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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 2ª Vara Federal do Trabalho de Teresina-PI. Processo n° 00635-2008-002-22-00-5 Audiência 09/05/2008 (às 09:00 horas) CONTESTAÇÃO 1

Contestação trabalhista acidente de trabalho

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Page 1: Contestação trabalhista acidente de trabalho

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 2ª Vara Federal do Trabalho de Teresina-PI.

Processo n° 00635-2008-002-22-00-5

Audiência 09/05/2008 (às 09:00 horas)

CONTESTAÇÃO

COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS, já

qualificada nos autos da Reclamação Trabalhista que lhe move JOSÉ LIMA DE SOUSA,

por intermédio de suas advogadas, com endereço para intimações de estilo na Rua Elizeu

Martins, nº 1.294, Ed. Oeiras, sala 104/107, Centro, Teresina/PI, vem, perante Vossa

Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO, o que faz da forma e teor seguinte:

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I. DOS FATOS

I. A) VERSÃO DO RECLAMANTE

01. Articula o reclamante que foi admitido pela empresa reclamada em

01/12/1986 para exercer a função de plataformista e, posteriormente, foi reclassificado para a

função de técnico de perfuração.

02. Aduz que, em 28/07/2006, uma equipe, composta pelo reclamante e

outros funcionários da reclamada, foi designada para realizar a perfuração de um poço no

Povoado de Mosqueada, no Município de Elesbão Veloso-PI e, durante o serviço, uma das

máquinas apresentou um vazamento. Diante disso, alega o reclamante que quando estava

tentando conter o vazamento uma peça se desprendeu e atingiu o seu braço direito.

03. Afirma que a máquina “sonda 3000” não tinha condições de operar, vez

que apresentou problema de vazamento da peça “suive”, e o cabo de aço se rompeu quando o

reclamante tentava consertar o vazamento da máquina referida.

04. Aduz o reclamante que, ao ser atingido pelo cabo de aço, desmaiou e

quando retornou a si já estava a caminho do hospital de Elesbão Veloso, porém, ao chegar lá,

foi transferido para Teresina, considerando-se a gravidade do caso e a falta de condições de

realizar procedimentos necessários. Afirma que ao chegar a Teresina o médico ortopedista

plantonista engessou o braço direito por trinta dias. Alega que, após a retirada do gesso,

verificou-se a necessidade de um procedimento cirúrgico, que foi realizado em

08/09/2006.

05. Informa o reclamante que, confirmada a lesão, percebeu o auxílio

doença por acidente de trabalho até 16/04/2007. Afirma que, durante o período do auxílio

doença, realizou vários tratamentos médicos visando a sua reabilitação, entretanto, esta não

foi possível, o que culminou com a sua aposentadoria por invalidez.

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06. Aduz que o acidente de trabalho ocasionou no reclamante

neuropatia múltipla crônica por seqüela de compressão neuromuscular. Alega que a sua

aposentadoria foi forçada e ocasionada pelo acidente de trabalho. Afirma, ainda, que a sua

rotina foi compulsoriamente modificada.

07. Alega o reclamante que, além do sofrimento físico, perdeu seu plano de

saúde e o de sua família e tem de se submeter ao SUS para continuar com as sessões de

fisioterapia e consultas ortopédicas. Aduz que não teve como requerer o prêmio do seguro

contra acidentes pessoais, pois a empresa reclamada tem a posse da apólice de seguro.

08. Diante de todo o exposto, requer:

a) A condenação da reclamada no pagamento de indenização ao

autor por danos físicos e morais causados em virtude do acidente

de trabalho sofrido pelo autor no âmbito da empresa reclamada, em

valor a ser arbitrado pelo MM. Juízo;

b) O pagamento de indenização pelas despesas com tratamento

e remédios por mês, em verbas vencidas e vincendas, enquanto

perdurar a necessidade de tratamento médico ou até o trânsito

em julgado desta, ou ainda, em valor a ser arbitrado pelo Juízo, na

forma da fundamentação, considerando-se que o autor ficou

desprovido de plano de saúde após a aposentadoria.

I. B) VERDADE DOS FATOS

09. O reclamante foi admitido pela empresa reclamada em 01/12/1986, para

exercer a função de plataformista e, após, foi reclassificado para função de técnico em

perfuração. Ou seja, trata-se de profissional experiente, com quase 20 (vinte) anos

desempenhando a função de plataformista e técnico em perfuração.

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10. Em 28/07/2006, conforme se observa pela Comunicação de Acidente de

Trabalho (CAT) e pelo documento juntado pelo próprio reclamante a fl. 20, o reclamante

sofreu um acidente de trabalho ocasionado pela quebra do cabo de aço que segura a “chave

flutuante” da sonda. No caso, vale ressaltar, que não havia vazamento na sonda operada

pelo reclamante, que todos os funcionários estavam utilizando os equipamentos de

proteção e que o reclamante tinha longa experiência (quase de 20 anos) no desempenho

da função. A máquina (sonda), bem como o cabo de aço, estavam em bom estado de

conservação. Assim, não restou comprovada a culpa da empresa no acidente de trabalho

ocorrido.

11. Importante destacar ainda, que no dia do acidente, conforme documento

juntado pelo próprio reclamante a fl. 20, os demais funcionários da reclamada

realizaram imediato socorro, levando o reclamante primeiramente ao hospital mais próximo

(Hospital Norberto Moura), localizado em Elesbão Veloso-PI e, após, o reclamante foi

encaminhado para o Hospital São Lucas, em Teresina-PI. Conforme a Comunicação de

Acidente de Trabalho (CAT) e documento de fl. 20 dos autos, o acidente de trabalho

ocasionou uma fratura no antebraço do reclamante (CID-10 – S52), entre o cotovelo e a mão

e, por determinação médica, foi engessado e imobilizado.

12. Assim, diante da lesão constatada no dia do acidente – fratura no

antebraço (CID 10 – S52) –, inverossímil que esta tenha evoluído ao quadro ora alegado

pelo reclamante, qual seja, neuropatia múltipla crônica por seqüela de compressão

neuromuscular. Diante disso, também não existe nexo causal entre o acidente de

trabalho ocorrido e a doença que acomete o reclamante atualmente e que ocasionou a

sua aposentadoria por invalidez.

13. Mesmo não havendo pedido de pagamento de horas extras, vale

destacar que o horário de trabalho do reclamante era de 44 horas semanais e que este sempre

gozou os descansos semanais e legais. Do mesmo modo, mesmo não havendo pedido, frise-se

que o prêmio de seguro contra acidentes pessoais só beneficia os funcionários da reclamada

em casos de morte e de incapacidade permanente, o que não é o caso do reclamante, vez que a

aposentadoria por invalidez foi concedida temporariamente.

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14. Diante do exposto e considerando que não restou comprovada a culpa

da empresa reclamada e nem o nexo causal entre o acidente e a doença que acomete o

reclamante atualmente, requer, desde logo, que a presente ação seja julgada totalmente

improcedente.

II. DO DIREITO

II. A) PRELIMINARMENTE – PETIÇÃO INEPTA – ART. 286; 282, IV; 267,I; 460,

TODOS DO CPC. DO DANO MATERIAL REQUERIDO – PEDIDO CONSISTE NO

PAGAMENTO DE DESPESAS COM TRATAMENTO MÉDICO.

15. O reclamante em sua exordial requer indenização por danos materiais

da seguinte forma: “O pagamento de indenização pelas despesas com tratamento e

remédios por mês, em verbas vencidas e vincendas, enquanto perdurar a necessidade de

tratamento médico ou até o trânsito em julgado desta, ou ainda, em valor a ser arbitrado pelo

Juízo, na forma da fundamentação, considerando-se que o autor ficou desprovido de plano de

saúde após a aposentadoria”.

16. O art. 286 do CPC, dispõe in verbis:

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:I – omissis;II – quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito;III – omissis.

17. No presente caso, como já exposto no item anterior, não existe

comprovação da existência dos três elementos exigidos por lei para a caracterização do dano

material e moral, quais sejam: comprovação do dano, da culpa ou dolo da reclamada e do

nexo causal. Porém, considerando o princípio da eventualidade, mesmo que tais elementos

estivessem comprovados, o que se admite apenas para melhor argumentar, ainda assim, o

pedido formulado pelo reclamante no tocante aos danos materiais é inepto, vez que não é

certo e determinado.

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18. O respeitado doutrinador Costa Machado, in Código de Processo Civil

Interpretado, ao tecer comentários sobre o art. 286 do CPC, ensina:

“Os requisitos instituídos pela parte inicial do dispositivo não são alternativamente exigidos, como parece demonstrar o texto, mas cumulativamente: entenda-se a partícula “ou” como “e”. Pedido certo é sinônimo de pedido expresso, de pedido formalmente explícito. Determinado, por seu turno, é o pedido perfeitamente definido quanto à quantidade e qualidade não só do bem da vida (mediato) como da prestação jurisdicional (imediato); em outras palavras, é a exata caracterização de tudo o que se quer. A parte final da regra autoriza a formulação de pedido genérico ou ilíquido – isto é, o não definido em relação ao quantum debeatur – nas hipóteses abaixo elencadas de forma exaustiva e cuja interpretação deve ser restrita (v., ainda, art. 459, parágrafo único).”

19. Considerando que o pedido do reclamante no tocante aos danos

materiais é a condenação da reclamada ao pagamento de tratamento e remédios por mês,

em verbas vencidas e vincendas; deveria, em obediência ao art. 286 do CPC, indicar

quais os tratamentos médicos e remédios (qualidade) pelos quais requer o

ressarcimento, bem como o valor total de tais despesas vencidas (quantidade).

20. Assim, conclui-se, que o pedido referente ao ressarcimento das

despesas vencidas com tratamento médico e remédios é inepto, em conformidade com os arts.

286; 282, VI; 267, I; e 460; todos do CPC. Diante do exposto, requer desde logo, a extinção

do feito sem julgamento do mérito quanto ao pedido de indenização por danos materiais das

despesas vencidas.

II. B) DO PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS –

INDEXISTÊNCIA DA CULPA OU DOLO DA RECLAMADA, DO DANO E DO

NEXO CAUSAL. IMPOSSIBILIDADE DE ARBITRAMENTO DOS DANOS

MATERIAIS. ART. 7º, XXVIII, DA CF E ARTS. 186, 927, 944, E 884, TODOS DO

CÓDIGO CIVIL.

21. Dispõe os arts. 186 e 927, ambos do Código Civil Brasileiro, que:

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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

22. Segundo a melhor doutrina e jurisprudência, para a condenação na

responsabilidade de indenizar, é necessário, tanto para o dano material como para o dano

moral, a comprovação de três requisitos: a culpa do agente, o dano e o nexo de causalidade.

Vale ressaltar, que “o direito positivo brasileiro alberga tão-somente a teoria da

responsabilidade subjetiva, derivada de culpa ou dolo do agente da lesão (CF, art. 7º,

XXVIII)”.

23. Ocorre que, no caso, como já mencionado no item I. B, Dos Fatos, não

restou caracterizada a culpa ou dolo da empresa reclamada e nem o nexo causal entre o

acidente e a doença atual que acomete o reclamante.

24. Em 28/07/2006, conforme se observa pela Comunicação de Acidente de

Trabalho (CAT) e pelo documento juntado pelo próprio reclamante a fl. 20, o reclamante

sofreu um acidente de trabalho ocasionado pela quebra do cabo de aço que segura a “chave

flutuante” da sonda. No caso, vale ressaltar, que não havia vazamento na sonda operada pelo

reclamante, que todos os funcionários estavam utilizando os equipamentos de proteção e que

o reclamante tinha longa experiência (quase de 20 anos) no desempenho da função. A

máquina (sonda), bem como o cabo de aço, estavam em bom estado de conservação. Assim,

não restou comprovada a culpa da empresa no acidente de trabalho ocorrido. A

empresa tomou e toma todas as precauções e cuidados necessários para evitar acidentes.

25. Importante destacar ainda, que no dia do acidente, conforme documento

juntado pelo próprio reclamante a fl. 20, os demais funcionários da reclamada realizaram

imediato socorro, levando o reclamante primeiramente ao hospital mais próximo (Hospital

Norberto Moura), localizado em Elesbão Veloso-PI e, após, o reclamante foi encaminhado

para o Hospital São Lucas, em Teresina-PI. Conforme a Comunicação de Acidente de

Trabalho (CAT) e documento de fl. 20 dos autos, o acidente de trabalho ocasionou uma

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fratura no antebraço do reclamante (CID-10 – S52), entre o cotovelo e a mão e, por

determinação médica, foi engessado e imobilizado.

26. Ademais, diante da lesão constatada no dia do acidente – fratura no

antebraço (CID 10 – S52) –, inverossímil que esta tenha evoluído ao quadro ora alegado pelo

reclamante, qual seja, neuropatia múltipla crônica por seqüela de compressão neuromuscular.

Diante disso, também não existe nexo causal entre o acidente de trabalho ocorrido e a

doença que acomete o reclamante atualmente e que ocasionou a sua aposentadoria por

invalidez.

27. Ademais, especificamente quanto ao pedido de dano material, o

reclamante restringe-se apenas em requerer o pagamento das despesas com tratamentos

médicos e remédios, mas não comprova o valor do dano efetivamente ocasionado. Portanto, o

demandante não comprovou o quantum do dano material . Data vênia, o suposto dano

material não pode ser arbitrado.

28. A jurisprudência dos Tribunais, inclusive, do Superior Tribunal de

Justiça, é unânime em exigir a comprovação dos danos materiais para o deferimento da

indenização, veja-se:

“CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MATERIAL NÃO COMPROVADO. Tratando-se somente de perdas e danos no faturamento da empresa ante a publicação de anúncio com número de telefone de contato equivocado, é imprescindível a comprovação do efetivo prejuízo material e do nexo causal, que não se presumem. Recurso não conhecido”. (STJ, RESP 545483/RS, DJ 24/11/2003, pág 325, Min. César Asfor Rocha,Quarta Turma)

“EMENTA - CIVIL. PROCESSO CIVIL. DANO MATERIAL. Perda do vôo devido à overbooking. não comparecimento em evento profissional realizado em outra cidade. Revelia. Ausência do preposto à sessão de conciliação no Juizado Especial Cível. Ônus da prova compete a quem alega. Sentença Mantida. (...) 2.1. Não basta - salvo as exceções expressamente previstas em lei, que não é o caso - à parte alegar a ocorrência de prejuízo, mediante simples e aleatória estimativa a possibilitar-lhe o ressarcimento das perdas e danos pretendidos. Além da indispensável

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demonstração do fato que lhe deu azo, há que provar quantum satis a ocorrência efetiva das perdas e danos que reclama, inclusive a respeito de seu quantum (in Código Civil Brasileiro Interpretado, 8ª edição, ed. Freitas Bastos, volume xiv, pág. 255, de J. M. Carvalho Santos). 3. Recurso conhecido, ficando afastada a preliminar de nulidade, relegando-se a preliminar de ilegitimidade ativa para o momento da apreciação meritória e, no mérito, provido, para o fim de reformar a r. sentença recorrida, dando por improcedente o pedido indenizatório da inicial. (Apelação Cível no Juizado Especial, Data de julgamento: 14/04/2004, Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F., Relator Benito Augusto Tiezzi, Publicação no DJU 23/04/2004, pág. 150)

ACIDENTE DE TRABALHO X DOENÇA OCUPACIONAL. DANO FÍSICO. CUSTO DO TRATAMENTO MÉDICO. Para o reconhecimento do direito do empregado em receber indenização para tratamento médico, em face de dano físico causado por acidente de trabalho e/ou doença ocupacional em virtude da atividade, necessário que esteja provado solidamente nos autos a coexistência dos elementos do dano, nexo causal e a culpa por ato   comissivo ou omissivo do empregador. (TRT 23ª Região – Cuiabá/MT, RO 00801.2003.031.23.00-9, Relator Osmair Couto, DJ/MT nº 6978, publicação 21.09.2004, 3ªf, p. 40). 

29. Assim, no presente caso, no tocante a indenização por danos materiais,

inexiste a comprovação do quantum do dano, do nexo causal e da culpa ou dolo da reclamada.

30. Diante do exposto, requer, desde logo, que o pedido de indenização

pelas despesas com tratamento médico e remédios, vencidas e vincendas, seja julgado

totalmente improcedente.

31. Impugna-se, ainda, os documentos juntados pelo reclamante de fls.

39/44, vez que não especifica os exames e as consultas que foram realizadas e nem os

remédios que foram adquiridos. No caso, repita-se, a empresa reclamada não deve arcar com

indenização por danos materiais, vez que não restou comprovada a culpa ou dolo, o nexo

causal e o dano.

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32. Considerando o princípio da eventualidade, mesmo que estivessem

comprovados os três elementos exigidos por lei para a indenização por danos materiais, o que

não é o caso dos autos e se admite apenas para melhor argumentar, ainda assim, a reclamada

deve arcar com os supostos prejuízos ocasionados na medida de sua culpabilidade (art. 884 e

944, ambos do CC), ou seja, deve suportar os danos relacionados à lesão ocasionada pelo

acidente de trabalho e não lesões estranhas ao fato ora questionado, tais como: fl. 42 –

eletrocardiograma; fl. 44 – ultrassonografia prostática e eletrocardiograma.

II. B) DOS SUPOSTOS DANOS MORAIS OCASIONADOS – ART. 7º, XXVIII, DA CF

E ARTS. 186, 927, 944, E 884, TODOS DO CÓDIGO CIVIL.

33. Como já mencionado no item anterior, segundo a melhor doutrina e

jurisprudência, para a condenação na responsabilidade de indenizar, é necessário, tanto para o

dano material como para o dano moral, a comprovação de três requisitos: a culpa do

agente, o dano e o nexo de causalidade. “O direito positivo brasileiro alberga tão-

somente a teoria da responsabilidade subjetiva, derivada de culpa ou dolo do agente da

lesão (CF, art. 7º, XXVIII)”.

34. No caso, quanto a culpa ou dolo, evidente que estes elementos não estão

comprovados. A reclamada sempre tomou todas as precauções no tocante as medidas de

segurança e proteção no ambiente de trabalho. Ademais, repita-se que, em 28/07/2006,

conforme se observa pela Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e pelo documento

juntado pelo próprio reclamante a fl. 20, o reclamante sofreu um acidente de trabalho

ocasionado pela quebra do cabo de aço que segura a “chave flutuante” da sonda. No caso,

vale ressaltar, que não havia vazamento na sonda operada pelo reclamante, que todos os

funcionários estavam utilizando os equipamentos de proteção e que o reclamante tinha longa

experiência (quase de 20 anos) no desempenho da função. A máquina (sonda), bem como o

cabo de aço, estavam em bom estado de conservação. Assim, não restou comprovada a

culpa da empresa no acidente de trabalho ocorrido. A empresa tomou todas as

precauções e cuidados necessários para evitar acidentes.

35. A jurisprudência pátria exige para o deferimento de indenização por

danos morais e materiais a existência e comprovação da culpa do empregador, senão veja-se:

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EMENTA - 1) Não se pode reconhecer a estabilidade do art.118, da Lei n. 8.213/91, quando não se tem a comprovação: a) do reconhecimento administrativo do acidente de trabalho ou da doença profissional ou do trabalho pela entidade autárquica, com a subseqüente suspensão do contrato de trabalho, com o pagamento do auxílio-doença; b) da eventual fraude por parte do empregador, quando esse procede a dispensa, com o evidente intuito de obstar o implemento dos requisitos do art. 118. 2) Qualquer reparação por ato ilícito (dano moral, material ou ambos), decorrente de acidente de trabalho, doença profissional ou do trabalho, pela análise do art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal, exige a presença de todos os elementos da responsabilidade civil subjetiva (ou aquiliana, art. 159, Código Civil de 1916, atual 186, Código Civil 2002), a saber: a) ato omissivo ou comissivo; b) nexo causal; c) dano moral ou material; d) culpa (sentido amplo, onde se inclui o dolo e as modalidades da culpa, sentido restrito, negligência, imprudência ou imperícia). Tais elementos devem coexistir de forma simultânea. De forma objetiva, pela prova dos autos temos: a) o reclamante é portador de tendinite; b) a tendinite é decorrente das tarefas executadas; c) a tendinite acarreta uma lesão parcial e permanente. Temos o tríplice nexo causal: trabalho/doença; doença/lesão; lesão/incapacidade. Contudo, seja pela leitura do laudo e do restante do conjunto probatório, não se têm provas da presença da culpa do empregador. Em matéria de infortunística laboral, a culpa está presente quando o empregador deixa de cumprir com as normas de segurança e medicina do trabalho. Em momento algum, não só a exordial,como o laudo, não indicam as normas, as quais não foram observadas pelo empregador e que foram as responsáveis por essas lesões. O simples exercício de tarefas pode ocasionar uma série de lesões, as quais, porém, não podem ser imputadas ao empregador. Para esses eventos da vida, é que surgiu a teoria do seguro social, devendo essas reparações serem objeto de atuação da Seguridade Social e não do empregador. Logo,como não há índicios da culpa do empregador, descabe qualquer responsabilidade civil. (IDENTIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO: TRIBUNAL: 2ª Região, ACÓRDÃO NUM: 20030315543, DECISÃO: 24/06/2003, TIPO: RO01, NUM: 13477, ANO: 2003, NÚMERO ÚNICO PROC: RO01 - 13477-2003-902-02-00, RECURSO ORDINÁRIO, TURMA: 4ª, ÓRGÃO JULGADOR - QUARTA TURMA, FONTE: DOE SP, PJ, TRT 2ª, Data: 04/07/2003, PARTES: RECORRENTE(S): CRISTÓVÃO CARNEIRO DE SÁ, RECORRIDO(S): RHODIA DO BRASIL LTDA; RELATOR: FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO; REVISOR(A): VILMA CAPATO).

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36. Importante também transcrever v. acórdão da lavra do Colendo Tribunal

Superior do Trabalho que também possui o mesmo entendimento, qual seja, de que é

necessária a comprovação da culpa patronal e o nexo causal para o deferimento da

indenização por danos morais, senão veja-se:

DANO MORAL NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA CULPA DA RECLAMADA E CONFIGURAÇÃO DO REAL DANO SOFRIDO PELO RECLAMANTE CONDENAÇÃO POR PRESUNÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. 1. O dano moral constitui lesão de caráter não material, ao denominado patrimônio moral do indivíduo, integrado por direitos da personalidade. Tanto em sede constitucional (CF, art. 5º, caput e incisos V, VI, IX, X, XI e XII) quanto em sede infraconstitucional (CC, arts. 11-21), os direitos da personalidade albergam basicamente os direitos à vida, integridade física, liberdade, igualdade, intimidade, vida privada, imagem, honra, segurança e propriedade, que, pelo grau de importância de que se revestem, são tidos como invioláveis. 2. Do rol positivado dos direitos da personalidade, alguns têm caráter preponderantemente material, ainda que não necessariamente mensurável economicamente, e outros de caráter preponderantemente não material, entre os quais a Constituição enumera taxativamente a intimidade, vida privada, imagem e honra (CF, art. 5º, X). Assim, o patrimônio moral, ou seja, não material do indivíduo, diz respeito aos bens de natureza espiritual da pessoa. Interpretação mais ampla do que seja dano moral, para albergar, por um lado, todo e qualquer sofrimento psicológico, careceria de base jurídico-positiva (CF, art. 5º, X), e, por outro, para incluir bens de natureza material, como a vida e a integridade física, careceria de base lógica (conceito de patrimônio moral). 3. Nesse contexto, falar-se em dano moral ocasionado por acidente do trabalho ou doença profissional não teria sentido como lesão à vida ou integridade física do indivíduo, uma vez que não integram o patrimônio moral e espiritual da pessoa, mas seu patrimônio material. Necessário seria verificar a repercussão da lesão na imagem, honra, intimidade e vida privada do indivíduo. Com efeito, as seqüelas de um acidente ocorrido ou de uma doença adquirida no trabalho podem comprometer a imagem da pessoa, dificultar-lhe o desenvolvimento em sua vida privada, infligindo-lhe um sofrimento psicológico ligado a bens constitucionalmente protegidos. Nesse caso, e por esse fundamento, a lesão merecerá uma reparação além daquela referente ao dano material sofrido. Do contrário, as indenizações se confundiriam. 4. Por outro lado, além do enquadramento no conceito de dano moral, a lesão deve ser passível de imputação ao empregador. Trata-se do estabelecimento do nexo causal entre lesão e

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conduta omissiva ou comissiva do empregador, sabendo-se que o direito positivo brasileiro alberga tão-somente a teoria da responsabilidade subjetiva, derivada de culpa ou dolo do agente da lesão (CF, art. 7º, XXVIII). 5. In casu, o Regional adotou a teoria objetiva do risco, segundo aqual a responsabilização do empregador por acidente de trabalho não exige a comprovação de culpa ou dolo, pelo fato de ter assumido os riscos da atividade econômica, com amparo nos princípios fundamentais da valorização social do trabalho e da dignidade humana, previstos no art. 1º, III e IV, da Carta Magna.6. Nesse contexto, ausentes os requisitos da reparação civil, à luz dos dispositivos pertinentes à matéria, merece reforma o acórdão regional, para efeito de afastar a condenação da Reclamada em dano moral, uma vez que não comprovada a culpa patronal pelo sinistro ocorrido com o Reclamante. Recurso de revista provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista TST-RR-99.528/2005-654-09-00.2, em que é Recorrente LIQUIGÁS DISTRIBUIDORA S.A. e Recorrido DINARTE FABRÍCIO DE SOUZA. RELATÓRIOContra o acórdão do 9º Regional que deu provimento parcial ao recurso ordinário do Reclamante (fls. 335-346), a Reclamada interpõe o presente recurso de revista, pedindo reexame da questão relacionada com o dano moral decorrente de acidente de trabalho (fls. 358-369). Admitido o apelo (fls. 372-373), recebeu razões de contrariedade (fls. 375-380), sendo dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 82, § 2º, II, do RITST.É o relatório.VOTOI) CONHECIMENTO1) PRESSUPOSTOS GENÉRICOSO recurso é tempestivo (cfr. fls. 357 e 358) e tem representação regular (fl. 98), encontrando-se devidamente preparado, com custasrecolhidas (fl. 371) e depósito recursal efetuado (fl. 370).2) PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOSDANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHOTese Regional: De acordo com teoria do risco, o fato de a Reclamada ter assumido os riscos da atividade econômica a torna responsável pela indenização por danos morais, decorrente de acidente de trabalho , não se exigindo a comprovação de culpa ou dolo, nos termos dos princípios fundamentais da valorização social do trabalho e da dignidade humana, previstos no art. 1º, III e IV, da CF, não se vislumbrando a violação do art. 7º, XXVIII, da Carta Magna.Assim, a questão não se resolve pela averiguação da existência de culpa do empregador no acidente de trabalho sofrido pelo

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empregado, mas sim pela verificação da existência de nexo de causalidade entre os serviços realizados e o acidente e a inexistência de causas excludentes do nexo causal, como é o caso da culpa exclusiva da vítima, caso fortuito, força maior e fato de terceiro (fl. 338). O Reclamante desempenhava a função de ajudante de caminhão de entregas de botijões de GLP, integrante da equipe de entrega emergencial e teve lesão no menisco, o qual teve que ser retirado em cirurgia (fl. 340), ocorrida depois de fazer entrega de emergência em uma residência e quando saía com o botijão vazio, escorregou em madeiras úmidas e torceu o joelho (fl. 339). Configurado o nexo de causalidade e afastada a imprevisibilidade do acidente ocorrido com o Reclamante, constata-se a responsabilidade da Empregadora nas situações de indenização por acidente de trabalho (fl. 342).Antítese Recursal: Segundo a teoria da responsabilidade subjetiva, derivada de culpa do agente da lesão (CF, art. 7º, XXVIII), não tendo sido comprovada a culpa da Empregadora pelo acidente de trabalho, não se verifica o nexo de causalidade entre o dano e a ação, requisito indispensável à caracterização da responsabilidade civil. O recurso vem calcado em violação do art. 7º, XXVIII, da CF e em divergência jurisprudencial (fls. 358-369).Síntese Decisória: O aresto transcrito à fl. 367 conduz ao fim colimado, já que externa tese oposta à do Regional, assentando que não se afigura razoável a reparação dos prejuízos advindos do acidente de trabalho, independentemente da comprovação de culpa ou dolo do empregador e não evidenciada a atuação culposa do empregador na ocorrência do acidente de trabalho, impõe-se indeferir a pretensão do Autor.Logo, CONHEÇO da revista, por dissenso específico de teses.II) MÉRITODANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHOO dano moral constitui lesão de caráter não material, ao denominado patrimônio moral do indivíduo, integrado por direitos da personalidade.Tanto em sede constitucional (CF, art. 5º, caput e incisos V, VI, IX,X, XI e XII) quanto em sede infraconstitucional (CC, arts. 11-21), os direitos da personalidade albergam basicamente os direitos à vida, integridade física, liberdade, igualdade, intimidade, vida privada, imagem, honra, segurança e propriedade, que, pelo grau de importância de que se revestem, são tidos como invioláveis.Do rol positivado dos direitos da personalidade, alguns têm caráter preponderantemente material (vida, integridade física, liberdade, igualdade, segurança e propriedade), ainda que não necessariamente mensurável economicamente, e outros de caráter preponderantemente não material (intimidade, vida privada,

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imagem e honra). Estes últimos se encontram elencados expressamente no art. 5º, X, da CF.Assim, o patrimônio moral, ou seja, não material do indivíduo, diz respeito aos bens de natureza espiritual da pessoa. Interpretação mais ampla do que seja dano moral, para albergar, por um lado, todo e qualquer sofrimento psicológico, careceria de base jurídico-positiva (CF, art. 5º, X), e, por outro, para incluir bens de natureza material, como a vida e a integridade física, careceria de base lógica (conceito de patrimônio moral). No entanto, a doutrina e a jurisprudência têm vislumbrado campo para reconhecimento do dano moral em relação a doença profissional e acidente de trabalho, com base na lesão à integridade física do trabalhador: Existem atividades que, por sua natureza ou métodos de trabalho, colocam o obreiro em condição de risco acentuado à saúde, à integridade física ou, o que é pior, à própria vida, competindo ao empregador em tais casos e nos locais de labor com características de perigo (ou nocividade) intenso - adotar todos os procedimentos de proteção àqueles atributos da pessoa humana, prevenindo os acidentes de trabalho e as chamadas doenças ocupacionais (Marcus Vinícius Lobregat, Dano Moral nas Relações Individuais de Trabalho , LTr 2001 São Paulo, p. 25).EMBARGOS - INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL - NEXO CAUSAL - LESÃO POR ESFORÇOS REPETITIVOS DIGITADOR - INTERVALO INTRAJORNADA -NÃO-CONCESSÃO. 1. A lesão por esforços repetitivos (LER) contraída em atividade preponderante de digitação, sem o intervalo intrajornada previsto em lei e de gravidade tal que provocou a aposentadoria da empregada, constitui fato gerador de direito à indenização por dano moral e material. 2. Delineado o nexo causal entre a moléstia ocupacional desenvolvida pela empregada e a conduta culposa do empregador, que não observou as cautelas mínimas necessárias à prevenção da doença, o acolhimento de pleito de indenização desse jaez não afronta os arts. 159, do Código Civil de 1916, e 5º, inciso X, da Constituição Federal. 3. Embargos não conhecidos (TST-E-RR-1.509/1999-002-23-00.0, Rel. Min. João Oreste Dalazen, SBDI-1, DJ de 22/09/06).Parece-nos, no entanto, que falar em dano moral ocasionado por acidente do trabalho ou doença profissional não teria sentido como lesão à vida ou à integridade física do indivíduo, uma vez que não integram o patrimônio moral e espiritual da pessoa, mas seu patrimônio material. Daí o reconhecimento planar do direito à indenização por dano material. Para o dano moral, necessário seria verificar a repercussão da lesão na imagem, honra, intimidade e vida privada do indivíduo. Com efeito, as seqüelas de um acidente ocorrido ou de uma doença adquirida no trabalho podem comprometer a imagem da pessoa, dificultar-lhe o desenvolvimento em sua vida privada, infligindo-lhe um sofrimento psicológico ligado a bens constitucionalmente

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protegidos. Nesse caso, e por esse fundamento, a lesão merecerá uma reparação além daquela referente ao dano material sofrido. Do contrário, as indenizações se confundiriam.Por outro lado, além do enquadramento no conceito de dano moral, a lesão deve ser passível de imputação ao empregador. Trata-se do estabelecimento do nexo causal entre lesão e conduta omissiva ou comissiva do empregador, sabendo-se que o direito positivo brasileiro alberga tão-somente a teoria da responsabilidade subjetiva, derivada de culpa ou dolo do agente da lesão (CF, art. 7º, XXVIII).In casu, o Regional assentou que a responsabilização do empregador por acidente de trabalho depende apenas de que as atividades da empresa sejam passíveis de produção de danos, independente de culpa do empregador, bastando haver nexo de causalidade entre o acidente e as atividades laborais desenvolvidas pelo Autor. Portanto, o Regional condenou a Reclamada adotando a teoria objetiva do risco, segundo a qual a responsabilização do empregador por acidente de trabalho não exige a comprovação de culpa ou dolo.O que se verifica no presente feito é nítida inversão do ônus da prova, ao arrepio da lei. Ora, o magistrado deve aplicar imparcialmente uma legislação que já é protetiva do empregado. Se o art. 818 da CLT determina que a parte deve provar as alegações que fizer, cabia ao Reclamante provar a culpa da Reclamada para obter dela a indenização pelos danos sofridos.Ademais, na responsabilidade subjetiva pelo dano causado, albergada pelo art. 7º, XXVIII, in fine, da CF, que fala em indenização pelo empregador quando incorrer em dolo ou culpa, tem-se que a culpa aparece como fato constitutivo do direito do empregado a receber a indenização, conforme se extrai do art. 333, I, do CPC.Eis alguns precedentes desta Corte Superior nesse mesmo sentido: TST-AIRR-718/2003-021-12-40.7, Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, DJ de 17/02/06; TST-RR-744.097/2001.1, Rel. Juiz Convocado Josenildo Carvalho, 2ª Turma, DJ de 30/09/05; TST-AIRR-720/2002-411-04-40.4, Rel. Juiz Convocado Luiz Ronan Koury, 3ª Turma, DJ de 28/10/05; TST-RR-2.661/2001-014-12-00.6, Rel. Min. Barros Levenhagen, 4ª Turma, DJ de 31/03/06; TST-RR-713.426/2000.2, Rel. Min. Brito Pereira, 5ª Turma, DJ de 31/03/06; TST-E-RR-719.661/2000.1, Rel. Min. Brito Pereira, SBDI-1, DJ de 02/09/05. Nesse contexto, não pode a Reclamada ser compelida a arcar com indenização por dano a que não deu causa, vez que não restaram comprovados nos autos os elementos caracterizadores da responsabilidade civil, ou seja, a existência de culpa da Reclamada (responsabilidade subjetiva) e a ocorrência efetiva do dano moral, capaz de ensejar violação à intimidade, à vida

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privada, à honra e à imagem do Reclamante, nos termos dos arts. 186 do CC e 5º, X, da CF.Assim sendo, DOU PROVIMENTO ao recurso para, reformando o acórdão regional, afastar da condenação a reparação por danos morais, que não restaram comprovados, à luz dos dispositivos pertinentes à matéria. Custas processuais, em reversão, pelo Reclamante, das quais fica isento de pagar.ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Egrégia 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, dar-lhe provimento para, reformando o acórdão regional, afastar da condenação a reparação por danos morais, que não restaram comprovados, à luz dos dispositivos pertinentes à matéria. Custas processuais, em reversão, pelo Reclamante, das quais fica isento de pagar. Brasília, 20 de fevereiro de 2008. IVES GANDRA MARTINS FILHO. MINISTRO-RELATOR

37. Assim, não há que se falar em culpa ou dolo da empresa reclamada.

38. Frise-se que, no dia do acidente, conforme documento juntado pelo

próprio reclamante a fl. 20, os demais funcionários da reclamada realizaram imediato socorro,

levando o reclamante primeiramente ao hospital mais próximo (Hospital Norberto Moura),

localizado em Elesbão Veloso-PI e, após, o reclamante foi encaminhado para o Hospital São

Lucas, em Teresina-PI. Conforme a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e

documento de fl. 20 dos autos, o acidente de trabalho ocasionou uma fratura no antebraço do

reclamante (CID-10 – S52), entre o cotovelo e a mão e, por determinação médica, foi

engessado e imobilizado.

39. Ademais, diante da lesão constatada no dia do acidente – fratura no

antebraço (CID 10 – S52) –, inverossímil que esta tenha evoluído ao quadro ora alegado pelo

reclamante, qual seja, neuropatia múltipla crônica por seqüela de compressão neuromuscular.

Diante disso, também não existe nexo causal entre o acidente de trabalho ocorrido e a

doença que acomete o reclamante atualmente e que ocasionou a sua aposentadoria por

invalidez.

40. Importante colacionar mais jurisprudências semelhantes ao caso em

comento:

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EMENTA:  DANO MORAL EM FACE DE ACIDENTE DO TRABALHO - NÃO-CONFIGURAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE DOLO OU CULPA DO EMPREGADOR – A responsabilidade subjetiva contemplada pelo artigo 186 do Código Civil, e que enseja a obrigação de reparar os danos causados pela violação de um dever jurídico preexistente, exige que fique demonstrada a ação ou omissão do agente, bem como o dolo ou a culpa deste, o nexo causal e a ocorrência de dano, ainda que exclusivamente moral. Não demonstrado que o empregador concorreu para a consumação do fato que ensejou o prejuízo, a ele não pode ser imputada qualquer responsabilidade pela indenização reparadora do dano. (PROC. Nº TRT -00503-2004-009-06-85-4, Órgão Julgador: 2ª Turma, Juiz Relator: Ivanildo da Cunha Andrade, Recorrente: JOSÉ ROGÉRIO RODRIGUES DA CRUZ, Recorrido : ESTRUTURAS TUBULARES, ANDAIMES E FORMAS LTDA., Procedência : 9ª Vara do Trabalho do Recife – PE).

DANOS MORAIS – NEXO CAUSAL - DANO MORAL - CARACTERIZAÇÃO. A caracterização do dano moral necessita de comprovação do efetivo prejuízo sofrido pelo empregado, que deve se esmerar em trazer para o processo todos os dados necessários à sua identificação com os requisitos, quer de intensidade do ânimo de ofender e causar prejuízo, quer da gravidade e da repercussão da ofensa. Além dessa caracterização, o postulante deverá apontar e comprovar o nexo da causalidade entre o dano e o ato ilícito do ofensor, ao mesmo tempo em que, na busca da indenização, deixará estreme de dúvida a inexistência de fato da vítima e/ou fato de terceiros, excludentes ou atenuantes da obrigação de indenizar. (RO 05758/1999 - 8.ª T. - TRT-1.ª Reg. - j. 12.12.2000 - rel. Juiz Nelson Tomaz Braga - DORJ 12.01.2001).

41. Diante do exposto, requer, desde logo, a improcedência do pedido de

indenização por danos morais, diante da inexistência da culpa ou dolo da empresa e do nexo

causal.

II. C) DO ÔNUS DA PROVA – ART. 818 DA CLT.

42. O art. 818, da CLT, dispõe:

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Page 19: Contestação trabalhista acidente de trabalho

“Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as

fizer”.

43. Portanto, cabe à reclamante a prova dos fatos constitutivos de seu

direito, tais como, a existência de doença profissional, o nexo causal entre as doenças que

acometem a reclamante e o ambiente de trabalho, o dano moral, o dano material, etc.

44. Por sua vez, cabe a reclamada a prova da existência de fatos extintivos,

modificativos e impeditivos do “direito” da reclamante.

45. Ademais, como bem explica o ilustre doutrinador Valentim Carrion, in

Comentários a Consolidação das Leis do Trabalho, 28ª edição, pág. 606/607:

“(...) a falta de provas, quanto a certo fato que interessa ao processo e que poderá ter influência no julgado, prejudica aquele a quem incumbia o ônus da prova, ou seja, quem tinha a responsabilidade de provar: não tendo feito, a sentença terá o respectivo fato como inexistente”.

46. Porém, mesmo entendendo que o ônus da prova é do

reclamante, requer a reclamada, desde logo, a produção das seguintes

provas: a) perícia médica no reclamante; b) inspeção ou perícia no local

onde ocorreu o acidente e na máquina.

II. D) DA DECLARAÇÃO JUNTADA PELO PRÓPRIO RECLAMANTE A FL. 20

DOS AUTOS.

47. Como já mencionado, não havia vazamento na máquina operada pelo

reclamante; a máquina e o cabo de aço estavam em bom estado de conservação; o reclamante

tem quase 20 anos de experiência no desempenho de sua função; todos os funcionários,

inclusive o reclamante, estavam utilizando equipamento de proteção (botas, luvas, protetor

auricular, capacete). Assim, não restou comprovada a culpa da reclamada no acidente de

trabalho, nem o dano e nem o nexo causal.

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Page 20: Contestação trabalhista acidente de trabalho

48. Entretanto, considerando o princípio da eventualidade, ainda que se

considerem verdadeiras as alegações do reclamante expostas na inicial, o que se admite

apenas para melhor argumentar, importante destacar alguns aspectos importantes que

sobressaem do documento de fl. 20, juntado pelo próprio reclamante.

49. Na inicial o reclamante alega que o acidente de trabalho ocorreu quando

ele estava consertando um vazamento e uma das peças da máquina se desprendeu e o atingiu.

Já na declaração de fl. 20 consta que: “o acidente foi motivado pela quebra do cabo de aço

que segura a “chave flutuante” da sonda. Com a trepidação da máquina, o “clipe” se

desvencilhou do cabo que, como estava esticado e sob pressão, foi de encontro ao

trabalhador, atingindo-o no antebraço direito, fraturando o osso cúbito”. Assim, pode-se

concluir que houve negligência do reclamante (culpa exclusiva da vítima), vez que este

assumiu o risco de consertar o suposto vazamento com a máquina ligada (em funcionamento).

50. Importante colacionar julgados que excluem a responsabilidade da

empresa no caso de culpa exclusiva do empregado, senão veja-se:

RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DO TRABALHO – INDENIZAÇÃO – DIREITO COMUM – CULPA EXCLUSIVA DO EMPREGADO (VÍTIMA) – AUSÊNCIA DE VINCULO IMPREGATÍCIO CO A RÉ – INADMISSIBILIDADE.É indevida a indenização por danos materiais se a culpa do evento danoso foi exclusiva da vitima, que manuseou material explosivo sem as cautelas comezinhas e não possuía vínculo empregatício com a demandada. (Ap. c/ Rev. 486.266, 11ª Câm., Rel. Juiz Mendes Gomes , J. 11-8-97.)

RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DO TRABALHO – DIREITO COMUM - CULPA EXCLUSIVA DO EMPREGADO.Não tendo o empregado atentado para os princípios elementares de segurança e ocorrendo o infortúnio por imprudência do mesmo, não se caracteriza a culpa da empregadora ou da firma para qual o obreiro prestava serviço, descabendo, portanto, a reparação de danos pelo direito comum. (Ap. c/ Rev 524.260, 8ª Câm., Rel. Juiz Renzo Leonardi, J. 24-09-98.)

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51. Outro ponto importante e que merece destaque é no tocante ao

atendimento médico. Os funcionários da reclamada, como também já mencionado,

socorreram imediatamente o reclamante e o levaram para o hospital mais próximo.

52. Na declaração de fl. 20, quanto ao atendimento médico, consta o

seguinte: “O primeiro atendimento foi efetuado no Hospital Norberto Moura, de Elesbão

Veloso, no que a vítima tomou injeção muscular para amenizar a dor e, por falta de aparelhos

de Raios-X para verificar melhor a gravidade do acidente, a médica encaminhou o José Lima

para Teresina, despachando-o em uma ambulância até o Hospital São Lucas. Aqui, procedeu-

se à obtenção de um filme de Raios-X do braço direito atingido por forte pancada de um cabo

de aço, verificando-se que o mesmo estava fraturado no seu segmento antebraço, entre o

cotovelo e a mão, tendo sido engessado e imobilizado através de tipóia. O médico

atendente determinou, naquela data, o afastamento do empregado por 15 dias para a

sua recuperação e posterior retorno, quando nova averiguação foi feita no sentido de

observar o seu progresso, o qual resulta no seu estado físico atual”.

53. No caso, observa-se que o reclamante teve pronto atendimento e

que a lesão ocasionada foi fratura no antebraço. Porém, agora, o reclamante junta aos

autos declarações médicas informando que ele é portador de neuropatia múltipla

crônica pós compressão muscular. Data vênia, considerando que a lesão ocasionada foi

fratura no antebraço, é inverossímil que com tratamentos médicos adequados, cirurgia,

fisioterapia e medicamentos, o reclamante não tenha se reabilitado. Há indícios,

permissa vênia, de tratamento médico inadequado e, caso comprovado, não pode a

empresa reclamada responder por suposto dano que não ocasionou.

54. Na presente ação, o reclamante requer indenização por danos materiais

e morais tendo em vista a sua parcial e temporária invalidez. Porém, pelas provas juntadas

pelo próprio reclamante, há fortes indícios de que a doença que hoje lhe acomete,

neuropatia múltipla crônica pós compressão muscular, e que ocasionou a sua

aposentadoria por invalidez, não foi ocasionada por ação ou omissão da empresa

reclamada e nem mesmo pelo acidente de trabalho em questão. Não pode a reclamada

responder por dano a que não deu causa.

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Page 22: Contestação trabalhista acidente de trabalho

55. A jurisprudência pátria entende que não é devida indenização por danos

morais e materiais se a incapacidade adveio de causa independente, senão veja-se:

Incapacidade física. Causa diversa. “É indevida a indenização por lucros cessantes, se a incapacidade física da vítima para o exercício das funções laborativas adveio de causa independente das lesões pelas quais se pleiteia a verba.” (RT 778/243)

II. E) DO QUANTUM A SER FIXADO A TÍTULO DE DANO MORAL – ART. 944,

ART. 948, ART. 953 E ART. 884, TODOS DO CÓDIGO CIVIL E ACÓRDÃOS

PARADIGMAS.

56. Como já exaustivamente mencionado, no caso, não existem os

elementos ensejadores para o deferimento da indenização por danos morais e materiais.

Entretanto, mais uma vez considerando o princípio da eventualidade, caso Vossa Excelência

entenda pelo deferimento da indenização pelos supostos danos morais ocasionados, o que se

admite apenas para melhor argumentar, requer, desde logo, que sejam observados os

princípios basilares da proporcionalidade e da razoabilidade.

57. A redação dos arts. 944 e 953, do Código Civil, primam pelos referidos

princípios da proporcionalidade e razoabilidade, senão veja-se:

“Art.944 – A indenização mede-se pela extensão do dano Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização”.

“Art.953 – A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.Parágrafo único – Se o ofendido não puder provar prejuízo material caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.”

58. E sopesando estes princípios na mensuração do dano moral e material,

ANTONIO JEOVÁ DOS SANTOS, no livro DANO MORAL INDENIZÁVEL, 3ª Edição,

2ª Tiragem, Setembro/2001, Editora Método, ensina:

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“Tendo o juiz ou o advogado, estabelecido qual a base a ser utilizada, passará a verificar o seguinte:a) Grau de reprovabilidade da conduta ilícita;b) Intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima;c) Capacidade econômica do causador do dano;d) Condições pessoais do ofendido”.

59. Para uma melhor análise da questão ora suscitada, cumpre

destacar que a presente ação gira em torno de pedido de reparação de danos morais e

materiais, tendo em vista a incapacidade parcial e temporária do empregado ocasionada

supostamente por acidente de trabalho.

60. Assim, tendo em vista que a causa do pedido de danos morais é a

incapacidade do empregado em acidente de trabalho, temos como paradigma várias

decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho do país que, em situações assemelhadas,

fixaram o valor da indenização por danos morais entre R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e

R$ 20.000,00 (vinte mil reais), senão veja-se:

EMENTA - RECURSO DA RECLAMADA. ACIDENTE DE TRABALHO. CONFIGURAÇÃO. ART. 19 DA LEI Nº 8.213/1991. Comprovado que o acidente ocorreu quando o empregado desenvolvia suas atividades normais de trabalho está configurado o acidente de trabalho típico, conforme preconizado na lei. Além do mais, ainda que o empregado não estivesse desenvolvendo suas atividades habituais, estando o empregado no local de trabalho, é considerado no exercício do trabalho, para efeitos de configuração de acidente de trabalho, nos termos do § 1º do art. 21 da Lei nº 8.213/1991. Nego provimento. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO. INCAPACIDADE LABORAL. CAUSA CONCORRENTE. AUSÊNCIA DE PROVA. Se não há prova de que a incapacidade para o trabalho teve a contribuição de outra causa que não o acidente de trabalho, a indenização deve ser correspondente ao valor da remuneração do empregado, na forma fixada no decisum recorrido. Recurso a que se nega provimento. RECURSO DOS RECLAMANTES. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAIS. QUANTUM. Observando-se que o valor da condenação não tem potencial para atender ao escopo de elemento pedagógico e considerando os demais elementos que devem ser levados em consideração para a fixação do valor da

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Page 24: Contestação trabalhista acidente de trabalho

indenização, principalmente a capacidade econômica do ofensor e as conseqüências do acidente, amplio a indenização por danos morais de 7.550,00 para R$ 15.200,00. Recurso provido. DECISÃO por unanimidade, conhecer do recurso da reclamada, do recurso adesivo dos reclamantes, bem como das respectivas contra-razões e, no mérito, negar provimento ao recurso patronal e dar provimento ao recurso dos reclamantes para ampliar a condenação por dano moral de R$ 7.550,00 (sete mil, quinhentos e cinquenta reais) para R$ 15.200,00 (quinze mil e duzentos reais) equivalentes a 40 vezes o salário mínimo vigente à época da sentença, nos termos do voto do Desembargador Relator. (IDENTIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO: TRIBUNAL: 23ª Região,DECISÃO: 17/10/2007, TIPO: RO, NUM: 00542-2006-071-23-00-8, NÚMERO ÚNICO PROC: RO - 00542-2006-071-23-00; FONTE: DJ/MT DATA: 31-10-2007; RELATOR: DESEMBARGADOR OSMAIR COUTO).

EMENTA - Danos físicos. Redução da capacidade auditiva. O autor perdeu 10% da sua audição na empresa. Houve culpa da empresa em não fiscalizar o uso do EPI. Há nexo causal entre a atividade desenvolvida na empresa e a incapacidade do autor. Houve culpa da empresa, que não precisa ser grave, como se depreende do inciso XXVIII do artigo 7.º da Constituição. Não é o caso de se deferir pagamento mensalaté a idade de 60 anos, até porque não há fundamento legal nesse sentido. Indenização arbitrada em R$ 20.000,00. DECISÃO: por maioria de votos, vencida a Sra. Juíza Rosa Maria Villa, que arbitrava a indenização por danos físicos em R$ 60.000,00, dar provimento parcial ao recurso para:a- determinar o pagamento de indenização por danos físicos no valor de R$ 20.000,00 em parcela única ; b- conceder os benefícios da justiça gratuita. Juros a contar da propositura da ação e correção monetária na forma da lei. Os valores serão apurados em liquidação de sentença por cálculos. Custas pela empresa sobre o valor arbitrado de R$ 20.000,00, no importe de R$ 400,00. (IDENTIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO: TRIBUNAL: 2ª Região, ACÓRDÃO NUM: 20060035980, DECISÃO: 02/02/2006, TIPO: RO01, NUM: 00478, ANO: 2004, NÚMERO ÚNICO PROC: RO01 - 00478-2002-461-02-00, RECURSO ORDINÁRIO, TURMA: 2ª, ÓRGÃO JULGADOR - SEGUNDA TURMA, FONTE: DOE SP, PJ, TRT 2ª, Data: 14/02/2006, PARTES: RECORRENTE(S): RAIMUNDO ALEXANDRE BATISTA, RECORRIDO(S): MULTIBRAS SA ELETRODOMESTICOS; RELATOR: SÉRGIO PINTO MARTINS, REVISOR(A): ROSA MARIA VILLA).

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Page 25: Contestação trabalhista acidente de trabalho

II. F) CONTESTAÇÃO DO PEDIDO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

61. Segundo entendimento já sumulado no Tribunal Superior do Trabalho,

os honorários advocatícios somente serão devidos na Justiça do Trabalho caso a situação do

autor esteja de acordo com as determinações legais contidas nas Leis nº 1.060/50, 5.584/70 e

7.115/83, ou seja, na hipótese de insuficiência econômica e desde que esteja devidamente

assistido por sindicato da categoria profissional respectiva.

62. Portanto, indevidos os honorários advocatícios. A este respeito citem-se

as Súmulas 219 e 329 do COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO:

Súmula 219 – Honorários Advocatícios. Cabimento. Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios, nunca superiores a 15%, não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do mínimo legal, ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar em prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.

63. É imprescindível relatar que a contratação de advogado particular, em

detrimento da assistência prestada pelo sindicato da categoria profissional do recorrido, é

incompatível com a alegação de miserabilidade. A esse respeito, veja-se o que diz a

Jurisprudência consolidada do TST:

“Nos termos do art.14 da Lei nº 8.584/70, a assistência judiciária a que se refere a Lei nº 1.060/50 será prestada pelo sindicato profissional que pertence o trabalhador. A contratação de advogado particular é incompatível com a alegação de miserabilidade jurídica” (TST, RO -MS 153.674/94, Rel. Vantuil Abdala, Ac. SESBDI- 2.775/96) – grifo nosso

64. Assim, de bom senso e de acordo com a Lei, resta caracterizada a

inaplicabilidade do pedido de honorários advocatícios, o pedido ignora tais Súmulas e

Julgados Consolidados, e estando o reclamante assistido por advogado particular, além de não

ter demonstrado nos autos a miserabilidade jurídica.

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Page 26: Contestação trabalhista acidente de trabalho

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ante o exposto, considerando a contestação verba por verba, requer a

improcedência total da presente ação.

Requer, ainda, mesmo entendendo que o ônus da prova é do reclamante,

r a produção das seguintes provas: a) perícia médica no reclamante; b) inspeção ou perícia

no local onde ocorreu o acidente e na máquina em questão.

Nestes termos, espera deferimento.

Teresina, 06 de maio de 2008.

Audrey Martins Magalhães

Advogada OAB/PI nº 1.829

Carolina Lago Castello Branco

Advogada OAB/PI nº 3.405

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