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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS (PPGENT) FORMAÇÃO DOCENTE E NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO DESENVOLVIMENTO DE OBJETO DIGITAL DE APRENDIZAGEM PARA MOBILE LEARNING NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES FAGNER ALEXANDRE SOTORRIVA NECKEL CURITIBA 2016

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER PROGRAMA DE PÓS … · quadro 8 decupagem – celular na sala de aula: planejando uma aula de biologia.....52. 8 sumÁrio 1. introduÇÃo 10 2. panorama

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  • CENTRO UNIVERSITRIO UNINTER

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO E NOVAS TECNOLOGIAS (PPGENT)

    FORMAO DOCENTE E NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAO

    DESENVOLVIMENTO DE OBJETO DIGITAL DE APRENDIZAGEM PARA MOBILE LEARNING NA FORMAO INICIAL DE PROFESSORES

    FAGNER ALEXANDRE SOTORRIVA NECKEL

    CURITIBA 2016

  • FAGNER ALEXANDRE SOTORRIVA NECKEL

    DESENVOLVIMENTO DE OBJETO DIGITAL DE APRENDIZAGEM PARA MOBILE LEARNING NA FORMAO INICIAL DE PROFESSORES

    A apresentao desta dissertao exigncia do Programa de Ps-graduao

    em Educao e Novas Tecnologias, rea de concentrao em Formao Docente e Novas Tecnologias na Educao, para a

    obteno do ttulo de Mestre.

    Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Otvio, dos Santos.

    CURITIBA

    2016

  • Catalogao na fonte: Vanda Fattori Dias CRB-9/547.

    N365d Fagner Alexandre Sotorriva Neckel Desenvolvimento de objeto digital de

    aprendizagem para Mobile Learning, na formao inicial de professores / Fagner Alexandre Sotorriva Neckel. - Curitiba, 2016.

    97 f.: il. (algumas color.)

    Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Otvio dos Santos Dissertao (Mestrado em Educao e Novas

    Tecnologias) Centro Universitrio Internacional Uninter.

    1. Professores Formao. 2. Inovaes educacionais. 3.Tecnologia educacional. 4. Computao mvel. 5. Mobile Learning. 6. Sistemas de

    comunicao sem fio. I. Ttulo. CDD 370.71

  • RESUMO

    Desenvolvimento de um objeto digital de aprendizagem para mobile-learning na

    formao inicial de professores

    O presente trabalho, intitulado Desenvolvimento de objeto digital de aprendizagem para mobile-learning na formao inicial de professores busca, entre objetivos, elaborar um objeto digital de aprendizagem junto aos professores em formao inicial, contribuindo para uma

    reflexo sobre a utilizao da modalidade mobile-learning para o ensino/aprendizagem contemporneo. Considerando a aprendizagem mvel como uma modalidade de ensino que se

    apropria de dispositivos mveis, uma vez que as tecnologias mveis permitem o acesso a contedos e a interao com professores e alunos a partir de praticamente qualquer espao e tempo. A fundamentao terica est pautada na autonomia e autoria no trabalho pedaggico

    Freire (2014) e Vygotsky (1993), a aprendizagem colaborativa e novos letramentos, bem como na abordagem socioconstrutivista de Vygotsky (1987, 2007) para entendermos o processo de

    aprendizagem e mediao por meio da interao e linguagem. Procuraremos identificar na literatura estudos que apontam para com o problema de pesquisa e pergunta norteadora: como se d a elaborao de um objeto digital de aprendizagem por professores em formao inicia l

    pautado em mobile-learning? Quanto ao uso de dispositivos mveis para a aprendizagem, refletimos para com a necessidade de processos didtico-pedaggicos inovadores por parte os

    profissionais da Educao, considerando a presena marcante de tecnologias mveis no atual ambiente sociocultural, sendo um desafio a enfrentar. Incentivando relaes/situaes de inovao na prtica em sala de aula com vistas mediao tecnolgica e professor-autor no

    processo de ensino-aprendizagem mediatizado pelas tecnologias mveis, buscamos ampliar possibilidades de ensino e aprendizagem por intermdio de dispositivos mveis.

    Palavras chaves: Formao de professores, Mobile-learning, Educao e novas tecnologias.

  • ABSTRATCT

    The development of a digital learning object for mobile-learning in the teachers initial

    formation

    The following work, named The development of a digital learning object for mobile-learning in the teachers initial formation aims, among other goals, to elaborate a learning digital object together with the teachers in their initial formation, contributing to a reflection about the

    mobile-learning modality use, to the contemporary teaching/learning education. Considering a mobile learning as a teaching modality that uses mobile devices, once the mobile technologies

    allow the access to content and interaction with the teachers and students basically from anywhere and at any time. The theoretical reason is based on Freire (2014) and Vygotsky (1993) self-sufficiency and authorship pedagogical work, the collaborative learning and new literacy,

    as well as in social-constructivist approach of Vygotsky (1987, 2007) so we can understand the learning process and mediation through interaction and language. We seek to identify in the

    literature studies that indicate as to the research matter and leading question: How is the digita l learning object elaboration done by teachers in their initial formation based on mobile-learning? As to the use of mobile devices to the learning, reflected to the need of innovative pedagogical

    didactic processes by the Education professionals, considering the striking presence of mobile Technologies into the current social cultural environment, being it a challenge to be faced.

    Encouraging innovation relations/situations in the classroom practice regarding the technological mediation and teacher-author in the teaching- learning process being mediated by mobile technologies, we aim to broaden teaching and learning possibilities through mobile

    devices.

    Key words: Teachers formation, Mobile-learning, Education and new Technologies.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1 PRINT DA TELA DO GRUPO FECHADO DO FACEBOOK CELULAR NA

    SALA DE AULA.................................................................................................................... 38

    FIGURA 2 PRINT DA TELA DO GRUPO FECHADO DO WHATSAPP CELULAR NA

    SALA DE AULA.................................................................................................................... 39

  • LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 ETAPAS, ABORDAGEM TERICA E CONTEDOS PROGRAMTICOS

    DA OFICINA CELULAR NA SALA DE AULA ................................................................. 36

    QUADRO 2 VDEOS UTILIZADOS E COMPARTILHADOS COM OS ALUNOS VIA

    WHATSAPP ............................................................................................................................. 40

    QUADRO 3 ARTIGOS UTILIZADOS E COMPARTILHADOS COM OS ALUNOS VIA

    WHATSAPP ............................................................................................................................. 41

    QUADRO 4 UDIOS UTILIZADOS E COMPARTILHADOS COM OS ALUNOS VIA

    WHATSAPP ............................................................................................................................. 43

    QUADRO 5 DECUPAGEM MULTICULTURARISMO: AS DIFERENTES FORMAS DE

    SE CUMPRIMENTAR ............................................................................................................ 49

    QUADRO 6 DECUPAGEM LIBRAS NO CONTEXTO ESCOLAR: A INCLUSO DA

    LIBRAS NA SALA DE AULA ............................................................................................... 50

    QUADRO 7 DECUPAGEM PIBID: AS DIFERENTES FORMAS DE SE

    CUMPRIMENTAR .................................................................................................................. 51

    QUADRO 8 DECUPAGEM CELULAR NA SALA DE AULA: PLANEJANDO UMA

    AULA DE BIOLOGIA............................................................................................................. 52

  • 8

    SUMRIO

    1. INTRODUO 10

    2. PANORAMA DA PESQUISA 11

    2.1 JUSTIFICATIVA 17 2.2 PROBLEMA DE PESQUISA 18 2.3 OBJETIVOS 18 2.3.1 OBJETIVOS GERAIS 18 2.3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS 18

    3. FORMAO DE PROFESSORES E AS TECNOLOGIAS MVEIS 19

    3.1 FORMAO DE PROFESSORES E A RELAO COM AS TECNOLOGIAS MVEIS 19 3.2 PANORAMA DE MOBILE-LEARNING: AUTORIA E AUTONOMIA 21 3.3 MEDIAO TECNOLGICA: AUTONOMIA E AUTORIA DO PROFESSOR EM FORMAO INICIAL 24 3.4 LETRAMENTO DIGITAL E A INCORPORAO DE MDIAS DIGITAIS POR PROFESSORES EM FORMAO INICIAL 26 3.5 METODOLOGIA COLABORATIVA PROPULSORA DE AUTONOMIA E AUTORIA EM PROFESSORES EM FORMAO INICIAL 28 3.6 RECURSOS AUDIOVISUAIS E A RELAO COM AS TECNOLOGIAS MVEIS 30

    4. DESENVOLVENDO E ANALISANDO: CELULAR NA SALA DE AULA 34

    4.1 OFICINA: CELULAR NA SALA DE AULA 34 4.1.1 METODOLOGIA 34 4.1.2 MOTIVAO PARA O TRABALHO FINAL 43 4.1.3 PARTICIPAES NA OFICINA: PONTOS RELEVANTES 45 4.2 DECUPAGEM DOS OBJETOS DIGITAIS DE APRENDIZAGEM ELABORADOS 49 4.3 FRAMES DOS OBJETOS DE APRENDIZAGEM ELABORADOS 52 4.4 O EMERGIR DAS CATEGORIAS ANLISE 61 4.4.1 A POSIO DE AUTONOMIA E AUTORIA DO PROFESSOR EM FORMAO INICIAL NA ELABORAO DE UM OBJETO DIGITAL DE APRENDIZAGEM EM MOLIBE-LEARNING PAUTADO EM MICROVDEO 61 4.4.2 AMBIENTE DE COLABORAO E RELACIONAMENTO COM AS TECNOLOGIAS DIGITAIS E MVEIS NA ELABORAO DO OBJETO DIGITAL DE APRENDIZAGEM PROPOSTO 66 4.4.3 MULTILETRAMENTO COMO EXPRESSO EM PROFESSORES EM FORMAO INICIAL FRENTE A ELABORAO DO VDEO EM DISPOSITIVOS MVEIS 70 4.5 A RELAO ENTRE OS OBJETOS DE APRENDIZAGEM ELABORADOS E AS CATEGORIAS ELENCADAS 76 4.6 RELATOS E CONSIDERAES SOBRE A OFICINA CELULAR NA SALA DE AULA 77

    CONSIDERAES FINAIS 81

    REFERNCIAS 85

    APNDICES 91

    ANEXOS A FORMULRIO DE ENTRADA 92

    ANEXOS B FORMULRIO DE SADA 93

  • 9

    ANEXOS C PLANO DE ATIVIDADE: MODELO 94

    ANEXOS D STORYBOARD: MODELO 96

  • 10

    1. INTRODUO

    A medida que novos cenrios tecnolgicos emergem, esses podem possibilitar novas

    experincias e aplicaes na prtica pedaggica, principalmente quando nos reportamos as

    tecnologias mveis. Busca-se olhar na integrao que dispositivos mveis podem subsidiar

    diante uma abordagem tanto pedaggica quanto tecnolgica, numa perspectiva de uso prtico

    desses potenciais artefatos numa postura de inovao pedaggica.

    Propomos uma investigao na formao inicial de professores, buscando evidenciar o

    relacionamento que estes desenvolveram ao elaborarem um objeto digital de aprendizagem

    pautado em vdeo para a mobile-learning. Apropriamo-nos em uma pesquisa qualitat iva,

    referenciados em conceitos como de autoria, autonomia, colaborao, multiletramento e

    apropriao crtica da tecnologia.

    Importante ressaltar que compreendemos por formao inicial de professores aqueles

    que se encontram nas respectivas graduaes, em preparos para atuar na Educao bsica.

    Agradecemos assim Coordenao do PIBID Pedagogia/Uninter por nos receber to

    bem como pela oportunidade de realizamos nosso trabalho de campo em grupo de

    caractersticas buscadas pelo pesquisador. Abaixo apresentamos o panorama de pesquisa,

    justificativa, problema de pesquisa e objetivos do presente trabalho.

  • 11

    2. PANORAMA DA PESQUISA

    Do ponto de vista histrico, desde a arte rupestre aos sistemas baseados em intelignc ia

    artificial, passamos por inmeras transformaes sociais, culturais, tecnolgicas e tambm no

    campo do trabalho. Entendemos que transitamos de uma sociedade mecnica para uma digita l,

    e que esta tem moldado novos comportamentos, em especial aos alunos dessa gerao.

    Podemos assim estabelecer uma relao entre a cultura digital que tem sido percebida

    medida que diferentes mdias e suportes se encontram cada vez mais convergido em um nico

    dispositivo, proporcionando diferentes necessidades bem como diferentes formas de se ensinar

    e aprender.

    Em seu em seu livro Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire (2014, p. 20) indicava que

    mais do que um ser no mundo, o ser humano se tornou uma presena no meio, com o mundo

    e com os outros. A esta relao dialtica, de metamorfose, pode-se vincular a transformao

    tecnolgica, fator essencial- fundamental, visto que nos encontramos em uma sociedade em

    plena transformao miditica. A evoluo dos artefatos tecnolgicos, em especial as

    tecnologias mveis, ampliam espaos e abrem novas possibilidades, uma vez que ajudam a

    moldar comportamentos de inmeros indivduos.

    O avano das tecnologias da informao e comunicao tem proporcionado s novas

    geraes, conectividade e interatividade, bem como o contnuo uso de mdias digitais. Estas ,

    por sua vez, podem potencializar a relao de ensino/aprendizagem no intuito mudar a prtica

    pedaggica frente ao novo perfil de alunos que emergem desse campo tecnolgico

    Segundo Tapscott (apud JULIATOO, 2013, p.34), a utilizao de mdias digitais

    representa o nascimento de uma nova gerao de alunos. Estes novos indivduos, nascidos a

    partir do ano 2000 so denominados gerao Z. Estes indivduos aparentemente apreendem e

    aprendem de forma diversa de seus progenitores e geraes anteriores.

    Entendemos a necessidade de repensar o papel do professor e as competncias

    necessrias frente demanda de novos perfis dos alunos, mas que nos encontramos em modus

    operandi no formato tradicional, excluindo da aprendizagem as inovaes da sociedade

    (HERNNDEZ et al., 2000).

    Kenski (2005, p.41) nos diz que:

    No e possvel pensar na prtica docente sem pensar na pessoa do professor e em sua

    formao, que no se da apenas durante seu percurso nos cursos de formao de

    professores, mas durante todo o seu caminho profissional, dentro e fora da sala de

    aula.

  • 12

    Pensamos que na formao inicial dos professores faz-se necessrio agregar bases

    slidas e autnomas para que o potencial das novas tecnologias da informao e comunicao

    se voltem tambm para a sala de aula. Assim, em um momento oportuno, este profissional pode

    conseguir se apropriar dessa potencial ferramenta e aplic-la ao ensino/aprendizagem.

    Portanto, a formao inicial de professores precisa atender tambm situaes-aes que

    as ferramentas podem oferecer para melhorar a aprendizagem, como afirmou Ribeiro (2007,

    p.87) o progresso das novas tecnologias gera uma cultura informatizada, com hbitos

    intelectuais de simbolizao, formalizao do conhecimento e manipulao de signos e de

    representaes.

    Podemos afirmar que as informaes oriundas da conexo de dados por meio de

    dispositivos mveis so cada vez mais acessveis aos alunos, e professores bem preparados,

    conscientes e crticos podem se utilizar desta caracterstica como ponto inicial, aumentando a

    relevncia no novo papel do professor multimiditico.

    O processo adaptativo da didtica do novo docente, utilizando-se das tecnologias da

    informao e comunicao, so favorveis para uma reavaliao de seu papel, pois ao mesclar

    dispositivos mveis vida cotidiana, abre-se um leque de possibilidades e de maneiras distintas

    de representar e ressignificar o conhecimento.

    A dcima conferncia internacional, realizada em Madrid/Spain (2014), sobre mobile-

    learning, apresentou muitos programas e progressos para com a formao e o uso de

    dispositivos mveis no espao escolar em vrios pontos do mundo.

    No Brasil, a organizao Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da

    Sociedade da Informao CETIC.br (2014, p.49)1 relata que o:

    Conhecimento para a utilizao da tecnologia digital em sala de aula hoje um

    requisito da formao de novos professores e lhes permitir criar e disponibilizar

    ambientes de aprendizagem flexveis que podero ser ajustados e adaptados a

    diferentes alunos, com e sem deficincia.

    Percebemos, ento, que muita discusso a respeito da formao de professore e a relao

    com as tecnologias da informao e comunicao avanou nos ltimos anos.

    A pesquisa da CETIC.br nos mostra, entre outros aspectos, um percentual de aumento

    sobre o total de professores de escolas pblicas sendo capacitados para o uso do computador,

    passando de 50% em 2010 para 68% no ano de 2014. (CETIC.br, 2014, p. 121) e que o principa l

    1 Cetic.br um departamento do Ncleo de Informao e Coordenao do Ponto BR (Nic.br), que implementa as

    decises e projetos do Comit Gestor da Internet do Brasil (Cgi.br). Link:

    http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Educacao_2014_livro_eletronico.pdf. Acesso em 20 Junho. 2016

    http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Educacao_2014_livro_eletronico.pdf

  • 13

    meio em que se d o uso do computador tem sido para buscar contedo a ser trabalhado

    em sala alm de pesquisar exemplos de planos de aulas. Dentre as opes menos utilizadas

    pelos professores est o uso para cursos distncia, participao em grupos e fruns especficos

    para professores.

    Percebemos um avano quanto o tema formao de professores e a relao com as

    tecnologias da informao e comunicao no Brasil, porm, como nosso foco mais prtico e

    pessoal, buscamos desenvolver de habilidades e competncias para o uso de disposit ivos

    mveis na formao inicial do professor, por isso nossa pesquisa se diferencia em relao s

    que centralizam e discutem a formao utilizando-se de tecnologias fixas em laboratrios

    especficos.

    Dado o avano das tecnologias da informao e comunicao e o uso de dispositivos

    mveis, e tambm considerando o crescimento exponencial do acesso informao via

    dispositivos hbridos, imaginamos que professores precisam estar atentos aquisio de novos

    letramentos com apropriao crtica, bem como s mudanas comportamentais provocadas pela

    sociedade da informao2 (MASUDA, 1981). De forma integradora e multifacetada, partimos

    de Roxane Rojo (2012, p.13), que nos traz conceitos fundamentais sobre multiletramento e suas

    especificidades:

    O conceito de multiletramentos aponta para dois tipos especficos e importantes de

    multiplicidade presentes em nossa sociedade, principalmente urbanas, na

    contemporaneidade: a multiplicidade cultural das populaes e a multiplicidade

    semitica de constituio dos textos por meios dos quais ele se informa e comunica.

    Diante s mltiplas linguagens e formatos para se comunicar atualmente, preciso

    intervir, dominar e saber fazer o melhor tratamento de um udio e/ou vdeo alm de conhecer

    tcnicas de edio e diagramao de uma imagem por intermdio um dispositivo mvel. Assim,

    evidenciamos novas formas de entendimento e releitura de mundo que princpio natural ao

    mesclarmos as tecnologias mveis e as mdias em formato audiovisual.

    A importncia de vincular recursos de udios e vdeos vem aumentando quando nos

    reportamos a acessibilidade e o consumo tecnolgico de acesso e compartilhamento a diversas

    mdias. Portanto de suma importncia formar professores para com a possibilidade de

    relacionar conceitos scias e culturais em tica s ferramentas tecnolgicas.

    2 Masuda, em 1981, intitulou uma de suas obras como a sociedade da informao como sociedade ps-

    industrial. Este trabalho faz clara referncia s mudanas bruscas, dado um novo contexto em que o

    desenvolvimento tecnolgico vir a influenciar. Essa expresso passou a ser utilizada como substituta da sociedade

    ps-industrial, indicando s mudanas observadas na forma de produo e edio das informaes e a forma como

    essa mesma informao poder ser distribuda e recebida.

  • 14

    Ensinar e aprender diante a tica do multiletramento consiste em fazer com que

    professores reestudem e revejam o que realmente tem acontecido nas salas de aulas, e passem

    a interagir diretamente com essas mdias e formatos. Assim, o professor deve ser incentivado a

    continuamente mudar sua prtica pedaggica, principalmente voltando-se s intervenes

    pedaggicas mediadas por diversos formatos de mdias interativas e possibilidades sociais.

    Para com os tipos de multiletramentos perceptveis em nossa sociedade, vislumbramos

    uma ascenso exponencial na/para aquisio de dispositivos com acesso a uma gama de

    aplicativos, softwares de computador, tambm conhecidos como APPs, em seus sistemas

    operacionais.

    Para uma definio um tanto mais elaborada relativa aos aplicativos (apps) mveis,

    reportamo-nos ao site tectriadobrasil.com.br3 que diz que so softwares que desempenham

    objetivos especficos em smartphones e tablets, sendo possvel acess-los por meio das lojas

    de aplicativos, como por exemplo a App Store, Google Play, Windows Store e entre outras.

    Assim obtemos uma gama de servios em nossa palma da mo, bastando apenas sua instalao.

    De acordo com a CONAE (Conferncia Nacional de Educao, 2014)4 tem-se a

    necessidade de promover o acesso e o uso qualificado das tecnologias da informao e

    comunicao no mbito da educao em todos os nveis, etapas e modalidades, garantindo

    assim, em tese, uma potencial melhora da qualificao dos profissionais da educao quanto ao

    conhecimento e reconhecimento de linguagens hipermiditicas.

    Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios, 2013:2015)5 nos anos

    de 2013 e 2015 o acesso internet est mais frequente e este nmero vem aumentando

    exponencialmente nos jovens de idades entre 13 a 17 anos.

    Percebe-se tambm que o acesso internet via smartphones ou tablets j se encontra em

    mais da metade dos indivduos. As possveis razes para esse aumento so a praticidade e a

    mobilidade que os dispositivos mveis tm em relao aos desktops ou personal computer, bem

    como a ampla comercializao e divulgao desses dispositivos.

    O relatrio da CISCO (2016), VNI Visual networking index sobre o trfego global de

    dados mveis indica um aumento massivo de indivduos conectados, alm de mostrar que a

    3 http://tectriadebrasil.com.br/blog/mercado-de-midias-sociais-blog/aplicativos-mobile-definicoes-historia-e-

    previsoes. Acessado em 03-06-2016. 4 Para acesso a demais pesquisas e dados, clique em http://conae2014.mec.gov.br/ 5 Para acesso as pesquisas referentes a 2013 e 2015, clique em

    http://www.ibge.gov.br/home/xml/suplemento_pnad.shtm

  • 15

    transmisso de dados em meados dos anos 2017 e 2018 alcanar os 5,1 Exabytes6 mensais

    sendo este valor trs vezes maior que o tamanho estimado para todo o ano de 2013.

    Ainda no relatrio da Cisco (2014), percebe-se uma previso significativa da

    transferncia de arquivos em formato vdeo at meados de 2018, chegando possivelmente a

    69% de todos os dados mveis trocados nesta data.

    Para Ally (2009), a modalidade mobile-learning surge com a utilizao de dispositivos

    mveis em complemento a contedos de aprendizagem. Esta modalidade de ensino inovadora

    aplicvel tanto no ensino formal, quanto no informal e at mesmo na aprendizagem autnoma

    e individual dos alunos, extrapolando limites temporais. Assim o mobile-learning

    metodologia de ensino/aprendizagem condizente tanto para o espao virtual quanto fora dele,

    sendo possvel levar contedos significativos nas mais variadas classes, lugares, meios e

    espaos sociais e culturais presentes e pertencentes a este tempo.

    Smartphones e tablets so dispositivos mveis que se encontram cada vez mais

    consolidados em nosso meio e com preferncia total entre os jovens de hoje, pois com estes

    dispositivos pode-se facilmente acessar a internet, tirar fotos, gravar udio e vdeo e

    compartilhar instantaneamente nas redes sociais. Portanto cabe a ns, professores, apropriarmo-

    nos e utiliz- los tambm como forma de aprendizagem, dentro e fora da escola.

    A aprendizagem apoiada por tecnologias mveis pode ajudar a melhorar o

    relacionamento e a experincia educacional de diferentes formas. Basta que para isso

    procuremos modificar tambm nossas experincias quanto s tecnologias mveis, sendo assim,

    temos percebido que enquanto algumas instituies se dedicam prtica mobile-learning,

    outras ainda se encontram num processo de mudana lento (MOURA, 2010).

    Indicamos que o ganho da modalidade mobile-learning est relacionado com o

    surgimento dos dispositivos mveis que segundo Unesco (2013) podem ser definidos como

    aqueles dotados de qualquer tecnologia porttil e conectada, como telefones celulares bsicos,

    leitores eletrnicos, smartphones e tablets, e tecnologias integradas como leitores cartes

    inteligentes.

    A relao entre os jovens da gerao Z e mveis significa um pode a mais que professor

    tem ao utilizar essa potencial ferramenta, diante um contexto de que os os smartphones e tablets

    podem ser utilizados tambm com vis didtico. Pela evoluo da tecnologia mvel, que se

    encontra cada vez mais findada em nosso cotidiano, tomamos como necessrio um olhar mais

    crtico para formao de professores, em especial aqueles que se encontram nas graduaes.

    6 Exabyte (exa + byte): Unidade de medida de informao, equivalente a 1018bytes. http://objetos de

    aprendizagem.priberam.pt/dlpo/exabyte . Consultado em 19-03-2016.

    http://www.priberam.pt/dlpo/exabytehttp://www.priberam.pt/dlpo/exabyte

  • 16

    Para tanto, como j dissemos, escolhemos como temtica desse trabalho final elaborar

    objeto digital de aprendizagem com professores em formao inicial pautado em vdeo.

    Portanto a utilizao e prtica da aprendizagem mvel usabilidade dos dispositivos

    mveis que permitem um fluxo de microconteudos, possibilitando uma real aprendizagem

    continuada entre os episdios de aprendizagem formal, nao-formal e informal (UNESCO,

    2012).

    Entende-se que um objeto digital de aprendizagem pode ser entendido como objeto

    educacional ou de aprendizagem desde que elaborado em formato digital que auxiliem a

    aprendizagem autnoma do aluno com traos e caractersticas de ser reusvel (WILEY, 2000).

    Pode-se incluir nesta tica contedos que possam ser veiculados na internet sob

    qualquer formato, sejam imagens, filmes digitais, animaes, sons, hipertextos, pginas HTML

    57 que estejam voltados para complementar o ensino/aprendizagem. Spinelli (2007, p.7) diz que

    um objeto digital de aprendizagem pode ser:

    Um recurso digital reutilizvel que auxilie na aprendizagem de algum conceito e, ao

    mesmo tempo, estimule o desenvolvimento de capacidades pessoais, como, por

    exemplo, imaginao e criatividade. Dessa forma, um objeto virtual de aprendizagem

    pode tanto contemplar um nico conceito quanto englobar todo o corpo de uma teoria.

    Ao se apropriar desses recursos comunicacionais e informacionais, os objetos digitais

    de aprendizagem precisam ser elaborados segundo um planejamento estratgico dentro de uma

    perspectiva pedaggica, visto que a diferena didtica no esta no uso ou no uso das novas

    tecnologias, mas na compreenso das suas possibilidades (KENSKI, 2005, p.41). preciso

    instigar mudanas estruturais na concepo da formao de professores para que o

    aluno/indivduo viva e estude em uma sociedade do sculo XXI, e que tenha estmulos e

    vontade de frequentar e estudar numa escola contempornea.

    A adequao nova tendncia exige que alunos e professores se ajustem nova

    dinmica e as s novas oportunidades de reconstruo do conhecimento. Para tanto, o objeto

    digital de aprendizagem pode ser elaborado como microcontedo considerando suas dimenses,

    definies e planejamento, conforme salientam Pimenta e Batista (2004, p. 102):

    Unidades de pequena dimenso, desenhadas e desenvolvidas de forma a fomentar a

    sua reutilizao, eventualmente em mais do que um curso ou em contextos

    diferenciados, e passveis de combinao e/ou articulao com outros objetos de

    aprendizagem de modo a formar unidades mais complexas e extensas.

    7 HTML5 uma linguagem usada na criao de site e de marcao de hipertexto. A verso 5 s ganhou campo a

    partir da entrada dos navegadores compatveis. A sigla significa Hyper Text Markup Language Linguagem de

    marcao de hipertexto.

  • 17

    Para citar exemplos e finalidades de microcontedos, temos:

    [...] os podcasts, blogposts, wiki pages, mensagens curtas do Facebook ou Twitter, ou

    seja, recursos digitais compostos de elementos sonoros, visuais e verbais, comumente

    criados, publicados e compartilhados na web. Assim, atribui- se ao movimento de

    expansao das redes sociais, em especial, os weblogs o ressurgimento do termo

    microconteudo [...] (FUGISAWA; AMARAL, 2012, p.5).

    Da possibilidade de se elaborar um objeto digital de aprendizagem pautado em micro

    formas, segundo Leene (2006b, p.25) que diz que so pedaos estruturados de contedo

    autocontido e indivisvel, os quais tm foco nico e endereo exclusivo para que possam ser

    (re)encontrados.

    2.1 Justificativa

    Considerando que os dispositivos mveis esto cada vez consolidados em nossa

    sociedade, e a partir de sua insero sociocultural, percebemos no ambiente escolar a

    necessidade de profissionais da Educao conscientes no uso de dispositivos mveis,

    evidenciando competncias e habilidades quanto a instrumentalizao das novas tecnologias,

    em especial s tecnologias mveis, que procuramos estudar.

    Com olhar na formao inicial do professor que ir para a sala de aula, procuramos

    desenvolver um melhor relacionamento quanto aos aparatos tecnolgicos e suas

    potencialidades para a aprendizagem, visto que esta se encontra em defasagem. A incluso das

    novas tecnologias no ambiente escolar pode trazer significativas mudanas na prtica

    pedaggica, desde que consigamos formar professores capazes com tal capacidade.

    Behrens, Maseto e Moran (2007, p.71) enfatizam a necessidade de adequao e

    integrao dentro de uma metodologia incorporadora, pois:

    O acesso ao conhecimento e, em especial, rede informatizada, desafia o docente a

    buscar nova metodologia para atender s exigncias da sociedade. Em face da nova

    realidade, o professor dever ultrapassar seu papel autoritrio, de dono da verdade,

    para se tornar um investigador, um pesquisador do conhecimento crtico e reflexivo.

    Corroborando com ou autores e adentrando para com o problema de pesquisa desse

    trabalho final, entendemos que para que o professor consiga atender exigncias da sociedade

    informatizada, este deve ser preparado desde a sua concepo, ou seja na sua formao.

    Procurando desenvolver a formao inicial professores pesquisadores capazes de se apropriar

    das ferramentas mveis a traz-la para o espao escolar.

  • 18

    2.2 Problema de Pesquisa

    O trabalho final est voltado para formao de professores e a realidade que a circunda.

    Ou seja, nossa problematizao est focada no relacionamento que novos professores podem

    desenvolver junto aos dispositivos mveis num vis didtico-pedaggico. Na formao docente

    necessrio atender no somente s exigncias da sociedade, mas tambm de formar

    professores-pesquisadores crticos e reflexivos quanto a incluso das tecnologias mveis no

    espao escolar.

    Assim, a pergunta se estabelece na seguinte questo: Como melhorar a formao de

    professores a partir da interceptao de tecnologias digitais mveis no contexto educacional?

    2.3 Objetivos

    A partir do problema de pesquisa, chegamos aos seguintes objetivos:

    2.3.1 Objetivos gerais

    Elaborar objetos digitais de aprendizagens para mobile-learning com professores em

    formao inicial pautado em microvdeo, e verificar o relacionamento que estes desenvolvem

    para com os dispositivos mveis em uma perspectiva escolar.

    2.3.2 Objetivos especficos

    Ofertar e realizar uma oficina denominada celular na sala de aula para professores em

    formao inicial.

    Capacitar professores em formao inicial quanto ao uso das tecnologias mveis no

    espao escolar.

    Elaborar, planejar e formatar o storyboard e o plano de atividade.

    Filmar, gravar e editar o objeto digital de aprendizagem com aplicativos para mobile.

    Compartilhar o objeto digital de aprendizagem elaborado com os demais grupos via rede

    social.

  • 19

    3. FORMAO DE PROFESSORES E AS TECNOLOGIAS MVEIS

    A seguir apresentamos a literatura em que nos fundamentamos:

    3.1 Formao de Professores e a Relao com as Tecnologias Mveis

    A formao de professores apresenta-se como um dos desafios do sistema educaciona l

    diante a sociedade da informao, sociedade da comunicao e sociedade em rede, conforme

    considera Laranjeira (2010, p. 17):

    Uno de los mayores desafos a los que debe enfrentarse el sistema educativo actual

    radica en la necesidad de formar a profesionales que estn preparados para

    incorporarse objetos de aprendizagem participar de lleno en una sociedad de la

    informacin en la que el conocimiento es el recurso fundamental del desarrollo social

    objetos de aprendizagem econmico. El impacto de las nuevas tecnologas objetos de

    aprendizagem las exigencias de esta nueva sociedad se estn dejando sentir de manera

    creciente en el mbito educativo, que debe proporcionar a los estudiantes las

    herramientas, conocimientos objetos de aprendizagem competencias necesarias para

    su incorporacin al mercado laboral del siglo XXI.8

    Visto que tecnologias digitais nos auxiliam no acesso informao e facilitam a

    comunicao, torna-se necessrio que a escola tambm esteja imersa neste campo tecnolgico ,

    apoiando-se no saber fazer pedaggico com aulas mais dinmicas, significativas e

    contextualizadas. Portanto, integrar recursos tecnolgicos escola nao fazem magica e

    somente ter investimentos e aquisies em componentes como hardware9 e software10 no

    garantem uma escola de qualidade. Precisamos qualificar melhor nosso corpo docente,

    principalmente na formao inicial.

    Torna-se necessrio, ento, que alm de informatizar a escola nos preocupemos tambm

    com a modernidade das prticas didtico-pedaggicas por parte dos professores-facilitado res

    do conhecimento. Moran et al. (2000, p.57) salientam que necessrio a ruptura da inrcia

    docente, quando se referem ao ensino com mdias digitais, pois ensinar com estas mdias

    significa, tambm, simultaneamente, mudarmos paradigmas tradicionais de ensino.

    8 Um dos maiores desafios que se deve enfrentar no sistema educativo atual est na necessidade de formar

    profissionais que estejam preparados para se incorporar e participar plenamente em uma sociedade da informao

    na qual o conhecimento o recurso fundamental do desenvolvimento social e econmico. O impacto da s novas

    tecnologias e as exigncias dessa nova sociedade se est sentindo de maneira crescente no mbito educativo, que

    deve proporcionar aos estudantes ferramentas, conhecimentos e competncias necessrias para a sua incorporao

    no mercado laboral do sculo XXI. (LARANJEIRA, p. 17, 2010) (Traduo do autor). 9 Hardware (Traduo literal: hard, duro + ware, mercadoria): Material fsico de um computador. http://objetos

    de aprendizagem.priberam.pt/dlpo/hardware. Consultado em 19-03-2016. 10 Software: (Traduo literal: soft, mole + ware, mercadoria): Conjunto de programas, processos, regras e,

    eventualmente, o funcionamento de um conjunto de tratamento de informao. http://objetos de

    aprendizagem.priberam.pt/dlpo/software . Consultado em 19-03-2016.

    http://www.priberam.pt/dlpo/hardwarehttp://www.priberam.pt/dlpo/hardwarehttp://www.priberam.pt/dlpo/softwarehttp://www.priberam.pt/dlpo/software

  • 20

    Professores amparados e familiarizados com as tecnologias mveis em seu saber

    pedaggico ampliam espaos e tomam para si a iniciativa didtica, oportunizando aos seus

    alunos trafegar entre saltos de conhecimento dentro e fora do espao digital, virtual e fsico.

    Assim, devemos deixar claro aos professores em formao inicial que as tecnologias da

    informao e comunicao podem trazer benefcios se as utilizarmos de forma consciente e

    crtica.

    certo que vivemos em um tempo em que textos, nmeros e imagens j no se

    encontram mais restritos e inalcanveis. Atualmente, imagens, caracteres e nmeros se

    misturam, dando origem a diversas mdias absolutamente instigantes do ponto de vista

    pedaggico, promovendo uma mudana de conceito e perspectiva de abordagem quanto ao

    contedo que deve ser transmitido.

    O uso de contedos na ordem micro, ou contedos com pequenas dimenses quando

    passveis de combinao e/ou articulao indicam espaos efetivos e prazerosos, pois nessa

    caso h espao para um aprendizado com diversidades de linguagens, mdias, formatos e

    suportes tecnolgicos podendo representar tambm aspectos de autoria e autonomia no

    professor no planejamento e execuo didtica.

    Procura-se um olhar para formao inicial de professores, verificando o relacionamento

    que estes desenvolvem nas graduaes a partir do uso dos dispositivos mveis como atividade

    de meio, mediao. Salientamos tambm que se preparados para mesclar diferentes recursos

    tecnolgicos na escola e para a escola, precisamos de no mnimo professores capacitados para

    tal.

    Em nossa concepo, se o professor usou de diferentes recursos tecnolgicos como fim

    pedaggico este j se encontra na tica da inovao, pois quando o professor muda sua prtica

    se apropriando e fazendo de sua aula diferente daquela anterior, certamente esse se atualizou

    didaticamente. Indicamos o que vem mudando ao longo dos anos no o contedo

    sistematizado em si, e sim as mltiplas formas de transmitir esses contedos que segundo

    Marinho (2008, p.17:

    [...] sua utilizao minimamente adequada na escola exigir profissionais

    adequadamente preparados; sem eles, os computadores podero permanecer

    trancados em salas de escolas, numa pattica cena que ainda persiste em muitos

    estabelecimentos de ensino, notadamente das redes pblicas, num cenrio de

    modernidade intil.

    Marinho indica a necessidade de professores contemporneos letrados criticamente e

    digitalmente para fazer bom uso de ferramentas digitais, pois assim ser possvel fazer o uso

  • 21

    coerente dos recursos disponveis em prol de uma Educao de qualidade. A modernidade

    intil se encontra no nos artefatos tecnolgicos certamente, mas na ausncia de modelos

    didticos-pedaggicos de qualidade e integrados de demandas tecnolgicas, culturais e sociais.

    A formao de professores com tica ao uso de ferramentas tecnolgicas, em especial

    s moveis, precisa no mnimo oportunizar saltos de conhecimento e relacionamento, numa tica

    que esses novos professores possam visualizar em dispositivos mveis uma potencial melhora

    na relao ensino/aprendizagem.

    Busca-se na formao de professores inicial de professores um novo modelo autores de

    seu papel pedaggico, fornecendo subsdios para que estes possam ensinar e aprender com

    autonomia, distanciando-se do que Freire (2014) rotulava como Educao bancria.

    O uso dito ideal para com as tecnologias mveis com foco pedaggico est relacionado

    intrinsicamente as diferentes formas de se ensinar e aprender na mobilidade. Utilizar tais

    tecnologias como princpio didtico, numa busca de autonomia e autoria ao saber fazer

    pedaggico aproxima-se das novas geraes e coloca a mediao pedaggica com olhar

    tecnolgico.

    A autoria e autonomia do professor est associada ao relacionamento que

    desenvolvido junto aos mecanismos digitais e mveis com tica a sua a aprendizagem bem

    como despertar o interesse na forma contnua com as novas tecnologias, se apropriando de

    novas tendncias e metodologias.

    3.2 Panorama de Mobile-Learning: autoria e autonomia

    As tecnologias mveis mostram-se em constante evoluo, assim uma gama de novos

    aplicativos, ferramentas e aplicaes tecnolgicas emergem indicando novas norteadores de

    concepo de espao e tempo de aprendizagem. Saviani (1991, p.19) diz que para sobreviver,

    o homem necessita extrair da natureza, ativa e intencionalmente, os meios de subsistncia. Ao

    fazer isso ele inicia o processo de transformao da natureza, criando um mundo humano, o

    mundo da cultura.

    Entendemos que que a autonomia gerada quando passamos a visualizar novos

    possibilidades e caminhos ou at mesmo quando procedemos de diferentes formas para se

    chegar em um final com o melhor resultado. Assim estabelecemos uma definio de que a

    autonomia gerada quando fazemos uso de diferentes possibilidades, indicando e refletindo

    para com as melhores estratgias de se ensinar e aprender nesse contexto imersivo pelo qual

    nos encontramos.

  • 22

    Em meio s discusses e entraves terico-prticos sobre a necessidade de inovar

    em prticas pedaggicas, o aparecimento de dispositivos mveis tem moldado um novo

    paradigma educacional chamado de mobile-learning. Para Ally (apud MOURA e

    CARVALHO, 2010, p.5), o mobile-learning a distribuio de contedos de aprendizagem por

    meio de dispositivos mveis, exemplificados como smartphones, tablets e notebooks.

    Tais artefatos esto cada vez mais aplicados na mobilidade e convergncia digita l,

    funcionando como portadores de GPS, TVs, navegador de internet, leitores de texto, udio e

    vdeo entre outros. Estes aparatos esto atualmente mais prximos de computador de mesa do

    que de um telefone para realizar ligaes. A aplicabilidade e potencialidades existentes no

    mobile-learning so percebidas no portflio da UNESCO (2014) que relata que o uso de

    telefones celulares para auxlio no ensino/aprendizagem ainda pequeno e espeo, mas que no

    campo social muito impacta nossos modos de vida.

    O relatrio da IDC International Data Corporation informa um aumento de 5% do

    mercado de tecnologias da informao e comunicao no Brasil, sendo que no ano de 2015

    movimentou mais de US$ 165,6 bilhes. Trazemos esses dados, pois neles vislumbramos uma

    continuidade do aumento de dispositivos mveis e da possvel oportunidade de novas

    tendncias e inovaes nas tecnologias da informao e comunicao que recebem grande

    investimento financeiro e so foco de grandes pesquisas. Percebemos atualmente o

    desenvolvimento de impressoras 3D, sistemas cognitivos, robtica, interfaces neurais,

    tecnologia li-fi, bits qunticos e segurana de prxima gerao, elementos estes que em futuro

    prximo podem ser tambm utilizados no processo ensino-aprendizagem.

    Cabe frisar que muitas consultorias como a Internation Data Conference11 e Accenture12

    e demais instituies de pesquisa de tecnologia da informao decretam a potencial perda de

    mercado dos personal computer para dispositivos hbridos, versteis e mobiles. E ainda indicam

    forte indcio e consumo de produtos tecnolgicos usveis, denominados wearables.

    Diante investigao sobre mobile-learning e suas possibilidades por intermdio de

    tecnologias mveis, dizemos que:

    Tecnologias mveis so aparelhos digitais, facilmente portteis, usados e controlados

    por um indivduo - e no por uma instituio -, que tem acesso internet e permite

    11 IDC uma empresa em inteligncia de mercado e consultoria. Est voltada para as indstrias de tecnologia da

    informao, telecomunicaes e mercados de consumo em massa de tecnologia. Indica, analisa e prev

    tendncias tecnolgicas . Para acessar o site, clique no link: http://www.idcresearch.com.br/ 12 Accenture uma empresa global de consultoria de gesto, tecnologia da informao. Umas das maiores

    empresas de consultoria do mundo serve como de player global no setor de consultoria de tecnologia. Para

    acessar o site, clique no link: https://acnprod.accenture.com

    https://acnprod.accenture.com/

  • 23

    um amplo nmero de aes, inclusive multimdias. (UNESCO, Policy Guidelines for

    Mobile Learning, 2014, p.57).

    Ainda sobre a aprendizagem mvel, citamos ABED Associao Brasileira de

    Educao a Distncia13 em uma das definies mais amplas sobre o mobile-learning:

    Faz uso das tecnologias de redes sem fio, dos novos recursos fornecidos pela telefonia

    celular, da linguagem XML, da linguagem JAVA, servios de mensagens curtas

    (SMS), da capacidade de transmisso de fotos, servios de e-mail, multimd ia

    message service (MMS) e provavelmente em pouco tempo estar disponvel o uso de

    vdeo sob demanda.

    A aprendizagem mvel nos conduz para uma reflexo que deve ir alm do uso das

    tecnologias de redes sem fio e dos novos recursos fornecidos pela telefonia celular, pois tais

    tecnologias instrumentalizam uma mudana de comportamento do professor para com seus

    alunos.

    Elaborar um objeto digital de aprendizagem com aplicabilidade mvel implica,

    especialmente, em um olhar mais prtico dos dispositivos mveis em uma busca por autonomia

    e autoria no desenvolvimento contedos. A autoria e autonomia no novo professor poder ser

    visto como transformador da realidade que circunda seus discentes, por intermdio de sua

    mediao tanto pedaggica quanto tecnolgica.

    Ter fundamentao e base de como se ensina e aprende utilizando-se das novas

    tecnologias, subsidia possibilidades de desenvolvimento integral e autnomo no aprendiz e no

    professor-autor. Esse tornar mais eficaz e motivadora sua prtica pedaggica, instigando no

    aluno a curiosidade tanto epistmica como tambm o coerente e eficaz uso de ferramentas

    tecnolgicas.

    Coll e Monereo (2010, p.49) salientam que a aprendizagem mvel acontece quando

    existe a utilizao de dispositivos mveis e da conectividade rede wireless, para estabelecer a

    comunicao entre os distintos agentes educativos, tendo como finalidade a instru ao.

    Claramente os autores se reportam a aprendizagem mvel como metodologia inovadora,

    porttil, simples e na palma da mao, visto que os conteudos de aprendizagem em formato

    digital podem ser baixados, lidos, assistidos e/ou ouvidos em qualquer hora e espao.

    Em uma referncia produo de matrias com pequenas dimenses e capacidade de

    reutilizao em diferentes contextos, indica-se a existncia de traos culturais, sociais e

    tecnolgicos. Entretanto necessrio primeiro outorgar nossos professores a autonomia e

    13 Anais: Congresso, 2004. Link para acesso:

    http://objetosdeaprendizagem.abed.org.br/congresso2004/por/htm/074-TC-C2.htm

    http://objetosdeaprendizagem.abed.org.br/congresso2004/por/htm/074-TC-C2.htm

  • 24

    autoria necessria para retirar o mximo potencial dessas ferramentas e aplic-las no

    espao escolar.

    Cabe ao novo professor evidenciar a autonomia tanto na sua prtica quanto o

    desenvolvimento em seus alunos, sendo para isso fundamental tornar-se autor de sua prpria

    identidade e contedo, apropriando-se do uso crtico das ferramentas tecnolgicas, dentro e fora

    da rede, pois de nada adianta ser [... ] o mobile-learning suportado por dispositivos que podem

    ser levados para qualquer lugar, pessoais e amigveis, baratos e fceis de usar e que so

    utilizados pelas pessoas, constantemente, para a realizao de diferentes tarefas, em diferentes

    situaes (VELOSA, 2014, p.30) se no tomarmos como princpio de mediao.

    3.3 Mediao Tecnolgica: autonomia e autoria do professor em formao inicial

    Para Vygotsky (2007) toda aprendizagem um processo mediado, sendo a principa l

    forma mediadora a linguagem, no mbito da comunicao. Entende-se assim que a

    aprendizagem mediada por elementos que se encontram neste meio, e que se faz necessrio

    analisar as melhores estratgias para que no aluno/aprendiz possa ser gerado conhecimento, um

    salto significativo. Vygotsky indica que a relao do homem com o mundo no e uma relao

    direta, mas elementarmente uma relao mediada pelo meio. O meio passa ento, a ditar as

    formas de relacionamento enfatizando a construo do conhecimento em relaes mediadas.

    A mediao pedaggica poder favorecer modos de relacionamento e interao entre o

    professor e seus alunos, sendo o professor o propositor de atividades com diferentes

    instrumentos, imposies sociais e cultural e com ambientes tanto fsicos quanto digita is,

    ocorrendo assim, uma possibilidade de maior desenvolvimento humano. Assim entendemos

    que o cenrio tecnolgico que emerge a cada instante, se bem contextualizado e aplicado, pode

    favorecer e em muito para com os objetivos de aprendizagem.

    De acordo com Oliveira (2005) a interao social, seja diretamente com os outros

    membros da cultura, seja por meio dos diversos elementos do ambiente culturalmente

    estruturado, fornece subsdios fundamentais para a promoo de caratersticas fundamentais e

    necessrias ao homem como ser.

    Portanto, a funo do professor ainda mais valorizada quando utiliza mltiplas formas

    de elevar o nvel de seus alunos, indicando novas formas de relacionando e conceitos, excluindo

    o formato tradicional como nico e portador da verdade, e implementando aulas dinmicas,

    moderadas e mediadas por todos que fazem parte do processo.

  • 25

    Encontramo-nos cada vez mais conectados ao mundo virtual/digital com

    intimidade e familiaridade, vislumbrando a necessidade de proporcionar na formao inicial de

    professores o desenvolver de profissionais mais autnomos e multiletrados.

    Pela mediao do professor a responsabilidade de potencializar o ensino em mescla s

    tecnologias mveis, em um sentido que a autonomia presenciada na apropriao e

    compreenso de normas tcnicas e cientficas fundamentadas por busca, leitura, interpretao

    e transformao da informao em conhecimento. Nesta tica:

    Fazer dessas tecnologias ferramentas pedaggicas um dos grandes desafios da escola

    do sculo XXI. A tecnologia precisa ser repensada como uma ferramenta que propicia

    mudanas. Ou seja, se um professor as utiliza para melhorar o currculo, atualizar suas

    prticas pedaggicas e dar acesso informao, ento podemos dizer que a tecnologia

    foi usada de maneira efetiva e, de fato, provocou mudanas (ISMAIL, p.24, 2011).

    De acordo com a autora, necessrio conhecer e reconhecer as potencialidades das

    novas tecnologias da informao e comunicao e tecnologias mveis na promoo social,

    cultural e tecnolgica frente a currculos e processos didticos mais atraentes e inovadores.

    Behrens et al (2000, p.27) salientam que a tecnologia nos ajuda a realizar mais

    facilmente ou rapidamente o que j fazemos, embora no se pode imaginar que as novas

    tecnologias, em especfico os dispositivos mveis, podero amparar dificuldades de ensino e

    aprendizagem. Assim, em uma sociedade que se apropria massivamente do uso das tecnologias

    como princpio comunicacional e informacional, verificamos que o acesso a dados e caracteres,

    fotos, vdeos, hipermdias, links e aplicativos no implicam necessariamente em conhecimento.

    preciso estabelecer relaes diferentes de um uso comum por parte dos professores

    em formao inicial visando mediao tecnolgica. Um aspecto muito importante relativo ao

    uso coerente destas ferramentas se encontra na forma do mediar, pois ao interagir com as

    tecnologias mveis, verificamos motivaes geradas nos alunos quanto o aprender na

    mobilidade.

    O uso da rede mundial de computadores trazida pela contnua evoluo informaciona l

    e comunicacional indicam fatores importantes para o desenvolvimento autnomo e da

    apropriao de recursos tecnolgicos como forma de aprendizado. Nesta tica, inclui-se o uso

    de dispositivos mveis e mdias digitais no ensino/aprendizagem, possibilitando autonomia

    como vis de estmulo na aquisio de mais informaes e contedos sistematizados. Segundo

    Kretzmann e Behenrs (2010, p. 186):

    A atual sociedade do conhecimento exige pessoas autnomas, crticas, criativas que

    saibam aprender a aprender e transformar a realidade circundante. Tais

    competncias so indispensveis para que a avalanche de informaes que se recebe

  • 26

    diariamente se traduza em efetivo conhecimento. A escola formadora dos cidados

    para atuarem de forma crtica e reflexiva nesta sociedade recebe novas atribuies e

    deveres.

    Tratando de mediao como fundamento para autonomia e autoria necessrio que o

    professor tambm seja multifacetado quanto s novas formas de se comunicar, pois com a

    invaso das mdias da vida cotidiana as formas de letramentos tm sido moldadas em novos

    formatos continuamente.

    Norteado pela concepo de Vygotsky, na zona de desenvolvimento proximal, o

    professor-facilitador do conhecimento agrega significaes e estimula o aluno-aprendiz no que

    se refere reciprocidade. A relao aos pares torna a aprendizagem mais compensatria em um

    ambiente de colaborao e construo conjunta do conhecimento.

    Para melhor entendermos o conceito de zona de desenvolvimento proximal recorremos

    ao questionamento: como se do as relaes entre o processo de desenvolvimento e a

    capacidade de aprendizagem? Assim a zona de desenvolvimento proximal pode ser definida

    por aquelas operaes que ainda no foram concludas ou internalizadas, mas que esto em

    processo de maturao e que em algum momento os sero.

    Portanto, a mediao pode ser visualizada pela zona de desenvolvimento proximal como

    interventora e necessria, desde que o processo meditico seja planejado sistematicamente de

    modo a explorar a prpria autonomia do aluno, e no se colocando como simples e mera

    reproduo do uso destas ferramentas.

    Para uma constante melhora na mediao pedaggica, que por meio da evoluo

    tecnolgica est cada vez mais tecnolgica, indicamos o desenvolvimento do relacionamento

    de professores em formao inicial quanto elaborao de um objeto digital de aprendizagem

    pautado em vdeo.

    3.4 Letramento Digital e a Incorporao de Mdias Digitais por Professores em Formao

    Inicial

    O ideal de formar uma sociedade alfabetizada, letrada e com conscincia social diante

    das prticas de leitura e escrita permeiam nossa histria. A medida que buscamos alcanar tais

    objetivos, em comprimento temos o crescimento de diversas mdias, principalmente digita is,

    depois do aparecimento da internet.

    Diante as possibilidades da sociedade da informao, conhecimento e em rede

    desenvolve-se novas habilidades e competncias para alm do estado ou condio de letrado.

    Surge assim o letramento digital.

  • 27

    Para com o conceito de letramentos indicamos uma condio ou estado de quem

    exerce prticas sociais (SOARES, 2002). Para a autora nao existe o letramento, mas sim,

    letramentos, portanto a condio de letrado requer mltiplas formas de leitura e entendimento

    de mundo. Em suma, podemos definir letramentos como um comportamento e/ou a capacidade

    de enxergar para alm do senso-comum, possibilitando a interpretao de cdigos, relacionar

    textos em diferentes contextos e formatos, bem como, fazer interpretaes de realidade social,

    cultural, poltica e econmica e dar-lhe opinies substanciais e diretas.

    A possibilidade de letrar docente voltado incluso das novas tecnologias, em especial

    s tecnologias mveis, no est relacionado na total ruptura dos mecanismos que at o momento

    foram usados para se ensinar e aprender, e sim ao entender minimamente que o uso das novas

    tecnologias tem interferido tanto na composio da escrita quanto da fala atualmente. Por isso

    da necessidade de abordagens mais prximas ao perfil dos alunos dessa gerao.

    Verificamos que nas Instituies de Ensino Superior, em especial aquelas que formam

    novos professores, h espao para estimular adequadamente a aquisio de novos letramentos

    e, consequentemente, uma mudana na postura quanto ao uso de diferentes tecnologias digita is

    no suporte ao ensino/aprendizagem. Na tentativa de oportunizar novos letramentos na formao

    inicial de professores, vinculamos s tecnologias mveis qualquer equipamento que possibilite

    a conexo dos sujeitos com o conhecimento e promova o compartilhamento de ideias,

    informaes, imagens etc (TRAXLER, 2007).

    Para utilizar as possibilidades que a aprendizagem mvel traz, o professor precisa

    tambm estar letrado digitalmente e ciente da constante evoluo destes dispositivos. Diante da

    temtica apresentada, esse trabalho final motiva-se no desenvolvimento de objeto digital de

    aprendizagem por professores em formao inicial com o uso de tais dispositivos. Buscamos

    assim alm de apropriao crtica, a possibilidade de aquisio de novos letramentos.

    Recorremos assim aos recursos audiovisuais e a relao que estes trazem para as

    tecnologias mveis, procurando promover diversos letramentos, especificamente o letramento

    digital. Entendemos por letramento digital diversas prticas, atividades interativas e

    interpretativas que constituem e envolvem valores, objetivos, atitudes, cdigos, a diversidade

    de dispositivos tecnolgicos, como tambm permite aos estudantes diferentes contatos, formas

    de agir e pensar internalizando significados dentro e fora do espao digital (ABIO, 2012).

    As transformaes advindas das tecnologias mveis preconizam indivduos letrados e

    capazes de decifrar cdigos e suas mensagens, estabelecer conexes entre os significados,

    internalizando e criando esquema de entendimento mental (VIEIRA e PICOLO, 2013).

  • 28

    Cabe na formao inicial a promoo pela melhor abertura e prtica pedaggica no

    mundo contemporneo, portanto, atuar em sentido para o perfil de nossos novos alunos.

    No foi a capacidade de ateno dos alunos que mudou, mas sua tolerncia e suas

    possibilidades. Os jovens da gerao Z querem aprender de forma diferente, pois

    absorvem informao de forma diversa. Se a gerao X tem a sua aprendizagem na

    sequncia de texto, som e imagem, ou seja, que pensa no texto como sua forma de

    comunicao e nas imagens como auxiliares, as geraes Y e Z aprendem de forma

    invertida, na sequncia de imagem, som e texto. Dessa forma um dos grandes desafios

    dos docentes 3.0 envolve o intervalo de ateno. Pedir para que um estudante da

    gerao Y e Z sentem e leiam um livro durante duas horas pode ser inadmissvel. Os

    docentes precisam passar o contedo de maneira como eles esto acostumados a

    digerir. Eles querem formas de aprendizagem que seja significativa, formas que lhes

    faam ver, imediatamente, que os momentos que so gastos em sua educao formal

    so valiosos, que os docentes fazem bom uso da tecnologia que acessam e conhecem

    (FAVA, 2014, p73).

    A oportunidade de se trabalhar apropriao crtica e letramento digital em professores

    em formao inicial contempla o ideal do presente pesquisador, na perspectiva de que primeiro

    deve-se considerar junto s tecnologias mveis e digitais uma possibilidade de mudana

    significativa do que se est ensinando e aprendendo no espao escolar.

    Vemos nos recursos audiovisuais a possibilidade de instigar novos letramentos, pois

    estes trazem consigo elementos culturais, sociais e tecnolgicos relativos ao cotidiano virtual e

    real. Buzato (2006, p.16) define o conceito de multiletramento:

    Conjuntos de letramentos (prticas sociais) que se apoiam, entrelaam, e apropriam

    mtua e continuamente por meio de dispositivos digitais para finalidades especficas,

    tanto em contextos socioculturais geograficamente e temporalmente limitados, quanto

    naqueles construdos pela interao mediada eletronicamente.

    A importncia de se trabalhar com edio/gravao de vdeo encontra-se no de uma

    pequena mudana de perspectiva quanto aos dispositivos mveis, incentivando a aquisio de

    letramentos na formao inicial e o relacionamento que esses desenvolvem ao pensar e elaborar

    um objeto digital de aprendizagem.

    3.5 Metodologia Colaborativa Propulsora de Autonomia e Autoria em Professores em

    Formao Inicial

    Convergncia tecnolgica e digital compreende-se na migrao de diferentes formatos

    e mdias para um nico ambiente ou infraestrutura. Fazer com que essa tendncia se volte

    tambm como prticas pedaggicas fazer com que se estabelea um relacionamento dentro e

    fora do contexto digital.

  • 29

    A essa metamorfose sociocultural indicamos o surgimento de um conceito da

    aprendizagem colaborativa e que suas relaes implicam numa mudana de postura do

    professor, segundo Santos (2006, p.5):

    O conceito de aprendizagem colaborativa implica na necessidade de substituir o

    tradicional metodo de educaao instrucional, composto por aulas expositivas,

    palestras e estudos individuais por um novo modelo onde os alunos possam construir

    conhecimento por meio da criao ativa, cabendo ao professor o papel de coordenar

    e facilitar esse processo.

    O professor assume o papel de facilitador do processo de aprendizagem, estabelecendo

    uma interao maior com os alunos e com a tecnologia. Dialogar, discutir, oportunizar, debater,

    orientar e facilitar so verbos necessrios esta prtica, visto que a aprendizagem colaborativa

    tende a ser mais liberal e emancipatria daqueles envolvidos no processo, passando do

    individual para coletivo.

    Segundo Tapscott (1999), a gerao que nasce imersa na rede de computadores tende a

    desenvolver habilidades como independncia e autonomia para a aprendizagem, aparentemente

    tem mais abertura emocional e intelectual, esto cada vez mais preocupados pelos

    acontecimentos globais, externalizam liberdade de expresso e convices firmes, cada vez

    mais curiosas e com faro investigativo entre outras caractersticas. Na anlise de Tapscott a

    gerao digital tem amadurecido muito mais rpido, frente s geraes anteriores.

    Vinagre Laranjeira (2010, p.24) define a aprendizagem no trabalho colaborativo e suas

    implicaes na relao ensino/aprendizagem:

    El aprendizaje colaborativo se define como aquel en que los participantes trabajan en

    parejas o en pequenos grupos para alcanzar un objetivo comn objetos de aprendizage

    cada miembro del grupo es responsable tanto de su objetivo individual como del de

    los dems miembros del grupo. Esto se traduce en que cada individuo, dentro del

    grupo, alcanza su objetivo slo si el resto de los miembros tambin lo alcanzan. Para

    que exista un verdadero aprendizaje colaborativo, no slo se requiere trabajar juntos,

    sino cooperar para lograr una meta que no se puede alcanzar individualmente. 14

    Portanto a aprendizagem colaborativa pode ser vista como uma aprendizagem que

    mescla o uso das tecnologias da informao e comunicao como apoio aos trabalhos em grupo

    (ARAJO, 2013), tendo um potencial ainda maior se em mescla aos dispositivos mveis, pois

    na aprendizagem colaborativa cada participante assume a autoria e autonomia de seu prprio

    14 A aprendizagem colaborativa definida como aquele em que os participantes trabalham em pares ou em

    pequenos grupos para atingir um objetivo comum, e cada membro do grupo responsvel tanto para a sua meta

    individual como a dos outros membros do grupo. Isto significa que cada indivduo dentro do grupo atinge o seu

    objetivo se os outros membros tambm alcanarem. Para que haja uma verdadeira aprendizagem colaborativa

    requer no s trabalhar em conjunto, mas a cooperar para alcanar um objetivo que no pode ser alcanado

    individualmente. (LARANJEIRA, 2010, p.24). (Traduo do autor).

  • 30

    tempo e espao segundo suas competncias e habilidades, tomando para si a

    responsabilidade e em direo da proposta didtico-pedaggica referenciada pelo professor

    mediador e facilitador.

    O avano das tecnologias mveis e o acesso informao tm ofertado um potencial momento

    para alavancarmos a educao em nosso Pas. Se fizermos desse um ponto de partida, teremos

    na incluso tecnolgica um fator importante para melhorar nossas prticas em sala de aula,

    invertendo o sentido de comunicao e interao, pois assim podemos instigar nos alunos a

    possibilidade de tambm serem autores do conhecimento a ser construindo.

    Ainda de acordo com Laranjeira (2010) a diferena clara e objetiva quanto ao mtodo

    tradicional de ensino/aprendizagem e a aprendizagem colaborativa em funo da

    descentralizao do professor como provedor de todo o conhecimento, passando o foco e

    autonomia central para o aluno e sua autoaprendizagem. Indicamos que a aprendizagem

    colaborativa permeia a necessidade de se incluir novas metodologias e recursos para a rea de

    educao incluindo metodologias interativas para que se estabeleam, ente professor e alunos,

    compreenso e interpretao da informao um pouco mais sistematizado.

    3.6 Recursos Audiovisuais e a Relao com as Tecnologias Mveis

    A presena das imagens em nosso cotidiano e inegvel, sendo um dos modos de

    representao mais usado desde os primrdios. Recursos audiovisuais para Moran (2002, p.35)

    significam colocar pedaos de imagens ou cenas juntas, em sequncia, criando novas relaes,

    novos significados, que antes no existiam e que passam a ser considerados aceitaveis, e que

    deslizam uns nos outros, sobrepem-se, complementam-se, confraternizam-se, unem-se,

    separam-se e entrecruzam-se. Tornam-se leves, perambulantes (SANTAELLA, 2007, p. 24).

    Verificamos que um novo leitor surge quando em contato s mdias digitais. Um tipo

    especial de leitor no mundo contemporneo designado por imersivo, definido como aquele que

    navega em fluxos informacionais volteis, lquidos e hbridos sonoros, visuais e textuais

    que so prprios da hipermdia (SANTAELLA, 2005).

    Tratando-se de recursos audiovisuais ressalta-se a aplicabilidade dos dispositivos

    mveis, especialmente em editar/elaborar objetos digitais de aprendizagem em formato de

    vdeo. Busca-se desenvolver autoria, autonomia e apropriao crtica em professores em

    formao inicial ao elaborarem um objeto digital de aprendizagem pautado em vdeo por

    intermdio das ferramentas mveis.

  • 31

    Importante frisar que para um objeto digital de aprendizagem ser elaborado, precisa

    contem traos e condies para ser reutilizado e ou remixados por diferentes atos pedaggicos

    e situaes. Assim a produo desse microvdeo precisa ser colaborativa com publicaes e

    compartilhamento passvel de reutilizao em diversas reas e por diverso professores em

    diferentes contextos.

    Para Behar (2009, p. 131) objetos digitais de aprendizagem podem ser qualquer

    material digital, como, por exemplo, textos, animaes, vdeos, imagens, aplicaes, pginas

    web, de forma isolada ou em combinao, com fins educacionais Portanto ao se trabalhar com

    professores em formao inicial, em uma oficina15 que trata exclusivamente de elaborar um

    objeto de aprendizagem pautado em microvdeo, o presente trabalho final se preocupou em

    indicar que esses recursos podem ser usados em complemento s aulas, estimulando o uso em

    diferentes contextos e formatos.

    O desenvolvimento de um objeto de aprendizagem em microvdeo fundamenta-se no

    uso de dispositivos mveis, pois estes permitem a gravao de vdeos e a captura de imagens,

    podendo ainda ser utilizado uma sute de aplicativos para edio e compartilhamento s redes

    sociais, para tanto, o microcontedo est associado ao fragmento de contedos para disposit ivos

    mveis, tornando mais acessvel, leve, legvel e adequado aos tamanhos de tela, capacidade de

    download e sensveis quanto ao tempo e espao de estudo. Assim os contedos elaborados para

    dispositivos com caractersticas mveis em formato de:

    Microconteudos [que] surgem como elementos inovadores de prticas pedaggicas

    dessas novas modalidades de aprendizagem, que se voltam ao atendimento das

    exigncias do ritmo de vida dinmico e veloz e do entrelaamento de aspectos

    multiplataforma e multitarefa dos dispositivos mveis, como o celular, o smartphone,

    o tablet. (FUGISAWA, 2012, p.7b)

    Para a autora, no basta apenas reduzir as dimenses do objeto digital de aprendizagem,

    sem anteriormente ter passado o objeto de aprendizagem em um planejamento extremamente

    estratgico. Para com os cuidados acima tratados, conduzimos os alunos para antes de gravarem

    seus vdeos, preencherem o plano de atividade e o modelo storyboard que podem ser vistos nos

    anexos C e D, respectivamente.

    Ao longo do trabalho final buscamos na fundamentao terica um olhar mais crtico

    em relao ao fortalecimento das tecnologias mveis na possibilidade de se elaborar um objeto

    15 Podemos indicar que oficina significa entre linhas gerais um local especfico onde se pode desenvolver um

    trabalho tanto intelectual quanto operrio. Mas que nesse trabalho estamos indicando que o termo oficina est

    relacionado a oferta de um curso para professores em formao inicial, com etapas presenciais e offline. Do

    autor.

  • 32

    digital de aprendizagem por professores em formao inicial pautado em microvdeo. Para

    tanto necessrio ressaltar de que a evoluo tecnolgica por si s no garante melhorias na/da

    qualidade de ensino, e tampouco tais ferramentas tecnolgicas substituram professores.

    Entretanto, cabe aos profissionais da educao a aplicao de novas metodologias que estejam

    adequados aos novos perfis dos alunos.

    Concordamos com Hilton III et al. (2012, p.45) que informa que o conceito de remix

    designa a combinao de diversas fontes j existentes para criar um novo produto/recurso,

    combinando elementos multimdia. Portanto o conceito de remix de contedos de mdias

    digitais resulta em uma representao cultural da convergncia, na qual novos e antigos

    contedos se misturam (JENKINS e KELLEY, 2012).

    Assim o remix, dentro do paradigma educacional, pode ser lido como aquele materia l

    que se apropria de vrios letramentos no reuso de materiais educativos digitais, mantendo traos

    fundamentais do objeto de aprendizagem e seus contedos mudando as formas como o objeto

    apresentado. Em suma, a remixagem mantm a essncia do contedo e sua especificidade,

    mudando a formas como lhe reapresentado. Lemos (2005, p.2) trata da definio de remix

    dentro da cibercultura:

    Por remix compreendemos as possibilidades de apropriao, desvios e criao livre

    (que comeam com a musica, com os DJs no hip hop e os Sound Systems) a partir

    de outros formatos, modalidades ou tecnologias, potencializados pelas caractersticas

    das ferramentas digitais e pela dinmica da sociedade contempornea.

    Novos critrios de criao, criatividade, autoria e autonomia permeiam a sociedade

    contempornea, assim, a apropriao da informao disponvel e utilizao em outros formatos,

    modalidades ou recursos satisfazem a condio de que:

    A cibercultura tem criado o que se vem chamando de citizen media, ou que md ia

    do cidadao, onde cada usuario e estimulado a produzir, distribuir e reciclar conteudos

    digitais, sejam eles textos literrios, protestos polticos, matrias jornalsticas,

    emisses sonoras, filmes caseiros, fotos ou msica. (LEMOS, 2005, p.7)

    O uso de dispositivos mveis, de mdias digitais, redes sociais, aplicativos, trfego de

    dados e do tempo online vincula-se na concepo do professor facilitador estimulado desde sua

    formao inicial at na formao continuada.

    Propondo elaborar um objeto digital de aprendizagem para mobile-learning com

    professores em formao inicial pautado em microvdeo, fora instigado o livre uso da cmera

    do dispositivo mvel e/ou a gama de aplicativos de edio de vdeo, existentes nas plataformas

    Android, Windows Phone ou IOS.

  • 33

    Portanto, repensar a educao a partir da insero tecnolgica, significa propor

    melhorias na relao conflitante entre tecnologia-professor e aluno-tecnologia. Nesse cenrio

    de proposies e consideraes atribumos ao uso de aplicativos em edio de vdeo

    previamente elaborados sistematicamente se candidatam como aliados promissores a uma

    mudana de comportamento por parte dos professores suas prticas pedaggicas.

  • 34

    4. DESENVOLVENDO E ANALISANDO: CELULAR NA SALA DE AULA

    Neste captulo trabalha-se a oficina celular na sala de aula, a decupagem e os frames

    dos objetos digitais de aprendizagem desenvolvidos bem como as categorias de anlises.

    4.1 Oficina: celular na sala de aula

    A oficina celular na sala de aula concebida e ofertada para professores ainda em

    formao inicial, e a partir da aplicao das etapas iniciou-se a coleta de dados. Como entrada

    de dados aplicamos um formulrio de entrevista (anexo A) e outro formulrio ao trmino da

    oficina ministrada (anexo B).

    A anlise dos microvdeos elaborados se deu conforme categorias de anlise, sendo que

    estes norteadores sugiram a medida que realizamos a oficina. A vivencia com os alunos que

    realizavam a oficina nos deu subsdios a crer que possvel ofertar uma oficina com objetivo

    especfico de usar o telefone celular como atividade de meio e no de fim.

    Assim explicamos abaixo a metodologia, a motivao e como se deu a participao dos

    alunos na oficina, indicando pontos relevantes pesquisa.

    4.1.1 Metodologia

    O trabalho de campo foi realizado no segundo semestre de 2015, e constitui-se na

    realizao de uma oficina voltada formao inicial de professores, com foco na elaborao de

    um objeto digital pautado em microvdeo.

    Na realizao da oficina procuramos verificar a posio de autonomia e autoria,

    aquisio de novos letramentos, em especial o letramento digital, o trabalho colaborativo e

    apropriao crtica da tecnologia em mescla ao relacionamento que estes desenvolveram junto

    aos dispositivos mveis.

    A oportunidade de aperfeioamento no uso de dispositivos mveis para edio de

    microvdeos em formato digital, instigam situaes que possam ir alem do mero uso comum,

    visto que novos professores podem reconhecer o potencial uso recursos tecnolgicos para e no

    ambiente escolar e faz-lo uso em sua prtica.

    A oficina foi ofertada em conjunto com a coordenao do Programa Institucional de

    Bolsa de Iniciao Docncia PIBID/Pedagogia UNINTER, sendo seu aval fundamental para

    busca de melhores informaes sobre o perfil dos novos professores e o relacionamento destes

  • 35

    com as tecnologias mveis. Essa parceria capacita esse trabalho final ainda mais, visto que esses

    professores logo estaro nas salas de aula e em contato com a gerao Z (FAVA, 2014).

    Com uma abordagem qualitativa, buscou-se uma potencial melhora na formao inicia l

    dos professores para a aceitao e uso dos dispositivos mveis e das tecnologias emergentes no

    espao escolar. Para tanto, entendemos as tecnologias mveis como recurso informacional e

    comunicacional com mobilidade necessria nas salas de aulas atuais.

    Sobre mobilidade, visto que essa tem exponencial avano da crescente acessibilidade

    da internet e dos dispositivos que evoluem nas mais variadas plataformas e formatos, citamos

    Maddalena (2013. p.25) que diz que:

    O computador porttil, smartphones, e-books, iPad, iPhone, os tablets potencializam

    a mobilidade e so utilizados para acessar a Internet e dispor do conhecimento no

    tempo e espao que se necessite, este fato abre novas portas para prticas pedaggicas,

    o incremento na criao de aplicaes das mais diversas para dispositivos mveis.

    Corroborando com a autora, percebemos que os dispositivos mveis integrado a

    acessibilidade crescente do fluxo de bits por segundo e a convergncia entre plataformas e

    sistemas operacionais perfazem um novo cenrio educacional. A possibilidade de se aplicar

    uma oficina com perspectiva na formao de professores em formao inicial traz para a ao

    do novo professor, com vis didtico-pedaggico contemporneo e inovador.

    Considerando as tecnologias na Educao, a mediao por novas mdias, dispositivos e

    plataformas se faz fundamental, assim, diferentes formas de se comunicar ou de buscar

    informaes pela rede, tornando necessrios complementos sala de aula:

    Contedos multiplataformas, transversais s diferentes tecnologias, so cada vez mais

    requeridos para veicular em novos canais de comunicao, bem como para aumentar

    os nveis de interao entre as pessoas e os prprios contedos. Logo, produzir

    contedos audiovisuais para ambientes virtuais de aprendizagem mvel torna-se

    inevitvel, em razo das mudanas de hbito de consumidores de mdias que, cada

    vez mais, se interessam simultaneamente por diferentes contedos, formatos e

    suportes. (ISMAIL, 2012, p.9).

    De acordo com a autora necessrio estar atento para as novas ferramentas que

    emergem do campo tecnolgico, bem como a mudana de paradigma, visto que as novas

    geraes se interessam menos por contedos estticos e desintegrados, ou seja, fora do contexto

    digital. Esta constatao est intimamente ligada a necessidade de aquisio de novos

    letramentos por parte de professores, principalmente para formao inicial.

    A seguir apresentamos a abordagem terica e os contedos programticos da oficina

    ofertada na oficina:

  • 36

    QUADRO 1 ETAPAS, ABORDAGEM TERICA E CONTEDOS PROGRAMTICOS DA OFICINA

    CELULAR NA SALA DE AULA

    Etapas Abordagem terica Contedos Programticos

    1 o Familiarizao dos professores

    cursistas;

    o Exposio dos objetivos do curso;

    o Indicao de dados frente ao contexto das tecnologias mveis

    no campo Social e na Educao;

    Uso de dados, artigos, vdeos que ratificam a

    necessidade do pensar tecnolgico a

    metodologias incorporadoras frente aos

    recursos mveis;

    Abertura a preposies, relatos, indagaes no contexto da tecnologia da informao e

    comunicao por professores cursistas;

    2 o Conceitos de mediao; o Letramento, letramento digital; o PEDAGOGIA DO

    MULTILETRAMENTO

    o Apropriao crtica; o Co-design;

    o Autoria e autonomia;

    o Uso de dados, artigos, vdeos que fundamentam a mediao tecnolgica, o letramento digital,

    apropriao crtica da tecnologia da informao

    e comunicao na Educao, o trabalho

    colaborativo, o professor autor e o

    desenvolvimento de autonomia do professor e

    aluno;

    o Abertura a preposies, relatos, indagaes frente as temticas abordadas;

    3 o Uso de dispositivos mveis na

    Sociedade e Educao;

    o Dados estatsticos frente a incorporao do crescente trfego

    de dados e a potencialidade na

    relao de aprendizagem;

    o Abertura a criticidade dos dispositivos mveis como

    processo de autoria e autonomia

    no desenvolvimento de contedo

    na rede;

    Utilizao de relatrios governamentais ou no,

    vdeos, artigos, e projetos em andamento frente

    ao mobile-learning, MALL e demais utilidades

    da tecnologia da informao e comunicao no

    mbito escolar;

    Anlise de tendncias com relao as tecnologias digitais, mveis e objeto digital

    como inovadora no processo de aprendizagem;

    Perspectiva seletiva de produo de contedo por parte dos professores cursistas, em vis de

    objeto digital com uso de aplicativos;

    4 o Uso de APPs na Educao; o Aplicativos de edio de vdeos; o Download de APP de vdeos, em

    especfico e funcionalidades

    abrangentes quanto a edio;

    Varredura em aplicativos nas plataformas Android e IOs em suas respectivas lojas;

    Anlise de quantidade de APPs e da

    possibilidade de aplicao no ensino e

    aprendizagem;

    Busca efetiva por APPs em edio, compilao

    e finalizao de microvdeos;

    5 o Uso de APPs na Educao; o Aplicativos de edio de vdeos; o Download de APP de vdeos, em

    especfico e funcionalidades

    abrangentes;

    O pensar no OBJETO DIGITAL; A relao entre pares na busca pelo

    desenvolvimento do objeto digital, em foco com

    a temtica da aula 2;

    Preparao, articulao, planejamento estratgico e o repensar no contedo e fases do

    objeto digital por parte dos professores

    cursistas;

  • 37

    (Continuao)

    FONTE: DO AUTOR

    As etapas apresentadas na tabela foram acontecendo medida que avanvamos na

    oficina. Foram trs encontros presenciais e demais atividades como leitura, discusso e

    participao em fruns a partir dos grupos criados nas redes sociais Facebook16 e WhatsApp17.

    Assim a interao no se deu somente na forma presencial, como tambm por ambientes on-

    line.

    Facebook uma rede social lanada em 2004, foi fundado por Mark Zuckerberg,

    Eduardo Saverin, Andrew McCollum, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, estudantes da

    Universidade Harvard Essa rede social gratuita para os usurios e gera receita proveniente de

    publicidade, incluindo banners e grupos patrocinados18.

    Nesta rede social pode-se criar perfis ou pginas que contm fotos e listas de interesses

    pessoais e profissionais em que so constantemente trocadas mensagens privadas e pblicas

    entre demais usurios. Mas basicamente o Facebook contm o mural como sua principa l

    ferramenta, um espao na pgina de perfil do usurio que permite se relacionar com amigos por

    intermdio de posts, e que para visualizar o que se passa no perfil dos demais amigos, utiliza-

    se a ferramenta "Feed de Notcias".

    Essa rede social tambm muito conhecida por demais aplicaes, onde podemos criar

    assuntos, eventos e convidar todos seus amigos de forma rpida e gil. Assim utilizamos o

    Facebook e criamos uma pagina denominada celular na sala de aula buscando uma melhor

    integrao entre os participantes e utilizando a pgina como repositrio para repositrios de

    links para artigos e disponibilizao de udios, imagens e vdeos. Todas moderadas pelo

    pesquisador.

    16 Facebook uma rede social lanada em 4 de fevereiro de 2004, de propriedade privada da Facebook Inc.. No

    ano de 2012, atingiu a marca de 1 bilho de usurios ativos, sendo por isso a maior rede social em todo o mundo.

    https://pt.wikipedia.org. Acesso em 17 Maio. 2016. 17 um aplicativo de mensagens multiplataforma que permite trocar mensagens pelo celular sem pagar por SMS.

    Est disponvel para iPhone, BlackBerry, Android, Windows Phone, e Nokia. https://www.whatsapp.com/?l=pt_br

    . Acesso em 17 Maio. 2016. 18 Para ler mais, clique no link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Facebook. Acesso 7 Julho 2016.

    6 o Apresentao do resultado final do OBJETO DIGITAL;

    o As fases e o pensar do produto final por parte dos professores cursistas;

    o Feed-back por parte dos professores

    cursistas e as facetas positivas e negativas

    relevntes;

    Reflexo sobre o conceito de remix e a produo de microvdeos;

    Competncias e habilidades necessrias ao professor facilitar, autor e letrado do sculo

    XXI.

    Incorporao dos telemveis, recursos de dados mveis para com o uso pedaggico;

    Propostas de usos pedaggicos de vdeo

    aulas por parte dos professores cursistas;

    https://pt.wikipedia.org/https://pt.wikipedia.org/wiki/Facebook

  • 38

    FONTE: DO AUTOR

    Whatsapp um software ou aplicativo para dispositivo mvel utilizado para troca de

    mensagens em formato de caracteres instantaneamente alm de vdeos, fotos e udios dado uma

    conexo de internet. Lanado oficialmente em 2009 e comprada pela empresa Facebook em

    2014, possui grande penetrao mundial em smartphones.

    Consideramos esse aplicativo como uso especfico para telefones celulares sendo

    compatvel com praticamente todos os sistemas operacionais e marcas, e que seu diferencial se

    encontra na no uso do contato telefnico da agenda para localizar demais sem da necessidade

    da criao de uma conta especfica.

    Entre outras funcionalidades destacamos que o Whatsapp recentemente passou por uma

    atualizao, sendo possvel o uso a partir do navegador de seu computador replicar todas as

    conversas, contatos e interface para alm da tela do celular. Portanto, tambm nos apropriamos

    desse aplicativo to importante para nossa pesquisa.

    A escolha de compartilhar os objetos digitais de aprendizagem nesta plataforma se deu

    pela praticidade que o aplicativo fornece aos usurios alm do que este o aplicativo de

    FIGURA 1 PRINT DA TELA DO GRUPO FECHADO DO FACEBOOK CELULAR NA SALA DE AULA

  • 39

    compartilhamento de mensagens instantneas mais comum do mundo, tendo 900 milhes de

    usurios19, alm do recurso WhatsApp Web, que permite uma extenso da sua conta do aparelho

    celular para o computador. Assim, no WhatsApp foi criado um grupo com a mesma finalidade

    da rede social Facebook, mas com o diferencial de ser o responsvel pelo compartilhamento

    dos microvdeos elaborados.

    FONTE: DO AUTOR

    A seguir mostramos os contedos disponibilizados aos alunos da oficina via grupo nas

    redes sociais e tambm nas aulas presenciais:

    19 http://www.techtudo.com.br. Acesso em 09 Maio. 2016.

    FIGURA 2 PRINT DA TELA DO GRUPO FECHADO DO WHATSAPP CELULAR NA SA LA DE

    AULA

    http://www.techtudo.com.br/

  • 40

    QUADRO 2 VDEOS UTILIZADOS E COMPARTILHADOS COM OS ALUNOS VIA WHATSAPP

    I.VDEOS

    Dilogos : Letramento Digital

    Profa. Stella Maris Bertoni (UnB) e

    Profa. Anamlia de Campos (UFAL)

    Disponvel em:

    https://www.youtube.com/watch?v=sNSg3xVx6

    dA

    O presente vdeo de 20:08 segundos fora dividido em sees com tempo de durao em mdia de 2 min cada.

    Portanto, foram 9 vdeos compartilhados em momentos

    distintos. A fragmentao de nove partes durante o

    dilogo entre as professoras

    Festival de Cinema e Vdeo do Colgio Jardim Anchieta Florianpolis/SC

    Amostra de vdeos criados a partir do celular

    Projeto apresentado no II Seminrio Anhembi

    Morumbi: II Seminrio Anhembi Morumbi de

    Comunicao e Educao - Educomunicao para uma vida melhor.

    So Paulo, 28 30 de Outubro.

    Site de referncia do projeto:

    www.cinemorula.blogspot.com

    Ttulo: Hoje em dia no Brasil

    O vdeo faz vrias menes sobre o contexto social

    brasileiro. Indica sobre a criminalidade, impostos e vida poltica.

    Disponvel em:

    https://www.youtube.com/watch?v=44Aqu2D6Sds

    Ttulo: Eduardo e Mnica

    Remake do vdeo clip da msica Educardo e Mnica

    Legio Urbana, 1986 compositor Renato Russo.

    Disponvel em:

    https://www.youtube.com/watch?v=_3q_gVoN2Ks

    Profa. Fugiwasa, pesquisadora do da Embrapa e

    UNICAMP

    Microcontedo vinculado ao planejamento estratgico

    desde a sua concepo. Atenta para microapr