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Direito Processual do Trabalho - Profa. Emília Farinha 06/08/2012 Definição: É o ramo do direito do trabalho que regula a solução jurisdicional de conflitos de interesse surgidos entre empregado e empregador, bem como entre as categorias profissionais e econômicas, sendo estas representadas pelos seus respectivos sindicatos. Regula ainda os conflitos decorrentes da relação de trabalho, desde que o autor da ação seja pessoa física. O Código Processual Civil é usado de forma subsidiária. - Art. 114, VI, da CF (alterado pela EC45): O Direito do Trabalho abrange somente aqueles que possuem relação de trabalho pelo regime da CLT, enquanto a Justiça do Trabalho abrange qualquer forma de trabalho, contanto que o autor seja Pessoa Física. - OJ 191, SDI-1, TST (Empreiteiro): Relação de trabalho onde será discutido o contrato de trabalho, contudo poderá pleitear perante a Justiça do Trabalho. Possível reclamação do contrato, sem direito aos benefícios da CLT. - Art. 114, I, CF: Suspenso por ADIN. Competência para dirimir conflitos com órgão público. Não se aplica mais. Única possibilidade de órgão público ser polo passivo direto seria por responsabilidade subsidiária, de acordo com a Súmula 331, VI, TST.

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Direito Processual do Trabalho - Profa. Emília Farinha

06/08/2012

Definição:

É o ramo do direito do trabalho que regula a solução jurisdicional de conflitos de

interesse surgidos entre empregado e empregador, bem como entre as categorias

profissionais e econômicas, sendo estas representadas pelos seus respectivos sindicatos.

Regula ainda os conflitos decorrentes da relação de trabalho, desde que o autor da ação

seja pessoa física. O Código Processual Civil é usado de forma subsidiária.

- Art. 114, VI, da CF (alterado pela EC45): O Direito do Trabalho abrange somente

aqueles que possuem relação de trabalho pelo regime da CLT, enquanto a Justiça do

Trabalho abrange qualquer forma de trabalho, contanto que o autor seja Pessoa Física.

- OJ 191, SDI-1, TST (Empreiteiro): Relação de trabalho onde será discutido o contrato

de trabalho, contudo poderá pleitear perante a Justiça do Trabalho. Possível reclamação

do contrato, sem direito aos benefícios da CLT.

- Art. 114, I, CF: Suspenso por ADIN. Competência para dirimir conflitos com órgão

público. Não se aplica mais. Única possibilidade de órgão público ser polo passivo

direto seria por responsabilidade subsidiária, de acordo com a Súmula 331, VI, TST.

- Súmula 363, STJ (profissional liberal): Ação de cobrança por profissionais liberais

serão de competência da Justiça Comum, pois não se trata de uma relação de trabalho, e

sim de relação de consumo.

- Art. 462, §1º, CLT: Descontos do salário do empregado poderão ocorrer se tiverem

sido previamente acordados, ou em caso de dolo por parte do mesmo.

- Categorias representadas por sindicato: Obedecem à norma mais favorável.

- Convenção coletiva: Convergência de interesses, sem intervenção estadual,

observando um mínimo de garantias resguardadas ao trabalhador. Aplica-se a

todos os trabalhadores da categoria, sindicalizados ou não.

- Dissídio coletivo: Inverso do anterior, o dissídio ocorre quando há divergência

entre sindicatos. Há intervenção estadual. O art. 114, §2º, CF, rege que somente

será considerado dissídio se houver acordo entre os divergentes para ingressas

com a ação de dissídio, desde que esta tenha natureza econômica. Da solução

deste, tem-se uma sentença normativa, não autoexecutável, ou seja, não havendo

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convenção, o judiciário estipula as normas para a categoria. Como todo sindicato

tem abrangência territorial, a ação deve ser ajuizada na observância do critério

territorial – Sindicato nacional = TST, por exemplo. Como não há sujeito

identificado para a norma, o trabalhador que se sentir ofendido poderá ajuizar

uma reclamação trabalhista, dissídio individual.

Função do Direito Processual do Trabalho

É a solução dos conflitos por meio da prestação jurisdicional. Pessoas físicas ou

jurídicas litigando por direitos, com uma pretensão (os objetos da lide) que necessita

solução. A solução do conflito de interesses costuma ocorrer da seguinte forma:

1. Autocomposição: As partes espontaneamente entram de acordo acerca do bem,

objeto da lide, sem emprego de forças contrárias. Pode ser judicial (arts. 840 e 846,

CLT) ou extrajudicial (convenção coletiva, acordos coletivos).

- Art. 831, Parágrafo Único, CLT: Acordo homologado judicialmente é sentença

transitada em julgado, não cabendo recurso (art. 485, CLT), restando apenas ação

rescisória (Súmula 259, TST).

- Art. 832, §3º, CLT: Devem indicar a natureza da remuneração, salarial ou

indenizatória, para estabelecer a competência da União quanto ao que é devido para a

Previdência Social. Sempre que houver parcela salarial, a Previdência será intimada.

- Art. 832, §4º, CLT: Recurso Ordinário é cabível.

- OJ 368, SDI-1 TST: A Previdência Social terá direito sobre o total da ação de

reconhecimento de vínculo, havendo ou não acordo, assinada ou não a CTPS.

- Procedimentos:

- Procedimento Sumaríssimo – arts. 852-A até 852-I, CLT: Não ultrapassa 40

salários mínimos, em audiência una. Tentativa de conciliação a qualquer

momento.

- Art. 852-A, Parágrafo Único: não há procedimento sumaríssimo

envolvendo administração direta, autarquia ou fundação.

- Procedimento Ordinário – arts. 846 até 850, CLT: Dois momentos de

conciliação imprescindíveis em termo de audiência.

- Art. 846: Antes da defesa apresentada em audiência, o juiz deve tentar a

conciliação.

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- Art. 850: Após a instrução e razões finais, o juiz deve renovar a

tentativa de conciliação.

- Art. 652-A / 625-H: Não se admite acordo homologado de forma direta

entre as partes, mas somente perante uma Comissão de Conciliação

Prévia, tendo caráter de título extrajudicial. Tal pedido de homologação

deve ser feito como uma Petição Inicial. É procedimento obrigatório

quando houver uma convenção coletiva que assim preveja. Somente

servirá a Comissão para os dissídios individuais.

- Art. 114, §2º, CF: Juizado de arbitragem não tem poder decisório em

dissídios coletivos. Serve apenas para composição da lide, e não dirimir

conflitos. A decisão não tem qualquer caráter definitivo.

2. Heterocomposição: Ocorre quando as partes delegam a terceiro o poder de decidir o

conflito, pondo fim ao mesmo. Intervenção de terceiro na ação, um juiz, produzindo

uma sentença judicial, a decisão final.

3. Autodefesa: Método mais antigo, primitivo de solucionar conflitos. É a vontade

imposta por força. Ocorre quando uma das partes defende por qualquer meio aquilo que

acredita ser seu de direito. Não há terceiro para solucionar o litígio. A autodefesa é o

meio de solução direta mediante imposição do mais forte. Melhor exemplo desta é a

greve.

Eficácia da Lei Processual Trabalhista no Tempo e Espaço

Art. 1º, Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro / Art. 912, CLT: Em

regra, as disposições do Direito Processual Trabalhista entram em vigor a partir da data

de sua publicação, com eficácia imediata, alcançando os processos em andamento, por

força da CLT. O art. 1º da LINDB é uma exceção perante a CLT.

O processo, de maneira ampla, compreende uma série de atos que vão da Petição Inicial

ao Trânsito em Julgado da decisão, contudo os atos processuais praticados antes da

entrada em vigor de lei processual nova estarão resguardados por constituírem ato

perfeito e acabado. Logo, os atos processuais praticados sob a vigência da lei revogada

mantém plena eficácia em face do Principio da Irretroatividade da lei.

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Em se tratando de lei processual nova cujo conteúdo envolva disposição referente a

jurisdição e competência, terá aplicabilidade imediata, regendo-se o processo e

julgamento de fatos anteriores à sua aplicação.

- Art. 893, §1º, CLT: Estando o processo em decisão interlocutória atacável por

agravo de instrumento, o mesmo permanece na origem. Só há recurso em fase

recursal depois de emitida a decisão definitiva.

- Súmula 214, TST: Decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato,

salvo nas hipóteses de decisão de Tribunal Regional do Trabalho contrária à

Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;

decisão suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;

decisão que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos

autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo

excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

- OJ 420: É inválido o instrumento normativo que, regularizando situações

pretéritas, estabelece jornada de oito horas para o trabalho em turnos

ininterruptos de revezamento.

Lei no Espaço: Diz respeito ao território que vai ser aplicado o dispositivo legal. No

Brasil, prevalece o princípio da territorialidade, vigorando a Lei Processual em todo

território nacional, sendo aplicada tanto a brasileiros, quanto a estrangeiros residentes

no Brasil.

- Art. 651, CLT: A lei se aplica ao território onde o trabalho é executado.

- Art. 651, §2º, CLT: Se um brasileiro for contratado para executar trabalho no

exterior, também se aplica a CLT.

- Súmula 207, TST: “Lex Loci Executionis”. A relação jurídica trabalhista é

regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do

local da contratação. Cancelada. Com o cancelamento da súmula, tende a tomar

mais força o princípio de que um trabalhador que tenha sido contratado no Brasil

para prestar serviços no exterior terá seu contrato de trabalho regido não pelo

local de destino, mas pela própria lei brasileira. Trata-se de alteração importante

em um cenário de crescente internacionalização do mercado de trabalho

brasileiro, pois agora o direito aplicável será sempre o brasileiro, em especial a

CLT, independentemente do local da prestação de serviços, que predominava

anteriormente. Essa mudança reduz o grau de incerteza jurisdicional e diminui a

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burocracia associada à prestação de serviços no exterior, pois não há mais

necessidade de conhecer em profundidade o direito trabalhista estrangeiro, ainda

que algum grau de conhecimento sempre seja necessário quando se tratar de

transferência de empregados para o exterior.

- Art. 3º, II, Lei 7.064/82: Aplicação da lei brasileira no exterior deve ser

assegurada pela empresa estrangeira se for mais favorável ao trabalhador

brasileiro. A sentença só será receptada no Brasil com homologação do STJ, art.

105, I, i, CF.

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13/08/2012.

(cont.)

- Art. 651, §3º, CLT: Não existe um lugar específico para prestação de serviço.

- Art. 800, CLT: Exceção de incompetência em razão de lugar tem 24h para

ingressas. Incidente de ordem processual, sujeito à preclusão.

- Art. 893, §1º, CLT: O agrava do instrumento no processo do trabalho só serve

para destrancar recurso. Seria usado o protesto. Resguardo para discussão do

assunto em fase recursal, não precisando de fundamentação.

- Súmula 214, c, TST: Exceção sobre a decisão que acolhe exceção de

incompetência territorial, possibilidade de recorrer quando se tratar de exceção

de incompetência em razão de lugar havendo Tribunais Regionais distintos, onde

cabe Recurso Ordinário.

Competência

Definição: São atribuições conferidas aos órgãos encarregados da função jurisdicional.

São as competências que legitimam o poder jurisdicional. Os critérios que determinam a

competência foram criados tendo como base a teoria geral do processo. As regras que

determinam a competência estão fixadas na Constituição Federal.

Competência da Justiça do Trabalho em Razão da Matéria: Incompetência em

razão de matéria tem nulidade absoluta, com sentença terminativa.

- Art. 114, I, CF: Suspenso em razão da EC45. Justiça do Trabalho pode dirimir

conflitos da relação de emprego e trabalho.

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- Súmula 363, STJ: A competência é da justiça estadual quando as ações

versarem sobre honorários de profissionais liberais. Justiça estadual comum, por tratar-

se de relação de consumo e não de emprego.

- Súmula 392, TST: Danos morais são de competência da justiça do trabalho.

- Súmula 300, TST: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações de

empregados contra empregadores, relativas ao cadastramento no Plano de

Integração Social (PIS).

- Súmula 736, STF: Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham

como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à

segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.

- Súmula 19, TST: A Justiça do Trabalho é competente para apreciar reclamação

de empregado que tenha por objeto direito fundado no quadro de carreira.

- Súmula 389, TST: Competência material da Justiça do Trabalho a lide entre

empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não fornecimento

das guias do seguro-desemprego. O não fornecimento pelo empregador da guia

necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à

indenização.

Conflitos de Competência

a) Positivo: Se dá quando duas ou mais varas se dão por competentes.

b) Negativo: Se dá quando duas ou mais varas se dão por incompetentes.

- Súmula 420, TST: Não há conflito entre TRT e varas do trabalho vinculadas a

ele.

c) Controvérsia de Reunião ou Separação de Poderes: Quando não houver prevenção

de vara, há juiz de direito investido na jurisdição trabalhista.

TRT: Vai dirimir conflitos entre duas ou mais varas do mesmo regional, e de juiz

investido na jurisdição trabalhista com juiz sob o mesmo TRT.

TST: Vai dirimir conflitos entre juízes de dois ou mais TRTs diferentes.

- OJ 412: É incabível agravo inominado (art. 557, §1º, do CPC) ou agravo

regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por Órgão colegiado.

Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a impugnar decisão monocrática nas

hipóteses expressamente previstas. Inaplicável, no caso, o princípio da

fungibilidade ante a configuração de erro grosseiro.

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STJ: Vai dirimir conflitos entre juiz de vara trabalhista e juiz não investido em vara

trabalhista (art. 105, I, “d”, CF).

STF: Vai dirimir conflitos entre o TST e outro tribunal superior, como o STJ (art. 102,

I, “a”, CF).

Competência Funcional: É especificamente descrita na CLT.

1. Competência de Varas de Trabalho: Juízes titulares e substitutos. Arts. 654 ao 659,

CLT. Arts. 660 ao 667, CLT: Vogais das Juntas. Não tem mais aplicabilidade, graças à

EC24. Arts. 668 e 699, CLT: Competência de juízes investidos na jurisdição trabalhista.

2. Competência do TRT: Arts. 670 a 680, CLT. Competência de seus presidentes aos

arts. 681 ao 683, CLT. Serventuários aos arts. 710 ao 721, CLT.

3. Competência do TST: Arts. 690 ao 709, CLT, e Regimento Interno, Lei 7.701/88.

Competência Territorial de Varas: Se encontra ao art. 651, CLT.

- Art. 111, CPC: Incompatível com o processo de trabalho. Não cabe às partes

elegerem o foro de proposição da ação.

- Art. 114, CPC: Incompetência relativa. Prorroga-se a competência se a parte

contrária não se opuser na exceção de competência.

- Art. 799 e 800, CLT: Exceções de suspeição e incompetência territorial

paralisam o processo. O prazo de 24h do art. 800, CLT, de paralisação do

processo para apresentação de oposição da parte à exceção de incompetência

territorial se aplica somente a ela, e não outras paralisações. Exceção de

suspeição se liga com a pessoa do juiz, e impedimento se liga à função exercida.

Em exceção de suspeição, não há defesa, mas 48h para instruir e julgar a mesma

(Art. 802, CLT). É competência do juiz julgar suspeição (Art. 653, “c”, CLT).

Sobre esta decisão, de caráter interlocutório, cabe protesto (Art. 802, §1º).

- Art. 106, CPC: Tem aplicabilidade diferente na Justiça do Trabalho. Ações

conexas, quando correm em separado, é prevento o juiz que primeiro despachar

no processo civil, porém, na Justiça do Trabalho, a prevenção é dada por quem

primeiro propor a ação, pois a citação do processo trabalhista não é ato do juiz

(“cite-se”), mas sim de mero expediente. No caso de desistência, se a outra parte

não houver apresentado defesa, no reajuizamento de ação, é preventa a vara que

primeiro a reconhecer.

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- Súmula 414, II, TST: Contra liminar concedida antes de sentença, cabe

mandado de segurança, pois não há recurso próprio.

Princípios do Processo do Trabalho

1. Princípio do Dispositivo (inércia da jurisdição): A tutela só é concedida se for

requerida. O processo só se inicia se houver iniciativa de uma das partes (Arts. 2º c/c

262, CPC).

- Art. 856, CLT: Não tem mais aplicabilidade, sendo substituído pelo Art. 114,

CF, §3º. Trazendo a greve prejuízo à coletividade, o Ministério Público pode

ajuizar ação de dissídio coletivo.

- Art. 876, CLT: Decisões transitadas em julgado se processam de ofício pelo

magistrado, independente da vontade das partes.

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20/08/2012

(cont.)

2. Princípio do Inquisitivo ou Inquiritório: Confere ao juiz a liberdade de atuar no

processo, em busca da verdade real, ainda que as partes não tenham requerido. Uma vez

proposta a ação, caberá ao magistrado impulsioná-la de ofício, determinando diligências

que deem credibilidade ao feito, como rege o art. 765, CLT.

3. Princípio da Concentração: Atos processuais devem ser praticados no menor tempo

possível. A regra é que as audiências sejam unas, instrução e julgamento, salvo motivo

de força maior – Art. 849, CLT. Via de regra, o procedimento sumaríssimo é uno.

- Art. 825, CLT: As testemunhas comparecerão, independente de intimação. Uma vez

arroladas, pertencem ao juízo (Parágrafo Único do mesmo artigo).

- Art. 852-H, §7º, CLT: Prazo de 30 dias para solução de processo em caso de

interrupção de audiência, salvo motivo relevante justificado pelo juiz, diferente nos

juizados especiais.

4. Princípio da Oralidade: Toda demanda trabalhista pode ser verbal. A diferença da

atermação é a marcação da data de audiência ao fim do ato verbal. A defesa, instrução,

razões finais e a sentença do juiz também podem ser todos por via verbal. Presente aos

arts. 847 a 850, CLT.

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5. Princípio da Identidade Física do Juiz: Não se aplica ao processo do trabalho o

presente no art. 132, CPC. Implica celeridade processual, mesmo sob muitas críticas

pela possibilidade do juiz não se envolver com alguns atos processuais.

- Súmula 136, TST: Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da

identidade física do Juiz.

- Súmula 222, STF: O princípio da identidade física do juiz não é aplicável às

Juntas de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho.

6. Princípio da Imediatidade ou Imediação: Permite contato direto do juiz com as

partes envolvidas, objetivando formar seu conhecimento. Presente ao art. 820, CLT.

7. Princípio da Eventualidade: As partes devem apresentar de uma só vez o que for

necessário, acusação e defesa, objetivando resguardar seu próprio direito. É possível ao

autor apresentar novos documentos antes que a defesa inicie, procedimento impossível

no rito sumaríssimo.

- Súmula 8, TST: Não há réplica de defesa, restando ao autor se manifestar

apenas sobre os documentos apresentados pelo réu. A juntada de documentos na

fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua

oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sentença.

- Art. 300, CPC: Não existe impugnação genérica, do contrário haveria confissão

ficta. Todos os fatos alegados pelo autor devem ser atacados pelo réu.

8. Princípio do Contraditório: Tem sua base no princípio da igualdade de tratamento

entre as partes. O juiz não pode decidir a demanda sem ouvir os litigantes. De qualquer

decisão, as partes deverão ser intimadas.

- Art.285, CPC: Não se aplica ao direito do trabalho, pois segundo a doutrina, o

“cite-se” do direito do trabalho é ato de expediente, distribuição, e não do juiz.

9. Princípio da Conciliação: Sofre questionamento com a EC45, pela alteração do art.

114, CF, nos temos de “conciliar a julgar”.

- Arts. 846 e 850, CLT: Ao procedimento ordinário, são tentadas duas

conciliações, antes da defesa e após as razões finais.

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- Art. 852-E, CLT: No procedimento sumaríssimo, tais etapas acabam não sendo

tão claras, podendo o juiz sugerir a conciliação a qualquer tempo.

- Art. 764, CLT: Dissídios individuais e coletivos poderão se sujeitar a

conciliação. Sentença com acordo de conciliação só é recorrível no caso de

Previdência Social. Acordo só pode sofrer ação rescisória, nos termos da Súmula

259, TST, c/c Art, 831, Parágrafo Único, CLT. Não cumprido os requisitos do

termo, irá direto para execução, de ofício.

10. Princípio da Imparcialidade: O juiz tem que ter isenção de ânimos para decidir a

lide. Acarreta em suspeição ou impedimento do magistrado. A CLT trata somente de

suspeição, mas a doutrina é unânime em afirmar a possibilidade de impedimento.

Suspeito quando envolve sua esfera pessoa, impedido quando envolve o desempenho de

sua função. Pode ser suscitado pelo magistrado em foro íntimo, ou quando suscitado

pela parte, deve ser justificado. Causa redistribuição do processo, se acatado, para outro

magistrado. É incidente processual, decisão interlocutória, não passível de recorrer,

aplicando-se o art. 893, §1º, CLT, podendo ser discutido somente após decisão

definitiva.

- Art. 802, CLT: Não é prazo para se defender, mas para instruir a demanda.

11. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Princípio facultado das partes.

Capacidade das partes de procurar reexame de instância superior. Como exceção, a

remessa de ofício que tenha como parte a Fazenda Pública, que quando vencida no

processo, o processo sobe imediatamente para reexame necessário.

- Súmula 303, I, “a” e “b”, TST: Exceção da exceção. Não haverá

obrigatoriedade da remessa necessária nos casos de condenação não ultrapassar

o valor correspondente a 60 salários mínimos e quando a decisão estiver em

consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal Federal ou com súmula

ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.

- Art. 2º, §3º e §4º, Lei 5.584/70: Na prática, se impugna o valor de alçada

imediatamente. Pedido de revisão, efeito devolutivo, art. 899, CLT ao presidente

do TRT, que deve julgá-lo em 48h. Se versar sobre matéria constitucional, cabe

recurso extraordinário.

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12. Princípio do Jus Postulandi: Direito da parte de ingressar com a ação e

acompanhá-la, sem necessidade de um advogado. Só é permitido nos dissídios

individuais, pelo princípio da oralidade. Presente ao art. 791, CLT.

- Súmula 425, TST: Limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do

Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e

os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

13. Princípio da Irrecorrebilidade Imediata das Decisões Interlocutórias: Quando

decisões interlocutórias não terminam o feito, só poderão ser discutidas ao final.

- Súmula 214, TST: Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as

decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial

do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o

mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos

autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado,

consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

- Súmula 414, II, TST: No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da

sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de

recurso próprio.

14. Princípio da Preclusão e Perempção: Preclusão é a perda da possibilidade da

prática de um ato processual, seja pelo seu não exercício em momento oportuno, ou pela

total incompatibilidade entre o ato realizado e o posterior, ou até mesmo pelo ato já ter

sido validamente praticado. Pode ser temporal (quando se perde o prazo a cumprir),

lógico (quando parte pratica ato incompatível com o já praticado, em contradição com

atos anteriores) ou consumativo (quando há prática válida de um ato processual, no

prazo estabelecido em lei, não podendo renovar o ato já praticado e consumado – por

exemplo, recurso adesivo). Há discussão sobre a aplicação da perempção no direito do

trabalho. Perempção consiste na perda pela parte do direito de praticar determinado ato

processual ou de prosseguir com o feito, em função da próprio inércia, ao deixar expirar

o prazo legal para o exercício do direito.

- Art. 267, III, CPC: Extingue-se o processo, sem resolução de mérito quando, por não

promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais de

30 dias.

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- Art. 268, Parágrafo Único: Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo

pelo fundamento previsto no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra

o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar

em defesa o seu direito.

- Art. 844, CLT: O não comparecimento do reclamante à audiência importa o

arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia,

além de confissão quanto à matéria de fato.

- Art. 731 e 732, CLT: Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação

verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta

ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6

meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho. Na mesma pena do artigo

anterior incorrerá o reclamante que, por 2 vezes seguidas, der causa ao arquivamento de

que trata o art. 844.

- Súmula 268, TST: A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição

somente em relação aos pedidos idênticos. Arquivada a primeira ação, o prazo continua

para todas as matérias que não foram reclamadas nela.

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27/08/2012

Atos Processuais

Definição: É uma espécie de ato jurídico que tem por objetivo a constituição,

conservação do desenvolvimento, modificação ou extinção de uma determinada relação

processual. Ocorrem no processo, podendo ser praticados pelo juiz, pelas partes, ou por

terceiros. Os atos processuais são públicos, por força do art. 155, CPC. O segredo de

justiça pode ser requerido pela parte, demonstrando prejuízo, ou de ofício pelo juiz.

- Art. 155, II, CPC: Não tem aplicação ao processo trabalhista. Diz respeito aos

atos processuais que correm em segredo de justiça, relativos a casamento,

filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e

guarda de menores.

- Art. 154, §2º, CPC: Todos os atos e termos do processo podem ser feitos

eletronicamente.

- Art. 164, Parágrafo Único, CPC: Assinatura dos juízes pode feita

eletronicamente.

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1. Atos do Juiz (Art. 162, CPC): Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões

interlocutórias e despachos. Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações

previstas nos arts. 267 e 269, CPC. Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no

curso do processo, resolve questão incidente. São despachos todos os demais atos do

juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei

não estabelece outra forma. Também os atos meramente ordinatórios, como a juntada e

a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo

servidor e revistos pelo juiz quando necessários.

2. Atos das Partes (Art. 158, CPC): Os atos das partes, consistentes em declarações

unilaterais ou bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, a

modificação ou a extinção de direitos processuais. A desistência da ação só produzirá

efeito depois de homologada por sentença.

3. Atos de Terceiros (Art. 166, CPC): Atos de testemunhas, serventuários da justiça.

- Art. 841, CLT: Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário,

dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do

termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à

audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco)

dias.

Ato Processual por Fac-símile: Só é possível em fase recursal. Tem 5 dias para

apresentar as originais da data de prazo recursal. Todos os recursos tem prazo de 8 dias,

salvo Recurso Ordinário, 5 dias, e Embargos de Declaração, 3 dias.

- Súmula 387, II, TST: A contagem do quinquídio para apresentação dos

originais de recurso interposto por intermédio de fac-símile começa a fluir do dia

subseqüente ao término do prazo recursal, nos termos do art. 2º da Lei

9.800/1999, e não do dia seguinte à interposição do recurso, se esta se deu antes

do termo final do prazo.

Atos Processuais por Correio Eletrônico: Instrução Normativa n. 28. Sistema

integrado de protocolização e fluxo de documentos eletrônicos “E-DOC” (forma de

enviar recursos judiciais, através de assinatura eletrônica, não se faz necessário enviar

originais em seguida).

Page 14: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

Comunicação dos Atos Processuais

O art. 774, parágrafo único, da CLT esclarece que, tratando-se de notificação postal, no

caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio

ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolver a notificação ao

tribunal & origem, no primi de 48 horas.

1. Intimação (Art. 234, CPC): Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o

interessai a fim de se defender. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos

atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. Notificação

com efeito de citação é a mesma comunicação. Marca o início do processo. Vale

destacar que o Código de Processo Civil eliminou a notificação como forma de

comunicação dos atos processuais, subsistindo, exclusivamente como meio destinado a

prevenir responsabilidades, prover a conservação e ressalva de direitos ou de

manifestação de intenção de modo formal, conforme disposto no art. 867 do Código

Processual civil. O legislador pátrio, entretanto, objetivando justificar a autonomia do

processo do trabalho, utilizou na Consolidação das Leis do Trabalho, de forma

indiscriminada, o termo notificação, como o meio adequado para comunicação de todo e

qualquer ato processual realizado no âmbito da Justiça laboral (seja citação ou

intimação). Na inicial trabalhista, portanto, não há citação do reclamado, mas

notificação do mesmo, por meio de remessa automática pelo servidor da secretaria da

Vara. Deve ocorrer dentro de 48 horas do recebimento da ação, via postal, de cópia da

petição inicial ao reclamado, notificando-o a comparecer à audiência de julgamento, que

será a primeira desimpedida, depois de cinco dias (art. 841 da CLT), ocasião em que o

demandado apresentará, caso deseje, sua defesa.

- Art. 880, CLT: Prevê, expressamente, a citação do executado pelo oficial de

justiça para que cumpra o julgado, ou tratando-se de pagamento em dinheiro,

para que pague no prazo de 48 horas ou garanta a execução sob pena de penhora.

2. Citação (Art. 247, CPC): As citações e as intimações serão nulas, quando feitas sem

observância das prescrições legais.

Efeito da Notificação:

- Art. 844, CLT: O não comparecimento do reclamante à audiência importa o

arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa

Page 15: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. Ocorrendo, entretanto,

motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento, designando nova

audiência. O não comparecimento, havendo AR, induz confissão. Há revelia,

que é a ausência de defesa. Se houver defesa apresentada, mas não presença do

reclamado, há apenas confissão. Assim, serve somente para audiência inaugural,

não para instrução e julgamento, onde induziria somente à confissão.

- Súmula 16, TST: Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas

depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso

desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

Prevenção do Juízo: A prevenção é dada por quem primeiro propõe a ação. No

processo do trabalho, pode-se desistir antes que o notificado apresente a defesa,

diferente do processo civil. No caso de desistência, o juízo continua prevento, devendo

haver reajuizamento ao invés de nova proposição.

Fica estabelecida a prevenção do juízo nos seguintes casos:

Ações Conexas: Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o

objeto ou a causa de pedir (art. 103, CPC).

Induz litispendência: Litispendência é o mesmo objeto e forma de pedir ao mesmo

tempo, portanto prevento quem primeiro propor a ação.

Formas de Notificação

O reclamante será notificado da data designada para a audiência no ato da distribuição

da reclamação ou então via postai nos moldes do art. 841, § 2.°, da CLT. O Tribunal

Superior do Trabalho, por meio da Súmula 16, firmou o entendimento de que se

presume (presunção relativa) recebida a notificação postal no prazo de 48 horas após a

sua postagem, constituindo. O não recebimento da correspondência ou a entrega após o

decurso desse prazo é ônus de prova do destinatário.

Neste contexto, o aviso de recebimento da notificação postal assume função importante,

atuando como instrumento de prova da ciência e recebimento pelo destinatário

(pessoalmente ou mediante preposto) da inicial trabalhista, bem como sendo

considerado para a fixação do termo inicial entre a comunicação e a realização da

audiência (cinco dias).

A jurisprudência e a doutrina têm considerado válida a notificação postal entregue na

empresa a empregado do reclamado, zelador ou empregado da administração do edifício

Page 16: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

ou mesmo depositada em caixa postal, uma vez que não há previsão legal de

pessoalidade na realização da comunicação, sendo a notificação considerada válida com

a simples entrega do registro postal no endereço da parte.

Estabelece o § 1º do art. 841 da CLT que, se o reclamado criar embaraços ao

recebimento da notificação postal para comparecimento à audiência ou não for

encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar

o expediente forense, ou, na falta, fixado na sede da Vara ou Juízo.

Na prática, entretanto, quando o reclamado não é encontrado ou opõe embaraços ao

recebimento da notificação, esta é feita pelo oficial de justiça, evitando a notificação por

edital, principalmente para impedir gastos com a publicação de editais e para assegurar

o efetivo recebimento da notificação pelo réu, prevenindo-se futuros questionamentos

de nulidade de citação.

Frise-se que, mesmo que a notificação para comparecimento à audiência seja feita pelo

oficial de justiça, a mesma não precisará ser pessoal, bastando a entrega da notificação

pelo meirinho no domicílio do reclamado, salvo na execução, quando a citação do

executado, pelo oficial de justiça, será pessoal (art. 880, § 2.°, da CLT).

Justamente pelo fato de a notificação por edital consistir em ato de conteúdo precário,

ineficiente, meramente formal, deixando o reclamado na maioria das vezes, revel e sem

defesa, ocasionalmente provocada pela má fé ou deslealdade processual do reclamante,

é que alguns magistrados tem implementado a citação por hora certa pelo oficial de

justiça na fase de conhecimento, muito embora não haja previsão explícita no diploma

consolidado, apenas havendo previsão no CPC, arts. 227 a 229. No entanto, se o

reclamado estiver em local incerto e não sabido, não restará outra alternativa ao

magistrado trabalhista a não ser notificá-lo por edital

Realizada a notificação por edital e correndo o processo à revelia, entendemos que não

haverá nomeação de curador especial para o revel, sendo inaplicável o art. 9.°. II, do

CPC uma vez que a Consolidação das Leis do Trabalho determina que somente na

hipótese do art. 793 (reclamação trabalhista promovida por menor de 18 anos sem

representante legal) é que será nomeado curador especial, muito embora sejamos

forçados a reconhecer que o tema provoca divergências na doutrina. Outrossim, se o

endereço do reclamado se localizar em zona não servida por entrega domiciliar de

correspondência, a citação será feita pelo oficial de justiça.

O procedimento sumaríssimo não admite a citação por edital (o art. 852-B, II, da CLT

inadvertidamente mencionou citação, quando o correto seria notificação), incumbindo

Page 17: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado. Todavia, neste caso, se o

reclamado estiver em local incerto e não sabido, ao juiz não restará outra alternativa a

não ser converter o procedimento sumaríssimo em ordinário, realizando a notificação

por edital, sob pena de ofensa ao princípio da inafastabilidade de jurisdição previsto na

Constituição Federal de 1988.

Caso o reclamado esteja domiciliado no exterior, a notificação será feita mediante carta

rogatória, nos moldes do art. 202 e seguintes do CPC.

Residindo o reclamado no Brasil, mas em comarca fonte da jurisdição territorial da Vara

do Trabalho, alguns juízes mantém a notificação postal utilizando-se do argumento de

que o art. 222 do CPC autorizaria citação postal em qualquer comarca do país, enquanto

outros magistrados expedem a denominada carta precatória, procedendo ao juízo

deprecado à notificação, ou por oficial de justiça (via mandado), ou mesmo via postal.

- Art. 834, CLT c/c Súmula 197, TST: Para as partes que constituíram

advogados e não compareceram em audiência. Salvo nos casos previstos na

CLT, a publicação das decisões e sua notificação aos litigantes, ou a seus

patronos, consideram-se realizadas nas próprias audiências em que forem as

mesmas proferidas. O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer

à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença, conta-se de sua

publicação.

- Súmula 217, STF: Aposentadoria por invalidez, contrato suspenso. Tem direito

de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do empregador, o

aposentado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar

da aposentadoria, que se torna definitiva após esse prazo.

- Súmula 434, TST: É extemporâneo o recurso apresentado antes que tenha sido

publicado o acórdão e dado ciência oficial às partes. A oposição de Embargos

Declaratórios e a consequente interrupção do prazo provocada pela parte

Embargante, não torna o Recurso Ordinário do adverso extemporâneo.

Termos Processuais

Termo é a redução escrita de determinado ato processual. A CLT disciplinou, de

maneira singela, os termos processuais nos arts. 771 a 773. Considerando que a CLT

pouco dispõe sobre os termos processuais, entendemos aplicável ao processo laboral

(em função do que dispõe o art. 769 consolidado) o disposto nos arts. 166 a 171 do

CPC.

Page 18: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

Neste contexto, ao receber a peça vestibular, o escrivão a autuará, mencionando a Vara

do Trabalho, a natureza do feito, o número de seu registro, os nomes das partes e a data

do seu início, adotando igual procedimento era relação aos volumes que se forem

formando (art. 166 do CPC).

Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos com ónta escura e

indelével, assinando-os as pessoas que neles intervieram, salvo quando estas não

puderem ou não quiserem firmá-los, quando o serventuário certificará nos autos a

ocorrência (art. 169 do CPC).

Vale ressaltar que a Lei 11.419/2006 (que dispõe sobre a informatização do processo

judicial), acrescentou os §§ 2.° e 3.° ao art. 169 do CPC, estabelecendo que quando se

tratar de processo total ou parcialmente eletrônico, os atos processuais praticados na

presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital

em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo que será

assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos

advogados das partes, sendo que eventuais contradições na transcrição deverão ser

suscitadas oralmente no momento da realização do ato, sob pena de preclusão, devendo

o juiz decidir de plano, registrando a alegação e a decisão no termo.

É lícito o uso de taquigrafia, da estenotipia, ou de outro método idôneo, em qualquer

juízo ou tribunal (art. 170 do CPC).

Por fim, cabe ressaltar que não serão admitidos, nos atos e termos, espaços em branco,

bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas

expressamente ressalvadas (art. 171 do CPC).

__

03/09/2012

Prazo

Definição: É o espaço de tempo que determinado ato deve ser praticado. Regido pelos

arts. 774 a 776, CLT.

- Art. 774, CLT, Parágrafo Único: Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser

encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado,

sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de 48 (quarenta e oito)

horas, ao Tribunal de origem.

Page 19: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

- Súmula 16, TST: Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois

de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo

constitui ônus de prova do destinatário.

- Art. 241, I, CPC: Não se aplica ao processoo do trabalho.

Classificação do Prazo

1. Quanto a fixação:

a. Legal: Os que são estabelecidos pelo ordenamento jurídico vigente, como o prazo

para apresentação de recursos, o prazo para o executado pagar a execução, etc. Em

regra, é peremptório, não podendo ser objeto de reajuste.

- Art. 775, CLT: Exceção para prorrogação de prazo legal, caso de força maior.

b. Judicial: Os que são estabelecidos pelo magistrado trabalhista.

- Art. 185, CPC: A parte terá 5 dias para praticar qualquer ato, se não houver

preceito legal ou assinação do juiz.

c. Convencionais: Os que são acordados entre os litigantes, como a possibilidade de

suspensão do processo para tentativa de conciliação (art. 265, II, do CPC). Necessitam

homologação do juiz.

- Art. 181, §2º, CPC: Não se aplica ao processo do trabalho. Versa sobre custas

acrescidas no caso de prorrogação, sob responsabilidade da parte responsável.

2. Quanto aos Destinatários:

a. Próprios: São os destinados às partes, sejam os previstos em lei, sejam os fixados

pelo juiz, sempre sujeitos à preclusão;

b. Impróprios: São os fixados pelo ordenamento jurídico e destinados aos juizes e

servidores do Poder Judiciário, não sujeitos à preclusão.

3. Quanto à natureza:

a. Dilatórios: São os que admitem prorrogação pelo juiz em vista da solicitação da

parte, permitindo-se ao interessado dispor do prazo para a prática de ato específico. Os

prazos convencionais também são dilatórios. Como exemplo, poderíamos mencionar a

concessão de dilação do prazo pelo magistrado para que a parte apresentasse

determinado documento ou informação. Entretanto, dispõe o art. 181 do CPC que as

partes, de comum acordo, poderão reduzir ou prorrogar o prazo dilatório (desde que

Page 20: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

requerida antes do vencimento do prazo, pois se postulada a prorrogação após o término

do prazo, estará configurada a preclusão);

b. Peremptórios: São os prazos fatais, insuscetíveis de prorrogação, decorrendo de

normas imperativas, de ordem pública, não podendo ser objeto de convenção entre as

partes. Determina o art. 182 do CPC que é defeso às partes, ainda que todas estejam de

acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios, sendo certo que o juiz poderá, nas

comarcas onde for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais

de 60 dias, ressalvados os casos de calamidade pública (art. 182, parágrafo único, do

CPC), em que este limite poderá ser excedido;

4. Contagem

O início do prazo ocorre no momento em que o interessado toma conhecimento ou

ciência do ato processual a ser realizado. Portanto, recebida a notificação postal, ou

publicado o edital no jornal oficial ou mesmo afixado o edital na sede da Vara, Juízo ou

Tribunal, ocorre o início do prazo. Caso a comunicação dos atos processuais seja feita

por meio do oficial de justiça, via mandado, o início do prazo também ocorre no

momento da ciência do inteiro teor do mandado.

Por sua vez, o início da contagem do prazo acontece no dia útil seguinte ao início do

prazo. Em outras palavras, na contagem dos prazos, exclui-se o dia do começo e inclui-

se o dia do vencimento.

Caso o vencimento do prazo ocorra no sábado, domingo ou feriado, prorroga-se o

mesmo até o primeiro dia útil imediato subsequente. Da mesma forma, se o interessado

for intimado ou notificado no sábado ou no feriado, o início do prazo dar-se-á no

primeiro dia útil imediato, e a contagem do prazo, no subsequente.

- Súmula 1, TST: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação

com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da

segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que

fluirá do dia útil que se seguir.

- Súmula 100, TST: Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente

subsequente o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando

expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que houver

expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT.

Page 21: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

- Súmula 385, TST: Cabe à parte comprovar, quando da interposição do recurso,

a existência de feriado local ou de dia útil em que não haja expediente forense,

que justifique a prorrogação do prazo recursal.

- Súmula 310, STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a

publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá

início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que

começará no primeiro dia útil que se seguir.

- Súmula 262, I, TST: Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do

prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subsequente.

Pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Municípios, Distrito Federal,

Autarquias e Fundações Públicas) tem prazo em quádruplo para contestar (em função de

que entre o recebimento da notificação e a audiência deverá decorrer o prazo de 20 dias)

e em dobro para recurso, mediante regra explícita no Decreto-lei 779/1969 (art. 1.°, II e

III). Também o Ministério Público do Trabalho possui o prazo em quádruplo para

contestar e em dobro para recorrer, na última hipótese, seja na qualidade de órgão

agente (autor da ação) ou órgão interveniente (custos legis), conforme previsão explícita

no art. 188 do CPC, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho.

A Lei 5.010, de 30.05.1966, em seu art. 62, estabeleceu como feriado, entre outros, o

recesso forense anual, no período compreendido entre 20 de dezembro e 6 de janeiro.

Portanto, durante o recesso forense, a Justiça do Trabalho suspende o atendimento ao

público, não se iniciando, correndo ou vencendo qualquer prazo. Neste contexto, se a

contagem do prazo começou no dia 16 de dezembro, somente decorreriam até o recesso

quatro dias (dias 16, 17, 18 e 19), e o prazo restante seria contado a partir do término do

recesso forense, ou seja, do dia 7 de janeiro (ou o primeiro dia útil imediato, caso o dia

7 coincida com o sábado, domingo ou feriado).

O art. 180 do CPC dispõe que se suspende o curso do prazo por obstáculo criado pela

parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 265, n. I e III (morte ou perda da

capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu

procurador e quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do

bem como de suspeição ou impedimento do juiz), casos em que o prazo será restituído

por tempo igual ao que faltava para sua complementação. Um exemplo de obstáculo

criado pela parte é a não devolução dos autos em cartório no prazo fixado (em caso de

prazos sucessivos), impedindo o outro litigante de ter acesso aos autos. Nesse caso, o

prejudicado terá direito à devolução integral do prazo. Caso os pedidos da reclamatória

Page 22: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

sejam julgados parcialmente procedentes, haverá prazo comum para interposição de

eventual recurso, não podendo os autos ser retirados da Vara do Trabalho.

- Art. 191, CPC: Não se aplica ao processo do trabalho. Determina que quando os

litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos

para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos, uma vez que tal preceito atenta

contra o princípio da celeridade processual trabalhista (entendimento consubstanciado

na OJ 310 da SDI-I/TST).

__

Partes do processo

Definição: São titulares do direito material que se situam no polo ativo ou passivo da

demanda. Dessa forma, temos como parte aquele que demanda em nome próprio a

prestação jurisdicional, ou mesmo a pessoa em cujo nome é demandado.

Denominação:

Objetivando induzir uma ideia de autonomia do processo laborai em relação ao processo

civil, ou mesmo considerando as raízes históricas da Justiça do Trabalho (a qual era

órgão administrativo vinculado ao Poder Executivo), o legislador processual do trabalho

inovou na terminologia autor e réu. Com efeito, no processo do trabalho o autor é

denominado reclamante e o réu, reclamado.

Litisconsórcio:

O litisconsórcio é caracterizado pela coexistência de duas ou mais pessoas no polo ativo

ou no polo passivo, ou em ambas as posições da relação jurídica. Em outras palavras,

sempre que houver a pluralidade de autores e/ou de réus, estaremos diante do

denominado litisconsórcio.

- Súmula 331, IV, TST: Responsabilidade subsidiária do tomador de serviços.

Classificação Litisconsorcial

1. Quanto à posição das partes na solução processual:

a. Ativo: Ocorre quando no pólo ativo há a presença de diversos autores litigando em

face de um único demandado. Na seara trabalhista o art. 842 da CLT estabelece que,

sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, poderão ser acumuladas

Page 23: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

num só processo, desde que se trate de empregados da mesma empresa ou

estabelecimento. Esta hipótese, conhecida como reclamatória plúrima, muito comum na

Justiça do Trabalho, constitui-se, em verdade, numa hipótese de litisconsórcio ativo,

formado pela reunião de vários empregados litigando em face do mesmo empregador.

b. Passivo: Apenas um único autor litigando em face de vários réus. Em relação ao

litisconsórcio passivo, também é muito comum a sua formação no âmbito laboral, como

nos casos de ação trabalhista que tenham no polo passivo empreiteiro principal e

subempreiteiro várias empresas do mesmo grupo econômico, empresa sucessora e

sucedida, empresa fornecedora de mão-de-obra e tomador de serviços etc.

c. Misto: Vários autores demandam em face de diversos réus.

2. Quanto ao momento de sua constituição:

a. Originário: O litisconsórcio inicial ou originário é o que se forma no momento da

apresentação da petição inicial, no momento da interposição da ação, com vários autores

demandando conjuntamente ou mesmo sendo ofertada a ação em face de diversos réus.

b. Superveniente: Deminado ulterior ou superveniente, ocorre após a distribuição da

ação, no curso do processo, muito comum no caso de sucessão processual.

3. Quanto à necessidade de sua constituição:

a. Facultativo: O litisconsórcio facultativo é a regra geral, na qual a reunião das partes

se dá por opção delas, e não por imperativo de lei. Nesta hipótese, não se impõe a

formação do litisconsórcio, mas tão somente permite-se a existência do mesmo,

podendo a ação ser proposta por vários litigantes ou em face de diversos réus. Com

efeito, o art. 46 do CPC versa sobre as hipóteses em que pode haver a formação do

litisconsórcio facultativo, sendo elas quando entre os envolvidos houver comunhão de

direitos ou de obrigações relativamente à lide; os direitos ou as obrigações derivarem do

mesmo fundamento de fato ou de direito; entre as causas houver conexão pelo objeto ou

pela causa de pedir; ou ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou

de direito. Vale destacar que o litisconsórcio facultativo deve sempre ser formado no

momento da propositura da ação, não se admitindo a sua formação posterior, o que

representaria, se materializado, o desrespeito ao princípio do juiz natural.

- Art. 46, Parágrafo Único, CPC: Estabelece que o juiz poderá limitar o

litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este

comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O TST tem

Page 24: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

adotado entendimento no sentido da impossibilidade da limitação pelo

magistrado do número de autores numa demanda trabalhista, quando a matéria

for unicamente de direito e a causa de pedir e o pedido forem homogêneos, em

face da autorização legal prevista no art. 842, CLT.

b. Necessário: O litisconsórcio será necessário quando a presença de todos os

litisconsortes for essencial para a prestação da tutela jurisdicional pelo Estado. Em

outras palavras, a relação processual apenas será considerada válida se estiverem

presentes todos os litisconsortes necessários. Logo, o litisconsórcio necessário é

formado com base em determinação legal, quando a prolação da sentença depender da

presença no processo de todas as pessoas legitimadas. O art. 10, § 1.°, do CPC elenca

hipóteses de litisconsórcio passivo necessário, em que a citação de ambos os cônjuges

nos casos que indica se toma essencial para a validade do processo. Parte da doutrina

entende não ser possível a formação de litisconsórcio necessário ativo, uma vez que esta

espécie de litisconsórcio violaria a garantia constitucional do livre acesso ao Judiciário,

tendo em vista que ninguém pode ser obrigado a exercer o direito de ação. Nos

domínios do processo do trabalho, um exemplo de litisconsórcio necessário ocorre com

a propositura pelo Ministério Público do Trabalho de ação anulatória de cláusula

convencional, em que ambos os sindicatos convenentes, necessariamente, integrarão o

pólo passivo da demanda. Outro exemplo seria a proposição pelo Ministério Público do

Trabalho de ação rescisória em caso de colusão das partes.

c. Legal: Decorre de imposição de lei. Todo litisconsórcio legal é necessário, mas nem

todo litisconsórcio necessário é legal.

4. Quanto à natureza da decisão:

a. Simples: No litisconsórcio simples, também chamado de comum, a decisão não será

necessariamente uniforme para todos os litisconsortes, existindo a possibilidade de

decisões divergentes em relação a cada um dos litisconsortes.

b. Unitário: O litisconsórcio será unitário quando a decisão da causa for,

obrigatoriamente, uniforme para todos os litisconsortes.

- Art. 47, CPC: Redação infeliz, pois misturou os conceitos de litisconsórcio necessário

e unitário. O litisconsórcio unitário não se confunde com litisconsórcio necessário. Na

definição de litisconsórcio necessário temos que a presença de todos os litisconsortes é

essencial para a prestação da tutela jurisdicional, não sendo a sentença necessariamente

uniforme (unitária) para todos os litisconsortes. Ao revés, quando nos referimos a

Page 25: CESUPA - Direito Processual Do Trabalho - Profa. Emília Farinha

litisconsórcio unitário, temos que a decisão de mérito, obrigatoriamente, será uniforme

para todos os litisconsortes, não se impondo, primordialmente, a presença de todos os

litisconsortes na relação processual. Em outras palavras, nem todo litisconsórcio

necessário será unitário e vice-versa.

__

10/09/2012

(cont.)

Atos Processuais:

Estabelece o art. 48 do CPC que, salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão

considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, e os atos

e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros. Já o art. 49 do mesmo

CPC dispõe que cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e

todos devem ser intimados dos respectivos atos.

1. Citação: Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão

contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar

nos autos - art. 191 do CPC. Todavia, no âmbito do processo do trabalho, este artigo do

CPC não é aplicado, uma vez que o mesmo atenta contra o princípio da celeridade

processual trabalhista, conforme entendimento consubstanciado na OJ 310 da

SDI-I/TST.

2. Contestação: O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo

se distintos ou opostos os seus interesses - art. 509 do CPC (somente no caso de

litisconsórcio unitário).

- Art. 2º, §2º, CLT / Súmula 205, TST: Sempre que uma ou mais empresas, tendo,

embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção,

controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de

qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego,

solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

Considerando-se a previsão legal acerca da solidariedade entendeu o Tribunal Superior

do Trabalho pelo cancelamento da Súmula 205 que previa que o responsável solidário,

integrante do grupo econômico, que não participou da relação processual como

reclamado e que, portanto, não consta no título executivo judicial como devedor, não

pode ser sujeito passivo na execução.

3. Revelia: Os efeitos da revelia serão afastados se, havendo pluralidade de réus em

litisconsórcio unitário, algum deles contestar a ação - art. 320, I, do CPC. Em

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litisconsórcio simples, a ausência de defesa de uma das partes acarreta em revelia

somente ao litisconsorte faltoso.

4. Arquivamento: Somente o reclamante que não comparece em audiência inaugural,

independente de ser litisconsórcio simples ou unitário, receberá os efeitos.

5. Confissão: Pode ser ficta, ausência do réu ocasionando revelia e confissão, onde se

presumem verdadeiros os fatos alegados. Pode ser real, através de declaração. A

confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os

litisconsortes - art. 350 do CPC.

- Súmula 8, TST: Deverão apresentar todos os documentos necessários para a

demanda, sendo que o autor deverá instruir a exordial e o réu sua defesa, não

podendo ser juntado inoportunamente novos documentos, salvo na hipótese de

justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à

sentença.

6. Prova Testemunhal: Até seis testemunhas para procedimento ordinário, duas para

sumário e sumaríssimo, seis para inquérito para apuração de falta grave. Litisconsortes

simples devem apresentar testemunhas próprias, e litisconsortes unitários a todos se

aproveita.

7. Capacidade

Definição: Inicialmente, convém distinguir os institutos capacidade de ser parte,

capacidade processual e capacidade postulatória. A capacidade de ser parte (ou

capacidade de direito) diz respeito à possibilidade de a pessoa (física ou jurídica) se

apresentar em juízo como autor ou réu, ocupando um dos polos do processo.

Capacidade de Direito: A capacidade para ser parte, de direito, exige a “personalidade

civil”, que em relação à pessoa natural ou física inicia-se com o seu nascimento com

vida (art. 2.° do CC), muito embora a lei ponha a salvo, desde a concepção, os direitos

do nascituro. Quanto à pessoa jurídica, a sua “personalidade civil” inicia-se com a

inscrição dos atos constitutivos no respectivo registro (art. 45 do CC) - Junta Comercial,

órgão de classe (exemplificadamente, a OAB, no caso de sociedade de advogados) etc.

Confere-se ainda a capacidade para ser parte aos denominados “entes

despersonalizados”, como a massa falida, o condomínio, o espólio, as sociedades e os

órgãos desprovidos de personalidade jurídica etc.

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Capacidade Processual ou de Exercício: Também conhecida como capacidade de

estar em juízo (ou capacidade de fato ou de exercício), é ela outorgada pelo art. 7.° do

CPC, o qual estabelece que: “Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos

tem capacidade para estar em juízo". Portanto, adquirida a capacidade de ser parte,

impõe-se verificar se os sujeitos do processo podem praticar os atos processuais

pessoalmente, sem o auxílio ou acompanhamento de outras pessoas, ou seja, se possuem

capacidade processual plena para se manterem na relação processual sem amparo de

qualquer espécie. Assim, possuindo os sujeitos a capacidade civil plena (capacidade de

praticar todos os atos da vida civil e de administrar seus bens), também possuirão a

chamada capacidade processual, que é exigida para a prática de atos processuais. Por

conseqüência, não possuem capacidade processal as pessoas arroladas nos arts. 3.° e 4.°

do CC, embora tenham capacidade de ser parte.

Capacidade postulatória: Inerente ao advogado, art. 36, CPC. Advogado necessário

para dissídios coletivos.

Jus postulandi: Está consubstanciado no art. 791 da CLT, o qual estabelece que os

empregados e os empregadores poderão reclamar Pessoalmente perante a Justiça do

Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. Nessa esteira, o art. 839, a, da

CLT também salienta que a reclamação trabalhista poderá ser apresentada pelos

empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus representantes, e pelos

sindicatos de classe. Logo, em função do jus postulandi, reclamante e reclamado

poderão atuar sem a presença de advogados em todas as instâncias trabalhistas, mesmo

nos Tribunais Regionais e no Tribunal Superior do Trabalho.

- Art. 36, CPC. A parte será representada em juízo por advogado legalmente

habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver

habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou

recusa ou impedimento dos que houver.

No entanto, em caso de eventual recurso extraordinário para o Supremo Tribunal

Federal, ou mesmo recurso encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (para

examinar, por exemplo, conflito de competência), deve o mesmo ser subscrito por

advogado, sob pena de o apelo não ser conhecido.

- Súmula 425, TST: O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da

CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não

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alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os

recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

- Art. 114, VII, CF: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: as ações

relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos

de fiscalização das relações de trabalho.

- Súmula 414, II, TST: No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida

antes da sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da

inexistência de recurso próprio.

Honorários Advocatícios: Os honorários de advogado, na justiça do trabalho, não são

devidos pela simples sucumbência, mas sim pela conjugação de mais dois requisitos: se

a parte estiver assistida pelo sindicato de sua categoria profissional e comprovar

insuficiência de recursos – Súmula 219, TST.