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© Engenho e Média, Lda.
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DOSSIERPatrimónio em Betão
CONVERSASPamela Jerome
44
N ° 4 4 . j u l h o / a g o s t o 2 0 1 1 . 6 . 5 0
1
sumário
ficha técnicadiretor
Eduardo Jú[email protected]
diretora executivaCarla Santos Silva
conselho científicoAbel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),
Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC),
António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Diogo Mateus (UC),
Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL)Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC),
Fernando Sanchez Salvador (UTL),Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC),
Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC), Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP),
Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC), João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP),
Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC), Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL),
Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL), José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC),
Júlio Appleton (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Juvandes (UP),
Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC),
Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC),
Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC),
Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP),
Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)
redaçãoJoana Correia
marketing e publicidadeRita Ladeiro
comunicaçãoCeline Borges Passos
grafismo avawise
em colaboração com Engenho e Média, Lda.
assinaturasTel. 22 589 96 25
redação e ediçãoEngenho e Média, Lda.
Grupo Publindústria
propriedade e impressãoPublindústria, Lda.
Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTOTel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29
[email protected] | www.publindustria.pt
publicação periódicaRegisto n.o 123.765
tiragem6.500 exemplares
issn1645 – 1767
depósito legal164 778/01
capa Fotografia gentilmente cedida por Robert F. Armbruster
© The Armbruster Company
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.
2editorial
4_25dossier | “património em betão“
4_9conversasPamela Jerome
10_16Conservação do património de Betão – Casa de Adoração Bahá’í
17_23Betão armado – Nota histórica
24_28Monitorização inteligente do estado de conservação do Betão
30_33Ficar muito tempo a olhar para o ar – Notas sobre o património em Betão Armado na arquitetura portuguesa
34_39A monitorização das estruturas na conservação do património
40_41publi-reportagemBarragem do Baixo Sabor (Portugal) – uma instalação flexível de britagem e crivagem “Metso”, chave na mão, com 650 tph de produtos finais 0/150 mm
42_43betão estruturalA aplicação de materiais compósitos de FRP em estruturas de betão
44_45alvenaria e construções antigasAvaliação de fundações através do georadar
46_47sustentabilidadeHarmonização da avaliação da Construção Sustentável
48_49térmicaEdifícios sustentáveis e de energia quase zero
50_51i&d empresarial
52_57notícias
58_60mercado
62estante
63projeto pessoalJoão Catarino
64eventos
Próxima edição > Dossier Construção em Madeira
Desde o início de 2005, a Construção Magazine adoptou uma estratégia editorial de publi-cação de números temáticos, com vantagens óbvias para leitores e anunciantes. Depois de uma experiência isolada em 2007, a partir de meados de 2008 a revista passou a contar com a colaboração de um especialista de renome, na figura de “co-editor”, na estruturação do dossier temático. O presente número constitui uma excepção à regra e não uma alteração de paradigma. A razão prende-se com o facto de, em 2010, eu ter sido desafiado a organizar um workshop no âmbito do II International Meeting on World Heritage of Portuguese Origin, evento integrado no movimento de candidatura da Universidade de Coimbra a Património da Humanidade da UNESCO, tema abordado no dossier da Construção Magazine N.º 42. Considerei que este convite era uma boa oportunidade para chamar a atenção dos membros das comunidades civil e científica para a questão do ‘Património em Betão’, uma vez que, os primeiros, tendem a associar a construção em betão a progresso desregrado e, os segundos, tardam a reconhecer a sua existência. Fruto da excelência das comunicações apresenta-das, o workshop traduziu-se num enorme sucesso e, de forma a atingir um público muito mais vasto, decidimos dedicar um número da Construção Magazine a este tópico que tão carecido está de divulgação. Na verdade, o ‘Património em Betão’ nacional é extremamente rico, incluindo edifícios, pontes e barragens, com um potencial turístico ainda por explorar. Mas, precisamente por, salvo raras excepções, não estar classificado, corre um sério risco de degradação e desaparecimento.
Para além dos artigos da autoria de reputados especialistas, o dossier inclui como habitu-almente a entrevista a uma figura de relevo, no contexto do tema ‘Património em Betão’: Pamela Jerome, arquitecta com intervenções em construções como a Falling Water House, na Pensilvânia, ou o Museu Gugenheim, em Nova Iorque, ambos de Frank Lloyd Wright, um ícone da Arquitectura Modernista.
Eduardo Júlio
Director
estatuto editorialTítulo: Construção Magazine, Revista Técnico-Científica de Engenharia CivilCaracterização: Publicação periódica de informação científica e técnica.Objecto: Ciências e tecnologias no âmbito da engenharia civil.Enquadramento Ético: A Construção Magazine respeita os princípios deontológicos da imprensa e a ética profissional, de modo a não poder prosseguir apenas fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores, encobrindo ou deturpando a informação.Objectivo: Ser uma revista de interface: propõe-se promover as relações universidade-indústria-sociedade, estabelecendo pontes de comunicação capazes de promover o diálogo e fomentar a cooperação entre as instituições.Estratégias: Divulgação de tecnologias, investigação, produtos, serviços e ainda difundir actividades rele-vantes junto da comunidade empresarial, profissional e académica.
Corpo editorial:Director: Professor UniversitárioDirector Executivo: Oriundo do corpo de colaboradores da Engenho e Média, Lda.Colaboradores: Engenheiros e técnicos que exerçam a sua actividade no âmbito do objecto editorial da revista, nos meios universitário e industrial.Conteúdo Editorial: Estruturas, Construções, Hidráulica, Geotecnia, Vias de Comunicação, Urbanismo, Ambiente e Arquitectura.
seleCção de Conteúdos:1. A selecção de conteúdos científicos será da exclusiva responsabilidade do Director e do Conselho Científico;2. O noticiário técnico/ informativo será proposto pelo Director Executivo ao Director;3. A revista poderá publicar peças noticiosas com carác-ter publicitário, nas seguintes condições:3.1. Sob o título de Publi-reportagem;3.2 No formato de notícia com a aposição no texto do termo (publicidade).Organização Editorial: Sem prejuízo de novas áreas temáticas que venham a ser consideradas, a estrutura e base da organização editorial da Revista compreende: Sumário; Editorial; Secção Científica; Secção Tecno-lógica; Feiras, Exposições, Congressos e Seminários; Bibliografia; Noticiário; Entrevista; Publi-reportagem; Publicidade.
espaço publiCitário: 1. A publicidade organiza-se por espaços de página e fracções, encartes e publi-reportagem;2. A tabela de publicidade é válida para todo o território nacional;3. A percentagem de espaço publicitário não pode ultra-passar 1/3 da paginação;4. A Direcção da Construção Magazine poderá recusar publicidade que não se coadune com o objecto editorial e os princípios deontológicos da revista.5. Não será aceite publicidade que não esteja em confor-midade com a lei geral do exercício da actividade.
2_cm
4_9conversas
Construção Magazine (CM) – Na conferência que
proferiu na Universidade de Coimbra em 19 de
fevereiro de 2010, “The use of protective shelters
at archaeological sites”, afirmou que intervir em
edifícios entre a Idade do Bronze e o Moderno era
fácil, quando comparados com os problemas de
conservação nos dois extremos – a idade do Bron-
ze e o Moderno. Gostaríamos que desenvolvesse
conceptualmente esta ideia.
Pamela Jerome (JM) – Os edifícios tradicionais
que podem ser recuperados ou reutilizados não
são tão problemáticos, porque se pode reparar ou
substituir o telhado e outros elementos que neces-
sitem de conservação. Por outras palavras, pode
definir-se como função da envolvente de um edifí-
cio protegê-lo da água e neve. O que nem sempre
acontece com o património arqueológico, sendo os
edifícios Modernistas problemáticos pela mesma
Entrevista conduzida por
Maria Fernandes e Victor Mestre
Tradução por Rita LadeiroFotografias gentilmente cedidas por Pamela Jerome
arqu
itet
a pa
mela
jero
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Conservação e reabilitação são as áreas de excelência de Pamela Jerome, prova disso são os inúmeros projetos de conservação em que já colaborou um pouco por tudo o mundo. Licenciada em Arquitetura e mestre em Historic Preservation, Pamela foi responsável por trabalhos em edifícios e monumentos projetados por grandes nomes da arquitetura mundial, tais como, Frank Lloyd Wright, I.M. Pei ou Mies Van der Rohe. Apesar do trabalho no terreno que lhe ocupa grande parte do tempo, Pamela Jerome não deixa de contribuir para a literatura e conhecimento científico, sendo autora de várias publicações na sua área de estudos. Neste momento, é também vice-presidente do ICOMOS-ISCEAH e expert member do ICOMOS--ISC20C, além de outros cargos de destaque que ocupa.
Conservation and rehabilitation are the area of excellence of Pamela Jerome, proven by the intervention in many conservation projects all over the world. With a degree in Architecture and Master at Historic Preservation, Pamela was responsible for works on buildings and monuments designed by important names of world architecture such as Frank Lloyd Wright, I.M. Pei and Mies van der Rohe. Although the field work, that occupies most of her time, Pamela Jerome also contributes to literature and scientific knowledge, being author of several publications in her working field. At this point, Pamela is also vice president of ICOMOS-ISCEAH and expert member of ICOMOS - ISC20C, along with other important positions.
Construção Magazine (CM) –At the conference
on “The use of protective shelters at archaeo-
logical sites” that took place at the University
de Coimbra on February 19 of 2010, you stated
that interventions in buildings between the
Bronze Age and the Modern Age are easy when
compared with the conservation problems
that arise at both ends – the Bronze Age and
the Modern Age. We would like you to concep-
cm_5
razão - a envolvente do edifício geralmente tem
falhas que advêm de opções de projeto e de
seleção de materiais de construção.
Qualquer sítio arqueológico com escavação,
não apenas da idade do Bronze, é difícil de
conservar. Há várias razões para que isto
aconteça. Em primeiro lugar, o facto é que se
está a lidar com arquitetura incompleta em
estado ruinoso, que perdeu já os componen-
tes que lhe permitem escoar a água, como o
seu telhado. Assim, o que resta é a pegada do
edifício, e se esta for deixada exposta, cada
divisão tem de possuir uma forma de escoar
a água, caso contrário, transforma-se numa
piscina no inverno, algo para o qual nunca foi
projetada. Adicionalmente, locais enterrados
alcançam um equilíbrio em que a tempera-
tura e a humidade relativa são estáveis e há
escassez de acesso a oxigénio e a luz. Quando
um local é escavado, passa por um tipo de cho-
que climático devido à exposição a humidade
relativa e temperatura instáveis, e ao acesso
a oxigénio e a luz. Ocorre rápida desidratação
e formação de sais das águas subterrâneas
que inundaram a estrutura durante o seu
estado de enterramento, e que cristalizam na
ou abaixo da superfície, causando mais danos
aos materiais frágeis.
Com a arquitetura Modernista, estamos a
lidar com novos materiais e projetos que eram
muito experimentais no seu tempo. Portanto,
esses edifícios frequentemente sofrem falhas
tecnológicas.
tually expand this idea.
Pamela Jerome (JM) – Traditional buildings
that can be restored or reused are not as
problematic because you can repair or repla-
ce the roof and other elements that require
conservation. In other words, you can make
the building’s envelope function to shed water
and snow. This is not always the case with
archaeological sites, and Modernist buildings
are problematic for the same reason – their
building envelope generally is flawed because
of design choices and construction material
selection.
Any excavated archaeological site, not just
Bronze Age, is difficult to conserve. There are
several reasons for this. Primarily, the fact is
that you are dealing with incomplete archi-
tecture in a ruinous state that has lost the
components that allowed it to shed water, like
its roof. So what you have left is the building’s
footprint, and if left exposed, each room has to
have a way to evacuate water or it becomes a
swimming pool in the winter, something it was
never designed to do. In addition, buried sites
reach an equilibrium wherein the temperature
and relative humidity are stable, and there is a
lack of access to oxygen and light. Once a site
is excavated, it goes through a type of climatic
shock because of exposure to unstable relative
humidity and temperature, and access to oxy-
gen and light. Rapid dehydration occurs and
salts from ground water, which has inundated
the structure during its burial state, crystallize
on or below the surface causing further dama-
ge to fragile materials.
With Modernist architecture, we are dealing
with new materials and designs that were
very much experimental in nature in their time.
Therefore, these buildings often experience
technological failure.
CM – Still in line with the previous question,
and regarding both interventions on Frank
Lloyd Wright’s works in which you were in-
volved, Fallingwater in Pennsylvania (1936)
and the Solomon R. Guggenheim Museum in
New York (1959), please let us know the major
difficulties you had to face.
PJ – With Fallingwater, Frank Lloyd Wright’s
choice of materials, reinforced concrete, stone,
and single-glazed steel casement windows and
doors, exemplifies his aesthetic of organic ar-
chitecture, yet the building is highly Modernist
too. He chose to have these materials interpe-
netrate each other in a nonconventional way,
and because he did not like the look of metal
flashing, the traditional method of ensuring
that moisture from the exterior of a wall does
not find its way into the interior, there was no
through-wall flashing installed. This combined
with poorly detailed flat roofs and terraces
meant that the building experienced 60 chro-
nic leaks from its inception. So, much of what
my firm, WASA/Studio A, did was to intervene
with discreet details and built-in redundancy
that improved the performance of the building
(and cured the leaks). There was also the issue
06_cm
conversas
“o edifício mais sustentável é aquele que já está construído, pelo que tanto do
ponto de vista económico, como ecológico, faz todo o sentido reciclar edifícios.“
CM – Ainda na linha da questão anterior, e relativamente às
duas intervenções em que esteve envolvida de obras do
arquiteto Frank Lloyd Wright, a Fallingwater na Pensilvâ-
nia (1936) e o Solomon R. Guggenheim Museum em Nova
Iorque (1959), refira por favor as principais dificuldades
que encontrou.
PJ – Com a Fallingwater, a escolha de materiais de Frank
Lloyd Wright, betão armado, pedra, e aço para a caixilharia
de janelas e portas, exemplifica a sua estética de arqui-
tetura orgânica, embora o edifício seja muito Modernista
também. Frank Lloyd Wright optou por estes materiais
que se combinam entre si de uma forma não conven-
cional, e como ele não gostava do aspeto das caleiras
metálicas, o método tradicional de garantir que a humi-
dade não penetrasse no interior, não foram instalados
tubos de queda no interior das paredes. Isto combinado
com coberturas em terraço insuficientemente por-
menorizadas, fez com que a construção sofresse 60
infiltrações crónicas desde a sua conceção. Assim,
muito do que a minha empresa, WASA/Studio A, fez
foi intervir com detalhes discretos e redundâncias
incorporadas que melhoraram o desempenho do
edifício (e sanaram as infiltrações). Houve também
a questão das vigas em consola danificadas, mas
a solução adotada, pós-tensão, foi projetada pela
Robert Silman Associates. No entanto, foi necessá-
rio que o espaço principal da casa, a sala de estar,
fosse desmontado e remontado, incluindo todo
o mobiliário embutido, assim como o pavimento
empedrado. Assim, para cada piso e terraço em-
pedrados foram retirados e nós fornecemos um
guia, com desenhos pedra a pedra, para orientar
a reconstrução. Também restaurámos o betão, a
alvenaria de pedra, e as janelas e portas de aço.
Relativamente ao Guggenheim, a maioria das
pessoas pensa erradamente que o edifício é
todo em betão moldado no local. Na verdade,
as paredes da zona circular são realmente
12,5 centímetros de betão projetado, que foi
aplicado do interior para o exterior contra
uma densa rede constituída por duas malhas
metálicas soldadas, duas camadas de varões
horizontais e verticais, e perfis metálicos
em T verticais espaçados a cada dez graus
à volta da circunferência, com cofragens de
contraplacado no exterior. Estas deram às
paredes arredondadas as suas caracterís-
ticas marcas de cofragem diagonais, que
aparecem através da pintura quando nela
incide luz solar. Frank Lloyd Wright utilizou
6_cm
conversas
“the most sustainable building is one that is already built, so from an economic point
of view, as well as an ecological one, it makes sense to recycle buildings.“
cm_7
novamente janelas com caixilharias de aço
simples nas paredes, bem como claraboias
de vidro simples. Devido à f ina espessura
das paredes e às suas componentes de vidro
simples, o edifício, tal como foi projetado, ex-
perimentou graves problemas de condensação
(o museu mantém a humidade relativa interior
de 50%). Além disso, como Frank Lloyd Wright
não gostava do aspeto das juntas de dilatação,
não foi instalada nenhuma.
Ele tinha esperança que uma pintura expe-
rimental no edifício (uma forma primitiva de
revestimento elastomérico, inventado para
desinfestar os navios da Marinha na Segunda
Guerra Mundial, conhecido como “The Cocoon”)
seria fosse suficiente para evitar a fissuração
que ocorreria inevitavelmente como resulta-
do da sua escolha de projeto. Uma vez mais
foram feitas algumas intervenções discretas
para melhorar o desempenho da envolvente
exterior, incluindo a colocação de isolamento
(que na verdade ocorreu em 1992, mas com
lacunas que tivemos que reparar) e a inclina-
ção no topo da parede da zona circular. Foram
necessárias intervenções mais dramáticas
neste caso, porque tínhamos de respeitar o
uso continuo do edifício enquanto museu de
arte de classe mundial. Portanto, as janelas
foram reproduzidas em aço com vidros duplos
e as claraboias em alumínio com vidros duplos.
Estruturalmente houve apenas um problema
com as paredes da rampa do 6º piso o qual foi
resolvido pelo mesmo gabinete de engenharia,
Robert Silman Associates, através de um refor-
ço com mantas de fibra de carbono coladas no
interior da parede da zona circular.
CM – Na generalidade, os edifícios do Movi-
mento Moderno foram construídos na perspe-
tiva de durarem menos tempo e não de serem
eternos, como os edifícios históricos. Qual a
sua opinião em termos éticos de intervenção
e no que se refere à contradição que parece
existir ao perpetuarmos edifícios que supos-
tamente não eram para durar tanto tempo?
PJ – O nosso trabalho enquanto arquitetos
envolvidos na preservação consiste tanto
na identificação de edifícios com significado
cultural, como no seu restauro. Relativamente
aos edifícios Modernistas, há uma renovada
apreciação do seu projeto e estética, e um
of the failed cantilever beams, but the solution
here, post-tensioning, was designed by the
structural engineer, Robert Silman Associates.
However, it required that the premiere space
in the house, the living room, be disassembled
and reassembled, including all of the built in
furnishings, as well as the flagstone floor.
So for every flagstone terrace and floor that
was removed, we provided a stone-by-stone
drawing to guide reassembly. We also restored
the concrete, stonework, and steel windows
and doors.
With the Guggenheim, most people mistakenly
think the building is all cast-in-place concrete.
In reality, the walls of the rotunda are actu-
ally 12.5 cm of gunnite (shotcrete) that was
sprayed from the interior to the exterior onto a
dense array of two layers of welded-wire mesh,
two layers of horizontal and vertical reinforcing
bars, and vertical steel Tees spaced every ten
degrees around the circumference, backed by
plywood formwork. The latter gave the rounded
walls their characteristic diagonal formwork
marks, which show through the paint in raking
sunlight. Frank Lloyd Wright again used single-
glazed steel casement window walls, as well
as single-glazed skylights. Because of the
thin walls and single-glazed components,
the building as designed experienced severe
condensation issues (the museum keeps the
interior relative humidity at 50%). In addition,
because Frank Lloyd Wright did not like the
look of expansion joints, none were installed.
He hoped that the experimental high-build
paint (an early form of an elastomeric coating,
invented to mothball World War II navy vessels,
known as the Cocoon) would be adequate to
protect the cracks that would inevitably occur
as a result of this design choice. Again discrete
interventions were made to improve the per-
formance of the exterior envelope, including
installation of insulation (which actually
occurred in 1992, but with gaps that we had
to repair) and altering the pitch at the top of
the rotunda wall. More dramatic interventions
were required in this case, because we had
to recognize the building’s continued use as
world-class art museum. Therefore, the win-
dows were replicated as steel double-glazed,
and the skylights as double-glazed aluminum.
Structurally, there was only a problem with the
6th-floor ramp walls, and this was resolved by
the same engineer, Robert Silman Associates,
through the introduction of a basket-weave
of carbon fiber mesh applied to the interior of
the rotunda wall.
Generally speaking, buildings from the Modern
Movement were built knowing that, unlike
historic buildings, they would not last forever.
What is your opinion regarding both the ethics
of intervention and the contradiction that
seems to exist in perpetuating buildings that
were not designed for a long lifespan?
PJ – Our job as preservation architects is both
to identify buildings of cultural significance,
as well as to restore them. For Modernist
buildings, there is a renewed appreciation of
their design and aesthetic, and an acknowled-
gement that these are now historic. Therefore,
we have no choice except to figure out how to
preserve these as well, which, as I indicated
earlier, is extremely challenging.
CM – And, from an economic point of view, how
can we explain the cultural and technological
interest of heritage buildings from the second
half of the 20th century, once they have fulfil-
led their service life? Does their rehabilitation
for different new uses represent a violation of
their authenticity on a cultural plane or, on the
contrary, does this constitute the justification
from an economic and sociocultural point of
view for the new lifespan of these buildings?
PJ – Many Modernist buildings were built for a
specific use, and do not easily lend themselves
to adaptive reuse. However, occupied buildings
are better maintained than abandoned ones;
therefore, finding compatible new uses allows
buildings to survive. This can also be viewed
through the lens of progressive authenticity,
wherein buildings acquire layers of meaning
over time. The fact that the construction mate-
rials of Modernist buildings may have outlived
their service life is a difficult problem, but like
mortar that gets replaced when a building is
repointed, we can accept that some materials
will be replaced, as long as the image of the
building remains intact. The most sustainable
building is one that is already built, so from an
economic point of view, as well as an ecological
one, it makes sense to recycle buildings.
8_cm
conversas
reconhecimento de que estes têm agora um
valor histórico são agora históricos. Portanto, a
nossa única opção é estudar formas de preser-
var também este tipo de edifícios, o que, como
referi anteriormente, é um grande desafio.
CM – E, do ponto de vista económico, como
explicar o interesse cultural e tecnológico
dos edifícios da segunda metade do séc. XX
com valor patrimonial após terem cumprido
o ciclo de uso para que foram projetados? A
sua reconfiguração para novos usos será uma
transgressão no plano cultural à autenticida-
de ou antes será a sua revalidação, económica
e sociocultural, de um novo tempo de vida para
estes edifícios?
PJ – Muitos edifícios Modernistas foram
construídos para um uso específico, e não se
prestam facilmente a uma adaptação para
outro tipo de utilização. No entanto, os edifícios
ocupados têm uma manutenção melhor do que
os que se encontram abandonados; portanto,
encontrar novos usos que sejam compatíveis
contribui para a sobrevivência de edifícios. Isto
também pode ser encarado numa perspetiva
de autenticidade progressiva, segundo a qual
os edifícios adquirem camadas de significado
ao longo do tempo. O facto dos materiais de
construção de edifícios Modernistas poderem
ter ultrapassado a sua vida útil é um proble-
ma difícil, mas tal como a argamassa que é
substituída quando um edifício é reparado,
podemos aceitar que alguns materiais sejam
substituídos, desde que a imagem do edifício
CM – Bearing in mind the specific nature of the
building materials of the Industrial Revolution,
particularly as structural elements, some of
which associated to its artistic and stylistic
identity, and extremely ephemeral, such as
steel decorative elements, how should we
frame the gaps if we mean to maintain the
authenticity of the restoration? Is the repla-
cement of copies of a missing element, built
from the original molds, a proper restoration
from an ethical point of view?
PJ – We need to accept the fact that all building
materials are ephemeral. Even stone can be
of poor quality and require replacement. The
question is really a matter of how much. When
replacement materials overwhelm the original,
we call it a reconstruction. In the Western
philosophy of restoration, reconstructions
are acceptable if they are done as a result of a
disastrous loss – fire, earthquake, flood, etc.
In some cultures, however, reconstructions
are an important part of reclaiming cultural
identity where it has been lost (for instance,
as a result of colonial oppression). Many
post-industrial revolution buildings were still
constructed with traditional materials, and
if maintained, are capable of very long-term
service life. The real problem is with Modernist
and contemporary buildings (which will even-
tually become historic as well). In the case of
the former, it is the experimental nature of the
construction materials used; for the latter, it
is the planned obsolescence that they were
permaneça intacta. O edifício mais sustentável
é aquele que já está construído, pelo que tanto
do ponto de vista económico, como ecológico,
faz todo o sentido reciclar edifícios.
CM – Tendo em consideração o tipo de ma-
teriais da Revolução Industrial, sobretudo
enquanto elementos estruturais, alguns deles
associados à própria identidade “estilística/
artística” extremamente perecíveis, como os
elementos decorativos em aço, como enqua-
drar as lacunas numa perspetiva da manuten-
ção da autenticidade dos restauros? A reposi-
ção de cópias de um determinado elemento em
falta a partir dos moldes originais, constituirá
um restauro no plano ético correto?
PJ – É preciso aceitar o facto de que todos os
materiais de construção são efémeros. Mesmo
a pedra, sendo de baixa qualidade, precisa de
ser substituída. A grande questão centra-se
realmente no “quanto”. Quando os materiais
de substituição se sobrepoem aos originais,
já falamos de reconstrução. Na filosofia/pers-
petiva ocidental de restauro, as reconstruções
são aceitáveis se forem feitas como resultado
de uma perda desastrosa - incêndio, terra-
moto, inundação, etc. Em algumas culturas,
no entanto, as reconstruções são uma forma
importante de resgatar a identidade cultural,
onde a mesma tenha sido perdida (por exem-
plo, como resultado da opressão colonial). Mui-
tos edifícios pós-revolução industrial foram
ainda construídos com materiais tradicionais
e, se devidamente mantidos, poderão ter uma
“the issue with the conservation of concrete is to provide a protective
coating. all historic concrete was coated, either
with paint or stucco.”
“o problema com a conservação do betão prende-se com a
necessidade de fornecer um revestimento protetor. todo o betão histórico foi revestido,
com tinta ou estuque. ”
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designed with from the start. In either case,
we have reached a point where demolition
and replacement within twenty years is no
longer a viable option for the limited resources
of our planet. Therefore, we are going to need
to make buildings with short-term service life
last longer through appropriate interventions.
CM – Finally, regarding the most used struc-
tural material in the second half of the 20th
century, reinforced concrete, can it, in your
opinion, be considered a historical material
today? In that case, what are the main specifi-
cities to take into account in concrete heritage
conservation?
PJ – Absolutely, reinforced concrete can be
considered historic depending on its age. In
New York City, we have early high-rise concrete
industrial buildings on the Brooklyn waterfront
in the Dumbo neighborhood. These are now
over 100 years old. They are beautiful struc-
tures and have been adaptively reused as re-
sidential lofts. With proper maintenance, they
can last for hundreds more years. The issue
with the conservation of concrete is to provi-
de a protective coating. All historic concrete
was coated, either with paint or stucco. The
aesthetic of exposed concrete did not become
popular until Brutalism. Our problem is that we
view concrete as if it were some kind of noble
material, which it is not. Uncoated concrete is
susceptible to moisture penetration, carbona-
tion, which leads to corrosion of the reinforcing
bars, and cracking and spalling of the concrete.
Once that happens, the repair is to remove the
damaged concrete, “chase” the rust on the
reinforcing bars, and patch with a cementitious
compound. Yet, even after repair, the concrete
will continue to carbonate, thereby losing the
alkaline environment that protects the steel
from corroding. Therefore, concrete should
always be coated, either with paint, water-
repellent stain, clear water repellent, or stucco,
depending on the original aesthetic.
vida útil muito longa. O verdadeiro problema
concentra-se nos edifícios Modernistas e
contemporâneos (que também acabarão por
se tornar históricos). No caso dos primeiros,
é a natureza experimental dos materiais de
construção utilizados; para os últimos, é a
obsolescência planeada para os quais estes
foram projetados desde o início. Em ambos
os casos, chegámos a um ponto em que a
demolição e substituição no prazo de 20 anos
já não é uma opção viável para os recursos li-
mitados do nosso planeta. Portanto, vamos ter
de prolongar a vida dos edifícios que têm uma
curta vida útil, tornando-os mais duráveis no
tempo, através de intervenções apropriadas.
CM – Por fim, em relação ao material estrutural
mais utilizado na segunda metade do Século
XX, o betão armado, na sua opinião este pode
hoje ser considerado um material histórico?
Em caso afirmativo, quais as principais espe-
cificidades a ter em conta na conservação do
património em betão?
PJ – Absolutamente, o betão armado pode ser
considerado histórico, dependendo da sua
idade. Em Nova York, temos edifícios indus-
triais de betão de grandes dimensões, que são
precursores, na frente ribeirinha de Brooklyn,
no bairro Dumbo. Têm agora mais de 100 anos.
São belas estruturas e foram reutilizadas
adaptando-as a lofts residenciais. Com a ma-
nutenção adequada, podem durar mais umas
centenas de anos. O problema com a conser-
vação do betão prende-se com a necessidade
de fornecer um revestimento protetor. Todo o
betão histórico foi revestido, com tinta ou estu-
que. A estética do betão aparente só se tornou
popular após o Brutalismo. O problema é que
nós vemos o betão como sendo uma espécie de
material nobre, e não é. O betão não revestido
é suscetível à penetração de humidade, assim
como à carbonatação, o que leva à corrosão
das armaduras, fissuração e destacamento
do betão. Quando isso acontece, a reparação
consiste na remoção do betão danificado, lim-
peza da corrosão das armaduras e aplicação
de uma argamassa cimentícia de reparação.
No entanto, mesmo após a reparação, o betão
vai continuar a sofrer carbonatação, perdendo
assim o ambiente alcalino que protege o aço
da corrosão. Portanto, o betão deve sempre
ser revestido, seja com tinta, com um compo-
nente hidrófugo, com um repelente hidráulico,
ou estuque, em conformidade com a estética
original.
PerfilPamela Jerome, AIA, LEEDTM AP é uma arquiteta re-
gistada e uma conservadora arquitetónica. Pamela
possui um Arch B em Architectural Engineering - Na-
tional Technical University of Athens, Grécia (1979)
e é Mestre MSc em Preservation pela Columbia
University, New York USA (1991). Ela é atualmente
Sócia responsável pela Preservação no gabinete de
arquitetura e engenharia WASA/Studio A em New York,
sendo ainda Adjunct Associate Professor na Columbia
University’s Graduate School of Architecture, Plan-
ning and Preservation. Pamela Jerome é membro do
US/ICOMOS Comité Nacional do ICOMOS dos Estados
Unidos da América, do APT Association for Preser-
vation Technology International, vice presidente do
ICOMOS-ISCEAH International Scientific Committee on
Earthen Architectural Heritage e expert member do
ICOMOS-ISC20C, International Scientific Committee
on 20th Century Heritage. Ela é também membro do
Global Heritage Fund’s Senior Advisory Board. A sua
especialização é em conservação de alvenarias e im-
permeabilização, com especial ênfase no património
do século XX, arquitetura em terra e preservação de
sítios arqueológicos. Pamela tem sido consultada
sobre preservação do património cultural nos EUA,
Mediterrâneo, Mar Negro e Médio Oriente.
ProfilePamela Jerome, AIA, LEEDTM AP is a registered architect and
architectural conservator. She holds a B Arch in architec-
tural engineering from the National Technical University in
Athens, Greece (1979) and an M Sc in historic preservation
from Columbia University (1991). She is currently Partner
in charge of Preservation with WASA/Studio A, a New York
City-based architecture and engineering firm. She is also
an Adjunct Associate Professor at Columbia University’s
Graduate School of Architecture, Planning and Preser-
vation. She is a former trustee of the board of US/ICOMOS
(International Council on Monuments and Sites) and is
that organization’s liaison to the APT (Association for
Preservation Technology International) board. Ms. Jerome
is vice president of ICOMOS’s International Scientific Com-
mittee on Earthen Architectural Heritage (ISCEAH), expert
member of ICOMOS’s International Scientific Committee on
20th Century Heritage (ISC20C), and an elected officer of
ICOMOS’s Scientific Council. She is also a member of Global
Heritage Fund’s Senior Advisory Board. Her expertise is in
masonry conservation and waterproofing, with a particular
emphasis on 20th-century heritage, earthen architecture
and archaeological site preservation. She has consulted on
cultural property conservation in the US, Mediterranean,
Black Sea and Middle East.A construção magazine agradece a especial revisão de tradução realizada por Isabel Donas Botto (UC).
10_ 16património em betãoconservação do património de betão – casa de adoração bahá’íRobert F. Armbruster
Presidente, The Armbruster Company
Os Bahá’ís têm um plano de 1000 anos para conservar o seu Templo e a indústria de betão nos Estados Unidos aceitou o desafio.
A Casa de Adoração Baha’í, localizada a norte de Chicago, Illinois, tem dos mais antigos painéis arquitetónicos de betão pré-fabricados do mundo. É também um dos mais elaborados e notavelmente belos edifícios de betão. A necessidade de restauro do Templo Bahá’í promoveu o desenvolvimento da conservação do património de betão.
10_cm
A experiênciA dos estAdos Unidos
Situado numa falésia com vista para o Lago Mi-
chigan, o espaço abobadado do Templo reflete
a crença Bahá’í em um só Deus e na unidade
de toda a humanidade. O projeto inovador do
arquiteto Louis Bourgeois foi selecionado
através de concurso em 1920 [1]. O arquiteto
imaginou um “Templo de Luz” com luz a fluir
através de 10.000 aberturas da cúpula em fili-
grana. No entanto, os requisitos dos materiais
para a delicada ornamentação da cúpula não
permitiam a concretização em pedra, terracota
ou alumínio fundido.
A solução foi fornecida pelo escultor arquitetó-
nico John J. Earley [2]. Earley propôs uma cúpu-
la de betão armado em painéis pré-fabricados
de 90 milímetros de espessura, 3 metros de
largura por 2 metros de altura, feita no estúdio
de um artesão, enviada para o local, içada e
aparafusada em treliças de aço acima de uma
claraboia gigante [3]. Tal nunca tinha sido feito
antes de Bourgeois e a liderança Bahá’í aprovou
corajosamente este sistema. O revestimento
arquitetónico de betão consistiria em cimento
branco e fragmentos de seixos de quartzo
branco expostos na superfície. O altivo espaço
interior abobadado foi rematado com painéis
de betão pré-fabricado de agregado de quartzo
multicolor criando um efeito de mosaico.
Para construir o Templo, o arquiteto Louis Bour-
geois passou oito anos a criar desenhos em
tamanho real de todos os detalhes ornamentais
originais e, em seguida, o Earley Studio traba-
lhou por mais 17 anos para fabricar e instalar
o betão arquitetónico. Os escultores do Earley
Studio usaram os desenhos de Bourgeois para
criar modelos em argila de cada painel nas
superfícies curvas. Em seguida, os artesãos
fizeram moldes de gesso dos modelos de argila.
Os modelos de gesso foram moldados e em se-
guida aparafusados a uma maquete estrutural
de madeira da cúpula, no pátio do Studio. Os
artesãos subiram e refinaram o alinhamento
da ornamentação em todas as ligações da
cúpula. Finalmente, os moldes de betão foram
fabricados em gesso revestido com folha de
chumbo. O Earley Studio triturou e peneirou
o agregado de quartzo e misturou o betão em
betoneiras. O betão pré-fabricado foi removido
dos moldes 16 horas após o enchimento, tendo
podido assim os artesãos expor os reluzentes
seixos de quartzo por raspagem manual com
escovas de arame do tamanho de escovas de
lavar os dentes [4].
conservAção do pAtrimónio nos
estAdos Unidos
A conservação do património nos Estados
Unidos tornou-se um esforço organizado há
menos de 50 anos [5]. As normas nacionais
para a Preservação Histórica [6] exigem que
os materiais característicos do tecido histórico
de uma propriedade sejam preservados e que
materiais similares sejam utilizados em repara-
ções. Reproduzir betão arquitetónico histórico
pode ser especialmente exigente.
A conservação do património de betão come-
çou apenas há 25 anos com os projetos iniciais
do Templo Bahá’í [7] e evoluiu rapidamente.
Os profissionais de projetos e construção ga-
nharam experiência e estabeleceram normas
técnicas validadas pela indústria [8]. Melhores
materiais e melhores técnicas de reparação
fornecem reparações duráveis, que podem
combinar com os materiais originais.
A conservação do património de betão segue
um processo semelhante ao utilizado noutras
estruturas património. As etapas são:
– Compreender a estrutura e os seus proble-
mas.
– Desenvolver um plano de conservação.
– Preparação para a intervenção.
– Realizar a intervenção.
compreender A estrUtUrA e os
seUs problemAs
Em 1985, o Templo Baha’i mostrou sinais
de perigo. A maioria do seu betão estava em
excelentes condições, mas existia claramente
deterioração em alguns locais. A comunidade
Bahá’í iniciou um enorme esforço de conserva-
ção com o objetivo de manter o templo em con-
dições de excelência nos próximos mil anos.
O gestor de projeto reuniu uma equipa de en-
genheiros, mestres-artesãos e cientistas de
materiais para realizarem um levantamento e
> Figura 1: Artistas do John Earley Studio rodeados por modelos de gesso e moldes para o Templo Bahá’í.
> Figura 2: Na manhã após a colocação do betão, o painel é retirado do molde. Os artistas trabalham ombro a ombro para remover rapidamente a pasta de cimento a partir da superfície para
expor os seixos de quartzo. Em apenas 45 minutos a superfície do betão tornar-se-ia muito difícil de remover.
> Figura 3: Escultor sobe uma maquete de madeira em tamanho real da cúpula para moldar as ligações entre os painéis dos modelos de gesso.
> 1 > 2 > 3
cm_11
construção em betão
uma avaliação das necessidades. O produtor
de betão era um membro integrante da equipa
desde o início e forneceu importantes informa-
ções sobre os métodos de construção original,
potenciais técnicas de restauro e estratégias
de construção.
Uma pesquisa nos Arquivos Bahá’í forneceu
valiosas informações sobre o projeto original
e desenhos de execução, correspondência
e especificações, fotografias históricas e
desenhos de produção de alguns dos betões
arquitetónicos. Uma inspeção apropriada do
Templo forneceu informação sobre métodos de
construção originais do Templo, desempenho
do edifício e tipos de deterioração.
A deterioração do betão pode ser causada por
excesso de carga, assentamentos ou desloca-
mentos relativos, corrosão das armaduras ou
das ligações, rutura do material devido a ciclos
gelo-degelo, reação álcali-sílica, ataque por
agentes atmosféricos, poluição ou manchas. A
deterioração pode produzir fissuras, delamina-
ção, destacamento ou desintegração do betão.
Foram encontradas todas estas patologias no
Templo Bahá’í.
Foram recolhidos dados através de ensaios
não destrutivos, tais como sondagens com es-
clerómetro, ensaios de impacto, leituras com
pacómetro para localizar o aço das armaduras,
ensaios de corrosão e ensaios de água para
localizar o movimento da mesma. As fissuras
e outros defeitos foram medidos. Os ensaios
de limpeza foram realizados de forma a identi-
ficar o método menos agressivo para remoção
de líquenes, algas, fungos, sulfato de cálcio,
depósitos atmosféricos e manchas químicas.
Equipamentos para monitorização tensão/de-
formação, vibração/deslocamento, humidade
relativa e temperatura foram utilizados para
medir a resposta da estrutura a solicitações
e condições ambientais ao longo do tempo.
Foram extraídas carotes de betão. Foram
> 4
> Figura 4: Dois montadores colocam um painel pré-fabricado, que é içado para a posição na cúpula.
> Figura 5: Sistemas de elevação de alumínio leve que foram projetados para serem ancorados às treliças de aço estrutural através da cúpula ornamental de betão.
> Figura 6: Em 1985, a cornija maciça na base da cúpula mostrou sinais de deterioração.
> Figura 7: Crostas de sulfato de cálcio preto cobriam grande parte da ornamentação do Templo em 1985.
> Figura 8: Adaptadas pela primeira vez para uso em betão, técnicas de limpeza de água-névoa dissolveram as crostas. Pequenos orifícios foram posicionados para pulverizar cada fenda e
esquina da ornamentação.
> 7 > 8
> 5 > 6
12_cm
levantados rufos, coberturas, revestimentos,
pavimentos, janelas e acabamentos interiores,
com o objetivo de examinar as condições do
betão e da estrutura interior. Finalmente, nos
locais de maior deterioração, foram abertas
janelas de inspeção, por corte e remoção de
secções, de forma a analisar a ligação interna.
Todas as janelas de inspeção foram reparadas
e impermeabilizadas assim que a investigação
foi concluída.
A análise estrutural e a avaliação de materiais
em laboratório forneceram uma visão mais
aprofundada dos problemas e das suas causas.
Um passo importante na análise estrutural
era a determinação da capacidade real dos
elementos estruturais na sua condição atual,
quando referenciados com as normas de cons-
trução vigentes.
No laboratório, a avaliação petrográfica e o
ensaio das amostras do betão forneceram
informações fundamentais sobre os materiais
originais, possíveis causas de deterioração e
ainda materiais compatíveis para reparações.
Os materiais do betão original do Earley Studio
era de qualidade excecionalmente alta e na
maioria dos locais permaneceram em ótimas
condições.
A maior parte da deterioração foi causada
por falhas nas juntas entre os revestimentos
arquitetónicos e os rufos ou os materiais da
cobertura. O Templo foi um protótipo para o
revestimento arquitetónico de betão, sendo
por este motivo de certa forma experimental
a pormenorização das juntas. A água que en-
trasse por uma junta ficava presa no interior
da ligação e a deterioração começava inter-
namente e só aparecia na superfície exterior
depois de ter ocorrido dano extenso.
desenvolver Um plAno de conservAção
Os resultados da pesquisa, da investigação
de campo e das análises laboratoriais foram
utilizados para desenvolver um plano de
conservação. O plano incluiu limpeza e repa-
rações, métodos para reproduzir o património
de betão em materiais e formas, acesso e
preparação, planeamento e custos estima-
dos. A gama de reparações de betão pediam
pequenas correções manuais, reparações
moldadas no local, reparações com elemen-
tos pré-fabricados e reforço estrutural com
reforço externo.
Surgiram soluções práticas e económicas da
colaboração entre o engenheiro, o empreiteiro
e o dono-de-obra. Por exemplo, após ampla
consulta entre a equipa, o engenheiro prin-
cipal criou folhas de grande formato, 2 por 3
> 9 > 10
> Figura 9: O Earley Studio construíu a cornija utilizando sobreposição de painéis pré-fabricados. O betão penetrou na cavidade entre o pavimento de betão estrutural e o pré-fabricado,
interligando o aço de reforço que se estendia em ambos os elementos..
> Figura 10: Dois vãos do primeiro piso da cornija foram deteriorados pela água que penetrou através da borda da cobertura plana.
> Figura 11: Com o intuito de criar um novo padrão para moldes de betão, os escultores substituíram detalhes erodidos, modelando argila castanho-amarelada numa réplica de gesso azul
da cornija de ornamentação.
> Figura 12: No estúdio de Baha’i de betão pré-fabricado, um artesão executa um cordão de gesso em todos os cantos do molde de borracha. O cordão de gesso é um dos métodos histórico
exigido no processo. As áreas altamente esculpidas do molde da cornija são feitas de borracha de uretano. Um retardador azul revestiu o molde de forma a desacelerar o endurecimento da
superfície do betão.
> 11 > 12
cm_13
construção em betãoconstrução em betão
metros, com os planos de pormenor e secções
da complexa reparação da cornija da cúpula.
Esses desenhos eram impressos para o tra-
balho simultâneo da engenharia estrutural, da
fabricação de moldes, do projeto de elevação,
da produção das amostras de betão e dos
desenhos arquitetónicos.
Reproduzir fielmente o betão arquitetónico
original foi uma questão crítica. O Earley
Studio tinha fechado em 1973 e reteve os
seus métodos como segredos comerciais. Foi
necessário recriar as proporções da mistura,
os métodos de enchimento e as técnicas de
acabamento. Os agregados, cores, textura da
superfície e formas tridimensionais tiveram de
ser reproduzidos. Como o agregado de quartzo
é resistente aos ácidos foi usado ácido para
dissolver a pasta de cimento em amostras do
betão original para determinar o tamanho e a
forma do agregado.
Em seguida procurou-se quartzo que corres-
pondesse ao material original. Projetos de
recuperação do património de betão exigem
frequentemente que centenas de amostras de
agregados sejam analisadas e comparadas com
o betão original. Os agregados mais promissores
são usados para fazer pequenas amostras que
são avaliadas junto da estrutura património.
Normalmente, a rocha usada para a construção
original já não está disponível, porque a pedreira
original esgotou-se. Pode ter que se combinar
agregados de várias pedreiras, em cuidadosas
proporções, para corresponder às variações de
cor do material original. Para o Templo Baha’i,
o quartzo comercial disponível não era sufi-
cientemente branco, pelo que se procuraram
pequenos depósitos de quartzo por toda a
América do Norte de forma a encontrar algum,
tendo-se depois providenciado para que fosse
extraído, transportado, triturado e peneirado
com os tamanhos exigidos. Finalmente, para
coincidir com o material original, foi adicionada
uma pequena quantidade de quartzo âmbar ao
branco. Artesãos fizeram mais de 50 amostras
durante os dois anos de investigação para de-
senvolver as proporções da mistura, os métodos
de moldagem e as técnicas de exposição, de
forma a obter um acabamento com uma apa-
rência aceitável.
A investigação foi documentada num relatório
com a história da estrutura, condições atuais,
a natureza dos problemas e recomendações
para o tratamento. A documentação inclui
desenhos, relatórios de análise estrutural,
relatórios de análise de materiais, fotografias
> Figura 13: Artesãos expõem cuidadosamente o agregado de quartzo utilizando escovas de aço pequenas e ferramentas dentais.
> Figura 14: Seguindo o exemplo de John Earley, os componentes pré-fabricados foram montados na cornija e rebocados juntos.
> Figura 15: A nova cornija replicou todos os detalhes da original.
> 13 > 14
> 15
14_cm
e vídeos. Amostras dos agregados e novas
misturas de betão necessárias para as re-
parações foram igualmente incluídas. Mais
tarde, o Gestor de Projeto criou uma biblioteca
de conservação para o Templo Bahá’í, organi-
zando os registos de 90 anos de construção,
manutenção e restauro, num catálogo digital
com referências cruzadas.
Os resultados da investigação e as ações de
conservação recomendadas foram apresen-
tadas aos bahá’ís. Eles adotaram o plano e
executaram-no em vários projetos ao longo de
um período de 25 anos. As reparações foram da
mais alta qualidade, durabilidade e eficiência.
Graves problemas estruturais e de imperme-
abilização foram tratados em primeiro lugar. O
estabelecimento do programa de conservação
a longo prazo veio mais tarde.
prepArAção pArA A constrUção
Os projetos de recuperação do património de
betão mobilizam uma engenharia invulgar, co-
ordenação de construção, artesanato e testes.
Os pormenores e procedimentos de reparação
devem ser adaptados a cada estrutura his-
tórica. Documentos de construção mostram
frequentemente cada local de reparação com
um código de identificação, condição atual,
tipo e quantidade de reparação, para facilitar
adjudicações, inspeções e pagamentos.
Os documentos de construção do Templo
incluíam detalhes de reparação alternativos,
os quais foram selecionados após a demoli-
ção de alguns elementos ter sido concluída.
Por exemplo, o restauro da cornija na cúpula
exigiu quatro esquemas diferentes de repa-
ração porque a deterioração variava desde
50 milímetros até 1 metro de profundidade.
Reparações para as quatro condições foram
projetadas de forma a poder usar-se um
conjunto comum de peças e moldes. Como
a construção ocorreu doze andares acima
do solo, o betão original foi testado após a
demolição e a reparação adequada para cada
local foi prontamente instalada.
A pré-qualificação dos empreiteiros e artesãos
é altamente recomendável devido aos requi-
sitos especiais dos projetos de património de
betão. Mestres artesãos precisam de expe-
riência prática fornecida pela preparação de
amostras e modelos, de forma a tornarem-se
proficientes com os materiais de cada projeto,
moldagem e técnica de acabamento. Os arte-
sãos do Templo foram também treinados pelo
engenheiro principal nos há muito esquecidos
métodos históricos, de produção de painéis
pré-fabricados.
A reprodução das formas do Templo exigiram
novos moldes de madeira, f ibra de vidro,
borracha e aço. Primeiro, os artesãos fizeram
moldes diretamente a partir da ornamentação
arquitetónica do edifício. No estúdio, estes
moldes foram utilizados para executar repro-
duções em gesso das superfícies de betão
original. De seguida, escultores modelaram em
barro as reproduções em gesso para restauro
dos detalhes erodidos, antes de criarem novos
moldes para as reparações do betão.
Foram necessários desenhos à escala real
para fabricar moldes para as componentes de
betão complexas e tridimensionais. Na década
de 1980, os desenhos eram criados à mão.
Para projetos mais recentes, os sistemas CAD
facilitaram a produção de desenhos. Métodos
de medição tradicional foram auxiliados por
levantamentos com teodolitos de alta precisão
e varrimento por laser. Para verificar e ajustar as
novas ferramentas, foram montadas maquetes
a partir do betão produzido nos novos moldes.
Num projeto de recuperação de património de
betão, o espaço para construção é frequente-
mente restrito e tal foi também verdade para
> 16 > 17
> Figura 16: Os solos pobres causaram assentamento do terraço. A antiga estrutura e os solos fracos foram removidos e substituídos. A infra-estrutura do jardim e a hardscape estava no final
da sua vida útil, portanto foi totalmente reconstruída. [hardscape]: elementos inanimados da paisagem, como trabalhos de alvenaria, madeira, betão, pedra, etc.
> Figura 17: O património paisagístico foi transplantado para viveiros e depois replantado após as estruturas do jardim estarem concluídas.
cm_15
o Templo Bahá’í. O edifício estava cercado
por jardins e o Templo permaneceu ocupado
e aberto aos visitantes em permanência. O
empreiteiro preparou andaimes, plataformas
suspensas, gruas e elevadores.
reAlizAr A constrUção
Após investigação minuciosa e cuidadosa
preparação, a construção prosseguiu sem
problemas. A programação incluiu vários
meses para obter agregados, fabricar moldes,
produzir várias séries de amostras de betão e
construir as maquetes. Cada série de amostras
necessitou de 28 dias para a cura completa do
betão, porque o processo de cura afeta a cor
final do betão.
Para produzir os 7.700 componentes ornamen-
tais de betão pré-fabricado necessários para
o terraço, escadas monumentais e jardins,
os Bahá’ís decidiram montar a sua própria
fábrica de pré-fabricação. O Gestor de Projeto
forneceu engenharia, planeamento e controlo
de qualidade. Os empregados Bahá’í esmaga-
ram o quartzo e fabricaram os elementos de
betão com agregados expostos ao longo de
um período de 5 anos.
Os projetos de recuperação do património de
betão têm mais incertezas do que a construção
nova. A profundidade e a extensão da deteriora-
ção do betão variam e as situações escondidas
podem exigir um tratamento diferente do
inicialmente especificado. Os projetos Bahá’í
utilizaram subempreiteiros pré-qualificados
que concorreram a séries de trabalhos, com
> Figura 18: O esforço de conservação do betão restaurou a cornija.
> Figura 19: Com escultura intrincada, arestas vivas e um acabamento consistente, o betão arquitetónico do Templo Baha’i está entre os melhores jamais criados.
reFerênciAs
[1] Bruce W. Whitmore, The Dawning Place (Baha’i Publishing Trust, 1984), 87-94.[2] John J. Earley, “Some Problems in Devising a New Finish for Concrete,” in Proceedings American Concrete Institute, Vol. 14, 127-137 (American Concrete Institute, 1918).[3] John J. Earley, “The Project of Ornamenting the Bahá’í Temple Dome,” in Proceedings American Concrete Institute, Vol. 29, 403-411 (American Concrete Institute, 1933).[4] John J. Earley, “Architectural Concrete of the Exposed Aggregate Type,” in Journal of the American Concrete Institute, Vol. 5, No. 4, 251-278 (Proceedings Vol. 30),
(American Concrete Institute, March-April 1934).[5] “Historic Preservation in the United States,” U.S. National Committee of the International Council of Monuments and Sites, accessed March 17, 2011, http://www.usicomos.org/preservation.[6] “Secretary of the Interior’s Standards and Guidelines for Archeology and Historic Preservation,” United States Department of the Interior, accessed March 17, 2011, http://www.cr.nps.gov/local-law/arch_stnds_0.htm.[7] Robert F. Armbruster and Jack Stecich, “The Baha’i House of Worship Restoration,” in Concrete Repair Bulletin,Vol. 6, No. 3, 6-9 (International Concrete Repair Institute,
September/October, 1993).[8] See technical publications, guides, standards and codes from the American Concrete Institute, http://www.concrete.org; the International Concrete Repair Institute,
http://www.icri.org; the Precast/Prestressed Concrete Institute, http://www.pci.org; the Cast Stone Institute, http://www.caststone.org; the Association for Preservation Technology International, http://www.apti.org; the Portland Cement Association, http://www.cement.org; and ASTM International, http://www.astm.org.
> 18 > 19
construção em betão
termos de pagamento a refletir a incerteza -
preços unitários por tipo de reparação, preços
unitários por tempo e materiais, subsídios com
montantes fixos para quantidades especifica-
das ou montantes fixos quando a extensão do
trabalho era conhecida.
A participação nos projetos do Templo Bahá’í
foi considerada uma honra e uma distinção.
Os indivíduos foram encorajados e apoiados
para produzirem os trabalhos da mais alta qua-
lidade. Os resultados refletem esse espírito. O
estado da Casa de Adoração Bahá’í é melhor do
que nunca. A partilha do conhecimento adquiri-
do a partir dos projetos Bahá’í tem fomentado
o crescimento da conservação do património
de betão na América.
TRADUÇÃO POR RITA LADEIRO
16_cm
17_ 23património em betãobetão armado – nota históricaJúlio Appleton
DEC, Instituto Superior Técnico, UTL
aquedutos, muitos dos quais chegaram aos
nossos dias e são exemplos do elevado nível
atingido pelos construtores Romanos. A título
de exemplo referem-se o Panteon de Roma,
com uma cúpula de 50 m de diâmetro, de
betão de agregados leves, realizado no ano
127 DC (figura 2), o Aqueduto da Pont du Gard
em Nimes e diversas pontes de alvenaria e
betão ainda existentes em diversos países de
que se salientam em Portugal a Ponte de Vila
Formosa na N369 e a Ponte de Trajano sobre o
Rio Tâmega em Chaves.
É com o desenvolvimento da produção e estu-
do das propriedades do cimento {1} (Smeaton
em 1758, James Parker em 1776, Louis Vicat
em 1818) que culminou com a aprovação da
patente do cimento Portland apresentada por
Joseph Aspdin em Leeds em 1824 que se vai
dar o grande desenvolvimento na aplicação do
betão nas construções. Em 1885 concebem-
> Figura 1: Reconstrução do que teria sido uma primeira construção/abrigo realizado com um pavimento em betão {1}
> Figura 2: Panteon de Roma {3}.
> Figura 3: Aqueduto da Pont du Gard em Nimes.
Os PrimórdiOs dO BetãO
O betão e as argamassas são utilizados como
materiais de construção há milhares de anos,
sendo então produzidos pela mistura de argila
ou argila margosa, areia, cascalho e água. Há
registos de que os materiais eram, quando
necessário, transportados a distâncias de
centenas de quilómetros, como é o exemplo
de um pavimento de betão simples datado de
5600 AC em Lepenskivin {1}.
Nas antigas civilizações (Egito, Grécia), o betão
era utilizado essencialmente em pavimentos,
paredes e suas fundações. Já nos livros de
Vitruvio {2} se dão indicações sobre os ma-
teriais a utilizar nas argamassas e betões,
nomeadamente sobre o uso de pozolanas,
cal e areia. Os Romanos exploraram as pos-
sibilidades deste material com mestria em
diversas obras – casas, templos, pontes e
se os fornos rotativos que permitiram baixar
substancialmente o preço do cimento.
Em Portugal a industria do cimento inicia-se
em 1894 com a fábrica de cimento Tejo em
Alhandra {4} realizada por António Theófilo
Rato que deu origem à Companhia de Cimentos
Tejo em 1912.
As PrimeirAs OBrAs e PAtentes
de BetãO ArmAdO
As primeiras referências ao betão armado
datam de 1830, no entanto o barco em fer-
rocimento realizado pelo francês Jean-Louis
Lambot em 1848 é reconhecido como a obra
mais antiga de betão armado ainda existente
(figura 4).
Joseph Monier é um dos principais pioneiros do
betão armado com as suas patentes de 1867
> 1 > 2 > 3
cm_17
património em betão
para caixas (floreiras), casas e tubagens, e em
1873 para pontes em arco (figura 5).
Joseph Monier (1823–1906) era proprietário
de um grande viveiro hortícola em Paris e fazia
a gestão de diversos jardins públicos. A ideia
da introdução de armaduras nas caixas das
floreiras teve como objetivo controlar as fen-
das que ocorriam frequentemente nas caixas
de betão simples, material que adotou para
substituir as caixas de madeira ou de aço que
se deterioravam rapidamente.
A ideia fundamental de J. Monier foi introduzir
no betão uma malha ortogonal de armaduras,
ligadas com arame em todos os nós, com
pequeno afastamento e com um diâmetro dos
varões dependente da aplicação (figura 6).
No final do século XIX são já vários os estudos
publicados sobre o betão armado (Coignet,
Considère, Mesnager) teorizando o compor-
tamento à flexão, tendo em 1897 sido criada
> 4
a primeira disciplina de Betão Armado na ENPC
– École National de Ponts et Chaussées (Paris).
As patentes tornam-se também numerosas
(Cottancin, Hyatt, Coignet). Refira-se que
vários destes sistemas foram aplicados em
Portugal e estão relatados em diversas notí-
cias da Revista de Obras Públicas e Minas {5}.
Em em 20.10.1906 são publicadas as primei-
ras Instruções Francesas {6}, referidas logo
em 1907 na Revista de Obras Públicas e Minas
> 5
> 6
> Figura 4: Primeira Construção de Betão Armado. Barco de Lambot, 1848 {4}.
> Figura 5: Primeira Ponte em Betão Armado (Monier, 1875) {3}.
> Figura 6: Representação esquemática da malha tipo Monier.
> Figura 7: Figura ilustrativa da superestrutura de betão armado de um edifício com o sistema Hennebique (lajes, vigas e pilares).
> Figura 8: Ponte del Resorgimento em Roma.
> Figura 9: Edifício sede da empresa Hennebique em Paris.
> 7 > 8 > 9
18_cm
da Associação Portuguesa dos Engenheiros
Civis, com o título “As Instruções Francesas
para o Formigão Armado”.
O princípio do século XX é caracterizado por um
desenvolvimento extraordinário na utilização e
na compreensão do funcionamento e possibili-
dades do betão armado. Esse desenvolvimento
está associado à realização de numerosas pa-
tentes onde se indicam as bases de cálculo e as
disposições de armaduras adotadas para
diversos elementos estruturais.
François Hennebique (1842–1921) não terá
sido o inventor do betão armado mas foi no meu
entender um dos engenheiros que mais con-
tribuiu para a sua expansão e que mais obras
notáveis realizou no início do Séc XX {5} e {7}.
A sua atividade desenvolveu-se com a sede
na Bélgica (de 1867 a 1887) e depois em Paris
onde construiu, em 1892, integralmente em
betão armado, incluindo as fachadas, a sede da
empresa na Rue Danton, 1 (figura 9).
Desse período e desse sistema construtivo
refere-se a Ponte del Risorgimento em Roma
(1911, uma ponte em arco sobre o rio Tibre com
um vão de 100 m), apresentada na figura 8.
De entre os edifícios destacam-se o edifício da
sede da casa Hennebique em Paris e o edifício
Royal Liver Building construído em Liverpool
(1908–1910) com 17 pisos.
Em Portugal merecem especial referência o
Edifício de moagem de trigo do Caramujo (na
Cova da Piedade) realizado em 1898 {4} e {7}
e onde funcionou uma moagem da Sociedade
Industrial Aliança (figura 10) e a Ponte Luiz
Bandeira de Sejães {8} na EN333-3 sobre o
rio Vouga (figura 11) no Concelho de Olivei-
ra de Frades – Viseu. As obras realizadas
em Por tugal com o sistema Hennebique
foram a partir do início do século XX execu-
tadas pela sua representante Moreira de Sá
& Malevez.
Da geração seguinte à de Hennebique salien-
tam-se os trabalhos de Mörsh (1872–1950) e
de Freyssinet (1879–1962).
Para além de trabalhos de investigação Mörsh
{6} e a empresa Wayss e Freytag realizaram
numerosas obras de que se destaca neste con-
texto a Ponte sobre o Isar perto de Grunwald,
realizada em 1904, com dois arcos de 70 m de
vão e 12,5 m de flecha.
Também já pertencendo à geração que se se-
guiu à que realizou às primeiras aplicações do
betão armado e ao período das primeiras
patentes sobre as aplicações deste material,
Eugéne Freyssinet (1879–1962) pode consi-
derar-se um dos pioneiros do betão armado,
para além do papel singular que teve no de-
senvolvimento das estruturas pré-esforçadas.
Realiza as primeiras obras relevantes de 1906
a 1916 na Societé Mercier, Limousin & Cia. de
que se destaca em 1907 a Pont du Prairéal (fi-
gura 12) e em 1911 a Pont du Veurdre sur l’Allier
(figura 13) {9}.
> 10 > 11
> Figura 10: Edifício de Moagem do Caramujo – Vista Geral, alçado e corte {7}.
> Figura 11: Ponte de Sejães na EN333-3 – Sistema Hennebique, 1907.
> Figura 12: Pont de Prairéal sur La Besbre (arco de 26 m). Uma das primeiras Pontes de Betão Armado de Freyssinet, 1907 {9}.
> Figura 13: Pont du Veurdre, 1911 {9}.
> 12 > 13
cm_19
património em betão
Em 1908 {10} executa a primeira viga pré-
esforçada (um ensaio numa viga de 50 m de
comprimento e secção de 0,5 m × 3 m, pré-
esforçada com uma força de 2000 ton) junto ao
local onde realizou a ponte de Veurdre.
De 1916 a 1929 desenvolveu a sua atividade
no Societé Limousin & Cia., Procédés Freyssi-
net de que foi diretor técnico, destacando-se
deste período a realização de 1918 e 1921 de
navios em betão armado que atingiram 55 m de
comprimento, a construção de hangares para
dirigíveis em Orly em 1921–1923 (2 hangares
com um vão de 90 m e altura de 60 m, estrutu-
ras destruídas por bombardeamento em 1944)
a Ponte de Villeneuve-sur-Lot com um vão de
96 m e em 1919 e a Ponte Plougastel sur l’Elorn
com 3 arcos de betão armado de 186 m de vão,
realizada de 1924–1930 e que foi à data re-
corde do mundo.
Entretanto apresenta numerosas patentes so-
bre pré-esforço (6 no período de 1925 a 1928,
6 período de 1928 a 1934 com Jean Saillez e
outras 63 patentes sobre diversos temas).
Dessa intensa atividade no domínio das obras
pré-esforçadas refere-se a Ponte de Luzancy
{22}, sobre o Marne, com um vão de 55 m e 6 m
de largura, iniciada em 1941 mas só concluída
em 1946 devido à 2ª Grande Guerra.
Robert Maillart (1872–1940) {11}, contempo-
râneo de Freyssinet foi um engenheiro suíço
que contribui também significativamente para
o desenvolvimento do betão armado.
As suas obras, em particular as pontes em arco,
são um exemplo de elegância e simplicidade
cuja primeira, de entre cerca de 40 pontes,
data de 1899.
A Ponte de Salgina perto de Davos nos Alpes
Suiços representada na figura 14 é um arco
triarticulado com 90,04 m de vão localizado
num vale profundo, constituindo pelo seu
enquadramento paisagístico a obra mais
referenciada de Maillart.
São também de destacar os estudos que
Maillart realizou sobre lajes fungiformes {11}
cujo primeiro ensaio é datado de 1908 (figura
15) e cujo sistema patenteou nessa data.
O destaque ao engenheiro Pier Luigi Nervi
(1891–1979) também projetista e construtor
> 14
> 15
> 16
> Figura 14: Ponte de Salgina (1929–1930) com um vão de 90,04 m {11}.
> Figura 15: Vista de um ensaio de carga de uma laje fungiforme {11}.
> Figura 16: Estádio de Florença – Vista e pormenor de betão armado {12}.
20_cm
permite-me referir aspetos importantes nas
realizações de betão armado: o ferrocimento, a
pré-fabricação e ainda a importância que era,
e deve ser, dada à pormenorização detalhada
das armaduras.
Deste engenheiro {12} destacam-se as obras
do Estádio de Florença (35000 lugares senta-
dos) e o Palácio dos Desportos de Roma.
Na figura 16 apresenta-se uma vista de cober-
tura desse Estádio com uma consola de 17 m
e o magnifico desenho de pormenorização de
armaduras de betão armado desta estrutura
realizada de 1929 a 1932 {12}.
Das obras de Eduardo Torroja (1899–1961)
referem-se para além da cobertura do hipó-
dromo de Zarzuela (figura 17), realizada em
1925, o Aqueduto de Tempul com um sistema
de atirantamento e um vão central de 60 m e
em 1933 a casca da cobertura do mercado de
Algeciras com um diâmetro de 47,6 m e apenas
9 cm de espessura.
Em 1911 são entretanto criadas em Portugal
as Universidades de Lisboa e do Porto e em
1918 aprovado o 1º Regulamento Português
no domínio do betão armado, as “Instruções
Regulamentares para o Emprego do Beton
Armado”, realizadas com base nas normas
francesas de 1906 e nos desenvolvimentos
posteriores {13}, Dec. 4036 de 28/3/1918.
Em Por tugal o desenvolvimento do betão
armado originava a criação da 1ª disciplina de
Cimento Armado em 1922 na Faculdade Técni-
ca da Universidade do Porto (o Engº Theotonio
Rodrigues foi o seu 1º professor). Em 1935 é
publicado o “Regulamento do Betão Armado”
dec. 25948 de 1935 que sintetiza o estado do
conhecimento neste domínio.
Na primeira metade do século XX muitas são
as realizações em betão armado em Portugal
{14}. Destacam-se o Canal do Tejo (executado
de 1932 a 1940), numerosas pontes de que se
salienta o Viaduto Duarte Pacheco em Lisboa
{30} e edifícios de que se salienta o conjunto dos
edifícios do Instituto Superior Técnico (1936).
No Brasil {15} destaca-se no período em refe-
rência a contribuição de Emílio Boumgart quer
como professor quer como construtor (Ponte
Paranaíba, 1938; Edifício dos Ministérios da
Educação e Saúde no Rio de Janeiro em 1937).
Na geração já nascida no século XX salientam-
se Fritz Leonhardt (1909 – 1999) que não
só associa uma atividade marcante como
professor em Stuttgart mas também como
autor de numerosos livros sobre estruturas
de betão que marcaram o ensino dos enge-
nheiros de todo o mundo no século XX e o
livro “Ponts” onde trata o tema da estética de
forma extraordinária {16}. Projetou também
numerosas estruturas (Torre da televisão
de Stuttgart, 1955, Cologne – Rodenkirchen
Bridge, 1941).
Na geração seguinte destacam-se a nível in-
ternacional os trabalhos de Heinz Isler Schalen
(1926–2009) no domínio das cascas de betão,
os trabalhos de René Walther no domínio das
pontes de tirantes com tabuleiro esbelto como
a Ponte de Dielpoldsau os trabalhos de Jörg
Schlaich sobre estruturas atirantadas e os pro-
jetos de pontes de Christian Menn com a Ponte
de Felsenau (1974) e a ponte Ganter (1980).
Em Por tugal des taca-se Edgar Cardoso
(1913–2000) que para além das estruturas
que projetou {17} desenvolveu com mestria a
utilização de modelos experimentais reduzi-
dos para a compreensão da resposta (elástica)
das estruturas.
No domínio das pontes refere-se a execução
da Ponte da Arrábida projetada pelo Prof. Edgar
Cardoso com 270 m de corda (1963) – figura 18.
Em Portugal refere-se ainda João Lobo Fialho
(1921–1976) pelos seus estudos e projetos
sobre cascas de betão e projetos de pontes
como a Ponte de Vila Nova de Mil Fontes na
ER393, sobre o Rio Mira.
No domínio das barragens de betão, refere-se a
obra da Barragem da Lagoa Comprida na Serra
da Estrela (iniciada em 1912). A Barragem de
Santa Lúzia (realizada em 1943 e que é a 1ª
barragem portuguesa do tipo abóbada, com
115 m de desenvolvimento projetada pelo Engº
Coyne) e a Barragem do Cabril (figura 19) do
tipo abóbada de dupla curvatura com 135 m de
altura e 360 m de desenvolvimento, com
uma espessura variável de 70 cm a 7 m, no
Rio Zêzere (1953) {18}, que é muitas vezes
considerada como o marco da afirmação dos
técnicos nacionais no estudo e projeto de
barragens de betão.
No desenvolvimento deste projeto e nos se-
> 17 > 18
> Figura 17: Vista da cobertura de hipódromo de Zarzuela.
> Figura 18: Ponte da Arrábida, Edgar Cardoso, 1963.
cm_21
património em betão
guintes teve grande relevância a participação
do Centro de Estudos de Engenharia Civil do IST
que em 1947 foi integrado no novo Laboratório
de Estado – o LNEC – Laboratório Nacional de
Engenharia Civil.
A atividade pioneira do LNEC foi realizada
sob a orientação do Engº Manuel Rocha, cuja
contribuição no domínio dos estudos em mo-
delos reduzidos, na observação de barragens
e no estudo das fundações rochosas estava
no topo do que se fazia então a nível mundial.
Naturalmente que muitos outros técnicos
contribuíram para esses trabalhos pioneiros,
destacando-se o Engº Laginha Serafim que foi
Chefe do Serviço de Barragens do LNEC {18}.
Outras estruturas realizada em Portugal que
justificam referência no presente contexto são
as coberturas onduladas das Pedras Rubras
(Correia de Araújo, 1950), o Monumento das
Descobertas em Lisboa com 50 m de altura
(Edgar Cardoso, 1958), o Monumento e Estátua
do Cristo Rei com 76 m de altura a que acresce
a estátua com 28 m de altura e 16 m de enver-
gadura (Brazão Farinha, 1959) e o Edifício do
Museu da Fundação Calouste Gulbenkian (Arga
e Lima e J. Marecos, 1969).
A nível internacional e no que se refere ao
uso da capacidade do betão para criar novas
formas referem-se os nomes de Nervi, Le Cor-
busier, Óscar Niemeyer e Joaquim Cardoso. Da
extensa obra de Niemeyer refere-se o Palácio
Presidencial de Brasília, datado de 1958 e a
Catedral de Brasília representada na figura
20, datada de 1961.
Os progressos técnicos e a cooperação inter-
nacional na Europa deram origem à criação em
1951 da FIP – Féderation Internationale de la
Précontrainte que realizou o primeiro Congres-
so em Londres em 1953 e à criação em 1953, do
CEB – Comissão Europeia do Betão, associação
que produziu as primeiras recomendações em
1963. Estas associações produziram em 1978
e em 1993 um Model Code for Concrete Struc-
tures que constituiu a base da regulamentação
nacional em muitos países europeus. Estas
Associações fundiram-se em 1998 na atual
fib – féderation internationale du béton. Em
2010 foi publicada a versão preliminar do novo
Mode Code 2010.
A nível nacional é marcante no domínio das
estruturas de betão armado o contributo do
Engº Júlio Ferry Borges. Na Faculdade de En-
genharia da Universidade do Porto é realizada
em 1944 a primeira tese de doutoramento
em betão armado e pré-esforçado pelo Prof.
Joaquim Sarmento {19}.
As PrimeirAs OBrAs de BetãO
Pré-esFOrçAdO
No que se refere ao pré-esforço e após os
trabalhos pioneiros de Freyssinet, Magnel e
Hoyer, assiste-se após a 2ª grande guerra ao
grande desenvolvimento deste sistema cons-
trutivo que veio alargar a fronteira da aplicação
do betão nas construções.
A primeira construção portuguesa de betão
pré-esforçado {20} é a cobertura de vários ar-
mazéns para algodão na Avenida Meneses em
Matosinhos com um vão de 32,4 m realizada
em 1951, realizado com o sistema Freyssinet.
A primeira ponte em betão armado pré-esfor-
çado em Portugal é a Ponte de Vala Nova em
Benavente na EN118 ao km 43,45 realizada
em 1954 e que apresenta 3 vãos simplesmente
apoiados de 36,0 m.
No trabalho de Joaquim Vizeu {21} são apre-
sentadas numerosas obras e contribuições
para a história do betão armado em Portugal.
desemPenhO dAs estruturAs de BetãO
em POrtugAl {22}
A experiência de intervenção do autor em
numerosas obras de betão armado e de betão
armado préesforçado permite concluir que o
desempenho destas estruturas ao longo de
mais de cem anos de realizações em Portugal
é francamente positivo. Obras bem concebi-
das, bem executadas e conservadas poderão
manter-se inteiramente operacionais para
além da expectativa do período de vida de 50
a 100 anos, usualmente considerado para a
realização das estruturas.
Os problemas principais que temos encontrado
são os seguintes:
− A nível estrutural a resistência para a ação
sísmica é em geral inferior aos requisitos
atuais. Esta situação resulta da ausência
> 19 > 20
> Figura 19: Barragem do Cabril (1953).
> Figura 20: Estrutura principal da Catedral de Brasília { } .
22_cm
Av. António Augusto de Aguiar, 21, 4.º andar, 1069-128 LisboaT.: 213 172 420 • F.: 213 555 012 E-mail: [email protected]
soluções diferenciadasA actuar no mercado do betão pronto há mais de 35 anos, a Unibe -tão apresenta no seu currículo um vasto conjunto de obras, cuja en -vergadura e desa�os associados, representam para esta empresa uma consagração do seu nível de desempenho, quer na qualidade dos produtos que fabrica, quer na dos serviços que presta.Numa óptica de permanente adaptação ao mercado, a Unibetão tem registado um crescimento contínuo aliado a uma ampliação do seu raio de acção, seja pela aquisição de outras empresas, seja pela instalação de novas Centrais.Paralelamente, o seu Sistema de Gestão encontra-se certi�cado pela NP EN ISO 9001 desde o ano de 2000 e as suas Centrais dispõem todas de um Sistema de Controlo de Pro -dução implementado.A aliança entre a dinâmica e a �abilidade permite-lhe disponibilizar ao mercado da construção civil, um conjunto de soluções diferenciadas ou complementares aos betões correntes, potenciando a melhor concretização dos projectos dos seus clientes.
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A actuar no mercado do betão pronto há mais de 35 anos, a Unibe-tão apresenta no seu currículo um vasto conjunto de obras, cuja en-vergadura e desafios associados, representam para esta empresa uma consagração do seu nível de desempenho, quer na qualidade dos produtos que fabrica, quer na dos serviços que presta.Numa óptica de permanente adaptação ao mercado, a Unibetão tem registado um crescimento contínuo aliado a uma ampliação do seu raio de acção, seja pela aquisição de outras empresas, seja pela instalação de novas Centrais.Paralelamente, o seu Sistema de Gestão encontra-se certificado pela NP EN ISO 9001 desde o ano de 2000 e as suas Centrais dispõem todas de um Sistema de Controlo de Pro-dução implementado.A aliança entre a dinâmica e a fiabilidade permite-lhe disponibilizar ao mercado da construção civil, um conjunto de soluções diferenciadas ou complementares aos betões correntes, potenciando a melhor concretização dos projectos dos seus clientes.
Produtos especiais:
Argamassa EstabilizadaUniArga®
Betão ColoridoUniColorido®
Betão DrenanteUniDren®
Betão LeveUniLeve®
Betão AutocompactávelUniBac®
Betão BrancoUniBranco®
Betão com FibrasUniFibra®
Betão para PavimentosUniPav®
Betão ProjectadoUniProj®
Betão PesadoUniPesado®
Betão DecorativoUniDécor®
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soluções diferenciadasA actuar no mercado do betão pronto há mais de 35 anos, a Unibe-tão apresenta no seu currículo um vasto conjunto de obras, cuja en-vergadura e desafios associados, representam para esta empresa uma consagração do seu nível de desempenho, quer na qualidade dos produtos que fabrica, quer na dos serviços que presta.Numa óptica de permanente adaptação ao mercado, a Unibetão tem registado um crescimento contínuo aliado a uma ampliação do seu raio de acção, seja pela aquisição de outras empresas, seja pela instalação de novas Centrais.Paralelamente, o seu Sistema de Gestão encontra-se certificado pela NP EN ISO 9001 desde o ano de 2000 e as suas Centrais dispõem todas de um Sistema de Controlo de Pro-dução implementado.A aliança entre a dinâmica e a fiabilidade permite-lhe disponibilizar ao mercado da construção civil, um conjunto de soluções diferenciadas ou complementares aos betões correntes, potenciando a melhor concretização dos projectos dos seus clientes.
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da consideração da ação sísmica na conceção e projeto das
obras mais antigas ou na deficiente conceção e quantifica-
ção, por defeito, da ação sísmica.
Acresce a este aspeto uma pormenorização {23} que não
tinha preocupação de dotar os elementos estruturais da
necessária ductilidade, nem evitar roturas frágeis, em par-
ticular para situações de inversão do sinal dos esforços com
a ação sísmica.
− No que se refere à durabilidade tem-se verificado deteriora-
ção significativa por corrosão de armaduras, deterioração
associada à utilização de um betão com uma qualidade insu-
ficiente e/ou recobrimentos reduzidos e deterioração devida
a reações químicas expansivas do betão (reação sulfática
interna e reação alcalis-silica) que se têm verificado sobre-
tudo nas últimas duas décadas. Qualquer destes problemas
pode ser evitado (e não ocorre na maioria das obras) com o
controlo da qualidade do projeto e da execução (incluindo o
controlo dos materiais).
reFerênciAs
1. Stanley, C. – Highlights in the History of Concrete, C&CA, 19822. Vitrúvio – Tratado de Arquitectura Século I AC, Tradução de M. Justino Maciel,
IST Press, 20063. Walter, R. – Construire en Béton, Presses Polytechniques et Universitaires
Romandes, 19934. Ferreira, C.A. – Betão – A idade da Descoberta, Passado Presente, Lisboa, 19895. Appleton, Júlio – Materiais de Construção – Um Olhar sobre o Betão – Enge-
nharia e Vida, nº 11, Março 20056. E. Mörsch – Le Béton Armé – Librairie Polytechique, Paris 1909 (Traduzido
por Max Dubois)7. Quintela, A.C. – Contribuição para a História do Betão Armado em Portugal,
Primeiras Obras, Revista Portuguesa Engenharia de Estruturas (RPEE), 1989, nº30.
8. Revista de Obras Públicas e Minas – Descrição de Obras em Curso – Ponte Luiz Bandeira em Sejães, Tomo XXXIX – 1908, pg 25
9. Ordonez, J.A.F. – Eugène Freyssinet, 2C Editions, 197910. Pierre Jartoux – Pré-Esforço uma Peregrinação ao Passado – Resultados
dos Ensaios sobre a Primeira Viga Pré-Esforçada por E. Freyssinet em 1908, Betão Estrutural, 1994.
11. Max Bill – Robert Maillart, Les Editions d’Architecture SA, 194712. Paolo Desideri, Pier Luigi Nervi Jr, Giuseppe Positano – Pier Luigi Nervi,
Editorial Gustavo Gili, S.A., Barcelona 198213. Decreto 4036 – Regulamento para o emprego do beton armado, 28/3/191814. João Segurado – Cimento Armado, Biblioteca de Instrução Profissional,
Livraria Bertrand, Livro sem data de publicação. 1ª Edição 192015. Vasconcelos, A.C. – O Concreto no Brasil – Recordes, Realizações, História,
São Paulo, 198516. Fritz Leonhardt – Ponts – L’Esthétiques dês Ponts, Press Polytechniques
Romandes, 198617. Luís Lousada Soares – Edgar Cardoso – Engenheiro Civil, FEUP Edições, 200318. J. Laginha Serafim – As Grandes Barragens dos Aproveitamentos Hidráulicos
Portugueses, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 196219. Joaquim Sarmento – Betão Pré-Esforçado, Tese de Doutoramento FEUP,
Porto, 194420. Rego, A. Teixeira – A Primeira Construção Portuguesa de Betão Pré-Esforçado
com Cabos, Revista da Ordem dos Engenheiros, Outubro 195121. Viseu, J.C.S. – História do Betão Armado em Portugal, ATIC 199322. Appleton, Júlio – Performance of Concrete Bridges in Portugal, 1st Worshop
DURATINET, LNEC, Lisbon, 19 Fevereiro 200923. Appleton, Júlio – Reforço Sísmico de Estruturas de Betão, Encontro Nacional
Betão Estrutural 2008, Guimarães, Novembro 2008
PUB
24_ 28
estruturas de Engenharia Civil potencialmente
interessante. Neste artigo, é descrito o mé-
todo denominado “Monitorização Inteligente
do Estado de Conservação do Betão” (ICHM
Intelligent Concrete Health Monitoring1),
desenvolvido pelos autores por conjugação
das seguintes técnicas: (i) fotogrametria,
(ii) processamento digital de imagem (DIP
– Digital Image Processing); e análise mul-
tiespectral (MSA – Multi-Spectral Analysis).
Tem por objetivo a caracterização automática
(inteligente) e contínua (monitorização) da
patologia do betão. Adicionalmente, pretende-
se que constitua um meio relevante de apoio
à componente laboratorial de trabalhos de
investigação científica.
2. Monitorização inteligente do estado de
Conservação do Betão – iCHM
O método proposto (ver Fig. 1), está estru-
turado em vários módulos, nomeadamente:
(1) MCRACK – Image Processing of Concrete
Surfaces, projetado para identificar, analisar
e medir fissuras em superfícies de betão2; (2)
visual-DSC – Visualisation of Displacements,
Strains and Cracks, concebido para determinar
campos de deslocamentos e de deformações
e medir a largura de fissuras3; (3) SURFCRETE
– Multi-Spectral Image Analysis of Concrete
Surfaces, desenvolvido para detetar, analisar
e medir áreas com colonização biológica, humi-
dade, sujidade e/ou materiais de reparação; (4)
Aesthetic-CCS – Aesthetic Characterization of
1. introdução
O betão é seguramente o material de constru-
ção mais utilizado a partir da segunda metade
no século XX. Este facto contribuiu para que lhe
fosse injustamente atribuída uma conotação
negativa, fruto do crescimento desregrado das
cidades que ocorreu em Portugal sobretudo
no período pós-revolução. Contudo, existe um
número muito significativo de construções
(edifícios, pontes e barragens) que são ine-
quivocamente parte do património histórico,
sociocultural, tecnológico e arquitetónico na-
cional. Por esta razão, importa incentivar a sua
classificação e definir uma série de medidas
que promovam a sua conservação.
A degradação das estruturas de betão tem
diversas causas, não sendo por isso pos-
sível prever a sua ocorrência. Geralmente,
são efetuadas inspeções visuais periódicas
das estruturas para deteção de anomalias e,
quando se justifica, realizam-se ensaios não-
destrutivos (NDT – Non-Destructive Tests)
de apoio ao diagnóstico e define-se a inter-
venção mais adequada. Esta metodologia
apresenta como principais inconvenientes: (i)
a avaliação pontual (não contínua) do estado
de conservação da estrutura, e (ii) a utiliza-
ção de meios auxiliares de base empírica,
trabalhosos, morosos e amplamente sujeitos
a erro humano.
O desenvolvimento recente de equipamentos
e métodos óticos e digitais e a sua comercia-
lização a custos reduzidos, tornaram a sua
utilização no campo da monitorização de
24_cm
Concrete Surfaces, planeado para caracterizar
superfícies de betão (cor e textura)4.
A conjugação destes módulos permite a iden-
tificação e mapeamento global automático
das anomalias existentes, assim como a sua
atualização contínua, durante a construção e/
ou durante o período de vida útil da estrutura.
Após identificação das regiões possivelmente
danificadas, o ICHM permite determinar todos
os parâmetros relevantes: (1) f issuração,
fornecendo o padrão e todas as dimensões
relevantes, tais como, área, largura, compri-
mento ou caminho das fissuras; (2) campos
de deslocamentos e de deformações em ele-
mentos carregados; (3) áreas de colonização
biológica, identificando os agentes biológicos
(ainda de forma limitada) e medindo as áreas
afetadas; e (4) áreas reparadas com material
inadequado do ponto de vista do restauro.
2.1. MCraCK
O MCRACK2 foi desenvolvido especificamente
para caracterizar, avaliar e monitorizar fissu-
ras, combinando o processamento digital de
imagem e a morfologia matemática (MM)5. A
deteção e a caracterização de fissuras em
superfícies de betão são feitas de forma eficaz
mediante o recurso a uma análise conjunta
global-local. As principais etapas do MCRACK
incluem: (1) aquisição de imagem; (2) análise
global, realizada após a seleção de uma região
de interesse global (GROI – Global Region of In-
terest); (3) seleção de áreas críticas, definidas
património em betãomonitorização inteligente do estado de conservação do betãoJónatas valença, ICIST, DEC ISEC IPC, Portugal, [email protected]
daniel dias-da-Costa, DEC FCTUC, Portugal, [email protected]
luísa gonçalves, INESCC, DEC ESTG IPL, Portugal, [email protected]
eduardo Júlio, ICIST, DECivil IST UTL, Portugal, [email protected]
Helder araújo, ISR, DEEC FCTUC, Portugal, [email protected]
cm_25
> 3> 2
como regiões de interesse local (LROI – Local
Region of Interest); (4) análise local, onde o
método é aplicado de forma direcionada nas
LROIs; e (5) reconstituição global, onde as
LROIs são reconstituídas na GROI, obtendo-se
o mapa final de descontinuidades.
Em relação ao DIP destacam-se os seguintes
passos principais, necessários para realçar os
resultados: (1) pré-processamento, de forma
a destacar descontinuidades na superfície de
betão; (2) processamento, sendo a imagem
binarizada aplicando o método de Otsu6; (3)
pós-processamento, com o objetivo de redu-
zir o ruído e unir descontinuidades vizinhas.
Adicionalmente, aplicam-se várias operações
para caracterizar a fissura: (1) localização da
fissura na superfície de betão; (2) definição
das suas fronteiras; e (3) determinação da
2.2. visual-dsC
O segundo módulo desenvolvido, designado
visual-DSC3, utiliza o pós-processamento de
dados obtidos por fotogrametria no sentido de:
(1) permitir a monitorização de um número vir-
tualmente ilimitado de pontos pré-definidos;
(2) permitir a obtenção, nesses pontos e com
precisão adequada, dos campos de deslo-
camentos e de deformações, em qualquer
instante do ensaio, de forma rápida, fiável
e automática; e (3) constituir uma solução
técnica economicamente viável.
O procedimento desenvolvido baseia-se nas
seguintes etapas principais: (1) preparação
do provete, através da pintura de uma grelha
regular de alvos circulares; (2) aquisição de
imagem; (3) cálculo das coordenadas do cen-
largura da fissura ao longo do seu compri-
mento. Torna-se assim possível caracterizar
automaticamente o perfil da fissura (com-
primento, largura e área). O comprimento
da fissura é definido pelo comprimento das
respetivas fronteiras, enquanto que a largura
é definida pela distância mínima de cada pixel
à fronteira oposta. Este método foi validado
através da sua aplicação a uma vasta campa-
nha de ensaios push-off (Fig. 2(a)). Na Fig. 2(b)
apresenta-se o padrão de fissuração na rotura,
obtido com um destes provetes, enquanto que
na Fig. 3, apresenta-se a monitorização de uma
das fissuras até à rotura.
Com o MCRACK é possível detetar fissuras
existentes na superfície de betão, e efetuar o
seu mapeamento e medição automaticamente,
bem como monitorizar a sua evolução.
Imagem
MCraCK
visual-DSC
Aesthetic-CCS
surFCrete
Pré--processamento
Pré--processamento
Pré--processamento
Separaçãoem bandas
Binarizaçãoda imagem
Fotogrametria
Avaliaçãoda intensidade
Definiçãode classes
Pós--processamento
Campo dedeslocamentos
Avaliação darugosidade
Análiseespectral
Identificaçãode fissuras
Campo dedeformações
Avaliação dacor e textura
Classificaçãoespectral
Mapa Finalde Danos
Requisitosde Restauro
> Figura 1: Fluxograma do método proposto: Monitorização Inteligente do Estado de Conservação do Betão - ICHM.
> Figura 2: Aplicação do MCRACK na fase de rotura do ensaio push-off: (a) imagem RGB; (b) padrão de fissuração.
> Figura 3: Monitorização da fissura f1 no ensaio push-off com o MCRACK: (a) perfil da fissura; (b) medição da largura, área e comprimento.
> 1
Fase de rotura
Tempo (min)
Área
/com
prim
ento
Larg
ura
área (mm2)
comprimento (mm)
largura (mm)
0 5 10 15 20 25 30
200
150
100
50
0
4
3
2
1
0
(a) (b)
património em betão
26_cm
> 5
> 4
tro dos alvos, em várias fases do ensaio; (4)
determinação do campo de deslocamentos;
(5) determinação do campo de deformações;
e (6) avaliação da largura média das fissuras.
Este método foi validado através dos ensaios
push-off anteriormente mencionados (Fig.
2(a)). Os resultados que de seguida se apre-
sentam são igualmente referentes ao ensaio
referido na secção anterior. Ilustram-se, na
Fig. 4, o mapa da extensão principal máxima na
rotura, o padrão de fissuração registado ma-
nualmente e dois pormenores do provete. No
primeiro mapa, incluem-se ainda as direções
principais de deformação (a preto, a máxima,
a vermelho, a mínima). Como se pode verificar,
e como seria de esperar, existe uma forte
correlação entre as direções principais de de-
formação e a orientação das fissuras. É ainda
possível determinar a largura total das fissuras
ao longo de um determinado perfil (Fig. 5). No
exemplo, esta foi calculada ao longo de um
perfil vertical 1-1’ (ver Fig. 4(a)) e comparada
com a aplicação do MCRACK, obtendo-se uma
elevada correlação (R2=0.995).
Com o visual-DSC é possível monitorizar ensaios
até à rotura, ultrapassando as limitações identi-
ficadas nos métodos tradicionais. O visual-DSC
provou ser capaz de caracterizar os campos de
deslocamento e de deformação, num número
praticamente ilimitado de pontos pré-definidos,
sem as restrições típicas de colocação de LVDTs
ou extensómetros. O tratamento da informação
é processado de forma automática, sendo apre-
sentados mapas de resultados extremamente
completos e graficamente elucidativos.
2.3. surFCrete
O SURFCRETE utiliza análise multiespectral de
imagem para identificar anomalias e diferentes
materiais em superfícies de betão, utilizando
os espectros visível (RGB – Red, Green, Blue) e
infravermelho próximo (NIR – Near Infra-Red).
O método SURFCRETE inclui as seguintes
etapas principais: (1) aquisição de imagem;
(2) definição das classes e sua nomenclatura;
(a) (b) (c)
> Figura 4: Aplicação do visual-DSC na fase de rotura do ensaio push-off: (a) extensão principal máxima; (b) mapa de fissuras; e (c) detalhes #1-2.
> Figura 5: Extensão principal máxima medida ao longo do perfil 1-1’.
> Figura 6: Aplicação do SURFCRETE num muro de betão aparente: (a) imagem RGB (321); (b) mapa de caracterização da superfície de betão.
> 6
A M C BCl BCd
cm_27
(3) definição de uma amostra estratificada por
classe; (4) definição de áreas de treino repre-
sentativas das classes; (5) análise espectral;
(6) classificação soft ao nível do pixel; (7)
avaliação dos classificadores; (8) avaliação
da incerteza da classificação; (9) definição
das áreas de referência; e (10) avaliação da
exatidão da classificação.
Após a aquisição das imagens (RGB e NIR) é
definida a nomenclatura das classes, etapa
que requer uma análise prévia da imagem. No
passo seguinte, é selecionada a área de treino,
seguida de uma análise espectral (etapas 3 e
4). Este é um processo iterativo que termina
quando os resultados da separabilidade espec-
tral entre classes são consistentes com os cri-
térios do utilizador. A seguir, a classificação da
imagem exige a definição do classificador, cuja
seleção adequada requer a sua avaliação. Esta
implica a seleção de um conjunto de dados da
amostra (teste 1), semelhante à área de treino
(etapa 6). Finalmente, é essencial avaliar a exa-
tidão da classificação (etapa 7). Isto envolve a
seleção de um conjunto de pixéis de referência
(teste 2), obtidos por amostragem aleatória
estratificada e assumidos como ground truth.
Como caso de estudo, foi avaliado um muro de
betão à vista. Na Fig. 6 apresenta-se este ele-
mento e o respetivo mapa de caracterização,
obtido com uma exatidão global de 82%.
2.4. aesthetic-CCs
O desenvolvimento de argamassas de repara-
ção com requisitos especiais de cor e textura,
tendo por objetivo o restauro de construções
classif icadas, em betão à vista, está atu-
almente em curso por parte dos autores. O
método Aesthetic-CCS visa caracterizar estas
argamassas, assim como as superfícies de
betão onde as mesmas serão aplicadas. A
metodologia consiste nos seguintes passos
principais: (1) aquisição de imagem; (2)
identificação de áreas intervencionadas; (3)
caracterização do betão do substrato através
de DIP e definição dos requisitos da argamassa
a aplicar; (4) remoção da argamassa inade-
quada; (5) aplicação da argamassa formulada
com requisitos cromáticos personalizados; (6)
aquisição de imagem e avaliação do sucesso
da intervenção.
Na Fig. 7(a) são apresentados cinco prove-
tes, relativos a cinco argamassas distintas,
produzidas com diferentes percentagens de
pigmento. As suas características de cor foram
obtidas diretamente por aplicação do método.
As imagens foram captadas em condições de
luminosidade controladas, sendo ainda colo-
cada uma palete de cores padrão junto dos
provetes, de forma a normalizar os valores.
A campanha de ensaios laboratoriais, realiza-
dos com diferentes argamassas de reparação,
encontra-se ainda em curso. Atualmente, a afe-
rição da cor da argamassa está em processo
final de calibração, estando a ser programados
ensaios de envelhecimento acelerado das
argamassas desenvolvidas. Na Fig. 7(b),
apresenta-se um gráfico com o valor médio de
intensidade da cor. Da sua análise, constata-se
que existe uma correlação entre o aumento
de pigmento utilizado na amassadura e a
intensidade da cor. De referir ainda que serão
induzidas diferentes texturas e outros tipos de
acabamentos nas argamassas aplicadas, com
a finalidade de melhor aproximar o resultado
final da informação cromática do substrato,
captada pelo olho humano.
3. Caso de estudo – Fundação Calouste
gulBenKian
Os edifícios da Fundação Calouste Gulbenkian
(FCG) em Lisboa representam um exemplo
notável do “Património em Betão” nacional,
sendo a primeira construção do século XX
classif icada pelo Instituto Por tuguês do
Património Arquitetónico (IPPAR). Por estas
razões, foram adotados como caso de estudo
para testar o ICHM.
O estudo efetuado englobou a inspeção visual
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Betão a partir de 2 mm espessuraBetão a partir de 2 mm espessura
património em betão
28_cm
> 7
detalhada, a realização de ensaios NDT in situ e
de ensaios laboratoriais complementares, além
da aplicação do ICHM em áreas selecionadas
como críticas4. Da inspeção concluiu-se não
existirem anomalias estruturais significativas.
As reparações pontuais (patch repair) efetu-
adas em alguns elementos estruturais cons-
tituem a única exceção de relevo. Decidiu-se
utilizar, nestas zonas, uma combinação de dois
módulos do ICHM: SURFCRETE e Aesthetic-CCS.
O primeiro, visa a identificação e quantificação
das áreas reparadas de forma inadequada e, o
segundo, visa a definição dos requisitos cromá-
ticos da argamassa de reparação.
A substituição das argamassas de reparação
implica o estudo prévio e individual das áreas
a restaurar. O procedimento a seguir inclui os
seguintes passos: (1) identificação, com o
SURFCRETE, de áreas reparadas; (2) caracte-
rização da cor e textura do betão nessas áreas;
(3) formulação da argamassa de reparação
mais adequada a cada zona, tendo em conta
os requisitos de cor e textura do substrato,
assim como a evolução das suas caracterís-
ticas cromáticas no tempo; e (4) aplicação da
argamassa de reparação, com acabamento
idêntico ao do betão do substrato. A Fig. 8
ilustra o resultado do primeiro passo do mé-
todo, através da identificação das áreas com
argamassa de reparação a substituir. Após
testes em laboratório, a argamassa de repa-
ração será aplicada numa área teste da FCG,
com vista a estudar o seu comportamento ao
longo do tempo.
4. ConClusões
O método proposto, ICHM, inclui vários mó-
dulos, de forma a dar uma resposta completa
no âmbito da conservação de construções de
betão, desde a inspeção e identificação de
anomalias, até à definição das intervenções
mais adequadas.
Os testes realizados permitem afirmar que o
ICHM possibilita caracterizar de forma auto-
mática e contínua a patologia do betão, de-
monstrando ser robusto, fiável e preciso, além
de apresentar uma relação custo-benefício baixa. Adicionalmente, o ICHM permite monitorizar o
comportamento estrutural de modelos ensaiados em laboratório, ultrapassando as principais
limitações dos métodos tradicionais, e fornecer informação adicional.
5. agradeCiMentos
Os autores agradecem o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através da bolsa de
doutoramento com referência SFRH / BDE / 15660 / 2007 e da firma Eugénio Cunha & Associados,
Lda (EC+A), cofinanciadora da mesma. Os agradecimentos são extensivos à Fundação Calouste
Gulbenkian, pelo apoio dado na ìnspecção e investigação realizadas.
ReFeRências1 valença, J., Júlio, e., araújo, H. “intelligent Concrete Health Monitoring (iCHM): an innovative Method for Monitoring
Concrete structures using Multi spectral analysis and image Processing”. 8th fib Phd symposium, June 20 – 23. 20102 valença, J., dias-da-Costa, d., Júlio, e. “development of a Method for Crack Characterization using image Processing of
Concrete surface”. 13th structural Faults and repair 2010, 15-17 June. 20103 dias-da-Costa, d., valença, J., Júlio, e. “laboratorial test monitoring applying photogrammetric post-processing procedures
to surface displacements”. Measurement 44: 527-538. (2011) 4 valença, J., Júlio, e. “Conservation requirements for Concrete Heritage. the Case study of the Buildings of the Fundação
Calouste gulbenkian in lisbon”. iCsa 2010, 21-23 July. 20105 Kowalczyk, K., Koza, P., Kupidura, P., Marciniak, J. “ application of mathematical morphology operations for simplification
and improvement of correlation of images in close-range photogrammetry”. the international archives of the Photogram-metry, remote sensing and spatial information sciences, vol XXXvii Part B5, pp. 153-158. 2008
6 otsu, n. “a threshold selection method from gray-level histogram”. IEEE Transactions on System Man Cybernetics sMc-9:
62-66. (1979)
> Figura 7: Aplicação do Aesthcrete-CCS: (a) argamassas de reparação produzidas; (b) estudo da cor.
> Figura 8: Aplicação do SURCRETE para detecção e quantificação das áreas reparadas.
> 8
Argamassa de reparação
Betão
Betão e/ou reparações antigas
Juntas e vazios
Percentagem de pigmento
0.00% 0.05% 0.10% 0.15% 0.20% 0.25% 0.30%
Média
Mín.
Máx.
1.20
1.00
0.80
0.60
0.40
0.20
0.00
Inte
nsid
ade
de P
ixei
s
R2 = 0,9976
1.020.83 0.75 0.72 0.71
> Figura 7: Aplicação do Aesthcrete-CCS: (a) argamassas de reparação produzidas; (b) estudo da cor.
> Figura 8: Aplicação do SURCRETE para detecção e quantificação das áreas reparadas.
30_ 33
construção em Portugal durante o século XX.
Ou seja, se esse foi o século em que mais se
construiu (o XXI está ainda a começar), pode
considerar-se Portugal um país de betão. Das
obras extraordinárias de Edgar Cardozo ao
legado singular de Álvaro Siza – cujo momento
maior das Piscinas de Leça ombreia com a
proeza técnica de Segadães Tavares na pala
de Lisboa – até tantas outras obras de grande
qualidade feitas por arquitetos e engenheiros
menos badalados na imprensa, há um vasto
património recenseado ou em vias de recensão
que se encontra sob ameaça. A ameaça não é
a sua degradação – o betão não desmorona
na primeira ocasião e a ruína é um espaço
fascinante – mas é, sobretudo, o modo trágico
de renovação a que pode ser sujeito. Veja-se a
capacidade destrutiva dos sucessivos planos
de requalificação do centro do Porto que, sob
a égide do restauro (geralmente em betão),
têm apagado sucessivamente as qualidades
únicas da cidade.
A questão é complexa. Têm havido tantos de-
bates, o assunto tem sido discutido à exaus-
tão e, nem assim, se impedem os maiores
desastres de acontecerem à frente de todos.
Essa incapacidade talvez se deva ao facto de
esses debates não serem capazes de trazer
uma luz homogénea e amplamente partilhada
sobre o assunto. Ou de serem conduzidos num
campo distinto das práticas de construção e
transformação da cidade. Quem sabe? O que
é certo é que pugnar pelo uso de critérios
substancialmente indefinidos de qualidade,
O Estádio de Braga, um colosso de betão
armado projetado pelo nosso mais jovem
Prémio Pritzker, Eduardo Souto de Moura, foi
classificado como património pelo IPPAR no
momento da sua inauguração. O antigo treina-
dor da equipa de futebol do Sporting Clube de
Braga, Domingos Paciência, reconheceu essa
qualidade mágica que a arquitetura pode ter
na prática do futebol: Os jogadores que vêm cá
jogar é que ficam muito tempo a olhar para o
ar, para os cabos que ligam os tectos das duas
bancadas. Alguns tentam mesmo pontapear a
bola, a ver se conseguem chegar com ela aos
cabos, mas não conseguem.1 Esta explicação
é clara para demonstrar o que pode ser, ou não,
património arquitetónico: o fascínio que as
obras provocam em quem as habita, fascínio
que é incompreensivelmente inatingível de
uma forma física. Ora, se no caso das obras
de Eduardo Souto de Moura este fascínio
corresponde também a um padrão elevado da
cultura arquitetónica, e por isso partilhável
no interior de uma disciplina específica e da
cultura coletiva, há muitas obras cujo fascínio
se restringe a apenas alguns.
Este não é o momento para estar a discutir
conceitos de património. Mas, para compre-
ender o que pode ser, ou não, património em
betão armado, há que ter noção de estarmos
a tratar, talvez, do material mais usado na
30_cm
em geral, tem trazido bons resultados e,
pelo contrário, pugnar por critérios claros e
objetivos de eficácia tem trazido péssimos
resultados. Recordem-se os numerosos res-
tauros polémicos – mas bem sucedidos – da
dupla Eduardo Souto de Moura e Humberto
Vieira (1946-2002 ), cujo tempo das obras
não se compadeceu com ritmo frenético de
calendários compactos, e compreenda-se
essa dimensão ambígua necessária na requa-
lificação e reutilização do património.
Onde está O betãO armadO?
O principal problema da identificação de um pa-
trimónio em betão armado é a sua invisibilida-
de. Se para obras que merecem atenção pelas
suas qualidades arquitetónicas ou estruturais
é relativamente fácil identificar esse patrimó-
nio, em geral por via da autoria, o mesmo não
acontece para obras cujas qualidades não são
tão visíveis. E isso é o que acontece com as
primeiras obras de betão armado em Portugal.
Por razões várias convencionou-se que o
betão armado fez história a partir da política
de infraestruturação do país no momento
da constituição do Estado Novo, nos anos
tr inta. Os Liceus de Beja e Coimbra, por
exemplo, são os exemplos clássicos dessa
afirmação de uma arquitetura capaz de se
representar moderna, de betão. Haveria
alguns precursores, nos anos vinte, como
seriam os exemplos dos Grandes Armazéns
património em betãoficar muito tempo a olhar para o arnotas sobre o património em betão armado na arquitetura portuguesa
andré tavares
Arquiteto
1 Domingos Paciência citado em Sérgio ANDRADE, Alexandra
Prado COELHO, Cláudia CARVALHO, «Reações à escolha do
arquiteto portuense» in Público, 28 de março de 2011.
cm_31
Nascimento, no Porto, (hoje completamente
abastardados) ou da Clínica Heliântia de Fran-
celos (que já viu melhores dias), tidas como
obras pioneiras apesar de concessões a um
ecletismo “pouco sério”. Nos anos cinquenta
e sessenta essa presença diversificou-se,
com o reconhecimento de obras modernas e
de revisão crítica, de autores como Rui Athou-
guia (1917-2006) ou Nuno Teotónio Pereira e
do seu atelier. Todo esse processo está bem
identificado em várias publicações e ações
institucionais, incluindo a viagem peculiar
da arquitetura portuguesa nos anos setenta
e oitenta, até à sua celebração conjunta com a
reinfraestruturação do país nos anos noventa
com o seu culminar no diamante holandês na
Casa da Música, no Porto.2
O que não se conhece, porque é mais difícil
de identificar, é a presença fundamental de
um betão anónimo, um conjunto de práticas
menos celebradas pela historiografia e que
foram capazes de formar um certo modo de
construir. Será que se devem constituir como
património? Provavelmente não serão capazes
de nos deixar aturdidos a pontapear bolas sem
destino, mas constituem um registo físico de
uma forma de fazer e de uma transformação
nas práticas da construção que, essa sim,
convém não esquecer.
possuir os requesitos apontados, não
é necessário que o carpinteiro seja de
primeira ordem, pois o seu trabalho se
reduz quási sempre a serrar e pregar tá-
buas, raramente fazendo uso da plaina, as
mais das vezes desbastando a enxó. Com
um carpinteiro e trabalhadores geitosos
executam-se todas as moldagens, sob as
indicações do mestre geral. Do mesmo
modo não se torna necessário um ferreiro
(…), pois o que se lhe exige é curvar, cortar,
espartilhar, abrir unhas, etc., em barras
ou varões de ferro, além de saber aguçar
e calçar as ferramentas, etc. O pedreiro é
também dispensável pois para o fabrico
de beton bastam serventes com prática
de amassar cimento.3
Ou seja, Portugal, tal como a maioria dos ter-
ritórios coloniais, era um território apetecível
para a aplicação e exportação do conhecimen-
to que se acumulava nas metrópoles. Bem
vistas as coisas, qualquer um pode construir
em betão armado, desde que haja alguém que
indique, com alguma margem de segurança,
quais as proporções certas de ferro e cimento.
As patentes de diferentes formas de construir
em betão proliferaram ao longo do século XIX,
são incontáveis. Mas entre elas distinguiu-se a
Onde estava O betãO armadO?
O betão armado apareceu em Portugal no final
do século XIX em concorrência direta com a
construção metálica. Há notícias vagas, que
ainda convêm ser exploradas, da presença
de concessionários de patentes britânicas
e francesas a construir e a mostrarem-se
presentes em Portugal. Não seria de esperar
outra coisa, a dinâmica de infraestruturação do
país durante o século XIX, de que as obras de
Gustave Eiffel davam notícia pela Europa, agu-
çou o apetite de muitos investidores. Portugal
seria um local ideal para a expansão do betão
armado: bem servido por acessos marítimos
o país oferecia a possibilidade de colocar lo-
calmente, com baixos custos de transporte, o
cimento e o aço – matérias-primas produzidas
por indústrias pesadas onde se geravam mais
valias significativas.
A inteligência e o sucesso do betão ficaram a
dever-se a um binómio muito eficaz: a centra-
lização da produção industrial pesada (ferro e
o cimento) e do conhecimento especializado
(a conceção e o cálculo) e a descentralização
da aplicação graças ao uso de técnicas cons-
trutivas muito rudimentares. Como explica
Jorge Segurado no seu manual de construção
publicado por volta de 1918:
O pessoal operário não precisa ser es-
pecializado (…) se o encarregado geral
Moagens Harmonia, Cova da Piedade, 1896, Jacques Monet1.º concessionário Hennebique em Portugal. © CAA-XX/IFA, Paris.
2 Para estas obras consultar a pequena bibliografia incluída
no final do artigo.
3 Jorge SEGURADO, Cimento Armado, Lisboa, Aillaud e Ber-
trand, [1918], pp.561-562.
Bombeiros do Porto, Rua da Constituição, 1903. Moreira de Sá & Malevez.© CAA-XX/IFA, Paris.
património em betão
32_cm
patente Hennebique, a cuja astúcia técnica da
“invenção” do estribo (e como consequência a
conquista de uma grande economia de mate-
rial e simplificação da aplicação em obra) se
associou uma proverbial intuição comercial.
Hennebique não é construtor, uma frase que
figurava em toda a sua extensa campanha
publicitária, insistia nessa componente ori-
ginal da sua atividade: Hennebique era um
“escritório técnico” com sede em Paris e com
concessionários locais espalhados por todo o
mundo. Concessionários com capacidade de
atuar localmente com alguma independência.
Essa estratégia fez com que fosse capaz de
agrupar um palmarés invejável de recordes e
conhecimentos técnicos que, com um sistema
publicitário poderoso, migravam com grande
facilidade a partir de Paris.
A fábrica de moagens Harmonia, construída
em 1898 na Cova da Piedade, em Almada, é
um primeiro exemplo de dimensão assinalável
dessa presença em Portugal. Construída pelo
primeiro concessionário Hennebique em Lis-
boa, Jacques Monet, a fábrica poderia constar
entre os edifícios pioneiros de Lille e Swansea
que foram publicados na revista Le béton
armée em 1896. Mas foi sobretudo a partir
de 1903, quando o segundo concessionário
Moreira de Sá & Malevez construiu no Porto
uma torre de exercícios para bombeiros, que
teve início uma expansão muito particular do
betão armado em Portugal. Espalhadas por
Portugal inteiro, cubas de vinho, depósitos de
água, torres de catedrais, lajes de sanatórios,
padieiras de janelas anónimas, cúpulas de
termas eruditas, pilares de pontes, silos e
pontões, enfim, uma infinidade de pequenas
obras foram construídas em betão armado,
de Vila Real de Santo António a Mirandela, de
Penacova a Lisboa.
Essas obras revelam-nos pistas muito curiosas
para compreender o que se passou em Portugal
na prática da construção até à Grande Guerra.
Ou seja, ao contrário do que nos informa a his-
toriografia da arquitetura, estavam em campo
práticas tecnológicas desestabilizadoras da
construção corrente que explicam algumas
particularidades e especificidades da cultura
portuguesa. Um exemplo que do ponto de vista
do património começa a ser tarde para defen-
der, e que é exemplo do percurso que essas
dinâmicas vieram a tomar alguns anos mais
tarde, é a transformação da cidade do Porto
através da modificação dos hábitos domésti-
cos dos anos vinte aos anos quarenta, como
tão bem nos mostrou Manuel Mendes.4 Essas
obras iniciais do betão armado não se oferecem
a uma compreensão feita à luz de parâmetros
estritamente formais, ou da sua relevância tu-
telar no debate da arquitetura e da construção.
Contudo, o facto de serem generalizáveis a todo
o território e de terem sido postas em prática
por uma mão de obra bastante desqualificada,
explicam-nos modificações para as quais não
temos estado atentos.
O exemplo da torre de exercício dos bombeiros
do Porto, construída em 1903 no Porto, é disso
um bom exemplo: não é possível ler, na crueza
funcional da sua construção, a independência
do sistema estrutural de betão armado em
relação ao enchimento dos planos de parede,
tal como preconizava Auguste Perret? Ou
o exemplo insólito das operárias do betão
armado, que construíram a ponte de Oliveira
de Frades, uma obra pioneira hoje em risco
de submergir sob a empreitada de mais uma
barragem no rio Vouga. O que faziam mulheres
num estaleiro de obra? Ou o exemplo, já destru-
ído, dos torreões da Catedral de Lisboa. Seria o
betão armado um sistema “sem dignidade” se
foi usado no restauro de um monumento com a
importância simbólica da Sé de Lisboa? Enfim,
estas e tantas outras interrogações fazem-nos
perguntar pela oportunidade de preservar,
mas sobretudo de identificar e conhecer, um
património anónimo que jaz latente em todo o
território português.
Esse património salta à vista nas ocasiões
mais inusitadas, e sob as formas mais extraor-
dinárias. Ao entrar em Setúbal um incrível mira-
douro, juntamente com um solário construído,
aparentemente, num sistema distinto do de
Hennebique, jaz à espera de uma demolição
eminente. Em Castro Verde, com um estatuto
mais digno, um mirante insinua-se na rua Fia-
lho de Almeida. Em Angra do Heroísmo, o Banco
de Portugal é outro exemplo notável de como
o novo sistema construtivo despoletou expe-
riências e ensaios inovadores. E a história do
betão armado, que esses edifícios escondem,
também nos ensina coisas estranhas sobre o
modo como evoluíram as práticas construtivas
e a cultura portuguesa.
A descoberta desse universo está ainda por
fazer.
Catedral de Lisboa, construção dos torreões em betão armado, Moreira de Sá & Malevez.© CAA-XX/IFA, Paris.
Setúbal, 2005. © André Tavares.CAA-XX/IFA, Paris. / Fonds Hennebique. Centre d’Archives d’Architecture du XXéme siècle, Institut Français d’Architecture, Paris.
4 Ver bibliografia.
cm_33
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Arcádia, 1973.pistas bibliográficas
Dois exemplos de património anónimo em Portugal: Castro Verde e Setúbal © Panoramio/Google Maps
34_ 39
tidos em conta os custos que uma eventual
ruína da estrutura acarretaria (Petcherdchoo
et al., 2008).
Os sistemas de monitorização do comporta-
mento assumem um papel da maior importân-
cia ao fornecerem informação aos modelos de
decisão que permitem calendarizar e tipificar
intervenções em obra, tendo em atenção as
condições de segurança e de durabilidade da
estrutura e a gestão otimizada dos recursos.
Conforme se representa esquematicamente
na Figura 1, o envelhecimento das estruturas
traduz-se numa redução progressiva das ca-
racterísticas do comportamento estrutural.
As intervenções de rotina para preservar o
comportamento expectável podem ter um
caráter preventivo (manutenção preventiva),
ou serem essenciais para manter a estrutura
dentro dos limites aceitáveis de segurança
1. Introdução
A avaliação das condições de utilização das
estruturas de engenharia civil constitui atual-
mente um dos maiores desafios, colocado às
entidades responsáveis pela sua exploração.
O envelhecimento das estruturas existentes e
as novas exigências funcionais e de segurança
obrigam ao desenvolvimento de estratégias de
intervenção em obra para que, com uma ges-
tão adequada dos recursos, seja assegurado
ou aumentado o período de exploração com
qualidade e eficiência económica.
Para que uma estrutura permaneça em serviço
em aceitáveis condições de segurança devem
ser contabilizados, além dos custos de inspe-
ção e monitorização, os custos decorrentes
das intervenções em obra, em particular de
manutenção e de reparação. Devem ainda ser
34_cm
(manutenção essencial).
Na monitorização do comportamento das es-
truturas, a medição das grandezas relevantes
é realizada em permanência com recurso a
sistemas que fazem parte integrante da es-
trutura. Na sua essência, estes sistemas são
constituídos por sensores, sistemas de aqui-
sição, de processamento e de armazenamento
de informação e sistemas de comunicação,
com elevado grau de automação, versatilidade
e flexibilidade (Bergmeister e Santa, 2001).
A sua integração na estrutura viabiliza o seu
acompanhamento permanente, medindo,
interpretando, sentindo a estrutura. É neste
contexto que se pode afirmar que, nos mais
recentes sistemas de monitorização, as estru-
turas são dotadas de sensibilidade.
Atualmente é possível o estabelecimento de
comunicação entre o sistema instalado na
património em betãoa monitorização das estruturas na conservação do património
Carlos Félix
LABEST – ISEP
Joaquim Figueiras
LABEST – FEUP
As estruturas de betão constituem um património de elevado valor, não só em termos históricos
e de investimento, mas também no suporte ao desenvolvimento tecnológico das organizações
e ao bem-estar da sociedade.
A construção de tais estruturas tem acompanhado e sustentado o desenvolvimento socioeco-
nómico do país, tendo experimentado um enorme desenvolvimento nas últimas décadas. A par
das estruturas mais recentes, o parque edificado conta ainda com outras bem mais antigas,
algumas das quais com mais de um século de existência. Para a conservação deste património
urge o desenvolvimento de metodologias de avaliação que prolonguem tanto quanto possível
o seu período de vida útil, em condições de economia e de segurança, adequando-o às mais
recentes exigências em termos funcionais.
os sistemas de monitorização disponibilizam atualmente meios inovadores que contribuem para
a avaliação das condições de segurança estrutural e da sua durabilidade e permitem aumentar
o conhecimento acerca do seu funcionamento, por via da aferição de modelos numéricos. tais
sistemas podem acompanhar todo o ciclo de vida útil da estrutura, desde a sua execução, fase
de exploração e eventuais fases posteriores de reabilitação e de reforço estrutural.
Este artigo resume algumas das técnicas de medição que mais recentemente têm sido aplicadas
à monitorização das estruturas de engenharia civil, contribuindo para que estes sistemas sejam
mais robustos e mais adequados às actuais exigências da gestão do património construído.
cm_35
estrutura e uma estação remota, viabilizando-
se deste modo a transferência, em tempo real,
de toda a informação disponível, para uma rede
global de informação.
Uma outra característica impor tante dos
sistemas de monitorização é a possibilidade
de gerarem sinais de alarme, quando de-
terminados parâmetros pré-definidos são
excedidos. Quando estes sistemas, além
destas características, têm poder decisório,
e podem intervir automaticamente nas estru-
turas, constituem a essência das designadas
“estruturas inteligentes”.
2. ComPonEntEs do sIstEmA
Os elementos que constituem os sistemas
de monitorização podem ser agrupados nos
seguintes subsistemas:
– Rede de sensores
– Unidades de aquisição de dados
– Unidade de comunicação
– Controlo, visualização e pós-processamento
A Figura 2 ilustra a integração dos diferentes
subsistemas num sistema de monitorização,
com a rede de sensores e o sistema de aquisi-
ção instalados em obra (ver Figura 3) e todo o
sistema de pós-processamento de dados lo-
calizado em gabinete (central de controlo). Um
módulo de comunicação remota estabelece a
ligação da obra à central de controlo.
Os circuitos de condicionamento e de conver-
são de sinal podem estar localizados juntos
dos sensores, ou concentrados na unidade
de aquisição. Na unidade central de processa-
mento é realizado o controlo local da aquisição
e o tratamento prévio das leituras, segundo
procedimentos automáticos estabelecidos
previamente por programação. Diferentes pro-
tocolos permitem o acesso local ou remoto ao
sistema de controlo e às leituras efectuadas,
como por exemplo, através de uma página Web
(ver Figura 4). O pós-processamento dos dados
é constituído por um conjunto de software de
> Figura 1: Reposição dos níveis de segurança estrutural (Santa e Bergmeister, 2000).
> Figura 2: Esquema geral de um sistema de monitorização.
> Figura 3: Unidades de aquisição instaladas em obra e cabos de ligação de sensores.
> Figura 4: Página Web de acesso a dados.
> 1
Para que uma estrutura permaneça em serviço em aceitáveis condições de segurança devem
ser contabilizados, além dos custos de inspecção e monitorização, os custos decorrentes das
intervenções em obra, em particular de manutenção e de reparação. Devem ainda ser tidos em
conta os custos que uma eventual ruína da estrutura acarretaria (Petcherdchoo et al., 2008).
Os sistemas de monitorização do comportamento assumem um papel da maior importância ao
fornecerem informação aos modelos de decisão que permitem calendarizar e tipificar
intervenções em obra, tendo em atenção as condições de segurança e de durabilidade da
estrutura e a gestão optimizada dos recursos. Conforme se representa esquematicamente na
Figura 1, o envelhecimento das estruturas traduz-se numa redução progressiva das
características do comportamento estrutural. As intervenções de rotina para preservar o
comportamento expectável podem ter um carácter preventivo (manutenção preventiva), ou
serem essenciais para manter a estrutura dentro dos limites aceitáveis de segurança
(manutenção essencial).
Figura 1 Reposição dos níveis de segurança estrutural (Santa e Bergmeister, 2000).
Na monitorização do comportamento das estruturas, a medição das grandezas relevantes é
realizada em permanência com recurso a sistemas que fazem parte integrante da estrutura. Na
sua essência, estes sistemas são constituídos por sensores, sistemas de aquisição, de
processamento e de armazenamento de informação e sistemas de comunicação, com elevado
grau de automação, versatilidade e flexibilidade (Bergmeister e Santa, 2001). A sua integração
na estrutura viabiliza o seu acompanhamento permanente, medindo, interpretando, sentindo a
estrutura. É neste contexto que se pode afirmar que, nos mais recentes sistemas de
monitorização, as estruturas são dotadas de sensibilidade.
Período de vida útil [anos]
Com
porta
men
to e
stru
tura
l
Ideal
Manutenção preventiva
Manutenção essencial
Limite de segurança
OBRA
REDE DE SENSORES
UNIDADE DE AQUISIÇÃO
SE
NS
OR
ES
CO
ND
ICIO
NA
ME
NT
O
CO
NV
ER
SO
R A
/D
UNIDADE CENTRAL DE PROCESSAMENTO
CONTROLO DA AQUISIÇÃO
PR
OT
OC
OLO
S D
E
CO
MU
NIC
AÇ
ÃO
SISTEMA DE TRANSMISÃO
REMOTA
COMUNICAÇÃO
TRATAMENTO DE DADOS
REDE DE COMUNICAÇÃO
LOCAL
CONTROLO DA AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DE DADOS
AVALIAÇÃO E DETECÇÃO DE DANOS
GERAÇÃO DE ALARMES
CENTRAL DE CONTROLO
CONTROLO, VISUALIZAÇÃO E
PÓS-PROCESSAMENTO
> 2
> 3 > 4
património em betão
36_cm
> 5
visualização, validação e interpretação das
medições efetuadas, que é complementado
por modelos numéricos de comportamento
estrutural e por modelos de gestão e de deci-
são (Sousa et al., 2011).
3. sEnsorEs Em FIbrA óPtICA
A tecnologia dos sensores em fibra óptica
foi inicialmente desenvolvida no seio da
indústria da aviação mas tem vindo a ser apli-
cada com sucesso ao domínio da engenharia
civil. Esta tecnologia apresenta inúmeras
vantagens de que se salienta a imunidade
aos campos electromagnéticos e a reduzida
perda de sinal. Em particular, nos sensores
que recorrem à modulação do comprimento
> Figura 5: Transdutores baseados em sensores em fibra ótica instalados na Ponte da Lezíria.
> Figura 6: Rede de sensores sem fios.
a) Transdutor de deformação
b) Transdutor de temperatura c) Transdutor de flechas
> 6
a) Transdutor de deformação
b) Transdutor de temperatura c) Transdutor de flechas
Figura 5 – Transdutores baseados em sensores em fibra óptica instalados na Ponte da Lezíria.
4. Sensores sem fios
Os sensores sem fios podem também vir a constituir uma alternativa à instrumentação
convencional, principalmente em obras de grandes dimensões e com elevado número de
secções instrumentadas. A cada sensor, ou conjunto de sensores, está associado uma estação
local que, alimentada por baterias, procede à interrogação dos sensores, à conversão e
armazenamento local do sinal e à sua transmissão em frequência para uma estação central (ver
Figura 6). Estes dispositivos podem ainda ser dotados de um receptor que permite o controlo
remoto do processo de medição. Apresentam como principais vantagens a facilidade de
instalação, de reparação ou de substituição. Contudo, a sua adopção nem sempre é possível
atendendo a que elementos estruturais maciços de grandes dimensões podem constituir um
sério obstáculo à transmissão do sinal.
Figura 6 Rede de sensores sem fios.
A frequência de transmissão e a potência do sinal destes sistemas, limitadas em termos legais
condicionam a distância entre transmissor e receptor. Nos sistemas actualmente disponíveis na
Europa é já possível atingir distâncias até 5km. Para distâncias superiores têm de ser utilizados
ESTAÇÃO CENTRAL
RS232/USB
ESTAÇÃO REMOTA
SE
NS
OR
ES
ESTAÇÃO REMOTA
SE
NS
OR
ES
de onda da luz, como é o caso dos sensores
de Br ag g. Não obs tante a conveniência
de se proceder à medição simultânea da
extensão e da temperatura, duplicando por
isso frequentemente o número de sensores,
estão facilitadas as técnicas de multiplexagem
espacial, podendo uma só fibra ser portadora
dos sinais de diversos sensores. A Figura 5
ilustra alguns dos sensores em fibra óptica
que têm sido utilizados na instrumentação de
estruturas (Rodrigues et al., 2011).
4. sEnsorEs sEm FIos
Os sensores sem fios podem também vir a
constituir uma alternativa à instrumentação
convencional, principalmente em obras de
grandes dimensões e com elevado número de
secções instrumentadas. A cada sensor, ou
conjunto de sensores, está associado uma
estação local que, alimentada por baterias,
procede à interrogação dos sensores, à con-
versão e armazenamento local do sinal e à sua
transmissão em frequência para uma estação
central (ver Figura 6). Estes dispositivos
podem ainda ser dotados de um recetor que
permite o controlo remoto do processo de me-
dição. Apresentam como principais vantagens
a facilidade de instalação, de reparação ou de
substituição. Contudo, a sua adopção nem
sempre é possível atendendo a que elementos
estruturais maciços de grandes dimensões
podem constituir um sério obstáculo à trans-
missão do sinal.
A frequência de transmissão e a potência do
sinal destes sistemas, limitadas em termos
legais condicionam a distância entre trans-
missor e receptor. Nos sistemas atualmente
disponíveis na Europa é já possível atingir
distâncias até 5km. Para distâncias superio-
res têm de ser utilizados repetidores de sinal.
Desenvolvimentos desta tecnologia (Krüger
e Grosse, 2004) têm permitido a construção
de sistemas de baixo consumo, com baterias
de maior duração, protocolos de comunica-
ção mais robustos e a custos cada vez mais
reduzidos.
5. monItorIzAção dA durAbIlIdAdE
A monitorização da durabilidade visa funda-
mentalmente, a avaliação da degradação das
propriedades do betão de recobrimento e o
controlo da corrosão das armaduras, permitindo
uma correta e atempada tomada de decisão no
caso de possíveis intervenções de reabilitação
(Figueiras et al., 2008). Na monitorização da du-
rabilidade podem ser observadas, entre outras,
as seguintes grandezas: potencial de corrosão;
resistividade do betão; velocidade de corrosão
instantânea; velocidade de corrosão “natural”.
Quando o sistema é instalado durante a fase
de execução da obra, utilizam-se sensores de
embeber no betão instalados na camada de
a) Transdutor de deformação
b) Transdutor de temperatura c) Transdutor de flechas
Figura 5 – Transdutores baseados em sensores em fibra óptica instalados na Ponte da Lezíria.
4. Sensores sem fios
Os sensores sem fios podem também vir a constituir uma alternativa à instrumentação
convencional, principalmente em obras de grandes dimensões e com elevado número de
secções instrumentadas. A cada sensor, ou conjunto de sensores, está associado uma estação
local que, alimentada por baterias, procede à interrogação dos sensores, à conversão e
armazenamento local do sinal e à sua transmissão em frequência para uma estação central (ver
Figura 6). Estes dispositivos podem ainda ser dotados de um receptor que permite o controlo
remoto do processo de medição. Apresentam como principais vantagens a facilidade de
instalação, de reparação ou de substituição. Contudo, a sua adopção nem sempre é possível
atendendo a que elementos estruturais maciços de grandes dimensões podem constituir um
sério obstáculo à transmissão do sinal.
Figura 6 Rede de sensores sem fios.
A frequência de transmissão e a potência do sinal destes sistemas, limitadas em termos legais
condicionam a distância entre transmissor e receptor. Nos sistemas actualmente disponíveis na
Europa é já possível atingir distâncias até 5km. Para distâncias superiores têm de ser utilizados
ESTAÇÃO CENTRAL
RS232/USB
ESTAÇÃO REMOTA
SE
NS
OR
ES
ESTAÇÃO REMOTA
SE
NS
OR
ES
cm_37
> 8
recobrimento e ligados à armadura. A Figura 7
ilustra um destes dispositivos, designado por
kit-sensor de corrosão, que integra um sensor
de corrente galvânica, um sensor elétrodo de
referência e um sensor de temperatura. A ins-
talação destes sensores na estrutura permite
monitorizar a entrada dos agentes agressivos
no betão de recobrimento, prever o período de
iniciação da corrosão e, após a despassivação
das armaduras, avaliar a velocidade com que
estas se corroem. A interrogação, aquisição e
transferência do sinal do kit-sensor de corrosão
é realizada de forma contínua e automática,
através de dataloggers específicos.
Quando se pretende instalar este sistema em
estruturas existentes, pode optar-se por son-
das circulares, sendo os eléctrodos dispostos
em torno de uma forma anelar. Os orifícios para
instalação destes sensores são abertos com
caroteadora, a seco, com diâmetro próximo do
diâmetro do próprio sensor, até à profundidade
correspondente ao recobrimento das armadu-
ras. Uma vez instalado o sensor, a folga deixada
livre entre o sensor e o orifício é preenchido
com uma argamassa de reparação adequada.
6. monItorIzAção dA InFrAEsCAvAção
A monitorização da infraescavação tem como
objetivo avaliar e acompanhar a evolução da
cota do leito do rio junto dos pilares de pontes
em resultado da acção erosiva da corrente
da água (Sousa et al., 2011). O sistema ge-
ralmente adotado para avaliar e acompanhar
a evolução da infraescavação assenta num
sensor conhecido pelo nome de sonar (ver Fi-
gura 8). O princípio de funcionamento do sonar
repousa na emissão de uma onda acústica, que
é emitida e se propaga na água do rio, é reflec-
tida quando atinge o seu leito e transmitida de
volta para o sonar. Conhecendo-se o intervalo
de tempo entre o instante em que a onda so-
nora é emitida e o instante que é recebida, e a
velocidade de propagação da onda sonora no
meio, determina-se a distância percorrida pela
onda sonora nesse meio (distância do sonar
ao leito do rio).
A existência dum escoamento demasiado
turbulento e a presença de bolhas de ar ou de
sedimentos em suspensão podem provocar
reflexões das ondas sonoras e falsear as me-
didas. A possibilidade de fixação de algas ou
de organismos sobre o emissor/recetor deve
ser avaliado porque pode igualmente falsear as
medições. Outros fatores afetam o resultado
da medição, como por exemplo, a temperatura
da água ou o teor em sal.
7. monItorIzAção dE dEsloCAmEntos
Com Gnss
A aplicação de sistemas de monitorização
estrutural baseados em sistemas globais de
navegação por satélite (GNSS) tem experi-
mentado mais recentemente grandes desen-
volvimentos (Fileno et al., 2009 e Cunha et al.,
2010), sobretudo devido às novas soluções
tecnológicas dos recetores, mais avançadas
mas também mais económicas, e ao desenvol-
vimento de modelos de processamento de si-
nal. Por outro lado, a programada colocação em
órbita de mais satélites, e a disponibilização
de mais informação a partir dos já existentes,
torna previsível uma utilização mais robusta,
mais fiável e mais alargada destes sistemas.
São sistemas de rádio-posicionamento de base
espacial que fornecem aos utilizadores um
serviço global de posicionamento e navegação.
A obtenção das soluções de posição e de tempo
são conseguidas através do processamento,
por recetores eletrónicos especialmente
concebidos, dos sinais rádio emitido pelos
satélites. Atualmente estão a operar dois sis-
temas, um norte-americano (o GPS – Global Po-
sitioning System, que se encontra a operar em
condições de pleno funcionamento) e o
a) Kit-sensor de corrosão instalado antes da betonagem b) Sensor de corrente galvânica
> 7
> Figura 7: Sistema de medição dos parâmetros de durabilidade.
> Figura 8: Sonar instalado em calha em maciço de fundação.
38_cm
> 10> 9
outro russo (o GLONASS – Global Navigation
Satellite System, a operar já com 21 dos 24
satélites inicialmente previstos). Estão em
diferentes fases de desenvolvimento outros
sistemas GNSS, nomeadamente o GALILEO
(sistema europeu, ainda sem qualquer satélite
operacional no espaço) e o COMPASS-BEIDOU
(sistema chinês).
Em ensaios conduzidos em ambiente controla-
do, onde se estabeleceu a comparação entre os
deslocamentos medidos com um LVDT e com
um par de recetores GNSS (ver Figura 9),
obtiveram-se desvios inferiores a ±4mm.
Resultados de idêntica qualidade foram obti-
dos quando os dois receptores permaneceram
imóveis durante cerca de uma hora, tendo-se
às posições em bruto sido também aplicados
filtros de média móvel com amplitudes de 10
e 30 segundos (ver Figura 10).
A aplicação do sistema de monitorização com
base em GNSS está especialmente vocacio-
nado à medição de deslocamentos de pontos
em campo aberto, como é o caso de barragens,
de tabuleiros de pontes ou do topo de mastros
de pontes atirantadas, em que a precisão sub-
milimétrica não seja um requisito.
8. rEdE dE ComunICAção
As secções a instrumentar numa obra apre-
sentam frequentemente distâncias elevadas
entre si, tornando difícil e ineficiente a ligação
de cada transdutor a uma única central de ob-
servação. Nestas condições, o processo mais
adequado e robusto consiste na utilização de
módulos de aquisição de menores dimensões
distribuídos ao longo da obra, dotados de um
sistema de comunicação que permite a sua
interligação em rede. Este procedimento per-
mite, além de simplificar a instalação, evitar ou
reduzir significativamente o ruído e as perdas
do sinal eléctrico ao longo dos cabos de ligação.
Nestas configurações, os sistemas de aqui-
sição devem ter a possibilidade de comunicar
entre si em rede, utilizando para o efeito pro-
tocolos de comunicação correntemente utili-
zados na indústria, como a Ethernet ou RS-485.
> Figura 9: Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um recetor GNSS.
> Figura 10: Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um recetor GNSS.
> Figura 11: Esquema da rede local de comunicação em fibra ótica.
soluções tecnológicas dos receptores, mais avançadas mas também mais económicas, e ao
desenvolvimento de modelos de processamento de sinal. Por outro lado, a programada
colocação em órbita de mais satélites, e a disponibilização de mais informação a partir dos já
existentes, torna previsível uma utilização mais robusta, mais fiável e mais alargada destes
sistemas.
São sistemas de rádio-posicionamento de base espacial que fornecem aos utilizadores um
serviço global de posicionamento e navegação. A obtenção das soluções de posição e de tempo
são conseguidas através do processamento, por receptores electrónicos especialmente
concebidos, dos sinais rádio emitido pelos satélites. Actualmente estão a operar dois sistemas,
um norte-americano (o GPS – Global Positioning System, que se encontra a operar em
condições de pleno funcionamento) e o outro russo (o GLONASS – Global Navigation Satellite
System, a operar já com 21 dos 24 satélites inicialmente previstos). Estão em diferentes fases de
desenvolvimento outros sistemas GNSS, nomeadamente o GALILEO (sistema europeu, ainda
sem qualquer satélite operacional no espaço) e o COMPASS-BEIDOU (sistema chinês).
Em ensaios conduzidos em ambiente controlado, onde se estabeleceu a comparação entre os
deslocamentos medidos com um LVDT e com um par de receptores GNSS (ver Figura 9),
obtiveram-se desvios inferiores a ±4mm. Resultados de idêntica qualidade foram obtidos quando
os dois receptores permaneceram imóveis durante cerca de uma hora, tendo-se às posições em
bruto sido também aplicados filtros de média móvel com amplitudes de 10 e 30 segundos (ver
Figura 10).
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 600
30
60
90
120
150
Tempo [s]
Deslo
cam
ento
[mm
]
Comparação de deslocamentos
série GNSSsérie LVDT
Figura 9 – Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um receptor GNSS.
Figura 10 – Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um receptor GNSS.
A aplicação do sistema de monitorização com base em GNSS está especialmente vocacionado à
medição de deslocamentos de pontos em campo aberto, como é o caso de barragens ou de
tabuleiros e topo de mastros de pontes atirantadas, em que a precisão sub-milimétrica não seja
um requisito.
8. Rede de comunicação
As secções a instrumentar numa obra apresentam frequentemente distâncias elevadas entre si,
tornando difícil e ineficiente a ligação de cada transdutor a uma única central de observação.
Nestas condições, o processo mais adequado e robusto consiste na utilização de módulos de
aquisição de menores dimensões distribuídos ao longo da obra, dotados de um sistema de
comunicação que permite a sua interligação em rede. Este procedimento permite, além de
simplificar a instalação, evitar ou reduzir significativamente o ruído e as perdas do sinal eléctrico
ao longo dos cabos de ligação.
Nestas configurações, os sistemas de aquisição devem ter a possibilidade de comunicar entre si
em rede, utilizando para o efeito protocolos de comunicação correntemente utilizados na
indústria, como a Ethernet ou RS-485. A velocidade de transmissão pode afectar a frequência de
aquisição, razão pela qual alguns sistemas permitem o armazenamento local dos dados, que só
são transmitidos quando tal não afecte o seu desempenho.
construção em betão
> 11
A Figura 11 ilustra o esquema da rede de comunicação em fibra óptica utilizada na Ponte da
Lezíria. Nesta aplicação implementou-se uma solução em duplo anel, com foco no servidor
instalado em obra, e de duplo sentido, minimizando-se deste modo a possível interrupção da
comunicação aquando da eventual falha de um dos postos de observação.
Figura 11 – Esquema da rede local de comunicação em fibra óptica.
O desenvolvimento de soluções de comunicação tem potenciado a utilização de alarmes
quando os valores medidos ultrapassarem determinados valores limites previamente definidos
(ver Figura 12), e consistem essencialmente no envio de mensagens via e-mail e/ou SMS para
uma lista de contactos (dono da obra, projectista, etc.). São em geral definidos dois níveis de
alarme:
Níveis de vigilância, de cuja ocorrência resulta a necessidade de ser observado
com atenção o evoluir da situação;
Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá resultar a necessidade de
intervenção urgente na estrutura.
Figura 12 – Níveis de vigilância e de alerta para uma dada grandeza.
Funcionamento em serviço
tempo
Grandeza
Valor de referência
Nível de vigilância
Nível de vigilância
Nível de alerta (superior)
Nível de vigilância (superior)
Nível de vigilância (inferior)
Nível de alerta (inferior)
Asup
Vsup Sref Vinf
Ainf
PO1-V2N PO2-V2N PO2-PT PO3-PT PO1-V1S
PO1-V14S PO2-V14S
PO1-V2S
Rede cliente
PO1-PT
- Unidades de aquisição
ETH Servidor da Ponte
cm_39
A velocidade de transmissão pode afectar a
frequência de aquisição, razão pela qual alguns
sistemas permitem o armazenamento local
dos dados, que só são transmitidos quando
tal não afecte o seu desempenho.
A Figura 11 ilustra o esquema da rede de comu-
nicação em fibra óptica utilizada na Ponte da
Lezíria. Nesta aplicação implementou-se uma
solução em duplo anel, com foco no servidor
instalado em obra, e de duplo sentido, minimi-
zando-se deste modo a possível interrupção
da comunicação aquando da eventual falha de
um dos postos de observação.
O desenvolvimento de soluções de comuni-
cação tem potenciado a utilização de alarmes
quando os valores medidos ultrapassarem
determinados valores limites previamente
definidos (ver Figura 12), e consistem essen-
cialmente no envio de mensagens via e-mail e/
ou SMS para uma lista de contactos (dono da
obra, projetista, etc.). São em geral definidos
dois níveis de alarme:
– Níveis de vigilância, de cuja ocorrência re-
sulta a necessidade de ser observado com
atenção o evoluir da situação;
– Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá
resultar a necessidade de inter venção
urgente na estrutura.
Os níveis de alarme são em geral definidos
no Projeto de Execução em termos de valo-
res absolutos (como as cotas do leito do rio)
e em termos relativos (como por exemplo,
os deslocamentos em aparelhos de apoio).
Neste último caso deve ser estabelecido um
determinado valor de referência em relação
ao qual são observados desvios e gerados os
alarmes respetivos.
9. ConsIdErAçõEs FInAIs
Os sistemas automáticos de aquisição e de
processamento de dados disponibilizam in-
formação essencial acerca da segurança e da
durabilidade das estruturas, permitindo uma
gestão eficiente dos recursos em operações
de manutenção e de reparação. O desenvol-
vimento de sistemas de vigilância e de alerta,
com o estabelecimento de valores limites
para cada uma das grandezas monitorizadas,
constitui um avanço na direcção do desenvol-
vimento de estruturas inteligentes. A aplicação
de novos processos de medição e de novas
tecnologias à monitorização das estruturas,
primeiro em laboratório e depois em obra, tem
contribuído para que estes sistemas sejam
cada vez mais robustos e dotados de mais
potencialidades, e por isso mais apelativos e
úteis às entidades responsáveis pela gestão
do nosso património.
RefeRências
– PEtCHErdCHoo, A., nEvEs, l.C. and FrAnGoPol,
d.m.. – optimizing lifetime condition and reliability
of deteriorating structures with emphasis on bridges.
AsCE Journal of structural Engineering, 134(4):544-
552, 2008.
– sousA, Helder; FÉlIX, Carlos; bEnto, João; FIGuEIrAs,
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toring system applied to a long-span prestressed
concrete bridge. structural Concrete n. 14. doI:
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– rodrIGuEs, Carlos; FÉlIX, Carlos; FIGuEIrAs, Joaquim
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to measuring bridge deflections. structural Health
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– FIGuEIrAs, Helena; Coutinho, Joana sousa; AndrAdE,
Cármen; FÉlIX, Carlos – desempenho do Kit-sensor
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estruturas de betão. bE2008 – Encontro nacional
betão Estrutural 2008. Guimarães, 5 a 7 de novem-
bro, 2008.
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rização Permanente da Ponte vasco da Gama. 2º
Encontro nacional de Geodesia Aplicada. lnEC, 12-13
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– CunHA, Carlos; PEstAnA, António; FÉlIX, Carlos;
FIGuEIrAs, Joaquim – A utilização do Gnss na moni-
torização das estruturas. Encontro nacional betão
Estrutural 2010. lnEC, lisboa, 10 - 12 de novembro,
2010.
> 12
A Figura 11 ilustra o esquema da rede de comunicação em fibra óptica utilizada na Ponte da
Lezíria. Nesta aplicação implementou-se uma solução em duplo anel, com foco no servidor
instalado em obra, e de duplo sentido, minimizando-se deste modo a possível interrupção da
comunicação aquando da eventual falha de um dos postos de observação.
Figura 11 – Esquema da rede local de comunicação em fibra óptica.
O desenvolvimento de soluções de comunicação tem potenciado a utilização de alarmes
quando os valores medidos ultrapassarem determinados valores limites previamente definidos
(ver Figura 12), e consistem essencialmente no envio de mensagens via e-mail e/ou SMS para
uma lista de contactos (dono da obra, projectista, etc.). São em geral definidos dois níveis de
alarme:
Níveis de vigilância, de cuja ocorrência resulta a necessidade de ser observado
com atenção o evoluir da situação;
Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá resultar a necessidade de
intervenção urgente na estrutura.
Figura 12 – Níveis de vigilância e de alerta para uma dada grandeza.
Funcionamento em serviço
tempo
Grandeza
Valor de referência
Nível de vigilância
Nível de vigilância
Nível de alerta (superior)
Nível de vigilância (superior)
Nível de vigilância (inferior)
Nível de alerta (inferior)
Asup
Vsup Sref Vinf
Ainf
PO1-V2N PO2-V2N PO2-PT PO3-PT PO1-V1S
PO1-V14S PO2-V14S
PO1-V2S
Rede cliente
PO1-PT
- Unidades de aquisição
ETH Servidor da Ponte
> Figura 12: Níveis de vigilância e de alerta para uma dada grandeza.
Qualidade comprovada da metso A Metso ganhou o contrato, apesar da forte concorrência de vários outros fornecedores nacionais e internacionais. A “Metso Crushing Systems Engi-neering”, situada em Mâcon, França, forneceu todo pacote de equipamentos com exceção da fabricação do sistema de tratamento de areias.
Qualidade e produção A reconhecida experiência da Divisão de Sistemas da Metso, atende as estritas especificações do cliente: −Umacurvadeareiaclassificada,comopontode150micronsentreoslimites
de 3% e 6%. −Seisprodutosfinaiscom100%passantenamalhasuperiore15%superior
á malha inferior.
automaçãoAMetsoesperaumganhomínimode20%naeficiênciaoperacionalemcom-paração com um sistema de controlo manual, além da qualidade do produto e redução de trabalho. Umavantagemadicionaléaautomatizaçãodosequipamentosvibrantesedebritagem que permite o controlo completo do fluxo de material e da operação. Umsistematotalmenteautomatizado(semoperador)decarregamentodecamiões,utilizandosilosequipadoscomsensoresdecarga,alimentadoresvibrantes para produtos grossos e portas elétricas para os produtos finos tambémfazpartedopacote.
Barragem do Baixo saBor (portugal)– uma instalação flexível de britagem e crivagem “Metso”, chave na mão, com650tphdeprodutosfinais0/150mm
a “Bento pedroso construções, s. a.”, pertencente ao grupo multinacional odebrecht, em conjunto com “lena engenharia e construções, s.a.”, assi-naram um contrato com a “edp (energia de portugal) ” para a construção do complexo hidroelétrico do Baixo sabor. a obra está localizada no distrito de Bragança, na província de trás-os-montes, região de alto douro. a construção está prevista para ser concluída em 60 meses e contará com uma potência máxima de 176 mW. o contrato prevê a construção de um arco de cimento convencional, represa dupla curvatura e outra do tipo gravidade que integram 3.200 metros de túneis. serviços de terraplanagem para movimentação de terras de 3.120,000 metros cúbicos de material e é esperado a utilização de 1.100,000 metros cúbicos de betão convencional.
PUBLI-REPORTAGEM
carlos esteves e gilles domBeY
MetsoMineralsPortugalLda.
a nova instalação da barragem do Baixo sabor pode produzir cerca de 650 tph de agregados de alta qualidade e areia.
soluções sustentáveis e eco-eficiência, preocupação com o amBiente A instalação de britagem segue as normas de segurança locais e Europeias tanto mecânica como eletricamente em todos os equipamentos. −Sistemasdesupressãodepómolhado:porarcomprimidoeágua.−Coletadepósecoporextraçãoemequipamentos,crivosepontosdetrans-
ferência de areia. Crivos e transportadores cobertos. −Sistemasdelavagem:produtosfinaislavadosantesdoarmazenamento.
Ainstalaçãodebritageméconstruídanumazonaricaembiodiversidade,oquesignifica plena conformidade com a regulamentação ambiental.
processo Ainstalaçãodebritagemfoiprojetadaparaproduzir650tphdeprodutosfinaisqueirãoalimentaraCentraldeBetão.OssistemasdeengenhariadaMetsodimensionaramainstalaçãoparaatingiros750tph.Comotal,ainstalaçãoécapazdeproduzir30%de0.08-4.75areialavada,4%de0-4.75areiaseca,10%de4.75-9.5mm,14%de9.5-19mm,19%de19-37.5mm,11%de37.5-75mme12%de75-150mm.Oduplopostoprimárioéalimentadoaumritmode900tph.CadalinhaécompostaporumalimentadorvibranteVF561-2V,umcrivoescalpadorTK13-20-3VeumbritadordemaxilasC125.Ostock intermédiotem35000tonsdecapacidadetotal,quevaialimentarospostossecundárioeterciárioaumritmode750tphde0/300mm.Aestaçãodepré-crivagem
constituídaporumcrivoprimárioCVB2661-2Pcom16m2 de área e um crivo CVB1540-2com6m2deáreaeliminaosestéreis,alimentaomoinhocónicosecundárioHP500eosdoismoinhoscónicosterciáriosHP300.OmoinhocónicosecundárioHP500produzcercade520tphde0/75mm,ecadamoinhocónicoterciárioHP300produz300tphde0/30mm.AproduçãodeagregadoséclassificadaporumcrivosecundárioTS4.3com15m2 de área eporumcrivoterciárioTS5.3com20m2deárea.OpostoquaternárioBarmacB9150SEproduz350tphde0/20mmemcircuitofechadoa2mmcomduplaestaçãodecrivagemconstituídapordoiscrivosTS5.2.Todososprodutosfinaissão lavados(excetoareiaBCC0-4.75).Aestaçãode tratamentodeareiasáalimentadaaumritmode250tphparaproduçãode200tphdeareiaclassificadaBC0.075-4.75.OsoutrosprodutossãolavadospormeiodedoiscrivosCVB2050-2.AsestritasespecificaçõesdaEDPforamatendidas:
−SobreacurvadeareiaclassificadaBC,opontodifícilde150micronsestáentre os limites de 3 % e 6%.
−Asoutrascurvasdeprodutosatendemo100%passantenamalhasuperiore15%superioràmalhainferior.
As águas sujas são recuperadas e tratadas num clarificador. A instalação de britagemiráoperarcontinuamentedurante24meses.Serádepoisdesmon-tada para deixar espaço para a água da barragem que irá cobrir toda área.
Pela esquerda:
tiago cardoso-CustomerServiceSalesManager(MetsoPortugal)Joaquim mendes - Spot Service Metso
rui Jordão-SiteplantManager(ACE)José leite de sousa-MetsoIberiaManagerluis silva-PlantManager(ACE)eduardo diaz-SBLManagerforMetsoIberia.
www.metso.com
posto primário moinho cónico hp500
moinhos cónicos hp300 impactor vertical Barmac B9150se
betão estrutural
A aplicação de materiais compósitos na cons-
trução civil tem sido cada vez mais frequente,
culminando o trabalho de investigação, de
desenvolvimento e de aplicações tecnológicas
que têm vindo a demonstrar, ao longo das últi-
mas três décadas, o seu potencial. Entre estes
tipos de materiais destacam-se os polímeros
reforçados com fibras (mais conhecidos pela
sigla FRP, da designação em língua inglesa Fi-
bre Reinforced Polymer) que são constituídos
basicamente por elementos resistentes (as
fibras) e pelos elementos que protegem as
fibras de eventuais degradações (formando a
matriz polimérica), sendo estes responsáveis
pela transferência das forças conduzidas nas
fibras para a estrutura envolvente. No âmbito
da indústria da construção civil os materiais
compósitos de FRP têm diversas aplicações,
entre outras, sob a forma de armaduras pas-
sivas internas ou externas, de armaduras
de pré-esforço, de perfis pultrudidos e, mais
frequentemente, sob a forma de laminados,
mantas e tecidos. De facto, o reforço e a
reabilitação de estruturas constituem um
dos principais sucessos da indústria destes
materiais na construção civil.
Os aspetos relacionados com a aplicação
de técnicas que permitam ultrapassar os
problemas levantados pela degradação das
estruturas, novas utilizações associadas a
aumentos de cargas para valores superiores
àqueles para as quais as estruturas foram
dimensionadas, têm sido cada vez mais
solucionados com recurso à utilização de
materiais compósitos de FRP, em alternativa
42_43
às soluções mais clássicas de colagem de cha-
pas de aço. A experiência acumulada nestes
últimos anos tem revelado que apesar destes
materiais compósitos serem usualmente mais
dispendiosos, apresentam contudo vanta-
gens associadas à maior durabilidade a longo
prazo e à redução muito substancial no peso,
em comparação com as soluções de reforço
com chapas de aço. Além disso, a facilidade
de colocação destes materiais compósitos
e a redução dos constrangimentos durante a
execução das obras, quer no tempo como no
espaço, permite atenuar o custo global quan-
do comparado com as técnicas tradicionais
(Figura 1).
Atualmente, a técnica de reforço mais utilizada
com materiais compósitos consiste na cola-
gem exterior de sistemas compósitos refor-
çados com fibras de carbono (correntemente
identificados por CFRP). Esta técnica tem sido
utilizada mais frequentemente no reforço à
flexão e ao corte de vigas e lajes, no reforço
à compressão de pilares (tirando partido do
efeito de confinamento) e na prevenção da
deterioração de chaminés, postes ou túneis
[1-3]. Mais recentemente têm sido desenvol-
vidas novas técnicas de reforço entre as quais
se destacam a fixação de laminados ou varões
de CFRP em ranhuras executadas na camada
de recobrimento das armaduras dos elemen-
tos de betão a reforçar (NSM – Near Surface
Mounted) [4] e a aplicação de laminados de
CFRP pré-esforçados [5].
A crescente popularidade na utilização dos
sistemas de CFRP no reforço de estruturas de
betão está relacionada com as propriedades
mecânicas das fibras (elevada resistência
e rigidez comparativamente ao seu peso), a
resistência à corrosão das resinas e à facili-
dade de aplicação. No entanto, tratando-se de
técnicas relativamente recentes, verifica-se
a existência de regulamentação escassa no
que diz respeito à especificação dos procedi-
mentos de dimensionamento e aplicação dos
materiais compósitos de FRP. Além disso, a
crescente oferta de sistemas compósitos de
FRP disponibilizada por um número cada vez
maior de fabricantes tem dificultado o estabe-
lecimento de consensos e sistematização dos
procedimentos para a execução de reforços
com recurso a estes sistemas. A fixação de
códigos normativos permitirá que se projete
estruturas de betão com materiais compósitos
de FRP com confiança acrescida, ultrapassan-
do algumas barreiras atualmente existentes.
Um número elevado de investigadores e de orga-
nizações têm vindo a trabalhar no processo de
integração destes materiais na engenharia civil.
Na América do Norte, tanto os Estados Unidos,
através do American Concrete Institute (ACI),
como o Canadá, através do Intelligence Sensing
for Innovative Structures (ISIS), apresentaram
documentos com propostas normativas para o
dimensionamento de sistemas de reforço com
compósitos de FRP colados exteriormente a
estruturas de betão armado [6, 7]. No Japão,
através do comité do betão da Japanese Society
of Civil Engineers (JSCE), foi editado em 2001
um documento contendo propostas de dimen-
sionamento que englobam a área do reforço, da
> Figura 1: Reforço à flexão e ao corte de uma viga de betão armado (retirado de [1]).
A APLICAÇÃO DE MATERIAIS COMPÓSITOS DE FRP EM ESTRUTURAS DE BETÃO
António Abel Henriques, Prof. Associado na FEUP, Investigador no LABEST
a) aplicação do adesivo no laminado b) colocação do laminado (reforço à flexão) c) dobragem da manta (para reforço ao corte) d) fase final da colocação do reforço
42_cm
reabilitação e da durabilidade das estruturas
de betão armado, com especial atenção na
melhoria do desempenho do betão estrutural
às ações sísmicas através da adição de mantas
e tecidos de FRP [8]. Este documento da JSCE
inclui ainda recomendações sobre o manusea-
mento, transporte, armazenamento e aplicação
em obra, assim como, o tipo de ensaios a que os
materiais que compõem o sistema compósito
devem ser submetidos. Na Europa, inicialmente
através do Comité Euro-Internacional du Béton
(CEB) e posteriormente através da Fédération
Internationale du Béton (FIB), foi apresentado
um relatório técnico [9] que fornece critérios de
dimensionamento para a utilização de reforços
de FRP colados exteriormente a elementos de
betão armado, recomendações para aplicação
em obra e critérios controlo de qualidade. A
publicação recente da versão provisória do
código-modelo 2010 da FIB [10] contém
propostas normativas para a caracterização
mecânica dos materiais compósitos de FRP e
das características de interface com o betão.
Parece assim estar dado um passo importante
com vista à maior uniformização dos critérios
de dimensionamento e de verificação da segu-
rança das estruturas de betão com materiais
compósitos de FRP.
Em Portugal há três unidades de investigação
que têm vindo a estudar os vários aspetos
associados ao projeto de reforço de estrutu-
ras de betão armado com sistemas de FRP: o
LABEST - Laboratório da Tecnologia do Betão
e do Comportamento Estrutural, o ICIST - Insti-
tuto de Engenharia de Estruturas, Território e
Construção e o ISISE - Institute for Sustainabi-
lity and Innovation in Styructural Engineering.
Estas unidades de investigação poderão dar
uma contribuição importante para uma maior
implementação destes produtos na indústria da
construção, através do apoio ao estabelecimen-
to e divulgação de critérios de dimensionamento
e de procedimentos de aplicação normalizados
[11], tendo em conta a posição privilegiada junto
dos grupos de trabalho técnicos e científicos
ligados às instituições universitárias e privadas,
nacionais e internacionais, e aos fabricantes
deste tipos de sistemas. Prevê-se que num
futuro próximo a possibilidade de incorporar
materiais compósitos de FRP no projeto de es-
truturas de betão armado passe a ser tão usual
como é hoje o aço.
REFERÊNCIAS
[1] Azevedo D.M.M., “Reforço de estruturas de betão com colagem
de sistemas compósitos de CFRP. Recomendações para dimen-
sionamento”, Tese de Mestrado, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, 2008.
[2] Juvandes L.F.P., “Reforço e reabilitação de estruturas de betão
usando materiais compósitos de CFRP”, Tese de Doutoramento,
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 1999.
[3] Silva P.A.S.C.M., “Comportamento de estruturas de betão reforçadas
por colagem exterior de sistemas de CFRP”, Tese de Doutoramento,
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2008.
[4] Sena Cruz J.M., “Strengthening of concrete structures with near-
surface mounted CFRP laminate strips”, Tese de Doutoramento,
Universidade do Minho, 2005.
[5] França P.M.M., “Reinforced concrete beams strengthened with
prestressed CFRP laminates”, Tese de Doutoramento, Instituto
Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, 2007.
[6] ACI Committee 440, “Guide for the design and construction of
externally bonded FRP systems for strengthening concrete
structures”, American Concrete Institute, ACI 440.2R-08, 2008.
[7] ISIS Canada, “Strengthening reinforcing concrete structures with
externally-bonded fibre reinforced polymers”, ISIS-M04-08, Cana-
dian Network of Centers of Excellence on Intelligent Sensing for
Innovative Structures, University of Manitoba, Winnipeg, 2008.
[8] JSCE, “Recommendations for upgrading of concrete structures
with use of continuous fiber sheet”, Japanese Society of Civil
Engineers, Concrete Engineering Series 41, 2001.
[9] fib - Federation Internationale du Béton, “Externally bonded FRP
reinforcement for RC structures”, bulletin 14, Lausanne, 2001.
[10] fib - Federation Internationale du Béton, “Model Code 2010 - First com-
plete draft”, Volumes 1 and 2, bulletins 55 and 56, Lausanne, 2010.
[11] Juvandes L.F.P., Marques N.A., “Reforço de estruturas por colagem
exterior de sistemas compósitos de FRP. Manual de procedimentos
de controlo de qualidade para construção”, LEMC - Laboratório de
Ensaios de Materiais de Construção, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, 2007.
PUB
C M Y CM MY CY CMY K
cm_43
44_cm
44_45
O georadar é uma técnica de inspeção com
um enorme campo de aplicações [1]. A sua
capacidade para avaliar elementos enterrados
na maioria dos solos (em boas condições de
propagação) faz com que a sua utilização para
a deteção das fundações de diversos tipos
de estruturas seja natural [2]. As fundações
são o suporte de toda e qualquer construção,
sendo as responsáveis pela transmissão das
cargas e do peso da estrutura para o solo.
Portanto, do ponto de vista da segurança
das estruturas, a sua avaliação reflete-se
duma enorme impor tância. Tr atando-se
dum elemento enterrado, a sua avaliação é
geralmente realizada através da execução
de poços de inspeção, o que permite expor a
sistema utilizado. No entanto, esta situação
nem sempre é possível ou desejável. Nestes
casos, é conveniente a utilização duma ferra-
menta de deteção remota que permita obter
informação sobre as fundações sem que haja
a necessidade de escavação, tem sido nesse
sentido que tem sido utilizado o georadar.
A deteção de fundações através de georadar
é, em geral, função da profundidade a que
esta se encontra, pois tal facto influencia a
frequência, e portanto a antena, a utilizar. A
Tabela 1 apresenta as principais frequências
utilizadas na prospeção de elementos enter-
rados no solo. As propriedades dielétricas do
> Tabela 1: Profundidades médias atingíveis por frequên-
cias tipicamente utilizadas para a prospeção do subsolo.
solo e a velocidade de propagação da onda
apresentadas na Tabela 2 mostram que,
consoante o tipo de solo, a quantidade de
humidade e a condutividade, se atingem dife-
rentes profundidades. A profundidade máxima
em solos arenosos com a antena de 200 MHz
AvAliAçãO de fuNdAções ATrAvés dO geOrAdAr
Francisco M. Fernandes, isise, universidade lusíada de vila Nova de famalicão
alvenaria e construções antigas
pode ir aos 7 m, ou ficar pelos centímetros iniciais em solos saturados e argilosos, devido ao
facto da condutividade ser responsável pela absorção do sinal emitido.
> Tabela 2: Propriedades elétricas dos solos que afetam a velocidade de propagação e a transmissão no solo.
em estruturas de betão armado, as sapatas de fundação são geralmente retangulares, esten-
dendo-se para além da parede, ou pilar, mais de duas a três vezes a espessura desse elemento.
Na figura 1 pode observar-se um radargrama duma sapata de fundação de betão armado. Para
além da profundidade e do tipo de solo, a presença de lajes em betão armado entre a superfície
e a sapata podem impedir que o sinal emitido as alcance (ver figura 2), ou provocar ruído que
impeça a correta interpretação dos dados. de igual modo, a presença de infraestruturas para
a drenagem das águas residuais dificulta igualmente a obtenção de informação sobre as sa-
patas. O tipo de frequência utilizada nas várias antenas e a profundidade a que estão situadas
não permitem obter informação sobre as armaduras presentes, pois a resolução das antenas
tipicamente utilizadas para esta função é superior a 15 cm (500 MHz), sendo que este valor
aumenta significativamente com a profundidade e com a frequência.
As fundações de estruturas antigas de alvenaria diferem substancialmente das sapatas atuais
de estruturas de betão armado, sobretudo em termos de geometria. As estruturas de alvenaria
assentam, essencialmente, em muros enterrados, geralmente mais espessos que as paredes
exteriores. Nesse sentido, as fundações tradicionais em estruturas de alvenaria só podem ser
detetadas indiretamente através da análise das hipérboles geradas no início e no fim desses
maciços enterrados, conforme a figura 3 [3].
finalmente, esta técnica pode ser utilizada para verificar a existência efetiva de sapatas de
fundação. No caso de muros de divisão de terrenos, paredes de suporte de terras, etc. pode
> Figura 1: radargrama que ilustra a detecção duma sapata em betão armado (500 MHz).
frequência central
Profundidade de penetração
100 MHz 5 a 20 m
200 MHz 2 a 7 m
500 MHz 1 a 4 m
MaterialConstante dielétrica (ε
r) Condutividade elétrica (ms/m)
seco Húmido seco Húmido
solo arenoso 3-6 25-30 10-4-1 1-10
solo argiloso 3 8-15 1-10 102-103
granito 4-5 7-8 10-5 1
cm_45
acontecer não terem sido construídas sapa-
tas, quer por negligência dos profissionais,
quer por não terem sido tidos em conta situa-
ções futuras de mudança de uso/função dos
terrenos adjacentes. A figura 4 e a figura 5
ilustram duas situações onde não foram dete-
tadas fundações. Na primeira situação foram
detetadas as marcas de escavação em socal-
cos. No entanto, os sinais não são compatíveis
com a regularidade duma sapata de fundação.
A segunda situação é referente a uma parede
muito inclinada, onde o único sinal foi um sinal
horizontal, paralelo ao terreno, o que também
não corresponde a uma sapata visto que, por
questões de estabilidade, as sapatas devem
ser sempre horizontais.
A prévia deteção e avaliação das sapatas
de fundação duma estrutura é fundamental
para determinar a segurança atual da es-
trutura assim como a capacidade adicional
para aguentar alterações nas cargas regu-
lamentares em caso de mudança de função/
utilização ou no caso de aumento da estrutura.
O georadar permite, quando estão reunidas
condições adequadas, uma rápida avaliação
destes elementos de maneira não destrutiva
e, sobretudo, sem causar perturbações em
volta do local do ensaio.
REFERÊNCIAS
[1] Daniels, D.J. (2004). “Ground Penetrating Radar – 2nd Edition.”
Radar, sonar, navigation and avionics series 15, IEE, London,
UK, ISBN 0-86341-360-9, 726p.
[2] Tallini, M.; Giamberardino, A.; Ranalli, D.; Scozzafava, M.
(2004). “GPR survey for investigation in building foundations.”
10th International Conference on Ground Penetrating Radar,
Delft, The Netherlands.
[3] Alli, G. (2010). “Assessment of building foundations by GPR.”
Subsidence Forum Training Day, IDS Ingegneria Dei Sistemi
(UK) Ltd.> Figura 3: radargrama que ilustra a detecção duma sapata em estruturas de alvenaria, adaptado de [3].
> Figura 2: radargrama que ilustra a detecção duma sapata através duma laje em betão armado.
> Figura 4: radargrama que ilustra a detecção da escava-
ção em socalcos para a construção de muro em terreno
inclinado.
> Figura 5: radargrama que ilustra a detecção das camadas do solo dum muro em terreno inclinado.
46_cm
46_47
A Construção Sustentável implica a aplicação
dos princípios do Desenvolvimento Susten-
tável ao ciclo global da construção, desde a
extração de matérias primas até à sua demo-
lição e destino final dos resíduos resultantes
– análise do berço à cova. É um processo ho-
lístico que visa estabelecer um equilíbrio entre
o ambiente natural e o ambiente construído.
Tradicionalmente o processo global de conce-
ção de uma obra foca-se essencialmente na
fase de construção, sendo o objetivo principal
a otimização da eficiência e a minimização de
custos durante o desenvolvimento do projeto
e a construção. De forma a tornar estes proces-
sos mais sustentáveis é necessário expandir
estas metodologias de curto prazo de forma
a abranger a vida útil completa da estrutura.
Nos últimos anos tem-se assistido ao desen-
volvimento de várias metodologias para a
avaliação da sustentabilidade da construção.
De entre as várias abordagens distinguem-se
HARMONIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
Helena Gervásio, DEC - U.Coimbra
sustentabilidade
e existentes). Em resposta a este mandato,
foi criado em 2005 o Comité Técnico TC 350
do Comité Europeu de Normalização (CEN), o
qual se encontra a desenvolver um conjunto
de normas, com caráter voluntário, para a
avaliação de edifícios ao longo do seu ciclo
de vida. O âmbito inicial do mandato M/350
limitava-se ao critério ambiental, no entanto o
comité decidiu estender o âmbito do mandato
no sentido de abranger as três dimensões da
sustentabilidade: ambiental, económica e
social. O programa de trabalhos do CEN/TC350
está ilustrado na Figura 1 [3].
Este programa de trabalhos compreende uma
norma geral que estabelece o enquadramento
das três dimensões da sustentabilidade, a nor-
ma EN 15643 – parte 1 [3], a qual foi publicada
em 2010. As normas relativas à avaliação da
performance ambiental serão aprovadas em
2011, enquanto que as normas relativas às
componentes económica e social encontram-
> Figura 1: Programa de trabalho do CEN/TC350 [3].
as análises de ciclo de vida, as quais envolvem
a quantificação de fluxos de energia e de recur-
sos em cada uma das fases da vida de uma obra
e a caracterização desses fluxos nas diversas
categorias de impactos selecionados; e os
sistemas de avaliação da sustentabilidade, os
quais se baseiam em critérios quantitativos e
qualitativos e que poderão incluir uma aborda-
gem de ciclo-de-vida.
Se por um lado, a existência de várias me-
todologias para a avaliação da construção
sustentável demonstra o interesse que o
problema representa para o setor, por outro
lado, torna complexa a seleção do método
mais apropriado e inviabiliza a comparação en-
tre avaliações de edifícios [1]. Esta limitação
levou a Comissão Europeia a emitir mandato
de Normalização (Mandate M/350: Sustainabi-
lity of Construction Works [2]) com o objetivo
de desenvolver métodos para a avaliação da
performance ambiental de edifícios (novos
Conceptlevel
Frameworklevel
Buildinglevel
Productlevel
prEN 15804Environmental
ProductDeclarations
prEN 15942Comm. Format
B-to-B
CEN/TR15941
(see Note below) (see Note below)
NOTE At present, technical information related to some aspects of social and economic performance are included under the provisions of prEN 15 804 to form part of EPD
prEN 15978Assessment ofEnvironmentalPerformance
WI 015Assessment of
SocialPerformance
WI 017Assessment of
EconomicPerformance
prEN 15643-2Framework forEnvironmentalPerformance
prEN 15643-3Framework for
SocialPerformance
prEN 15643-4Framework for
EconomicPerformance
FunctionalityTechnicalCharacteristics
EN 15643-1 Sustainability Assessment of Buildings– General Framework
EnvironmentalPerformance
SocialPerformance
EconomicPerformance
TechnicalPerformance
FunctionalPerformance
Integrated Building Performance
User and Regulatory Requirements
cm_47
se ainda em fase de desenvolvimento. Estas normas propõem indicadores para a avaliação de
cada uma das dimensões:
As futuras normas Europeias tem em conside-
ração as políticas europeias relevantes para
os produtos da construção, nomeadamente
o novo Regulamento dos Produtos da Cons-
trução, o novo código para Compras Públicas,
os Certificados Energéticos, os Rótulos Am-
bientais, etc [1]. Estas normas constituem
um passo importante para a harmonização
dos modelos de avaliação da sustentabilidade
europeus e contribuem para a credibilidade da
sustentabilidade no setor da construção.
ReFeRências
[1] Dias, a. e ilomäki, a. “standards for sustainability asses-sment of construction Works”, Bragança, L., Koukkari, H., Block, R., Gervásio, H., Veljkovic, Borg, R., Landolfo, R., Ungureanu, V., schaur, c. (eds.), sustainability of constructions – Towards a better built environment. Proceedings of the Final conference, cOsT action c25, pp. 189-196, innsbruck (2011)
[2] Mandate M/350 en standardization mandate from ec/DG enterprise to cen. Development of horizontal standardized methods for the assessment of the integrated environmental performance of buildings. answer from cen/BT/WG 174. secretariat of cen/cen/Tc 350. July 2005.
[3] en 15643-1:2010 - sustainability of construction works – integrated assessment of building performance. Part 1: General Framework. cen 2010
PUB
Pavilhão do Conhecimento, Lisboa, 29 e 30 de Setembro 2011
CONTACTOSSecretariado do Fórum SRUAssociação iiSBE PortugalEscola de Engenharia,Campus de Azurém4800-058 GuimarãesTelefone: 253 510 499Email: [email protected]
aMBienTais
– Aquecimento global;
– Destruição da camada de ozono;
– Acidificação da terra e dos aquíferos;
– Eutrofização;
– Formação de ozono ao nível do solo;
– Depleção dos recursos abióticos;
– Uso de materiais não renováveis;
– Uso de materiais renováveis;
– Uso de energia primária não renovável;
– Uso de energia primária renovável;
– Uso da água;
– Materiais para reciclagem;
– Materiais para aproveitamento de energia;
– Deposição em aterro de resíduos não perigosos;
– Deposição em aterro de materiais perigosos;
– Deposição em aterro de materiais radioativos.
ecOnóMicOs
– Utilização;
– Manutenção;
– Reparação e substituição de
componentes;
– Desconstrução;
– Reciclagem ou fim de vida de
cada material.
sOciais
– Acessibilidade;
– Saúde e conforto;
– Pressões na vizinhança;
– Manutenção;
– Segurança.
48_cm
48_49
Dois recentes documentos legislativos euro-
peus revogam ou reformulam anteriores Dire-
tivas que influenciaram de modo significativo,
embora podemos considerar com resultados
díspares, o desempenho térmico e energético
dos edifícios em Portugal e no resto da Europa.
A Diretiva dos Produtos da Construção (DPC)
[1] e a Diretiva do Desempenho Energético
dos Edifícios (EPBD) [2] foram, no nosso País,
determinantes para a evolução de aspetos
com influência naquele desempenho.
A DPC visava eliminar os entraves técnicos às
trocas comerciais no domínio dos produtos
de construção, a fim de fomentar a sua livre
circulação no mercado interno europeu.
A marcação CE dos isolantes térmicos, iniciada
em 2003, foi progressivamente sendo adotada
pelos fabricantes nacionais destes produtos.
O Decreto-Lei nº Decreto-Lei n.º 4/2007 [3]
impôs a obrigatoriedade em Portugal dessa
marca de conformidade – com frequência,
incorretamente, interpretada como uma
certificação CE ou como uma marca de qua-
lidade – contribuindo para o alargamento da
aplicação de produtos com marca CE nas obras
(edifícios).
No LNEC, em particular no setor que desen-
volve a caracterização experimental, a apre-
ciação técnica, o apoio ao controlo regular da
produção na fábrica, e atividade de laboratório
notificado (ensaios iniciais de tipo - ITT) foi pos-
sível observar a rápida e sustentada evolução
do mercado nos últimos vinte anos.
Por um lado, a par de alguns poucos produtos
importados que já apresentavam um nível de
qualidade controlada, muitos dos isolantes
térmicos nacionais (e importados) passaram
de uma qualidade insatisfatória, e nos piores
exemplos fantasiosa, para uma qualidade
mínima, mediana ou mesmo, em alguns casos,
muito boa.
Aqui, merece ser reconhecido o esforço técnico
e económico desenvolvido por grande número
de fabricantes, e não só por aqueles que se
expõem a mercados internacionais exigentes
EDIFÍCIOS SUSTENTÁVEIS E DE ENERGIA QUASE ZERO
Carlos Pina dos Santos, Eng.º Civil, Investigador Principal do LNEC
térmica
(e por vezes discricionários).
Esta evolução positiva, quando aproveitada
por projetistas e donos de obra informados e
exigentes (conceção, seleção, fiscalização)
traduziu-se pela aplicação de melhores (e mais
fiáveis) isolantes térmicos e pelo melhor de-
sempenho térmico e, eventualmente, também
energético dos edifícios.
Esquecendo, por agora, a ligação entre a EPBD
e a regulamentação térmica e energética
nacional, a EPBD foi a impulsionadora da certi-
ficação energética em Portugal que já afetou al-
gumas centenas de milhar de edifícios (frações
autónomas), novos e, sobretudo, existentes.
A eficácia (redução de consumos da energia
ou aumento da eficiência energética) desta
certificação – que na realidade é uma verifica-
ção da conformidade do projeto térmico com
a legislação aplicável em edifícios novos, e
uma qualificação (etiquetagem) energética
convencional dos edifícios novos e existentes
– não está ainda devidamente quantificada.
E já surge a reformulada EPBD [4] que continua
a visar a promoção da melhoria do desempenho
energético dos edifícios na União, tendo em
conta as condições climáticas externas e as
condições locais, bem como exigências em
matéria de clima interior e de rentabilidade. A
certificação do desempenho energética dos
edifícios ou das frações autónomas, é ainda um
dos requisitos da nova EPBD, tendo os êxitos e
os fracassos registados anteriormente servido
de base para a reformulação mais ambiciosa
e detalhada do respetivo âmbito de aplicação.
Todavia o que se pretende aqui salientar é o
novo objetivo de incentivar a construção de
edifícios com necessidades quase nulas de
energia (nearly-zero energy buildings). A atual
EPBD [4] apresenta uma definição (vaga)
deste conceito, “edifício com um desempenho
energético muito elevado, ... as necessidades
de energia quase nulas ou muito pequenas
deverão ser cobertas em grande medida por
energia proveniente de fontes renováveis,
incluindo energia proveniente de fontes
renováveis produzida no local ou nas proxi-
midades”, que aparenta ser mais exigente do
edifício de balanço energético nulo (net-zero
energy building).
A definição pormenorizada destes edifícios
de desempenho energético muito elevado é
atribuída, em primeira instância aos Estados–
membros; pode refletir as condições nacionais,
regionais ou locais dos edifícios, e deve incluir
um indicador numérico da utilização anual de
energia primária.
Apesar das óbvias dificuldades técnicas, eco-
nómicas e sociais que este desafio pode vir a
representar no nosso País, está explicitado na
EPBD que “Os Estados Membros asseguram
que: a) O mais tardar em 31 de dezembro de
2020, todos os edifícios novos sejam edifícios
com necessidades quase nulas de energia”,
e ainda que desenvolvem políticas e tomam
medidas..., para incentivar a transformação
de todos os edifícios remodelados em edifícios
com necessidades quase nulas de energia de
energia.
O novo Regulamento dos Produtos da Constru-
ção [5] que revoga a DPC adiciona às seis exi-
gências essenciais das obras, nomeadamente
a exigência nº 6 - Economia de energia e de
isolamento térmico(1) um novo requisito bási-
co(2): nº 7 - Utilização sustentável dos recursos
naturais(3). Estas exigências, com implicações
diretas nos produtos de isolamento térmico e,
consequentemente, no desempenho térmico e
energético dos edifícios podem, ou devem, vir a
1 “As obras de construção e as suas instalações de aquecimento,
arrefecimento, iluminação e ventilação devem ser concebidas e
realizadas de modo a que a quantidade de energia necessária para
a sua utilização seja baixa, tendo em conta os ocupantes e as con-
dições climáticas do local. As obras de construção devem também
ser eficientes em termos energéticos e utilizar o mínimo de energia
possível durante a construção e desmontagem”.2 No RPC a designação Exigências essenciais da DPC foi substituída
por Requisitos básicos. 3 “As obras de construção devem ser concebidas, realizadas e demo-
lidas de modo a garantir uma utilização sustentável dos recursos
naturais e, em particular, a assegurar:
a) A reutilização ou a reciclabilidade das obras de construção, dos
seus materiais e das suas partes após a demolição;
b) A durabilidade das obras de construção;
c) A utilização, nas obras de construção, de matérias-primas e
materiais secundários compatíveis com o ambiente”.
cm_49
estar fortemente associados ao cumprimento
dos objetivos referidos na nova EPBD. Convém
não esquecer que a solução não passa apenas
pelos isolantes térmicos. Longe disso.
A breve abordagem destes aspetos, que vai
constituir uma preocupação crescente de
todos os envolvidos no processo de realizar
edifícios pretende, apenas, relembrar o enor-
me desafio que o País tem pela frente, em
particular num período de conjuntura menos favorável. Todavia, é uma boa oportunidade para
olhar com mais atenção não apenas para os aspetos da conceção e do controlo dos edifícios,
mas também dos comportamentos, atitudes, expectativas e práticas de uso e de conforto nos
edifícios de todos os tipos.
REFERÊNCIAS
1 Diretiva do Conselho relativa à aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos
Estados-membros no que respeita aos produtos de construção (Diretiva 89/106/CEE de 21 de dezembro de 1988,
alterada pela Diretiva 89/68/CEE de 22 de julho de 1993). Jornal Oficial das Comunidades Europeias (JOCE), L40,
1989-02-11, p. 12-16; L220, 1993-08-30, p. 1-22.
2 Diretiva 2002/91/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 16 de dezembro de 2002 relativa ao desempenho
energético dos edifícios.
3 /P/ - Leis, decretos, etc. – Decreto-Lei n.º 4/2007, de 8 de janeiro, que altera o Decreto-Lei n.º 113/93, de 10 de
abril. Diário da República n.º 5, 1.ª série, p. 116 a 125.
4 Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de maio de 2010 relativa ao desempenho
energético dos edifícios (reformulação). Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), L153, 2010-06-18, p. 13-35.
5 Regulamento (UE) N.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho de 9 de março de 2011 que estabelece
condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção e que revoga a Diretiva 89/106/
CEE do Conselho (Texto relevante para efeitos do EEE). Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), L88, 2010-04-04,
p. 5-47.
PUB
50_cm
51_52 i&d empresarial
A CIN desenvolveu um revestimento acrílico
aquoso para proteção de estruturas de betão
armado. Tendo sido patenteado recentemente,
o C-Cryl W700 HB cumpre com todos os requisi-
tos obrigatórios da Norma NP EN 1504-2, no que
se refere à proteção contra o ingresso de agentes
agressivos no betão, como a impermeabilidade à
água, ao dióxido de carbono e com excelente permea-
bilidade ao vapor de água.
“Outra das características muito relevantes é a sua muito baixa
permeabilidade aos cloretos (difícil de obter em tintas aquosas),
tornando-a uma mais-valia em situações de proximidade do mar. Está ainda classificado como
acabamento ignífugo de baixa emissão de fumo, classificação B-s1 d0, segundo a Norma Europeia
13501-1:2002”, refere a empresa.
Além disso é um produto com marcação CE, o que significa que está conforme com as disposições
das Diretivas Comunitárias dos Produtos de Construção que lhes são aplicáveis (Diretiva 89/106/
CEE, alterada pela Diretiva 93/68/CEE e transposta para direito interno pelo Dec. Lei 4-2007),
permitindo a sua livre circulação no Espaço Económico Europeu.
Este material destina-se à proteção de elementos estruturais em betão e de argamassas cimen-
tícias, tais como pontes e viadutos. É também adequada para a proteção de betão do exterior de
tanques, silos, bem como de outras estruturas em unidades industriais.
www.cin.pt
Proteção de estruturas de betão armado
CaraCterístiCas
Acabamento: Mate (O brilho deste produto está muito próximo do casca de ovo)
Cor: raL-9010: outras cores: a pedido
Componentes: 1
Sólidos em volume: 40% (astM D2697, mod.)
Massa Volúmica: 1.20 g/mL
Espessura recomendada (seca): 70 - 120 μm por demão
Nº de demãos: 2-3
Método de aplicação: Pistola convencional, airless, trincha e rolo
Rendimento teórico: 5,6 m2/L a 70 μm secos; 3,3 m2/L a 120 μm secos
Tempo de secagem: 75 μm, 20ºC e 60% Hr
Superficial: 2 horas
Endurecimento: 12-16 horas
Repintura: Min: 16 horas
Alongamento à rutura: Cerca de 280% para uma espessura seca de 140 μm, à temperatura de 23ºC.
Consequências da não proteção do betão armado
cm_51
O Corkwall é uma recente solução de revesti-
mento de fachadas da Corticeira Amorim, mais
propriamente, da Amorim Cork Composites.
Como o próprio nome indica, o material principal
é a cortiça. Este produto pode ser usado não só para
decoração mas também para o acabamento e reabilitação
de fachadas exteriores e paredes interiores.
“A aplicação em coberturas, em especial nas de tipo metálico, permite reduzir de forma signifi-
cativa a transmissão de calor para o interior, atenuando em simultâneo qualquer tipo de ruído”,
afirma a Amorim Cork Composites.
Segundo os responsáveis, o Corkwall funciona como uma membrana elástica que permite um
isolamento acústico e térmico na construção nova ou de reabilitação, funcionando como uma
barreira térmica, que previne perdas de energia e fissuras do acabamento visível. O produto é
fruto de uma mistura de granulado de cortiça e resinas poliméricas, sendo aplicado através de
projeção. Tem elevada durabilidade, aguentando a exposição a condições climatéricas adversas.
Este material pode ser aplicado para revestir vários tipos de superfícies, mesmo que pouco porosa,
desde metal até argamassas já existentes, estando disponível em 16 cores.
“A cortiça, tratando-se de um material natural e ecológico, apresenta um conjunto de benefícios
que a distinguem ao nível da construção sustentável: matéria-prima renovável e 100% natural, ma-
terial orgânico e biodegradável, reciclável pré e pós-consumo e reutilizável”, é dito pela empresa.
Relativamente aos custos deste material, os responsáveis reconhecem que é mais elevado que
outros tipos de revestimento, contudo, asseguram que é rentável e rapidamente se consegue
recuperar o investimento.
Além do mercado português, o Corkwall é comercializado também em Inglaterra, Rússia, Brasil
e Itália.
www.corkcomposites.amorim.com
Cortiça nas fachadas
aPLiCações:
− Acabamentodefachadas;
− Resistênciaàáguaemdiferentessubstra-
tos (reboco, gesso, etc) enquanto adiciona
uma resistência ao fogo M1;
− Encapsulamentodecoberturas(metálicas
ou amianto) adicionando propridades
térmicas e acústicas a elementos cons-
trutivos existentes.
52_cm
notícias52_57
A Secil - Companhia Geral de Cal e Cimento S.A. comprou a Lafarge - Betões S.A. em Portugal,
tendo o negócio atingido um valor de cerca de 65 milhões de euros.
A Lafarge opera no mercado de betões e agregados, através de 26 centrais de betão e 4
pedreiras.
Esta aquisição vem reforçar a presença da Secil no mercado do betão pronto onde é já deten-
tora da Unibetão - Indústrias de Betão Preparado S.A. e da Britobetão - Central de Betão Lda.
secil compra lafarge - betões
A aposta da Lusomapei S. A . no mercado
português é cada vez mais forte e o setor
da reabilitação urbana é um dos principais
motor es par a po tenciar o cr escimento
da empresa no mercado nacional e onde
pretendem investir futuramente.
Durante a celebração do 10ª aniversário
da Mapei em Portugal, o administrador da
empresa, Mário Jordão, garantiu que nos
próximos anos, a Mapei pretende “crescer
através da diversif icação do seu mix de
produtos e da exportação”.
Mário Jordão referiu: “a área da formação
de parcerias afigura-se fulcral para o bom
desenvolvimento do vasto ecossistema
Mapei. De igual modo, o investimento em
Desenvolvimento e Inovação é outro dos pilares
fundamentais do roteiro de crescimento da
empresa”.
O grupo Mapei está presente em 27 países
com 58 fábricas, tendo-se instalado em
Por tugal em 2001. A nível nacional conta
atualmente com 40 colaboradores, 680 tipos
de produtos vendidos, 15 linhas de produtos
comercializadas e cerca de 400 clientes, a filial
portuguesa do grupo registou, no ano passado,
uma faturação de 10 milhões de euros.
www.mapei.pt
A Treehouse Riga é o modelo do que poderá ser uma casa sustentável. Desde o projeto, aos
materiais de construção, à decoração, tudo foi pensado tendo em conta o ambiente.
Desenvolvida pela Jular, Treehouse Riga, tem o projeto de decoração assinado por Filipa Lacerda
com mobiliário e iluminação das melhores lojas de design de Santos, associadas da Santos Design
District, e uma exposição de pintura do artista plástico Luís Melo.
A madeira é o elemento principal desta casa. “De todos os materiais de construção disponíveis,
a madeira é a única que absorve carbono da atmosfera, ao contrário de todos os outros, que o
libertam. Totalmente reciclável, o impacto sobre a natureza no processo de fabrico, instalação
e fim de vida é neutro, já que os materiais utilizados na Treehouse são ecológicos, provenientes
de florestas certificadas e de gestão sustentada”, refere a Jular.
A casa foi construída por módulos standardizados e conta com uma solução de microprodução
fotovoltaica da Home Energy, o que torna a casa autossuficiente, funcionando apenas com energia
solar. A Treehouse poderá ser visitada até ao final do mês de julho.
projeto da jular
casa sustentável em exposição em lisboa
www.jular.pt
O conhecido projetista António Adão da Fonseca aposentou-se no início de junho. O Professor
Catedrático do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto, pôs um ponto final à sua carreira profissional com uma aula intitulada “Pontes feitas
e pontes sonhadas”.
Licenciado em Engenharia Civil na FEUP e doutorado em Engenharia de Estruturas pelo Imperial
College of Science, Technology and Medicine, da Universidade de Londres, António Adão da
Fonseca ficou famoso por ter projetado pontes de grande relevância em Portugal. Dentro dos
projetos mais importantes, destacam-se o Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em
Lisboa, a Ponte Infante Dom Henrique sobre o Rio Douro, no Porto, e a ponte Pedro e Inês sobre
o rio Mondego, em Coimbra.
Além disto, manteve outros cargos sempre ligados à engenharia, foi Presidente Nacional do
Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros (1995-1998), Presidente do European
Council of Civil Engineers (1998-2002) e Membro do Conselho Consultivo do Instituto Português
do Património Arquitetónico em 2004 e 2005.
na faculdade de engenharia do porto
antónio adão da fonseca deu a sua última aula
A Confederação Empresarial de Portugal
– CIP avançou com projetos-piloto
para promover a reabilitação urbana.
“ Fa zer A c ontec er a Regener aç ão
Urbana” é o projeto que a CIP vai voltar
a apresentar e no qual acredita para
r elanç ar a economia por tuguesa.
Quando apresentou o projeto no ano
passado, pela primeira vez, apresentou uma série de propostas
de alterações legislativas que acabaram por ser discutidas
na concertação social, e algumas até passaram pelo crivo do
Conselho de Ministros.
Contudo, com a dissolução da Assembleia da República, a
regulamentação necessária ficou pelo caminho, e algumas
medidas então aprovadas mas outras não. Na candidatura
da CIP ao Sistema de Apoio de Ações Coletivas, a entidade
compromete-se a, no prazo de 18 meses, identif icar as
condições que eliminem os constrangimentos que têm impedido
a adoção de projetos integrados da regeneração do património
das cidades, a promover a integração no mercado de edifícios
devolutos e degradados, a promover a dinamização do mercado
de arrendamento e a criar novos instrumentos de rentabilização
de poupança alternativos às tradicionais aplicações financeiras.
www.cip.org.pt
cip aposta na reabilitação urbana
PUB
© C
.M.P
ORTO
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notícias
54_cm
Foi desenvolvido pelo consórcio formado
pela Amorim Cork Composites, da CORTICEIRA
AMORIM, Couro Azul, do Grupo CARVALHOS,
INEGI e SE T, do Grupo IBEROMOLDES, em
colaboração com a Embraer e a Almadesign,
um interior inovador para uma aeronave que
conta com materiais naturais e amigos do
ambiente.
Inserido no programa LIFE – Lighter, Integrated,
Friendly and Ecoefficient e com um investimento
de 1,85 milhões de euros, o projeto desenvolveu-
se, segundo os responsáveis, “com o objetivo
de conceber uma cabine de uma aeronave
inovadora, através do fortalecimento da
multidisciplinaridade entre empresas e da
promoção de um trabalho conjunto para futuros
projetos aeronáuticos, demonstrando soluções
mais ecoeficientes, leves e confortáveis, que
interior de aeronave amigo do ambiente
se espera sejam a base de futuros spin-offs
nesta área”.
O interior de aeronave incorpora materiais
naturais, leves e confortáveis. “Promove a
simbiose entre elementos naturais e artificiais,
criando um ambiente harmonioso, onde a
tecnologia está presente, mas sem imposição”,
é referido em comunicado.
Várias são as inovações, desde a conceção
inovadora das janelas, que permite uma
maior visibilidade exterior e uma entrada
abundante de luz, à aplicação de um sistema de
sensores de movimentos SEED, que possibilita
a adaptação de diferentes intensidades de luz
e de cor até à utilização de painéis sanduíche
CORECORK, revestidos a pele natural e a
Corkleather, para um melhor conforto térmico
e acústico.
A mul t inac ional alemã IB C S OL A R A G ,
integradora de sistemas de energia solar
fotovoltaica, lançou-se recentemente no
mercado por tuguês, que é considerado
estratégico pelo enorme potencial na área das
energias renováveis.
A apresentação da empresa em território
nacional decorreu a semana passada em
Lisboa e contou com a presença de Rudolf
Sebald, Diretor do Departamento de Grandes
Projetos da IBC SOLAR AG, Juan Manuel Presa,
Country Manager de Portugal da IBC SOLAR e
Ricardo Novaes, Delegado Comercial da IBC
SOLAR para Portugal.
“Portugal é um mercado estratégico para a IBC
SOLAR pelo seu enorme potencial na área das
energias renováveis e, em particular, da energia
solar fotovoltaica. Portugal possui entre 2200
e 3000 horas de luz solar por ano, mais 900
a 1100 do que a Alemanha, que é atualmente
a maior produtora desta energia na Europa”,
referiu Rudolf Sebald. A empresa que entrou
ibc solar agora em portugal
recentemente em Portugal já garantiu que
estará presente na Concreta deste ano.
A IBC Solar é um dos grupos mais bem sucedidos
na área da energia fotovoltaica, oferecendo
soluções integr ais par a a pr oduç ão de
energia elétrica a partir da luz do sol. Desde
o planeamento até à entrega de soluções já
prontas, a IBC Solar disponibiliza um apoio
completo ao cliente.
www.ibc-solar.pt
cm_55
Produtos e Serviços sustentáveis no setor da
construção estiveram em destaque no con-
gresso Lidera que decorreu, no final de maio,
em Lisboa. O evento contou com a presença
de mais de 40 oradores e cerca de 230 con-
ferencistas. A sustentabilidade ambiental em
todas as áreas mas, especialmente, no setor
da construção foi considerada fundamental
por todos os presentes.
Cinco foram as linhas temáticas: desenvolvi-
mentos do grupo LiderA; casos de edifícios e
regeneração urbana sustentável; materiais e
produtos sustentáveis; outros serviços nos
ambientes construídos que contribuem para
eficiência ambiental e sustentabilidade.
A construção e os edifícios e ambientes cons-
truídos têm um elevado impacte ambiental.
Mais de 40% na movimentação dos materiais,
mais de 30% na energia, sendo de referir que
a adoção sistemática das boas práticas do
LiderA pode contribuir para reduzir o défice
da balança de pagamentos em mais de 60%.
CASA + SuStentáveL
O projeto Casa + Sustentável, levado a cabo
por um conjunto de empresas e pela LiderA,
pretende ser um espaço de desenvolvimento
de sustentabilidade e um exemplo para a
sociedade em geral. A utilização de materiais
de construção ecológicos e o espaço escolhido
para a construção desta casa vai fazer que seja
uma habitação amiga do ambiente, quase zero
de energia, que depois estará aberta ao público
e poderá ser usada para atividades lúdicas
e de ensino das empresas associadas. Este
projeto envolve uma dinâmica de parcerias:
Belas Clube de Campo, Agência Municipal de
Energia de Sintra, ADENE, projetistas (Capinha
Lopes e Projeto Uno), Empreiteiro (Concreto
Plano), Comunicação (GCI) e o LiderA como
coordenador.
PROdutOS SuStentáveIS PARA exPORtAçãO
Os produtos e materiais de construção ecológi-
cos ganham cada vez mais terreno no mercado.
No congresso LiderA foram considerados
potenciais de exportação para o nosso país,
especialmente, a cortiça. Sendo importante,
segundo os especialistas, investir na avaliação
do desempenho ambiental dos produtos no
seu ciclo de vida, que incluem: análise ciclo
de vida, declarações ambientais, critérios de
desempenho e rotulagem.
O LiderA apresentou o projeto de um catálogo
para produtos e serviços sustentáveis desti-
nado a sistematizar e classificar a procura da
sustentabilidade, estando disponível online no
site do parceiro do LiderA da 4Rs - www.4rs.pt.
O catálogo numa primeira fase é direcionado a
dois tipos de utilizadores: agentes da constru-
ção (promotores, projetistas e empreiteiros) e
consumidores. Os conferencistas destacaram
a necessidade e utilidade desta proposta e
abordagem.
SAntARém deStACA-Se nA COnStRuçãO
SuStentáveL
O município de Santarém foi distinguido como
um exemplo no que toca a construção verde.
Assumiu a certificação LiderA nos vários edi-
fícios públicos, reduziu as taxas de operação
urbanísticas para os edifícios e no interesse
dos múltiplos privados. A escola do Sacapeito
recebeu o certificado LiderA - Classe A.
congresso lidera
construção sustentável
Vai avançar ainda este ano um projeto de construção de um bairro sobre o mar na Dinamarca. Com a falta de terrenos
para construir e, também, para poupar os espaços verdes de Copenhaga, o governo local optou por obras em extensão
da região portuária da cidade. O futuro bairro da região portuária da cidade deverá abrigar cerca de 40 mil habitantes,
além de 40 mil postos de trabalho. Quando construídos, os edifícios somarão 4 milhões de metros quadrados de área útil.
O projeto foi desenvolvido pelos escritórios Cobe e Sleth Modernism e os consultores Polyform e Rambøll, visa estabelecer
novos padrões para a nova cidade-bairro, tendo como objetivo minimizar as emissões de CO2 e o impacto das alterações
climáticas de uma forma rentável. Seis temas deram o mote para a criação deste bairro: ilhotas e canais, identidade e
história, cidade de cinco minutos, azul e verde da cidade, cidade CO2 amigável e grade inteligente. O custo da obra, ainda
não estimado, será dividido entre o governo e as empresas que se instalarem na região. A previsão é que uma primeira
parte fique pronta em 2025. A conclusão do projeto deve acontecer somente em 2050.
construir sobre o mar
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O projeto na área da reabilitação de edifícios pensado por três jovens portugueses foi o grande
vencedor do concurso FAZ - Ideias de Origem Portuguesa, uma iniciativa da Fundação Gulbenkian
e da Fundação talento para portugueses no exterior e residentes.
A Construção magazine esteve à conversa com José Paixão, um dos mentores, para perceber
um pouco melhor o projeto em si e saber quais serão os próximos passos.
reabilitação a custo zero vence concurso faz – ideias de origem portuguesa
Cm: O que significa esta vitória?
JP: muito mais que o dinheiro do prémio, esta
vitória significa a musculação do projeto, o su-
porte das estruturas da Fundação Gulbenkian
e da Fundação talento e o apoio dos seus
parceiros. Significa um voto de confiança e um
reconhecimento público no valor e potencial
do nosso projeto.
Cm: e agora depois da teoria ter sido aprovada,
como estão a planear colocar o projeto em
prática?
JP: A implementação do sistema está depen-
dende do reforçar da rede de parcerias em que
este assenta. é essencial alavancar o projeto
em colaborações fortes e criar relações de
win-win em que todas as partes interessadas
ganham em participar. estamos para isso a
aproveitar este momento de maior atenção
pública. Já estabelecemos contactos com uma
série de intervenientes no terreno. um deles é
o maior senhorio do país, a Câmara municipal
do Porto, com a qual estamos em conversa-
ções para a cedência de um primeiro prédio
abandonado a ser alvo da reabilitação piloto.
Cm: Já identificaram zonas prioritárias para a
reabilitação de edifícios no Porto?
JP:A estratégia pensada para implementar
este modelo de reabilitação consiste em
primeiramente testar o sistema numa inter-
venção piloto. depois então, com o resultado
visível desta primeira reabilitação se con-
seguirá provar que o sistema funciona, que
a reabilitação é mesmo a custo zero, e que
todos ganham com este modelo. A partir daí
será então possível fazer crescer o número de
prédios intervencionados e expandir também
o projeto a outras cidades necessitadas, tal
como Lisboa ou Coimbra.
Cm: Acha que as empresas estão abertas a
este tipo de projetos? e as universidades?
JP:A ideia matriz do projeto é que todos os
agentes envolvidos no processo de reabilita-
ção tenham interesses e ganhos em colaborar
no sistema. Assim, as empresas teriam as
contrapartidas fiscais de rebater em sede
de IRC o valor dos materiais e equipamentos
doados, a imagem de responsabilidade social
ao se associarem ao nosso projeto e também
uma oportunidade de internacionalização, já
que são futuros profissionais estrangeiros
que se vão familiarizar com os seus produtos
e que um dia mais tarde os poderão importar.
Os contactos que temos tido com empresas
de materiais de construção apontam no sen-
tido de que estas reconhecem o potencial da
iniciativa e que a querem apoiar. Quanto às
universidades, a colaboração neste processo
de reabilitação também trazem vantagens,
uma vez que, ganham casos concretos para
demonstrar técnicas e conteúdos aos alunos
de cursos da especialidade. Já iniciamos con-
versações com escolas locais e a recetividade
a este projeto empreendedor por parte dos
seus docentes é muito encorajadora.
Cm: Como surgiu a ideia para este projeto?
JP: A ideia surgiu em reação a uma convo-
catória dirigida a portugueses emigrantes
para apresentarem soluções ‘arejadas’ a
problemas crónicos nacionais. estando a vi-
ver na áustria decidi responder à provocação
em conjunto com um colega engenheiro civil
(diogo Coutinho) e uma amiga estudante de
arquitetura (Angelica Carvalho). Formulámos
então uma proposta para um problema que
apesar da dimensão e mediatização não dá
sinais de resolução: o abandono dos centros
das cidades. Percebemos que o problema
era, fundamentalmente, um problema do mau
funcionamento do mercado: ou não é rentável
reabilitar ou então para o ser tem que se res-
tringir o segmento alvo das reabilitações a um
fasquia mínima do mercado. Assim, a base da
ideia foi desenhar um sistema colaborativo
em que por meio de trocas e contrapartidas
se criassem interesses mútuos entre agentes
que resultasse na reabilitação de um edifício.
Isto tudo sem fazer incorrer nenhuma parte
interessada em custos financeiros não dese-
jados, daí reabilitação a custo zero.
Este projeto pretende criar uma organização sem fins lucrativos que ofereça a possibilidade a senhorios de prédios degradados de reabilitarem o seu imobiliário sem terem qualquer custo. Como? Os proprietários oferecem alojamento e alimentação a estudantes estrangeiros de arquitetura e engenharia que se voluntariam para conceber e concretizar a requalificação. Os materiais e equipamentos necessários à realização das requalificações seriam doados como caridade à organização sem fins lucrativos de modo a serem deduzíveis dos impostos a pagar pelas empresas fornecedoras. Para além das contrapartidas financeiras, as empresas teriam o seu nome associado a o projeto. A supervisão técnica das obras seria feita através de uma parceria com as universidades.
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A Buderus, marca do Grupo Bosch, está a
apostar na área das tecnologias para as
energias renováveis.
Painéis solar es de tubos de vácuo que
se integram facilmente num sistema de
aquecimento, caldeiras de pellets para
aquecer com r esíduos pr ocedentes de
limpezas florestais ou industrias de madeira
que são triturados e convertidos em biomassa
prensada, assim como. bombas de calor
reversíveis para aplicações geotérmicas
e aer otér micas de al ta ef iciência par a
climatização e água quente sanitária e uma
estação de produção de a.q.s. instantânea para
combinar com sistemas solares constituem a
nova gama de produtos da Buderus.
Os painéis solares de tubos de vácuo utilizam
as mais recentes tecnologias aplicadas ao
aquecimento de água sanitária e aquecimento.
Segundo a Buderus, têm elevada eficiência, o
que permite que sejam facilmente integrados
no sistema de aquecimento, cobrindo uma
grande parte das necessidades energéticas
para preparar a água quente, mesmo que
haja pouca radiação solar. Como têm um
elevado nível de isolamento térmico dos
tubos de vácuo, conseguem também manter
a eficiência durante as estações frias. A marca
garante uma durabilidade dos tubos devido ao
revestimento cerâmico refletor.
energias renováveis são nova área de expansão da buderus
As novas caldeiras de pellets Logano SP161
e Logano SP261 destacam-se, segundo
a B uder us , p ela e f ic iênc ia e p or não
danificarem o ambiente. Ambos os modelos
das caldeiras podem ser utilizadas, tanto em
construções novas como em substituição de
uma instalação de aquecimento antigo. “As
caldeiras podem combinar-se facilmente com
painéis solares de alta eficiência para o apoio
solar de aquecimento e da preparação da água
quente sanitária”, explica a Buderus.
Devido a uma técnica muito especial, a combustão é sempre ótima, inclusive quando existem
diferenças na qualidade do material de combustão.
As bombas de calor reversíveis para aplicações geotérmicas e aerotérmicas que a Buderus
disponibiliza integram todos os componentes necessários para funcionar, e não é necessário
adicionar acessórios adicionais. As bombas de calor ar/água, permitem um abastecimento
térmico livre de emissões de CO2, também não utilizam combustíveis líquidos ou gasosos, pelo
que não requer adaptar-se às condições limitadoras de outros geradores que utilizam estes
combustíveis convencionais nem seguir pautas na evacuação de gases da combustão, facilitando
a sua instalação e integração num edifício, ou moradia
De destacar ainda a estação de produção de a.q.s instantânea Logalux FS40/80 que proporciona
calor, com qualidade de a.q.s. e com apoio de energia solar térmica, por exemplo a edifícios
multifamiliares de até 20 moradias, assim como a pequenos hoteís e residências de idosos. “Este
tipo de sistema esta pensado para os inquilinos e para o meio ambiente, já que reduz os custos
energéticos e ao mesmo tempo beneficiam também os senhorios e os gestores das instalações”,
afirma a Buderus. A estação Logalux FS40/80 só gera água quente, quando realmente se necessita
e pode alcançar um fluxo de volume de até 40 L por minuto a uma temperatura de saída de 60
ºC. Quando se instala em cascata a Logalux FS80, esta pode fornecer, inclusive, o dobro da água
por minuto.
www.buderus.pt
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a sua construção magazine agora disponível em e-booking para iphone, ipad e outros e-readerssaiba como em www.construcaomagazine.pt
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58_60 mercado
A Cercasa, empresa espanhola de cerâmica, desenvolveu uns azulejos que, além de terem plantas
na superfície, conseguem absorver a poluição do ar tendo impacto na qualidade do mesmo. A
empresa espanhola combinou o seu produto com a Bionictile e criou a Lifewall.
O azulejo, de um metro quadrado, pode conter plantas, no caso de ser o azulejo Ceracasa, ou ser
de porcelana, em várias cores. A Bionictile disponibiliza o branco, marfim, cinzento ou castanho.
Usando os raios solares ultravioleta e a humidade, o design especial da Bionictile, agarra as pe-
rigosas partículas de poluição do ar e transforma-as em fertilizante, que é usado para alimentar
as plantas adjacentes.
A empresa refere que testes feitos pela Universidade de Valência, concluíram que se 200 edifícios
fossem cobertos com Lifewalls, 400 mil pessoas poderiam respirar, dentro de um ano, ar livre de
partículas de monóxido de nitrogénio, produzidas pela circulação de carros e pelo funcionamento
de fábricas.
azulejos que absorvem a poluição
nova coleção de termolaminados
A Tafibra apresentou a coleção termolaminados 2011 que pretende complementar a oferta de
painéis decorativos melamínicos da empresa. O Unicolor, um laminado integralmente de uma
só cor e o Lamidigital, superfície personalizável com uma ideia ou imagem pretendida, são as
novidades deste ano.
“A oferta de cores, tonalidades e padrões (madeira, têxtil, betão, granito, ...) da coleção permite
a decoração e a combinação de diversos gostos e estilos decorativos, num verdadeiro apelo ao
despertar de sensações”, refere a Tafibra.
Segundo a empresa, estes painéis têm “elevadas performances em termos de resistências à luz
solar, ao risco, ao calor e às manchas”.
www.tafibra.com
sistema de controlo remoto por infravermelhos
A Siemens, através da divisão Building Techno-
logies, lançou um sistema de gestão de edifícios
com controlo remoto por infravermelhos em KNX,
o que permite o controlo conveniente e fiável
das funções das divisões, tais como iluminação,
proteção solar e climatização.
A empresa explica que este tipo de sistema é
adequado para ambientes nos quais as soluções
por rádio, por razões legais ou técnicas, não são
permitidas, como é o caso dos hospitais. “O controlo
remoto por infravermelhos representa também
uma ótima alternativa aos sistemas via rádio em
edifícios de escritórios, porque garante uma ope-
ração livre de falhas em divisões como as salas de
conferências ou reuniões, onde existe um elevado
www.ceracasa.com
nível de tráfego de rádio”, explica.
Os dispositivos incluem um comando remoto
transmissor de IV, transmissores de IV para
montagem em parede de uma, duas e quatro
teclas, um recetor/descodificador de IV de
dimensões reduzidas para instalação no teto
e botões de uma, duas, três e quatro teclas
(conforme a série de aparelhagem) com rece-
tor/descodificador integrado.
“Através destas soluções, as funções das
divisões podem ser controladas remotamente
através de sinais de IV – sem necessidade de
contacto visual entre o transmissor e o recetor”,
refere a Siemens.
www.siemens.com/entry/pt/pt/
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sistema domal para reabilitação
A DOMAL, empresa de sistemas de alumínio,
lançou uma nova solução que tem como objetivo
manter a estética rústica dos edifícios, garantin-
do elevados padrões de eficiência energética.
A nova solução rústica da série Top conta um
design inspirado nas janelas antigas e está
disponível em várias cores e acabamentos.
“A solução rústica agora apresentada vem
reforçar a oferta do sistema DOMAL Top,
considerado um sistema inovador face aos
materiais utilizados e à forma de fabricação, e
que é reconhecidopela sua excelente eficiência
a nível térmico e acústico e, bem assim, pelos
elevados resultados de permeabilidade ao ar,
estanquidade à água e resistência ao vento”,
referem os responsáveis.
O sistema DOMAL Top é apresentado em dife-
rentes soluções, desde linhas retas, linhas
rústicas a facetada.
www.domal.pt
sistema de informação para a construção
A Computer One lançou o PHC Projeto Template
Construção que basicamente é um software
direcionado para este setor específico.
Esta solução permite: fazer a gestão de
Subempreiteiros; fazer a gestão de Pessoal
em Obra, interno e temporário; fazer a gestão
de Custos de Alugueres Internos e Externos
(equipamento): a introdução de contratos
de aluguer de forma a gerir as condições de
contrato, imputação de custos às obras de
material alugado ou interno (Imobilizado), con-
trolo de fluxo de saídas e entradas do material
nas obras (incluindo transferências entre
obras), apuramento mensal dos custos dos
alugueres, por obra; gerir de mapas de Custos
Globais por Obra; mapa de custos por
fornecedor; fazer a gestão de custos
financeiros: distribuição balanceada
de custos administrativos impostos
pelas obras; etc.
Segundo a empresa as vantagens
prendem-se com o facto desta solução
permitir gerir cada obra como uma
empresa independente. Através do
software é possível acompanhar a evolução de custos e receitas de cada projeto em qualquer
altura e ter resultados online e mensais de forma a facilitar a tomada de decisão. Permite também
o lançamento via Web de tempos e despesas por funcionário.
De destacar que o PHC Projeto Template Construção faz o controlo da caducidade dos documentos
e a gestão das reclamações.
www.computerone.pt
captação e produção de energia em parques de estacionamento
A Martifer Solar lançou a linha Smartpark que consiste numa inovadora estrutura para parque de
estacionamento automóvel, desenhada e pensada para receber painéis solares fotovoltaicos
na sua cobertura. Os produtos Smartpark são fruto da aposta da empresa portuguesa em I&D.
Estão disponíveis três soluções distintas: UNO, SINGLE e DUAL.
“É um produto modular, de fácil e rápida instalação, de reduzida necessidade de manutenção,
economicamente viável e o seu aspeto inovador permite um bom enquadramento arquitetónico”,
avança a Martifer Solar.
O Smartpark serve não só para a produção de energia mas, também, como sistema de estan-
queidade, recolha de águas pluviais e possibilidade de ser transformado numa estação para
carregamento do carro elétrico, através da incorporação de carregador elétrico.
www.martifersolar.com/pt
60_cm
O Dachs SE é um equipamento que fornece, em conjunto, eletricidade e calor para aquecimento
e água quente sanitária. Consiste num sistema modular onde se podem fazer diferentes confi-
gurações que servem vários tipos de solicitações elétricas e térmicas. A solução Dachs SE pode
ser utilizada em vivenda unifamiliares, edifícios de apartamentos, sistemas centralizados de
aquecimento, escritórios, hotéis, lares de 3ª idade, hospitais, piscinas, entre outros.
O sistema básico desenvolvido pela Baxi – SenerTec é composto por uma caldeira de cogeração,
um depósito de armazenamento intermédio e um condensador para recuperar o calor latente nos
gases de evacuação. Só que este sistema apenas tem capacidade para uma vivenda unifamiliar,
mas no caso de um maior consumo de energia, podem-se ligar módulos adicionais ao sistema.
A solução Dachs SE é gerida através de um novo controlador inteligente, denominado MSR2. Com
este sistema de controlo integral pode-se monitorizar e regular todos os componentes. A confi-
guração do sistema é feita com um código de quatro dígitos. Além disso, conta também com um
solução para aquecimento e água quente sanitária que produz eletricidade
MODEM integrado que permite a transmissão
de dados de funcionamento e de eventuais
anomalias. O Dachs pode ser monitorizado e
controlado por via remota.
www.baxi.pt
mercado
sensores de luz para edifícios
A ABB apresentou uma solução de iluminação
para edifícios sem elementos de acionamento
manual. Basicamente consiste numa série de
sensores que podem ser utilizados numa ha-
bitação, onde os detetores de movimento são
inadequados (casa de banho, salas de jantar,
cozinhas, etc.) e em numerosos espaços do
setor terciário (escritórios, salas de espera de
consultórios, etc).
Segundo a ABB, estes detetores de presença
têm uma precisão superior aos convencionais
e operam quando realmente é necessário, ou
quando regulados para interagir com a inten-
sidade da luminosidade exterior. Têm um raio
de cobertura de 8m até ao limite de instalação
de 2,5m.
Poderão ser aplicados a cargas até 2300 W/VA
e utilizados em edifícios de escritórios que pre-
tendem minimizar custos energéticos. Estes
sensores permite regular a iluminação e fazer
o controlo de luz constante em função dos
lux enviados pelo exterior, com sensibilidade
continuamente ajustável.
Podem ser utilizados com cargas florescentes
e de halogéneo.
www.abb.pt
lã mineral para isolamento exterior
A Knauf Insulation volta a apostar na lã mineral
para isolamento mas, desta vez, para fachadas
exteriores, podendo ser aplicada em constru-
ções novas e também na reabilitação. Segundo
a empresa, o Sistema de Isolamento Térmico
para o Exterior (ETICS), permite uma maior efi-
ciência energética mesmo quando comparada
com o isolamento realizado pelo interior.
“O isolamento de fachadas com lã mineral
permite o isolamento de toda a envolvente do
edifício, elimina as pontes térmicas e protege
a estrutura de construção da variação de tem-
peratura exterior gerando um menor consumo
energético e consequentemente uma maior
poupança económica e ambiental, sem reduzir a
superfície do edifício ou vivenda a isolar”, afirma
a Knauf Insulation.
Como principais pontos a favor deste isolante,
a empresa destaca: elevada proteção térmica;
isolamento acústico; elevado nível de transpirabi-
lidade; baixos custos de energia; sustentabilidade,
boa reação ao fogo; durabilidade de materiais;
baixos custos de manutenção; gama variada de
revestimentos; solução inócua e segura.
A Knauf Insulation apresenta dois tipos de solução:
Painel ETICS PTP-S-035 e Lamela ETICS PLB. O Siste-
ma de Isolamento Térmico para o Exterior cumpre
com as normas EN 13500 e ETAG 004.www.knaufinsulation.pt
62_cm
62_ estantePUB
Este livro centra-se na conser vação e restauro
de revestimentos exteriores de edifícios antigos,
focando-se nas questões do desenvolvimento de uma
metodologia de estudo e reparação.
O estudo apresentando mostra que é possível um maior
entendimento do comportamento dos revestimentos
exteriores de edifícios antigos com base em cal, bem
como estabelecer um maior rigor na aplicação de
metodologias de conservação e restauro, tendo como
objetivo principal a definição de uma metodologia de
restauro conservativa para a salvaguarda das técnicas,
da funcionalidade e do aspeto estético original da
fachada exterior de edifícios antigos.
Este estudo trouxe vários contributos: (i) estabelecer
métodos de análises in situ do revestimento, para
conhecimento da sua técnica, da sua história e do seu
estado de conservação; (ii) estabelecer métodos de
análise das anomalias do revestimento, onde é possível
quantificar o grau de deterioração; (iii) escolher a
técnica e o produto consolidante adequado para o
tratamento das anomalias; (iv) especificar as distintas
técnicas de restauro e definir os diversos produtos
consolidantes existentes para os revestimentos; (v)
aplicar materiais tão compatíveis quanto possível com
o revestimento, predominantemente compostos por
ligantes minerais, dando-se preferência aos materiais
tradicionais, de modo a verif icar a sua eficiência
através de ensaios laboratoriais; (vi) estabelecer
critérios de aplicação para cada produto ensaiado em
função da anomalia observada nos revestimentos; (vi)
definir uma estratégia de intervenção geral para cada
tipo de revestimento e de anomalia.
AutorA: Martha Lins Tavares . EditorA: LNEC . dAtA dE Edição: 2011 . ISBN:978-
972-49-2220-1 . PáginA s: 474 PrEço: 69,00 euros . à venda em www.
engebook.com
conservação e restauro de revestimentos exteriores de edifícios antigos
Este livro pretende ajudar o cidadão comum a conhecer
ainda melhor a cidade em que vive. Centrado no urba-
nismo, tem como objetivo falar de vários temas, como
a incompetência técnica, a especulação imobiliária,
apontando e denunciando as principais causas da
desorganização e desqualificação das cidades.
A obra foi escrita por Luís Ferreira Rodrigues, licenciado
em Planeamento Urbano e Territorial pela Faculdade
de Arquitetura da UTL e mestre em Ordenamento do
Território e Planeamento Ambiental pela Faculdade de
Ciências da UNL. Atualmente, desenvolve a sua ativi-
dade profissional como urbanista em Lisboa.
Redigido numa linguagem acessível a todos os cida-
dãos e enriquecido com dezenas de ilustrações práti-
cas, este Manual será certamente uma ferramenta útil
para o exercício da cidadania. “Mudar o atual estado
das nossas cidades depende, sobretudo, de cada um
de nós”, é referido na sinopse.
Autor: Luís Ferreira Rodrigues . EditorA: Guerra e Paz, Editores . dAtA dE
Edição: 2011 . ISBN: 978-989-702-020-9 . PáginAs: 240 . PrEço: 15,21 euros
à venda em www.guerraepaz.net
manual de crimes urbanísticos
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projeto pessoal
biNasceu em 1964, no Concelho de Cantanhede.
Licenciou-se no ano de 1989 em Engenharia Civil, pela Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e concluiu Mestrado
em Estabilidade de Estruturas, na mesma escola em 1995. Atualmente é
diretor Geral da Central Projectos e membro eleito do Colégio Nacional de
Engenharia Civil, da Ordem dos Engenheiros.
sonho de criançaSer cientista e poder inventar coisas.
o seu maior desafioContribuir para a melhoria da sociedade e para o desenvolvimento do seu
pais com sentido ético e responsabilidade social.
um arquiteto de referênciaSantiago Calatrava, o Arquiteto-Engenheiro Santiago Pevsner Calatrava Vall (Valência, 28 de julho de 1951) é um
arquiteto e engenheiro espanhol que se inspira em formas e seres da
natureza para criar obras dinâmicas e de uma beleza impar, combinando
conceitos da Arquitetura e Engenharia.
Calatrava licenciou-se em arquitetura em 1974 na Universidade
Politécnica de Valência. Mudou-se para Zurique para estudar engenharia
civil no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, licenciando-se em
1979 e doutorando-se em 1981.
No início de carreira dedicou-se principalmente ao projeto de pontes de
estações ferroviárias. O seu reconhecimento ficou marcado por obras
como a Torre de telecomunicaciones de Montjuïc, em Barcelona (1991),
no centro do complexo dos jogos olímpicos de 1992 e a Allen Lambert
Galleria, em Toronto (1992). O arranha-céus que marcou a sua entrada
neste segmento de projeto foi um edifício com 54 pisos de altura, com
torção piso a piso, Turning Torso (2005), em Malmö, na Suíça. Em Portugal
pode-se apreciar a obra de Calatrava no projeto da Gare do Oriente,
também conhecida como Gare Intermodal de Lisboa (1998).
um engenheiro civil de referência Edgar Cardoso (1913-2000)Edgar António de Mesquita Cardoso nasceu no Porto, em 11 de maio de
1913 e dedicou toda a sua vida à engenharia. Formou-se em engenharia
civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1937
com uma média de dezassete valores. Aos 35 anos, o seu currículo era
já invejável, catedrático do Instituto Superior Técnico, com o projeto e
acompanhamento de execução de trinta e cinco pontes e oito reparações
de pontes.
As suas obras eram classificadas como verdadeiras esculturas,
inovadoras, imponentes, leves e esteticamente modernas, fruto da sua
impressionante capacidade inventiva e habilidade manual, nasciam a
partir de modelos ou maquetas.
JOãO CATArINODiretor Geral da Central Projectos
uma obra de referênciaTurning Torso é um arranha-céus localizado na cidade de Malmö na Suécia de
Santiago Calatrava.
uma aposta no futuro Trabalhar para o reconhecimento da Engenharia Civil como atividade que é
essencial para o desenvolvimento da sociedade.
hobby Ocupo todo o tempo que tenho disponível com vários hobbies: pintura,
aeromodelismo, vela, pesca, jardinagem entre outros.
dos projetos mais desafiantes, seleciona
Um edifício de 22 pisos , de betão armado, na marginal da Figueira
da Foz, com utilização de hotel. O edifico tem alguma complexidade
técnica, com um comprimento total de 75m, sem juntas de dilatação
com 1 pilar a suportar 1/3 do peso do edifício, algumas lajes com 22
de vão, piscina no último piso, contenção e fundações especiais. Uma
Obra onde a Engenharia, com respeito pela função, implicou muitas
soluções especiais de Engenharia.
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6º Congresso Congresso Luso-Moçambicano 29 agosto a Maputo FeUP, UeM, oe, oeMZLUso-MoçaMbiCano de engenharia 2 setembro 2011 Moçambique http://paginas.fe.up.pt/clme/2011/
ConCreta 2011 Construção e obras Públicas 18 a 22 outubro Porto exponor 2011 Portugal www.concreta.exponor.pt
Centeris 2011 sistemas de informação 5 a 7 outubro Vilamoura iPCa, UtaD, iPL 2011 Portugal http://centeris.eiswatch.org/
gesCon 2011 sistemas de informação na 27 e 28 outubro Porto FeUP Construção 2011 Portugal http://paginas.fe.up.pt/~gescon2011/
Vii Congresso CMM Congresso nacional sobre 24 a 25 novembro guimarães CMM Construção Metálica e Mista 2011 Portugal www.cmm.pt/congresso/
As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.
Coran 2011 avanços em Modelos não-lineares 24 a 25 novembro Coimbra eccomas – aplicações ao betão estrutural 2011 Portugal www.dec.uc.pt/coran2011/
sUstentabiLiDaDe na sustentabilidade 29 e 30 setembro Lisboa iisbereabiLitação Urbana 2011 Portugal www.iisbeportugal.org
calendário de eventos
sustentabilidade na reabilitação
Urbana: o novo paradigma do
mercado da construção” é o tema
principal da conferência que vai
decorrer dias 29 e 30 de setem-
bro, em Lisboa.
em destaque estarão os desafios
emergentes, novas abordagens, soluções tecnológicas e prioridades
políticas que permitirão aos diversos intervenientes do mercado da
construção enfrentar o atual contexto ambiental, sociocultural e micro
e macroeconómico.
o evento destina-se a todos os intervenientes do setor da construção e
reabilitação: projetistas, empresas de construção, promotores imobiliá-
rios, consultores produtores, centros de i&D, municípios, associações
empresariais, clientes, etc.
a conferência está a cargo da iniciativa internacional para a sustentabi-
lidade do ambiente Construído (iisbe), em parceria com a Universidade
do Minho (UM) e Laboratório nacional de engenharia e geologia (Lneg) e
tem como parceiros as ordens Profissionais dos arquitetos, engenheiros
e engenheiros técnicos.
www.iisbeportugal.org
conferência nacional iisbe portugal
eventos
Vai decorrer no dia 20 de outubro, no Porto, o enerDia tendo este ano
como tema de destaque “a reabilitação Urbana como uma oportunida-
de para a eficiência energética”. o seminário é organizado pela revista
Construção Magazine, em parceria com a revista indústria e ambiente .
Dado o sucesso do enerdia do ano anterior, estamos a organizar mais
um dia dedicado à eficiência energética, mas desta vez dando enfoque
à reabilitação urbana.
este evento, inspirado no suplemento anual de ambas as revistas - o
energuia – guia de eficiência energética nos edifícios, a decorrer no
Porto, está a ser programado para uma plateia de 100 pessoas. o
enerDia pretende transmitir soluções práticas para uma gestão mais
eficiente do consumo energético.
o evento, dirigido fundamentalmente a engenheiros Civis, arquitetos,
Projetistas e técnicos das empresas, é também indicado a todos
aqueles para os quais esta temática é relevante no seu domínio de
atividade.
enerdiaa reabilitação urbana como uma oportunidade para a eficiência energética
startupd
esign.pt
Aveiro • Portugal • T (+351) 234 751 533 • www.argex.pt
• Decora e mantém a humidade• Melhora o substrato e ajuda o enraizamento das plantas• Drena o excesso de água no solo • Recomendado para todo o tipo de plantas
JardinagemSubstratoGeotextil
(Drenagem)Tela anti-raiz
ImpermeabilizaçãoBetonilha
Camada de forma e isolamento
Laje betão
A utilização de ® permite um escoamento rápido do excesso de água, devido aos pequenos espaços existentes entre as bolas de argila, evitando que a água fique acumulada no substrato o que ajuda as raízes das plantas a respirar.