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Coleo de Textos Ivo Tonet
Salvador Macei 23/08/2012
x ndice de Textos Cincia/Categorias
1. A Crise das Cincias Sociais
2. Cidadania ou Emancipao Humana? 3. Cidado ou Homem Livre?
4. Cincia: quando o Dilogo se Torna Impossvel 5. Do Conceito de Sociedade Civil 6. tica e Capitalismo
7. Interdisciplinaridade, Formao e Emancipao Humana 8. Mercado e Liberdade 9. Modernidade, Ps-Modernidade e Razo 10. Para Alm dos Direitos Humanos
11. Pluralismo Metodolgico: Falso Caminho
Educao
1. A Educao Numa Encruzilhada 2. Educao e Concepes de Sociedade
3. Educao e Formao Humana 4. Educao e Revoluo 5. Educar para a Cidadania ou para a Liberdade 6. Um Novo Horizonte para a Educao
7. Universidade Pblica o Sentido da Nossa Luta
Esquerda/Marxismo/Atualidade
1. As Tarefas dos Intelectuais, Hoje
2. Crise Atual e Alternativa Socialista
3. Descaminhos da Esquerda: da Centralidade do Trabalho Centralidade do Poltica (Com Adriano Nascimento)
4. Eleies: Repensando Caminhos
5. Esquerda Perplexa
6. Expresses Scio-Culturais da Crise Capitalista na Atualidade
7. Introduo a Filosofia de Marx (Com Srgio Lessa)
8. Lukcs e as Esquerdas Brasileiras
9. Marxismo e Democracia
10. Marxismo e Educao
11. Marxismo para o Sculo XXI
12. O Batismo de Marx
13. Para Alm das Eleies (Com Srgio Lessa e Belmira Magalhes)
14. Qual Marxismo?
15. Recomear com Marx
16. Revoluo Francesa: de 1789 a 1989
Prefcios/Introdues/Resenhas
1. Introduo a Ideologia Alem Karl Marx 2. 3. Cristina Paniago 4. John Holloway 5. e a Herana Hegeliana. Lucio Colleti e o Debate Italiano (1945- ? ? ? ? Orlando Tambosi 6. Utopia Mal Armada
Trabalho/Socialismo
1. O grande Ausente
2. Sobre o Socialismo
3. Socialismo e Democracia
4. Socialismo: Obstculos a uma Discusso 5. Trabalho Associado e Revoluo Proletria
6. Trabalho, Educao e Luta de Classes (Prefcio)
Cincia e Categorias
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CIDADANIA OU EMANCIPAO HUMANA?
Introduo Fala-se muito, hoje, em cidadania como se esse termo fosse sinnimo de liberdade tout
court. Supe-se que lutar por um mundo cidado equivaleria a lutar por uma sociedade efetivamente livre e humana. Supe-se, tambm, que com a cidadania, que certamente inseparvel da democracia, se haveria descoberto a forma mais aperfeioada possvel da sociabilidade.No porque ela fosse perfeita, mas porque estaria indefinidamente aberta a novos aperfeioamentos.
Ao contrrio, parece-nos equivocado pensar que a cidadania expressa a forma superior da liberdade humana. Por suas origens e sua funo na reproduo do ser social, ela representa uma forma de liberdade, certamente muito importante, mas essencialmente limitada. Ao nosso ver, a efetiva emancipao humana , por seus fundamentos e sua funo social, algo radicalmente distinto e superior cidadania, que parte integrante da emancipao poltica. da mxima importncia esclarecer, hoje, essa distino se queremos que a luta social esteja orientada no sentido da superao dessa forma desumanizadora de sociabilidade, cujas razes se encontram no capital. Por sua vez, esse esclarecimento supe a busca da natureza mais ntima da cidadania e da emancipao humana. o que nos propomos fazer brevemente nesse texto.
1. O ponto de partida O caminho mais comum, quando se pretende entender a questo da cidadania, tentar
refazer a sua trajetria histrica. No cremos que esse seja, de fato, o melhor caminho. Sem dvida, o conhecimento da histria muito importante. No entanto, o processo histrico algo muito complexo e variado. Como evitar que nos percamos em meio a essa complexidade e variedade de aspectos? Precisamos de um fio condutor que nos permita compreender a lgica do processo histrico. Esse fio, ao nosso ver, so as determinaes gerais que caracterizam o processo de autoconstruo humana. Ou seja, a primeira pergunta no pode ser a respeito do que a cidadania, mas a respeito do que o homem, do que so essas determinaes fundamentais que demarcam o processo de tornar-se homem do homem. Esse o caminho que nos parece mais adequado para compreender todo e qualquer fenmeno social.
Na perspectiva marxiana, esse fio tem como ponto de partida o ato que, para Marx, o ato originrio do ser social, vale dizer, o ato do trabalho. Segundo ele, se queremos respeitar o processo real temos que partir no de especulaes ou fantasias, mas de fatos reais, empiricamente verificveis, ou seja, dos indivduos concretos, o que fazem, as relaes que estabelecem entre si e suas condies reais de existncia. E o primeiro ato dos homens
exatamente o ato de trabalhar. Somente desse modo, seremos capazes de capturar as determinaes fundamentais que caracterizam o ser social e seu processo de reproduo. O exame rigoroso do ato de trabalho permite a Marx perceber que este se compe de dois momentos: a teleologia e a causalidade. Dois momentos, ressalte-se, de igual estatuto ontolgico. Ou seja, de um ponto de vista ontolgico, a conscincia to importante como a realidade objetiva. Trabalhar , portanto, conceber antecipadamente o fim que se pretende alcanar e atuar sobre a natureza para transform-la segundo esse objetivo. Por outro lado, ao transformar a natureza, o homem cria, ao mesmo tempo, o seu prprio ser. Tanto Marx, como Lukcs insistem em que por
intermdio do ato do trabalho que se realiza o salto ontolgico do ser natural para o ser social. A partir dessa anlise mais rigorosa da estrutura ontolgica do trabalho, pode-se perceber
que o ser social um ser radicalmente histrico e social. Isso quer dizer que nada existe, no ser social, que seja imutvel; que a totalidade deste ser sempre o resultado dos atos humanos. Como conseqncia, nenhum tipo de ordem social pode afirmar a sua insuperabi