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Ano 2 | Número 4 | Abril de 2016 QUEM FAZ Conheça Daniel e suas experiências, que vão muito além da Biblioteca Telles. COTAS RACIAIS E SOCIAIS Saiba como foi o Debate promovido pelo Sementes Culturais sobre esse polêmico tema. DESIGN CHALLENGE Conheça mais sobre a nova entidade da faculdade, que foi premiada pelo Insper Awards. Consilium entrevista David Friedman Autor de “The Machinery of Freedom”, o filho do Nobel de Economia Milton Friedman conversa com integrantes do Consilium.

Consilium entrevista David Friedman · | Abril 2015 3 E m um país pós Estado Novo e Ditadura Militar, te-mos consciência da importância da liberdade de expressão e de imprensa,

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Ano 2 | Número 4 | Abril de 2016

QUEM FAZ

Conheça Daniel e suas experiências, que vão muito além da Biblioteca Telles.

COTAS RACIAIS E SOCIAIS

Saiba como foi o Debate promovido pelo Sementes Culturais sobre esse polêmico tema.

DESIGN CHALLENGE

Conheça mais sobre a nova entidade da faculdade, que foi premiada pelo Insper Awards.

Consilium entrevista

David FriedmanAutor de “The Machinery of Freedom”,

o � lho do Nobel de Economia

Milton Friedman conversa com

integrantes do Consilium.

2 | Abril 2016

ÍND

ICE

EQUIPESarah VendramePresidente

Pedro Henrique Mariano BritoVice-Presidente

Vitor CavalcanteDiretor de Redação

León BernardiDiretor Financeiro

Daniel RodriguesDiretor de Marketing

Deborah KangColaboradora

Gabriela MarcottiColaboradora

João Vitor SantosColaborador

Luciana FariaColaboradora

PDesign ComunicaçãoDireção de Arte e Editoração Eletrônica

Insper Instituto de Ensino e PesquisaRua Quatá, 300 - Vila Olimpia, São Paulo - SP, 04546-042 - (11) 4504-2400

A revista Insper Post é uma publicação dos alunos do Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa.

Ano 2 | Número 4 | Abril de 2016

4 EntidadesSaiba mais sobre a AIESEC

e seus projetos!

13 CrônicaSó quem já fez o currículo

conhece a afl ição.

16 EntrevistaInsper Junior entrevista

Nicola Calicchio

6 EntidadesConheça o Coletivo Marianne

Ferber, nova entidade feminista

da faculdade

8 EntidadesCom certeza você já ouviu falar

da Bateria Imperial, mas você

conhece sua história? Descubra a

origem e os projetos da Imperial

14Insper AconteceSementes Culturais apresenta:

Cotas Raciais e sociais - você é

a favor ou contra?

10 EntidadesQual a importância da

educação fi nanceira em

meio à crise?

12EntidadesDesign Challenge: o que fora

uma prova agora é a nova

organização estudantil com

planos para a engenharia e

para a faculdade.

18 ConsiliumConsilium entrevista David

Friedman, p.h.D. em Física

e fi lho do Prêmio Nobel

Milton Friedman

InternacionalConheça a experiência de Paula,

aluna do 5º semestre de Economia

que está no intercâmbio no Canadá.23EngenhariaVocê sabe do que se trata o Movimento

Maker? E o conceito de FabLab? Descubra o

que está por trás da Engenharia no Insper.24Quem FazSaiba mais sobre o trabalho

e a vida de Daniel, assistente

bibliotecário do Insper.26Cruzadinha27

InsperQuão bem você conhece sua faculdade?

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ACROSS 1 Professora musa do Insper 7 Processo aberto contra Dilma 9 Ex-Novo Ministro da Casa Civil 11 Tá tranquilo, tá... 12 Professor gourmet 13 Matéria mais suave do Insper 15 Estação de metrô e professor do Insper 16 Sinônimo de aluno da GV 18 Recanto dos CRs 19 Festa em homenagem a um professor 20 Autor do melhor livro didático usado no Insper

22 Insper AconteceSaiba como foi a Semana

da União Europeia no Insper

3 | Abril 2015

Em um país pós Estado Novo e Ditadura Militar, te-mos consciência da importância da liberdade de expressão e de imprensa, conquistados em 1988. É com grande responsabilidade e levando em

consideração os diversos momentos em que a imprensa foi calada, a população manipulada através da censura de um governo tirano, e o momento político e econômico em que vivemos que nós, do Insper Post, aceitamos a missão de ser o veículo de informação da faculdade, afi m de dis-seminar o conhecimento e gerar ferramentas que estimu-lem o raciocínio crítico.É de lugares como o Insper que sairão grandes profi ssio-nais que farão o Brasil e o mundo do futuro, e é nas enti-dades que nós temos a oportunidade de explorar e treinar o nosso potencial. Não tenho dúvidas de que sairão, por exemplo, grandes consultores da Insper Jr., grandes espe-cialistas em política do Consilium e grandes jornalistas do Insper Post, que desde o momento em que aceitaram par-ticipar de uma entidade, levam a sério a missão de cons-truir um país melhor.É com muito orgulho que vejo essa revista crescer mais e mais a cada edição, graças a uma equipe que se dedica intensamente a fazer um trabalho cada vez melhor.

EDIT

OR

IAL

Sarah Vendrame,Presidente do Insper Post.

Do Insper para o Mundo

4 | Abril 2016

A AIESEC é uma plataforma global de de-senvolvimento de liderança, presente em 126 países e reconhecida pela ONU

como a maior organização jovem do mundo. Através de intercâmbios sociais, corporativos e vivência em membresia, a entidade mostra-se capaz de formar jovens talentos e voluntários

de alto impacto na sociedade, capazes de ser a próxima geração de líderes mundiais em em-presas e ONGs ao redor do mundo.

Com escritórios da AIESEC presente em 4 facul-dades da cidade de São Paulo, alunos do Insper decidiram, em 2010, fundar um escritório dife-rente dos demais, aberto a outras universidades, o que hoje, mostrou-se ser uma de nossas princi-pais bandeiras: Viver a diversidade. Diariamente, universitários de várias partes de São Paulo con-

vivem em um ambiente propício a brainstormin-gs, networking e convívio com diferentes pontos de vista e perfis, o que permite uma visão mais abrangente e focada em resultados.

Mas como nossa Raposa deixa sua marca no mundo? Anualmente, o time da AIESEC possibi-

lita que estrangeiros venham para o Bra-sil fazer a diferença por meio de projetos alinhados às Metas Globais de Desenvol-vimento Sustentável, da ONU, desenvolvi-dos em parceria com ONGs paulistanas. De forma análoga, os brasileiros têm a oportunidade de cau-sar o mesmo impacto lá fora, tanto por meio de intercâmbios so-ciais quanto corpora-tivos. Só no ano pas-sado, o escritório da

nossa faculdade foi responsável pela entrega de 134 experiências de liderança, além de ter sido reconhecido pela rede nacional da AIESEC pelo trabalho realizado e metas alcançadas.

Mas e na prática, o que é ser um membro da AIESEC?

Ser da AIESEC é mais do que proporcionar ex-periências às pessoas. É também viver as suas próprias, intensamente!

HEEEEEY AIESEEEEC!!! \o/ Diversidade. Impacto. Liderança... dentro do Insper!

Entidades

5 | Abril 2015

Ao entrar na entidade, o membro se depara com 4 competências que norteiam o Modelo de Liderança da AIESEC. Ao longo de sua tra-jetória dentro da organização, independente-mente de área ou cargo, todos os membros

desenvolvem cada um dos itens através de coaching, capacitação com CEOs renomados, acompanhamento de desenvolvimento, apren-dizado com matérias da rede e contato com a rede internacional. São eles:

Está bem clara a competência da organização em desenvolver as potencialidades profi ssionais e pessoais dos seus membros sem nem sair do Insper. Os projetos desenvolvidos pela AIESEC variam de acordo com as necessidades da ci-dade e a cultura do país, oferecendo um amplo leque de oportunidades no qual jovens podem trabalhar em projetos de gestão social na Améri-ca Latina, educacionais no leste europeu, ou até mesmo relacionados a empoderamento femini-

no na Índia ou Marrocos. Paralelo a tudo isso, o voluntário ainda vivencia uma experiência única de desenvolvimento pessoal e profi ssional.

Se interessou no nosso trabalho? Não deixe de nos visitar no quinto andar! Todos serão mui-to bem recebidos para conhecer mais sobre o nosso escritório e os nossos projetos! Sigam a AIESEC Insper nas redes sociais para fi carem li-gados nas novas oportunidades!

Paula BatistaAluna do 5º semestre dePublicidade e Propagandana Anhembi

Felipe DouradoAluno do 5º semestre de Administração no Insper

aiesecinsper @aiesecinsper

6 | Abril 2016

O que é ser mulher?” Assim começou a primeira roda de conversa do co-letivo feminista Marianne Ferber, a mais nova entidade do Insper, que

surgiu para empoderar as mulheres e descons-truir a imagem equivocada que algumas pes-soas têm sobre o feminismo. Em entrevista ao Insper Post, as diretoras contaram as propostas, atividades e expectativas para o grupo. Moni-que Ventura, uma das diretoras, explicou que “o nome do coletivo é uma homenagem à Ma-rianne Feber que, além de economista ameri-cana, foi uma das percursoras do movimento feminista e fez muito pelas mulheres”.

O coletivo feminista tem um objetivo de lon-go prazo, para que as mulheres se fortaleçam a cada dia e entendam seu lugar na socieda-de. Para o objetivo ser atingido, dois tipos de atividades serão de-senvolvidos, as rodas de conversa e as pales-tras. Nas rodas de con-versa, temas presentes na vida de uma mulher desde o seu nascimen-to até sua morte serão discutidos. “O Insper é um ambiente que tem maior predominância de homens, é legal ter um espaço de cumpli-cidade para a mulher colocar em pauta de-terminados assuntos presentes em sua vida

e com pessoas que passam pelas mesmas coi-sas” - diz a diretora Juliana Megid.

As palestras acontecerão com convidados es-pecialistas em determinados assuntos para que se possa adquirir mais conhecimento so-bre temas que envolvem o feminismo. “A ideia é entender os prós e contras de cada tema ex-posto nas palestras e não só reproduzir o sen-so comum”, apontou Monique, acrescentando que, para as palestras, será importante juntar o mundo do mercado de trabalho com o mundo das mulheres.

No primeiro semestre de existência, foi decidi-do que o Coletivo será composto apenas por

mulheres. “É preciso primeiro fortalecer a imagem do coletivo no Insper”. Perguntada so-bre suas expectativas, Juliana disse que já está surpreendida pela entidade ter sido tão bem recebida e acredi-ta que esse apoio é um bom início para maio-res conquistas.

Para concluir, Moni-que mencionou uma frase que resume toda a proposta da criação de um coletivo femi-nista no Insper: “A par-tir do momento que a mulher sabe quem é ela na sociedade, con-segue lidar com qual-quer adversidade”.

Entidades

“O que é ser mulher?”

6 | Dezembro 2015

7 | Abril 2015 7

receitas

MODO DE PREPARO

1. Em uma batedeira, bata a manteiga, açúcar mascavo, açúcar, essência de baunilha (e o chocolate em pó, caso faça cookies de chocolate);

2. Adicione o ovo e continue batendo;

3. Acrescente a farinha aos poucos e bata até formar uma massa homogênea;

4. Por fi m, adicione o fermento e bata mais um pouco (não bater muito para o fermento não perder seu efeito);

5. Adicione o chocolate picado e misture à massa;

6. Faça pequenas bolinhas com a massa e disponha-as, separadamente, sobre uma assadeira co-berta com papel manteiga por aproximadamente 15 aa 20 minutos (250ºC).

ATENÇÃO: As bolinhas se espalham no forno, então cuidado com o tamanho e a distância entre elas; O tempo de forno depende. Observe o ponto para que não queime embaixo.

Adaptado de http://m.tudogostoso.com.br/receitas/94434-cookie-americano-perfeito

COOKIES DOS BIXOS

SEMENTESCULTURAIS sculturais @culinarias_insperculinarias

INGREDIENTES

• 125g de manteiga sem sal em temperatura ambiente• ¾ de xícara de açúcar• ½ xícara de açúcar mascavo• 1 ovo• 1 e ¾ de xícara de farinha de trigo• 1 colher de chá de fermento em pó• 300g de chocolate meio amargo picado• 1 colher de chá de essência de baunilha

*para cookies de chocolate, acrescentar ¼ de xícara de chocolate em pó

8 | Abril 2016

Durante o período de IBMEC, o nome da entidade era IBateria. Após a mudança do nome da faculdade para Insper, a entida-de alterou seu nome para Bateria Impe-

rial, no ano de 2009. Até 2013, a Imperial competia na primeira divisão do Balatucada (maior Torneio de Baterias Universitárias do Brasil), porém caiu para a segunda divisão devido a diversos fatores. A partir de então, algumas pessoas tentaram organi-zar melhor a entidade para fazer com que a Bateria andasse com os próprios pés.

A gestão da Imperial sempre teve como foco me-lhorar a imagem da bateria, tanto dentro como fora da faculdade, além de ampliar sua interação com as outras entidades. Apesar da nova dire-toria de 2013 ter conseguido coisas positivas, a mentalidade dos membros continuava sendo a mesma e a gestão via problemas nisso: a bate-ria se resumia a um grupo de amigos que davam o sangue quando se juntavam para tocar. Para a gestão, faltava o pensamento de que a Imperial era uma entidade que tinha missão e visão, que

tinha o objetivo de gerar valor para a comunida-de Insper.

Em 2015, embora a entidade estivesse melhor es-truturada, houve, no segundo semestre, uma que-da de ânimo tanto nos membros quanto na gestão. A bateria contava com menos membros que, por sua vez, eram menos participativos e estavam me-nos engajados com os desafi os do momento. Após refl etir sobre a situação, a gestão concluiu que um dos maiores problemas era a difi culdade de reten-

ção de ritmistas, e isso se dava pela falta de visão da bateria como entidade. Para tentar reverter esse cenário e criar uma cultura da participação da ba-teria dentro do Insper, novas formas de integra-ção entre os próprios membros, e também com as outras entidades foram criadas. Exemplos dessas foram o churrasco em março de 2016 e a ação du-rante o trote solidário do GAS.

Uma questão que chamava atenção no começo de cada semestre é que a Imperial atraía sempre o

Entidades

por Fábio Rosa e Guilherme Costa

9 | Abril 2015

mesmo tipo de público. Agora, no entanto, a intenção da entidade é renovar sua imagem diante dos olhos dos alunos e deixar cada vez mais claro que fazer parte da bateria é fa-zer amizades e ganhar uma família. Para que essa mudança acontecesse, o ingresso do Persa, o novo mestre externo de bateria, para o time foi essencial, pois ele trouxe uma visão de ensaio diferenciada, mudando os hábitos e atitudes dos membros de forma positiva e inédita para a Imperial.

Objetivo

O objetivo da Bateria é levar sua animação para todos os eventos da faculdade ao lon-go do ano. A Imperial é a entidade que tem a maior participação de membros de outras orga-nizações estudantis por ser inclusiva e não exclusi-va. Antes de mais nada, é um grupo de amigos que querem usar essa paixão para deixar o próprio dia e o dos outros mais feliz. Por fi m, o objetivo fi nal da entidade é trazer mais samba ao cotidiano, se tornando um escape da rotina cansativa do Insper.

Vida na Imperial

A vivência na Bateria não se limita ao ambiente da faculdade, pelo contrário, além de conviver no bar e se cumprimentar no corredor, os membros da entidade passam de 2 a 6 horas por semana juntos. Esse tempo de convivência forma laços fortes que durarão por muito tempo, fazendo com que esse grupo de amigos se torne realmente uma família que estará sempre lá por você.

Ser da bateria não é tão fácil quanto parece, tem que ter comprometimento! Tem que trabalhar mui-to e se dedicar! Antes a escolinha era sem compro-misso, só para aprender a fazer um batuque; hoje em dia, a imagem da entidade é mais séria, tendo uma pegada muito mais técnica para mostrar aos ritmistas a importância da sua participação. Ao longo dos ensaios, os membros acabam adquirindo um amor mui-to grande pelo samba e tam-bém pela faculdade.

Competições e eventos

Dia 27 de agosto de 2016 é o grande dia. É o dia do Balatucada, que vai decidir qual é a melhor bateria universitária do país. A Imperial é uma das fundadoras da competi-ção e por isso participa do evento desde a primeira edi-

ção. A Bateria também participa todo ano do Eco-nomíadas, tocando para animar todos os atletas e a torcida nos jogos! Esse é o segundo maior foco do ano, pois não é só uma competição da bateria; ela envolve a faculdade inteira, o orgulho de ser Insper! A Imperial se torna o coração da torcida, ela vira a locomotiva da 300 – torcida do Insper. Nada consegue descrever a sensação de orgulho, de pertencimento, que a torcida traz em um jogo; todo mundo indo ao delírio, perdendo a noção de si mesmo, tudo para impulsionar sua amada facul-dade para o topo.

Outro campeonato do qual a entidade participa é o Interbatuc. É um fi nal de semana de competições numa cidade do interior que conta com a partici-pação de 20 baterias; é um Econo para as baterias.

Um evento do qual a Bateria começou a participar a partir de 2014 é o evento Alumni - 10 anos de formatura. A bateria entra tocando na festa depois da cerimônia, no próprio Insper.

Nesse ano, a bateria pretende tocar em eventos da pós-graduação e está à procura de outros eventos também.

A Imperial se superou nesse semestre criando o inédito Churrasco Impe-

rial, que aconteceu no Sujinho, numa sexta-feira, para um en-

trosamento com a faculdade e com os alunos. O evento teve um clima diferente que animou a sexta dos alunos no bar, rolou até roda de pagode e drinks diferenciados.

ritmistas a importância da sua participação. Ao longo dos ensaios, os membros acabam adquirindo um amor mui-to grande pelo samba e tam-

ção e por isso participa do evento desde a primeira edi-

A Imperial se superou nesse semestre criando o inédito Churrasco Impe-

rial, que aconteceu no Sujinho, numa sexta-feira, para um en-

trosamento com a faculdade e com os alunos. O evento

10 | Abril 2016

Educação Financeira:uma alternativa social para a crise

As taxas de inadimplência do Brasil, em 2015, cresceram de maneira geral, de forma que famílias precisassem apertar cada vez mais o bolso para poder pagar suas contas. Como mostra a Tabela 1 (baseada em dados de pesquisa do SPC Brasil), a região Sudeste é uma das maiores devedoras (em valores absolutos), mas as outras regiões nacionais não deixam

de expressar a piora da situação econômica brasileira:

Diante de problemas como esse, a população brasileira espera por uma melhora econômica para ter uma vida e trabalho sustentáveis. Mas a parcela social mais necessitada de uma saída mais imediata, ou, pelo me-nos, um alívio para o peso

da crise, não pode apenas cortar alguns gastos e seguir em frente. Muitas das pessoas que enfrentam a crise não têm conhecimento básico para lidar com uma renda, por mínima que seja, nem realizar um orçamento. Em pesquisa realizada pelo SPC Brasil¹, é nítido o controle que um cidadão tem sob suas fi nanças – visivel-mente informal – conforme demonstram as fi guras 2 e 3.

A educação fi nanceira, que sempre procurou espaço no cenário econômico brasileiro, é uma das potenciais saídas àqueles que não tem base teórica e prática para lidar com apertos de renda. Exis-tem diversas organizações que proporcionam tal conhecimento, pois, a partir do momento em que o

Entidades

por Gustavo Fabricio Groff

11 | Abril 2015

cidadão aprende conceitos como juros, negocia-ção, investimentos, entre outros, a forma de reali-zar um orçamento familiar ajuda famílias a fazer o bom uso de seu dinheiro.

É importante ressaltar que a fi nalidade de tais or-ganizações educativas não é fazer com que famí-lias simplesmente economizem dinheiro, mas sim que elas saibam e tenham alternativas para o uso da renda. Uma reportagem no SPTV - programa jornalístico da TV Globo - faz menção a uma en-tidade estudantil, denominada Bem Gasto, fun-dada por alunos do Insper, e que dá aulas sobre conceitos fi nanceiros. Na reportagem, diversos alunos disseram que conseguiram reduzir mui-to seu gasto, e, uma senhora em especial, afi rma que o reduziu em mais de 70%. Os retornos da entidade, em uma série de aulas para funcioná-rios da AMBEV, foram muito expressivos, como mostram as fi guras 3 e 4, resultados de uma pes-quisa* realizada pelo Bem Gasto.

A questão crucial desse tipo de educação é que, no Brasil, não faz parte do currículo de uma es-cola brasileira desenvolvido pelo MEC - não há incentivo para tal. No entanto, não há porque não aderir a essa saída em tempos de crise. De

acordo com a pesquisa realizada pelo SPC Brasil, “Boa parte dos brasileiros prefere gastar a inves-tir, viajar e comprar bens a quitar dívidas ou fi nan-ciamentos. Não temos uma cultura de poupança”. É fundamental ressaltar que a educação fi nancei-ra não deve ser interpretada apenas como uma saída para um determinado contexto, mas sim como meio essencial para a formação de vida de um adolescente que cursa o ensino fundamental. O governo deve abrir canais para esse tipo de educação.

[1] “Centro-Oeste lidera crescimento de inadimplentes em 2015, mostra SPC Brasil”; disponível em: https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices/125-centrooestelideracresci-mentodeinadimplentesem2015mostraspcbrasil Acessado em 16/03/2016,[2] “Pesquisa de Educação Financeira no Brasil”; disponível em: http://meubolsofeliz.com.br/wp-content/uploads/2014/01/analise_spc_brasil_pesquisa_educacao_fi nancei-ra_2014_vf1.pdf Janeiro de 2014; Acessado em 16/03/2016, às 19h52;

Biografi a:

Saiba mais:

12 | Abril 2016

O movimento

Interação, comunicação e empreendedorismo são elementos essenciais do modelo de ensino inspira-do em Olin College, que fundamenta a engenharia no Insper. O que era apenas uma dinâmica antes da

prova de segunda fase do vestibular de engenharia transformou-se - com muito esforço - em uma organi-zação estudantil: o Design Challenge.

Durante a estruturação desse projeto, foi realizada uma dinâmica de teste com raposas de diferentes cursos, revelando o impacto positivo que a sinergia entre tais diferenças causa. Assim, a dedicação dos membros do Design Challenge, aliada à motivação da coordenação, resultou na criação dessa entidade. O perfil Insper tinha de ser replicado e, por meio dos núcleos da nova organização - Inte-grar, Inspirar e Impactar - será transmitido para to-dos da comunidade.

“Integrar” relaciona-se com essa troca de co-nhecimento acadêmico, a qual o Design Challenge estimulará através de pro-jetos que reúnam líderes de organizações estudan-tis no intuito de replicar a força do trabalho em conjunto, motivando projetos em comum e potencializando iniciativas já existentes.

Nesse núcleo, há uma ativação prevista para o início de maio, na qual, em oficinas no Insper, grupos com integrantes de todos os cursos se relacionarão e terão ideias transformadas em modelos de negócios, geran-do protótipos físicos que, além de estimular o empre-endedorismo, tragam aos participantes uma experiên-cia de integração e desenvolvimento.

O Integrar também se direciona à união do aluno ao espaço físico, o qual estará sujeito a mudanças que re-flitam seu pensamento.

Do núcleo Inspirar partem outras iniciativas, como o projeto Embaixadores Insper - atualmente gerido pelo marketing - no qual os alunos levam a ambientes exter-nos o perfil da faculdade. A nova entidade pretende po-

tencializá-lo, levando a escolas projetos realizados pe-los alunos do Insper, inspirando a cultura de agente da transformação. Aliados ao marketing do Insper, também abraçaram o Momento Insper, para transmitir esses valo-res delineando o dia a dia na faculdade.

Nesse núcleo, buscam ainda a maior divulgação do Fa-bLab, um laboratório do Insper aberto todas as quintas para qualquer pessoa desenvolver projetos e ideias transformadoras. Dessa forma, a entidade alcançará grupos estudantis e pessoas inovadoras, viabilizando suas ideias com o auxílio da tecnologia e dos alunos do Insper.

Partilhando desses an-seios, tem-se o último núcleo: Impactar. Além do impacto direcionado aos participantes desses projetos, os membros querem levar para ou-tras escolas a educação como porta de transfor-mação. Com esses obje-tivos a entidade visa criar cursos utilizando a tecno-logia no desenvolvimen-to educacional e social do país.

É na interação entre os núcleos que se confirma a estrutura horizontal do Design Challenge. Sem presidentes ou diretores - apenas líderes em cada projeto -, a entidade surge com muita inovação, apresentando uma rede na qual todos os membros desempenham o mesmo engajamento e responsa-bilidade.

“Assim como o Insper nós acreditamos nas pesso-as, pois são elas as protagonistas da mudança, ino-vação e responsáveis pela transmissão de conheci-mento. Dessa forma, objetivamos ser mais do que uma entidade; queremos ser um movimento, que esteja intensamente presente na vida dos alunos, incentivando-os a repensar e transformar o meio em que vivemos” – afirmam Gabriel Goichman e Gabriel Patrocinio, idealizadores do Design Chal-lenge.

Entidades

Design Challenge

13 | Abril 2015

Sarah Vendrame, 3º semestre de Economia

Durante nossa vida, passamos por várias crises existenciais. Quando mudamos de escola e não conhecemos ninguém, quando gostamos de alguém pela pri-

meira vez - provavelmente a pessoa com quem você mais brigava na 2ª série-, quando mudamos de casa ou cidade e até mesmo ao escolhermos o curso e as faculdades que prestaremos no vestibular. Mas a mais recente pela qual eu passei foi montando meu currículo.

Adiei essa tarefa desde que entrei no Insper, e fui empurrando com a barri-ga até tomar vergonha na cara e pas-sar no Carreiras para ter pelo menos um norte. Pois bem. Fui lá no quinto andar, baixei um modelo de currículo e comecei a preencher. PRA QUÊ?

Foi um baque. Um vazio. Como assim não reali-zei nenhum projeto acadêmico?? E todos os dias que eu fiquei nas salinhas de estudo até o guarda me tirar de lá porque já tinha passado das 23h? Quantas dúvidas, meu Deus! Qual o nível de pro-ficiência em espanhol que três anos de RBD me proporcionaram?? E informática? O VBA tem que colocar, é um diferencial, mas eu vou saber fazer uma programação no papel na hora de uma en-trevista de emprego??

Céus!!! Eu me considero uma pessoa ocupada. Bem ocupada, pra ser sincera. Duas entidades, atividade complementar, cinco matérias que

nunca dá pra levar, além das atividades de final de semana. Mas se eu não posso colocar várias das coisas que eu faço fora da faculdade, o que eu estou fazendo com a minha vida???

Eu comecei a redigir meu currículo de tarde, mas a reflexão se estendeu até de noite. Eu

fiquei – literalmente - sentada na cama, olhando pro teto, sem sa-ber o que fazer. Não sabia o que colocar no currículo e já comecei a pensar em como falaria pra minha mãe que ninguém ia me contratar porque eu não tenho um CV im-pressionante.

Só me acalmei quando minha prima – já no segundo estágio – me enviou seus currículos, de antes e depois do seu primeiro emprego. Aparente-

mente não sou a única sem ter cursos e experi-ências transcendentes – e os empregadores têm consciência disso, principalmente se você estiver aplicando para um estágio de férias, como é meu caso.

Depois de uma profunda crise interna, terminei meu currículo e, depois de inúmeras promessas de que faria cursos e outras atividades, cá estou em outra crise: a de iniciar a vida profissional e, consequentemente, a vida adulta. O receio dessa nova fase, dentre tantos questionamentos, traz o que considero o mais importante: não pode vol-tar a ser criança?

Crônica

CRISE EXISTENCIAL

14 | Abril 2016

Mediado pelo professor Naercio Menezes Fi-lho, titular da Cátedra IFB (Instituto Futuro Brasil) e coordenador do Centro de Políti-cas Públicas do Insper, o Sementes Cultu-

rais promoveu no dia 23 de março o debate sobre Co-tas Raciais e Sociais, com a participação do biólogo e polêmico youtuber Pirula e do Dr. Marco Antônio Zito Alvarenga, formado pela PUC-SP em Ciências Jurídi-cas e Sociais, Conselheiro Estadual da OAB e presi-dente do Conselho Estadual de Participação e Desen-volvimento da Comunidade Negra.

Iniciando o debate, Pirula se apresentou direcionando seu posicionamento ao contexto que ele denominou de “diplomolatria”. Para o youtuber, a sociedade bra-

sileira tem destoado o real sentido das universidades, uma vez que, ao torná-la um mecanismo de ascensão no mercado de trabalho, distorce sua posição de for-mar acadêmicos para desenvolver pesquisas e conhe-cimento. Pirula remete esse fato à introdução em mas-sa de diversas faculdades privadas que estimulou nas últimas décadas a ideia: “todos devem fazer faculdade, pois ela é a única maneira de alcançar um bom empre-go e salário, além de status”.

Assim, nesse cenário de desvalorização de outros em-pregos e mecanismos de formação como os cursos técnicos, tende-se a estimular a introdução massiva da população no ambiente universitário, surgindo nessa relação as críticas da desigualdade na opor-

tunidade de introdução dos negros e pobres na faculda-de. Além de revelar o sucate-amento dessas instituições, a exemplo, segundo pesquisa do INAF realizada em 2012, 38% dos universitários são analfabetos funcionais, ou seja, sem uma métrica sólida para o ingresso dos alunos, as faculdades privadas, em especial, tendem a reduzir a qualidade do ensino tornan-do o diploma um produto comercializável.

Dessa forma, dado o contex-to apresentado por Pirula, as cotas se alocariam como mais um mecanismo de estímulo à valorização excessiva do di-

Sementes Culturais apresenta:

Insper Acontece

Cotas Raciais e Sociais no Brasil

Por João Vitor Santos

SEMENTESCULTURAIS

15 | Abril 2015

ploma e abafariam o intuito real das ações afirmativas de equiparação social.

Inicialmente, era difícil relacionar a questão das cotas com a abordagem argumentativa de Pirula, contudo, essa visão ao longo do debate se esclareceu com as perguntas dos alunos. Para ele, as cotas não se ade-quam ao ambiente universitário, pois fomentam a de-sobrigação do governo em garantir a equiparação so-cial dos indivíduos antes do ingresso ou concorrência na fase universitária.

“Vestibular não é o melhor sistema, mas é o que temos como forma de ingresso democrático. Assim as cotas distorcem essa competição, pois o governo deveria estimular uma transformação qualitativa na educação pública para haver, desde a infância, um relacionamen-to entre a maioria negra pobre e os brancos ricos, obs-truindo esse conflito que temos atualmente no país em relação às cotas, além de incentivar outras formações - como os cursos técnicos - e empregos considerados infe-riores, visto que isso impedi-ria o sucateamento das facul-dades, estimulando apenas o ingresso de quem realmente está interessado em apren-der” – relata o youtuber.

Assim, na oposição dessas divagações Marco Antônio inicia sua posição propondo um questionamento ao gan-cho argumentativo exposto por Pirula e introduzindo uma abordagem histórica sobre o tema: “Precisamos de um sistema melhor? Que sistema e até quando temos que esperar? ”

Para o presidente da Comunidade Negra de São Paulo, a espera persiste há mais de 350 anos, em uma história na qual os negros só conquistaram a alforria educacio-nal em anos recentes. Assim, dada a marginalização como reflexo da escravidão no Brasil, os negros tive-ram suas ideologias, religião e cultura marginalizadas na sociedade brasileira, distanciando suas referências através do padrão de beleza europeu, do bullying, que deprime desde a infância o indivíduo, ou por intermé-dio do racismo que dilacera sua percepção de gente, subjugando-o e excluindo-o socialmente.

Contudo, com a introdução dos negros na sociedade, sua voz pode começar a ecoar em alguns espaços, po-rém limitada nos ambientes de poder. Marco Antônio, esclarece a percepção de que não há uma representa-tividade real dos negros nesses nichos sociais. “Olhem a ausência de negros em cargos políticos, nas faculda-des, nos cargos altos de direção das empresas. Será que somos tão burros e não temos competência para exercê-los, ou dada a contextualização do Brasil fomos marginalizados à base da pirâmide social? ”

Com isso, as cotas surgem como uma reivindicação de espaço, uma política imediata de equiparação de oportunidades. “Não queremos cotas para sempre, apenas queremos a oportunidade no curto prazo para termos uma boa formação educacional e, assim, po-der participar da competição igualitária, uma vez que, dada a precariedade do ensino público, é injusto a concorrência com alguém que teve a oportunidade de instrutores, ferramentas e um ambiente de qualidade para auxiliar na aprendizagem. Pesquisas revelam que em 10 anos já conseguiríamos essa representatividade do “Brasil real” no ambiente universitário, eliminando essa falsa democracia racial. Mas é claro, sem excluir a melhora da educação pública, que infelizmente tem impactos apenas no longo prazo” - explica Marco An-tônio Alvarenga.

Delineando as dúvidas dos alunos no transcorrer do debate, Marco Antônio esclarece que, ao pensar em

apenas cotas sociais como solução para o problema, excluísse a carga de racismo explicada inicialmente. Par-tindo apenas da premissa de que um negro e branco po-bre tem as mesmas oportuni-dades econômicas, não raro, se desconsidera a relação da cultura sem referências, da opressão pelo bullying nas escolas e o racismo que de-prime o negro e o distancia da educação.

Com o intuito de engrandecer o debate e direcioná-lo às cotas sociais, o mediador, Naercio Menezes, se po-sicionou abordando como referência suas pesquisas do Centro de Políticas Públicas do Insper. Segundo seus estudos, dados estatísticos revelam claramente a desigualdade de oportunidades no Brasil e, sabendo da aleatoriedade de nascer em família rica ou pobre, torna-se evidente que, ao nascer em família pobre, o indivíduo está fadado à péssima qualidade do ensi-no público. Assim, as cotas surgem como uma forma “meritocrática” de recompensar o esforço do indivíduo dadas suas condições iniciais de aprendizado. Como exemplo, ele citou a política de cotas da USP pelo IN-CLUSP, na qual há um alto rendimento desses alunos na faculdade, pois são aqueles que mais se esforçaram na rede pública. Neste caso não se tem o rebaixamen-to da qualidade de ensino.

Deste modo, essas diferentes digressões permitiram aos presentes na palestra consolidar uma boa discus-são, prevalecendo o conhecimento de diferentes expe-riências, bem como posicionamentos. Com essas refe-rências o debate promovido pelo Sementes Culturais permitiu aos alunos do Insper refletirem sobre a política de cotas no Brasil, potencializando sua formação edu-cacional crítica e engajada na discussão social do país.

16 | Abril 2016

Nicola Calicchioentrevista

Entrevista

Nicola se formou com distinção em Engenharia Civil pela UFMG e possui MBA pelo MIT.

Em intervista à Insper Jr Consulting, Nicola Ca-licchio nos contou um pouco sobre sua traje-

tória profissional além de sua perspectiva do mercado de consultoria em geral. Abaixo seguem os principais trechos da entrevista:

I. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória até o in-gresso no mercado de consultoria. Quando começou este interesse? Quais atrativos do setor lhe chamaram a atenção?

Antes de ingressar no mercado de trabalho, cursei en-genharia civil na UFMG. Nascido em Belo Horizonte, a escolha por este curso partiu da minha convicção de que eu desenvolveria uma boa base analítica, uma vez que no momento em que prestei vestibular já sabia que não seria engenheiro; sempre tive facilidade em maté-rias quantitativas, e na engenharia vi uma oportunidade de aperfeiçoar este ponto. Durante a faculdade, montei desde um fundo de investimentos até uma pequena em-presa de importação de whiskies, contudo não estive presente em nenhuma obra de engenharia. Além disso, durante alguns anos fui encarregado do gerenciamen-to da rede de padarias do meu avô, que se encontrava doente naquele momento e nenhum outro membro da minha família poderia se responsabilizar pelo negócio.

Minha história sempre foi voltada para o trabalho com empreendedorismo, principalmente em assuntos de ca-ráter pessoal. Em 1986, ao final do terceiro ano da fa-culdade, um colega meu mencionou que estava indo fazer MBA. Na época, desconhecia o assunto e o tema instigou minha curiosidade. Enviei, então, cartas para dez universidades americanas pedindo o application. Me interessei pelo MBA pois via no curso uma oportuni-dade não só de expansão, como também de experiência internacional. Após seis meses de preparação fui aceito

no MIT, minha grande ambição desde o início! Achava fascinante estudar no grande templo da engenharia, onde meus livros foram originados.

Já durante o curso, fui convidado para um jantar da McKinsey e aceitei a convocação. No decorrer do jantar, conversei com diversas pessoas mas cativei a atenção de um senhor em particular, que me chamou para uma en-trevista no dia seguinte, e acabei recebendo uma oferta de trabalho. No início, meu plano era ficar apenas três anos e, passado este período, sair para criar meu pró-prio negócio; seria uma experiência muito rica para meu desenvolvimento profissional e pessoal. Ano passado, porém, completei vinte e quatro anos de McKinsey.

II. Quais foram os motivos que o fizeram seguir carreira dentro da firma apesar do plano de apenas três anos?

Eu atribuo, principalmente, a dois fatores minha decisão de permanecer na firma. Primeiramente, eu descobri que poderia ser um empreendedor dentro da Mckinsey e lá pude construir diversas coisas que eu pensava não seriem possíveis. Logo depois de virar sócio, eu elabo-rei - com um time de pessoas interessadas e com outro sócio - uma prática de consumo no varejo ainda inexis-tente. Mais recentemente, participei de um projeto que mudaria a educação fundamental em Minas Gerais. A princípio, eu não possuía um conhecimento profundo sobre o tema, mas, ao estudá-lo, acabei me apaixonan-do, pois nada muda mais a vida de uma pessoa do que uma boa educação. Quando começamos, menos de 50% das crianças de oito anos em Minas Gerais sabiam ler e escrever. Ao fim do projeto de quatro anos, eleva-mos essa porcentagem para a casa dos 90%. Esses são exemplos de projetos que não existiam e eu construí, pois vi a possibilidade de realizá-los dentro da McKinsey.

Além disso, o Value Proposition para mim é inigualável. Trabalho com temas fascinantes o tempo inteiro, com pessoas extremamente capazes, com clientes líderes das

Nicola Calicchio é Presidente da McKinsey para a América Latina e membro do Comitê

Executivo Global da empresa. Desde seu ingresso na Firma em 1992, serviu mais de 100

clientes em 20 países em todo o mundo em temas ligados a estratégia, organização e

operações nos setores de consumo, varejo, infraestrutura, educação, saúde, entre outros.

17 | Abril 2015

maiores empresas do Brasil e do mundo. Não possuo ro-tina, pois diariamente me deparo com inúmeras tarefas que me desafiam intelectualmente, não tenho chefe e ainda ganho dinheiro fazendo o que gosto (risos). É um Value Proposition que eu não enxergo em nenhum outro lugar.

III. Em termos de gestão de pessoas, quais dicas você pode oferecer para alunos que almejam cargos de lide-rança?

Acredito que um líder deve possuir três características: Em primeiro lugar, ele deve ser honesto. Muitas vezes você trabalha com pessoas que não têm coragem de fa-lar a verdade. Acima de tudo você tem que ser honesto e bastante transparente com as pessoas: se ela precisa melhorar, você tem que falar onde. Um líder é aquele que possuí followers - pessoas que o seguem - e você só segue alguém em quem acredita.

A segunda coisa, eu diria, humildade. Humildade para compreender que as con-quistas são resultados do trabalho em equipe. O di-ferencial de um time que dá certo é o relacionamento. Muitas vezes um conjunto de “estrelas” falha, ao passo que um grupo “sem estre-las” pode funcionar muito melhor, pois trata-se de um time. Para isso, o líder tem que ser humilde, ouvir e trabalhar em benefício do coletivo.

Por fim, a terceira caracterís-tica é servidão. Servant lea-der é aquele que coloca os interesses do grupo acima de seus próprios: ele lidera como um servo, não como um chefe. Ninguém é ins-pirado a trabalhar com o chefe, e sim a trabalhar com a pessoa que lidera. Logo, é importante ressaltar que existe uma diferença enorme entre essas duas palavras. Enquanto o líder inspira os outros a construírem coisas melhores, o chefe apenas os gerencia (fala o que fazer e te cobra). Dessa forma, não existe espaço para pensar ou criar.

IV. No Insper, os mercados de consultoria e financeiro são aqueles com maior apelo entre os alunos. Com a sua expe-riência, quais as principais diferenças entre ambos? Como se diferenciam em termos do ambiente de trabalho?

Acredito que ambos os setores são extremamente in-teressantes. A principal diferença, a meu ver, é a de

que o consultor é orientado para a criação de valor, enquanto um fund manager ou trader é mais focado na captura de valor. O indivíduo do mercado finan-ceiro tenta enxergar uma imperfeição do mercado e utilizar seus recursos de forma a corrigi-la para, no processo, capturar esse valor para si próprio e, con-sequentemente, para seu acionista (investidor). Já o bom consultor pensa em como ajudar o seu cliente a criar mais valor no seu processo, seja através da me-lhora de sua estratégia/operação ou mudando sua or-ganização. Eu diria, ainda, que ambos têm um papel fundamental no funcionamento melhor do mercado, gerando produtividade e crescimento. Portanto, eu respeito muito as pessoas do mercado financeiro, da mesma forma que eu acho que o papel do consultor é muito importante e nobre, já que ambos aprimoram o mercado.

V. Existe um certo consenso de que o mercado de con-sultoria apresenta maior resiliência às crises do que outras indústrias. Como a recente recessão brasileira tem reformulado a atuação da McKinsey?

Sim, a meu ver ele (o merca-do de consultoria) apresen-ta maior resiliência. Ocorre que os clientes devem estar sempre se reestruturando, seja para se adaptar ao novo formato do mercado, seja para crescer. Desta forma, a todo momento mudanças acontecem e você precisa sempre estar em constante processo de melhora. Neste sentido nós sempre temos trabalho.

Onde nós sofremos? Quan-do há incertezas. Em épocas de eleição, como em 2014,

quando não se sabem os rumos do mercado e os clien-tes esperam para agir. Dado que as previsões para 2015 e 2016 indicam, em consenso, a recessão do país, é ne-cessário se renovar. Como isto direciona nossa atuação? Aqui na McKinsey, fazemos inúmeros trabalhos de rees-truturação operacional, o que não ocorre com serviços como estratégia de produtos, por exemplo. Além disso, há também diversos trabalhos de fusão e aquisição; as empresas utilizam esta oportunidade para comprar um concorrente que não se encontra em uma situação favo-rável, ou seja, o tipo de trabalho varia de acordo com o contexto. Contudo, eu diria que o mercado de consulto-ria sofre bem menos do que uma empresa, uma vez que esta depende quase exclusivamente do crescimento para gerar oportunidade e lucrar.

18 | Abril 2016

Consilium entrevista

Quais funções você acha que o Estado deveria exer-cer na vida das pessoas?

DF: Idealmente nenhuma. O mercado é uma forma melhor de coordenar seres humanos do que o con-trole central. Algumas coisas são mais difíceis de co-ordenar pelo mercado do que outras, e eu não acho que eliminar o Estado hoje resultaria em um mundo

perfeitamente funcional amanhã. Mas acredito que se eliminarmos boa parte do Estado imediatamente, estaremos em melhor situação. E como uma meta de longo prazo, espero que possamos substituir tudo o que o governo faz por arranjos privados.

No curto prazo o Estado deveria ser restrito, conforme o ideal do liberalismo clássico, aos setores de defe-

David Friedman é Ph.D.em Física pela Universidade de Chicago e leciona no curso de direito da Universidade de Santa Clara nos Estados Unidos. Tem diversas obras produzidas no campo da economia, tendo como principal obra “The Machinery of Freedom”. Suas opiniões fogem da orto-

doxia econômica. Ao se considerar um anarco-capitalista, ele acredita que não deva existir Estado e todas as relações devem ser pautadas pelo mercado. David é o filho do Prêmio Nobel Milton Friedman e é um grande entusiasta do jogo World of Warcraft.

Entrevista

David Friedman

19 | Abril 2015

sa, segurança e judiciário. Não há argumentos para defender que o Estado produza dinheiro, por exemplo. É algo que já foi produ-zido privadamente no passado e que o governo possui incentivos distorcidos para produzir. Tendo o monopólio da produção mone-tária, governos tendem a expandir seus gastos cobrando um imposto invisível da população na forma de inflação. Se um banco privado competindo em um livre mercado inflacionar sua oferta monetária, as pessoas não terão demanda por esse dinheiro. Haverá o incentivo correto para manter uma moeda sólida.

Não vejo nenhuma razão para o governo se envolver em educa-ção. Ao contrário, vejo a educação como o setor mais inadequado para sofrer alguma interferência governamental, pela mesma razão que livros e jornais o são. É estra-nho que a opinião pública assuma que o Estado não deva controlar livros, jornais e revistas mas acei-te que ele controle praticamente toda a educação escolar até os 18 anos. É indesejável que o governo tenha o poder de controlar o que as pessoas aprendem.

Como você lida com o conceito de falha de mercado?

DF: Acho que a maneira mais ade-quada de definir falha de mercado é como uma situação em que a ra-cionalidade individual não leva a uma racionalidade de grupo.

As pessoas cometem erros, mas acredito que assumir que as pes-soas tomam decisões corretas para si próprias é o mais próximo que podemos chegar de um bom me-canismo de tomada de decisões, já que elas tomarão decisões piores para outras pessoas. Contudo, há situações em que se cada pessoa toma as decisões corretas para si própria estaremos todos em pior situação, como no dilema dos pri-sioneiros.

Pense nos problemas padrão que servem de argumento para justifi-car intervenções do Estado, como falhas de mercado, problema dos

bens públicos, externalidades e seleção adversa. No meu senso, são todas falhas de mercado, e elas são um problema importante, que significa que uma socieda-de laissez-faire, de livre mercado, composta por pessoas racionais, produz um resultado menos atra-ente que uma sociedade planifi-cada com um governante sábio e benevolente. Mas não existem governantes perfeitamente bons e sábios. O que deve ser compa-rado é o resultado do mercado privado, com o resultado do mer-cado político, sendo que as falhas de mercado são válidas em am-bos os cenários. O ponto que eu faço é que falhas de mercado não têm nada a ver com mercados no sentido usual da palavra. O exem-plo que eu dou é um exército me-dieval em retirada. Cada soldado percebe que sua fuga, individu-almente falando, tem um peque-no efeito no resultado da bata-lha, mas um grande efeito na sua probabilidade de sair vivo. Eles estariam melhores se todos man-tivessem posição e lutassem, mas individualmente é melhor fugir. E então todos fogem e morrem.

Estou trabalhando em um livro so-bre sistemas legais diferentes do nosso. Um deles é o direito tradicio-nal judaico. Andei lendo Maimôni-des, um famoso filósofo e jurista do século XII, e ele discute leis de guer-ra sob o direito judaico. Isso era bem irrelevante na época, pois não havia Reino de Israel para prover exércitos, mas Maimônides ignora isso e escreve como se estivesse em 100 a.C. Uma das regras de guerra é que atrás dos soldados da linha de frente há uma espécie de polícia do exército cuja função é decepar as pernas daqueles que tentam fu-gir. Isso é interessante, pois é um ponto que eu sempre faço sobre o problema com exércitos. Pelo visto as pessoas encontraram diferentes formas de resolvê-lo.

Ontem me ocorreu um exemplo alternativo. Você está em um res-taurante e as pessoas estão con-versando. Está barulhento e difícil para manter uma conversa, então

você fala mais alto, o que leva os outros a falar mais alto. Isto é uma falha de mercado. A mesma lógi-ca existe em muitas outras situa-ções, e sempre vem de situações em que pessoas não pagam os custos de suas ações ou não rece-bem pelos benefícios. Mas essas situações são exceções em um li-vre mercado, onde normalmente você paga pelo input que você usa e produz output para vendê-lo. Uma primeira aproximação de um mundo de livre mercado é aquela em que as pessoas pagam por todos os custos e recebem todos benefícios de suas ações. Já uma primeira aproximação do mundo político é aquela em que as pessoas que tomam decisões não arcam com os custos e nem recebem benefícios.

Um eleitor não tem incentivos para pesquisar o melhor candidato, já que o benefício disso seria ínfimo, dividido com milhões de pessoas. E lembre-se que isso é uma tarefa difícil, pois nenhum candidato diz “eu sou o cara do mal”. O incenti-vo racional é votar em quem te fa-vorece diretamente ou em algum candidato qualquer. É por isso que o modelo de democracia funciona tão mal.

Pense agora em um legislador ou juiz, que faz uma lei ruim ou esta-belece um precedente legal erra-do, tornando todo o sistema um pouco pior que antes, tornando a sociedade 1% mais pobre. O elei-torado não saberá distinguir tal efeito e, embora seja um enorme dano causado por um homem, ele está ocultado pela lógica do siste-ma político.

Concluímos que as falhas de mer-cado, exceções no livre mercado, são a regra na política. Desviar ati-vidades do setor privado para o se-tor público aumentará essas falhas e suas consequências.

Vemos no seu argumento o uso de teoria dos jogos, do public choice, e na universidade você estudou físi-ca. Contudo, muita discussão ética e nenhuma matemática em autores da vertente austríaca como Murray

20 | Abril 2016

Rothbard. Em relação à metodologia, quais as suas di-vergências com a Escola Austríaca de Economia?

DF: Para começar, acredito que na economia mo-derna há um uso excessivo daquilo que meu colega Gordon Tullock chama de matemática ornamental, usada para fins estéticos e não para produzir conhe-cimento real. Por outro lado, eu não acredito que seja possível fazer ciência econômica de forma pu-ramente apriorística. Não é possível fazer previsões consistentes sobre o mundo real valendo-se apenas da teoria econômica.

Faça o teste. Se você é completamente agnóstico so-bre funções utilidade e funções de produção, que são fatos reais, qualquer forma de comportamento pode-ria ser considerada economicamente racional. Imagine que você me encontre de ponta-cabeça segurando uma nota de 100 dólares em chamas entre seus dedos. Não parece ser algo racional, mas como você poderia afirmar isso com certeza sem previamente saber o que eu pretendo? Assim sendo, para fazer ciência econô-mica é preciso formar conjecturas plausíveis baseadas na teoria, e depois testá-las fazendo previsões sobre o mundo real e vendo se elas são verdadeiras.

Há duas razões para fazer este teste. A primeira é que você pode estar er-rado, e a segunda é que ao ser obrigado a pensar como você poderá testar uma teoria, faz com que você pense mais clara-mente sobre esta teoria.

Certa vez escrevi um arti-go sobre a teoria econô-mica do tamanho e forma das nações, com uma abordagem tendendo ao public choice. Tentei ex-plicar, de forma geral, os contornos da Europa da queda do Império Roma-no até os dias atuais. Por-que o Império Romano se desintegrou após a queda? Porque deu lugar a um mundo feudal de pequenos es-tados como baronatos e reinos?

George Stiegler, grande amigo do meu pai e que eu conheço desde pequeno, rejeitou meu artigo em seu jornal, pois para ser publicado eu precisaria ter alguma forma de teste empírico. Acabei descobrin-do maneiras de testar minha teoria. E neste proces-so descobri que precisava pensar melhor no que eu havia dito e quando terminei eu tinha uma teoria melhor em mãos, que eu consegui publicar. Palavras não são precisas e uma das vantagens da represen-tação matemática é checar se você acertou.

Há uma carta de Alfred Marshall onde ele diz que você deve colocar o seu argumento em uma forma matemática precisa e depois traduz para o inglês. Se você não puder fazer isso, queime a matemática. Eu já li artigos matemáticos que se fossem traduzi-dos para o inglês, todos diriam que o autor é insano para propor tais argumentos, mas a insensatez fica camuflada por trás da forma matemática. Isso não é incomum.

Marshall comentou, por outro lado, sobre o perigo de se fazer ciência econômica através de exemplos. Selecionar modelos simples pode implicar em assu-mir certas premissas sem querer e que nem sempre se aplicam, prejudicando o caráter geral da conclu-são. Mas acrescentou: “A não ser que, como David Ri-cardo, sua intuição econômica seja tão boa que você possa ir de exemplo em exemplo sem chegar a con-clusões erradas”.

Vemos uma tendência de países em desenvolvimen-to de aumentar regulações, intervenções e políticas protecionistas. Você acha que a desregulamentação é mais adequada para países desenvolvidos?

DF: Acho que você está errado. A China é um quarto do mundo em desenvolvimento. E ela está longe do ideal de livre mercado, mas está dando grandes passos na direção contrária à sua premis-sa. Talvez a sua visão esteja viesada por viver no Brasil, um país que caminha na direção errada, mas em geral é diferente. A Índia, que represen-ta outro quarto do mundo subdesenvolvido, tam-bém está longe de ter a liberdade econômica que deveria ter, mas a crença no planejamento central está muito mais fraca do que era há 20 anos atrás. O atual presidente da India, pelo menos em sua retórica, defende desregulamentação e mercados mais livres.

21 | Abril 2015

Não sei se no momento o Chile está piorando ou melhorando, mas está melhor em termos de merca-do do que era há 30 ou 40 anos atrás. Cuba também está se tor-nando um pouco menos socialista. Só consigo lembrar de um lugar que está ficando cada dia pior: a Venezuela.

Desregulamentação é algo bom tanto para países ricos quanto para pobres, mas é especialmente im-portante para os países pobres, pois eles têm menos condições de se dar ao luxo de desperdiçar re-cursos nacionais em lobby e com-pra de políticos.

O termo rent-seeking foi cunha-do por Anne Krueger, no livro The Political Economy of the Rent-Se-eking Society, mas a ideia apare-ce antes em um trabalho de Gordon Tullock, que é me-lhor. Enquanto o exemplo de Krueger se aplica apenas ao governo, Tullock aplica a teo-ria de forma mais generalista. Uma das coisas que ele apon-ta é que a análise econômica tradicional subestima o custo em peso morto das tarifas. As empresas beneficiadas pelas tarifas investem no lobby político para consegui-las, e este montan-te deve ser adicionado ao peso morto.

Subestima-se também o custo em peso morto dos monopólios. Não é apenas a ineficiência de haver um monopólio. Mas se você an-tecipa uma situação onde uma in-terferência particular potencializa um monopólio, dá retorno gastar dinheiro para se estabelecer como o monopolista daquele nicho. No caso de um ladrão que te rouba 100 reais, ele está 100 reais melhor e você está 100 reais pior; mas o fato é que se a atividade de ladrão der dinheiro, pessoas desistirão de empregos produtivos para se dedicar aos furtos, e a sociedade perde essa produção.

O exemplo de Krueger se referia a controle de câmbio. Imagine que na Índia há uma taxa de câmbio oficial de 10 rúpias para 1 dólar,

mas ninguém está disposto a te dar 1 dólar por 10 rúpias. A taxa de mercado é de 20 rúpias por dólar.

Como conseguir dólares legal-mente na Índia? Vá até o gover-no e diga: “tenho um projeto que beneficiará a nação indiana. Eu pretendo importar material para construir uma montadora de auto-móveis, ajudando a industrializar a Índia. Se você persuadir o governo que você fará isso, ele lhe pedirá 10 milhões de rúpias e lhe dará 1 milhão de dólares em troca. Você acabou de ter 10 milhões de rúpias de lucro, dada a taxa de mercado. Quem conseguir uma autorização para negociar à taxa de câmbio oficial ficará rico. Logo, as pessoas gastarão dinheiro para conseguir essas licenças, seja subornando

autoridades governamentais, seja se engajando em campanhas de relações públicas, etc.

Anne Krueger conclui que, em di-reção ao equilíbrio, um agente ten-deria a gastar praticamente aquilo que ele recebe de benefício pela licença, algo próximo de 9.999.999 rúpias no nosso exemplo. No final das contas, a sociedade indiana estaria pior na quantidade da di-ferença total entre o valor da mo-eda no câmbio oficial e seu valor no mercado. No caso da Índia, esta simples regulação possui um custo equivalente a algo entre 5% e 10% do PIB, tornando o país entre 5% e 10% mais pobre.

Inglaterra e EUA eram, no Século XIX, países em desenvolvimento segundo padrões atuais. Por pos-suírem uma economia laissez-faire, ambos se saíram muito bem. Hong Kong, em termos de recursos, era o lugar mais pobre do mundo.

Há cerca de 40 anos atrás, quando as pessoas estavam preocupadas com questões populacionais, eu procurei saber quais eram as den-sidades populacionais dos países do mundo. Os 5 países mais den-samente povoados à época eram Bélgica, Holanda, Coréia do Sul, Taiwan e Singapura. Ou seja, 2 paí-ses europeus ricos, e 3 países asiá-ticos que estavam se desenvolven-do rapidamente. Singapura tinha 10 vezes a densidade demográ-fica do próximo país no ranking, e Hong Kong, que não é um país, tinha 10 vezes a densidade demo-gráfica de Singapura.

Nos 20 anos seguintes, a renda per capita de Hong Kong ultrapassou a da Inglaterra. Partindo de uma terra sem recursos, exceto por um bom

porto, este foi o resultado de um sistema relativamente li-vre com muitas pessoas dis-postas a trabalhar duro.

Recentemente, assisti a uma palestra sobre educação na Índia. O sistema oficial de ensino público, que todos podem frequentar, não pos-sui cadeiras e os professores faltam a cada 3 dias. A qua-

lidade é péssima. As escolas pri-vadas oficiais precisam ser caras, pois a legislação indiana as obriga a pagar os mesmos salários prati-cados no sistema público, que são altos para os padrões do país. E há muitas outras restrições e exigên-cias governamentais, tornando es-sas escolas privadas um privilégio para pessoas relativamente ricas.

Entretanto, há um grande número de escolas privadas ilegais, que co-bram entre 1 e 10 dólares por mês dos frequentadores, e que não se-guem todas essas regras. Por causa disso as pessoas pobres podem re-ceber educação. Mais um exemplo de como o governo não só desper-diça dinheiro como também torna a vida das pessoas mais difícil ao proibir escolas baratas.

Confira a entrevista na íntegra no blog do Consilium, através do link abaixo:

http://www.blog.consiliuminsper.com/

O mercado é uma forma melhor de coordenar

seres humanos do que o controle central.

22 | Abril 2016

Insper Acontece

O Insper realizou, entre os dias 29 de feverei-ro e 4 de março, a Semana da União Euro-peia na faculdade. O evento contou com a participação de diversos Cônsules e repre-

sentantes consulares de diversos países pertencentes ao grupo para debater assuntos que afligem o velho continente e o mundo todo.

Dentre os assuntos que se destacaram está a crise mi-gratória. Há tempos um fluxo muito grande de refu-giados busca nos países europeus a oportunidade de um recomeço longe das zonas de conflito em que vi-viam. Entretanto, a crise econômica e os últimos aten-tados, protagonizados pelo Estado Islâmico, fizeram com que alguns países tomasses atitudes mais con-servadoras em relação à entrada desses imigrantes através de suas fronteiras.

Charles Delagne, cônsul geral da Bélgica, apontou que a imigração é um fenômeno constante e que mes-mo depois de duas Guerras Mundiais, seu país man-teve as fronteiras abertas. Além disso, ressaltou que apesar de ter um custo elevado, o processo migrató-rio pode ser uma alternativa para o envelhecimento da população europeia. Os países mais incomodados com o elevado fluxo migratório são os que perten-cem à Península Balcânica, já que eles são a “porta de entrada” dos refugiados de Guerra para a Europa. O cônsul geral da Grécia, Konstantinos Konstantina, co-loca a falta de infraestrutura como um dos principais problemas enfrentados: “É muito difícil controlar as fronteiras marítimas. Algumas ilhas recebem mil pes-soas por dia, e possuem apenas um hospital e uma escola”. Entretanto, Konstantinos ressalta que o fecha-mento das fronteiras levaria a uma crise humanitária.

Além da crise migratória, di-versos outros tópicos foram abordados durante a semana da União Europeia como ino-vação e tecnologia, perspec-tivas econômicas, o futuro da zona do euro e as tendências da União Europeia. Ao final do evento, os alunos que partici-param dos encontros tiveram a oportunidade de tomar um brunch junto com os repre-sentantes dos países e conhe-cer quais são os incentivos para alunos brasileiros estu-darem no exterior. Mais uma vez, pudemos recepcionar um evento ímpar para a comuni-dade Insper, mostrando que o debate na faculdade vai além das fronteiras brasileiras e al-cança perspectivas globais.

SEMANA DA UNIÃO EUROPEIA

Por Vitor Cavalcante

23 | Abril 2015

Como um sonho de quem quer sair do casulo e se descobrir, o intercambio é, sem sombra de dúvidas, a melhor forma de - em todos os sentidos - embarcar nessa “viagem”! Muito

além de conhecer novas culturas, aprender a pensar em uma nova língua (e achar que está desaprenden-do sua própria língua mãe) e viver coisas que você ja-mais teria a oportunidade, o intercâmbio te faz sentir a sensação de deixar – es-pontaneamente - a sua zona de conforto e te aproxima do autoconhecimento. Se eu pudesse definir o meu período por aqui em duas palavras seria: “caloroso in-verno”, não só pelo fato de estar sendo literalmente especial e ameno - no que se refere às temperaturas negativas que vem fazendo nesse ano - mas principal-mente pela forma acolhedora pela qual fui recebida.

A cultura canadense é, de fato, receptiva! Apesar de não cumprimentarem com abraços e beijos –o que não parece, mas faz muita falta- é bastante energéti-ca! Além disso, a vida aqui é extremamente indepen-dente, o que de fato é engrandecedor, se pensarmos na importância que existe em valorizarmos a nossa própria companhia. Morar em uma cidade pequena como Kingston ao invés da grande São Paulo, estar no dormitório da minha faculdade ao invés da casa dos meus pais, estudar em um Campus universitário enorme no lugar da rua Quatá n° 300, tudo isso tem me feito abrir os horizontes.

Estou aprendendo a amar as pequenas atrações, valo-rizar eventos pontuais, enxergar o valor das “pequenas grandes” coisas. Percebi que uma cidade pode sim se

adaptar a uma mudança de 80 °C e continuar igualmente rica em hobbies e diversão, inde-pendentemente da estação do

ano. Aprendi a desbravar aventuras na neve! Estou aprendendo a quebrar estereótipos, a entender vi-sões opostas e, mais do que isso, valorizar outras cul-turas, bagagens e respeitar o espaço do outro duran-te o convívio. Notei que morar “sozinha” nem sempre significa estar sozinha. Quando me imaginaria viven-

do em meio a 23 naciona-lidades distintas em um só andar? Estou aprendendo a amar a liberdade da es-colha, do planejamento... A valorizar a minha casa e o esforço dos meus pais em mantê-la em ordem! Como? Estou vivendo em um Cam-pus cheio de vida! Aqui, três cores praticamente geram a cidade de Kingston e são muitas as oportunidades oferecidas para os alunos da Queen’s! Estudantes não

pagam transporte público, não pagam a mega acade-mia de sete andares para fazerem seus treinos - sim, eu disse sete - independentemente do curso que fa-zem, vivenciam a experiência de se tornar apto a fazer palestras em diversos eventos, de quaisquer que se-jam as áreas e interesses.

Para os que curtem “party hard”, a faculdade também não deixa a desejar: um pub de segunda a sexta-fei-ra durante o dia todo e uma balada exclusiva para os estudantes, tornando impossível não se sentir em “casa”! Melhor que isso? Tenho a certeza que vou vol-tar valorizando ainda mais o Insper! Não só pela infra-estrutura, que não tem igual, mas principalmente pela bagagem de conhecimento que vem me permitindo ter! Hoje, eu tenho mais do que certeza de que fiz a escolha certa sobre o lugar que conduziria minha gra-duação!

Se você, leitor, estiver passando pela dúvida de fazer intercâmbio, eu tenho a resposta: vai e vai com tudo, sem olhar para trás! O Insper é uma das únicas fa-culdades que oferecem tantas opções bilaterais, e o melhor, com a possibilidade de graduação com a sua turma original! Aos que já viveram essa experiência: inspire alguém com suas vivências e encoraje-o a bus-car por essa oportunidade, que é sem igual!

SAINDO DO NINHOPaula Tibau, estudante do 5º semestre de Economia.Intercâmbio de 6 meses na Queen’s University, em Kingston, Canadá

International

24 | Abril 2016

Maker: Além de um movimento

Engenharia

Você já ouviu falar da Bar-sa, ou da Mirador? Britan-nica? Delta-Larousse? An-tes dos que não ouviram

recorrerem ao Google, adianto: todas são enciclopédias. Apesar de não serem muito conhecidas hoje em dia, elas já tiveram seu tempo de ouro. Pergunte a seus pais. Até o final da década de 1990, a grande maioria dos tra-balhos acadêmicos era feita com base nessas coleções e outros livros, gentilmente indicados por bibliotecários de acordo com os tópicos de estudo. Pois é, os bib-liotecários eram basicamente o buscador do Google (aquele que você ia usar para achar o significado dos nomes listados) de tempos mais simples. Ironicamente, o principal motivo de mui-tos jovens desconhecerem fontes de conhecimento tão grande como enciclopédias é justamente o fato de existir uma fonte infinitamente maior: a Internet.

Embora todas as enciclopédias estejam na rede, di-ficilmente consultamos alguma se desejamos ter um conhecimento mais aprofundado do tema que procuramos. Isso ocorre pelo simples fato de termos uma gama mais densa e extensa de opções que, ag-ora, rompem a barreira do simples relato de fatos e permeiam todos os âmbitos de produção de conhe-cimento, oferecendo análises, debates, técnicas das mais variadas, acontecimentos de alguns minutos ou de séculos atrás, produções artísticas de todas as épo-cas, dicionários e tradutores de todas as línguas, e por aí vai. O mais interessante disso tudo é que ganham-os mais do que o acesso a todo esse vasto conteúdo. Agora podemos protagonizar a manutenção e criação desse conhecimento.

Quantas vezes uma vídeo-aula do YouTube não salvou sua pele na véspera de uma prova? Ou então na hora

de fazer uma maquiagem, o nó da gravata, uma receita, consertar alguma coisa? Estamos ficando cada vez mais independentes para resolver os mais diversos prob-lemas do nosso dia a dia. Mesmo sem percebermos, a cultura do DIY (Do It Yourself) começa a criar raízes no nosso estilo de vida. Hoje podemos fazer tudo o que quisermos. Pelo menos é isso que o movimento Maker acredita.

O amplo e rápido acesso a conteúdos formais e informais, aliado com uma redução do preço de tecnologias e independência das formas mais tradicionais de investimento, faz com que a criação de novos produtos não se restrinja às indústrias e corporações. A possibilidade de criação, prototi-pagem, produção, venda e distribuição pode ser feita no conforto do seu lar ou em algum dos 16 makerspaces espalhados Brasil afora, equipados, principalmente, com impressoras 3D, equipamen-tos para confecção de circuitos eletrônicos, fer-ramentas para trabalho com metal e madeira e máquinas CNC. Esses espaços são destinados à criação e produção dinâmica, estimulando cada vez mais o “arregaçar as mangas e botar a mão na massa”, sem enrolação.

Por Raphael Bomeisel - 3º semestre, Engenharia Mecatrônica

25 | Abril 2015

Se é difícil de imaginar, aperte o “4” no elevador e visite o FabLab, um genuíno makerspace. Esse conceito de laboratório foi criado por Neil Gershenfeld, um profes-sor do MIT, e já está presente em 85 países com mais de 625 unidades espalha-das. É um makerspace es-pecial, pois engloba uma lista de requisitos1. Além dos itens que foram lista-dos, o FabLab tem que ter cortadoras a laser, fresado-ras, microprocessadores e muita gente boa que fi-cará feliz em te ajudar.

Aliás, essa é uma das prin-cipais características do movimento: é crucial, ou melhor, é natural que exista uma cooperação entre os makers pelo planeta. Um exemplo disso é o OpenDay, outro requisito de um FabLab, um dia em que as por-tas têm que ficar abertas para que qualquer pessoa – qualquer pessoa mesmo – possa usar suas instalações.

Dividindo informações, dicas, projetos, dúvidas e res-postas, os integrantes do movimento seguem à risca os preceitos da filosofia do OpenSource. Essa filosofia idealiza a produção de conhecimento como algo co-operativo e que concerne a todos que queiram partici-par de seu desenvolvimento. Frequentemente, makers fazem upload de seus produtos para que outros pos-sam usá-los para complementar seus próprios projetos e potencializar as taxas de criação. Daquele produto, muitos outros podem surgir, inclusive algum que ajude o maker que fez o upload em algo que ele esteja tra-balhando.

A ideia de utilizar uma coisa começada faz muito sen-tido dentro dessa linha de raciocínio. Economiza-se

tempo de trabalho e criatividade, para que possam ser usados nas outras etapas do processo criativo. Dessa maneira, esses recursos são otimizados de uma forma sem precedentes e seus frutos vêm em maior quanti-

dade. Quem diria que o copy-cola revolucionaria alguma coisa?!

Apesar do movimento receber por muitos a al-cunha de “nova revolução industrial”, não podemos enxergar esse movimen-to apenas como um jeito novo de se produzir, mas sim de se pensar. Temos a oportunidade de tra-balhar em escala mundial,

de forma simultânea e sinérgica. E não somente para o desenvolvimento de tecnologias; qualquer tipo de produção de conhecimento é bem-vinda. O mundo precisa disso.

Fazemos parte de uma geração privilegiada, que viveu o início da quebra do paradigma de acesso, criação e distribuição de informação pelo mundo. O movimento Maker, ainda que presente nos quatro cantos da Ter-ra, ainda é recente e há muito, mas muito mais coisa por vir. Como estudantes de uma faculdade de ponta e responsáveis pelos rumos que tomaremos como so-ciedade no futuro, devemos ficar atentos às inúmeras oportunidades que esse movimento pode oferecer, bem como nos inspirar em sua filosofia para aprimorar nossos métodos de criação e repensar os paradigmas que já não condizem mais com nossas necessidades e prospectos futuros. Resta-nos agora aproveitar ao máximo essas novas ferramentas e agradecer todos os dias de não termos de redigir trabalhos com base em enciclopédias.

Você acredita que o Open Source é uma filosofia de desenvolvimento empreendedora?

Luis: Sim. Você pode desenvolver produtos muito mais rapidamente e trazê-los para o mercado. A gente tem que entender que muitas pessoas não sabem fazer o produto e, portanto, acabam comprando. Não é só porque é viável que todo mundo irá fazê-lo por si só. Também é possível investir em serviços em vez de produtos, que podem ajudar a desenvolver, mas com o serviço agregado, possibilitando maior lucro.

O que diferencia um Maker de um desenvolvedor autônomo, que trabalha por si só ou um grupo de pessoas fechado?

Luis: Um desenvolvedor, designer autônomo, não tem uma visão geral do processo de fabricação de um produto. Um Maker tem uma visão mais holística. Ele entende como é a fabricação e já desenvolve seus projetos antecipando essas etapas. Isso faz muita diferença na hora de criar um produto que realmente dê certo e vá para frente.

Então a produtividade aumenta se você estiver inserido no movimento Maker?

Luis: Não sei se a produtividade é o ponto. Na verdade, você economiza muito mais tempo na hora de lançar o seu produto pronto. A fase de desenvolvimento e criação é muito mais rápida justamente pela troca rápida e eficiente de informação que o movimento proporciona.

1 http://www.fabfoundation.org/fab-labs/fab-lab-criteria/

Entrevista com Luis Henrique Fonseca Bueno: maker, designer e guru do FabLab Insper

26 | Abril 2016

Quem Faz

Quem FazBibliotecas nem sempre são vistas como um

lugar amigável, mas isso não é verdade para quem conhece Daniel. Humildemente intitu-la-se assistente bibliotecário, o cara que fica

atrás dos balcões. Como ele mesmo diz, é preciso olhar para o outro lado da mo-eda. Afinal, quem diria que este mesmo Daniel participa de um projeto de dança para jovens todo final de semana, ou que passou dias nos EUA conhecen-do Washington DC? Pois este é Daniel de Lima Freitas, univer-sitário, trabalhador e fã de hip hop.

Insper Post: O que você faz além de trabalhar no Insper?

Daniel Freitas: Estou no 3º semes-tre de relações públicas. Estudo lá de manhã e trabalho aqui no perí-odo da tarde e da noite. Fora a fa-culdade, sou voluntário no projeto “Bons Jovens”, tenho um grupo de dança e um projeto de fotografia. No final de semana não tenho vida social. É puxado, mas por mais que esgote o corpo, eu não o largo.

IP: Projeto de fotografia? Que tipo de dança você pratica no “Bons Jovens”?

DF: Havia muitos eventos que precisavam ser divulga-dos e fotografados no projeto de dança, então decidi ajudar com a minha câmera. Sobre a dança, eu pratico hip hop. O “Bons Jovens” visa passar mensagens para os jovens por meio da dança. Dançamos muito em orfanatos. O nosso objetivo é mudar a cabeça des-sas pessoas, mostrar para elas que não precisam ficar onde estão para aproveitar a juventude.

IP: Você gosta do seu trabalho?

DF: Eu trabalho no Insper há dois anos e sete me-ses. A rotina daqui é bem puxada, mas é um am-biente legal de trabalhar. A gente sempre encontra pessoas novas, o tempo todo interagindo com os alunos. Por isso faço relações públicas. Eu gosto de lidar com gente. Estou num ambiente que me favorece.

IP: Como você chegou no Insper?

DF: Eu cheguei no Insper numa fase difícil, num mo-mento em que precisava decidir muita coisa. Faltava um ano para terminar a faculdade de comércio exte-

rior, mas percebi que não era o que eu queria. As pessoas fala-vam que eu não deveria desistir, mas saí. Deixei o estágio, a fa-culdade e voltei para o cursinho. Comecei tudo do zero. Vi a opor-tunidade no Insper no primeiro mês de cursinho. Eu não estava na faculdade e não havia merca-do de trabalho para mim, então decidi ir atrás dessa oportunida-de. O que me salvou foi o inglês, porque estavam precisando de alguém que falasse inglês à noi-te. Foram quatro fases: uma reda-ção em inglês e três entrevistas. Depois fiquei seis meses no cursi-nho, consegui passar na faculda-de e entrei em relações públicas.

IP: Quais são os seus planos para depois do Insper?

DF: Meus planos não são necessariamente entrar na área de relações públicas, mas atuar com o que aprendi sobre relações públicas. Também preten-do voltar para o inglês e vou fazer outro intercâm-bio. Já participei do programa Jovens Embaixado-res do consulado americano e fiquei um mês nos EUA, primeiro em Washington D.C. e depois em Charlotte.

IP: O que você diria às pessoas do Insper?

DF: Acho que as pessoas devem desenvolver o hábi-to de ver o outro lado da moeda. Eu não sou apenas um rapaz que fica aqui no balcão emprestando livro. Tem muita coisa por trás disso. Quando você vê um biliotecário, você acha que ele lê o tempo todo. Mas se tem uma coisa que a gente não consegue fazer é ficar lendo, porque a bilioteca do Insper é muito di-ferenciada. Nós precisamos sempre pensar de modo crítico para melhorar o que já temos, sem fazer o tra-balho de modo robótico. Além disso, qualquer coisa, falem comigo, estou sempre à disposição!

Por Deborah Kang

Daniel de Lima Freitas, assistente bibliotecário do Insper

27 | Abril 2015

InsperQuão bem você conhece sua faculdade?

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ACROSS 1 Professora musa do Insper 7 Processo aberto contra Dilma 9 Ex-Novo Ministro da Casa Civil 11 Tá tranquilo, tá... 12 Professor gourmet 13 Matéria mais suave do Insper 15 Estação de metrô e professor do Insper 16 Sinônimo de aluno da GV 18 Recanto dos CRs 19 Festa em homenagem a um professor 20 Autor do melhor livro didático usado no Insper

Cruzadinha

Horizontal7. Processo aberto contra Dilma9. Ex-Novo Ministro da Casa Civil11. Tá tranquilo, tá...12. Professor gourmet13. Matéria mais suave do Insper15. Estação de metrô e professor do Insper16. Sinônimo de aluno da GV18. Recanto dos CRs19. Festa em homenagem a um professor20. Autor do melhor livro didático usado no Insper21. Cachorro da Camila Boscov

Vertical2. Um dos modelos para precifi car opções3. Local de reclamação de notas de provas4. Nova entidade do Insper5. Melhor revista6. Professor de barba e cabelos compridos8. Rua do Antigo Ibmec10. Milkshake mais gostoso11. Criador da regra da meleca14. Rua do BK17. Quero andar de...

Horizontal7. Impeachment9. Lula11. Favorável12. Sérgio Martins13. Econometria15. Sé16. Secretário18. Nerdbox19. Vicentina20. Mankiw21. Thor

Vertical2. Black Scholes3. Multi Insper4. Coletivo5. Insper Post6. Pelicano8. Maestro Cardim10. Kombosa11. Fábio Orfali14. Periquito17. Quero andar de...

Respostas:

28 | Abril 2016

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