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1 Comparativo da Remuneração do Trabalho nas Indústrias de Transformação e Construção Brasileiras: Estados Selecionados 2006-2010 Introdução A preocupação em relação ao custo da mão de obra industrial vem se intensificado nos últimos anos, principalmente por conta da perceptível perda de competitividade da Indústria de Transformação brasileira frente à concorrência internacional. Segmentos da indústria nacional, especialmente aqueles intensivos em mão de obra e caracterizados pela sua competência e qualidade de produção, a exemplo do segmento calçadista, têm perdido participação no mercado internacional e enfrentado sérias dificuldades até mesmo para conservar o seu espaço no mercado interno, sendo, muitas vezes, obrigados a promover demissões e transferir parte da produção para países com menor custo da mão de obra. Certamente os fatores que impactam a competitividade industrial brasileira não podem ser resumidos ao valor da remuneração da mão de obra e da sua produtividade, mas seguramente esses são importantes componentes da equação, que devem ser analisados à luz da atual discussão sobre a existência de um processo de desindustrialização e "primarização" produtiva da economia brasileira. Panorama Internacional E m recente estudo, o Bureau of Labor Statistics - BLS 1 , órgão de estatísticas e estudos sobre o trabalho do governo norte-americano, divulgou os valores médios dos salários/hora praticados pela Indústria de Transformação em diversos países no ano de 2010. Com base nesse trabalho, verifica-se que o Brasil apresenta um patamar salarial bem abaixo de países com elevado grau de desenvolvimento, como Noruega, Suíça, Alemanha e Estados Unidos, porém os salários na manufatura brasileira são superiores aos de países emergentes com os quais nossa indústria compete diretamente no mercado internacional, a exemplo de Hungria, Polônia, México, Taiwan e Filipinas. Apesar do estudo do BLS não revelar os salários praticados na China e Índia em 2010, as estatísticas disponíveis sugerem que, no ano de 2007, eram inferiores ao praticado nas Filipinas (US$ 1,90 por hora). A trajetória recente dos salários no Brasil é de forte ascensão, resultado das elevações no salário mínimo promovidas pelas regras estabelecidas pelo Governo Federal, pelos ganhos reais alcançados pelos sindicatos dos trabalhadores, de maneira geral, mais combativos e organizados do que os sindicatos patronais, num ambiente de quase pleno emprego, além das contribuições sociais sobre a folha salarial e uma série de intervenções estatais nas Leis Trabalhistas que encareceram os salários para o setor produtivo. 1 Charting International Labor Comparisons: 2011 Edition. U.S. Department of Labor Bureau of Labor Statistics (BLS). Os dados do estudo foram obtidos em pesquisas de entidades nacionais e elaborados pelo BLS. As medias apresentadas incluem todos os funcionários das empresas do setor manufatureiro, tanto os destinados à produção quanto os das áreas administrativas. Segundo a definição do BLS, o Salário/Hora médio inclui salário, benefícios e encargos.

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Comparativo da Remuneração do Trabalho nas Indústrias de Transformação e Construção Brasileiras: Estados Selecionados

2006-2010

Introdução

A preocupação em relação ao custo da mão de obra industrial vem se intensificado nos últimos anos, principalmente por conta da perceptível perda de competitividade da Indústria de Transformação brasileira frente à concorrência internacional. Segmentos da indústria nacional, especialmente aqueles intensivos em mão de obra e caracterizados pela sua competência e qualidade de produção, a exemplo do segmento calçadista, têm perdido participação no mercado internacional e enfrentado sérias dificuldades até mesmo para conservar o seu espaço no mercado interno, sendo, muitas vezes, obrigados a promover demissões e transferir parte da produção para países com menor custo da mão de obra.

Certamente os fatores que impactam a competitividade industrial brasileira não podem ser resumidos ao valor da remuneração da mão de obra e da sua produtividade, mas seguramente esses são importantes componentes da equação, que devem ser analisados à luz da atual discussão sobre a existência de um processo de desindustrialização e "primarização" produtiva da economia brasileira.

Panorama Internacional

Em recente estudo, o Bureau of Labor Statistics - BLS1, órgão de estatísticas e estudos sobre o trabalho do governo norte-americano, divulgou os valores médios dos salários/hora praticados pela Indústria de Transformação em diversos países no ano de 2010. Com base nesse trabalho, verifica-se que o Brasil apresenta um patamar salarial bem abaixo de países com elevado grau de desenvolvimento, como Noruega, Suíça, Alemanha e Estados Unidos, porém os salários na manufatura brasileira são superiores aos de países emergentes com os quais nossa indústria compete diretamente no mercado internacional, a exemplo de Hungria, Polônia, México, Taiwan e Filipinas. Apesar do estudo do BLS não revelar os salários praticados na China e Índia em 2010, as estatísticas disponíveis sugerem que, no ano de 2007, eram inferiores ao praticado nas Filipinas (US$ 1,90 por hora).

A trajetória recente dos salários no Brasil é de forte ascensão, resultado das elevações no salário mínimo promovidas pelas regras estabelecidas pelo Governo Federal, pelos ganhos reais alcançados pelos sindicatos dos trabalhadores, de maneira geral, mais combativos e organizados do que os sindicatos patronais, num ambiente de quase pleno emprego, além das contribuições sociais sobre a folha salarial e uma série de intervenções estatais nas Leis Trabalhistas que encareceram os salários para o setor produtivo.

1 Charting  International  Labor  Comparisons:  2011  Edition.  U.S.  Department  of  Labor  -­‐  Bureau  of  Labor  Statistics  (BLS).  Os  dados  do  estudo  foram  obtidos  em  pesquisas  de  entidades  nacionais  e  elaborados  pelo  BLS.  As  medias  apresentadas  incluem  todos  os   funcionários  das  empresas  do   setor  manufatureiro,   tanto  os  destinados  à  produção  quanto  os  das  áreas  administrativas.  Segundo  a  definição  do  BLS,  o  Salário/Hora  médio  inclui  salário,  benefícios  e  encargos.  

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Fonte: Bureau of Labor Statistics. Elaboração FIEB-SDI

Cabe destacar que a recente elevação do custo da mão de obra possui componentes conjunturais importantes, particularmente a apreciação cambial, porém os componentes estruturais são críticos para a formação do custo do trabalho na indústria e estão relacionados a: (i) uma legislação trabalhista defasada e com viés de contínua incorporação de benefícios e proteção ao trabalhador, que reflete uma realidade do mercado de trabalho que não existe mais; (ii) um sistema previdenciário e de seguridade social que impõe um esforço enorme aos trabalhadores da ativa para sustentar um regime desequilibrado de benefícios, sobretudo no que se refere aos trabalhadores do setor público; (iii) um mercado de trabalho que demanda mão de obra cada vez mais qualificada, combinado a um sistema de ensino básico de baixa qualidade e uma estrutura publica tímida, pouco voltada ao ensino profissionalizante.

Comparativo da Remuneração Média na Indústria de Transformação Brasileira em Estados Selecionados

Os gráficos a seguir, baseados nas tabelas do Anexo, apresentam um comparativo da remuneração2 média nos segmentos da Indústria de Transformação do Brasil em estados selecionados. A fonte de dados escolhida foi a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e

2 Segundo  o  MTE,  são  considerados  remunerações:  salários,  ordenados,  vencimentos,  soldos,  soldadas,  honorários,  vantagens,  adicionais  extraordinários,  suplementações,  representações,  bonificações,  gorjetas,  gratificações,  participações,  produtividade,  percentagens,   comissões   e   corretagens,   diárias   de   viagem,   gratificações,   prêmios   contratuais   ou   habituais,   pagamento   de  férias  (adicional  +  abono),  aviso-­‐prévio,  remuneração  e  prêmios  por  horas  extraordinárias  ou  por  serviços  noturnos,  adicional  por   serviços   perigosos   ou   insalubres,   ainda   que   pagos   em   caráter   temporário,   salário-­‐maternidade,   salário-­‐paternidade,  salário-­‐família  que  exceder  o  valor  legal  obrigatório,  dentre  outros.  

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Emprego, tendo 2010 como ano de referência (dados ainda sujeitos à revisão). A seleção dos estados levou em conta a importância relativa de suas indústrias no ranking nacional de Pessoal Ocupado Total (POT). Os nove estados selecionados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco e Ceará) foram responsáveis por mais de 85% do Valor da Transformação Industrial (VTI) e do Pessoal Ocupado (POT) da Indústria de Transformação brasileira em 2009 (últimos dados disponíveis, PIA/IBGE – julho 2011). O acompanhamento das variações das remunerações se restringiu ao período 2006-2010, em função da inexistência de estatísticas estaduais desagregadas por segmentos industriais, classificados na CNAE 2.0 3, anteriores ao ano de 2006.

É importante destacar que a RAIS considera o número total de empregados da empresa, e não apenas a mão de obra destinada à produção. No Brasil não há uma base ampla de emprego que segregue a mão de obra destinada à produção da mão de obra total das empresas. Embora a inclusão das áreas administrativas (apoio à produção) gere uma distorção nas remunerações médias dos segmentos industriais, especialmente os capital intensivos dado o menor número de funcionários alocados na produção, a produtividade do trabalho resultante pode ser tomada como um bom indicativo da eficiência operacional das empresas industriais.

A Tabela 1 (Anexo) apresenta os valores médios de remuneração por trabalhador nos segmentos da Indústria de Transformação do Brasil e nos estados selecionados. Nota-se que:

1. A Indústria de Transformação da Bahia ocupa a 3ª colocação no ranking dos Estados com maior valor médio de remuneração, ficando atrás apenas de Rio de Janeiro e São Paulo. Tal posição se deve, principalmente, à característica dominante da matriz industrial baiana, bastante concentrada em segmentos intensivos em capital, a exemplo de Refino e Biocombustíveis, Químico, Metalurgia, e Celulose e Papel, que utilizam relativamente menos trabalhadores em relação ao capital investido, mas pagam salários superiores ao da média da Indústria de Transformação.

3  CNAE  –  Classificação  Nacional  de  Atividades  Econômicas.  

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2. As atividades da Indústria de Transformação da Bahia que remuneram os trabalhadores acima da média brasileira são: Refino e Biocombustíveis (263%), Químico (160%), Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos (136,1%), Celulose e Papel (123,5%) e Metalurgia (114,1%).

3. Os estados selecionados podem ser divididos em três blocos:

• Estados com remuneração alta: (i) Rio de Janeiro, com destaque para os segmentos de Refino e Biocombustíveis, certamente com grande participação das atividades da Petrobras no estado, Produtos do Fumo, Farmoquímico e Farmacêutico, Metalurgia (CSN), Químico, Outros Equipamentos de Transporte e Veículos Automotores (Volkswagen e PSA); e (ii) São Paulo, que possui a maior e mais diversificada matriz industrial do País, cujas remunerações mais elevadas estão nos segmentos Farmoquímico e Farmacêutico, Outros Equipamentos de Transporte, Químico e Veículos Automotores.

• Bloco intermediário: (i) Bahia, caracterizada pela elevada concentração em poucos segmentos e relativo baixo nível de emprego, conforme já descrito; (ii) Rio Grande do Sul; (iii) Minas Gerais; (iv) Paraná; e (v) Santa Catarina. Os estados da região Sul e Minas Gerais possuem uma matriz industrial mais completa e balanceada entre segmentos intensivos em capital e mão de obra.

• Estados com remuneração baixa: Pernambuco e Ceará. Ambos são caracterizados por matrizes industriais predominantemente intensivas em mão de obra que praticam salários mais baixos. A presença de alguns segmentos capital-intensivos, a exemplo do Farmoquímico e

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Farmacêutico, Outros Equipamentos de Transporte e Químico, explica a remuneração superior na Indústria de Transformação de Pernambuco, em comparação à cearense.

A análise da variação real do valor médio das remunerações na Indústria de Transformação brasileira (deflacionado pelo IPCA) no período entre 2006 e 2010 (Anexo - Tabela 2) indica que:

1. Os segmentos industriais que concederam os maiores reajustes salariais no Brasil foram: Refino e Biocombustíveis (84%), Móveis e Vestuário (25,8%). Por outro lado, os menores reajustes salariais foram concedidos pelos segmentos: Outros Equipamentos de Transporte (4,7%), Bebidas (7,2%) e Informática, Eletrônicos e Ópticos (12,1%).

2. No período analisado, os trabalhadores dos diferentes segmentos da Indústria de Transformação brasileira, com poucas exceções em alguns estados, obtiveram substanciais ganhos reais nas suas remunerações.

3. Em nível estadual, à exceção de Rio de Janeiro (29,7%) e São Paulo (6,9%), os ganhos reais das remunerações da Indústria de Transformação oscilaram entre 11% e 15%.

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4. No que se refere à Bahia, a variação real da remuneração na Indústria de Transformação foi de 14,8% entre 2006 e 2010, 3a maior do Brasil, atrás apenas dos estados do Rio de Janeiro (29,7%) e de Pernambuco (15,1%), situando-se acima da média nacional (11,1%). Destacaram-se os segmentos Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos (96,5%), Produtos de Fumo (56%), Refino e Biocombustíveis (51,4%), Veículos Automotores (37,2%) e Máquinas e Equipamentos (37%).

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A Tabela 3 (Anexo) evidencia que, considerando-se a valorização do real frente ao dólar no período analisado, as remunerações em dólar dos trabalhadores da Indústria de Transformação brasileira se tornaram significativamente mais onerosas para as indústrias (+75%), afetando fortemente a competitividade dos segmentos intensivos em mão de obra e os mais orientados à exportação. O Rio de Janeiro apresentou a maior valorização média dos salários em dólar (104,4%), seguido de Pernambuco (81,4%) e Bahia (80,9%). Vale destacar que somente São Paulo (68,4%) apresentou resultado abaixo da média brasileira. Na Bahia, destacaram-se os mesmos segmentos acima indicados: Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos (209,6%), Produtos de Fumo (145,8%), Refino e Biocombustíveis (138,7%), Veículos Automotores (116,2%) e Máquinas e Equipamentos (115,9%).

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Comparativo da Remuneração Média na Indústria da Construção Brasileira em Estados Selecionados

De maneira correlata, os mesmos procedimentos metodológicos adotados no comparativo realizado para a Indústria de Transformação foram adotados também para a Indústria da Construção em alguns Estados selecionados.

Observando-se a Tabela 4 (Anexo), nota-se que:

1. A Indústria da Construção da Bahia ocupa a 4ª colocação no ranking dos Estados com maior valor médio de remuneração, ficando atrás do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. A posição no ranking parece refletir o grau de aquecimento dos respectivos mercados imobiliários e das obras de infraestrutura em curso. Apesar do papel de destaque desempenhado pelo setor da Construção da Bahia (vide PAIC 20094), o valor médio da remuneração ficou abaixo do praticado em Pernambuco, devido à diferença da remuneração na atividade de Construção de Edifícios.

2. As atividades da Indústria da Construção da Bahia remuneram os trabalhadores abaixo da média brasileira, à exceção da Construção de Edifícios (102,1%). Evidentemente, o resultado da média Brasil é puxado pelos salários praticados em São Paulo e Rio de Janeiro.

4  Pesquisa  Anual  da  Construção  2009  (IBGE).  

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3. A atividade da Indústria da Construção com maior remuneração é a de Obras de Infraestrutura, tanto na Bahia, quanto no Brasil.

4. Verificam-se, também na Construção, três blocos de remuneração entre os Estados selecionados:

• Estados com remuneração alta: (i) Rio de Janeiro, com destaque para as Obras de Infraestrutura, possivelmente influenciadas por investimentos ligados ao setor de Petróleo e Gás e de Mineração, além da Construção de Edifícios, dado o mercado imobiliário supervalorizado; e (ii) São Paulo possui a economia mais desenvolvida do País, ativando também as Obras de Infraestrutura e a Construção de Edifícios no Estado.

• Bloco intermediário: (i) Pernambuco; (ii) Bahia; (iii) Paraná; (iv) Minas Gerais; (v) Rio Grande do Sul; e (vi) Santa Catarina. Particularmente em Pernambuco, a Indústria da Construção se beneficia das Obras de Infraestrutura realizadas no Estado (Ferrovia Transnordestina, Transposição do Rio São Francisco, Porto de Suape) e do aquecimento da Construção de Edifícios. Os outros Estados do bloco apresentam variações de remuneração para as diferentes atividades de construção, levando a uma média salarial próxima para o total da Indústria da Construção.

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• Estados com remuneração baixa: o Ceará pratica salários bem abaixo da média nacional, refletindo um possível baixo nível de atividade ou baixo nível de competição na Indústria da Construção.

5. A análise da variação real do valor médio das remunerações na Indústria da Construção brasileira (deflacionado pelo IPCA) no período entre 2006 e 2010 (Anexo - Tabela 5) indica que:

• A atividade Obras de Infraestrutura (32,4%) foi a que concedeu o maior reajuste real de remuneração salarial no Brasil no período analisado, seguida de Construção de Edifícios (16,8%) e Serviços Especializados para Construção (10%).

• No período analisado, os trabalhadores de todos os segmentos da Construção, à exceção dos alocados na atividade Serviços Especializados para Construção de Pernambuco e Rio de Janeiro, obtiveram substanciais ganhos reais nas remunerações.

• Há uma enorme variância nos reajustes verificados na Indústria da Construção entre os estados, a exemplo de Rio Grande do Sul (11,9%) e Pernambuco (50,2%).

• Em relação à Bahia, a variação real da remuneração na Indústria da Construção foi de 14,5% no período analisado, reajuste superior apenas ao praticado nos Estados do Rio Grande do Sul (11,9%) e Rio de Janeiro (13,7%). No entanto, verifica-se comportamento bastante díspar dentro da Indústria da Construção no estado. Na atividade Obras de Infraestrutura, houve reajuste superior ao da Média Brasil (41,8%), enquanto as atividades Construção de Edifícios e Serviços Especializados para Construção, registaram reajustes reais abaixo da Média Brasil (6,2% e 2,5%, contra 16,8% e 10%, respectivamente).

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Estudo preliminar sobre a evolução da produtividade na Indústria de Transformação do Brasil e da Bahia

A relação entre a evolução do emprego medido pela RAIS e o desempenho da produção física industrial acompanhado pela Pesquisa Industrial Mensal Produção Física (PIM-PF) do IBGE possibilita o cálculo de uma proxy da variação da produtividade na Indústria de Transformação do Brasil e da Bahia no período de 2006 a 2010.

Como ressaltado anteriormente, a RAIS considera o número total de empregados da empresa, e não apenas a mão de obra destinada à produção, o que gera distorções nas remunerações médias das empresas e dos segmentos aos quais pertencem. Embora o cálculo da produtividade do trabalho utilizando o número total de empregados da empresa possa não refletir a qualidade e eficiência na produção, especialmente nos segmentos capital-intensivos, é um bom indicador da eficiência operacional da empresa, pois considera todo o esforço humano necessário ao seu funcionamento.

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O Gráfico abaixo evidencia que, no período analisado, o aumento da produção industrial foi menor do que a expansão do número de empregos gerados5, tendo essa diferença aumentado significativamente a partir de 2009, ano em que a economia brasileira foi fortemente impactada pelo agravamento da crise econômica mundial.

O gap entre a produção física e o emprego pode ser explicado pela atual tendência das empresas industriais nacionais aproveitarem o câmbio valorizado, seus canais de distribuição e a força de suas marcas para reforçar a sua área comercial, importando bens semiacabados de países como a China e revendendo-os no mercado local. Dessa forma, as vendas e o emprego crescem, mas não são acompanhados na mesma proporção pela capacidade produtiva e agregação de valor industrial. Ademais, pesquisas realizadas pela CNI apontam que, em função dos elevados estoques acumulados, sobretudo após o ano 2009, as indústrias têm procurado vender produtos já elaborados anteriormente, mantendo o ritmo de produção abaixo do da demanda (vendas).

Outra explicação plausível para uma série de apenas cinco anos é o limite da capacidade produtiva instalada e a diferença temporal entre o período de maturação de investimentos de ampliação da capacidade instalada e a contratação de pessoal. A expectativa de um crescimento sustentado da demanda promove, no curto prazo, o aumento do emprego e da produção até o limite de utilização da capacidade instalada e, num segundo momento, estimula o investimento na ampliação da capacidade produtiva das empresas, cujo impacto na produção só será detectado após o período de maturação dos investimentos. Dessa forma, a tendência é que, no curto prazo, o emprego cresça mais rapidamente do que a produção, provocando ampliação do gap acima mencionado.

O gráfico abaixo mostra que, na Bahia, a evolução da produtividade foi ainda mais negativa do que a registrada pela média da Indústria de Transformação brasileira. Ao contrário do verificado no caso brasileiro, a produção industrial baiana se desgarrou desde 2006, fazendo com que a produtividade do trabalho apresentasse uma queda ainda mais acentuada. O fato é que, no período analisado, a

5 Apesar  da  expansão  do  número  de  horas  trabalhadas  na  Indústria  de  Transformação  ser  uma  medida  mais  apropriada  para  o  cálculo  da  produtividade  do  trabalho,  a  rigidez  da   legislação  trabalhista  brasileira  reduz  significativamente  as  chances  de  um  descasamento  importante  na  relação  número  de  trabalhadores  /  horas  trabalhadas.  

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produção local permaneceu praticamente estagnada (+6,6%), enquanto o número de empregos industriais sofreu expressivo crescimento (+35,8%)6.

A PIM-PF adota para os Estados a CNAE 1.0 e para o agregado nacional a CNAE 2.0, o que dificulta a comparação do desempenho dos segmentos industriais entre os diferentes níveis de agregação territorial (Estado x Brasil). Além disso, a estimativa da produtividade dos segmentos industriais fica comprometida, na medida em que a RAIS adota a CNAE 2.0 tanto para os Estados quanto para o total Brasil.

Diante das dificuldades acima apresentadas, procurou-se ao menos realizar uma estimativa da evolução da produtividade dos segmentos industriais da Bahia, adotando-se a CNAE 1.0 (conforme divulgado pela PIM-PF Regional) através do reagrupamento dos segmentos industriais da RAIS. A tabela abaixo apresenta estimativas da variação da produtividade dos principais segmentos da indústria baiana no período 2006-2010.

6 Para  fins  de  validação  da  proxy  de  variação  da  produtividade  do  trabalho  na  Indústria  de  Transformação  baiana  com  base  na  RAIS,   foi  calculada  uma  proxy   com  base  na  PIA  –  Pesquisa   Industrial  Annual   (IBGE).  A  razão  entre  o  Valor  da  Transformação  Industrial  (VTI)  corrigido  pelo  IPA-­‐FGV  e  o  Pessoal  Ocupado  Total  (POT)  da  Indústria  de  Transformação  da  Bahia  entre  os  anos  de  2006  e  2009  apresentou  queda  de  20%.  A  proxy  com  base  na  RAIS  para  o  mesmo  período  teve  queda  de  17,7%.  

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A queda de 48% na produtividade do setor de Refino de Petróleo e Álcool pode ser explicada pelo crescimento do emprego (+101%) no período analisado, concentrado no ano de 2010 (+88%) como resultado da transferência de unidades administrativas da Petrobras para o estado no ano de 2010.

A perda de produtividade registrada pelo segmento de Veículos Automotores (-18,8%) foi resultado da queda na produção (-12,75%), em função da redução nas exportações de veículos, e do aumento do emprego (+7,4%), em grande parte relacionado à implantação do Centro de Desenvolvimento da FORD que não tem impacto direto na produção.

No segmento Metalurgia Básica, a perda de produtividade (-23,2%) resultou da queda na produção (-5,5%), acompanhada pelo crescimento do emprego (+23,1%). Apenas no ano de 2007 houve um aumento de 21,9% no número de trabalhadores do segmento. A incorporação da Caraíba Metais pela Paranapanema S.A. em novembro de 2009 também levou à apropriação estatística do quadro administrativo da empresa.

A grande variância observada nos resultados para a Bahia sinaliza o alto grau de dificuldade de se obter indicadores de produtividade críveis. A série curta (cinco observações) praticamente inviabiliza a utilização de médias móveis para a suavização das variações. Ademais, as diferenças amostrais e taxionômicas entre as pesquisas acentuam as limitações das estimativas de produtividade dos segmentos industriais dos Estados.

Considerações Finais

Nota-se um crescente descasamento entre a produção física e o emprego da indústria nacional no período analisado. Este descasamento é ainda mais notório em grande parte dos setores da indústria baiana. Enquanto a produtividade do trabalho sofreu uma queda significativa no período analisado, o custo da mão de obra na indústria baiana teve um aumento real de 14,8%. Aumentos reais na remuneração do trabalhador devem estar atrelados ao crescimento da produtividade do trabalho, sob o risco de perda de competitividade da indústria.

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Em um ambiente adverso à sua atividade, a indústria nacional deve estar particularmente atenta à produtividade, pois envolve fatores que afetam diretamente a sua competitividade e sob os quais a empresa exerce controle direto (produção, capital e mão de obra empregados). Embora a infraestrutura logística e energética, a carga tributária, a taxa de juros e o câmbio afetem significativamente a competitividade, são fatores sob os quais exerce pouco ou nenhum controle, dependentes da política fiscal e econômica escolhida pelos governos.

O aumento da massa salarial real dos trabalhadores tem sido o principal motor do crescimento econômico brasileiro, fortalecendo o nosso mercado interno, hoje o principal ativo do país frente às economias desenvolvidas e, junto à consistência das politicas macroeconômicas, escudo contra crises internacionais. No entanto, a elevação do consumo em um ambiente de baixa competitividade trabalha contra a indústria brasileira, e não a favor dela, pois alavanca o consumo de bens importados e acelera o processo de desindustrialização.

Dessa forma, o Brasil encontra-se espremido entre diferentes vias de desenvolvimento: não possui uma estrutura produtiva competitiva, baseada no conhecimento e na inovação, que elevaria as suas taxas de produtividade a níveis compatíveis às das economias desenvolvidas, capazes de sustentar salários mais elevados. Por outro lado, não apresenta condições de enfrentar a acirrada competição internacional do bloco emergente na área de manufaturas “comoditizadas”, com base em fatores de produção relativamente baratos, já que possui um elevado custo de capital, uma alta carga tributária e infraestrutura deficiente.

O Brasil precisa definir se pretende ser apenas um país produtor de matérias-primas e com indústrias “maquiladoras” ou evoluir para o nível das economias avançadas em termos de conhecimento, inovação e tecnologia. Após estabelecer a estratégia de desenvolvimento para a indústria, será preciso avançar rapidamente com ações e políticas destinadas, sobretudo, à melhoria da infraestrutura, educação e qualificação da mão de obra. No atual estágio da economia mundial, há espaço, a médio e longo prazos, para o Brasil alterar o seu status qualitativo, passando a ser uma economia de maior produtividade e elevada renda.

No caso específico da Bahia, os resultados da RAIS mostram que, apesar do valor médio da remuneração da indústria local situar-se num patamar inferior ao da média brasileira, a Bahia ocupa a terceira posição no ranking nacional da Indústria de Transformação, com destaque para os segmentos intensivos em capital, predominantes na matriz industrial do Estado, e em quarto no ranking nacional da Indústria da Construção.

A comparação entre a variação real da remuneração média da Indústria de Transformação da Bahia (+14,8%) e o aumento da sua produção física (+6,6%) sinaliza uma significativa perda de competitividade entre os anos de 2006 e 2010. Cabe destacar que a indisponibilidade de séries históricas mais longas compromete a obtenção de estimativas de produtividade mais robustas, com o agravante de que o curto período analisado contempla a crise econômica mundial de 2008-2009, cujos efeitos podem distorcer a análise das séries estatísticas.

A necessidade de se desenvolver um indicador nacional e estadual de produtividade da indústria é premente, seja para subsidiar as negociações salariais entre empresários e trabalhadores, seja para, através da comparação com o custo de mão de obra, acompanhar o grau de competitividade da indústria local em relação à média Brasileira e promover ações e políticas de incentivo em nível estadual e federal para elevar a produtividade dos segmentos industriais deprimidos.