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1 CONTROLE INTERNO: UM ESTUDO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NOS PERIÓDICOS BRASILEIROS NO PERÍODO DE 2003 A 2013 RESUMO Este artigo trata-se de um estudo bibliométrico e de análise de redes nos periódicos brasileiros das áreas de Administração e Ciências Contábeis, e tem por objetivo a identificação e análise das recentes produções científicas brasileiras sobre o tema controle interno. Esta pesquisa constitui-se por uma investigação descritiva, do tipo levantamento, com enfoque quantitativo, apoiada em pesquisa bibliográfica empregando o software Microsoft Excel ® e UCINET*. Realizou um levantamento de 62 artigos publicados nas áreas supracitadas durante o período de 2003 a 2013 por meio de pesquisa em 30 periódicos selecionados, utilizando-se as palavras chave “Controle Interno”, “COSO”, “Sistemas de controle interno”, “Auditoria interna” e “Sarbanes-Oxley”. Realizou-se o levantamento e análise dos autores e instituições mais prolíficos, analisou-se como são estruturadas as redes de colaboração entre os autores, quais são as principais áreas temáticas de estudos, assim como os autores mais citados. Mediante estes estudos constatou-se que a principal área de estudo no âmbito do Controle Interno está na análise da eficiência destes controles. Constatou-se que a produção de artigos nesta área apesar de apresentar crescimento durante o período analisado, ainda é baixa, não havendo grande destaque para nenhum autor, uma vez que os mais produtivos apresentaram apenas 4 publicações durante os onze anos. É de destaque que os níveis de produções são baixos e pouco densos e coesos quanto sua estrutura relacional entre os pesquisadores e instituições. Quanto aos autores referenciados, o presente estudo demonstrou a existência de uma elite de autores, uma vez que alguns foram referenciados em grande proporção em comparação a outros autores citados. Palavras-chave: Controle Interno. Bibliometria. Sociometria. 1. INTRODUÇÃO No atual contexto econômico, em que as transações realizadas pelas organizações são cada vez mais intensas, é imprescindível que as empresas

CONTROLE INTERNO: UM ESTUDO DA PRODUÇÃO …fucape.br/premio_excelencia_academica/upld/trab/14/35.pdf · Quanto as limitações do controle interno, conforme evidenciado “um controle

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CONTROLE INTERNO: UM ESTUDO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NOS

PERIÓDICOS BRASILEIROS NO PERÍODO DE 2003 A 2013

RESUMO

Este artigo trata-se de um estudo bibliométrico e de análise de redes nos periódicos

brasileiros das áreas de Administração e Ciências Contábeis, e tem por objetivo a

identificação e análise das recentes produções científicas brasileiras sobre o tema

controle interno. Esta pesquisa constitui-se por uma investigação descritiva, do tipo

levantamento, com enfoque quantitativo, apoiada em pesquisa bibliográfica

empregando o software Microsoft Excel® e UCINET*. Realizou um levantamento de

62 artigos publicados nas áreas supracitadas durante o período de 2003 a 2013 por

meio de pesquisa em 30 periódicos selecionados, utilizando-se as palavras chave

“Controle Interno”, “COSO”, “Sistemas de controle interno”, “Auditoria interna” e

“Sarbanes-Oxley”. Realizou-se o levantamento e análise dos autores e instituições

mais prolíficos, analisou-se como são estruturadas as redes de colaboração entre os

autores, quais são as principais áreas temáticas de estudos, assim como os autores

mais citados. Mediante estes estudos constatou-se que a principal área de estudo

no âmbito do Controle Interno está na análise da eficiência destes controles.

Constatou-se que a produção de artigos nesta área apesar de apresentar

crescimento durante o período analisado, ainda é baixa, não havendo grande

destaque para nenhum autor, uma vez que os mais produtivos apresentaram apenas

4 publicações durante os onze anos. É de destaque que os níveis de produções são

baixos e pouco densos e coesos quanto sua estrutura relacional entre os

pesquisadores e instituições. Quanto aos autores referenciados, o presente estudo

demonstrou a existência de uma elite de autores, uma vez que alguns foram

referenciados em grande proporção em comparação a outros autores citados.

Palavras-chave: Controle Interno. Bibliometria. Sociometria.

1. INTRODUÇÃO

No atual contexto econômico, em que as transações realizadas pelas

organizações são cada vez mais intensas, é imprescindível que as empresas

2

constituam garantias no que diz respeito à integridade, legalidade e legitimidade das

atividades desenvolvidas pelas mesmas (OLIVEIRA, 2011, p.1).

Neste intuito, os sistemas de controle interno constituem uma ferramenta

extremamente útil à organização, pois os mesmos, conforme descrevem Franco e

Marra (2001) são “[...] destinados à vigilância, fiscalização e verificação

administrativa, de forma que se possa prever, observar, dirigir ou governar os

acontecimentos ocorridos na empresa”.

Desta forma, é perceptível que os controles internos projetam-se a todas as

áreas e setores das entidades, constituindo-se como um plano de organização

balanceado quanto às responsabilidades e autoridades nos diversos níveis da

organização, que se utiliza de um conjunto coordenado de tarefas e atividades

efetuadas por pessoas em todos os níveis organizacionais, visando fornecer uma

garantia razoável, não absoluta, da realização dos objetivos, metas e políticas da

entidade. (ATTIE, 2011).

Contudo, mesmo diante da relevância desta área de conhecimento, conforme

evidenciado, Rosa et al. (2010) destaca que poucos pesquisadores tem se dedicado

a realizar a rastreabilidade das informações na área das Ciências Contábeis, mais

especificamente no que tange a controle interno.

Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo rastrear e analisar a

produção científica brasileira sobre controle interno, visando obter-se entendimento

claro acerca da estrutura e desenvolvimento do conhecimento desta área, bem

como suas bases de sustentação para avanço ou consolidação. (ROSA et al., 2010).

Para atender o objetivo deste trabalho foram realizadas análises

bibliométricas e sociométricas nos artigos emitidos entre os anos de 2003 e 2013,

nos principais periódicos brasileiros que abordam a temática em questão. Nesta

análise foi realizado um mapeamento acerca da quantidade de artigos publicados,

assim como do número de autores por artigo, dos autores mais produtivos e mais

referenciados e a quantidade de referências realizadas. Foi realizado também um

estudo de redes sociais, buscando identificar a estrutura social do campo científico

dessa área do conhecimento.

Dessa forma, o presente trabalho, justifica-se pela relevância de se mapear

os aspectos inerentes a produção cientifica brasileira dessa linha de conhecimento.

3

Através deste estudo, acredita-se que pesquisadores poderão ter auxílio para seus

trabalhos na área de Controle Interno.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Aspectos Conceituais Sobre Controle Interno

Segundo Franco e Marra (2001), controles internos são os instrumentos de

uma entidade, os quais são destinados à vigilância, fiscalização e verificação

administrativa, de forma que se possa prever, observar, dirigir ou governar os

acontecimentos ocorridos na empresa e que produzem de alguma forma reflexos em

seu patrimônio.

Já Almeida (1996), discorre que o controle interno representa, em uma

organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas que objetivam

salvaguarda os ativos, confeccionar dados contábeis confiáveis e auxiliar a

administração a conduzir de maneira ordenada os negócios da empresa.

Contudo o conceito mais abrangente, e adotado por diversos órgãos e

literários, é o emitido pelo Comitê de Organizações Patrocinadoras (Committee of

Sponsoring Organizations - Treadway Comission COSO), segundo o qual controle

interno como um processo realizado pelo conselho administrativo em conjunto com

outras pessoas, desenvolvido para fornecer razoável segurança quanto o

cumprimento dos objetos nas seguintes categorias: confiabilidade de informações

financeiras, obediência (compliance) às leis e regulamentos aplicáveis e eficácia e

eficiência de operações.

Os supracitados conceitos descrevem que controle interno compreende um

plano de organização devidamente balanceado quanto às responsabilidades e

autoridades nos diversos níveis da organização, que se utiliza de um conjunto

coordenado de tarefas e atividades efetuadas por pessoas em todos os níveis

organizacionais, visando fornecer uma garantia razoável, não absoluta, da

realização dos objetivos, metas e políticas da entidade.

Com base no exposto, pode-se atestar que o controle interno “[...]

compreende todos os meios planejados numa empresa para dirigir, restringir,

governar e conferir suas várias atividades com o propósito de fazer cumprir seus

objetivos” (ATTIE, 2011, p. 190).

4

Almeida (1996) destaca que os controles internos podem ser subdivididos em

duas classificações: Controles Contábeis e Controles Administrativos. A primeira

classificação se relaciona aos controles de proteção do patrimônio, segregação de

funções, promoção de incentivo à observância das políticas e diretrizes

estabelecidas pela direção entre outras. Já a segunda classificação abrange os

processos de análises estatísticas para avaliação de desempenho, lucratividade,

definição de metas, objetivos, controle de qualidade, treinamento de pessoal,

orçamentos e etc...

Quanto aos objetivos do controle interno, de forma sucinta e ampla Fayol

(1981, p.139), explana que o controle tem por objetivo “[...] assinalar as faltas e os

erros a fim de que se possa repará-los e evitar sua repetição.”.

Já Andrade (1999) discorre que o objetivo do controle interno é garantir que

as diversas fases do processo de tomada de decisão, o fluxo de registro e

informações, assim como a implementação das decisões e o feedback sobre

medidas tomadas, se revistam da necessária confiabilidade.

O processo de aplicação dos conceitos de controle interno, interpretação e

compreensão da importância dos mesmos, envolve imensa gama de procedimentos

e práticas que, apenas em conjunto possibilitam a consecução de objetivos

específicos (ATTIE 2011, p.195).

Para tanto, o framework publicado pelo COSO (2011 p. 7, 8 e 9) distribui os

objetivos do controle interno em três grupos sendo estes.

O primeiro grupo, denominado objetivos operacionais, está relacionado à

realização da missão básica da entidade, e variam de acordo com as escolhas que a

administração realiza em função de sua estrutura. O segundo composto pelos

objetivos de relatórios estão relacionados à adequada confecção de relatórios

financeiros ou não financeiros, de cunho externo ou interno de forma a cobri-los da

necessária confiança.

E por fim tem-se os objetivos de conformidade, relacionam-se a todas as

ações tomadas pela entidade em observância a leis e regulamentos aplicáveis a sua

natureza e campo de atuação.

5

No intuito de apoiar a organização em seus esforços para alcançar os seus

supracitados objetivos, destacam-se cinco componentes inter-relacionados de

controles internos, conforme tabela a seguir:

Tabela 1 – Componentes do Controle Interno

COMPONENTES DESCRIÇÃO

Ambiente de Controle

O ambiente de controle é a base para todos os outros componentes do controle interno. Neste ambiente a diretoria e a gerência estabelecem o nível de importância e os padrões de conduta esperados, proporcionando disciplina e estrutura.

Avaliação de Riscos Constitui-se da avaliação dos riscos relativos a elaboração e apresentação dos relatórios financeiros.

Atividades de Controle São as politicas e procedimentos que ajudam a assegurar que as diretrizes da administração sejam realmente seguidas.

Informação e Comunicação Refere-se a um processo que envolve o fornecimento de entendimento claro dos papéis e responsabilidades referentes aos controles internos.

Atividades de Monitoramento São um processo que avalia a qualidade do desempenho dos controles internos ao longo do tempo.

Fonte: Boynton (2002) e (COSO 2011).

Quanto as limitações do controle interno, conforme evidenciado “um controle

interno adequado é aquele resultante de estruturas e sistemas capazes de propiciar

uma razoável margem de garantia de que os objetivos e metas da empresa ou

entidade serão atingidos...” (ANDRADE, 1999, p. 23).

D´Avila e Oliveira (2002) discorrem que devido o fato do controle interno

propiciar conforme mencionado, apenas uma razoável margem de garantia, não se

configura a presunção de que os sistemas de controle interno irão falhar

frequentemente, mas constitui um entendimento de que este processo é efetuado

por pessoas, passíveis de erros, de forma que inconsistências nos controles podem

ocorrer.

Almeida (1996) discorre que a impossibilidade dessa total segurança ocorre

devido este controle apresentar algumas limitações, dentre elas: conluio de

indivíduos ligados a entidade, no intuito de se apropriarem de bens da empresa;

funcionários sem a devida instrução quanto ás normas internas; negligências de

funcionários na execução de suas tarefas diárias. (Erros de julgamento) e relação

custos e benefícios.

6

Neste sentido COSO (2010) evidencia que “cabe à gerência decidir como

uma entidade avalia os custos e os benefícios de abordagens alternativas para a

implementação de um sistema de controle interno.”.

2.2. Análises Bibliométricas

O termo bibliometria foi introduzido por Paul Otlet através de seu trabalho

intitulado Traité de Documentatión publicado em 1934. Contudo este termo apenas

se consolidou através do artigo Statistical Bibliography or Bibliometrics, publicado

em 1969 por Allan Pritchard. No mencionado artigo, Pritchard define bibliometria

como o campo de estudo que utiliza métodos matemáticos e estatísticos para

investigar, identificar e quantificar livros e outros meios de comunicação (VANTI,

2002).

Para Fonseca (1986) bibliometria é a parte da bibliografia que se ocupa da

medida ou da quantidade aplicada ao livro. Já Guedes e Borschiver (2005, p. 2)

discorrem que “[...] bibliometria é um conjunto de leis e princípios empíricos que

contribuem para estabelecer os fundamentos teóricos da Ciência da Informação”.

Tague-Sutcliffe (apud, Macias-Chapula 1998, p. 134) de maneira clara

conceitua Bibliometria como o estudo dos aspectos quantitativos da produção,

disseminação e uso da informação registrada.

Desde sua origem a bibliometria possui duas preocupações básicas, sendo

uma delas a análise da produção científica e a busca de benefícios práticos para

bibliotecas no desenvolvimento das coleções e na gestão da informação. Figueiredo

(apud Araújo, 2006, p.13).

Araújo (2006) discorre acerca da existência de três leis clássicas de

bibliometria, sendo estas a Lei de Bradford, (produtividade de periódicos), Lei de

Lotka (produtividade científica de autores) e Lei de Zipf (frequência de palavras).

A Lei de Bradford, ou Lei de Dispersão, permite, mediante a medição da

produtividade das revistas, estabelecer o núcleo e as áreas de dispersão sobre um

determinado assunto em um mesmo conjunto de revistas (VANTI, 2002).

Araújo (2006, p. 15) discorre que a Lei de Bradford pode ser enunciada da

seguinte forma:

7

[...] se dispormos periódicos em ordem decrescente de

produtividade de artigos sobre um determinado tema, pode-se

distinguir um núcleo de periódicos mais particularmente

devotados ao tema e vários grupos ou zonas que incluem o

mesmo número de artigos que o núcleo, sempre que o número

de periódicos existentes no núcleo e nas zonas sucessivas seja

de ordem de 1: n: n²: n³ [...].

A referida lei constitui um válido instrumento para o desenvolvimento de

políticas de aquisição e de descarte de periódicos, na gestão de sistemas da

informação e do conhecimento científico e tecnológico. (GUEDES e BORSCHIVER,

2005).

A Lei de Lotka, ou Lei do Quadrado Inverso, a qual foi formulada em 1926,

formou-se a partir de um estudo acerca da produtividade de cientistas, a partir da

contagem de autores presentes no Chemical Abstracts, entre 1909 e 1916.

(ARAÚJO, 2006).

Segundo Vanti (2002, p. 153) esta lei “[...] aponta para a medição da

produtividade dos autores, mediante um modelo de distribuição tamanho-frequência

dos diversos autores em um conjunto de documentos.”.

Lotka considerou em sua lei que alguns pesquisadores, supostamente de

maior credibilidade em uma área do conhecimento, possuem uma grande produção

e muitos pesquisadores, supostamente de menor prestígio, produzem pouco.

(GUEDES e BORSCHIVER, 2005).

Glänzel (2005, p. 6) discorre que "o número (de autores) que faz n

contribuições é de cerca de 1 / n ² tornando um daqueles”. Isto é, em um

determinado período de tempo, analisando um número N de artigos, o número de

cientistas que escrevem dois artigos seria igual a ¼ do número de cientistas que

escreveram um (GUEDES e BORSCHIVER, 2005).

O princípio básico da lei de Zipf diz que: "O Princípio do Menor Esforço

significa... que uma pessoa... vai se esforçar para resolver seus problemas de

maneira a minimizar o trabalho total que ele deve gastar em resolver os seus

8

problemas imediatos e de seus prováveis futuros problemas...” (ZIPF, apud

GLÄNZEL 2005, p. 7).

Segundo Guedes e Borschiver (2005, p. 4) esta lei permite estimar a

frequências de ocorrências de palavras e a região da concentração de termos ou

palavras chaves dentro de um determinado texto cientifico ou tecnológico.

A proposta de Zipf é de que, se listarmos as palavras pertencentes em um

texto em ordem decrescente de frequência, a posição de uma palavra na lista

multiplicada por sua frequência é igual a uma constante. (ARAÚJO, 2006).

Esta relação é evidenciada pela formula rf = C, onde r é o posto de uma

palavra, f é a frequência de ocorrência da palavra e C é uma constante que depende

do texto que está sendo analisado (GLÄNZEl, 2005).

2.3. Sociometria – Análise de Redes

Segundo Marteleto (2001, p. 72) o conceito de “rede” pode ser compreendido

como “[...] um sistema de nodos e elos; uma estrutura sem fronteiras; uma

comunidade não geográfica; um sistema de apoio ou um sistema físico que se

pareça com uma árvore ou uma rede”. Já a rede social, derivando deste conceito,

representa a união de idéias e recursos de um determinado conjunto de

participantes, em torno de valores e interesses em comum.

Quanto aos objetivos da análise de redes, Marteleto (2001, p. 71) explana de

forma clara que seu objetivo é realizar uma análise estrutural, demonstração a

interação entre duas ou mais pessoas.

Segundo Wasserman e Faust (apud, Guimarães, 2009, p. 567) “[...] existem

quatro elementos fundamentais na análise de redes: os nós, as posições, as

ligações, e os fluxos.” Os nós são definidos como os pontos ou atores que compõem

a rede. As posições são definidas como as localizações relativas dos atores na

estrutura da rede. Já as ligações estabelecem o grau de densidade ou de difusão da

rede. E quanto os fluxos, os mesmo indicam a troca de recursos, informações, bens,

serviços e contatos em uma rede.

Existem diversas formas de identificar a estrutura e as relações de uma rede,

entre as quais pode-se destacar: a) tamanho da rede; b) densidade; c) subgrupos; d)

9

centralidade e prestígio; e e) força das ligações (WASSERMAN & FAUST, apud

GUIMARÃES, 2009 p. 567).

O tamanho de uma rede é compreendido como o total de relações reais

existentes entre os atores de um grupo. A densidade refere-se ao potencial de

comunicação entre os atores que compõem a rede, relaciona a quantidade de

relações existentes com a quantidade de relações possíveis na rede. Um

componente representa uma espécie de sub-rede totalmente conectada entre si. Já

a centralidade consiste na avaliação e identificação de ator especifico em meio aos

demais pertencentes à rede (WASSERMAN & FAUST, apud GUIMARÃES, 2009 p.

567).

A análise de redes sociais é de interesse de pesquisadores pertencentes as

mais diversas áreas de conhecimento, que buscam compreender o seu impacto

sobre a vida social, utilizando-se de variadas metodologias de análise que têm como

base as relações entre os indivíduos, em uma estrutura em forma de redes.

(MARTELETO, 2004).

Numa aplicação à área acadêmica, a análise de redes sociais apresenta-se

relevantemente útil na identificação da posição relacional entre os autores, as

influências e as modificações paradigmáticas, de forma a tornar possível a

compreensão de como o conhecimento em determinada área é socialmente

construído (BERGER; LUCKMAN, apud ROSA et. al, p.4, 2010).

Silva (2006) discorre que a análise de redes vem apresentando crescimento

significativo ao decorrer dos anos. O desenvolvimento das áreas de informática e

processamento de dados possibilita acesso a uma imensa gama de informações

para análise.

2.4. Pesquisas Anteriores

Outras pesquisas recentes buscaram identificar a produção cientifica sobre

controle interno em alguns congressos e encontros realizados no Brasil. Entre eles

destaca-se o estudo realizado por Kátia H. Bastos, Débora G. Machado e Walter N.

Oleiro de nome “Controle Interno: Análise da Produção Científica dos Encontros da

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração de 2004 A

2009.”. O objetivo central deste estudo foi verificar como é caracterizada a produção

10

científica sobre Controle Interno nos Encontros da Associação Nacional de Pós-

graduação e Pesquisa em Administração, no período de 2004 a 2009, foram

realizadas análises bibliométricas e sociométricas para atingir-se o objetivo. Através

deste artigo identificou-se a quantidade de autores por artigo, a representatividade

das universidades, os principais temas abordados, os tipos de referências utilizadas

e os autores seminais. Constatou-se também que as publicações realizadas

buscaram principalmente, evidenciar a importância da estrutura de controle interno e

a adequação das companhias abertas com registro na Securities and Exchange

Commission - SEC à Lei Sarbanes-Oxley.

Cabe citar também o estudo bibliométrico realizado por Ivan R. Peleias,

Gilberto Caetano, Cláudio Parisi e Anísio C. Pereira intitulado “Produção Científica

Sobre Controle Interno e Gestão De Riscos No ENANPAD e Congresso USP:

Análise Bibliométrica no Período 2001-2011.”. O objetivo geral constituído foi

identificar e analisar as características bibliométricas dos artigos sobre Controle

Interno e Gestão de Riscos apresentados no Congresso USP e no EnANPAD no

período citado. Constatou-se, por meio da Lei de Lotka, que ainda não há, uma elite

de autores publicando sobre Controle Interno e Gestão de Riscos. Identificou-se

também quanto ao tema Controle Interno que a taxa média de crescimento

constatada revelou equilíbrio nos dois eventos.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho pode ser classificado como descritivo e quantitativo, pois trata-

se de uma pesquisa que apresenta simultaneamente características documentais e

bibliográficas.

É considerado como pesquisa bibliográfica em virtude da realização de

consultas a referenciais públicos, como artigos, livros, normas e sites. Tais

pesquisas possuem elevada importância por permitirem um aprofundamento teórico

no que se refere à temática pesquisada (VERGARA, 2003, p. 46-47).

O trabalho em questão pode também ser caracterizado como documental por

envolver levantamento e análise bibliométrica de artigos selecionados.

O universo desta pesquisa é composto por artigos emitidos entre os anos de

2003 e 2013 nos principais periódicos brasileiros que abordam a temática em

11

questão. O período utilizado foi selecionado de forma arbitrária, contudo entende-se

ser suficiente para responder o objetivo deste estudo.

Para a realização da supracitada busca, foram utilizadas na pesquisa, as

palavras-chave: controle interno, COSO, sistema de controle interno, auditoria

interna e Sarbanes-Oxley, em 30 periódicos brasileiros que recebem artigos da área

de Ciências Contábeis e Administração.

A realização da referida pesquisa em periódicos virtuais justifica-se, pois este

tipo de informativo configura-se como uma das principais formas de divulgação da

área de ciências contábeis no Brasil.

Para realização do levantamento dos artigos, foi realizado durante o período

de 06/01/2014 a 30/01/2014, pesquisas nos periódicos destacados, em busca de

artigos que continham em qualquer parte de sua estrutura seja nos títulos, resumos,

palavras-chave ou no próprio corpo do texto algum dos termos anteriormente

mencionados. Sendo a seleção obtida muito abrangente, após a utilização de tais

filtros foi realizada a leitura dos artigos verificando quais dos mesmos de fato

tratavam acerca de controle interno.

Após a referida seleção foi constatado que apenas 17 periódicos continham

artigos que tratam acerca do tema tratado neste estudo, sendo que os mesmo

forneceram um universo de 62 artigos para composição deste estudo.

Em seguida foram realizadas análises bibliométricas e sociométricas nos

artigos selecionados através dos softwares Microsoft Excel® e UCINET®,

objetivando-se analisar a disseminação e uso da informação registrada acerca de

controle interno assim como identificar a estrutura social do campo científico dessa

área do conhecimento.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção deste trabalho será analisada as características da produção

cientifica acerca de controle interno nos periódicos brasileiros durante os anos de

2003 a 2013.

A tabela 2 desmembra e quantifica a produção de artigos por periódicos

durante o período investigado neste estudo.

12

Tabela 2 - Distribuição temporal dos artigos publicados no período de 2003 a 2013.

PERIÓDICOS ANO T

OT

AL

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

Revista de Adm., Contabilidade e Economia

– RACE – UNOESC 1

1

Enfoque – Reflexão Contábil – UEM

1

1

2 1 5

Revista Universo Contábil – FURB

1

1 1

1

1 5

Revista Brasileira de Gestão de Negócios -

RBGN – FECAP 1 1

1

1

4

Contabilidade, Gestão e Governança – UNB

1 1 1

3

Revista Contexto – UFGRS

1 1

1

1

1

5

Revista Contemporânea de Contabilidade –

UFSC 1 2

3

Contabilidade Vista & Revista – UFMG

1

2 2

5

Contextus – Revista Contemporânea de

Economia e Gestão – UFC 1

1

Revista de Contabilidade e Finanças - FEA-

USP 1

1 1

1

1

5

Interfaces – UFRN

1

1

Revista de Contabilidade e Organizações

RCO - USP-RP 1 1

2

Revista Educação e Pesquisa em

Contabilidade – CFC 1 1

RIC - Revista de Informação Contábil –

UFPE 1

1

2

Revista de Administração e Contabilidade -

BASE – UNISINOS 1

2

1

4

Revista de Contabilidade & Controladoria –

RC&C – UFPR 1

1

Revista Eletrônica de Contabilidade – UFSM

5 1 6

2 14

TOTAL 0 3 9 2 13 4 5 8 4 9 5 62

Fonte: Dados da pesquisa.

As informações contidas na tabela 2 demonstram que em média, teve-se 5,6

artigos publicados por ano, sendo os anos de 2005, 2007 e 2012 os mais produtivos,

apresentando respectivamente 9, 13 e 9 artigos publicados na área de controle

interno.

13

Quanto ao nível de produtividade por periódico, constatou-se que a Revista

Eletrônica de Contabilidade - UFSM foi o periódico que apresentou o maior número

de artigos durante os anos de 2003 a 2013, apresentando o total de 14 artigos. Este

periódico publicou o equivalente a 22,58% do total de artigos selecionados neste

estudo. Em seguida tem-se os periódicos Enfoque – Reflexão Contábil – UEM,

Revista Universo Contábil – FURB, Revista Contexto – UFGRS, Contabilidade Vista

& Revista – UFMG e a Revista de Contabilidade e Finanças - FEA-USP que

publicaram ao longo do período investigado 5 artigos ou 8,06% do total analisado,

cada um.

Quanto às oscilações de produção durante o período analisado, é evidente a

evolução das publicações de artigos acerca de controle interno nos periódicos

brasileiros. Apesar do total apresentando em 2013 não ser o mais representativo, o

mesmo é claramente superior ao número demonstrado no primeiro ano selecionado

nesta análise, onde não houve nenhuma publicação acerca do tema.

Este estudo levantou um total de 134 diferentes escritores responsáveis pela

publicação dos 62 artigos entre os anos de 2003 a 2013. Tais valores ocasionam

uma média de 2,16 artigos por autor.

Tabela 3 – Quantidade de autores por artigo.

QUANTIDADE DE AUTORES QUANTIDADE ARTIGOS PERCENTUAL (%)

2 24 38,71

4 12 19,35

3 12 19,35

1 10 16,13

5 3 4,84

6 1 1,61

TOTAL 62 100,00

Fonte: Dados da pesquisa

As informações na tabela 3 demonstram que a maior quantidade de artigos foi

escrita por 2 autores em cooperação, tal categoria representou 38,71% dos artigos

levantados no período analisado. Enquanto que a categoria com 6 pesquisadores

responsáveis pela publicação, apresentou menor quantidade de artigos,

representando apenas 1,61% do total investigado.

14

Ainda quanto aos autores, foram analisados os atores mais produtivos

durante o período inspecionado. Para isto, a tabela 5 quantifica não somente o

número de publicações realizadas, mas também o número de laços efetivados, ou

seja, as colaborações com outros autores para publicações conjuntas, excluindo-se

os relacionamentos repetidos.

Tabela 4 – Número de trabalhos e laços por autor

AUTOR PUBLICAÇÕES RELACIONAMENTOS

Márcia M. M. De Luca 4 8

Antônio Reske F. 4 4

Ilse Maria Beuren 4 1

Vinicius C da S. Zonatto 4 1

Francisco C. Fernandes 3 7

Ivam R. Peleias 3 6

Anísio C. Pereira 3 6

Joaquim O. L. Ferreira 2 7

Luiz Alberton 2 7

Claudio Parisi 2 6

Ernesto F. R. Vicente 2 5

João B. Segreti 2 4

Marcelle C. Oliveira 2 4

Elizeu de A. Jacques 2 2

Débora L. M. Lélis 2 2

Fernando do N. Lock 2 2

Laura E. T. Pinheiro 2 1

Stèle B. da S. Carlesso 2 1

Fonte: Dados da pesquisa

Constatou-se que os pesquisadores Márcia Martins Mendes de Luca, Antônio

Peske Filho, Ilsa Maria Beuren, e Vinicius Costa da Silva Zonatto foram os autores

mais prolíficos durante o período analisado, apresentando cada um 4 publicações.

Contudo, uma vez que a autora Márcia Martins apresentou o total de 8 laços, ou

seja, relacionamentos com outros autores, a mesma configura-se como a autora

mais produtiva.

Em seguida tem-se outros 3 autores com três trabalhos publicados cada,

sendo o mais produtivo o autor Francisco F. Fernandes devido ao total de 7 laços

15

efetivados. Posteriormente tem-se 11 autores com dois artigos publicados, com

destaque para os autores Joaquim Osório Liberalquino Ferreira e Luiz Alberton que

realizaram em suas 2 publicações o total de 7 relacionamentos cada. Os demais 116

autores levantados neste estudo e não apresentados na tabela 5 disposto

anteriormente, apresentaram cada um apenas uma publicação sobre controle

interno durante os anos de 2003 a 2013.

Observa-se também que dentre os 134 autores levantados neste trabalho, 18

pesquisadores foram responsáveis pela confecção de 47 dos 62 artigos analisados.

Deste modo é perceptível que uma larga proporção dos artigos desta área é

produzida por um reduzido número de autores, conforme prevê as configurações

descritas na lei bibliometrica de Lotka.

Outras constatações importantes podem ser observadas através sociograma

contido na figura 2 que demonstra as conexões entre os autores dos artigos

selecionados.

Figura 1 – Rede de coautoria dos trabalhos.

Fonte: Dados da pesquisa

16

Constatou-se que a rede formada pelos pesquisadores analisados, sendo

esta composta por 134 atores, resultou em 354 laços formados entre si, ou seja,

uma quantidade média de laços por autor de 2,54. Tal resultado é semelhante ao

encontrado por Newman (2001) que identificou que autores da área de medicina

apresentam média de 2,52 laços.

Os autores Ilse Mª Beuren e Vinícius C. da S. Zonatto apesar de

apresentarem-se no topo dos autores mais prolíficos, apresentaram apenas 1 laço,

sendo ainda este, entre eles. Desta forma, é evidente que as 4 publicações

realizadas por estes autores, foram provenientes de trabalhos realizados em

conjunto apenas um com o outro.

Quanto à formação das redes, constatou-se o total de 40 componentes,

sendo o maior componente formado por 11 nós, ou seja, 8,2% do total de autores

que compõe a rede. Referente aos integrantes dos componentes, destaca-se os

autores Márcia M. M. De Luca, Cláudio Parisi e Ivam. R. Peleias que apresentaram-

se como os principais intermediadores dos maiores componentes da rede analisada.

Ainda através das informações dispostas na figura 2 pode-se notar um grande

número de autores com poucos laços, sendo inclusive predominante os

componentes formados por 2 nós apenas. Tal análise pode ser ratificada através do

grau de densidade de 0,019 apresentada nesta rede, que demonstra que apenas

1,9% das relações possíveis neste sociograma foram efetivadas. Sendo assim,

pode-se afirmar que esta rede apresenta-se pouco integrada e coesa.

Para Gnyawali e Madhavan (2001) uma rede pouco densa como esta

apresentada neste estudo, dificulta o fluxo da informação, não gera pontos de

confiança e consequentemente comportamentos similares. Contudo, uma das

vantagens nas redes de relacionamentos com baixas densidades, reside em que

grupos com alta densidade de cooperação as informações podem apresentar-se de

forma repetitiva e redundante (KOGUT e WALKER, apud GUIMARÃES, 2009 p.

567).

Cabe destacar ainda que outros estudos apontaram resultados semelhantes

quanto ao índice de densidade de redes. Cruz et al.(2010a) em seu estudo na área

de contabilidade gerencial encontrou uma densidade de 1,35%, demonstrando de

igual modo a este estudo, que as redes de estudo acerca de contabilidade gerencial

17

ainda apresentam-se fragmentadas com baixa interconexão do campo

organizacional.

De forma semelhante à análise de autores, foi verificado como se configura a

produção de artigos sobre Controle Interno por instituição. Para o computo do

número de artigos publicados por cada instituição, foi realizado um levantamento

acerca das instituições em que o autor ou coautor possuía vínculo no momento em

que o referido trabalho foi publicado. Assim, no caso de um mesmo artigo elaborado

por autores de diferentes instituições, foi considerado uma publicação para cada

uma. E no caso de todos os autores pertencerem a uma mesma instituição, atribuiu-

se apenas uma publicação.

Tabela 5 – Número de publicações e laços relacionais das instituições

Nº DE PUBILICAÇÕES POR INSTITUIÇÃO

INSTITUIÇÃO PUBLICADORA Nº PUBLICAÇÕES RELACIONAMENTOS

UFSM 11 0

URB 7 6

UFSC 7 5

FECAP 6 11

UFC 4 6

PUC-SP 4 6

UFPE 3 3

UFPB 3 3

UMSCS 2 4

UNB 2 3

UPM 2 3

UFMG 2 3

UFRN 2 3

FEA/USP 2 3

UFF 2 1

UNIFRA 2 0

Fonte: Dados da pesquisa

Ao todo foram identificados 63 instituições que realizaram publicações

durante o período analisado, contudo para clareza das informações deste trabalho,

foi utilizado como corte a produção mínima de 2 artigos por instituição para

elaboração a tabela 6. Sendo assim, foi constatado o total de 16 instituições com

total de produção igual ou superior a 2 artigos acerca de controle interno no Brasil.

18

Com base na tabela anterior, em primeiro lugar temos a UFMS com o total de

11 artigos publicados, entretanto é válido ressaltar-se que a mesma não apresenta

nenhum relacionamento de cooperação durante o período. Demonstrando que

apesar do grande número de publicações, esta instituição realizou todos seus

estudos de maneira isolada. Tal fato pode ter ocorrido, pois o periódico que realizou

as publicações dos artigos desta instituição, sendo a Revista Eletrônica de

Contabilidade, apesar de receber artigos de todo o país e exterior, é vinculada ao

curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Maria, ocasionando

em maior incentivo e consequente volume de publicações desta instituição.

Logo após tem-se a URB com total de 7 artigos e 6 relacionamentos com

outros autores durante o período analisado. E em seguida a UFSC com também 7

publicações e 5 colaborações.

Destaca-se que, assim como observado quanto às autorias dos trabalhos, a

lei bibliométrica desenvolvida por Lotka se enquadra na estrutura formada pelas

publicações por instituições, pois, uma larga proporção dos trabalhos foi produzida

por um reduzido número de instituições.

Figura 2 – Rede de coautoria dos trabalhos.

Fonte: Dados da pesquisa

19

Semelhante a rede formada pelos autores, pode-se observar na figura 2 uma

rede muito fragmentada, com 12 autores sem qualquer relacionamento. Quanto a

sua densidade, a mesma apresenta-se 3,35%, demonstrando que o campo de

conhecimento analisado através da amostra realizada possui baixa interconexão,

uma vez que apenas 0,03 das colaborações possíveis foram realizadas.

As informações contidas no sociograma em destaque demonstram também

que a instituição mais produtiva foi a FECAP, que realizou ao todo relacionamentos

com 11 instituições, e foi também a principal intermediadora uma vez que é a

integrante central do principal componente da rede, o qual é composto por 19 nós.

Outro componente relevante da rede em análise compreende a

intermediadora UFC, este grupo é composto por 7 nós, sendo o segundo

componente mais relevante do grupo.

Realizou-se também análises quanto as áreas temáticas especificas tratadas

em cada um dos artigos selecionados no âmbito do controle interno.

Tabela 6 – Áreas temáticas dos artigos analisados

TEMAS QUANTIDADE DE ARTIGOS

Análise da Eficiência dos Controles Internos 13

Aderência a Lei Sarbanes 11

Importância dos Controles Internos 10

Estrutura do Controle Interno 9

Aderência ao COSO 8

Implantação do Controle Interno 7

Outros 3

Auditoria Interna na detecção de fraudes 1

TOTAL 62

Fonte: Dados da pesquisa

Conforme tabela observa-se que os artigos que objetivaram analisar a

eficiência dos controles internos lideraram a seleção realizada, apresentando o total

de 13 artigos com esta temática. Logo após tem-se os artigos que tiveram como

tema analisar a aderência a Lei Sarbanes e em seguida os estudos que analisaram

20

a importância dos controles internos tendo cada um 11 e 11 publicações

respectivamente.

Em relação aos autores referenciados nos 62 artigos selecionados, constatou-

se o número de 1.263 pesquisadores citados, resultando em uma média de 20,37

citações por autor.

Devido ao grande número de autores citados nos artigos selecionados, a

tabela 7 que relata os autores mais citados, foi elaborado utilizando-se o ponto de

corte de ao menos 5 citações por autor. Diante dos parâmetros expostos, o mesmo

foi composto 53 autores referenciados 423 vezes.

Tabela 7 – Autores mais referenciados nos trabalhos analisados

AUTOR Nº DE CITAÇÕES AUTOR Nº DE CITAÇÕES

ATTIE, W. 22 GOVINDARAJAN, V. 6

ALMEIDA, C. MARCELO 21 IUDÍCIBUS, S. 6

COSO 17 PAGE, M. 6

BOYNTON, C. WILLIAM 16 PETER, M. DA G. A. 6

JOHNSON, N. RAYMOND 16 SPIRA, L. F. 6

KEL, G.WALTER 16 ALBERTON, L. 5

GIL A. C. 15 ANDRADE A. 5

IBGC 13 BERVIAN, P. A 5

RICHARDSON, R. J. 11 CERVO, A. L. 5

DELOITTE 10 CROUHY, M. 5

IBRACON 10 FARRELL, J. 5

FRANCO, H. 9 GOMES, J. S. 5

JORION, P. 9 KPMG 5

MARRA, E. 9 LAKATOS, E. M. 5

MARTIN, C. NILTON 9 OLIVEIRA, L. M. 5

SÁ, A. L. 9 PAULO, W. L. 5

BEUREN, I, M. 8 PENHA J. C. 5

DIAS FILHO, J. M. 8 PERES JR, JOSÉ

HERNANDES 5

ANTHONY, R. 7 PETROBRAS 5

CREPALDI, S. A. 7 ROSSETI, JOSÉ PASCHOAL. 5

MACHADO, M. V. 7 SANTOS, C. 5

MARTINS, G. A. 7 TRIBOLET, J. 5

SANTOS, L. R. 7 VASCONCELOS, A. 5

21

AUTOR Nº DE CITAÇÕES AUTOR Nº DE CITAÇÕES

YIN, R. K 7 IIA BRASIL 5

AICPA 6 GALAI, D. 5

BERGAMINI JR,

SEBASTIÃO 6 MARK, R. 5

D´AVILA, M. Z. 6

Fonte: Dados da pesquisa

Cabe destacar que foram identificadas ao todo 1.909 citações realizadas, e

uma vez que os 53 autores anteriormente mencionados que representam apenas

4%, do total de autores citados, foram responsáveis por 423 citações, pode-se

afirmar que este grupo de autores uma vez que receberam muitas citações,

representando 22,16% do total de citações levantadas, exerce maior influência neste

campo de conhecimento, ocasionando mais uma vez convergência aos parâmetros

bibliométricos estabelecidos na lei de Lotka.

Observa-se que o primeiro autor relatado foi William Attie, citado em 35,48%

dos artigos analisados. Logo após tem-se Marcelo Almeida e The Committee of

Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO) sendo citados em

33,87% e 27,42% dos trabalhos, respectivamente.

Cabe destacar que o trabalho realizado por Kátia Henrique Bastos, Débora

Gomes Machado e Walter Nunes Oleiro intitulado “Controle Interno: Análise de

Produção Científica dos Encontros da Associação Nacional de Pós-Graduação e

Pesquisa em Administração de 2004 a 2009” apontou análise semelhante onde

Willian Attie e Marcelo Cavalcanti Almeida posicionavam-se como primeiro e

segundo autores mais citados, divergindo, contudo na terceira posição, na qual foi

constatado no referido estudo os autores Antônio Loureiro Gil e Robert K Yin os

quais no presente estudos angariaram apenas a 5ª e 11ª posição.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presentou trabalho teve como objetivo rastrear e analisar a produção

científica sobre controle interno publicada em periódicos brasileiros durante os anos

de 2003 a 2013, visando obter-se entendimento claro acerca da estrutura e

desenvolvimento do conhecimento desta área, bem como suas bases de

22

sustentação para avanço e consolidação. Para isso foram analisados 62 artigos

selecionados através de pesquisas nos periódicos utilizando-se das palavras-chaves

“Controle Interno”, “COSO”, “Sistemas de controle interno”, “Auditoria interna” e

“Sarbanes-Oxley”.

Através dos artigos selecionados constatou-se que o campo de estudo acerca

do Controle Interno no Brasil ainda não está consolidado apresentando-se ainda em

desenvolvimento.

Quanto aos autores, destacam-se Márcia Martins Mendes de Luca, Antônio

Peske Filho, Ilsa Maria Beuren, e Vinicius Costa da Silva Zonatto como os

pesquisadores com maior número de publicações, apresentando cada um 4 artigos

elaborados. Deve-se haver destaque para autora Maria Martins Mendes de Luca que

além das 4 publicações realizou 8 relacionamentos com outros autores,

configurando-se como a autora mais influente neste campo de conhecimento no

Brasil.

Em relação às instituições, verificou-se que a UFSM e a URB são as

principais integrantes no campo de pesquisa sobre Controle Interno no Brasil, sendo

estas as que mais publicaram artigos sobre controle interno. Quanto às instituições

que mais apresentaram laços de colaboração com as demais, destaca-se a FECAP

com o a realização total de 11 cooperações realizadas durante o período.

De modo geral observou-se que as conexões existentes dispostas na rede

formada tanto entre os autores quanto entre as instituições, apresentam em grande

parte laços fracos, pouco integrados e coesos. A referida fragmentação é prejudicial,

pois além de dificultar o fluxo da informação, a mesma não gera pontos de confiança

e consequentemente comportamentos similares, concentrando-se em poucos

pontos.

Identificou-se que as áreas temáticas mais pesquisadas dentro do âmbito do

controle interno são quanto a análise e a eficiência dos controles internos e a

aderência das práticas realizadas pelas empresas aos preceitos dispostos na Lei

Sarbanes Oxley.

Quanto aos autores mais referenciados, dentre os mais citados destacam-se

os autores William Attie, Marcelo Almeida e The Committee of Sponsoring

23

Organizations of the Treadway Commission (COSO) sendo citados em ao menos

27% dos trabalhos analisados.

Com base nos estudos realizados, conclui-se que o campo de produção

científica em Controle Interno não está consolidado, caracterizando-se pela

existência de redes de cooperação de baixa densidade entre autores e entre

instituições. Não se identificou uma elite publicadora quanto aos autores, contudo é

perceptível um grupo de destaque nas referências realizadas.

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