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Cinturao negro revista portugues 277 2014

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A revista internacional de Artes Marciais, desportos de combate e defesa pessoal. Download grátis. Edição Online 277 - 2014. Ano XXIII

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vida é uma constante reconversão. Nostornamos algo que está continuadamentereconvertendo-se em outra coisa eparadoxalmente, continuamos sendo osmesmos. As nossas células mudam na sua

totalidade em sete anos e em sete dias o nosso sanguese renova completamente, mas se por exemplo,nascemos teimosos, continuaremos sendo teimosos;com matizes, ajustes e adaptações exceptuadas tudoquanto quiserem.Existe uma raiz profunda nas nossas naturezas que

não é equidistante nem equilibrada. Uma tendência aoptar que abre umas portas e fecha outras. Tudo temum preço, o perfeito não existe ou sempre tem estadoaí. Restringir-se a uma regra moral, a um modelo, pormelhor que seja a priori, é uma medida espúria ou pelomenos suicida, sempre castradora e definitivamentetraumática. Não teríamos por isso, tentar a mudança, a

transformação? Eu não disse isso. Se a vida é alguma coisa, é um processo de

mudança e essa mudança deve ter um farol, umabússola, um Norte. O problema surge quando amudança não aparece de dentro para fora, ou quandoo modelo não responde á nossa natureza e sim à deoutro. Esse e não outro, é o problema essencial deensinar, o problema da Maestria. O Ocidente simplificou essa questão mediante a

despersonalização da aprendizagem. Se estudamtécnicas, temos de seguir o plano de estudos; o centronão está na pessoa, mas sim nas matérias. Alguémpode ser um perfeito cabrão e no entanto ser ummagnífico engenheiro aeronáutico. É normal que hajatanta gente má por esses mundos afora… Ensinar-nos a ser pessoas é difícil, porque cada um

parte de lugares diferentes, cada um somos esse flocode neve que cristaliza de maneira única. Quandodesfeitos, todos somos H2O, mas enquanto mantemosa nossa forma sólida, somos inquestionavelmentediferentes. Em geral, o Oriente mantém aí discreto, o que é mais

que louvável e mostra uma sabedoria secular. Aaprendizagem é de cada um, o Mestre é mais umexemplo, que deve ser lido por cada um. Talvez porisso o ensino, inclusivamente a técnica, é tão silenciosano Oriente. A verbalização, especialmente dasquestões mais pessoais, tem sido praticamentedesterrada, não por negligência, mas por convicção deque traz mais de mau que de bom. Mas amigos, a globalização é matéria sensível e as

misturas nem sempre dão os melhores frutos, porvezes também os piores… Na confusão dos nossostempos, em não poucas ocasiões, as misturas podem

ser como na anedota de Einstein e Marilyn, ondeEinstein diz: “Imagine se sair ao contrário, com a minhabeleza e a sua inteligência”. Mas entretanto, a misturassão um caminho sem volta atrás, o que deveria dereduplicar a nossa atenção a este ponto. Toda tentativade liquidar o assunto com aquilo de “qualquer tempopassado foi melhor”, está condenado ao fracasso,porque Heraclito já nos elucidou nisto e porque parapior, ainda por cima agora o rio corre contaminado…Tenho visto como muitos professores, tantas vezes

imbuídos da melhor das intenções, são apanhados poressa particular confusão dos tempos do mundo àsavezas. Outras até, e não poucas vezes, tenho vistocomo tem sido esta confusão, o melhor subterfúgiopara a consecução do abuso e a tirania, dando lugar àpersonificação de patologias pessoais e sectárias. Mestres de Artes Marciais entoando o canto do

macaco macho, que lesionam seus alunos em suasdemonstrações de omnipotência, ou que imbuídos dasempre falsa aureola de superioridade moral, humilhamseus alunos em público, tratando-os como se falassemàs suas tropas perante uma batalha à vida ou morte,simplesmente porque se levantaram com o péesquerdo, ou porque em má hora, se lhes abriu essaborbulha purulenta que esforçadamente vinhamcultivando em sua prístina superioridade. Frente a este paradigma necessariamente temos de

voltar sempre aos clássicos, o “conhece-te a ti mesmo” é aúnica vacina que mais ou menos funciona para essasdoenças. Cada uma com suas patologias e quando jásubmetido a esse princípio, faz-se muito maiscompreensivo com as patologias dos outros, porquequando já vista a palha no próprio olho, nos fazemos maistolerantes e amáveis com a palha no alheio. De outramaneira, o ostracismo anímico e social são a únicaconsequência possível. A compaixão que assim surge,vem das nossas deficiências e não da nossa superioridademoral e é por isso efectiva e de longo percurso. A outra éfalsa e frequentemente será detectada, porque nóspodemos segurar uma bandeira muito tempo, mas umaárvore (…como é natural), se segura sozinho. Reconverter-se não é uma opção, é um comando da

natureza, não nos penduremos medalhas por isso! Asmedalhas ou os prémios vão chegar, ou não, fruto decomo fizermos e do que fizermos. Nada é possível deacertado nestes processos, sem contarmos com asnossas naturezas pessoais, porque uma macieira darásempre maçãs… A convergência de tradições e modernidade não são

uma novidade. Toda evolução se baseia de uma ou deoutra maneira numa traição a modelos preeminentes eem seu momento aceites sem discussão. Acasalarambos mundos não só é pertinente como

“Deveríamos usar o passado comotrampolim e não como sofá”.

MacMillan

“O tempo pode ter partos trabalhosos,mais nunca aborta”

Lamennais

A

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indispensável para que alguma coisa nova saia à luz,para que a história avance em seu caminho e o que éverdadeiramente Universal permaneça. Todosestamos em dívida com os nossosantecessores e por mais que tantas vezesna vida nos enganemos por não ouvir assuas vozes, é essa também a nossaobrigação transgressora;frequentemente o tempo dá-lhes a justa razão que tiveram,porque à vez eparadoxalmente, quase tudoestá inventado, ou pelomenos todos, quando nosvamos fazendo velhos, nosparecemos aos nossosantecessores. Todos,com os anos nosfazemosconservadores…,queremos conservar ocabelo, queremosconservar a força,queremos conservar avontade de conservar…

O trabalho de cadageração, de cada tempo, éreconverter-se - por mais dedesgoste o saudosista - e apartir do que somos e do ondeestamos, por mais que o libertárionão goste, nem goste ao sonhadorutópico. Mas nem todas asamalgamas e misturas são válidas.Em química, como na vida, devemser feitas com cuidado, mas novasligas mais eficientes são semprepossíveis e certamentenecessárias, porque o caminhodo tempo é em frente e amudança, a reconversão, não sãoem modo algum opcionais. Ascoisas não são para sempre, oupelo menos não são para sempreiguais, mas em qualquer casoaborrecidas se não houver alegria.

Como diz Woody Allen: “Aeternidade torna-se longa,principalmente no final”.

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

https://www.facebook.com/alfredo.tucci.5

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Cinco Motivospara escolher a Eskrima

Começamos este mês uma sérieapaixonante, onde os melhoresinstrutores do mundo responderão auma pergunta directa: deverão dar-noscinco motivos para terem escolhido asua Arte Marcial!Este mês contamos com duas

figuras mundiais em seusrespectivos estilos: Guro DaveGould, um grande da Eskrima, eEvan Pantazi, nos nossos dias afigura mais relevante do Kyusho.

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Das Artes Marciais de que dispomos, a Eskrima é umadas mais versáteis e adaptáveis, para aqueles que hojeprocurem a eficiência no combate. Além das habilidades

com mãos nuas, pode desenvolver-se uma grandehabilidade na manipulação de um grande número de

armas ocasionais, para que no caso de sernecessário, se possa fazer frente a qualquer

ameaça que surja repentinamente.

Kyusho

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Na minha opinião, os cinco motivos para escolher aArte da Eskrima são:

1) - Se desenvolvem habilidades a tempo real, que se podem utilizar de igualpara igual, contra uma ameaça com mãos nuas ou contra a ameaça de umagressor armado.

2) - A capacidade de utilizar os conhecimentos com qualquer objecto quepossa ser apanhado do chão e situado na mão do homem nos momentos denecessidade.

3) - Outras Artes Marciais parecem dar mais atenção aos jovens e se tornamcada vez mais difíceis para as pessoas idosas, posto que as numerosaslimitações se fazem evidentes quando o processo do envelhecimento nos fazmais débeis. A idade avançada aumenta as capacidades na Eskrima, não asdiminuem.

4) - As armas são grandes equalizadores contra numerosos opositores.

5) - Quando mais nações declaram ilegais as armas de fogo, a Eskrimapermite defender a vida e a integridade física com qualquer objecto que sejaacessível, tanto seja uma faca, um garfo, um lápis, um desaparafusador, ummartelo, um tijolo, ou um machado, entre outros inúmeros elementos comunsque se encontram facilmente perto de nós. Honestamente, tudo quanto tempotencial para se tornar uma arma, não pode ser ilegal, posto que a arma nãoé o que se estende desde a mãos, mas sim o pensamento que manobra esseinstrumento de destruição, seja lá o que for o que esse instrumento possa ser.

Eu represento o Sistema Lameco Eskrima conforme me ensinou o meuinstrutor, Punong Guro Edgar G. Sulite. Ele ensinava com a intenção deformar lutadores, em vez de ensinar estudantes. Sentiu que o LamecoEskrima era uma Arte de combate e que o seu papel como instrutor eradesenvolver os seus estudantes para que se tornassem lutadoreseficazes, conseguindo que fossem conscientes e estivessemmelhor preparados para se enfrentarem a qualquer desafio e aqualquer ameaça. Quando a capacidade era alcançada, o objectivo era então

refinar a nossa habilidade para sermos mais eficientes, nãotanto por um adicionar coisas dia-a-dia, mas antes sim poruma desagregação diária. Para assimilar o que funcionoubem e faze-lo melhor mediante refinar os atributos maisbásicos, que resultam mais eficazes fazendo menos enão fazendo mais.O Lameco Eskrima não é especificamente uma Arte

baseado nas armas, ela é antes uma Arte decombate que utiliza qualquer objecto que a mãohumana possa segurar como arma - ouinclusivamente não ter nada nela e depois traduziresse conhecimento para combate corpo a corpo.A nossa mente, o nosso pensamento é a arma enão o objecto que manipulamos com a nossamão.

Cinco Motivospara escolher a Eskrima

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Cinco motivospara escolher o Kyusho

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Kyusho

Ai princípio, a maioria não acreditava que fosserealmente assim, mas depois viram-no, sentiram-no e

o aceitaram como tal; agora, a questão e a únicabarreira é começar o estudo. Todos devemos

aprender para transmiti-lo às gerações futuras; esta é a nossa tarefa nas Artes e estes são os

“cinco motivos para aprender Kyusho”:

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Cinco motivos para escolher o Kyusho1. O Kyusho é o núcleo de muitos estilos marciais, que simplesmente não foi

transmitido durante anos. Duas gerações sem ensinar o verdadeiro Budo,fizeram deixar atrás a sua essência. Os velhos estilos originais sempreatacaram as estruturas anatómicas mais débeis do corpo, da maneira maiseficiente. A pergunta para o leitor é: por que motivo só apontar às estruturasanatómicas mais fortes ou nem sequer ter em consideração a diferença?

2. Hoje, a maioria dos artistas marciais dedicam décadas da sua vida à prática e à pesquisa da fisiologia do soco, opontapé, o agarre ou a manipulação do corpo humano, mas não à fisiologia da funcionalidade do corpo propriamentedita. Dá-se pouca importância às áreas vitais, inter-relações ou estruturas anatómicas que realizam mais eficientementeestas habilidades ou que no processo contrário, podem incapacitar a própria funcionalidade de um oponente. Estasestruturas ou constituintes são um em si mesmos e inseparáveis, mas a maioria só procura a causa e não o efeito, oucomo causar um efeito específico.

3. As Artes Marciais não devem de estar baseadas na técnica, como quando se estuda a técnica estabelecida paracenários de ataque conjunto, posto que então não se está em risco extremo como em um altercado da vida real, quandoo oponente não ataca como se praticou ou com o mesmo método. Tem de se treinar para de maneira espontâneaapontar às debilidades do oponente. Isto é o Kyusho.

4. Se conhecessem um ponto facilmente atacável e que provocasse tal disfunção na parte interna do corpo queafectasse aos ouvidos, à vista, ao tacto, ao controlo físico, à pressão sanguínea e por sua vez pudesse provocar tonturasseveras, esquecimento, insensibilidade sensorial e inconsciência…, não haviam de estar interessados? O Kyusho é umtreino de contactos, tanto para provocar como para receber dor e disfunção física. Devemos ser capazes não só de oprovocar como também de o receber, sendo conscientes e estando preparados para a ele nos enfrentarmos, parasobrevivermos a um confronto real.

5. As pessoas mais pequenas, débeis ou idosas,devem de estudar Kyusho, posto que todos osoutros estilos requerem de uma maior velocidade,potência e agilidade para executar as técnicas.Então, de novo surge a pergunta; por que motivo oestudante perpetuo, o Mestre ou o especialista, nãoprocuram uma compreensão mais profunda dossistemas nervosos, musculares, autonómicos emotores do corpo? Por que limitarem-se a tentaraprender a metade de um todo e não o núcleo vitaldas Artes?

Cinco motivospara escolher o Kyusho

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Kyusho

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DECLARAÇÃO DA MISSÃO DAASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE HWARANG DO® :Um legado de lealdade, procura incessante da

verdade, fortalecimento de vidas, serviço àhumanidade. Essencialmente, a nossa meta final émelhorar o mundo! Nós nos esforçamos em cumpriristo, maximizando o nosso potencial humano paraalcançar o ideal humano mediante este treinorigoroso, treino da mente, do corpo e do espírito, coma antiga arte marcial e de cura do Hwa Rang Do®, “Ocaminho dos cavalheiros florescentes”. Portanto,transformamos o nosso organismo regente, aAssociação Mundial de Hwa Rang Do® (WHRDA),numa organização humanitária, enquanto nosesforçamos por fortalecer o mundo pessoa a pessoa. Somos uma escola de liderança e cavalheirismo, em

vez de nos limitar-nos só ao desporto ou à defesapessoal, posto que um soldado raso pode influir numapessoa por vez, mas um General pode mudar o cursode uma nação. Numa insólita reunião privada com o Grão Mestre

Taejoon Lee, 8ºDan, fi lho do Dr.Joo Bang Lee,Fundador e Presidente da WHRDA, tivemos oprivilégio de falar com ele acerca da liderança.

Cinturão Negro: O que é a Liderança? Grão Mestre Taejoon: Isso não é fácil de

responder, devido à variedade e grande número depontos de vista. Digamos que para mim, um princípiofundamental e essencial da liderança que deve existirpara realmente se ser um líder, é a honestidade. Isto,essencialmente é a definição intrínseca deresponsabilidade, quando todas as coisas começam efinalizam em nós mesmos. No nosso recente cicloanual de dez dias de conferências de Cintos Pretos -onde todos os líderes Hwarangdo (Cavalheiros) detodo o mundo se reuniram para compartilhar eintercambiar conhecimentos, criar maiores laços evoltar a estar em contacto com o espírito Hwarang -se discutiu o assunto do "pecado original". Não porrazões religiosas, mas para i lustrar que oconhecimento de nós próprio não é mau nem é o mal,mas que tanto Adão como Eva foram expostos aoconhecimento sem experiência, sem terem obtido oconhecimento, sem a sabedoria que constitui o valor eapreço pelo conhecimento, a criação de todas asturbulências, as provações e tribulações dahumanidade, que padecemos ainda hoje. Durante odebate, um dos nossos Hwarangs falou da ideia decomo podemos ser um melhor cristão e um melhor

Hwa Rang Do

Hwa Rang Do®: Escola de liderança. Parte 1ª

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Hwa Rang Do

Hwarangdoista. A sua conclusão foi realmenteesclarecedora. Disse que como Hwarang, nãoestá de acordo com o conceito tradicional do"pecado original". Por regra geral, se entendeque a desobediência a Deus é o pecado. Noentanto, ele sente que "o pecado original" não édesobediência, mas antes sim a falta ou aausência de responsabilidade individual… econtinuou dizendo que quando Adão e Evamorderam a fruta proibida, Deus perguntou aAdão: "Porquê desobedeces?" e a resposta deAdão foi porque Eva o disse... Eva, a quemDeus criara a partir da sua costela, culpandoindirectamente Deus e directamente Eva.Depois, quando Deus perguntou a Eva, elarespondeu dizendo que a serpente o tinha dito. Em cada um dos casos, nem Adão nem Eva

aceitaram a responsabilidade, eles culparamoutros. Portanto, concluímos que "o pecadooriginal" foi a irresponsabilidade e disse ainda:Obviamente, Deus não tem ninguém para

responder a todas as cosas que começam efinalizam com ele, portanto, não tem ninguém aquem culpar senão a si mesmo, de que a suacriação tenha sido, seja e será boa ou má. Demaneira que quando Deus fala na Bíblia de seser semelhante a Deus, supomos que significa aperfeição. Entretanto, poderia ter querido dizerque para ser como Ele, devemos chegar acompreender o que significa ser de Ele, que nãohá ninguém a quem culpar, não há outrosculpáveis, que nós somos os responsáveis.portanto, devemos cuidar de nós mesmos e detodas as criações de Deus, como se fossemnossas. Assim então, Deus infundiu em nós a

compaixão e a empatia para contactar comtodos os seres vivos, de maneira que todossentimos a sua protecção. Há um adágio tradicional coreano que diz: ‘Se

morderes qualquer dos dez dedos, não te vão a

“Nós nos esforçamospor cumprir isto,

maximizando o nossopotencial humano paraalcançar o ideal humanomediante este treinorigoroso: treino da

mente, do corpo e doespírito”

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doer todos’. Indica que se um pai tem dez filhos e umdeles faz mal alguma coisa, teria o pai que castigar porigual os dez? Se isto é certo ou não, afinal nuncasaberemos até nos encontrarmos com Deus. No entanto,um Hwarang, sendo um guerreiro/filósofo, um líder, temuma percepção mais funcional”.

C.N.: Qué outros atributos deve ter um líder?G.M.T.L.: Um líder deve possuir todo o que faz ser

uma grande pessoa. Deve ser virtuoso, benevolente e omais importante, sentir muita compaixão e empatia. Maspenso que além disto, o que distingue um líder é queestá fortemente ligado à história. Que sintamos o seuvalor e o seu propósito, na crença de que a pessoapossa oferecer qualquer coisade melhor ao mundo. Estapessoa pode provocar amudança em outraspessoas. Esta pessoa tem

confiança e acredita em si mesma e no que é verdade.Sabe com claridade os seus objectivos e tem fortesconvicções, verdadeiro entusiasmo, energia pura,determinação, tenacidade e perseverança para alcançartais object ivos, custe o que custar… Tem acompreensão da medida em que deve sacrificar-se paravencer. Além de possuir a determinação e ter um plano para

alcançar o seu ou os seus objectivos, um líder deve tersentido da responsabil idade - como se explicouanteriormente. Se alguém comete um erro, deve estardisposto a aceitar as consequências das suas acções.Pensemos em um grupo de soldados dirigidos por umgeneral, metidos numa batalha. Ainda que os soldados naprimeira linha têm grandes dúvidas de se vão a viver ou amorrer, o general deve infundir neles confiança e a crençade que vão sair vitoriosos. Mesmo quando se enfrentar àincerteza, o líder deve ser carismático e saber guiarcom a força da convicção".

Hwa Rang Do

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C.N.: O que é o carisma?G.M.T.L.: O carisma é essencial para um l íder e

quando se não tem, não é co isa que se possadesenvolver facilmente. Carisma é a capacidade deliderar, motivar e inspirar pessoas para acreditarem,mesmo quando não houver nada em que se acreditar. Éa capacidade de não só servir-se da inteligência comoainda de fazer o mais importante, tocar o coração daspessoas e inspirá-las para que acreditem em si próprias,para conseguirem o que antes essas pessoas sentiamque era impossível. Obviamente, o líder também tem dúvidas. Não pode ter a

certeza ao cem por cento, de qual vai ser o resultado daspróprias acções, se vão ser positivas ou negativas… Mas ofracasso não é uma opção e o êxito é uma questão dequando e não do quê. Portanto, um líder deve primeiroaceitar as consequências finais do fracasso e aceitar o piordos casos, antes de continuar adiante. Ele deve serresponsável!

“Um líder devepossuir todas ascoisas que fazem

uma grande pessoa;deve ser virtuoso,

benevolente e o maisimportante,

possuir abundantecompaixão e empatia”

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Um “Mega Evento” - Uma noite para a lenda,com um ambiente e KungFu magníficos e com boa

comida. Tudo isso festejando oaniversário do Grão

Mestre Martim Sewer. Faz já muitos anos que o “Mega Evento” era só uma peque-

na festa de aniversário do Grão Mestre Martim Sewer, que serealizava com um jantar em um restaurante. Muitas vezes par-ticiparam membros da “barra dura” - como gostam de dizereles próprios... para festejar o aniversário de Martim Sewer.

Nessa época, o jovem Mestre podia contar os alunospresentes com os dedos de suas mãos, mas já

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se podia adivinhar a dimensão que alcançaria a sua escola.E isto porquê? Por seu Mestre, a lenda do Kung Fu e estre-la do cinema Chiu Chi Ling. Já nessa época ele era o mel-hor lutador e sucessor da linha original do Shaolin.

Chiu Chi Ling demonstrou ao seu aluno Martim Sewer(hoje seu sucessor oficial no Chiu Chi Ling) como deve seruma autêntica festa de Kung Fu, de um mestre verdadeiro.Também lhe disse que com mais alunos, as festas do KungFu teriam de crescer.

Naturalmente que propagar o Hung Gar Kung Fu originaltem sido e é o primeiro objectivo de Chiu Chi Ling e tambémde Martim Sewer. Martim Sewer viu ao longo dos anos ecom o crescendo êxito da sua escola, que o Mestre tambémestava no certo com o que diz respeito às festas de KungFu. Não só cresceu o número de alunos e participantes,como também a organização e a estrutura cresceram acada ano e cada vez se fez mais profissional.

Com o tempo fez-se necessário um local novo, quepudesse albergar as ideias do comité de organização.Assim se resolveu que fosse no Hotel Crowne Plaza, emZurich. Com a festa de aniversário de Grão Mestre MartimSewer, mais cosas se realizavam, festejavam e mostravamnesse evento. Assim nasceu o “Meg Event”, uma grandefesta de gala.

Conforme foram passando os anos, para os alunos sem-pre foi de grande interesse o programa do seguinte “MegaEvento” e é interessante ver os programas dos passadosanos. Neles, entre outras coisas se realizam:

• A cerimónia de aniversário, onde se apresentam os res-peitos ao Grão Mestre Martim Sewer e faz-se-lhe entrega “amoeda de fortuna” (Lai Si*).

• A apresentação da escola, onde se mostra aos alunos eparticipantes o acontecido desde o ano passado, como seencontra a escola e quais são os próximos objectivos.

• Demonstração dos Faixas Pretas, onde os professorescom Cinto Preto da escola, mostram o Hung Gar Kung Fude nível alto.

• Homenagens a instrutores e mestres e entrega de diplo-mas.

Também há cerimónias de Bai Si**.

Para o 20ª aniversário da escola, o Grão Mestre MartimSewer e seu comité de organização mandaram convitesnacionais e internacionais.

Também assistiram Sifus (Mestres) que participaram no“Mega Evento”. Como diz Martim Sewer: “Se uma coisa émuito importante no êxito, é que tem de ser compartilhadocom as outras pessoas”.

O mundo do Kung Fu segue tradições e estruturas restri-tas e se organiza em “famílias”, mas sempre tem sido e con-tinua a ser muito importante participar em festas fora daprópria família, para assim poder aprender mais.

Mas também os não praticantes de Kung Fu podemassistir às grandes festas do autêntico Kung Fu. Cada alunoou mestre convidados, tem o seu espaço no programa etem ocasião de mostrar o Kung Fu da sua família.

Como é lógico, o comité de organização do próximo“Mega Evento” já começou os preparativos há algunsmeses, porque o próximo evento vai ser a 22 de Novembro.Cintos pretos e instrutores já estão preparando a suademonstração.

Os convidados serão recebidos por uma delegação dosorganizadores com uma bebida de boas-vindas. Comosempre acontece nas festas exclusivas desta dimensão, jáestão à venda os bilhetes de entrada, para que cada parti-cipante possa contar com ela com anterioridade.

“Para o 20ªaniversário da

escola, o Grão MestreMartim Sewer eseu comité deorganizaçãomandaramconvites

nacionais einternacionais.”

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Após um primeiro encontro e conhecimento, os convidados passa-rão à sala da festa apresentando o seu bilhete de entrada.

Também há uma bilheteira para aqueles que se atrasarem em suacompra e resolvam assistir à última hora, até se esgotarem os bil-hetes de entrada.

Se o leitor ficou a saber do “Mega Evento” por este artigo, não sepreocupe, ainda pode reservar o seu bilhete por e-mail (alex@shao-

lin.ch). Depois de entrar na sala da grande festa, os convidados encontra-

rão um fotógrafo profissional que aqueles que assim o desejarem,poderem guardar em sua memória este grande momento.Um pouco mais tarde, serão acompanhados à sua mesa, onde irão

encontrar outros participantes e alunos. Com todos os convidados já senta-dos, um moderador sobe para o cenário e anuncia o Grão

Mestre Martim Sewer. Precedidos ele e sua mulher poruma tradicional Dança do Leão e com o aplauso de

todos os presentes, entram na sala e são levadosaté a sua mesa.

Quando todos já ocupam os seus lugares, omoderador anuncia o início o programa da

festa. O Grão Mestre Martim Sewer não só trou-

xe uma parte da história das artes da luta aoOcidente devido às suas décadas de treinocom seu Mestre, também foi o criadordesta festa magnífica, onde todos os

seguidores de Kung Fu do mundo seencontram.

Se o leitor também gosta das artesda luta ou é um seguidor do Kung Fude alto nível, esperamos encontrá-lono “Mega Evento” deste ano. Dequalquer lugar que tiver de vir, vaivaler a pena!

* Lai SiLai Si (moeda da fortuna) é

dinheiro de verdade que seoferece em festas na culturachinesa. Hoje podemos verisso em festas de aniversárioou semelhantes. A quantia dedinheiro que se oferece

depende tradicionalmente dosignificado budista dos números.

Por exemplo, o número oito simboliza fortuna e por issoé escolhido muitas vezes. Também o 54 é muito típico,porque cinco (“não”) e quatro (“morrer”) simbolizam imor-talidade. Uma Lai Si típica consiste de 54 - 88, ou 540 .- emqualquer moeda.

** Bai SiA Bai Si (“pedir ao mestre”) é uma cerimónia que fazem o

mestre e seu aluno, para se comprometerem a sipróprios. A primeira Bai Si faz-se quando o alunoentra na escola. Isso se simboliza quando o alunorecebe o cinto branco. A segunda Bai Si é uma ceri-mónia mais importante ainda, onde também se encon-tram a família, os amigos e os meios de comunicação.Seguindo um programa determinado, o aluno solicitaao mestre a sua admissão como “back door student”.Após a cerimónia e quando o aluno já foi aceite, na suavida não terá outro mestre.

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Forma Biu Tze TaoReflexões

A conhecida como “TerceiraForma” do estilo Wing TsunKuen, é uma das estruturasde treino onde osinstrutores que superam onível de Faixa Preta 1ºDan,concentram seus esforços e toda a atenção no seu estudo. No “WingTsunEurope by TAOWSAcademy”, div idimos aformação dos nossos alunosem DOIS blocos muito bemdiferenciados:

WingTsun

“A TERCEIRAFORMA

(Biu Tze Tao) éuma parterealmente

importante dentrodo sistema,

porque supõem ummovimentodiferente”

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1.- Formação até o nível de PrimeiroGrau Técnico. Os praticantes incidem no estudo,

treino e consecução de uma firmeestrutura de conhecimentosfundamentais para a prática e acompreensão do estilo Wing Tsun Kuen.Deslocamentos, domínio técnico dasbases e dos valores inerentes à práticadas estruturas técnicas determinadaspelas formas Siu Nin Tao (Forma dasPequenas Ideias) e Chum Kiu Tao(Forma de buscar e afundas as pontes)2.- Formação a partir do Primeiro

Grau Técnico (Primeiro Dan), na qualsituamos os praticantes no estudo,treino e desenvolvimento do quedenominamos Secções e NívelAVANÇADO. Neste nível, entendendoque o aluno adquiriu tudo quantonecessário para poder enfrentar-se aesta fase avançada de treino, nosconcentramos então na prática dasconsideradas Formas Avançadas:• Biu Tze Tao (Forma dos dedos

voadores)• Muk Yak Chong (Forma do Boneco

de Madeira)• Luk Dim Boon Kwan (Forma do Pau

de 61 e 1/2 p) • Bart Cham Dao (Forma das Facas

de Oito Cortes)Este esquema de DUAS partes é um

itinerário muito claro para tentarcompletar e conhecer o nosso sistemade uma ordenadamente e em um

período de tempo razoável (dependerásempre do investimento em tempo dopraticante). Desde já que é uma opinião, mas

estou certo que para a compreensão e oestudo de qualquer aspecto artístico oucientífico, é muito importante contarcom um esquema claro, em ordem efácil de seguir por parte dos praticantes.A nossa missão como professores deveser dotar ao aluno de todas e cada umadas ferramentas do sistema em umprazo de tempo o mais curto possível.Não faz sentido ter a uma pessoa vinteanos (ou mais em alguns casos) paraaprender um sistema de combate.Parece muito mais lógico aprender osistema em um prazo curto e depoisinverter muitos anos na sua prática.Actualmente, nem sempre é assim eesta maneira errada de ver as coisas,provoca grande parte dos problemas doestilo. Tenho a certeza de poder faze-lo com

todos e cada um dos alunos quetreinarem de maneira constante ediligente, em um prazo que oscila entrecinco e dez anos. A partir daí começaoutra fase bem diferente desta: aPrática.Em uma conversa com o Grão Mestre

Steve Tappin, fundador e director deEscrima Concepts (associação à qualtenho a imensa honra de pertencer), medizia que na Europa, n época de maiordesenvolvimento das guerras onde se

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utilizavam espadas, era habitual aprender muito rápidoas bases da luta com armas, por uma questão lógica: aguerra ocupava a maior parte do tempo. Havia poucosperíodos “entre guerras”. Portanto, não existia muitotempo para grandes períodos de aprendizagem. O nível prático se baseia em que o aluno (ou mestre)

já completou todas as fases do sistema, da primeira àsexta forma. É capaz de conhecer não só a informaçãosuperficial das formas, como também aquelas ideias ematizes que estão por baixo da “pele das formas”.Chegado este momento, o praticante deve PRATICARcom o seu sistema. Quer dizer, utilizar o sistema paracrescer como lutador e tentar fazer ou desenvolver umestilo próprio, em base à “não forma”. Por outraspalavras: ser capaz de “quebrar” a FORMA para queinimigo não poder determinar um esquema fixo. De novo vou recorrer a quem para mim é um dos

grandes ideólogos do Wing Tsun: Bruce Lee (apesar denão ser um mestre do estilo, tendo praticado umperíodo curto em Hong Kong, sob a tutela do GrãoMestre Yip Man).O Mestre Lee definiu a sua prática como o caminho à

NÃO FORMA. Este poético conceito de dif íci lcompreensão para a cartesiana visão dos europeus, éuma genial definição da busca do Wing Tsun Kuen e deoutros estilos chineses que nem sempre tem sido bemexplicada e portanto, de certeza muito malcompreendida por muitos.Existem tentativas de misturar ou implementar ideias,

mas é justamente aí onde reside o problema; à NÃOFORMA só se chega por um caminho: o caminho daforma!Entendemos A FORMA em Wing Tsun como as

estruturas das SEIS Formas que constituem o sistema.Estas permitem ao praticante de Wing Tsun adquirirbase, mobilidade, estruturas, etc.…, complementadascom conceitos e detalhes que se encontram nasformas do estilo. No artigo de hoje, queria tratar a uma forma que me

parece apaixonante por muitos motivos.A TERCEIRA FORMA (Biu Tze Tao) é uma parte

realmente importante dentro do sistema, porque supõeum movimento diferente. Analisada desde um ponto devista da aparência ou estética externa do sistema,estaremos de acordo em que é uma maneira de mover-se completamente diferente, é como se quebrássemos

WingTsun

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“Biu Tze Tao é a resposta auma emergência provocada poruma acção fortuita, que impede

ao praticante manter a suaestrutura”

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WingTsun

o molde criado pelas formas 1 e 2(SNT e CKT). Inclusivamente asmaneiras de bater e deslocar-se sãodiferentes se comparamos BTZT e asduas primeiras formas. Na terceiraforma, os golpes de dedos, cantos demão e cotovelos, frente aos punhos epalmas de mão que se uti l izamhabitualmente no resto das formas doestilo. Tudo tem uma boa explicação…Também neste ponto o Wing Tsun

é realmente um sistema genial. BiuTze Tao é uma “deformação lógica”da própria estrutura básica,produzida por dois motivos:1.- Ataques de qualidade do

adversário que nos surpreendem e nãopodem ser defendidos de maneiramais simples. 2.- Uma ruptura da distância por

invasão do inimigo de forma fortuita,que nos quebra a barreira de braços epernas, de maneira a não podermoscontinuar mantendo a estrutura inicial.

Em ambos casos, o Biu Tze Tao é aresposta a uma emergência produzidapor uma acção fortuita, que impede aopraticante manter a sua estrutura, sebem a própria filosofia do estilo obrigaa ser utilizada de maneira determinadae a voltar no menor tempo possível aessa estrutura e forma tãocaracterística e que defineperfeitamente a forma Siu Nin Tao.O motivo deste último raciocínio se

sustenta no próprio conceito do estiloWing Tsun, que dá à eficiência e àsimplicidade a maior das importâncias.Por outras palavras: o mais simplessempre é melhor! Se bem é certo que chegado ao

nível prático deveria de havermudanças na maneira de agir dopraticante, com frequência estepormenor não é tido em consideraçãoe geralmente os professores, pordiversos motivos, obrigam seusalunos a permanecerem durante toda

a sua vida, na estrutura inicial, naFORMA. Faz alguns dias tive ensejo de

escutar de um ilustre praticante, umafrase que me pareceu muito acertada eque tem a ver com a minha referênciaà famosa frase de Bruce Lee. Esteprestigioso mestre dizia: “Se podemreconhecer a tua posição e assinalar-te como Wing Chun…, então não éWing Chun”.Poderíamos estabelecer um debate

acerca do porquê da busca da NÃOFORMA desde a FORMA, mas pareceóbvio que é difícil lutar contra algo quenão tem uma forma fixa e mudaconstantemente. Pura filosofia taoista!Puro Wing Tsun!Pensem bem… A mim me parece

muito acertado!Para compreender esta diferença

tem de se estudar em profundidade ocomo e os motivos das técnicas daterceira forma. É importante!

“O Mestre Bruce Lee definiu a sua prática como ocaminho à NÃO FORMA. Este poético conceito de difícilcompreensão para a cartesiana visão dos europeus,

é uma genial definição da busca do Wing Tsun Kuen ede outros estilos chineses, que nem sempre tem

sido bem explicada e portanto, de certeza muito mal

compreendida pormuitos”

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Como instrutor de armasde fogo, frequentementeencontro um absolutodesconhecimento acercado uso da força nadefesa própria ou deoutros. Posto que osestatutos entre osestados variam e postoque a lei o permite nocaso de, por exemplo,uma intrusão em casa eseu uso está totalmentejustificado, muitas pessoastêm assumido uti l izar aforça letal.

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a maioria dos casos,estas pessoas nãopensaram nasconsequências de estarmetidas em um tiroteio.Ainda que os ditos

disparos se considerem justificados eque portanto mesmo não havendoconsequências legais, há muitos efeitospsicológicos e sociais que surgem e quetrazem consigo uma mudança na vida.Não vou aprofundar nelas neste artigo,antes sim explicar quando se podeutil izar o uso da força. Eu não souadvogado e assim sendo, se alguémportar uma arma de fogo para a auto-defesa, recomendo que pergunte a umadvogado da jurisdição competente,para obter conselho legal. Eu estoufalando apenas do ponto de vistadefensivo táctico.Um dos grandes mal entendidos é

que se nos sentimos ameaçados(usando a terminologia habitualmenteusada nos critérios acerca do uso daforça), é preciso agir. Isto écompletamente errado. Para ilustraristo, vou explicar as diferenças nostipos de trabalhos. Há essencialmente

três tipos - militares, policiais e civis. No primeiro tipo de resposta (a

militar), se identifica uma ameaça e onosso objectivo é muito claro - agimospara neutralizar a ameaça. Não temoscompetência para decidirmos se iremosagir ou não; quando se recebe umaordem não temos opção de nosretirarmos (a menos que seja aresolução táctica correcta para asituação) e vamos utilizar todos osmeios à nossa disposição, a fim deneutralizar a ameaça. O nosso objectivoaqui é deixar o objectivo fora decombate - tanto seja ferindo-ogravemente (o que levará a que acudammais tropas da batalha para o assistir),tanto seja matando-o.O nosso segundo tipo de actuação é

a das forças de Ordem. À diferença dosmilitares, o objectivo é fazer cumprir alei. Quando se percebe uma ameaça,não temos de a neutralizar tirando avida a quem ameaça, mas sim prendê-lo e levá-lo perante a justiça. Comoacontecia no primeiro tipo de actuação,a polícia não tem outra opção – o seutrabalho é parar a ameaça. Os pontosde vista podem variar, com um critério

impreciso acerca de onde e comorealizar isto. Ainda que normalmentenão é recomendável evitar o contactocom a ameaça, em alguns casos, umadecisão táctica adequada poderia serevitar o contacto enquanto se mantém avigilância e realizar a detenção emcondições que sejam mais favoráveis àunidade das forças de ordem, ouquando houver um menor nível deameaça para a povoação. Se durante adetenção do sujeito ele acabarmorrendo, será um assunto onde sedevem investigar os níveis aceitáveis douso da força por parte do departamentopolicial.Agora, o tipo de actuação que nos

ocupa é a civil e vou entrar mais emdetalhe. Independentemente da gírialegal de qualquer estatuto que tratar douso da força na defesa de nós mesmos(e isto é mais crítico em estados com aDoutrina Castilho, onde as pessoaspodem sentir que a lei está "do seulado"), devemos ser capazes dearticularmos uma defesa para o nossouso da força. Para isso, há trêselementos que se devem abordar e queformam o triângulo Habil idade,

O Uso da Força e a Mentalidade Defensiva

N

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Oportunidade e Propósito. Se podemosdemonstrar que o agressor ou perpetrador tinha acapacidade, a oportunidade e a intenção de infringirlesões corporais graves ou a morte, então sejustifica a própria implementação da força letal.Estes três factores não se relacionam só com oagressor, mas também com a pessoa que exercea força em defesa própria.À diferença dos confrontos militares e

policiais, como civis temos um objectivo,sobreviver! Toda vez que utilizemos aforça em defesa própria, vamos ter umnível de responsabilidade legal, pelo que amelhor maneira de agir é sempre fugir. Nãoportaremos uma arma de fogo paraaumentar o nosso ego e não agiremos paraganhar pontos. Nada importa a habilidadeque nós pensarmos ter, no momento em quese produz um confronto, o resultado édesconhecido e podemos acabar no ladoperdedor do confronto. A melhor maneirade agir é sempre fugir - e isto éindependente de se o uso da força teriasido com uma arma de fogo ou com asmãos nuas.Vou apresentar uma cena hipotética.

Acordam no meio da noite com obarulho de alguma coisa que caiu nacozinha. Poderiam agir das seguintesmaneiras.

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Opção 1.Pegam na pistola e descem à zona onde se escutou o

barulho para se enfrentarem à ameaça. Em chegando àcozinha, vêem uma figura desconhecida e "temendo pela vossavida", disparam contra a ameaça que é abatida. O suspeito tema capacidade de infringir um mal corporal? Dependeria.Vejamos uma cena onde vão encontrar um homem grande.Depois de cair ao chão, podem ver que é muito forte e queperto de si tem uma barra de ferro que utilizou para penetrar nacasa. Neste caso, teria a capacidade, posto que ele teria opotencial físico, assim como os meios para o fazer. Teve a oportunidade? Neste ponto, absolutamente não a

teve - a não ser que se aproximassem para falar com ele,estava fora da distância que lhe teria dado a oportunidade. Teve a intenção? Bem, partindo do que neste momento

sabemos, a sua única intenção era roubar e não foram feitasameaças. A menos que o suspeito chegasse a agir de umamaneira ameaçante no momento de os ver, se disparassempoderia considerar-se um feito injustificado e poderiam serpenalmente responsáveis. Mas agora vamos a fazer com que seja ainda mais

interessante. Depois de disparar, se aproximam do sujeito eresulta ser um amigo do vosso filho, que sem vocês saberemvoltou com ele de uma festa e estando um tanto ébriotropeçou quando andava à procura de um copo de água… Agora, entremos nos efeitos sociais e psicológicos dos

disparos. Acabam de lhe tirar a vida a uma pessoa inocente emais ainda, a alguém conhecido e chegado. Pensam queseriam capazes de viver com esta sequela? O queaconteceria com as ramificações nos seus círculos sociais?

Depois disto, a vida seria realmente muito complicada…

Opção 2:Pegam na pistola e

com cuidado,d e s c e m

com a

intenção de ver o que acontece, mas são vistos pelo suspeitoe ele os ameaça. O suspeito está muito bêbado e é incapazde andar direito. Tem na mão uma das facas da cozinha. Estáa uns dois metros da porta e a uns dez metros de si.Disparará? Em primeiro lugar, tentando o sujeito a acção defugir, já mostrou não ter intenção de usar a força. Agoraanalisemos o assunto sobre a base dos três critérios. Tinha a habilidade? Bem, isso seria questionável. Tinha

uma arma e poderia aproximar-se suficientemente rápido,mas começar a faze-lo, seria mais difícil. Tinha a intenção? Sem dúvida, posto que de facto era uma

ameaça e empunhava uma arma. Tem a oportunidade? Este caso é muito parecido ao da sua

capacidade - se começa a fechar o espaço antes de quepossam escapar, então sim. Do contrário, não! O uso da forçaletal, neste caso, dependerá da posição do suspeito quandoviu que estavam fugindo. Qualquer intenção dele seaproximar, indicaria que o roubo não era a sua única intenção.

Opção 3:O desenho da casa é tal que não se pode fugir de maneira

segura, evitando ser detectados. Marcam para o número deemergências e chamam a Polícia. Informam exactamente dolugar onde estão dentro da casa, da ameaça que está dentroda casa e também informam que estão armados. Mantêm alinha aberta e gritam de maneira a serem escutados por quemestá lá em baixo, que estão armados e qualquer tentativa delessubirem será interpretada como uma ameaça mortal, queprovocará o uso da força letal. Estão numa situação táctica naqual, se quem ameaça subir para o segundo andar, vocês terãovantagem. Já deram os passos necessários para ter a melhorcobertura legal. Chamaram a Polícia para que la se encarreguedo agressor; avisaram o agressor, o que ficou registado. No querespeita à disposição a usar a força letal, só aconteceria no piordos casos, para o qual têm uma posição de vantagem. Osuspeito começa a subir as escadas em completa escuridão.Leva alguma coisa na mão… Já foi avisado antes de subir. Jáestão com uma mentalidade defensiva. Ele vai encurtando adistância e foi avisado, assim sendo, o indivíduo tem acapacidade e a oportunidade e posto que tem um objecto namão, com a intenção de lhes fazer mal, irão disparar? Regra nº1 - Nunca disparar até se ter identificado o

objectivo. O "suspeito" que subia era o vosso filho, que semter avisado chega da Faculdade para passar o fim desemana em casa. O objecto na mão é o seu Ipod, atravésdo qual está escutando música. o que não lhe permitiuescutar os avisos.

A percepção e a realidade, especialmente emsituações estressantes, são muito diferentes. Noentanto, ter planejado uma situação assim e seguiresse planeamento com umas regras básicas desegurança táctica, minimizará a possibilidade de terde utilizar a força letal. Sempre é preferível que aameaça venha a vocês e não ao contrário. Nuncase sabe o que quem ameaça possa fazer -mediante a adopção de uma posição táctica, seminimiza a possibilidade de estar no lado perdedordo confronto. Não serão surpreendidos. Masmesmo quando foram tomadas todas as medidascorrectas, como na nossa a opção 3, não se devedisparar até se ter identificado o objectivo.

Alguns meses atrás, um famoso corredor daÁfrica do Sul disparou à sua namorada. Ele disseque ela estava na casa de banho y ele acordoucom barulhos que vinham de lá e pensou quealguém tinha entrado em casa. Disparou a suaarma através da porta fechada e matou anamorada. Não gostaria de ser seu advogado!Não posso saber se foi ou não foi umassassinato, os tribunais têm que decidir - masé absolutamente culpável de homicídio, por terdisparado sem identificar o objectivo.

O Uso da Força e a Mentalidade Defensiva

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Todo sistema tem limites e quando se necessita passar de um sistema para outro, devemos de aprender outraArte e isto é o que o Kapap tenta evitar. Isso é o Kapap, combate cara a cara, uma ponte entre sistemas. Oseu fundador deixou-nes uma frase cujo conceito empregam outros estilos de artes marciais tradicionais:“Não portes uma arma, sê tu mesmo a arma”. Se a tua mente, o teu espírito e o corpo são a arma, tu serás umaarma que será também efectiva quando portares uma arma. Este DVD da “Avi Nardia Academy”, trata daconexão entre a “velha escola” de Artes Marciais e o moderno CQB (Close Quarters Battle). A experiência como comandante nas IDF (Forças de Defesa de Israel) e oficial treinador da principal unidadeanti-terrorista israelita, ensinaram a Nardia que cultivar a mente e o espírito do guerreiro deve considerar-seprioritário ao simples treino do corpo. Entre outros, estudaremos a segurança com armas, os convincentes paralelismos entre o Iaido e a adequadamanipulação de uma arma de fogo. As armas de fogo são a última hipótese em armamento individual, mas nãoescapam à eterna sabedoria e à lógica da velha escola. Exercícios de treino adaptados do BJJ, exercícios dedesarme e o acondicionamento inteligente do corpo mediante exercícios, com explicações sobre os benefíciose as precauções. Um DVD educativo, inspirador e revelador, recomendado aos praticantes de todos os estilos,antigos e modernos.

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EMELIANENKO FEDOR: A LENDA DAS MMA

O perigoso e espectacular reino das MMAestava dominado com mão de ferro pelotemível soberano Emelianenko Fedor, a suaautoridade era inquestionável, o seu tronoinamovível... Essa história durou dez anos,um após outro foi submetendo seus rivais,que foram incapazes de o destronar.Após a sua retirada, Emelianenko, tem

concedido muito poucas entrevistas, tentoumanter-se longe dos “focos”, mas Fedorfalou para os leitores de “Cinturão Negro” equando Fedor fala…, o mundo escuta.

Texto: Ricardo Diez Sanchis. Fotos cortesía: Dream Stage Enterteinment (www.pridefc.com)e Arquivo; Budo International

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Cinturão Negro: Actualmente,como é a tua vida fora do mundo dacompetição?

Emelianenko Fedor: Agora souConselheiro do Ministério deDesportos da Rússia. É minharesponsabilidade a comunicação detodas as Federações de Artes Marciaiscom os Organismos Oficiais,resolvendo situações complicadas.Sou também Presidente da União dasMMA da Rússia. Vamosdesenvolvendo activamente as MMAno nosso pais, unindo os trêscampeonatos importantes da Rússia.Com isto quero dizer que a cada anotemos mais combatentes de bomnível, de muitíssimo nível. Cada torneioreúne jovens promessas, que estãodispostos a lutar no âmbitointernacional. por sua região e pelopais.

C.N.: O que dirias a todos aquelesque andam a pensar em seaproximarem à prática do Sambo?

E.F. : O Sambo é um bomdesporto, be lo e emocionante.Consiste numa grande variedade desubmetimentos, estrangulações ederribamentos. O nome de Samboquer dizer auto-defesa sem armas,pelo que já conta com a ideologia deum desporto.

C.N.: Salvo na Rússia, o resto domundo vê no BJJ a melhor maneirade melhorar a luta no chão, noentanto, os lutadores russos sãotemidos e respeitados no mundotodo por seu grande arsenal técnicoque adquiriram graças ao Sambo…É o Sambo um bom complementopara as MMA?

E.F.: Cada um escolhe um desporto,é sua eleição. O Sambo, o nossodesporto nacional, é o adequado paramim. Acredito que a técnica do Sambono é pior que a do BJJ.

C.N.: Quais os benefícios que oSambo proporciona às crianças?

E.F.: Na Rússia, o Sambo é um deos desportos mais importantes. Há emvolta dele, um aura de invencibilidade.É um incentivo para que as criançasfrequentem o ginásio, para incentivarneles uma vida sadia. O Sambotambém desenvolve agil idade,resistência e habilidades com respeitoao pensamento.

C.N.: Quem julgas queactualmente seja o melhor lutadorde MMA?

E.F.: Agora há muitos grandeslutadores. Estou satisfeito com osêxitos dos nossos desportistas noestrangeiro.

C.N.: O que aconselharias aosjovens que agora começam acompetir em MMA?

E.F.: O principal é não esquecer quese trata de um desporto e sempre, emqualquer situação, temos de continuarsendo humanos. Respeitar os colegasde equipa, oponentes e treinadores.

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Muito importante é o trabalho onosso próprio trabalho. Se não setreinar arduamente, no se será capazde mostrar bons resultados ealcançar vitórias.

C.N.: Algumas pessoas dizemque o UFC pode chegar à Rússia...É rumor ou pode ser possível?

E.F.: Não tenho informação de queo UFC queira que o seu torneiovenha à Rússia em um futuropróximo.

C.N.: A eterna questão... Vamosver-te lutar em MMA ou emSambo?

E.F.: Finalizei a minha carreiradesportiva em 2012 e não vou voltar.Agora a minha ocupação édesenvolver as artes marciais etransmitir conhecimentos aos jovensatletas. A WMMAA organiza e realizaseminários de treino em todo o país.Actualmente estamos preparandoum filme acerca da arte das MMA.

C.N.: Qual é realmente o motivode teres deixado as MMA?

E.F.: Tive uma boa carreiradesportiva, mas resolvi que era hora

de acabar. Ainda tenho forças paralutar, mas senti que era hora determinar.

C.N.: Qual é o tipo de treino deque mais gostas?

E.F.: Agora continuo treinando,mas não como fazia dantes.Regularmente gosto de ir a correr aoparque, ir ao ginásio, por vezes fazersparring.

C.N.: Agora, uma perguntaimprescindível! quando teremosocasião de te ver na Espanha,dirigindo um seminário?

E.F.: Gostaria muito de ir àEspanha e poder fazer seminários ecomparti lhar os meusconhecimentos com os atletasespanhóis. Por outra parte, sabemosque os lutadores de lá estão fazendoas coisas muito bem na Rússia. Aequipa “Espanha Imperial” participaconstantemente nos nossos eventosmais importantes. Assim sendo, ireilogo que tiver o momento adequadoe surja a oportunidade.

C.N.: Não queremos finalizar estáentrevista sem agradecer ao Sr.Chinto Mordillo, representante doM-1 e da WMMAA na Espanha. Sema sua ajuda, isto teria sidoimpossível!

“Finalizei a minhacarreira

desportiva em2012 e não vou

voltar. Agora a minhaocupação édesenvolver

as artes marciaise transmitir

conhecimentosaos jovensatletas”

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O termo "Defesa Pessoal" comporta um aspectonegativo. que desde o princípio pode implicarfracasso para o indivíduo. O problema é que esterótulo já reflecte mentalmente que a pessoa é vítimade um acto violento ou agressão e que o praticantedeve realizar uma acção defensiva. Esta premissa deagir após os factos, é a razão pela qual a maioria daspessoas sucumbem às acções do agressor e nuncase recuperam totalmente do ataque inicial ou domedo que provoca a situação. A mulher não devesituar-se à defensiva; deve ser consciente da suasituação e não desestimar ou ignorar possíveisameaças. Ela deve ser pro-activa e ter a iniciativa e oímpeto, forçando a confusão na mentalidade doatacante, para ter uma possibilidade de vantagem. “Autoprotecção Kyusho” é um processo de treinovital que trata das realidades de um ataque. É umsimples mas poderoso processo de treino, queoferece aos indivíduos mais débeis, mais lentos,com mais idade ou menos agressivos, umaoportunidade contra o de maior tamanho, mais forteou mais agressivo atacante. Mediante o uso dosobjectivos anatómicos mais débeis do corpo,conjuntamente com as próprias acções e tendênciasnaturais do corpo, se pode proteger facilmente a simesma ou a outros, inclusivamente sob aslimitações de estresse e físicas, quando a suaadrenalina aumenta. Mediante um trabalho progressivo com as suaspróprias habilidades motoras grossas (em vez dastécnicas de outros), as suas possibilidades de vitóriasão eminentes.

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Ijutsu: A medicina dos Shizen

Ijutsu (医術) se traduz do Japonêspor Medicina ou mais correcta eliteralmente por arte curativa. OIjutsu estudado na tradição da escolaKaze no Ryu, é um conjunto muitoamplo de conhecimentos etécnicas terapêuticasempregadas duranteséculos pelos Shizen e osherdeiros da suatradição.

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or esta razão, a sua antiguidade - eespecialmente em comparação com osgrandes avances tecnológicos einvestigações modernas no que dizrespeito às ciências da saúde e damedicina - as ditas técnicas devem

considerar-se não como um conjunto de terapiasalternativas, mas como complementares dosmodernos e avançados tratamentos. Tanto em seuspreceitos como as suas técnicas foram durante oséculo XX avaliadas e reorganizadas por profissionaisda Medicina, na Ogawa Shizen Kai, para separar omístico e fantasioso do prospectivo e saudável.Actualmente se exige ainda mais ao aprendiz e aopraticante, contar prioritariamente com as bases daanálise crítica e científica estabelecidas para evitartécnicas ineficazes, ou o que é ainda pior,contraproducentes, sem abandonar o carácter dométodo clássico.Ainda que parte dessas técnicas são provenientes

do vasto conhecimento médico tradicional oriental,como por exemplo, a Acupunctura ou a Acupressãodenominada Do-in; outras, como a Massoterapia,Anma, também conhecida como “Yugoe”, pela raiz

P

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“Sayugoe” - termo no dialecto original - é a forma genuína da identidadeShizen. Mesmo assim e em todo caso, toda técnica foi adaptada eadequada aos princípios terapêuticos originais dos Shizen, para acorrecta harmonização na sua aplicação.Além destes conhecimentos, são de fundamental relevância o

conhecimento ancestral que se tinha das ervas, chás e alimentos. Umpovo florestal como os Shizen, dispunha de uma farmacopeia e umnotável conhecimento das ervas, denominado este como Kusajutsu.Como suplemento às técnicas manuais e entre outras aplicações, oemprego de ervas cozidas em infusão, aplicadas em emplastros oupomadas, azeites e unguentos, assim como uma dietética específicapara processo a tratar, aumentavam a complexidade e a dimensão aintervenção do terapeuta.Em sua ancestral visão da doença, os Shizen diferençavam cada caso

de maneira singular, observando o ser humano em todo o seu conjunto,corpo, mente e espírito. Uma doença era uma intoxicação que afectava atodos os níveis. As técnicas de manipulação eram para desintoxicar eirrigar os ossos, músculos, tendões, pele, sistema circulatório, etc., a fimde equilibrar o organismo. No passado, a sua aplicação era para odoente um bem-estar com o qual vencer a doença que o atacava e aindaque as suas técnicas fossem insuficientes para uma grande quantidadede doenças, o equilíbrio do corpo permitia que o doente se sentissenuma melhor disposição anímica e fisiológica para enfrentar a doença.Como dissemos previamente, as técnicas mais genuínas de

tratamento e terapia são conhecidas como Anma (按摩) e ainda que estadenominação se refira habitualmente aos métodos quase familiares decuidados e massagem do antigo Japão, no nosso caso nos referimos àoriginária fonte de conhecimento terapêutico Shizen. Seguidamente, passamos a realizar uma introdução às ditas práticas.

Breves apontamentos históricosNos antigos tratados acerca do Anma, se descreve o método que

constava de diagnóstico e tratamento. Essa foi a primeira abordagemcompleta da Medicina. Faz aproximadamente mil anos que a MedicinaChinesa foi introduzida no Japão. Nessa época, o método do Anma eramuito conhecido pela classe médica e considerado simples para otratamento do corpo humano. Durante o período Edo (faz uns 300 anos), se exigiu que os médicos

japoneses estudassem o Anma, para poderem compreender bemestarem familiarizados com a estrutura do corpo humano e seufuncionamento. A preparação desses médicos nesse tipo de terapiamanual, permitia-lhes fazer diagnósticos, receitar ervas da MedicinaChinesa e localizar os chamados "tsubô", os pontos da Acupunctura,procurando fazer mais fáceis os tratamentos.

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Lamentavelmente, esse antigo método de manipulaçãose destinava só ao tratamento de problemas simples, taiscomo ombros endurecidos e tensão dorsal. Era umaprofissão apta para cegos... Estando numa situação de desvantagem sem uma

instrução normal sobre o diagnóstico e o tratamento, oAnma gradualmente foi sendo associado ao prazer e oconforto. O Anma é um dos mais antigos e tradicionais métodos

de tratamento asiáticos. Não se sabe exactamente quantotempo faz que começou a ser praticado. Provavelmentefará uns 5.000 anos, sendo descrito por primeira vez comotratamento faz 2.500 anos. Em Japonês, Anma é “personagem” ou “massoterapia”. O carácter japonês da palavra “AN” significa pressão

penetrante, pequenos movimentos. É considerado Yin e seusa como sedativo.O carácter “MA” significa massagens e vibrações com

movimentos mais vigorosos; é considerado Yang e usadopara tonificar. O Anma é uma técnica que consiste em realizar

massagens nos músculos, utilizando os dedos, mãos ebraços, para melhorar as circulações sanguínea e linfática,proporcionando a melhoria da pele, da tensão e da

contracção muscular. Segundo dizem os especialistas, darmassagens no próprio corpo é a forma mais simples deacabar com dores musculares e articulares, aliviar a tensãoemocional, activar a circulação e melhorar o fluir daenergia.

A Energia Ki no AnmaVárias teorias relativas à utilização da energia cinética

universal e corporal, não são mais o “KI”. O ki foidescoberto na Índia e na China. Posteriormente chegariaao Japão. A sua origem e ponto de vista são citados no“Su Wen” o “Livro Clássico de Medicina Interna doImperador Amarelo”, o mais antigo tratado de medicinaque tenha chegado aos nossos dias.Como podemos observar, o Ki pode ser entendido em

dois níveis: Representa, por um lado, o Uno, o caos original

concebido como Sopro, sem organização ou direcção, deonde se originará a dupla articulação de Yin e Yang, osprincípios polares e complementares que lheproporcionarão o primeiro impulso de manifestação. Por outro lado, Yin e Yang produzem os três sopros ou

energias fundamentais: o puro, o impuro e a mistura de

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ambos, que amalgamando-se, irãoconstituir o Céu, a Terra e o Homem.Como nos diz J. Schatz: “Para os Antigos, o invólucro do céu

e da terra, o céu e a terra, o intervalocéu/terra e todos os seres que aítenham uma efémera morada, formamapenas um amontoamento de sopros,sem interior, sem limites, precários erelativos”. Para o Taoismo, a correspondência

entre os fenómenos naturais éresponsável da visão global do homeme consequentemente, da medicina queele viria gerar: a Medicina TradicionalChinesa. O corpo, na acepção taoista, reflecte

em seu interior a mesma topologiatomada do exterior: montanhas, vales,rios, lagos, planícies e estuários,formando não só os acidentes do meioambiente resultantes dasmanifestações do Ki, tanto em seusaspectos Yin ou Yang, como assimtambém na mesma medida, noorganismo humano, que surgiráconfigurado com uma topologiasemelhante. Se chamam consoante a paridade,

pelo que representam enquanto àlocalização e influência, tanto seja nasuperfície, tanto seja no interior dasestruturas corporais. Portanto, paraconhecer o homem a partir dessesconceitos cosmológicos, tem de seestar atento à própria natureza e ànatureza circundante, o meio ambienteque nos mantém e abriga, posto que omicrocosmos (homem) é uma

representação diminuta de todo oUniverso (macrocosmos), regendo-sepelas mesmas leis e sofrendo ainfluência dos mesmos fenómenos. Outro pensamento chinês pioneiro é

articular a maneira em se impregnemmatéria e energia. Ao contrário doOcidente, onde tais noções sãorelativamente modernas,acertadamente os orientais sedistinguiram pela vinculação entre osdois conjuntos de fenómenos,compreendendo desde faz muito, asíntese bioenergética. É impossívelconceber Yin sem Yang, cada qualpossuindo em seu interior o germe dooutro, manifestado graficamente nopequeno círculo contrário que cadaum tem: o círculo brancorepresentando o jovem Yang nointerior do velho Yin e o círculo escurorepresentando o jovem Yin no interiordo velho Yang. Daí resulta a lei queprescreve que todo Yin setransformará em Yang e todo Yang emYin. Assim pois, mutação não é umatransformação que ocorre só a partirdo exterior, mas também umdesenvolvimento interno implícito,ditado pelo curso próprio da Natureza,o que reforça a noção do oposto ecomplementar. Do ponto de vista dos padrões

energéticos, se deve dar atenção aessa oposição e complementaridadefundamentais: Yang signif ica osSopros Essenciais, enquanto Yinsignif ica Sangue. Cada estruturacorporal (osso, órgão, tecido, célula,etc.) possui uma dada proporção deYin e Yang. Nas múltiplas acepçõesque essas Essências e esse Sangueadquirem e expressam no contexto daMedicina Tradicional Chinesa, sãobastante diferentes das noçõesocidentais análogas.

Anma na PráticaAs considerações do Anma têm em

consideração o 病人 Byounin (doente,paciente) e as posições (shisei 姿勢 )que o mesmo pode assumir durante amassagem:

1.0 Ichimonji 一文字Deitado (yokotaeru 横たえる)1.1 Decúbito supino (joutai 常態)1.2 Decúbito prono (utsubuse 俯せ)1.3 Decúbito lateral

2.0 Tate Ichimonji 立一文字2.1 hanza 半座 – ajoelhado elevado2.2 seiza 正座 – ajoelhado sentado2.3 tachi 立ち - em pé2.4 shinza 伸座 – sentado com

pernas esticadas2.5 agurawokaku 胡 座 を か く

sentado de pernas cruzadas2.5.1 ashi 脚2.5.2 ryouashi 両脚

Da mesma maneira, o terapeuta(Chiyu No Shisei 治 癒 の 姿 勢 )também pode assumir muitasposições: 1. hanza 半座 ajoelhado2. seiza 正座3. tachi 立ち4. shinza 伸座 pernas esticadas4.1 ashi 脚4.2 ryouashi 両脚5. agurawokaku 胡座をかく (sentado

de pernas cruzadas)

Os estados de saúde (KENPI 健否 )são classificados de maneira antiga eportanto veremos montanha (yama 山),rocha (iwa 岩) e árvore (ki 木).

Conforme seja a manipulação ouo ênfase da pressão aplicada,encontraremos os seis elementos(ONYOUMUGYOU 陰陽六行):

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1. fogo (hi 火)2. água (sui 水)3. ar (kuuki 空気)4. terra (chi 地)5. madeira (moku 木)6. metal (kin 金)

No que respeita asáreas de actuação(Bumon 部門), podem sertrabalhados os ossos(hone 骨), músculos (suji筋), tendões (ken 腱) epele (hada 肌 ) comdiferentes propósitos,tais como: libertar(Hodoku 解 く ), vibrar(furu 振 る ), circular(mawaru 回る ), drenar(hosu 干す ) util izandotécnicas várias:

Tracção (keninryouhou 牽引療法)Rotação (senkaiundo 旋回運動)Estiramento (nobasu 伸ばす)Encaixe (hamekomi 嵌め込み)Flexão (mageru 曲げる)

Além disto, trabalhando em especial os músculos (suji 筋),se podem ver:

Te no Gikou (Técnicas de mão 手の技巧):• Oyayubi – (polegar - 親指)• Ryou Oyayubi – (Ambos polegares - 両親指)• Kaigara – (mão em concha - 貝殻)• Te no Hira (palma - 手の平)• Tenoku – (dorso da mão -手の甲)• Shukotsu (ossos da mão -手骨)

• Goshi (cinco dedos -五指)• Tesaki – (dedos手先)

Ude no Gikou (técnica debraço -腕の技巧):Udema (polir – esfregar – com o

braço -腕摩)

Como segue princípiosantigos, o Anma possui nomesposturais Primários Clássicas (法 原 – NORIGEN) que sebaseiam na natureza e emobjectos da vida quotidiana:1. Peixe (SAKANA -魚)2. Lagostins (EBI - 鰕)3. Lagosta (KAEBI - 大鰕)4. Gafanhoto (INAGO -蝗)5. Alacrau (SASORI -蠍)6. Cão (INU -犬)7. Gato (NEKO -猫)8. Serpente (HEBI -蛇)9. Arco (YUMI -弓)

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10. Rio (KAWA -川)11. Cascada (TAKI -瀧)12. Árvore (KI -木) 13. Corda (HIMO - 紐)14. Barco (FUNE -舟)15. Onda (NAMI -波)

Como vimos anteriormente, na prática o Anma utiliza técnicas de pressão,percussão, fricção, vibração, pinsamento e imposição de dedos e mãos empontos e zonas específicas do corpo, além do movimento dasarticulações e a manipulação de estruturas músculo-esqueléticas, com oobjectivo de agir na circulação “energética” através das técnicas paratonificar, acalmar, regular, purificar e aquecer, e promovendo a homeostaseorgânica, a psíquica e acima de tudo a energética.

Usando os polegares, as palmas das mãos e mesmo o cotovelo, oterapeuta pressiona pontos ao longo dos meridianos do corpo, demaneira rítmica e modulada. Com as pressões vão desbloqueando aenergia vital. Além disso, util iza técnicas de manipulação,alongamento de músculos e tendões, rotações de juntas, pressãoem músculos tensos ou doridos, melhorando a circulação dosangue e do sistema linfático. Como resultado, relaxa o sistemanervoso e muscular, desenvolvendo um ritmo de respiraçãomais eficaz e um melhor equilíbrio energético.

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O SCS conhece o estilo de Vicente “Inting” Carin

Um dia, numa pista de basquete nas Filipinas, um Mestrede Doze Pares Eskrima fez uma brilhante demonstração deEskrima. Lembro-me bem de que o ambiente era de muito calor e

humidade. Este Mestre fazia 'arcos' de uma maneiraelegante. Eu estava realmente impressionado pela suaactuação e do resto da audiência, quando terminou,recebeu um grande aplauso.

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inguém no público era consciente do facto deque havia um idoso olhando em silêncio e quetambém gozava da impressionante actuaçãodos arcos. Este idoso, de olhos penetrantes,pequenos e em aparência marcados pela vida,deu um passo em frente adiantando-se à

multidão. O velhinho disse àquele homem que atacasse damaneira que julgasse ser a adequada. Imediatamente ohomem atacou, muito, muito rápido. O idoso interceptou oataque e contra-atacou com um só movimento muito agressivoaos olhos e quase ao mesmo tempo deixou cair sua bengalaao chão e se afastou. O que vimos foi um estilo realista eeficaz, realizado por este velhinho. As acções do homemrealmente contrastavam a grande actuação do Mestre deEskrima e isto manifestou em muitos sentidos a eficácia daEskrima. Instintivamente compreendi o que isso significava: Acabava

de encontrar Vincente Inting Carin, o Mestre e o legendáriolutador de Cebu.

Influencia e Inspiração Por vezes, ao longo da vida encontramos pessoas que nos

impressionam, que influem em nós e nos inspiram mais queoutros. Para mim, esse foi Vincente Inting Carin. Esta notávelpessoalidade irradiava uma certa força e uma energia que raravez se encontram. Desafortunadamente, Vincente Inting Carinvinha a falecer em 2004. Desde a minha própria experiência, vou falar-lhes de Vicente

Inting Carin, o legendário lutador de Cebú, que teve umagrande influência na minha maneira de pensar acerca daEskrima. Inting Carin também é conhecido pelo documentário 'O

Caminho do Guerrero'. Conheci Inting Carin em 1998, em Cebú. Até hoje, tenho

conhecido um monte dos chamados e auto-proclamadosMestres. Nos nossos dias parece que há mais Mestres quealunos…, mas no caso deste homem, era completamentediferente. Um autêntico lutador que participara em combatesreais e lutou no exército de guerrilhas contra os invasoresjaponeses durante a Segunda Guerra Mundial e nessa época,apenas contava 18 anos. Durante a ocupação dos japoneses lutou contra o inimigo

com seus machados e fitos (paus do jogo de paus). Dezasseisanos depois aprendeu Eskrima com seu tio Ponsing Ybanez,que também era um grande lutador de pau. Inting Carintambém fez combate sem armadura.Carin estudou com o Grão Mestre Filemón "Momoy" Cañete,

que modificou seu trabalho com espada e adaga, a sua lutacontra faca e que incorporou ao seu estilo as própriasexperiências no campo de batalha. O seu estilo se denominaVICARIO e ele é um verdadeiro Mestre das Filipinas.

Treinando com Inting Treinei várias vezes com Inting Carin e f iquei muito

impressionado com a sua maneira realista de ver a Eskrima ecom a sua luta contra faca. Inting Carin apreciava muito o meu estilo e frequentemente

louvava o meu estilo agressivo e directo nos combates. Elegostava porque era eficaz e isso também é uma característicade Inting Carin. O meu respeito por Inting Carin é grande eacostumo a dizer que as minhas técnicas de luta com faca sãodo estilo Inting. As suas técnicas de desarme com faca,

Eskrima

N

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provocando o desequilíbrio, são muitosignificativas e não se encontram emoutros estilos. Inting Carin e eu concordávamos em

que muitos estilos de Eskrima não sepodem utilizar em um combate real. Seique ele não gostava dos estilos Eskrimaque só brincam com o pau e se parecemmais a acrobacias que à verdadeiraEskrima. Pouco antes de seufalecimento, ele me mandou uma cartaonde insistia em que continuasse treinararduamente e a continuassedesenvolvendo o meu estilo. Como jádisse, foi uma grande influência paramim. Inting Carin faleceu com 82 anos.

Inting Carin - Doze Pares Inting Carin criou o seu próprio estilo, o

estilo VICAR (de, Vicente Inting Carin).Também foi membro do Doze Pares. Inting foi desafiado muitíssimas vezes

por eskrimadores e lutou em nome doDoze Pares. Estas lutas se realizavamsem materiais de protecção, por vezeseram lutas à vida ou morte. Ele sedestacou na luta com faca. Inting Carin me contou muitas histórias

das suas lutas. Uma da suas maisfamosas batalhas foi mostrada nodocumentário “Eskrimadores”.

SimplicidadeO estilo de Inting Carin era o seu estilo

pessoal, criado a partir das suasexperiências em combate real. Um dia eulhe perguntei acerca do seu melhordesarme de faca e ele olhou para mim,começou a rir e disse: "Frans, lembra-tesempre disto, que uma luta à faca seja omais simples possível..., porque um erropode custar a vida". Depois, pôs a minhafaca contra o seu ventre e de umamaneira muito simples, me desarmou da faca com uma

técnica denominada "a serpente". A"serpente" é como se fosse o seu selodistintivo, simples e realista.

O legado de Inting Carincontinua vivo No passado mês de Julho estive nas

Fil ipinas, em um encontro muitoagradável com os filhos de Inting Carin,Alfredo e Vicente Carin júnior. A suatarefa é continuar o legado de seu pai. Oseu estilo, também estilo VICAR, significasem movimentos desnecessários, mascada acção tem a intenção de acabarcom o oponente o mais rapidamentepossível.

Eskrima

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Eskrima

Seu filho menor Carin júnior não só se parecefisicamente muito ao pai como também na suamaneira de lutar, com golpes duros realistas ecom um jogo de pernas agressivo e em frente. Areunião foi muito interessante e ele nos falou dopassado e também falamos do meu vínculoespecial com Inting Carin. Pouca gente sabe queem 2004 gravei todo o estilo de Inting Carin emum filme. Gravamos tudo em dois dias e devodizer que foi um momento muito interessante e oDVD é fantástico. No DVD, o próprio Inting Carinexplica um grande número de técnicas e mostracomo realizá-las.

Desenvolvimento ulterior Os filhos de Carin desenvolveram o estilo

VICAR e fizeram-no acessível a todos os quequeiram treinar. Eles foram treinados por seu paie não só técnica e tacticamente como tambémespiritualmente, a Eskrima se transmite com eles. A minha visão da Eskrima é que deve ser dura,

realista e rápida. Lembrem-se do que já disse doestilo Vicar, desenvolvido por Inting Carin,evoluindo desde a sua experiência em combatereal e não de combates em torneios oucompetições. Eram de lutas reais à morte. Hápoucos Mestres que realmente possam dizeristo.

O futuro do Estilo Vicar Sob a direcção de Alfredo e Vicente Carin

junior, o futuro do estilo VICAR parece ser muitobom. Eles não são só eskrimadores fantásticos,como também grandes Mestres. De certeza seupai sentiria muito orgulho por seus filhos e quisque com eles, o seu legado se transmitisse àsnovas gerações. Estou organizando para realizar no Verão de

2015, uma viagem de treino às Filipinas, paraque qualquer pessoa que quiser vir comigo equeira, possa treinar com estes mestres filipinosAlfredo e Vicente Carin, vão treinar os meusalunos. De certeza os meus estudantes vão ficarimpressionados por estes eskrimadores. Agora sejam bem vindos ao meu mundo, o

mundo da Eskrima! Podem visitar a minha página web

www.scseskrima.com e www.knifefightsystem.com. Para obter mais informação entrar em contacto

comigo em [email protected]

“Sob a direcção deAlfredo e Vicente

Carin júnior, o futurodo estilo VICAR parece

ser muito bom”

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Grandes Mestres

Sifu Cangelosi é um dos Mestres que mais esquemas quebrou ao longoda sua carreira. O primeiro, pelo que foi extremamente criticado (coisaquase que inacreditável nos nossos dias!) é que se atreveu a praticar edominar mais de um só estilo de Kung Fu. De facto, para ele o Kung Fusempre tem sido só um, uma Arte completa, com uma riquíssima gama devariáveis e tradições. Não satisfeito com isto, realizou o seu segundo“pecado”, tornar-se um especialista em Muay Thai! Horrível traição! Umaarte que não era Chinesa! e o seu terceiro pecado, mas não menosmortal, foi o de não ter os olhos rasgados, o seja, ser um Ocidental.

Além disto, também o documentou em vários l ivros e na queprovavelmente seja a mais ampla colecção de vídeos de Instrução quetratam do Kung Fu (e não só!) que tenha feito um só indivíduo até osnossos dias. Por tudo isto, justamente trazemos na capa da nossa revistaeste Grão Mestre e festejamos os muitos anos de trabalho conjunto,pondo à disposição dos nossos leitores e clientes, uma oferta especial dosprodutos que levam o seu selo, tanto livros como vídeos... Aproveitem aocasião para completar a vossa colecção..., ou para a iniciar.

Cangelosi nunca nos frustra!Hoje, algumas destas considerações nos parecem justamente ridículas,

mas acreditem, apenas umas décadas atrás, tudo era muito diferente.Sifu Cangelosi foi e é um pioneiro numa nova maneira de ver ampla eholística, as Artes Marciais, que vai do combate ao factor energético, doaspecto interno ao externo…, para ele, tudo são fases de uma mesmaessência, que não só se podem adicionar na aprendizagem como também,e como têm demonstrado seus muitíssimos alunos ao longo destes anos,fazem melhores e mais completos artistas marciais.

Todos aqueles que o conhecem falam bem dele, porque é merecedor porum trabalho e uma seriedade fora de toda questão, coisa que sem dúvidatem sido um grande incentivo para que o Kung Fu, tão injuriado na décadados 70, nos nossos dias tenha encontrado uma nova imagem e um novoespaço no Ocidente.

Alfredo Tucci

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Uma emoção que uniuo Oeste com o Leste

É uma emoção que provoca umagrande energia, que pode fazerlevantar o mundo com um só dedo.Comecei a praticar Artes Marciais

quando finalizava 1960. Comeceicom o Ju Jitzu. Morava numapovoação perto de Génova, ondeainda não se conheciam as ArtesMarciais. Eu só tinha ouvido falar deJudo e Karate a alguns turistas quevisitavam a cidade.Quando o mestre Jon Rose chegou

a "Casella", a nossa localidade,trazendo a luta japonesa, eu e maisuns poucos de garotos fomos osprimeiros a nos inscrevermos. A partirdaí nasceu a minha paixão pelasartes marciais, paixão que se tornoumotivo da minha vida. Depois, aminha família se mudou da aldeiapara a cidade de Génova, e isto abriuos meus horizontes para asdisciplinas orientais. Em 1971 conheci a meu primeiro

mestre de Kung Fu, o Grão Sifu FuHan Tong, um chinês do Sul daChina, emigrado desde o ImpérioCeleste, a meados dos anossessenta e que após várias viagensque o levaram da China à Australia,à Califórnia e à França, se instalouna Itália.Fu Han Tong era um chinês

especial, falava um pouco de Inglêse conhecia muitos dialectoschineses, mas o extraordinário neleé que tinha uma enorme cultura ehabil idade nas Artes Marciais

chinesas; um conhecimento inusualporque tinha crescido comdiferentes mestres, com diferentesestilos de aprendizagem, tanto doNorte como do Sul, e tanto deescolas internas e como externas. Ao princípio, eu não era

consciente da sua grandeza, paramim, era um homem de olhosrasgados que fazia Kung Fu eposteriormente, uma espécie desuper herói.Não quero fazer deste artigo uma

divulgação da minha história, comose fosse um livro, de maneira quevou explicar como foram as minhasprimeiras experiências na prática eestudo da arte do Kung Fu.Eu tinha 11 anos e o Mestre Fu

Han Tong trabalhava comocarpinteiro no centro histórico deGénova. Alem disto comerciava comestatuetas de porcelana através deuma loja Chinesa, com casas emGénova e Torín. Quase todos osdias eu o visitava e ele, em seutempo livre me iniciou no Kung Fu.Depois de alguns fundamentos(saudações, posições e pequenascoordenações técnicas) começou afalar-me de estilos... Era um mundofascinante, devido às enormesdiferenças que eu apreciava entreum método e outro. Quandocomecei a ser ciente do que andavaa fazer, percebi que já t inhacomeçado a estudar três estilosdiferentes, por este ordem: WingChun, Tang Lang e Tai Chi.Ainda era muito novinho, por isso

era surpreendente que o terceiro

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estilo interno, fosse para mim especialmentefascinante. Me cativaram os seusmovimentos lentos e a capacidade deconcentração que alcançava durante a prática.

Contrariamente ao que se possa pensar,apesar da minha pouca idade, o Tai Chiexerceu um extraordinário poder sobre mim.Fu Han Tong estava tratando de fazer-mecompreender que esses movimentos lentoseram necessários para a energia fluir, parater o corpo mais relaxado e portanto maisrápido e ágil. Durante o estudo da grandeforma, apreciei imediatamente as suasaplicações, compreendi que se tratava depura arte marcial. Ao mesmo tempo que meproporcionava um aspecto saudável, fuiconsciente da Filosofia e da disciplinaTaoísta. Por todas estás razões nuncaabandonei a prática do Tai Chi.Praticando Wing Chun e Tang Lang

descobri um exercício que estimulava o meucorpo e que iria requerer um treino atléticocom dinâmicas complexas. Era o fascíniodos braços da “mantis religiosa”; a suarapidez alternando os braços e a força dassuas técnicas eram incríveis; mas alémdisto, a dinâmica do corpo e o trabalhomostravam uma elegância incrível.Normalmente, os treinos eram muito

duros, t inha de conseguir que asextremidades chegassem a ser fortes e

resistentes, como eram as da Mantis. Acheicurioso que no mesmo estilo do mesmoanimal, as mesmas técnicas tivessemdiferentes interpretações. O esti lo sedesenvolvera a partir de uma região doNorte da China, estendendo-se eseparando-se com o tempo, por diferentesregiões do Sul.Ao mesmo tempo que praticava Wing

Chun, me interessavam por suas posições,saúde, atitudes na acção, a fluidez e acontinuidade das suas técnicas, que ofizeram fascinante e eficaz. Nessa épocanão era popular, foi graças ao actor BruceLee que o Wing Chun começou a serfamoso e que as pessoas se interessassempelas Artes Marciais e a sua prática. Com esta informação e pelos sentimentos

que em mim provocou, me iniciei no KungFu. Isso me abriu imensos horizontes e meapaixonai por esta Arte Marcial, decidindodedicar-me em cheio a conhecer a suacultura e a sua prática. O meu Mestre Tongfoi quem me ensinou a não me fechar emum só estilo, a não me fossilizar em um sóidioma, para poder gozar do universo. Àsemelhança do que Bruce Lee disse aosseus alunos numa cena de seu famosofilme, mi mestre me disse que o caminhonão seria fácil, mas com constância e comprática, eu alcançaria a consciência doverdadeiro Caminho.

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“O meu Mestre me disse que o caminhonão seria fácil, mas sendo constante e com

a prática, alcançaria a consciência doverdadeiro Caminho”

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Grandes Mestres

Nessa altura eu era demasiadamentejovem para perceber o que o meu Mestreme queria transmitir, mas eu já me resolverae tinha feito a minha própria eleição:treinava todos os dias, com uma media de 6a 8 horas por dia. Os meus progressos desemana para semana, eram magníficos eisso me estimulava tanto para a práticacomo para adquirir os conhecimentos. Ampliei o programa introduzindo novos

estilos, alguns só a modo de pequenasexperiências, mas com outros aprofundeinas habilidades e nas grandes ideias queme proporcionavam. Fui incorporando osestilos Pa Kua - Hising i - Siu Lam - TzuiPa Hisien. Continuei praticando estesestilos até que chegou o momento delevoltar à sua terra natal.

Eu tinha 17 anos e prometi a mimmesmo que logo que fosse maior de idadeiria à China para continuar a nossa relação. Entretanto, comecei a ensinar Kung Fu e

após três anos, o meu sonho se fezrealidade: Viajar à terra do meu Mestre eencontrar as minhas raízes. A minha jovemescola estava funcionando... No Sul da China, de novo me encontrei

frente a frente com o meu Mestre Fu HanTong. Era inacreditável, parecia que otempo não tinha passado…, o tempo nãotinha passado e o contacto continuoudurante muitos anos. Eu ia e vinhaconstantemente, aprendendo eassimilando novas experiências e toda asua sapiência directamente dele e na suaterra mãe.

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Kung Fu

Foi graças a este ritmoconstante de ir e vir que tive aoportunidade de conhecerversados nas artes e amigos domeu Mestre Han Fu Tong, todoseles mestres nos diversos estilosda cultura marcial. Devido a eles,o meu Kung Fu cresceu e seampliou com as diferentesfamílias e linhagens acumulados,através do legado adquirido. Devo dizer que a minha

estadia, a minha aprendizageme relação com os mestres foimuito agradável, cordial egratificante, apesar deles nãoestarem habituados a lidar comocidentais. No entanto, orelacionamento com osestudantes não foi tão fácil,devido aos seus ciúmes einvejas, formando-se umambiente de rivalidade ecompetência, que em algunsmomentos me fizeram sentiralguns riscos para a minha vida.Não obstante, mereceu a pena. Foi então quando começou

para mim um novo desafio, umanova experiência, umaexperiência muito "dura", ocombate! Era preciso ganharestima e respeito. O mestre Fuhan Tong às vezes seenvergonhava na frente de seusamigos, quando lheperguntavam por quê o seualuno ocidental era melhor queos estudantes chineses. O que tento explicar é que em

todo sacrifício há pessoas quenos acompanham e apoiam; há

muita gente no anonimato, queconsegue “apanhar” o Universocom um só dedo…, mas é odedo de todos os que estão eque não vemos. Esse é olegado…Não tem sido um caminho

fácil, nem será, mas apesar detudo, merece a pena perseverare comprometer-se. Podemoscruzar mares e montanhas, oconhecimento é infinito...Como dizia Mihamoto, o

grande especialista da espadajaponesa: "O homem que alcança o

conhecimento, conhece todosos caminhos".Espero ter tempo para poder

continuar em outros artigos atransmitir-lhes a minhaexperiência, experiênciaacumulada nos últimos 45 anosno meu caminho, y assim podercompartilhar a minha prática eexplicar as diferenças entre osdiferentes estilos. Desejo ser capaz de eliminar

a ignorância das pessoas quepraticam as Artes Marciais eainda transmitem mensagensnegativas e de desprezo,caluniando as pessoas quepraticam diferentes métodos, ouque pertencem a diferentesescolas. Não podemosesquecer o que estamosfazendo... Fazemos ArtesMarciais! Todos ensinam etodos merecem respeito egratidão. Até breve.

“Praticando Wing Chun e TangLang descobria um exercício queestimulava o meu corpo e querequeria um treino atlético, com dinâmicas complexas”

Sifu Paolo Cangelosiwww.sifupaolocangelosi.comemail: [email protected]: Salita delle Fieschine 17r Génova - Itáliatel. +39 010 8391575

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Fu-Shih Kenpo Em busca do AUTÊNTICO SENTI-

DO DO COMBATE EM ALGUNSESTILOS DE KENPO

Muneomi Sawayama (1906-1977)

Devido ao seu fraco físico emcriança, quando entrou no colégio,em 1919, resolveu melhorar suasaúde e reforçar seu físicomediante o exercício. Obtevevários l ivros de musculação ecomeçou a exercitar-se a sós. Naquela época, a musculação era

pouco praticada no Japão. Ao mesmotempo, se iniciava em Judo.Graças aos seus esforços, teve

destacáveis progressos. Em 1925 entrou naUniversidade de Kansai, onde continuou com o Judoe obteve o 5º Dan.

Apaixonado por uma outra actividade, a lutana rua, frequentava os bairros baixos, os barrosde má fama de Osaka. Procurava e quandonão achava, criava ocasiões para lutar. Diz-seque comentava com seus amigos “que nãopodia dormir bem se antes não t inhaquebrado a cara a três idiotas”. O facto degostar de brigas, pelo menos na suajuventude, é um ponto em comum deTatsuo Yamada (fundador do NihonKenpo Karate-Do), Choki Motobu eMuneomi Sawayama.

Prosseguindo com seus estudosem Judo e como lutador de rua,perguntava a si próprio porque oJudo não uti l iza os golpes de

punho e de pé, que são astécnicas mais eficazes eindispensáveis para uma lutade rua... A partir da suaexperiência questionou osentido da sua arte marcial.A modo de resposta à sua

pergunta, seu mestre de Judoproporcionou-lhe uma matériade pesquisa: estudar as técnicasde percussão no Ju-Jutsu

clássico, posto que forameliminadas durante o processo deformação do Judo.

Texto: Sergio Hernandez Beltrán

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Kenpo

Assim, Muneomi Sawayamacomeçou a estudar as técnicas deatemi no Ju Jutsu.Mas a maior parte das técnicas de

percussão do Ju Jutsu estavamconcebidas para portar um sabre e sebem é certo que se exercitavam amãos nuas, as técnicas do Ju Jutsuestão assimiladas ao uso do sabre.Por exemplo, uma das técnicas dos

samurais era dar um golpe com oextremo da empunhadura do sabre(Tsuka), que portavam sobre o ladoesquerdo das ancas. Este golpe seefectuava pegando no extremo doestojo (saya) e apoiando o polegarsobre a guarda, se extraia para afrente, batendo no estômago ou noplexo solar do adversário.No Ju Jutsu clássico se exercitavam

nesta técnica como um golpe

executado com o punho esquerdo.Assim, as técnicas de percussão no JuJutsu são secundárias e limitadas. Talera ao menos, a conclusão deMuneomi Sawayama. Foi entãoquando ouviu falar de um mestre deKarate que se tinha instalado emOsaka, Kenwa Mabuni, fundador doestilo Shito-Ryu e começou a estudaro Karate sob a sua direcção.Às escondidas de seu Mestre,

segundo parece Muneomi Sawayamacontinuou brigando na rua. Nos bairrosde má fama, encontrou Tatsuo Yamada,que possivelmente por lá andava poridênticos motivos. Este lhe disse queera aluno de Choki Motobu, do qualouvira falar por seu combate contra umpugilista. Mais tarde perguntou aKenwa Mabuni acerca do Karate deChoki Motobu, e este lhe respondeu:

“É certo que Motobu é forte, masesse não é o verdadeiro Karate, postoter ele conseguido a sua força à basede participar em lutas de rua. UmVerdadeiro karateka deve integrar amoral na sua força. Isto se exercitaatravés dos kata. O Karate de Motobuse desvia da justa Via”.Mas a frase “conseguiu a sua força

à base de participar em lutas de rua”,chamou a sua atenção. Através deTatsuo Yamada conheceu o MestreMotobu e a sua força em combate eas suas ideuas técnicas o marcaramfortemente. Na mesma época,conheceu o Mestre Yashuhiro Konishi(fundador do estilo Shindo Jinen Ryu)que treinava com Mabuni e Motobu. Na Universidade de Kansai,

Muneomi Sawayama formou um clubede Karate. Em vez de continuar

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fielmente as ensinanças de KenwaMabuni, pesquisou para elaborar umKarate mais real. Efectivamente, oensino de Kenwa Mabuni se baseava,como o de Gichin Funakoshi, noexercício dos kata. À diferença deFunakoshi, Kenwa Mabuni não erahermético à prática do combate,inclusivamente investigou paraelaborar exercícios de combate. Para exercitar-se em combate com

segurança, experimentou váriasimprovisadas protecções. Sobre a investigação em combate, a

trajectória de Muneomi Sawayama foimais rápida e radical que a do seumestre. Na Universidade, elaborou ummétodo de treino. Actualizou emelhorou exercícios de combateconvencional e livre. Apoiando-se sobreos exercícios de combate livre,continuou elaborando novos exercícios.Na mesma época, em Tóquio, os

alunos de Gichin Funakoshi, comoHironori Otsuka, T. Shimoda e YasuhiroKonishi, pesquisam, com prudência,modelos de exercícios de combateconvencional a partir dos kata.

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Devemos dizer que MuneomiSawayama os aventajava. Era a épocaem que os karatekas de Tóquio,alunos de Gichin Funakoshi, jácomeçavam a praticar o combate livrecom o sistema de sundome, (parandoo golpe antes de tocar), que os outrosadoptaram vários anos depois. Sepoderia dizer que é o precursor dosistema dominante actual. Depois deter praticado este sistema de combate,o abandonaria rapidamente, posto queo sistema de controlo parando ogolpe, não era suficiente para ele.Kenwa Mabuni não concordava com

a trajectória seguida por Sawayama.Em 1932, ele se separava de seumestre, para formar a sua própriaescola, à que chamou “Dai NiponKenpo”, que é a origem do actualNihon Kenpo. No mesmo ano entra noexército como oficial voluntário.Continuou elaborando esistematizando o seu método.Encontramos o mesmo esquemaprecedente. Quando os alunoscomeçaram a prática do combate,Gichin Funakoshi rompeu com eles.É então, através do conceito do

combate, quando começou oproblema do Karate, arte de combate.Ao princípio, Muneomi Sawayamapraticou o combate sem protecções,com o sistema de sundome, masexercitando-se a sério, os acidenteseram inevitáveis. Quando o acidentese produzia, muito frequentemente eragrave. Além disto, constatava que comesta maneira de combater, as técnicasde defesa eram deficientes, porqueestavam habituados a que os golpesnão chegavam.Pareceu-lhe então necessário

elaborar protecções. Utilizou o modelodo Kendo para as protecções durante

o exercício do combate. Segundo dizMuneomi Sawayama, em comparaçãocom o do sabre, o método do Karate éatrasado, correspondendo àmanipulação do sabre da Idade Média- quando este se exerciaprincipalmente mediante o kata - eparalelamente se treinava com umverdadeiro sabre ou com um demadeira controlando os golpes. Comas armaduras de protecção, a partir defins do Século XVIII, a técnica do sabrejaponês fez enormes progressos,acumulando as experiências queproporciona o combate livre.Em Karate, na i lha principal do

Japão, excepto Choki Motobu,nenhum dos Mestres foi capaz deensinar combate.O Karate que encontrou Muneomi

Sawayama, não tinha experiência,método, nem sistema de combate,julgando então que o método doKarate estava atrasado. A partir de 1934, começou a dirigir

exercícios de combate comprotecções. No combate da suaescola se realizavam técnicas degolpes, projecções e chaves. Tendoem consideração a sua formação emJudo, esta aproximação é normal. Em1936, Muneomi Sawayama realizouuma exibição pública. Em 37organizou o primeiro encontrouniversitário, entre as Universidadesde Kansai e de Kansai-gakuin. Foi umêxito muito apreciado pelo público eum bom começo. Deu início a guerra entre a China e o

Japão. O ambiente mil itarista sereforçava de dia para dia. Entretanto,Muneomi Sawayama continuouelaborando o seu método de treino e osistema de aplicação da sua disciplina,até 1940, quando foi mobilizado como

oficial de Infantéria e foidestinado à China.Durante a sua estadia na

China, se interessou pelasArtes Marciais Chinesas econheceu Kenichi Sawai, queestudava Yi Quan, sob a direcção deWang Xianzhai.Actualmente existem duas

tendências no Nihon Kenpo, as doLeste e as do Oeste. A técnica dogrupo do Oeste reflecte mais o modelode Muneomi Sawayama, commovimentos suaves e circulares,ausentes nas do Leste. Pareceria queaprendeu estes elementos comocasião do encontro com K. Sawai eos introduziu nas suas ensinanças. Em 1946 voltou ao Japão e

restabeleceu a sua escola. O Japãoestava na miséria. A maiorpreocupação da povoação era “podercomer a cada dia”… Nessascondições, pouca gente se interessavana arte do combate. Quandoorganizava alguma demonstração, eracriticado e delas diziam: “é uma brigade mendigos”. Muneomi Sawayama estava em

umas condições materiaislamentáveis. Só em 1953, quandoorganiza com os seus 70 alunos umademonstração de Nihon Kenpo nocentro de Tóquio, causa sensação nomundo das artes marciais. Váriasuniversidades a ele aderiram então.Em 54, o Nihon Kenpo foi adoptadocomo disciplina oficial pelaUniversidade de Kansai - onde tinhaestudado Muneomi Sawayama - sendonomeado professor. Nos nossos dias, o Nihon Kenpo

constitui uma corrente importante noJapão, com dojos em escolas e nasUniversidades públicas e privadas.

Kenpo

Existem diferenças constatáveis entre o “Nihon Kenpo Karatedo”, fundado por Tatsuo Yamada e o “NihonKenpo”, fundado por Muneomi Sawayama.

No Nihon Kenpo Karatedo se realizam os combates com luvas de Boxe, enquanto que no Nihon Kenpo se utilizaum equipamento de protecções e se permitem técnicas de percussão, de projecção e imobilização.

Apesar das suas diferenças, as duas disciplinas estão perto uma da outra pelo seu conteúdo e acima de tudo,pela sua ideia de base: desenvolver o combate.

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maro Bento inicia muito cedo a sua práticade Artes Marciais. Com efeito, com apenas12 anos inicia um trajecto que o leva desde oKarate Shotokan ao Pencak Silat, arte emque detém a graduação de 3ºDan, não semantes experimentar e refinar a sua

experiência como praticante de Judo, Ju-Jitsu Tradicional,Kung Fu, Kick Boxing, Boxe Olímpico, diferentes formasde Krav Maga, diferentes sistemas de manuseio de armas.Também como competidor, Amaro Bento experimentou

as emoções do ringue, na área do Kick Boxing e ThayBoxing, por dezenas de vezes, tendo-se sagradoCampeão Suíço de Pencak Silat por 5 vezes. Os seusalunos conquistaram 112 títulos nacionais Suíços, emSanda, Pencak Silat, Lei Tai, Box Olimpico, de entreoutros. Como treinador, Amaro Bento ensinou em diversospaíses, de que se destacam Portugal, Jamaica e Israel, naárea do Krav Maga, por paradoxal que pareça.

Contudo, a sua grande influência na forma de entenderas Artes Marciais, foi-lhe conferida através da suaexperiência profissional, fora do “ringue” e “Tatamis”.Com efeito, Amaro Bento desde cedo inicia a sua

experiência profissional no ramo da segurança privada.Aos 18 anos começa com contratos de trabalho Part-Time, contratos de segurança e protecção pessoal de altorisco em países como Bélgica, Suíça, Alemanha, Espanha,Rússia, Quénia, África do Sul, México, USA, Paraguai,Colómbia, e alguns países do Médio Oriente. Fezigualmente diversos serviços de segurança e formaçãopara uma empresa Israelita.Actualmente, Amaro Bento possui uma empresa de

Formação e Segurança Privada, registada em Zurich, naSuíça, a ASISGROUP (Ambo Security Instruction &Services.Esta experiência em cenários reais, desde cedo lhe

permitiu perceber que muitos dos que tinham sido os

Amaro Bento, nasceu em Angola em 1970, muda-se para Portugal em 1975,emigrando para a Suíça em 1985, onde trabalha até 2009, ano em que volta aPortugal. Este cosmopolitismo irá marcar para sempre a visão deste homem nasArtes Marciais, moldando-lhe o carácter e a forma de entender e interagir com asdiferentes formas de artes de defesa, ataque, protecção de terceiros ensino aadultos e a crianças.

A

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Self Defense

ensinamentos que tinha colhido em diversas Artes Marciais,com Mestres de renome, não se adequavam à vida real forado “Dojo” ou do ringue, pois por diversas vezes, noexercício das suas missões de segurança, foi confrontadocom agressores que não possuindo experiência de ArtesMarciais, apresentavam graus de violência e determinaçãono combate, que anulavam a forma padronizada comoAmaro Bento exercia a prática das técnicas aprendidas emsituação de treino “tradicional”.

Amaro Bento percebeu assim a necessidade demodificar muito do que tinha aprendido, para poder serbem sucedido nas suas funções de Segurança Privado.Começa o desenvolvimento daquilo que viria a tornar-se

o seu sistema de defesa, combate e protecção, o ACDS –Ambo, Combat & Defense System, sistema vocacionadopara o treino competitivo, desportivo, de protecção edefesa pessoal de terceiros, adequado à realidade doséculo XXI, sem obviamente esquecer tudo o que foi a sua

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influência no domínio das tradicionais ArtesMarciais orientais e ocidentais.Com efeito, se quando essas artes

foram desenvolvidas era prática comumas pessoas andarem com uma espada ousabre, hoje em dia, na rua as pessoaspossuem por regra uma pequena navalhaou outro objecto do dia-a-dia, como formade defesa ou agressão; se então eraprática comum as pessoas defenderem-seou agredirem com “Bo”, “Nunchaku”, hojepossuem ser ingas infectadas, gáspimenta, revólveres, ou Tasers; se então oensino e prática das Artes Marciais eradomínio restr i to de uma minor ia,entendendo-se a palavra do “Mestre”como “indubitável”, hoje generalizou-se o

acesso de qualquer cidadão ao “perigoso”mundo das Artes Marciais, quandodescontextualizadas da sua génese, nãose respeitando mais o estatuto do“Grande Mestre” fora do “Dojo”, que atodo o tempo se vê confrontado com“desaf ios” e “testes” à ef icácia dosmétodos que ensina.Ou seja, o mundo mudou e as Artes

Marciais evoluem ou simplesmente tornam-se ineficazes no seu objectivo máximo degarantir a defesa e protecção, perdendo o“bem a lutar contra o mal”.Duas das disciplinas que se destacam no

sistema de Amaro Bento são o AmboCombat & Defense System - ACDS e oChamaleon.

Self Defense

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Self Defense

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Para estruturar o seusistema de defesa, protecção,ensino e competição ACDS,Amaro Bento parte dapergunta:Como combinar os

diferentes requisitos, muitoindividuais de uma ArteMarcial num sistema?Pois que enquanto para

muitas pessoas o objectivo dotreino de Artes Marciais é o depromover principalmente umaumento na aptidão físicageral e na auto-confiança,outras querem aprender adefender-se eficazmente nodia-a-dia, contra um ataqueespontâneo. Paralelamente, cada vez

menos as pessoas estãodispostas a investir anos deestudo numa arte marcialaltamente complexa, que nãoé, infelizmente, aplicável emmuitas situações de stress deviolência do dia a dia.Havendo pessoas que

querem competirdesportivamente no ringue,para essas pessoas oprocesso de treino tem de terem consideração essaexigência superior; havendooutras que buscam nas ArtesMarciais a eficiência nocombate corpo-a-corpo,defesa pessoal realista eprotecção de terceiros. Acresce que para as forças

de segurança, polícia, exércitoou segurança privada, o treinodeve ser ainda mais realista.Urgia ainda concil iar a

diferença fundamentalexistente entre a formaçãopara adultos e para ascrianças.Em suma, as expectativas e

dificuldades não poderiam sermais diferentes. Para atender atodos os requisitos, criou-seACDS.

O que é ACDS?O ACDS é, sem sombra de

dúvida, um dos sistemas maiscompletos e que irão satisfazeras exigências de váriosgrupos-alvo. A ideia foi deliberadamente

não reinventar a roda. O ACDSé uma mistura de diferentes

Artes Marciais, que evoluem apartir da experiência prática doseu fundador.São treinadas técnicas de

defesa e projecção, socos epontapés, bem como técnicasde imobilização.O treino para os adultos a

partir do cinto azul, tambémcontém técnicas de desarmedos agressores e amanipulação de diversasarmas de defesa (spraypimenta, bastão, Kubotan),condução defensiva, anti carjacking, treino em low light, tirotáctico, primeiros socorros,legislação, metodologia deensino a crianças, de entreoutros.Característica impar é a de,

para o combate competitivo,todas as técnicas seremconhecidas por sistema denumeração de não dedesignação tradicional. Porexemplo, para o ACDS atécnica equivalente ao jab oucross, é o 6, para o pontapéfrontal é o 40. Este sistemapermite uma muito maisrápida interacção entre otreinador e o atleta enquantocombate.Em adição ao treino, a

formação avançada incluiainda busca de armas edrogas bem comoimobilizações e algemagem. Além disso, há treinos

especiais para todos aquelesque pretendem competir noringue. O ACDS é um sistema

moderno e este continuará asê-lo, pelo que, novasevidências de um pontodesportivo e médico serãoconstantemente introduzidaneste sistema.A organização de escolas

criada por Amaro Bento aAmbo Training Martial ArtsInternational conta agora nomomento, com escolas naSuíça, Portugal e Itália, embreve, em França e outrosPaíses.

Venha treinar connosco efazer formação. Temos umaequipa de profissionais

www.ambogalaxy.com

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Compreendo que este assunto écontroverso…, alguns poderão ficarconfundidos, outros poderão ficarzangados, mas isso não me deve deimpedir falar nisso. Grande parte daminha carreira e principalmente da

série com Budo International,girava em volta dos pontos

de Kyusho, mas o termo éincorrecto e o novocaminho vai ajudar acompreender melhor overdadeiro Kyusho.

Não há pontos de pressão...

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“Aqueles de vocês,Artistas Marciais,

que nãoaprenderam ounão acreditaramnos pontos de

pressão, tinhamrazão (em parte)”

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emos de ver o Kyushu desde uma novaperspectiva e com bom senso..., mas emprimeiro lugar, vou fazer uma pequena descargade responsabilidade. Sou um adito ao Kyusho,vivo o Kyusho todos os dias de 8 a 10 horas... etenho estado trabalhando profissionalmente

durante décadas, a tempo completo. Tenho estado e estouem contacto com todos os nomes que se escutam, detodas as organizações e muitos mais que não são tão

falados... Escrevi 7 livros, fiz a produção de mais de 30vídeos e viajei voando mais de 2,5 milhões de milhas portodo o mundo, ajudando pessoas a aprenderem estainformação realista. Actualmente temos mais de 689escolas afiliadas em mais de 35 países, com mais de10.000 membros. Tenho estado metido em muitos estudos médicos, estudos

das ondas cerebrais e vários outros aspectos científicos, paradescobrir o que faz e o que não faz o Kyusho. Sou diplomado

em Tui Na (versão chinesa do Shiatsu) e na prática do ChiGung e a sua terapia... Tenho trabalhado profissionalmentenesta área o que venho fazendo desde 1995 (por issotambém conheço o TCM). Tenho ensinado os pontos depressão durante décadas em vários paradigmas, desdeelementar e triplo aquecedor, até dermatológico e fisiológico,experimentando todos e procurando ir mais além. Quer dizer,sempre tenho estado por perto..., sempre questionando edesafiando o dogma aceite.

Dito isto, eu já não acredito que o Kyusho sejam ospontos de pressão e vou mais longe…, já não acredito quehaja pontos de pressão!…Sim, amigo leitor… Estou tão surpreso quanto o possa

estar o leitor…, mas cheguei a esta conclusão e já nãoposse negar os factos achados. Em primeiro lugar vamos retroceder no tempo, vamos à

época em que se transmitiu a ciência de geração emgeração e discretamente.

T

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Nenhum dos antigos gráficos, desenhos, manuscritos,textos, instruções (de um praticante de maior idade, nem dageração jovem), mostraram ou representaram um pontovital: chamam-no “um ponto de pressão”. Há áreas vitaisassinaladas, onde se pode ter acesso às estruturasanatómicas mais profundas que se queiram ou possammagoar, ou usar para pôr fim à vida, em caso de ataquecom uma arma ou armas da mão ou do pé. Alguns nomesde exemplo destas áreas objectivo são:Escola Seigo-Ryu, que se traduz por "a esquerda por

cima do ombro" ou "Por cima do osso" (lo que quer dizerque se ataca por cima desse osso em especial) einclusivamente um objectivo denominado "Ugh"... que seriauma tradução para a zona da garganta. Escola Takenouchi Ryu que se traduz "Porta de Debaixo",

"Costela Esquerda" e "Noite Escura" (no olho).Há algumas traduções do Judo, como "Três Línguas",

onde se descreve a colunavertebral como os trêsprocessos que se estendemdesde cada vértebra comouma língua. "Dokko" (também

chamado HohanSoken, que setraduz por“ p e q u e n oespaço” atrásda orelha) e

"Sino pendurado" (pelos testículos) mas que não é umponto nos testículos.A lista continua com zonas e descrições, mas não com

pontos específicos ou pequenos como se pensa nosnossos dias. Alguns tinham mais objectivos, outrosmenos..., mas não são o mesmo que os pontos deAcupunctura e nem todos estão nos mesmos lugares! Ospontos de Acupunctura se limitariam pela exactidãoconforme a escola, devido à sua quantidade, situação,objectivos equiláteros à direita e esquerda, nomesatribuídos e outros aspectos amplamente divulgados. Outra ideia útil para assimilar o processo é a capacidade

de bater numa zona maior que um ponto determinado econtinuar obtendo os mesmos resultados. Vejamos por

exemplo os pontos designados como P-6 e P-7, que são dois pontos (supostamente)pequenos, como do "tamanho de uma moedade um dólar ou de uma moeda de euro ou

seja, de um centímetro. No entanto,praticamente no uso desta zona há

10 centímetros que podemser afectados (ou 4

vezes a zona) quepodemos usar...,não hádesignaçõesp o n t u a i sc o m oP6.1; P-

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6.2; P-6.3; antes de chegar ao P-7. Éuma zona a que estamos atacando(com estrutura anatómica subjacente -uma secção do nervo neste caso), emlugar de um ponto finito. De maneiraque, se ainda podemos causar omesmo efeito perdendo o pontoexacto por dois ou três centímetros,então se demonstra que a descriçãodo ponto é válida.Seguidamente podemos observar

em profundidade, quando um ponto sesobrepõe ao tecido vascular, a queprofundidade se pode espetar aagulha da Acupunctura sem magoar otecido? Mas entretanto, a missão doKyusho é destruir o tecido, o ponto é...só alguma coisa por debaixo dotecido..., mas de novo, não só se tratadesse ponto. Supostamente, alguns dos

objectivos do Kyusho estão pordebaixo do ponto designado pelospontos de Acupunctura, mas aindaque a medicina tradicional chinesamantenha que há até 2.000 pontos deAcupunctura no corpo humano... (quecertamente vão estar por cima dosobjectivos do Kyusho) isso não faz queos pontos de Acupunctura sejamobjectivos válidos.Também há muita gente que diz que

os pontos estão ligados entre si poruma designação não tangível chamadameridiano… e assim sendo, se atacauma linha imaginária, não física, eportanto iria afectar alguma coisa quenão é um ponto específico… E dandoum passo mais além, se estamosatacando uma coisa não-física, nãopode então ser um ponto físico.

O Mito do Plexo branquial Vejamos outro exemplo. Durante

décadas, as Artes Marciais e osorganismos encarregados de fazercumprir a lei, têm que usar o termo"plexo branquial" para descrever ouqualificar um ataque em um dos ladosdo pescoço. Se utiliza para atordoarum oponente ou um agressor, paraaplicar mais facilmente um maiorcontrolo ou evitar a escalada de força.Muitos praticantes de Kyusho usamesta zona denominada LI-18 (IntestinoGrosso 18). Em primeiro lugar, vejam três zonas

na gráfica: uma é o ponto de pressãochamado LI-18 (no círculo emamarelo)..., bastante difícil de localizarcom precisão no combate. No entanto,como vemos, a grande ramificação donervo auricular maior (círculovermelho)... é significativamente maiore a totalidade da zona ver-se-áafectada da mesma maneira que ochamado LI-18. Então, por que setrabalha com apenas uma zona dotamanho de uma moeda pequena,quando realmente a zona é muito

maior e não é um ponto mas sim umasecção do pescoço e a zona que vaimuito além é afectada da mesmamaneira?... Temos de conhecer melhora anatomia, para compreendermos overdadeiro Kyusho. As agencias para a Aplicação da Lei

são instruídas em outras maneiras deusar isto, mas não se trata só do plexobranquial, como tantos descrevem...Há muitos factores que devem serexplicados e muitas ideias erróneassobre estas zonas de ataque, quedevem ser esclarecidas e também otermo "atordoamento branquial" e oque a cada um deve de preocuparacerca deste método de ataque.Gostaríamos de oferecer um métodomais seguro, assim como acompreensão anatómica correcta…Em pr imei ro lugar e ac ima de

tudo, o plexo branquial é uma zonamui to profunda no corpo epraticamente inacessível com a mãonua... Batendo no pescoço tambémtem muitos músculos na sua frente...É possível chegar desde o espaçoatrás da clavícula, mas não sem umaarma de mão altamente capacitadaou uma autênt ica arma. A armaautênt ica também fará que is todeixe de ser um objectivo legal paraser completamente ilegal para asforças de ordem e para nóspróprios. Há outros objectivos deacesso mais fáceis e também maisseguros.

De maneira que observamos azona em questão e nos fazemosalgumas perguntas:1. O que estamos atacando?2. Como o alcançamos?3. Quais são as consequências para

a saúde?4. Qual é o melhor momento para

usá-lo?5. Como podemos usá-lo de

maneira segura?

Vemos que o plexo branquial édemasiadamente profundo e não é overdadeiro objectivo, que também temsido mal chamado o tempo todo...,pelo que se não deve utilizar estanomenclatura. Só se aprende mais ecom detalhe quando deixamos paratrás etiquetas inapropriadas euti l izamos nomes e estruturascorrectas. E uma vez que começamosa perceber e a uti l izar as sitasestruturas, também vamos ver quepodem não ser as melhores respostas(especialmente para as agências desegurança, neste caso), posto que nospermitirá também perceber o potencialdano associado a elas.

Bater directamente num lado dopescoço pode magoar as vértebrascervicais e provocar problemasgraves:1. Podem magoar-se as vértebras

(de maneira permanente).

2. Pode provocar a suspensãotransitória da respiração.3. Causa lesões de paraplexia ou

tetraplexia.4. Pode causar a compressão do

seio da carótida. 5. Pode causar a perda da

circulação sanguínea ao cérebro. 6. Possível início de derrame

cerebral. 7. Diminuição da pressão arterial.

O melhor destino é o nervo maissuperficial, chamado nervo auricularmaior, mas com um enfoque,ferramenta e trajectória diferente. Asmelhores ferramentas são um pequenonó ósseo no calcanhar da palma damão... Também o chamado “ossoferro” ou Bushiken. O antebraçopoderia fazer o mesmo, mas vainecessitar mais força e como a arma éuma estrutura maior e seránormalmente para atacar umasuperfície maior, não transferirá aenergia cinética ao nervo, à colunavertebral e ao cérebro, como sedescreve no vídeo.A trajectória é a parte crucial... Não

é simplesmente uma questão deângulo e direcção, também éimportante a profundidade e a correctapenetração em um sentido cinético. Senos dirigimos directamente à zonamais assinalada, teremos os ditosriscos para a saúde. Se pelo contrárioaplicamos a trajectória e a força parabaixo, provocaremos menos mal, vistoestarmos trabalhando numa dasestruturas de apoio mais fortes docorpo. No entanto, os nervos tambémtransmitirão o sinal neurológico maiseficiente para afectar mais ainda, commuita menos força ou um menor factorde potência.O propósito principal deste artigo é

que esperamos abrir a mente e opotencial dos leitores, e percebam quenão há "pontos de pressão" no estudodo Kyusho. São estruturas anatómicas(estruturas físicas reais, não pontosnem linhas imaginárias ou supostas) epodem ser atacadas para alterar afunção fisiológica, causando mais oumenos mal, ou que com o aumento daforça, se causarão mais mal e maismau funcionamento fisiológico. Assim então, aqueles de vocês,

Art istas Marciais, que nãoaprenderam ou não acreditaram nospontos de pressão, tinham razão (emparte). O Kyusho não trata nemtratava dos pontos de pressão paraas antigas escolas, trata sobre zonasou áreas, pelas quais se pode chegarmais faci lmente a uma estruturaanatómica realista, que aumentarádramaticamente o efeito potencialsobre um oponente e que é muitomais fácil de alcançar na aplicaçãoem um combate real, posto que oKyusho é REAL.

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REF.: • KMRED 1REF.: • KMRED 1Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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Panantukan Concept – A Arte de luta sem limites do SAMI

Ensinar bem – Perceber a complexidade

“O corpo é uma arma”, este é o princípio básico do Panantukan. Isto pode parecersimples: não se concentrem nas armas que realmente podem ver, simplesmenteusem as vossas armas corporais, mesmo que isto não seja tão fácil como parece. Háinúmeras maneiras de usar os braços, as pernas, a cabeça, o corpo. O Panantukanusa todas e ensina todas.

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á 13 movimentos possíveis para manipularo braço direito do oponente e outras 13para manipular o braço esquerdo, e paraprat icar, um número incontável decombinações de jogos de pés, pontapés,socos e agarres. Um estudante a quem se

ensine um só movimento de cada vez, provavelmenteprecisaria de décadas para desenvolver um repertóriosubstancial de técnicas. Por esta razão, ensinaraplicações não é o único caminho para ensinar oPanantukan Concept. As aplicações, o treino de punhose o combate são só partes de um todo, como são osoutros exercícios. Os exercícios em cadeia e sequênciasde movimentos, também são muito importantes. Formamuma base sólida para o estudante aprender, desenvolver-se e praticar.

Ensino das basesComecemos pelo princípio. O jogo de pés é primeiro.

É o jogo de pés que sustenta todo o sistema. Umdesajeitado jogo de pés arruinará duas terceiras partesdas técnicas. Também se não pode ignorar que sendodesajeitados, os movimentos nunca serão fluidos nemdinâmicos. Portanto, é c laro que pr imei ro os

estudantes devem aprender e compreender ascorrectas posições e os jogos de pés correctos. Emtodos os seminários de SAMI Internacional, assimcomo nas aulas habituais, se ensina também como umexercício para os indivíduos se moverem, medianteordens simples ou exercícios especiais para o jogo depés, os quais contêm muitas combinações possíveispara o jogo de pés, ou em combinação com punhos eaplicações simples. Obviamente, a dificuldade das aplicações será maior

nos níveis mais avançados. Como norma, os níveis sebaseiam uns nos outros, portanto, um praticante, digamosde nível 4, deve ter dominados os níveis 1, 2 e 3, pelo quefaz muito sentido incluir também exercícios básicos nosníveis superiores.

Prática de técnicas e exercíciosOs exercícios são sequências de movimentos que se

podem repetir sucessivas vezes. As aplicações singularessão substituídas por sequências de movimentos quepermitem aos estudantes realizar muitas mais repetiçõesem cada aula, muitas mais das que poderiam fazer sepraticassem só os movimentos por separado. Nósdistinguimos os seguintes tipos de exercícios:

H

“Os exercícios são sequências de movimentosque se podem repetir uma e outra vez.

As aplicações singulares se substituem porsequências de movimentos que permitem aosestudantes realizar muitas mais repetições em

cada lição, muitas mais das que poderiamfazer se praticassem só os movimentos

por separado”

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• Exercícios de mudança: ambos parceiros trabalham,usando sequências de movimentos idênticas ou diferentes.• Exercícios de alimentação: o parceiro A trabalha, o

sócio B "alimenta" o sócio A que se move. Suponhamosque alguém quer praticar movimentos de defesa. É tarefada outra pessoa é “alimentar” o praticante realizando umasérie de ataques, podendo assim o praticante praticar adefesa. Os papeis podem mudar.• Cadeias: as cadeias são sequências de técnicas que se

praticam com o parceiro, o que permite serem utilizadascomo um "objecto de treino" para, por exemplo, cadeiasde agarres.Quando os estudantes já dominaram os exercícios,

determinados movimentos podem ser extraídos e usadosnuma aplicação. Por exemplo: um agarre, que era parte deuma cadeia de agarres, se complementará com um ataquepor parte do sócio (jab, haymaker) e finaliza com umderribamento. Jab / haymaker => Bloqueio + agarre +derribamento. Praticar exercícios proporciona aos estudantes um

grande número de técnicas. O bloqueio do nosso exemplopode ser facilmente substituído por outro tipo de bloqueio,no entanto, o estudante não tem que aprender novastécnicas. Os estudantes são capazes de aplicar 12 agarres de uma

cadeia de agarres em 12 exercícios diferentes. Claro estáque os exercícios e as aplicações irão fazendo-se maislongos e difíceis nos níveis mais altos. O exercício “broca”de nível 1, pode ter só 6 movimentos, mas o exercício denível 4 pode ter 24 movimentos.

De grosso a fino Os exercícios são uma boa maneira de apoiar os

estudantes na sua formação. Os exercícios se repetemcom frequência para permitir-lhes consolidar seusconhecimentos. Uma vez que compreenderam assequências de movimentos, faz sentido pôr mais atençãonos detalhes e com o tempo aperfeiçoá-los. Quando osestudantes primeiro aprendem e praticam uma sequência,podem carecer de precisão na posição, na dinâmica, nosagarres e chaves correctas. Estas faltas de exactidãodevem ser trabalhadas passo por passo, para fazer oexercício realmente eficaz e para permitir que osestudantes apliquem técnicas com limpeza. Fazersimplesmente os movimentos em ordem correcto, não é oobjectivo do exercício. Por outro lado, não faz muitosentido explicar cada coisa em detalhe. Quase ninguém vaiser capaz de seguir a explicação e a frustração é inevitável.

Princípios e conceitos Os Sistemas de Combate Táctico SAMI se baseiam em

princípios e conceitos que se podem encontrar em todasas técnicas e aplicações. Os alunos irão aprender cada vezmais princípios. Quanto mais avançados estiverem, maiscapazes devem de ser de aplicar independentemente osprincípios e conceitos do sistema. Isto leva-osgradualmente a uma compreensão global do sistema. Nonível dos instrutores não se pode fazer isto sem tratar comos princípios do sistema desde o início. As lições que, porexemplo, são ministradas pelos instrutores em semináriosintensivos, incluirão o panorama geral do sistema desde oprimeiro momento.

O ensino por níveis Os nossos treinos se realizam em vários níveis, para

podermos oferecer aos nossos estudantes as lições quetanto desejam. Cada estudante tem ocasião de praticar

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com parceiros de diferente nível edesenvolver as suas técnicas ehabil idades. Imaginem um grupoonde os praticantes de todos osníveis treinam juntos. Em algunsmomentos podem estar tensos,outros podem sentir-se aborrecidos,mas há excepções, como a prática docombate, a prática do jogo de pés ouas aplicações gerais, que sãoimportantes para todos ospraticantes, independentemente doseu nível. Os estudantes avançadospodem elevar os níveis de intensidadee a dinâmica e promover melhoresefeitos de formação para todos.

Ser um Instrutor!Despertamos a sua curiosidade?

Querem ensinar PanantukanConcept? Pois bem, regularmente,nós oferecemos formação intensiva ainstrutores. Os instrutoresinternacionais SAMI obtêm muitosconhecimentos e as habil idadesnecessárias, para poderemapresentar-se como instrutoresqualificados. Os Graus de instrutorestambém se dividem em vários níveis,desde Chefe de Grupo a MestreInstrutor. Os cursos de Instrutores serealizam em vários dias e abrangemtanto o desenvolvimento de

habilidades individuais dentro dosistema, como as habilidades dosinstrutores. A duração dos cursospode variar, dependendo dadedicação, as habil idades e osprévios conhecimentos de cadapessoa.

Para obter mais informação, visitar www.panantukan-concept.com

Fotos de Thomas SuchanekEscrito por Irene Zavarsky, Irmi

Hanzal, Peter Weckauf, ThomasSchimmerl

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Kihon waza (técnicas básicas) es la parte másimportante del entrenamiento de cualquier Arte

Marcial. En este DVD el Maestro SueyoshiAkeshi nos muestra diversas formas

de entrenamiento de Kihon conBokken, Katana y mano vacía.

En este trabajo, se explica enmayor detalle cada técnica,para que el practicantetenga una idea más clarade cada movimiento y delmodo en que el cuerpodebe corresponder altrabajo de cada Kihon.Todas las técnicas tienencomo base común laausencia de Kime (fuerza)

para que el cuerpo puedadesarrollarse de acuerdo a la

técnica de Battojutsu, y sibien puede parecer extraño a

primera vista, todo el cuerpodebe estar relajado para conseguir

una capacidad de respuesta rápida yprecisa. Todas las técnicas básicas se realizan

a velocidad real y son posteriormente explicadaspara que el practicante pueda alcanzar un niveladecuado. La ausencia de peso en los pies, larelajación del cuerpo, el dejar caer el centro degravedad, son detalles muy importantes que elMaestro recalca con el fin de lograr un buen niveltécnico, y una relación directa entre la técnica basey la aplicación real.

REF.: • IAIDO7 REF.: • IAIDO7

Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

Cinturón NegroAndrés Mellado, 42 28015 - MadridTelf.: 91 549 98 37e-mail: [email protected]

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A Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei (ZNTIR) o organismoque pretende manter viva esta tradição e as formas originais,mediante um sistema que integra corpo, mente e espírito deuma maneira realista e eficaz.

Este DVD foi criado pela insistência de praticantesda Filial espanhola da Zen Nihon Toyama-Ryu

Iaido Renmei (ZNTIR - Spain Branch), paradar a conhecer a todos os interessados

um estilo de combate com una espadareal, criado no passado Século XX,

mas com raízes nas antigastécnicas guerreiras do Japãofeudal. Nele encontrarão aestrutura básica da metodologiaque se aplica no estilo, desdeos exercícios codificados deaquecimento e preparação,passando pelos exercícios decorte, as guardas, os kata daescola, o trabalho comparceiro e a iniciação, até apedra angular em que sebaseia o Toyama-Ryu, o

Tameshigiri ou exercícios decorte sobre um alvo realista. Esperamos que o conhecimento

da existência de um estilo como é oToyama-Ryu Batto-Jutsu, seja um

incentivo para conhecer uma formatradicional, que por sua vez é muito

diferente das actuais disciplinas decombate, o que poderá ser atraente para

aqueles que desejam ir más longe nas suas práticasmarciais.

Para os interessados na espada japonesa e os iniciados, esteDVD será de utilidade como apoio para na sua aprendizagem ecomo consulta.

REF.: • TOYAMA1REF.: • TOYAMA1

Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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Andreas Hoffmann: Mestre, tens 67anos de experiência em Jiu JitsuBrasileiro. Podes contar-nos algumashistórias dos teus primeiros anoscom a família Gracie? ¿Podes falar-nos do teu primeiro combate?Flávio Behring: Um dia fui à

academia e João Alberto Barreto estavaà minha espera. Ele me disse quetínhamos de combater. Achei estranhoque ninguém excepto eu, vestissequimono... Perguntei: “Quantosestudantes vão combater?”

“Só tu, só tu vais combater”- foi aresposta

Perguntei: “Que tipo de combate?” - João Alberto Barreto replicou:

“Simplesmente combater".

“Quem é o oponente?” “É um Faixa Preta de Judo”. Eu tinha 14 anos e para mim era

muito difícil subir ao ringue. Estavaassustado e queria voltar para casa,mas João Alberto Barreto insistiu nocombate e aí estava eu no ringue.Carlos Gracie, o idoso, era o árbitro. OFaixa Preta se aproximou de mim e mederribou uma vez, depois outra, três,quatro, cinco vezes me derribou,porque cada vez que eu me levantavame voltava a derribar e finalmente, meimobilizou. Me lembro de um detalhedaquele treino, quando eu o tinha emum estrangulamento e ele desmaiou.Fui para a minha esquina e já mequeria ir embora, mas Carlos Gracie

disse: “Não, não vais embora, luta outravez”. E dois minutos depois, o judocaestava preparado para lutar. Fizemos omesmo, um, dois, três derribamentos,depois a imobilização Kesa Katame,então fiz-lhe o mesmo estrangulamentoe ele perdeu os sentidos. Carlos Gracieme disse que estava a dormir... Depois,Carlos levantou a minha mão e disse:“Isto é Gracie Jiu Jitsu”. Assim eram ascoisas naqueles tempos...

A.H.: Surpreendente! Então tuformas parte do desafio Gracie!... Éverdade que estavam preparadospara lutar em qualquer momento?F.B.: Sim e há uma outra história... Car lson Gracie e João Alberto

Entrevista: com Flavio Behring, por Andreas Hoffmann, Christoph FußFotos: Gabriela Hoffmann

Está comigo aqui, na academia de Bamberg,Alemanha, o Grão Mestre Faixa Vermelha de Jiu JitsuBrasileiro, Flávio Behring e é para mim uma honrapoder entrevistar esta lenda. Em 1947, com dez anos de idade, o Grão Mestre

Flávio começou a receber lições particulares com HélioGracie, no Rio de Janeiro, procurando uma actividadepara melhorar a saúde e para superar a sua asma.Alguns anos depois, Hélio Gracie recomendou a JoãoAlberto Barreto que Flávio Behring o ajudasse aensinar na Academia Gracie, no Rio Branco. Nestaacademia compartilhou tatame com Carlson Gracie,Helígio Vigo, Waldemar Santana e muitos outros.

Grão Mestre Flávio Behring “Os meus primeiros anos com a família Gracie”

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Barreto dormiram uma vez na academia. De repentetocou ou telefone, às duas horas da manhã... Era oirmão de João Alberto, que pedia a ele que lutassecontra um estrangeiro corpulento chamado “Messik".Messik dizia que era capaz de derrotar qualquerum... Nos telefonaram ao Hélio Gracie e a mim paranos juntarmos a ele e juntos nos dirigimos para olugar onde João Alberto Barreto submeteu o rapaz.Então alguém nos disparou um tiro e feriu o JoãoAlberto Barreto. Assim funcionavam as coisasnaquela época!

A.H.: Poderias falar-nos do teu primeiro combatede Vale-Tudo?F.B.: Uma vez, durante um treino, o Hélio Gracie me

disse: “Tira o quimono e vem comigo”. Fui com ele atéum Dojo onde tive de lutar contra um praticante deCapoeira. Perguntei ao meu Mestre o que estávamos afazer ali e ele respondeu: “Este homem me desafiou eagora tu deves de me representar”.

Eu tinha 16 anos e estava muito assustado, tãoassustado que submeti aquele garoto em dezsegundos. Saltei encima dele, mas Hélio me deitoupara trás e disse: “Pára, pára! Isto não é bom, vieste

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para lutar e isto foi rápido demais”. Então tive de lutar outra vez,mas desta segunda vez foi fácil, porque o garoto já estavaemocionalmente quebrado.

A.H.: Então, o Hélio Gracie acreditava em ti?F.B.: Durante toda a minha vida com Carlos Gracie e Hélio

Gracie, eles sempre tiveram confiança em seus estudantes,muita confiança... Realmente acreditavam em nós. Era normaldizer-nos: “Ok, temos um adversário para ti. Agora, vai lutar!"Posso dizer que vencemos um 99 por cento dos combates.

A.H.: O próprio Hélio Gracie vivia dessa maneira, estandopreparado em todo momento, em qualquer lugar?F.B.: Oh sim! O Hélio sempre mostrava viver dessa maneira.

Por exemplo, uma vez lutou contra um dos seus estudantes, oWaldemar Santana. Waldemar tinha 26 anos, era forte, pesavauns 82kg. Eu acostumava a treinar com ele e tinha um pescoçorealmente forte. Um dia, um jornalista disse ao Waldemar quedeixasse a academia e lutasse por sua conta, para se tornarfamoso. O jornalista foi pedir ao Waldemar que desafiasse oHélio. A Polícia não autorizava esse tipo de combate, por isso foicombinado e adiado muitas vezes. Um dia, quando Hélio Gracieestava na sua fazenda, longe do Rio, seu irmão Carlos lhetelefonou e disse que o combate com o Waldemar podia serealizar dali a duas horas. Quando o Hélio Gracie chegou no seucarro, já tudo estava preparado para o combate, que durou umpouco mais de três horas e 45 minutos.

Eu estava lá e para mim foi muito emocionante… Desde oinício, o combate foi muito emocionante. Em um dadomomento, o Waldemar se meteu em sua guarda e ficou dentro.O Hélio Gracie, com seus 46 anos e com 64 quilos, contraalguém muito mais jovem – seu próprio estudante – que pesava

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vinte quilos mais! Mas Hélio Graciepermaneceu firme e aceitou o desafio.Não vi nem escutei o que sucedeu, masalguém que lá estava me contou... OHélio tratou de levantar-se, masWaldemar estava por cima dele eperguntou ao árbitro o que podia fazer.O árbitro disse que podia pontapear eentão o Waldemar deu um pontapé nacara do Hélio Gracie, seu Mestre, enocauteou ele. Podem imaginar? Nãopodíamos nem acreditar, simplesmenteera incrível e toda a gente se meteu noringue. A polícia tentava ter tudocontrolado, mas imaginem como era emocionante asituação por ambas partes. Em um dado momento oCarlson Gracie gritou: “Waldemar, eu vou--te apanhar…Se prepare!” e algum tempo depois, isso aconteceria...,Waldemar era vencido pelo Gracie...

A.H.: Posso imaginar as intensas emoçõesprovocavam em todos os implicados os combatesLivres e os combates de Vale-Tudo naquela época!F.B.: Vou te dar um exemplo com um dos melhores

lutadores da família Gracie, João Alberto Barreto.Participou em 52 combates de Vale-Tudo, que serealizavam toda segunda-feira de cada semana e venceuem todos. Durante a semana, ele nos ensinava Jiu Jitsu,nos fins de semana descansava, na 2ªfeira, durante o diaensinava na Academia Gracie e à noite, participava no

combate de Vale-Tudo. Com o seu exemplo, eu aprendique o nosso treino de defesa pessoal era um treino realista,que preparava para combater e vencer. Treinávamos muitocom pugilistas e praticantes de Luta Livre. Mas nós nãopraticávamos isso, era só para nos divertirmos... Nósestávamos claramente dedicados ao Jiu Jitsu.

A.H.: Mas há ética no Vale-Tudo? F.B.: Nos dias de hoje é diferente, as regras são

diferentes. A ética das regras básicas habitualmente eraque batias em alguém era para nocautear, não para ferir.Mas hoje vemos em MMA muitos competidores quelançam golpes só com a intenção de magoar.

A.H.: Obrigado, Mestre, por esta primeira parte daentrevista. É fantástico obtermos informação de

Junto com o Grão Mestre FlávioBehring e o Grão Mestre João

Alberto Barreto, uma das figurasmais importantes na comunidadedo BJJ e árbitro da primeira luta

UFC. Na entrevista, Flávio Behringfala dele.

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primeira mão do início do Gracie Jiu Jitsu Brasileiro. Eobrigado por me apoiar para construir e estabelecer ométodo Behring de Brazilian Jiu Jitsu, aqui na Alemanha. Dedez anos a esta parte, visitas a minha academia duas vezespor ano e sinto orgulho de ser um Faixa Preta contigo.

Toda pessoa que se quiser juntar à nossa equipa paraaprender a ensinar, é bem-vindo.

Contacte comigo directamente em: www.weng-chun.com.

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POLÍCIA E ARTES MARCIAISRealmente é difícil saber quanto "ego" existe na

comunidade das Artes Marciais. Com a possível excepçãodos atletas profissionais, as estrelas de cinema e outros

artistas e os políticos, os Artistas Marciais ocupam um lugarmuito alto na escala de percepção da sua própriaimportância. Por isso, raramente se poderiaconvencer a um instrutor de Artes Marciais(principalmente a um "Mestre" ou a um "Grão

Mestre"!) de que não está qualif icado oucapacitado para ensinar tácticas defensivas

policiais. De facto, se na próxima reuniãode instrutores proeminentes, como o

banquete do “Hall of Fame”, alguémchegasse a dizer uma coisa

assim, rapidamente se meteriaem um confronto

desagradável. A maioria,

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cegos por seu ego, não podem ver nemaceitar a verdade. Alguns, muito no fundo,sabem a verdade, mas, para proteger seuego, nunca admitirão tal coisa. Durantemuito tempo, este triste estado de coisasestá afectando negativamente uma relaçãojá complicada, entre os instrutores deArtes Marciais e da Polícia. Portanto,deixemos o ego, os delírios e a cobiça delado e examinemos honestamente odebate, com gente que está ao lado dasArtes Marciais.

1. "As Artes Marciais foram criadas parao combate físico: no campo de batalha,em casa, na rua, numa montanha ou napraia... Não é assim?"

A MINHA RESPOSTA: Há uma grandediferença! De certeza que eu não levariameus filhos à escola em um Ferrari deFórmula 1 e de certeza, você não iria caçarcoelhos com um RPG. Então, porquepensa que todas as estratégias e técnicasde luta são "correctas" para o trabalho daPolícia? No vasto arsenal de técnicas deArtes Marciais, sem dúvida há algumasque são adequadas para o trabalho daPolícia, mas a maioria delas o não são. Averdadeira competência nesta matériareside em conhecer a diferença: quais astécnicas de Artes Marciais que sãopráticas, eficazes e juridicamenteadequadas para o trabalho policial e quaispodem ser modificadas para satisfazersuas necessidades específicas.

Os verdadeiros especialistas sabem quetodos os combates o não são: a noite ou odia, a areia ou a neve, no interior ou noexterior, fardados ou em fato de banho…Os oficiais não só conhecem asdiferenças... como também as sentem acada dia.

2. Sou Cinturão Negro, especialista e uminstrutor diplomado. Estou perfeitamentecapacitado para ensinar aos oficiais de

polícia a se defenderem e derrotar osmaus".

A MINHA RESPOSTA: Sou CinturãoNegro de quê? A obtenção de um CinturãoNegro não proporciona automaticamente aninguém poderes mágicos, nemconhecimento ilimitado. É simplesmenteuma maneira de registar o nível deprogresso de um estudante. Quando umorganismo encarregado de fazer cumprir alei é abordado por um instrutor de ArtesMarciais que se oferece para treinar osseus oficiais, é de esperar que umfuncionário inteligente lhe faça váriasperguntas, tais como: Cinturão Negro emque Arte? Qual o estilo? Quantos anostem? Quanto tempo tem estado treinando?Quanto tempo tem estado ensinando?Alguma vez trabalhou como agente da lei?Onde? Quanto tempo? Tem referências,testemunhos e recomendações de outrasagências de polícia às quais tenhatreinado? Porquê pensa que a sua Arte ouestilo seja adequado para o trabalhopolicial? Talvez 30 anos atrás, qualquercinto preto em "Karate" poderia conseguiro lugar e muitos, infelizmente,conseguiram. Mas esses dias passaram.Os oficiais da polícia estão mais instruídose informados; conhecem a diferença entreTae Kwon Do e Krav Maga, ou entreKickboxing e Hapkido. Ter uma faixa pretaou ser um Instrutor, já não é suficiente. Énecessário ensinar o estilo "correcto" e teros conhecimentos "correctos" e aexperiência para ser aceite e respeitadopela comunidade policial.

3. "Eu sou (ou fui) um campeão queganhou muitos combates e certamenteposso ensinar aos oficiais a vencer narua".

A MINHA RESPOSTA: Fala a sério?Equiparar o desporto com o trabalhopolicial seria como comparar uma bicicleta

Combat Hapkido

FBI

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com uma moto Ducati! As competiçõesdesportivas (inclusivamente as lutas deMMA mais duras) têm regras, árbitros,limite de tempo, categorias de peso e aúltima vez constatei que nunca serealizam na rua, na escuridão e comtodo tipo de armas. Inclusivamente se oinstrutor é (ou era) um verdadeirocampeão de Artes Marciais, usar issocomo referência e como uma"qualificação" competente para instruiros agentes da polícia, é ridículo, poucoprofissional e logo se traduzirá para oinstrutor em perda de respeito ecredibilidade, a olhos dos funcionáriosda polícia.

4. "O treino de artes marciais ajuda ater disciplina, confiança em si mesmo,uma boa condição física, auto-controlo

e outros benefícios muito importantes,que são relevantes e desejáveis notrabalho policial".

A MINHA RESPOSTA: Certamente! Edesejo que cada oficial de polícia nomundo escolha o treino de Artes Marciaiscomo sua actividade favorita. Sem dúvidaser-lhes-á de ajuda, como é para todosos outros que treinam em artes marciais.Mas isso sim, não confundir esse treinocom o treino em tácticas defensivasespecializadas, especificamentepensadas para o trabalho policial. Se bemse poderia argumentar que "qualquertreino em qualquer estilo é melhor quenenhuma formação em absoluto",poderia replicar que o treino em certasArtes e ou Estilos, para os agentes dapolícia é realmente, pior que nada, posto

que adquirirão posições, movimentos,técnicas e atitudes que são inúteis einclusivamente perigosos quandorealizam o seu trabalho, ainda que emgeral, todos sabem que reagir pouco oureagir demais provocará consequênciasgraves e possivelmente mortais para ospolícias. Por isto, a sua formação nãopode limitar-se a fazer "Artes Marciais",ele deve de fazer "tácticas defensivas",especialmente indicadas para o seu tipode trabalho.

5. "A falta de formação adequada e afalta de habilidades tácticas defensivasprovocarão mais lesões para os oficiaise para os indivíduos aos que seenfrentam. Isso se traduz em umaumento dos despesas médicas e caroslitígios legais".

Costa Rica equipa Swat

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A MINHA RESPOSTA:Completamente certo! Os custosmédicos das lesões padecidas pelosoficiais (e até pelos maus)!, as defesaslegais (e o estabelecimento de pactoslegais), o tempo perdido, a imprensanegativa, constituem uma má imagempública dos corpos e sãoconsequências tangíveis e directas deque os funcionários carecem daformação necessária em tácticasdefensivas com mãos nuas. Éimportante neste ponto, falar numaestadística muito importante, quetrágica e inequivocamente mostra a faltade formação em tácticas defensivas (e anecessidade dela!): 60% dos oficiaisassassinados com uma arma de fogo,receberam o disparo da sua própriaarma! As habilidades, o conhecimento,competência e a confiança em sipróprio, melhoram drasticamente aprofissionalidade e a segurança nosoficiais e multiplica por muito o valor domodesto custo do investimento.

6. "A falta de habilidades em tácticasdefensivas com mãos nuas dos oficiais,conduzirão inevitavelmente a um usomais desnecessário e injustificado dearmas de fogo e outras armas".

A MINHA RESPOSTA: Por certo efrequentemente com consequênciastrágicas! Em um confronto perigoso,aterrador, cheio de adrenalina, ofuncionário voltará à sua formação e secarecer da formação numa área,procurará outros meios para fazer frenteà situação. A falta de habilidades vaiinvariavelmente acompanhada pela faltade confiança em si próprio... Agoradevemos de somar à mistura, o medo, oestresse e a confusão! E claro está queesperamos, ou melhor, exigimos que um

ser humano tome decisões em fracçõesde segundo nessas condições! Nãoqualquer tipo de decisões... mas sim ascorrectas, as razoáveis, só as decisõesadequadas, as perfeitas em cadacaso… Se como sociedade esperamosisso dos nossos oficiais da polícia, nãoserá justo, não será lógico, não teremosde proporcionar-lhes todas asferramentas possíveis? Não deveríamosinvestir mais na sua formação? Nãodeveríamos designar mais dinheiro parao equipamento, não só em tecnologiacomo também em especialistas eprofissionais, para oferecer umexcelente treino em tácticas defensivas?Esta é uma área que, na minha opinião,sempre tem sido gravementedescuidada.

Passo a resumir. Passamos em revistaa ambos lados deste argumento demaneira justa e equilibrada. Eu pensoque um jurado daria um veredictounânime a favor de um programaperiódico permanente, competente, deformação em tácticas defensivas paraagentes da polícia. No entanto, oassunto é que deve ser o programaCORRECTO! À semelhança de muitosinstrutores de Artes Marciais, queriaoferecer meus serviços aos organismosencarregados de fazer cumprir a lei. Nãosó porque é um bom negócio e daprestígio ao Instrutor, mas tambémporque realmente acredito que possoproteger os oficiais e isso é bom para acomunidade. Me sentia qualificado parao fazer, após ter passado 20 anostrabalhando nesta área em várioslugares diferentes. Mas eu eraconsciente de que o meu material de"Artes Marciais" era bastante tradicionale orientado principalmente para

mercado "civil". Assim, com a ajuda devários dos meus estudantes que erampolícias veteranos com muitaexperiência, criamos um novo programaespecial de Tácticas Defensivasmodernas, práticas e eficazes,específico e só pensado para osagentes da polícia. Depois de 3 anos depesquisa, análise e aplicações,finalmente sentimos ter estruturadocorrectamente o programa e em 1998,nasceu o INSTITUTO INTERNACIONALDE TÁCTICAS DEFENSIVAS DAPOLÍCIA (IPDTI).

Apesar de que o nosso principalobjectivo era proporcionar a formaçãomais pertinente e competente para acomunidade policial, o outro objectivoimportante era educar, capacitar ediplomar os instrutores de ArtesMarciais nesta especializaçãoprofissional tão específica.

Desde o estabelecimento do IPDTIlevamos a termo a formação demilhares de oficiais, em 18 países detodo o mundo e diplomamos mais de300 instrutores. Temos recebidodezenas de cartas de reconhecimento,homenagens e agradecimentos. O maisimportante é que temos recebidonumerosas cartas individuais de oficiais,agradecendo-nos e credenciando que onosso treino os tem ajudado a prevenirlesões graves e inclusivamente a salvarsuas vidas. Para nós, essa é a maiorrecompensa! O IPDTI tem demonstradoque os instrutores de Artes Marciaispodem trabalhar com as forças dapolícia e lhes proporcionam umaimportante e valiosa capacitação.Simplesmente tem de ser feita damaneira correcta.

Pode visitar-nos em: www.dsihq.com

Combat Hapkido

Polícia em Roma

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No fim do Século XVII, nas planícies da Pampa Argentina, fruto da mistura deculturas e raças, aparece a figura do gaúcho. Vive a cavalo, envolvido no popular“poncho”, uma manta com uma abertura no centro.

ESGRIMA CREOULA: A ARTE DO “PONCHO” E A FACA

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Esgrima crioula, a arte do “poncho” e o facãoFinais do Século XVII, América do Sul; na Pampa

Argentina nasce uma nova raça, o gaúcho, misturade índio e crioulo e com ele nasce também umanova arte guerreira, a esgrima crioula.Mas, o que é a esgrima crioula? É a arte da luta com “poncho” e faca. Tinhas as

suas normas e valores, era questão de homens de

bem, havia respeito e se lutava um a um. Contavacom técnicas e treino, entre elas o “Visteo”, quepoderíamos traduzir como “observação”. Nele selutava com um palito tisnado, tirado do fogo, ameias brincando e a meias a sério, posto que umcreoulo que se preciassea, sem dúvida era bompara o corte, costume que ainda continua, na qualgosto de ver como os meus filhos ainda brincam“visteando”, enquanto se fazem os assados decarne. Se visteava numa área que se delimitava, se

Artes Étnicas

A sua figura, magnificamente exposta nos versos do “Martín Fierro” deJosé Hernández, um poema épico, , adquire carta de natureza e formasculturais próprias. Entre estas, o uso do facão e do “poncho” comoarmas e as “boleadoras”, uma arma copiada dos índios, consistente emtrês pedras envolvidas em couro e unidas por três cordas, geralmentefeitas de couro trançado, e que se fazem girar desde um dos extremos,para serem projectadas, podendo alcançar longas distâncias, para irbater nos animais ou no inimigo, enrolando-as no seu corpo ao fazeremcontacto.

Hoje aproximamos o leitor à figura e às artes do Gaúcho, em um artigoexcelente, de quem está dedicado à justa tarefa de as manter e difundirdesde a Argentina.

Alfredo Tucci

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chamava “cancha”, da qual não se podia sair.As “canchadas” e seus movimentos adistinguiram de outras esgrimas de faca,porque nelas prevalecia a honra. A faca que se usa no duelo se denomina

facão, ou também se podia usar uma adaga.Estas facas eram geralmente feitas de refugosde espadas ou baionetas e o comprimento dafolha não era inferior a 35cm, podendo chegaraté 80cm no caso do “facão caronero”. O poncho é um rectángulo de tecido,

podendo ser feito de alpaca, vicunha, etc.,com um orif ício no meio. Não só nosacompanha nas frias noites, como também naluta e por contar uma curiosidade, foi parteoficial do Primeiro Regimento do ExércitoArgentino. Durante o duelo, o poncho seencontra enrolado no braço esquerdo. Era umaexcelente protecção e uma terrível armadefensiva de distração. O tempo levou aaperfeiçoar as técnicas do poncho, como o“flecazo”, a manteada, etc.

“O facão serve tanto para abrir um animalcomo para fechar uma discussão”

(voz popular argentina)

Falando do gaúcho, este personagemsofrido, foi usado para a luta contra o espanhol,o índio ou o inimigo dessa momento. Sempreperseguido, homem simples e sincero,excelente cavaleiro, habilidoso com as suasferramentas de trabalho, a faca, o laço e as“boleadoras”, não gosou das armas de fogo,sempre prefiriu os gumes, de facto, havia mashonorabilidade nos duelos, rara vez seprocurava uma morte, simplesmente acabavauma discussão com um “barbijo” (corte nacara) ou “planazo” (golpe que se dá com olombo da arma na cabeça), ficando o oponentemal, mas vivo e quando se exarava, se acabavacom a vida do desditado… Uma espécie deeutanasia, “fazer a obra santa” se dizia.

“Ao cair em qualquer abismo,mais que o sabre e mais que a lança,

acostuma a servir a confiançaque o homem tem em si mesmo”José Hernández (Martín Fierro)

Outras armas acompanharam o gaúcho: asboleadoras, arma de origem indígena,simplesmente três bolas unidas por tranças decouro. Uma arma arrojadiça que bem manipuladadizimou as filas dos exércitos realistas nasguerras da Independência, junto com a chuza(lança falando em Espanhol) que foi a arma oficialno exército do General Dom José de San Martín.

“As armas são necessárias, mas ninguém sabe quando,

assim se andares passeando, e de noite principalmente, deves levá-las de maneira

que em saindo, saiam já cortando”José Hernández (Martin Fierro)

E o tempo passou…Os alvores do Século XX, tempos dos

idosos, de bonitões e maleantes, a esgrima

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Artes Étnicas

crioula continuava vigente, por vezesem vez de poncho, se usava umchalzinho, e sempre estava presente ofacão, adaga, verigeiro ou fihingo(diferentes modelos de facas creoulas),não fazia falta grande motivo paradesembainhar a arma, qualquer razãoera boa, uma mulher, uma palavra amais, onde se finalizavam asdiscussões com um duelo, onde umcorte na cara, ou “barbicho”, dava porfinalizado o mal-entendido.

A sua esperança é a coragem,Sua guarda a precaução,

Seu pingo (cavalo) é a salvação,E passamos na nosso aflição,Sem outro amparo que o cèuNem outro amigo que o facão.

José Hernández (Martín Fierro)

Hoje em dia, a esgrima crioula aindaestá presente povoações do interior daArgentina e não falta um confronto defacas em domas e festas folclóricas,um hábito difícil de erradicar; tambémse vive na realidade penitenciária,onde os presos continnuamsolucionando as suas diferenças, masagora com faca e manta e mantendoas mesmas normas, como o“planazo”, ou golpe dado com olombo da faca no meio da cabeça,dando por finalizada a luta, onde opreso que perder vai passar um muitomau bocado. O gaúcho o realizava aogrito de “Deus te Guarde”.

"Rara vez mata o creouloporque esse instinto não tem,

o duelo creoulo ceitapor não mezquinhar nem um passo,

faz saber que tem dois braçose em lutar se entretem"Atahualpa Yupanqui

Outra realidade é a prática destadisciplina, que realiza Jorge Prina, quetrabalha na difusão e ensino da esgrimacrioula, com as antigas técnicas, emum revisionismo histórico, chegando àprática em treinos e competênciasabertas de combate com faca.Utilizamos diferentes tipos de armas,facas verijeras, facão e caroneros, namão direita e na esquerda, o poncho,onde há variedade de técnicas, como o

incomodar a visão com as franjas, oque se chama flecazo (francajo), oudesviar a mão armada com a chamada“manteada” (de manta ou poncho) quecomo defesa é excelente. Quando oponcho está enrolado no antebraço,não permite que os cortes cheguem atéa pele.Agora realizamos os “visteos”

(sparring) com facas de madeira. Nelesencontramos um amplo leque detécnicas e se aprecia a habilidade doesgrimista.

"Potrinho, recentemente te surgiu o colmilho

Mas escuta o meu conselho:Não deixes que homem nenhum

Te ganhar o lado da faca"José Hernández (Martín Fierro)

Outra actividade é a manipulaçãodas “boleadoras”, desde jogá-las comas diferentes variantes às pernas, paraatirar rapidamente deitar ao chãohomem ou animal. Outra variante ébater na cabeça ou com queda, comose usava nas guerras gauchas, ondeeram lançadas de tal meneira quequando caiam, o primeiro queimpactavam eram as bolas. Realizamos as práticas com

diferentes alvos ou com boleadoras deprática, as quais não magoam. Outraopção que também treinamos é aboleadora como era usada pelosaborigens, que enganchavam umabola a um pé e as outras uma em cadamão e començavam a girá-las para umcombate corpo a corpo. Nas nossaspráticas realizamos cruzes de armasem lutas de facão e poncho, contraboleadoras.A manipulação da chuza (lança) é

original e muito peculiar. A chuza é alança americana; possui comomoharra, uma ponta de ferro - outambém pode não a ter - geralmentefeita de cana colihue. Recordemos queos regimentos de lanceiros coloniais,retrocedendo até o Século XIX, tinhamuma técnica que juntava o manejo dogrupo, em defesas e ataques. Mascontrariamente, o creoulo a usou dediferentes maneiras, o índio pampa aatava em seu antebraço para percorrergrandes distâncias e durante a espera

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Artes Étnicas

do ataque ao fortim, esperavam a descarga de armas de fogo para depois entrar aoataque com suas lanças… A isto se dizia “ir-se ao fumo”, devido à fumaredacaracterística das armas de avancarga. Na actualidade recriamos técnicas de chuza,rescatando uma rica bagagem de técnicas, desde o molinete ao chuçasso.Realizamos encontros abertos mensais, em diferentes lugares, onde praticamos à

velha usança duelos creoulos, com protecções e lançamento de boleadoras,finalizando com pequenas competições, à margem das aulas regulares e osseminários.

“Um creoulo sem faca é um creoulo nú”(Fala popular argentina)

Todos os povos do mundo tiveram, e alguns ainda conservam, as suas artes decombate. Esta é a Esgrima Creoula, arte de guerra argentina.

www.esgrimacriolla.blogspot.com.ar

Acerca do autor:Jorge E. Prina*1ºDan de TaeKwon do ITF*1ºDan Kick Boxing IKA*Instrutor defesa pessoal, segurança urbana e primeiros socorros (OFI)*Instrutor de defesa e combate com arma branca (IAPC)*Mestre em Native American Warriors Arts (N.A.W.A.)*Curso, Capacitação e Associação como atirador com armas de Avancarga

(C.N. 592)

As fotos foram feitas por Jorge Prina, junto com Pablo Liciaga e Lisandro Neyra,praticantes de esgrima creoula.

As imágenes foram feitas em:“O Fortín Tradição Platense, no qual, Teófilo Olmos junto com Almafuerte, geraram

a decisão de que o dia 10 de Outubro fosse declarado o Dia Nacional da Tradição”. Parque San Martín, Cidade de la Plata, encontro de esgrima creoula (Argentina).Seminário de Esgrima Creoula em Troy, Missuori (USA). Seminário em Rosário, Sante Fé.(Argentina).Torneio de esgrima creoula em Ituzaingo (Argentina).

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Sempre tendo como pano de fundo o Ochikara, “a Grande Força” (denominada e-bunto na antiga língua dosShizen), a sabedoria secreta dos antigos xamãs japoneses, os Miryoku, o autor leva a um mundo de reflexõesgenuínas, capazes de ao mesmo tempo mexer com o coração e com a cabeça do leitor, situando-nos perante oabismo do invisível, como a verdadeira última fronteira da consciência pessoal e colectiva.

O espiritual, não como religião mas como o estudo do invisível, foi a maneira dos Miryoku se aproximarem domistério, no marco de uma cultura tão rica como desconhecida, ao estudo da qual se tem dedicado intensamente oautor.

Alfredo Tucci, director da Editora Budo International e autor de grande número de trabalhos acerca do caminhodo guerreiro nos últimos 30 anos, nos oferece um conjunto de pensamentos extraordinários e profundos, quepodem ser lidos indistintamente, sem um ordenamento determinado. Cada um deles nos abre uma janela pela qualcontemplar os mais variados assuntos, desde um ângulo insuspeito, salpicado de humor por vezes, decontundência e grandiosidade outras, nos situa ante assuntos eternos, com a visão de quem acaba de chegar enão comunga com os lugares comuns nos que todos estão de acordo.

Podemos afirmar com certeza que nenhum leitor ficará indiferente perante este livro, tal é a força e a intensidadede seu conteúdo.

Dizer isto já é dizer muito em um mundo cheio de manjedouras grupais, de ideologias interessadas e demanipuladores, e em suma, de interesses espúrios e mediocridade. É pois um texto para almas grandes e pessoasinteligentes, prontas para ver a vida e o mistério com a liberdade das mentes mais inquietas e que procuram ooculto, sem dogmas, sem morais passageiras, sem subterfúgios.

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Karate

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Editado por Budo International, aparecefinalmente o vídeo DVD Wado No I Dori &Tanto Dori, realizado pelo Mestre SalvadorHer raiz, 7ºDan, um dos maior esconhecedor es deste esti lo a nívelinternacional. Por tal motivo, p autor nosdesvela aqui e agora as características e a

importância deste trabalho, em ummomento crucial da sua vida.

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Karate

NOVO VIDEO DVD!WADO NO I DORI & TANTO DORISALVADOR HERRAIZ, 7º DAN

O conteúdo deste vídeo DVD, que agora apresentamos,aglutina uma selecção das técnicas mais características doWado Ryu, técnicas que também oferecem um atractivointeressante para os karatekas de outros estilos.Efectivamente, a escola Wado tem um grupo de técnicasmuito importante denominado Kihon Gumite, mas quetalvez suas características fazem-no pouco atraentes parapraticantes de outras escolas. As técnicas de I Dori(defesas desde a tradicional posição Seiza, sentado dejoelhos sobre os calcanhares) e as de Tanto Dori (defesasfrente a faca) são praticadas como grupos importantes noseio do Wado Ryu, mas também podem ser de interessepara karatekas a ele alheios. Por isso, escolhi estastécnicas para formarem parte deste vídeo DVD, de maneiraque possa resultar de interesse a todo tipo de praticantes.

Um assunto interessante no momento de compreenderas formas técnicas expostas no DVD, é o das diferençasdas linhas técnicas existentes. O Wado Ryu é um estiloque, como todos os outros, tem passado por variaçõestécnicas ao longo da sua história, tudo dentro de uma“normalidade” ocasionada pelas divisões que por motivospolíticos foram depois desembocando em diferençastécnicas. Todos sabemos que existem dentro do Wado Ryu

três grandes linhas técnicas que devemos considerar erespeitar: (1) A de Wado Ryu Karatedo Renmei - liderada por Jiro

Ohtsuka, filho do Fundador, que por idade, daqui a algunsanos deverá passar a liderança para o seu filho Kazutaka. (2) A de Wado Kai (no seio da Federação Japonesa e

liderada tecnicamente por veteranos mestres como Toru

Arakawa, Hajimu Takashima, Katsumi Hakoishi, TakaichiMão, Shinji Michihara, Shunsuke Yanagita, YasuoKuranami, Hideho Takagi, e…(3) A de WIKF, fundada e liderada pelo Mestre Tatsuo

Suzuki, até seu falecimento em 2011 e que continua comseus seguidores.

Todas elas dão a si próprias o título de mais leais àsensinanças do Fundador Hironori Ohtsuka e portanto,suas ensinanças seriam as mais puras com respeito àsensinanças de Hironori.

Muitos importantes mestres dizem: “Eu aprendi assimcom Ohtsuka”. Realmente, tudo depende de quando osseus mestres líderes, treinaram com o Fundador, porqueele foi variando e desenvolvendo aspectos do seu WadoRyu até os últimos momentos da sua vida, dependendoportanto do momento em que com ele se treinasse, parase terem obtido uns ou outros detalhes técnicos.

“Nas Artes Marciais, aeficácia é importante,

sem dúvida. No entanto, se fosse a única coisa

importante e o objectivoprincipal, eu talvez

recomendasse,sinceramente,

outro tipo de práticas”

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No que respeita à Wado Kai actual,tenho observado, por exemplo, queestão modificando posições e seusnomes, talvez procurando (semchamar muito a tenção...) umaaproximação a outros estilos, paraque o seu Wado seja maiscompetitivo em torneios (objectivobásico da Federação Japonesa ou daFederação Espanhola…).

A linha de Suzuki Sensei conta comoutras diferenças importantes. Talveza distância com o mestre, afincado naInglaterra desde os anos 60, mas coma casa matriz no Japão, influíssenelas em algum momento. Por isso,devíamos considerar, à margem desimpatias maiores ou menores, que oWado do filho do Fundador poderiaconsiderar-se, em princípio, o maispuro, por ter permanecido e terabsorvido as mudanças que oFundador foi realizando até últimomomento. Mas por outra parte, tenho

observado também que nos 25 anosapós o falecimento do Fundador, oseu filho Jiro (e depois dele o seuneto Kazutaka) também modificaramvárias coisas. Afinal, talvez sejanormal e devamos aceitá-lo assim!

No entanto, a minha preocupaçãosurge por esses movimentos ecaracterísticas que nada têm a vercom nenhuma destas três linhas doWado Ryu e que em alguns casos, atévão claramente em contra de algumascaracterísticas do Wado, em qualquerdas suas três linhas técnicas. Isso,realmente me preocupa! Mas mepreocupa ainda mais e como mínimome parece curiosa, a atitude dafamília Ohtsuka frente à evoluçãotécnica e filosófica do seu Wado Ryu.Tenho uma minha teoria acerca dosmotivos, mas… penso não ser aqui eagora o momento de falar disso.

Seja como for, o vídeo DVD queagora apresentamos, contem uma

Nuevo video

“Este trabalhoinclui finalmente,

uma dezena detécnicas de

I Dori e outra deTanto Dori,

assim como oskatas Seishan

y Chinto, os mais

característicos do estilo”

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Técnica

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selecção de técnicasutilizadas em suas três linhasprincipais. Não se trata de umvídeo sobre uma l inha emespecial, nem pretende ser maispapista que o papa, masprecisamente e como ficou dito, éuma selecção das combinaçõescom parceiro mais característicasdo Wado.

Por outra parte e sob o meu pontode vista, o Karate em geral seencontra em um momento que, não sóna sua técnica como especialmente emseu espírito se encontra muito afastadoda trajectória que devia seguir (e que jásó se encontra em uns poucos humildesdojos e em mestres geralmente afastadosda barulheira mundana, e assim sendo, asua influência em outros karatekas élimitada).

Devo confessar que pessoalmente estoubastante cansado e decepcionado. “Omarinheiro que perdeu a graça do mar” não ésó o título de uno dos mais conhecidos livrosdo conhecido escritor japonês YukioMishima, que protagonizou nos anos 70um famoso seppuku, ao compreenderque se estavam perdendo os valores doJapão. A frase, à margem do conteúdodo livro de Mishima, também expressa osentimento que desde faz algum tempome invade, pela atitude de muitoskaratekas (incluídos professores).

Todos estamos fartos de conhecer edizer frases ribombantes acerca doespírito e da filosofia do Karate, mas…agir em consequência, isso “já é outraquestão…”. Isso sim, todos nos auto-convencemos da nossa atitude,aferrando-nos ao que nos interessa, emvez de reconhecer que em muitos casosse age em contra de alguns dos maisprimordiais valores do Karate Do.

Penso que a esta altura docaminho, todos conhecemos

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muito bem o que se espera de um karateka, todossabemos da filosofia e da história, do dojokun, dobla, bla… bla…, mas depois, o comportamento narealidade do dia-a-dia, do meu ponto de vista deixamuito a desejar… Me invade a tristeza e a decepção,achando-me como esse marinheiro que perdeu agraça do mar…

Por outra parte, este vídeo DVD aparece em ummomento também crucial para mim, atribulado desdefaz anos por problemas de umas costas e colunavertebral, que faz malabarismos para manter um decentenível de execução física, desde faz muitos anos tinha nopensamento fazer este DVD. Tinha de o fazer já, frenteuma possível indisposição futura. Era agora ou nunca!

Finalmente aqui está! Inclui dez técnicas de I Dori eoutras dez de Tanto Dori, assim como os kata Seishane Chinto, os mais característicos do estilo, e tambémWanshu, um dos mais universais do Karate. Em todocaso, se tentou manter o ritmo e a cadência de umKarate visando uma execução técnica natural, comose corresponde com o Wado Ryu, sem procurar serespectacular, nem exibições pessoais, um Karate que,como historicamente se apregoa, tenta ser “Zen emmovimento”.

Sem dúvida, a eficácia é importante nas artesmarciais. No entanto, se fosse a única coisaimportante e o objectivo principal, eu talvezrecomendaria, sinceramente, outro tipo de práticas.

Os karatekas fazemos o que fazemos e da maneira que ofazemos, procurando muito mais para além e quem sóprocurar a maior eficácia no combate, talvez aqui nãoencontre o seu caminho. E ainda direi mais: de certeza queeste não é o seu caminho.

Portanto, seria preciso compreender o Karate a um nívelsuperior, além de como uma técnica de combate e tambémcomo uma meditação em movimento. Da mesma maneira, oBudo em geral…

Não se trata exclusivamente de um sistema de luta. EmKyudo, por exemplo, os grandes maestros sempre têm

dito que o menos importante não era acertar ou nãoacertar no alvo, posto que não se tratava disso, massim do processo, do gesto, da respiração, daconcentração… e dos efeitos que tudo isso produzemem quem lança a flecha, sem se preocupar de ondepossa ir ou quem a receba.

Técnicas como ryote dori, gozen dori, zu dori, asídori, te dori shotei zuki, hiki otoshi dori, hijite kansetsugyaku torinage, tomam forma no ecrã, mostrando aessência técnica que historicamente tem caracterizadoa que é a primeira escola de Karate eminentementejaponesa (o resto das mais antigas e desenvolvidas,realmente são provenientes de Okinawa). No que dizrespeito às defesas frente a faca, udegarami dori,kotenage dori, hikitate dori, e muitas mais, oferecemuma amostra clara de um Karate com influênciaimportante do Ju Jitsu.

“Portanto, o Karate teria de seentender a um nível superior,

além de como uma técnica decombate e também como

uma meditação emmovimento. Da mesma

maneira, o Budo em geral”

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O grupo KMRED e seus sócios

O grupo Kravmaga RED, como já indicamos em artigosanteriores, tem como meta desenvolver uma defesapessoal moderna e realista, sem restrições, construídaem volta de uma disciplina como o Kravmaga, assimcomo disciplinas de combate, como o BoxeTailandês, Inglês ou Francês, completados pelaexperiência de seus mestres na gestão de situaçõesconflituais.Mas o mais importante é que o grupo não vive em

autarquia e não fica isolado num canto, insistindo emacreditar só nas suas próprias conquistas… A nossa maior fortaleza é que continuamos

procurando o que poderia ser melhor, semduvidarmos em nos rodearmos de gente de diferentesestilos e disciplinas.De facto, muitas pessoas, alheias a nós, tiveram o

mesmo processo de pesquisa e abertura, e éimportante sermos capazes de intercambiar ideias etrabalharmos juntos, para desenvolver ferramentasque permitirão aos nossos alunos proteger a suaintegridade física ou a integridade de seus seresqueridos.Para isso, desde faz muito tempo, o Grupo KMRED

pôs em marcha numerosos seminários e intercâmbioscom convidados intervenientes com muitos anos deexperiência em desportos de combate e em conflitosfísicos reais.Entre estas pessoas de grande renome, este ano, em

Novembro, um dos pioneiros das Artes Marciais Filipinas naFrança dos anos 1985, Didier Trinocque, irá intervir por

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terceira vez frente aos alunos dos clubesKMRED, da região do Sudeste. A suaespecialidade, o Kali Eskrima, permite - se aalguém ainda fizer falta... - perceber osperigos que apresentam os paus e asfacas em um conflito real e como usá-loscom vantagem. Durante a sua visita, se iniciauma colaboração a longo prazo e ele vaireceber o título de membro honorífico dogrupo KMRED.Em Novembro, também virá até a região

um dos primeiros especialistas em defesapessoal que começou a trabalhar livremente odesenvolvimento de um método de defesapessoal, adaptado a um maior número depessoas, chamado DEFESA RÁPIDA. Trata-sede Vicente Roca personalidade habitual nos

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grupos de intervenção especial na França e no estrangeiro, se inscreve totalmente neste processo de abertura comgente com experiência e que defende o grupo KMRED sendo o iniciador de todo estes projectos, Christian Wilmouth.Recordemos que todas as pesquisas que nós ou os diversos

especialistas anteriormente ditos fazemos, têm por objectivoenriquecer um conteúdo técnico destinado aos alunos enão a favorecer algum ego...“Acredito que é importante prestar atenção ao que

ensinamos em defesa pessoal, porque aqueles aquem transmitimos o nosso conhecimento,poderiam necessitar usar numa situação real oque aprenderam e na realidade, não há lugarpara fantasias”.Como parte da nossa maneira de

desenvolver as nossas habilidades, há um áreana qual nunca vamos deixar de aprender: ocombate!!!!! Neste sentido, um dos nossosinterventores privi legiados, é um grande

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especialista em coaching em BoxeInglês. Conta em seu haver com umalonga l ista de campeões por eletreinados. Giovanni Rocchi é umCoach, com letras grandes, que temacompanhado muitos campeõesnacionais e internacionais e temsabido integrar o Boxe Inglês comobase e complemento essencial dacapacidade de combate dospraticantes do grupo KMRED. As suasintervenções regulares proporcionam

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uma nova dimensão à parte docombate, que recebe muitaatenção no nosso trabalho.O grupo Krav Maga RED está

em plena evolução e continuaráconstruindo-se durante 2015,q u e s t i o n a n d o - s econstantemente através deintercâmbios construtivos comtodos aqueles que trabalhampara os praticantes, longe dasguerras de egos.

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Se falarmos de um Tai-Chi poderoso emarcial, nunca conheci ninguém comoo Mestre Chen em sua execução equando digo poderoso, entenda-sebem que por isso não deixo de dizersuave. A essência do Tai-Chi é o mistério e

o paradoxo de como o suave vence oduro; um belo conceito que todoscuriosamente podemos entrever emnossas mentes, mas levá-lo à prática… é

outra coisa! Essa clássica metáfora do bambu, a

da água..., tudo isso nos é muitofamiliar através da magnífica difusãoque nos últimos anos a filosofia orientaltem tido no Ocidente. Mas... “do dito

ao feito vai um trecho”, diz asabedoria popular, e na hora depassar aos feitos, na maioria dasvezes o Tai-Chi não passa de umaagradável e estética“performance”; umaapresentação sedutora, sim;saudável, sem dúvida!, masArte Marcial, o que se diz

verdadeira Arte Marcial, amigoleitor, disso teríamos de fazer um

acto de fé…, até que conheci oMestre Chen!Sim. A suavidade está ali, mas

também a firmeza necessária paraprojectar a força. “O Tai-Chi é como o bambu; quando o

empurram cede, mas quando liberadaessa tensão, o bambu nos bate comoum raio” - me disse o Mestre no nossoprimeiro encontro.O seu dilecto aluno Diogo Cáceres, jáme tinha avisado de que o MestreChen “era diferente”. Estamos fartos

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de escutar isto neste nosso meio, mas desta vez, era verdade! Por tudo isso e após o êxito do seu primeiro vídeo acerca da forma “YI LU”, a

principal do estilo Chen, pedi ao Mestre que escrevesse um livro, o livro definitivopara os estudantes de Tai-Chi. Certamente, nele descrevemos a forma passo porpasso, mas para sermos coerentes com a parte marcial, pedimos que tambémcompartilhasse com os nossos leitores o que em Karate se conhece como os“bunkai”, quer dizer, as aplicações que a tradição propõe como aplicação efectiva dastécnicas e movimentos que se realizam executando a forma. A coisa deixa de ser umbailado!. Se quebram braços, se projectam pessoas, se bate nas zonas débeis e tudoisso desde a aplicação das chaves do Tai-Chi: O suave vencendo o duro!O resultado é imponente. Um livro com mais de 1.000 fotografias a cor, uma

verdadeira guia completa para o estudo do estilo Chen, que complementa o trabalhoem vídeo, já à disposição dos leitores de Cinturão Negro. Um trabalho do qual todosna nossa redacção sentimos orgulho.

Alfredo Tucci

Kung Fu

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O Estilo Chen de Tai-Chi ChuanO Estilo Chen é o mais antiguo que se conoce e é

considerado a origem do Tai-Chi Chuan. Podemos dizer quefoi o resultado de compilar diferentes Artes Marciais. Noseu trabalho há técnicas de batimento com punho,

cotovelo, ombro, perna, joelho, assim comoprojecções, luxações, imobilizações,

saltos, etc. Existe um adágio populara esse respeito, que diz que “todoo corpo são mãos”, quer dizer,muitas partes do corpo podembater.

As suas origens vêm de finsdo século XIV, na aldeia deChenjiagou na China. Foinessa época que Chen-Bu,quem é consideradoorigem da família Chen,se estabeleceu na aldeia,ainda que realmente,começaram a serconhecidos a partir dasua 9ª Geração, comChen Wang-Ting (1600-1680). Por volta dadécada de trinta dopassado século, ChenFake (17ª Geração)viajou da aldeia deChenjiagou para Pequim,onde fez famoso o EstiloChen, comoconsequência de seu altonível técnico.Inicialmente havia 7

formas, que depois sereduziram a 2, denominadas

Yi-Lu e Er-Lu (Pao Chui ou formacanhão). Ambas se caracterizam porcombinar movimentos lentos esuaves, com outros rápidos eexplosivos, sempre dentro dacontinuidade própria do Tai-ChiChuan. Na forma Er-Lu, existe umamaior uti l ização de Fa-jing emgrande parte de seus movimentos.As posições são baixas e muitoenraizadas, o que favorece adescarga de potência do Fa-jing.

O “Chanse-Ching” é o rasgomais característico do EstiloChen. Surge do princípiodenominado “enrolar o casuloda seda” e consiste no trabalhoda força em espiral: o Chi(energia) desdobra-se emespiral desde os pés, de onde

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Grandes Mestres

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ascende por todo o corpo até chegar às mãos. Este movimento em espiral, utiliza-secomo defesa ou como ataque.

A força originária do Tai-Chi ChenNo Tai-Chi Chen, realizando os movimentos da forma, aplica-se como trabalho de

base, o conceito anteriormente exposto, com constantes movimentos de recolher ouinteriorização da energia, para imediatamente depois se expandir e, em seu caso,“explodir” no Fa-jing. Essa mesma sensação energética também se aprecia no própriomovimento do corpo, que se encerra em si mesmo para depois se abrir ao exterior. Aomesmo tempo, realizam-se movimentos ondulatórios; semelhantes às ondulações deuma serpente.

As energias elementares e a circulação energéticaO homem responde às forças do Céu e da Terra edepende do intercâmbio de energia com o meio.As energias do Céu e da Terra ocupam tudo;quando se dispersam tornam a reunir-se,

voltando sempre ao seu estado inicial.Tudo vem do Tao, o princípio único e

indiferenciado. O Qi é a força elementar, a primeiramanifestação da origem. O Qi se polariza através deduas forças: Yin e Yang.Todo estado de desequilíbrio energético gera mal

estar por duas razões, por carência ou por excesso. Emplenitude o denominamos XU (ou Yang) e em defeito ouvazio ZXU (ou Yin).O homem é um ser que resulta das duas energias. De

harmoniosamente emite vibrações comseus movimentos; essa mutação

permanente e contínua, precisa deum abastecimento energéticoque a mantenha. Um meio paragerar essa energia, falando emtermos marciais, se realizapela via da respiração, e aoutra através do própriomovimento físico. A energiaYang expande, a Yin contrai;este é o jogo que devemosmanter na nossa prática.

O corpo humano mantém dois pulsos, o Zhen e oDu; o homem e a mulher funcionam com pulsoscontrários, a mulher tem o pulso mais débil noexterior e mais forte no interior e o homem aocontrário. O pulso Zhen é o que leva a força dosangue e o Du o impulso do ar.Na prática devemos centrar os canais

principais de circulação de energia corporal. Aenergia circula saindo do Tan Tien (quatrodedos por debaixo do umbigo), dividindo emdois o corpo; por um lado sobe pelo peitopara a cabeça, e desce pelas costas atéchegar ao ponto Huiyin, e por outro sai doTan Tien fazendo um círculo e rodeandoa cintura.

Kung Fu

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No momento da prática devemosdirigir a nossa concentração erespiração para o Tan Tien e visualizaresta energia circulando por estes doiscanais, enquanto mantemos umarespiração pausada e tranquila comoo gorjeio de um pássaro.

As características técnicasA prática do Tai-Chi Chen ensina-

nos uma técnica baseada,

principalmente, no movimento de“explosão” do corpo. O ditomovimento faz com que este girecomo um tornado, empurrado poruma convulsão dos pés à cabeçaque, no últ imo momento, semanifesta como uma chicotada deataque ao inimigo.A arte do ataque é análoga à

maneira como uma águia prende umcoelho com suas garras. É precisomanter o controlo através do contactofísico, mas sem chegar a agarrá-lo.Os ataques do Tai-Chi Chenpressionam sobre superfíciesespecíficas, não em qualquer parte, egeralmente se correspondem comtendões e nervos, veias e artérias,

pressionando em pontos eixo quefazem que se desloquem os ossos,luxando-os, dividindo músculos etendões.Utilizamos como armas a palma e o

dorso da mão, o punho, o ombro, oantebraço, o cotovelo, etc. O dedopolegar e o mindinho podem girarcomo as agulhas do relógio, a favorZHEN, ou contra FAN. A palma damão também pode uti l izarmovimentos de carícia, contra e afavor do movimento; quando umamão está em cima a outra desce evice-versa.Os movimentos dos pés têm oito

técnicas que se podem utilizar, opeito do pé, o calcanhar, a partemédia da curvatura do pé pordentro, por fora, o calcanhar, e as

Grandes Mestres

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Grandes Mestres

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suas variantes em 45 graus, também se aconselham osvarrimentos, as rotações em tornado.Enquanto às posições, a mais importante é a

denominada Mapu (montar a cavalo), pois permite variar ospesos do corpo e balançá-lo para um lado ou para o outro,dependendo do ataque.Lidamos também com as posições de Xiebu, sentado

sobre o calcanhar; Xibu em rotação; Dulibu sobre umasó perna elevando o tronco; assim como as posiçõesde Pubu, muito baixas para fortalecer os tendões.O estilo requer muita flexibilidade, por isso é

importante iniciar a sua prática na juventude, quandoos músculos e tendões estão pouco endurecidos,facilitando assim para que essa extensão não seperca e se possa manter durante toda a vida; deoutro modo, se começarmos a prática tarde,poderemos constatar que as nossas posiçõesserão duras e não poderemos manter posiçõesestéticas e desde já também não aquelas quenos possam proporcionar a necessária potênciano momento da realização dos exercícios.Teremos sempre em consideração que a

posição mais importante será a de Mapu, que éa que mais nos vai facilitar fazer rotações com ocorpo; a cabeça sempre direita, olhando emfrente, mas sem manter o olhar perdido; estedeve estar sempre alerta, sem o fixar numponto, mas também não estar perdida. Oouvido alerta; a nuca não deve estar tensa masconcentrada; as costas devem estar muitorectas, o peito erguido com o estômago paradentro, mas nunca arqueando as costas ou comos glúteos para fora.Desse modo, poderemos realizar todas as rotações

com o corpo, permitindo-nos girar no ataque e nadefesa, facilitando a livre rotação da coluna em 45º,para a esquerda ou para a direita.

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Kung Fu

Os glúteos têm de se mantercomo se estivéssemos sentados naágua, numa posição firme, mas aomesmo tempo com a flexibilidadesuficiente para não estarmos rígidosno momento de nos deslocarmos;de maneira que se o contrário nosataca pela esquerda, poderemosmudar o peso do corpo para adireita e vice-versa, evitando assimos ataques às coxas ou aos joelhos,podendo deslocá-los e afastá-los doângulo de ataque. Um glúteo rígidonos fixaria ao chão, impedindo-nosmover-nos com agilidade. Temos derespeitar o ponto de mira e mante-losempre durante o ataque.Utilizaremos movimentos em

círculo. Como já disse, quando umamão sobe a outra desce; quando o

corpo se eleva, o movimentoseguinte será de descida, e assimsucessivamente. Quando uma palmaestá para cima, a outra mantém-separa baixo, para depois mudar aposição e a que estava de um ladoagora estará no outro, sempre o jogodos movimentos contrários.A aprendizagem realiza-se como

quando éramos crianças, recém-nascidas, realizando essemovimento em rotação quemantínhamos nos braços e pernas,e que com o processo decrescimento vamos perdendo. Empequenos, todos os nossosmovimentos eram circulares, comométodo de defesa frente aodesconhecido. Com o Tai Chi Chendevemos recuperar o sistema

circular de movimentos.Os movimentos mais

característicos de nuestro Estilosão:• O famoso grou que estende as

asas, Baihe Liangehi.• Varrimentos de joelho com

passo em frente Louis aobu.• Retroceder girando antebraços

Daojuan gong.• Agarrar cauda de pardal,

esquerda, Zoulan quewei.• Agarrar cauda de pardal, direita,

Youlan quewei.• Pontapé de calcanhar, Ti

dengjiao.• Balançar-se para a frente, para

trás, Chuansuo.• Girar o corpo, desviar, esquivar,

bater, Zhuanshen Banlanhui.

BIOGRAFIA DO MESTRE CHEN

O Mestre Chen nasceu no Município de Ruian,província de Zhejiang, na aldeia de Chen-Ao, dapovoação Chang-Quiao.Desde muito jovem estudou o Estilo de Kung-Fu,

com o Mestre de Shaolin Youlongji,conhecido comoo “Monge de Ferro”. Aprendendo com ele, ouviu

falar do Mestre Hongyunshen, que ensinava o Tai-Chi Chuan do Estilo Chen, na cidade de Shandonge sem pensar duas vezes, para lá se dirigiu.Corria o ano de 1983 quando finalmente iniciou a

sua aprendizagem com Hongyunshen, numapequena escola, à qual assistia todas as manhãs.Durante esse período conheceu o MestreLiochende, que todos os dias, da parte da tarde, iadar aulas no parque, aulas essas às quais tambémcomeçou a assistir. Em 1996, o Mestre Chen voltou a Ruian, onde

começou a dar aulas. Para aprender com elechegaram alunos vindos de muito longe. No ano2000, uma série de desafortunados acontecimentoso levaram a abandonar o seu país. Após muitasviagens e peripécias, chegou à Espanha em 2001,convidado por um empresário chinês de origem,além de actor e famoso professor de Artes Marciaisem Madrid, o Sr. Fan Xin Min, que também realizouum vídeo com Budo International. Na capital daEspanha, conheceu Diego Cáceres, de quemrapidamente se fez amigo. O professor Cáceres,percebendo as destacadas habilidades econhecimentos do Mestre Chen, o adoptou comoprofessor. Pouco depois o Mestre Chen resolviaviver na Espanha, onde ministra as suasensinanças.

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REF.: • WADO1REF.: • WADO1

A escola Wado Ryu de Karatedo mantém na actualidade aprática de certas técnicas tradicionais desde a posiçãoSeiza, ou seja, sentado de joelhos sobre os calcanharesdos pés. Este DVD contém uma dezena destas formas de

defesa, denominadas I Dori, com a explicação desuas características. Junto delas, outras

tantas técnicas de Tanto Dori, defesasfrente a ataques de faca, também

tradicionais da escola do MestreHironori Ohtsuka, fazem com que

este DVD seja imprescindível paraos interessados não só nestapeculiar escola como no Karateem geral, posto tambémserem técnicas muitointeressantes como prática,em qualquer dos outrosestilos desta nobre ArteMarcial.

Em Neste DVD sãoconsideradas várias formas

de defesa Wado Ryu, aindaque pertencentes a diferentes

correntes ou linhas dentro desteestilo de Karate, tendo sido

escolhidas as mais adequadas, àmargem desse tipo de

diferenciações e sempre respeitando oritmo, cadência, altura de posições e em

geral, a naturalidade que o Wado Ryu teve nasua origem.

O trabalho, que é realizado pelo Mestre Salvador Herraiz,7ºDan, um dos grandes estudiosos do Karate e do WadoRyu a nível internacional, se complementa com os katasSeishan e Chinto, os mais representativos e superiores daescola, assim como com o Kata Wanshu, como extra.