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    Civilizaes Pr-Clssicas

    Apontamentos de: Pedro Freitas e Elsa Romo Email: [email protected]: 2002/03

    Livro: Civilizaes Pr-ClssicasAntnio Augusto TavaresUniversidade Aberta1995

    A Sala de Convvio da Universidade Aberta um site de apoio aos estudantes daUniversidade Aberta, criado por um aluno e enriquecido por muitos. Este documento um texto de apoio gentilmente disponibilizado pelo seu autor , para que possa auxiliarao estudo dos colegas. O autor no pode, de forma alguma, ser responsabilizado poreventuais erros ou lacunas existentes neste documento. Este documento no pretendesubstituir de forma alguma o estudo dos manuais adoptados para a disciplina em questo.

    A Universidade Aberta no tem quaisquer responsabilidades no contedo, criao edistribuio deste documento, no sendo possivel imputar-lhe quaisquerresponsabilidades.

    Copyright: O contedo deste documento propriedade do seu autor, no podendo serpublicado e distribuido fora do site da Sala de Convvio da Universidade Aberta sem oseu consentimento prvio, expresso por escrito.

  • Civilizaes Pr-Clssicas

    Resumo do manual de

    Civilizaes Pr-Clssicas

    Elaborado por Elsa Romo e Pedro Freitas

    1

  • Civilizaes Pr-Clssicas

    EGIPTO 5 1.1 A Civilizao Egpcia 5

    1.1.1 O Pas e os Habitantes 5 1.1.1.1 O Nilo 5 1.1.1.2 Os Egpcios 5 1.1.1.3 A lngua e a escrita 5

    1.1.2 Fontes da histria do Egipto. 5

    1.2 A Evoluo Poltica 6 1.2.1 O Perodo Arcaico ou Tinita (3000-2635 a.C.) 6 1.2.2 O Imprio Antigo ou Menfita (2635-2154 a.C.) 6 1.2.3 O I Perodo Intermdio (2154-2040 a.C.) 7 1.2.4 O Imprio Mdio (2040-1785 a.C.) 7 1.2.5 O II Perodo Intermdio: os Hicsos (1785-1551 a.C.) 7 1.2.6 O Imprio Novo (1554/1-1070 a.C.) 8 1.2.7 O III Perodo Intermdio (1070-714 a.C.) 9 1.2.8 A poca Baixa (714-332 a.C.) 9

    1.2.8.1 O Perodo Sata (664-525 a.C.) 9 1.2.8.2 Persas e Macednios (525-30 a.C.) 9

    1.2.9 O Egipto e o Mediterrneo 9

    1.3 As Instituies e a Sociedade 10 1.3.1 As Instituies 10

    1.3.1.1 O Rei 10 1.3.1.2 A Administrao 10 1.3.1.3 O exrcito 11

    1.3.2 A Sociedade 11 1.3.2.1 A famlia 11 1.3.2.2 O quotidiano 11 1.3.2.3 Os escravos 11

    1.4 A Economia 12 1.4.1 A agricultura e a pesca 12 1.4.2 O subsolo e as relaes comerciais 12 1.4.3 A circulao dos bens e das pessoas: as vias 13

    1.5 A religio 14 1.5.1 Os Princpios Bsicos 14 1.5.2 Duas snteses teolgicas 14 1.5.3 O fara, descendente de Hrus e deus Sol 15 1.5.4 Os animais sagrados 15 1.5.5 O culto aos deuses 15 1.5.6 O culto dos mortos 15

    1.6 A cultura 17 1.6.1 O escriba 17 1.6.2 A literatura 17

    1.6.2.1 No imprio Antigo 17 1.6.2.2 No I Perodo Intermdio 18 1.6.2.3 No imprio Mdio 18 1.6.2.4 No Imprio Novo 18 1.6.2.5 Na poca Baixa 18

    1.6.3 As tcnicas e as cincias 19 1.6.3.1 As tcnicas 19 1.6.3.2 As cincias 19

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  • Civilizaes Pr-Clssicas 1.6.4 As artes 20

    1.6.4.1 A arquitectura 20 1.6.4.2 A escultura 20 1.6.4.3 As artes parietais 20 1.6.4.4 As artes menores 20

    A MESOPTMIA 21

    1.1 O quadro geogrfico 21

    1.2 Da sedentarizao urbanizao. 21 1.2.1 O caminho para a urbanizao. O exemplo de Uruk 21

    1.3 Os Sumrios 22 1.3.1 O poder e o governo na cidade 22 1.3.2 A Economia e a Sociedade 22 1.3.3 O rei 23 1.3.4 A vida intelectual 23 1.3.5 A religio 23 1.3.6 As artes 23

    1.4 O Imprio de Acad 24 1.4.1 A economia 24 1.4.2 A cultura e a religio 24 1.4.3 Os Gtios e o fim do Imprio Acdio 24

    1.5 A III dinastia de Ur ou a renascena Sumria. 25 1.5.1 A decadncia de Ur 25

    1.6 O perodo Paleobabilnico. 26 1.6.1 A sociedade e a economia 26 1.6.2 A religio 26 1.6.3 A cultura 26

    1.7 Os sculos das grandes convulses. 27 1.7.1 Os Cassitas 27 1.7.2 Os Mitnios 27 1.7.3 Os Hititas 27

    1.8 Os Assrios 28 1.8.1 Os grandes perodos da histria assria 28

    1.8.1.1 O Imprio Antigo 28 1.8.1.2 O Imprio Mdio 28 1.8.1.3 O Imprio Neo-Assrio 29

    1.8.2 O rei 29 1.8.2.1 As Crises na sucesso dinstica 29

    1.8.3 O exrcito 29 1.8.4 A administrao 30 1.8.5 A sociedade 30

    1.9 O imprio Neobabilnico. 31 1.9.1 As Caractersticas do Imprio Neobabilnico 31

    1.10 O legado cultural da Mesoptmia 32 1.10.1 Religio e mitos das origens 32 1.10.2 A legislao 32 1.10.3 As cincias 32

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  • Civilizaes Pr-Clssicas

    1.11 Concluso Error! Bookmark not defined.

    A REGIO SIRO-PALESTINENSE 33 1.1 O meio Ambiente 33

    1.2 As fontes 33

    1.3 A formao do povo Hebreu 34 1.3.1 A poca patriarcal 34 1.3.2 Os Hebreus no Egipto 34 1.3.3 A Instalao dos Hebreus em Cana 34 1.3.4 A instalao das tribos: a caminho de um estado 35 1.3.5 A poca dos juzes 35

    1.4 A Monarquia 36 1.4.1 Saul 36 1.4.2 David 36 1.4.3 Salomo 36 1.4.4 Os dois reinos 37

    1.4.4.1 Revolues em Israel e Jud 37

    1.5 Os Hebreus perante a ofensiva Assria 38 1.5.1 As fontes 38 1.5.2 Jud e Israel no contexto histrico do sculo VIII a. C.. 38

    1.5.2.1 Israel 38 1.5.2.2 Jud 38

    1.5.3 A interveno militar da Assria 39 1.5.4 As consequncias da conquista assria 39

    1.6 O reino de Jud aps a queda de Samaria. 40 1.6.1 Os ltimos anos do reino de Jud 40

    1.7 O cativeiro da Babilnia. 41

    1.8 O ps-exlio: incio dos novos tempos. 41

    1.9 A concepo da Histria, segundo os judeus. 42

    1.10 A Sociedade e as instituies. 43

    1.11 Religio 44 1.11.1 A religio patriarcal 44 1.11.2 As Caractersticas do deus dos Hebreus 44 1.11.3 O culto 44 1.11.4 A Bblia 44

    OS HEBREUS E OS POVOS VIZINHOS 45

    1.1 Os povos da Sria 45

    1.2 Os Fencios 45

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  • Civilizaes Pr-Clssicas

    Egipto

    1.1 A Civilizao Egpcia

    1.1.1 O Pas e os Habitantes a situao geogrfica do Egipto a importncia do Nilo e das suas cheias a composio tnica da populao do Egipto antigo a importncia de Jean Franglais Champollion para a decifrao da escrita egpcia

    e, consequentemente, para uma maior compreenso da histria deste povo As principais fontes para a histria do Egipto antigo.

    1.1.1.1 O Nilo O Egipto era constitudo pelo rio Nilo e pelas suas margens, era um dom do Nilo (e uma criao do homem), como escreveu Herdoto. A cheia atinge o Egipto pelos meados de Julho. Por essa razo, os egpcios escolhiam o dia 19 desse ms como incio do novo ano. irrigao natural seguia-se o trabalho do Homem, abrir canais, levantar diques e fazer represas. Se o Nilo no o Egipto, ele foi realmente, uma condicionante econmica e poltica na histria do Egipto e constituiu tambm um elemento bsico de unidade geopoltica desde o Delta at Nbia e ao Sudo.

    1.1.1.2 Os Egpcios Eram o resultado de uma mistura de povos, onde se misturaram o elemento africano "branco", o "semtico" e ainda o "negride" que afluram em pocas diferentes. Todos formaram um povo com uma cultura prpria, autnoma, diferente das outras. Nas representaes dos tmulos retratavam-se de modo diferente dos seus vizinhos. Por exemplo, na maneira de vestir. Consideravam-se superiores a todos os outros povos e no apenas no aspecto exterior. Tornava-os superiores, a cultura, o sentido prtico da vida, o gosto artsticos...

    1.1.1.3 A lngua e a escrita A lngua era o reflexo desta mistura de raas e etnias. actualmente uma lngua morta. O texto gravado na pedra de Roseta, encontrava-se em 3 verses: grego, caracteres hierglificos (sagrados) e escrita cursiva (demtica). Foi Jean Franois Champollion quem decifrou a inscrio hieroglfica e demtica em 1822.

    1.1.2 Fontes da histria do Egipto. Existem trs tipos de fontes: escritas, arqueolgicas e artsticas.

    Antes de Champollion: textos biblcos, escritores gregos, padres da Igreja e o testemunho de Maneton; Depois de Champollion: torna-se possvel o acesso s fontes, actualmente j no se decifra mas l-se e traduz-se.

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  • Civilizaes Pr-Clssicas

    1.2 A Evoluo Poltica

    os perodos que dividem cronologicamente a histria do Egipto so convenes, propostas pelos historiadores, a partir de critrios objectivos, apesar de no serem coincidentes nas balizas iniciais nem nas terminais

    no Perodo Arcaico ou Tinita, os Egpcios descobriram a escrita, o calendrio solar, foram elaborando os mitos das origens e praticaram o culto dos mortos e a mumificao

    o Imprio Antigo foi a poca das grandes pirmides, da afirmao do culto do deus Sol, R, da construo dos templos solares e do estatuto divino do fara, o filho de R

    a V Dinastia marcou simultaneamente o apogeu do Imprio Antigo e o incio do seu declnio

    no I Perodo intermdio, originado com a morte de Pepi II, a anarquia poltica e social levou ao desmembramento do Egipto em trs regies

    a reunificao, feita a partir de Tebas, deu origem ao chamado imprio Mdio A XII Dinastia foi uma das mais importantes da Histria do Egipto durante o Imprio Mdio, salientou-se o fara Sesostris III, da XII Dinastia, que

    encabeou as campanhas militares contra a Nbia e a Palestina o Imprio Mdio terminou com o domnio do Egipto pelos Hicsos que, entretanto, se

    tinham estabelecido no Delta os Hicsos introduziram o bronze do Mediterrneo oriental no Egipto, produzindo

    uma revoluo na arte da guerra e nas tcnicas de fiao e de tecelagem a expulso dos Hicsos ocorreu durante a XVII Dinastia e foi encabeada pelos

    prncipes de Tebas o Imprio Novo, cuja capital foi Tebas, caracterizou-se por ser a poca de

    expanso territorial e de apogeu do Egipto faranico a Nbia tornou-se provncia egpcia no Imprio Novo foi neste perodo que o Egipto tentou, com Amenofis IV ou Akhenaton, a sua

    experincia monotesta (culto de Aton, o disco solar) depois do Imprio Novo houve a queda do poder faranico e comeou a dominao

    estrangeira no Egipto os Assrios foram expulsos por Psametico I, prncipe de Sais, que deu incio ao

    perodo sata, o ltimo perodo de esplendor do Egipto, antes dos domnios persa, macednio e romano

    o perodo sata definiu-se por uma renascena cultural e artstica e por uma evocao e imitao dos modelos ancestrais, nomeadamente do Imprio Antigo

    na poca Baixa, o Egipto entrou no mundo e na cultura do Mediterrneo, perdendo muito da sua autonomia poltica e individualidade prpria.

    1.2.1 O Perodo Arcaico ou Tinita (3000-2635 a.C.) No Egipto, os incios da histria coincidiram com a documentao proveniente dos tmulos reais de Negada e de Abidos, no Alto Egipto. O rei que teria reunido as 2 terras teria sido Mens ou Narmer, mas j antes deste haviam reis no Norte e no Sul (eram conhecidos por adoradores de Hrus). Os reis deste perodo tiveram por capital This ou Thinis. Constituram apenas 2 dinastias, conhecidas por Tinitas. A documentao da poca escassa, pelo que temos que recorrer aos testemunhos da Arqueologia, que tambm no abundam. Os reis das 2 dinastias Tinitas tiveram que combater os inimigos nbios a Sul, os lbios a Oeste e a Leste os bedunos do Sinai. Em qualquer dos casos, tratou-se de conter as infiltraes destes povos vizinhos. Outra constante da poltica seria o equilbrio no relacionamento com os Nomarcas (prncipes dos Nomos). A arquitectura revelava j elevado nvel tcnico. Na Astronomia estabelecia-se o calendrio solar de 12 meses de 30 dias. Nesta poca, descobre-se a escrita, elaboram-se os mitos das origens do cosmos e da Humanidade (Osiris, Set e Isis). Generaliza-se o culto dos mortos e a mumificao. Este perodo situa-se na fronteira entre a pr-Histria e a Histria.

    1.2.2 O Imprio Antigo ou Menfita (2635-2154 a.C.) o grande progresso alcanado pela Arquitectura que permite falar de uma nova Dinastia, a III, que marca o incio do Imprio Antigo. O 1 Rei ter sido Senquete ou Djoser, este ltimo promoveu incurses Nbia e ao Sinai. A capital mudou de Abidos (This) para Menfis. A centralizao da Administrao levou o fara a fazer-se ajudar por um vizir. Imhotep, vizir de Djoser, que foi elevado categoria de

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  • Civilizaes Pr-Clssicas Deus, filho de Ptah. As pirmides contrudas neste perodo foram: as Pirmides de degraus de Sakara (construdas por Imhotep) e as de Giza (Kehops, Kefren e Mikerinos). A partir da V Dinastia diminui a monumentalidade destas construes. Tambm durante a V Dinastia, se desenvolveu o culto do Deus Sol (Re). So construdos os Templos Solares, ainda hoje se pode ver um terrao com um obelisco de 36 m, simbolizando o Sol a Norte de Sakara, em Abusir. A actividade constructora reflecte a prosperidade dos seus reinados, e para tal tambm contribuiu a actividade militar. O apogeu do Imprio Antigo, verificou-se na V Dinastia, a poca da construo dos templos ao deus R, cujo culto exerceu forte influncia no "estatuto divino" do fara, filho de R. Os faras, a partir de NeferiKare, so filhos de Re e fizeram construir tempos solares, junto das suas Pirmides (caso de Abusir, perto de Sakara). Desta forma, faziam perpectuar junto dos seus tmulos, para a eternidade, o culto do Sol. A V Dinastia marca o apogeu do Imprio mas tambm o incio do seu declnio. Os funcionrios reais tornaram-se hereditrios, esta aristocracia hereditria tornou-se independente e foi-se subtraindo autoridade do Rei. Ficariam famosos tambm: - Pepi I (manteve boas relaes com Biblos, mas fez incurses na Palestina, Fencia e na Nbia); - Merenr I (filho de Pepi I, que morreu novo); - Pepi II (meio irmo de Merenr, realizou expedies Nbia mas com o avano da idade ficou isolado e os Nomarcas foram-se tornando senhores independentes). O Imprio Antigo, que terminava com a morte de Pepi II, ficou na memria como uma poca de esplendor.

    1.2.3 O I Perodo Intermdio (2154-2040 a.C.) A causa fundamental da crise foi a decadncia do poder central e as usurpaes locais do poder. O comrcio externo paralizou, houveram tmulos reais violados e roubados, foram desrespeitados os ttulos de propriedade, os funcionrios foram rejeitados, foi a desordem que se prolongou pelas VII, VIII, IX e X Dinastias. No s os faras perderam o poder bem como os Nomarcas no o mantinham, como desejavam. Tambm a falta de vigilncia das fronteiras foi sinnimo desta crise. Conhece-se pouco da VII e VIII Dinastia, sabe-se que no fim da VIII Dinastia o Egipto estava dividido em 3 partes:

    Norte, onde dominavam os invasores asiticos; Centro, cuja a capital continuava a ser Menfis; Sul, onde os governadores de Tebas reuniram os Nomos sua volta.

    A IX e X Dinastia ficaram melhor conhecidas. O ensinamento para o Rei MeriKar, escrito por Aktos, Rei de Heraclepolis, demonstra uma tica elevada com observaes de poltica externa e interna. a 1 composio que se conhece a defender a inteligncia em contrrio da violncia na vida poltica. Esta filosofia que reinava na corte de Heraclepolis, iria ser vencida pelos Reis de Tebas (que conseguiram unificar o pas, dando incio ao novo perodo).

    1.2.4 O Imprio Mdio (2040-1785 a.C.) Durante a XI Dinastia, o pas foi reunificado pelos Faras descendentes dos Nomarcas de Tebas. Existiram 3 faras com o nome de Mentuhotep, que restauraram o poder central e retomaram a poltica de expanso para a Nbia e o Sinai. A passagem da XI para a XII Dinastia foi feita por Amenems, esta foi uma das mais importantes da histria do Egipto. Sesstris I teve como preocupao apoderar-se das minas de ouro da Nbia. Amnems II e Sesstris II tiveram reinados mais apagados. Sesstris III distinguiu-se nas campanhas da Nbia e Palestina. Amenems III, IV e Sebeknefervr tiveram reinados pouco conhecidos. Durante a XII Dinastia:

    Restaurou-se o poder real; Fizeram-se grandes construes, no s de templos e tmulos, mas tambm de fortificaes, para defesa contra os inimigos; Promoveram-se as campanhas referidas (Nbia e Palestina) e ainda contra os Lbios (visando controlar as vias de

    comunicao); Organizaram-se expedies comercias para a regio de Punte e para Creta;

    O facto de se encontrarem vrios tipos de objectos, revela que o Egipto do Imprio Mdio, durante a XII Dinastia, estava relacionado com o mundo civilizado dessa poca. As XIII e XIV Dinastias so menos conhecidas e o ltimo fara da XIV Dinastia (Nehesy) j se considerava vassalo dos Hicsos, que tinham a capital no Delta.

    1.2.5 O II Perodo Intermdio: os Hicsos (1785-1551 a.C.) O perodo com incio no sc. XVII a.C. caracterizou-se no Mdio Oriente por invases e instabilidade, existiram deslocaes por parte dos Hititas, Hurritas, Montanheses do Zagros e dos Cassitas. Estas deslocaes empurraram para Oeste nmadas Semitas, que penetraram no Egipto e se fixaram na regio do Delta (em Avaris). A estes regentes dos pases estrangeiros, Maneton chamou-lhes Hicsos (Heqa-khasut=chefe ou regente de pas estrangeiro).

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  • Civilizaes Pr-Clssicas Dominaram todo o Egipto durante 6 reinados (que duraram entre 100 a 150 anos). Utilizaram armamento que os Egpcios desconheciam, bem como pela 1 vez, o carro de guerra atrelado a cavalos. Enquanto estiveram no poder estabeleceram relaes com a Babilnia e com Creta. Consequncias da presena dos Hicsos no Egipto:

    Divulgao da cultura do Bronze do Mediterrneo Oriental; Introduo do carro de cavalos de origem asitica; Novos mtodos de fiao e tecelagem; Novos instrumentos de msica; O conhecimento da azeitona e da rom; Costumes funerrios sofreram transformaes (o caixo passou a ser uma caixa antropomrfica);

    Acabariam por ser expulsos pelo Prncipe de Tebas (Kamos), tornando-se Tebas a capital do Imprio.

    1.2.6 O Imprio Novo (1554/1-1070 a.C.) O Imprio Novo, cuja capital foi Tebas, caracterizou-se por ser a poca de expanso territorial e de apogeu do Egipto faranico. Amsis iniciou a XVIII Dinastia, a 1 do Imprio Novo. Esta foi a poca de maior esplendor do Egipto faranico. Efectuou campanhas na Palestina, na Fencia e na Nbia. Com ele, as guerras deixaram ser defensivas e passaram a ser meios de conquista. Os Reis desta Dinastia iriam continuar as tendncias imperialistas, estendendo o seu domnio militar e poltico at ao Sudo e ao Eufrates. Amenfis I prosseguiu a obra de reconquista at ao Eufrates. Com Tutmsis I, a Nbia, a partir da 3 catarata, ficou definitivamente a pertencer ao Egipto, tornando-se uma provncia. frente da Nbia, encontrava-se o seu governador ("Filho Real da Nbia"). Como 1s faras da XVIII Dinastia, os Kushitas tornam-se Egpcios Tutmsis I, subjugou a Palestina e a Sria e penetrou na Mesopotmia, fazendo erigir junto o Eufrates uma estela da Vitria. Tutmsis I, era filho bastardo de Amenfis I, Tutmsis II era filho bastardo de Tutmsis I e por sua vez, Tutmsis III era filho bastardo do Tutmsis II. Tutmsis III no foi logo proclamado rei, uma vez que era muito novo. Assim, quem assumiu a regncia foi a rainha-viva, a sua tia Hatshesput. Esta regncia durou 22 anos. Contou para isso, com o apoio dos sacerdotes de Amon, que recorreram a argumentos pseudo-religiosos para proclamarem o seu direito realeza. O seu reinado foi tranquilo militarmente e por isso, o poderio egpcio diminuiu na Sria e na Mesopotmia. Teve importncia pelas posies comerciais para o estrangeiro, designadamente para o Punt. O reinado de Tutmsis III foi dos mais prsperos para o Egipto:

    Ampliou as fronteiras para o Oriente (como nunca tinha sido conseguido); Em 17 campanhas reconquistou a Sria e a Palestina; Apoderou-se da Fencia; Tomou a cidade de Cadesh; Venceu os Mitnios;

    Tentou egipcianizar os povos conquistados levando os prncipes dos territrios conquistados para serem educados no Egipto, embora esta poltica no tenha tido sucesso. No fim da sua vida dirigiu a sua ateno para a Nbia e o Sudo. Amenfis II e Tutmsis IV tiveram reinados pacficos. Amenfis III teve que enfrentar os Hititas, que instigavam na Sria uma coligao anti-egipcia. Amenfis IV quis impor o culto nico a Aton, o disco Solar e foi com esse objectivo que mandou eliminar o nome de Amon em todas as inscries monumentais. No entanto, esta poltica era um henotesmo e no um monotesmo. Nesta revoluo, a sua esposa Nefertiti teve um papel de relevo. Amenfis IV, para se livrar do poder de Amon, afastou-se de Tebas e instalou a capital em Tell El Amarna. At mudou o seu nome de Amenfis IV para Akhenaton, mas esta estratgia no teve sucesso. Tutankhaton, o marido da 2 filha ficou com o poder e mais tarde mudou o nome para Tutankhamon. Ficou clebre pelo seu tmulo (descoberto em 1922 por Howard Carter). No fim da XII Dinastia a viva de Tutankhamon ainda casou com Ay mas o seu reinado foi curto. Horemheb foi general de Amenfis IV e desempenhou importante actividade militar no Sul da palestina. Ramss I reinou 2 anos. Seti I recomeou as campanhas militares no Oriente. Ramss II realizou uma expedio ao Sudo e foi combater os Hititas e os seus aliados em Cadesh. Aps a batalha de Cadesh, os egpcios e os Hititas porque eram inimigos dos Assrios, assinaram um tratado de paz, auxlio e mtua defesa (1269 a.C.). Mernefta, filho de Ramss II, lanou uma campanha contra a Lbia. Os indo-europeus (que no reinado de Seti I tinham entrado na Lbia) conseguiram submeter os Lbios e passam a ser inimigos do Egipto. A partir de Mernefta comea a notar-se o declnio. O seu sucessor, Amnemis, foi destrudo e seguiram-se lutas pela sucesso. Na XX Dinastia, Setenquete, consegue destronar Yarsu e consegue associar ao trono o seu filho, Ramss III. Este teve um reinado curto mas fez reformas na administrao e organizao social do pas.

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  • Civilizaes Pr-Clssicas Seguem-se 8 reis, todos com o nome de Ramss. Mas a fraqueza dos Ramsidas era j evidente. As revoltas populares tiveram apoio no poder de Amon. Com Ramss XI, terminava o Imprio Novo (dita a poca mais brilhante da histria do Egipto).

    1.2.7 O III Perodo Intermdio (1070-714 a.C.) A crise aberta com a morte de Ramss I iria agravar a situao e o governo do Egipto iria passar por vrias mos:

    Sacerdotes de Amn; Lbios; Nbios; Assrios; Babilnios; Persas; Macednios; Romanos;

    Se exceptuarmos a XXI Dinastia (dos sacerdotes de Amon) e a da Sata, em todas as outras o Egipto foi governado por estrangeiros. O poder j estava dividido entre Sul e Norte no incio da XXI Dinastia. No Sul, quem tinha o poder era Herihor e no Norte quem tinha o poder era Semends (cuja capital era Tnis). O filho de Pianky, neto de Herihor, conseguiu uma aparente unificao. Em Heracleoplis, surge um novo centro de poder: so os mercenrios Meshwesh e os Lbios. Estes conseguem conquistar o trono, quando uma famlia prestigiada conseguiu afastar os Reis Sacerdotes e instaurar uma nova Dinastia: a XXIII. Estes lbios surgiram como uma fora armada, capaz de governar em regime de ditadura, mas no conseguiram a unificao do Egipto. Estabelecendo-se em Heracleoplis, foram estendendo o seu poder a partir do Delta. As XXIII e XXIV Dinastias continuaram nas mos dos Lbios mas tambm no foi conseguida a unificao. Por volta de 745 surge uma Dinastia Nbia, de onde partiu a centralizao a partir de Napata.

    1.2.8 A poca Baixa (714-332 a.C.) Na XXV Dinastia (714-698) restabeleceu a ordem no Egipto. Pianky conquistou o Sul e avanou at ao Delta. Entretanto, os soberanos neo-assrios dilatavam as suas fronteiras a todo o Mdio Oriente e dirigiam as suas tendncias imperialistas para o Egipto. Em 671, Assarado conquista o Egipto, passando o mesmo a fazer parte do Imprio Assrio. Em 666, Assurbanpal (filho de Assarado) atacou de novo o Egipto e levou os revoltosos para Ninive. Nestas guerras com os Assrios era frequente os egpcios recorrerem ao uso de mercenrios (o que revela uma fraqueza).

    1.2.8.1 O Perodo Sata (664-525 a.C.) Psamico I inaugurou a XXVI Dinastia e a sua capital era Sas. Este foi o ltimo perodo de glria de um Egipto independente. A reunificao do Egipto e a restaurao do poder real por ele conseguida (ajudado por mercenrios, jnios e crios) foram as condies bsicas para a renascena cultural e artstica. Nesta poca aumentam as relaes com os Gregos. A Necao deveu-se a reabertura do Canal do Mar Vermelho ao Mediterrneo e a realizao de um priplo a frica com marinheiros fencios. No campo militar fez vrias incurses sia mas com isso descurou a grande implantao dos Gregos no seu pas.

    1.2.8.2 Persas e Macednios (525-30 a.C.) Cambises (Rei dos Persas) entra no Egipto em 525, mas mantm no trono Psamtico III (com quem acaba a XXVI Dinastia). A XXVII Dinastia (525-404) seria Persa, sendo os faras Imperadores da Prsia (de Cambises a Drio II, passando por Drio I, Xerxes e ArtaXerxes). Esta Dinastia apreciava bastante a coroa dupla do Egipto. O perodo Persa foi difcil para dominados e dominadores, sendo as revoltas constantes. Quando Alexandre Magno derrotou Drio III foi reconhecido como libertador. Depois destes povos o Egipto haveria ainda de ser governado pelos Romanos.

    1.2.9 O Egipto e o Mediterrneo O Egipto, nos perodos anteriores, esteve muito voltado para frica. Aps a expulso dos Hicsos, comeou com uma poltica expansionista para o Mdio Oriente. O Mediterrneo foi quase sempre descurado. Aps a Batalha de Cadesh esta situao alterou-se. Nos perodos Intermdios anteriores a falta de unidade consistia na diviso Norte/Sul. Aqui, assistimos ciso entre Norte e Sul e Nomos. O Mediterrneo passa a ser o interesse principal de vrios pases e tambm do prprio Egipto. O centro poltico deslocou-se para o Delta e a capital manteve-se em Tebas (para manter o domnio sobre a Nbia e o Alto Egipto). Estas mudanas tiveram grandes efeitos na histria do Egipto: como o Delta se situava no Mediterrneo e este facilitava ataques de estrangeiros, ele foi ao mesmo tempo centralizador de interesses para vrios povos mas descaracterizou o Egipto.

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    1.3 As Instituies e a Sociedade

    1.3.1 As Instituies

    o fara e deus a monarquia egpcia e uma teologia real h um imaginrio especfico da pessoa do fara a rainha encontra-se associada a imagem do rei o Egipto estava dividido em 42 nomos a administrao do Egipto estava entregue aos prncipes dos nomos e ao vizir o Egipto s se militariza a partir do Imprio Novo a famlia egpcia assentava no casamento monogmico para alm da famlia real, dos sacerdotes e dos altos funcionrios e escribas, a

    sociedade repartia-se pelos camponeses, artesos e escravos.

    1.3.1.1 O Rei O Rei Deus, est acima de todas as coisas, tudo lhe pertence e tudo feito para ele (impostos, guerras, etc). A monarquia Egpcia deve ser vista como uma doutrina religiosa, deve-se falar at de uma Teologia Real. O fara ("Grande Casa") est no princpio, meio e fim de tudo. O fara era o Hrus que manda na Terra (como Deus manda no cu). A partir da V Dinastia ganha o ttulo de filho de R, o domnio deste ocupa o vale do Nilo e o restante mundo. Este foi o ltimo ttulo e o mais importante. Existe at um conto que ensina que os 3 primeiros reis da V Dinastia eram filhos de R. A divinizao do soberano sustenta as estruturas ideolgicas, religiosas e metafsicas, sobre as quais assentava a ordem social e a estabilidade. O trono era sempre ocupado por um rei de agrado divino (mesmo quando estrangeiro). O exerccio do poder pelo fara tinha as seguintes limitaes:

    Os conselheiros; As famlias ricas; Funcionrios; Clero; Exrcito, etc.;

    neste meios que se geram intrigas e se encontra explicao para as mudanas frequentes de Dinastias. A partir da VI Dinastia comeam a salientar-se aspectos da debilidade e das limitaes humanas do fara. A imagem do rei divino vai-se enfraquecendo progressivamente a partir do I Perodo Intermdio, mas esta tendncia invertida a partir da XII Dinastia. O fara visto como um campeo invencvel. Os textos e inscries existentes so usados para exaltar a monarquia e o sistema. Os perodos de glria (como a XVIII Dinastia) favoreciam a divinizao do rei mas na XIX Dinastia esta tendncia inverteu-se novamente. A imagem do fara comeou denegrir-se e o facto dos mesmos no conseguirem as vitrias pretendidas tinha a ver com o facto de no estarem a cumprir a vontade de Deus. O "Ensinamento para o Rei Merikari" pretende ensinar como um rei deve reinar. O fara deve ser um Homem entre os Homens (com funes e responsabilidades). No aspecto fsico as vestes do fara so diferentes:

    Colocava barba postia; Colocava um xaile; Usava o "Uracu" (Insgnia real na nuca); Em festas, usava as 2 coroas (Coroa Vermelha - Baixo Egipto -Norte e Coroa Branca - Alto Egipto - Sul) ou uma espcie

    de barrete; A rainha era apenas uma (normalmente sua irm) mas na teoria, todas as mulheres pertenciam ao fara. O seu papel era bastante importante (Hatshepsut chegou a reinar durante mais de 20 anos) pois desde o princpio do Imprio Novo, que a rainha posta em grande evidncia. Alm da rainha, o fara tinha outras esposas.

    1.3.1.2 A Administrao O Egipto estava dividido em 42 nomos, cada um deles tinha um governador, o prncipe do nomo. O nomo era praticamente um pequeno estado. Os governadores transmitiam ordens do rei, dirigiam trabalhos pblicos, superintendiam nas actividades dos escribas e dos funcionrios, nas recolhas de tesouraria e dispunham de pessoal para vigiar as fronteiras quando o territrio sob a sua jurisdio confinava com pases vizinhos. Ou seja, cumpriam ordens do rei e desempenhavam funes administrativas e judiciais. Estas ltimas davam-lhes particular responsabilidade e prestgio. Para a administrao do pas existia o vizir, que era o amigo do Egipto. Ele era o intendente geral do reino, competindo-lhe praticamente o governo de todo o Egipto.

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  • Civilizaes Pr-Clssicas 1.3.1.3 O exrcito a partir do Imprio Novo que o exrcito ocupa lugar de importncia no Egipto. Este estava dividido em unidades de 40 homens, arqueiros ou lanceiros, comandados por oficiais. A partir da XVIII Dinastia, aparecem os carros de guerra puxados por cavalos. Ramss II possua quatro divises, conhecidas cada uma pelo nome de um deus: Amon, Re, Ptah e Sutek (Set). Repartidos em 20 companhias de 250 combatentes, tendo cada companhia a 5 seces de 50 soldados cada uma. A hierarquia a militar era bem definida. Algumas vezes o comando geral pertencia ao fara (Ex.: Amosis, Tutmsis I, Tutmosis III, Amenofis II, Seti I e Ramss II). Por vezes o exrcito contou com mercenrios e no Imprio Novo, a marinha desempenhou igualmente uma funo importante.

    1.3.2 A Sociedade

    1.3.2.1 A famlia A famlia egpcia assentava no casamento monogmico. O homem tinha uma nica esposa legtima, embora ao lado dela pudessem viver vrias concubinas e servas (o nmero de umas e de outras dependia das possibilidades econmicas do homem). A imagem que nos chega do Antigo Egipto a de harmonia familiar. Ptahotep escreveu um texto onde demonstra mesmo isso. Tambm se conhecem casos de bigamia e at de poligamia, principalmente na corte. Um caso bem conhecido foi o de Ramss II, que teve duas esposas reais: Nefertari (Neftera-Mernemut) e Ese-Nofre. No se conhecem bem as formalidades e convenes escritas de casamentos ou de divrcios. se um homem divorciado voltasse a casar, s ficava com um tero dos bens, vista que os outros dois teros passavam para os filhos. Os casamentos entre irmos, no Egipto, eram muito usuais para se manter ntegra a essncia no sangue do herdeiro real. No entanto, o termo "irm" ou "irmo" parece querer designar querida ou querido. A fidelidade conjugal era proclamada como um valor a defender. Os Homens deviam evitar o contacto com mulheres estrangeiras, e deviam casar-se novos. O Homem desejava ter um filho para lhe transmitir a herana, para lhe perpetuar o nome e para lhe prestar o culto funerrio. Estes deveres filiais eram to importantes que os filhos apontavam como ttulo de honra o cumprimento fiel de tais deveres. Com a presena de estrangeiros, principalmente com Tutmosis III, houve alteraes mas o estatuto bsico no se alterou.

    1.3.2.2 O quotidiano nos monumentos aos mortos que est representada a vida terrena. atravs das representaes nos tmulos que conhecemos a vida dentro e fora do lar. So sobretudo cenas da vida do campo que podemos observar mas tambm existem cenas da vida urbana,.nomeadamente da alta sociedade. Para alm desta alta sociedade havia tambm o trabalho do povo comum. O Egipto era um pas de reis e de altos funcionrios, mas era igualmente um pas de trabalhadores. Todos contribuam para o bem-estar comum, em que a grande maioria eram agricultores. As classes mais humildes tinham um nvel de vida razovel para a poca. 0 autor da Stira dos Ofcios descreve com cores muito carregadas a vida do campons. Pelo contrrio, 0 conto dos dois irmos apresenta a vida real de maneira atraente. Obviamente que a vida dos operrios no era to fcil. Os documentos de Deir el-Medina do-nos informaes sabre vrias geraes de operrios que trabalharam no Vale dos Reis. Tanto o Ensinamento de Duauf, vulgarmente conhecida por Stira dos Ofcios, bem como Herdoto, achavam que os egpcios se encontravam em trabalhos forados. Mas temos que ter presente que o autor tem presente um perodo difcil, que foi o I Perodo Intermdio No entanto, Daumas afirma que as pirmides so obras de um povo que fez isso pelo amor que lhes permitia entrar na eternidade a sombra do seu rei. Existiram reis que louvavam o trabalho dos seus operrios tal como Ramss II. Ficaram conhecidos certos movimentos reivindicativos dos trabalhadores entre os reinados de Ramss III e de Ramss XI.

    1.3.2.3 Os escravos Eram normalmente prisioneiros de guerra ou aprisionados por mercadores. No Egipto ficavam na posse do rei, que oferecia alguns aos templos e dava outros a particulares. No se pode falar da sua existncia no Egipto antes do Imprio Mdio. No entanto, durante o Imprio Novo, durante as campanhas militares entraram em grande nmero. O seu trabalho era feito no palcio real, nos templos e no prprio exrcito. Existiram estrangeiros que vieram a prosperar, pela via do exrcito, chegando a constituir uma poderosa fora poltica que se apoderou do trono. Os escravos podiam ser comprados, vendidos ou mesmo dados. Eram tratados, em geral, com certa humanidade. As condies de trabalho desses prisioneiros escravizados no eram muito diferentes daquelas que tinham os trabalhadores livres. A demarcao entre o escravo e o cidado parece, pois, muito fluida. Era-lhes reconhecido o direito de arrendar ou cultivar a terra e existiam testamentos que designam escravos como herdeiros e existem provas de que houve escravos que casaram com mulheres livres. A situao do escravo podia ser temporria, tal como a daqueles que se entregavam voluntariamente para servir algum, a fim de lhe ser garantida a subsistncia ou uma melhor posio social. Para alcanarem a liberdade bastava uma declarao do dono perante testemunhas.

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    1.4 A Economia

    o fara era o senhor de todo o Egipto a partir da IV Dinastia verificou-se a tendncia para a privatizao do solo o palcio real e os templos tinham uma funo econmica e poltica a agricultura foi sempre a base da economia egpcia, ocupando-se dela a maioria

    da populao a pesca, a explorao do solo e as relaes comerciais com o exterior foram

    igualmente importantes para a economia do Egipto toda a economia estava centralizada nas mos do fara, que a dirigia a produo dirigia-se aos vivos, mas tambm aos mortos a circulao interna de produtos tinha por base a permuta enquanto o comrcio

    externo usava o lingote metlico como meio de pagamento o Nilo e os seus canais foram a grande via de circulao interna.

    1.4.1 A agricultura e a pesca A economia do Egipto assentava na agricultura. O fara era teoricamente o proprietrio de todo o solo. O palcio real um grande estabelecimento econmico, um enorme armazm com numerosas sucursais. Graas a essas reservas estavam asseguradas as necessidades da famlia real, da multido dos funcionrios e dos trabalhadores que estavam ao servio do rei. A maior parte do que se produzia destinava-se aos celeiros reais. Este sistema atingiu o seu ponto culminante no Imprio Antigo, quando se construram as pirmides A partir da IV Dinastia, verificou-se a tendncia para a privatizao do solo. A partir de certa altura, o fara tinha dificuldades econmicas para responder s exigncias da administrao central. Este facto manifesto no Imprio Novo e exemplo significativo o de Amenofis IV. A agricultura esteve sempre no centra da economia egpcia e o trabalho da terra ocupava a maior parte da populao. Aps a inundao que destrua os limites dos campos, aparecia uma equipa de funcionrios, para marcarem, de novo, as extremas das terras, para se poderes comear a faina dos campos. Todas as fases (lavrar, abrir canais, levantar diques, etc) eram controladas e registadas por funcionrios da Administrao Pblica, conhecidos por olhos e ouvidos do rei. Este trabalho comunitrio era tambm praticado na actividade piscatria. A distribuio do peixe era feita gente comum, ao passo que a carne raras vezes chegava aos camponeses, por ser cara. Alm de agricultores e pescadores, existiam apicultores, padeiros, fabricantes de cerveja, cultivadores de hortalias, de tmaras, de figos, de vinho, etc. A cerveja era a bebida comum. O vinho era destinado as classes mais elevadas.

    1.4.2 O subsolo e as relaes comerciais O solo do Egipto proporcionava outras riquezas como os materiais de construo ou as pedras preciosas. Quanto metalurgia, o Egipto no foi rico, s tardiamente usaram o bronze (introduzido no Imprio Mdio). O ferro apenas se popularizou na poca Helenista. Ao Egipto afluram grandes riquezas do exterior, tanto pela via do comrcio como pelas pilhagens. A Nbia merece uma referncia especial por ser a grande produtora de ouro, que teve importncia primordial na histria do Egipto. A diplomacia desempenhava um papel importante. Mas, apesar de todas as riquezas, o Egipto no teria alcanado a prosperidade que se conhece, se no se tratasse de um povo inteligente e organizado. Falar da economia significa referir no s a produo de bens materiais mas tambm a distribuio e consumo. A economia tinha como objectivo principal a alimentao do povo. Ao fara incumbia o sustento de todos. O nascimento significava mais uma boca a alimentar mas os Egpcios deixavam vingar todas as crianas. A alimentao chegava para todos os vivos e tambm para os mortos. Os Egpcios acreditavam que o esprito continuava a viver enquanto o corpo subsistisse. Dai a preocupao com a mumificao dos corpos. A maior parte dos bens dedicados aos mortos eram consumidos pelos encarregados dos cultos funerrios. No pas do Nilo, o comrcio interno nunca foi florescente, mas no poder dizer-se o mesmo do comrcio externo, que conheceria pocas de prosperidade, como aconteceu nas pocas sata e ptolemaica Qualquer forma de comrcio na Alta Antiguidade teve as limitaes resultantes da falta de moeda. O pagamento era feito pela permuta de bens e, s num segundo momento, estes foram avaliados com referencia a um padro metlico Existiam mercados de rua onde existia troca de bens por bens. No entanto, no comrcio inter-cidades ou para o exterior, recorreram ao sistema ponderado, isto e, o preo abstracto das coisas foi definido segundo um padro metlico A cunhagem de moeda apenas surgiria nos sculos VIII-VII a. C., na Ldia mas deve-se ao Egipto o sistema de racionalizao de pagamentos. 0 metal, usado como referencia, no foi sempre o mesmo. Para calcular mltiplos ou submltiplos, usavam o sistema sexagsimal. S na XIX Dinastia, encontramos o sistema decimal.

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  • Civilizaes Pr-Clssicas 1.4.3 A circulao dos bens e das pessoas: as vias A grande via de circulao de pessoas e de bens era o rio e os seus canais. Para os caminhos de terra, usava-se como meio de locomoo o burro. No Imprio Antigo pode-se ver mesmo uma espcie de liteira sobre o dorso de dois burros para transportar pessoas da alta sociedade. O cavalo s se divulgou no Egipto com os Hicsos. No era montado, mas usado para puxar o carro. sobretudo, a partir da XVIII Dinastia que os cavalos so representados a puxar os carros. Era muito normal o uso do barco no Egipto e estes existiam em grande variedade. Quanto s dimenses, sabemos que havia desde a canoa pequena ate navios com mais de 50 m de comprimento.

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    1.5 A religio

    religio egpcia era politesta as trs principais fontes para o estudo da religio so: o Livro das Pirmides, o

    Livro dos Sarcfagos e o Livro dos Mortos o culto era o cerne da religio o fara era o regulador desse culto existiam duas snteses teolgicas: a de R, o deus sol, e a de Osris as snteses teolgicas constituam famlias de deuses na religio tinha origem a teologia da realeza, sendo o fara descendente de

    Hrus, filho de Osris a partir da V Dinastia, o fara comeou a intitular-se tambm filho de R com os faras do Imprio Novo, cresceu o prestigio do deus Amon que se viria a

    identificar com R, tornando-se Amon-Re no Egipto houve, desde tempos remotos, o culto dos animais sagrados, mas a sua

    vulgarizao ocorreu durante o Imprio Novo o culto dos deuses obedecia a rituais litrgicos o culto dos mortos estava intimamente ligado a crena numa vida eterna.

    A antiga religio egpcia francamente politesta, apesar do episodio passageiro de Akhenaton, em plena Imprio Novo, ao querer que se adorasse unicamente Aton. medida que o Egipto se foi unificando tambm o culto dos deuses foi ganhando alguma coeso. Quando um nomo estendia o seu domnio a outros, tambm os seus deuses se sobrepunham aos desse territrio. Este processo de assimilao verificou-se durante toda a histria do Egipto. As fontes para o estudo da religio so inmeras As trs obras clssicas so:

    o Livro das Pirmide (compilao das gravuras existentes nas pirmides de Sakara e que compreende textos litrgicos e formulas relativas ao destino do rei no outro mundo).

    Livro dos Sarcfagos ( do Imprio Mdio, uma recolha de textos escritos no interior dos sarcfagos de madeira, com o objectivo de dar resposta s necessidades do defunto no outro mundo).

    o Livro dos Mortos ( compilao de textos funerrios em rolos de papiro).

    1.5.1 Os Princpios Bsicos 0 fundamental na religio egpcia adorar os deuses, no o conjunto de crenas, nem sequer a moral da resultante, mas sim o culto. Quem regula o culto o rei e ele o garante do servio pblico em todo o territrio, permitindo aos sacerdotes locais as suas elaboraes teolgicas

    1.5.2 Duas snteses teolgicas Segundo O livro das Pirmides, existiam duas snteses principais:

    a sntese solar com origem em Helioplis, que tinha coma deus supremo R.

    a sntese osiriana. Em ambos os casos, o agrupamento dos deuses fazia-se por famlias, segundo o esquema pai-me-filho, ou seja, as trades. Helioplis tornou-se a sede principal do deus Sol. O seu culto estendeu-se por todo o pas. Representavam-no com forma humana, colocando-lhe na cabea a coroa dupla. Com essa forma chamavam-lhe Atum. Sob a forma de escaravelho, recebia o nome de Kepra. Sob a forma de um homem com cabea de falco, tendo por cima da cabea o disco solar e uma cobra, conhecida por Uraeus. Sob essa forma, ele era conhecido por R.

    DEUS SOL ( R - Atum - Kepra ) ----------------------------------- ------------------------------------------

    Shu + Tefnut ----------------------------------- ---------------------------------------

    Geb + Nut 14

  • Civilizaes Pr-Clssicas ----------------------------------------------- -----------------------------------------------

    Osiris + Isis + Set- Neftis A escola de Hermpolis, ao contrrio da escola de Helioplis. Em vez de apresentar a Eneade (novena dos deuses primitivos), apresenta a Octoade(oito deuses), mas de uma forma muito diferente. Estes deuses, em vez de sarem do deus Sol, precederam-no. Tot era o deus local de Hermpolis, do qual nasceria, em ltima anlise, o prprio deus Re. Nasceram de Tot, os casais primitivos que tinham os nomes de Noite, Trevas, Mistrio e Eternidade. Esta escola, em vez de se subordinar tudo a R, criou uma sntese, onde tudo acabara por se subordinar a Osiris, Isis e Hrus. Santurios menos importantes tambm tiveram os seus sistemas teolgicos, assim se explica como Mnfis, ao tornar-se capital, elevou o seu deus Ptah a categoria de deus supremo. Alm dos templos, tambm o povo ia criando lendas a respeito dos deuses, corno foi o caso da lenda de Osiris. Antes de subirem ao cu, estes deuses haviam reinado na terra. Por tal razo, as antigas listas reais comeavam por eles e o papiro de Turim at indica o nmero de anos do reinado de cada um. O ltimo desses deuses, Osiris, deixou a realeza a seu filho Hrus. Dai por diante, todos os reis do Egipto que haveriam de seguir-se eram seus descendentes. Os direitos do rei fundavam-se, portanto, na sua natureza divina, que era transmitida pelo sangue. Eis o grande fundamento da teologia da realeza no Egipto. Esta legitimao foi sempre afirmada e nas primeiras dinastias, a divindade do fara era impreterivelmente explicitada em funo da sua descendncia de Horus. Era de sangue divino por nascimento e, depois da entronizao, tornava-se uma rplica do prprio Hrus.

    1.5.3 O fara, descendente de Hrus e deus Sol O fara, descendente de Hrus, passou a ser tambm considerado uma encarnao terrestre do deus Sol Re. A glria do fara associou-se sempre glria do deus Sol. Quando o trono passou para uma famlia de Tebas, o deus Amon passou a ser o grande deus nacional, mas para que isso acontecesse foi necessrio que se tornasse um deus solar. Tornou-se Amon-Re, o deus Sol, o pai natural de todos os faras As vicissitudes polticas tinham os seus reflexos na prpria titulatura. No Imprio Antigo, o rei foi chamado o grande deus; no Imprio Mdio, era o bom deus, no Imprio Novo, era o filho de Amon-Re,vou seja, o que faz as vezes de deus. Quando a sucesso no se processava com normalidade, recorria-se a uma fico para legitimar o rei. A explicao bsica era esta o deus Sol tinha intervindo directamente no seio da me. Dessa forma ele havia adquirido a pureza do sangue solar. Qual quer que fosse a origem do fara, ele acabava por ser sempre da estirpe divina.

    1.5.4 Os animais sagrados Foi durante o Imprio Novo que se vulgarizou o culto dos animais, embora em tempos remotos cada nomo admirasse um animal (em particular. Neste perodo v-se alastrar o culto por animais sagrados. 0 culto dirigia-se a um nico indivduo da espcie, que era escolhido por ter marcas particulares. Esse animal era entronizado no interior do prprio recinto sagrado, embora a jaula ficasse fora cia templo. Era ali que ocorriam as oferendas, quando morria, realizavam-se funerais com grande pompa. Embora entrasse na prpria religio oficial, ocuparam a apenas um lugar secundrio, mas o seu culto generalizou-se entre o povo.

    1.5.5 O culto aos deuses 0 culto dirigia-se a pessoa do deus. Faziam-se oferendas ao deus. Estas cerimnias realizavam-se trs vezes ao dia, dentro do santurio Em certas festas o dolo saia do santurio. Durante o percurso actuavam coros de msica e de cantares e o deus recebia as homenagens da multido.

    1.5.6 O culto dos mortos Era crena muito arreigada que a alma, mesmo separada do corpo, continuava a ter necessidade dele para subsistir. Estas crenas no post mortem atingia de tal forma a sociedade que lhe determinava o comportamento, a prpria organizao e no apenas as prticas rituais, por ocasio dos funerais, mas tinha consequncias na prpria economia. Como consequncia desta crena da vida aps a morte surge a mumificao, de incio bastante simples, mais tarde, mais complexa. De incio os cadveres, envoltos em peles, eram colocados nos desertos para que a secura os conservasse. Depois, foram-se inventando processos de conservao e desenvolveram-se tcnicas de embalsamamento que atingiram grande perfeio. Concludo o enbalsemamento pensava-se na proteco mgica, no faltando para isso amuletos e o traado de linhas e figuras

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  • Civilizaes Pr-Clssicas simblicas sobre o prpria cadver Nunca deveria faltar, por exemplo, um escaravelho colocado sabre o peito 0 funeral fazia-se com pompa, no faltando as carpideiras, mulheres que tinham a profisso de chorar nestas ocasies Aps a morte, o morto tinha de passar pela grande sala da justia, onde se encontravam, ao lado de Osiris, 42 figuras de gnios, com vrios tipos de cabeas A o morto deveria proclamar a sua inocncia em vrios pecados. Se a balana sobre a qual estava o corao testemunhava que no tinha pecado, que era verdadeira a sua confisso, ento Thot, o escriba dos deuses, escrevia a sentena que era dada pelo tribunal divino. A partir da Horus tomava o morto pela mo e conduz este novo sbdito a seu pai Osiris. A definio do modo e do lugar de felicidade variou conforme as pocas e as regies Para os habitantes do Delta, esse lugar era uma ilha, conhecida por Campos Eliseos, onde havia uma Primavera eterna. Instituiu-se o servio de oferendas ao morto. De incio, tal servio era custeado por fundaes reais. Mas, com o empobrecimento da monarquia, a partir da Vl Dinastia, o tesouro real no podia suportar tanta despesa com a obrigao de alimentar os mortos, apelou-se ento generosidade privada e comeou-se a recorrer a frmulas mgicas que substitussem a alimentao semelhana da vida terrena, colocavam-se no tmulo estatuetas de servos ou de mulheres para que se transformassem em seres vivos e reais no mundo do Alm. Ficaram conhecidas essas estatuetas funerrias por shawabtis, que no tero surgido antes da Xl Dinastia.

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  • Civilizaes Pr-Clssicas

    1.6 A cultura

    uma das funes mais respeitadas era a dos escribas as escolas dos escribas estavam ligadas carte, aos templos e aos servios

    centrais da administrao a medicina, a astronomia e o clculo eram ensinados em escolas prprias,

    designadas casas da vida o suporte da escrita egpcia era, por excelncia, o papiro os caracteres hieroglficos eram inicialmente figurativos, antes de serem

    cursivos a escrita hieroglfica cursiva subdividia-se em hiertica ou sacerdotal e

    demtica h testemunhos de literatura egpcia desde o III milnio a. C. houve uma ntima relao entre a religiosa e a literatura os Egpcios cultivaram a literatura sapiencial, as biografias, os anais, o

    teatro, o romance histrico, a narrativa e a poesia a tcnica do paralelismo caracterizou a poesia egpcia e foi comum a todo o Mdio

    Oriente Antigo a literatura alcanou o seu perodo ureo, durante o Imprio Mdio a tradio egpcia permaneceu na literatura, at ao perodo romano os Egpcios preocupavam-se com o conhecimento universal, elaborado a partir da

    experincia do concreto e da aplicao de tcnicas cultivaram a matemtica, a astronomia e a medicina a astronomia e a medicina estavam ligadas a magia aos Egpcios se devem o calendrio solar e os primeiros relgios a religio e a realeza estavam intimamente interligadas com a arte.

    1.6.1 O escriba A funo de escriba era das mais respeitadas, aquele que queria aprender a profisso de escriba era encaminhado para a escola na idade infantil. Supunha-se que a criana tinha alguma inclinao para as letras. Toda a Stira dos Ofcios se orienta na concluso de que a profisso de escriba a mais importante de todas as as outras. De incio a escola estava ligada a corte mas tambm houveram templos que possuam escolas. Com o andar do tempo, outros centros de aprendizagem surgiram, ligados aos servios centrais de administrao. Existiram tambm as suas casas da vida onde se ensinava a medicina. Aps o curso geral de escriba, alguns podiam prosseguir os estudos em casas da vida, dedicando-se ao estudo da medicina, da astronomia e do clculo. Na escola a disciplina era rigorosa e o castigo fsico era considerado fundamental. O aprendiz de escriba servia-se de juncos para escrever inicialmente tabuinhas de madeira, recobertas com uma espcie de cera. Quando o estudante j estava mais adiantado, poderia ento utilizar a membrana de papiro. A tabuinha ou o papiro, no momento em que estavam a ser usados, encontravam-se colocados sabre uma paleta, assente sabre as pernas cruzadas do estudante, sentado no cho Para escrever o texto utilizava tinta negra para escrever o texto e tinta vermelha, para escrever o ttulo. Inicialmente a escrita comeou por ser figurativa, ou seja, a imagem correspondia a uma palavra. No entanto os caracteres hieroglficos foram-se esquematizando. Na famosa paleta de Narmer possvel verificar esta esquematizao. A escrita foi-se transformando numa escrita cursiva, escrita hiertica (sacerdotal). Para alm da cincia da escrita, o estudante tinha de aprender a boa letra e tambm a ortografia.

    1.6.2 A literatura As escolas de escribas foram o meio natural para o aparecimento da literatura. Nem sempre o texto escrito entra na categoria de obra literaria. Dizia-se que aquele que escreve se imortalizava como os deuses por isso no de estranhar que os escritores fossem tidos em grande apreo. Normalmente as obras no eram assinadas: reproduzia-se algo que era transmitido oralmente. O mesmo se aplicava aqueles que faziam registos de carcter administrativo ou de algum patrimnio. O mesmo j no acontecia com as obras ditas sapinciais

    1.6.2.1 No imprio Antigo Os primeiros textos literrios vm j do princpio do III milnio A literatura um anexo da Religio, derivando dela e servindo-a. No quer isto dizer que os escritos de fundo religioso, por exemplo o Texto das Pirmides, sejam por sua natureza obras de literatura, embora se possam encontrar a passagens de elevado nvel literrio Os autores usaram o verso, servindo-se da tcnica do paralelismo, que caracteriza a poesia de todo o Mdio Oriente Antigo. Dentro da literatura religiosa chegaram-nos tambm hinos de louvor aos deuses e dilogos mitologicos. Um outro gnero literrio o da literatura sapiencial. Essa sabedoria no e uma proposta de cdigo moral, mas uma experincia de honestidade no caminho da vida. O exemplo mais antigo o Ensinamento de Kagemni mas o mais

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  • Civilizaes Pr-Clssicas importante o Ensinamento de Ptahotep. Outras obras de literatura sapiencial, propriamente didctica, conhecidas pares ensinamentos, nos chegam do Imprio Antigo, sendo de destacar a Instruo do Prncipe Hardjedef. Outro gnero foi o das biografias, sem que esta palavra nos permita pensar em trabalhos de historiografia. Nesse campo, no ultrapassaram a gnero dos anais. Aos Egpcios interessava principalmente transmitir para a posteridade o nome do rei e os seus altos feitos. Quando falamos de biografias, referimo-nos a certas obras onde se do informaes sobre o modo de vida de algumas pessoas. Esto neste caso as obras de elogio a algum que morreu e de quem se recordam as virtudes. No primeiro caso, bom recordar-se a Autobiogra fia de Herkhuf, como segundo caso, ser bom referirmos a Aautobiografia de Uni.

    1.6.2.2 No I Perodo Intermdio Uma das obras clssicas deste perodo a Profecia (de Admonio) de Ipuver. Esta obra faz aluses directas a decadncia do Poder Central. O seu pessimismo profundo transparece em toda a obra, revelando uma verdadeira situao de calamidade nacional. A literatura o espelho de uma poca. No IX e X sculo, surgem obras de sabedoria atribudas a reis que do conselhos aos filhos. Existem novas exigncias polticas que passam para a literatura. Nos ensinamentos Kheti III, reconhece-se que apesar do rei ser Deus, este tem que aprender a governar.

    1.6.2.3 No imprio Mdio Nesta poca aparecem o teatro e a biografia romanceada. Os temas do teatro egpcio eram exclusivamente religiosos, tendo, por fim, dado vida aos mitos sagrados. A biografia na realidade um romance histrico. Encontramos um bom exemplo nas Aventuras de Sinue, possivelmente a obra mais apreciada do Imprio Mdio A literatura narrativa manifesta-se pela forma do conto, de que so exemplos o Conto do Nufrago e o do Rei Kheops e os Mgicos, duas obras, certamente, mais sbrias mas ainda assim importantes. 0 conto, nas suas inverosimilhanas, um paradigma da literatura narrativa e reflecte aspectos vrios da sociedade egpcia Na XII Dinastia, o fara Amenemes deixou-nos as suas memrias, um documento de grande valor informativo de poca. Esta uma obra de literatura pessimista, caracterstica tambm patente noutras obras da poca, como por exemplo a atribuda a Sesostris II. Dentro da literatura pessimista, h uma obra que ocupa um lugar especial: o Dilogo do Desiludido, tambm conhecida por Disputa do Homem com o Seu Prprio Ba ou por Disputa consigo mesmo. uma obra clssica que nos vem da XII Dinastia. A prpria Stira dos Ofcios, revela pessimismo por parte do autor sobre a sociedade em que vivia. Mesmo em descries de carcter negativo, os autores levantavam o pensamento para as alegrias da vida. Podemos notar isso no Cntico do Harpista e tambm nas Lamentaes de Ipuver. Esta obra descreve os tempos atribulados do Imprio Antigo e do I Perodo Intermdio Quando a situao poltica e social mudava, tambm os temas e os compositores se alteravam. D-se assim lugar literatura optimista. Um bom exemplo a Profecia de Neferty. uma profecia post eventum, uma obra de literatura, orientada para uma finalidade poltica que consistia em exaltar Amenemes I. Existiam ainda os hinos religiosos, como o ciclo de Hinos ao rei Sesostris III, o Hino a Coroa Vermelha, o Hino a Osiris, o Hino ao nilo. No devemos deixar de referir tambm os Textos dos Sarcfagos, que mostram corno havia, por vezes, representaes teatrais nos templos, cujos temas eram os mistrios dos deuses.

    1.6.2.4 No Imprio Novo Prosseguem os gneros literrios at a cultivados, notando-se um grande progresso. A preocupao com a forma estilstica manifesta. As narraes e as descries tornam-se mais circunstanciadas. Assim acontece nos contos ( Conto dos dois irmos e nos prprios anais dos reis). Estes anais j no so escritos apenas em frgeis papiros, mas gravados na pedra. Estas narraes desempenharam, a funo de epopeia, incitando ao orgulho nacional. Tambm a literatura sapiencial ocupa no Imprio Novo um lugar de grande destaque com o Ensinamento de Anii e o Ensinamento de Amenemope. A ideia de Deus, justo, moral, infinito, que aparece como pano de fundo nos conselhos de Amenemope, no nica no Egipto. .A poesia religiosa no foi cultivada apenas por Amenofis IV. Na corte de Amarna, outros cultivaram este gnero potico. O fara Amenfis IV permite-nos passar da poesia religiosa para a poesia amorosa, embora no tenha sido ele a iniciar este gnero no Egipto. Entre os poemas de amor encontram-se: o Papiro Cester Beatty I, o Papiro Harris 500, o fragmento do Papiro de Turim e um vaso fragmentado do Museu do Cairo.Na poesia amorosa egpcia encontramos jogos de pudor e de desejo aos ardores mais ferventes e impdicos. Neste gnero literrio nenhum outro povo da Antiguidade pr-clssica se lhe podera comparar.

    1.6.2.5 Na poca Baixa No obstante o domnio poltico das potncias estrangeiras a cultura contnua a ser egpcia at ao domnio romano. Mantem-se, por isso, os temas do amor, as reflexes sapinciais da igualdade entre o poderoso e o fraco, a doutrina da retribuio, etc. Relativamente ao gnero sapiencial, quem primeiro recebeu influncia destes textos sapinciais e didcticos foram os judeus. Distinguimos na poca Baixa os Ensinamentos do Papiro Insinger, a Sabedoria do Grande Sacerdote Petosiris (sculo IV a. C.) e os Ensinamentos de Ankhsheshonqy. As fronteiras linguisticas e culturais surgem menos definidas, constituindo uma koine.

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  • Civilizaes Pr-Clssicas 1.6.3 As tcnicas e as cincias No tem muito significado delimitarmos o campo concreto de cincias especializadas, pois aquilo que mais lhes importava era um saber universal. Eles no sentiram necessidade de distinguir disciplinas cientficas das actividades concretas da vida real.

    1.6.3.1 As tcnicas Os Egpcios comearam no Neoltico pela cestaria. Distinguiram-se desde cedo na tecelagem, contando com o linho de alta qualidade. Os tecidos de l s tardiamente se generalizaram. As cermicas atingiram notvel perfeio A experincia que adquirira com o fabrico das cermicas levou os Egpcios a saberem dominar o fogo e a utilizarem as altas temperaturas. Preparam-se, pois, para as actividades de metalurgia. J no IV milnio a. C. se encontram objectos de cobre, o bronze (cobre + estanho), s se divulgou no Egipto a partir do Imprio Mdio Quanto ao ferro, era importado e s desempenhou papel importante a partir da XVII I Dinastia, quando comeou a ser necessrio para o fabrico das armas. 0 ouro era conhecido por electrum, ouro branco, por ter uma percentagem de prata. 0 ouro amarelo era explorado nas jazidas de Assuao e das Nbia. Os Egpcios souberam trabalha-lo com elevada tecnologia. A abundncia e a perfeio dos trabalhos de ourivesaria tornaram o Egipto famoso na antiguidade. Com o uso dos metais verificou-se na produo dos trabalhos de madeira e pedra uma elevada tecnologia. A extraco da pedra, o transporte dos grandes blocos (note-se que no s se transportava pelo Nilo a pedra bruta mas tambm os grandes obeliscos j afeioados), colunas e esttuas. Para se erguerem os obeliscos e as grandes colunas, serviram-se de grandes rampas e slidas plataformas, trabalhos que exigiam clculos e medidas seguras e boa tecnologia. Nas pinturas e relevos murais, aparecem representados com frequncia o esquadro, o fio de prumo, a mira, o nvel de gua. Tambm pesos e medidas, eram meios indispensveis na arquitectura e na metalurgia.

    1.6.3.2 As cincias As descobertas tcnicas, a especulao e o gosto de alguma sistematizao contriburam para o despertar de vrias cincias, designadamente a matemtica, a astronomia e a medicina. Os textos matemticos que os Egpcios nos deixaram no passam de descries de casos e de tabelas que apresentam o clculo de superfcies ou de volumes. Tiveram que se familiarizar com os rudimentos do clculo matemtico, antes de mais por causa do cultivo dos campos. O restabelecimento dos limites no aconteceu apenas com as pequenas propriedades mas tambm com os limites dos nomos do Egipto. Serviram-se de um sistema natural de clculo, a partir da mo (criando assim a numerao decimal). No podero esperar-se grandes conhecimentos cientficos no campo da astronomia. Tiveram necessidade de medir o tempo. Conseguiram organizar um calendrio de 365 dias e no introduziram o ano bissexto, o que provocava verdadeiros desfasamentos. Haviam dividido o ano real em trs estaces: a Inundao (akliet), as Sementeiras (peret) e as Colheitas (chemu). O incio da Inundao coincidia com o incio do ano, a 19 de Julho. Mas com o desfasamento s acontecia de 1460 em 1460 anos. O calendrio deve ter sido estabelecido no tempo da unificao do Egipto, por Mens (no fim do IV milnio ou incios do III) Os Egpcios dividiram tambm o ano em meses, estabelecendo que fossem 12, e dividiram igualmente o dia em 12 horas, tal como a noite em nmero igual. Os Egpcios introduzirem no calendrio a ideia dos dias fastos e dias nefastos, foi muito importante a influncia desta superstio na vida real, pelas restries que impunha as pessoas. Compreende-se que a magia vingasse e os egpcios no prescindiam dela. Dentro desta mentalidade e para que a magia tivesse fora, tornava-se importante pronunciar o nome verdadeiro do deus pois o nome verdadeiro habitual de um deus no era o seu nome real. Aquele que conhecia o nome verdadeiro tinha o poder daquele que o usava. Esta crena prejudicou enormemente o desenvolvimento intelectual e o progresso cientfico. Astronomia, astrologia, magia tinham, por vezes, fronteiras pouco definidas. A medicina egpcia foi clebre e no nos faltam elementos que permitem apontar nvel a que chegou e as suas caractersticas Existem vrios papiros mdicos :

    0 Papiro de Ebers O Papiro Edwin Smith O Papro de Hearst O Papiro de Londres

    Para o desenvolvimento da medicina no Egipto contribuiu a mumificao que se praticava desde a IV Dinastia. A classe mdica estava organizada em dois glandes grupos: os mdicos do povo e os mdicos reais. Imhotep foi um mdico dos tempos de Djoser, ficou na memria como semi-deus. Tambm existiram mulheres medicas. Resehet era directora das mulheres mdicas. O tratamento das doenas assunto de grande interesse. Se havia doenas cujas causas eram manifestas, muitas eram atribudas a foras mais ou menos ocultas e misteriosas. Frequentemente acontece que a mesma pessoa exerce diversas funes: tanto serve de prticas mgicas como de meios ditados pela razo. A medicina preventiva preocupava-se, sobretudo, com a alimentao. Os doentes eram tratados nas suas prprias casas, embora existissem tambm casas de sade, conhecidas por sanatoria (onde os tratamentos eram principalmente de natureza magico-milagrosa).

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  • Civilizaes Pr-Clssicas Os mdicos, pela observao, faziam o diagnstico da doena e em seguida, escolhiam o medicamento, entre os muitos que constavam nas listas para cada caso. Os remdios continham geralmente grande nmero de ingredientes, a maior parte de origem vegetal, mas no s. Juntamente com os tratamentos, os Egpcios recorriam aos exorcismos e as frmulas mgicas.

    1.6.4 As artes A arte egpcia forma um conjunto completo e autnomo, onde se interpenetram a religio e a realeza. Nas pocas pre-dinastica e tinta, notam-se afinidades com a arte da Mesopotmia No Imprio Antigo surgem as grandiosas pirmides. Trata-se, portanto, de uma arte funerria, de evidente inspirao religiosa. Enquanto as construes dos vivos eram de materiais destrutveis, as pirmides so construdas com pedra. Alm da arquitectura, j no Imprio Antigo atingem elevado nvel de perfeio na estaturia, no baixo-relevo e na pintura. No imprio Mdio predomina ainda a arquitectura funerria. O Imprio Novo o perodo mais brilhante da arte e ergueram-se nessa poca os templos de Luxor e de Carnac, escavaram-se os hipogeus nas falsias do Vale dos Reis. S na poca grega e romana se perde a autonomia da Arte apesar de conservar sempre algumas caractersticas formais da tradio egpcia

    1.6.4.1 A arquitectura A arquitectura egpcia a primeira grande tentativa humana na arte de construir, e para isso contava com boas pedreiras e a pedra era o material que convinha a quem desejava construir para os seus mortos moradas eternas. A arte revela a procura do eterno. A prpria pirmide sugere uma rampa onde se pode subir ao cu. As trs maiores pirmides so as de Guiza: Kheops, Kefren e Miquerinos. Mas a arquitectura no foi s funerria Os templos s atingiram a sua forma definitiva no Imprio Novo e eram concebidos maneira de palcio. O templo tinha trs partes: a primeira, que constituda pela entrada; a segunda, que destinada recepo; a terceira, destinada a vida privada. No se faz uso do arco nem da abbada, o que no quer isto dizer que os Egpcios os desconhecessem.

    1.6.4.2 A escultura Raras vezes seleccionaram a madeira ou a pedra mole, pois preferiam os materiais mais resistentes (como o granito, o basalto e o prfiro). Nas representaes da figura humana nota-se um convencionalismo rgido,de tal forma que s o rosto nos aparece transmitido com fidelidade. A esttua, tal como o monumento arquitectnico, devia ter uma durao eterna. A esttua servia para o ka ter um corpo para habitar. Por isso, o artista devia suprimir da esttua todos os defeitos fsicos, Mas o rosto deveria ser inconfundvel. Os motivos a representar e, at a matria a usar, eram impostos. O campo da escultura montono ou mesmo morto mas a funo da esttua era espiritual. Criar uma esttua era criar um suporte de vida. A Lei da frontalidade dizia que: a esttua era talhada num bloco de pedra para ser vista de frente; a cabea, vertical sobre os ombros, apresentando raras vezes uma ligeira inclinao de cabea e os braos so rigorosamente colados ao corpo (qual elemento arquitectnico). 0 artista s tem que prestar uma pequena ateno s pernas, aos ps e s caractersticas do corpo. Para alm das esttuas de tamanho natural, conhecem-se vrias que entram no mbito do gigantescol. Situa-se nesta categoria a Esfinge de Guiza e os colossos de Memnon. A fidelidade ao rgido convencionalismo na arte deixou de se verificar no perodo de Amarna. Os artistas deste perodo souberam romper com as antigas tradies. Merece-nos apenas uma referncia a poca sata, por ter imprimido alguma originalidade escultura. Retomou temas do Imprio Antigo, mas revelou preocupao com a elegncia das formas, a semelhana do Imprio Novo.

    1.6.4.3 As artes parietais Inclumos o baixo-relevo e a pintura. No Imprio Mdio, encontra-se com frequncia o baixo-relevo pintado e No Imprio Novo, a pintura atinge uma autonomia absoluta. Tambm nestas artes o artista se encontra cingido s regras da escultura, quanto representao dos motivos do mundo animal e vegetal, a liberdade total. Pintaram o corpo masculino de vermelho e utilizaram a cor amarela para o corpo da mulher.

    1.6.4.4 As artes menores O gosto pelos adornos manifesta-se sobretudo nos homens. Os adornos apresentam, um carcter mgico ou so smbolos da hierarquia social. O deus Ptah, de Menfis, ficaria a ser sempre, o patrono dos artistas. Em todas as pocas, a arte estava principalmente ligada ao rei e ao palcio

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    A Mesoptmia

    1.1 O quadro geogrfico

    saber localizar geograficamente a Mesopotmia conhecer as suas regies e situa-las.

    Mesopotmia significa pas entre os rios. Neste caso entre o Tigre e Eufrates. Existem vrias palavras para designar esta regio: Sumer, Acad, Babilnia, Assur. A parte meridional era Sumria; a regio contgua a norte era Acad; e, no alto vale do Tigre, localizavam Subartu que, posteriormente, seria conhecida por Assria.

    1.2 Da sedentarizao urbanizao.

    a importncia da gua e das caractersticas do solo na sedentarizao das populaes

    que o fenmeno da sedentarizao surgiu primeiramente nos planaltos frteis e no na zona da planicie

    que entre os VIIl e VII milnios, nasceram as primeiras cidades distinguir a aldeia da cidade que na Mesopotmia, as primeiras cidades surgiram junto do rio Eufrates que as cidades mesopotmicas eram cidades-estados autnomas umas das outras a importncia de Uruk, coma cidade onde a escrita nasceu, no IV milnio a. C.

    O fenmeno da sedentarizao na zona frtil do sul da Mesopotmia, deu-se desde muito cedo em territrios de montanhas e planaltos e no na zona de plancies. Apesar de no VIII ou VII milnios no existirem cidades no sul da Mesopotmia, a populao comeava-se a sedentarizar nessa regio frtil, vindo a surgir a cidades, a partir do VI ou V milnios. Alguns dos centros seriam El-Obeid, Eridu, Kish, Ur e Tello. Quanto provenincia dos Sumrios:

    tero entrado na Mesopotmia no princpio do IV milnio, poca em que Uruk j uma cidade. encontram-se na regio, desde o perodo de El-Obeid, ou seja, o VI milnio. os Sumrios so uma misturais de populaes.

    1.2.1 O caminho para a urbanizao. O exemplo de Uruk Uma cidade ser um centro religioso, ter uma unidade topogrfica e administrativa, revelar um traado nas suas praas e ruas que obedecem a um plano urbanstico previamente estabelecido, mas, mais que tudo, sugere uma diviso de trabalho, diversificao de profisses e diferenciao social. Para se caracterizar uma cidade, mais que o aspecto econmico, conta o social e organizativo. Na Mesopotmia, as primeiras cidades surgem junto do rio Eufrates, tais como Uruk, Eridu, Kish, Shurupak e ainda Umma e Lagash. A cidade com as suas aldeias constitui um pequeno estado independente. So o separatismo e as rivalidades que caracterizam no s a poca sumria mas tambm as pocas posteriores. Encontram-se em Uruk os primeiros vestgios abundantes de escrita em tabuinhas de argila. Registamos a a inveno da escrita (escrita pictogrfica). Esta surge quando o processo de urbanizao j est avanado na plancie meridional e um dado comummente aceite que a escrita nasceu entre os Sumrios.

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    1.3 Os Sumrios

    o poder era de origem divina a realeza era eleita, antes de ser hereditria ao rei competia comandar e julgar, para alm de ser o chefe religioso,

    representante do deus da cidade houve uma constante luta pela hegemonia, entre as cidades sumrias, prenncio do

    imperialismo que viria a ser caracterstico da Mesopotmia com Eanatum a cidade de Lagash dominou a cidade de Umma e obteve vitrias sabre o

    Elam, Kish, Mari e Subaru Urucagina, rei de Lagash, procedeu a reformas sociais com Lugalzagesi, Umma derrotou Lagash e apoderou-se de Uruk, Ur e Kish, chegando

    at ao Mediterrneo com Lugalzagesi, a Sumeria unificou-se pela primeira vez a propriedade estava na posse dos templos, do palcio e dos particulares o templo era uma grande unidade econmica, enquanto o palcio se assemelhava a

    uma organizao militar a guerra era um fenmeno endmico na baixa Mesopotmia a escrita surgiu devido s exigncias da economia e da administrao pblica,

    antes de ser usada na produo literria na Sumeria, existiram as primeiras escolas, centros de aprendizagem da escrita e

    de produo do saber os Sumrios cultivaram a literatura, na sua forma de epopeia e de literatura

    sapiencial a religio sumria tinha por base uma trade divina a msica, a glptica e a arquitectura com os seus baixos-relevos e esttuas foram

    desenvolvidas pelos Sumrios durante o perodo Proto-Dinstico ou Dinstico que as cidades-estados da Sumria se organizam no regime monrquico. Este perodo tem incio no fim do IV milnio e, nalgumas cidades, no incio do III milnio, para terminar com Sargo de Acad, por cerca de 2370 a. C. Da ser conhecido tambm por perodo pr-sargnico.

    1.3.1 O poder e o governo na cidade A fonte ltima da supremacia era a autoridade de Enlil, a divindade principal do panteo sumrio. O templo no era apenas a residncia do deus mas tambm uma poderosa instituio econmica. A primitiva forma de governo das cidades sumrias era democrtica, pois haveria uma assembleia de cidados livres com uma cmara de notveis e uma outra cmara inferior. Nas cidades-estados havia uma tenso em dois sentidos: no interior, a subordinao dos dignitrios religiosos autoridade real; no exterior, a luta das cidades entre si pela supremacia. Nota-se j um prenncio de imperialismo entre Lagash e Umma. A vitria de Lagash sobre Umma que Eanatum alcanou foi seguida pelas vitrias sobre Kish, Mari e Subaru, a futura Assria, Com estes xitos militares, Lagash ocupou um lugar de primeira importncia entre as cidades sumrias. A supremacia de Lagash seria ainda reafirmada por Urucagina que se apoderou do trono, por um golpe de estado, e viria a empreender reformas de carcter social. Suprimiu regalias da casta sacerdotal e tambm dos nobres. O sentimento de justia deste soberano levou-o a distribuir bens que estavam, indevidamente, ao servio da famlia real. Ele prprio se gloriava de ter restabelecido a liberdade. Mas infelizmente o seu reinado no durou mais de oito anos. Por fim, a cidade de Umma acabou por derrotar Lagash. Aps repetidas guerras, conseguiu tal vitria, no reinado de Lugalzagesi que se apoderou tambm de Uruk, Ur, Kish e avanou at ao Mediterrneo. Com Lugalzagesi de Umma, conquistador do prprio reino de Uruk, a Sumria unificava-se pela primeira vez. Marca-se aqui a transio para o imprio. Trata-se da primeira unificao da Sumria.

    1.3.2 A Economia e a Sociedade O templo e o palcio so os dois grandes centros, onde se desenvolvem, para alm das actividades especficas, religiosas e polticas, as actividades sociais e econmicas. A propriedade estava na posse do (s) templo (s), do palcio e dos particulares. As propriedades dos templos eram unidades econmicas completas, centros de produo, de transformao e tambm de distribuio por via terrestre, fluvial ou martima.

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  • Civilizaes Pr-Clssicas 1.3.3 O rei O Rei era um administrador ou vigrio pois o verdadeiro soberano era o deus. o sumo sacerdote que desempenha o poder de chefe poltico, enquanto representante da divindade. O ensi tinha uma importncia menor. Exerce um poder local. O lugal (rei) implicava um domnio mais vasto. Desempenhou funes de arbitragem quando havia conflitos entre as cidades. O seu poder era superior ao dos ensis locais. Competncias do Rei:

    Prover ao sustento dos santurios; Vigiar o bom estado dos canais de gua para irrigao; Defender a cidade dos inimigos; Dirigir as operaes militares.

    O palcio assemelha-se a uma organizao. O rei, sendo o administrador do estado e o vigrio do deus na cidade, podia servir-se da religio para sustentar o seu poder. A predestinao pelos deuses para a realeza tornar-se- um topos literrio nos textos dos soberanos da Mesopotmia para legitimarem a sua realeza e as suas guerras. no VIII ou VII milnios A guerra, longe de ser um mal a temer, tornou-se um bem desejvel por ser fonte de riqueza, esta era uma prtica corrente entre os pequenos reinos da Sumria.

    1.3.4 A vida intelectual A escrita comeou por ser usada para a contabilidade e tarefas administrativas e, logo depois, para celebrar triunfos militares em estelas comemorativas. Escreveram-se mitos das origens sobre o homem, os deuses e o mundo; escreveram-se hinos e epopeias, listas de vocbulos maneira de lxicos e composies de gnero sapiencial. O ensino tem por objectivo formar e aperfeioar os escribas que eram profissionais indispensveis para as actividades econmicas e administrativas. A escola no se ficou apenas pelo nvel primrio. A lngua Sumria foi substituda pela lngua acdica. As obras literrias anteriores, escritas originariamente em sumrio, j nessa poca eram estudadas, copiadas e redigidas na lngua semtica, que ento se falava. A maior parte das antigas obras literrias est escrita em forma potica. Nas vrias epopeias exaltam-se as personagens individuais. O gnero literrio sapiencial era constitudo por provrbios que foram transmitidos oralmente com origens pr-histricas.

    1.3.5 A religio A trade, composta de An (ou Anu), deus do cu; Enlil, deus da atmosfera, e a Grande Me, a quem se davam vrios nomes, sendo o principal Nin-hursag. Tambm haviam outros deuses: Enki, deus da gua; Nana, a lua; Utu, o Sol, divindades que adoptariam outros nomes no decorrer do tempo. O grande orante, sempre o rei, a religio prestava um servio poltica.

    1.3.6 As artes Os antigos Sumrios conheciam a msica, a glptica e a arquitectura (so exemplos o Templo e o Zigurate

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    1.4 O Imprio de Acad Sargao de Acad submeteu a Sumeria, unificada por Lugalzagesi Sargao era semita foi o construtor do primeiro imprio conhecido, que ia do golfo Prsico ao

    Mediterrneo no tempo de Manishtushu, ocorreu a primeira expedio martima dos tempos

    histricos, no Golfo Prsico no tempo de Naram-Sin, o exrcito passou a ser definido por um corpo de

    arqueiros, em vez da falange a guerra era a principal fonte de riqueza do imprio de Acad os Acdios adaptaram a cultura e a religio dos Sumrios o imprio acdio foi destruio pelos Gtios, povo dos montes Zagros.

    Sargo (2370 a.C.,), fundador da cidade de Acad e seu rei, durante 56 anos,foi criador do primeiro grande imprio conhecido, possua j um exrcito estvel e organizado, subjugou todas as cidades da Sumria e fez numerosas conquistas. Era o rei das quatro regies (Sumria, Acad, Amorru (Oeste) e o Subaru (o Norte). O primeiro filho que lhe sucedeu, Rimush, como o segundo Manishtushu que viria a suceder ao irmo, tiveram de lutar para manter o imprio. Rimush foi assassinado pelos seus servidores nove anos aps ter subido ao trono, sucedendo-lhe seu irmo de nome Manishtushu, que chegou ao vale do Indo e ter executado uma expedio martima (a primeira dos tempos histricos - atravs do Golfo Prsico). O seu filho, Naram-Sin amado de Sin) modificou a tcnica do combate. Os soldados so arqueiros que lanam flechas e sabem tambm usar os machados e as lanas. A guerra de expanso territorial era a principal fonte de riquezas imprio. Alm do grande nmero de escravos que chegavam a Acad afluam bens de toda a espcie, designadamente o cobre, o ouro e as pedras preciosas.

    1.4.1 A economia A propriedade privada aumentou na poca acdica e a riqueza dos templos teria diminudo, embora nas suas propriedades e indstrias de transformao se encontre boa parte da mo de obra. O comrcio atingiu grande desenvolvimento.

    1.4.2 A cultura e a religio Os soberanos acdios respeitaram o politesmo sumrio e El adquire, desde cedo, um lugar de destaque no panteo acdico. No houve especial desenvolvimento da literatura.

    1.4.3 Os Gtios e o fim do Imprio Acdio Quando morre Shar-Kallisharri rei de todos os reis), filho e sucessor de Naram-Sin, surge a anarquia mas a civilizao continua no lado dos vencidos.

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    1.5 A III dinastia de Ur ou a renascena Sumria.

    o domnio gtio em Acad teve pouca durao os Gtios foram derrotados pelo rei de Uruk Ur foi instituda capital de um imprio to extenso coma o acdico a III Dinastia de Ur coincidiu com a poca do renascimento sumrio o estatismo e o centralismo caracterizaram a poltica de Ur ao rei Ur-Namu pertenceu a promulgao do mais antigo cdigo de leis homens livres e escravos constituam os dois grandes grupos sociais Amorreus, Elamitas e outros povos invasores instalaram-se nas principais cidades

    da Mesopotmia, depois de terem derrotado o ltimo rei de Ur aps o desaparecimento da III Dinastia de Ur, sucedeu a fragmentao do

    territrio em diversos reinos, sobressaindo neste perodo o reino de Mari das lutas constantes entre os diversos reinos, salientou-se a que ocorreu entre

    os reis de Isin e de Larsa o domnio destes dois reis deu origem a Dinastia dos grandes regentes.

    O domnio dos Gtios foi de curta durao. O rei Ur-Namu tornou Ur capital e grande centro do ressurgimento de um imprio que deveria ter sido quase to extenso como fora o de Acad. A terceira Dinastia de Ur constituiu um perodo de renascimento sumrio. O estatismo e o centralismo so caractersticos da poltica de Ur. Ur-Namu promulgou o primeiro cdigo de leis que se conhece. A sociedade estava estratificada:

    homens livres (mashda, com menos direitos e so inferiores aos da classe mais elevada ) escravos.(eren, pessoas destinadas ao servio do palcio, templos, trabalhos no campo, transportes e exrcito) verdadeiros escravos (namra, prisioneiros de guerra e cativos raptados no decurso de operaes militares)

    1.5.1 A decadncia de Ur A III Dinastia de Ur cairia sob os golpes conjugados de Amorreus, Elamitas e de bandos de invasores dos montes Zagros e se iam instalando nas principais cidades. A Mesopotmia voltou a ser uma amlgama de povos. O reinos que mais se distinguio nessa poca foi o de Mari. O perodo que se segue III Dinastia de Ur e que se estende de 2004 at queda de Babilnia por 1595, divide-se habitualmente em duas partes:

    perodo de Isin-Larsa (caracterizado pelas lutas, entre os reis de Isin e de Larsa) perodo paleobabilnico, de 1894 em diante.

    Por volta de 2025, criada a Dinastia dos chamados grandes regentes e so dessa poca os primeiros textos administrativos de Larsa.

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    1.6 O perodo Paleobabilnico. a Babilnia era um reino amorrita o seu imprio durou cerca de trs sculos o perodo ureo deste reino coincidiu com o reinado de Hamurabi, monarca

    conhecido pelo cdigo com o seu nome no tempo do seu sucessor, Samsu- Iluna, ocorreu a primeira incurso dos Cassitas outras migraes de povos tiveram lugar nesta poca, sendo a mais determinante a

    dos Hititas os Hititas contriburam para a queda da Babilnia a sociedade babilnica encontrava-se hierarquizada no reinado de Hamurbi todas as actividades econmicas esto regulamentadas na religio, predominavam as divindades astrais corno Shamash, Ishtar e Adad a prtica religiosa tornou-se individualista eram frequentes as prticas de adivinhao o acdico era a lngua predominante e nela nos chegaram as grandes obras da

    literatura sumria Entre 1894 e 1595, o reino da Babilnia, vai-se impondo militarmente, transformando-se num vasto imprio. A poca urea foi o reinado de Hamurbi (1792-1750). Ele o grande chefe de estado que empreende importantes reformas e tambm o guerreiro que alcana grandes vitrias. Com o seu filho Samsu-Iluna, deu-se a primeira incurso dos Cassitas, estabeleceram-se no vale do Eufrates. Os sucessores de Samsu-Iluna reinaram na poca das grandes migraes. O rei dos Hititas Mursilius I contribui (em 1595 a.C.) para o colapso do imprio paleobabilnico.

    1.6.1 A sociedade e a economia atravs do Cdigo de Hamurbi, que podemos fazer uma anlise da sociedade e da economia da Babilnia, no entanto so anteriores os chamados cdigos de Ur-Namu, de Lipit-Ishtar e o de Eshnuna. A sociedade babilnica est repartida em trs categorias: os awilu (ou awilum, com uma condio elevada e gozam da plenitude dos direitos, tendo consequentemente os deveres proporcionados), os mushkenu (ou mushkenum, que tm menores direitos que os awilu mas mais que os escravos; so livres e podem possuir bens e escravos) e os warda (so os escravos; so considerados um bem que se pode vender, trocar ou herdar, mas no so considerados coisa). Os Warda podem acumular bens e comprar a sua prpria liberdade. Os asiru, provenientes da guerra e deportados, que so efectivamente os verdadeiros escravos. Na vida econmica, a iniciativa privada adquire maior peso, apesar de o templo e o palcio continuarem a ser os grandes centros de produo. No reinado de Hamurbi, todas as actividades econmicas esto regulamentadas.

    1.6.2 A religio Nota-se uma influncia de divindades de origem semita e particularmente visvel o elemento amorreu. As divindades astrais, como Shamash, Ishtar e Adad alcanam mais popularidade. As cidades do norte, impem as suas divindades locais.A prtica religiosa assume um carcter individualista. O crente procura o contacto pessoal depreende-se o uso das cartas divindade, documentos onde o crente denncia a sua situao difcil. Inserem-se tambm nesta tendncia de individualismo religioso as prticas de adivinhao.

    1.6.3 A cultura A poca paleobabilnica das mais ricas em produo literria. A escola , como na poca sumria, o centro principal da actividade literria. Predomina a lngua acdica que atinge a sua mxima perfeio no tempo de Hamurbi. Um bom exemplo o cdigo de Hamurbi. Floresce na poca paleobabilnica uma literatura de vrios gneros. devida uma referncia especial aos hinos teolgicos e mitolgicos. Outras obras, compostas para fins prticos, nomeadamente na agricultura e na medicina.

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    1.7 Os sculos das grandes convulses. localizar os diversos reinos do territrio da Mesopotmia que a Babilnia foi subjugada pelos Cassitas, povo originrio dos montes Zagros que o reino de Mitanni tinha uma componente populacional de origem indo-europeia,

    sendo a maioria constituda pelos Hurritas que o imprio mitnico foi destrudo pelos Egpcios que os Hititas constituram um imprio importante com capital em Hattusa que os Hititas privilegiaram alianas comerciais com os Assrios e polticas com

    os Milnios e os Egpcios que os Hititas sofreram a aculturao dos Hurritas de Mitanni, vencidos por

    aqueles que os Hititas apresentaram um ntido sentido de Histria que o rei hitita era representante da divindade e o grande sacerdote que o cdigo hitita, cuja primeira redaco pertence ao reinado de Hatusilis I, e

    uma fonte importante para o conhecimento da sociedade, da economia e das leis deste povo

    Nesta poca:

    a norte, encontra-se o estado de Mitanni, onde predominam os Hurritas, cuja influncia se estende at ao Mediterrneo; na Babilnia, reinam os Cassitas; na plancie da Sria, predomina a fora do reino hitita. Tinham ainda alguma importncia os Arameus e tambm os reinos de Mari e de Ebla.

    1.7.1 Os Cassitas Os Cassitas associados aoi rei hitita Mursilis I derrotaram a Babilnia, em 1595 pensasse po essa razo que os Cassitas deveriam estar unidos aos Hititas, intervindo uns e outros na queda de Babilnia.

    1.7.2 Os Mitnios Mitanni era dirigido por uma aristocracia indo-ariana que se teria imposto s populaes hurritas, durante o sculo XVI. Foi este imprio, constitudo por diversos reinos hurritas e semitas, que os Egpcios atacaram e praticamente destruram com as suas repetidas campanhas militares.

    1.7.3 Os Hititas Distinguem-se dois longos perodos: o reino antigo (1650-1430) e o perodo imperial (1430-1200). O Karum de Kanish era uma organizao de carcter comercial, administrativo e cmara de comrcio e consulado que pertencia aos Assrios. A partir do sculo XIV, surge a assimilao da cultura hurrita (adopo de muito vocabulrio e muitos elementos da religio hurrita), e os Hititas comeam a adoptar como nova arma o carro de guerra que se tinha generalizado em Mitanni, por influncia hurrita. No sculo XIII, a ordem internacional assentava em quatro potncias: o Egipto, os Hititas, a Assria e a Babilnia. Os Hititas tiveram o sentido da Histria, de forma bem mais ntida do que outros povos da Antiguidade. Dispunham para isso de arquivos para entenderem o encadeamento dos acontecimentos. O pas pertence ao deus e o rei apenas o representante desse deus.. O rei era o grande sacerdote e tinha conscincia de que o cumprimento dos seus deveres religiosos contribua para a segurana e prosperidade do reino. O estado regia-se pelo direito nestas relaes com uns e outros. Tanto o cdigo hitita como os tratados celebrados com aliados ou protegidos revela um elevado nvel no estatuto poltico e social dos Hititas. O primeiro Cdigo Hitita data da poca de Hatusil I no reino antigo.

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    1.8 Os Assrios

    os Assrios localizavam-se na Alta