Classificação Das Paisagens c Visão Geossistêmica - Cacau

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    1/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    95

    A CLASSIFICAO DAS PAISAGENS

    A PART IR DE UMA VISO GEOSSISTMICA

    Prof. Dr. Jos Manuel Mateo RodriguezUniversidade de Havana

    Prof. Dr. Edson Vicente da SilvaDepartamento de Geografia da Universidade Federal do Cear

    Int r oduo

    Nas atuais condies de crise ambiental e da civilizao, quando h uma perda da capacidadeprodutiva dos sistemas econmicos, tem-se urgncia em repensar os modelos e estilos de desenvol-vimento. A sustentabilidade vista como um paradigma no sentido de rever as interaes da Socie-

    dade com a Natureza, convertendo-se na bssola para a implementao dos processos de planejamentoe gesto ambiental e territorial. Isto exige a aplicabilidade de slidas fundamentaes tericas emetodolgicas, sustentadas em vises holsticas, integradoras e sistmicas das unidades ambientaisnaturais e sociais.

    A concepo do estudo das paisagens, a partir uma viso sistmica, visa a garantir os funda-mentos conceituais, sobre os quais deveria estar inserida a anlise sobre a sustentabilidade. Um

    problema fundamental da concepo geossistmica no estudo das paisagens o da classificao.Existem muitas divergncias e anlises equivocadas sobre o problema da classificao, que muitasvezes, partem de uma concepo dspar dos conceitos de paisagens e geossistemas. O presenteartigo pretende analisar essas questes, tomando como exemplo a classificao das paisagens do

    Estado do Cear, no Nordeste do Brasil. O trabalho produto da colaborao entre os gegrafos daUniversidade Federal de Cear e da Universidade de Havana, que se desenvolve desde 1993.

    RESUMO

    O trabalho versa sobra a classificao da paisagemem base a uma viso geossistmica, sendo produto da cola-

    borao entre gegrafos da Universidade Federal do Ceare da Universidade de Havana, Cuba. Definem-se algumas

    concepes de paisagem dentro de um contexto geogrfi-co, histrico e natural, e discute-se a classificao das pai-sagens e sua aplicabilidade cientfica. apresentada uma

    proposta de tipologias de paisagens para o Estado do Cearem funo de suas diferenciaes zonais, azonais, de alti-tudes e locais, indicando um quadro de paisagens para oconjunto do Estado. Finalmente apresenta-se um mapa dedesertificao das paisagens do Cear, que permite esclare-cer as regularidades espaciais dos processos dedesertificao na regio. A pesquisa objetiva contribuir paraum melhor conhecimento cientfico das paisagens cearensese dos processos de desertificao presentes no seu domnio

    semi-rido.

    ABSTRACT

    This paper focus on the landscaping classificationbased on a geosystemic analysis. The study is a direct re-sult of the collaboration between geographers from the CearFederal University, Brazil, and the University of Havana,

    Cuba. Some landscaping concepts are defined within a geo-graphic, historic and natural context. The matter of the land-scaping classification and its scientific practical purposesare also discussed. A proposal of a landscaping frameworkfor the State of Cear is introduced, considered in terms ofzone, altitude and local differentiation. Finally, this paperintroduces a map of desertification of the landscaping inCear. The purpose of this research is to contribute to a

    better scientific understanding of the cearense landscapingas well as and the desertification processes present in thesemi-arid region.

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    2/18

    96

    A concepo das pai sagens a pa r t i r de uma vi so geossistmi ca

    A idia de ter uma viso totalizadora das interaes da Natureza com a Sociedade no mundoacadmico comeou no final do sculo XVIII e princpio do sculo XIX, com os trabalhos de Kant,Humboldt e Ritter. Realmente, a anlise das interaes da Natureza com a Sociedade foram empre-endidas dentro do contexto da Geografia e tiveram como conseqncia o surgimento de duas formas

    de analisar a configurao do planeta Terra: uma viso voltada para a Natureza (com as concepesprincipalmente de Humboldt, e posteriormente do sbio russo Dokuchaev), firmando as bases paraa Geografia Fsica e a Ecolgica Biolgica, e uma viso centrada no Homem e na Sociedade, quefoi a concepo da Geografia Humana ou a Antropogeografia de Karl Ritter.

    A anlise dessas interaes e mesmo a noo de paisagem tiveram sempre uma viso fortemen-te dualista. A noo de paisagem, designada com o termo alemoLandschaftfoi desenvolvida porHumboldt e posteriormente pelos sbios Dokuchaev, Passarge e Berg no sculo XIX e nos primeirosanos do sculo XX. Esta viso tinha uma acepo fortemente natural. O contedo dessa nooexpressava a idia da interao entre todos os componentes naturais (rocha, relevo, clima, gua,solo e vegetao) e um espao fsico concreto. Este conceito integrador expressava nova viso da

    Geografia Fsica em contradio com a viso tradicional da anlise isolada dos componentes natu-rais, que no permitia a interpretao das influncias mtuas entre os componentes naturais, empre-endidos sob uma viso metafsica e mecanicista. Tambm entrava em contradio com a visoextrema do determinismo fsico e ambiental, empreendido pelas concepes radicais da GeopolticaAlem, encabeada por Ratzel.

    A concepo sobre a paisagem como uma totalidade dialtica de base natural, foi desenvolvidaprincipalmente na Unio Sovitica, e posteriormente em outros pases do mundo socialista. Duascondies permitiram o seu desenvolvimento: o uso do Marxismo Lenismo como doutrina oficialque privilegiava a anlise dialtica das totalidades e das interaes dos fenmenos e a necessidadeda construo socialista sustentada no planejamento centralizado, que precisava do conhecimentodas unidades naturais integradas, para serem transformadas e dominadas.

    Outra viso da natureza foi abordada a partir da Biologia, com o surgimento da Ecologia comodisciplina biolgica nos finais do sculo XIX. Aqui, a ateno preferencial era dada aos estudos dasrelaes entre os organismos e as condies do meio ou do entorno natural. Em 1935, aparece pela

    primeira vez o conceito de ecossistema, que centralizava a anlise da relao organismo-meio,baseada na concepo da Teoria Geral de Sistemas. Assim, desenvolveu-se uma ateno privilegia-da ao estudo do funcionamento dos sistemas ecolgicos, das trocas de energia e matria entre oscomponentes naturais e os organismos. Porm, o entorno ambiental, nas primeiras analises dosecossistemas, se concebia como fatores ou componentes isolados do meio e no se consideravamcomo totalidades, o que dificultava a reapresentao espacial dos mesmos.

    Nos anos 60 do sculo XX, Victor Sotchava, especialista siberiano, pela primeira vez tentou

    elaborar a Teoria dos Geossistemas. Realmente, ele utilizou toda a teoria sobre paisagens (Landschaft)elaborada pela Escola Russa. Ele interpretou essa herana sob uma viso da Teoria Geral de Siste-mas. Isso significava que o conceito deLandschaft(paisagem natural) foi considerado como sinnimoda noo de geossistema. Assim, a paisagem era considerada como uma formao sistmica, for-mada por cinco atributos sistmicos fundamentais: estrutura, funcionamento, dinmica, evoluo einformao. Pela primeira vez, a anlise espacial (prpria da Geografia Fsica) articulava-se com aanlise funcional (prprio da Ecolgica Biolgica).

    A outra viso do estudo das relaes entre a Sociedade e a Natureza deu lugar s concepescorolgicas e regionais, prprias da Geografia Humana ou Antropogeografia. Karl Ritter (contem-

    porneo de Humboldt), foi o criador dessa outra vertente, na qual no era a Natureza, mas sim a

    ao humana considerada como o elemento essencial (e s vezes o nico), na modelao dossistemas terrestres. Paul Vidal de La Blache considerava o homem como o agente principal que

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    3/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    97

    modelava o planeta Terra e que a natureza era a base das possibilidades, para que a sociedade amodelasse em dependncia de sua cultura. O entorno levou a uma concepo no determinista (oudeterminismo social) no estudo das relaes Natureza-Sociedade.

    Na realidade, essa viso antropocentrista entrou em conflito com a prpria noo de PaisagemCultural, desenvolvida nos anos 20 do Sculo XX por Carl Sauer, na qual a paisagem era o resulta-do das aes da cultura ao longo do tempo e era modelada pelos grupos sociais, a partir de uma

    paisagem natural. Para Sauer, na formao da paisagem, a cultura era o agente, a paisagem naturalo meio, e a paisagem cultural o resultado (Sauer, 1925).

    As abordagens posteriores da Geografia Humana nas escolas humanstica, cultural, e inclusive,a Geografia Crtica, levaram a romper essa concepo de articulao entre a Paisagem Natural e aPaisagem Cultural. Considerava-se assim a Paisagem de uma forma isolada, como a aparncia doespao, sendo o espao formado apenas pelas aes sociais.

    Nos anos 1960, reivindica-se uma anlise dos sistemas ambientais e a interpretao das interaesda Natureza com a Sociedade. Nesse momento, a Geografia era composta por dois ramos dicotmicosem conflito: a Geografia Fsica em duas vertentes, a que estudava os componentes naturais isoladose aquela que estudava as paisagens ou geossistemas como totalidades parciais e esquecia as interaes

    com a Sociedade Humana; e a Geografia Econmica e Humana, que esquecia a Natureza comobase dos comportamentos sociais, ou a considerava s como recurso e fonte de progresso. A noode paisagem foi, inclusive, considerada como diferente da noo de geosisstema (por exemplo, aconcepo de GTP, Geossistema-Territrio-Paisagem, de Bertrand). A Geografia tinha perdido seuinstrumental terico e metodolgico para enfrentar a questo ambiental, que deveria ser baseada emuma anlise holstica, dialtica e articulada, dos diferentes nveis da interaes Natureza-Sociedadee da formao dos sistemas ambientais.

    Esse papel de referencial terico e metodolgico para a anlise ambiental foi desenvolvido, emprimeiro lugar pela Biologia e, em particular, pela Ecologia Biolgica. Para espacializar osecossistemas, ou seja, para ultrapassar a viso verticalista e funcional da Ecologia Tradicional, nosanos 80 do sculo XX, e dar uma viso espacial, a Ecologia optou pela noo de paisagem, dando

    origem assim Ecologia das Paisagens. Para essa disciplina, a paisagem a expresso espacial dosecossistemas e um complexo, padro ou mosaico de ectopos, ou seja, um mosaico de ecossistemasconcretos. A estrutura das paisagens na Ecologia considerada como a estrutura bitica dosecossistemas, ou seja, as relaes entre os sistemas biticos e o espao fsico. Na realidade, aestrutura dos geossistemas uma poliestrutura, incluindo geoestrutura morfolitognica,hidroclimatognica e biopedognica. O geossistema abrange a articulao hierrquica de vriosnveis e ordens, comeando pelas fcies e os getopos.

    Em outras disciplinas, tambm se tentou distinguir unidades ou sistemas ambientais. Em al-guns casos, delimitavam-se por sobreposies mecnicas (Gmez Orea, 1998). Em outros casos,coincidiam com unidades socioambientais, tendo em conta apenas os padres de ocupao ou as

    caractersticas especficas dos grupos sociais. A partir da Arquitetura ou da Geografia Humana, aspaisagens integrais eram concebidas como fenossistemas, ou seja, as paisagens visuais que refletema totalidade da imagem, e da realidade percebida visualmente pelos sujeitos humanos. De novo, a

    base natural era esquecida ou levada a uma mnima expresso.Nos anos 80 do sculo XX, a Geografia Fsica das Paisagens comeou a ser denominada

    Ecogeografia ou Geoecologia. A Ecogeografia foi desenvolvida principalmente pela escola de JeanTricart. As unidades ecodinmicas foram consideradas por essa linha de pensamento como sistemasambientais por excelncia, fundamentados no relevo e na Geomorfologia como sendo estes oembasamento essencial. Esqueceu-se assim a totalidade natural, privilegiando-se uma anlise par-cial.

    A Geoecologia das Paisagens tem seus antecedentes, na definio de Karl Troll nos anos 30 dosculo XX, sendo considerada como a disciplina que analisava funcionalmente a paisagem. Trata-

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    4/18

    98

    va-se, pois, no de estudar apenas as propriedades dos geossistemas no estado natural, mas procuraras interaes, as pontes de relacionamento com os sistemas sociais e culturais, em uma dimensoscio-ecolgica, em articular a paisagem natural e a paisagem cultural. Essa viso de paisagem

    permite sua considerao como unidade do meio natural, como um dos sistemas que entram eminterao com os sistemas sociais, para formar o meio ambiente global, ou seja, os sistemas ambientais.

    A paisagem cultural como nvel superior do estudo da paisagem, como sistema ambiental,representa a dimenso scio-ecolgica da paisagem. So os espaos geogrficos que as sociedadestransformam para produzir, habitar e sonhar. Concebida assim, a paisagem a interface da Naturezacom a Sociedade. Aceita-se de tal modo e por uma parte, a materialidade, ou seja, a existncia deuma estrutura e um conjunto prprio dos corpos naturais (a paisagem natural), e a existncia de umstatuspaisagstico desses corpos naturais, determinado pelo sistema de produo econmica e cul-tural (Passos, 2000). A paisagem , assim, uma noo diagonal, transdisciplinar, que permite aarticulao scio-espacial.

    A cla ssif i cao das pai sagens

    Quando se discute a classificao das paisagens, pensa-se nas seguintes questes fundamen-tais:

    Primeiro, necessrio diferenciar e classificar as paisagens naturais, ou seja, os corpos natu-rais. Depois, preciso distinguir as formas de ocupao (densidade, intensidade e tipos deocupao), e por ltimo, passar classificao das paisagens culturais. Esse procedimento

    permitir entender como a transformao das paisagens naturais em paisagens culturais.

    Para a classificao das paisagens naturais (e tambm dos outros sistemas ambientais), preci-so distinguir duas categorias de sistematizao: a tipologia e a regionalizao. A tipologiasignifica distinguir as unidades pela sua semelhana e repetio, dependendo de determinados

    parmetros de homogeneidade. A regionalizaosignifica determinar as unidades pela suapersonalidade e individualidade. As duas categorias se complementam, mas elas no so idn-ticas. Tem, ainda, diferentes valores e utilidades para o planejamento e a gesto ambiental eterritorial.

    A realidade e objetividade que representam as paisagens ou geossistemas naturais no soarbitrrias. Elas se organizam de acordo com relaes de foras onde existem ordem e hierar-quia. Essas foras so as leis ou regularidades geoecolgicas (ou geogrficas). A classifica-o, ou seja, a construo da hierarquia e dos sistemas de unidades taxonmicas dever res-

    ponder a essas leis. Uma simplificao excessiva da hierarquia das unidades pode levar a umreducionismo na interpretao da realidade. Trata-se, ento, de elaborar princpios de classifi-cao que correspondam realidade.

    Dever existir uma coerncia entre os termos utilizados e o contedo dos conceitos refletidos.Paisagem natural e geossistemas so conceitos genricos, pois designam um contedo geral,(por exemplo, similar ao conceito de vegetao, relevo ou solo); no possvel identificar

    uma determinada unidade taxonmica atravs de termo que designa uma noo genrica(por exemplo,

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    5/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    99

    denominar como geossistemas, uma das unidades taxonmicas). Cada uma das unidades dahierarquia ou do sistema de unidades taxonmicas dever ser definida por determinados ndi-ces ou parmetros diagnsticos claros e precisos.

    As unidades que so diferenciadas na tipologia das paisagens do Brasil baseadas nahomogeneidade relativa, de acordo com a escala, so as seguintes: tipo, subtipo, classe, grupo,

    subgrupo e espcie.As unidades que so definidas na regionalizao das paisagens naturais do Brasil, baseadas na

    homogeneidade relativa, de acordo com a escala, so as seguintes: subcontinente, pas, domnio,provncia, distrito, regio e sub-regio.

    Ti pol ogia das Pai sagens do Cear

    As caractersticas da tipologia das paisagens do Cear so mostradas no Mapa de Paisagens eVulnerabilidade Desertificao do Estado do Cear (Figura/Tabela n 01).

    Para sua confeco foi escolhido um sistema de unidades taxonmicas, formado por 4 nveisprincipais (tipo-classe-grupo e espcie) e 3 nveis subordinados ou secundrios (subtipo-subclasse esubgrupo). Sua elaborao precisa de trabalhos de campo, de anlise da bibliografia e de materiaiscartogrficos (Soares et. al,1995; IPLANCE, 1997; Lima et.al., 2000, Borzacchiello da Silva et alli,2000, entre outros).

    As determinaes desses degraus do sistema de unidades taxonmicas subordinam-se s regu-laridades de formao das paisagens e da diferenciao geoecolgica do territrio, as quais podemser resumidas da seguinte maneira:

    a- A diferenciao zonal das paisagens

    A forma esferoidal do planeta Terra determina a distribuio em forma de faixas da energiasolar que recebida na superfcie da Terra. Esse fato condiciona a formao das principais massasde ar, as caractersticas da circulao geral da atmosfera, a zonalidade do regime hidrotrmico e dos

    processos geoqumicos, exogenticos e pedogenticos e a distribuio das biogeocenoses. De ma-neira interligada, tudo isso se reflete na formao das paisagens.

    A principal unidade da tipologia das paisagens a distino das faixas, que condiciona adeterminao dos tipos de paisagens. Eles distinguem-se de acordo com o regime de temperatura

    bem como o carter da circulao atmosfrica e das massas de ar predominantes. As faixas dividem-se em zonas de paisagens, que determinam a distino de subtipos de paisagens. Estes distinguem-se de acordo com o regime de umedecimento, manifestado pela quantidade e ritmo sazonal das

    precipitaes atmosfricas e intensidade dos processos biogeoqumicos.Dentro de cada faixa geogrfica, forma-se uma determinada estrutura de zonalidade latitudinal,

    distinguindo-se as zonas de acordo com variaes latitudinais e altitudinais alm de diferenassetoriais, ou seja, aquelas condicionadas pela continentalidade.

    Uma caracterstica geral para Amrica do Sul, e em particular para as paisagens do Brasil, aclara manifestao da zonalidade latitudinal, que relativamente pouco modificada pelos fatoresazonais individuais e locais. Os rasgos zonais das paisagens esto fortemente influenciados pelas

    peculiaridades da circulao atmosfrica. O Nordeste do Brasil est intimamente influenciado peloAnticiclone do Atlntico Sul e pelo Mximo de Aores, o que determina a formao, em grande

    parte do ano, de uma mxima de altas presses. Essa mxima, junto com a presena da Zona de

    Convergncia Intertropical, influem temporariamente sobre o Nordeste, condicionando os traosclimticos e geoecolgicos fundamentais da Regio.

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    6/18

    100

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    7/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    101

    Grande parte do Nordeste Brasileiro em geral e, em particular o Estado do Cear, encontram-se nos limites da Faixa Equatorial. A no-incidncia do Anticiclone do Sul do Atlntico determinaintenso e permanente regime de calor durante todo o ano, manifestando-se muito levemente a rtmi-ca sazonal de calor.

    Tabela 01 :Lengenda do mapa das paisagens e vulnerabilidade desertificao do Cear Brasil

    tipo subtipo classe subclasse grupo subgrupo relevo solos vegetao uso

    1Seco(Semi-rido)

    Plancie PlancieAluvial(0-100 m)

    Depresso nosCratns

    Aluvies PlancieAluvial

    Aluvial Vegetao deVrzea

    Agricultura deSubsistncia eExtrativismoVegetal

    2Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejoBaixo

    (0-200 m)

    Depresso nosCratns

    RochaCristalina

    SertoLitorneo, ePlancie

    Flvio-lacustre

    RegossoloArenoso ePlanossolo

    Soldico

    CaatingaArbustivaAberta

    PecuriaExtensiva eAgricultura de

    Subsistncia

    3Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejoAlto(200-500m)

    Depresso nosCratns

    RochaCristalina

    SertoCristalino ePlancieFlvio-lacustre

    Regossolo eBruno no-Clcico

    CaatingaArbustivaAberta

    PecuriaExtensiva eAgricultura deSubsistncia

    4Seco(Semi-rido)

    Montanhas(Serras)

    ColinasResiduaisRochosas

    Cratns RochaCristalina

    VertentesInclinadas

    PodzlicoVermelho-Amarelo eBruno- no-Clcico

    CaatingaArbustivaAberta

    Agricultura deSubsistncia

    5Seco Montanhas

    (Serras)ChapadaTabularEstrutural

    BaciaSedimentar

    Arenito eRochasCalcreas

    PlatRevertido

    LatossoloVermelho-AmareloDistrfico

    Carrasco Agricultura deSubsistncia

    6 Media-mente Seco(Semi-rido)

    Plancie PlancieAluvial BaciaSedimentar Aluvies PlancieAluvial Aluvial eVertissolo Vegetao deVrzea Agricultura deSubsistncia eAgriculturaIrrigada

    7Media-mente Seco(Semi-rido)

    Planalto PlanaltoSertanejoBaixo(100-500 m)

    PlanaltoSedimentar

    Arenitos eRochasCalcreas

    Bordas ePatamares doPlat

    Cambissolo eLatossoloAmareloEutrfico

    CaatingaArbustiva eArbreaDensa

    PecuriaExtensiva eAgriculturaIrrigada

    8Media-mente Seco(Semi-rido)

    Planalto PlanaltoSertanejoBaixo(0-200 m)

    DepressoPerifrica

    RochaCristalina

    SuperfciePlana

    PodzlicoVermelho -AmareloEutrfico

    CaatingaArbustivaDensa

    Culturas Anuais ePecuriaExtensiva

    9Media-mente Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejoBaixo(0-200m)

    DepressoPerifrica

    RochaCristalina

    SuperfcieLevementeOndulada

    Planossolo ePodzlicoVermelho-AmareloDistrfico

    CaatingaArbustivaAberta

    PecuriaExtensiva eAgricultura deSubsistncia

    10Media-mente Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejoBaixo(100 200m)

    DepressoPerifrica

    RochaCristalina

    SuperfcieOndulada

    Regossolo eBruno No-ClcicoPodzlicoVermelho-AmareloEutrfico

    CaatingaArbrea

    PecuriaExtensiva eAgricultura deSubsistncia

    11Media-mente Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejoAlto(200 500m)

    DepressoPerifrica

    Arenito eRochasCalcreas

    SuperfcieLevementeOndulada

    PodzlicoVermelho-AmareloEutrfico eVertissolo

    CaatingaArbrea

    Agricultura deSubsistncia

    12Media-mente Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejoAlto (200500m)

    SuperfcieAlta

    Grani-tides

    SuperfcieOndulada

    Terra RoxaEstruturada

    CaatingaArbrea

    Agricultura deSubsistncia

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    8/18

    102

    tipo subtipo classe subclasse grupo subgrupo relevo solos vegetao uso

    13Media-mente Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejo Alto

    SuperfcieRelativa-mente Alta

    RochasCristalinas

    SuperfcieOndulada

    Bruno no-Clcico eRegossolo

    CaatingaArbrea

    Agricultura deSubsistncia ePecuriaExtensiva

    14Media-mente Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejo Alto

    SuperfcieRelativa-mente Alta

    RochasCristalinas

    SuperfcieLevementeOndulada

    PodzlicoVermelho-AmareloEutrfico eRegossolos

    CaatingaArbrea

    Agricultura deSubsistncia ePecuriaExtensiva

    15Media-mente Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejo Alto

    SuperfcieRelativa-mente Baixa

    RochasCristalinas

    SuperfcieRebaixada

    Bruno no-Clcico ePodzlicoVermelho-

    AmareloDistrfico

    CaatingaArbustivaDensa

    PecuriaExtensiva

    16Media-mente Seco(Semi-rido)

    DepressoInterpla-nltica

    PlanaltoSertanejo Alto

    SuperfcieRelativa-mente Baixa

    RochasCristalinas

    SuperfcieLeve-menteOndulada

    PodzlicoVermelho-AmareloEutrfico eLitlico

    CaatingaArbustivaDensa

    PecuriaExtensiva,Agricultura deSubsistncia eAgriculturaIrrigada

    17Media-mente Seco(Semi-rido)

    Monta-nhas(Serras)

    Colinas Pr-monta-nhosas

    SuperfcieRelativa-mente Baixa

    Grani-tides

    ColinasResiduaisPr-mon-tanhosas

    Regossolos,Terra Roxa ePodzlicoVermelho-Amarelo

    CaatingaArbreaDensa

    Agricultura deSubsistncia

    18Media-mente Seco(Semi-

    rido)

    Monta-nhas(Serras)-

    Colinas Pr-monta-nhosas

    SuperfcieRelativa-mente Baixa

    RochasCristalinas

    ColinasResiduaisPr-monta-

    nhosas

    Regossolos ePodzlicoVermelho-

    Amarelo

    CaatingaArbreaAberta

    Agricultura deSubsistncia

    19Media-mente Seco(Semi-rido)

    Monta-nhas(Serras)

    Colinas eAlturas Pr-monta-nhosas

    Glacis deAcumu-laoInterior

    Cober-turasColuviaisDetrticas

    TabuleirosInteriores

    LatossoloVermelho-AmareloDistrficos

    CaatingaArbrea

    Agricultura deSubsistncia

    20Media-mente Seco(Semi-rido)

    Monta-nhas(Serras)

    Colinas, Pr-monta-nhosas

    Vertentes RochasCristalinas

    Vertentes Regossolos eBruno no-Clcico

    Mata Secae CaatingaArbustiva

    Agricultura deSubsistncia

    21Media-mente Seco(Semi-rido)

    Monta-nhas(Serras)

    MontanhasResiduais

    CristasResiduaisRochosos

    Gnaisses eGrani-Tides

    ColinasResiduais

    Regossolos eBruno no-Clcico

    Mata Secae CaatingaArbustiva

    Agricultura deSubsistncia ePecuriaExtensiva

    22Media-mente Seco(Semi-

    rido)

    Planalto(700-900 m)

    Reverso dePlanalto

    BaciaSedimentar

    Arenitos eConglo-merados

    Topo,Reverso eBordas

    de Planalto

    LatossolosVermelho-Amarelo

    Distrficos

    Carrasco eCaatingaArbustiva

    PecuriaExtensiva eAgricultura de

    Subsistncia

    23Media-mente Seco(Semi-rido)

    Monta-nhas(Serras)

    PlanaltoMontanhoso

    Reverso dePlanalto

    Arenitos eConglo-merados

    Parte Baixado Reversode Planalto

    AreiasQuartzosasDistrficas

    Carrasco PecuriaExtensiva eAgricultura deSubsistncia

    24Media-mente Seco(Semi-rido)

    Planalto ChapadaTabularEstrutural

    BaciaSedimentar

    Arenitos eRochasCalcrias

    Plat deChapada

    LatossolosVermelhoDistrfico eRegossolos

    Cerrado eCarrasco

    ExtrativismoVegetal ePecuriaExtensiva

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    9/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    103

    tipo subtipo classe subclasse grupo subgrupo relevo solos vegetao uso

    25

    Sub-

    mido

    Plancie Plancie

    Aluvial

    Bacia

    Sedimentar

    Aluvies Plancie

    Aluvial

    Solos

    Aluviais

    Vegetao de

    Vrzea

    Agricultura de

    Subsistncia eExtrativismoVegetal

    26Sub-mido

    Plancie PlancieLitornea

    BaciaSedimentar

    SedimentosClsticosOrgnicos

    PlancieFlvio-marinha

    SolonchakSolontico

    Vegetao deMangue

    Pesca deSubsistnciaSalinasMariscagem

    27Sub-mido

    Plancie PlancieLitornea

    BaciaSedimentar

    SedimentosAreno-Quartzosos

    PlancieLacustre eFlvio-lacustre

    AreiasQuartzosasMarinhas

    VegetaoPsamfila eArbustiva deDunas

    PecuriaExtensiva eAgricultura deSubsistncia

    28Sub-mido

    Plancie PlancieLitornea

    BaciaSedimentar

    Dunas ePaleodunas

    Faixa dePraias,TerraoMarinho eCampo de

    Dunas

    AreiasQuartzosasMarinhas

    VegetaoPsamfila eVegetaoArbustiva deDunas

    ExtrativismoVegetal eAgricultura deSubsistncia

    29Sub-midoSemi-rido

    Plancie Plancie deTabuleiroPr-litorneo

    TabuleiroAreno-argiloso

    Arenitos,Argilitos eConglo-merados

    Glacis deAcumu-lao Pr-litorneo

    PodzlicoVermelhoAmareloDistrfico

    VegetaoArbustivo-arbrea

    CulturasPermanentes eAgricultura deSubsistncia

    30Sub-mido

    Plancie Plancie deTabuleiroPr-litorneo

    TabuleiroAreno-argiloso

    Arenitos,Argilitos eConglo-merados

    Glacis deAcu-mulaoPr-litorneo

    AreiasQuartzosasDistrficas

    VegetaoArbustivo-arbrea

    CulturasPermanentes eAgricultura deSubsistncia

    31Sub-midoSemi-rido

    DepressoInterpla-nltica

    DepressoSertanejaAlta

    Depressonos Cratns

    RochasCristalinas

    SuperfcieSuave-menteOndulada

    Regossolos ePodzlicoVermelho-AmareloEutrfico

    CaatingaArbrea,Cerrado eMata Seca

    Agricultura deSubsistncia ePecuriaExtensiva

    32Sub-mido

    Semi-rido

    Montanhas ColinasResiduais

    Depressonos Cratns

    RochasCristalinas

    Vertentes deSerras

    Regossolos ePodzlico

    VermelhoAmareloEutrfico

    Mata Seca eCaatinga

    Arbrea

    Agricultura deSubsistncia

    33Sub-midoSemi-rido

    Montanhas ColinasResiduais

    Depressonos Cratns

    Grani-tides

    Vertentes deSerras

    PodzlicoVermelho-Amarelo

    Mata Seca eCaatingaArbrea

    Agricultura deSubsistncia

    34Sub-midoSemi-rido

    Montanhas Colinas eAlturas Pr-mon-tanhosas emForma dePlat

    Depressonos Cratns

    RochasCalcreas eDepsitosColuviais

    Topo eVertentes doPlat

    LatossoloVermelho,PodzlicoVermelho-AmareloEutrficoe Regossolos

    Mata Seca eMata midae Plvio-nebular

    Policultura eExtrativismoVegetal

    35

    Sub-

    midoSemi-rido

    Montanhas Colinas

    Pr-mon-tanhosas

    Depresso

    nos Cratns

    Granitides Vertentes e

    Topos dasSerras

    Podzlico

    Vermelho-AmareloEutrficoe Regossolos

    Caatinga

    Arbrea eMata Seca

    Agricultura de

    Subsistncia

    36 Sub-midoSemi-rido

    Montanhas Monta-nhasResiduais

    Depressonos Cratns

    Granitides MaciosResiduaisPr-Litorneos

    PodzlicoVermelho-AmareloEutrfico eLitlico

    Matas midae Seca

    CulturasPermanentes ePolicultura

    37Sub-midoSemi-rido

    Montanhas PlanaltoMontanhoso

    BaciaSedimentar

    Arenitos eConglo-merados

    ReversoSuavementeOndulado doPlanalto

    AreiasQuartzosas

    Carrasco Policultura eAgricultura deSubsistncia

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    10/18

    104

    A Faixa Equatorial divide-se em cinco zonas: rida (seca), semi-rida (semi-seca), submida,mida e supermida. No Cear, encontram-se s as quatro primeiras. A medida que as zonas somenos midas, manifestam maior influncia da estacionalidade. Para cada uma de essas zonas,formam-se tipos zonais de paisagens, considerando-se as caractersticas geomorfolgicas, pedolgicase biticas tpicas para cada zona, em dependncia dos parmetros prprios de calor e umidade. Parao Cear, podem ser distinguidos os seguintes tipos zonais de paisagens:

    Paisagens da zona seca (rida) -Precipitao anual entre 500 e 750 mm, 8 a 10 meses secosno ano como mdia e evapotranspirao muito alta. Predominam os processos de pediplanaoe lixiviao sazonal, e o intemperismo mecnico. Os solos formados so rasos, pedregosos ecom pouca matria orgnica e nutrientes, s vezes, com formao de crostas duras, que refle-tem a influncia do xeromorfismo. Predominam os Solos Litlicos, Regossolos e Brunos noClcicos. Tudo isso condiciona a formao de uma cobertura vegetal aberta, a caatinga arbustivaaberta , floristicamente adaptada s condies de extremo xerofitismo.

    Paisagens da zona semi-seca (semi-rido) - Precipitao anual entre 750-1000 mm, 6 a 8

    meses secos por ano. Predominam os Solos Podzlico Vermelho-amarelo Distrficos, que re-fletem o dbil processo pedogentico, condicionado pela forte evapotranspirao e as rigorosascondies climticas. A cobertura vegetal assume um carter de caatinga arbrea, em razo demaior umidade.

    Paisagens da zona submida -Precipitao anual de 1000 a 1400 mm, de 4 a 6 meses secos.Existe umidade suficiente para garantir processos de latolizao na formao de solos, comliberao de Fe e Al. Formam-se, assim, Solos Podzlicos Vermelho-amarelo Eutrficos eLatossolos Distrficos. A cobertura vegetal de mata seca caduciflia, com um maior porte e

    presena de rvores.

    Paisagens da zona mida -Precipitao anual maior de 1400mm, 2 a 4 meses secos. Aqui, ossolos experimentam processos mais intensos de lixiviao e acumulao de nutrientes e mat-ria orgnica, e a vegetao tem um carter completamente arbreo e pereniflio. Formam-se osLatossolos e Podzlicos Vermelho-amarelo Eutrficos, e tambm Cambissolos, os quais seformam em dependncia do tipo de rocha. Predomina a floresta mida.

    O Cear, na realidade, possui uma grande depresso separada por uma srie de serras ouchapadas. Na maior parte dessa depresso, distribuem-se as paisagens da zona semi-rida (semi-seca). As paisagens secas (ridas) distribuem-se em bolses dentro da depresso a oeste e a sudestedo Estado do Cear. As paisagens submidas, distribuem-se principalmente no setor litoral (plancie

    litornea e tabuleiro) condicionadas pela maior influncia dos alsios. Formam-se tambm em algu-mas chapadas e territrios adjacentes situadas interior do Estado. As paisagens midas formam-senas serras a barlavento, situadas prximas ao litoral e fortemente influenciadas pela ascenso dosalsios.

    b.-A diferenciao da altitude das paisagens

    O estudo feito na Serra de Maranguape (Figura n 02) permite distinguir as regularidadesprincipais da diferenciao altitudinal das serras e colinas residuais do Cear, relativamente midas(da zona latitudinal mediamente seca). Praticamente toda a serra est dentro da faixa equatorial.Tambm se desenvolve em um mesmo tipo litolgico (granitides). Distinguem-se 5 zonas altitudinaisque coincidem com tipos especficos de mega-relevos, e que condicionam a formao de tipos de

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    11/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    105

    solos e de vegetao, que mudam correspondentemente, com a presena de maior umedecimentopara a formao das paisagens. Essas zonas so:

    >A zona seca (zona rida), que coincide com a plancie de desnudao da depresso sertaneja.

    >A semi ou medianamente seca (semi-rida), que coincide com as colinas baixas.

    >A zona submida, como as colinas pr-montanhosas.

    >A zona mida das vertentes dissecadas.

    >A zona mida nebular, dos topos e patamares escarpados.

    Junto com a coincidncia da diviso zonal h uma diviso geomorfolgica azonal, j que estacondiciona a diferenciao pluviomtrica, manifestando claramente uma variao entre as distintasexposies das macrovertentes da serra. Podem-se distinguir assim duas macrovertentes:

    > A macrovertente, mais mida (de barlavento) de exposio norte-oriental mais extensa e deforma linear. Nela, as zonas apresentam-se a um nvel altitudinal relativamente baixo.

    > A macrovertente mais seca (de sotavento) de exposio sul-ocidental, mais curta e estreita.Nela, as zonas apresentam-se a um nvel altitudinal maior.

    As caractersticas da zonalidade altitudinal apresentadas so prprias das regies equatoriais etropicais semi-secas e submidas, em particular, semelhantes ao territrio de Cuba Oriental (Mateo,1979). Essas caractersticas so: o mesmo espectro de diferenciao de zonas altitudinais, a coinci-dncia entre a diviso geomorfolgica e o mega-relevo, a clara diferenciao entre diversas exposi-es das vertentes, e a situao relativamente pouco alta (1000 metros de altitude) do nvel do mar.

    Para as regies tropicais e equatoriais midas (por exemplo, a Cordilheira de Amrica Centralno Panam ou a Serra do Mar, no Brasil), as regularidades da diferenciao altitudinal mudam demaneira clara. Apresenta-se um espectro mais mido; no se manifestam zonas secas; o nvel dasnuvens e a posio da zona mida de nuvens mais baixa; e a diferenciao entre as exposies menos evidente (Mateo, op. cit.).

    c.-A diferenciao azonal das paisagens

    Os fatores azonais de formao e diferenciao das paisagens so aqueles vinculados funda-mentalmente energia interna do planeta Terra. Eles geralmente alteram e condicionam diferenasgeoecolgicas, dentro e no interior das unidades zonais (faixas e zonas). Entre esses fatores zonais

    podem-se destacar: as morfoestruturas, a litologia, os fatores geomorfolgicos e a evoluopaleogeogrfica.

    Na confeco do Mapa de Paisagens de Cear, os fatores azonais foram analisados em duas

    situaes: a diferenciao geomorfolgica que condiciona a distino das classes e subclasses e adiferenciao geolgica, que condiciona a distino dos grupos e dos subgrupos.

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    12/18

    106

    Figura n 02 Perfil Geoecolgico da Serra de Maranguape-CE

    LEGENDA

    ZONA COMARCA(1,2,3,4,5)

    MORFO-GNESE

    VEGETAO SOLOS USO

    I Seca: planciedenudativa

    da depressosertaneja

    Eroso arealgeneralizada,encrostamento

    Caatinga ArbustivaAberta

    Podzlico Vermelho-Amarelo profundo eBruno-No Clcico

    Pastagem e culturasde subsistncia

    II Medianamenteseca: colinas

    baixas

    Fsica, desagregaodos blocos

    Caatinga ArbustivaDensa

    Podzlico Vermelho-Amarelo com afloramento

    de rochas

    Desmatamento eculturas desubsistncia

    IIISub-mida:colinas pr-

    montanhosas

    Linear, eroso arealgeneralizada

    Caatinga Arbrea eMata Seca Subcadu-

    ciflia

    Podzlico Vermelho-Amarelo pedregoso com

    blocos rochosos

    Culturas permanentes(frutferas)

    IV mida:vertentes dissecadas

    Processos qumicosde alterao emovimento de

    massa

    Mata midaSubpereniflia

    Podzlico Vermelho-Amarelo profundo

    Culturas permanentese banana

    V mida nebular: toposescarpados epatamares

    Desagregao fsica,movimento de

    blocos

    Mata Plvio-nebularPereniflia

    Podzlico Vermelho-Amarelo hmico

    Culturas permanentese banana

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    13/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    107

    . A diferenciao geomorfolgica das paisagens do Cear

    As classes de paisagens distinguem-se com base no papel do mega-relevo da diferenciaogeoecolgica (J. Ross, 1985, 1995). Determinaram-se trs grandes categorias de mega-relevo:

    >As plancies, reas planas ou ligeiramente inclinadas, geradas por deposio de sedimentosrecentes, onde se manifesta com clareza a zonalidade latitudinal e a setorialidade, com incidn-cia relevante do lenol fretico na formao das paisagens.

    > Os planaltos (termo tipicamente brasileiro), coincidem com a viso de plancies altas, edissecadas, com clara manifestao da zonalidade latitudinal e da setorialidade, um comeoda manifestao da zonalidade altitudinal, ao ser realmente unidade de transio entre as plan-cies e as montanhas. No Estado do Cear e no Nordeste do Brasil, grande parte dos planaltosconstituem as depresses interplanlticas formadas no embasamento cristalino, que manifes-tam diferentes nveis de pediplanao, estando situadas entre planaltos de rochas sedimentares.

    >As montanhas so reas de relevo acidentado, que rompem ao nvel da superfcie relativa-mente homognea das plancies e dos planaltos. A altitude e a exposio convertem-se emfatores geoecolgicos fundamentais que determinam a distino das faixas e zonas altitudinais.So montanhas, as serras e as chapadas, j que elas manifestam uma diferenciao altitudinal eexposicional.

    Dentro de cada uma dessas classes distinguidas pelo mega-relevo, se distinguem as subclassesdeterminadas por diferenas morfogenticas. Essas diferenas condicionam, em grande parte, aorientao e direo dos processos e da diferenciao geoecolgica. Distinguem-se assim:

    >As plancies aluviais, litorneas e pr-litorneas.

    > Os planaltos baixos e altos.

    > Entre as montanhas, distinguem-se as colinas, (residuais, pr-montanhosas, em forma deplat), as chapadas estruturais tabulares, as alturas pr-montanhosas, as montanhas residuais eos planaltos montanhosos.

    . A diferenciao geolgica das paisagens do Cear

    Ela permite a distino de duas unidades taxonmicas, dentro das classes e subclasses: osgrupos e os subgrupos. Os grupos das paisagens, distinguem-se de acordo com as condies estru-turais. Elas determinam, em parte, a histria paleogeogrfica e as condies em que se desenvolvema diferenciao geoecolgica. Determinam-se as seguintes condies geo-estruturais:

    > Depresso interplanltica nos cratns, que condiciona situaes de longa estabilidadegeoecolgica e homogneas situaes geoecolgicas.

    > Bacia sedimentar, que determina uma evoluo paleogeogrfica mais recente e condies de

    situao superior dos elementos geoecolgicos.

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    14/18

    108

    Os subgrupos so distinguidos de acordo com a litologia, que desempenha um papel funda-mental na formao e diferenciao das paisagens. Ela condiciona a composio qumica e fsicados solos, as condies de drenagem e a capacidade de reteno de gua, o substrato fsico equmico da vegetao e o carter dos processos morfogenticos. Podem ser distinguidos trs gran-des tipos litolgicos, na diferenciao das paisagens do Cear:

    > Rochas cristalinas: pelo seu grau de impermeabilizao, condiciona uma limitada reteno degua e um aprofundamento das condies de aridez. Os processos morfogenticos so deter-minados em parte pela relativa dureza das rochas, o que condiciona a intensidade dos proces-sos de eroso lateral e a debilidade de incidncia dos processos de aprofundamento erosivosdos leitos dos rios. O aporte de elementos metlicos, a carncia de nutrientes e a forte acidezdeterminam condies extremas na formao dos solos e da vegetao. Caso particular cons-titudo pelos granitides, que apresentam condies relativamente menos extremas do que asrochas cristalinas.

    > Rochas carbonatadas: incluem arenitos, argilitos, conglomerados e rochas calcrias. Por suas

    condies, determinam condies geoecolgicas relativamente extremas, tais como: maior teorde nutrientes e matria orgnica, maior capacidade de reteno de gua, formao de lenisfreticos, maior ao dos processos de dissoluo, menor composio cida, menor quantidadede elementos metlicos e pesados.

    > Sedimentos clsticos, que incluem sedimentos arenosos, areias quartzosas e sedimentos argi-losos. Geralmente tm uma composio ainda no consolidada, que respondem a uma origemrelativamente recente, que se manifesta de maneira dbil na composio dos solos e da vegeta-o. Os processos de decomposio e meteorizao encontram-se em fases primrias.

    d. - A di f er enci ao l ocal das pai sagens

    Neste nvel distinguiram-se as espcies de paisagens. Elas coincidem com o nvel superior dasunidades locais das paisagens, conhecidas como localidades (land systems). Eles sintetizam os fato-res zonais e azonais na formao das paisagens. Mas, esses fatores no desempenham um papelfundamental em sua diferenciao. Pelo contrrio, so fatores mais de carter interno, tais comodiferenciao do relevo ao nvel de mesoforma, que condicionam diferenas da drenagem e suces-sivamente na formao dos solos e da cobertura vegetal.

    No Mapa de Paisagens e Vulnerabilidade Desertificao do Estado do Cear (Figura e Tabelan 01), foram determinadas s as unidades locais de ordem superior que constituem agrupaes delocalidades. Para cada uma delas foram determinados os seguintes critrios ou parmetros: o tipo

    morfogentico de relevo, ou seja, a combinao de mesoformas de relevo; o tipo de solo, de vege-tao e de uso da terra caracterstico. No total distinguiram-se, no mapa, 38 espcies de paisagens.Estudos de paisagens em nvel mais detalhado no Estado do Cear permitiram distinguir as unidadeslocais de paisagens, tais como localidades (land systems), comarcas (land facetou land unit) efcies (geofcies, siteou land element) (Vicente da Silva, 1993, 1998; Mateo et.al., 2001).

    A anlise das relaes genticas entre as diferentes espcies de paisagens do Estado do Cearpermite distinguir as diferentes filas (fileiras) paragenticas das paisagens, que constituem os dife-rentes estgios evolutivos das paisagens. Podem-se distinguir 6 fileiras paragenticas das paisagens:

    >Fileiras das paisagens do serto cristalino -distinguem-se duas variantes: a variante doaumento da umidade das paisagens mais secas, a paisagem semi-seca, a mais drenada (espci-es 3-8-10), e a variante do aumento da umidade e salinidade, com aumento da forma depressiva(espcies 2-3-6-11).

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    15/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    109

    >Fileiras das paisagens das serras cristalinas- a variante condicionada pelo aumento daumidade, como conseqncia do aumento da altitude, a mudana da posio no setor de paisa-gem e a mudana dos processos de acumulao nas vertentes (espcies 4-8-18-19-20-21-32-34).

    >Fileiras das paisagens dos planaltos e serras de granitides -condicionadas pelo aumentode altitude e umidade (espcies 12-17-35-36).

    >Fileiras das paisagensdas chapadas -a variante condicionada pelo aumento da umidadeatmosfrica e mudana do regime pluviomtrico (espcies 5-7-11-22-23-34).

    > Fileiras das paisagens do tabuleiro litorneo - a variante condicionada pela mudana docarter da cobertura dos sedimentos e das rochas (espcies 29-30).

    Cada uma destas fileiras explica a substituio dos tipos de solo, vegetao e concomitantemente

    do potencial natural, em dependncia da mudana de um ou vrios fatores ou parmetros-chaves. Adeterminao das fileiras pode explicar as possveis conseqncias de mudanas de condies natu-rais dos processos de degradao ambiental. Pode servir, assim, como fundamento certo para o

    prognstico geoecolgico. Por exemplo, a explicao do processo de desertificao como comple-xo de processos de degradao ambiental em condies de aumento de aridez, carncia de gua,

    pode ser feita pela anlise das diferentes fileiras do serto cristalino. Assim a desertificao pode serexplicada pelo passo ou transformao da espcie de paisagem 10 (caatinga arbrea, processo de

    podzolizao e dissecao erosiva) em 8 (caatinga aberta arbustiva, processo de regolizao epediplanao).

    Exemp lo de uso do mapa de pai sagens: a anli se da vulner abi li dade

    deser t i f i cao

    A desertificao pode ser considerada como um complexo de processos de degradao ambiental,que ocorrem nas zonas ridas, semi-ridas e submidas, principalmente na faixa tropical e equato-rial. A ocorrncia da desertificao est vinculada a carncia de gua nos sistemas ambientais natu-rais (ecossistemas e geossistemas), que dificultam seu funcionamento e auto-regulao. Isso traduz-se na ocorrncia de processos de degradao ambiental, tais como a aridificao, a fragmentao eempobrecimento dos ecossistemas, a eroso elica e hdrica, a formao de voorocas e deslizamentos,a compactao e acidificao dos solos, a alterao do regime hdrico e outros processos.

    Esses processos manifestam-se em conseqncias socioambientais concretas, tais como a per-da da capacidade produtiva dos sistemas econmicos, que se reflete em perda da identidade cultu-ral, em processos de migrao da populao, empobrecimento social e outros. O desencadeamentodos processos de desertificao esto vinculados a causas naturais (mudanas climticas, tectnicas,hdricas), e tambm ao impacto humano. A alterao da estrutura e as condies de funcionamentoe auto-regulao dos sistemas ambientais naturais podem ser resultado dos diferentes impactoshumanos, tais como, desmatamento, construo de obras hidrotcnicas (audes, barragens),impermeabilizao da superfcie do solo e irrigao descontrolada. De tal maneira, as condiessociais e econmicas podem acrescentar as possibilidades da ocorrncia dos processos de

    desertificao.

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    16/18

    110

    Ao mesmo tempo, pode-se apontar que o grande problema do Nordeste semi-rido no deordem fsica; de ordem social. Entre os fatores sociais que influem sobre a desertificao, podem-se colocar os seguintes:

    >O sistema da propriedade da terra;

    >O acesso e apropriao dos recursos;

    >A racionalidade dos agentes e atores sociais envolvidos;

    >A intensa presso humana sobre os sistemas naturais;

    >A tecnologia inadequada prevalecente;

    >A carncia de infra-estrutura ambiental e social;

    >A insuficiente integrao regional.

    Mas pode-se verificar que cada sistema ambiental natural, cada paisagem natural, tem umpotencial, uma tendncia especifica ocorrncia da desertificao, na dependncia de suas carac-tersticas, que permite escolher as paisagens naturais como base para o anlise da vulnerabilidade desertificao. Por vulnerabilidade desertificao compreende-se aqui, a susceptibilidade ocor-rncia de determinados graus de desertificao na dependncia de seus atributos sistmicos. Consi-dera-se como graus de desertificao a intensidade dos processos de degradao ambiental.

    Por outra parte, para determinar a vulnerabilidade, parte-se de alguns fatores (ou atributos) queconstituem elementos desencadeadores do processo de desertificao. Para determinar avulnerabilidade das paisagens naturais do Cear desertificao, considera-se as seguintes hipte-ses sobre a influncia dos diferentes fatores no desencadeamento na desertificao (Tabela n 02):

    > A influncia do clima: medida que o clima mais seco, ou seja, que a relao precipitao-evapotranspirao menor e que maior o nmero de meses secos, h maior vulnerabilidade desertificao.

    >A influncia do relevo: relevos relativamente altos e acidentados so menos susceptveis adesertificao; relevos planos e pouco dissecados favorecem a desertificao.

    > A influncia da litologia: medida que a rocha mais impermevel, menos porosa, e maismacia, maior a susceptibilidade desertificao.

    > A influncia do uso do solo e da vegetao: medida que a estrutura vertical da vegetao mais complexa e mais arbrea, menor a susceptibilidade desertificao. Sendo o uso da

    terra mais homogneo e de estrutura vertical simples estimulada a desertificao.

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    17/18

    Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, nmero 01, 2002

    111

    Na dependncia de cada um dos fatores mencionados, determinam-se pontos. A soma dospontos foi a base para a determinao das categorias de vulnerabilidade desertificao (Tabela n02). Estabeleceram-se as seguintes categorias de graus de desertificao de acordo com a suavulnerabilidade : leve, moderada, forte, muito forte. Na categoria de vulnerabilidade muito fortteforam selecionados, de maneira especial, os ncleos de desertificao, compreendendo como asreas mais susceptveis a comear o processo de degradao. No Mapa de Paisagens e Vulnerabilidade

    Desertificao do Estado do Cear, se determinaram os graus mencionados em tonalidades (Figu-ra n 01).

    A anlise do Mapa de Paisagens e Vulnerabilidade Desertificao (Figura n 01) permiteesclarecer as regularidades espaciais do processo de desertificao no Estado do Cear. Tambm

    possvel determinar as correlaes entre os tipos de paisagens e a susceptibilidade desertificao.Em geral, o Estado do Cear altamente vulnervel aos processos de desertificao, pois mais de70 % do territrio so suscetveis a alteraes por degradao. Aproximadamente 25% esto em

    uma situao altamente delicada. A luta contra a desertificao do Cear dever partir de umacompreenso da lgica da alterao das paisagens e da busca de caminhos e procedimentos paraadequar os impactos e aes humanas estrutura e ao funcionamento dos sistemas ambientaisnaturais. A anlise e os estudos futuros sobre as paisagens do Estado do Cear permitiro desenharestratgias para lutar contra a desertificao.

    Consider aes f i nai s

    O problema da classificao das paisagens constitui, de tal modo, uma importante questo

    cientfica, que pode ajudar a analisar cientificamente aspectos relacionados com o desenho dosestilos e modelos de desenvolvimento e a soluo de inumerveis tarefas prticas.

    Tabela 02 :Indicadores de vulnerabilidade dos fatores geossistmicos

    degradao ambiental por desertificao no Estado do Cear

    GRAU DEVULNERA-BILIDADEDO FATOR

    PONTOS CLIMA RELEVO LITOLOGIA VEGETAO E USO

    No se apresenta 0 mido e

    Sub-mido

    Planalto

    MontanhosoPlancies Fluviais e

    Flvio-marinha

    Rochas Cristalinas

    Sedimentos AluviaisSedimentos Flvio-

    marinhos

    Floresta mida Vegetao

    de ManguePoliculturasExtrativismo

    Baixo 1 Mediamenteseco

    Sub-mido

    ChapadasTabuleiro

    Depresso Baixa

    AreiaArenito

    Depsitos ClsticosRochas Calcrias

    CerradoMata Seca

    Vegetao de TabuleiroCulturas Anuais e

    Permanentes

    Mdio 2 Mediamenteseco

    SuperfcieRebaixada

    da DepressoSertaneja,Colinas

    GranitidesGnaisses

    CarrascoCaatinga Arbrea

    Agricultura IrrigadaAgricultura de Subsistncia

    Forte 3 Seco Superfcie

    Rebaixadada DepressoSertaneja,Colinas

    Rochas Cristalinas Caatinga Arbustiva

    Pecuria ExtensivaAgricultura IrrigadaAgricultura de Subsistncia

  • 7/25/2019 Classificao Das Paisagens c Viso Geossistmica - Cacau

    18/18

    112

    Os procedimentos de classificao de paisagens utilizados usualmente no mundo (Verstappen,1983; Mateo et.al., 2001) podem ser usados para a anlise das paisagens do Cear. Isso possvel,uma vez que as regularidades de diferenciao das paisagens tem um carter universal e s precisamser adequadas ao nvel regional e local correspondente.

    Pesquisas posteriores devero caminhar para o aperfeioamento da classificao apresentada,a elaborar a regionalizao geoecolgica, a realizar estudos em escala mais detalhada e a articular as

    paisagens naturais com as sociais e culturais.

    Bibl iograf ia

    Cruz, L., J.C. de Morais., M.J.N. de Souza. Compartimentao Territorial e Gesto Regional do Cear.,Editora Funece, Fortaleza, 2000, 268 pgs.

    IPLANCE.- Atlas do Cear., Fortaleza, IPLANCE, 1997, 65 pgs.Gomez Orea, D.La Planificacin del Medio Fsico., Ediciones de la Secretaria de Medio Ambiente, Madrid,

    1998, 456 pgs.Mateo, J.,E.V. Silva., A. Cavalcanti. Geoecologia: uma viso sistmica da anlise ambiental das Paisa-

    gens: Edies UFC, Fortaleza, 2001 (no prelo), 252 pgs.Mateo, J. Paisajes de Cuba(em russo)., Tese de Doutorado, Moscou, 1979., 222 pgs.Passos, M.A construo da paisagem no Mato Grosso, Brasil., UNESP-UEM, Presidente Prudente, 2000,

    143 pgs.Ross, J.L. (Org.). Geografia do Brasil., Editora da USP, So Paulo., 1995, 546 pgs.Ross, J.L.,Relevo brasileiro: uma nova proposta de classificao., Revista do Departamento de Geografia,

    FFLCH/USP., So Paulo., n. 4., 1985, pp. 25 39.Sauer, C.D. The morphology of landscape., Publication in Geography., University of California., 1925.,v.2.,

    n.2., pp. 19 54.Soares, A., F. Leite., J. Lemos., M. Martins., R. Mayorga., V. Pinto. reas degradadas susceptveis aos

    processos de desertificao no Cear,In: Desenvolvimento Sustentvel no Nordeste, IPEA, 1995., pp.305 327.

    Silva, E. Vicente da Geoecologa da Paisagem do litoral cearense: uma abordagem ao nvel de escalaregional e tipolgica., UFC., Tese para Professor Titular., Fortaleza, 1998, 281p.

    Silva, E. Vicente da Dinmica da paisagem: estudo integrado de ecossistemas litorneos em Huelva(Espanha) e Cear (Brasil)., Tese de doutorado., UNESP., Rio Claro (SP), 1993, 371p.

    Silva, J. Borzacchiello da & Cavalcante,T. Correia.Atlas Escolar do Cear: espao geo-histrico e cultu-ral., Grafset Ltda., Joo Pessoa, 2000, 176p.

    Verstappen, H.T.Applied Geomorphology. Geomorphological surveys for enviromental development., Elsevier,Amsterdam., 1983, 435 pgs.