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1 CONHECENDO RAÍZES, COLHENDO FRUTOS. Andiele Benche CHAVES Flávio CALÔNICO JÚNIOR Giseli Alves da SILVA Heloiza Fernandes de OLIVEIRA Karla Nascimento DAMÁZIO Luana Fernandes DELGADO Maiara Olegário NUNES Márcia Ramiro ALVES Morgana Carvalho da Silveira LEMONJE Wagner FELICIANO Rejane Figueiredo MANOEL RESUMO: Refletir a importância da família no ambiente escolar foi o objetivo principal para a criação deste projeto, partindo da insatisfação que se percebeu entre os docentes desta unidade escolar, com relação a pouca participação dos pais na formação dos alunos desta escola. Para isso criamos o projeto “Conhecendo raízes, colhendo frutos”, com o objetivo de tentar estreitar este elo de aproximação entre pais e filhos, avôs e avós, ou seja, entre a família, reforçando desta maneira os laços familiares e ao mesmo tempo dando a possibilidade de o aluno conhecer sua identidade histórica e social a partir de suas origens. Para isso realizamos várias atividades com as turmas das séries finais do ensino fundamental. Durante o andamento do projeto percebeu-se um maior comprometimento e envolvimento dos alunos com seus respectivos familiares e, além disso, tivemos a oportunidade de trabalhar alguns conteúdos considerados complexos de uma maneira agradável e prazerosa, envolvendo toda a comunidade escolar. Desta forma, a busca por suas raízes trouxe aos alunos um melhor relacionamento, uma compreensão das diferenças entre eles e seus familiares lembrando-os que a família ainda é o alicerce da nossa sociedade, e é o que tentaremos descrever no decorrer do presente artigo. PALAVRAS-CHAVE: Reflexão; Família; Ambiente escolar; Aproximação; Comprometimento. Introdução O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um projeto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em parceria com a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e abrange as áreas de Língua Portuguesa, Ciências Biológicas, Pedagogia e Matemática. Na escola Henrique Lage, a equipe é composta por 2 (dois) bolsistas em cada área mencionada (sendo o curso de Pedagogia e Matemática com 3 (três) bolsistas), uma supervisora: Rejane Figueiredo Manoel, professora de Ciências e Matemática, efetiva na instituição Escola de Educação Básica Henrique Lage. Desde o começo do Projeto PIBID, com início no segundo semestre de 2010, são realizadas atividades como: apoio pedagógico em sala de aula, participação e acompanhamentos em atividades desenvolvidas pela própria instituição. Além das atividades citadas acima, foi realizado o Projeto Interdisciplinar: Conhecendo raízes, Colhendo Frutos, que tem como intuito conhecer a identidade histórica e social a partir de suas origens. Através dos trabalhos realizados, adquirimos experiências qualitativas para nossa vida acadêmica e profissional, que leva a um compromisso ainda maior com á prática pedagógica que desenvolvemos e com o projeto que está sendo realizado nessa instituição escolar acima citada. No entanto o projeto foi elaborado com o objetivo refletir a importância da família no ambiente escolar, partindo da insatisfação que se percebeu entre os docentes desta unidade de ensino, com relação a pouca participação dos pais na formação dos seus alunos. Desta forma o

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CONHECENDO RAÍZES, COLHENDO FRUTOS.

Andiele Benche CHAVES Flávio CALÔNICO JÚNIOR

Giseli Alves da SILVA Heloiza Fernandes de OLIVEIRA

Karla Nascimento DAMÁZIO Luana Fernandes DELGADO

Maiara Olegário NUNES Márcia Ramiro ALVES

Morgana Carvalho da Silveira LEMONJE Wagner FELICIANO

Rejane Figueiredo MANOEL RESUMO: Refletir a importância da família no ambiente escolar foi o objetivo principal para a criação deste projeto, partindo da insatisfação que se percebeu entre os docentes desta unidade escolar, com relação a pouca participação dos pais na formação dos alunos desta escola. Para isso criamos o projeto “Conhecendo raízes, colhendo frutos”, com o objetivo de tentar estreitar este elo de aproximação entre pais e filhos, avôs e avós, ou seja, entre a família, reforçando desta maneira os laços familiares e ao mesmo tempo dando a possibilidade de o aluno conhecer sua identidade histórica e social a partir de suas origens. Para isso realizamos várias atividades com as turmas das séries finais do ensino fundamental. Durante o andamento do projeto percebeu-se um maior comprometimento e envolvimento dos alunos com seus respectivos familiares e, além disso, tivemos a oportunidade de trabalhar alguns conteúdos considerados complexos de uma maneira agradável e prazerosa, envolvendo toda a comunidade escolar. Desta forma, a busca por suas raízes trouxe aos alunos um melhor relacionamento, uma compreensão das diferenças entre eles e seus familiares lembrando-os que a família ainda é o alicerce da nossa sociedade, e é o que tentaremos descrever no decorrer do presente artigo. PALAVRAS-CHAVE: Reflexão; Família; Ambiente escolar; Aproximação; Comprometimento. Introdução

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um projeto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em parceria com a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e abrange as áreas de Língua Portuguesa, Ciências Biológicas, Pedagogia e Matemática. Na escola Henrique Lage, a equipe é composta por 2 (dois) bolsistas em cada área mencionada (sendo o curso de Pedagogia e Matemática com 3 (três) bolsistas), uma supervisora: Rejane Figueiredo Manoel, professora de Ciências e Matemática, efetiva na instituição Escola de Educação Básica Henrique Lage.

Desde o começo do Projeto PIBID, com início no segundo semestre de 2010, são realizadas atividades como: apoio pedagógico em sala de aula, participação e acompanhamentos em atividades desenvolvidas pela própria instituição. Além das atividades citadas acima, foi realizado o Projeto Interdisciplinar: Conhecendo raízes, Colhendo Frutos, que tem como intuito conhecer a identidade histórica e social a partir de suas origens. Através dos trabalhos realizados, adquirimos experiências qualitativas para nossa vida acadêmica e profissional, que leva a um compromisso ainda maior com á prática pedagógica que desenvolvemos e com o projeto que está sendo realizado nessa instituição escolar acima citada.

No entanto o projeto foi elaborado com o objetivo refletir a importância da família no ambiente escolar, partindo da insatisfação que se percebeu entre os docentes desta unidade de ensino, com relação a pouca participação dos pais na formação dos seus alunos. Desta forma o

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projeto tentou estreitar o elo de aproximação entre pais e filhos, avôs e avós, ou seja, entre a família, reforçando desta maneira os laços familiares e ao mesmo tempo dando a possibilidade ao aluno de conhecer sua identidade histórica e social a partir de suas origens. Para isso realizamos várias atividades e iniciamos com a apresentação do slide (ANEXO A), que preparamos para a divulgação do mesmo (ANEXO B). Toda a escola, professores, alunos e funcionários estavam presentes no momento da apresentação, onde cada bolsista pode comentar um pouco sobre cada atividade pertinente a sua disciplina. Cada turma das séries finais do ensino fundamental deveria preencher um questionário e os seus dados pessoais em uma árvore genealógica elaborada pelos próprios bolsistas, e cada uma destas turmas ficariam designadas a trabalhar um tema, que foi proposto por nós bolsistas do PIBID. Durante o andamento do projeto percebeu-se um maior comprometimento e envolvimento dos alunos com seus respectivos familiares e, além disso, tivemos a oportunidade de trabalhar alguns conteúdos considerados complexos de uma maneira agradável e prazerosa, envolvendo toda a comunidade escolar. Assim, a busca por suas raízes trouxe aos alunos um melhor relacionamento, uma compreensão das diferenças entre eles e seus familiares lembrando-os que a família ainda é o alicerce da nossa sociedade.

Desta maneira, nós alunos da Unisul, tivemos a oportunidade de compartilhar conhecimentos científicos, bem como fazer com que o aluno refletisse sobre sua condição social e sua relação familiar.

Sendo assim, sabemos que este maravilhoso projeto, não se baseia somente no que está sendo realizado, porém, são os passos iniciais de uma caminhada que está apenas começando e possui grandes perspectivas de ir avante sempre a passos largos, pensando com certeza no principal objetivo da educação, que é o aprendizado do aluno.

Entre as várias atividades realizadas dentro do projeto, os cursos de Pedagogia, Letras, Matemática, Biologia se responsabilizaram em desenvolvê-lo da forma mais abrangente possível. A realidade estava apresentada e o problema estava exposto: A falta de conhecimento sobre nossa família. Este projeto não buscou somente a pesquisa de familiares, mas proporcionar momentos de lazer, conversas, curiosidades sobre fases da vida dos pais, avós e avôs destes alunos que, às vezes só precisam de um pouco de tempo ao lado de quem convivem para despertarem para um futuro promissor. Pensando nesta problemática, as tarefas foram divididas por áreas. Cada qual com sua função, o projeto “Conhecendo raízes, colhendo frutos” começou e ser desenvolvido. Os resultados foram realmente satisfatórios como perceberemos a seguir nos relatos das atividades e anexos. 2 Práticas de desenvolvimento 2.1 Pedagogia

Os bolsistas da área de Pedagogia empenharam-se em confeccionar junto com a

professora de Artes Marilise e com os alunos, uma caixa de memórias (Anexo C), onde dentro dessas caixas se concentraria a história dos próprios alunos e de seus familiares.

As caixas ficaram recheadas de fotos, objetos que marcaram a vida dos alunos e suas famílias. Vários objetos de valor sentimental foram trazidos e com eles suas histórias: agulhas de fazer redes de pesca, que faz parte da história da cidade. Através dessas redes, muitas famílias garantiram seu sustento; joias, roupas passadas de geração em geração, caracterizadas por suas lembranças fraternais; brinquedos utilizados em tempos atrás por avôs e tataravôs, piões, bonecas de pano, entre outros brinquedos que são utilizados ainda hoje em algumas brincadeiras. Das recordações dos alunos foi observado que eles buscaram trazer suas marcas: roupas do dia do batizado, fotos da festa junina que participaram, além de lembranças muito íntimas: seu cordão umbilical, seus dentes de leite.

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Este projeto proporcionou o resgate de valores sentimentais para os alunos e integrantes que participaram da sua realização, um trabalho diferenciado que não buscou somente o lado educativo, foi além dos caminhos da aprendizagem e de conceitos e suas teorias, levou à interpretação da própria identidade e da importância da família na formação de um cidadão. Sendo assim, o projeto frutos Conhecendo raízes, Colhendo frutos proporcionou aos alunos compartilhar suas próprias histórias com seus colegas, como coloca o poema de Vinícius de Moraes: “Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações” (Vinícius de Moraes).

A caixa de memórias foi uma atividade prazerosa e descontraída, onde os alunos confeccionaram com carinho e dedicação porque se tratava da sua própria vida e cultura. Eles aprenderam a partir da sua própria arte de criar, porque cada caixa teve seu diferencial: pelo tamanho que foi feita, pela cor que foi pintada, pelos detalhes que traçaram toda uma identidade. Essa atividade se destacou pelo olhar sensível às recordações que foram acordadas de um tempo que já passou, mas pode ser recordado com saudade e alegria. Os bolsistas de pedagogia puderam observar o carinho e o cuidado com a confecção das caixas, como parecendo cuidar de um presente valioso. Após relatarem suas descobertas familiares, convidamos os alunos para apresentarem e gravarem sua apresentação em vídeo (ANEXO D).

Utilizamos a tecnologia a nosso favor e conseguimos fazer com que esta ideia não ficasse apenas nos manuscritos, mas que partisse da metodologia que os alunos aceitam, gostam e dominam. 2.2 Letras

Este projeto inclinou-se para as sextas, sétimas e oitavas séries, onde as duas últimas

ficaram responsáveis por trabalharem, junto com os bolsistas, um questionário de aproximadamente quarenta perguntas que possibilitaram aos alunos manter contato direto com seus familiares e até que descobrissem um pouco mais sobre a própria história, de sua família e sua origem. Nesta atividade foi realizada uma pesquisa ampla sobre música, na qual cada aluno deveria trazer o que mais gostava de ouvir, bem como os pais e seus avós. As perguntas eram também sobre suas atividades de lazer (se as tinham), qual o grau de escolaridade de pais e avós; onde trabalhavam; brincadeiras de infância, enfim, um momento que pais e filhos tiveram para sentarem juntos, em família, e recordarem seu passado. Após o questionário ser respondido, foi elaborado um gráfico pelos bolsistas de Matemática juntamente com os alunos na sala informatizada da escola que mostrava a preferência de pais e avós dos alunos e deles próprios a respeito de músicas e brincadeiras (a grande diferença existente entre as gerações: enquanto uma brincava de peão a mais nova brinca em celulares e computadores); como o acesso à educação era mais difícil na época de nossos avós, etc. Muitas histórias, curiosidades, lembranças e relatos foram, por meio deste questionário, compartilhados em sala de aula.

Os bolsistas de Letras estiveram encarregados desta parte do projeto, bem como confeccionar um caderno de memórias (ANEXO E) que circulou nas salas de oitava série. Neste caderno os alunos pediam para alguém mais velho de sua família relatar sua infância, suas histórias, brincadeiras, amores e até seus sonhos. Escreveram também relatos de como era a vida dos Imbitubenses, de seus pais, avós e avôs que nasceram e criaram-se nesta cidade ou que vieram para cá e adotaram este lugar como seu, em seu coração. Tivemos lindas histórias e até depoimentos em áudio de pessoas ilustres da cidade, na qual seus familiares estudam nesta unidade escolar. Destes alunos, dois puderam compartilhar a história de seu avô Manoel Martins, o radialista mais famoso e querido de nossa região (ANEXO F). Este aceitou o convite de gravar sua história em áudio. Quando apresentamos o projeto, a voz deste

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senhor que até hoje luta pelos valores da sociedade e da família, valendo-se dos meios de comunicação, deu forma aos objetivos que buscamos neste trabalho: valorizar a família, os mais velhos, o cidadão como ser humano que precisa de respeito e dignidade. Este foi um dos momentos mais fascinantes de nosso trabalho, entrar em contato com as histórias e lembranças das famílias dos estudantes que estão dia a dia ao nosso lado, que fazem parte de nossas vidas, assim como nós fazemos parte da vida deles também é sem dúvida alguma, uma experiência mágica.

A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se diz e o que se faz. Paulo Freire (1999. p. 18).

2.3 Biologia

Na área de Ciências, trabalhamos especificamente com os 9º anos, pois acreditamos

que sendo uma turma mais madura, obteríamos maior compreensão sobre o tema genética e também por ter sido observado claramente que era uma classe onde os alunos mantinham pouco contato com seus familiares e que muitos moravam com seus avós, outros tinham seus pais separados, o que reforçou a nossa decisão de trabalhar com eles o questionário desenvolvido pelas bolsistas e supervisora. Este questionário entregue a eles no momento da apresentação do projeto foi elaborado com perguntas sobre características morfológicas e fisiológicas dos alunos, de seus pais e seus avós maternos e paternos. Juntamente com o questionário, foi entregue um desenho de uma árvore genealógica onde os alunos deveriam completá-la com os nomes de seus familiares, começando a ser preenchido pelo nome do aluno, a base da árvore. No topo, seus bisavós e bisavôs materno e paterno. Para melhor compreensão do objetivo do questionário, preparamos uma aula expositiva- dialogada onde tivemos oportunidade de passar aos alunos um pouco de conhecimento sobre genética, falamos sobre a primeira lei de Mendel com auxílio de cartazes que confeccionamos, apresentando os cruzamentos, testes realizados por Mendel em sua primeira lei e explicamos aos alunos a origem da cor de seu cabelo, tom de sua pele, cor dos olhos (ANEXO G). Para reforçar o entendimento da classe, usamos como exemplo dois alunos representantes de cada série, onde foi exemplificado para a turma um cruzamento usando como base a cor dos olhos da mãe e do pai de seu colega de classe escolhidos de acordo com o preenchimento do questionário aplicado anteriormente. Com isso, eles puderam compreender um pouco melhor a origem de suas características. Logo após a explicação, os alunos tiveram um espaço para a retirada de dúvidas e pedimos para que cada aluno fizesse seu próprio cruzamento, podendo escolher uma característica morfológica de sua preferência.

Confeccionamos também uma árvore de 1.70 mt ( ANEXO H ), a base de papel pardo e papel seda, material fornecido pelo projeto PIBID. Neste trabalho foram colocados os dados representando a árvore genealógica da família de um dos alunos. O método de escolha foi feito a partir da árvore mais completa com os nomes de todos os seus antepassados.

Árvore genealógica, através de um longo estudo, traça o perfil das pessoas que participaram direta zconhecimentos proporcionem um esclarecimento dos laços de ligação do futuro com o passado muitas vezes desconhecido. Para os descendentes é como decifrar o mistério de um passado desconhecido, a grande chance de se conhecer avós, avôs, bisavós e bisavôs, entre outros parentes até então existentes só no imaginário das pessoas e nas histórias relatadas pelos familiares. Mírian Ilza Santana

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2.4 Matemática A partir de nossos objetivos realizamos uma palestra para os alunos com o tema

“família”, onde ao decorrer da mesma, entregamos um questionário. Nele pretendíamos conhecer a relação familiar existente entre os alunos pertencentes a esta unidade escolar, pois é de extrema importância prepará-los cada vez mais para serem melhores cidadãos, capazes de vencer obstáculos através de valores e princípios que lhe são ensinados juntamente com os conteúdos necessários para seu aprendizado, além de proporcionar a possibilidade de encontrar parentescos em seu ciclo de amizade.

Durante o desenvolvimento dos trabalhos percebemos que as dificuldades com disciplina foram sendo superadas, pois houve maior interesse a partir das atividades criativas e bem elaboradas que despertaram o gosto pela matemática, pois de acordo com Claparede, “são as necessidades que movimentam os indivíduos, sendo assim toda atividade desenvolvidas pela criança é sempre suscitada por uma necessidade a ser satisfeita e pela qual ela está disposta a mobilizar energias” (apud SILVA, 2007 ).

Os bolsistas do curso de matemática ficaram responsáveis pela construção dos gráficos que foram desenvolvidos manualmente e também utilizando do recurso informatizado Excel, através dos dados retirados dos questionários (ANEXO I), respondidos pelos alunos e seus familiares, com a finalidade de comparar e mostrar os seus percentuais estimulando atenção, concentração e compreender que a matemática também se aprende brincando, porém sem deixar de lado o propósito de ensinamentos, como coloca Leonardo da Vinci: “nenhuma investigação humana pode ser chamada realmente ciência, se não poder ser demostrada matematicamente” (apud PANDINI, 2008 ).

Produzimos em sala de aula murais na qual cada turma pode comparar seus trabalhos realizados quanto à preferência de times de futebol que cada um torce e que os mesmos possuíam na escola, explorando desta forma a estatística. Foi um momento de muita euforia para os alunos e ao mesmo tempo gratificante, pois pudemos perceber que houve o aprendizado e o envolvimento entre os mesmos. Ainda no projeto interdisciplinar resolvemos pesquisar sobre o que cada aluno gostava de ouvir, bem como os pais dos mesmos e os seus avôs. Para isso solicitamos que trouxessem trechos dessas músicas e nome de cada cantor, para que pudéssemos fazer gráficos e verificar o que se ouvia em cada uma dessas três diferentes gerações.

Através dos gráficos proporcionamos aulas expositivas e dinâmicas para despertar o interesse dos alunos pelas atividades propostas. Também como atividade em sala de aula (ANEXO J), deve-se ressaltar aqui as atividades realizadas no laboratório de informática, pois, a mesma vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário educacional. Sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vem aumentando de forma rápida entre nós. As aulas foram realizadas em laboratórios de informática e cada discente desenvolveu seu próprio gráfico. Este foi mais um momento de grande êxito e tiveram a experiência de trabalhar fora da sala de aula com recursos tecnológicos disponibilizados na Escola de Educação Básica Henrique Lage (ANEXO K).

Nesse sentido, a educação vem passando por mudanças estruturais e funcionais frente a essa nova tecnologia. Houve época em que era necessário justificar a introdução da Informática na escola. Hoje já existe consenso quanto à sua importância, foi mais uma maneira que encontramos de diversificarmos as aulas, sem sair dos objetivos e projeto propostos.

Através desse projeto concluímos que devemos procurar atividades que envolvam a realidade do aluno, fazendo com que a comunidade escolar esteja presente no desenvolvimento do aprendizado dos mesmos, pois a escola, o palco em que atua o professor e um espaço de ação da política curricular com perspectivas futurísticas, ninguém será neutro

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dentro dela, nem alunos, tão poucos professores. Efetivar essa relação e fazer com que haja uma maior aprendizagem possível é sinal de progresso na educação.

A pluralidade hoje e sem dúvida é uma das marcas mais relevantes da sociedade, por isso há muito tempo vem se discutindo a necessidade de superar a teorização e a memorização bem como a urgência de sair da mesmice, e foi isso que tentamos realizar. Provocar situações de ensino aprendizagem significativas, que problematizem a realidade dando significado ao ato de ensinar e aprender, pois afinal quem nunca ouviu esta frase: “O ensino deve ter sentido tanto para crianças, quanto para jovens ou adultos”? Logo, toda prática docente deve estar subordinada a esta relação, de aprendizagem em um caráter mediador e transformador, e isto se faz pela problematização do cotidiano.

Paulo Freire ressalta que a educação tradicional transforma alunos em reprodutores e copiadores, ou seja, sujeito a críticos tendo discursos do educador como verdade absoluta não permitindo participação do processo educacional, e essa prática

(...) Conduz os educandos a memorização mecânica do conteúdo narrado (...) os transformam em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será.Quanto mais se deixarem docilmente “encher”, tanto melhores educandos serão. Desta forma, a educação se torna um ato de depositar em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. (FREIRE, 2002, p. 58).

O educador concebe a educação como uma prática problematizadora, uma ação que

seja capaz de receber o sujeito e fazê-lo critico, participativo e atuante em cujos objetivos estejam não só os conhecimentos, mas nas matrizes de transformação, capazes de gerar oportunidades a partir da sua própria realidade.

E foi o proposto neste projeto, trabalhar temas considerados complexos de uma maneira diferenciada, sempre voltada para a realidade do aluno, percebendo suas limitações, suas dificuldades, bem como fazendo que os mesmo se interessassem em buscar suas origens e com base nelas verificar que e possível relacionar tudo aquilo que se vive e aprende na escola com o cotidiano.

Sendo assim, através deste projeto tivemos a oportunidade de transformar algumas atividades irreais aos olhos dos alunos em situações relevantes, pois os mesmos perceberam a realidade de uma forma mais completa e verdadeira, avançando e potencializando novos conhecimentos.

3. Conclusão

Diante das atividades realizadas durante o final de 2011 e início de 2012, trabalhamos

para o desenvolvimento de um projeto que foi além da sala de aula e aplicação na escola. Durante a elaboração do projeto “Conhecendo raízes, colhendo frutos”, observamos os relatos de alunos sobre seus familiares e alguns puderam expor seus conhecimentos. Podemos avaliar o projeto como satisfatório, pois conseguimos introduzir na família dos alunos envolvidos um de nossos objetivos principais, ou seja, fazer com que a família parasse para conversar e, consequentemente, compartilhar momentos de alegria, discussão e boas risadas. Com o projeto divulgado e em prática, aumentaram os relatos e as falas foram modificadas. Observamos principalmente no momento da exposição das caixas de memória, alunos orgulhosos de estarem contando suas histórias, participando de um projeto que valorizou o que seus pais e avós viveram. As lembranças trazidas naquelas caixas decoradas tão carinhosamente, reavivaram os laços familiares de alguns alunos. Sabemos, porém que não será um ou dois projetos e talvez nem um ano letivo inteiro direcionado a esses alunos, que vamos encontrar a resposta para essa problemática das relações familiares, no entanto

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plantamos mais uma semente que poderá nascer e dar bons frutos. A cada projeto que desenvolvemos na escola de Educação Básica Henrique Lage, adquirimos mais conhecimento. As ideias surgem com mais naturalidade e a forma de aplicação é feita com mais maturidade e cautela. Quando iniciamos o projeto citado tivemos o cuidado de esclarecer o modelo atual de algumas famílias para que ninguém se sentisse alheio ao que pretendíamos com ele, pelo contrário. Em momento algum o trabalho foi direcionado para a valorização do padrão que as famílias devem seguir, porque ninguém pode ditar certas regras, mas sim a valorização do amor filial, fraterno e social. Durante a apresentação, deixamos claro que hoje em dia a família não obedece integralmente o padrão familiar de antigamente, época em que viveram nossos pais e avós. Hoje atentamos para famílias que optaram ou não em viverem de forma diferenciada, com pais e filhos às vezes separados, salvo pelo amor e pelo carinho, avós e netos sem deixarem de ser família por este motivo. Apesar disso, há, porém famílias constituídas de pais e filhos no mesmo espaço físico enquanto seus ideais, falas, pensamentos, atitudes e metas são distintas, ou seja, não têm entre si, um referencial que os oriente. Perdemos facilmente o jeito de falar com o outro, as risadas descontraídas em família, perdemos o que estimula a vida entre pessoas que se amam e se respeitam: os valores básicos. Scheler faz uma crítica sobre a má compreensão da Virtude e nos alerta sobre o prejuízo causado pela mágoa e pelo ressentimento nas relações familiares, dizendo: (...) os tempos de crise pelos quais passamos, o ressentimento é tão devastador quanto a peste negra. Perdidos em discussões formais, os homens de nosso tempo parecem já não ter mais o menor interesse pela verdade” (SCHELER, 1994, p. 12).

No entanto, quando partimos deste ponto devemos agir com cuidado, pois não sabemos exatamente como é a relação familiar do aluno que tentamos atingir. Fácil falar-se de valores familiares e na sociedade, quando haveremos de encontrar em qualquer escola, rua, denominação religiosa, enfim, pessoas que são expostas ao tráfico dentro de casa, violação de seus direitos como criança e cidadão, violência sexual entre outros fatores que jogam ao chão toda boa intenção um projeto inter ou multidisciplinar realizado em qualquer lugar deste mundo. Tratamos de relações pessoais, sentimentos, desejos, lembranças, dores na alma e tantos outros nomes e adjetivos que poderiam ser aqui citados. As questões pertinentes a este assunto se resume no “tentar”. Tentar a cada dia modificar a sociedade com as atitudes e palavras. Com este projeto não esperamos transformar as famílias atingidas, porque sabemos o meio em que estamos inseridos, porém, plantar alguma recordação e, quem sabe, a possibilidade de conquista. Esses alunos serão pais um dia, terão a chance de lembrar-se deste projeto, destas palavras, destes momentos com a família promovidos pelos bolsistas do PIBID. Ou quem sabe nem lembrem, mas naquele momento valeu a pena e nosso objetivo já foi conquistado ainda que dure pouco tempo ou se eternize na lembrança daquele momento lá em casa quando preenchiam o questionário. Momentos assim vão além de um aprendizado no estágio oferecido aos graduandos de universidades. Momentos como estes fazem com que o profissional em início de carreira opte pelo amor na sala de aula, pelo reconhecimento que todos precisamos de um abraço ou simplesmente que o professor de sala de aula solte o giz por algum tempo e o escute um pouco de suas palavras. Saber que de repente, a sala de aula seja o único lugar onde aquela pessoa é ouvida.

4. Referências

ALMEIDA, Maria Suely Rodrigues. Uma reflexão sobre as possibilidades de leitores críticos dos meios de comunicação de massa - tanto visuais quanto textuais. 2002. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

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ALVES, Nilda. Imagens das escolas: Sobre redes de conhecimentos e currículos escolares. Educar, Curitiba, n. 17, p. 53-63.2001. Editora da UFPR.

AZEVEDO, Edith D. M. Apresentação do trabalho Montessoriano. In: Ver. de Educação & Matemática no. 3, 1979 (pp. 26 - 27)

FARIA, Ana Lúcia Goulart de e Mello, Suely Amaral (orgs.). Linguagens Infantis: outras formas de leitura. São Paulo: Autores Associados, 2005.

[Informações de internet]

<http://www.atividadeseducativas.com.br/index.php?lista=matem%E1tica> Acesso em: 11 set. 2010.

<http://www.imagem.eti.br/atividades_educativas/matematica_atividades_com_numeros.html> Acesso em: 11 set. 2010

ANEXOS ANEXO A – Slide da apresentação do projeto na Escola Henrique Lage ANEXO B – Apresentação do Projeto para Alunos e Professores

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ANEXO C – Montagem da Caixa de Memórias

ANEXO D – Apresentação Caixa de Memórias

ANEXO E – Confecção do Caderno de Memórias

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ANEXO F – Livros de Memórias

ANEXO G – Aula sobre Genética

ANEXO H – Confecção da árvore genealógica

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ANEXO I – Bolsistas fazendo a contagem de dados dos questionários ANEXO J – Confecção de gráfico pelos alunos manualmente

Anexo K – Confecção de gráfico no laboratório de Informática