Contos Murilo Rubiao Resumo

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  • 7/30/2019 Contos Murilo Rubiao Resumo

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    Anlise de Contos - Murilo Rubio

    Introduo

    De estilo preciso, a obra de Murilo Rubio caminha por regies em que normalmente a

    fantasia irrompe em meio realidade. Os mais famosos contos do escritor foram

    contemplados, com destaque especial para O Pirotcnico Zacarias. Nascido em 1916, o

    mineiro j chegou a ter alguns de seus textos comparados aos do escritor tcheco Franz

    Kafka.

    Resumo

    O Pirotcnico Zacarias: O conto comea com o narrador- protagonista questionando

    sobre a morte do pirotcnico Zacarias, que mais tarde se saber, trata-se do prprio

    narrador. O narrador continua tecendo reflexes sobre sua situao de morto-vivo e

    como os antigos amigos, pessoas conhecidas, fogem dele quando o encontra nas ruas,

    algumas at se assustam, assim, ele no tm oportunidade de explicar o ocorrido. Mas

    mesmo assim, ele tenta: em verdade morri(...). Por outro lado, tambm no estou

    morto, pois fao tudo que antes fazia e, devo dizer, com mais agrado do que

    anteriormente. Zacarias comea, ento, narrar os fatos que colocaram-no naquela

    situao, quando em uma noite, voltando de uma festa, fora atropelado. A partir da, onarrador revive momentos, como em flash-back, de sua infncia, lembranas de uma

    professora invadem sua memria. quando o grupo de jovens, moas e rapazes,

    discutem sobre o que fariam com o cadver. Inicialmente eles discutiam em voz baixa

    e com medo. Contudo, passado alguns minutos, passam a falar alto e tratar o fato

    como algo corriqueiro. Mas a indignao do defunto-narrador aumenta com os planos

    que os jovens tm, para desfazer-se de seu corpo. E a que o defunto decide dar sua

    opinio. Alto l! Tambm quero ser ouvido. O morto-vivo Zacarias tenta provar que

    mesmo morto consegue amar e sentir as coisas, ainda mais do que quando estava

    vivo. Reparemos no desabafo de Zacarias: A nica pessoa que poderia dar

    informaes certas sobre o assunto sou eu, porm estou impedido de faz-lo porque

    meus companheiros fogem de mim, to logo me avistam pela frente. Quando

    apanhados de surpresa, ficam estarrecidos e no conseguem articular palavras. Em

    verdade morri.

    O ex-mgico da Taberna Minhota: O personagem, protagonista e narrador do conto

    descreve-se como uma pessoa que percebe sua existncia, j em idade madura,

    quando se olha no espelho de uma taberna. Ele comea, ento, a fazer mgicas

    involuntariamente, ou seja, objetos e seres comeam a aparecer retirados de seusbolsos, chapus ou por simples movimentos de suas mos. Por fora das

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    circunstncias, comea a trabalhar como mgico, mas sem empolgao. As mgicas

    divertiam o pblico, contudo seu comportamento sempre foi o de uma pessoa

    completamente entediada com o que ocorria sua volta. Com o passar do tempo, o

    tdio cede lugar a uma crescente irritao por causa das mgicas que aconteciam o

    tempo todo, independente de sua vontade. Por isso, tenta se matar diversas vezes,mas, a cada tentativa, acontece alguma mgica que impossibilita o suicdio. J

    desesperado, o protagonista s consegue encontrar uma "espcie de morte quando

    se torna funcionrio pblico. No final do conto, o ex-mgico chega a sentir saudades

    de sua antiga condio e se sente arrependido por no ter criado "todo um mundo

    mgico" quando podia.

    Brbara: Em resumo, o que se encontra aqui o relato absurdo do envolvimento de

    um casal, formado pelo narrador e pela personagem ttulo. A relao conjugal

    pontuada por uma enorme discrepncia entre os sentimentos dele em relao a ela,

    pois existem imensas diferenas entre o que cada um sente pelo outro. O narrador

    passa o tempo todo demonstrando o seu amor por Brbara, e ela raramente faz um

    gesto de afeto que corresponda aos anseios dele. Contudo, o mais inusitado do conto

    est em Brbara nunca parar de engordar, at atingir dimenses gigantescas. E isso se

    faz acompanhar sempre de sua constante insatisfao, manifestada em seus

    incontveis e esdrxulos pedidos, sempre atendidos pelo marido, que se desdobra em

    mil para satisfazer os anseios da esposa. A frase que abre o conto : Brbara gostava

    somente de pedir. Pedia e engordava. Um momento importante da narrativa o que

    mostra a gravidez e a maternidade de Brbara, e isso por dois motivos. O primeirodeles tem a ver com ela revelar uma total indiferena pelo filho; a maternidade no a

    completa em nada. E o segundo a representao do beb como uma criana

    raqutica (pesava apenas um quilo), e que, com o passar do tempo, no cresce,

    permanecendo sempre mirrada o oposto da me.

    O homem do bon cinzento: A figura principal do conto, Anatlio, lembra, s avessas, a

    personagem Brbara. O homem emagrece at se transformar em uma minscula bola

    negra. A gordura e a magreza so elementos do grotesco presente em toda a obra de

    Rubio.

    Flor de Vidro: O ncleo narrativo do conto montado em torno de um estado

    traumatizante de conscincia do protagonista. O ttulo A flor de vidro est ligado a

    um estado traumtico, ou um estado de terror ou at de viso, que domina e toma

    conta de Eronides. Em seu ncleo principal, o conto apresenta um carter dramtico

    profundo escondido na psiqu de Eronides. Esse conflito da "Flor de vidro" e do terror

    que guarda apenas para si como reminiscncia amarga, assustava a prpria

    namorada Marialice, terminando por estabelecer, entre os dois, uma tenso por falta

    de uma explicao conveniente. Como consequncia, nota-se que o amor entre

    Eronides e Marialice se nutria da luta e do desespero. Aparentemente, o conto de

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    Murilo Rubio, tem uma trama normal e linear, mas, em uma anlise mais profunda,

    ela se mostra profunda e labirntica. H um personagem que, embora ame e tenha

    saudades e d passeios, mostra uma psiqu estranha, sendo enigmtico em seu

    comportamento e em sua linguagem. O narrador-observador narra, mas no explicita

    todo o foco de viso. Ou seja, o foco narrativo ou ponto de vista problemtico, damesma forma que problemtico o protagonista, o que termina por criar um ncleo

    dramtico tambm na narrativa. Toda a tenso dramtica fica por conta da enigmtica

    flor de vidro e no dramtico eplogo da cegueira de Eronides, que acontece aps a

    praga de Marialice.

    O Convidado: A intriga gira em torno do percurso da personagem central Alferes.

    Preocupado em chegar a uma misteriosa festa de fantasia para a qual convidado, ele

    no consegue mais se desvencilhar dela, nem achar o seu caminho de volta. A festa

    apresenta-se como uma verdadeira encenao, onde um grupo social espera por

    algum que, alm de no se saber quem , tambm no aparece. O conto apresenta

    epgrafes do livro Apocalipse e tem temas como zoomorfismo, metamorfose,

    policromia e magia.

    O Edifcio: Joo Gaspar o engenheiro em incio de carreira de O Edifcio, recm-contratado para comandar a obra do maior arranha-cu de que se tem notcia. Eletambm deveria manter a harmonia entre os operrios e a satisfao salarial dosmesmos, inclusive para evitar a lenda do octingentsimo andar. Uma previso de quea essa altura aconteceria uma grande confuso entre os obreiros. A misso de erguer o

    prdio se torna to forte que os operrios continuam mesmo quando Joo Gasparordena o contrrio, pois dizem seguir ordens superiores. A epgrafe bblica queintroduz O Edifcio : Chegar o dia em que os teus pardieiros se transformaro emedifcios; naquele dia ficars fora da lei. (Miqueias, VII, 11).

    Teleco, o coelhinho: Este conto narra a histria de um coelho que pode se transformarem diversos animais. O narrador, colecionador de selos, conheceu Teleco na praia,levando-o para sua prpria casa. A partir da, tornam-se grandes amigos. Teleco setransforma em vrios bichos pelo simples desejo de agradar ao prximo. Certo dia,Teleco traz para casa uma mulher muito bonita, chamada Teresa, e afirma ser umhomem chamado Antnio Barbosa. O narrador se apaixona por Teresa e a pede emcasamento, mas ela recusa. O narrador expulsa o companheiro de casa e Teresa,indignada, diz que far de Barbosa um homem importante. Ele se torna mgico,fazendo muito sucesso na cidade. Uma noite, quando o narrador est distrado a colarselos, vem por janela adentro um cachorro. Era Teleco. Perguntando por Teresa,Teleco d respostas confusas, transformando-se incontrolavelmente em vriosanimais. Cansado por vigiar Teleco vrios dias, o narrador adormece. Quando acorda,percebe que Teleco transformara-se numa criana encardida, sem dentes. Est mortaem seus braos.

    Oflia, meu cachimbo e o mar: O conto apresentado como uma conversa entre o

    protagonista e uma silenciosa Oflia. O aparente desinteresse da parceira pela fala doprotagonista reforado pelo tom de devaneio do que ele diz. Em alguns momentos

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    parece que estamos menos diante de uma conversa, e mais diante de um monlogo,como se ele estivesse apenas pensando alto. Em meio a estes devaneios,

    descobrimos que o protagonista tem uma relao visceral com o mar relao, porvezes, grotesca ou ridcula. Seu pai morreu engasgado com uma espinha de peixe, suaesposa tinha cara de tainha e odor de lagostas. Seu bisav foi capito de navio

    negreiro. De repente, Oflia late. E ficamos sabendo que a interlocutora do conto erauma cadela.

    Contos de Murilo Rubio: Uma caracterstica peculiar obra de Murilo Rubio o usodas epgrafes bblicas colocadas no incio de cada livro e de cada conto. Elas apontam,de maneira simblica, a temtica a ser abordada. Isso no quer dizer que os contostenham contedo cristo. O uso dessas tcnicas e temas fantsticos funciona no scomo recurso para prender o leitor numa leitura prazerosa e de distrao. Mais do queisso, assume uma funo crtica. Isto , o fato sobrenatural e fantstico um recursoda imaginao para remeter-nos aos conflitos de nossa prpria existncia. assim que

    Murilo Rubio desvenda em seus contos os grandes dramas da natureza humana. Ospersonagens da narrativa muriliana apresentam uma viso de que viver neste mundo uma experincia sem soluo. No h salvao ou final feliz nos contos de Rubio.Seus personagens so solitrios e caracterizam-se por eternas buscas e contnuosdesencontros. As mulheres em sua narrativa no respondem aos desejos dos amantes.

    Fontes:

    http://www.fractalonline.com.br/tarefas/t01_09060.pdf

    http://www.mondoweb.com.br/murilorubiao/teste05/criticas.aspx/criticas.aspx?id=1

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    http://historiadoraprendiz.blogspot.com.br/2010/06/ofelia-meu-cachimbo-e-o-mar-

    um-conto-de.html

    Obs.: Para a elaborao do material desse documento, foram utilizadas tambm

    contribuies de outras fontes de pesquisa.

    http://www.fractalonline.com.br/tarefas/t01_09060.pdfhttp://www.mondoweb.com.br/murilorubiao/teste05/criticas.aspx/criticas.aspx?id=14http://www.mondoweb.com.br/murilorubiao/teste05/criticas.aspx/criticas.aspx?id=14http://historiadoraprendiz.blogspot.com.br/2010/06/ofelia-meu-cachimbo-e-o-mar-um-conto-de.htmlhttp://historiadoraprendiz.blogspot.com.br/2010/06/ofelia-meu-cachimbo-e-o-mar-um-conto-de.htmlhttp://historiadoraprendiz.blogspot.com.br/2010/06/ofelia-meu-cachimbo-e-o-mar-um-conto-de.htmlhttp://historiadoraprendiz.blogspot.com.br/2010/06/ofelia-meu-cachimbo-e-o-mar-um-conto-de.htmlhttp://www.mondoweb.com.br/murilorubiao/teste05/criticas.aspx/criticas.aspx?id=14http://www.mondoweb.com.br/murilorubiao/teste05/criticas.aspx/criticas.aspx?id=14http://www.fractalonline.com.br/tarefas/t01_09060.pdf