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7/21/2019 Ciência
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Ciência
A Ciência (do latim scientia, traduzido por “conheci-mento”) refere-se a qualquer conhecimento ou prática sis-temáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sis-tema de adquirir conhecimento baseado no método cien-tífico bem como ao corpo organizado de conhecimentoconseguido através de tais pesquisas[Ref. 1].
Este artigo foca o sentido mais estrito da palavra. Em-bora as duas estejam fortemente interconectadas, a ciên-cia tal como enfatizada neste artigo é muitas vezes refe-rida como ciência experimental a fim de diferenciá-la da
ciência aplicada, que é a aplicação da pesquisa científicaa necessidades humanas específicas.
A ciência é o esforço para descobrir e aumentar oconhecimento humano de como o Universo funciona.Refere-se tanto à (ao):
• investigação ou estudo racionais do Universo, di-recionados à descoberta de verdades compulsoria-mente atreladas e restritas à Realidade Universal.Tal estudo ou investigação é metódico e compul-soriamente realizado em acordo com o método ci-entífico – um processo de avaliar o conhecimentoempírico;
• corpo organizado de conhecimentos adquiridos portais estudos e pesquisas.
A ciência é o conhecimento ou um sistema de conheci-mentos que abarca verdades as mais gerais e abrangentespossíveis bem como a aplicação das leis científicas deri-vadas; ambas especificamente obtidas e testadas atravésdo método científico. Nestes termos ciência é algo bemdistinto de cientista, podendo ser definida como o con-junto que encerra em si o corpo sistematizado e crono-
logicamente organizado de todas as teorias científicas -com destaque normalmente dado para os paradigmas vá-lidos - bem como o método científico e todos os recursosnecessários à elaboração das mesmas.
Da definição segue que um cientista é um elemento essen-cial à ciência, e como qualquer ser humano dotado de umcérebro imaginativo que implica sentimentos e emoções,o cientista certamente também tem suas crenças - convic-ções que vão além da realidade tangível - podendo esseaté mesmo ser, não raramente ou obstante, um teísta oureligioso convicto. Ao definirem-se ciência e cientista éde relevância ressaltar por tal que a definição de ciên-
cia exige expressamente que o cientista saiba manter taiscrenças longe de seus artigos científicos e das teorias ci-entíficas com as quais esteja a trabalhar; constituindo-se
estes dois elementos - ciência e cientista - por definiçõescertamente muito distintas, portanto.
Da correta compreensão é fato que a ciência não ex-clui os crentes, teístas ou religiosos do seu leque de ci-entistas; contudo é também fato que a ciência, graçasaos pré-requisitos do método científico, exclui por com-pleto, dela e de suas teorias científicas, as convicções nãotestáveis frente ou mesmo transcendentes ao factualmentereal; sendo a ciência, por parágrafo constitutivo explícitoem sua definição stricto sensu - e por ausência de fato
contraditório - expressamente cética e secular no que lhecabe[Nota 1] [Nota 2] [Ref. 2].
1 Etimologia e definição
A etimologia da palavra ciência vem do latim scien-tia ("conhecimento")[Ref. 3], o mesmo do verbo scire("saber") que designa a origem da faculdade mental doconhecimento [Ref. 4]. Esta acepção do termo se encontra,por exemplo, na expressão de François Rabelais: “Ciên-cia sem consciência arruína a alma”. Ele se referia assim
a uma noção filosófica (o conhecimento puro, a acep-ção “de saber”), que em seguida se tornou uma noçãoreligiosa, sob a influência do cristianismo. “A ciênciainstruída” referia-se então ao conhecimento dos religio-sos, da exegese e das escritas, parafraseando a teologia.A raiz “ciência” reencontra-se em outros termos taiscomo “a consciência” (etimologicamente, “com o conhe-cimento”), “presciência” (“o conhecimento do futuro”),“onisciência” (“o conhecimento de tudo”), por exemplo.
1.1 Definição larga
A palavra ciência possui vários sentidos, abrangendoprincipalmente três acepções [Ref. 5]:
1. Saber, conhecimento de certas coisas que servem àcondução da vida ou à dos negócios.
2. Conjunto dos conhecimentos adquiridos pelo estudoou pela prática.
3. Hierarquização, organização e síntese dos conhe-cimentos através de modelos e princípios gerais(teorias, leis, etc.).
Cita-se de passagem que o próprio conceito de teoria temvárias acepções não específicas que mostram-se muito
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2 1 ETIMOLOGIA E DEFINIÇÃO
distintas da que é encontrada em um meio científico,sendo entre estas certamente conhecida a acepção emsenso comum de teoria como algo duvidoso, não provado,descartável . Esta acepção e correlatas mostram-se con-tudo radicalmente diferente da acepção de teoria cientí-fica ao considerar-se a acepção stricto sensu da palavra
ciência.
1.2 Definição estrita
Observação:
*Sistemática*Controlada
Fatos:*Verificáveis
Hipóteses:*Testáveis
*Falseáveis
TEORIA CIENTÍFICA Con junto indissociável detodos os fatos e hipóteses,
harmônicos entre si.
MÉTODO CIENTÍFICO(Esboço)
ImplicaçõesConclusõesPrevisões
Experimentos*Novas observações*Análise lógica
Resultados
corroboram
teoria?
Novos Fatos
Reciclar Hipóteses
NÃO SIM
Esboço contendo os principais passos do método científico. Ob-serve que o método é cíclico de forma a promover a contínuaevolução das teorias científicas.
Segundo Michel Blay, a ciência é “o conhecimento claroe evidente de algo, fundado quer sobre princípios evi-dentes e demonstrações, quer sobre raciocínios experi-mentais, ou ainda sobre a análise das sociedades e dosfatos humanos [Ref. 6].” Esta definição permite distinguiros três tipos de ciência: as ciências formais, compre-endendo a Matemática e as ciências matemáticas comoa estatística; as ciências físico-químicas e experimentais(ciências da natureza e da terra como a física, química,biologia, medicina); e as ciências sociais, que ocupam-sedo Homem, de sua história, do seu comportamento, dalíngua, do social, do psicológico e da política, entre ou-
tros. No entanto, embora convencionais, seus limites nãosão rígidos, e não se mostrando estritamente definidos;em outras palavras, a rigor, não existe categorização sis-temática dos tipos de ciência, e para tentar-se fazê-lo ter-se-ia antes que resolver um complicado questionamentoepistemológico.
A stricto sensu, a ciência é única: se um corpo de conhe-cimento é produzido mediante os rigores do método cien-tífico, este é ciência, em caso contrário, bastando para taltranscender em qualquer ponto o método científico, nãoo é.
A ciência é única também ao considerar-se o conjunto
de evidências - de fatos - sobre o qual trabalha. Emboraseja comum priorizar-se ou destacar-se o subconjunto defatos mais pertinentes a um problema ou área de estudo
em particular - vez por outra falando-se pois nos “fatos dafísica”, “fatos da química”, etc. - uma hipótese científica,para ser aceita com valor lógico verdadeiro no paradigmacientífico válido, deve estar em acordo com todos os fatoscientíficos conhecidos à época em consideração.
As condições impostas sobre as hipóteses implicam nãoapenas que o conjunto de todas as hipóteses de uma teoriacientífica estejam necessariamente harmônicas com oconjunto de todos os fatos conhecidos, como também im-plicam a necessária harmônicas destas, e das diversas te-orias de um paradigma válido - quaisquer que sejam - en-tre si. Se divergências forem verificadas, as respectivasteorias encontram-se impelidas a evoluir.
1.3 Definições filosóficas
O pensador ; personificação da filosofia. Para os filósofos não
há uma definição única de ciência. Contudo, o que esperar delesquanto à definição de ciência? Os filósofos não se entendem nemquanto à definição de filosofia! [Nota 3]
Embora para um cientista a definição de ciência que valeé a estrita, há considerável discussão sobre o que é ci-ência no meio filosófico, e neste meio acham-se váriasdefinições de ciência, e várias considerações sobre suaabrangência.[Nota 4] [Nota 5].
A palavra ciência, no seu sentido estrito, se opõe à opinião(doxa em grego), e ao dogma, ou a afirmações de natu-reza arbitrárias. No entanto a relação entre a opinião de
um lado e a ciência do outro não é estritamente sistemá-tica; o historiador das ciências Pierre Duhem pensa comefeito que a ciência é a âncora no sentido comum, que
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1.4 Das correntes filosóficas à definição estrita 3
deve salvar as aparências.
O discurso científico se opõe à superstição e aoobscurantismo. Contudo, a opinião pode transformar-senum objeto de ciência, ou mesmo uma disciplina cientí-fica à parte. A Sociologia da ciência analisa esta articula-
ção entre ciência e opinião; os relatos são mais complexosou mais tênues em acordo com a situação, mas de formageral podem ser resumidos na frase de Gaston Bachelard:“a opinião pensa mal; não pensa”.[Ref. 7]
Em senso estrito a ciência certamente se opõe às cren-ças em seu método de trabalho, contudo em meios nãoacadêmicos, ou mesmo acadêmicos, é comum esquecer-se a última parte da frase, e afirmar-se simplesmenteque a ciência se opõe às crenças; por extensão a ciên-cia é frequentemente considerada como contrária às re-ligiões. Esta interpretação é mais comum do que sepensa, sendo frequentemente usada em ambos os lados,
embora com maior frequência por cientistas do que porreligiosos.[Nota 6]
A ideia de ciência com o objetivo de produzir conhe-cimento é problemática para alguns; vários dos domí-nios reconhecidos como científicos não têm por objetivoa produção de conhecimentos, mas a de instrumentos,máquinas, de dispositivos técnicos. Terry Shinn assimpropôs a noção de “investigação técnico-instrumental”[Ref. 8]. Os seus trabalhos com Bernward Joerges a pro-pósito da instrumentação[Ref. 9] assim permitiram desta-car que o critério científico não é atribuído unicamente àsciências do conhecimento.
A acepção da palavra ciência conforme definida no séculoXX e XXI é a da instituição da ciência, ou seja, o deconjunto das comunidades científicas que trabalham paramelhorar o saber humano e a tecnologia, incluso nestaacepção considerações de natureza internacional, meto-dológica, ética e ou política.
A noção de ciência acima apresentada, ou mesmo ou-tra, está longe, entretanto, de ser consensual. Segundo oepistemologista André Pichot, é “utópico querer dar umadefinição a priori da ciência” .
O historiador das ciências Robert Nadeau explica, por seulado, que é “impossível passar aqui em revista o conjuntodos critérios de demarcação propostos desde cem anos pe-los epistemologistas [para se definir ciência] ... [e que]
pode-se aparentemente formular um critério que exclui qualquer coisa que se queira excluir, e conserva qualquer coisa que se queira conservar.” [Ref. 10]
O físico e filósofo das ciências Léna Soler, no seu manualde epistemologia, começa igualmente por sublinhar peloslimites da operação de definição[Ref. 11].
Os dicionários propõem certamente algumas definições.Mas, como recorda Léna Soler, estas definições não sãosatisfatórias, como quase nunca são quanto o assunto são
verbetes ligados às cadeiras científicas. As noções deuniversalidade, de objetividade ou de método científico(sobretudo quando este último é concebido como a uma
única noção em vigor) é objeto de numerosas controvér-sias para que possam constituir o pedestal de uma defi-nição aceitável. É necessário, por conseguinte, ter emconta estas dificuldades para descrever a ciência. E estadescrição continua a ser possível tolerando-se certa vapo-rosidade epistemológica.
1.4 Das correntes filosóficas à definição es-trita
1.4.1 Empirismo
A ciência busca prever o futuro, contudo usar bola de cristal cer-tamente não é uma forma científica de se fazê-lo!
De acordo com o empirismo, as teorias científicas sãoobjetivas, empiricamente testáveis e preditivas — elaspredizem resultados empíricos que podem ser verificadose possivelmente contraditos.
Mesmo alheio à tradição empírica há de se compreen-der que “predição” em ciência refere-se mais ao planeja-mento de experimentos ou estudos futuros e às expectati-vas quanto aos resultados do que literalmente predizer ofuturo, mesmo que o número de acertos associados à pre-dição - graças a uma teoria bem corroborada - venha a serconsiderável. Certamente consegue-se hoje prever comenorme antecipação a hora de um eclipse, contudo dizerque “um paleontólogo pode fazer predições a respeito doachado de um determinado tipo de dinossauro" tambémé plenamente consistente com o uso empírico da predi-ção, mesmo que por um azar do destino, este nunca venhaa encontrá-lo. Embora a capacidade de fazer tais predi-ções certamente sejam objetivos destas cadeiras via avan-ços contínuos nos modelos associados, tem-se ainda queciências como a geologia ou meteorologia não precisamser capazes de fazer predições acuradas sobre terremotos
ou sobre o clima para serem qualificadas como ciência.Em particular para a meteorologia, com os avanços tec-nológicos verificados nas últimas décadas, não se “prevê"
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4 2 HISTÓRIA
mais o clima, se sim se “vê", via satélite, como estaráo clima daqui a uma semana ou mais. Expandindo umpouco o leque filosófico, o filósofo empírico Karl Popperargumentou que determinada verificação é em verdadeimpossível, e que a hipótese científica pode ser apenasfalseável (falseabilidade).
O Positivismo, uma forma de empirismo, defende a uti-lização da ciência, tal como é definida pelo empirismo, afim de governar as relações humanas. Em consequênciaà sua afiliação próxima, os termos “positivismo” e “em-pirismo” são geralmente usados intercambialmente. Am-bos têm sido objetos de críticas.
1.4.2 Realismo científico
Em contraste, o realismo científico define ciência em ter-mos da ontologia: a ciência se esforça em identificar os
fenômenos no meio, os elementos físicos envolvidos nes-tes fenômenos, suas relações de causalidade, e por fimos mecanismos através dos quais a causalidade se estabe-lece.
As posturas filosóficas fazem-se mais uma vez presentes:
W.V.Quine demonstrou a impossibilidadede existir umalinguagem de observação independente da teoria, ou seja,compreende-se o desconhecido com base no conhecido.As observações são sempre carregadas de teorias.
Thomas Kuhn argumentou que a ciência sempre envolve"paradigmas", grupos de regras, práticas, premissas (ge-
ralmente sem precedentes) e teorias tidas até então comoválidas, e as transições entre paradigmas geralmente nãoenvolvem necessariamente a verificação ou falseabilidadede teorias científicas. Além disso, ele argumentou que aciência não progrediu historicamente com a acumulaçãoconstante de fatos, como o modelo empirista expressa.
1.4.3 O melhor de cada uma
A ciência não morde a própria cauda.
É contudo verificável que o método científico - base dadefinição da ciência moderna - preserva os traços mais
importantes - estes não conflitantes - tanto da postura em-pirista como da realista. A saber identifica-se facilmente,nas teorias científicas modernas e no método, a existênciaobrigatória de um conjunto de fatos empíricos, a obri-gatoriedade do teste experimental, a previsibilidade defenômenos ou fatos ainda desconhecidos, a causalidade,
os mecanismos que implicam a relação de causa efeito, evários outros.
Em resumo, verificado que os dois juntos funcionam har-monicamente, se é a teoria que determina a observação(realismo), ou a observação que determina a teoria(empi-rismo) [Nota 7] - pelo menos à luz da ciência - não importa.O problema de se determinar o início e o fim de umacurva fechada (o método científico é descrito por um di-agrama fechado) não é um problema para a ciência, querseja este um problema filosófico, quer não.
2 História
2.1 Visão geral
Galileo Galilei , uma das grandes personalidades da época darevolução científica. Galileu é tido por muito como pai da ci-ência moderna graças às suas contribuições no que se refereao uso do método experimental na busca pela compreensão danatureza. Galileu morreu no ano em que Isaac Newton nasceu, esuas contribuição mostrariam-se decisivas para a consolidaçãoda mecânica clássica , levada a cabo por Newton com a publica-ção do " Principia".
Enquanto a investigação empírica do mundo naturalencontra-se descrita desde a antiguidade, a exemplo por
Aristóteles, Teofrasto e Caio Plínio Segundo (ver: ciência greco-romana), e o método científico desde a Idade Mé-dia, a exemplo por Ibn al-Haytham, Abu Rayhan Biruni e
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2.2 Origens da Ciência 5
Roger Bacon, o surgimento do que se chama hoje por ci-ência moderna é normalmente definido como coincidentecom o início da Idade Moderna e com uma fase da histó-ria que ficou conhecida como a Revolução Científica dosséculos XVI e XVII. Esse período sucede o final da IdadeMédia e engloba a Renascença, época marcada pela reto-
mada dos conhecimentos clássicos produzidos pelos gre-gos há cerca de dois milênios atrás e por uma subsequenteenorme evolução nas ideias científicas ligadas à física, àastronomia, e à biologia, entre outras [Ref. 12].
Não renegando-se a importância de obras e personalida-des anteriores, àquela época a primeira teoria que se con-solidaria em moldes modernos seria a teoria da mecânicaconforme proposta por Isaac Newton, encontrando-seesta pela primeira vez no renomado livro PhilosophiaeNaturalis Principia Mathematica, publicado em 5 de ju-lho de 1687. A obra se tornaria uma verdadeira lendadentro da história e da ciência pois a publicação do “Prin-
cipia” - conforme ficou conhecido - que contém, além dalei da gravitação universal, as três leis de Newton para adinâmica dos corpos, determinaria uma verdadeira revo-lução na ciência, na sociedade, e na forma de se pensar ecompreender a natureza.
Dada a acuracidade da teoria da mecânica frente os fatosconhecidos à época, nos dois séculos que se seguiram asideias mecanicistas do universo se propagaram com vigornão só para as diversas subáreas da física como tambémpara as mais variadas áreas do conhecimento, e sua difu-são seria tão frutífera abrangente que a visão de mundomecanicista perduraria sólida e inabalável até o primeiro
ano do século XX, ano em que Max Planck e cinco anosmais tarde Albert Einstein estabeleceriam um segundomarco na ciência, e levariam a ciência moderna à era dafísica moderna. Graças à física a ciência moderna se es-tabelecera, e graças a ela a ciência moderna evoluiria apassos largos no século XX - a ponto deste século ser re-conhecido pela comunidade científica como o século dafísica.
As mudanças mais recente e significativas nos paradig-mas científicos em tempos atuais se devem contudo nãoà física mas sim à outra área da ciência natural, a biologia.Ao que tudo indica, apoiada pelo avanço tecnológico-
científico ocorrido, a biologia será para a ciência do sé-culo XXI o que o a física representou para a mesma noséculo XX.
2.2 Origens da Ciência
Em uma visão cronológica a ciência nasceu como umatentativa de se achar respostas para os questionamentoshumanos, questionamentos como “o que há lá fora?", “doque o mundo é feito?", “qual é o segredo da vida?" e“como chegamos até aqui?" [Ref. 13]. Mais do que capaz de
satisfazer a curiosidade, mostrou-se gradualmente comouma verdadeira ocupação, inspirando trabalhos de vidasinteiras. Isso porque percebeu-se que, por meio da ob-
Ptolomeu. Na Grécia Antiga encontram-se as origens do pensa-mento científico.
servação e experimentação - do método científico - erapossível não só compreender o mundo que nos cerca mastambém a nós mesmos, isso de forma a impelir o de-senvolvimento de novas tecnologias e, assim, melhorar
a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, emboranão exista por si só e sim como uma produção humana,a ciência é, de longe, a ferramenta mais indispensável àmanutenção do progresso.
Com um longo caminho ainda a trilhar antes de atingira definição e status atual, o aqui com ressalvas chamado“pensamento científico” surgiu na Grécia Antiga com ospensadores pré-socráticos que foram chamados de Filó-sofos da Natureza e também Pré-cientistas. Nesse períodoa sociedade ocidental pela primeira vez ousou abandonara forma de pensar baseada em mitos e dogmas para esta-belecer uma nova forma de pensar, uma forma de pensar
naturalista baseada no ceticismo.O pensamento dogmático coloca as ideias como sendo su-periores ao que se observa. O Pensamento cético coloca oque é observado como sendo superior às ideias. Por maisque se observe fatos que destruam o dogma, uma pes-soa com pensamento dogmático preservará o seu dogma.Para a ciência uma teoria é composta por um corpo defatos e ideias, e se observarem-se fatos que comprovem afalsidade da ideia, o cientista tem a obrigação de modifi-car ou reconstruir a teoria.
Na época de Sócrates e seus contemporâneos, o pensa-mento científico se consolidou, principalmente com a di-
fusão do conceito de prova científica (ao rigor moderno,“evidência científica”, “fato científico”) atrelado à obser-vância de repetição do fenômeno natural.
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6 2 HISTÓRIA
Embora não se encontre na Grécia antiga a definição deciência em moldes modernos, é nela que encontra-se oprimeiro passo para se alcançá-la. Tanto as religiõescomo a ciência tentam descrever a natureza. A diferençaestá na forma de pensar. O cientista não aceita descre-ver o natural com o sobrenatural, e para ele é necessá-
ria a observação de evidências que eventualmente fal-seiam as ideias. Para um cientista a ciência é uma só,pois a natureza é apenas uma. Sendo assim, as ideiasda física devem complementar as ideias da química, dapaleontologia, geografia e assim por diante. Embora a ci-ência seja dividida em áreas, para facilitar o estudo, elaainda continua sendo apenas uma.
2.2.1 Da Escolástica à Renascença
Durante a Idade Média, os filósofos escolásticos criaram
uma visão dogmática de ciência que ainda hoje pode serencontrada em alguns livros e enciclopédias. Estes pen-sadores não admitiam o uso da matemática, aceitavamsomente a dialética e a lógica aristotélica como formas deanálise científica. O resultado disso é que nada de cientí-fico foi produzido durante a Idade Média. Os séculos quese passaram entre o declínio da sociedade grega antiga ea renascença ficaram conhecidos como “período das tre-vas” em consequência do marasmo científico associado,onde não apenas não se produz nada de novo em termos“científicos” como também se abandona o que havia sidoproduzido antes pelos gregos e outros.
Na Renascença, os pensadores literalmente retomaramo pensamento científico pré-socrático, e passam a usara matemática como forma de análise científica. GalileuGalilei e Descartes são nomes de destaque desta época.Após a retomada do pensamento científico pré-socrático,voltou-se a evoluir cientificamente.
2.2.2 Matemática e Lógica não são ciências
Já na Grécia antiga os filósofos pré-socráticos discutiamse iriam atingir a verdade através das palavras ou dos nú-meros. Os sofistas defendiam que iriam atingir a ver-
dade através das palavras. Os pitagóricos, seguidoresde Pitágoras, defendiam que atingiriam a verdade atra-vés dos números.
Aristóteles formalizou o pensamento lógico dedutivo. NaIdade Média, o pensamento lógico dedutivo foi usado emabundância pelos filósofos escolásticos e o resultado foium total vazio científico durante essa época. Francis Ba-con, na Renascença, afirmava que A lógica de Aristótelesé ótima para criar brigas e contendas, mas totalmente in-capaz de produzir algo de útil para a humanidade.
Sócrates, Platão e Demócrito defendiam que somente a
matemática traz clareza ao pensamento.O pensamento lógico alheio ao fato experimental já sedemonstrou ineficiente para criação de teorias científicas
Embora a matemática e a lógica sejam indispensáveis à ciência,estas não são - aos rigores do método científico - ciências.
e para descrever a natureza. René Descartes, já afirmavaque: Matemática é uma ferramenta para se fazer ciência,mas não é uma ciência. Isso ocorre, pois palavras e nú-meros não existem na natureza, portanto não são ciência.Mas a matemática já se mostrou e é contudo ótima ferra-menta para o estudo e formulação de teorias científicas.A rigor, matemática e lógica não são ciências, contudo,dada as suas aplicações dentro da ciência, são indispensá-veis para se fazer ciência. A matemática - incluso a lógica
- é a linguagem com a qual se descreve a natureza.
2.3 Pilares do pensamento científico
A ciência constrói castelos de realidade sobre fundações tangí-veis, e não castelos de fantasias sobre ilusões.
Com os gregos encontra-se a origem da ciência e de lápara cá aprendeu-se muito, de forma que hoje pode-sedizer que a ciência apóia-se basicamente, entre outros,
sobre cinco pilares:
1. Princípio fundamental : o principal objetivo da ci-
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ência é compreender o Universo em sua realidade etotalidade.
2. Princípio Uno: a ciência é única pois o universo tan-gível também o é.
3. Principio naturalista: nunca usar o sobrenatural paradescrever a natureza e o Universo. As ideias pro-postas devem manter-se compulsoriamente atadas afatos naturalmente verificáveis; devem ser inequivo-camente corroborada por tantos quanto os possíveis,e por pelo menos por um.
4. Princípio da falseabilidade: as hipóteses devem sersempre testáveis (falseáveis); apenas um novo fatoverificável contudo contraditório é suficiente paraque as ideias teóricas conflitantes sejam compulso-riamente recicladas ou abandonadas.
5. Princípio da generalidade e simplicidade: as teo-rias científicas devem ser as mais simples e abran-gentes possíveis. Trata-se da conhecida Navalha deOckham: “se em tudo o mais forem idênticas as vá-rias explicações de um fenômeno, a mais simples é amelhor”(Williamde Ockham). Igualmente assume-se que: se em tudo o mais forem igualmente com-plicadas as várias explicações para um conjunto defenômenos em enfoque, a mais abrangente é a me-lhor.
3 Método científico
O modelo de Bohr do átomo. A evolução do modelo atômico damatéria - desde sua proposição por Leucipo e Demócrito até o
paradigma mais atual, o modelo atômico dos orbitais - fornecebom exemplo de como a ciência trabalha, e de que as teorias- quando em acordo com o método científico - evoluem com otempo.
Os termos "modelo", "hipótese", "lei" e "teoria" têm sig-nificados diferentes em ciência e na linguagem coloquial.
Os cientistas usam o termo modelo para referir-se a umaou um conjunto de construções abstratas ou mesmo ma-teriais construídas sobre hipóteses cientificamente corro-boradas que permitam estabelecer uma representação deum dado objeto ou fenômeno - geralmente mas não obri-gatoriamente específico - em estudo. Sua construção têm
por fim, via analogia, uma melhor compreensão do fenô-meno ou objeto modelado. A palavra é pois usada em ci-ência com a acepção estrita desta - o de fruto de um traba-lhode modelagem. Os modelos são elaborados a partir dacoleta de dados (fatos) e observação cautelosa, e construí-dos de forma que possam ser usados para inferir carac-terísticas e fazer predições testáveis por experimento ouobservação. Os testese observaçõessão contudo executa-dos sobre o objeto ou fenômeno em si, e não sobre o mo-delo, e os resultados são usados para aprimorar tanto a te-oria associada como os modelos em si. A diferença entreum modelo científico e um artístico reside pois apenas no
objetivo final e na metodologia empregada para construí-lo. Em modelos científicos, é certamente obrigatório quea metodologia empregada esteja em pleno acordo com ametodologia científica. Os modelos, assim como as hi-póteses e fatos científicos associados, também integram,certamente, as teorias científicas, sendo em verdade tãoessenciais às teorias quanto os demais.
Ao falar-se de modelo é importante ressaltar que, pormais trabalhado e elaborado que seja um modelo, um mo-delo não é o objeto que se modela, e há sempre o nele semelhorar, sendo o trabalho de modelagem, em verdade,um trabalho sem fim. Ao fim do raciocínio é possível até
mesmo interpretar as teorias científicas como grandes esofisticados modelos acerca da natureza. O eterno traba-lho de aperfeiçoá-los cada vez mais - quer em detalhesquer em abrangência - constitui o principal objetivo daciência e a labuta diária dos cientistas.
Uma hipótese científica é uma proposição falseável e tes-tável acerca de algum fato, conjunto de fatos ou fenôme-nos naturais. Em princípio, embora nem toda hipóteseseja científica, todas as ideias científicas são hipóteses, oque equivale a dizer que a ciência é cética, por definição.Há contudo uma “hierarquização” das hipóteses dentroda ciência em função de sua relevância e em função do
nível de corroboração por evidências que as mesmas pos-suam. As hipóteses nascem como simples conjecturas,geralmente carecendo ainda dos testes experimentais (esimilares) pertinentes ao método científico. Recebendo acorroboração por parte dos primeiros testes, e nenhumacontradição, esta eleva-se ao nível de “hipótese” plausí-vel, e na sequência, à medida que a abrangência e o nívelde corroboração aumentam, esta pode elevar-se ao nívelde postulado.
Um postulado é uma hipótese que, em vista de conside-ráveis corroborações e ausência de contradição, mantidoo ceticismo científico, passou a ser aceita como verdade,
já podendo e geralmente sendo utilizada como base paraa dedução ou a corroboração lógica de outras verdadescientíficas.
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8 3 MÉTODO CIENTÍFICO
Uma lei física ou uma lei da natureza consiste em uma hi-pótese que conseguiu, após exaustivos, variados e abran-gentes testes, todos favoráveis à sua veracidade, alcançarum patamar que lhe permite ser usada como uma descri-ção científica generalização de uma ampla gama de ob-servações empíricas. O poder de uma lei científica ge-
ralmente reside em sua simplicidade e abrangência, con-tudo não se deve esquecer que esta é, antes de tudo, assimcomo as demais ideias científicas, uma hipótese.
A palavra teoria é mal entendida particularmente pe-los não profissionais. O uso comum da palavra “teoria”refere-se a ideias que não possuem provas firmes ou base.Neste contexto não científico uma teoria seria a mais vildas hipóteses, bem abaixo de uma simples conjectura.No meio acadêmico, entretanto, a acepção de teoria édrasticamente diferente; os cientistas usam essa palavracomo referência ao corpo de ideias que permite fazer des-crições e predições geralmente mas não necessariamente
específicas, ideias estas necessariamente embasadas emum conjunto bem estabelecido de fatos científicos, e ne-cessariamente falseáveis perante tais, ou, principalmente,perante fatos sendo descobertos. Ressalta-se que fatos so-zinhos não têm sentido, sendo a relação cronológica cau-sal dos mesmos - o sentido dos mesmos - estabelecidapelas ideias. Igualmente ideias sem fatos que as corro-borem estão livres da necessária conexão com a ciênciado real, e apesar de poderem manter entre si estrutura ló-gica impecável, não estão nestes termos obrigatoriamenteconexas à realidade, e assim não constituem uma teoriacientífica por si só. A teoria é assim não somente o con-
junto de ideias, nem tão pouco somente o conjunto defatos, mas a união indissociável dos dois conjuntos, o deideias e o de fatos, ambos necessariamente estabelecidosnos moldes científicos.
A teoria da gravitação universal de Newton é um corpode ideias que permite ao cientista explicar um conjuntode fatos observacionais relacionados, a exemplo, a quedade uma maçã ou mesmo o movimento da lua ao redorda Terra. Além disso, esta teoria permite fazer predi-ções sobre novas ocorrências, a saber como estes corposcomportar-se-ão com o passar do tempo, ou como ou-tros corpos massivos, a exemplo, um satélite artificial ou
uma sonda espacial, mover-se-ão sob a mesma influênciacausal que determina a ocorrência das observações ante-riores conforme foram observadas. Fatos e ideias andamnecessariamente juntos em um teoria científica.
Uma teoria especialmente frutífera que tem sobrevividoa incontáveis testes ao longo do tempo e tem uma consi-derável quantidade de evidências integrando-a é dita pormuitos, inclusive por cientistas, quando não muito cau-telosos com suas palavras, “provada”. No sentido cien-tífico estrito, entretanto, uma teoria científica, qualquer que seja, nunca é provada. Não se prova uma teoria ci-entífica. Uma teoria científica, entendida em termos exa-
tos não somente como o conjunto de ideias pertinentesà descrição e previsão de fatos, mas como a união in-dissociável deste conjunto de ideias e do conjunto de fa-
O modelo de Watson e Crick para a estrutura do DNA.
tos naturais pertinentes, nunca encontra-se provada poisnão se prova a veracidade de uma ideia em ciência. Uma
ideia científica é uma eterna hipótese, necessariamentefalseável, e por tal, nunca é provada, pois não se pode ga-rantir que em algum momento futuro uma nova evidên-
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3.1 Matemática e o método científico 9
cia, até então desconhecida, venha a contradizê-la [Nota 8].Em acordo com o descrito, o uso da palavra “provada”,quando anexo ao conceito de teoria, é desencorajado, ese encontrado, deve ser substituído pela ideia correta queexpressa, a de uma teoria exaustivamente testada e corro-borada frente ao conjunto, neste caso consideravelmente
grande e abrangente, de fatos que a integra. Diz nestecaso que a teoria é universalmente aceita até aquela data,ou ainda, que constitui um paradigma científico válido atéaquele data.
Algumas teorias científicas universalmente aceitas taiscomo a teoria heliocêntrica, a teoria atômica, a teoria doelectromagnetismo e a evolução biológica encontram-seem teste frente aos fatos naturais já há séculos, e estãotão bem estabelecidas que é atualmente inconcebível ummeio que permita a descoberta de um fato pela qual estaspossam ser falsificadas. Outras, tais como a relatividadee a mecânica quântica têm sobrevivido a testes empíri-
cos rigorosos sem serem contraditas nas últimas décadasapenas, e por tal encontram-se sobre escrutínio cerradodos pesquisadores. Mas não há garantia de que elas nãoserão um dia suplantadas, e isto vale igualmente para to-das elas, e não só para as últimas. “Teorias” ainda maisrecentes tais como a teoria da rede ou teoria das cordaspodem conter ideias promissoras passíveis de serem tes-tadas, mas ainda não receberam nem mesmo o título deteorias científicas uma vez que estas não encerram umconjunto razoável de fatos capaz de corroborar as ideiasque propõem. Em outras palavras:
TEORIA CIENTÍFICA, CORROBORA-SE OU É CONTRADITA, POR FATOS CIENTÍFICOS.JAMAIS SE PROVA UMA TEORIA CIENTÍ-FICA.
Os cientistas nunca falam em conhecimento absoluto.Diferentemente da prova matemática, uma teoria cien-tífica “provada” está sempre aberta à falseabilidade se no-vas evidências forem apresentadas. Até as teorias maisbásicas e fundamentais podem tornar-se superadas se no-vas observações mostrarem-se inconsistentes com suasideias.
As teorias da dinâmica e gravitação universal de Newton,que integram a teoria da mecânica clássica, são exemplosde teorias que perduraram absolutas durante séculos, mascujas ideias não puderam se sustentar frente a fatos oriun-dos de experimentos envolvendo movimentos em veloci-dades próximas à da luz, frente à dimensões nanométri-cas, ou em proximidade a campos gravitacionais muitofortes, experimentos que tornaram-se passíveis de seremlevados a cabo somente no século XX. Na ausência des-tes novos fatos as Leis de Newton continuam sendo umexcelente modelo para o movimento e para a gravidade,mas uma evolução fez-se necessária: há hoje teorias mais
abrangentes, capazes de descrever a relação cronológicacausal inclusive para os novos fatos; a saber a relatividadegeral e a mecânica quântica detém atualmente o status de
paradigmas válidos nestas áreas. Ressalva-se entretantoque a mecânica clássica não foi abandonada, não foi para“o lixo”, e ainda é o paradigma ensinado à praticamente atotalidade da população mundial que frequenta um cursode ensino médio [Nota 9]. A razão é óbvia: restringindo-seao subconjunto de fatos sobre os quais a mecânica clás-
sica se ergueu, a quase totalidade de fatos naturais aces-síveis aos “simples mortais” em seu dia-a-dia, a mecâ-nica clássica permanece sendo uma excelente teoria paraexplicá-los. Nem mesmo a conquista espacial exige teo-rias além da clássica. Contudo, sabe-se hoje que a natu-reza é mais complexa do que ela prediz.
3.1 Matemática e o método científico
A Matemática é essencial para muitas ciências. A funçãomais importante da Matemática na ciência é o papel que
ela desempenha na expressão de modelos científicos. Co-lher dados a partir da observação bem como hipotetizar eprever geralmente requerem modelos matemáticos e umextensivo uso da Matemática.
Apesar de todos os ramos da Matemática terem suas apli-cações em ciência - mesmo áreas “puras” tais como ateoria numérica e a topologia - há de se mencionar queos ramos matemáticos mais utilizados na ciência incluemo cálculo e a estatística. Em verdade, o cálculo foi de-senvolvido por Isaac Newton como uma ferramenta ne-cessária para este resolver os problemas de física com osquais se preocupava. Uma análise rigorosa mostra que
não é possível desvincularem-se a história da matemáticada história da ciência, principalmente no que concerne àsciências naturais tais como a Física ou a Química, ondeesta prevalece como uma linguagem universal. Emboracertamente presente em menor nível em algumas ciênciassociais, a Matemática encontra-se de alguma forma pre-sente em todas as ciências visto que a Lógica é um ramoda Matemática.
Alguns pensadores veem os matemáticos como cientistas,considerando os experimentos físicos como não essenci-ais ou as provas matemáticas como equivalentes a expe-rimentos. Outros não veem a Matemática como ciência,
já que ela não requer teste experimental de suas teoriase hipóteses. Embora a decisão sobre quem está certo ouerrado recaia mais uma vez sobre os ombros da filosofiae seus filósofos - é há uma área filosófica especialmentededicada à Matemática - em qualquer caso não é umadiscussão filosófica se a Matemática é ou não uma lin-guagem natural e universal, e por tal uma ferramenta ex-tremamente útil na descrição do universo, indispensávelà ciência. Alvo dos filósofos e demais personalidades, adefinição de matemática, vez ou outra, passa pelos mes-mos apertos que a definição de ciência.
Richard Feynman disse “A Matemática não é real, mas sesente
real. Onde é esse lugar?",enquanto que a definição favorita de Bertrand Russell so-bre a Matemática é:
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10 4 OBJETIVOS
1 2 3 4 5
700
800
900
1000
Experiment No.
S p e e d o f l i g h t ( k m / s m
i n u s 2 9 9 , 0
0 0 )
true speed
Resultados da famosa Experiência de Michelson-Morley expres-sos via linguagem matemática adequada. A teoria da medida é
fundamental à representação verossímil e correta dos resultadosexperimentais.
“o assunto no qual nunca sabemos do que estamos falandonem se o que estamos dizendo está certo.”
Em qualquer caso, não é uma discussão filosófica se a Ma-temática é ou não uma ferramenta válida para a descriçãodo universo. A Matemática é uma linguagem natural, epor tal fundamentalmente necessária à ciência.
É importante ressaltar que, em vista do método cientí-fico, a matemática, por si só, não é uma ciência, contudoesta é certamente a linguagem da ciência. Dentre todas aspossíveis linguagens que poderiam ser usadas para a des-crição da natureza em alternativa à matemática, a mate-mática é, em proporção similar à de um átomo para todoo universo conhecido, a mais versátil, simples, e eficaz; epor tal, a unanimemente eleita: simplesmente indispen-sável. Em palavras simples:
“A natureza se escreve - ou seria escreve-se - em lingua-gem matemática!"
4 Objetivos
A ciência não se considera dona da verdade absoluta einquestionável. A partir do racionalismo crítico, todasas suas “verdades” podem ser quebradas, bastando ape-nas um pingo de evidência. A ciência pois cria modelose destes tira conclusões acerca da realidade intrínseca einerente ao universo natural, valendo-se para tal de obser-vações cautelosas da natureza, de experimentação, e dosfatos destas resultantes.
A ciência não é uma fonte de julgamentos de valores sub-jetivos [Nota 1], apesar de poder certamente tomar parteem casos de ética e política pública ao enfatizar as pro-
A ciência tem objetivos definidos, e embora nem sempre acertena mosca, ela esforça-se ao máximo para fazê-lo, e mantém-sesob intenso e constante treino.
váveis conseqüências naturais das ações tomadas. O quealguém projeta não apenas a partir de hipóteses cientí-ficas válidas mas também a partir de bases oriundas deoutras áreas de conhecimento que não as científicas nãose configura em um tópico científico, e o método cien-tífico não oferece qualquer assistência ou corroboraçãopara quem deseja fazê-lo dessa maneira. A justificativacientífica - via refutação - para muitas coisas é, ao con-trário, frequentemente exigida e, por questão de lógica,espera-se que válida, mesmo em áreas fora da ciência.Faz-se claro contudo que, nestes casos, os valores dos jul-gamentos sobre o que concerne à ciência - tais como ve-racidade e cientificidade da questão - são intrínsecos àciência.
O objetivo subjacente - o propósito da ciência para a so-ciedade e indivíduos - é o de produzir modelos úteis darealidade. Tem-se dito que é virtualmente impossívelfazerem-se inferências a partir dos sentidos humanos querealmente descrevam o que "é". Por outro lado, comodito, a ciência pode fazer predições baseadas em em te-orias oriundas das observações, e é inegável que essaspredições geralmente beneficiam a sociedade ou indiví-duos humanos que fazem uso delas; por exemplo, a físicaNewtoniana, e em casos mais extremos a relatividade,nos permitem compreender e predizer desde a dinâmicade uma uma bola de bilhar e o efeito que terá em ou-tras até trajetórias de sondas espaciais e satélites. Doefeito em uma bola de futebol ao voo de um avião pas-sando certamente pela construção de casas e edifícios,deve-se muito à mecânica de Newton. As ciências so-ciais nos permitem predizer (com acurácia limitada atéagora) coisas como a turbulência econômica e também
permitem melhor entender o comportamento humano,o que leva à produção de modelos úteis da sociedade econsequências como a elaboração de políticas governa-
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mentais mais adequadas visto que encontram-se empiri-camente suportadas. A Física, a Química e a Biologiajuntas têm transformado nossa vida diária ao fornecerema estrutura tecnológico-científica necessária para se trans-ferir o árduo labor antes diretamente posto pela naturezasobre nossos ombros à maquinaria auxiliar que hoje nos
cerca. Nos tempos modernos, essasdisciplinas científicassegregadas estão cada vez mais sendo utilizadas conjun-tamente a fim de produzirem-se modelos e ferramentascada vez mais complexos.
Em resumo, a ciência produz modelos úteis sobre o uni-verso natural os quais nos permitem fazer predições econstruir equipamentos de apoio cada vez mais úteis. Aciência tenta descrever o que é e procura dizer o que podeser ,masnãoécapazde impor oqueéouoqueserá-oqueé impossível de se fazer, para razões naturais. Procurafazer com que a natureza jogue a nosso favor [Nota 10], enão contra nós, sem contudo afrontá-la. A ciência é uma
ferramenta útil … é um corpo crescente de entendimentoque nos permite identificarmo-nos mais eficazmente como meio ao nosso redor e nos permite decidir sobre a me-lhor forma de adaptarmo-nos e evoluirmos como uma so-ciedade unida, contudo independentemente.
A ciência é uma atividade coletiva , por razões práticas , e por
definição. Na foto, Niels Bohr , Werner Heisenberg , WolfgangPauli , Otto Stern , Lise Meitner e outros, em um colóquio com o
ganhador do Prêmio Nobel de Física , em 1937.
O individualismo é uma suposição tácita subjacente amuitas bases empíricas da ciência que trata a ciênciacomo se ela fosse puramente uma forma de um único in-divíduo confrontar a natureza, testando e predizendo hi-póteses. Ao rigor da análise, contudo, a ciência é sempreuma atividade coletiva conduzida por uma comunidadecientífica. Isso pode ser demonstrado de várias manei-ras; mesmo o resultado mais básico e trivial proveniente
da ciência é comunicado com uma linguagem; é por talde se esperar que os valores das comunidades científicaspermeiem a ciência que elas produzam.
5 Filosofia da ciência
A eficácia da ciência a tornou assunto de questiona-mento filosófico. A filosofia da ciência busca entendera natureza e a justificação do conhecimento científico esuas implicações éticas. Tem sido difícil fornecer umaexplicação do método científico definitiva que possa ser-vir para distinguir a ciência da não-ciência, e, mesmo quepara um cientista a fronteira mostre-se precisa e clara, háem princípio argumentos filosóficos legítimos sobre exa-tamente onde estão os limites da ciência, e tais são tradu-zidos no que é conhecido como problema da demarcação.Há, no entanto, um conjunto de preceitos principais quepossuem um consenso entre os filósofos da ciência e den-tro da comunidade científica. Por exemplo, é universal-mente aceito que deve ser possível testar independente-mente as hipóteses e teses científicas de outros cientistaspara que sejam aceitas pela comunidade científica.
Há diferentes escolas do pensamento na filosofia dométodo científico. O naturalismo metodológico man-tém que a investigação científica deve aderir aos es-tudos empíricos e verificação independente como pro-cesso para desenvolver e avaliar apropriadamente as ex-plicações naturais de fenômenos observáveis.<ref group= “Ref.” name = 'TheReviewofmetaphysics” /> Dessemodo o naturalismo metodológico rejeita explicaçõessobrenaturais, argumentos de autoridades e estudos ob-servacionais tendenciosos. O racionalismo crítico por ou-tro lado afirma que a observação não tendenciosa não épossível, e que a demarcação entre explicações classifi-
cadas como “naturais” e “sobrenaturais” é arbitrária; nolugar deste critério ela propõe a falseabilidade como olimite para as teorias empíricas (científicas) e falsifica-ção como o método empírico universal. O racionalismocrítico, uma corrente do racionalismo em princípio defi-nida pelo filósofo austro-britânico Karl Popper rejeita amaneira como o empirismo descreve a conexão entre te-oria e observação. É afirmado que as teorias não derivamdas observações, mas que as observações são feitas à luzdas teorias, e o único jeito que uma teoria pode ser afe-tada pela observação é quando esta entra em conflito comaquela. Elepropõe que a ciência deveria se contentar com
a eliminação racional dos erros em suas teorias, não embuscar a sua verificação (como afirmar certeza, ou prova,e contraprova provável; tanto a proposta como a falsifica-ção de uma teoria são apenas um caráter metodológico,conjectural e tentador no racionalismo crítico) [Ref. 14]. Oinstrumentalismo rejeita o conceito de verdade e enfatizaapenas a utilização das teorias como instrumentos paraexplicar e predizer fenômenos [Ref. 15].
6 Classificações
Ao se falar em classificações da ciência nãose deve jamaisesquecer, antes de tudo, que a ciência tem pilares muitobem definidos sobre os quais esta se constrói, e que entre
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12 6 CLASSIFICAÇÕES
eles têm-se pilares os quais afirmam que a ciência é umasó, e que ela tem fronteiras muito bem definidas.
Segue-se que as classificações são feitas apenas por meraquestão de sistematização ou referência, o mesmo va-lendo para a divisão das “classes” nas respectivas su-
báreas - a exemplo em cadeiras científicas como física,química, e outras - e até mesmo para as subáreas espe-cíficas à cada subárea - a exemplo a termodinâmica, oeletromagnetismo ou a ótica, subáreas da física, esta porsua vez uma subárea das ciências naturais, que é subá-rea das ciências empíricas, correspondendo a última, emmesmo nível das ciências formais, a uma das duas gran-des classes na qual a ciência é geralmente separada.
Enfatizando, ao lidar-se com qualquer classificação, di-visão ou subdivisão da ciência, tem-se que ter em menteque estas se dão por mera formalidade e não por indepen-dência das partes, e não se deve jamais esquecer o “prin-
cípio Uno": a ciência tem fronteiras muito bem definidas,e é uma só.
6.1 Ciências empíricas e formais, e ciên-cias naturais e sociais
Os fatos científicos , embora não necessariamente reprodutíveis,
devem ser sempre verificáveis. Neste aspecto as ciências naturais geralmenteestão em vantagem se comparadas às ciências sociais.Em destaque na foto, fóssil de um “Apatosaurus” em um museude história natural .
Uma das classificações mais fundamentais da ciência sedá em função dos objetos ou alvos de estudo. Neste nívela ciência geralmente é separada em ciências formais - ge-ralmente voltadas ao estudo das ferramentas necessáriaspara se fazer ciência - a citar-se a linguagem matemáticacomo o exemplo imediato - e em ciências empíricas, estasvoltadas ao estudo dos fatos e fenômenos naturais em si -
incluso o Homem em sua integridade.As ciências formais dedicam-se às ideias, ou seja, ao es-tudo de processos puramente lógicos e matemáticos. São
objetos de estudo das ciências formais os sistemas for-mais, como por exemplo, a lógica, matemática, teoria dossistemas e os aspectos teóricos da ciência computacional,teoria da informação, microeconomia, teoria da decisão,estatística e linguística.
Sobre as ciências formais é contudo importantelembrarem-se aqui os pilares e limites da ciência bemcomo a questão de a matemática ser ou não ciência,questão já debatida e adequadamente respondida emseções anteriores. Considerações pertinentes e similarescabem também a todas as ciências formais, certamente.
Por sua vez as ciências empíricas se dividem em duasclassificações: ciências naturais, cujo alvo principal de es-tudo é a natureza como um todo aparte o comportamentohumano em específico, e ciências sociais, que estudam ocomportamento do Homem e suas sociedades.
As ciências sociais estudam os aspectos sociais do mundo
humano, ou seja, a via social de indivíduos e grupos hu-manos. Isso inclui Antropologia, estudos da comunica-ção, Economia,Geografia humana, História, Linguística,ciências políticas, Psicologia e Sociologia.
Embora o alvo de estudo das ciências sociais seja umalvo científico legítimo, a metodologia específica empre-gadas por muitas subáreas de estudo neste grupo encer-radas muitas vezes exigem importantes considerações arespeito dos pilares da ciência, principalmente quanto aoassociado às suas fronteiras. Ao se considerarem as ciên-cias sociais não é raro encontrarem-se estudos no limitedo que se considera científico.
As ciências naturais, por vezes também chamadas de re-ais, fáticas ou factuais, se encarregam de estudar os fa-tos e fenômenos naturais em si - aparte a questão hu-mana, como dito. Por encontrarem-se facilmente apoi-adas na observação e na experimentação, geralmente nãoimplicam considerações mais rigorosas quanto à unici-dade e fronteiras da ciência, sendo o método científico fa-cilmente compatível com a metodologia específica a cadauma das subáreas neste grupo - qualquer que seja a esco-lhida - e por tal seguido em essência .
As ciências naturais estudam o universo, que é entendidocomo regulado por regras ou leis de origem natural, ouseja, os aspectos físicos, ficando os aspectos humanos ge-ralmente em segundo plano - estes deixados estes para asciências sociais. Isso é válido para praticamente para to-das as subáreas - todas as cadeiras científicas - a saber aAstronomia, Biologia, Física, Química, Geografia e e ou-tras. As cadeiras que visam estudar diretamente os fenô-menos ligados ao planeta Terra, entre elas a geografia,geologia, e outras, geralmente são classificadas em umgrupo nomeado ciências da terra, e não obstante fala-secom frequência em ciências naturais e da terra.
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6.3 Ciências exatas e inexatas 13
6.2 Ciências puras e aplicadas
Esta classificação envolve a motivação e finalidade dosestudos científicos em consideração, e há neste esquemade classificação duas classes principais: as ciências puras,também chamada de ciências fundamentais ou ainda ci-
ências básica, que têm por objetivo o “conhecimento” emsi, o “conhecer por conhecer” - aparte da sua utilidade -e as ciências aplicadas, que estudam formas de aplicar oconhecimento humano - geralmente oriundos da primeira- em benefício do Homem.
As ciências puras ou ciências fundamentais englobam aparte da ciência que busca compreender os mais bási-cos elementos da natureza tais como as partículas fun-damentais, as relações entre eles - expressas geralmentevia conceito de força fundamentais, e as leis que os go-vernam; seguindo a lógica doreducionismo científico deforma muito difundida, geralmente pressupõe-se nesta
classe que todos os outros fenômenos podem ser em prin-cípio compreendidos a partir dos fundamentais. Há umadiferença marcante entre ciência pura e ciência aplicada,portanto: as ciências puras, em contraste com as ciên-cias aplicadas, são marcadas por buscarem as minúciasdo conhecimento básico que desenvolvem, a compreen-são a mais completo possível acerca do objeto em estudo.A ciência básica é o coração de todas as descobertas, e oprogresso científico é feito geralmente tendo a mesma porcatapulta. A ciência pura é independente da preocupaçãocom aplicações práticas.
As ciências aplicadas visam a aplicação do conhecimento
para a solução de problemas práticos, e geralmente umavez solucionados, não se preocupam em ir muito alémdisto, a não ser que um problema prático mais compli-cado se siga à solução do primeiro. As ciências aplicadassão importantes para o desenvolvimento tecnológico, eidentificam-se de maneira forte com o que se denominatecnologia. Seu uso no cenário industrial é normalmentereferenciado como pesquisa e desenvolvimento (P&D).
6.3 Ciências exatas e inexatas
Esta classificação divide as ciências de acordo com o graude precisão das descrições e previsões realizadas combase nos modelos - nas teorias - científicas pertinentes.As ciências exatas são em princípio capazes de fornecerresultados com elevado grau de precisão acerca dos siste-mas abrangidos - envolvendo sempre modelos matemáti-cos geralmente acurados - enquanto as ciências inexatas
as previsões são geralmente direcionais, e não exatas. Aexemplo, pegando-se dois casos situados em extremida-des opostas em temos de precisão, é possível prever-secom precisão “exata” e confirmar-se com certeza expe-rimental na casa dos milímetros qual será a trajetória daLua ao redor da Terra, contudo embora se possa descre-
ver, com base na psicologia [Nota 11], o “modus operandi”de um maníaco e a partir dela se cogitar as ações futu-ras deste, não é possível prever-se com precisão qual será
seu próximo passo, onde este se dará, ou mesmo se elevai realmente dá-lo.
Toda medida experimental traz consigo uma incerteza inerente,e esta também deve constar no relatório associado. Na figura,
gráfico relacionado à física do estado sólido apresentando os re-sultados experimentais pertinentes em forma adequada: repareas barras de incerteza vertical acompanhando o “valor medido” em cada ponto. A incerteza horizontal confunde-se em princípiocom a largura do ponto. Apresenta-se também uma modelagemmatemático-analítica dos resultados.
Frente à classificação aqui proposta é importante ressal-tar que não existe medida experimental absolutamenteprecisa. Toda medida envolve no mínimo considera-ções a respeito da precisão e qualidade dos aparelhosusados para executá-la - não sendo certamente este oúnico fator a contribuir para a incerteza final da medida.Ressaltando-se que “incerteza” não é o mesmo que “erro”quando empregado no sentido de realizar-se o experi-mento de forma incorreta, ou seja, executarem-se pas-sos que comprometam a validade dos resultados duranteo experimento, incerteza é algo inerente ao processo demedida, associada não só ao processo de leitura da escala
no instrumento em si como também a perturbações ale-atórias ou sistemáticas no sistema durante este processo;perturbações estas certamente controláveis e geralmentemantidas em níveis satisfatórios - sendo esta a razão daexistência dos laboratórios - contudo raramente eliminá-veis - e em verdade, segundo proposto no princípio daincerteza de Heisemberg, algo intrínseco à natureza.
Toda medida experimental deve ser acompanhada de suaincerteza, havendo áreas da matemática e da própria ci-ência especializadas no assunto de como se expressar ese tratar as medidas e as associadas incertezas de formaque, mesmo com as últimas presentes, informações se-
guras possam ser alcançadas a partir das medidas. Anoções de algarismos significativos e notação científica- incluindo-se a faixa de incerteza, e de barras de incerte-
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14 6 CLASSIFICAÇÕES
zas em expressões gráficas de medidas - são geralmenteensinadas nos cursos de física do ensino médio logo nasprimeiras séries. Em cursos superiores estudam-se tam-bém, ainda nos primeiros semestres, os principais tópicosligados à teoria da medida. Nestes termos, quando diz-seque os modelos matemáticos atrelados às ciências exatas
fornecem descrições e previsões “exatas” a respeito dosistema em consideração está-se em verdade a dizer queos resultados através deles obtidos estão dentro do limite- e geralmente, por idealização dos modelos, no centro -das faixas de incertezas experimentalmente obtidas.
É importante perceber que não é o nível de acuracidade -a exatidão ou ausência de incerteza - nas previsões feitasa partir da teoria que definem se uma teoria é científicaou não; mesmo porque não existe teoria absolutamenteprecisa em ciência visto que não há medida experimen-tal absolutamente precisa. O que define se uma teoria écientífica ou não é a obediência rigorosa ou não da me-
todologia empregada tanto na obtenção dos fatos quantona formulação das ideias e na obtenção das conclusões eprevisões derivadas à metodologia científica [Nota 12];
É comum confundirem-se as ideias de ciências naturais eexatas, e ciências sociais e inexatas. Esta associação, em-bora geralmente “aceitável” visto serem as ciências soci-ais geralmente ciências inexatas e as ciências empíricasgeralmente ciências exatas, não se mostra contudo rigo-rosa, e dentro das ciências naturais há exemplos marcan-tes que o demonstram. A teoria da evolução biológica éum belo exemplo de teoria científica que, mesmo obede-cendo rigorosamente todos os passos do método cientí-
fico, mesmo contando com incontáveis fatos científicosque a corroborem - nenhum que a contradiga - e comideias sólidas que os explicam e que permitem fazer con-siderações matemáticas e probabilísticas precisas acercada distribuição de genes em uma população, acerca dahereditariedade, e outras, não fornece um modelo mate-mático com o qual se possa prever quais espécies existi-rão ou serão extintas ao longo do tempo, ou seja, comose dará em detalhes a especiação ao longo do tempo,mesmo porque não lhe é factível conhecer todas as va-riáveis que mostrar-se-ão importantes ao modelo (comocatástrofes naturais, ocorrência de mutações, etc.). Neste
ponto ela não ultrapassa a posição de demostrar-nos cla-ramente que a evolução acontece continuamente, e dedescrever o que se conhece sobre as espécies no presentee no passado, permanecendo o futuro, entretanto, emaberto. Mesmo classificada como ciência exata, conside-rações similares e pertinentes cabem certamente tambémà mecânica quântica: mesmo esta contando com modelosmatemáticos muito elaborados e sofisticados, em vista deum de seus postulados - o da redução da função de ondano ato da medida - o futuro dos sistemas descritos geral-mente permanece, também, em aberto.
Em vista do exposto e de que geralmente exemplos de
ambas as teorias podem ser encontradas dentro de umadada ciência - ou sendo mais específico dentro de umadada cadeira científica - talvez fosse mais pertinente
usarem-se as expressões “teorias exatas” e “teorias ine-xatas” ao invés de “ciências exatas” e “ciências inexatas”.Contudo as nomenclaturas-padrão atrelam-se às duas úl-timas expressões.
Uma teoria ou ciência exata é qualquer campo da ciên-
cia capaz de fornecer modelos matemáticos com expres-sões quantitativas e predições precisas a respeito dos sis-temas tratados - este necessariamente compatíveis comtal descrição, sendo geralmente condizentes com a execu-ção de experimentos reprodutíveis envolvendo mediçõese predições quantificáveis, e não obstante - aparte in-terferências ou perturbações externas - com o determi-nismo estrito. A coerência entre os resultados mate-máticos e experimentais é - dentro da incerteza expe-rimental - precisa. Nestes termos Matemática, Física,Química,Computação assim como partes da Biologia,Psicologia e Economia podem ser consideradas como ci-ências exatas.
Uma ciência que não classifica-se como ciência exata épor tal inexata.
6.4 Ciências duras e moles
Os áreas ou cadeiras de estudo científicos podem ser dis-tinguidos em ciências duras e ciências moles, e esses ter-
mos às vezes são considerados sinônimos dos termos ci-ência natural e social, respectivamente. Os proponentesdessa divisão argumentam que as “ciências moles” nãousam o método científico, admitem evidências anedotaisou não são matemáticas, ainda somando-se a todas uma“falta de rigor" em seus métodos.
Os oponentes dessa divisão das ciências respondem queas “ciências sociais” geralmente fazem sistemáticos estu-dos estatísticos em ambientes estritamente controlados,ou que essas condições não são aderidas nem sequer pe-las ciências naturais, a citar-se que a Biologia Compor-tamental depende do trabalho de campo em ambientes
não controlados, e que a Astronomia não pode realizarexperimentos, apenas observar condições limitadas. Osoponentes dessa divisão também enfatizam que cada umadas atuais “ciências duras” sofreram uma similar “falta derigor” em seus primórdios.
O fato é que para uma teoria classificar-se como científicaamesmatêmdeobedeceratodososrigoresdométodoci-entífico sem contudo transcendê-lo. Ao tomarem-se paracomparação as “ciências sociais” e as “ciências empíri-cas”, há certamente um número muito maior de teorias àbeira do “abismo” quesepara as teorias científicasdas nãocientíficas no primeiro caso. O leitor deve sempre verifi-
car por si mesmo, ao lidar com as teorias encontradas nasciências sociais, se estas realmente são teorias científicas,ou não.
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6.6 Campos interdisciplinares 15
Wilhelm Windelband , primeiro a esboçar a distinção entre ciên-cia monotética e idiográfica.
6.5 Ciências nomotéticas e ideográficas
Uma outra classificação das ciências se apoia nosmétodosempregados. O primeiro esboço desta distinção é atri-buído ao filósofo alemão do século XIX Wilhelm Win-delband. Uma primeira distinção desta ordem pode serfeita entre as ciências nomotéticas e as ciências ideográfi-cas
As 'ciências nomotéticas' são baseadas no coletivismometodológico, e se preocupam em estabelecer leis geraispara fenômenos suscetíveis de serem reproduzidos, com
o objetivo final de se conhecer o universo. Fazem partedestas ciências a Física e a Biologia, e também algumasciências sociais comoa Economia, a Psicologia ou mesmoa Sociologia.
As 'ciências ideográficas' são baseadas noindividualismo metodológico, e se preocupam emestudar o singular, o único, as coisas que não sãorecorrentes. Quer seja um facto ou uma série de fatos,a vida ou a natureza de um ser humano, ou de umpovo, a natureza e o desenvolvimento de uma língua,de uma religião, de uma ordem jurídica ou de umaqualquer produção literária, artística ou científica. O
exemplo da História mostra que não é absurdo considerarque o singular possa constituir-se em um objeto paraabordagem científica.
6.6 Campos interdisciplinares
O termo “ciência” é às vezes usado de forma não usual -ou seja, em sentido lato - junto a áreas de estudo que guar-dam interdisciplinaridade com áreas verdadeiramente ci-entíficas e que por tal também fazem uso dos métodos
científicos - ao menos em parte - ou ainda junto a quais-quer estudos que aspirem ser explorações cuidadosas esistemáticas dos objetos com os quais lidam. Incluem-secomo exemplos a ciência da computação, a ciência da in-formação e a ciência ambiental. Tais áreas acabam atémesmo por serem inclusas nas classificações acima men-cionadas.
É importante contudo ressaltar que a definição de ciênciaem acepção estrita permanece inviolada, e ao se lidar comtais ciências, devem-se tomar os devidos cuidados.
7 Comunidade científica
Fachada da Royal Society , em Londres, Inglaterra.
A comunidade científica consiste no corpo de cientistas,suas relações e interações, e nos meios necessários à ma-nutenção destas. Ela é normalmente dividida em “sub-comunidades”, cada uma trabalhando em um campo par-ticular dentro da ciência. Contudo, assim como a ciênciaé única, também o é a comunidade científica.
7.1 Instituições
As sociedades científicas para a comunicação e para apromoção de ideias e experimentos científicos existemdesde o período da Renascença[Ref. 16]. A mais antigainstituição que ainda existe atualmente é a Accademiadei Lincei na Itália.[Ref. 17] As academias de ciência na-cionais são instituições especiais - geralmente atreladas eapoiadas pelos governos - que existem em vários países;as primeiras de que se tem notícia são a Royal Society,inglesa, fundada em 1660[Ref. 18] e a Académie des Scien-ces
, francesa, esta fundada em 1666
[Ref. 19]
.Outras organizaçõesnacionais incluem a National Scienti-
fic and Technical Research Council naArgentina, CSIRO
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16 8 CIÊNCIA E SOCIEDADE
na Austrália, Centre national de la recherche scien-tifique na França,Deutsche Forschungsgemeinschaft naAlemanha, CSIC na Espanha e Academia de Ciências daRússia.
Organizações científicas internacionais, como
International Council for Science, tem sido forma-das para promover a cooperação entre as comunidadescientíficas de diferentes países. Recentemente, agênciasgovernamentais influentes tem sido criadas para dar su-porte à pesquisa científica, incluindo a National ScienceFoundation nos Estados Unidos.
7.2 Literatura
Os livros científicos podem destinar-se tanto ao pessoal leigoquanto ao especializado, sendo recorrentes na formação de pes-soal qualificado. Na figura, " The Feynman Lectures on Physics" - uma coleção de livros que todo físico ou interessado por físicaconhece.
São publicadas literaturas científicas de vários tipos[Ref. 20]. As revistas científicas comunicam e documen-tam os resultados de pesquisas feitas em universidadese nas várias instituições de pesquisa, servindo como umarquivo de registro da ciência. A primeira revista cientí-fica, Journal des Sçavans, a qual seguiu-se a Philosophical Transactions, teve sua primeira edição publicada em1665. Desde essa época o número total de periódi-cos ativos tem aumentado constantemente. Em 1981,uma estimativa do número de revistas científicas e téc-
nicas sendo publicadas resultou em 11.500 periódicosdistintos.[Ref. 21] Atualmente o Pubmed lista quase 4.000periódicos apenas sobre as ciências médicas [Ref. 22].
A maioria das revistas científicas cobre um único campocientífico e publica as pesquisas dentro desse campo,mostrando-se geralmente de interesse apenas ao pessoalpertinente à área dada a especificidade da linguagem eprofundidade do conteúdo. Contudo a ciência tem setornado tão penetrante na sociedade moderna que nor-
malmente é considerado necessário comunicar os fei-tos, notícias e ambições dos cientistas para um númeromaior de pessoas e não apenas aos especialistas. Asrevistas como a NewScientist, Science & Vie e ScientificAmerican são dirigidas ao público leigo; são feitas paraum grupo maior de leitores e proveem um sumário não-técnico de áreas populares de pesquisa, incluindo desco-bertas e avanços notáveis em certos campos de pesquisacomo física, biologia, química, geologia, astronomia, ediversos outros.
Os livros científicos figuram como um divisor de águasno que se refere ao público alvo, estando presentes de
forma rotineira não apenas nas academias de ciências -ao serem usados como material de apoio nas etapas deformação de pessoal - como também em bibliotecas ouacervos pessoais de um grande número de cidadãos in-teressados por ciências, sendo acessíveis em princípio aopúblico leigo bem como aos profissionais da área. Os li-vros educacionais destinados ao ensino médio relativos àsdisciplinas científicas são exemplos de livros científicos,assim o sendo também livros destinados aos cursos maisavançados em áreas afins. Contudo, qualquer que seja opúblico alvo, um livro científico mantém-se sempre fielaos pressupostos da ciência buscando divulgar de forma
correta as teorias que encerram bem como as relações en-tre estas.
Do outro lado, o gênero literário da ficção científica - fan-tástica por princípio - trabalha com a imaginação do pú-blico ao distorcer as ideias científicas, e às vezes os méto-dos, da ciência. Embora a ficção científica de hoje possatornar-se realidade amanhã - sendo a bomba nuclear umclássico exemplo - os livro científicos e de ficção cientí-fica certamente têm naturezas muito distintas.
Esforços recentes para intensificar ou desenvolver liga-ções entre disciplinas científicas e não-científicas comoa Literatura ou, mais especificamente, a Poesia, incluem
a pesquisa Ciência da Escrita Criativa desenvolvida peloRoyal Literary Fund [Ref. 23].
8 Ciência e sociedade
8.1 Ciência e pseudociências
Na definição de ciência ressalta-se explicitamente quenão admite-se - frente à ausência de fatos empíricos emcontrário e por princípio - entidades e causas sobrena-
turais - onipotentes ou semi-potentes - como elementosresponsáveis pelos fenômenos naturais ou sociais. Casotais causas fossem admitidas neste caso, haveria um lapso
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8.3 Artes e ciência 17
na causalidade inerente ao método científico - e ao mundonatural - estando as relações de causa e efeito então su-jeitas às “vontades imprevisíveis” das entidades e forçassobrenaturais; as hipóteses não seriam por tal testáveis oufalseáveis, não seriam úteis à descrição da natureza vistoque poderiam ser violadas bastando um “desejo” da enti-
dade certa, e por tal também não obedeceriam aos meiosou às finalidades inerentes ao método científico - espinhadorsal do que se denomina por ciência.
Uma rápida inspeção na literatura ou conhecimento soci-almente difundido é suficiente para encontrarem-se inú-meras “teorias” que clamam ser científicas - contudo, senão invocam explicações sobrenaturais de maneira ex-pressa - abrem todos os caminhos, delimitam as trilhas epavimentam as rodovias para que esta conclusão se faça aúnica viável à assumida sua validade. Certamente a con-clusão não é levada à cabo na própria “teoria” pois “dis-torceria” demais o método científico, ficando esta con-
clusão a cargo do “cientista”. Como um bom exemplode uma destas teorias tem-se o design inteligente, “teo-ria” que clama validade como científica contudo implicaa existência de um projetista onipotente para o mundonatural. Tal teoria foi desenvolvida com o objetivo de“compatibilizar” os dogmas defendidos por uma correntereligiosa intransigente à laicidade de estados soberanos -em particular à separação entre estado e religião - a fimde que esta fosse ensinada nos estabelecimentos estataisde ensino ao lado, ou de preferência em substituição, àsteorias - realmente científicas - não compatíveis com seusdogmas [Nota 13]. Tais teorias, pelas razões já amplamente
enfatizadas no corpo deste artigo, não integram a ciência,e são, para fins de referência, classificadas como pseudo-ciências. A escolha da expressão é sugestiva visto que,seguindo-se a etimologia da palavra, esta explicita a ten-tativa destas em disfarçarem-se em ciência.
8.2 Ciência ou técnica?
A técnica (grego antigo τέχνη, technê , que significa arte ,ofício " know-how" ) “refere-se às aplicações da ciência, doconhecimento científico ou teórico, nas realizações práti-cas e nas produções industriais e económicas” [Ref. 24]. Atécnica cobre assim o conjunto dos métodos de fabrico,de manutenção, de gestão, reciclagem, e de eliminaçãodos desperdícios, que utilizam métodos procedentes deconhecimentos científicos ou simplesmente métodos di-tados pela prática de certos ofícios, geralmente oriundosde inovações empíricas. Pode-se então falar de arte, noseu sentido primeiro, ou das ciências aplicadas, e a tecno-logia atual associa-se então ao “estado da arte”. A ciênciaé, por outro lado, um estudo mais abstracto, onde a buscapela compreensão não raro supera a busca por uma apli-cação. A epistemologia examina designadamente as rela-ções entre a ciência e a técnica, como a articulação entre o
abstração e o “know-how”. No entanto, historicamente, atécnica veio primeiro.. “O Homem foi homo-faber , antesde ser homo sapiens", explica o filósofo Bergson. Contra-
riamente à ciência, a técnica não tem por vocação inter-pretar o mundo, está lá para transformá-lo, a sua vocaçãoé prática e não teórica.
A Expulsão de Adão e Eva do Jardim de Eden , antes e depoisde sua restauração [Nota 14].
A técnica frequentemente é considerada como se fizesseparte integrante da história das ideias ou da história dasciências. No entanto, é necessário efetivamente admitira possibilidade de uma técnica não-científica, isto é, evo-luindo fora de qualquer corpo científico e que resume aspalavras de Bertrand Gille:
A técnica, na acepção de conhecimento intuitivo e empí-rico da matéria e as leis naturais, é assim a única formade conhecimento prático. Há contudo filósofos que enfo-cam o ponto de que o método científico nada mais é, aofim das contas, do que uma forma elaborada do métododa tentativa e erro tão presente junto aos avanços técni-
cos. Nestes termos, técnica e ciência teriam muito maisem comum do que se imagina no caso acima.
8.3 Artes e ciência
Hervé Fischer fala, no livro A sociedade sobre o divã (2007), de uma nova corrente artística que usa a ci-ência e as suas descobertas como inspiração, como asbiotecnologias, as manipulações genéticas, a inteligênciaartificial, a robótica. Além disso, o tema da ciência foifrequentemente a origem de quadros ou de esculturas.
O movimento futurista, por exemplo, considera que ocampo social e cultural devem racionalizar-se.
Por último, as descobertas científicas ajudam os peritos
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18 8 CIÊNCIA E SOCIEDADE
em arte. O conhecimento da desintegração do carbono14, por exemplo, permite datar as obras. O laser per-mite restaurar, sem danificar as superfícies, os monu-mentos. O princípio da síntese aditiva das cores restauraautocromos. As técnicas de análise físico-químicos per-mitem explicar a composição dos quadros, ou mesmo
descobrir palimpsestos. A radiografia permite sondar ointerior de objetos ou de peças sem poluir o mesmo. Oespectrográfico é utilizado, por último, para datar e res-taurar os vitrais [Nota 15].
8.4 Cientificismo ou religião da ciência
Há dezenas e mesmos centenas de religiões no mundo , contudo aciência não é uma delas.A título de explicação têm-se alguns símbolos que representam as
principais religiões na atualidade. Da esquerda para a direita: Linha 1: Cristianismo , Judaísmo , HinduísmoLinha 2: Islamismo , (ateismo), XintoísmoLinha 3: Sikhismo , Bahai , Jainismo.
O cientificismo é uma ideologia que surgiu no séculoXVIII, considerando que o conhecimento científico per-mitiria à humanidade escapar da ignorância e por con-
seguinte, de acordo com a fórmula de Ernest Renan nolivro Futuro da ciência, de “organizar cientificamente ahumanidade" .
Se baseia na aplicação dos princípios, métodos e ética daciência na busca do consenso científico. Para seus detra-tores [Nota 16] há uma verdadeira religião da ciência, par-ticularmente no Ocidente. Sob acepções menos técni-cas, o cientificismo pode ser associado à ideia que só osconhecimentos cientificamente estabelecidos são verda-deiros. Pode também causar um certo excesso de con-fiança na ciência que transformar-se-ia em dogma. Acorrente do ceticismo científico, inspirada no ceticismo
filosófico, tenta apreender eficazmente a realidade combase no método científico. Seu objetivo é contribuir paraa formação em cada indivíduo de uma capacidade crí-
tica de apropriação do saber humano para combater omisticismo e as pseudociências.
Para alguns epistemologistas, o cientificismo aparece detodas as formas[carece de fontes?]. Robert Nadeau, apoiando-se sobre um estudo realizado em 1984[Ref. 25], considera
que a cultura escolar é constituída de clichés epistemoló- gicos que formariam uma espécie de mitologia dos temposmodernos que seria uma espécie de cientificismo [Ref. 26].Estes clichés incluiriam a história da ciência, resumida ereduzidaà descobertas que balizam o desenvolvimento dasociedade, as ideias que consideram as leis científicas, emais geralmente os conhecimentos científicos, como ver-dades absolutas e últimas, e que as provas científicas sãonão menos que absolutas e por tal definitivas. Tanto aprópria ciência como uma grande quantidade de filósofosdiscordam desse aspecto. Thomas Kuhn mostrou que oconhecimento científico sempre sofre revoluções, altera-ções e evoluções. É importante contudo ressaltar que a
ideologia de que “tudo é passageiro e incerto, logo tudoé duvidoso, de que a ciência não dá provas, logo deve-seensinar tanto ciência como pseudociência, e deixar os alu-nos escolherem" é certamente totalmente incoerente coma definição de ciência, e não é e nem pode ser a ideia quepermeia o sitema educacional. Contudo a falta de apre-sentação clara sobre o que é ciência e como se faz ciên-cia, bem como o analfabetismo científico de cidadãos for-mados em sistemas educacionais limitados implica nestetipo de argumentação falha.
Foia Sociologia do conhecimento, nos anos 1940 à 1970,que questionou a hegemonia cientificismo. Os traba-
lhos de Ludwig Wittgenstein, Alexandre Koyré e Tho-mas Kuhn demonstraram incoerências no positivismo doséculo XIX. As experiências não se constituem provasabsolutas das teorias e os paradigmas estão destinados aevoluir.
8.5 Vulgarização científica
A vulgarização é o fato de tornar acessíveis as descober-tas, bem como o mundo científico, a todos e numa lin-guagem adaptada.
A compreensão da ciência pelo grande público é objetode estudos; os autores falam de Public Understandingof Science (compreensão pública da ciências), expressãoconsagrada na Grã-Bretanha; ciência literacy (alfabetiza-ção científica) nos Estados Unidos; e cultura científica naFrança. Segundo os senadores franceses Marie-ChristineBlandin e Ivan Renard este é um dos principais vetoresda democratização e da generalização do saber [Ref. 27].Em várias democracias, a vulgarização da ciência está en-tre projetos que misturam diferentes fatores econômicos,institucionais e políticos. Na França, a Educação Naci-onal tem por missão sensibilizar o aluno à curiosidade
científica, através de conferências, de visitas regulares ade “ateliers” (oficinas) de experimentação, e outros. ACité des sciences et de l'industrie é um estabelecimento
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8.6 Ciências ao serviço da ideologia e da guerra 19
Uma demonstração de uma experiência na Gaiola de Faradayno museu Palais de la découverte , Paris.
público que coloca à disposição de todos exposições so-bre as descobertas científicas, enquanto que o Centre deculture scientifique, technique et industrielle tem “por mis-são favorecer as trocas entre a comunidade científica eo público” [Ref. 28]. Futuroscope , Vulcania e Palais de ladécouverte são outros exemplos de disponibilização deconhecimentos científicos. Os Estados Unidos tambémpossuem instituições que possibilitam uma experiênciamais acessível através dos sentidos e que as crianças po-dem experimentar, como o Exploratorium[Ref. 29] de SãoFrancisco.
A vulgarização concretiza-se, por consequência, atravésdas instituições e dos museus, mas também, de acordocom Bernard Schiele no livro Les territoires de la cul-ture scientifique[Ref. 30], através das animações públicas,como a Nuit des étoiles, de revistas como a Galileu, ede personalidades (Hubert Reeves e Carl Segan para aastronomia).
Uma importante contribuição para a vulgarização da ci-ência é hoje fornecida pela mídia aberta ou a cabo, acitarem-se programas de televisão como o Globo Ciên-cia, Globo Ecologia, CSI: investigação Criminal, e diver-sos outros programas frequentemente televisionados em
canais como History channel, Animal Planet, Discoverychannel, e mesmo em canais devotados à divulgação detemas educativos, como a TV Educativa e a Rede Minas.
O laser é a origem de uma das descobertas militares. Na fi- gura vê-se um feixe de laser disparado a partir do Observatório
MacDonal, Texas (EUA), em direção a espelhos estacionários lo-calizados na superfície da Lua. Com esta tecnologia é possível acompanhar-se o movimento da Lua em sua órbita com preci-são de milímetros (ou maior). O advento do laser acarretou,contudo, inúmeras outras aplicações.
8.6 Ciências ao serviço da ideologia e daguerra
Durante a Primeira Guerra Mundial, as ciências fo-ram utilizadas pelos estados a fim de desenvolver novas
armas, a citarem-se as armas químicas, e novos meiosde conduzi-las até o inimigo com a eficácia necessária, aexemplo via estudos balísticos. Houve o nascimento daeconomia de guerra, que se apoia sobre métodos cien-tíficos. O OST , ou Organização Científica do Trabalho,de Frederick Winslow Taylor, é um esforço de melho-rar a produtividade industrial graças à emissão de tare-fas executadas nomeadamente pela cronometragem. Noentanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que a ci-ência passou a ser utilizada para fins militares. As armassecretas da Alemanha nazista como o V2 ou o radar estãono centro das descobertas desta época.
Todas as disciplinas científicas são assim dignas de in-teresse para os governos. O rapto de cientistas ale-mães no fim da guerra, quer pelos soviéticos, quer pe-
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20 8 CIÊNCIA E SOCIEDADE
los americanos, fez nascer a noção de guerra dos cé-rebros, que culminará com a corrida armamentista daGuerra Fria. Este período é com efeito o que tem contadocom o maior número de descobertas científicas, nomea-damente as tecnologias associadas à corrida espacial (àida do homem à Lua), e a bomba nuclear de fissão, logo
seguida pela bomba de hidrogênio. Numerosas discipli-nas nascem da abordagem no domínio militar, como acriptografia informática, ou a bacteriologia - destinada àguerra biológica. Amy Dahan e Domínica Pestre [Ref. 31]
explicam, a propósito deste período de investigações de-senfreadas, que ele se trata de um regime epistemoló-gico específico. Comentando o livro dos citados auto-res, Loïc Petitgirard torna clara a ideia: “Este novo re-
gime de ciência é caracterizado pela multiplicação das no-vas práticas e as relações sempre mais estreitas entre ciên-cia, estado e sociedade.” [Ref. 31] A concepção decorrentede complexo militar-industrial busca exprimir a íntima
relação entre poderes constituídos - representados geral-mente pelas forças políticas -, ciência e sociedade, carac-terística marcante da época em consideração [Ref. 32].
A partir de 1945, com a constatação do aumento dastensões devido à oposição dos blocos capitalistas ecomunistas, a guerra torna-se por si própria o objeto daciência: nasce a polemologia.
Por último, propõem alguns que se a ciência está pordefinição neutra, ela permanece à mercê dos homens, edas ideologias dominantes. Assim, de acordo com ossociólogos relativistas Barry Barnes e David Bloor daUniversidade d' Edimburgo, as teorias são abordagens
aceitas no poder político.[Nota 17]. Uma teoria é então rele-vante ou “correta” não porque é verdadeira mas sim por-que é defendida pelo mais forte. Em outros termos, aciência seria, se não uma expressão elitista, uma opiniãomajoritária reconhecida como uma verdade científica. ASociologia das ciências nasce e passa assim a se interes-sar, a partir dos anos 1970, pela influência do contextomacro-social sobre o espaço científico. Robert King Mer-ton mostrou, em Elementos da teoria e do método socioló-
gico (1965) as relações estreitas entre o desenvolvimentoda Royal Society, fundada em 1660, e a ética puritanados seus atores. Para ele, a visão do mundo protestantes
da época permitiu o crescimento do campo científico.
8.7 Ciência e a questão do autoritarismo
As considerações anteriores requerem certamente es-clarecimentos em vista da definição moderna estrita deciência. Frente ao método científico o papel da daautoridade científica é certamente muito diferente do pa-pel da autoridade política. A última geralmente faz va-ler as suas ideias e desejos - suas leis - via poder quelhe foi ou auferido pela sociedade (democracias) ou im-posto pela força à sociedade (ditaduras); em casos extre-
mos de autoritarismo a visão de mundo e os desejos deuma única autoridade são sempre inquestionáveis, corre-tos e definitivos, qualquer que seja a área em questão ( a
exemplo em reinados, teocracias, e similares). Tais au-toridades geralmente possuem o poder de palavra finalem contendas envolvendo quaisquer questões ligadas aossubordinados, quer sejam eles “civis”, quer sejam “mi-litares”, quer sejam “cientistas”. Em ciência as conten-das envolvendo as hipóteses científicas, contudo, não são,
por princípio constitutivo, resolvidas com o peso das au-toridades que as defendem. Há em princípio uma fonteúnica para a solução de tais contendas: os fatos científi-cos. Exemplificando-se, não é a autoridade científica con-quistadas por pessoas como Albert Einstein que faz comque o que ele diga seja aceito como verdade, e sim o con-fronto de suas ideias com os fatos. E neste caso mesmotêm-se bons exemplos. Einstein, embora tenha tornado-se famoso pela precisãodas ideias queapresentou em suasteorias da relatividade restrita e geral frente aos fatos,ao contrário do que muitos pensam, também deu mui-tas “mancadas” em sua jornada científica, a citarem-se
a constante cosmológica por ele adicionada em seus cál-culos buscando obter soluções que atendessem seus “de-sejos” de um universo estático (e não em expansão), eseu embate com as ideias da mecânica quântica - as quaismorreu sem aceitar; a primeira contradita e as últimasfortemente corroboradas pelos fatos científicos.
É certo que muitas vezes o peso da autoridade político-militar e em menor peso a econômica é avassalador -mesmo para as objeções impostas pela metodologia ecomunidade científicas - verificando-se isto com muitaexatidão entre a comunidade científica alemã quando su-bordinada ao poder decisivo do terceiro Reich durante
a segunda guerra mundial. Embora muitos dos cientistasfossemrealmente adeptos do nazismo, muitos certamentenão eram. Contudo curiosamente nenhuma pesquisa for-necia resultados contraditórios aos ideais de limpeza ét-nica defendidos por Hitler, e projetos científicos associ-ados à eugenia, e outras ideias racistas, recebiam grandeapoio tanto econômico como “psicológico”. A própriateoria científica da evolução biológica foi completamentedistorcida por tal poder: os princípios da diversidade viaadaptação ao meio - centrais em tal teoria - foram suma-riamente convertido em “sobrevivência apenas do maisforte, e eliminação dos inferiores”. E certamente a raçaariana - formada por descendentes diretos dos deuses da
Atlântida - deveria ser a mais forte, e por tal a única asobreviver. O interessante é que uma raça única jamaisesteve em cogitação dentro da teoria da evolução, e seo objetivo era eliminarem-se “os inferiores”, dever-se-iacomeçar com todas as outras “espécies inferiores”, dasbactérias aos cachorros, antes de se promover a matançadas “raças” humanas consideradas por eles como inferi-ores. E, ao contrário, Hitler parecia gostar muito de seuscachorros.
Contudo é preciso ter em mente que a decisão a respeitode contendas de ordem científica não é por princípio -obedecida a definição de ciência - subordina ao poder das
autoridades, mas sim ao poder das evidências científicas.Assim, embora uma autoridade consiga mesmo que por
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8.8 Ciência e religião 21
Galileu anteo Santo Ofício. A condenação de Galileu por heresiamarca o divórcio definitivo entre o pensamento científico e o re-ligioso. Nascia a ciência moderna.
longos períodos de tempo “distorcer” à base da força a vi-são da realidade de uma comunidade científica e mesmode uma sociedade inteira, ela não tem poderes suficien-tes para distorcer a realidade natural em si. A naturezanão se subordina às leis das autoridades mas sim às pró-prias leis apenas, e por tal, mais cedo ou mais tarde, averacidade dos fatos vem à tona, e encontrando-se o cri-tério de auto-correção fortemente entranhado no métodocientífico, as consequências das “perturbações” externassão rapidamente corrigidas, tão logo cessem. Foi o queseguiu-se à queda da ideologia e do terceiro reich, fadadoao fracasso por contrariar uma - ou seriam várias - das leis
naturais. Suporte à afirmação apresentada é também en-contrada em uma cronologia histórica retratando os em-bates entre as teorias científicas e as autoridades - comdestaque para as religiosas - ao longo dos seis últimosséculos, a destacarem-se a título de exemplo os eventosocorridos na idade média e Renascença, as guerras san-tas e a inquisição. Ver-se-á com facilidade que o embateentre ciência moderna e o poder autoritário a acompanhadesde a sua gestação, e certamente, embora já se possacogitar o vencedor, ainda está longe de acabar.
8.8 Ciência e religião
O pensamento religioso e o pensamento científico per-seguem objetivos diferentes, mas não opostos. A ci-ência procura saber como o universo existe e funcionadesta maneira. A religião procura saber porque o uni-verso existe e funciona desta maneira. Os conflitos entrea ciência e a religião produzem-se quando um dos doispretende responder às questões atribuídas ao outro.
No entanto, para alguns sociólogos e etnólogos, comoEmile Durkheim, a fronteira que separa a ciência do pen-samento religioso não é impermeável. No livro Nas For-
maselementares da vida religiosa (1912), Durkheim mos-tra queos quadros de pensamento científico como a lógicaou as noções de tempos e de espaço encontram a suas ori-
gens nos pensamentos religiosos e mitológicos.
Contudo, apesar deste parentesco, os discursos científicoe teológico frequentemente chocaram-se na história. Ca-sos como o de Hipátia de Alexandria, que testemunhoutalconflito em sua forma típica, ocorrem desde os primór-
dios dos tempos, e no cristianismo, o processo de GalileuGalilei, em 1633, marca o divórcio entre o pensamentocientífico e o pensamento religioso [Nota 18], este iniciadopela execução de Giordano Bruno em 1600[Nota 19] . OConcílio de Niceia de 325 tinha instaurado na Igreja oargumento dogmático segundo o qual Deus tinha cria océu e a terra em sete dias. Como explicações científi-cas foram possíveis a partir deste credo, que não se pro-nunciava sobre a produção do mundo, esta lacuna teoló-gica permitiu certa atividade científica até a Idade Média,entre as quais a principal foi a Astronomia. Concile deTrinta (1545-1563) autorizou as comunidades religiosasa efetuar investigações científicas. Se o primeiro passo
em prol do heliocentrismo - que coloca a Terra em ro-tação em redor do Sol - é feito pelo Nicolau Copérnico,Galileu defronta-se com a posição da Igreja a favor deAristóteles, e por conseguinte, do Geocentrismo, ao apre-sentar não apenas a proposta como também sólidas evi-dências experimentais a favor desta. Foi necessário espe-rar que Johannes Kepler prolongasse os trabalhos de Ga-lileu e de Tycho Brahe para fazer-se aceitar o movimentoda Terra. A separação definitiva entre ciência e religiãoé consumada no século XVIII, durante o Iluminismo.
Na maioria das outras religiões, a ciência também nãoé oposta à religião. No Islamismo, a ciência é favore-
cida porque ela não existe clero instituído; além disso,o mundo é visto como um código a decifrar para com-preender as mensagens divinas. Assim, na Idade Média,a ciência árabe-muçulmana prosperou e desenvolveu aMedicina, a Matemática e principalmente a Astronomia.
No século XIX os cientistas afirmam que a ciência é aúnica que pode explicar o universo e que a religião é o"ópio do povo”, como diria mais tarde Karl Marx, quefundou a visão materialista. Os sucessos científicos e téc-nicos, que melhoram a civilização e a qualidade de vida,se somam ao progresso científico e batem de frente comos dogmas religiosos em sua totalidade. As teorias da
Física (principalmente a teoria quântica) e da Biologia(com a teoria da evolução de Charles Darwin), as des-cobertas da Psicologia (pela qual o sentimento religioso éum fenômeno interno ou mesmo neurológico), superamas explicações místicas e espirituais. Contudo, muitosreligiosos, como Pierre Teilhard de Chardin e GeorgesLemaître, tentam combinar as explicações científicas e aontologia religiosa. A encíclica Fides et ratio (1993), doPapa João Paulo II, reconhece que a religião cristã e aciência são dois modos de explicar o mundo.
No século XX, a confrontação dos partidários da teoriada evolução e dos criacionistas, frequentemente proce-
dentes das correntes religiosas mais radicais, cristalizamo difícil diálogo da fé e da razão. "O processo do ma-
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22 8 CIÊNCIA E SOCIEDADE
O embate entre ciência e autoridades religiosas é antigo; existedesde os primórdios da ciência, e nem sempre é pacífico. O " processo do macaco", um dos poucos casos onde não houvequeima de evidências - e de seus defensores - tramitou pela cortede justiça norte-americana em 2005; embora, mesmo presidido
por um juiz criacionista , a ciência tenha levado a melhor nestecaso, é certo que o embate está longe de um fim, mesmo em tem-
pos modernos.
caco" (a propósito da ascendência do Homem) ilustra as-sim um debate permanente na sociedade [Ref. 33]. Por úl-timo, alguns filósofos e epistemólogos interrogam-se so-bre a natureza da relação entre as duas instituições. Opaleontólogo Stephen Jay Gould em "Que Darwin Seja!"fala de dois magistérios, cada um permanecendo mestredo seu território mas não se intrometendo nos assuntosdo outro, enquanto queBertrand Russell menciona na suaobra "Ciência e religião" os conflitos entre os oponentes.
8.9 Uso e influência na sociedade
A ciência é praticada em universidades e outros institu-tos científicos assim como em campo; por si só é umavocação sólida e geralmente implica carreira profissio-nal na academia, mas também é praticada por amadores,que tipicamente engajam-se na parte de observação daciência. Trabalhadores de laboratórios de pesquisa cor-porativos também praticam ciência, apesar de seus re-sultados serem geralmente considerados segredo de mer-cado e não serem publicados em jornais públicos. Cien-
tistas corporativos e universitários geralmente cooperam,com os últimos concentrando-se em pesquisas básicas eos primeiros aplicando seus achados em uma tecnologia
específica de interesse de companhias. Indivíduos en-volvidos no campo da educação da ciência argumentamque o processo da ciência, mesmo que não sob os rigo-res do método científico, é realizado por todos os indiví-duos quando aprendem sobre seu mundo; embora o sensocomum, o desta investigação, certamente não implique
teorias científicas, ele também constrói-se com base empesquisas do universo acessível aos sentidos.
Dado o caráter universal da ciência, sua influência se es-tende a todos os campos da sociedade, desde o desenvol-vimento tecnológico aos modernos problemas jurídicosrelacionados com campos da medicina ou genética. Al-gumas vezes a investigação científica permite abordar te-mas de grande impacto social como o Projeto GenomaHumano, e temas de implicações morais como o desen-volvimento de armas nucleares e a clonagem.
Ainda assim, a investigação científica moderna requer,
às vezes, em ocasiões importantes, grandes investimentosem instalações com aceleradores de partícula (CERN), aexploração do Sistema Solar ou a investigação da fusãonuclear em projetos como ITER. Em todos esses casosé desejável que os avanços científicos alcançados sejamlevados à sociedade, quer a título de informação, quer atítulo de benefícios decorrentes.
Os avanços científicos influenciam e modificam não apenas oestilo de vida de algumas pessoas mas também as relações so-ciais em todo o globo. Na foto, o delta do rio Nilo , conformeobservado à noite de dentro da estação espacial internacional .O domínio da eletricidade mudou os rumos da história.
Os métodos da ciência são praticados em muitos luga-res para atingir metas específicas. A título ilustrativo, aciência e seus métodos encontra-se presente no(a):
• Controle de qualidade em fábricas de manufatura;testes microbiológicos em uma fábrica de queijo as-seguram que as culturas contenham espécies apro-priadas de bactérias.
• Obtenção e processamento de evidências da cena docrime; a ciência forense.
• Planejamento e monitoramento da exploração e usodo meio ambiente; as leis ambientais.
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9.4 Críticas filosóficas 23
• Em uma ampla gama de exames médicos, em todasas etapas do exame e a avaliação da saúde dos paci-entes.
• Investigação de causas de um desastre; tais como emacidentes aéreos.
e outros.
9 Críticas e polêmicas
9.1 Pseudociência, ciência das fronteiras, eciência lixo
Uma área de estudos, ou especulação, mascarada comociência em uma tentativa de alegar legitimidade ou cre-dibilidade, que de outro modo não seria possível conse-
guir, é por vezes chamada de Pseudociência, ciência dasfronteiras, ou “ciência alternativa”. Outro termo, ciêncialixo, é às vezes usado para descrever hipóteses ou conclu-sões científicas que, embora possam ser legítimas por sisó, se acredita que sejam usadas para dar suporte a umaposição que não é vista como legítima pela totalidade dasevidências. Uma variedade de propagandas comerciais,indo da campanha publicitária à fraude, pode entrar nessacategoria. Pode também ter um elemento de tendênciapolítica ou ideológica nos dois lados desses debates. Àsvezes uma pesquisa pode ser caracterizada como “ciên-cia ruim”, sendo esta geralmente marcada por uma pes-quisa que é bem-intencionada mas é vista como incorreta,obsoleta, incompleta, ou com uma exposição muito sim-plificada de ideias científicas. O termo "fraude científica"se refere à situações em que os pesquisadores intencional-mente alteram ou representaram incorretamente as infor-mações publicadas em vista de interesses escusos aos ob-jetivos da ciência, ou ainda, publicando-as corretamente,dão o crédito pela descoberta à pessoa errada.
9.2 Mídia e debate científico
A mídia de massa enfrenta algumas pressões que a pre-
vinem de escolher de forma a mais adequada qual dasalegações científicas possui maior credibilidade dentroda comunidade científica como um todo. Determinaro quão forte é cada um dos lados de um debate cientí-fico que requer um conhecimento considerável sobre oassunto [Ref. 34]. Poucos jornalistas possuem um conheci-mento científico real, e mesmo repórteres especializadosno assunto, que sabem muito sobre determinada questãocientífica, podem saber pouco sobre outras questões quede repente eles precisem cobrir [Ref. 35] [Ref. 36].
9.3 Política
Muitas questões bem como posturas inadequadas danifi-cam o relacionamento da ciência com a mídia, e o uso da
PZ Meyers , biólogo estadunidense , usando, em uma postura crí-tica, uma gravata com estampas de um " crocopato". A divulga-ção e difusão pelos meios de comunicação de informações cientí-
ficas incorretas - ou de informações científicas corretas de formaincorreta - pode levar a uma interpretação completamente equi-vocada das afirmações científicas por parte do público leigo.
ciência e de argumentos científicosporpolíticos contribuiem muito para acentuar-se o problema. Generalizando,muitos políticos procuram certezas e fatos enquanto oscientistas normalmente oferecem probabilidades e adver-tências. Entretanto, a habilidade dos políticos de seremouvidos pela mídia de massa aliada à quase frequente máformação científica destes - e não raro a interesses escu-sos particulares - leva-os geralmente a distorcer os temaspertinentes ao transmiti-los, e não obstante à formação
de opiniões incorretas também pelo público. Exemplosna Inglaterra incluem a controvérsia sobre a inoculaçãoMMR, e a resignação e retratação forçada em 1988 doministro Edwina Currie por afirmar a alta probabilidadeque dos ovos batidos conterem Salmonella[Ref. 37]. Nestecontexto, o "aquecimento global" é a bola da vez (ver: antiambientalismo e ceticismo climático).
9.4 Críticas filosóficas
O historiador Jacques Barzun designou a ciência como“uma fé tão fanática como qualquer outra na história",
e alertou contra o uso do pensamento científico parasuprimir considerações sobre o significado da existên-cia humana[Ref. 38] . Muitos pensadores recentes, comoCarolyn Merchant, Theodor Adorno e E. F. Schumacher,consideraram que a revolução científica no século XVIImudou o foco da ciência de estudar e entender a naturezaou sabedoria, passando a focar em questões sobre mani-pulação da natureza, e esta nova ênfase da ciência levouinevitavelmente à manipulação das pessoas. O focus daciência em medições quantitativas levaram a críticas queela é incapaz de reconhecer os importantes aspectos qua-litativos do mundo [Ref. 39].
O psicologista Carl Jung acreditava que apesar da ciênciatentar entender toda a natureza, o método experimentalusado iria impor questões artificiais e condicionais que
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24 10 NOTAS
evocariam apenas respostas parciais [Ref. 40]. David Par-kin comparou a estância epistemológica da ciência coma divinação[Ref. 41]. Ele sugeriu que, assim como a divi-nação é um meio epistemológico específico para conse-guir introspecção em uma dada questão, a própria ciênciapode ser considerada uma forma de divinação moldada
pelo ponto de vista oriental da natureza (e com isso aspossíveis aplicações) do conhecimento.
Vários acadêmicos têm feito críticas em relação à ética naciência. No livro Science and Ethics, por exemplo, o filó-sofo Bernard Rollin examinou a relevância da ética paraa ciência, e argumenta a favor de que a educação em éticaparte do treinamento científico [Ref. 42].
A ciência contudo mantém sua postura firme frente àscríticas filosóficas, e não obstante muitos cientistas - epor incrível que pareça até mesmo alguns filósofos - par-tem para críticas a respeito das posturas da filosofia e até
mesmo a respeito da própria filosofia da filosofia. Cer-tamente dominada pela autoridade pessoal mais do quepela autoridade factual, sobre a filosofia Richard Feyn-man afirmou: “A filosofia da ciência é tão útil para o ci-entista quanto a ornitologia para os pássaros”. BertrandRussel afirmou que “Ciência é o que você sabe. Filoso-fia é o que você não sabe!". Há contudo um filósofo emparticular que consegue resumir todas as posturas e es-colas filosóficas, e suas incontáveis divergências internas,em uma única frase. É atribuído a Cícero a afirmação deque “Não há nada de tão absurdo que não saia da boca dealgum filósofo”. Em suma, escolha um ponto de vista, eé possível achar um filósofo que a defenda.
10 Notas
[1] "A ciência só pode determinar o que é, não o que 'deve ser',e fora de seu domínio permanece a necessidade de juízosde valor de todos os tipos" (Albert Einstein) Conforme re-latado por SINGH, Simon. Big Bang. p. 459.
[2] "O homem domina a natureza não pela força , mas pelacompreensão. É por isto que a ciência teve sucesso ondea magia fracassou: porque ela não buscou um encanta-mento para lançar sobre a natureza" (Jacob Bronowski).
Conforme relatado por SINGH, Simon. Big Bang. p. 459.
[3] “Não há nada de tão absurdo que não saia da boca de al-gum filósofo” (Cícero) - conforme encontrado no wiki-quote lusófono - verbete “filosofia” - na edição publicadaàs 14h38min de 16 de Novembro de 2010.
[4] A resposta da ciência a este debate geralmente é: “Ciên-cia é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe”(Bertrand Russell) - conforme relatado por Simon Singh- Big Bang (pág. 459.).
[5] “A filosofia da ciência é tão útil para o cientista quantoa ornitologia para os pássaros” (Richard Feynman), con-forme relatado por Simon Singh - Big Bang (pág. 459.).
[6] Encíclica do Papa Jean-Paul II, de Fides et Ratio (1998)redefinindo relação ciência-religião assim: “A fé e a razão
estão como duas asas que permitem ao espírito humano secriar para a contemplação da verdade”
[7] Ver seção “Filosofia da ciência”
[8] Em outras palavras, a ciência sabe que não sabe tudoacerca da natureza. Contudo ela também sabe muito bemcomo lidar com isto
[9] Abordando uma consequência em contexto cultural doreal significado de teoria, a teoria da evolução é hoje oparadigma válido para a diversidade biológica, quer al-guns ramos da sociedade gostem, quer não. E para o de-sespero dos "criacionistas" em particular, mesmos que al-gum dos supostos “fatos” que propõem como contraditó-rios à evolução realmente contradissesse alguma de suasideias a evolução de forma válida, ela, de forma similar aoque se deu à mecânica clássica e ao contrário do que pen-sam, não iria diretamente para o “lixo”, como desejam.Ademais, ressalta-se que não há nenhum fato contraditó-
rio verificável, nenhum fato científico, ao rigor científicoaté a data atual, pelo menos. Aqui cita-se que os criacio-nistas “pecam” por um lado, mas há de se considerar queseus defensores também erram pelo outro: a teoria não éum “fato”, e tão pouco é provada, como muitos defenso-res afirmam. Elá é uma teoria científica, falseável , comotoda e qualquer teoria científica deve ser.
[10] A questão de valoração moral sobre o que é bom ouruim para nós mesmos, quer individual quer coletiva-mente, transcende contudo a ciência. Para os america-nos, a bomba nuclear sobre Iroshima certamente não tevea mesma conotação do que para os japoneses.
[11] Há várias discussões sobre ser a psicologia uma ciência -aqui em sentido estrito - ou não. Contudo ela figura, porvista grossa ou não, entre as “ciências sociais”.
[12] A incerteza experimental não é em princípio um empe-cilho à se caracterizar uma teoria como científica, mas aforma como as incertezas experimentais são tratadas den-tro da “teoria” e a obediência lógica ou não das hipótesesàs incertezas experimentais pertinentes certamente o são.
[13] Para maiores detalhes consulte os artigos Design inte-ligente, Kitzmiller v. Dover Area School District epastafarianismo nesta própria enciclopédia.
[14] Quadro pintado em 1425 (conclusão em 1428), alteradoem 1680, e restaurado em 1980.
[15] CNRS propõe uma exposição sobre o tema arte e ciência,apresentando as diferentes técnicas ao serviço da conser-vação das obras d' arte.
[16] Ver: Cientificismo e ocidente. Ensaios de epistemologiacrítica de Jean-Paul Carregar .
[17] Barry Barnes e David Bloor são fundadores do "programaforte", uma variedade da Sociologia do conhecimento ci-entífico, que procura explicar as origens do conhecimentocientífico por fatores exclusivamente sociais e culturais.
[18] Ver para mais informações: O processo de Galilée no sítioAstrosurf.
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25
[19] G.L Bruno tinha postulado e tinha apresentado sólidasevidências acerca do pluralismo dos mundos possíveis,como a existência de outros planetas no universo, com asua obra De l’infinito universo et Mondi (O infinito, o uni-verso e os mondes).
11 Referências
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[5] D'après le Trésor Informatisé de la Langue Française; voiraussile schémaproxémique surle Centre Nationalde Res-sources Textuel et Lexical.
[6] Inserir referência.
[7] consultable en ligne.
[8] Terry Shinn, « Formas de divisão do trabalho cientí-fico e convergência intelectual. A investigação técnico-
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[12] The Scientific Revolution”. Washington State University.
[13] British Broadcasting Corporation (BBC) - The History ofScience, Power, Proof and Passion - Apresentado por Mi-
chael Mosley - Conforme série cuja primeira parte do pri-meiro episódio foi acessado sob título : “BBC - 1-6 - AHistória da Ciência - O que há lá fora? - parte 1” em 24-12-2011 16:55 horas.
[14] Popper, Karl. Conjectures and Refutations: The Growth of Scientific Knowledge. [S.l.]: Routledge, 2002.
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[17] Benvenuto nel sito dell'Accademia Nazionale dei Lincei(em Italian) Accademia Nazionale dei Lincei (2006). Vi-sitado em 2007-09-11.
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[27] Relatório de informação n° 392 junto ao Senado (2002-2003) intitulado A divulgação da cultura científica
[28] Carta nacional dos Centres de Culture Scientifique, Tech-nique et Industrielle.
[29] Site do Exploratorium.
[30] Bernard Schiele, Presses Universitaires de Montréal,2003.
[31] #CITEREF, p. 16
[32] Ver: François d'Aubert, Le savant et le politique au- jourd'hui (colloque de La Villette), 1996.
[33] Golding, Gordon, ' 'O processo do macaco: a BíbliacontraDarwin' ', edições Complexas, Coll. Historiques, 2006,ISBN 2-8048-0085-7.
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[37] 1988: Egg industry fury over salmonella claim”, “On ThisDay,” BBC News (3 de dezembro de 1988).
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26 13 LIGAÇÕES EXTERNAS
[38] Jacques Barzun, Science: The Glorious Entertainment ,Harper and Row: 1964. p. 15. (quote) and ChaptersII and XII.
[39] Fritjof Capra, Uncommon Wisdom, ISBN 0-671-47322-0, p. 213
[40] Jung, Carl. Synchronicity: An Acausal Connecting Princi- ple. [S.l.]: Princeton University Press, 1973. p. 35. ISBN0691017948
[41] Parkin 1991 “Simultaneity and Sequencing in the Oracu-lar Speech of Kenyan Diviners”, p. 185.
[42] Rollin, Bernard E.. Science and Ethics. [S.l.]: Cam-bridge University Press, 2006. OCLC 238793190 ISBN0521857546
• Blay, Michel. In: Larousse. Dictionnaire des con-cepts philosophiques. [S.l.: s.n.], 2005. 880 p. ISBNDcp
12 Ver também
• Ciência do Antigo Egito
• Ciência patológica
• Computação científica
• Lista de prêmios de ciência
• Materialismo científico
• Tecnologia
• Anexo:Lista de tecnologias emergentes
Definição
• Ciência e religião
• Ciência grande
Método
• Método científico• Pesquisa inédita
• Comprovação científica
13 Ligações externas
Livros-texto
• National Center for Biotechnology Information (eminglês) Bookshelf
• Techbooks for free: Science (em inglês) Livros deengenharia e ciência grátis para download
• La ciencia para todos (em espanhol) Livros para lei-tura online.
• [Sítio do Conselho Internacional para a Ciência Tí-tulo não preenchido, favor adicionar] (em inglês)
Notícias
• Utopian (em alemão) Daily Science News
• Cienciapt.NET (em português) Informação de Ci-ência, Tecnologia e Inovação
Artigos
• Science-advisor (em inglês) Escritas de comentárioscurtos, revisões e cartas sobre artigos científicos,com ferramenta de pesquisa de literatura científica.
Recursos
• New Scientist (em inglês) Magazine, Reed BusinessInformation Ltd.
• United States Science Initiative(em inglês) Authori-tative selected science information provided by U.S.Government agencies, including research and deve-lopment results.
Leitura adicional
• Classification of the Sciences (em inglês) Dictionaryof the History of Ideas.
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27
14 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem
14.1 Texto
• Ciência Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia?oldid=42335507 Contribuidores: JoaoMiranda, Renato A. Laguna, Robbot,Hashar, JMGM, Giovano, Manuel Anastácio, Harshmellow, LuisBrudna, Mschlindwein, Rui Silva, Jphilips, E2mb0t, LeonardoRob0t,Ligia, Nuno Tavares, NTBot, RobotQuistnix, JP Watrin, Rei-artur, Leslie, Sturm, Clara C., Epinheiro, Tschulz, 333~ptwiki, João Carva-lho, Leinad-Z~ptwiki, Giro720, OS2Warp, Jpsousadias, FML, Lgrave, Palica, Adailton, Lijealso, Vmadeira, YurikBot, Cícero, Porantim,Fernando S. Aldado, Roberto Cruz, Martiniano Hilário, Luís Felipe Braga, MalafayaBot, Eligieri, Arges, X spager, PatríciaR, Salgueiro, Le-onardo.stabile, José Augusto, Flsp70~ptwiki, LijeBot, Jonas Mur, Jean Ribeiro, Luabio, Token, DCandido, Evandro Sanguinetto, M7Lion,João Sousa, Alcey, Leonardo Ferreira Fontenelle, Nice poa, GoEThe, FSogumo, Sam~ptwiki, Rei-bot, Escarbot, Biologo32, HJS, Be-lanidia, Daimore, Tangotango, JAnDbot, Alchimista, Deodato5, Rvertulo, AdriAg, Rodrigo Padula, MarceloB, Elaine Fontenele, Bisbis,BetBot~ptwiki, Andrelz, Barão de Itararé, V3n0w~ptwiki, CommonsDelinker, Maxtremus, Gtome7, Augusto Reynaldo Caetano Shereiber,Alexanderps, Rjclaudio, Idioma-bot, Edpitt, Luckas Blade, TXiKiBoT, Dhyone, Gunnex, VolkovBot, Brunosl, SieBot, J4495, FranciscoLeandro, Synthebot, Almondega, Lechatjaune, Teles, Vini 175, Vaniaiezia, Jeferson, Rita Souto Maior, GOE, Kaktus Kid, GOE2, One Pe-ople, Tetraktys, PequijanFAP, PipepBot, Chronus, Luciaccoelho, Heiligenfeld, Gusloureiro, Artur Claro, JohnR, Alexandrepastre, SergioKaminski, Weldsilva, SilvonenBot, Pietro Roveri, !Silent, OffsBlink, Vitor Mazuco, Louperibot, Fabiano Tatsch, ChristianH, Numbo3-bot, Luckas-bot, Nallimbot, Lucia Bot, Zymboo, Eamaral, Jonathan Malavolta, Vitorpamplona, L'Éclipse, Manobrega, Leosls, Sway 2,Vanthorn, Salebot, ArthurBot, Thomasdelaveaux, Jonas AGX, Lauro Chieza de Carvalho, Vitor12345, SuperBraulio13, Xqbot, JotaCar-tas, Gean, Almabot, Rubinbot, RibotBOT, Ts42, Laumaia, Silass, RedBot, TobeBot, Rjbot, Marcos Elias de Oliveira Júnior, KamikazeBot,HVL, QuarkAWB, TjBot, Ripchip Bot, Xekbraz, Jolielegal, Capitão Pirata Bruxo, DixonDBot, Hugo Dionizio Santos, P. S. F. Freitas,Aleph Bot, EmausBot, Дубопробка, Eric Filipi, ZéroBot, HRoestBot, Érico Júnior Wouters, Braswiki, Salamat, Gustavomp, Diovani-
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14.2 Imagens
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main Contribuidores: Wikipedia article: en:Galileo Galilei,
Artista original: Ottavio Leoni
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28 14 FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM
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• Ficheiro:Lunar_Laser_McDonald_Observatory.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5a/Lunar_Laser_McDonald_Observatory.jpg Licença: Attribution Contribuidores: Image and Permission acquired by Moneo Artista original: McDonalObservatory (USA)
• Ficheiro:Magnifying_glass_01.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3a/Magnifying_glass_01.svg Licença: CC0 Contribuidores: ? Artista original: ?
• Ficheiro:Masaccio-TheExpulsionOfAdamAndEveFromEden-Restoration.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/37/Masaccio-TheExpulsionOfAdamAndEveFromEden-Restoration.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Transferredfrom en.wikipediaArtista original: Masaccio
• Ficheiro:Matemática_médica.png Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ee/Matem%C3%A1tica_m%C3%A9dica.png Licença: GFDL Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Carlos.toledano
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• Ficheiro:Nile_River_Delta_at_Night.JPG Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/13/Nile_River_Delta_at_Night.JPG Licença: Public domain Contribuidores: NASA Earth Observatory Artista original: ISS Expedition 25 crew
• Ficheiro:Nuvola_apps_kalzium.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8b/Nuvola_apps_kalzium.svg Licença: LGPL Contribuidores: Obra do próprio Artista original: David Vignoni, SVG version by Bobarino
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• Ficheiro:Ptolemaeus.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0b/PSM_V78_D326_Ptolemy.png Licença: Publicdomain Contribuidores: This reproduction is reproduced from Popular Science Monthly Volume 78, April, 1911, page 316 Artista original: Desconhecido
• Ficheiro:Rodin_le_penseur.JPG Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ac/Rodin_le_penseur.JPG Licença: CCBY-SA 1.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Piero d'Houin Inocybe
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Ficheiro:Royal_Society_20040420.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/Royal_Society_20040420.jpg Li-cença: CC BY 2.5 Contribuidores: Copyright Kaihsu Tai Artista original: Copyright Kaihsu Tai
• Ficheiro:Science_is_not_a_Religion.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/00/Science_is_not_a_Religion.jpgLicença: Public domain Contribuidores:
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• Ficheiro:The_Feynman_Lectures_on_Physics.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/87/The_Feynman_Lectures_on_Physics.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Barak Sh
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