 25
Cômodo único 1
Casa dividida 1
Total 40
Fonte: Projeto UAS do HB II 2005 p.19
Baseando-se no critério de co-habitados podemos notar conforme evidencia a
tabela 2 que do total de 249 famílias, quarenta delas tiveram prioridade no remanejamento da
Poligonal Primavera, visto que se enquadravam nesta situação.
1 Co-habitações: este tipo de habitação ocorre quando mais de uma família vive em uma mesma casa. Podendo esta ser um edícula, ou ter somente um cômodo. Neste último caso o que separa as famílias são cortinas de pano
52
Na tabela 3 detectamos o tempo de moradia dos habitantes do fundo de vale da
microbacia Sem Dúvida.
Tabela 3 - Tempo de moradia
Tipos
Freqüência de famílias %
Menos de 01 ano 24 7,18 01 a 03 anos 76 22,76 03 a 05 anos 57 17,06 05 a 07 anos 50 14,98 07 a 10 anos 106 31,74 Acima de 10 anos 3 0,89 Em branco 18 5,39 Total 334 100
Fonte: Projeto UAS do HBB II 2005 p. 19.
A tabela 3 evidencia que mais de 50% das famílias residiam há mais de três anos
nos assentamentos da Poligonal Primavera. Cita-se no Projeto UAS do HBB II que os dados
que apareceram intitulados “em branco” corresponderam às famílias que ficaram sem
responder os questionários do levantamento por motivos como: ausência do morador,
trabalho, viagem entre outros. As famílias que não responderam foram encaminhadas a buscar
a COHAB-LD posteriormente com o fim de preencher estes dados imprescindíveis para
executar a regularização fundiária.
Segue a tabela 4 que aponta o tipo de instalação sanitária das casas do fundo de
vale da microbacia do Sem Dúvida.
Tabela 4- Instalação sanitária das residências no assentamento irregular
Tipo Frequência %
Não existe -- --
Dentro da casa 247 73,96
Fora da casa 29 8,68
Em branco 58 17,36
Total 334 100
Fonte: Projeto UAS do HBB II 2005 p. 20
Verificamos através da tabela 4 que há um predomínio das instalações sanitárias
dentro das casas do fundo de vale da microbacia do Sem Dúvida, porém, isto não quer dizer
53
que existisse rede de tratamento esgoto. Além do que, na tabela a seguir, notamos que as
condições do escoadouro correspondem a fossas que comumente são construídas pelos
próprios moradores.
A seguir na tabela 5 expomos os tipos de escoadouro, ou seja, de que forma a
comunidade local despejava seus dejetos.
Tabela 5 - Condições do Escoadouro das casas do assentamento irregular no fundo de vale da microbacia do Sem Dúvida
Tipo Frequência % Rede de esgoto 0 -- Fossa Séptica 62 18,57 Fossa Rudimentar 260 77,81 Escoamento Superficial 6 1,79 Não tem. 4 1,23 Em branco 2 0,6 Total 334 100
Fonte: Projeto UAS do HBB II p.25.
A partir da tabela 5 notamos que 100% das casas não possuíam rede de tratamento
de esgoto antes da execução do HBB II. Predominavam as fossas rudimentares que
correspondiam a 77,81%. Como conseqüência da falta de tratamento de esgoto alguns
moradores utilizavam o fundo de vale do Córrego Sem Dúvida como escoadouro para
despejar dejetos.
Atualmente esse problema foi solucionado, pois o Projeto HBBII remanejou os
moradores nas imediações em residências com rede de água e de esgoto, fossas sépticas e,
além disso, foi implantada a coleta de lixo.
Por meio do Projeto UAS do HBB II, as 249 famílias da ocupação do Sem Dúvida
foram contempladas com uma unidade habitacional de 29m², localizadas no Jardim Primavera
II. O tamanho dos terrenos em média é de 8x20. É necessário declarar que o tamanho das
casas e dos terrenos seguiu o padrão estabelecido no Programa HBB II. Aqueles que
desejarem ampliar a casa foram obrigados a procurar orientação dos assistentes sociais do
projeto, que ofereceram as instruções necessárias para a execução.
54
Na figura 9 observamos o aspecto de uma casa que foi demolida do fundo de vale
da microbacia do Sem Dúvida localizada no “Vale da Lua” e que corresponde a uma Área de
Preservação Permanente (APP).
Figura 9 - Casa demolida do fundo de vale da microbacia do Sem Dúvida localizada no “Vale da Lua”.
Fonte: Santos, Josiane Rodrigues. 2008.
É importante informar que os materiais das casas foram reaproveitados pelos
moradores que quiseram, o que não foi reutilizado foi demolido pela construtora.
55
As figuras 10 e 11 exibem o aspecto das moradias do Jardim Primavera II
construídas por meio do Projeto HBB II para remanejar os moradores do fundo de vale da
microbacia do córrego Sem Dúvida.
Figura 10 – Moradia do Jardim Primavera II construídas por meio do Projeto HBB II. Fonte: Santos, Josiane. Rodrigues 2008.
A figura 10 apresenta casa concedida por meio do Projeto HBB, Todas elas
possuíam 29 m², três cômodos sendo sala e cozinha conjugados, quarto e banheiro. O
tamanho dos terrenos correspondia a 8x20.
56
Figura 11- Aspecto das moradias construídas pelo Habitar Brasil.
Fonte: Ventura, M. Íris. 2008.
Na figura 11 podemos verificar que neste período ainda não havia sido implantado
calçamento e pavimentação. As casas estão localizadas na Rua Antônio Milton Mendes na
altura do nº 281, Jardim Primavera II lote adquirido pela COHAB para realização do
remanejamento.
57
Atualmente, alguns moradores expandiram as casas que receberam do HBB II
aumentando substancialmente o padrão das mesmas. As figuras 12 e 13 comprovam tais
mudanças.
Figura 12 – Moradias localizadas na Rua Antônio Milton Mendes altura do n° 200. Fonte: Santos, Josiane Rodrigues. 2010.
58
Figura 13 – Moradia do Sr. Augusto, localizada na esquina da Rua Zhefiro Modenuti do n°472.
Fonte: Santos, Josiane Rodrigues. 2010.
As figuras 12 e 13 comprovam que algumas casas foram ampliadas demonstrando
sinais de melhoria financeira da população local. A moradia da figura 13 corresponde a um
estabelecimento comercial (bar e mercearia). Nela aparece o Sr. Augusto Antônio de Souza
antigo morador do “Vale da Lua” muito satisfeito com a execução do projeto. Questionado
quanto à realização do projeto HBB ele afirmou “sai do inferno e estou no céu!”.
59
2.4 Metodologia da Pesquisa
Do universo de 249 famílias que foram assistidas por meio do HBB II, foram
entrevistadas 20% destas. A saber, que 10% corresponderam a moradores já remanejados e os
10% restantes satisfaziam a condição de não remanejados. Não houve um critério de escolha,
pois, as famílias foram selecionadas aleatoriamente desde que estas obedecessem às
características acima descritas.
2.5 Desempenho do HBB II no fundo de vale da microbacia do córrego Sem Dúvida
No decorrer do mês de novembro de 2008 foi realizada uma pesquisa os
moradores remanejados bem como com aqueles que ainda não haviam sido remanejados pelo
HBB II do fundo de vale da microbacia do Córrego Sem Dúvida. Foram entrevistadas 10
famílias remanejadas e não remanejadas. Na pesquisa foi solicitado que todos respondessem
um questionário opinando sobre a atuação do Projeto UAS do HBB II.
Na página seguinte encontra-se tabela com os dados dos moradores entrevistados
e que ainda não haviam sido remanejados por meio do HBB.
60
Tabela 6 - Moradores entrevistados que ainda não haviam sido remanejados pelo HBB II.
Cidade de origem Londrina-Pr. 60% Outras 40% Tempo de residência no assentamento
De 1 a 3 anos 15% De 4 a 8 anos 25% Mais de 8 anos 60%
Motivos da vinda no assentamento
Motivos Familiares
40%Incapacidade de quitar aluguel
30% Conhecia a processo de ocupação
30%
Habitam o barraco De 1 a 2 pessoas 20% De 3 a 4 pessoas 30% 5 ou mais pessoas
50%
Trabalham Até 1 pessoa 50% 2 pessoas 20% 3 ou mais pessoas
30%
Gotaria de sair do assentamento
Sim 70% Não 30%
Aspectos positivos de morar no assentamento
Costume com o lugar
60%Por não pagar aluguel
20% Casas são grandes
20%
Aspectos negativos Falta de segurança
50%Lixo a céu aberto no fundo de vale
30% Enchentes 20%
Conhecem o HBBII Sim 100% Não 0% Participou de algum curso do HBB II
Sim 10% Não 90%
Tabela 6 - Org. Santos, Josiane Rodrigues. Através da tabela verificamos que dos moradores que ainda não haviam sido
remanejados a pesquisa “in loco” evidenciou que 60% das famílias tinham origem na cidade
de Londrina, o restante procedia de outras cidades. Em média 60% das famílias já moravam
no local há mais de 10 anos.
Deste universo de moradores 40% afirmaram ter se estabelecido no assentamento
irregular devido a motivos familiares, e apenas 30% declarou que não conseguia mais quitar
as mensalidades da antiga casa que era alugada por isso foram obrigados a morar no
assentamento.
Com relação à quantidade dos que vivem na residência foi informado que em 50%
delas convivem cinco ou mais pessoas; em 30% moram de três a quatro indivíduos.
Verificamos que mais de 50% dos lares é sustentada apenas por uma pessoa; em média 20%
das casas são mantidas por dois indivíduos que trabalham.
Uma parcela de 70% dos entrevistados garantiu que gostaria de sair (ser
removido) do fundo de vale.
Na entrevista os moradores foram questionados sobre os aspectos positivos e
negativos de se continuar morando no fundo de vale. No que diz respeito aos pontos negativos
61
50% reclamou da falta de segurança, 30% fez critica aos moradores que jogam lixo a céu
aberto ou no córrego, e outros 20% fez referência ao problema das enchentes.
Apesar de todos afirmarem conhecer o Projeto UAS do HBB II, somente 10% dos
entrevistados afirmou ter participado de algum curso por ele ofertado.
Já com relação aos aspectos positivos 60% garantiram estar habituado com o
lugar, além destes, 20% assegurou que morar no local é bom, pois não pagam nada e 20%
gostam do lugar porque as casas do assentamento são espaçosas.
Na seqüência apresentamos a tabela com os dados das entrevistas dos moradores
que foram remanejados por meio do HBB II.
Tabela 7 - Moradores entrevistados que já haviam sido remanejados por meio do HBB II.
Tempo de residência dos remanejados
De 2 a 3 meses 20%De 4 a 5 meses
20% De 5 a 6 meses 60%
Tempo de residência no assentamento
Jardim dos Campos
70% Vale do Sol 20% Vale da Lua 10%
Motivos da saída do assentamento
Morava em área de fundo de vale
40%
No local do barraco seria construída uma rua
50% Remanejamento 10%
Moram na residência nova Apenas 1 pessoa 10% Até 3 pessoas 60% De 5 a 7 pessoas
30%
Trabalham Aposentado 20% 1 pessoa 40% De 2 a 3 pessoas
40%
Gostaria de sair da nova casa
Sim 20% Não 80%
Considera o HBB II positivo
Sim 100% Não 0%
Infraestrutura: luz, água e esgoto tratados
Sim 100% Não 0%
Participou de algum curso ofertado pelo HBB II
Sim 50% Não 50%
Pontos positivos do HBB II Moradia e cursos 20% Moradias 60% Moradia, escola
e bom atendimento
20%
Pontos negativos do HBB II
Moradia pequena 30%
Não declararam pontos negativos
70%
Tabela 7 - Org. Santos, Josiane Rodrigues.
62
A análise da tabela anterior aponta dados da pesquisa com os moradores
remanejados evidenciou que 60% dos entrevistados já haviam sido transferidos há mais de
seis meses a nova moradia.
Quanto aos motivos do remanejamento 50% declararam que no local onde se
encontrava sua casa seria construída uma rua. Somente 40% afirmaram que a área ocupada
por eles correspondia a um fundo de vale.
Com relação ao número médio de pessoas por família, os resultados indicaram
que em 60% das residências habitavam até três pessoas, em 30% residiam de cinco a sete
indivíduos. Somente 10% das casas eram habitadas por uma pessoa.
Quando se observa o número de pessoas que trabalham verificamos que em 40%
dos lares trabalha apenas um indivíduo. Uma média de 30% conta com duas pessoas e em
10% das habitações três pessoas trabalham. Corresponde a 20% o percentual de lares
sustentados por aposentados.
A infraestrutura básica local de 100% das novas casas é servida por abastecimento
de água, 81,5% rede de esgoto sanitário e 18,5% fossa séptica, iluminação pública, vias
veiculares e de pedestres, também 100%.
Todos se mostraram satisfeitos com o implemento do Projeto HBB II. Em média
50% dos beneficiados participaram de alguma atividade (curso) ofertada pelo projeto como
cursos de manicure, fabricação de vela, de brinco e enfeites de natal.
Deste universo de pesquisados 80% declararam que não deseja se mudar da nova
habitação. Disseram ainda que aguardavam a vinda dos moradores que ainda não haviam sido
transferidos para as novas casas.
Na entrevista os moradores foram interrogados sobre os aspectos positivos e
negativos da efetivação do Projeto. No que diz respeito aos aspectos negativos 70% garantiu
que estes não existiram. Apenas 30% fizeram crítica ao exíguo tamanho das casas.
Entre os aspectos positivos 60% certificaram ser o ganho da casa, 20% afirmaram
ser a casa e também os cursos ofertados através do Projeto. Correspondem a 10% os que
asseguraram que os aspectos positivos foram o benefício das casas e o bom atendimento das
equipes do projeto.
Além disso, efetuamos também em novembro de 2008 uma entrevista com o
diretor técnico, o engenheiro e com a assistente social que são os responsáveis pela execução
do projeto. São estas pessoas que representam a Unidade Executora Municipal (UEM). Os
63
nomes são respectivamente Cássio Volpi, Wilson Clivati Neto e Rosana César de Oliveira
Souza. Em anexo encontra-se uma cópia da entrevista.
No que diz respeito ao Programa, os entrevistados asseguraram que o mesmo
envolveu uma série de ações, pois ele contemplou a construção de moradias, a urbanização do
local da ocupação, o resgate da cidadania e a melhora das condições de moradia da população
alvo do projeto.
Quanto à implantação do projeto declararam que primeiramente foi aprovado e
homologado pela prefeitura de Londrina, e também pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP),
Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) e Promotoria do Meio Ambiente.
Declararam que o Projeto UAS do HBB II teve início em junho de 2006 e a
previsão era finalizá-lo até dezembro de 2008, entretanto este prazo poderia ser estendido por
mais seis meses após o período de finalização dos remanejamentos.
Com relação aos benefícios trazidos pelo Projeto foi exposto que além da retirada
da invasão estão incluídas no mesmo a recuperação ambiental as margens da microbacia do
Córrego Sem Dúvida, a implantação no local de área de lazer, quadras poliesportivas, pista de
caminhada, campo de futebol, infraestrutura básica, pavimentação, etc.
Fazendo referência aos problemas enfrentados quanto à implantação do Projeto
alegaram a dificuldade de se atender aos pré-requisitos da legislação ambiental. Além disso,
citaram que executar este projeto que é interdisciplinar é complicado, já que é necessário que
todas as áreas envolvidas trabalhem de forma conjunta e não com ações isoladas. A aceitação
do Projeto pela comunidade também foi citada como empecilho, visto que sempre existem
aqueles que temem a intervenção do poder público.
Em se tratando dos critérios adotados para ser contemplado com uma moradia
expuseram que foram priorizadas as famílias residentes em área de fundo de vale em situação
de risco social e ambiental, prevendo o atendimento de famílias com renda mensal de até três
salários mínimos moradoras de assentamentos subnormais.
Com relação à escritura da casa não souberam nos informar a data precisa da
entrega da mesma. Apenas foi nos informado que o título de propriedade será registrado no
nome da mulher, para garantir o direito dela e dos filhos caso o companheiro venha a
abandoná-la.
Os entrevistados afirmaram que o Projeto UAS do HBB II foi efetuado pela
Unidade Executora Municipal (UEM) que era o órgão gestor.
64
Para finalizar a entrevista foi solicitado que fizessem uma avaliação do projeto.
Inicialmente afirmaram que não conheciam a ocupação. E em seguida, concluíram que os
resultados quanto à implantação são bons, simplesmente pela melhoria das condições de
habitação (casa de alvenaria), “é muito melhor do que viver em um barraquinho”.
Seguramente a concessão de uma moradia a essas famílias fará toda a diferença na
vida delas. Contudo, não devemos nos esquecer do benefício gerado ao fundo de vale da
microbacia do córrego Sem Dúvida que teve uma reversão significativa de sua degradação
ambiental devido à revitalização implementada por meio do Projeto HBB II.
Nas imagens seguintes apresentamos as figuras que comprovam a implantação
dos equipamentos coletivos e revitalização do fundo de vale da microbacia do Córrego Sem
Dúvida.
Figura 14 - Área de revitalização do fundo de vale da microbacia do córrego Sem Dúvida Fonte: Santos, Josiane Rodrigues.
A figura 14 apresenta o fundo de vale da microbacia do Córrego Sem Dúvida
revitalizado, e dotado de equipamentos coletivos como o parque e a pista de caminhada.
65
Observamos que o projeto de um modo geral conseguiu alcançar seus objetivos, pois os
moradores respeitam e cuidam do local que não apresenta lixos espalhados pelas ruas.
Figura 15 – Campo de futebol localizado no antigo “Vale da Lua” Fonte: Santos, Josiane Rodrigues.
Na figura 15 observamos campo de futebol implantado por meio do projeto.
Notamos o zelo dos moradores que cuidam do local, pois não há sinais de vandalismo.
66
Figura 16 - Centro de Referência Viva a Vida. Fonte: Santos, Josiane Rodrigues.
A imagem da figura 16 mostra-nos o Centro de Referência Viva a Vida.
O centro de referência à criança e ao adolescente “Viva Vida” da figura 16 visa o
atendimento em contra-turno escolar para crianças de 1ª a 4ª série do ensino fundamental
matriculadas na Escola Municipal Salim Aboriham.
67
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como desígnio levar-nos a refletir sobre a ocupação de uma
área pública que iniciou - se no ano de 1996 no fundo de vale da microbacia do Córrego Sem
Dúvida (área de APP) situada na região dos “Cinco Conjuntos”, zona norte de Londrina que
faz divisa com os Conjuntos Habitacionais: Aquiles Stenghel, Luís de Sá e Maria Cecília.
Sem ter recursos financeiros suficientes para arcar com as custosas mensalidades
do aluguel um grupo de 84 famílias originárias da região dos “Cinco Conjuntos” decidiram
por meios próprios apropriar-se da área acima citada e nesta fundaram um assentamento
subnormal. Outras famílias vieram morar no local por terem tomado conhecimento da
existência deste.
Convivendo na extrema precariedade sem energia elétrica, asfalto, água tratada,
tratamento de esgoto, cidadania, emprego, endereço e alojados em barracos e resistindo em
condições subumanas este grupo de pessoas encarou muitas dificuldades.
Abandonados por longos sete anos apenas em 2003 passou a existir uma
perspectiva a este grupo social com a chegada de um programa habitacional do governo
federal designado Programa de Subsidio a Habitação de Interesse Social (PSH). O mesmo
atuou de 2003 a 2005 beneficiando um total de 122 famílias.
Mesmo com a atuação do PSH com o decorrer do tempo foram surgindo novas
ocupações irregulares neste local. Em 2005 foi constatado que 249 famílias já haviam se
instalado no mesmo. Esta nova ocupação foi contemplada em 2006 com o advento de outro
Programa Habitacional o Habitar Brasil do Banco Interamericano de Desenvolvimento
nomeado de Programa HBB-II (BID).
Salientou-se que o Habitar Brasil foi concebido em 1998 através de uma parceria
entre o governo federal e o BID e foi adotado em várias cidades brasileiras. Ele operava com
intenção de construir um lar as demandas de baixo poder aquisitivo que se encontravam em
áreas irregulares e nestas edificam os bairros ou assentamentos subnormais. Além disso,
atuava como um financiador de projetos de urbanização deste tipo de assentamento. Este
programa habitacional foi efetuado por duas vezes na cidade de Londrina, em áreas
caracterizadas como subnormais.
68
Em 2008 ocorreu uma mudança na fonte de financiamento do Programa HBB-II
que deixa de ser o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID, para ser o Programa de
aceleração do Crescimento - PAC, do governo federal. Isto não implicou modificações na
execução do mesmo, o que ocorreu foi à mudança do agente financiador.
Sua primeira experiência aconteceu em 2004 numa ocupação irregular na área
sudoeste de Londrina que compreendia o Jardim Turquino e o Jardim Maracanã. A segunda
iniciou-se em junho de 2006 sendo executado na região norte desta cidade na Rua Ana Caputo
Piacentini este último foi o cerne de nosso trabalho.
Uma das exigências para se receber os recursos do Programa Habitar Brasil era o
prévio cumprimento de um cadastro dos moradores assim como era indispensável conceber
um projeto direcionado a comunidade favorecida por meio do programa. O cadastro foi
realizado em 2003 e através dele foi possível diagnosticar o número de famílias que seriam
assistidas pelo mesmo. O projeto estava pronto em 2005 depois de ser devidamente aprovado
pelos órgãos públicos em meados de 2006 finalmente começou a ser executado.
A concretização do projeto privilegiou 1466 indivíduos completando de tal modo
419 famílias. No Projeto constava que 249 famílias seriam remanejadas do fundo de vale da
microbacia do Córrego Sem Dúvida. Todavia, nos depararmos com um número bem superior
de beneficiados. Esses dados justificam-se, pois o projeto além de remanejar as 249famílias
do assentamento subnormal proporcionou a elas outras benfeitorias como implantação de
infraestrutura básica (rede de esgoto, tratamento de água, iluminação pública, coleta de lixo,
ampliação física da creche (80 novas vagas para atender os filhos dos moradores
remanejados), asfalto, etc.
Além disso, nas imediações da microbacia do fundo de vale do Córrego Sem
Dúvida foram sendo instalados equipamentos públicos que correspondem a áreas de lazer
como quadras poliesportivas, pista de caminhada, um centro de atendimento a crianças e
adolescentes (nomeado Viva Vida) a recuperação ambiental (limpeza e revitalização do fundo
de vale da microbacia do córrego Sem Dúvida).
69
O Centro de Referência Viva a Vida demonstrado na figura 16, oferece contra
turno escolar para crianças que freqüentam da 1ª a 4ª série do ensino fundamental que residam
no Jardim Primavera I e II e que esteja devidamente matriculada na Escola Municipal Salim
Aboriham. Este equipamento foi gerido pela Secretaria de Assistência Social até 2008, mas
com a mudança de prefeito sua gestão passou para a Secretaria da Educação. Desta forma o
Viva a Vida começou a atender as perspectivas da escola municipal e os demais adolescentes
foram encaminhados para outros projetos que contemplassem a faixa etária correspondente.
Pudemos constatar que todas as casas que permaneciam localizadas em áreas de
preservação permanente (APP) foram demolidas os entulhos foram retirados do local e seus
moradores foram remanejados para o Jardim Primavera II.
Um total de 249 famílias foram contempladas com um lar de 29m², sendo o
tamanho dos terrenos em média de 8x20. Destas 46 são dotadas de fossa séptica, 203 com
rede de esgoto.
Concluímos que o Programa Habitacional Habitar Brasil (BID) é bem distinto dos
demais, visto que não se preocupou apenas em dar um teto a aqueles que não o possuíam. Foi
um programa habitacional amplo que foi muito, além disso, pois abordou aspectos ambientais,
econômicos, sociais e urbanísticos.
Envolveu um trabalho interdisciplinar árduo de diferentes profissionais como
assistentes sociais, geógrafos, engenheiros, pedreiros, profissionais de educação física,
estagiários incumbidos de realizarem atividades comunitárias voltadas ao lazer, cultura,
esporte e eventos, acompanharem as famílias participantes do remanejamento, acompanhar o
andamento das obras, realizarem a futura regularização fundiária e induzir as famílias a uma
vida digna ofertando para isto diversos cursos profissionalizantes, alfabetizando de jovens e
adultos, assistindo crianças e adolescentes, levando os moradores a se apropriarem e a
protegerem a microbacia do fundo de vale do córrego Sem Dúvida. Executaram visitas
monitoradas ao fundo de vale, promoveram palestras, cursos de capacitação profissional,
visitas a rede de tratamento de esgoto de Londrina - Companhia de Saneamento do Paraná
(Sanepar), ofertavam oficinas de artesanato com materiais recicláveis, etc.
Não podemos deixar de mencionar a execução das parcerias e da ajuda de
instituições públicas como igrejas, creches, postos de saúde, sem contar aqueles que de
alguma forma contribuíram com a efetivação do projeto.
70
Seguramente todos trabalharam com o intuito de fazer com que estas pessoas que
se encontravam à margem da sociedade se sentissem integradas a cidade em condições dignas
haja vista que agora elas são donas de um lar, são donas de um lugar, de um abrigo. Donas
também de um endereço que é essencial, pois através deste é possível matricular os filhos na
escola, utilizar os serviços públicos, conseguir um emprego etc.
Assim, a posse de um lar é fundamental na vida de qualquer ser humano, pois é
neste local que voltamos ao final de um dia de trabalho intenso para repousarmos. Nele nos
abrigamos, nos alimentamos, recebemos amigos, convivemos com nossos familiares,
realizamos atividades profissionais etc.
A relevância de ser dono de um lar é inegável na vida de qualquer ser humano
particularmente a aqueles que resistiram na precariedade de um barraco e que puderam
experimentar as amarguras provocadas pela da falta de uma moradia. Com certeza a conquista
de um lar fará toda a diferença em suas vidas.
O projeto foi além do que os moradores esperavam, pois ele atendeu suas
aspirações como a concessão da moradia, ofertou capacitação profissional, curso para geração
de renda das famílias ampliou o número de telefones públicos e a estrutura física de creche. O
desenvolvimento do HBB II mudou para sempre a vida destas pessoas. Até o deslocamento
para o trabalho foi facilitado, pois os moradores agora podem contar com a linha de ônibus nº
418 Jardim Primavera. Não podemos deixar de frisar que os moradores foram contemplados
também com um centro de referência a criança e ao adolescente nomeado de “Viva Vida”,
revitalização da microbacia do fundo de vale do Córrego Sem Dúvida, pista de caminhada,
quadra poliesportiva e equipamentos infantis.
Não foram apenas à moradia que os antigos habitantes do fundo de vale da
microbacia do Sem Dúvida ganharam eles tiveram a chance de serem novamente inseridos na
sociedade, pois nas condições nas quais se encontravam estavam marginalizados.
Conforme o que foi dito pelas famílias entrevistadas o HBB II foi positivo na vida
destas pessoas. Um dos ex-moradores do fundo de vale da microbacia do Sem Dúvida, o Sr.
Augusto Antônio de Souza deu o seguinte parecer sobre o projeto “Sai do inferno, estou no
céu”.
De fato, a execução do HBB II, melhorou a vida das famílias por ele assistidas,
pois elas saíram das condições subhumanas em que se encontravam. Todavia devemos nos
ater ao fato de que as casas que lhes foram concedidas possuem o exíguo tamanho de 29m².
71
De fato nenhuma família vive confortavelmente em um espaço tão reduzido. Isso mostra-nos
a precariedade das politicas habitacionais que concedem casas minúsculas a população que
não têm condições de adquirir uma moradia digna.
Apesar do Programa Habitacional Habitar Brasil envolver um trabalho
interdisciplinar operando para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiados a crítica de
fundo que fazemos é que semelhante a outros projetos, este é também um paliativo, ou seja,
sua realização não irá democratizar o acesso à terra urbana. Tal problema persiste e é parte
intrínseca da cidade capitalista.
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ANEXOS ANEXO A - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
EIXOS ATIVIDADES AÇÕES INDICADOR/METAS RESPONSÁVEL
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Formação da equipe técnica
Recrutamento e seleção da equipe técnica
Equipe com experiência em trabalho de desenvolvimento em comunidade composta por 01 coordenação, 01 assistente social, 01 profissional de educação física, 01 geógrafo e oito estagiários das áreas descritas acima.
UEM
Capacitação da equipe técnica sobre o Programa Habitar Brasil e o Projeto Integrado
04 módulos de 04 horas cada, totalizando 16 horas
UEM. Coordenação técnica
Reconhecimento por parte da equipe técnica, visitas a Poligonal, a rede de serviços
02 visitas a Poligonal, 05 visitas técnicas a: UBS, CRAS, Creche, Escolas
Equipe técnica do HBB
Reunião com a rede de serviços, divulgação do Projeto Integrado, estabelecimento de parcerias
02 reuniões com rede Equipe técnica do
HBB Reuniões com as lideranças para apresentação da equipe e divulgação das propostas de intervenção
02 reuniões com as lideranças Equipe técnica do
HBB
Finalização e renovação do
cadastro socioeconômico
Visitas domiciliares para renovação dos cadastros das famílias da Poligonal
419 visitas e preenchidos os cadastros Equipe técnica do HBB e do CRAS
Desenvolver um programa de software para receber informações da pesquisa
Software desenvolvido UEM
Sistematização dos dados e preparação para apresentação para rede de serviços e lideranças
02 reuniões com pelo menos 01 representante de cada serviço da rede e representantes da Associação do PSH, Associação do Vale do Sol, pais com filhos na Creche e lideranças de cada comunidade
Equipe técnica do HBB
Encaminhamento das informações sobre o responsável pelo domicilio, bem como seu CPF e RG para o Ministério das Cidades
Documento elaborado contendo informações do RG e CPF de cada chefe de domicílio no total de 419
Equipe técnica do HBB e do CRAS
Apresentação da proposta do Projeto Integrado na Poligonal
04 workshops contendo plantas e informações sobre o Projeto Integrado
Equipe técnica do HBB e UEM
Elaboração de material explicativo sobre o Projeto Integrado
Folder contendo as principais informações e distribuído na comunidade
Equipe técnica do HBB e UEM
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EIXOS ATIVIDADES AÇÕES INDICADOR/METAS RESPONSÁVEL
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Assinatura do Termo de Adesão Documento elaborado e assinado por 419 famílias
Equipe técnica do HBB e UEM
Orientações de melhorias habitacionais para moradores que não receberão unidade habitacional nova
Orientações técnicas para as famílias que desejam aumentar ou realizar melhorias nas suas unidades habitacionais
Parceria elaborada com profissionais que tenham conhecimento nesta área e famílias que utilizaram este processo
Equipe do HBB e profissionais da área
de arquitetura Realização de oficinas sobre educação patrimonial, restauração de móveis, pinturas decorativas, etc. para as novas unidades habitacionais;
Pelo menos 01 oficina de cada tema Equipe do HBB
Criação de grupos Temáticos
Identificar lideranças para compor grupos temáticos ligados aos três eixos
01 grupo de mobilização e organização; 01 grupo de educação sanitária e ambiental; 01 grupo de trabalho e geração de renda, uma reunião mensal por tema e uma intervenção prática.
Equipe do HBB
Definir temas de interesse comunitários e realizar eventos relacionados ao tema
08 Eventos realizados com os devidos temas Equipe do HBB
Estimular trocas de experiência com outras regiões que já possuem grupos estruturados
02 visitas ao ano Equipe do HBB
Envolver os técnicos do HBB, e da rede para fazer parte dos grupos
01 profissional de cada área da rede de serviçosEquipe do HBB e da
Rede
Formação de agentes multiplicadores nas áreas temáticas
Identificar na rede e na comunidade potenciais humanos para serem multiplicadores dos eixos que serão desenvolvidos
01 representante da rede e 3 da comunidade para cada eixo
Equipe do HBB e da Rede
Reuniões de orientações, e acompanhamento e avaliação do processo junto aos multiplicadores
12 reuniões a partir da identificação dos multiplicadores
Equipe do HBB e da Rede
Realizar oficinas nos diferentes temas em estudo 04 oficinas por ano definidas para todos os eixos, faixas etárias e gênero. Formação de pelo menos 01 (uma) turma para cada eixo temático.
Equipe do HBB e consultoria de profis.
de áreas afins Monitoramento, avaliação e planejamento do Projeto de Participação Comunitária.
Realizar treinamentos com a equipe técnica sobre o processo de avaliação
27 Reuniões mensais, 9 reuniões trimestrais para avaliação
Equipe do HBB e consultoria externa
Montar um sistema de monitoria e avaliação com todos os envolvidos no processo, inclusive a rede e os multiplicadores
Sistema de avaliação estruturado e funcionandoEquipe do HBB e
consultoria externa
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EIXOS ETAPAS ATIVIDADES INDICADOR/METAS RESPONSÁVEL
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Reuniões semanais e mensais Equipe Técnica e Representantes
Pelo menos 01 representante da Rede em todas as reuniões - 27 Reuniões mensais
Equipe do HBB
Aumento das vagas na Creche da AMPAS
Levantamento da demanda de crianças de 0 a 05 anos para encaminhamento a matriculas
80 crianças de 0 a 05 anos matriculadas na Creche
Equipe do HBB, CRAS, SME,
AMPAS Reunião com a Secretaria de Educação e Diretoria da AMPAS para assinatura do convênio financeiro para atendimento de 80 crianças na Poligonal
Convênio assinado entre as entidades Equipe do HBB,
CRAS, SME
Reuniões com pais para apresentação da proposta de parceria com o Centro de Educação AMPAS e Secretaria de Educação
03 reuniões para esclarecimento Equipe do HBB,
CRAS
Instituir um grupo de pais para dar continuidade e fiscalizar o número de vagas ofertadas
No mínimo 05 participantes Equipe do HBB,
CRAS, SME, AMPAS
Palestras com pais sobre desenvolvimento infantil das crianças e outros temas a fins
10 reuniões com pais com temas específicos Equipe do HBB, CRAS, AMPAS
Treinamento novos funcionários que irão trabalhar com as crianças
02 treinamentos com funcionários realizados Eq.HBB, CRAS,
AMPAS
Implantação do serviço de assessoria social, jurídica e psicológica “Balcão de Direitos”
Estabelecer parcerias com escritórios de assistência jurídica, psicológica e social das universidades do município para atendimento na comunidade
Número de parcerias estabelecidas Equipe do HBB e
CRAS e Universidades
Implantar o Balcão de Direitos Balcão de Direitos implantado e funcionando
Equipe do HBB e CRAS
Capacitar estagiários e técnicos da rede para atender a comunidade na resolução de conflitos
Conflitos resolvidos Equipe do HBB e
CRAS Promover debates, oficinas sobre direitos humanos, cidadania, participação e outros
06 oficinas sobre os temas Equipe do HBB e
CRAS
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EIXOS ETAPAS ATIVIDADES INDICADOR/METAS RESPONSÁVEL
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Implantação do serviço de acompanhamento de famílias de crianças e adolescentes em situação de risco pessoas e social
Divulgação na comunidade sobre o atendimento a crianças e adolescentes, promovendo discussões sobre critérios de inserção deste atendimento
05 reuniões para escolha de critérios com representantes da comunidade e da rede de serviços
Equipe do HBB e CRAS e SMAS
Seleção das crianças e adolescentes que irão ser atendidos
160 adolescentes em atendimento de contra-turno
Equipe do HBB e CRAS e SMAS
Reuniões com a Secretaria de Assistência Social que será a gestora do equipamento
Convênio técnico assinado Equipe do HBB e CRAS e SMAS
Instituir um grupo de pais para dar continuidade nos convênios e no número de atendimentos pelo equipamento
Grupo de pais instituído com pelo menos 07 participantes
Equipe do HBB e CRAS
Reuniões com órgãos representativos do segmento da criança e adolescente do município no processo de implantação do atendimento
01 reunião com órgãos de atendimento a criança e adolescente
Equipe do HBB e CRAS e entidades
representativas
Regularização fundiária e titulação às famílias da poligonal
Reuniões com os grupos intuídos pela comunidade para discussão da regularização fundiária
Todos os lotes regularizados com no mínimo o instrumento Contrato de Compromisso de Compra e Venda assinado.
Equipe do HBB, CRAS, UEM
Reuniões com técnicos do poder público que farão parte do processo de regularização fundiária
07 reuniões Equipe do HBB,
CRAS, UEM Assembléias na comunidade para aprovação do processo de regularização fundiária
03 assembléias nas comunidades Equipe do HBB,
CRAS, UEM
Acompanhamento pós- ocupação
Realizar reuniões com famílias por identidade, grau de parentesco, vizinhança, amizade oportunizando o desenvolvimento humano
Cronograma de reuniões com dinâmicas e oficinas realizadas por técnicos para famílias, um evento mensal realizado aberto a todos; realização de, pelo menos, uma atividade relacionada à data festiva, comemorativa, cultura, histórica e cultural do mês.
Equipe do HBB, CRAS Acompanhar as famílias na nova unidade habitacional,
realizando encaminhamento necessário a outras políticas sociais Encaminhar solicitações de reparos, se necessários à nova unidade habitacional, a construtora por escrito, devendo esta estabelecer o prazo de execução dos reparos documentado
Soluções resolvidas em 04 dias Equipe do HBB, e UEM Construtora
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Contatos com COPEL SANEPAR para estabelecer
parcerias 2 contatos estabelecidos e firmados
Equipe do HBB
Realização de treinamentos na comunidade sobre uso racional da água e luz e implantação da tarifa social e luz fraterna
06 treinamentos com a comunidade Equipe do HBB, CRAS, COPEL e
SANEPAR
Implantação na Poligonal do EJA – Educação de Jovens e Adultos
Buscar parcerias com os órgãos públicos e privados que atuem nesta área
Parcerias estabelecidas e formalizadas Equipe do HBB e
SME e SEE Oferecer as modalidades de alfabetização, educação fundamental e média para jovens e adultos da Poligonal
Oferecer as modalidades de alfabetização, ensino fundamental e médio, horários que atendam a população
Equipe do HBB e SME e SEE
Divulgação e realização das inscrições atendendo a demanda da comunidade
02 turmas por ano de alfabetização 01 turma por ano de ensino fundamental 01 turma por ano de ensino médio
Equipe do HBB
Selecionar através de convênios e parcerias estabelecidas os professores monitores das modalidades
Professores da cada área selecionados através de parcerias com as Universidades
Equipe do HBB
Articulação com a rede de serviços
Promover encontros mensais com a rede para discussão das ações dos projetos em andamento na comunidade
20 encontros para discussão Equipe do HBB e da
rede de serviços
Capacitação entre os técnicos da rede de serviços juntamente com a equipe técnica do HBB
No mínimo 07 capacitações Equipe do HBB e da
rede de serviços
Implantar um sistema de informações sobre as atividades dos projetos desenvolvidos na Comunidade
Estabelecer parcerias com os cursos de comunicação e jornalismo das universidades, bem como assessoria de imprensa do poder público para definição do processo de comunicação com a comunidade, poder público, sociedade civil
Plano de informações elaborado e executado.
Equipe do HBB
Discutir com os grupos instituídos o veículo e a periodicidade das informações que serão divulgadas para a comunidade.
Equipe do HBB
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EIXOS ETAPAS ATIVIDADES INDICADOR/METAS RESPONSÁVEL
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Implantação Rede Cidadania – SECRETARIA DE CULTURA
Elaboração de um diagnóstico cultural da comunidade Diagnóstico e plano elaborado Equipe do HBB e
SMC Estabelecer parceria com a Secretaria da Cultura para descentralização das ações na comunidade
Eventos da secretaria de Cultura sendo desenvolvidos na comunidade
Equipe do HBB e SMC
Promoção de espetáculos culturais, implantação de oficinas de danças e música, teatro, artes circenses em parceria com as universidades
02 espetáculos por ano realizados 01 oficina de cada tema com 15 participantes no mínimo.
Equipe do HBB e SMC
Apoio às Entidades representativas de Moradores.
Apoio técnico e jurídico para organização das comunidades e para as Entidades não governamentais já estabelecidas.
A Associação juridicamente constituída Equipe do HBB e
CRAS
Estimulo a formação do Fundo Social Comunitário Discussão nos espaços formais das ONGs e grupos instituídos
Equipe do HBB e CRAS
Promover o desenvolvimento de novos líderes comunitários:
Identificar na comunidade pessoas com potencial de liderança
Pelo menos 10 novos líderes Equipe do HBB e
CRAS Realizar capacitação investindo no desenvolvimento de novas lideranças e nas que já estão instituídas;
01 capacitação por ano Equipe do HBB e
CRAS
Oportunizar espaços para troca de experiências em trabalhos comunitários
02 experiências por ano Equipe do HBB e CRAS
Visitar experiências bem sucedidas em outras comunidades;
02 visitas ao ano Equipe do HBB e
CRAS
Criação da Escola de Esportes:
Estabelecer parcerias com as Universidades e aAutarquia de Esportes para o desenvolvimento deatividades relacionadas ao esporte;
Pelo menos 02 universidades Equipe do HBB
Oportunizar atividades esportivas a crianças,adolescentes, jovens, adultos e idosos, descobrindotalentos e habilidades esportivas;
01 grupo por modalidade esportiva Equipe do HBB
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Criação da Escola de Esportes:
Encaminhar os talentos da comunidade paracontinuidade de treinamentos, principalmente asUniversidades;
Encaminhamento de quantos for necessário Equipe do HBB
Realizar visitas as escolas para acompanhamento do desempenho escolar das crianças ou adolescente queestiverem participando dos treinamentos esportivos;
Instituir desempenho escolar juntamente com o coordenador pedagógico das escolas
Equipe do HBB e Escolas
Promover palestras e workshop sobre as modalidades de esporte;
03 workshops e 03 palestras Equipe do HBB e
Universidades
Promover e participar de torneios nas diversasmodalidades;
No mínimo 01 torneio por ano Equipe do HBB e
Universidades
Promover torneios das modalidades, principalmente com o entorno;
02 ao ano Equipe do HBB e
Universidades
Criar grupo de idosos para desenvolver atividadesvisando um envelhecimento com qualidade.
No mínimo 01 grupo formado Equipe do HBB e
CRASS
Pesquisa pós-
ocupação
Realizar a pesquisa nas unidades habitacionais 419 formulários aplicados Equipe do HBB e CRASS
Tabulação e análise dos dados 419 formulários tabulados e analise pronta Equipe do HBB Apresentação da pesquisa na comunidade,
rede de serviços e parceiros
06 apresentações
Equipe do HBB e CRASS
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Estabelecimento de parcerias para realização das atividades do ESA
Identificar instituições tanto do poder público como da iniciativa privada que atuem nesta área
Parcerias estabelecidas com ONGs, Secretaria do Meio Ambiente
Equipe do HBB SEMA
Reuniões com a UBS para o desenvolvimento de um cronograma em conjunto com os parceiros
Cronograma elaborado Equipe do HBB e
SMS Levantamento das famílias que moram no entorno e estão as margens da APP
Identificar o número e quem são as famílias que moram as margens do fundo de vale, para posteriormente incluí-las nas atividades do ESA
Famílias identificadas que residem em frente ao Fundo de Vale
Equipe do HBB e SMS
Sensibilização, apresentação, discussão e encaminhamentos das atividades do ESA
Produção de material pedagógico informativo: cartilhas, concursos, folders, faixas, cartazes e frases.
Elaboração de folder, cartilha, faixas sobre meio ambiente
Equipe do HBB
Divulgação das atividades do ESA nas escolas e instituições do entorno
Escolas divulgadas - 02 municipais, 02 estaduais, 02 creches
Equipe do HBB
Evento de lançamento das atividades do ESA
Evento de lançamento das atividades que serão desenvolvidas do ESA Realização de gincanas, oficinas, teatros relacionados ao tema.
Evento de Lançamento no mês 04 do projeto e, mensalmente realização de pelo menos uma atividade relacionada ao tema visando consolidação da proposta.
Equipe do HBB
Campanhas sócio-educativas de ESA
Desenvolver oficinas pedagógicas para crianças e adolescentes com temas relacionados ao meio ambiente, saúde, lazer
01 oficina mensal com a participação de no mínimo 15 crianças e adolescentes
Equipe do HBB
Sensibilização e implantação da coleta seletiva no lar, na escola
Coleta seletiva sendo praticada Equipe do HBB, CMTU
Passeios e visitas a outras comunidades que tiveram seus vales revitalizados
03 passeios realizados Equipe do HBB, SEMA
Apresentação de teatros, fantoches atividades artísticas representando a realidade local
04 atividades por ano Equipe do HBB
SMC
Realizar palestras sobre os temas AIDS, gravidez na adolescência, dengue
06 palestras Equipe do HBB,
UBS
Criação da Oficina de Reciclagem
Elaborar junto à comunidade atividades que contemplem oficinas de reciclagem
Oficinas mensais de reciclagem Equipe do HBB
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Identificar o potencial artístico das pessoas da comunidade e posteriormente encaminhamento para o desenvolvimento destes
Pessoas com potencial Equipe do HBB
Desenvolver feiras, exposições dos produtos confeccionados nestas oficinas
Pelo menos 06 exposições dos trabalhos Equipe do HBB
Criação do Núcleo de Educação Ambiental
Divulgação entre as pessoas que demonstrem interesse pelo tema, inclusão de membros da Unidade de Saúde, Representantes de Quadras, professores do entorno e outros profissionais
Formação do Núcleo com, no mínimo 06 representantes. Seleção e capacitação de Agentes
Equipe do HBB
Preparar material de divulgação criando uma marca do ESA
Material elaborado Equipe do HBB
Criação do Núcleo de Educação Ambiental
Seleção e capacitação do grupo nos temas afins Grupo de no mínimo 07 pessoas Equipe do HBB Proporcionar visitas técnica, atividade de lazer, lúdicas com o grupo
Realização de pelo menos 04 visitas durante o Proj.
Equipe do HBB
Produção de vídeo documentário sobre questões ambientais
Divulgação nas escolas, creche, Unidade Básica de Saúde, seleção das melhores práticas, oficinas e eventos Criação do Núcleo de Educação Ambiental desenvolvidos do ESA.
Vídeo produzido. Realização de 03 oficinas com as pessoas que irão participar com vistas à produção do vídeo.
Equipe do HBB Elaborar cronograma de divulgação e apresentação do vídeo ambiental às instituições presentes na área e entorno.
Cronograma elaborado, apresentação em todas as instituições da Comunidade e do entorno.
Organização de catadores/coletores de recicláveis.
Identificar os catadores/coletores existentes na Comunidade
Formação do grupo de catadores/coletores Equipe do HBB,
CRAS Assessoria técnica e administrativa a formação de grupos de coletores, catadores.
Assessoria prestada Equipe do HBB,
CRAS
Proporcionar visitas técnicas e troca de experiências Visitas técnicas realizadas pelo menos 04 Equipe do HBB,
CRAS
Atividades relacionadas à Mata Ciliar dentro da comunidade
Estabelecer parcerias com o poder público, privado e universidades para levantamento de espécies de plantas, árvores dentro da Mata Ciliar
Convênio firmado com as universidades e a SEMA
Equipe do HBB, Universidade, SEMA
Desenvolver atividades de lazer, piquenique artísticas, música relacionadas ao meio ambiente na Mata Ciliar.
Uma atividade a cada dois meses Equipe do HBB,
SEMA
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Instituir os guardiões das áreas de Preservação Permanente
Estabelecer com a comunidade os guardiões das áreas de preservação permanente, definindo responsabilidades, funções
Grupo formado de no mínimo 10 pessoas da comunidade e do entorno
Equipe do HBB
Evento de divulgação na comunidade e entorno das funções dos guardiões
02 eventos realizados Equipe do HBB
Descentralização das ações de Saúde - PSF (Programa de Saúde da Família) e eventos de Educação Sanitária.
Reunir Representantes/multiplicadores da Comunidade formando comissão para definir estratégias de atuação dos profissionais do PSF, elaborar cronograma de atividades e eventos relacionados à Educação Sanitária.
Cronograma de ações elaborado e executado Realização de pelo menos 01 (um) evento de grande porte ao ano e 01 (um) ao mês relacionado ao tema: educação sanitária.
Equipe do HBB, SMS
Segurança Alimentar e Saúde: Cozinha alternativa.
Formação de grupos de hipertensos, diabéticos, gestantes e gestantes adolescentes, idosos, mulheres no climatério e menopausa, ginástica, palestras, vídeos, oficinas relacionadas à higiene pessoal, alimentar e doméstica.
01 grupo de cada tema relacionado Equipe do HBB,
SMS
Desenvolver palestras, workshop sobre o sistema de esgotamento sanitário
04 workshops com a participação de 80% da comunidade
Equipe do HBB, SANEPAR
Estabelecer parcerias com órgãos que desenvolvam atividades de segurança alimentar
Parceria estabelecida Equipe do HBB
Realizar cursos de alimentação alternativa e de aproveitamento integral de alimentos, cursos de medicina caseira com produção de remédios, cursos de comportassem e adubação, cursos de horticultura e jardinagem.
Realização de pelo menos 01 (um) curso a cada dois meses com 15 pessoas em cada turma
Equipe do HBB, EMATER
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Identificação da mão de obra local na área da construção civil
Levantar as pessoas que estão desempregadas e atuam nesta área
Convocação dos desempregados Equipe de geração e renda da PML
Proporcionar parcerias com as empresas locais para o desenvolvimento de cursos na área
Parcerias com Sinduscon, Bordinhon, Todimo, entre outras e cursos realizados
Equipe de geração e renda da PML
Estabelecer contato com a construtora para viabilização da contratação da mão de obra local
Aproveitamento da mão de obra local para atuação nas obras do Projeto Integrado.
Promover palestras, com os trabalhadores da comunidade que estarão inseridos nas obras sobre postura profissional, relacionamento humano, ser morador e ser trabalhador.
04 palestras realizadas Equipe do HBB e da PML
Formação, capacitação, treinamento e aperfeiçoamento de mão de obra para construção civil
Estabelecer parcerias com os seguimentos da construção civil para realização de cursos de formação e aperfeiçoamento
Parcerias com empresas locais Equipe do HBB e da PML
Divulgar a programação de cursos dando oportunidade a outros interessados, especialmente aos desempregados Elaborar cronograma de cursos que serão oferecidos: azulejista, pintor, encanador, pedreiro, servente, eletricista, carpinteiro e ligações domiciliares de esgoto.
Realização de pelo menos 01 (um) curso em cada modalidade descrita, para todos os interessados.
Equipe do HBB e da PML
Implantar e divulgar banco/cadastro de profissionais aptos a encaminhamentos ao trabalho.
Banco/cadastro de profissionais implantado Divulgação do Banco/Cadastro na Comunidade, entorno e município. Implantação do canal de comunicação entre os interessados nos serviços e o Banco/Cadastro: telefone de contato
Equipe do HBB e da PML, CRAS
Realização de diagnóstico de potencial econômico e financeiro do município relacionado ao potencial da Comunidade.
Estabelecer parcerias com as universidades através dos cursos de economia, administração para o desenvolvimento da pesquisa
Estudo elaborado e potenciais definidos. Cronograma elaborado
Equipe de geração de renda
Levantamento das potencialidades da Comunidade que possam ser absorvidas pelo mercado local e/ou regional.
Levantamento realizado Equipe de geração de renda
Estudo das potencialidades econômicas e financeira local e/ou regional que possam ser desenvolvidas pela Comunidade.
Levantamento realizado Equipe de geração de renda
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Implementação de ações apontadas no diagnóstico e programadas no Cronograma de Geração de Trabalho e Renda.
Estruturar o local que será desenvolvido para os cursos CRAS, Centro Comunitário do Aquiles, Centro de Atendimento aos adolescentes
Equipe do HBB e de geração e renda
Realização de mini cursos com duração mínima para levantar as habilidades pessoais.
01 curso em cada área que apontar o diagnósticoEquipe do HBB e de geração e renda
Oferecer aperfeiçoamento, capacitação e desenvolvimento nos cursos que as pessoas apontaram as habilidades
01 curso em cada área do potencial identificadoEquipe do HBB e de geração e renda
Realização de eventos através de feiras e exposições para comercialização e divulgação dos trabalhos que foram produzidos.
Feiras e exposições executadas Equipe do HBB e de geração e renda
Assessoria a iniciativas através de cooperativas / associações
Capacitação técnicas das pessoas que estão desenvolvendo atividades em conjunto sobre os temas empreendedorismo, logística, formação de preço, colocação no mercado, etc.
O4 capacitações de acordo com a demanda Equipe do HBB e de geração e renda da PML
Visitas e trocas de experiência a locais que estão atuando nesta perspectiva
02 visitas ao ano Equipe do HBB e de ger. e renda da PML
Parcerias com indústrias locais e regionais em busca de terceirização de serviços e mão de obra que possam ser assumidas pela Comunidade.
Levantamento de indústrias locais e regionais com potencial de terceirizarem serviços e mão de obra que possam ser assumidas pela Comunidade.
Levantamento efetuado Equipe de geração e
renda
Eventos do GTR Proporcionar eventos que divulgue os trabalhos realizados pela comunidade
03 eventos ao ano Equipe do HBB e de ger. e renda da PML
Cursos profissionalizantes que já estão sendo solicitados pela comunidade
Cursos profissionalizantes nas áreas de cabeleireiro, manicure, pedicure, artesanatos em geral, manipulação e fabricação de doces, salgados, corte costura, costura industrial.
01 turma de cada curso com 15 participantes Equipe de geração e
renda
Oportunizar eventos para demonstração e comercialização dos produtos
Feiras na comunidade e no entorno mensal Equipe de geração e
renda
Inserir as pessoas em feiras ofertadas pelo poder público Feiras que o poder público oferece Equipe de geração e
renda, SMAS
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parcerias com poder público, privado que atuem neste eixo
Mapear as instituições de ensino, sociedade civil que estão discutindo economia solidária e outras formas de geração e renda
Mapeamento das instituições Equipe de geração e
renda
Promover intercâmbios, visitas técnicas a experiências bem sucedidas
02 visitas fora do município Equipe de geração e
renda
Promover cursos de capacitação em Economia Solidária
Estimular a formação de grupos de geração e renda Formação de pelo menos 01 grupo Equipe de geração e
renda Articular o consumo solidário com a produção, dentro da comunidade e na região
Estimular a troca Equipe de geração e
renda Articular os grupos de produção da comunidade, em redes de agentes que se apóiam e que se complementam
Inserir os grupos formados com outros de regiões diferentes
Equipe de geração e renda
Promover oficinas que elevam a auto-estima e a capacidade individual de cada pessoa
Oficinas em desenvolvimento humano 07 oficinas com 15 participantes cada Equipe de geração e renda e consultoria externa
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ANEXO B - RECURSOS HUMANOS
Eixo Profissional UN. Valor Total Repasse Contrapartida Hor.sem. Hor.men. Hor.Tot. Hor.dia Dist.h.tec.
MOC Consultor Técnico Coordenador 1 45.600,00 45.600,00 20 80 2.160 4 21,80%
Consultor Técnico Serviço Social 1 45.900,00 45.900,00 30 120 3.240 6 22,10% Prof. Serviço Social 1 45.900,00 45.900,00 30 120,00 3.240 6 22,10%
Estagiários Serviço Social 3 24.300,00 24.300,00 60 240,00 6.480 12 11,60% Consultor Téc. Educação Física 1 26.400,00 26.400,00 20 80 1.760 4 12,60% Estagiários de Educação Física 2 13.200,00 13.200,00 40 160,00 3.520 8 6,30%
Consultoria MOC 7.200,00 7.200,00 144 6 3,60% Total parcial (1) 208.500,00 125.100,00 83.400,00 200 800 20.544 46 100%
ESA
Consultor geógrafo 1 35.700,00 35.700,00 30 120 2.880 6 68,20% Estagiários de geografia 2 12.600,00 12.600,00 40 160,00 3.840 8 24,10%
Consultoria ESA 4.000,00 4.000,00 4 400 7,70% Total parcial (2) 52.300,00 39.700,00 12.600,00 70 284 7.120 14 100%
GTR
Prof. Nível superior 1 28.250,00 28.250,00 20 80,00 1.920 4 73,60% Estagiário de Serviço Social 1 7.500,00 7.500,00 20 80,00 1.920 4 19,50%
Consultoria 2.600,00 2.600,00 2 48 6,90% Total parcial (3) 38.350,00 38.350,00 40 162,00 3.888 8 100%
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ANEXO C - RECURSOS MATERIAIS
Equipamentos Qt. Total Repasse Contrapartida
Aparelho de som 1 280 280 - Microfones 1 100 100 - Flip Chart 1 100 100 -
Quadro branco 1 150 150 - Micro-computador 1 2.390,00 2.390,00 -
Impressora 1 400 400 - Máquina digital 1 1.500,00 1.500,00 - TV 29 polegadas 1 1.599,00 1.599,00 -
Aparelho de DVD 1 429,00 429,00 - Equipamentos/insumos 16.800,00 - 16.800,00
Total parcial (5) 23.748,00 6.948,00 16.800,00
EVENTOS MOC 18.640,00 18.640,00 - ESA 10.900,00 10.900,00 - GTR 9.600,00 - 9.600,00
Total parcial (5) 39.140,00 29.540,00 9.600,00
Total geral (1+2+3+4+5) 362.038,00 201.288,00 160.750,00
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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