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1 CIÊNCIA POLÍTICA TEORIA GERAL DO ESTADO (TGE) PROFESSORA: ELEONORA FREIRE AV1 CIÊNCIA POLÍTICA OBJETO DE ESTUDO: O que é política? O que é o discurso político? O que é relação de poder? Na Teoria Geral do Estado (TGE), o objeto de estudo é o próprio Estado. NATUREZA: a Ciência Política possui natureza teórica (abstrata). A Ciência Política e a TGE são disciplinas interdisciplinares. IMPORTÂNCIA OU CONTRIBUIÇÃO: dar base teórica para os futuros campos do Direito Público, especificamente do Direito Constitucional. Também ajuda na formação da cidadania. CANOTILHO: O que é a Constituição? É o Estado jurídico do político. poder político Estado tipo forma de governo O DISCURSO POLÍTICO O que é um discurso? O que caracteriza um discurso político? Quem profere um discurso político? Quem é um sujeito deste discurso? Qual é o espaço social do discurso político? O que é um discurso? Discurso é uma fala que tem uma intencionalidade, um objetivo. O discurso tem que ter um conteúdo, e também tem que ter uma lógica. O que caracteriza um discurso político? Um discurso político tem que ter persuasão, convencimento. Além disso, um discurso político: fala sobre questões políticas; divulga ideologias políticas; fala também sobre programas governamentais e estrutura e organização do Estado; tenta persuadir, convencer a maioria , para que haja uma ação; DISCURSAR+PERSUADIR, para então AGIR!!! exige o mínimo da retórica. Quem profere o discurso político? Quem é o sujeito desse discurso? Todos os cidadãos! O sujeito deste discurso tem que ser todos nós! Qual é o espaço social do discurso político? É o espaço público. Esse espaço pode ser estatal ou não estatal. Espaço público estatal: o espaço público estatal é o espaço concernente ao Estado (ex.: Ass. Legislativas).

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CIÊNCIA POLÍTICA – TEORIA GERAL DO ESTADO (TGE) PROFESSORA: ELEONORA FREIRE

AV1 CIÊNCIA POLÍTICA OBJETO DE ESTUDO: O que é política? O que é o discurso político? O que é relação de poder?

Na Teoria Geral do Estado (TGE), o objeto de estudo é o próprio Estado. NATUREZA: a Ciência Política possui natureza teórica (abstrata). A Ciência Política e a TGE são disciplinas interdisciplinares. IMPORTÂNCIA OU CONTRIBUIÇÃO: dar base teórica para os futuros campos do Direito Público, especificamente do Direito Constitucional. Também ajuda na formação da cidadania. CANOTILHO: O que é a Constituição? É o Estado jurídico do político. poder político Estado tipo forma de governo O DISCURSO POLÍTICO

O que é um discurso? O que caracteriza um discurso político? Quem profere um discurso político? Quem é um sujeito deste discurso? Qual é o espaço social do discurso político?

O que é um discurso? Discurso é uma fala que tem uma intencionalidade, um objetivo. O discurso tem que ter um conteúdo, e também tem que ter uma lógica. O que caracteriza um discurso político? Um discurso político tem que ter persuasão, convencimento. Além disso, um discurso político: fala sobre questões políticas; divulga ideologias políticas; fala também sobre programas governamentais e estrutura e organização do Estado; tenta persuadir, convencer a maioria, para que haja uma ação;

DISCURSAR+PERSUADIR, para então AGIR!!!

exige o mínimo da retórica.

Quem profere o discurso político? Quem é o sujeito desse discurso? Todos os cidadãos! O sujeito deste discurso tem que ser todos nós!

Qual é o espaço social do discurso político? É o espaço público. Esse espaço pode ser estatal ou não estatal. Espaço público estatal: o espaço público estatal é o espaço concernente ao Estado

(ex.: Ass. Legislativas).

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não estatal: são os espaços concernentes a todos. (ex.: praças, escolas, etc.)

O DISCURSO POLÍTICO (CONTINUAÇÃO) Discurso político objetiva fundar um ideal político <-> ideologia política (articulação) influencia as opiniões, o consenso da maioria Como vimos anteriormente, o discurso político é um discurso com uma intencionalidade (formar maioria). É necessário, para isso, formar um consenso, uma adesão. Há a possibilidade, também, de uma ideia de rejeição ao discurso político, o que não deixa de ser uma ideia. Num discurso político, não se fala por falar. Há que se ter uma intenção, busca-se o consenso (da maioria), em relação ao “tema” abordado. (ideia) Liberdade política – a atuação interfere na vida da sociedade. Atividade política

FORMAR OPINIÃO INFLUENCIAR DECISÃO PARA SE TER UMA ACÃO

Para se fazer um discurso político, há a necessidade de conhecimento de retórica, para que o discurso seja construído de forma a ser percebido pelos ouvintes. Demanda: aglutinação de pessoas que já estejam reunidas em torno de um pensamento com idealização política. Obs.: Discurso político ≠ discurso a respeito do político! Espaço social: pode ser uma escola, uma praça, uma reunião de família etc. Espaço político: fronteira entre o público e o privado O DISCURSO POLÍTICO E A LEGITIMIDADE O que é legitimidade? Legitimidade é a produção de consentimento. E produção de consentimento por concordância, e não por medo. Quanto mais o discurso político produz adesão, mais legítimo ele será. Obs.: Há a possibilidade de um discurso político bem estruturado propiciar adesão a um ideal absurdo? Sim! Vide, por exemplo, o nazismo de Hitler, na Alemanha. O DISCURSO POLÍTICO E A RETÓRICA A retórica é uma dinâmica de comunicação dos atores políticos. A retórica é a arte da persuasão. Utiliza-se da Teoria dos Recursos Verbais. Origem da retórica: começa com os sofistas, da Grécia Antiga. Diziam eles: “No mundo humano, tudo é relativo.” “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como ela são, das que não são como elas não são.” Segundo eles, tudo é a nossa medida – se tudo é relativo, tudo pode ser mudado, discutível, modificado. Mas, para mudar, é necessário convencer. A RETÓRICA (CONTINUAÇÃO)

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Relembrando: O que é retórica? É uma forma de comunicação que claramente busca persuadir, convencer. Um discurso que tem retórica se utiliza dos recursos verbais, tem técnica, não é um discurso espontâneo, e sim um discurso previamente construído, elaborado. Quando surgiu a retórica? Surgiu no século V a.C. – Grécia -> Invenção das cidades-Estados, da democracia, do julgamento público, do debate em torno das leis... Presença e importância dos filósofos sofistas: Córax, Górgias, Protágoras. Historicismo, relativismo, formação do cidadão. Retórica: É A ARTE DE CONVENCER QUALQUER UM A RESPEITO DE QUALQUER IDEIA.

IV a.C. – Aristóteles – Grécia “Política” Sistematizou o estudo da retórica É uma técnica composta de 4 fases:

a) Invenção: criar argumentos capazes de persuasão; b) Disposição: organização lógica; c) Elocução: saber pronunciar, falar bem; d) Ação: colocar em prática todos as outras 3 fases.

LEGALIDADE E LEGITIMIDADE

a) Legalidade: é o procedimento da autoridade pública com o direito estabelecido. Quando surgiu esse princípio? Revoluções democrático-modernas -> derrubada do Estado absolutista e instituição do Estado de Direito. limitar o exercício do poder político proteger os indivíduos de uma conduta arbitrária ou abusiva b) Legitimidade: trata-se da justificação para o exercício do poder através de critérios que criam aceitação,

convencimento, obediência. Os diferentes critérios de legitimação do poder: a) Sociedades simples; b) Estado absolutista; c) Estado de Direito. Estado de Direito o poder do Estado tem que ser limitado Constituição democrática Legalidade

princípio da separação dos poderes (controles recíprocos) quem é o titular do poder? “TODO PODER EMANA DO POVO...” democracia direta indireta ou representativa semidireta ou participativa

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num Estado de Direito, nós somos titulares de direitos e garantias individuais A QUESTÃO DO PODER O que é o poder? É uma forma específica de relação social, onde homens comandam outros homens. Concepção relacional do poder ROBERT DAHL – “A influência (poder) é uma relação entre diferentes atores sociais, na qual um ator induz outros atores a agirem de um modo que, caso contrário, não agiriam”. Quais são os possíveis atores sociais? A relação simples de poder são as ações interpessoais (UM indivíduo exercendo força, comando sobre UM outro indivíduo. Na forma mais primitiva, essa força provém da força física). Esses são os atores sociais individuais. Os atores sociais também podem ser coletivos.

Ator social Ator social

Indivíduo indivíduo Classe dominante classe dominada Empregadores trabalhadores Católicos protestantes Cristianismo islamismo Estado A Estado B ONU Estado

“O lugar do poder nunca fica vazio.” Sendo assim, fica a pergunta: quem deve ser o titular do poder? Os vários tipos de poder:

Familiar: regulado, principalmente, pelo Código Civil. Segundo tal, quem estabelece o poder são o pai e a mãe. Código Civil Pai filhos CLT Mãe empregados (se tiver) ECA

Econômico: é exercido pelos donos dos meios de produção. Indo mais além, é a força financeira que exerce esse poder, esse comando. Exercem sobre quem? Sobre a maioria da humanidade. Esse poder é democrático? Não, pois temos uma minoria exercendo poder sobre a maioria.

Ideológico: ter o poder ideológico é comandar, direcionar o pensamento, o sistema de valores etc... Esse poder é exercido por pensadores, escritores, formadores de opinião (mídia, por exemplo), artistas etc.

Político: quem deve exercê-lo no Estado Democrático de Direito? É o povo (conjunto dos cidadãos ativos), e o povo deve exercer esse poder sobre todos. Como o povo pode exercer esse poder? Modo direto=democracia direta Modo indireto ou representativo=democracia indireta ou representativa Modo semidireto ou participativo=democracia semidireta ou participativa O nosso país adota o modelo semidireto ou participativo. Quais são as funções específicas do poder político? São as funções executiva, legislativa e judiciária. Qual a finalidade do poder político? Art. 3º da CRFB/88.

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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Tecnológico

As diferentes formas de exercício do poder Modelo autoritário x Modelo democrático O Estado de Direito e o exercício do poder político

CONTRATUALISMO Hipótese de Origem Estado de Natureza contrato Estado e da sociedade (concepção moderna) razão e vontade público Natureza humana dos homens Estado guiada ou regida - Negam o pelo Direito Natural impulso associativo sociedade presente na espécie privado humana algo que diferencia o homem de tudo o ordem político-jurídica da sociedade que há no universo aparelho público destacado da essência (não muda) sociedade = estrutura jurídico- ≠ -política da sociedade aparência (muda) construção histórica Direito da espécie humana, que protege a sua essência. Composto de princípios lógicos capazes de proteger a nossa essência. Thomas Hobbes – Inglaterra, nobreza – 1651 – Leviatã força garantidora da vida, da segurança, da ordem

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Estado de natureza -> guerra de todos contra todos O homem lobo do próprio homem Vida precária Fim da espécie humana A razão humana é capaz de concluir: Contrato pacto de submissão Estado autocrático ceder o direito de se governar poder político

Natureza humana conflito razão x paixão Egoísmo -> inclinação ao poder, vaidade, honra, mentira, Desconfiança opaca ou não transparente pessimista

Direito Natural autopreservação = liberdade total manter-se vivo (guerra de todos contra todos) Diferença entre escravo, súdito e cidadão (diferença segundo Hobbes) Escravo: destituído de liberdade política Súdito: cede a liberdade religiosa, a fim de garantir a liberdade privada ou civil. Cidadão: quer e exerce a liberdade civil. Estado absolutista (autocrático) Poder político exercido por um só (monarquia absolutista) ou por uma assembleia de homens (aristocracia absoluta) absoluto: concentrado, indivisível, ilimitado jurídico político

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é o poder que constrange os outros poderes = poder supremo, superior finalidade manter a ordem = o Estado é condição para a vida em sociedade SEM ESTADO = ESTADO DE NATUREZA Garantia de vida, da paz, da segurança Inaugura a visão positivista do Direito

CONTRATUALISMO (CONTINUAÇÃO) O Liberalismo político ético econômico Liberalismo político: crítica ao absolutismo poder ilimitado -> insuficiente separação entre o Estado (poder político) e a Religião (poder religioso) ideia de Estado Liberal de Direito Ausência de liberdade religiosa interferência do Estado na economia Estado Liberal de Direito: - limitar o poder do Estado - separação definitiva de Estado e Religião (Estado laico) Constituição democrática Leis => processo legislativo + discussão no parlamento Titular da soberania = POVO Demoracia Separação dos poderes Direitos e garantias fundamentais Direito de resistência Estado Mínimo não interventor Garantia dos direitos individuais

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Liberalismo ético individualismo direitos individuais Vida Liberdade Igualdade Propriedade Segurança Liberalismo econômico: a não intervenção do Estado na economia (economia de mercado) John Locke – séc. XVII, Inglaterra – “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil” Estado de natureza: todos têm o Poder Executivo da lei de natureza (doutrina da virtude natural). A natureza humana regida pelo Direito Natural. Natureza humana: “Nascemos livres na justa medida em que somos racionais”. LIVRES RACIONAIS RELAÇÃO DIRETA Direito Natural preservação da espécie razão igualdade liberdade propriedade paz sentido positivo (+): estado de equilíbrio, preservação da espécie, concórdia sentido negativo (-): baixo uso da razão -> desrespeito ao Direito Natural não tem coercibilidade destituído de sanção conflito justiça com as próprias mãos

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Contrato para quê? tornar coercitivo o Direito Natural (Poder Legislativo) Positivação da razão: liberdade de pensamento, de expressão... Positivação da igualdade: todos são iguais perante a lei. Positivação da preservação da espécie: proteção à vida. Positivação da propriedade: proteção à propriedade. iImpedir que os homens façam justiça com as próprias mãos (Poder Judiciário) defesa coletiva (Poder Executivo) Como Locke pensou o contrato?

Locke não aceita o pacto de submissão. Ao contrário, para ele, não há cessão de direitos individuais. A única renúncia que Locke prega é a renúncia de fazer justiça com as próprias mãos.

Locke não cede liberdade. Ao contrário, o indivíduo exerce o poder político, ai participar das reuniões governamentais. Como? Através da fidúcia (empréstimo) => representação, delegação. É a ideia de democracia indireta ou representativa. Segundo Locke, não somos mais súditos, e sim cidadãos. Mas Locke divide os cidadãos em: 1ª categoria: os proprietários (cidadania plena); 2ª categoria: os não-proprietários (governados).

A finalidade do contrato é a garantia dos direitos individuais.

Segundo alguns autores, esse contrato é chamado de pacto de delegação ou pacto de consentimento. CONTRATUALISMO – ROUSSEAU Jean-Jacques Rousseau – XVIII, França “Contrato Social” – 1762 Estado de natureza: os homens, em estado de natureza, segundo Rousseau, vivem sadios, bons e felizes enquanto cuidam de sua própria sobrevivência, até o momento em que é criada a propriedade e uns passam a trabalhar para outros, gerando escravidão e miséria. A natureza humana regida pelo Direito Natural Natureza humana racionalidade e emoção bem comum conhecimento “O homem é bom por natureza, a sociedade é que o corrompe”. “Bom selvagem” Igualdade de fato: em estado de natureza, temos uma igualdade de fato, ou seja, todos vivem basicamente da mesma forma. Igualdade artificial: todos estão regidos pelas mesmas leis, mas não existe igualdade de fato (igualdade social ou material). Dessa

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igualdade material, surge a figura do excedente. Excedente: para acabar com o excedente, foram encontradas três saídas. Sem excedente distribuir o excedente EXCEDENTE Apropriação por alguns do excedente Propriedade privada A desigualdade dos homens afeta a liberdade humana Desigualdade dos homens

Igualdade liberdade solidariedade Degenera o homem Como resolver esse problema? PACTUAR: estabelecer um contrato (“contrato social”) capaz de realizar a igualdade de fato, recuperar a liberdade e expressar a solidariedade (bem comum). Direito Natural: liberdade, igualdade e solidariedade (fraternidade). Contrato social inclui os excluídos não há cessão de direitos naturais critica a democracia indireta ou representativa defende a democracia direta: o povo deve decidir o que tem importância ou o que é fundamental, e fazê-lo de modo direto. Toda lei não ratificada/referendada diretamente pelo povo é nula de pleno direito. Estado comissários do povo, colocados e retirados a qualquer tempo Governo Soberano é o povo decidindo as suas leis, a começar pela Lei Fundamental. ao decidir, deve expressar a vontade geral, e não a vontade de todos. Vontade geral: é uma vontade sempre reta (ética), capaz de decidir no sentido do interesse público e da efetivação do bem comum.

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Vontade de todos: somas “ disfarçadas” de vontades particulares, corporativas, dissimuladas com os interesses do povo. Thumas Hobbes – Estado autoritário John Locke – Estado Liberal de Direito Rousseau – precursor do Estado Social de Direito Estado Social de Direito função social distribuir bens e oportunidades sociais reconquistar a igualdade de fato para todos efetivamente serem livres sociedade fraterna fim da corrupção humana AV2 TEORIA GERAL DO ESTADO Aspectos: . físico-geográfico -> território

a) Materiais: . humano -> povo . soberania (poder político)

b) Políticos (formais): . governo . fins gerais ou coletivos Conceito: “o Estado é um povo politicamente organizado, exercendo o poder soberano (soberania) e constituindo o seu governo, num território claramente demarcado e internacionalmente reconhecido, a fim de realizar fins gerais ou coletivos.

1) SOBERANIA - A partir do século XVI, na Europa Ocidental, o poder político passa a ser considerado como poder supremo ou superior. - Instaura-se um novo modelo ou tipo de Estado – o Estado absolutista – e inicia-se um longo e difícil processo de distinção entre o poder político e o poder religioso quanto à: titularidade, forma de exercício, finalidade, uso de força... - Século XVI – França – Jean Bodin 1576 – foi o primeiro teórico da soberania “A república (= o Estado) é o reto (ético) governo de várias famílias e do que lhes é comum, tendo um poder soberano.” O que caracteriza esse poder? - É poder político, é absoluto e é perpétuo. . Diferença no exercício da soberania nos Estados absolutistas e no Estado Liberal de Direito . Diferenças e semelhanças

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Semelhanças

Estado absolutista (séculos XVI, XVII e XVIII) Estado Liberal de Direito e os futuros Estados de Direitos

- Poder político - Poder político - Poder que constrange os outros poderes (internos) - Poder que constrange os outros poderes (internos) - Independência - Independência - Território demarcado (tratados de fronteiras) - Território demarcado (tratados de fronteiras) Diferenças

Estado absolutista (séculos XVI, XVII e XVIII) Estado Liberal de Direito e os futuros Estados de Direitos

- Soberania concentrado absoluto ilimitado autoritário

- Soberania descentralização (separação dos poderes do poder político limitado Constituição DIP democrático

- Monarca absolutista - Povo - Critério de legitimidade: Teoria do direito divino dos reis

- É exercida democraticamente pelo povo

MIGUEL REALE: soberania é o poder que o povo tem de organizar-se juridicamente e de fazer valer a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência humana.

2) TERRITÓRIO

Estado absolutista – nascimento histórico da ideia de território demarcado e reconhecido internacionalmente, sendo considerado um dos elementos essenciais da constituição do Estado.

Elementos do território

Solo; Subsolo; Mar territorial; Espaço aéreo; Plataforma continental + casos de extraterritorialidade.

Não há necessidade de continuidade geográfica, e sim da existência de unidade no exercício do poder.

As conclusões básicas Não existe estado sem território.

O DIP admite a exceção de Estados com perda temporária de território.

O território demarca ou delimita o exercício do poder. (ideia em crise com o processo de globalização)

O território é objeto de direitos do Estado.

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Território é o espaço físico-geográfico demarcado por tratados ou acordos internacionais, reconhecido por outros Estados, nos limites do qual um certo povo é livre para exercer o poder (soberania) e constituir o seu governo, objetivando a realização de finalidades por ele (povo) estabelecidas.

3) POVO População ≠ Povo ≠ Nação População: conceito demográfico/econômico -> não é elemento humano do Estado. Integra a população toda e qualquer pessoa que em um determinado momento esteja situada no território de um Estado, sendo irrelevante sua nacionalidade, idade, capacidade e situação política. Povo: conceito jurídico/político -> é o elemento humano do Estado. O povo é que tem o significado jurídico e político, e por isto mesmo é considerado o elemento humano do Estado. Do ponto de vista jurídico, integra o povo os nacionais, ou seja, no caso do Brasil, os brasileiros natos e os naturalizados, estando excluídos todos os estrangeiros e apátridas (sem pátria, sem nacionalidade). Do ponto de vista político, povo é o cidadão ou o titular do poder, devendo no Estado de Direito exercê-lo democraticamente. No nosso caso, são os brasileiros natos ou naturalizados portadores de direitos políticos e em condições de exercê-los. Estão excluídos: todos os estrangeiros, os apátridas, os menores de 16 anos, os absolutamente incapazes e todos os que cumprem pena de suspensão dos direitos políticos. Nação: conceito histórico/cultural -> não é elemento humano do Estado.

Estado sem nação Estado plurinacional Nação sem Estado Estado e Nação

O termo nação possui um sentido histórico-cultural. Trata-se de uma comunidade humana que compartilha uma origem histórica comum, uma língua, expressões culturais e artísticas, religião etc.

4) GOVERNO Governo é o elemento de ação ou de atuação do Estado, sendo normalmente identificado como a força política predominante no Executivo. FORMAS DE GOVERNO As diferentes formas de governo estabelecem na sociedade política a importante relação entre governantes e governados, definindo: Quantos são os governantes? Como chegam ao poder? Governa para realizar o quê? Problema este já teorizado por Aristóteles no século IV a.C. Diferentes classificações das formas de governo

1) Classificação antiga Aristóteles – IV a.C. – Grécia – “Política” Combinou dois critérios: quantitativo (Quantos governam?) e qualitativo (Governam parar realizar o quê?)

Formas boas (formas puras) Formas impuras

Realeza (monarquia) tirania Aristocracia oligarquia

Politia (república) democracia (demagogia)

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2) Classificação moderna

Maquiavel – XVI – “ O príncipe” Simplificou a classificação antiga e fez predominar o critério quantitativo: “Todos os Estados que existem ou que existiram são e foram monarquias ou repúblicas”. A) Monarquia B) República aristocrática

democrática

3) Classificação contemporânea

Monarquia República

hereditariedade eletividade vitaliciedade temporariedade irresponsabilidade política responsabilidade política

Monarquias absolutistas x monarquias parlamentares constitucionais Séculos XVI, XVII, XVIII final XVIII, XIX, XX, XXI Revoluções democráticas Monarquias absolutas Monarquias constitucionais parlamentares Monarquias constitucionais parlamentares Monarquia: chefia de Estado => epresentação internacional. - Hereditariedade, vitaliciedade e irresponsabilidade política. Constitucional: Estado de Direito constituições democráticas direitos e garantias individuais democracia separação das funções do poder político Parlamentar: - Legislativo: composto por representação popular - Republicano: eletividade, temporariedade e responsabilidade política – chefe de governo (primeiro-ministro, chanceler, premier); ministros (governo ou gabinete). SISTEMAS DE GOVERNO Os diferentes sistemas de governo no Ocidente dependem da forma de como se estabelecem as relações entre o Executivo e o Legislativo, sendo estes: presidencialismo e parlamentarismo. No presidencialismo predomina quanto a organização destes poderes o Princípio da separação, independência e harmonia, ou seja, não há subordinação política entre os mesmos. O Legislativo não pode provocar a queda do Executivo, e este não pode dissolver o Legislativo. Já no parlamentarismo o princípio é o Princípio da colaboração e subordinação do Legislativo e do Executivo. O chefe de governo e seus ministros podem ser destituídos do governo (queda do governo), bem como, o Executivo pode dissolver o Legislativo e convocar novas eleições.

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Parlamentarismo Presidencialismo - Princípio: colaboração e subordinação política - Princípio: separação, independência e harmonia - Executivo dual ou bipessoal Chefe de Estado – monarca ou Presidente da República Chefe de governo – premier, chanceler, 1º ministro...

- Executivo unipessoal Presidente da República – chefe de Estado e chefe de governo

- Crise de governo Voto de confiança – maioria parlamentar -> queda de governo ou dissolução do parlamento e novas eleições

- Crise de governo Somente o Presidente da República pode perder o cargo por ter praticado um crime de responsabilidade política ou crimes comuns relacionados ao exercício de suas profissões

- Ministros Necessitam de aprovação da maioria parlamentar. Decidem os rumos das políticas governamentais.

- Ministros Simples auxiliares do Presidente. Livremente nomeados e destituídos

Adequado à ambas formas de governo (monarquia e república)

- Só é compatível com a forma republicana de governo

- Predomina nos países de capitalismo central - Predomina em Estados “subdesenvolvidos” AS DIFERENTES FORMAS DE ESTADO

Estado unitário (Estado simples) Estado federativo (Estado composto)

a) Estado unitário ou simples: nessa forma de Estado ocorre uma centralização ou concentração do

exercício do poder no território. Grande parte da estrutura estatal encontra-se na capital do Estado, da onde partem as principais decisões políticas, a ordem jurídica e autoridades delegadas para as denominadas províncias ou departamentos, ocorrendo no máximo uma descentralização administrativa. Foi a forma de Estado prevista na Constituição de 1824, que estruturou o Império do Brasil.

1824 Estrutura do poder

Separação quadripartide: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. Concentração do poder no território. Autoridades executivas e judiciárias nomeadas ou delegadas do Centro (Rio de Janeiro). Nomeação e destituição dos cargos: vindas do Centro. É destituída de autonomia (autogoverno, autoadministração, recursos próprios...) Descentralização administrativa. Poder Moderador: poderia modificar e/ou vetar projetos de lei, poderia nomear os senadores (que eram

vitalícios), era considerada a última instância, poderia nomear os presidentes das províncias... Havia uma democracia restrita. Forma de governo: monarquia constitucional parlamentarista (há controvérsias).

b) Estado federativo ou composto: nessa forma de Estado ocorre uma distribuição ou descentralização da

organização e do exercício do poder no território do Estado, criando diferentes níveis portadores de autonomia (autogoverno, autoadministração, recursos próprios e competências previstas na Constituição). Tal forma de Estado foi criada pelos americanos, em 1787, quando instituíram os Estados Unidos da América, e adotada no Brasil a partir da Constituição de 1891 e mantida até os dias atuais.

13 colônias britânicas

Destituídas de autonomia e soberania.

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1776 – árdua luta de independência. Passaram a constituir 13 Estados independentes (possuíam povo, território, soberania, fins próprios).

Confederação de Estados (Estado composto). Confederação é a união (no caso dos EUA, de 13 Estados) soberanos, a fim de atuarem conjuntamente no âmbito das relações internacionais. Forma de governo inventada pelos americanos.

1787 – Convenção de Filadélfia => apresentaram uma nova forma de Estado – Estado federativo. Federação: 13 Estados- membros da Federação – entes da Federação -> portadores de autonomia, formando uma união indissolúvel (União). Cada Estado-membro possui governo próprio, Constituição estadual recursos próprios e competências exclusivas na Constituição.

Competências exclusivas na Constituição: no modelo americano, enuncia taxativamente as competências

executivas, legislativas e judiciárias da União e poderes reservados ou remanescentes aos Estados. CARACTERÍSTICAS Trata-se de um Estado federativo com fortíssima descentralização interna (muita autonomia), isto porque em seu processo histórico, passaram de uma estrutura confederativa para federativa, existindo por parte dos Estados-membros uma memória histórica do exercício de soberania.