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13/09/13 18:26Como Pagar Corretamente o Subsídio Pastoral | Programas para Igrejas
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Como Pagar Corretamente o Subsídio Pastoralpublicado em 20 de março de 2012 / Nenhum Comentário
Em cursos e treinamentos que temos feito em várias cidades, muitos clientes nos tem suscitado a
questão de como pagar aos pastores, de forma correta e dentro da lei, a prebenda pastoral.
Neste artigo procuraremos elucidar de forma definitiva todas essas questões que envolvem o
pagamento da prebenda, o tratamento da questão previdenciária e a retenção do imposto de renda na
fonte.
A seu turno, vamos analisar primeiramente, a luz da legislação vigente e do ordenamento
constitucional pátrio, o que é um “Ministro de Confissão Religiosa”. Para o Ministério do Trabalho, eles
são aqueles que realizam liturgias, celebrações, cultos e ritos, formam pessoas segundo preceitos
religiosos das diferentes tradições, entre outras atividades relacionadas.
Os ministros desenvolvem suas atividades como consagrados ou leigos, de forma profissional ou
voluntária, em templos, igrejas, sinagogas, mosteiros, etc, sendo essencial o exercício contínuo de
competências pessoais específicas.
A portaria ministerial nº 397, de 09/10/2002, aprovou para uso no território nacional a Classificação
Brasileira de Ocupação (CBO 2002), e esta no grupo 2631, nomeia e identifica as ocupações dos
Ministros de Culto, Missionários, Teólogos e Profissionais Assemelhados.
Já sabendo o que é um Ministro de Confissão Religiosa e suas principais atividades, surgem outras
questões, quanto à provável relação de emprego com sua instituição, o seu correto enquadramento na
questão previdenciária e o tratamento da sua renda para fins de imposto de renda, e as obrigações
decorrentes destas situações.
Vamos analisar primeiro a questão da relação de emprego. Nossos tribunais tem reiteradamente,
reconhecido que NÃO HÁ vínculo de emprego entre os ministros de confissão religiosa e as
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instituições as quais ele serve, vejamos algumas:
VINCULO EMPREGATÍCIO – PASTOR – Estando evidenciado nos autos a inexistência de
qualquer relação empregatícia e que a igreja sobrevive dos dízimos e donativos arrecadados,
não há que se falar em vínculo empregatício, mormente quando o próprio recorrente afirma
que trabalhava como pastor em razão de convicções ideológicas e na utilização de um dom
concedido por Deus (TRT 10ª Reg. – RO 4.625/93 – Ac. 1ª T.227/94 – Rel. Juíz Francklin de
Oliveira – DJU 23/03/1994).
PASTOR EVANGÉLICO, MINISTRO DE CONFISSÃO RELIGIOSA, SACERDÓCIO OU
EMPREGO? – Ministro de Confissão Religiosa não presta serviços para a denominação, mas,
como autêntico intermediário entre o sacro e o profano, exerce o seu sacerdócio por intermédio
dela, o que afasta os requisitos da alteridade e subordinação. Não ganha almas para a
denominação, mas para Deus. Não é meio de vida em prol da Vida Eterna, própria e dos fieis.
Assim o verdadeiro Ministro não trabalha para a denominação, mas para Deus, sendo a
hierarquia eclesiástica da instituição mero instrumento para otimizar a divulgação do
Evangelho. Não se pode esquecer ainda que o verdadeiro ministro, que deve viver de forma
digna com valores pagos pela denominação, não exerce seu ministério em troca de um salário,
sob pena de, em pele de cordeiro, se transformar num execrável mercador da fé cristã. Relação
de emprego não reconhecida, pois não foram preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT. (TRT
15ª Reg. – RO 2526-2003-032-15-00-8 – 3ª Turma, 6ª Câmara).
Para Aristeu de Oliveira e Valdo Romão na obra “Manual do Terceiro Setor e Instituições Religiosas”, o
padre, o pastor, o ministro são, em síntese, sacerdotes, isto é, pessoas que, imbuídas de fé e ainda
convictas de suas doutrinas, independentemente da fé que professam, resolvem ser propagadores de
sua religiosidade, e assim buscam conduzir pessoas para o caminho da verdade, desenvolvem funções
espirituais, extremamente delicadas e singulares.
O vínculo do Ministro de Confissão Religiosa com a Organização Religiosa que ele serve tem início na
sua vocação, o tratamento dado pelo nosso ordenamento jurídico, predominante até os dias atuais,
tanto aos homens como às mulheres, não dá ao ministro condições de relação de emprego por inexistir
contrato de trabalho com a organização religiosa. Registrar um Ministro de Confissão Religiosa como
empregado é um grave erro jurídico.
Não sendo empregado, seria então o Ministro de Confissão Religiosa um autônomo? Também não. A
Previdência Social o equiparou a autônomo até o advento da Lei nº 9.876/99 de 26/11/1999, que
extinguiu essa categoria, passando pois a denominá-lo contribuinte individual. Se fosse autônomo,
teria que fazer inscrição junto à prefeitura, e emitindo nota fiscal teria que entregá-la à instituição
religiosa toda vez que fosse receber o seu sustento pastoral. Neste entendimento, não deve também o
ministro obter sua inscrição como autônomo junto à municipalidade, não sendo um profissional
autônomo, não tendo também obrigação de pagar ISS (Imposto Sobre Serviços).
Elucidando de vez a questão, o Ministro de Confissão Religiosa é um contribuinte individualum contribuinte individual
obrigatório da Previdência Socialobrigatório da Previdência Social, recaindo sobre este a obrigação de recolher por meio da Guia
de Previdência Social – GPS sua contribuição mensal ao Instituto Nacional do Seguro Social, senão
vejamos:
Lei 8.212/91 –
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
[...]
V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26/11/1999).
[...]
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c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação
ou ordem religiosa. (Redação dada pela Lei nº 10.403, de 08/01/2002).
Não deve também a instituição religiosa recolher sobre o valor pago ao ministro nenhum tipo de
contribuição previdenciária, nem reter nada a este título. Para a previdência social os valores pagos aos
ministros de confissão religiosa não compõe base de cálculonão compõe base de cálculo para recolhimento da “quota
patronal” sobre a folha de pagamento, ou seja 20% sobre o total da remuneração, o sustentáculo legal
é o artigo 22, inciso III, e o § 13, da Lei 8.212/91 de 24/07/1991, in verbis:
Lei 8.212.
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada a Seguridade Social, além do disposto no
art. 23, é de:
[...]
III – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no
decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;
§ 13. Não se considera como remuneração direta ou indireta, para os efeitos desta Lei, os
valores dispendidos pelas entidades religiosas e instituições de ensino vocacional com ministro
de confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem
religiosa em face do seu mister religioso ou para sua subsistência desde que fornecidos em
condições que independam da natureza e da quantidade do trabalho executado.
As igrejas ou instituições religiosas, exclusivamente no caso dos Ministros de Confissão Religiosa nãonão
devem somar o valor pago a estes na base de cálculo da quota patronaldevem somar o valor pago a estes na base de cálculo da quota patronal da previdência
social, havendo outros empregados o procedimento é o normal, 20% de quota patronal mais 1,2 ou 3%
dependendo do enquadramento do SAT, e ainda a contribuição a cargo de Terceiros.
O valor pago aos ministros não devem compor essa base de cálculo, entretanto estes devem recolher a
guia GPS, como contribuintes individuais, o valor correspondente a 20% (vinte por cento) sobre o
montante por ele declarado como recebido da instituição, devendo este estar entre o salário mínimo
nacional vigente e o teto da previdência social. Essa assertiva encontra base legal na Instrução
Normativa RFB nº 971 de 13/11/2009, art. 65 caput e § 4º, que assim dispõe:
Instrução Normativa RFB nº 971/2009.
Art. 65. A Contribuição Social previdenciária do segurado contribuinte individual é:
[...]
§ 4. A contribuição do ministro de confissão religiosa ou membro de instituto de vida
consagrada, de congregação ou de ordem religiosa, na situação prevista no § 11 do art. 55, a
partir de 1º de abril de 2003, corresponderá a 20% (vinte por cento) do valor por ele
declarado, observados os limites mínimo e máximo do salário-de-contribuição.
Questionado sobre o pagamento a Ministros de Confissão Religiosa o INSS, no “Tire Suas Dúvidas”,
assim se posicionou a respeito, veja abaixo, a pergunta e a resposta:
Pergunta: Como deve ser a contribuição e o desconto da entidade religiosa sobre o valor pago ao
ministro de confissão religiosa?
Resposta: De acordo com o parágrafo 13 do art. 22 da Lei 8.212/91, não se considera remuneração
direta ou indireta, para efeito de contribuição previdenciária, os valores dispendidos pelas
entidades religiosas e instituições de ensino vocacional com ministro de confissão religiosa,
membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa em face do
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seu mister religioso ou para sua subsistência desde que fornecidos em condições que
independam da natureza e da quantidade do trabalho executado.
Portanto, o valor pago ao ministro de confissão religiosa não é considerado remuneração, a
menos que seja pago por tarefa executada, como exemplo, pela quantidade de missas rezadas, ou
por casamento celebrado, por batismo, etc. Quando o valor é pago mensalmente para a
subsistência do religioso, a lei não considera como remuneração, portanto não deve ser informado
na GFIP e nem ser descontada a contribuição do religioso. Só deve ser informado na GFIP,
quando o valor for considerado remuneração. Neste caso, o ministro de confissão religiosa deverá
recolher sua contribuição sobre o valor por ele declarado, observados os limites mínimo e
máximo do salário-de-contribuição, utilizando o código de recolhimento de contribuinte individual.
A resposta do INSS vem apenas corroborar com tudo que assentamos neste texto, fundamentando
em cada caso, com a legislação específica e chegando finalmente as conclusões que:
Não existe relação de emprego entre o pastor e a igreja;
O pastor é considerado para fins previdenciários como contribuinte individual;
A título de contribuição previdenciária, a igreja não deverá descontar nada do pastor;
Os pagamentos efetuados ao pastor não devem constar na GFIP.
E o Imposto de Renda?
Até aqui, sanada qualquer dúvida com relação a parte previdenciária, persiste ainda a questão do
imposto de renda, e este deve ser deduzido do pagamento da prebenda pastoral?
Vejamos: As igrejas e templos de qualquer culto gozam do instituto da imunidade, este que só pode ser
concedido via regra constitucional, essa imunidade entretanto é para si, não alcançando aqueles que
lhes prestem serviços, e não as exime das demais obrigações acessórias previstas em lei.
O Regulamento do Imposto de Renda em vigor (RIR/99), decreto nº 3.000 de 26/03/1999, no artigo
167 caput e § Único, incumbe as entidades destas obrigações, conforme transcrevemos abaixo:
Decreto 3.000.
Art. 167. As imunidades, isenções e não incidências de que trata este Capítulo não eximem as
pessoas jurídicas das demais obrigações previstas neste Decreto, especialmente as relativas à
retenção e recolhimento de impostos sobre rendimentos pagos ou creditados e à prestação de
informações (Lei nº 4.506, de 1964, art. 33).
Parágrafo único. A imunidade, isenção ou não incidência concedida às pessoas jurídicas não
aproveita aos que delas percebam rendimentos sob qualquer título e forma (Decreto-Lei nº
5.844, de 1943, art. 31). Grifo nosso.
Portanto, conforme o embasamento acima, sobre a importância paga ao pastor deve incidir sim o
imposto de renda na fonte, conforme a tabela progressiva do IRRF da Secretaria da Receita Federal, a
igreja deverá aplicar a tabela e reter o valor correspondente e deverá recolher através da guia própria
chamada DARF.
A base de cálculo para a apuração do valor a ser retido é o resultado obtido considerando a dedução
do valor pago para a previdência pelo pastor e os dependentes que porventura tenha, segundo a
dedução da tabela progressiva.
Chamamos atenção ainda para outro fator, o valor considerado pago ao pastor é o somatório da
prebenda pastoral e outros benefícios porventura concedidos, tais como planos de saúde, fundo
ministerial, seguro de vida, aluguel, condomínio, água, luz, etc., ou seja todos os benefícios que ele
possa receber da igreja a que serve, que não possua documentação em nome desta, quem deverá
documentá-la é o pastor; logo, é ele quem deve fornecer a igreja o recibo para que ela tenha em sua
contabilidade um documento idôneo de saída do recurso financeiro, e sobre estas verbas incide o
IRRF.
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Para Aristeu de Oliveira e Valdo Romão no livro “Manual do Terceiro Setor e Instituições Religiosas”
merece ainda nossa atenção a denominação que damos ao vencimento pastoral, primeiramente
define-se que não pode ser chamado, em hipótese alguma, de salário, visto que tal designação é
própria quando existe a vinculação trabalhista, que conforme amplamente demonstrado, não é o caso.
Podemos atribuir nomes como: Côngrua, Proventos Ministeriais, Sustento Pastoral, Múnus
Eclesiástico, Prebenda ou ainda Honorário Pastoral. Já o pagamento deverá sempre ser realizado
contra recibo para que a igreja ou instituição tenha a devida comprovação em sua contabilidade.
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