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    7DA CONTESTAO

    Sumrio:7.1 Conceito / 7.2 Contedo da contestao / 7.3 Requi-sitos da contestao / 7.4 Questes que devem ser ventiladascomo preliminares na contestao / 7.4.1 Inexistncia ou nulidade

    da citao 7.4.2 Incompetncia absoluta / 7.4.3 Inpcia da inicial7.4.4 Perempo / 7.4.5 Litispendncia / 7.4.6 Coisa julgada7.4.7 Conexo / 7.4.8 Incapacidade da parte, defeito de represen-tao ou falta de autorizao / 7.4.9 Conveno de arbitragem7.4.10 Carncia da ao / 7.4.11 Falta de cauo ou de outraprestao, que a lei exige como preliminar / 7.5 Da defesa demrito / 7.5.1 Defesa indireta de mrito / 7.5.2 Defesa direta demrito / 7.6 Defesas admissveis depois da contestao / 7.7 Prazopara contestao / 7.8 Concluses da contestao / 7.9 Rplicaou impugnao do autor.

    7.1 CONCEITO

    Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor no poder,sem o consentimento do ru, desistir da ao( 4. do art. 267, doCPC).O direito de desistncia da ao apenas encontra oposio na vontade daoutra parte de ver julgada a lide, quando oferecida contestao (in RT645/98). Antes da resposta do ru, portanto, o autor pode desistir da aounilateralmente e, com isso, dar causa extino do processo; depois deapresentada a defesa, tem o ru direito a uma deciso de mrito e adesistncia s se consumar se o ru consentir. No pode o autor desistirda ao sem o consentimento do ru, se j houve resposta (in RT 598/73).

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    Facilmente se percebe que o direito de ao no cabe somente aoautor. O ru tambm o exercita atravs da contestao, exatamente comoo faz o autor atravs da petio inicial. Tanto este como aquele, um noataque e o outro na defesa, visam providncia oficial para pr fim lide.

    O ru, ao ser chamado para participar da relao processual,ocasio em que toma conhecimento das pretenses do autor, poderapresentar resposta e ter sua disposio trs peas: a) a contestao; b)a exceo; c) a reconveno.

    Deixemos de lado os problemas da exceo e da reconveno,pois sero analisados nos captulos seguintes. Vamos nos deter nacontestao.

    A contestao um instrumento processual utilizado pelo rupara atacar o mrito da pretenso do autor. tambm um meio de apontarvcios que invalidam a relao processual e, de opor e alegar asimperfeies formais capazes de prejudicar o julgamento do mrito.

    Enfim, a contestao meio de defesa, tanto de ordem material, como denatureza processual, impedindo o seu prosseguimento.

    "A contestao - na palavra de Clito Fornaciari Jnior - a formade defesa por intermdio da qual o ru pode insurgir-se contra o mrito dademanda, direta e indiretamente, bem como contra o processo, a ao e oprocedimento, buscando um julgamento favorvel a ele pelodesacolhimento da pretenso do autor ou pela extino do processo semsua apreciao, por conter este vcio de ordem formal, ou por no ter oautor direito de ao, ou, ainda, por no ser adequado o procedimentoescolhido".74 Enfim, atravs da contestao que o ru tenta persuadir ojulgador de que o direito est do seu lado.

    7.2 CONTEDO DA CONTESTAO

    O ru, aps a deciso saneadora, invoca a prescrio aquisitiva(usucapio). Mas o art. 193 do CC no faculta a alegabilidade daprescrio em qualquer fase do processo, mas sim "em qualquer grau de

    74 Da Reconveno no Dir. Processual Civil Brasileiro, Ed. Saraiva, S.Paulo,1983, p. 179

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    jurisdio" por abrigar, a relao processual, fase prpria - a postulatria- para a deduo das razes pelas partes. Ultrapassada esta, estarpreclusa a oportunidade para faz-lo, salvo nas hipteses contempladaspelo art. 303 do estatuto processual civil (in RT 670/134). (Art. 303:Depois da contestao, s lcito deduzir novas alegaes quando: I -

    relativas a direito superveniente; II - competir ao juiz conhecer de ofcio; III -

    por expressa autorizao legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e

    juzo). Melhor explicando, a locuo "em qualquer grau de jurisdio"prevista pelo art. 193 do CC est longe de ser facultada "em qualquerfase do processo". que o Direito Processual, como cincia quereconhecidamente , tem dignidade prpria. Vale dizer, instituto prpriodestinado consecuo do seu escopo. Por isso, de afirmar-se ter oprocesso fases compartimentais estanques, como a postulatria, aprobatria e a decisria. Ultrapassada uma, ocorre a precluso75 damatria ali discutida e decidida.

    Dessa forma, o referido art. 193 do CC tem inteira aplicabilidadeno processo, mas o interessado deve invocar seu direito na ocasiooportuna, qual seja, como ru, aquela prevista pelo art. 300 do CPC, queassim reza: "Compete ao ru alegar, na contestao, toda a matria dedefesa, expondo as razes de fato e de direito, com que impugna o

    pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir".

    Assim o legislador fixou oportunidade para o ru deduzir suasrazes, todas, em prol do seu direito. E no h exceo a essa regra.

    A propsito, Pontes de Miranda aborda o tema, com inexcedvelpreciso e objetividade: "A prescrio" - escreve o jurisconsulto - "tem deser alegada na contestao. Em Direito Material diz-se que a prescriopode ser alegada, em qualquer instncia, pela parte a quem aproveita. Essaregra jurdica exprime que no h bice de Direito Material a que se alegue

    a prescrio na 2. instncia, ou depois; porm, de modo nenhum se h deler como regra de Direito Processual que permitisse alegao fora do tempopara ser alegada. H aqui e ali, julgados errados, como o da 2. Turma doSTF, a 16-12-47... que deixou de aplicar a regra jurdica processual, porquetal regra jurdica "no pode inutilizar" a regra jurdica que permite aalegao da prescrio em qualquer fase do processo (Comentrios aoCdigo de Processo Civil, t. V/III, ed. Forense, 1974) (in RT 670/134).

    75 Precluso = perda de uma determinada faculdade processual civil, ou pelo noexerccio dela na ordem legal.

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    Portanto, na contestao, o ru deve alegar toda a sua defesa,repelindo de modo preciso os fatos argidos na inicial, sob pena depresumir-se que so verdadeiros os que no forem impugnados (CPC, art.302). "Pelo princpio da eventualidade, todas as alegaes e deduesdevem ser apresentadas ao mesmo tempo em contestao, sob pena deprecluso, de modo que, transcorrido o prazo, no mais lcito aduzi-las"

    (in RT 613/95). Ou seja, haver "a precluso do direito de invocar emfases posteriores do processo matria de defesa no manifestada nacontestao".76 Sobre o assunto, analise a deciso publicada pela RT755/443: Inexiste cerceamento de defesa no julgamento antecipado dalide se a parte no protestou pela produo de provas quando daapresentao da contestao, conforme disposto no art. 300 do CPC.Esse , pois, o contedo da contestao: alegar o ru toda a matria dedefesa. Trata-se do princpio da concentrao da defesa na contestao oudo princpio da eventualidade, adotado pelo Cdigo, que exige que toda adefesa seja alegada na contestao de uma s vez, salvo as exceesprevistas pela lei processual. Vale dizer, se alguma argio defensiva foromitida por ocasio da defesa, impedido estar o ru de aleg-la emoutros momentos ulteriores de procedimento.77

    No que concerne prescrio, o 5. do art. 219 do CPCdetermina o seguinte: O juiz pronunciar, de ofcio, a prescrio.

    7.3 REQUISITOS DA CONTESTAO

    So requisitos da contestao:

    1) a petio escrita indicando o juzo da causa. O ru poderoferecer, - diz o art. 297 do CPC - no prazo de 15 (quinze)dias, em petio escrita, dirigida ao juiz da causa,contestao, exceo e reconveno. No processo de ritosumrio, a contestao poder ser feita oralmente;

    2) o nome e prenome das partes. desnecessria a qualificaoe endereo porque j esto na inicial;

    76 Humberto Theodoro Jnior, ob. e vol. Cits., p. 40377 Humberto Theodoro Jr., Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 25., ed., p.378.

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    3) as razes de fato e de direito, com que o ru impugna opedido do autor;

    4) a especificao dos meios de prova, que o ru pretendeproduzir.

    Os dois ltimos requisitos esto expressamente mencionados noart. 300 do CPC, in verbis:

    "Compete ao ru alegar, na contestao, toda a matria

    de defesa, expondo as razes de fato e de direito, com que

    impugna o pedido do autor e especificando as provas que

    pretende produzir".

    Ao expor as razes de fato e de direito com que impugna opedido do autor, o ru ter de declarar as razes da impugnao, edever fazer, especificamente, para cada um dos fatos. Este princpioest expresso no art. 302 do CPC, in verbis:

    "Cabe tambm ao ru manifestar-se precisamente sobre

    os fatos narrados na petio inicial. Presumem-se verdadeiros

    os fatos no impugnados, salvo:...

    A contestao por negao geral no permitida; o ru devemanifestar-se, precisamente, sobre cada fato mencionado na inicial. Osfatos narrados pelo autor devem ser rebatidos um a um, porque o silnciodo ru, com relao a qualquer deles, tem como reflexo a presuno daverdade do mesmo.

    Concluindo, em face da nossa sistemtica processual, o ru no

    pode, ao elaborar sua contestao, protestar pela negativa geral dos fatosalegados pelo autor. Deve, isto sim, impugn-los um a um. "Fato por fato,alegao por alegao, devem ser objeto de resposta do ru" - ensinaWellington Moreira Pimentel. "Sobre cada um dos fatos que constituamfundamento do pedido deve o ru manifestar-se de forma precisa", insisteo jurista: "Admite-os ou os nega. D-lhes a prpria verso. E traz colao outros fatos".78

    78 Comentrios ao Cd. de Processo Civil, 1975, vol. III, p. 266.

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    estaro impugnados todos os demais fatos alegados pelo autor quepressuponham a referida presena do contestante.80

    S quem pode se socorrer do princpio da contestao pelanegativa generalizada o advogado dativo, o curador especial e o rgodo Ministrio Pblico, ou seja, essas pessoas esto isentas de impugnarespecificamente os fatos alegados pelo autor, podendo se socorrer doprincpio da contestao pela negativa generalizada (pargrafo nico doart. 302 do CPC).

    O advogado dativo aquele nomeado pelo juiz para,gratuitamente, funcionar na causa; o curador especial, tambm nomeadopelo juiz, aquele que representa a parte, menor ou incapaz, que notenha representante legal, ou cujo representante esteja impedido deexercer a representao, ou ainda, para representar o ru citado por editalou com hora certa e tenha ficado revel. No tendo eles intimidade com osrepresentados, a lei permite que estes lancem mo da negativageneralizada, ou seja, no refutem particularmente cada um dos fatosargidos pelo autor.

    7.4 QUESTES QUE DEVEM SER VENTILADASCOMO PRELIMINARES NA CONTESTAO

    Cabe ao ru deduzir as chamadas defesas de natureza processual,que vm a ser preliminar de mrito. A contestao, portanto, pode conterpreliminares que, como o nome indica, devem ser deduzidas antes domrito. Mas a matria preliminar, o juiz pode conhec-la de ofcio se noalegada pelo ru: "Com exceo do compromissoarbitral, - diz o 4.do art. 301 do CPC - o juiz conhecer de ofcio da matria enumeradaneste artigo".

    O que importa observar que toda vez que uma questo preliminarvenha a ser acolhida, o mrito da causa no pode ser julgado, isto porque amaioria da matria do art. 301 do CPC, transcrita abaixo, se acolhida, leva extino do processo sem julgamento do mrito. H casos, como o daincompetncia absoluta, ou da nulidade de citao, modalidades constantes

    80 Ob. e vol.cits., p. 377.

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    do referido art. 301, que, se acolhidas, no levam extino do processo. Oacolhimento da argio de incompetncia passa do juzo incompetentepara o juzo competente; nunca a extino do processo.

    Destarte, se o ru pretender apresentar defesa indireta de naturezaprocessual, deve argi-la antes da defesa de mrito. Esto, em regra,arroladas no Cdigo de Processual Civil em seu art. 301, in verbis:

    "Compete-lhe, porm, antes de discutir o mrito, alegar:

    I inexistncia ou nulidade da citao;

    II incompetncia absoluta;

    III inpcia da petio inicial;

    IV perempo;

    V litispendncia;

    VI coisa julgada;

    VII conexo;

    VIII incapacidade da parte, defeito de representao ou falta

    de autorizao;

    IX conveno de arbitragem;

    X carncia de ao;

    XI falta de cauo ou de outra prestao, que a lei exigecomopreliminar".

    O juiz as apreciar na fase do saneamento e s declarar saneado oprocesso se nenhuma delas estiver presente. Vejamos cada inciso de per si:

    7.4.1 Inexistncia ou nulidade da citao

    A alegao de inexistncia ou nulidade da citao uma defesano plano dos pressupostos processuais, que macula o processo,permitindo ao ru acus-la na contestao, embora haja a possibilidade deargi-la tardiamente, o que constitui nulidade absoluta.

    Com efeito, a citao inicial indispensvel para a regularidadeprocessual (CPC, art. 214); se inexistiu, ou se foi feita em desacordo como modelo prefixado em lei (citao nula), o ru poder tomar duaspossveis posies:

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    a) comparecer apenas para argir a inexistncia ou a nulidade dacitao;

    b) lanar mo na preliminar, da falta ou da nulidade da citao,apresentando ainda toda a defesa que tiver.

    Vejamos um exemplo. A lei processual determina que se observem,

    na expedio do mandado de citao, as prescries que esto no seu art.225. A omisso do prazo para oferecimento da contestao gera nulidade dacitao por fora da disposio expressa do art. 247 do mesmo Cdigo. Oru pode, ento, comparecer apenas para argir a nulidade ou apresentar,como preliminar, a referida argio e, tambm, alegar toda a matria dedefesa, quer a defesa indireta de natureza processual, quer a direta ouindireta de mrito. Se o juiz aceitar a preliminar de nulidade, recomea oprazo para resposta a contar da data em que o advogado do ru for avisadosobre a deciso que acolheu sua preliminar, caso tenha comparecido apenaspara alegar a nulidade. Na hiptese de j ter apresentado as demais defesas,o juiz comea a apreci-las.

    Em todo o tempo se pode opor o vcio de falta de citao, seja nafase de cognio ou do cumprimento da sentena. Ele supera a coisajulgada, uma vez que, sem a citao efetiva da parte, a deciso seprolatar no vcuo, e o processo, que nela se culminou, juridicamenteinexistente", decidiu certa vez o TJSP (in RT 326/181). Por exemplo,numa ao contra um menor pbere, este deve ser citado, pessoalmente,com assistncia dos pais. Se, no entanto, a citao se deu na pessoa de suame, o menor, em qualquer tempo, poder argir nulidade, por falta decitao regular. Se for proferida a sentena carregando aquele vcio,desde que o feito lhe tenha corrido revelia, poder argi-lo naimpugnao, objetivando a nulidade da execuo, porque o ttulo judicial

    ainda no se formou (in RT 476/72).

    7.4.2 Incompetncia absoluta

    A invocao da incompetncia absoluta outra matria que podeser oferecida na contestao como preliminar. Alis, a incompetnciaabsoluta, caso em que o juiz no tem competncia em razo da matria ouem razo da funo para conhecer a causa ajuizada, pode ser alegada emqualquer fase do processo; pode, ainda, ser alegada de ofcio pelo

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    magistrado (CPC, art. 113). Por exemplo, se na acusao de insanidademental, a ao declaratria for distribuda atravs do juzo civil, o rulevantar preliminar, alegando incompetncia de juzo, pois este deveriaser o da Famlia e das Sucesses, em virtude da lide versar sobrequesto de estado (in RT 434/141).

    Na invocao de incompetncia relativa, a argio deve ser feitapor via das excees, outra espcie de defesa de que o ru poder lanarmo. A incompetncia absoluta suscitada na prpria contestao, emqualquer tempo ou grau de jurisdio, porque o juiz absolutamenteincompetente no tem legitimidade para proferir qualquer deciso noprocesso. Por isso, lembra Calmon de Passos, "a argio deincompetncia absoluta deve preceder a todas as outras".81 E continua omesmo autor: "S o juiz competente pode se pronunciar sobre a validadeou invalidade da citao. Da parecer-nos ter sido mais correta aenumerao do art. 301 ser encabeada pelo disposto no inciso II e nopelo que diz respeito citao".82

    7.4.3 Inpcia da inicial

    "Inepta a inicial que no contm condies mnimas para que oru possa defender-se" (in RT 497/48); "a narrao dos fatos, elaboradade maneira incompreensvel, no permitindo tirar uma concluso lgica, etornando impossvel ser deduzida a defesa, importa em inpcia da inicial"(in RT 485/137). A incorreta nomeao da ao no torna inepta a inicial.A petio inepta, - fixa o pargrafo nico do art. 295 do CPC - quandono contiver o pedido ou a causa de pedir; quando da narrao dos fatos,no decorrer logicamente a concluso; quando o pedido for juridicamente

    impossvel; quando contiver pedidos incompatveis entre si. "A inpcia dapetio inicial sempre foi entendida como vcio insanvel e se ela ocorrer,deve o juiz indeferi-la, desde logo, no se justificando nem sendo possvela correo pelo autor" (in RT 534/89). Assim, o juiz deve indeferir ainicial inepta e extinguir o processo. Se aos olhos do juiz passardespercebida a irregularidade, cabe ao ru argi-la na contestao, comopreliminar.

    81 Ob. e vol. Cits., p. 25382 Idem, p. 250

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    7.4.4 Perempo

    Quando o autor abandona a causa por mais de 30 dias, e desdeque esse abandono se d por conta de algum ato ou diligncia no processoque lhe competia promover, o juiz extingue o processo aps asformalidades legais. A repetio por trs vezes desse fato, ocasionando,portanto, trs extines do processo, acarretar a perempo.

    Perempo, portanto, uma situao criada em conseqncia detrs extines do processo por abandono, impedindo que o autor o renovecom a mesma lide, sem, contudo, importar na perda da capacidadedefensiva do direito (CPC, art. 268).

    7.4.5 Litispendncia

    A reproduo de uma ao j anteriormente ajuizada ( 1. doart. 301), d origem litispendncia, que matria que figura comopreliminar de contestao e provoca a extino do processo semjulgamento do mrito. Portanto, a lei processual probe a duplicidadeconcomitante de processos que tenham por objeto a mesma lide. Oreconhecimento da litispendncia significa, pois, a extino do processo,exatamente para evitar a ocorrncia de mais de um julgamento.

    preciso no esquecer que, a litispendncia s ocorrer se aao ento proposta em relao que est em curso, tenha trpliceidentidade: a identidade das partes, da causa de pedir e do objeto ( 2. doart. 301 do CPC). Veja, a propsito, a seguinte ementa de certo acrdo:"No h litispendncia entre aes de usucapio e divisria" (in RT490/63), pois so diferentes os objetos de cada uma das aes.

    Na ao de usucapio, o autor pede que lhe seja reconhecido odomnio de um imvel, ao passo que na divisria, o que se pretende adiviso de um imvel maior.

    7.4.6 Coisa julgada

    Suponhamos que uma ao j decidida por sentena de mrito,da qual no cabe mais recurso, seja repetida em novo processo. Cabe ao

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    ru, ento, preliminarmente sua contestao, argir a existncia de coisajulgada, objetivando a extino do processo. Com isso, o legislador evitaque se reproduza a mesma lide em novo processo. A diferena deste casocom a litispendncia est em que nesta se repete uma causa que aindaest em curso, enquanto que, na coisa julgada, repete-se uma causaj decidida por sentena transitada em julgado. Por isso, a ao ento

    proposta onde o ru alega a existncia de coisa julgada e anteriormente jdecidida, como acontece na litispendncia, deve ser idntica, ou seja,deve existir a trplice identidade a que se refere o 2. do art. 301 doCPC: as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

    Essa regra, segundo a qual a pretenso, uma vez decidida, no oser uma segunda vez, no s est baseada em razes de interessepblico, mas tambm em razes de ordem prtica, devido necessidadeda estabilidade das relaes jurdicas.

    7.4.7 Conexo

    No sempre que a alegao de uma preliminar implicaextino do processo sem julgamento do mrito. H casos, como o daconexo, em que o ru visa ao seu deslocamento para outro juzo. Ora,"havendo conexo ou continncia, - diz o art. 105 do CPC - o juiz, deofcio ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a

    reunio de aes propostas em separado, a fim de que sejam decididas

    simultaneamente". (Sobre o problema da conexo, consultar nossoprimeiro volume, cap. 23).

    7.4.8 Incapacidade da parte, defeito derepresentao ou falta de autorizao

    Atravs dos pressupostos processuais, cogita-se observar formali-dades de perfeio do prprio processo, especialmente para a garantia daspartes. De um modo geral, eles dizem respeito ao juiz, que deve sercompetente, e s partes. O inciso VIII do artigo em anlise (301) cuida,apenas, dos pressupostos processuais que dizem respeito s partes. Assim,se o ru verificar, por exemplo, que o autor menor de 16 anos e no estrepresentado, ou ainda, se o autor maior de 16, e menor de 18 anos, e no

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    est assistido, deve alegar, como preliminar, a incapacidade da parte oudefeito de representao.

    A falta de autorizao tambm pode ser alegada, comopreliminar. O art. 10 do CPC prev a obrigatoriedade de consentimentodo outro cnjuge, para propor aes que versem sobre bens imveis oudireitos reais sobre imveis alheios.

    O juiz, por sua vez, verificando a incapacidade processual ou airregularidade de representao das partes, suspende o processo e mandasanar o defeito. No atendendo o autor a determinao, decreta-se anulidade do processo.

    7.4.9 Conveno de arbitragem

    As partes, ao invs de recorrerem ao Poder Judicirio, podemescolher um rbitro, para decidir as suas questes. As pessoas capazesde contratar diz o art. 1. da Lei 9.307/96 - podero valer-se da

    arbitragem para dirimir litgios relativos a direitos patrimoniaisdisponveis. Se essa for a inteno das partes, estas firmam umaconveno de arbitragem, que a conveno atravs da qual as partesem um contrato comprometem-se a submeter arbitragem os litgios quepossam vir a surgir, relativamente a tal contrato.83 Existindo talcompromisso, mesmo assim, se uma das partes prope a ao judicial, oru poder alegar a sua existncia e o seu reconhecimento que ser causade extino do processo sem julgamento do mrito.

    No demais lembrar que, com exceo do compromisso arbitral,cabe ao juiz conhecer de ofcio, por ser de ordem pblica, toda a matriaconstante do art. 301 do CPC.

    7.4.10 Carncia da ao

    J do nosso conhecimento que a carncia de ao pode sermotivada pela falta de uma das condies da ao, tais como: apossibilidade jurdica, a legitimidade das partes e o interesse processual(art. 267, VI, do CPC).

    83 Antnio Cludio da Costa Machado, ob. cit., p. 242.

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    Recordemos que as condies da ao representam as condiespara o pronunciamento de mrito e que a falta de algumas das condiesextingue o processo, sem julgamento do mrito, por carncia da ao. Oru dever, na contestao, antes de abordar o mrito, abordar a carnciada ao (art. 301, X).

    7.4.11 Falta de cauo ou de outra prestao,que a lei exige como preliminar

    Casos h em que o autor, para propor ao, deve prestar cauo.A obrigatoriedade s se verifica por disposio expressa em lei. Porexemplo, diz o art. 835 do CPC: "O autor, nacional ou estrangeiro, queresidir fora do Brasil ou dele se ausentar na pendncia da demanda,

    prestar, nas aes que intentar, cauo suficiente s custas e

    honorrios de advogado da parte contrria, se no tiver no Brasil bens

    imveis que lhes assegurem o pagamento".

    Comentando este artigo, Humberto Theodoro Jr. escreve:Dispensa-se a cauo s custas, porm ao autor nacional ou estrangeiro,ainda que no residente no Pas, quando possuir ele bens imveis noterritrio brasileiro (art. 835), de valor suficiente para assegurar opagamento das despesas do processo, na eventualidade desucumbncia.84

    Referentemente a outras prestaes previstas pelo inciso XI, tem-se o caso do autor, que para intentar de novo a ao, quando o juizdeclarar extinto o processo sem julgar o mrito, deve pagar as despesas

    processuais e os honorrios a que for condenado. Se o autor, no entanto,deixar de depositar as custas e os honorrios aos quais foi anteriormentecondenado e ingressar com nova ao, com os mesmos objetivos daanterior, dar ensejo ao ru de, em contestao, impedir o andamento dofeito. Porm, essa situao representa um impedimento de carterestritamente processual, pois feito o depsito, a demanda continua.

    84 Processo Cautelar, 7. ed., Ed. Universitria de Direito, S. Paulo, p. 269.

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    7.5 DA DEFESA DE MRITO

    Aps a defesa de rito, tambm chamada defesa indireta processual,dirigida contra o processo, deve o ru formular, se existir, a defesa contra arelao de direito material constitutiva do pedido ou contra o objeto doprocesso, chamada defesa de mrito ou defesa de fundo.

    Ao apresentar a defesa de mrito, o ru toma em geral duasposies distintas: ou a dirige contra a prpria pretenso do autor,objetivando destruir-lhe os fundamentos de fato ou de direito, caso que sedenomina defesa direta, ou aceita o fato posto pelo demandante, mas opefatos novos, com eficcia impeditiva, modificativa ou extintiva, dapretenso do autor, caso que chamado defesa indireta.

    Portanto, face relao constitutiva do mrito da causa, o rupode oferecer:

    a) DEFESA INDIRETA DE MRITO;b) DEFESA DIRETA DE MRITO.

    7.5.1 Defesa indireta de mrito

    Os exemplos que seguem ajudam a compreender:

    1) Perante um contrato de mtuo, o autor pretende receber certaimportncia; o ru, em contestao, confessa a dvida, porm,alega prescrio, que constitui fato impeditivo do recebimento;

    2) Suponhamos que o autor prope ao para receber certaquantia do ru e este reconhece a dvida, mas afirma que jefetuou o pagamento parcial. Isso representa um fato modificativo

    do direito do autor;3) Em conseqncia do contrato de mtuo, pretende o autor orecebimento de certa importncia e, em contestao, o ru afirmahaver pago totalmente o dbito. Trata-se de fato extintivo dodireito do autor.

    Todas essas situaes servem para mostrar uma espcie de defesaindireta de mrito, alegando o ru fatos impeditivos, modificativos ouextintivos do fato constitutivo.

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    7.5.2 Defesa direta de mrito

    Na inicial o autor narra o fato, reconstituindo-o para a exataaplicao do direito. Se o autor adultera o fato, no haver, pois, justiaefetiva, porque todo direito se assenta num fato.

    Entendendo o ru que o fato, fundamento da relao jurdicaconstitutiva do mrito, no foi posto com exatido, ou foi relatado demodo diverso de como realmente aconteceu, lanar mo da defesadireta. O ru, ento, volta-se contra a existncia ou a configurao do fatoe, evidentemente, contra as conseqncias jurdicas ento pretendidaspelo autor, procurando destruir os fundamentos de fato ou de direito.

    Essa defesa chamada direta, porque a defesa do ru dirigidacontra os fatos e fundamentos jurdicos aduzidos pelo autor. Difere dadefesa indireta, onde o ru apresenta fatos novos, sem negar o fatojurdico apresentado pelo autor, mas obstando a produo dos efeitospretendidos por este.

    7.6 DEFESAS ADMISSVEIS DEPOIS DACONTESTAO

    Sabe-se que toda defesa deve ser deduzida na contestao, poisesta, uma vez apresentada, torna-se imutvel, ou seja, o ru nopoder formular novas defesas, quer diretas, quer indiretas. Este princpioque obriga o ru a apresentar na contestao toda a defesa de uma s vez,adotado pelo Cdigo, chama-se princpio da concentrao da defesa nacontestao ou princpio da eventualidade.85 Contudo, em certas

    circunstncias, abrem-se excees sendo permitidas novas defesas depoisda contestao. o que est no art. 303 do CPC, in verbis:

    "Depois da contestao, s lcito deduzir novas

    alegaes quando:

    I relativas a direito superveniente;

    85 O princpio da eventualidade exige a deduo de todas as matrias de que odemandado disponha, no momento da resposta (in RT 719/157).

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    II competir ao juiz conhecer delas de ofcio;

    III por expressa autorizao legal, puderem ser formuladasem qualquer tempo e juzo".

    I - DIREITO SUPERVENIENTE:

    Superveniente o que vem ou aparece depois de outra coisa. ofato ocorrido depois de j ter expirado o prazo da contestao. "Fatoanterior contestao no gera direito superveniente, no autorizando seuaditamento com fundamento no inc. I do art. 303 do CPC" (in RT667/135).

    Por oportuno, merece transcrio do teor de uma ementa deacrdo, para melhor ficar situada a matria ora em exame: No plano dodireito processual, sem dvida que, em princpio, a alegao depagamento por sub-rogao devia vir com a contestao, em virtude dodisposto nos dispositivos legais lembrados pela apelao (CPC, art. 301,I, II e III). Mas assim devia vir, na contestao, se se pudesse exigir daparte a alegao nesse momento processual, isto , se se tivesse ademonstrao de que conhecesse, ela, a circunstncia do pagamentoquando da resposta, para poder atuar o princpio da eventualidade. Esteprincpio, recorde-se, exige a deduo de todas as matrias de que odemandado disponha, no momento da resposta, em contrastamento salegaes do autor. No lhe incumbe, entretanto, deduzir o que noconhece, por impossibilidade de lhe ser atribudo nus jurdico ondeexiste impossibilidade ftica. A matria, que tem de tudo para se presumirdesconhecida pela parte, quando da resposta, inclusive porque no aalegou com a contestao, veio supervenientemente ao processo. Asoluo pode ser buscada no art. 517, onde se diz que as questes de fato,

    no propostas no juzo inferior, podero ser suscitadas na apelao, se aparte provar que deixou de faz-lo por motivo de fora maior, porque se afora maior, e o caso referido de fora maior, autoriza a argio do fatovelho de conhecimento novo, na segunda instncia (in RT 719/157).

    II - QUANDO CABE AO JUIZ CONHECER DE OFCIO:

    Tambm admite-se argir novas alegaes depois da contestao,quando ao juiz competir delas tomar conhecimento de ofcio. Por

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    exemplo, se o ru deixar de alegar uma nulidade, e o juiz tambm no ofizer quando deveria faz-lo de ofcio, aquele poder argi-laposteriormente contestao. O juiz pronunciar, de ofcio, aprescrio(CPC, 5. do art. 219).

    III - QUESTES QUE, POR EXPRESSA AUTORIZAOLEGAL, PUDEREM SER FORMULADAS EMQUALQUER TEMPO:

    Finalmente, admitem-se defesas novas, posteriores contestao,se a lei admitir sua formulao em qualquer tempo e juzo. Por exemplo, se,posteriormente contestao, o ru tomar cincia do impedimento do juiz,ou de sua suspeio, tal alegao pode ser exercida em qualquer tempo ougrau de jurisdio. Veja, ainda, o que j decidiu o Tribunal: "A prescriopode ser alegada em qualquer instncia. No alegada em primeira, pode seralegada em seguida, nas razes do recurso" (in RT 547/251).

    7.7 PRAZO PARA A CONTESTAO

    guisa de introduo, chamamos a ateno para a seguinteementa de certo acrdo: "Se o ru comparece espontaneamente a juzopara declarar que est citado, e requer vista dos autos para contestar, apartir desse momento que passa a fluir o prazo para a contestao" (in RT508/147). No o da juntada do mandado de citao. Se a citao tivesse sedado por mandado, a sim o dies aquo para contestar comearia a partirda data de juntada aos autos, do mandado judicial. Alis, o art. 241 doCPC regulamenta o termo inicial para a resposta do ru, levando emconsiderao se a citao foi feita pelo correio, por mandado, por edital,por carta precatria, de ordem, ou rogatria. Diz, ento este artigo:

    Comea a correr o prazo:

    I quando a citao ou intimao for pelo correio, da data de

    juntada aos autos do aviso de recebimento;

    II quando a citao ou intimao for por oficial de justia, da

    data da juntada aos autos do mandado cumprido:

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    III quando houver vrios rus, da data de juntada aos autos doltimo aviso de recebimento ou mandado citatrio

    cumprido;

    IV quando o ato se realizar em cumprimento de carta deordem, precatria ou rogatria, da data de sua juntada aos

    autos devidamente cumprida;

    V quando a citao for por edital, finda a dilao assinadapelo juiz.

    A essa altura, importante observar que o Cdigo fixou prazonico para o ru oferecer a contestao: de 15 dias a contar da citaodevidamente cumprida (CPC, art. 297).

    "Quando forem citados para a ao vrios rus, o prazo para

    responder ser-lhes- comum, salvo o disposto no art. 191" (CPC, art.298). Este (art. 191), por sua vez, dispe: "Quando os litisconsortestiverem diferentes procuradores, ser-lhes-o contados em dobro os

    prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos

    autos". Tambm o ru, representado pela Procuradoria de AssistnciaJudiciria, tem o prazo em dobro para responder (art. 5., 5. da Lei1.060, de 5-2-50, acrescentado pela Lei 7.871, de 8-11-89).

    Finalmente, cabe, aqui, observar que a Fazenda Pblica e o Minis-trio Pblico tm o prazo em qudruplo para contestar (CPC, art. 188).

    7.8 CONCLUSES DA CONTESTAO

    Assim como acontece com a petio inicial, a contestaotambm termina com o pedido do ru para que o juiz declare extinto o

    processo, sem julgamento do mrito, ou declare a improcedncia da ao.O ru pode formular os dois pedidos ao mesmo tempo, sob condio: casoo juiz no acate a extino do processo, sem julgamento do mrito, seracolhida a improcedncia.

    desnecessrio formular os pedidos referentes a custas, despesasprocessuais e honorrios de advogado, pois estes se encontram implcitosno pedido, por fora da lei: "A sentena condenar o vencido a pagar aovencedor as despesas que antecipou e os honorrios advocatcios"(CPC, art. 20).

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    7.9 RPLICA OU IMPUGNAO DO AUTOR

    Contendo a contestao defesa indireta de mrito, ou seja, quandoo ru invocar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direitoalegado na inicial, em observncia ao princpio do contraditrio, o juizmandar ouvir o autor em 10 dias (CPC, art. 326).

    "Se o ru alegar qualquer das matrias enumeradas no art. 301,

    o juiz mandar ouvir o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe a

    produo de prova documental. Verificando a existncia de

    irregularidade ou de nulidades sanveis, o juiz mandar supri-las,

    fixando parte prazo nunca superior a 30 (trinta) dias" (CPC, art. 327).

    JURISPRUDNCIA

    1. "Contestao que, apesar da falta de assinatura do patrono daparte, apresentou-se datilografada, elaborada, contendo os elementosessenciais, sendo despachada pelo juzo, junta aos autos na final,ensejando rplica do autor. A norma do CPC, art. 159, exigente deassinatura nas peties, de ser respeitada, porm no cegamente, a pontode reputar no praticado um ato que se praticou efetivamente. Os efeitosque a contestao haveria de produzir realizaram-se por completo. O atoatingiu seus fins, e os cnones da Cincia Processual impem oaproveitamento dos atos praticados quando seus vcios no prejudiquem aparte contrria (CPC, art. 250, pargrafo nico)" RT 654/159.

    2. "Pelo princpio da eventualidade, todas as alegaes e deduesdevem ser apresentadas ao mesmo tempo em contestao, sob pena deprecluso, de modo que, transcorrido o prazo, no mais lcito aduzi-las"

    RT 613/95. No mesmo sentido: RT 719/156.3. "O ru contestou a ao de reintegrao de posse antes mesmo

    do incio do prazo para esta (CPC, pargrafo nico do art. 930), noestando, est claro, impedido de faz-lo. O que no pode oferecer novacontestao, com novos argumentos e novos documentos, quando aprimeira j foi inclusive impugnada pelo autor do interdito possessrio"RT 596/213.

    4. "Apenas a incompetncia relativa h de ser articulada emincidente autnomo, por via de exceo. A absoluta deve ser argida nacontestao, e, como tal, no pode ser apreciada pela Cmara Especial do

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    TJSP, a qual compete conhecer dos conflitos suscitados em 1. instncia edas excees de incompetncia, suspeio e impedimento opostas emincidente autnomo, nos termos dos arts. 301, II, do CPC e 11, II, da LeiComplementar estadual 225/79" RT 631/91.

    5. "Ocorre litispendncia quando, no obstante a diferena dertulos, as aes objetivam a mesma coisa, para o mesmo fim.

    Nos termos do art. 267, 3., do CPC, a litispendncia pode ser

    conhecida de ofcio, em qualquer tempo e grau de jurisdio" RT 609/122.No mesmo sentido: RT 721/152, 719/123

    6. "Uma vez apresentada a contestao, em observncia ao princpioda eventualidade, descabe ao ru adit-la, exceto no concernente a direitosuperveniente, nos termos do inc. I do art. 303 do CPC" RT 672/149.

    7. "No pode o magistrado, ao considerar inexistente contestaorealizada por advogado dativo temporariamente suspenso do exerccio daadvocacia, devolver ao novo patrono apenas o prazo restante paracontestar, pois, alm de no haver qualquer bice a que o lapso sejaintegralmente restitudo, o ru nenhuma responsabilidade teve e o prazoreduzido configura cerceamento de defesa" RT 650/153.

    7. "O prazo para oferecimento de contestao de ru citado por

    hora certa conta-se da juntada do mandado aos autos, e no dorecebimento da carta de cincia referida no art. 229 do CPC" RT 636/146.

    8. "Estando o processo em cartrio, desnecessrio o pedido devista para o advogado contestar a ao.

    Recebendo procurao do ru e ingressando em juzo com opedido de vista para contestar a ao, o advogado demonstra cinciainequvoca da ao e o prazo para a contestao comea a correr da dataem que o pedido foi apresentado em juzo" RT 612/158.

    9. "Embora a dubiedade da lei e certa perplexidade na doutrina e najurisprudncia, a contestao, na ao de alimentos sob a Lei 5.478, deveser apresentada em audincia" RT 587/186.

    10. "Fato anterior contestao no gera direito superveniente, no

    autorizando seu aditamento com fundamento no inc. I do art. 303 do CPC"RT 667/135.

    11. "A inicial de retomada para beneficiar ascendente oudescendente h de esclarecer o local da residncia destes e em quecondies a ocupam. Este esclarecimento indispensvel para acontestao do ru que diante do endereo poder constatar a veracidadeda afirmao e inclusive combater a prpria sinceridade da retomada,comparando as condies de moradia dos beneficirios com a retomada.

    Assim, no tendo o autor feito este esclarecimento na inicial e nemse preocupando em faz-lo no correr do processo, h que se reconhecer ainpcia da inicial ao omitir fato relevante para a defesa do ru" RT 697/107.

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    12. "Tratando-se de busca e apreenso de bem objeto de alienaofiduciria em garantia, o momento processual da contestao estcondicionado prvia execuo da liminar com a efetiva apreenso do bem(art. 3., 1., do Dec. lei 911/69), de modo que a contestao oferecidaantes da apreenso , processualmente, nenhuma" RT 695/109.

    13. No deve ser reconhecida como inepta a petio inicial, quandose verifica que o ru, sem prejuzo, exercitou com amplitude a sua defesa,

    estando pela exposio dos fatos, claro o objetivo do autor RT 719/160.14. Respeitados os princpios do contraditrio, da lealdade e da

    estabilidade do tema decidendo, lcita, em qualquer fase do processo, ajuntada de documentos fundamentais, assim entendidos os que constituemfonte alternativa de prova, e, em especial, na rplica, quando se destinem acontradizer fato liberatrio alegado contestao RT 700/78.

    15. A teor do art. 162, CC, a prescrio pode ser alegada naapelao, mesmo quando no aduzida na contestao RT 710/172.

    16. O usucapio, quando alegado como matria de defesa, s podeser deduzido na contestao, e no posteriormente, em face da preclusooperada RT 729/281.

    18. No plano do direito processual, sem dvida que, em princpio, aalegao de pagamento por sub-rogao devia vir com a contestao, emvirtude do disposto nos dispositivos legais lembrados pela apelao (CPC,arts. 301, I, II e III). Mas assim devia vir, na contestao, se se pudesseexigir da parte a alegao nesse momento processual, isto , se se tivessea demonstrao de que conhecesse, ela, a circunstncia do pagamentoquando da resposta, para poder atuar o princpio da eventualidade. Este, oprincpio da eventualidade, recorde-se exige a deduo de todas asmatrias de que o demandado disponha, no momento da resposta, emcontrastamento s alegaes do autor. No lhe incumbe, entretanto, deduziro que no conhece, por impossibilidade de lhe ser atribudo nus jurdicoonde existe impossibilidade ftica. A matria, que tem de tudo para sepresumir desconhecida pela parte, quando da resposta, inclusive porqueno a alegou com a contestao, veio supervenientemente ao processo. A

    soluo pode ser buscada no art. 517, onde diz que as questes de fato,no propostas no juzo inferior, podero ser suscitadas na apelao, se aparte provar que deixou de faz-lo por motivo de fora maior, porque se afora maior, e o caso referido de fora maior, autoriza a argio do fatovelho de conhecimento novo, na segunda instncia RT 719/157.

    19. No tendo o investigado, por ocasio da contestao, protes-tado pela produo de percia gentica, por ele considerada imprescindvel nabusca da verdade real biolgica acercada paternidade que lhe irrogada, d-se a eventual precluso do seu direito de postul-la a posteriori, mormente emsede recursal. O protesto por prova ou o requeri-mento genericamenteformulado no induz na sua determinao de ofcio RT 752/301.

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    20. No pode o Juiz extinguir o feito por inadequao do tipo deprocedimento sem antes conceder a oportunidade de emenda da petioinicial, conforme disposto no art. 284 do Estatuto Processual, sob pena dedecretao da nulidade da sentena, em face do princpio constitucionalque assegura o contraditrio e ampla defesa aos litigantes em processojudicial (art. 5., LV, da CF) RT 746/289.

    21. A litispendncia constitui mataria de ordem pblica e deve ser

    reconhecida ex officio, independentemente de provocao da partecontrria RT 812/162.

    22. No h nulidade da sentena quando o juiz julgaantecipadamente a lide, inobstante a parte, em sede de contestao, terprotestado genericamente pela produo de todas as provas em direitoadmissveis, eis que, conforme prescreve art 300 da Lei Processual, o pedidode produo de provas na contestao dever ser especfico RT 812/403.

    23. Quando no tiverem sido impugnados todos os fatossuscitados na exordial na primeira oportunidade em que cabia ao ru falarnos autos, devem aqueles ser considerados verdadeiros. Inteligncia do art302, caput, do CP RT 809/314.

    24. A litispendncia supe reproduo de ao em curso, que no o caso, mas sim de existncia de recurso contra deciso que em autos deprocesso findo extinguiu a obrigao de alimentar. A situao envolve falta deinteresse processual pela discusso simultnea pela via recursal e pela via daao do mesmo direito a alimentos. Julgado o recurso, cm seu desprovi-mento, essa falta de interesse processual deixou de existir RT 805/230.

    25. contado em dobro o prazo para a contestao delitisconsorte que constitui procurador exclusivo, ainda que o outrolitisconsorte tenha sido revel na ao, em virtude da inexistncia deressalva na lei processual de que para a aplicao do art. 191 do CPC sejanecessrio que os litisconsortes tenham o conhecimento prvio dadiversidade de procuradores RT 802/256. No mesmo sentido: RT 798/300.

    26. A tempestividade de contestao encaminhada atravs desistema de protocolo integrado e unificado deve ser verificada pela data deapresentao da pea ao protocolo do foro participante e no da data de

    entrada no juzo de origem RT 793/253.

    27. Definida a necessidade de serem ouvidas pessoas indicadasno laudo pericial, que poderiam esclarecer fatos sobre os quais se fundou oacrdo para julgar procedente a ao, constitui cerceamento de defesa oindeferimento de inquirio dessas pessoas sob a alegao de que o ru,ao contestar, no requereu produo de prova testemunhal RT 789/198.

    28. Se ao foi interposta perante o Juizado Especial Civil, queacabou por julgar a causa, inadmite-se a interposio de outra ao perantea Justia Comum sob os mesmos fundamentos, pois, em tal hiptese,ocorreu a coisa julgada RT 779/261.

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    29. Ainda que apresentada dentro do prazo legal, deve acontestao ser desentranhada dos autos se o advogado os restituiu emcartrio a destempo, sem apresentar justificativa plausvel para tanto, emface da regra insculpida no art. 195 do CPC RT 779/224.

    30. A jurisprudncia predominante do STJ no sentido de queno h litispendncia entre a ao civil pblica e as aes individuaisRT 831/383.