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Copyleft: Escola Superior do Ministério Público do …...Num primeiro momento, a Instituição empreendeu a sua atuação pelo manejo de ações civis públicas, visando à garantia

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Ministério Público Resolutivo / Alice de Almeida Freire (coord.) -- Goiânia : Ministério Público do Estado de Goiás, ESMPGO, 2010.

64p.

I. Ministério Público. Freire, Alice de Almeida (coord)

ISBN 978.85.61413.05-7 CDU: 347:963(81)

T.G.G. CRB 1842

1a edição; 2a tiragem revisada

Direitos livres – É permitida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, com referência expressa à fonte.

Copyleft: Escola Superior do Ministério Público do Estado de Goiás, 2010

Realização

www.icbc.org.br

Wagner Baptista da Costa JúniorPresidente

Germano RorizDiretor comercial

Gustavo de Morais RorizDiretor administrativo

Passados vintes anos da chamada constituição cidadã, marco inaugural dos direitos sociais no Brasil, o Ministério Público tem buscado a consolidação do seu relevante papel na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indispo-níveis (art. 127 da Constituição Federal).

Num primeiro momento, a Instituição empreendeu a sua atuação pelo manejo de ações civis públicas, visando à garantia desses interesses, afirmando a sua atribuição na defesa dos direitos difusos e coletivos. É certo que o Ministério Público alcançou consideráveis resul-tados exercendo um perfil clássico demandista.

Atualmente, o Ministério Público tem direcionado sua atuação para o plano extraju-dicial, por intermédio de formas alternativas de resolução de conflitos, visando conferir maior impacto social e efetividade as suas ações, sem demandar o Poder Judiciário, já tão assoberbado.

O primeiro volume desta coletânea apresenta casos em que, numa natural evolução histórica, o Ministério Público encontrou resolutividade, a partir da visão de promotores de Justiça que conciliaram sua atuação clássica com iniciativas empreendedoras de afirmação da ideia contemporânea de Ministério Público transformador da realidade social.

Sem dúvida, a consolidação de um Ministério Público resolutivo passa pela firmeza de seu papel de agente político, por meio da aproximação com a sociedade e de uma atua-ção preventiva, prestigiando sua condição de protagonista das políticas públicas de primeira grandeza.

O Ministério Público de Goiás tem ampliado os meios de efetivação de políticas públicas, concebendo novo perfil institucional de parceria com a sociedade. Trata-se de pro-posta que dá seus primeiros passos no sentido de alcançar a almejada justiça social e reserva capítulos futuros à trajetória da Instituição.

Goiânia, setembro de 2010

Alice de Almeida FreirePromotora de Justiça, diretora da Escola Superior do Ministério Público de Goiás

Eduardo Abdon MouraProcurador-Geral de Justiça do Ministério Público de Goiás

O promotor, o garimpo e o rio . 1987 O Ministério Público vai às escolas . 1988Programa Cidadão . 1993 Promotoria Comunitária . 1995Caso Bertinho . 1998 ABConselhos . 1999 Césio 137 . 2000 Endividamento em final de mandato – Restos a Pagar, Artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal . 2000 O lixão que virou parque . 2001Consumo sustentável . 2001 Estudo integrado de bacia hidrográfica . 2002 Meu Pai É meu Direito . 2003 Deixe suas raízes no Araguaia . 2003Alimentação Escolar . 2004 Do combate à prática do nepotismo nos municípios goianos . 2005Momento da Cidadania . 2006Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator . 2006Caça-Palavras . 2007Reforma da cadeia de Itapaci . 2007 Centro de Atendimento ao Idoso . 2007Aragarças . 2008 Lei da Hora Certa . 2008Projeto Leitura . 2008 Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas e Álcool, uma alternativa para a abertura de diálogo . 2008 Nova cadeia de Trindade . 2008 Combate à exploração sexual infantil . 2008Doação ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente . 2009Invertendo o Jogo – Caça-Níqueis . 2009

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O promotor, o garimpo e o rio . 1987

Em meados da década de 1980, a Bacia do Rio Vermelho – uma das maiores e mais importantes sub-bacias do lado goiano da grande Bacia Ara-guaia-Tocantins – foi alvo de uma nova corrida do ouro. A região, que já havia sido um importante reduto do ciclo do ouro no século XVIII, foi novamente invadida por milhares de garimpeiros. Equipados com dragas e utilizando mercúrio nos processos para recuperação do ouro, provocaram significativo impacto ambiental, ameaçando as populações daquela bacia, inclusive da cidade de Goiás, antiga capital do Estado.

A ameaça ambiental era evidente no aumento da turbidez e na qua-lidade da água, no derrame de óleos, graxas e metais pesados, assoreamento de rios, além das perdas de grandes áreas de ecossistemas nativos ou de uso humano.

A Promotoria de Justiça da Comarca de Goiás propôs, em 1987, ação civil pública pedindo a retirada dos garimpeiros da região e a paralisação das atividades de mineração. A base legal foi a então recente Lei Federal nº 7.347/85, que disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente. A partir disso, desencadeou-se uma verdadeira articulação social, mobilizando a sociedade vilaboense, fato que ampararia a decisão judicial. O pedido liminar foi então deferido e resultou na retirada ime-diata de 1.500 garimpeiros que estavam trabalhando no perímetro urbano da cidade de Goiás e, depois de alguns meses, a remoção total de 30 mil garimpei-ros que estavam instalados às margens do rio.

A medida repercutiu em todo o Ministério Público, tanto goiano, como brasileiro. Seu pioneirismo no manejo da ação civil pública até hoje inspira a atuação da Instituição na área ambiental. Trata-se, sem dúvida, de um marco na história do Ministério Público do Estado de Goiás na busca da resolução de conflitos em suas ações.

Promotoria de Justiça da Comarca de Goiás (2ª Vara)Sulivan Silvestre Oliveira, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de Goiás (1ª vara)Maria da Conceição Rodrigues dos Santos, promotora de

Justiça à época

Participação

Poder Judiciário do Estado de GoiásLuiz Eduardo de Souza, juiz de Direito

Sociedade vilaboense

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Esta atuação na defesa do Rio Vermelho foi um importante fator para que a cidade de Goiás recebesse da Unesco, em 2001, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, referendando sua excepcional importância cultural e contribuindo para a proteção do meio ambiente e do patrimônio histórico.

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O Ministério Público vai às escolas . 1988

Com o objetivo de cumprir o preceituado no art. 227 da Constitui-ção Federal e no art. 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Ministério Público elaborou o programa O Ministério Público Vai às Escolas. A meta do programa é oferecer cursos de capacitação sobre noções básicas de cidadania e direitos e deveres aos professores das redes públicas Estadual e Municipais.

Criado em setembro de 1988, o programa visava atender, inicialmente, escolas públicas de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Em 2003 foi reformulado para abranger um maior número de alunos das redes púbicas de ensino.

Em sua primeira fase, o programa realizou 165 palestras, para cerca de 8 mil ouvintes – alunos, pais, professores e servidores das escolas públicas –, entre setembro de 2000 e dezembro de 2001. Em 2003, foram assinados con-vênios de cooperação técnica entre a Procuradoria Geral da Justiça, a Secreta-ria Municipal da Educação de Goiânia e a Secretaria Estadual da Educação de Goiás, com o objetivo de capacitar professores como agentes multiplicadores da cidadania. Em 2004, este novo formato foi aprovado pelo Conselho Esta-dual de Educação: entre 2003 e 2005 foram capacitados cerca de 2 mil profes-sores das duas redes.

Após quatro anos, em 2009, o Conselho Estadual de Educação conce-deu maior abrangência ao programa. Além de Goiânia e Aparecida de Goiâ-nia, professores de vários outros municípios passaram a participar dos cursos e também foram incluídos conselheiros e servidores dos conselhos.

Promotoria de Justiça em auxílio na Comarca de Goiânia

Paulo Miranda Ferreira, promotor de Justiça

Participação

Escola Superior do Ministério Público do Estado de Goiás

Márcia Souza de Almeida, diretora e promotora de Justiça

Secretaria de Educação Eliana Maria França Carneiro, secretária de Estado

Conselho Estadual de Educação Marcos Elias Moreira, presidente

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Programa Cidadão . 1993 O programa Cidadão – um programa educativo veiculado numa emis-

sora de rádio da Cidade de Goiás – foi uma experiência pioneira de trabalho em rede social no Estado de Goiás. Iniciado em janeiro de 1993, a partir de uma parceria entre o Ministério Público e um grupo de representantes da comunidade, o programa levou ao ar 144 edições.

Com isso, foi criado um canal de comunicação direta com a sociedade, a partir do qual eram apresentados e debatidos aspectos básicos da cidadania, direitos e deveres, além de temas de interesse local, regional e nacional. A cada edição era entrevistado um convidado.

As edições semanais eram planejadas em reuniões prévias, em que os integrantes da rede social decidiam sobre um tema relevante a ser tratado, que fosse de interesse da comunidade, e preparavam a pauta do programa.

Diante das questões definidas, o próprio grupo participava da produ-ção semanal do programa e os voluntários se dirigiam à rádio local para par-ticipar ao vivo. Com o auxílio de um locutor, um operador de mesa de som e outros dois técnicos responsáveis pela recepção e transmissão das perguntas feitas pelos ouvintes, o entrevistado respondia às perguntas.

O apoio do Ministério Público foi decisivo para a manutenção da rede. Durante as 144 edições do programa foram debatidos diversos temas relacionados a meio ambiente, patrimônio cultural, direitos do consumidor, direito de família, saúde, questões religiosas e debates com os candidatos nas eleições, entre outros. A presença de representantes voluntários de distintas classes sociais e culturais da comunidade garantiu a diversidade de assuntos e enfoques.

Promotoria de Justiça da Comarca de GoiásVetuval Martins de Vasconcelos, promotor de Justiça

Sullivan Silvestre, promotor de JustiçaMaria Conceição Rodrigues dos Santos, promotora de Justiça

Maurício Gonçalves de Camargo, promotor de Justiça Vilanir de Alencar Camapum Júnior, promotor de Justiça

Juliano de Barros Araújo, promotor de JustiçaRicardo Pappa, promotor de Justiça

Isaac Bechimol Ferreira, promotor de Justiça

Participação

Representantes da comunidade local

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Promotoria Comunitária . 1995

Com o objetivo de efetivar a política de atendimento aos direitos das comunidades carentes, envolvendo toda a sociedade goiana, foi desenvol-vido o programa Promotoria de Justiça de Defesa Comunitária. O programa prevê o atendimento ao público para esclarecerimento de questões na área jurídica, realização de acordos entre as partes, orientação a respeito dos direi-tos do cidadão, além do acompanhamento de inquéritos e procedimentos administrativos.

Outras ações visam implantar programas de conscientização dos direi-tos e garantias constitucionais, por meio de palestras, cursos e seminários rea-lizados nos bairros e municípios selecionados e, ainda, fiscalizar e colaborar na efetivação dos programas de assistência social implantados nos bairros.

Para atender a estes amplos e desafiadores objetivos de atendimento ao público, foi criada uma metodologia integrando diversas instituições. Foram celebrados convênios entre o Ministério Público e instituições de ensino supe-rior para selecionar estagiários e orientadores – estudantes e professores das Faculdades de Direito – de modo a garantir os recursos humanos qualificados, material e equipamentos necessários para as ações.

Foram selecionados bairros e locais para atendimento semanal na pró-pria comunidade. A divulgação do trabalho foi efetuada de forma conjunta com as faculdades, por meio de carros de som, panfletos, televisão e rádio.

O programa foi implantado inicialmente em Goiânia e, posterior-mente, ampliado para outros municípios. De 1995 a 2007 foram instalados 85 postos de atendimento, sendo atendidas mais de 46 mil pessoas na capital e 14 mil no interior, por meio de ações itinerantes. Também foram realizadas inúmeras palestras: cerca de 400 nas escolas e mais de 600 sobre benefícios previdenciários.

Outros resultados que merecem destaque são:

Promotoria de Justiça de Defesa ComunitáriaRúbian Corrêa Coutinho, promotora de Justiça

Participação

Escola Superior do Ministério Público do Estado de GoiásMárcia Souza de Almeida, diretora e promotora de

Justiça

Polícia Militar de Goiás

Fundação Jaime Câmara

Centro Universitário Anhanguera

Faculdade Sul-Americana

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Universidade Federal de Goiás

Universidade Paulista

Universidade Salgado de Oliveira

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- 5.331 ações propostas- 2.596 acordos realizados- 5.757 registros de nascimento emitidos- 1.069 2ª vias de certidões de nascimento emitidas- 55.473 cartilhas sobre as atribuições do Ministério Público

distri buídas

O trabalho desenvolvido pela Promotoria Comunitária foi pioneiro no Brasil e é até hoje referência para os Ministérios Públicos de outros Estados, que reaplicaram a metodologia em todo o país. O projeto ficou entre os dez finalistas no concurso Gestão Pública e Cidadania, promovido pela Fundação Getúlio Vargas e pela Fundação Ford.

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Caso Bertinho . 1998

Em 1999, foi torturado e assassinado o carroceiro José Roberto Correia Leite, em Novo Gama, no entorno do Distrito Federal. O fato ganhou grande repercussão na mídia e ficou conhecido como Caso Bertinho. As investigações do Ministério Público para a identificação dos autores desvendaram grupos de extermínio formados por policiais militares no entorno do Distrito Federal, e se tornaram um marco nas ações do MP.

A partir do depoimento de um menor à Comissão de Direitos Huma-nos (CDH) da Câmara dos Deputados, o Ministério Público provocou a aber-tura de Inquérito Policial Militar (IPM) e ajuizou ação civil pública. O caso detonou uma série de investigações que identificaram as ações dos grupos de extermínio. Durante as investigações foram encontrados 66 corpos de pessoas não identificadas, executadas com as características de grupo de extermínio. Considerando os que tiveram sua identidade reconhecida, somam mais de 100 as vítimas fatais dos grupos, que agiram entre os anos de 1997 e 1999.

As ações da CDH nas esferas estaduais e federal resultaram na cria-ção, pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) do Ministério da Justiça, de um Grupo-Tarefa para acompanhar as investigações e propor ações que acabassem com os grupos de extermínio que agiam na região.

Após as investigações, em 20 de fevereiro de 2004, três policiais milita-res – Laércio dos Santos, Daniel da Silva Costa Ribeiro e Cleomar Guimarães de Oliveira – foram condenados a 17 anos e seis meses de reclusão em regime fechado, por crimes de tortura, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Em outra sessão, em 5 de maio de 2006, o cabo Vilmar da Silva foi condenado à mesma pena.

Num terceiro júri, em 10 de junho de 2009, Francisco Erinaldo da Silva Costa, também militar, foi condenado a quatro anos de reclusão por tortura,

Procuradoria Geral do Ministério Público do Estado de Goiás e

Promotoria do Júri da CapitalIvana Farina Navarrette Pena, procuradora-geral

de Justiça à época e promotora de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de LuziâniaRobertson Alves Mesquista, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de Novo Gama

Patrícia Teixeira Guimarães, promotora de Justiça

Centro de Apoio Operacional de Controle Externo da Atividade Policial

Carlos Alexandre Marques, coordenador e promotor de Justiça

Participação

Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH)

Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (CDH)

Poder JudiciárioJuraci Costa, juíza de Direito

Jesseir Coelho de Alcântara, juiz de Direito

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mas absolvido da acusação de homicídio. Ao final desta sessão, tanto o MP quanto a defesa anunciaram que vão recorrer desta sentença.

Ainda hoje, outros dois policiais militares, Agnaldo Marinho Cunha e Carlos Henrique Urani de Oliveira, aguardam ainda julgamento, pois recorre-ram ao Supremo Tribunal Federal.

Familiares de Bertinho aguardam final do julgamento.

Os policiais condenados: Daniel da Silva Ribeiro, Laércio dos Santos e Cleomar Guimarãses de Oliveira (da esquerda para a direita).

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ABConselhos . 1999

O Manual ABConselhos é uma publicação do Ministério Público de Goiás que orienta a implantação dos Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente e busca auxiliar o aprimoramento das ações das Promotorias de Justiça com atuação na área da infância e juventude.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os Conselhos Tutelares são órgãos permanentes, autônomos, não jurisdicionais e encarregados de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Entre suas principais atribuições estão: atender os menores em situação de risco, aplicar as medidas previstas, fiscalizar entidades de atendi-mento e representar pela aplicação de infração administrativa.

Esta importante missão exige conhecimento, agilidade e compromisso com a solução dos casos, o que demanda conselheiros qualificados, espaço fí-sico e material suficiente para o bom desempenho de suas funções. Além disso, para que sua atuação seja efetiva, os Conselhos Tutelares devem atuar de forma integrada com a comunidade.

O Manual ABConselhos, publicado no biênio de trabalho de 1999 a 2001, foi ferramenta fundamental para a implantação dos Conselhos Tutelares na maioria dos municípios goianos. Em 2008, com os conselhos já atuantes, foi lançada uma nova edição do manual, com a finalidade de capacitar os servido-res e melhor estruturar os espaços físicos.

O sucesso desta iniciativa pode ser comprovado pela existência dos Conselhos Tutelares em todos os 246 municípios do Estado de Goiás. Além disso, cerca de 50% deles já estão estruturados conforme determinação do ECA.

Atualmente, o programa continua em andamento até que sejam alcan-çadas todas as metas propostas pelo ECA.

Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação

Divino Marcos de Melo Amorim, coordenador e promotor de Justiça

Escola Superior do Ministério Público do Estado de Goiás

Laura Maria Ferreira Bueno, diretora e procuradora de Justiça

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Césio 137 . 2000

O acidente nuclear com o césio 137, ocorrido em Goiânia em 1987, é considerado o segundo maior do mundo. Após inúmeras investigações, a culpa pelo acidente foi atribuída à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), aos proprietários do Instituto Goiano de Radiologia e ao Instituto de Previ-dência e Assistência Social de Goiás (Ipasgo).

Depois do acidente, o trabalho de emergência não foi realizado a con-tento. O governo estadual deslocou para o local do acidente bombeiros e mili-tares sem preparo e sem as precauções necessárias para desenvolver o trabalho com segurança. Em consequência disso, os servidores foram expostos a radia-ção contínua, ignorando o perigo a que estavam submetidos.

Inicialmente, foram contabilizados pela CNEN 621 radioacidentados, divididos em 3 grupos. Apenas o primeiro desses grupos teve direito a pensão indenizatória.

Na época, o Ministério Público Federal propôs ação civil pública contra a União (CNEN), o Estado de Goiás, o Ipasgo e os sócios do Instituto Goiano de Radioterapia, objetivando tão-somente esclarecer as causas e a responsabi-lidade pelo acidente, deixando de abordar a inadequação das ações de emer-gência, seu desenvolvimento e sua precisão quanto ao número de vítimas, nem os tratamentos e o acompanhamento de saúde dos afetados posteriormente ao acidente. Foram ignorados militares, trabalhadores braçais, motoristas e outros profissionais da saúde que atenderam ao acidente em caráter de emergência.

Nos anos que se seguiram ao evento, policiais e bombeiros apresen-taram sintomas de doenças ligadas à contaminação por exposição à radiação. Muitas destas doenças foram diagnosticadas apenas após alguns anos e várias pessoas tiveram dificuldade para provar a relação direta entre os sintomas e a exposição à radiação.

No ano de 2000 o tema voltou a ser discutido. Nesta época alguns poli-ciais recorreram ao Ministério Público do Estado de Goiás, por meio da Pro-motoria de Defesa do Cidadão, relatando os problemas de saúde que estavam

Promotoria de Defesa do Cidadão (53ª Promotoria de Justiça)

Marcus Antônio Ferreira Alves, promotor de Justiça

Participação

Ministério Público Federal

Vítimas e familiares das vítimas do Césio 137

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enfrentando, decorrentes do trabalho efetuado nas áreas afetadas pelo césio 137 e na vigilância do depósito provisório, motivando a instauração de inqué-rito civil público.

Diante da extensa e detalhada investigação promovida pelo Ministério Público do Estado de Goiás, o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, reconheceu a existência de vítimas não contabilizadas anteriormente, bem como o período de latência de 15 anos da exposição ao césio para a ocor-rência de efeitos nocivos à saúde humana. Assim, todas as teses defendidas no inquérito civil público foram corroboradas.

O Estado de Goiás celebrou então com o Ministério Público estadual o termo de ajustamento de conduta (TAC) em que reconheceu sua responsa-bilidade, fixando uma pensão de dois salários mínimos aos servidores públicos que haviam trabalhado nas áreas afetadas pelo césio 137. Este direito foi esten-dido aos descendentes de segunda geração, inclusive dos já mortos e ainda não reconhecidos como vítimas, desde que nascidos após o acidente. Foi assegu-rada também a assistência à saúde das novas vítimas, por meio da Secretaria Estadual de Saúde. Nesta oportunidade o Ministério Público Federal, ade-rindo às conclusões do inquérito civil público (ICP), também assinou o TAC.

Diante da atuação do Ministério Público do Estado de Goiás, foram reconhecidas, até julho de 2002, mais de oitocentas novas vítimas. Este número se encontra ainda aberto, devido à possibilidade do reconhecimento de novos servidores que trabalharam na descontaminação.

A investigação promovida pelo Ministério Público estadual serviu de base para o documentário Césio 137 – O Brilho da Morte, realizado pelo cine-asta Luiz Eduardo Jorge, premiado em primeiro lugar no Festival Internacional de Cinema Ambiental – Fica, em 2004, com versão também em inglês, difun-dida mundialmente pela ONG Greenpeace, provocando reflexões a respeito da necessidade de mudança no modelo de gestão nuclear do país.

No ano de 2008, a PUC Goiás criou o Núcleo Indisciplinar de Pesquisa Sobre o Acidente com o Césio, estrutura de estudo permanente dos aspectos e consequências jurídicas do acidente.

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Endividamento em final de mandato – Restos a Pagar, Artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal . 2000

A gestão pública brasileira sempre foi caracterizada pelo desequilíbrio econômico-financeiro. Com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal, vie-ram instrumentos eficazes para o desenvolvimento da gestão fiscal de forma responsável, ancorada no planejamento. O texto legal elencou as situações de irresponsabilidade e previu sanções.

A citada lei, em seu artigo 42, vedou ao gestor, nos últimos dois quadri-mestres, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integral-mente dentro do seu mandato, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercí-cio seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa.

O Centro de Apoio Operacional de Defesa do Patrimônio Público (CAOPP) concluiu que a ação por improbidade administrativa haveria de ser precedida de criteriosa investigação para conhecimento do comportamento do administrador ao longo da gestão, com o fim de identificar as situações de irresponsabilidade pelos restos a pagar de final de mandato. Assim, com apoio de auditores do Tribunal de Contas dos municípios, foram formulados quesi-tos para compor uma perícia de natureza contábil.

Desde a publicação da citada lei, em 2000, a equipe técnica e a coorde-nação do CAOPP vêm emitindo relatórios de natureza contábil e técnico-jurí-dica, de modo a subsidiar as ações de responsabilização dos gestores públicos que contrariam o citado artigo.

Na gestão que se findou em 2004, 112 municípios tiveram as contas do Balanço Geral rejeitadas por causa de restos a pagar. Desse total, foi concluída análise contábil em 74,34%, e 15,18% dos municípios encontram-se em dili-

Centro de Apoio Operacional de Defesa do Patrimônio Público

Marlene Nunes Freitas Bueno, coordenadora e promotora de Justiça

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gência. Do percentual de perícias concluídas, houve indicação de ajuizamento de ação por improbidade administrativa em 60,71% dos municípios.

No que concerne às gestões anteriores, das ações em andamento, regis-tram-se as seguintes condenações, com as respectivas sanções a ex-prefeitos:

Sanclerlândia: multa, proibição de contratar com o Poder Público e suspensão de direitos políticos

Buriti de Goiás: multa, proibição de contratar com o Poder Público e suspensão de direitos políticos

Córrego do Ouro: multa, proibição de contratar com o Poder Público e suspensão de direitos políticos

Araçu: multa, proibição de contratar com o Poder Público e suspensão de direitos políticos

Firminópolis: multa, proibição de contratar com o Poder Público e suspensão de direitos políticos

São Domingos: multa, proibição de contratar com o Poder Público e suspensão de direitos políticos

Itaberaí: multa, proibição de contratar com o Poder Público e suspen-são de direitos políticos

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O lixão que virou parque . 2001

A população de Vianópolis – no centro-sul goiano, a 93 km da capital – acompanhou de perto a transformação de um depósito de lixo em um parque com áreas verdes e pista de caminhada.

A área de preservação permanente no entorno da nascente do Córrego Santa Rita vinha sendo utilizada para despejo de entulhos de construção civil e lixo doméstico. Havia também ligações clandestinas de esgoto na rede de captação de água fluvial da cidade, além de uma oficina mecânica que lançava seus resíduos a céu aberto, que escorriam em direção ao curso d’água. Estas situações colocavam em risco o ambiente local e a saúde da comunidade.

As mudanças no local começaram a partir de procedimento adminis-trativo instaurado em maio de 2001 pelo promotor responsável. Os proprietá-rios de imóveis vizinhos à nascente do Córrego Santa Rita foram notificados a comparecer à Promotoria de Justiça para prestarem esclarecimentos sobre as agressões ambientais constatadas.

Em seguida, foi firmado acordo com a Prefeitura de Vianópolis, que determinou a recuperação da área e a recomposição da mata com plantio de mudas de árvores nativas, adquiridas por meio de multas oriundas de termos circunstanciados de ocorrência.

A transformação foi concluída com o calçamento da pista de cami-nhada que contorna as áreas verdes e de proteção sanitária. Além de garantir a segurança no abastecimento de água da cidade, a comunidade de Vianópolis passou a usufruir de um belo parque em sua área urbana, melhorando a quali-dade de vida de todos.

Promotoria de Justiça de VianópolisMaurício Alexandre Gebrim, promotor de Justiça

Participação

Prefeitura de Vianópolis

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Consumo sustentável . 2001

Em 2001, o Centro de Apoio Operacional (CAO) de Defesa do Con-sumidor detectou a omissão do Poder Público municipal em relação à vigilân-cia sanitária na produção, comercialização e no consumo de alimentos, sobre-tudo no abate de animais e beneficiamento de laticínios. Na grande maioria dos municípios não havia rede de vigilância sanitária criada por lei, ou a lei não funcionava por carência de pessoal e equipamentos básicos.

Diante deste quadro, em 2002, o Ministério Público do Estado de Goiás estabeleceu como meta prioritária a atuação de forma convergente na defesa do consumo de alimentos com qualidade, produzidos ou beneficiados com respeito às normas ambientais e de saúde do trabalhador.

Para tanto, foram elaboradas as seguintes diretrizes:- Exigir do Poder Público a efetiva fiscalização, pelo sistema de vigilân-

cia sanitária municipal, da produção de carne, leite e derivados- Atuar contra as irregularidades na área, mediante termos de ajuste e

ações cíveis e criminais pertinentes- Atuar na comunidade para a educação de produtores, fornecedores e

consumidores sobre seus direitos e deveres- Exigir notificação de doenças oriundas do consumo de alimentos,

conforme a lei

Também foram propostos programas de atuação, de acordo com a rea-lidade e necessidade de cada cidade:

- Nas cidades sem Vigilância Sanitária foi instaurado Processo Prepa-ratório, requisitando informações e assinando termo de ajuste para o fim da omissão

Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor

Divino Marcos de Amorim, coordenador e promotor de Justiça

Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor do MP-GO

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- Nas cidades com deficiências na Vigilância Sanitária Municipal foram requisitadas informações e sugeridos convênios

- Nas cidades com sede de frigoríficos, laticínios e afins foram requisi-tadas informações dos órgãos competentes sobre a regularidade dos estabelecimentos. No caso de irregularidades, os proprietários foram notificados a assinar termos de ajuste. Nos casos de omissão, foram tomadas medidas judiciais cabíveis

- Realização de palestras e conferências para comunidade, poder público e empresários, ressaltando os perigos da aquisição e con-sumo de produtos de má qualidade

- Promoção de reuniões com profissionais da saúde da cidade, para discutir a necessidade de notificação compulsória de doenças causa-das pela ingestão de alimentos de má qualidade.

Além de ter trazido o assunto para o debate, o trabalho deu aos mem-bros do Ministério Público do Estado de Goiás subsídios para que o Programa de Atuação das Promotorias de Justiça seja efetivamente discutido.

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Estudo integrado de bacia hidrográfica . 2002

Em meados de 2002 praticamente todos os projetos de hidrelétrica na região sudoeste de Goiás enfrentavam ações na justiça, ajuizadas pelo Minis-tério Público Estadual, especialmente pela Promotoria de Justiça de Cacho-eira Alta. Esta situação era desgastante para o MP, apontado como o vilão que emperrava todos os empreendimentos do setor elétrico, recém-saído do apa-gão, e para os próprios empreendedores, que tinham seus projetos paralisados.

O fato motivador das ações do MP eram as inúmeras deficiências dos estudos de impacto ambiental (EIA/Rima) apresentados pelos diferentes empreendimentos – todos avaliados e aprovados pelo órgão ambiental licen-ciador, então Agência Ambiental, atual Secretaria de Meio Ambiente e Recur-sos Hídricos.

Buscando uma solução para esta situação, o MP exigiu a elaboração de um estudo amplo, que analisasse não apenas um empreendimento, mas o con-junto de todos os empreendimentos previstos para a região, que abrange cinco rios, todos afluentes do rio Paranaíba: Alegre, Claro, Verde, Corrente e Aporé. A região abrangida pelo estudo possui uma área de 39.640 km2. A este estudo deu-se o nome de Estudo Integrado de Bacia Hidrográfica, ou simplesmente EIBH.

Um Termo de Ajustamento de Conduta foi firmado entre o MP-GO, MPF e Agência Ambiental, em julho de 2004, tornando obrigatória a elabo-ração, avaliação e aprovação do EIBH para que se pudesse dar continuidade aos empreendimentos hidrelétricos da região. Para a elaboração do primeiro estudo, que ficou conhecido como EIBH-SW, foram contratadas, pelos empre-endedores, cinco empresas de consultoria ambiental, que elaboraram um amplo estudo em seis volumes, contendo diagnóstico ambiental, prognóstico

Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente

Ricardo Rangel de Andrade, coordenador e promotor de Justiça

Rogério César Silva, perito ambiental

Promotoria de Justiça de GoiâniaJuliano de Barros Araújo, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de Cachoeira Alta Paulo Henrique Otoni, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de Caçu Vinícius Jacarandá Maciel, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de Itajá Keila Martins Ferreira, promotora de Justiça

Participação

Ministério Público Federal

Agência Ambiental do Estado de Goiás

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e avaliação de impactos ambientais de todos os empreendimentos (efeitos sinérgicos e cumulativos). Um sétimo volume foi elaborado posteriormente para a apresentação dos diferentes cenários com as inserções dos diferentes empreendimentos ao longo do tempo.

Entre os resultados, havia recomendações para a reelaboração de pra-ticamente todos os EIA/Rimas, visto que foram identificados diversos proble-mas ignorados pelos estudos anteriores.

Os resultados do EIBH-SW permitiram, ainda, recomendações para a reprovação de projetos, a identificação de áreas a serem preservadas de qual-quer empreendimento hidrelétrico e a necessidade de readequação de proje-tos, com redução da cota de inundação e do tamanho do reservatório, bem como do trecho de vazão reduzida.

O EIBH hoje é reconhecido como uma ferramenta de planejamento, e vem preencher uma lacuna deixada pelo Estado, pois permite ao órgão licencia-dor uma visão ampla da bacia hidrográfica onde se insere o empreendimento em avaliação. A elaboração de um EIBH é hoje obrigatória para qualquer bacia hidrográfica de Goiás em que se pretende implantar algum empreendimento hidrelétrico. Deve-se destacar, ainda, que o EIBH provocou mudanças na pró-pria Agência Nacional de Energia Elétrica, que acabou criando a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) com o objetivo de realizar estudos semelhantes, aos quais denominou Avaliação Ambiental Integrada (AII) das bacias hidro-gráficas do País. Mais: se antes as UHEs iam a leilão apenas na forma de proje-tos, hoje só vão a leilão após a obtenção da licença prévia.

Com a elaboração de diversos novos EIBHs, cabe ao MP dar continui-dade ao acompanhamento desses estudos, evitando que venham a ser banali-zados, como aconteceu com os EIA/Rimas, justamente o que motivou a cria-ção desta nova modalidade de estudo.

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Meu Pai É meu Direito . 2003

A paternidade biológica ou afetiva é fator fundamental para assegurar a crianças e adolescentes o efetivo gozo dos seus direitos, enumerados no artigo 227 da Constituição Federal: “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

A partir dessa premissa, o Ministério Público criou, em 2003, no muni-cípio de Bom Jesus, o programa Meu Pai É meu Direito, com o objetivo de assegurar o direito social fundamental de buscar o reconhecimento paterno, biológico ou afetivo de 400 crianças e adolescentes do município, até então privados deste direito.

A estratégia utilizada pelo MP foi solicitar às escolas e creches as certi-dões de nascimento e o endereço de todas as crianças e adolescentes registra-dos apenas em nome da mãe. Em seguida, foi criado um procedimento indi-vidual para cada menor, convocando as mães ou responsáveis a comparecer à Promotoria de Justiça para informar sobre o suposto pai biológico ou afetivo. Estes foram notificados a comparecer à promotoria e participar da audiência com a presença da mãe ou responsável. Na maioria das audiências ocorreu o reconhecimento voluntário da paternidade ou foi pactuada a realização do exame de DNA. Em poucos casos foi necessário o ajuizamento de ações judi-ciais. Reconhecida a paternidade, foram requisitadas a averbação e a expedição de uma nova e completa certidão de nascimento, entregue à mãe ou responsá-vel, mediante o recolhimento da antiga.

Promotoria de Justiça de Bom JesusDaniel Pinhel Júnior, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça de ItumbiaraReuder Cavalcante Mota, promotor de Justiça

Participação

Escola Superior do Ministério Público do Estado de Goiás

Prefeitura Municipal de Bom Jesus

Prefeitura Municipal de Itumbiara

Secretaria de Educação do Estado de Goiás

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Ao fim desta ação, foram resolvidos 350 casos com reconhecimento da paternidade biológica ou afetiva. O programa Meu Pai É meu Direito teve grande repercussão e, seguindo a metodologia, outros municípios goianos puderam garantir às suas crianças e adolescentes o direito de ter a paternidade reconhecida, como Itumbiara, com o programa Meu Pai, minha Procura.

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Deixe suas raízes no Araguaia . 2003

A proteção ambiental é atribuição inerente ao Ministério Público. A partir deste pensamento, a Promotoria Regional da Bacia Hidrográfica do Rio Araguaia definiu como prioridade em seu campo de atuação a preservação das matas ciliares e demais áreas de preservação permanente desta região.

Em 2001 foi feita uma campanha com o objetivo de conscientizar a população sobre a responsabilidade de cada cidadão na preservação do meio ambiente, amplamente veiculada pela imprensa de Goiás, fundamentada no programa Deixe suas Raízes no Rio Araguaia–Caiapó. A premissa inicial foi o fato de que a recuperação ambiental é essencial para a conservação da água, do solo, da biodiversidade, do ecossistema e do bioma do Cerrado.

Para subsidiar a elaboração do projeto, os envolvidos passaram por um período de reflexão e pesquisas sobre questões fundamentais, tais como o preço da recuperação de uma área de preservação permanente (APP) des-matada, as espécies indicadas para o plantio e de que forma este plantio deve ser feito. Discutiu-se, ainda, sobre a disponibilidade de mudas no mercado, de modo a exigir do proprietário rural a recuperação ambiental imediata das APPs.

O passo seguinte foi propor o projeto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente para dar continuidade ao trabalho já desenvolvido no Estado. O pro-jeto foi aprovado e sua execução foi iniciada em 2003, abrangendo dez municí-pios da sub-bacia hidrográfica.

Durante a implementação, o MP observou algumas dificuldades: falta de mudas de espécies nativas; alto custo das ações; necessidade de contratação de técnicos, e necessidade de continuidade na Educação Ambiental para crian-ças, adolescentes, proprietários, comerciantes, enfim, de todos os cidadãos.

Promotoria Regional da Bacia Hidrográfica do Rio Araguaia

Wânia Marçal de Medeiros, promotora de Justiça

Participação

Universidade Federal de Goiás

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Como forma de sanar esses problemas identificados, o programa centrou-se nas seguintes ações:

- Estudo florístico no Alto, Médio e Baixo Rio Caiapó- Reflorestamento das matas ciliares do Rio Caiapó, nos dez municí-

pios da sub-bacia- Curso de Educação Ambiental para proprietários rurais- Curso de Educação Ambiental para professores de escolas públicas e

particulares- Realização dos seminários Nossas Águas, Nossa Terra: Preservação

em Caráter Permanente

A partir desses estudos, várias ações puderam ser mais bem direciona-das: as espécies próprias para o reflorestamento foram indicadas por especia-listas da Universidade Federal de Goiás, e as técnicas adotadas diferenciavam--se para cada área, de acordo com o solo, a compactação, áreas de alagamento, entre outras características. Nos três anos de duração, foram alcançados os objetivos propostos em Educação Ambiental e intervenção florística.

Em cada município foi criada uma Unidade de Observação e Demons-tração, com aulas e troca de experiências. A experiência com este programa foi marcante, tanto pela relevância do objetivo, quanto pelo resultado final.

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Alimentação Escolar . 2004 A alimentação escolar é um dos direitos fundamentais do cidadão, pre-

visto na Constituição Federal. No intuito de garantir este direito aos estudan-tes do Estado de Goiás e com o objetivo de avaliar e monitorar a qualidade nutricional e higiênico-sanitária da Merenda Escolar distribuída nas escolas goianas, o Ministério Público desenvolveu o programa Alimentação Escolar.

Durante a execução do programa, que teve início em abril de 2004, foram realizados diversos seminários. O primeiro evento – que teve como tema a coleta dos alimentos para vistoria – contou com a participação dos supervi-sores das Regionais de Saúde e de fiscais de Vigilância Sanitária. O seminário seguinte, realizado em 2005, contou com a presença de prefeitos e secretá-rios de Educação dos municípios goianos, além de representantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Secretaria Estadual de Educação, Agência Goiana dos Municípios e Frente Municipalista, Ministério Público Estadual, Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás e Superin-tendência da Vigilância Sanitária Estadual. Na ocasião, definiu-se o papel de cada instituição na melhoria da qualidade da alimentação escolar. Em seguida, um novo seminário divulgou aos supervisores das Regionais de Saúde e aos fis-cais de Vigilância Sanitária todos os resultados, com propostas de intervenção e monitoramento das regionais fiscalizadas.

Em janeiro de 2006, foi publicada uma cartilha e ministrado um curso sobre Alimentação Escolar Segura e Adequada, para nutricionistas. No final do ano ocorreu a primeira reunião de avaliação das ações desenvolvidas pelas nutricionistas da Alimentação Escolar de vários municípios goianos.

Em 2007, o Setor Técnico Pericial em Edificações do Ministério Público elaborou plantas de cantinas-modelo, a fim de apoiar os responsáveis por multiplicar as instruções passadas pelas instituições no curso sobre Ali-

Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação

Alexandre Mendes Vieira, coordenador e promotor de Justiça

Participação

Secretarias Estadual e Municipal de Educação

Superintendência da Vigilância Sanitária e Ambiental

Universidade Federal de Goiás (Faculdade de Nutrição e Laboratório de Farmácia)

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mentação Escolar Segura e Adequada. Neste mesmo ano, promotores de Jus-tiça com atribuição na área da infância e juventude foram orientados a cobrar e fiscalizar de prefeituras e Secretarias Municipais de Educação a adequação das cantinas.

No total foram capacitados 461 multiplicadores, representando 173 municípios, que, até janeiro de 2008, repassariam o conteúdo a 5.165 meren-deiras. Em 2009, 41% dos municípios goianos possuíam nutricionistas res-ponsáveis, cujo envolvimento modificou a realidade das escolas. Os even-tos de capacitação continuam sendo realizados em todo o Estado e há uma forte mobilização das Secretarias de Educação (estadual e municipais) nesses eventos.

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Do combate à prática do nepotismo nos municípios goianos . 2005

O combate ao nepotismo alcançou efetivo êxito por ocasião da edi-ção, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da Resolução nº 7, que veda a contratação de parentes, no âmbito dos órgãos do Poder Judiciário. Posterior-mente questionada, a juridicidade daquele ato foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, via pronunciamento em ação declaratória de constituciona-lidade, estendendo-se a proibição da prática do nepotismo a toda a Adminis-tração Pública.

O Ministério Público goiano foi uma das primeiras instituições a pro-mover atuação uniforme e conjunta voltada à exoneração de parentes de admi-nistradores públicos, mediante o manejo de termos de ajustamento de con-duta, recomendações verbais e escritas, e ações judiciais.

As medidas tomadas correspondiam às peculiaridades da Administra-ção de cada município. Assim, os prazos de exoneração eram díspares. Entre as várias situações que desafiaram a conciliação, os promotores de Justiça se depararam com os casos de parentes desenvolvendo atividades de serviços essenciais.

A primeira consolidação dos dados, decorrido um ano do início da atuação, apontou que 1.508 parentes foram exonerados nas prefeituras e nas câmaras municipais. Foram ajuizadas 22 ações civis públicas.

O Ministério Público permanece fiscalizando as atuais gestões para que não haja novas contratações de parentes.

Centro de Apoio Operacional de Defesa do Patrimônio Público

Marlene Nunes Freitas Bueno, coordenadora e promotora de Justiça

Promotorias de Defesa do Patrimônio Público do MP-GO

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Momento da Cidadania . 2006

O Momento da Cidadania é um programa do Ministério Público de Goiás, veiculado na Rádio Comunitária do município de Vianópolis desde fevereiro de 2006. A proposta surgiu em razão da grande demanda da comu-nidade por informações acerca de seus direitos: o conteúdo do programa é composto por noções básicas de cidadania. O rádio foi escolhido em função da capacidade de levar informação simultaneamente à população da cidade e da zona rural do município

O programa é realizado semanalmente, às quartas-feiras. Devido à grande audiência alcançada, teve sua duração ampliada de 30 para 90 minu-tos. Atualmente, o Momento da Cidadania é composto por cinco quadros, que abrangem diversos temas de interesse público.

No quadro Alterações Legislativas Recentes são comentadas alterações das leis e normas municipais, estaduais e federais. O quadro Conhecendo seu Direito responde a perguntas da população, sempre reformuladas, a fim de ganharem um caráter geral e evitar a identificação de seus autores. Outro qua-dro, de caráter preventivo, é Dicas do Ministério Público à População na Pre-venção e Combate às Drogas, no qual são dadas orientações com base em arti-gos científicos sobre prevenção e combate às drogas. As ações extrajudiciais e judiciais tomadas e propostas pelo MP em Vianópolis, que sejam de interesse geral, são apresentadas no quadro Atuação do Ministério Público em Vianópolis.

Outro destaque são as entrevistas, realizadas uma vez ao mês, em que são convidadas pessoas da comunidade para participar do programa e discutir seus próprios problemas: agentes de saúde, feirantes, garis e professores.

No intervalo entre os quadros, são veiculadas vinhetas produzidas pelo próprio Ministério Público, abarcando diversas áreas como meio ambiente, infância e juventude, e direito do consumidor. Também é amplamente divul-

Promotoria da Comarca de VianópolisMaurício Gebrim, promotor

Participação

Rádio Comunitária de Vianópolis

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gada a vinheta do Ligue 127, número de telefone adotado pelo Ministério Público para unificar o atendimento telefônico da Instituição às dúvidas da população.

Mesmo com o sucesso de seu formato atual, o programa Momento da Cidadania está atento às necessidades da comunidade, buscando constante-mente aperfeiçoar seus quadros para manter-se interessante e atualizado.

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Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator . 2006

O Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili) tem por fun-damento as disposições humanizadoras da Lei nº 10.216/2001, chamada de Lei Antimanicomial ou Lei da Reforma Psiquiátrica. Responsável pela execu-ção de medidas de segurança em Goiás, e atuando de forma a auxiliar aos juí-zos de execução penal, o Paili tem a relevante tarefa de acompanhar os pacien-tes julgados e absolvidos pela Justiça Criminal, mas que, em razão de doença ou perturbação da saúde mental, são submetidos à internação psiquiátrica ou ao tratamento ambulatorial.

A partir de proposta elaborada pelo Ministério Público do Estado de Goiás, o programa foi instituído em 2006, por meio de convênio entre as Secretarias de Estado da Saúde e da Justiça, Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia e Tribunal de Justiça. O programa é um marco na execução das medi-das de segurança, pois faz com que o assunto deixe de ser apenas de segurança pública e passe a ser acolhido pelos serviços de saúde pública, mediante a par-ticipação da rede de clínicas psiquiátricas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e serviços substitutivos (Caps).

O Paili apresenta resultados exitosos e animadores, apesar das naturais dificuldades enfrentadas por toda proposta inovadora. O programa foi ganha-dor da sexta edição do Prêmio Innovare: o Judiciário do Século XXI, com o tema Justiça Rápida e Eficaz, na categoria Ministério Público. Atualmente o Paili é referência para outros Estados brasileiros, interessados neste modelo implementado em Goiás.

Para divulgar o programa entre profissionais e entidades atuantes na esfera da aplicação e na execução das medidas de segurança, bem como entre a comunidade, foi desenvolvida, pela Escola Superior do Ministério Público

Promotoria de Execução Penal de Goiânia (25ª Promotoria de Justiça)

Haroldo Caetano da Silva

Participação

Escola Superior do Ministério Público do Estado de Goiás

Centro de Apoio Operacional do Cidadão

Centro de Apoio Operacional Criminal, Execução Penal e Combate ao Crime Organizado

Secretaria de Estado de Justiça

Secretaria de Estado de Saúde

Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia

Tribunal de Justiça

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do Estado de Goiás, uma cartilha, publicada em duas edições. O objetivo da cartilha é colaborar para a construção de uma consciência coletiva sobre a importância das políticas voltadas à saúde mental, particularmente quanto ao propósito da permanente busca pela inclusão do paciente psiquiátrico na famí-lia e na sociedade.

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Caça-Palavras . 2007

O programa Caça-Palavras, desenvolvido pelo Ministério Público de Goiás e pelo Juizado Especial Criminal de Caldas Novas, tem como objetivo reaproveitar peças de máquinas caça-níqueis apreendidas em operações poli-ciais em Caldas Novas para transformá-las em microcomputadores. Os equi-pamentos reciclados são doados para escolas da rede pública e para projetos especiais ligados à infância e juventude, como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), o Educar e o programa Jovens do Futuro.

O programa Caça-Palavras, além de garantir um destino adequado aos equipamentos apreendidos, promove a inclusão digital, o uso responsável da internet pelos jovens e a educação ambiental.

Concebido em 2007, o programa conta com a parceria da Secretaria Municipal de Educação e apoio de vários colaboradores, incluindo a organiza-ção não governamental SaferNet e associações que representam a comunidade de Caldas Novas. Uma característica que diferencia o Caça-Palavras de outras iniciativas semelhantes é a amplitude de sua vertente educativa, pois o pro-grama não busca somente a transformação pura e simples de máquinas caça--níqueis em computadores, mas se preocupa com todo o processo educativo envolvido nesta questão.

Desta forma, a proposta do Caça-Palavras não se esgota com a entrega do equipamento às escolas. A partir daí, se inicia a etapa pedagógica do pro-grama, utilizando a informática como instrumento de aprendizagem: são pro-postas pesquisas, simulação de situações, testes de conhecimentos específicos e utilização de jogos educativos e sites educacionais, estimulando a aquisição de novos conceitos e ideias. O uso seguro e responsável dos computadores pelas crianças e adolescentes também é um aspecto contemplado no programa por meio da publicação, pela Escola Superior do MP-GO, da cartilha Safer

Promotoria de Justiça da Comarca de Caldas NovasAlessandra Aparecida de Melo Silva, promotora de Justiça

Participação

Escola Superior do Ministério Público de Goiás

Juizado Especial Criminal de Caldas Novas

Justiça da Infância e Juventude de Caldas Novas

Secretaria Municipal de Educação

Associação Cultural Bloco Carnavalesco Turma da Lazinha

SaferNet

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Dic@s e da realização de oficinas sobre o uso seguro da internet com os profes-sores das redes pública e privada de ensino de Caldas Novas.

Outra característica importante do programa é a ênfase ambiental, destacada a partir da difusão das ações de reciclagem e reaproveitamento das máquinas caça-níqueis, contrapondo-se ao conceito consumista de descarte e destruição. O trabalho de conversão das máquinas é realizado em mutirões coordenados pela Associação Cultural Bloco Carnavalesco Turma da Lazinha e com o apoio de acadêmicos da Universidade Estadual de Goiás.

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Reforma da cadeia de Itapaci . 2007

Em 2007, o Ministério Público e o Poder Judiciário do Estado de Goiás

verificaram – após denúncias do delegado e inspeções à cadeia pública de Ita-

paci – que os presos do município estavam confinados em um local absolu-

tamente insalubre e superlotado, com inegáveis violações aos direitos huma-

nos. A precariedade da cadeia resultava em insegurança para os moradores do

município, policiais civis e militares e também para os próprios presos, sendo

evidente a necessidade urgente de reforma do local.

Foi constatado que o edifício era inapropriado para ser utilizado como

cadeia pública devido a vários fatores: falta de espaço para os presos dormi-

rem; altas temperaturas; iluminação insuficiente; paredes rachadas, com infil-

trações; banheiros inadequados; caixas de esgoto abertas; pessoas com evi-

dências de doenças infecto-contagiosas convivendo com pessoas saudáveis;

presos provisórios e definitivos ocupando a mesma cela, entre outras situações

de risco.

Diante da comprovação técnica da omissão do governo do Estado, o

Ministério Público ajuizou ação civil pública para a interdição provisória da

cadeia e sua reforma emergencial. O pedido foi acolhido e a juíza de direito da

comarca de Itapaci estipulou ao Estado de Goiás um prazo para a reforma do

local, fixando multa diária no caso do descumprimento.

Apesar da interposição de recurso pelo Estado, a decisão foi mantida

pelo Tribunal de Justiça de Goiás, o que representou um marco da atuação do

Ministério Público do Estado de Goiás como articulador da política de segu-

rança pública.

Promotoria de Justiça de Itapaci Vinícius Marçal Vieira, promotor de Justiça

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Centro de Atendimento ao Idoso . 2007

O Centro de Atendimento ao Idoso de Niquelândia (Lar Almir Araújo Dias) é uma obra de grande relevância social. Além de pautar-se pela digni-dade de idosos carentes, é um admirável exemplo de atuação coletiva, proa-tiva e socialmente responsável. O processo de construção do lar aproximou o Poder Judiciário da sociedade civil e mobilizou o Ministério Público, o conse-lho da comunidade local, prefeitura, empresários e moradores da cidade, além de várias autoridades regionais. O objetivo comum era oferecer aos idosos condições mais dignas de vida, diferente do que tinham no antigo abrigo.

A área de 5.000 m2 foi doada pela prefeitura. A obra, iniciada em 2007 e concluída em 2009, foi executada a partir da destinação de verbas oriundas de transações penais e contribuições voluntárias. O resultado é um abrigo de 1.800 m2 de área construída, dividido em quatro blocos, com seis dormitórios e capacidade para 18 idosos cada. Os quartos são equipados com camas hos-pitalares adaptadas. Cada bloco conta também com salas de reunião e de con-vivência, salas de fisioterapia, consultório médico, ambulatório, farmácia, 20 banheiros, cozinha e restaurantes, vestiários e lavanderia. O espaço externo foi valorizado com fonte luminosa no jardim, bosque, pomar e horta comunitária, que criam um agradável ambiente de convivência ao ar livre.

O nome do abrigo é uma homenagem ao advogado Almir Araújo Dias, que presidiu por vários anos o conselho da comunidade. Gestor e responsável pelo êxito da obra, Almir dedicou os últimos anos de sua vida ao conselho, realizando uma série de obras em benefício do município de Niquelândia. Falecido alguns dias antes da inauguração do abrigo, foi eternizado em uma escultura em bronze no jardim do abrigo.

Após a finalização, o Lar foi doado oficialmente à Sociedade São Vicente de Paula, que passou a ser responsável pela sua administração. Mais do

Promotoria da comarca de Niquelândia Bernardo Boclin, promotor de Justiça

Centro de Apoio Operacional do Cidadão Marcelo Celestino, coordenador e promotor de Justiça

Participação

Poder Judiciário do Estado de GoiásRinaldo Aparecido Barros, juiz de Direito

Conselho da Comunidade Local Sandro Bernardes Araújo, presidente

Sociedade São Vicente de Paula

Prefeitura Municipal de Niquelândia

Anglo American

Votorantim Metais

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que um local digno para os idosos, o abrigo é a comprovação de que parcerias podem ir além de planos e projetos para se consolidar em alicerces reais que servem como exemplo de transformação social para Goiás e para todo o País.

Antes

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Aragarças . 2008

A região do noroeste goiano, divisa com o Estado do Mato Grosso, viven-ciou nos últimos anos o aumento do tráfico de drogas e ações de extermínio, supostamente praticadas por policiais militares. A partir de 2008, o Ministério Público do Estado de Goiás passou a intervir na região com o objetivo de avaliar e estabelecer novas estratégias para o enfrentamento da violência.

As investigações feitas pelo Ministério Público, em conjunto com a Polícia Civil, desvendaram crimes de extermínio, resultando na prisão de sete policiais, que passaram a ameaçar autoridades: a promotora, a delegada, uma perita criminal e o juiz foram intimidados a não realizarem os atos de persecu-ção penal.

Em novembro de 2008, foi realizada, no Fórum de Aragarças, uma audiência pública da qual participaram representantes de mais de 70 órgãos federais e dos Estados de Goiás e Mato Grosso. O objetivo foi estabelecer estratégias operacionais de coordenação, logística, acompanhamento, coope-ração, mapeamento, sensibilização popular e atuação regionalizada e desperso-nalizada das autoridades no enfrentamento da violência na região.

A partir desse encontro, o MP estabeleceu um plano de ação e formou uma força-tarefa integrada pelo Centro de Apoio Operacional e do Controle Externo da Atividade Policial, pelo Centro de Apoio de Combate a Organiza-ções Criminosas e pelos promotores da comarca de Aragarças e municípios próximos. Além do MP de Goiás e do Mato Grosso, as OABs de Goiás e do Mato Grosso, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e o Ministério Público Federal somaram seus esforços nesse ato público.

As principais estratégias propostas no plano de ação foram:- Execução das atividades sob a coordenação do Grupo de Repressão

ao Crime Organizado- Elaboração periódica de relatório circunstanciado dos casos investigados

Centro de Apoio Operacional Criminal e do Controle ExternoAlice de Almeida Freire, coordenadora e promotora de Justiça

Centro de Apoio de Combate a Organização Criminosas Rodney da Silva, coordenador e promotor de Justiça

Paulo Henrique Martorini, promotor de JustiçaRodrigo Félix Bueno, promotor de JustiçaCarlos Wolff de Pina, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de AragarçasWânia Marçal de Medeiros, promotora de JustiçaFabiana Cândido Máximo, promotora de Justiça

79a Promotoria - Auditoria MilitarCarmem Lúcia Santana de Freitas, promotora de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de IsraelândiaAna Paula Antunes Vieira Nery, promotora de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de São Luís de Montes BelosBruno Barra Gomes, promotor de Justiça

Promotorias de Justiça da Comarca de IporáDênis Augusto Bimbati Marquês, promotor de Justiça José Carlos Miranda Nery Júnior, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de Fazenda NovaEliseu Antônio da Silva Belo, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de Montes Claros de GoiásHenrique Golin, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de IvolândiaJosé Eduardo Veiga Braga Filho, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de AurilândiaRicardo Lemos Guerra, promotor de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de CaiapôniaTerezinha de Jesus Paula Sousa, promotora de Justiça

Promotoria de Justiça da Comarca de PiranhasThiago Galindo Placheski, promotor de Justiça

ParticipaçãoMinistério Público Federal

Poder Judiciário do Estado de GoiásSecretária de Segurança Pública e Justiça do Estado de Goiás

Procuradoria Federal dos Direitos do CidadãoPoder Judiciário do Estado de Mato Grosso

Ministério Público do Estado de Mato Grosso

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- Afastamento e/ou transferência de policiais, caso houvesse indícios de participação em ações de extermínio

- Despersonalização da atuação do MP e do Poder Judiciário- Envolvimento de entidades e movimentos de defesa do cidadão- Maior celeridade das ações penais e federalização de investigações- Inclusão de vítimas e testemunhas ameaçadas nos programas de proteção- Implantação e reforço na atuação dos Conselhos de Segurança e poli-

ciamento comunitário- Ações civis públicas contra atos de improbidade e violência policial- Atividades lúdicas, educativas e culturais para crianças e adolescentes

para o combate à violência e ao consumo e tráfico de drogas- Cooperação da Igreja Católica na Campanha da Fraternidade, cujo

tema, naquele ano, foi Fraternidade e Segurança Pública- Envolvimento de meios de comunicação em programas de formação

cidadã.Em novembro de 2008, atendendo requerimento formulado pelo

Ministério Público goiano, em decisão inédita, foi determinada a transferência dos militares presos provisoriamente em batalhão militar para a Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), considerando que, mesmo presos, continua-vam a ameaçar autoridades e intimidar testemunhas.

Pronunciados em outubro de 2009, atualmente os policiais militares aguardam julgamento.

Polícia Federal – Goiás e Núcleo de Barra do Garças (MT)Secretária Especial de Direitos Humanos da Presidência da República Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa HumanaComissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de GoiásComissão de Direitos Humanos da OAB–GoiásOAB – Subseções de Aragarças e Barra do GarçasPrefeituras Municipais de Aragarças e de Barra do GarçasCâmaras Municipais de Aragarças e de Barra do GarçasPolícia Civil de Aragarças e de Barra do GarçasComando da Policia Militar em Aragarças e Barra do Garças

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Lei da Hora Certa . 2008

Considerando que crimes violentos e delitos de trânsito estão em grande parte diretamente relacionados ao consumo de álcool – notadamente entre os menores de 18 anos – o Ministério Público de Goiás tomou uma série de medidas para criar uma política que minorasse os efeitos do uso do álcool entre a população.

Com base nos pressupostos da Política Nacional sobre o Álcool (Decreto Federal 6.117 de 2007) e na experiência do município paulista de Diadema, premiada pela ONU, as ações em Goiás têm como objetivo principal reduzir os danos à saúde e à vida, bem como prevenir situações de violência e criminalidade causadas pelo consumo do álcool. O maior foco das ações foram o entorno do Distrito Federal e municípios que apresentavam um elevado índice de criminalidade e violência.

Inicialmente o MP expediu recomendação às Secretarias Estadual e Municipais da Educação e ao Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiás, sobre a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos estabe-lecimentos de ensino e nas imediações. Elaborou ainda um anteprojeto de leis municipais, visando à regulamentação do horário de venda de bebidas alco-ólicas, e respectivo decreto regulamentador, para viabilizar a fiscalização do cumprimento da medida. As normas foram divulgadas ao público com o nome de Lei da Hora Certa.

As recomendações propostas pelo MP destacam os seguintes aspectos:

- incentivo à regulamentação da publicidade de bebidas alcoólicas, evitando o viés enganoso, indutivo e abusivo

- proibição do consumo de álcool durante festividades escolares

- restrição ao horário de vendas de bebidas alcoólicas

Centro de Apoio Criminal e do Controle Externo da Atividade Policial

Alice de Almeida Freire, coordenadora e promotora de Justiça

Núcleo de Apoio Técnico CriminalSandra Mara Garbelini, promotora de Justiça

Participação

Marcus Antônio Ferreira Alves, promotor de Justiça e coordenador do Projeto Entorno

Patrícia Teixeira Guimarães de Mendes, promotora de Justiça da Comarca de Formosa

Cassius Marcellus de Freitas Rodrigues, promotor de Justiça da Comarca de Goianápolis

Keller Divino Branquinho Adorno, promotor de Justiça da Comarca de Piracanjuba

Promotorias de Justiça de Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Formosa, Luziânia,

Novo Gama, Padre Bernardo e Planaltina

Polícia Militar

CNBB

Comunidades locais

Instituições religiosas

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- proibição de novas licenças para bares e similares a menos de 300 m de estabelecimentos de ensino

- fiscalização das normas pelo município e estabelecimento de penalidades

- colaboração de instituições não governamentais- envolvimento das comunidades, por meio de audiências públicas- implementação da medida sob forma de lei (não decreto), limitando

o horário de venda de bebidas nos locais de maior vulnerabilidade às situações de violência e danos sociais

Todas as cidades do entorno do Distrito Federal foram envolvidas nas ações e passaram a implementar as medidas. Com a realização de audiências públicas, as ações foram amplamente discutidas com a comunidade:

- em Planaltina, Cidade Ocidental, Santo Antônio do Descoberto e Novo Gama a medida é regulamentada nos respectivos Códigos de Postura Municipais.

- em Águas Lindas e Padre Bernardo já há Lei Municipal regulamen-tando a medida.

Outras cidades também aderiram ao programa e adotaram as medidas. As estatísticas de municípios como Goianápolis e Piracanjuba, pioneiros na implementação da legislação – respectivamente com a Lei 1.169/2008 e Lei 1329/2008 –, comprovam a significativa redução da violência e criminalidade.

O programa Lei da Hora Certa foi incluído entre as ações da Campa-nha da Fraternidade de 2009 da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), cujo tema foi Fraternidade e Segurança Pública.

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Projeto Leitura . 2008

Em 2008, a Promotoria de Ipameri desenvolveu um programa de lei-tura, por meio de convênio com a Secretaria Municipal da Educação e em par-ceria com os professores e diretores das escolas públicas da rede municipal.

A proposta surgiu da questão básica da educação: como despertar nos estudantes o prazer da leitura, já que se sabe que este hábito é fundamental para uma boa formação? A partir deste questionamento, as escolas participan-tes desenvolveram três projetos de leitura, divididos de acordo com a série e idade dos estudantes. Para alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental foi desenvolvido o projeto Ler e Escrever... com a Gente É pra Valer. O Fantástico Mundo da Leitura atendeu a alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Para estudantes de 18 a 90 anos, que participam do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) o projeto foi Viaje pelos Caminhos do Conhecimento.

O objetivo comum aos três projetos é reverter o baixo interesse dos alunos pelos livros, criando condições para que haja maior compreensão dos textos lidos e melhora na expressão pessoal, por meio de acesso a obras de qua-lidade e desenvolvimento de atividades de conscientização acerca da impor-tância e prazer da leitura. Para tanto, a estratégia de implantação procurou estimular a leitura com recursos multimídia, utilizando equipamentos como data-show, televisores, DVDs e computadores conectados à internet, procu-rando integrar as bibliotecas a estes recursos tecnológicos, com livre acesso aos estudantes.

A dedicação e esforço dos professores colaboradores e o apoio de diver-sos parceiros locais, como comerciantes, OAB e comunidade, além da Funda-ção Itaú Social e Rotary Club, foram fatores fundamentais para o sucesso dos programas de leitura.

Promotoria de Justiça de IpameriSimone Sócrates Bastos, promotora de Justiça

Participação

Secretaria Municipal da Educação de Ipameri

Comerciantes locais

Fundação Itaú Social

OAB

Rotary Club

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Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas e Álcool, uma alternativa para a abertura de diálogo . 2008

A Constituição de 1988 incentiva a criação de conselhos que promo-vem a democracia por meio da participação efetiva da comunidade. Esses conselhos podem também atuar na formação das políticas públicas, obtendo resultados mais sintonizados com as necessidades e anseios da sociedade. Par-ticularmente no que se refere aos conselhos municipais de políticas públicas sobre drogas e álcool, observa-se uma oportunidade para recuperação de usu-ários e traficantes.

Em 2008, a Promotoria de Justiça de Rio Verde – observando a ineficá-cia da atividade repressiva do Estado – fomentou a criação do Conselho Muni-cipal de Políticas Públicas sobre Drogas e Álcool no município. O objetivo era criar uma ferramenta de discussão sobre o tema, abordando prevenção, repres-são, tratamento e reinserção social.

A promotoria elaborou minuta de projeto de lei e o encaminhou à prefeitura, que o remeteu à Câmara de Vereadores. Foi então aprovada a Lei Municipal 5.473/2008, que instituiu o Conselho Municipal de Políticas Públi-cas sobre Drogas e Álcool e criou o Fundo Municipal sobre Drogas (Comad--RV) de Rio Verde.

Em 2009 iniciaram-se as atividades do Comad-RV. O primeiro passo foi a sensibilização da comunidade, por meio de reuniões públicas, entrevistas na rádio, em salas de aula, no plenário do Júri, entre outras ações. Em seguida, foi formado um comitê prévio, composto por conselheiros oriundos dos mais diversos segmentos sociais e ligados às atividades de prevenção, repressão, tra-tamento e reinserção social. Ainda sem sede própria, as reuniões ocorriam na 7ª

Promotoria de Justiça da Comarca de Rio VerdeMário Henrique Caixeta, promotor de Justiça

Participação

Prefeitura de Rio Verde

Câmara de Vereadores de Rio Verde

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Promotoria de Justiça, que colocou à disposição dos conselheiros material de expediente, computadores, telefones e todo o aparato necessário às atividades.

Em conjunto com os conselheiros, a promotoria redigiu o regimento interno do Comad-RV. Atualmente, está sendo elaborada a política municipal sobre drogas e álcool, instrumento de ação do Comad.

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Nova cadeia de Trindade . 2008

Num procedimento administrativo, o Ministério Público de Goiás constatou condições desumanas dos presos no Centro de Inserção Social (CIS) de Trindade. Ajuizou, por isso, pedido de interdição da unidade prisio-nal, em abril de 2008.

O pedido de interdição do CIS e de transferência dos presos foi aco-lhido pelo juiz da 2ª Vara, porém houve resistência com relação à decisão judi-cial por parte da Superintendência do Sistema de Execução Penal (Susepe), que alegou falta de recursos para solução efetiva e imediata do problema. Por outro lado, ao mesmo tempo, o Ministério Público tomou conhecimento de que o Centro de Recuperação de Dependentes Químicos (CER), cujas obras haviam sido concluídas em 2004, ainda não estava em operação.

Diante do impasse, o MP sugeriu à Susepe a utilização de recursos comunitários para a execução das obras de adequação do CER, advindos de prestações pecuniárias de condenações judiciais e contribuições de entidades e de prefeituras.

Por sugestão do MP e com a anuência do juiz, passou-se então à execu-ção do plano, que seguiu os seguintes passos:

- Realização de reuniões com prefeitos, o diretor do presídio e a Susepe- Abertura de conta do Fundo de Assistência Prisional de Trindade no

Banco do Brasil- Realização de mutirão na 2ª Vara, com destinação das condenações

pecuniárias ao fundo- Fiscalização da conta por uma comissão integrada por serventuários

e representante da OAB- Transferência de 26 presos do regime fechado para trabalhar na cons-

trução e adequação do CER

Terceira Promotoria de Justiça Eudes Leonardo Bomtempo, promotor de Justiça

Participação

Sistema de Execução Penal (Susepe)Jeová Aparecido, superintendente

2ª Vara do Judiciário – MM. juiz Eder Jorge

Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás

Ernesto Roller, secretário de Estado

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Capitaneada pelo MP, a união de esforços entre as três entidades pos-sibilitou resultados positivos. A mão de obra dos presos, o dinheiro das con-denações e a ajuda dos prefeitos e da Susepe no fornecimento do material de construção, viabilizaram a execução das obras.

Inicialmente foram implementadas a cozinha e uma horta comunitária, depois os alojamentos do regime semiaberto e do regime fechado. Com essas obras, o CER foi adequado para oferecer boas condições de cumprimento da pena, substituindo o antigo CIS, que foi posteriormente desativado.

As novas instalações do presídio, a cinco quilômetros do centro da cidade, foram inauguradas em 2009, adotando em seu partido arquitetônico a prioridade pela humanização no cumprimento da pena. Além disso, a unidade, que abriga até 350 detentos, oferece maiores oportunidades de ressocializa-ção, pelo trabalho na horta comunitária, na fabricação de bolas e pelo curso de costura.

Antes

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Combate à exploração sexual infantil . 2008

Grandes empreendimentos hidrelétricos provocam forte afluxo de tra-balhadores nas regiões em que são desenvolvidos, o que pode gerar problemas no caso de cidades de pequeno porte. Diante de casos de abuso sexual de crian-ças e adolescentes em municípios atingidos por empreendimentos hidrelétri-cos, o Ministério Público convocou a comunidade para discutir o problema. Representantes do MP dos municípios de São Simão, Itarumã, Caçu e Cacho-eira Alta planejaram, com autoridades e comunidades locais, um cronograma de ações, com o objetivo de promover um combate efetivo ao abuso e explora-ção sexual de crianças e adolescentes.

As ações propostas visaram atrair e envolver as comunidades, as autori-dades e instituições públicas e privadas, despertando o interesse para os temas da campanha. As principais ações realizadas pelo programa foram:

- Apresentação do jingle da campanha pelo grupo Batu, de São Simão

- Apresentação da peça teatral Bobo da Corte

- Palestras a cargo de representantes do Ministério Público e de órgãos públicos locais sobre aspectos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) relativos ao tema

- Apresentações de dança executadas por crianças do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti)

- Exposição de trabalhos artesanais de Grupos de Convívio Familiar e Centro de Referência e Assistência Social (Cras)

- Divulgação do Disque Nacional 100, para denúncias, mesmo anôni-mas, de abuso sexual

- Distribuição de brinquedos e doces às crianças

Promotoria de Justiça de Caçu Sílvia Maria A. Reis, promotora de Justiça

Promotoria de Justiça Cachoeira Alta Giordane Naves, promotor de Justiça

ParticipaçãoCentro de Referência e Assistência

Social e de Convivência Familiar

Conselho Tutelar de Itarumã Equipes de Comunicação Social

de Salto e Salto Verdinho

Prefeitura de Cachoeira Alta

Prefeitura de Caçu

Secretária Municipal de Educação de Cachoeira Alta

Secretária Municipal de Educação de Caçu

Secretarias de Promoção e Ação Social de Itarumã

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Estas ações – além de outras específicas realizadas em todos os municí-pios envolvidos, sempre com o apoio de instituições e da comunidade local – contribuíram para alcançar o resultado esperado: conscientizar crianças, ado-lescentes e seus pais, bem como a comunidade e entidades públicas e privadas sobre o tema, assegurando o direito das crianças e adolescentes ao desenvolvi-mento integral.

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Doação ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente . 2009

Com o objetivo de aumentar a arrecadação para o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FMDCA), o Centro de Apoio Ope-racional da Infância, Juventude e Educação do Ministério Público de Goiás criou uma campanha para esclarecer e captar recursos entre a população. A campanha incentiva a doação a este fundo, de acordo com o art. 260 da Lei nº 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente.

A iniciativa conta com a colaboração do Conselho de Contabilidade de Goiás, por meio de convênio de cooperação técnica e operacional, na exe-cução do programa Voluntariado da Classe Contábil. Cabe ao Conselho de Contabilidade divulgar, a pessoas físicas e jurídicas, as vantagens tributárias das doações ao FMDCA. A ideia é que cada contabilista estimule as contribui-ções entre seus clientes.

As doações podem ser feitas mediante depósitos bancários, com iden-tificação do depositante (nome e CPF), na conta do fundo. O doador envia uma cópia do comprovante para a sede do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). O comprovante é documento compro-batório da doação e servirá na hora da declaração, quando se poderá deduzir o valor integral da doação, até o limite de 6% do imposto de renda devido. No caso de pessoa jurídica, o limite será de até 1% do imposto de renda devido. O CMDCA comunicará a doação recebida à Receita Federal.

Com os recursos do FMDCA são desenvolvidas as mais diversas polí-ticas públicas do serviço municipal voltadas para a criança e o adolescente nos municípios goianos.

Em Vianópolis, o programa Você Doa e o Leão Paga a Conta é desen-volvido pelo CMDCA com o apoio da Promotoria de Justiça da Comarca de

Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação

Everaldo Sebastião de Sousa, coordenador e promotor de Justiça

Participação

Conselho de Contabilidade de Goiás

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Vianópolis. Os recursos arrecadados apoiam o desenvolvimento de políticas públicas, como, por exemplo, os programas Caminho Jovem, Trabalho Infan-til, Não!, Orientação Familiar, Paz na Família, Família de Apoio, Orientação Alimentar, Nossa Creche, entre outros.

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Invertendo o Jogo – Caça-Níqueis . 2009

O programa Invertendo o Jogo foi desenvolvido pelo Ministério Público em parceria com a ONG Defesa Comunitária e com delegacias de polícia do Estado. O objetivo é dar um destino adequado e útil ao maquinário explorado pelo crime organizado, reaproveitando o que era objeto de infração penal para transformá-lo em oportunidades para a comunidade goiana.

Nos últimos anos, com a intensificação da repressão aos jogos de azar, o número de equipamentos apreendidos em Goiás aumentou consideravel-mente, criando dificuldades para o armazenamento seguro das máquinas. Esta situação criou a necessidade de encontrar utilidade imediata para os equipa-mentos, de modo a evitar que voltem ao controle de quem explora o jogo.

Motivado por iniciativas bem sucedidas adotadas em outros Estados e, inclusive, em Goiás, o programa Invertendo o Jogo utiliza componentes das máquinas caça-níqueis apreendidas para confeccionar computadores que são então doados a unidades educacionais do ensino público e a entidades relevan-tes para a comunidade local. Esta ação promove a inclusão digital de crianças, adolescentes e pessoas carentes, além de reduzir o acúmulo de lixo eletrônico no meio ambiente.

Somente entre os meses de julho e dezembro de 2009, as ações do pro-grama confeccionaram e doaram 103 computadores a instituições públicas de Goiás.

Centro de Apoio Operacional Criminal e do Controle Externo

Geibson Cândido Martins Rezende, coordenador e promotor de Justiça

Participação

ONG Defesa Comunitária

Terminou-se de imprimir em novembro de 2010,

no 22º aniversário da Constituição de 1988.