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EXMA. SRA. DRA. JUIZA DA VARA DO TRABALHO EXMA. SRA. DRA. JUIZA DA VARA DO TRABALHO DE ......... DE ......... FULANA DE TAL , brasileira, casada, servidora pública estadual, já qualificada, vem perante Vossa Excelência através de seus advogados signatários contestar e impugnar todos os títulos postulados na Reclamação Trabalhista nº 0000000- 00.0000.0.00.0000, movida por SICRANA DE TAL , cuja contestação se dá nos termos dos arts. 297, 300 e 302 do CPC e no que for aplicável subsidiariamente ao Processo do Trabalho, aduzindo, para tanto, o seguinte: PRELIMINARMENTE - DA PROVA DOCUMENTAL Ad Cautelam, a contestante, tem a dizer que o documento oferecido para prova, em cópia xerox, só terá validade quando conferido com o original ou quando reconhecido por Tabelião Público ao que normatiza o art. 830, da CLT. Isto posto, ficam, de logo impugnados os documentos juntos que não obedeçam a norma legal, requerendo o desentranhamento do processo, devolvendo-os à parte autora, eis que ineficazes ante a inobservância de preceito legal, inclusive do CPC, por seu art. 365, inciso III. PRELIMINARMENTE - II DA LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ A reclamação ora contestada é temerária e a pretensão da diarista totalmente indevida, pelo que deve ser considerada 1

CONTESTAÇÃO DOMÉSTICA DIARISTA

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Contestação trabalhista de Empregada Doméstica/Diarista

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Edilson Xavier de Oliveira

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DA VARA DO TRABALHO DE .........

FULANA DE TAL, brasileira, casada, servidora pblica estadual, j qualificada, vem perante Vossa Excelncia atravs de seus advogados signatrios contestar e impugnar todos os ttulos postulados na Reclamao Trabalhista n 0000000-00.0000.0.00.0000, movida por SICRANA DE TAL, cuja contestao se d nos termos dos arts. 297, 300 e 302 do CPC e no que for aplicvel subsidiariamente ao Processo do Trabalho, aduzindo, para tanto, o seguinte:

PRELIMINARMENTE - DA PROVA DOCUMENTAL

Ad Cautelam, a contestante, tem a dizer que o documento oferecido para prova, em cpia xerox, s ter validade quando conferido com o original ou quando reconhecido por Tabelio Pblico ao que normatiza o art. 830, da CLT.

Isto posto, ficam, de logo impugnados os documentos juntos que no obedeam a norma legal, requerendo o desentranhamento do processo, devolvendo-os parte autora, eis que ineficazes ante a inobservncia de preceito legal, inclusive do CPC, por seu art. 365, inciso III.

PRELIMINARMENTE - II DA LITIGNCIA DE M F

A reclamao ora contestada temerria e a pretenso da diarista totalmente indevida, pelo que deve ser considerada como litigante de m f por alterar grosseiramente a verdade dos fatos e usar do processo trabalhista para conseguir objetivo ilegal (CPC, artigos 17, incisos I, II, III, e V), tendo em vista que negou ter recebido qualquer valor de carter indenizatrio, o que prova neste ato.

LITIGNCIA DE M-F Provada a m-f do reclamante no ajuizamento da ao ou a inverso da verdade de fatos por ele articulados, a condenao por litigncia de m-f pode inclusive ser aplicada de ofcio pelo Tribunal (art. 18 do CPC). (TRT 12 R. RO-V. 10048/2001 (02666) Florianpolis 3 T. Rel Juza Ione Ramos J. 15.03.2002).

LITIGNCIA DE M-F - Aplica-se a pena prevista no pargrafo 2 do artigo 18 do CPC, quando escancarada a conduta temerria da parte, que extrapola os limites da ampla defesa, assoberbando ainda mais o Judicirio. (TRT 2 R. - RO 07743 - (20030456830) - 10 T. Rel. Juza Vera Marta Publio Dias - DOESP 16.09.2003).

LITIGNCIA DE M-F - INDENIZAO - 1. O Juiz ou Tribunal, de ofcio ou a requerimento, poder condenar o recorrente, considerado litigante de m-f, a pagar multa de 1% sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrria dos prejuzos sofridos (em quantia no superior a 20% sobre o valor da causa), acrescidas de honorrios advocatcios e todas despesas que efetuou (CPC, art. 18, 2). 2. Tal possibilidade, portanto, no agride o princpio do contraditrio e da ampla defesa, insculpido no artigo 5, inciso LV, da Constituio Federal. 3. Recurso de revista de que no se conhece. (TST - RR 386456 - 1 T. - Rel. Min. Joo Oreste Dalazen - DJU 26.10.2001 - p. 606) JCPC. 18 JCPC. 18.2 JCF. 5 JCF.5.LV.

A Justia do Trabalho, que hoje a justia dos desempregados, no pode tornar-se a justia dos espertos, como se fosse um mercado onde tudo vlido para obter ganho fcil (Clber Lcio Almeida, Abuso do Direito no Processo do Trabalho, Ed. Indita, 2000, p. 56).

COLHE-SE DA DOUTRINA:

Tambm j se disse que o desrespeito ao dever de lealdade processual se traduz em ilcito processual, o que, por si s, j configura a litigncia de m f, a merecer a aplicao de sanes processuais. Tambm da m f do litigante resulta o dever de ressarcir ou reparar os danos causados parte prejudicada, nos termos dispostos no art. 16 do CPC. Assim que Theodoro Junior reconhece que, para esse atestado, o rgo judicial est autorizado, sem prejuzo das sanes criminais, civis e processuais cabveis, aplicar ao responsvel a multa at vinte por cento sobre o valor da causa (DIAS, Rosana Josefa Martins, Proteo ao processo, p. 128 e THEODORO JUNIOR, Humberto, Curso cit., v. I, p. 81).

O ato de apurao, de reconhecimento e de condenao pela configurao da litigncia de m f pode partir da iniciativa de qualquer das partes e de intervenientes, bem como da iniciativa do prprio juiz. Nem poderia ser diferente, porque o juiz no pode ser um mero expectador dos atos praticados pelas partes. Diferentemente, deve ser um condutor do processo, ditar procedimento e exigir conduta condizente com o respeito que merece o Judicirio e as partes em geral, e at aplicar sanes, quando isto se tornar necessrio, desde que obedea ao devido procedimento legal, dando ao interessado o amplo direito de defesa e o contraditrio. (Gelson Amaro de Souza, Repertrio de Jurisprudncia IOB, 1 Quinzena de dezembro de 2010, N 23/2010, VOLUME III, pg. 751/3). PORQUE A CONTESTAO

A reclamatria trabalhista ora contestada, pelos seus termos - permita diz-lo com honestidade e merecido respeito ao ilustre advogado signatrio - tem elevao de raridade, o que, a par da aparente inabrangncia legal (CLT, art. 840), infunde quase perplexidade contestante.

Da porque, Excelncia, no mais nem menos que pela imperiosa necessidade de precaver-se, est contestando seus termos, bem como reiterando o pedido de decretao da inpcia ante as arguies elencadas, que merc de seus judiciosos argumentos, certamente as acolher. DA INEXISTNCIA DE RELAO DE EMPREGO ENTRE OS LITIGANTES

A reclamante no era empregada da reclamada, mas sim diarista em sua residncia. Inicialmente prestou servios de diarista em duas vezes por semana, recebendo o valor de R$ 30,00 no ato ao final do dia. Nos ltimos cinco meses, passou a prestar trs dias de diarista por semana. A partir de setembro de 2012, passou a prestar servio de diria at o ms de junho de 2013, como provar.

Como diarista, no era empregada domstica e no faz jus aos ttulos postulados, pelo que contesta e impugna a alegao e o pedido.

Assim, no h falar em anotao contratual na Carteira de Trabalho e muito menos resciso sem justa causa, ante a falta de enquadramento da reclamante nos termos do art. 3 da CLT, aplicvel subsidiariamente ao processo do trabalho, contestando a alegao de que teria havido suposta resciso sem justa causa, tendo em vista que em junho do ano em curso, comunicou que no queria continuar trabalhando na residncia da reclamada. Dessa forma, ante a atitude da obreira, e em face da ausncia de vinculo de emprego, contesta, por absoluta improcedncia a alegao e o pedido de aviso prvio e os demais ttulos rescisrios, eis que indevidos. A atividade apontada pela reclamante no era de empregada domstica, mas to somente de diarista, como j visto, eis que sua tarefa era de arrumar a casa e cumpria tarefas na rua, atividade tpica de diarista. Chegava casa da reclamada s 07 da manh, almoava na referida casa e encerrava sua atividade s 16:00, quando recebia seu numerrio pelo dia trabalhado. Improcede o pedido de diferena salarial, tendo sua condio de diarista, e no est submetida ao pagamento de salrio mnimo.

Recebia pelos trs dias trabalhados, descabe o percentual apontado na reclamatria de 51% do salrio mnimo. Assim, no falar em suposta diferena salarial, como alega equivocadamente a reclamante, tendo em vista sua atividade de diarista, em que no h salrio, mas o pagamento pelo dia trabalhado.

No houve resciso contratual e no h, como cedio, a serem aplicados reclamada os dispositivos do artigo 477 da CLT, ante a falta de vinculo emprego, sendo, pois, improcedentes os pedidos ora contestados.

Igualmente no h falar em gozo de frias e dcimos terceiros salrios diarista, tendo em vista que no houve vinculo de emprego, como alegado na reclamatria, sendo improcedente a alegao e o pedido com relao a esses e demais ttulos indevidamente postulados pela obreira.

Igualmente, improcede a alegao e o pedido de FGTS e seguro-desemprego, tendo em vista que esses benefcios ainda no integram nosso ordenamento jurdico, cujo diploma legal ainda est sendo apreciado pelo Congresso Nacional, sendo improcedente, por absoluta carncia de direito de ao no que concerne a esses ttulos ora contestados.

A reclamada contesta com absoluta veemncia a alegao de teria havido resciso sem justa causa, eis que foi a obreira quem pessoalmente disse reclamada que no queria mais trabalhar para ela e dito isso no mais compareceu at que foi notificada para contestar a referida ao trabalhista.

Tendo comunicado que no queria dar continuidade ao trabalho de diarista, quando sequer lhe falou que estava gestante e somente o pedido de resciso, desconstitui a alegao e o pedido de pagamento salarial na condio de gestante, o que contesta, eis que sua atitude torna improcedente o pedido.

O que constitui estranheza que agora tenta se autointitular de ex-empregada domstica, o que no verdico, visando receber indenizao sabidamente indevida e ao tentar iludir esse douto juzo laboral.

Quanto suposta estabilidade, o pedido sabidamente indevido, ante sua condio de diarista, nos termos da presente negativa de vinculo, e ainda pelo fato de que esta lhe comunicou que no queria trabalhar em sua residncia. A litigncia de m f de clareza solar. Contesta, pois, os pedidos, eis que indevidos.

Entretanto, no que concerne ao pedido de seguro desemprego e FGTS de ser reiterado o judicioso argumento de que a Emenda Constitucional n 72, promulgada em 2 de abril de 2013, em data anterior ao perodo alegado como diarista pela obreira. Como se v, ainda no foi regulamentada por lei ordinria, impedindo a vigncia dos direitos sociais aos empregados domsticos, no obstante a reclamante no tenha sido sua empregada, como confessa na reclamatria.

de curial interesse de a reclamada reiterar o argumento de que de abril para c, apenas a regulao da jornada de trabalho de 44 horas semanais e 8 horas dirias alterou o cotidiano dos domsticos.

Ainda faltam ser regulamentados outros direitos que igualam a categoria s outras do mercado de trabalho, como o FGTS e o seguro-desemprego, as regras j foram aprovadas no Senado, mas inda precisam passar pela Cmara dos Deputados. Para os Sindicatos a conquista foi um avano, mais ainda h um longo caminho a percorrer. Assim, Excelncia, improcedente o pedido de FGTS e o seguro-desemprego, eis que no integram o nosso ordenamento jurdico, repita-se.

Por no ter sido empregada da reclamada, no faz jus aos ttulos elencados na reclamatria, eis que expressamente indevidos, ante sua condio de diarista. Tendo apenas prestado servios de diarista na residncia da reclamada, no tendo, obviamente, vnculo empregatcio previsto na Lei n 5.859/72, que regula a profisso do Empregado Domstico.Assim, no faz jus indenizao, eis que no era empregada domstica qualificao que sequer existiu ante a prestao de servios como diarista em dois e trs dias semanais o que no a enquadra na legislao, como ensinam a doutrina e a jurisprudncia dominantes, plenamente aplicveis espcie. Impugna os pedidos elencados na reclamatria todos eles indevidos, at porque no sua alegao de que teria sido empregada domstica, totalmente inverdica e indevidos os pedidos correspondentes de empregada domstica, o que sequer constitui a hiptese do presente feito, tendo em vista que a obreira no os faz jus, acarretando a improcedncia da reclamatria.

A manifesta ausncia de vnculo de emprego aflora a toda evidncia. Sequer lhe pagou salrio mnimo, como temerariamente alega, eis que a diarista presta servios como autnoma e recebia um valor fixo pelos servios que prestava ao final de cada trabalho executado. A reclamada esclarece que a reclamante fazia em sua residncia as duas principais refeies, pela manh e no almoo e nos termos da LEI No3.030, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1956: Art. 1 - Para efeitos do art. 82 do Decreto-lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. (Consolidao das Leis do Trabalho), os descontos por fornecimento de alimentao, quando preparada pelo prprio empregador, no podero exceder a 25% (vinte e cinco por cento) do salrio mnimo. Art. 2 - A disposio do art. 1 ser aplicada aos trabalhadores em geral, desde que as refeies sejam preparadas e fornecidas no prprio estabelecimento empregador. Esta a hiptese da obreira, que, como diarista, fazia as refeies na residncia da reclamada. Caso, entretanto, no seja acolhida a tese ora esposada de que a reclamante prestou-lhe servios de diarista, o que se h de lamentar, pede seja, por extrema cautela, aplicada a mencionada lei, quando aos descontos de 25% em seu salrio, o que pede nos termos do mencionado diploma legal.

A Lei n 5.859/72 prev, como sendo requisito para o reconhecimento do trabalho domstico, a continuidade que corresponde ausncia de interrupo, na prestao dos servios, isto , para que o empregado seja enquadrado como domstico, deve-se prestar servios diariamente, excetuando-se o descanso semanal remunerado, ante a determinao constitucional (artigo 7 inciso XV e pargrafo nico, da Constituio Federal.

A conduta da reclamante a enquadra no art. 477 da CLT.

a doutrina quem esclarece: permite ao empregador a resciso do contrato sem nus (pagamento de indenizao ou percentual sobre os depsitos do FGTS, 13 salrio e frias, estes dois proporcionais). (Comentrios CLT, Valentim Carrion, Ed. Saraiva, 32 Edio, pg. 381).

Tendo a reclamante comunicado reclamada que no iria mais trabalhar em sua casa, porque no queria mais, deu causa cessao do suposto vinculo de emprego e no h falar em pagamento de aviso prvio, frias e dcimo terceiro salrio proporcional e o percentual de 40% sobre os depsitos de FGTS e seguro-desemprego, eis que so manifestamente improcedentes. Com relao ao aviso prvio postulado indevidamente pela obreira, este valor devido pela reclamante reclamada, o que requer nos termos do art. 487, 2 da CLT, que tem a seguinte redao:

A falta de aviso por parte do empregado d ao empregador o direito de descontar os salrios correspondentes ao prazo respectivo.

Contesta, pois, o pedido de pagamento de aviso prvio e os demais pedidos, eis que postulados sem amparo legal, como se viu exausto.

O presente argumento em que a reclamada alude CLT, se d alternativamente, e por extrema cautela, at a contestao se prende ao argumento de que no houve vinculo empregatcio ante sua condio de diarista.

Entretanto, da leitura da reclamatria, logo se v que foi produzida e redigida sem observncia do art. 477, caput, da CLT, eis que seus argumentos no esto afeitos ao manuseio da legislao trabalhista e da sua correta aplicao.

Contm erros elementares.

Assim, a hiptese da reclamante, que atuava apenas inicialmente em dois dias por semana e chegando no mximo a trs, na residncia da reclamada, no se vislumbra o vinculo de emprego, mas apenas prestao de servios, que, inclusive, seria paga aps o dia de trabalho e essa precisamente a hiptese da presente ao trabalhista, como confessado.

Nos termos do art. 1 da Lei n 5.859/72, empregado domstico aquele que: ... presta servios de natureza contnua e de finalidade no lucrativa pessoa ou famlia no mbito residencial destas.

Dessa forma, apenas ao empregado que presta servios de natureza contnua, aplica-se a Lei n 5.859/72. Fora desse enquadramento, no se trata de empregada domestica, mas to somente de diarista, no amparada pela citada lei.

Por sua vez, Ilustre Julgadora, o servio de diarista prestado pela obreira, de modo algum, se enquadra na legislao especifica, tornando improcedente a reclamatria, at porque no havia subordinao, eis que nesse tipo de atividade como diarista.

A descontinuidade de seus servios na residncia da reclamada aflora a toda evidncia a ausncia de vinculo de emprego.

Alis, esse o entendimento esposado pelo professor Valentim Carrion, colhido de sua memorvel obra Comentrios CLT, cuja redao integral entende a reclamada ser de bom alvitre transcrever: O diarista intermitente (lavadeira, arrumadeira ou passadeira), no est, em princpio protegido pela lei dos domsticos, mesmo que comparea certo dia por semana, que, de acordo com a Lei n 5.859/72, se destina apenas ao servio de natureza contnua.

A posio da jurisprudncia corrobora o argumento esposado:

No empregado domstico quem trabalha um ou dois dias por semana em servios especficos, como lavagem ou limpeza de residncia (TRT-PE, RO 5.097/94, Mrcio Rabelo).

A trabalhadora que exerce a funo de faxineira e lavadeira uma diarista e no insere-se o conceito de domstica por ser mera prestadora de servios (TRT-PE, RO 10.443/93, Adjamiro Lopes, Ac. 3 T.).

No se caracteriza como empregada domstica, nos termos da Lei n 5.859/72, a pessoa que lava e passa roupas em diversas residncias (TRT-PB, RO 2.374/93, Geraldo Teixeira de Carvalho, Ac. 17.953).

RELAO DE EMPREGO - DOMSTICO - TRABALHO INTERMITENTE - IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DO VNCULO - A Lei 5.859/72, ao disciplinar o trabalho do domstico disps, de forma explcita, que a tutela legal somente alcana a atividade laboral contnua, obstando, assim, o reconhecimento do vnculo em relao jurdica de natureza intermitente. (TRT 3 R - RO 17.215/93 - 4 T. - Red. Desig. Juiz Pedro Lopes Martins - DJMG 05.02.94).

RELAO DE EMPREGO - DOMSTICA DIARISTA PRESTADORA DE SERVIOS DE LIMPEZA - FAXINEIRAS - Faxineira que trabalha como diarista, em residncia particular duas vezes por semana, com liberdade para prestar servios em outras residncias e at para a escolha do dia e horrio do trabalho, no se constitui empregada domstica para efeito de aplicao da Lei n 5.859/72, mas prestadora autnoma de servio. Ausncia dos requisitos da no eventualidade e da subordinao, qual este ltimo seja o principal elemento caracterizador da relao de emprego. (TRT 4 R - RO 93.019519-1 - 2 T. - Rel. Carlos Affonso Carvalho Fraga - DOERS 28.11.94).

LAVADEIRA E PASSADEIRA - TRABALHO NO CONTNUO - IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAO COMO TRABALHO DOMSTICO - "A caracterizao do domstico exige a continuidade, j que assim est escrito na lei. Contnuo o trabalho no eventual e no intermitente, j que a intermitncia consiste, exatamente, na soluo peridica de continuidade. Isto : no suficiente que o trabalho domstico seja no eventual, para a caracterizao do vnculo de emprego. imprescindvel, tambm, que a prestao seja contnua, o que afasta a intermitncia. Em resumo: o trabalho no eventual pode ser intermitente ou contnuo. A intermitncia no afasta a caracterizao do vnculo de emprego comum, mas incompatvel com o trabalho domstico, necessariamente contnuo." (Juiz Mrio Srgio Bottazzo). (TRT 18 R. - RO 2.391/92 - Ac. 2.634/94 - Rel. Juiz Josias Macedo Xavier - DJGO 27.10.94).

Domstica No a faxineira/lavadeira, paga por um dia de servio por semana, posto a natureza da prestao desse servio foge conceituao de domstica exposta na Lei n 5.859/72 (TRT 1 Reg., 1 T., Proc. RO-3.209/83, julg. em 31.1.84, Rel. Juiz Vianna Clementino in Repertrio de Jurisprudncia Trabalhista de Joo de Lima T. Filho, volume 4, pgina 258, ementa 1235).

Presta servios autnomos e, naturalmente, no se caracteriza como domstica, sujeita a Lei 5.859/72, aquela pessoa que lava roupas em residncia em dois ou trs dias por semana (TRT-BA, RO 191/87, Arizio de Castro, Ac. 942/87).

A reclamante como diarista, como se disse acima, prestou servios em dois e trs dias por semana, e sua atividade no pode se confundir com o trabalho domstico, previsto na Lei n 5.859/72, que conceitua o referido trabalhador como sendo aquele que presta servios de natureza contnua e de finalidade no lucrativa pessoa ou famlia, no mbito residencial destas.

A jurisprudncia, mais uma vez socorre a tese defendida pela reclamada, como se v:

PROC. N TRT 06643-2002-906-06-00-6 (RO-02998/02) rgo Julgador: TERCEIRA TURMAJuiz Relator: PEDRO PAULO PEREIRA NBREGARECORRENTE: GUSTAVO ALBERTO COCENTINO DE MIRANDARECORRIDA: SEVERINA MARIA DA CONCEIOADVOGADOS: RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE E MELLO VENTURA E ODEVAL FRANCISCOPROCEDNCIA: VARA DO TRABALHO DE GOIANA Publicado no DOE-PE 16.04.03. EMENTA: RECURSO ORDINRIO TRABALHO DOMSTICO DESCONTINUIDADE - RELAO DE EMPREGO NO CONFIGURADA. 1. Trabalho domstico prestado sem continuidade, consistente em execuo de faxinas na casa de veraneio do tomador desses servios, no caracteriza relao de emprego nos moldes da Lei n 5.859/72, aplicvel espcie, vez que esta exige a continuidade dos servios executados. 2. Recurso ordinrio provido.

Sentena proferida pelo Juiz da 2 Vara do Trabalho de Olinda, processo n 1079-2003-102-06-00-5. Reclamante Isabel Cristina Gomes da Silva. Reclamada: Afra Amlia de Castro. Improcedncia da reclamao proferida nos seguintes termos: Em razo do exposto, considero que a demandante era diarista e, os servios prestados por diaristas, que comparecem ao trabalho uma ou duas vezes na semana, no se confundem com o trabalho domstico, previsto na Lei n 5.859/72, que conceitua o referido trabalhador como sendo aquele que presta servios de natureza contnua e de finalidade no lucrativa pessoa da famlia, no mbito residencial destas. MARCELO DA VEIGA PESSOA BACALL, Juiz do Trabalho, Olinda 20 de maio de 2003. Nesse sentido tambm tem se posicionado a jurisprudncia: No domstica a faxineira de residncia que l comparece em alguns dias da semana, por faltar na relao jurdica o elemento continuidade (TRT 3 Regio, 2 T. RO n 9.829.91, Rel. Juza Alice Monteiro de Barros, Julgado em 18.08.92, Revista LTr).

Assim, a obreira no faz jus aos ttulos indevidamente pleiteados, vez que como se vislumbra, no integrou a laboriosa categoria dos empregados domsticos e no est amparada pela referida Legislao Domstica, sendo, por conseguinte, improcedentes todos os ttulos elencados na reclamatria.

Se fosse empregada domstica sua atitude de que no querer mais trabalhar na residncia da reclamada, como j visto, constitui ato de pedido de resciso contratual, impedindo o pagamento das verbas rescisrias pleiteadas, o que argumenta por extrema cautela, no obstante no tenha sido empregada.

No obstante no tenha sido empregada domestica, mas diarista, reitere-se que no houve resciso contratual sem justa causa, o que no Direito do Trabalho se fosse aplicado, teria o condo de constituir pedido de resciso contratual descabendo os ttulos rescisrios indevidamente pleiteados, quais sejam: aviso prvio, frias, com um tero, 13 salrio, multa do art. 477 da CLT, seguro-desemprego e honorrios de advogado.

At porque, sempre impera entre empregado domstico (se fosse a hiptese aplicvel ao) e seu empregador a forte e indubitvel informalidade, eis que em se tratando desse tipo de prestao de servio, que mais se assemelha a uma relao familiar e no a um vnculo de emprego, como trata a Lei dos Domsticos. Da essa relao extremamente peculiar, ser regida pela legislao especial e no pela CLT, repita-se.

a hiptese plenamente colhida pela doutrina, jurisprudncia e pelos Egrgios TRTs das demais Regies, o que torna improcedente a reclamatria.

Entretanto, no obstante a reclamada no possuir os recibos de pagamento dos dias trabalhados, entende que o art. 464 da CLT, no aplicvel no sentido literal, dada a informalidade vigente nessa relao bastante peculiar. Da a expresso do art. 7, ser de clareza solar:

Os preceitos constantes da presente Consolidao, salvo quando for, em cada caso, expressamente determinado em contrrio, no se aplicam: a) aos empregados domsticos, assim considerados, de um modo geral, os que prestam servios de natureza no-econmica pessoa ou famlia, no mbito residencial destas.Contesta o pedido de diferena e de saldo salarial na forma simples ou em dobro, por no constituir a hiptese do art. 467 da CLT, at porque era pago reclamante pelos trs dias trabalhados.

Quanto aos honorrios advocatcios, alega que a obreira no est assistida por seu sindicato, no atendendo, assim, aos requisitos da Lei n 5.584/70.

Tambm Amauri Mascaro Nascimento assevera que a continuidade o elemento diferenciador do eventual e do empregado. Destaca que, existindo a continuidade, a figura do prestador de servios ser a do empregado.

E acrescenta no haver critrio matemtico da lei, fixando o limite mximo a partir do qual a durao do vnculo torna-se permanente, ficando o problema ao prudente arbtrio do juiz (Curso de Direito do Trabalho, So Paulo, Saraiva, 2003, p 379).

E de acordo com o entendimento do ilustre professor, seria ... trabalhador eventual aquele que presta a sua atividade para algum, ocasionalmente, indicando as seguintes caractersticas:a) descontinuidade, entendida como a no-permanncia em uma organizao de trabalho com nimo definitivo; b) a impossibilidade de fixao jurdica a uma fonte de trabalho, conseqente dessa mesma descontinuidade e inconstncia e da pluralidade de tomadores de servios; c) curta durao de cada trabalho prestado (cit., p. 377).

Por sua vez, ensina Srgio Pinto Martins:

A faxineira ser, porm considerada trabalhadora autnoma se por acaso escolher os dias da semana em que pretende trabalhar, mudando-os constantemente, de modo a casar o horrio das outras residncias onde trabalhe, mas sempre sob sua orientao e determinao prpria. Nesse caso, ela trabalha por conta prpria, explora economicamente, em proveito prprio, sua fora de trabalho. A prpria legislao previdenciria a considera trabalhadora autnoma, desde que preste servios de natureza no contnua a pessoa ou famlia, no mbito residencial desta, sem fins lucrativos (art. 9, 15, VI, do RPS).Empregado domstico a pessoa fsica que, com inteno de ganho, trabalha para outras pessoas fsicas, no mbito residencial e de forma no eventual. No conceito legal, quem presta servios de natureza contnua e de finalidade no lucrativa pessoa ou famlia, no mbito residencial destas (Lei n 5.859/72, art. 1) (Comentrios CLT, Valentin Carrion, Editora Saraiva, 2006, 31 edio atualizada, p. 44).O diarista intermitente (lavadeira, arrumadeira ou passadeira) no est, em princpio, protegido pela lei dos domsticos, mesmo que comparea certo dia por semana que, de acordo com a Lei n 5.859/72, se destina apenas ao servio de natureza contnua (Obra citada).

Corrobora a assertiva Paulo Emlio Ribeiro de Vilhena, ao afirmar que um dos pressupostos do conceito de empregado domstico a continuidade, inconfundvel com a no-eventualidade exigida como elemento da relao jurdica advinda do contrato de emprego firmado entre empregado e empregador, regidos pela CLT. A continuidade pressupe ausncia de interrupo, enquanto a no-eventualidade se vincula com o servio que se insere nos fins normais da atividade do empregador. Somente ser considerada trabalhadora autnoma a faxineira que escolha os dias da semana em que pretende trabalhar, mudando-os constantemente, de modo a casar o horrio das outras residncias onde trabalhe, mas sempre sob sua orientao e determinao prpria (grifo).

Continuidade na prestao dos servios pressupe a sucesso de atos sem interrupo. A prestao duas vezes por semana descaracteriza a continuidade prevista no artigo 1 da Lei n 5.859/72 (TST-RR-52.776/2002-900-16-00.1, Emmanoel Pereira), (Obra citada, p. 45).

Empregado domstico e aquele que presta servios para um nico patro. Confessando a reclamante a prestao laboral em apenas um dia por semana, no pode ser enquadrada nesta categoria de servidores (TRT-PB, RO 395/93, Paulo Montenegro, Ac. 12.998).

Firmado o princpio de que as normas legais, impondo penalidade, no podem ser aplicadas analogicamente, torna-se inadmissvel estender ao trabalhador domstico o preceito contido no art. 137 da CLT, que determina o pagamento dobrado das frias no concedidas em tempo hbil. Os empregados domsticos no tm direito a frias proporcionais, eis que aos mesmos se aplica, apenas, o disposto na Lei n 5.859/72 (TST, RR 8.229/85-1, Barata Silva, Ac. 2 T. 2.265/87).

O que se colhe da jurisprudncia e da doutrina que o servio contnuo de que trata a Lei do Empregado Domstico o trabalho efetuado sem intermitncia, no eventual, no espordico e que visa atender as necessidades dirias da residncia da pessoa, na hiptese, a reclamada, ou seja, o trabalho de todos os dias do ms. Assim, a obreira no pode ser considerada empregada domstica, eis que durante uma ou duas trs vezes por semana comparecia residncia da reclamada prestando-lhe servio. Portanto, essencial a continuidade na prestao de servio para caracterizar a situao de empregado domstico, o que no ocorreu com a reclamante.

Para o TST, direitos de domsticas no se estendem s diaristas.Conflitos trabalhistas envolvendo empregadas domsticas, diaristas e donas de casa esto formando a jurisprudncia do Tribunal Superior do Trabalho a respeito da relao de emprego domstico. Uma das demandas na Justia do Trabalho envolve pedidos de vnculo empregatcio feitos por diaristas que prestam servio a uma famlia mais de um dia por semana. Para o TST, o vnculo de emprego somente se forma se o trabalho domstico prestado for de natureza contnua. Por este motivo, juridicamente, os direitos garantidos s empregadas domsticas no se estendem s diaristas. Em outras aes, domsticas reivindicam o direito estabilidade provisria durante a gravidez. O TST julgou no haver o direito estabilidade, mas determinou que seja paga s demitidas indenizao equivalente ao salrio-maternidade. No Tribunal, h controvrsias sobre o direito das domsticas s frias proporcionais e frias em dobro (caso no concedidas dentro do prazo). Acompanhe a seguir a jurisprudncia do TST sobre domsticas e diaristas. (colhido do site http://diarionet.terra.com.br/trabalhosub.action.aspx?idPageItem=8487).Diarista X Empregada Domstica: A Lei n 5.859, que em 1972 regulamentou a profisso de empregado domstico, dispe que o empregado domstico aquele que presta servio de natureza contnua. Para o TST, o pressuposto bsico para configurao do trabalho domstico a continuidade da prestao de servios, ou seja, o trabalho em todos os dias da semana, com descanso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. com base nesse pressuposto que os ministros do TST tm negado os pedidos de reconhecimento de vnculo empregatcio entre diaristas e donas de casa.

Muitas diaristas esto entrando na Justia com aes onde pedem o reconhecimento de vnculo de emprego com o dono de uma das residncias onde presta servio em alguns dias da semana. O pedido feito mesmo que a diarista preste servio a vrias famlias durante a semana.

No ltimo caso julgado pelo TST, a pretenso de uma faxineira do interior de So Paulo foi frustrada. Os juzes do TRT lembraram que, apesar de exercer as mesmas funes de uma domstica, a diarista recebe valor superior em relao ao salrio de uma empregada mensalista, no havendo sequer prejuzo previdencirio, porque a diarista pode recolher a contribuio por meio de carn autnomo. consenso no TST que no se pode menosprezar a diferena entre empregadas domsticas e diaristas. So situaes distintas (idem).

A Vara do Trabalho de Pesqueira decidiu reclamao trabalhista em que no reconheceu vinculo de emprego de diarista, como se vislumbra no processo n00359-2006.341.00.8, em que a diarista Silvanete Pereira do Nascimento postulou verbas rescisrias e anotaes na CTPS contra a reclamada Edilene Maria Luna da Silva, deciso prolatada em 10 de outubro de 2006, e assim decidiu a douta juza Roberta Correia de Arajo:

Assim, caso uma diarista domstica atue apenas uma vez por semana em residncia, no se vislumbra o vinculo de emprego, mas apenas prestao de servios, que, inclusive, seria paga aps o dia de trabalho e essa precisamente a hiptese dos presentes autos. Por todo o exposto, no reconheo o vinculo de emprego alegado, e, por via de conseqncia, julgo improcedente todos os pleitos formulados na pea inicial. ROBERTA CORREIA DE ARAJO, JUIZA DO TRABALHO.

DO PERCENTUAL ALEGADO PELA OBREIRA

A reclamada jamais lhe pagou o valor alegado como temerariamente alega a diarista, pois lhe pagou por dois e trs dias prestados e acertou-se previamente que por cada dia trabalhado seria pago entre R$ 30,00.

DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

ainda pleiteada indevidamente a multa do art. 477 da CLT, o que constitui obviamente pedido indevido, vez que trata o referido artigo de indenizao por despedida imotivada em contrato por prazo indeterminado, quando a indenizao no paga nos prazos legais. Ademais, no foi ainda estendido aos empregados domsticos e no se aplica reclamante a referida multa, por expressa vedao legal. Ademais, reitere-se que trabalhou em perodo inferior a um ano. Trata-se, portanto, de pedido manifestamente improcedente, eis que no a hiptese da referida multa.

A posio da jurisprudncia:

No se aplica ao empregado domstico a multa prevista no art. 477, 8, da CLT; eis que esse direito no se encontra expresso no pargrafo nico do art. 7 da Magna Carta (TST, RR 132.532/94.9, Jos Luiz de Vasconcelos, Ac. 3 T. 2.902/95). DOS DEMAIS TTULOS INDEVIDOS

Assim, Eminente Julgador, a reclamada contesta expressamente os ttulos pleiteados indevidamente pela obreira, os que constam nos articulados dos pedidos na reclamatria quais sejam: Anotao da CTPS, Aviso Prvio, 13 salrio, frias com 1/3, simples e proporcionais, diferena salarial, FGTS, seguro-desemprego, estabilidade no emprego, salrio maternidade, multa do art. 477 da CLT, recolhimento de INSS e honorrios advocatcios.

Pede seja aplicada a lei n 3030/56, quanto ao desconto de 25% do salrio mnimo, relativo s refeies fornecidas pela reclamada obreira, na hiptese de no ser considerada diarista, o que pede por extrema cautela.

Contesta os honorrios de advogado, tendo em vista que a obreira est assistida por ilustre advogado particular, o que torna a verba honorria improcedente, nos termos do art. 14 da Lei Processual 5.584/70.

Por sua vez, as Smulas 219 329 do Colendo TST vedam o princpio da sucumbncia no processo do trabalho, no sendo a circunstncia ensejadora da condenao em honorrios advocatcios.

Entretanto, caso no seja esse o entendimento de Vossa Excelncia, por extrema cautela, na hiptese (bastante improvvel) de condenao parcial, pede a aplicao do art. 21 do CPC, requerendo sejam recprocos e proporcionais a verba honorria.Assim sendo, caso Vossa Excelncia entenda que a obreira era empregada domstica, o que se h de lamentar, por no est configurado o vnculo de emprego domstico, a reclamada, por extrema cautela e alternativamente, pede que lhe seja recepcionado o argumento ora esposado de que era diarista, falecendo os direitos que diz fazer jus.

O nclito juslaboralista Srgio Pinto Martins, em sua obra Direito do Trabalho, 13 Edio, Ed. Atlas, pg. 199, assim se posiciona sobre o pagamento proporcional a jornada de trabalho:

O salrio a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial ser proporcional sua jornada, em relao aos empregados que cumprem, nas mesmas funes, tempo integral. Isso quer dizer que o empregador dever observar o mnimo horrio, o piso salarial horrio da categoria profissional ou, se for o caso, o salrio profissional horrio O salrio dos empregados a tempo parcial ser proporcional sua jornada em relao aos que cumprem, nas mesmas funes, tempo integral.

Nesta mesma linha de raciocnio encontram-se diversos julgados que corroboram nossa tese, seja com relao aos empregados domsticos ou no. Veja-se:DOMSTICO JORNADA REDUZIDA SALRIO PROPORCIONAL A legislao estabelece o salrio por hora, dia ou ms, fixando o valor mnimo devido, inexistindo qualquer previso legal no sentido de que a jornada reduzida para pagamento na proporo deva ser pactuada por escrito, ainda mais em se tratando de empregado domstico, onde as regras so limitadas e no exige qualquer tipo de formalismo. (TRT 3 R. RO 1348/99 3 T. Rel. Juiz Jos Eustquio de Vasconcelos Rocha DJMG 12.10.1999 p. 16).

DOMSTICO SALRIO PROPORCIONAL No h irregularidade alguma no pagamento de cinqenta por cento do salrio mnimo para o trabalho domstico inferior a cento e dez horas mensais. (TRT 3 R. RO 12201/97 1 T. Rel. Juiz Ricardo Antnio Mohallem DJMG 13.03.1998).

SALRIO-MNIMO PROPORCIONALIDADE JORNADA DE TRABALHO REDUZIDA Em se tratando de jornada laboral menor do que aquela prevista pela atual Carta Magna e legislao ordinria, devido o mnimo legal, proporcionalmente calculado em relao ao tempo de trabalho despendido pelo empregado. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST RR . 378548 1 T. Rel. Min. Conv. Vieira de Mello Filho DJU 08.02.2002).

JCF.7 JCF.7.XIII RECURSO DE REVISTA SALRIO MNIMO PROPORCIONALIDADE JORNADA DE TRABALHO DESNECESSIDADE DE PREVISO EXPLCITA NO CONTRATO DE TRABALHO O art. 7, XIII, da CF/88 estabelece a jornada de trabalho de oito horas dirias ou de quarenta e quatro semanais. O salrio-mnimo, que tambm exsurge de regra constitucional, h de ser entendido e harmonizado com a jornada, acima prevista, da podendo ser pago proporcionalmente ao nmero de horas trabalhadas pelo empregado. A jornada reduzida no necessita de previso expressa, assim como a respectiva remunerao. Recurso de Revista conhecido e acolhido. (TST RR 714305 2 T. Rel. Min. Conv. Jos Pedro de Camargo DJU 30.03.2001 p. 655).

JORNADA DE TRABALHO PROPORCIONAL SALRIO MNIMO-HORA PROPORCIONAL O salrio mnimo pode ser mensal, dirio (valor mensal dividido por 30) ou horrio (valor mensal dividido por 220 horas). Como se v, a Lei usou o critrio de remunerao diria e previu a jornada normal. Destarte, se o empregado for admitido para trabalhar apenas cinco horas por dia, receber proporcionalmente, sem qualquer ilegalidade. O que deve ser respeitado o salrio mnimo-hora e no o salrio mnimo dirio que supe o trabalho durante oito horas. (TRT 3 R. RO 22246/98 4 T. Rel. Juiz Joo Roberto Borges DJMG 07.08.1999 p. 8).

JORNADA REDUZIDA DE TRABALHO SALRIO PROPORCIONAL Constatada a jornada de trabalho reduzida da Reclamante, seu salrio deve ser fixado proporcionalmente com as horas trabalhadas, in casu, 50% do salrio mnimo. (TRT 7 R. REO-RVol 05978/99 Ac. n 07817/99-1 Rel. Juiz Joo Nazareth Pereira Cardoso J. 03.11.1999).

SALRIO MNIMO JORNADA REDUZIDA A garantia do salrio mnimo, est prevista para aqueles que trabalhem dentro da jornada normal prevista constitucionalmente. Assim que, se a jornada laboral do empregado menor do que aquela prevista pela Carta Magna, ento ser-lhe- devido o mnimo proporcionalmente ao tempo de trabalho por ele despendido. Recurso conhecido e desprovido. (TST RR 143562/1994 5 T. Rel. Min. Armando de Brito DJU 18.04.1997 p. 14281).

A legao concernente diferena salarial se faz necessria, caso Vossa Excelncia no acolha o judicioso argumento de que a obreira no era diarista e tendo em vista que trabalhava apenas trs dias por semana, no faz jus ao salrio mnimo, sendo proporcional o salrio em vista da jornada reduzida o que ora requer por extrema cautela.

Conforme se vislumbra nos julgados acima, o ponto base da questo cinge-se ao fato de que ao mesmo tempo em que a Carta Magna de 1988 garante o pagamento do mnimo estabelecido em lei, prev tambm uma determinada jornada de trabalho. Em sendo assim, foroso concluir que o pagamento do mnimo legal se refere, ou est relacionado ao tempo de trabalho prestado.

A reclamada pede especial ateno judiciosa argumentao de que a obreira prestava servio por trs dias por semana, e que, inclusive, era paga aps os dias de trabalho e essa precisamente a hiptese plausvel dos presentes autos. Improcede a diferena salarial pelos termos da presente defesa.

de curial interesse de a reclamada reiterar o judicioso argumento de que a jornada de trabalho prestada pela reclamante como diarista em dois e trs dias por semana est em perfeita consonncia com o art. 7, inciso XIII da Carta Poltica, cuja transcrio entende ser de bom alvitre faz-lo:

durao do trabalho normal no superior a oito horas dirias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensao de horrios e a reduo da jornada, mediante acordo ou conveno coletiva de trabalho.

Por extrema cautela, diz a reclamada que a jornada de trabalho prestada pela reclamante era de apenas 25 horas semanais, o que justifica legalmente o pagamento pelo dia trabalhado e na forma proporcional jornada efetivamente trabalhada. Esse pagamento proporcional tem apoio na doutrina e na jurisprudncia dominantes em nossos Tribunais. E assim, tem sido aceita por Valentim Carrion, em comentrios CLT., na edio de 1997, pg. 120, Ed., Saraiva:... a lei usou o critrio de remunerao diria e previu a jornada normal; quando esta for de 8 horas, ser necessrio cumpri-la; se o empregado for admitido para trabalhar apenas 4 horas por dia, receber proporcionalmente, sem qualquer ilegalidade.

E assim decidiu um dos TRTs:

A empregada no exercente de profisso regulamentada, que trabalha em jornada inferior a oito horas, faz jus remunerao correspondente ao produto do salrio-mnimo horrio pelo nmero de horas de servio prestado (TRT - 10 Reg. RO 662/84; Rel. Juza Helosa Pinto Marques; DJ, de 18.03.85).

DO ABUSO DE DIREITO A CARGO DA RECLAMANTE

Nos termos do art. 187 do Cdigo Civil, quem igualmente comete ato ilcito aquele que, apesar de possuir direito a ser preservado, extrapola a sua preservao, seja este liame estabelecido pelo seu fim econmico, pela boa-f ou pelos bons costumes.

Art. 187. Tambm comete ato ilcito o titular de um direito que, ao exerc-lo, excede os limites impostos pelo seu fim econmico ou social, pela boa-f ou pelos bons costumes.

A preservao, manuteno de um direito, deve ser exercida com razoabilidade, sob pena de um ato legtimo transforma-se em um ato tipicamente antijurdico. Corroborar um desvio na finalidade do ato, resultando, ao invs da preservao de um direito legtimo, na prtica de uma leso, um dano, um prejuzo passvel de indenizao, a que no faz jus o obreiro ante sua conduta censurvel, que justificou o desate contratual por justa causa, como j visto exaustivamente.

O abuso de direito se v corroborado pela clara desproporo entre o exerccio de um direito, que se iniciou de forma legtima, e o sacrifcio imposto ao ofensor.A exigncia se torna desproporcional, descabida, com claro intuito de vendeta, no mais de reparao. Almeja-se o prejuzo alheio. Nesse aspecto, abandona-se a boa-f: inserimo-nos no campo de m-f.

A reclamada ressalta a Vossa Excelncia que o mnimo que se exige para o ingresso de ao trabalhista em que houve resciso por justa causa por ato de indisciplina ou de insubordinao, como se viu exausto, mesmo que ela se apresente com elementos, pois sem elemento material ou justificativa plausvel como a hiptese da reclamatria.

No pode a reclamante devassar a vida da reclamada sob o argumento de que esta lhe causou danos e de tentar encontrar indcios de uma pseudo-infrao ordem jurdica, ato que jamais ocorreu, como est comprovado pela reclamada.

O uso do poder de acionar no arbitrrio e no se abriga nos humores ou na preferncia de ex-empregados pelo ajuizamento da lide. Exige-se um mnimo de plausibilidade jurdica no ingresso de ao trabalhista e assim no procedeu a reclamante, como j se disse reiteradamente. Assim, Excelncia, a ao trabalhista sob a presente contestao deve ser julgada improcedente, eis que inexistente a prova cabal e robusta de suposta conduta autoritria a cargo da reclamada, ante a manifesta improcedncia da ao, eis que ocorre at mesmo a inpcia da petio inicial (art. 301, III, do Cdigo de Processo Civil), como arguido.

Na falta de plausibilidade jurdica, com a rejeio da ao, por deciso de Vossa Excelncia, na qualidade de Eminente Magistrada afastar, por certo, os pedidos absurdos e imprprios que no guardem correlao, como se v na presente ao. O Eminente Ministro Slvio de Figueiredo Teixeira lembrou que "o processo no um jogo de esperteza, mas instrumento tico da jurisdio para efetivao dos direitos de cidadania". (72)

O Excelso Supremo Tribunal Federal, pelo voto do Eminente Ministro Celso de Mello, acentuou: "O ordenamento jurdico brasileiro repele prticas incompatveis com o postulado tico-jurdico de lealdade processual. O processo no pode ser manipulado para viabilizar abuso de direito, pois essa uma idia que se revela frontalmente contrria ao dever de probidade que se impe observncia das partes. O litigante de m-f trata-se de parte pblica ou de parte privada deve ter a sua conduta sumariamente repelida pela atuao jurisdicional dos juzos e dos tribunais, que no podem tolerar o abuso processual como prtica descaracterizadora da essncia tica do processo." (73).

No obstante a morosidade do Judicirio, excepcionando-se a Justia Laboral, o abuso do direito de acionar do reclamante verificado quando ele extrapola os limites de um direito em prejuzo de quem colocado no polo passivo da ao, injustamente, sem elementos de base de sustentao.

Nas precisas palavras do Des. Rui Stoco, em sede doutrinria, "o direito cessa onde o abuso comea". (74).

Assim, o exerccio da prerrogativa de acionar encontra limites na esfera jurdica alheia que veda a utilizao anormal de direitos.

Caio Mrio da Silva Pereira, (75) sintetiza o sentido da expresso "abuso de direito":"Abusa, pois, de seu direito o titular que dele se utiliza levando um malefcio a outrem, inspirado na inteno de fazer mal e com proveito prprio. O fundamento tico da teoria pode, pois, assentar em que a lei no deve permitir que algum se sirva de seu direito exclusivamente para causar dano a outrem."

Rui Stoco (76) tambm tece importantes consideraes sobre o tema:

"Tambm se comporta o abuso na inteno ou no animus nocendi, quando o agente se inspira na inteno de causar mal a outrem (...). Do que se conclui que o indivduo para exercitar o direito que lhe foi outorgado ou posto disposio deve conter-se dentro de uma limitao tica, alm da qual desborda do lcito para o ilcito e do exerccio regular para o exerccio abusivo.

A improcedncia da reclamao trabalhista pelos seus termos evidente est sendo arguida para ser acolhida, ante a falta de provas de que a reclamada teria cometido supostos atos abusivos de natureza indenizatria obreira.

O processo um instrumento ou instituto que tem por finalidade proteger o direito material, sem cri-lo. O juiz no cria o direito; no cria a medida provisria; cumpre a lei e concede a medida querida pelo direito (CUNHA, Alcides A. Munhoz da. A lide cautelar no processo civil, Curitiba, Juru, 1992, p. 22-23).

Isso no significa, todavia, que a funo jurisdicional seja constitutiva de direitos, nem que a jurisprudncia seja fonte normativa (DINAMARCO, Cndido Rangel. A instrumentalidade o processo, So Paulo: RT 1987. p. 49).

Infelizmente, Douta Julgadora, crescente o abuso de direito processual, como se v no ajuizamento da reclamatria, que, em grande maioria, pode ser catalogada como litigncia de m-f, mas casos piores existem que ultrapassam as raias da simples litigncia de m-f e chegam a ser assdio processual, figurando com carga prejudicial muito maior do que a simples litigncia de m-f.Acrescenta-se que assdio processual a atitude ou o ato praticado pela reclamante, sob a alegao de estar exercendo uma faculdade procedimental, e por detrs esconde a inteno de prejudicar a reclamada, como aflora a toda evidncia, e, indiretamente, prejudicar a atividade jurisdicional. Dessa forma, Douta Julgadora, atinge e fere a dignidade da reclamada, bem como prejudica e macula a dignidade da prpria justia.

A obreira com evidente m f se utiliza dessa Justia para tentar prejudicar a reclamada e obter vantagens ilcitas, quando tenta o apoio e o referendo judicial, que indispensvel que trata a presente ao com especial ateno. Neste ponto, merece ateno o consciente alerta feito por Paroski:

Ns, Magistrados que o encampamos, servimos de instrumento de manobra para a perpetuao de condutas reprovveis baseadas na retrica do acesso Justia a todo custo (PAROSKI, Mauro Vasni. Reflexes sobre a morosidade e o assdio processual na Justia do Trabalho. Revista do TST, Porto Alegre/RS: Magister, v. 75 (4), p. 123, out./dez. 2009).

O que se viu, Excelncia, pela leitura acurada do arrazoado da reclamatria trabalhista, logo se v que foi produzida e redigida sem que estivesse afeita CLT e sua correta aplicao.

Assim, aflora a toda evidncia que os fatos alegados pelo reclamante no tm sustentao jurdica, porque no ocorreram como postos na inicial, como j se viu. Os termos da reclamatria no podem ser acolhidos por Vossa Excelncia, eis que no so devidos os ttulos postulados e os temerrios pedidos na verdade embuam a inteno de causar confuso processual ante a vacuidade conceitual com o ajuizamento da reclamatria.

Entretanto, ante os frgeis argumentos expendidos na reclamatria, pertinente a indagao:

Ignorncia dos fatos ou retaliao?

Litigncia de m f, mesmo.

Mas, seja o que for, no escapar o gesto da reclamante ao controle de Vossa Excelncia (CF, inciso XXXV, art. 5), visto que nasceu ofendendo o Direito.

E ser de fcil deslinde a reclamatria ajuizada, pois que, induvidosa a desconstituio da alegao laboral, quando, ento a reclamada poder ver julgada improcedente a ao trabalhista, ora contestada, eis que no est configurada a hiptese de vinculo de emprego com a obreira, como ela mesma confessa.

A correo, no caso, pelas vias do acolhimento dos argumentos esposados na presente contestao, ser a indicada, pela celeridade da prestao jurisdicional que se pretende.

Pede, que, caso no seja acolhida a tese de negativa de vinculo de emprego, pede por extrema cautela, que seja reconhecida a jornada de trabalho da reclamante inferior s 44 horas semanais, e reconhea que o salrio que lhe era pago foi proporcional jornada de trabalho em trs dias semanais, como reconhece a Lei Maior, julgando improcedente a diferena de salrio postulada.

Requer, ainda, que se preste reclamada e seus patronos signatrios conhecimento regular e oportuno de documentos e pareceres que se vier a juntar aos autos, de forma a possibilitar efetiva e ampla defesa em audincia perante esta Meritssima Vara do Trabalho.

Tendo a reclamada contestado expressamente todos os pedidos articulados pela reclamante, como se viu acima, espera que Vossa Excelncia bem examinando o feito, julgue-o totalmente improcedente, face aos argumentos a serem integralmente recepcionados por esse Nobre Juzo.

Protesta e requer provar o alegado por todos os meios em Direito admissveis, depoimentos pessoais das partes, sendo o da reclamante sob pena de confesso, quanto matria de fato, nos termos do Art. 343, 2 do CPC, juntada ulterior de novos documentos nos casos previstos em lei (CLT Art. 845).

Termos em que,pede deferimento.Sertnia, quinta-feira, 10 de outubro de 2013.

Edilson Xavier de Oliveira- Advogado OAB-PE 9299

Gilbertiana Bezerra da SilvaAdvogada OAB-PE 25.475

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