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Continuação de elementos acidentais: b. TERMO: é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a um evento futuro e certo . É a característica que difere do elemento condição. Termo inicial/suspensivo/dies a quo: é aquele que subordina a eficácia do negócio. Exemplo: dou um fogão em 11.11.2014 (doação); Termo final/resolutiva/dies ad quem: é aquele que subordina a ineficácia do negócio jurídico. Exemplo: empresto minha casa por um ano (comodato); Classificação secundária: Termo certo/certus an certus: certo quanto ao fato e certo quanto ao tempo de duração. Exemplo: datas; Termo incerto/certus an incertus: certo quanto ao fato e incerto quanto ao tempo de duração. Exemplo: morte; Termo convencional: fixado entra as partes; Termo Legal: fixado em lei; Termo judicial/termo de graça: fixado judicialmente para o cumprimento de uma obrigação. Termo essencial: é aquele que não admite o cumprimento fora do prazo; Termo não essencial: é aquele que admite o cumprimento fora do prazo. c. MODO OU ENCARGO: É um ônus que se impõe para a parte cumpri-lo, sob pena de ineficácia do negócio jurídico. Exemplo: doação modal ou com encargo : dou uma casa, se você cuidar do meu irmão até ele morrer. Observação: o encargo não impede a aquisição e nem o exercício do direito. No presente exemplo, há a possibilidade de ação de revogação para requerer o imóvel, caso não seja cumprido o encargo. Prescrição e Decadência Ler o artigo do professor Agnelo Amorim Filho (disponível na internet): “CRITÉRIO CIENTÍFICO PARA DISTINGUIR A PRESCRIÇÃO DA DECADÊNCIA E PARA IDENTIFICAR AS AÇÕES IMPRESCRlTÍVEIS.”

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Continuação de elementos acidentais:

b. TERMO: é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a um evento futuro e certo. É a característica que difere do elemento condição. Termo inicial/suspensivo/dies a quo: é aquele que subordina a eficácia do negócio. Exemplo: dou um fogão em 11.11.2014 (doação); Termo final/resolutiva/dies ad quem: é aquele que subordina a ineficácia do negócio jurídico. Exemplo: empresto minha casa por um ano (comodato); Classificação secundária: Termo certo/certus an certus: certo quanto ao fato e certo quanto ao tempo de duração. Exemplo: datas; Termo incerto/certus an incertus: certo quanto ao fato e incerto quanto ao tempo de duração. Exemplo: morte; Termo convencional: fixado entra as partes; Termo Legal: fixado em lei; Termo judicial/termo de graça: fixado judicialmente para o cumprimento de uma obrigação. Termo essencial: é aquele que não admite o cumprimento fora do prazo; Termo não essencial: é aquele que admite o cumprimento fora do prazo.

c. MODO OU ENCARGO: É um ônus que se impõe para a parte cumpri-lo, sob pena de ineficácia do negócio jurídico. Exemplo: doação modal ou com encargo: dou uma casa, se você cuidar do meu irmão até ele morrer. Observação: o encargo não impede a aquisição e nem o exercício do direito. No presente exemplo, há a possibilidade de ação de revogação para requerer o imóvel, caso não seja cumprido o encargo.

Prescrição e Decadência

Ler o artigo do professor Agnelo Amorim Filho (disponível na internet):

“CRITÉRIO CIENTÍFICO PARA DISTINGUIR A PRESCRIÇÃO DA DECADÊNCIA E PARA IDENTIFICAR AS AÇÕES IMPRESCRlTÍVEIS.”

Conceito de Prescrição (artigo 189 – conceito)1: extingue a pretensão (a possibilidade de se exigir o cumprimento de uma obrigação de dar, fazer ou não fazer). Relacionado ao direito obrigacional (é um direito fraco - Chiovenda, produz efeito inter partes, envolvendo o direito de cooperação entre as partes). O prazo prescricional começa da violação do direito, com o inadimplemento deste. Vide súmula n, 287 do STJ que consagra o princípio da actio nata: o temo inicial da prescrição começa com a ciência do fato e não com a exigibilidade do direito subjetivo. A aludida súmula é referendada pelo Enunciado n.14 do CJF. Entretanto, deve-se mencionar que a súmula é medida excepcional, utilizando-se como regra o art. 189 do CC/02, ou seja, a partir da violação. É um instituto de MATÉRIA DE ORDEM PRIVADA. Obs. Muito embora possa ser invocada a qualquer tempo e de ofício pelo juiz, esse instituto, por envolver direito obrigacional, tem cunho privado.

Conceito de Decadência: extingue o direito potestativo (é aquele que permite ao titular, ao exercê-lo, afetar a outra parte, que não tem o que fazer). Exemplo: o empregador tem o direito potestativo de dispensar o empregado; em âmbito civil, a possibilidade de o locador reaver o imóvel do locatário pela denúncia vazia – sem motivo. A decadência está ligada ao direito fraco e atrelada à MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.

Critério científico para distinguir o prazo prescricional do prazo decadencial (criado por Agnelo Amorim Filho):

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA Extingue a pretensão;

Extingue o direito potestativo;

Prazo geral: art. 205, CC/022: 10 anos;

Ocorre em dias, meses e anos;

Prazo especial: art. 206, CC/02:

1, 2, 3, 4, ou 5 anos;

Ocorre exclusivamente em anos

Anos: 6, 7, 8, 9, 11 anos ou mais.

ZONA HÍBRIDA

1, 2, 3, 4, 5 OU 10 ANOS

AÇÃO CONDENATÓRIA AÇÃO CONSTITUTIVA OU DESCONSTITUTIVA

MERAMENTE DECLARATÓRIA (PURA): IMPRESCRITÍVEL

1 Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 2 Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

ARTIGOS COMENTADOS:

Artigo 190. “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.”.

Exemplo: artigo 4763 (exceptio nom adimpleti contractus - exceção do contrato não cumprido). Ainda, apresenta-se a exceptio nom rite adimpleti contractus – exceção do contrato parcialmente cumprido, cumprimento inexato da obrigação. Nesse caso, ninguém é obrigado a cumprir a sua obrigação se a outra parte cumpriu de forma incompleta ou equivocada, equivalendo-se ao inadimplemento. É utilizada, normalmente, como matéria de defesa.

Entretanto, é possível utilizar as referidas exceções como matéria de ataque na ação de resolução contratual, a qual tem por objetivo a extinção do contrato. Por exemplo, o prazo para cobrar os honorários advocatícios é de 5 anos. Também será o mesmo prazo para o cliente do advogado ingressar com a ação de resolução contratual, fundamentado no contrato não cumprido (advogado não entrou com a ação que havia sido contratado).

Artigo 191. “A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.”

Renúncia da prescrição é ato privativo do devedor: pode ser expressa ou tácita (quando o devedor, sem saber, age de forma incompatível com a prescrição, que poderia lhe favorecer, por exemplo, quando pede parcelamento ou prorrogação de dívida já prescrita). A renúncia somente valerá se o devedor não prejudicar outro credor (terceiro a relação). A renúncia não pode ocorrer de forma prévia, somente é possível quando esta se consumar.

Artigo 192. “Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.”

Artigo 193. “A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem aproveita.”.

Observação: ao alegar a prescrição em 2º instância, o desembargador acolherá a prescrição e o réu fará o pagamento de todas as despesas processuais, em razão da má fé constatada.

Outrossim, mesmo que o STJ não seja um grau de jurisdição (3º grau), a jurisprudência entende ser possível a alegação de prescrição junto ao Superior tribunal de Justiça.

3 Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Artigo 194 (REVOGADO pela lei n. 11.280/2006)4: Vide o artigo 219, § 5º do CPC5.

A referida lei revogou o artigo 194 do CC/02 e remeteu ao CPC, no seu artigo 219, § 5º, o qual prevê que o juiz pode declarar a prescrição de ofício. Entretanto, a mencionada lei omitiu o momento em que o juiz está permitido a declarar eventual prescrição.

Assim, verificam-se problemas decorrentes da revogação do artigo 194 do CC/02:

1. Em relação à possibilidade de renúncia da prescrição do artigo 191: o juiz não poderá, de maneira afoita, declarar a prescrição, dando a chance de ocorrer a renúncia da prescrição. O momento ideal é a fase saneadora do processo.

2. O artigo 195: os vulneráveis (relativamente incapazes e pessoas jurídicas). Há a possibilidade de ingressar com a ação contra a pessoa responsável por ter apontado a prescrição e não o fez, prejudicando-o. Considerando que o juiz também tem o dever de declarar de ofício a prescrição, se não o fizer, pode este ser responsabilizado civilmente, por ter prejudicado os vulneráveis.

Artigo 196. “A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.”.

Exemplo: Se passou 8 anos de um prazo prescricional de 10 anos, ainda tem 2 anos de prazo para ajuizar ação contra o sucessor. Observação: essa regra serve também para a sucessão empresarial (empresa A compra a empresa B devedora. O restante do prazo segue correndo em relação à empresa A).

Causas que impedem ou suspendem a prescrição

Artigo 197 do CC/026: Causas de imunidade recíproca. Aplica-se também para pessoas que vivem em união estável. Inciso I: Vide o Enunciado n. 296 do CJF7; Inciso II: Ação de alimentos é imprescritível. Todavia, se os alimentos já foram fixados em sentença de ação de conhecimento, o prazo prescricional é de 2 anos, a contar do fim do poder familiar, por exemplo, com a maioridade do descendente (ação de destituição do poder familiar) hipótese que o prazo de 2 anos é deslocado.

4 Art. 194. O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006). 5 Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. § 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. 6 Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. 7 296 – Art. 197. Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união estável.

Artigo 198 do CC/028: “também não corre a prescrição:” Inciso I: contra os absolutamente incapazes. Obs.: em relação aos relativamente incapazes, para estes correm normalmente a prescrição.

Exemplo: Maria, com um ano de vida, teve por vencida a primeira parcela da pensão alimentícia que o pai foi condenado a pagar. Hoje, Maria está com 20 anos de idade e o pai dela nunca pagou nenhuma parcela da pensão alimentícia. Pergunta-se: qual é o prazo para cobrança da pensão alimentícia? Considerando que já existia um título executivo judicial, Maria, após completar 18 anos, tem 2 anos para proceder à cobrança da totalidade devida, ou seja, como ela está com 20 anos ainda há tal possibilidade. Entretanto, se ela propuser a cobrança, por exemplo, com 21 anos, ela poderá cobrar tão somente os últimos dois anos de pensão alimentícia atrasada.

Exemplo: Com 1 ano de idade, Maria ganha a ação de alimentos contra o avô, e este nunca paga.Maria pode cobrar a totalidade dos alimentos devidos a partir dos 16 anos de idade (relativamente incapaz) até os 18 anos (o prazo de 2 anos). Como ela já está com 20 anos de idade poderá cobrar somente os dois últimos anos de seu avô. Por quê? Em razão de o avô não exercer poder familiar sobre a neta, em virtude de o artigo 197 do CC/02 não incidir nesse caso, e sim o art. 198, I, do CC. Observação: a guarda não tem nada a ver com tutela ou poder familiar.

Artigo 199 do CC/02: Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;

II - não estando vencido o prazo;

III - pendendo ação de evicção.

Problema: Maria ganhou uma casa ao completar 1 ano na sucessão de José. Pedro, no mesmo dia, invadiu a casa e permanece lá por 20 anos. Pedro pode ajuizar ação de usucapião?

Solução: A usucapião trabalha com a modalidade de prescrição aquisitiva, ao passo que prescrição ora objeto do estudo é extintiva. As regras da prescrição extintiva se aplicam à prescrição aquisitiva? Não, pois são diferentes. Em razão disso, apresenta-se o artigo 1244 (aplica-se à usucapião as causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição).

Dessa forma, Pedro não tem a posse ad usucapione pelo tempo suficiente, pois o prazo começou a correr quando Maria completou 16 anos, ou seja, cinco anos. Tendo em vista que a usucapião extraordinária exige 15 anos para seu pleito, Pedro tem tempo insuficiente.

Observação: O prazo corre a favor do absolutamente incapaz. Cuidado, se houver cobrança contra este incapaz.

8 Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Artigo 200 do CC/029: O prazo que começa a contar do trânsito em julgado da sentença condenatória no âmbito penal, para ajuizar na esfera cível (ação civil ex delicto).

Causas de Interrupção da Prescrição

Artigo 202 do CC/2002 (decorar):

A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;

II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III - por protesto cambial;

IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.

Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

Obs.: em caso de ato extrajudicial, a prescrição volta a correr no próximo dia, enquanto que na hipótese de ato judicial, voltará a correr a partir do último procedimento processual.

Exemplo: tentativa de citação por 2 anos , a qual restou inexitosa, o juiz despachará “ao arquivo” Assim, o prazo prescricional voltará a correr a prescrição a partir do presente despacho.

Decadência:

Artigo 207: “Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.”.

A lei tem o poder de criar causa que impede suspende ou interrompe o prazo decadencial. Ex.: o art. 208: aplica-se a decadência ao art. 198, I, CC – não corre prescrição contra absolutamente incapaz. Assim, não corre nem a prescrição e nem a decadência contra absolutamente incapaz.

Ainda, o art. 208 prevê a aplicabilidade do art. 195 à decadência;

9 Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Artigo 209: é nula a renúncia à decadência fixada em lei. Obs.: existem dois tipos de decadência: legal (deriva da lei) e a convencional (é a prescrição transformada em decadência por convenção contratual, a qual poderá ser renunciada). Pode ser aplicada no caso de pagamento de dívida prescrita, situação em que não pode pedir devolução, salvo se houver a cláusula mencionada anteriormente.

Artigo 210: o juiz deve reconhecer a decadência legal de ofício.

Artigo 211: a decadência convencional (prescrição transformada em decadência) pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição. O juiz não pode reconhecer de ofício. Essa parte final do artigo foi derrogada pelo art. 219, § 5º do CPC, dessa forma, o juiz poderá reconhecer de ofício a decadência convencional.