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EXMO.(a) SR.(a) DR.(a) JUIZ(a) FEDERAL DA 20ª VARA TRABALHISTA DE RECIFE – PE. Ref. Processo de nº. 0000113-18.2011.5.06.0020 LOGRAN LOGÍSTICA LTDA. , pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua José Alves Bezerra, nº 465, na cidade de Jaboatão dos Guararapes/PE, CEP de nº. 54.325-610, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº. 00.925.984/0002-00, vem através de seu advogado ao final assinado, com endereço profissional conforme o rodapé, onde deverão ser remetidas todas as notificações/intimações, vem à presença de V. Exa., nos autos da presente Reclamação Trabalhista que lhe move o Sr. JOSÉ EDNALDO RODRIGUES , apresentar sua CONTESTAÇÃO, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir. Av. Marquês de Olinda nº. 296 - 4° andar – Bairro do Recife - Recife - PE - CEP: 50.030.930 Fone: (81) 3224.9477 / 8832.5527 1

CONTESTAÇÃO - LOTRAN X JOSÉ EDNALDO RODRIGUES

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EXMO.(a) SR.(a) DR.(a) JUIZ(a) FEDERAL DA 20ª VARA TRABALHISTA DE

RECIFE – PE.

Ref. Processo de nº. 0000113-18.2011.5.06.0020

LOGRAN LOGÍSTICA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua

José Alves Bezerra, nº 465, na cidade de Jaboatão dos Guararapes/PE, CEP de nº.

54.325-610, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº. 00.925.984/0002-00, vem através

de seu advogado ao final assinado, com endereço profissional conforme o rodapé, onde

deverão ser remetidas todas as notificações/intimações, vem à presença de V. Exa., nos

autos da presente Reclamação Trabalhista que lhe move o Sr. JOSÉ EDNALDO

RODRIGUES, apresentar sua

CONTESTAÇÃO,

pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir.

“Ab initio” a Reclamada quer impugnar todos os documentos que estão acostados à

inicial e que não preencham as formalidades ditadas pelo artigo 830 da CLT.

Igualmente, se contrapõe a tudo quanto consta da Inicial, pois não condiz com o que

realmente aconteceu. Passando a esclarecer item por item na exata sequência em que

foram arrolados.

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PRELIMINARMENTE

DA CARÊNCIA DA AÇÃO POR ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM

A ora Contestante não há que figurar no pólo passivo da presente reclamatória, uma vez

que o Reclamante nunca foi empregado da LOTRAN – LOGÍSTICA e TRANSPORTE

LTDA, não prestando serviços a esta empresa.

Ocorre que a segunda Reclamada apenas atuou como tomadora de serviços em virtude

de contrato de prestação de mão-de-obra firmado entre Reclamante e a primeira

Reclamada (START SISTEMA E TECNOLOGIA EM RECURSOS

TERCEIRIZÁVEIS LTDA).

Assim, o Reclamante nunca esteve sob sua dependência hierárquica, como também não

recebeu desta qualquer salário, estando ausentes, portanto, todos os pressupostos que

caracterizariam a relação empregatícia, previstos no artigo 3º da CLT. Desta forma,

verifica-se não ter existido qualquer elo de emprego entre os litigantes, restando em

clarividência à ausência de amparo jurídico da respectiva tese patronal.

Deve-se observar que o Reclamante quando do ajuizamento da presente reclamatória,

"ajustou" os fatos ao seu alvedrio, colocando esta Reclamada na posição de empregador,

entretanto não requerendo reconhecimento de vínculo empregatício, muito menos

responsabilização subsidiária.

Assim, por todo o exposto, com fundamento no artigo 301, X, do CPC, requer a

exclusão desta Reclamada, mesmo de forma subsidiária, da presente lide.

DO MÉRITO

Ultrapassadas as preliminares arguidas acima, sem acolhimento, caso que não se espera,

vem a ora Contestante, tecer as competentes considerações sobre o mérito.

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DA INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO

Como indicado através de preliminar, o Reclamante, jamais, em tempo algum foi

empregado da segunda Reclamada.

Com fundamento no artigo 3º da CLT, temos que:

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar

serviços de natureza não eventual a empregador, sob a

dependência deste e mediante salário.

E categoricamente, leciona PAULO EMÍLIO RIBEIRO DE VILHENA, que os

pressupostos da conceituação de empregado são:

a) prestação pessoal de serviços a outrem;

b) serviços não eventuais e trabalho amplo;

c) subordinação e autonomia;

d) salário (sub censura).

É o que se lê no art. 3°. da CLT.

 E continua o Autor:

Com toda a pertinência, afirma Süssekind que a qualidade de

empregado advém da conjugação desses elementos. Faltando

um deles, não se configura a relação de emprego.

(Relação de Emprego. São Paulo, Saraiva, 1975, p. 68,

grifamos).

Assim, temos que a relação de emprego só se reconhece quando o Reclamante prova a

prestação de serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste

e mediante salário.

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In casu, os serviços prestados pelo Reclamante decorreram somente de seu contrato de

trabalho firmado com a primeira Reclamada, jamais havendo qualquer tipo de

dependência ou pagamento de salário em relação a esta Reclamada, ora Contestante.

A segunda Reclamada sequer admite empregados na função de auxiliar de carga e

descarga, de operador de empilhadeira ou algo parecido, nem mesmo existe margem

para a contratação de algum funcionário para esta função, vez que figura como

tomadora de determinados tipos de mão-de-obra oferecidos pela primeira Reclamada,

tais como carga e descarga de veículos, entrega de mercadorias para clientes em área de

abrangência determinada, limpeza e separação de mercadorias.

E no presente caso, a suposta relação de trabalho levantada na inicial não se configurava

de nenhum dos elementos configuradores da relação de emprego, não devendo

prosperar os pedidos da exordial nesse particular.

DO TRABALHO DESEMPENHADO

Enfatiza-se que no presente caso houve apenas a tomada do serviço do Reclamante,

devidamente contratado pela primeira Reclamada, ficando a cargo desta última, o

controle de horários, das funções desenvolvidas e pagamento dos salários e demais

verbas.

Ao confrontar as alegações do Reclamante com as provas ora carreadas aos autos,

deduz-se que aquele tentou distorcer os fatos e dar a esta Reclamada responsabilidades,

quais sejam, contratação e relação empregatícia, de negócio jurídico que jamais

ocorrera.

Nesse ínterim, insta esclarecer que os certificados apresentados pelo Reclamante,

referentes a cursos de reciclagem para operador de empilhadeira, apenas possuem

caráter informativo e demonstram que o mesmo detém a autorização para operar tal

maquinário.

Entretanto, o fato de estar autorizado a operar empilhadeira não implica

necessariamente que o Reclamante realiza em seu âmbito laboral essa atividade. E se a

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realizava, de maneira casual, não operava a máquina em todo o tempo que se

encontrava em seu local de labor, vez que sua função era outra: carregar e descarregar

carga.

A utilização da empilhadeira, já que possuía autorização para tal, se fosse realizada,

seria de temporalidade eventual, com liberação de seu empregador, medida esta

exigida por esta Reclamada, baseando-se na ideia de colaboração do empregado, haja

vista teor do parágrafo único do artigo 456 da CLT.

Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas

anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento

escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito.

Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e

tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e

qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.

Ressalte-se, que o fato de ter participado do curso não implica na realização da

atividade de operador de empilhadeira e muito menos que o Reclamante passava toda a

sua jornada manuseando tal máquina.

Ocorre que foi um trabalho dotado de eventualidade, ao passo em que a função

desenvolvida pelo Reclamante era de auxiliar de carga e descarga de mercadorias, que

por ventura, quando da necessidade, como era portador da devida autorização, operava

empilhadeira.

Ademais, somente corrobora com o teor da NR-11 da Portaria 3.214/78, senão vejamos:

(...)11.1.5 Nos equipamentos de transporte, com força motriz própria,

o operador deverá receber treinamento específico, dado pela

empresa, que o habilitará nessa função.

11.1.6 Os operadores de equipamentos de transporte motorizado

deverão ser habilitados e só poderão dirigir se durante o horário de

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trabalho portarem um cartão de identificação, com o nome e

fotografia, em lugar visível.

11.1.6.1 O cartão terá a validade de 1 (um) ano, salvo imprevisto, e,

para a revalidação, o empregado deverá passar por exame de saúde

completo, por conta do empregador. (...)

Saliente-se que não há na empresa um quadro de cargos e carreira e, tampouco existe o

cargo de “operador de empilhadeira” no quadro funcional da Reclamada ou esta toma a

prestação de tal serviço da START SISTEMA E TECNOLOGIA EM RECURSOS

TERCEIRIZÁVEIS LTDA.

Referidas ponderações incidem inclusive no reenquadramento funcional decorrente de

um desvio de função depende, tendo em vista que se faz necessária a existência de um

cargo na estrutura empresarial prevendo tal “posto de trabalho”, seja em virtude de uma

previsão legal ou de instrumento normativo, como as normas coletivas ou, ainda, de

alguma normatização interna da empresa.

In casu, inexiste previsão da função de operador de empilhadeira em dispositivo legal

ou em algum instrumento normativo da categoria ou em norma interna da empresa.

Tanto que todos os empregados que ocupam o cargo de auxiliar de carga e descarga

percebem o mesmo salário, independente das funções (atribuições e responsabilidades)

desenvolvidas.

Dentro de tal contexto, destarte, não há como ser acolhida a pretensão do Reclamante à

retificação da sua CTPS decorrente do suposto desvio de função.

DA JORNADA DE TRABALHO

Com relação à jornada reclamada, é de se observar inicialmente que o Reclamante

nunca laborou diretamente para esta Reclamada, porém esclarece, a título de

informação, que os funcionários da mesma laboram em escala de serviço das 08h00min

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às 17h00min, sempre com intervalo de 01 (uma) hora para refeição e descanso,

impossível, portanto, a jornada declarada pelo mesmo.

Além disso, o ônus da prova dessas “horas extras” é de responsabilidade do

Reclamante, conforme pode-se observar da jurisprudência:

HORAS EXTRAS – PROVA - “Nos termos do Artigo 818 da CLT,

incumbe ao Reclamante, a prova do serviço extraordinário alegado

em sua inicial. Não se pode conceber, a luz da razoabilidade, que o

ônus da prova relativo a um direito postulado por uma parte seja

abruptamente invertido e recaia sobre a parte que se defende,

negando a pretensão do autor. Recurso provido.” (Ac da 2ª. T. do

TRT da 10ª. Região - RO 465.290/92 - Rel. Juiz Glauco de Castro

Melo - pub. no DJU de 04.06.92, p. 15.886)

HORAS EXTRAS - ÔNUS DA PROVA - “Se a empresa impugna o

horário descrito na peça vestibular, alegando que o obreiro cumpria

a jornada contratual, deste é o ônus de provar a existência de

serviços extraordinários.” (Ac da 4ª. T. do TRT da 3ª. Região - RO

00834/95 - Rel. Juiz Fernando Procópio de Lima Netto - pub. no

DJ/MG 10.11.95, p. 60)

HORAS EXTRAS - COMPROVAÇÃO - ÔNUS DO EMPREGADO -

“Ônus probandi - Horas extras. A teor do art. 333, I, do CPC e 818

da CLT, incumbe à parte o ônus de provar fato constitutivo de seu

direito. Sendo a jornada extraordinária fato constitutivo do direito do

obreiro, a ele incumbi o ônus probandi.” (Ac da 2ª. T. do TST - mv, no

mérito - RR 63.963/92.7 - 10ª. R - Rel. Designado Min. Vantuil

Abdala - j. 16.09.93 - DJU 1 25.02.94, p 2720 - ementa oficial)

Assim em relação ao horário descrito na reclamação, requer de logo a Contestante que o

ônus da prova dessa absurda e inadmissível quantidade de horas extras seja do

Reclamante em conformidade com os artigos 818 da CLT, e 333 do CPC.

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Portanto, o pedido de horas extras e suas repercussões devem ser julgados

improcedentes, impugnando-se desde já a jornada apontada pelo Reclamante na

exordial.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Incabível a condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a presente

Reclamação Trabalhista não se enquadra a Lei nº. 5.584/70. Ainda, está em desacordo

com a Súmula de nº. 219 e confirmado pela Súmula de nº. 329, ambas do C. TST, e da

suspensão, em caráter cautelar do artigo 1º, da Lei nº. 8.906/94, pelo Excelso STF, na

ADIN de nº 1.127-8.

Nesta Justiça Especializada só se concede honorários sindicais, que não é a hipótese dos

autos, e ainda assim, limitado ao máximo de 15% (quinze por cento).

Neste sentido temos que:

"Honorários Advocatícios. Cabimento. Os honorários

advocatícios somente são devidos no processo do trabalho

quando o trabalhador seja beneficiário de assistência judiciário

sindical nos termos da Lei nº 5.584/70 (art. 14), e no percentual

fixado no Enunciado nº 219/TST, por quanto o próprio Supremo

Tribunal Federal deixou certo na ADIN resultante da Lei nº

8.906/94, que resta preservado o 'jus postulandi' na justiça do

Trabalho."

(TRT, 9ª Reg., RO-10922/94 - 1ª JCJ de Maringá - Ac. 3ª T.

14349/95 - maioria - Rel. Juiz Euclides Alcides Rocha - DJPR -

suplemento -, 09.03.95, pág. 40).

Assim, o pleito de honorários advocatícios, mostra-se impossível quanto à pretensão do

Reclamante, tendo em vista que no presente caso, se encontra assistido por profissional

particular.

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DA MÁ-FÉ DO LITIGANTE

Preceitua o artigo 940 do Código Civil:

"Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou

em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do

que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro

caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o

equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.”

Alega o Autor, inúmeras inverdades, algumas devidamente comprovadas nos autos e

outras que se provarão na fase oportuna.

Conforme a documentação inclusa a Reclamada prova que o Reclamante vem faltando

com a verdade dos fatos. Atualmente, é comum muitos ex-empregados irem a Justiça

reclamar valores que já receberam do desligamento da empresa. Através da

documentação anexa, comprova-se que o pedido do Reclamante é descabido, coercitivo

e de má-fé. Isso não deixa de ser extorsão.

Esse tipo de conduta não honra a dignidade do Poder Judiciário e expõe a Justiça sobre

larga margem de erro. Não se pode dar oportunidade para atitudes assim reprováveis,

deturpando o regular exercício do direito de ação e opondo-lhes a trapaça, o

oportunismo de se arriscar no processo para pleitear o que de fato não tem direito, o que

já foi pago, o que a lei não contempla, e o mais das vezes, de maneira tão sorrateira e

maliciosa, que só remete à má-fé.

Tem o Reclamante a ciência do mal, certeza do engano, e, mesmo assim pleiteou pedido

inexistente em contravenção aos preceitos legais.

Diante do acima exposto, requer-se que o Reclamante seja declarado como incurso nos

artigos 940 do Código Civil, artigos 17 e 18 do CPC e condenado ao pagamento à

Reclamada, do equivalente ao preceituado nos supra artigos, com juros e correção

monetária legal, bem como demais despesas efetuadas. Tal encargo por constituir

responsabilidade por ato ilícito, não se afastam com suposta alegação de pobreza e

declarações sacadas de ocasião.

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E para corroborar a posição da ora contestante e fulminar de vez as postulações,

vejamos o seguinte julgado, o qual serve como uma luva no caso em tela:

"EMENTA: ARTIGO 1.531 DO CÓDIGO CIVIL.

APLICABILIDADE NA JUSTIÇA DO TRABALHO. É aplicável

nesta Justiça Especializada o art. 1.531 do CC, por força do

disposto no art. 8º, parágrafo único, da CLT: aplicação

subsidiária do direito comum ao direito do trabalho. Não se

diga que, com isso, há incompatibilidade com os princípios

fundamentais que norteiam o direito trabalhista, posto que a

proteção do hipossuficiente, o maior dos princípios deste ramo

jurídico, só existe enquanto existir a relação de emprego. No

momento que esta se desfaz e que o ex-empregado ingressa em

juízo, ele se equipara, processualmente, a parte passiva, ainda

que estejam em discussão direitos relativos ao contrato de

trabalho. Isto porque, a solução do litígio, meritoriamente, e

que se dará em face dos preceitos protetivos ao empregado,

relativamente ao tempo em que detinha esta qualidade, aí, sim,

se aplicando os princípios fundamentais do trabalho." (TRT -

PR - RO - 4289/91, Ac. 1ª T. 3907/92 - Rel.: Juiz Tobias de

Macedo Filho).

DA COMPENSAÇÃO

"Ad cautelam", advindo condenação ao pagamento de quaisquer das verbas pleiteadas,

o que se admite apenas por argumentar, requer-se a compensação de todos os valores

comprovadamente pagos a qualquer título, durante o período laborativo conforme o

artigo 767 da CLT.

JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

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Em caso de eventual condenação, o que se admite apenas como argumento, os juros e

correção monetária devem seguir os ditames da Legislação pertinentes em vigor.

DAS CUSTAS

As custas devem ser arcadas de forma proporcional a cada uma das parte, no caso de

acordo ou outra forma de convenção entre as partes, dando-se assim a correta

interpretação ao artigo 789, §3º, da CLT.

Esse entendimento, além de desestimular a aventura processual, está em perfeita

consonância com o artigo 21, do CPC, aplicando subsidiariamente, ora transcrito:

“Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido,

serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e

compensados entre eles os honorários e as despesas.”

As custas constituem parte das despesas processuais conforme lição contida no aresto

transcrito:

“No dizer de Pontes de Miranda in Comentários ao CPC, custas

são à parte das despesas processuais relativas à formação,

propulsão e terminação do processo taxado por lei. Assim, sua

natureza é de reparação pelo uso do aparelho judiciário, não

são tributos, mas sim pagamentos de despesas. Ressaltada a

natureza não tributária das custas, inaplicável é o disposto no

citado artigo 28 da Lei nº. 8036/90 ao caso concreto.”

(TRT - 9ª. R - 3ª. T - nº. 967/95 - Rel.: Juiz Francisco Rocha -

DJ/PR 04.03.96, pág. 03)

RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

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Em caso de eventual condenação deve a sentença descriminar as verbas sob as quais

incidem contribuição previdenciária, nos termos do artigo 43 da Lei nº 8.212/91 alterada

pela Lei nº 8.620/93.

Ainda, no total da condenação deve ser abatido o valor correspondente a parcela do

empregado para a Previdência Social, pois constitui obrigação do empregado tal

recolhimento, segundo o a alínea c, do parágrafo único do artigo 16 do Decreto de nº.

2.173/97.

Ora, havendo obrigação legal do recolhimento por parte do empregado, não se justifica

que a empresa deva arcar sozinha com as contribuições, devendo ser deduzida do total

do crédito do Reclamante o valor da parte que lhe cabe para a Previdência Social.

O mesmo ocorre com o Imposto de Renda, que é encargo do Reclamante, devendo o

valor correspondente, ser deduzido do total de seus créditos e recolhido aos cofres

públicos, segundo orientação do Provimento nº. 01/93 da Corregedoria Geral da Justiça

que estabelece em seus artigos 1º e 2º.

Assim, na oportunidade do pagamento, se a ação não for julgada improcedente, deve ser

abatido o valor do Imposto de Renda do total a ser recolhido pelo Reclamante.

DA IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS

Ficam impugnados todos os documentos anexados ao termo de reclamação, por

imprestáveis à prova das alegações nele expendidas, não estarem autenticados, e muito

menos tem o condão de provar o suposto vínculo empregatício viciosamente almejado

pelo Reclamante.

Assim, por cautela, no que pese a contestação de todos os itens pleiteados, CONTESTA

os seguintes títulos constantes da exordial:

Horas extraordinárias e suas repercussões;

Anotação na CTPS;

Diferença salarial;

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Honorários advocatícios.

Impugnadas as pretensões do Reclamante na inicial, nada lhe é devido a que título for e,

inexistindo verbas principais, não há que se falar em reflexos/integrações, conforme

o princípio geral de direito segundo o qual "o acessório segue o principal".

CONCLUSÃO

Temos que, contestando item por item todas as postulações do Reclamante, espera seja

a presente ação e seus reflexos julgada improcedente em todos os seus termos, com a

condenação do Reclamante ao pagamento das custas na hipótese de improcedência,

respondendo ainda pelo ônus probatório conforme disposto no artigo 818 da CLT,

combinado com o artigo 333, inciso I, do CPC, aplicado subsidiariamente, protestando

por todos os meios de prova em Direito admitidos, principalmente depoimento pessoal

do Reclamante, sob pena de confissão, testemunhas, juntada de novos documentos e

prova pericial, requerida pelo Reclamante se necessário for.

Nestes termos,Pede Deferimento.Recife (PE), 12 de abril de 2023.

André Vinícius Guimarães de CarvalhoOAB/PE 14.805

Tatyana S. Cavalcante LimaOAB/PE 8547E

Ernani Setime Pessoa JuniorOAB/PE 7.693E

Priscila da Costa BorbaOAB/PE 9.035E

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RECIFE – PE.

Ref. Processo de nº. 0000113-18.2011.5.06.0020

LOGRAN LOGÍSTICA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua

José Alves Bezerra, nº 465, na cidade de Jaboatão dos Guararapes/PE, CEP de nº.

54.325-610, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº. 00.925.984/0002-00, vem através

de seu advogado ao final assinado, com endereço profissional conforme o rodapé, onde

deverão ser remetidas todas as notificações/intimações, vem à presença de V. Exa., nos

autos da presente Reclamação Trabalhista que lhe move o Sr. JOSÉ EDNALDO

RODRIGUES, apresentar a

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR

pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir.

O Reclamante apesar de ter sido contratado para realizar suas atividades na sede da 1ª

Reclamada (START SIST. E TEC. REC. TERC. LTDA.), sito endereço na Rua Manoel

Borba, nº. 899, Boa Vista, Recife/PE, prestou serviço para a 2ª Reclamada na Cidade de

Jaboatão dos Guararapes/PE, conforme cópia dos documentos anexos. Ressalte-se que o

Reclamante nunca trabalhou na região envolvida por esta Comarca.

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Assim, a competência para julgar o feito é da Justiça do Trabalho da Cidade de Jaboatão

dos Guararapes/PE, nos termos expressos do artigo 651, caput, e seu § 3º da CLT.

Face a não realização de serviços por parte do Reclamante no âmbito da Jurisdição desta

Vara do Trabalho.

Com efeito, de acordo com as disposições expressas no artigo 651, da CLT, “a

competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade

onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que

tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro”.

Dito entendimento é tão claro que a doutrina é bastante pacífica a respeito do assunto.

Aliás, resumindo toda uma posição cristalizada, suficiente o ensinamento do Mestre

AMAURI MASCARO NASCIMENTO, in CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DO

TRABALHO, Editora Saraiva, 13ª Edição, página 114:

“Não se confunda o princípio para concluir, erradamente, que

tanto poderá ser movido o processo no local do contrato ou no

local da prestação de serviços. Não é isso que está no texto. A

regra é uma só: a localidade onde o empregado trabalhava ou

trabalha. Não a localidade onde o serviço foi ajustado.”

(original sem grifos)

Verifica-se, pois, que a hipótese dos autos se encaixa perfeitamente ao quadro supra

declinado, ressaltando que a 1ª Reclamada é sediada apenas na cidade de Recife/PE, não

desenvolvendo nenhuma atividade em outra localidade.

Porquanto, em verdade, o Reclamante durante a vigência do contrato de trabalho

mantido com a 1ª Reclamada desempenhou suas atividades exclusivamente na sede da

2ª Reclamada, na cidade de Jaboatão dos Guararapes/PE. Jamais executou serviços em

outros municípios.

Do exposto, constitui-se esta MM. Vara do Trabalho de Recife/PE incompetente para

conhecer e julgar a presente reclamação e, ante a exceção de incompetência suscitada,

requer a Reclamada excipiente que, diante da inteligência do artigo 799 e seguintes, da

Av. Marquês de Olinda nº. 296 - 4° andar – Bairro do Recife - Recife - PE - CEP: 50.030.930Fone: (81) 3224.9477 / 8832.5527

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Page 16: CONTESTAÇÃO - LOTRAN X JOSÉ EDNALDO RODRIGUES

CLT, seja suspenso o feito, com a consequente remessa dos autos para a distribuição

central dos Processos na Cidade de Jaboatão dos Guararapes/PE, a fim de ser

redistribuído para uma das Varas ou, a contrario sensu seja extinta a presente ação, sem

exame de mérito, nos termos da Legislação aplicável à espécie.

Nestes termos,Pede Deferimento.Recife (PE), 12 de abril de 2023.

André Vinícius Guimarães de CarvalhoOAB/PE 14.805

Tatyana S. Cavalcante LimaOAB/PE 8547E

Ernani Setime Pessoa JuniorOAB/PE 7.693E

Priscila da Costa BorbaOAB/PE 9.035E

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