Comentários da Quercus ao Draft Zero da Rio+20

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  • 8/2/2019 Comentrios da Quercus ao Draft Zero da Rio+20

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    ERO DRAF

    Quercus Associao Nacional de Conservao da Natureza

    Comentrios ao Draft Zero Rio+20

    Comentrio

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  • 8/2/2019 Comentrios da Quercus ao Draft Zero da Rio+20

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    Quercus Associao Nacional de Conservao da NaturezaComentrios ao Draft Zero Rio+20

    Uma apreciao global:

    Vinte anos aps a primeira Cimeira da Terra Rio 92, Governos, institu-ies internacionais, ONG e sociedade civil de todo o mundo iro participar naConferncia das Naes Unidas sobre Desenvolvimento Sustentvel (CNUDS ou"Rio+20"). O foco central da conferncia a transio para uma economiaverde global no contexto da erradicao da pobreza e de uma governana para

    o desenvolvimento sustentvel. Como referido pelo Secretrio-Geral da Rio+20Mr. Sha Zukang os resultados desta conferncia devem reflectir-se em compro-missos polticos, em parcerias e na ao direta no terreno.

    Da cimeira do Rio+20, espera-se que constitua o incio de um acelerado eprofundo processo de transio mundial em direo a uma economia verde -uma economia que gera crescimento, gera emprego e erradica pobreza porinvestir e preservar o capital natural sobre o qual assenta nossa a sobrevivn-cia a longo prazo. (...) Espera-se que o conceito de economia verde possa ser

    melhor delineado, com implicaes prticas. Espera-se que possa ser eficaz, aoatentar para as particularidades das regies e de povos diferentes. Espera-seque possa atender s necessidades dos mais pobres e reduzir as vulnerabili-dades dos mais desprotegidos dos efeitos das mudanas climticas . ParaZapata , o conceito de economia verde, (...) alm de vago, substancial-mente otimista. Acredita-se que a adoo de tecnologias ecoeficientes emsectores-chave, com mecanismos de mercado, seriam suficientes para conduzir sustentabilidade. Existe, contudo, um grande debate sobre quais deveriamser consideradas tecnologias verdes e que indicadores deveriam ser usados.

    (...) Alm disso, o debate no prega um processo de mudana profunda naproduo e no consumo, baseado em inovaes radicais. Ainda que limitado evago, o termo Desenvolvimento Sustentvel e seu significado explcito(atendimento s necessidades do presente sem prejudicar o atendimento snecessidades das futuras geraes) foram consagrados por todos os pases domundo em 1992. H que se levar em conta que qualquer linguagemdiplomtica consensual, ainda mais quando acordada globalmente, neces-sariamente vaga.

    Fevereiro 2012

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    Depois do desaire de Copenhaga, e de 20 anos de tortuosas negociaes

    climticas o Rio+20 tornou-se o foco de convergncia de um ambicionadoponto de viragem para reinventar o mundo e renovar a esperana. O Rio+20

    confronta-se com o duplo desafio de desconstruir a fatalidade da TragdiaComum e viabilizar um projeto coletivo de recuperao da biocapacidade doplaneta.

    Uma mudana desta importncia no vai acontecer facilmente. O maiorobstculo com que nos defrontamos, no tem origem nas dificuldades de obtersolues tecnolgicas, mas sim na impossibilidade politica de uma necessriamudana na organizao das estruturas das relaes internacionais, capaz depr em prtica a recuperao da biocapacidade do planeta.

    O Zero Draft encontra-se entre o carcter vago e proclamatrio do

    termo Desenvolvimento Sustentvel e a necessidade urgente de operaciona-lizar essa economia verde, mas para a qual no nos parece constituir aindauma soluo. Ao no referir a necessidade de interveno nas condies estrut-urais necessrias para alterar o paradigma, e perpetuar o caminho proc-lamatrio sobejamente realizado, este documento arrisca-se a tornar-se irrel-evante, falhando a possibilidade de poder vir a constituir-se como um marcoimportante dessa ambicionada transio para uma economia verde.

    Apesar de j existir um conceito formal, os instrumentos operacionais

    para construir esta nova economia ainda esto por formular. Embora possaser considerada uma aproximao ao mundo real, quando comparado com oanterior e conceito proclamatrio de desenvolvimento sustentvel, certo queainda estamos numa fase de procurar os alicerces para esta nova construohumana.

    E mesmo num documento que necessariamente ter de ser programtico,

    no existe uma estruturao de objectivos claros que estejam associados auma indicao de formas de os prosseguir. Se o problema do documento nosparece ser estrutural, sobre essas questes que centraremos a nossa anlise:

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    Por outro lado, a concretizao deste incentivo disponibilizao debens pblicos s possvel com um sistema fiscal que assegure uma

    redistribuio de rendimentos, baseada nas contribuies positivas e negativasde cada um, para com o interesse comum. Esta reforma fiscal ambiental jiniciada em pases como o Reino Unido, Holanda, Dinamarca.

    Construir uma economia verde no apenas reduzir a poluio,desenvolver tecnologias verdes, melhorar a ecoeficincia e tentar orga-

    nizar a fruio coletiva atravs de uma funo de troca e alienao de

    direitos de poluio, com todos os efeitos perversos da decorrentes. Construiruma economia verde tambm manter e recuperar o capital natural, introduz-indo nas contas das relaes internacionais e nos PIBs os contributos positivosde cada interveniente no sistema global e desta forma permitir que existamestmulos recuperao a biocapacidade do planeta para sustentar uma vidahumana.

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    Num documento que devia servir para lanar as bases da organizao de

    uma economia verde, refere-se apenas de forma desenquadrada aoobjectivo da Accountability, no ponto IV a). A criao de um sistema de cont-abilidade global de contributos negativos e positivos para a manuteno dossistemas naturais, organizando a oferta e procura de servios ecolgicos e cri-ando um sistema de compensao pelos benefcios prestados a toda a Humani-dade, devia ser um objectivo central para os prximos 20 anos.

    Refere-se a necessidade de manter e recuperar o Capital Natural (ponto74), sem no entanto a Accountability, ter associado um sistema de

    PSA, (pagamento de servios ambientais) ou de compensao, como o estimulopositivo para incentivar esta manuteno e incremento na disponibilizao deservios ecolgicos.

    A compensao pelos benefcios referida de forma parcial,relativamente aos povos da montanha, no constituindo um dos grandes

    objectivos do documento como instrumento essencial da mudana e de realiza-o das boas intenes proclamatrias de todo o documento.

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    A direco Nacional da Quercus

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    No documento no existe nenhuma referncia relativa necessidade deuma reforma fiscal ambiental, baseada no principio da neutralidade

    fiscal, que consiste em mudar o peso que os impostos tm no fator trabalho,

    rendimento e investimento, para passarem a incidir sobre a poluio, a utiliza-o dos recursos naturais e os resduos.

    Sem a clarificao de objectivos estruturais como seja o da necessidadede uma contabilidade de contributos, da criao de um sistema de com-

    pensao que permita inverter o paradigma de explorao de recursos ambien-tais, para um novo de disponibilizao de servios ecolgicos que beneficiamtoda a humanidade (tambm denominados de bens pblicos), no nos parece

    ser possvel encontrar uma base estrutural para se poderem atingir a listagemdos we commit elencados em todo o documento.

    No documento no existe igualmente nenhuma referncia ao papel daEducao Ambiental na construo de sociedades sustentveis e valori-

    zando a ao das organizaes da sociedade civil no seu contributo para odesenvolvimento de projetos, aes e investigao no campo da EducaoAmbiental.