Correio APPOA 195 miolo - appoa.com.br · e que se chama suscitar um novo desejo” (lição 10 de janeiro de 1968). Enfim, na trama do dizer e fazer, incluem-se ato e significante,

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    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .1

    edito

    rial.

    A d

    ata de n

    ossas Jornad

    as Cln

    icas se aproxim

    a. Dizer e fazer em

    anlise o m

    ote para in

    dagar os fios qu

    e tecem p

    alavras e atos ao longo

    da d

    ireo da cu

    ra. Prim

    eiro era o verbo, conform

    e o bblico Joo, ou

    antes d

    e tud

    o era o ato, conform

    e Goeth

    e? Lacan situ

    a a pergu

    nta p

    ara

    logo respon

    der qu

    e no h

    oposio n

    as du

    as frmu

    las. Ele re

    ne, assim

    ,

    no m

    esmo tecid

    o, os atos de p

    alavra e a lingu

    agem qu

    e comp

    romete o

    sujeito em

    seus atos. N

    a mesm

    a trama tam

    bm esto an

    alista e analisan

    te,

    no cam

    po con

    stitud

    o de d

    izeres e fazeres. De ou

    tro lado, Lacan

    busca n

    o

    Sem

    inrio d

    edicad

    o ao tema, o estatu

    to do ato, com

    o se ele fosse n

    ico,

    com p

    ropried

    ades esp

    ecficas e localiza a a possibilid

    ade d

    e um

    verda-

    deiro com

    eo. Trata-se n

    um

    a anlise d

    e mu

    ito dizer at qu

    e o ato se torne

    possvel ou

    o ato aquilo qu

    e perm

    ite que as p

    alavras digam

    de u

    m su

    jei-

    to? O qu

    e vem an

    tes, verbo ou ao, falar ou

    fazer? Op

    es no exclu

    den

    tes,

    tais pergu

    ntas alu

    dem

    ao que o S

    emin

    rio concebe a resp

    eito da an

    lise:

    um

    voltar de ou

    tra forma ao p

    onto d

    e partid

    a, no reen

    contran

    do n

    un

    ca,

    porm

    , o pon

    to mtico d

    o incio. D

    iz aind

    a Lacan qu

    e o fim d

    e anlise

    acontece qu

    and

    o se rodou

    em circu

    ito, mais d

    e um

    a vez, ou seja, qu

    e se

    reencon

    trou aqu

    ilo de qu

    e se prision

    eiro. No fin

    al, embora, h

    aja um

    reencon

    tro, o sujeito origin

    al, quer d

    izer, alud

    e singu

    laridad

    e prp

    ria

    ao ato analtico e ao com

    eo enqu

    anto fu

    nd

    ao de u

    m n

    ovo. De tessitu

    ra

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .3

    notc

    ias.

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    02.

    edito

    ria

    l.

    n

    ica, de voltas e avan

    os, com os fios d

    a lingu

    agem e d

    os atos, um

    final

    de an

    lise prod

    uz u

    m su

    jeito ind

    ito.

    Para exemp

    lificar este ined

    itismo, Lacan

    se vale da h

    istria de C

    sar

    e o atravessamen

    to do R

    ubico. R

    ubico era o n

    ome an

    tigamen

    te utiliza-

    do d

    o rio na Itlia S

    etentrion

    al, que corria p

    ara o mar A

    dritico. N

    o scu-

    lo I a. C., este rio form

    ava a linh

    a de fron

    teira entre a Itlia e a p

    rovncia

    roman

    a da G

    lia Cisalp

    ina. E

    m 49 a. C

    ., o futu

    ro dirigen

    te roman

    o Jlio

    Csar fez a su

    a famosa travessia d

    o Ru

    bico, dep

    ois do S

    enad

    o roman

    o

    t-lo proibid

    o de en

    trar na Itlia com

    seu exrcito. Tal m

    edid

    a visava a

    imp

    edir qu

    e os generais m

    anobrassem

    grand

    es contigen

    tes de trop

    as no

    n

    cleo do Im

    prio R

    oman

    o, evitand

    o riscos estabilidad

    e do p

    oder cen

    -

    tral. Qu

    and

    o Jlio C

    sar atravessou o R

    ubico, em

    persegu

    io a Pomp

    eu,

    violou a lei, torn

    and

    o inevitvel o con

    flito e a deflagrao d

    e um

    a guerra

    civil. A exp

    resso atravessar o Ru

    bico passou

    a ser usad

    a desd

    e ento

    para referir a qu

    alquer p

    essoa que tom

    e um

    a deciso arriscad

    a de m

    anei-

    ra irrevogvel, sem volta.

    Lacan evoca C

    sar e o Ru

    bico para con

    siderar qu

    e o ato no qu

    al-

    quer ao, p

    osto que u

    ma ao sign

    ificante. O

    ato no se refere m

    agni-

    tud

    e do obstcu

    lo, mas sim

    ao valor significan

    te que o acom

    pan

    ha. C

    sar

    no p

    erman

    ece igual d

    epois d

    o ato, pois ele d

    lugar a algo in

    aud

    ito.

    Ultrap

    assar o Ru

    bico no tin

    ha, p

    ara Csar, u

    ma sign

    ificao militar

    decisiva. M

    as, em com

    pen

    sao, ultrap

    ass-lo era entrar n

    a terra-me, a

    terra da R

    ep

    blica, aquela em

    que abord

    ar era violar. (...) No terren

    o do

    ato h tam

    bm certa u

    ltrapassagem

    , ao evocar essa dim

    enso d

    o ato re-

    volucion

    rio e caracteriz-lo como d

    iferente d

    e toda a eficcia d

    a guerra

    e que se ch

    ama su

    scitar um

    novo d

    esejo (lio 10 de jan

    eiro de 1968).

    En

    fim, n

    a trama d

    o dizer e fazer, in

    cluem

    -se ato e significan

    te, tra-

    vessia dos obstcu

    los imp

    ostos pelo fan

    tasma, n

    ovo lugar, d

    esejo renova-

    do e su

    jeito transform

    ado. A

    esto algun

    s dos elem

    entos qu

    e as Jornad

    a

    Cln

    icas da A

    PP

    OA

    preten

    dem

    tecer, percorrer.

    Jo

    rna

    da

    s C

    lnic

    as d

    a A

    PP

    OA

    D

    IZE

    R E

    FAZ

    ER

    EM

    AN

    LISE

    06 e 07 de n

    ovembro d

    e 2010

    Cen

    tro de E

    ventos d

    o Hotel P

    laza So R

    afael

    Av. A

    lberto Bin

    s, 514 Porto Alegre R

    S B

    rasil

    Freud

    abre o sculo X

    X p

    ropon

    do n

    os captu

    los da Psicop

    atologia da

    Vid

    a Cotid

    iana u

    ma reviravolta n

    a forma d

    e pen

    sar os esquecim

    entos, os

    lapsos, as d

    escontin

    uid

    ades qu

    e se apresen

    tam com

    frequn

    cia em n

    osso

    dia a d

    ia. Toma seu

    trao de en

    igma e p

    rope su

    a decifrao com

    a aten-

    o flutu

    ante d

    e um

    pesqu

    isador qu

    e busca os d

    etalhes m

    ais sutis, p

    ara

    alm d

    as evidn

    cias. Lacan, a p

    artir desta obra freu

    dian

    a, destaca os atos

    falhos, o ato sexu

    al e a passagem

    ao ato prop

    ond

    o esse estranh

    o par d

    e

    palavras, o ato p

    sicanaltico. In

    terroga: O qu

    e para o p

    sicanalista u

    m

    ato? Qu

    al sua p

    arte no jogo? S

    eria a interp

    retao? Seria a tran

    sferncia?

    Se Freu

    d in

    augu

    ra um

    a nova ord

    em com

    o incon

    sciente, Lacan

    , no S

    emi-

    nrio X

    V, faz um

    outro giro, form

    ulan

    do a d

    iviso $

    a como efeito d

    o

    discu

    rso do p

    sicanalisan

    te, a partir d

    o ato analtico n

    a transfern

    cia.

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .5

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    04.

    notc

    ias.

    Lacan in

    terromp

    eu seu

    Sem

    inrio O

    Ato Psican

    altico no calor d

    os

    acontecim

    entos d

    e maio d

    e 68 em Paris, qu

    and

    o foi cham

    ado a tom

    ar

    posio e o fez em

    ato, jun

    tand

    o-se s barricadas d

    os estud

    antes. C

    om

    isso ind

    icou qu

    e todo ato p

    orta um

    a face de su

    bverso, de m

    ovimen

    to, de

    abertura d

    o incon

    sciente. O

    ato transgressivo n

    a med

    ida em

    que, ao

    romp

    er com o estabelecid

    o, inau

    gura u

    m n

    ovo comeo, p

    rodu

    z um

    a alte-

    rao a partir d

    a qual j n

    o h m

    ais retorno p

    ossvel. o qu

    e autoriza a

    tarefa psican

    alisante. Faz su

    rgir a ambigu

    idad

    e que m

    arca o sujeito em

    relao ao saber, divid

    ido em

    sua h

    incia fu

    nd

    amen

    tal, que n

    o se revela

    a no ser em

    sua face d

    e descon

    hecim

    ento.

    Nossa Jorn

    ada C

    lnica com

    partilh

    a com Freu

    d e Lacan

    a prop

    osio

    de tram

    ar na op

    erao analtica ato, fazer, d

    izer e significan

    te. Com

    o

    esses conceitos se d

    istingu

    em e se con

    jugam

    na an

    lise nos d

    iferentes

    lugares d

    e analisan

    te e analista? C

    omo se com

    binam

    na an

    lise de crian

    -

    as? Qu

    ais especificid

    ades d

    o ato e da lin

    guagem

    na in

    fncia? E

    nas d

    e-

    mais cln

    icas, quais as fu

    nes d

    o dizer e d

    o fazer na cu

    ra psican

    altica?

    06/11 S

    BA

    DO

    / MA

    NH

    9hA

    bertura

    Mesa 1

    Um

    pon

    to de p

    artida

    Ester T

    revisan A

    PP

    OA

    Fernan

    da B

    reda A

    PP

    OA

    Carlos H

    enriqu

    e Kessler A

    PP

    OA

    9h45

    Con

    ferncia La logica d

    el acto en la exp

    eriencia d

    el analisis

    Isidoro V

    egh E

    scuela Freu

    dian

    a de B

    uen

    os A

    ires

    Intervalo

    11h 15

    Mesa 2

    Ratos

    Elain

    e Starosta Fogu

    el AP

    PO

    A

    (Des)ato

    Ad

    o Luiz Lop

    es da C

    osta AP

    PO

    A

    06/11 S

    BA

    DO

    / TA

    RD

    E

    14h30

    Con

    ferncia Las in

    tervencion

    es del A

    nalista

    en el A

    nalisis d

    e un

    ni

    o

    Alba Flesler E

    scuela Freu

    dian

    a de B

    uen

    os Aires

    15h45

    Mesa 3

    Vid

    a privad

    a e o objeto a-ato: Lacan e Tolstoi

    Ed

    son Lu

    iz An

    dr d

    e Sou

    sa AP

    PO

    A

    Cad

    a um

    tem o an

    alista que m

    erece

    Ricard

    o Gold

    enberg A

    PP

    OA

    Intervalo

    17h30

    Con

    ferncia Faa!

    Jacques Laberge In

    terseco Psicanaltica d

    e Brasil - R

    ecife

    07/11 DO

    MIN

    GO

    / MA

    NH

    9h30

    Mesa 4

    A relqu

    ia: o ato diz algo

    Maria A

    uxiliad

    ora Pastor Su

    dbrack A

    PP

    OA

    O ato d

    e Lacan

    Liz Nu

    nes R

    amos A

    PP

    OA

    Efeitos d

    o discu

    rso: notas sobre o sign

    ificante p

    sicanlise

    na cu

    ltura

    Robson

    de Freitas Pereira A

    PP

    OA

    Intervalo

    11hC

    onfern

    cia Ato e actin

    g out (d

    e Zelig at A

    rosa

    p

    rpu

    ra do C

    airo)

    Alfred

    o Jerusalin

    sky AP

    PO

    A

    En

    cerramen

    to

    Lcia A

    lves Mees Presid

    ente d

    a AP

    PO

    A

  • co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    06.

    notc

    ias.

    ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .7

    temtic

    a.

    No

    tas s

    ob

    re u

    m e

    nc

    on

    tro m

    arc

    ad

    o1

    Liz N

    unes R

    am

    os

    Du

    rante a elaborao d

    este texto, um

    a criana m

    e pergu

    ntou

    como

    era min

    ha escola. A

    ind

    agao insp

    irou-m

    e a interrogar qu

    e escola a

    institu

    io psican

    altica e como se d

    a transm

    isso da p

    sicanlise, a p

    ar-

    tir da su

    bverso mu

    ito particu

    lar que ela op

    era das n

    oes de saber e

    sujeito, ao su

    stentar qu

    e o saber no o con

    hecim

    ento e qu

    e o sujeito n

    o

    o ind

    ivdu

    o, mas o d

    o incon

    sciente.

    Ap

    oiei-me n

    a lgica que Lacan

    traz no sem

    inrio d

    o Ato p

    sicanalti-

    co. Ele con

    temp

    orneo d

    a prop

    osio do p

    rocedim

    ento d

    o passe, d

    e 09/

    10/67, e consecu

    tivo ao da Lgica d

    o fantasm

    a, no qu

    al formu

    la que

    no h

    ato sexual, p

    ois h u

    ma fen

    da irred

    utvel en

    tre os parceiros. O

    conceito d

    e ato surge com

    o algo novo, rad

    ical no cam

    po p

    sicanaltico,

    ressituan

    do o qu

    e organiza a form

    ao. Qu

    al o estatuto d

    o psican

    alista e

    1 Artigo elaborado a partir de trabalho apresentado pela autora na Jornada de Abertura da APPOA, em abril de 2010.

    Mu

    da

    n

    a d

    e e

    nd

    ere

    o

    ele

    trn

    ico

    Lucy Lin

    hares d

    a Fontou

    ra inform

    a seu n

    ovo e-mail:

    lucylin

    haresfon

    toura@

    gmail.com

    INFO

    RM

    A

    E

    S E

    INS

    CR

    I

    ES

    Categorias

    An

    tecipad

    as at 22/10A

    ps ou

    no local**

    Associad

    os R

    $110,00 R

    $140,00

    Estu

    dan

    tes de grad

    uao

    e Recm

    formad

    os* R

    $1

    20

    ,00

    R

    $150,00

    Profissionais

    R$140,00

    R$180,00

    * Estudantes de GRADUAO e recm form

    ados at 2 anos, mediante com

    provao.** Se houver vagas

    DE

    MA

    IS IN

    FOR

    MA

    ES

    :

    Sed

    e da A

    PP

    OA

    Horrio d

    e fun

    cionam

    ento d

    a Secretaria: d

    e segun

    da qu

    inta-fei-

    ra, das 8h

    30min

    s 21h30m

    in e sextas-feiras, d

    as 8h30m

    in s 20h

    .

    Inscries m

    edian

    te dep

    sito bancrio p

    ara o Ban

    co Ban

    risul: agn

    -

    cia: 0032, conta-corren

    te: 06.039893.0-4 ou B

    anco Ita

    , agncia: 0604,

    conta-corren

    te: 32910-2. Neste caso, en

    viar, por fax ou

    e-mail, o com

    pro-

    vante d

    e pagam

    ento d

    evidam

    ente p

    reench

    ido p

    ara a inscrio ser efeti-

    vada. E

    stud

    antes d

    e Grad

    uao d

    evero apresen

    tar comp

    rovante d

    e ma-

    trcula em

    curso su

    perior.

    Inscries p

    elo site: ww

    w.ap

    poa.com

    .br, aps efetu

    ar a inscrio

    pelo site, en

    viar por fax ou

    e-mail o com

    provan

    te de p

    agamen

    to devid

    a-

    men

    te preen

    chid

    o.

    As vagas so lim

    itadas.

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .9c

    orre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    08.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    na, seja rem

    anejad

    o. Se a ligao d

    e significan

    te a significan

    te a que

    subjetiva e n

    essa ligao que se d

    esdobra a exp

    erincia an

    altica, ento,

    na p

    rpria d

    etermin

    ao do su

    jeito que o ato in

    cide, ap

    s o qual o $ n

    o

    ser mais o m

    esmo.

    Qu

    al a essncia d

    o que o p

    sicanalista op

    era por seu

    ato? Lacan

    retoma Freu

    d, A

    psicop

    atologia da vid

    a cotidian

    a, dem

    onstran

    do qu

    e

    na d

    imen

    so do ato, seja falh

    o, sintom

    tico ou acid

    ental, n

    o se tratar

    jamais sen

    o do sign

    ificante a bu

    scar leitura, qu

    e s pod

    e ser efetuad

    a

    posteriori. D

    estaque p

    ara o termo: n

    achtrglich, a posteriori. Ele fu

    nd

    a-

    men

    tal na an

    lise e na form

    ao, constitu

    ind

    o o temp

    o de elaborao.

    No sabem

    os do ato qu

    e o analista leva a cabo, sen

    o pelos efeitos, s

    dep

    ois. No h

    nad

    a que ele p

    ossa saber antecip

    adam

    ente fala d

    o

    analisan

    te.

    Ap

    agado qu

    anto ativid

    ade, lh

    e cabe interrogar as relaes d

    o ser

    com a fala. S

    ua resp

    onsabilid

    ade, n

    a transfern

    cia, no se refere in

    ter-

    veno em

    qualqu

    er contexto in

    tersubjetivo, n

    o nvel d

    as relaes de ob-

    jeto, mas ao d

    iscursivo. Freu

    d m

    encion

    a, na In

    terpretao d

    os sonh

    os,

    que ao an

    alis-los algo era deixad

    o em su

    spen

    so, send

    o semp

    re ali que

    um

    a verdad

    e ficava retida, in

    du

    zind

    o a erros de in

    terpretao. O

    verda-

    deiro p

    asso, essencial qu

    anto ao ato, p

    ostula Lacan

    , precisa ser d

    ado p

    ara

    clarear a noo, a fu

    no d

    o descon

    hecim

    ento, d

    a babaquice, p

    ara ressal-

    tar a pertin

    ncia e o valor d

    o lapso, d

    a dim

    enso d

    o chiste.

    preciso

    trazer a verdad

    e ao camp

    o do O

    utro, p

    elo chiste, d

    imen

    so aberta somen

    -

    te quan

    do a su

    spen

    so deixa o sign

    ificante em

    seu jogo.

    O in

    teresse fascinan

    te desses d

    ois captu

    los que n

    o ato sintom

    ti-

    co, o prim

    eiro a ser situad

    o por Freu

    d, h

    algo de origin

    al, h u

    ma abertu

    -

    ra, um

    trao de lu

    z, algo de in

    un

    dan

    te que p

    or mu

    ito temp

    o no voltar a

    se fechar. V

    emos a extrem

    a acolhid

    a de Freu

    d e Lacan

    para com

    o sinto-

    ma, tom

    and

    o-o por u

    m lad

    o como fracasso d

    o que sabvel p

    elo sujeito,

    mas, p

    or outro, com

    o algo que sem

    pre rep

    resenta algu

    ma verd

    ade, con

    s-

    de seu

    ato? O qu

    e lhe au

    toriza? O qu

    e perm

    ite instalar u

    ma an

    lise, como

    se desd

    obra e o que seria o seu

    trmin

    o? A qu

    esto se imp

    un

    ha n

    aquele

    mom

    ento e Lacan

    ressalta que a p

    assagem d

    o analisan

    te a psican

    alista

    resulta d

    e um

    a mu

    tao do d

    esejo, j que n

    o se trata se realiza-lo, mas

    de en

    gajar-se na p

    rtica a partir d

    o desejo d

    o analista.

    J de in

    cio, Lacan d

    iz que vem

    os o ato na en

    trada d

    e um

    a anlise.

    Ela exige o ato d

    e se decid

    ir e a se opera u

    m fran

    queam

    ento. In

    stalar-se

    como p

    sicanalista tam

    bm con

    stitui u

    m ato, qu

    and

    o chega ao p

    onto d

    e

    que este p

    ossa inscrever-se em

    algum

    lugar, p

    or exemp

    lo, nu

    ma in

    stitui-

    o. Ou

    , o incon

    sciente sem

    pre existiu

    , mas qu

    and

    o Freud

    reconh

    ece seus

    efeitos e o inscreve d

    e forma in

    contestvel n

    a cultu

    ra falamos d

    a fun

    da-

    o da p

    sicanlise com

    o ato. A, h

    ouve algo d

    a escritura, sem

    pre im

    plicad

    a

    nu

    m ato.

    E fu

    nd

    ar um

    a institu

    io psican

    altica constitu

    i um

    ato, j que a h

    is-

    tria da p

    sicanlise est rep

    leta de in

    stituies, fu

    nd

    adas e d

    issolvidas

    nu

    m p

    iscar de olh

    os? A fu

    nd

    ao da A

    PP

    OA

    constitu

    iu e ap

    s seus 20

    anos n

    os pergu

    ntam

    os o que foi fran

    quead

    o ento?

    Para desd

    obrar a ind

    agao sobre o que o ato p

    sicanaltico, Lacan

    diz qu

    e para aced

    er a um

    saber preciso con

    siderar a d

    imen

    so da verd

    a-

    de in

    conscien

    te do d

    esejo. A isso n

    o acedem

    os por u

    m saber p

    rescritivo

    e introd

    uz, ain

    da, u

    ma d

    iferena d

    e prin

    cpio em

    relao un

    iversidad

    e.

    Diz qu

    e se vm ou

    vi-lo porqu

    e tm a im

    presso d

    e que ali se en

    un

    cia

    algo que p

    oderia ter con

    seqn

    cias. O p

    rincp

    io do qu

    e cham

    ou en

    sino

    de facu

    ldad

    e que tu

    do p

    osto em circu

    lao de form

    a tal que n

    o tenh

    a

    conseq

    ncias, n

    o ocasione d

    esorden

    s. Pois, na p

    sicanlise, o ato tem

    conseq

    ncias, elas esto d

    o lado d

    o psican

    alisante, d

    a subverso d

    o su-

    jeito; no visa recon

    fortar e no in

    cide em

    fatos da vid

    a, mas em

    sua

    posio d

    iscursiva. O

    estatuto d

    o sujeito n

    o se realiza seno n

    a lingu

    a-

    gem, em

    sua estru

    tura, e o ato an

    altico no a d

    eixa intacta. H

    , portan

    to,

    desord

    em, p

    ara que o fan

    tasma, a relao d

    o sujeito ao objeto qu

    e o alie-

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .11

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    010.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    que n

    enh

    um

    analista p

    oderia saber e s em

    erge quan

    do o an

    alisante fala.

    Um

    analista s p

    ode ligar u

    ma cad

    eia at ento d

    esconh

    ecida. A

    est o

    que con

    stitui a d

    ificuld

    ade d

    a anlise e d

    o ensin

    o da p

    sicanlise. C

    omo

    curar e en

    sinar, se o p

    sicanalista, p

    or defin

    io, no sabe e n

    o disp

    e de

    prescries? C

    ada u

    m p

    recisa haver-se com

    a singu

    laridad

    e de su

    a traje-

    tria. A cu

    ra deriva, p

    ois, do exerccio d

    a palavra e n

    o possvel en

    si-

    nar, sen

    o transm

    itir um

    a experin

    cia de in

    vestigao do in

    conscien

    te.

    Se o an

    alista faz algo simu

    lar que sabe, e seu

    ato de sim

    ulao

    causa d

    e um

    processo n

    o qual ele p

    isa em falso p

    ara renovar a p

    resena

    do su

    jeito, fazer surgir a m

    isteriosa relao do $ ao objeto qu

    e o aliena.

    Esta su

    posio en

    gend

    ra algo parecid

    o com o am

    or, qu

    e no ser

    correspon

    did

    o, mas in

    staurar o circu

    ito da d

    eman

    da e colocar em

    cir-

    culao a p

    alavra. O ato d

    o analista aceitar ser su

    porte d

    a sup

    osio

    que au

    toriza o sujeito a am

    ar e falar e, na in

    stituio, a p

    rodu

    zir. Am

    pa-

    rado u

    nicam

    ente n

    o desejo d

    o analista, d

    e extrair da fala o con

    ted

    o

    incon

    sciente, ele in

    staura a exp

    erincia d

    iscursiva qu

    e se end

    erea ao

    Ou

    tro, nu

    nca su

    a pessoa, d

    and

    o garantias p

    ara o amor d

    e transfern

    cia

    se desd

    obrar. u

    ma su

    posio

    til para en

    gajar o sujeito n

    a tarefa e

    fazer entrar em

    jogo o Ou

    tro. H u

    m qu

    e j sabe. Este seu

    estatuto e

    dessa p

    osio em falso qu

    e o caracteriza, o analista, su

    stentad

    o apen

    as

    pelo d

    esejo do an

    alista, s se autoriza p

    elo eco, pelo efeito d

    e seu ato.

    No h

    autorizao an

    tecipad

    a, fora do lao tran

    sferencial e d

    a emer-

    gncia d

    o saber no sabid

    o do in

    conscien

    te. No existe, em

    nen

    hu

    m

    lugar, S

    .s.S., m

    uito m

    enos p

    ara o analista. N

    o entan

    to, seu ato u

    ma

    profisso d

    e f no S

    .s.S.

    Esta a estru

    tura d

    o ato para Lacan

    , dar su

    porte tran

    sferncia. E

    tal

    estrutu

    ra ele pe em

    ato peran

    te o p

    blico que vem

    ouvi-lo, n

    um

    a opera-

    o clara de tran

    smisso. E

    le diz: N

    o posso oferecer-lh

    es nad

    a em troca

    de su

    a presen

    a, mas p

    ede qu

    e lhe en

    derecem

    pergu

    ntas e observaes,

    que in

    diqu

    em com

    o o escutam

    , estabelece um

    meio d

    e trocas, perm

    ite

    titui u

    m d

    izer, como criao. Logo, n

    o pod

    e ser disp

    ensad

    o, pois tem

    fun

    o. Am

    bos conclu

    em qu

    e se trata de abrir as vias ao qu

    e do sexu

    al

    escapa ap

    reenso n

    a lingu

    agem.

    Lacan se p

    ergun

    ta semp

    re a quem

    se end

    erea e diz qu

    e seu m

    odo d

    e

    ensin

    o se organiza fora d

    a transm

    isso de u

    m saber n

    ormativo, o d

    os ins-

    titutos d

    e ento.

    da tran

    smisso d

    e um

    estilo que se trata, p

    onto qu

    e

    para a A

    PP

    OA

    fun

    dam

    ental garan

    tir. Nas socied

    ades qu

    e men

    ciona, o

    analista con

    strangid

    o a susten

    tar um

    discu

    rso abusivam

    ente d

    idtico,

    que n

    o tem a ver com

    os problem

    as prop

    ostos pela exp

    erincia cotid

    ia-

    na. C

    omo organ

    izar um

    ensin

    o que n

    o mascare o qu

    e fica semp

    re oculto

    nas p

    sicanlises d

    itas did

    ticas? esta a qu

    esto que p

    residiu

    a fun

    dao

    da A

    PP

    OA

    e dirige n

    ossos pressu

    postos d

    e formao.

    A p

    rincip

    al das qu

    estes a diferen

    ciar como p

    rincp

    io do seu

    ensin

    o

    o que Lacan

    acentu

    a: O qu

    e pod

    e ser o fim d

    a psican

    lise did

    tica, j

    que seu

    trmin

    o burocraticam

    ente p

    r-determ

    inad

    o? O qu

    e seria o tr-

    min

    o de u

    ma op

    erao que tem

    relao com a verd

    ade? N

    aquele m

    ode-

    lo, seria possvel con

    ceber o fim com

    o resto da an

    lise da tran

    sferncia?

    E o qu

    e a anlise d

    a transfern

    cia? No sen

    o a elimin

    ao do

    sujeito su

    posto ao saber. C

    itao de Lacan

    : ... no cu

    rso do fazer p

    sicana-

    lisante, n

    a camin

    had

    a em d

    ireo ao que d

    iz respeito ao h

    orizonte, m

    i-

    ragem, ao p

    onto d

    e chegad

    a... de sad

    a o psican

    alisante tom

    a seu basto,

    carrega seu alforje, p

    ara ir ao encon

    tro, ao encon

    tro marcad

    o com o su

    jei-

    to sup

    osto saber. Assim

    comea u

    ma an

    lise, este comeo d

    etermin

    a seu

    desd

    obramen

    to e o que p

    recisar ser resolvido d

    a transfern

    cia ao final.

    Mas, o an

    alisante n

    o susp

    eita que a este en

    contro m

    arcado o S

    .s.S

    no com

    parecer, p

    orque ele u

    m artefato. N

    o entan

    to, preciso su

    p-lo.

    O an

    alista simu

    la que a p

    osio do S

    .s.S. seja su

    stentvel, p

    orque n

    essa

    sup

    osio est a n

    ica possibilid

    ade d

    e acesso verdad

    e que o $ s en

    tre-

    ga ao sup

    or que o an

    alista sabe do qu

    e o determ

    ina, qu

    and

    o de fato o qu

    e

    o determ

    ina su

    stenta-se ap

    enas n

    um

    a cadeia articu

    lada d

    e significan

    tes,

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .13

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    012.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    respon

    svel por d

    eixar o analisan

    te trabalhar e o an

    alista man

    ifestar-se

    apen

    as na d

    imen

    so do ato e d

    a interp

    retao, s se susten

    ta no fato d

    e

    que se su

    pe qu

    e o psican

    alista tenh

    a chegad

    o ao trmin

    o da an

    lise,

    quan

    do ad

    vm a castrao e seu

    analista n

    o mais S

    .s.S. Pon

    to de vira-

    da d

    e psican

    alisante a p

    sicanalista, referen

    te de tod

    a comp

    etncia an

    a-

    ltica. Esta con

    cepo d

    a transfern

    cia nova.

    esta estrutu

    ra do ato,

    seu verd

    adeiro n

    na fu

    no d

    o S.s.S

    ., que p

    recisamos con

    hecer p

    ara sa-

    ber o que se p

    assa no cam

    po lim

    itado qu

    e a psican

    lise.

    O ato se d

    efine p

    or ser corte nu

    ma cad

    eia, logo, o fim d

    a anlise n

    o

    pod

    eria ser concebid

    o a no ser n

    a lgica de u

    m corte, op

    erado p

    ela trans-

    ferncia n

    a transfern

    cia, desp

    rend

    end

    o o sujeito d

    a alienao ao objeto

    do fan

    tasma, n

    a cena em

    que se v com

    o objeto do O

    utro. T

    rata-se para o

    analista d

    e faltar ao encon

    tro marcad

    o com o S

    .s.S, p

    ara comp

    arecer em

    Ou

    tro lugar, p

    ois no h

    encon

    tro possvel.

    O qu

    e se torna o S

    .s.S? S

    eguram

    ente, ele cai. S

    pod

    e aceitar a su-

    posio d

    e saber o analista qu

    e aceitar que cair e for cap

    az de fazer com

    o analisan

    te o luto d

    os significan

    tes que su

    stentam

    o eu id

    eal, caso con-

    trrio, man

    ter a alienao.

    da articu

    lao do ato com

    a verdad

    e, com o

    saber insabid

    o, que Lacan

    parte p

    ara avanar. O

    saber (enqu

    anto con

    he-

    cimen

    to) lembra, u

    ma fu

    no im

    aginria, u

    ma id

    ealizao. Nu

    nca sa-

    bemos tan

    to quan

    to sup

    omos. A

    verdad

    e, ao contrrio, est n

    o lugar d

    o

    Ou

    tro, acessvel investigao.

    Vem

    os que se n

    o h p

    aridad

    e na tran

    sferncia, con

    jun

    o, h con

    ju-

    gao do ato e d

    a tarefa, atravs do a, com

    o termo m

    dio. O

    objeto a

    efeito do d

    iscurso d

    o psican

    alisante, d

    ecisivo para tu

    do o qu

    e diz resp

    ei-

    to estrutu

    ra do in

    conscien

    te e interven

    o analtica. O

    psican

    alista

    por estar em

    posio d

    e a, faz girar tud

    o que d

    iz respeito ao d

    estino d

    o $,

    na relao com

    a verdad

    e. Lacan d

    iz que o an

    alista no p

    ossui, m

    as faz

    semblan

    te desse objeto. E

    le se faz de olh

    ar, de voz, d

    e fezes a reter ou

    expu

    lsar, de falo a con

    quistar, torn

    and

    o possvel a op

    erao. Ele n

    o

    objeto, nem

    saber, semblan

    te.

    que os in

    teressados in

    screvam su

    a presen

    a e man

    ifestem seu

    desejo. Q

    ue

    tomem

    a palavra e n

    o se apegu

    em ao saber qu

    e sup

    em n

    ele. Assim

    ,

    Lacan faz com

    parecer su

    a castrao e, por efeito, a d

    os ouvin

    tes.

    o qu

    e faz o psican

    alista. Sem

    significao e sem

    formu

    lar qualqu

    er

    dem

    and

    a pe o vazio em

    jogo, sabend

    o que o resd

    uo in

    conscien

    te, ao

    qual o su

    jeito inap

    to para acessar, a verd

    ade, qu

    e no se revela sen

    o

    em d

    etermin

    adas con

    dies. E

    o que Lacan

    transm

    ite que a castrao

    do an

    alista imp

    rescind

    vel a estas cond

    ies, na an

    lise e na tran

    smis-

    so. A castrao, d

    iz ele, imp

    lica s que o su

    jeito aceda ao qu

    e no tem

    .

    Ele n

    o tem o rgo qu

    e prom

    overia o gozo n

    ico, un

    rio, un

    ificante, ele

    no tem

    nad

    a que seja o U

    M qu

    e faria o gozo na con

    jun

    o dos sexos. A

    anlise tran

    scorre tentan

    do in

    screver esta falta. Portanto, ir at o seu

    fim

    o que abre p

    ara a chan

    ce de aced

    er castrao, n

    ico referente qu

    e,

    segun

    do Lacan

    , autoriza a p

    assagem p

    sicanalista. E

    le diz algo m

    arcante:

    a pressa o qu

    e deixa escap

    ar a verdad

    e. O trm

    ino d

    a operao tem

    a

    ver com a p

    assagem d

    este objeto a (olhar, voz, fezes, falo), d

    o lugar ilu

    s-

    rio de u

    nificao p

    ara, inscrito com

    o perd

    ido, op

    erar como cau

    sa de d

    e-

    sejo. O $ efeito d

    a inscrio d

    essa perd

    a e preciso qu

    e ele faa essa

    transio, via am

    or de tran

    sferncia, p

    ara saber o que lh

    e falta, n

    ico

    saber possvel ao d

    eparar-se com

    seu fan

    tasma.

    p

    reciso que h

    aja um

    ato que seja criad

    or, e que esteja ali u

    m n

    ovo

    comeo, qu

    e no se in

    stitui per se, e sem

    pre se coloca qu

    and

    o h n

    eces-

    sidad

    e de tran

    sferir algo ordem

    do sign

    ificante. O

    $, apartad

    o do objeto

    a a criao.

    Ou

    tro pon

    to nu

    clear na n

    oo de ato a bip

    artio que Lacan

    estabe-

    lece entre fazer e ato: qu

    em faz o an

    alisante.

    ele quem

    fala o temp

    o

    todo, qu

    e toma o basto e em

    preen

    de a cam

    inh

    ada.

    um

    fazer de p

    ura

    fala, na qu

    al o $ colocado em

    ato. Ao an

    alista cabe garantir a in

    staura-

    o do d

    iscurso, absten

    do-se d

    o seu d

    esejo de su

    jeito e da m

    obilidad

    e,

    para d

    eixar o significan

    te emergir n

    a dem

    and

    a. A m

    anu

    teno d

    estes lu-

    gares que n

    o so de p

    aridad

    e cond

    io da an

    lise. E esta bip

    artio,

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .15

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    014.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    analista), im

    ped

    e a aprop

    riao do saber n

    o sabido d

    o incon

    sciente, qu

    e

    s ocorre pela via d

    o significan

    te. Preserva a fan

    tasia de restitu

    io do

    que teria sid

    o perd

    ido d

    o prp

    rio corpo. A

    susten

    tao dessas im

    agens

    desem

    boca na d

    ecepo, n

    as queixas e acu

    saes, tantas vezes d

    irigidas

    aos analistas e in

    stituies, d

    e no en

    carnarem

    o pai in

    castrado cap

    az de

    reconh

    ecer a imagem

    ideal; o qu

    e perm

    eia a formao d

    e conte

    dos

    persecu

    trios, equivoca au

    torizao (efeito do acesso ao saber in

    consci-

    ente) com

    dem

    and

    a de recon

    hecim

    ento (d

    o olhar p

    ara a imagem

    ), buro-

    cratiza a passagem

    psican

    alista e parece levar s rep

    etidas d

    issolues

    e rup

    turas d

    e transfern

    cias, to recorrentes n

    o movim

    ento p

    sicanaltico.

    Aqu

    i, os actings-ou

    t e passagen

    s ao ato parecem

    constitu

    ir atividad

    e para

    tapar u

    m bu

    raco angu

    stiante. A

    tividad

    e de ru

    ptu

    ra para escap

    ar da p

    as-

    sividad

    e alienan

    te frente a u

    m objeto p

    ersecutrio, on

    de talvez ten

    ha fal-

    tado a d

    imen

    so do ato qu

    e o fizesse faltar para op

    erar como cau

    sa de

    desejo. Q

    uan

    do o su

    jeito no sofreu

    fraturas em

    anlise, d

    ilacera-se o lao

    institu

    cional.

    Lacan ap

    ontar qu

    e, se no h

    jun

    o entre h

    omem

    e mu

    lher, tam

    -

    bm n

    o h en

    tre analisan

    te-analista, e acrescen

    tamos qu

    e no h

    entre

    mestre-alu

    no, an

    alista-institu

    io. Pode h

    aver conju

    gao, na m

    odalid

    a-

    de qu

    e apon

    tamos, p

    ois em tod

    a transfern

    cia emergir o objeto a.

    Ao ad

    entrar n

    a lgica dos qu

    antificad

    ores, Lacan d

    iz que escolh

    eu

    represen

    tar o sujeito n

    o pelo u

    niversal, m

    as pelo trao, o qu

    e exige que

    cada u

    m tom

    e seu basto, se en

    tregue tem

    poralid

    ade d

    o incon

    sciente,

    experim

    ente o vazio d

    e dem

    and

    as, se faa ouvir e se ap

    roprie d

    o saber

    incon

    sciente.

    s o que h

    aver em seu

    alforje.

    Para encerrar: o qu

    e a AP

    PO

    A fran

    queou

    em su

    a fun

    dao e ao lon

    go

    de seu

    s 20 anos? O

    que lh

    e perm

    itiu d

    ar o salto e operar n

    a formao e

    transm

    isso? Na m

    inh

    a percep

    o, o reconh

    ecimen

    to de u

    ma d

    vida, qu

    e

    perm

    itiu a ap

    ropriao d

    e significan

    tes fun

    dam

    entais d

    e nosso cam

    po, a

    partir d

    os quais cad

    a um

    se inclu

    i nas d

    obras entre o sin

    gular e o coleti-

    vo. d

    o reconh

    ecimen

    to de u

    ma d

    vida qu

    e nasce a p

    ossibilidad

    e de

    Assim

    , o analista feito (ou

    efeito) em an

    lise, quan

    do falou

    e viu

    prod

    uzirem

    -se alteraes de su

    as inscries in

    conscien

    tes e pod

    e ver re-

    du

    zir-se a fun

    o do S

    .s.S, m

    edid

    a que em

    anlise su

    a verdad

    e passou

    a

    amp

    arar-se na articu

    lao significan

    te, mas n

    a formao ela p

    ode teste-

    mu

    nh

    ar os atos que ele p

    rodu

    ziu com

    o analista e, n

    um

    determ

    inad

    o pon

    -

    to de su

    a formao, n

    ome-lo. Por isso, se tod

    o ato levado a cabo n

    o

    descon

    hecim

    ento, n

    em a an

    lise, nem

    a institu

    io, pod

    em totalizar ou

    armazen

    ar um

    saber. O ato p

    recisa semp

    re renovar-se em

    novas articu

    la-

    es da cad

    eia significan

    te, como p

    ressup

    osto da form

    ao analtica,

    motivo m

    aior da in

    stituio ao fazer circu

    lar o discu

    rso. Desta form

    a,

    formao e tran

    smisso n

    o ocorrem d

    issociadas.

    De in

    cio, no p

    ossvel ao an

    alisante ad

    mitir, p

    or efeito da

    idealizao, qu

    e o analista castrad

    o, que n

    o disp

    e do objeto su

    posto.

    Por isso, parte d

    o ato analtico recu

    sar-se a mascarar a falta com

    um

    fetiche, aten

    der d

    eman

    da com

    a reciprocid

    ade am

    orosa que p

    e estes

    objetos em circu

    lao. Parece-me essen

    cial ter claro que qu

    and

    o recusa-

    da qu

    e a dem

    and

    a insiste e a p

    erda sim

    bolizada, fratu

    rand

    o o eu id

    eal e

    abrind

    o s iden

    tificaes simblicas d

    o Ideal d

    e eu.

    por ser p

    arcial que

    o objeto a perm

    ite destitu

    ir a iluso d

    o todo e in

    screver falta no in

    consci-

    ente. Por isso, ao an

    alista interessa su

    bstituir-se ao objeto n

    a subjetivid

    a-

    de d

    o analisan

    te, para qu

    e se efetue o barram

    ento, se in

    screva o no-tod

    o

    do sexo, se n

    omeie o qu

    e aliena e falta.

    por esta via qu

    e se inscreve o

    singu

    lar no u

    niversal, algo d

    o $ no O

    utro. T

    ransitar n

    a discord

    ncia fu

    n-

    dam

    ental en

    tre as dem

    and

    as do am

    or de tran

    sferncia e as recu

    sas do ato

    analtico, o qu

    e constitu

    i o desafio d

    e toda an

    lise.

    O objeto a cen

    tral no sem

    inrio d

    o Ato, d

    efinin

    do o qu

    e no faz

    mais p

    arte do su

    jeito, ao desfazer-se a alien

    ao do am

    or e a posio d

    e-

    cada d

    o analista. O

    que equ

    ivale inscrio d

    o desejo n

    a lingu

    agem.

    Na m

    inh

    a leitura, o qu

    e o semin

    rio do A

    to retoma com

    o n

    cleo da

    experin

    cia analtica, d

    a formao d

    o analista e d

    a transm

    isso da p

    sica-

    nlise: o ap

    ego ao objeto imagin

    rio, s imagen

    s ideais (p

    or exemp

    lo: ser

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .17

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    016.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    Re

    fer

    nc

    ias b

    iblio

    gr

    fica

    s

    COSTA, Ana. Pontuao sobre transmisso em

    psicanlise. In: Correio da APPOA, n. 186, dez. 2009.

    LACAN, J. Discurso de Roma. In: Outros Escritos. Cam

    po Freudiano no Brasil. RJ. Jorge Zahar Editor, 2003.

    _______. O engano do sujeito suposto saber. In: Outros escritos. Campo Freudiano no Brasil. RJ. Jorge Zahar Editor, 2003.

    _______. Proposio de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola. In: Outros Escritos. Campo Freudiano no

    Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

    _______. Ato de Fundao. In: Outros Escritos. Campo Freudiano no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge zahar Editor, 2003.

    _______. A transferncia. Seminrio VIII. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.

    _______. O ato psicanaltico. Seminrio XV. Escola de Estudos psicanalticos, 2008.

    inscrever o p

    rprio lu

    gar, reconh

    ecer o dos p

    ares, escut-los, d

    eixar as

    anlises tran

    scorrerem sem

    pressa, testem

    un

    har as in

    evitveis fraturas

    que d

    elas resultam

    , acolher atos e, em

    consequ

    ncia

    , s depois, nom

    ear

    analistas.

    Digam

    os que a A

    PP

    OA

    se pau

    tou p

    elo seguin

    te: se o sujeito n

    o-

    todo, se o objeto sem

    pre p

    arcial, se a verdad

    e dita a m

    eias, como p

    en-

    sar um

    saber psican

    altico que fosse tod

    o? Um

    a institu

    io no a som

    a

    de saberes, u

    ma con

    jugao d

    e faltas. Con

    stitum

    os um

    a experin

    cia

    que in

    cluiu

    a castrao fazend

    o circular a p

    alavra, desfazen

    do alien

    a-

    es e inscreven

    do o d

    esejo, na bu

    sca de elaborao e ap

    ropriao d

    a

    experin

    cia. Ren

    un

    ciamos solid

    o e captu

    ra, j que o o ato an

    altico

    sem cap

    tura, d

    iz Lacan, em

    ato, a cada vez qu

    e dirigim

    os e de p

    assa-

    mos a p

    alavra aos pares.

    Da solid

    o de Freu

    d, ao fu

    nd

    ar um

    Com

    it secreto para p

    reservar a

    teoria quan

    do n

    o mais vivesse; d

    a solido d

    e Lacan, ao fu

    nd

    ar a Escola

    Freud

    iana d

    e Paris (jun

    ho/64), exp

    ressa no A

    to de fu

    nd

    ao: Fun

    do, to

    sozinh

    o quan

    to semp

    re estive em m

    inh

    a relao com a cau

    sa psican

    alti-

    ca..., dessa solid

    o no m

    ais pad

    ecemos, ju

    stamen

    te por efeito d

    o que

    nos foi tran

    smitid

    o, cujo recon

    hecim

    ento n

    os autorizou

    a fun

    dar u

    ma

    experin

    cia de form

    ao no in

    stitucion

    alizada. N

    ossa mod

    alidad

    e de

    passe n

    o estend

    e passarelas segu

    ras para o salto d

    e analisan

    te a analis-

    ta, quan

    do en

    to, no h

    averia mais salto algu

    m, com

    o adverte Lacan

    ;

    mas tam

    bm n

    o se exime d

    a respon

    sabilidad

    e quan

    do seu

    s mem

    bros se

    prep

    aram p

    ara tal, afinal, cad

    a analista se au

    toriza de si m

    esmo, com

    algun

    s outros, n

    um

    a escola que se organ

    iza por u

    ma lgica bem

    pecu

    li-

    ar, a de u

    ma saber qu

    e no se sabe e d

    e um

    sujeito qu

    e no se ap

    reend

    e a

    si mesm

    o.

    Com

    quan

    tos atos se faz um

    a institu

    io vivel? Dep

    end

    e do d

    esejo

    do an

    alista, legado m

    aior deste sem

    inrio, a su

    stentar tod

    o ato psica-

    naltico.

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .19

    temtic

    a.

    Ma

    io d

    e 1

    96

    8 e

    os b

    astid

    ore

    sd

    o S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    1

    Chris

    tiane B

    ittenco

    urt

    O A

    to Psicanaltico, n

    em visto, n

    em con

    cebido afora ns, isto ,

    jamais situ

    ado, question

    ado men

    os ainda, eis qu

    e o supom

    os no

    mom

    ento eletivo em

    que o p

    sicanalisan

    te passa a p

    sicanalista

    (Jacques L

    acan A

    nexo III R

    esum

    o do S

    emin

    rio XV

    para o

    anu

    rio da cole pratique ds H

    autes tu

    des).

    Lacan estava com

    66 anos n

    esta poca u

    m m

    s aps a P

    roposio

    de 9 d

    e Ou

    tubro u

    m an

    o aps a ed

    io dos E

    scritos. Nestes tem

    pos, p

    ela

    prim

    eira vez, Lacan assin

    a dois m

    anifestos, u

    m a favor d

    e Rgis D

    ebray,

    em 19 d

    e abril de 1967 e ou

    tro em favor d

    os estud

    antes revoltad

    os em

    maio d

    e 1968.U

    m m

    s antes d

    e dar in

    icio ao semin

    rio do A

    to Psica-

    1 Artigo elaborado a partir de trabalho apresentado pela autora no Cartelo preparatrio s Jornadas Clnicas da APPOA, emjunho de 2010.

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .21

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    020.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    Lacan d

    isse:

    No h

    dialogo, o dialogo um

    a tolice. A tolice qu

    e a noo de

    dialogo encobre qu

    e jamais existe troca en

    tre dois indivdu

    os.H

    , eventu

    almen

    te, troca de inform

    aes objetivas, comu

    nicao

    de inform

    aes, que resu

    ltam en

    to nu

    ma deciso com

    um

    [...]Mas

    em qu

    alquer ou

    tra situao o dialogo n

    o seno a ju

    staposio de

    mon

    logos ( Girou

    d, Franois Q

    uan

    do o outro era deu

    s).

    Do m

    esmo m

    odo, Lacan

    dir em

    breve que n

    o h relao sexu

    al,

    para m

    ostrar que a relao sexu

    al no u

    ma relao, ou

    que a m

    ulh

    er

    no existe, p

    ara design

    ar a ausn

    cia de u

    ma n

    atureza fem

    inin

    a.

    Ap

    s, Lacan recebeu

    Dan

    iel Coh

    n-B

    end

    it e seus com

    pan

    heiros. E

    s-

    tes queriam

    fazer conh

    ecer os objetivos de seu

    movim

    ento, en

    quan

    to os

    analistas d

    esejavam ou

    vir contestad

    ores. Os p

    sicanalistas d

    eram d

    inh

    ei-

    ro aos estud

    antes n

    esta noite e eles foram

    jantar n

    o La Cop

    oule.

    Nesta n

    oite, Lacan n

    o abriu a boca, m

    as no d

    ia seguin

    te interrom

    -

    peu

    o Sem

    inrio d

    o Ato Psican

    alitico. Lacan, en

    to, diz aos p

    resentes em

    seu sem

    inrio qu

    e o paralelep

    ped

    o e a bomba d

    e gs lacrimogn

    io cum

    -

    prem

    a fun

    o do objeto a, referin

    do-se ao fato d

    os estud

    antes arran

    ca-

    rem os p

    aralelepp

    edos p

    ara fazer barricadas e jogar n

    os policias.

    Um

    pou

    co mais d

    a atmosfera d

    estes dias...

    No in

    cio, era apen

    as um

    grup

    o de alu

    nos d

    a Un

    iversidad

    e de Paris

    queren

    do o d

    ireito de freq

    entar o d

    ormitrio d

    as alun

    as. Em

    pou

    co tem-

    po, a revolta d

    os estud

    antes in

    cluiu

    outras reivin

    dicaes e se tran

    sfor-

    mou

    nu

    m en

    orme m

    ovimen

    to contra o con

    servadorism

    o do E

    stado fran

    -

    cs. Foi um

    perod

    o de p

    asseatas, greves e embates com

    a polcia. C

    harles

    de G

    aulle, en

    to presid

    ente d

    a Frana, ch

    egou a fu

    gir de h

    elicptero e,

    por u

    m d

    ia, refugiou

    -se na A

    leman

    ha. T

    ud

    o isso transform

    aria aquele m

    s

    no m

    tico Maio d

    e 68, que etern

    izou slogan

    s libertrios como S

    eja realis-

    ta, exija o imp

    ossvel e p

    roibido p

    roibir. Hoje, as op

    inies d

    os fran-

    ceses sobre o movim

    ento so bastan

    te divergen

    tes, mas a m

    aioria concor-

    naltico, Lacan

    discu

    rsa na E

    FP p

    ara prop

    or o passe, isto , um

    a nova

    man

    eira de acesso ao statu

    s de p

    sicanalista d

    idata. In

    icio da C

    rise que

    levar a EFP

    ciso. Em

    quin

    ze de n

    ovembro d

    e 1967, d in

    icio prim

    ei-

    ra lio do sem

    inrio, qu

    e viria a interrom

    per seis m

    eses dep

    ois, em 15 d

    e

    maio d

    e 1968, em solid

    ariedad

    e ao movim

    ento n

    ascido en

    tre os estud

    an-

    tes franceses. O

    Sem

    inrio foi in

    terromp

    ido em

    08 e 15 de m

    aio de 1968

    atend

    end

    o a um

    a determ

    inao d

    e greve convocad

    a pelo S

    ind

    icato Naci-

    onal d

    o En

    sino S

    up

    erior(Sem

    .XV, p

    .249). Lacan levan

    ta a questo d

    a res-

    pon

    sabilidad

    e dos p

    sicanalistas, qu

    e no estavam

    na u

    niversid

    ade e p

    ara

    estes, a questo d

    o ensin

    o constitu

    a um

    n. Para Lacan

    este mom

    ento

    trata de u

    m fen

    men

    o estrutu

    ral, no qu

    al as relaes do d

    esejo e do saber

    so question

    adas. T

    ransm

    isso de u

    m saber, a p

    sicanlise estabelece em

    um

    nvel d

    a carncia, d

    a insu

    ficincia. E

    m m

    aio de 68, Lacan

    no tin

    ha a

    celebridad

    e nem

    o brilho in

    ternacion

    al de S

    artre. Mesm

    o assim, p

    or vias

    radicalm

    ente an

    tagnicas, seriam

    solicitados p

    or esta parcela d

    a juven

    -

    tud

    e intelectu

    al francesa, reu

    nid

    a no ou

    tono d

    e 1968, sob a band

    eira da

    esquerd

    a proletria.

    Este m

    ovimen

    to todo teve p

    or pan

    o de fu

    nd

    o originrio u

    m acon

    teci-

    men

    to maior: a d

    eflagrao, na C

    hin

    a, em 1966, d

    a Gran

    de R

    evoluo

    Cu

    ltural P

    roletria. O gru

    po fu

    nd

    ador d

    a esquerd

    a proletria agru

    pava

    jovens m

    arcados p

    elo Alth

    ussero-Lacan

    ismo.

    Nu

    m p

    rimeiro m

    omen

    to, Lacan observou

    a contestao d

    os jovens

    com h

    um

    or. Na p

    g 456, do livro d

    e Elisabeth

    Rou

    din

    esco sobre Lacan

    Esboo de u

    ma vida, p

    odem

    os conh

    ecer bem esta h

    istria. Em

    maio d

    e

    1968, Lacan p

    ediu

    a Irene D

    iaman

    tis que lh

    e enviasse os organ

    izadores

    da con

    frontao. R

    ecebeu d

    ois deles e, d

    epois d

    e algun

    s min

    utos d

    e con-

    versa, disp

    ensou

    -os aps in

    vectivar sobre a palavra d

    ilogo, e contra a

    falta de cu

    ltura d

    os jovens estu

    dan

    tes de m

    edicin

    a, que ap

    esar de faze-

    rem vir facu

    ldad

    e represen

    tantes d

    e diversos gru

    pos p

    sicanalticos, n

    ada

    conh

    eciam sobre a obra d

    e Freud

    .

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .23

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    022.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    no grego, n

    atural d

    e Saln

    ica. O en

    to jovem d

    e 27 anos se torn

    ou u

    m d

    os

    lderes d

    o movim

    ento, ao lad

    o de D

    aniel C

    ohn-B

    endit - D

    ani, le R

    ouge e

    Alain

    Geism

    ar. An

    tes de M

    aio de 68, C

    astro, de origem

    jud

    aica, foi prote-

    gido p

    elos comu

    nistas d

    uran

    te a Segu

    nd

    a Gu

    erra Mu

    nd

    ial, se engajou

    contra a gu

    erra na A

    rglia, visitou C

    uba e con

    heceu

    Ch

    e Gu

    evara.

    Dep

    ois de M

    aio de 68, C

    astro entrou

    em d

    epresso e se an

    alisou

    du

    rante sete an

    os com o p

    sicanalista Jacqu

    es Lacan

    , trabalhou

    para o

    governo socialista d

    e Franois M

    itterrand

    e passou

    a se ded

    icar a sua

    profisso d

    e arquiteto. E

    m 2006, retorn

    ou aren

    a poltica e lan

    ou su

    a

    cand

    idatu

    ra eleio presid

    encial, sob a sigla d

    e seu M

    ovimen

    to da

    Utop

    ia Con

    creta (MU

    C). N

    o obteve as 500 assinatu

    ras necessrias p

    ara

    pod

    er concorrer oficialm

    ente n

    o pleito, m

    as nem

    por isso d

    esanim

    ou.

    Promete con

    tinu

    ar seu com

    bate por u

    ma Fran

    a mais ju

    sta e bela e lutar

    por son

    hos d

    e forma con

    creta, distan

    te dos d

    evaneios im

    aturos d

    e

    Maio d

    e 68.

    Eu estava m

    uito m

    al. Depois qu

    e fechei m

    inh

    a organizao, fiqu

    ei

    nu

    m estado deplorvel. N

    o sabia mais on

    de estava. Estava mesm

    om

    uito m

    al. Co

    mecei a

    psica

    n

    lise po

    rqu

    e precisa

    va

    , urgen

    temen

    te,

    fala

    r pa

    ra a

    lgum

    . No dia segu

    inte ao qu

    e fechei a organ

    izao,passei a ser detestado, m

    e acusavam

    de ter abandon

    ado a causa.

    Hou

    ve mu

    ito ressentim

    ento con

    tra mim

    por causa disso. Eu

    me

    encon

    trei s, e no acreditava em

    mais n

    ada. Eu m

    e lembro qu

    e ogolpe de Estado n

    o Ch

    ile no m

    e provocou n

    enh

    um

    sentim

    ento,

    nen

    hu

    ma reao, n

    o fiz nada con

    tra. Procurei Lacan

    em m

    aio de1973 e o golpe de Pin

    ochet foi n

    o 11 de setembro. M

    as nem

    partici-pei das passeatas. N

    o acreditava mais n

    as man

    ifestaes. Estava

    acabado. Logo depois passei a me in

    teressar novam

    ente pelas coi-

    sas da sociedade, mas n

    aquele m

    omen

    to nada m

    e sensibilizava.

    No via sada. Eu

    me recordo de u

    ma citao de Lacan

    que diz qu

    ea psican

    lise o discurso qu

    e permite qu

    e sobre fruio su

    ficiente

    no falar para qu

    e a histria con

    tinu

    e. Eu m

    e agarrei nisso. Para qu

    ea h

    istria contin

    ue preciso falar u

    m pou

    co de tudo. Tem

    aquela

    da qu

    e hou

    ve grand

    es conqu

    istas em reas com

    o os direitos in

    divid

    uais e

    a liberdad

    e sexual. O

    prp

    rio filsofo Jean-Pau

    l Sartre, p

    resente n

    os acon-

    tecimen

    tos de m

    aio de 1968 em

    Paris, confessou

    , dois an

    os dep

    ois, que

    aind

    a estava pen

    sand

    o no qu

    e havia acon

    tecido e qu

    e no tin

    ha com

    pre-

    end

    ido m

    uito bem

    : no p

    ud

    e enten

    der o qu

    e aqueles joven

    s queriam

    ...ento

    acomp

    anh

    ei como p

    ud

    e...fui con

    versar com eles n

    a Sorbon

    e, mas isso

    no qu

    eria dizer n

    ada (S

    ituation

    s X).

    A d

    ificuld

    ade d

    e interp

    retrar os acontecim

    entos d

    aquele an

    o deve-

    se, no s, m

    ltip

    la poten

    cialidad

    e do m

    ovimen

    to como am

    biguid

    ade

    do seu

    resultad

    o final. A

    mistu

    ra de festa satu

    rnal rom

    ana com

    combates

    de ru

    a entre estu

    dan

    tes, operrios e p

    oliciais, fez com qu

    e algun

    s, como

    C.C

    astoriadis, o vissem

    como u

    ma revolta com

    un

    itria enqu

    anto qu

    e,

    para G

    illes Lipovetsky e ou

    tros, era a reivind

    icao de u

    m n

    ovo ind

    ivi-

    du

    alismo. 1968 torn

    ou-se u

    m an

    o mtico p

    orque foi o p

    onto d

    e partid

    a

    para u

    ma srie d

    e transform

    aes polticas, ticas, sexu

    ais e comp

    or-

    tamen

    tais, qu

    e afetaram as socied

    ades d

    a poca d

    e um

    a man

    eira

    irreversvel. Seria o m

    arco para os m

    ovimen

    tos ecologistas, femin

    istas,

    das organ

    izaes no-govern

    amen

    tais (ON

    Gs) e d

    os defen

    sores das m

    i-

    norias e d

    os direitos h

    um

    anos. Fru

    strou m

    uita gen

    te tambm

    . A n

    o rea-

    lizao dos seu

    s sonh

    os, da imagin

    ao chegando ao poder, fez com

    que p

    arte da ju

    ventu

    de m

    ilitante d

    aquela p

    oca se refugiasse n

    o consu

    -

    mo d

    as drogas ou

    escolhesse a estrad

    a da violn

    cia, da gu

    errilha e d

    o

    terrorismo u

    rbano.

    Assem

    elhou

    -se, aquele an

    o aloucad

    o, a um

    caleidoscp

    io: para qu

    al-

    quer lad

    o que se girasse, n

    ovas formas e n

    ovas expresses vin

    ham

    luz.

    Foi um

    a espcie d

    e fisso nu

    clear espon

    tnea qu

    e abalou as in

    stituies e

    regimes. U

    ma revolu

    o que n

    o se socorreu d

    e tiros e bombas, m

    as da

    pich

    ao, das p

    edrad

    as, das reu

    nies d

    e massa, d

    o auto-falan

    te e de m

    ui-

    ta irreverncia. Tu

    do o qu

    e parecia slid

    o desm

    anch

    ou-se n

    o ar.

    En

    tre os estud

    antes revolu

    cionrios d

    a poca estava R

    oland C

    astro,

    nascid

    o na cid

    ade d

    e Limoges em

    1940, filho d

    e um

    imigran

    te cland

    esti-

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .25

    temtic

    a.

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    024.

    tem

    tic

    a.

    A l

    gic

    a d

    o A

    to A

    na

    ltico

    Lig

    ia V

    cto

    ra

    Este texto foi resu

    ltado d

    a apresen

    tao das lies 5 (10/01/68) e 6

    (17/01/68) do sem

    inrio d

    e Lacan O

    Ato Psican

    altico, ocorrido em

    nossa

    sede n

    o dia 26 d

    e agosto de 2010, n

    o Cartelo p

    reparatrio s Jorn

    adas

    Cln

    icas da A

    PP

    OA

    : Dizer e fazer em

    anlise.

    1

    I. Os a

    tos c

    om

    o fu

    nd

    ad

    ore

    s

    Parece que, p

    or querer m

    arcar bem o A

    to Psicanaltico com

    o algo

    ind

    ito, Lacan tem

    que d

    efini-lo m

    uitas vezes d

    uran

    te este semin

    rio.

    Ou

    tros atos actings ou

    t, passagen

    s ao ato, atos falhos tam

    bm en

    tram

    no elen

    co, e cham

    a a ateno sobre o fato d

    e que se d

    enom

    ine acte m

    anqu

    ,

    1 As lies 4,5 e 6 foram discutidas previam

    ente no Seminrio de Topologia com

    a participao de todos os integrantes deste:Elisabeth Sudbrack, Felipe Pim

    entel, Gilson Firpo, Manuela Lanius, M

    ary Georgina Boeira da Silva, Ricardo Martins, Ricardo

    Pires, Silvana Lunardi, Slvia Carcuchinski, Sonia Mara Ogiba, Sueli Souza dos Santos, Thales Abreu, Vernica Prez. Coorde-

    nao: Ligia Vctora

    frase incrvel de Lacan

    : Eu

    agu

    ard

    o, m

    as n

    o esp

    ero n

    ad

    a. E, n

    um

    aassem

    blia de estudan

    tes revolucion

    rios, em 1972, ele disse algo

    que m

    e perturbou

    mu

    ito: A rev

    olu

    o

    feita p

    ara

    ma

    nter a

    or-

    dem

    . A m

    inh

    a anlise com

    ele durou

    sete anos, e aos pou

    cos fui

    me recon

    stituin

    do (Castro apu

    d Eichen

    berg, 2007).

    Dan

    iel Coh

    n-B

    end

    it hoje d

    epu

    tado p

    elo partid

    o verde n

    o parlam

    ento

    europ

    eu, esteve em

    Porto Alegre em

    agosto deste an

    o e disse qu

    e precisa-

    mos esqu

    ecer maio d

    e 68 e os erros da revolu

    o. Se Lacan

    estivesse l

    teria dito: A

    revoluo feita p

    ara man

    ter a ordem

    .

    Re

    fer

    nc

    ias b

    iblio

    gr

    fica

    s

    CASTRO, R. Lder de Maio de 68 pede sonhos concretos. Paris/So Paulo: dez. 2007. Entrevista concedida a Fernando

    Eichenberg. Disponvel em: http://noticias.terra.com

    .br/imprim

    e/0,,OI2120378-EI6782,00.html. Acesso em

    : 13 set.2010.

    LACAN, J. O Ato Psicanaltico. Sem

    inrio XV. Escola de Estudos Psicanalticos, 2008.

    LOSURDO, D. Leia entrevista com Dom

    enico Losurdo, bigrafo de Nietzsche. So Paulo, jun. 2006. Entrevista concedida aM

    ARCOS FLAM

    NIO

    PERES. Disponvel em

    : http://ww

    w1.folha.uol.com

    .br/ilustrada/757470-leia-entrevista-com-

    domenico-losurdo-biografo-de-nietzsche.shtm

    l. Acesso em: 13 set. 2010.

    ROUDINESCO, E. A Batalha dos Cem Anos. In: Histria da Psicanlise na Frana. Vol 2: 1925-1985, p. 486-490.

    _______. Histria de um sistem

    a de pensamento. In: Jaques Lacan: Esboo de um

    a vida. p. 451-472.

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .27

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    026.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    II. Os e

    sq

    ue

    ma

    s te

    tra

    dric

    os

    O tetraed

    ro um

    polgon

    o regular qu

    e possu

    i 4 vrtices, 4 faces e 6

    arestas. u

    ma p

    irmid

    e triangu

    lar (lados igu

    ais entre si), ou

    seja, em qu

    e

    todas as faces so trin

    gulos equ

    ilteros. A form

    a bsica dos esqu

    emas

    tetradricos d

    e Lacan a d

    a projeo d

    o tetraedro n

    o plan

    o. Assim

    o

    grafo do A

    to Psicanaltico, e, foram

    tambm

    o diam

    ante d

    os prim

    eiros

    temp

    os; os esquem

    as L, R e I; o sistem

    a -b--; o Grafo d

    o desejo (qu

    atro

    lugares e qu

    atro temp

    os); a frmu

    la da m

    etfora; os quatro d

    iscursos; a

    lgica da sexu

    ao. E at o n

    borromeu

    , no qu

    al Lacan, d

    e incio, d

    efen-

    dia qu

    e trs aros (R S

    I) bastariam p

    ara represen

    tar a estrutu

    ra de u

    m

    sujeito n

    eurtico, m

    as logo dep

    ois inclu

    iu u

    m qu

    arto n.

    Logo, o grafo do ato p

    sicanaltico assim

    como m

    uitos ou

    tros de

    Lacan segu

    e os mold

    es de u

    ma lgica qu

    aternria. E

    sta lgica o acom-

    pan

    ha d

    esde seu

    s prim

    eiros esquem

    as, quan

    do ele in

    trodu

    ziu u

    m qu

    arto

    elemen

    to no trin

    gulo ed

    pico d

    e Freud

    , o Falo, como o S

    ignifican

    te

    organizad

    or, o qual Lacan

    ao longo d

    e sua obra d

    efiniu

    tal como u

    ma

    fun

    o matem

    tica, pela qu

    al todos os seres h

    um

    anos d

    everiam se su

    b-

    meter p

    ara alcanar o estatu

    to de falasser.

    Esta lgica qu

    aternria d

    e Lacan foi in

    spirad

    a no G

    rup

    o de K

    lein.2

    Este escreveu

    seu artigo qu

    e ficou con

    hecid

    o como o E

    rlanger Program

    m

    para a in

    augu

    rao do d

    epartam

    ento d

    e Lgica d

    a Un

    iversidad

    e de

    Erlan

    ger.3 K

    lein d

    efiniu

    este fenm

    eno com

    o send

    o grup

    os de tran

    sfor-

    mao Tran

    sformation

    sgrupen

    exatamen

    te como p

    odem

    os pen

    sar que

    so as frmu

    las da lgebra lacan

    iana. O

    bservem qu

    e basta girar cada ele-

    men

    to para resu

    ltar em ou

    tro, seguin

    do as setas. E

    sta apresen

    tao nu

    n-

    ca foi realizada. M

    as a matem

    tica nu

    nca m

    ais seria como an

    tes!

    2 Flix Klein (1849-1925). Sobre este tema v. Cf. Vctora. Site: w

    ww

    .freud-lacan.com

    3 Erlanger, Alemanha, 1872.

    como sen

    do d

    a ordem

    da ao, j qu

    e passa p

    or um

    a questo p

    uram

    ente

    significan

    te. Assim

    ser tambm

    com o A

    to Psicanaltico.

    Com

    ea a lio 5 desejan

    do Feliz A

    no-N

    ovo, j que a p

    rimeira au

    la

    do an

    o. Porque n

    ovo? A lu

    a, diz ele, a cad

    a vez que reap

    arece dep

    ois de

    um

    a seman

    a sum

    ida, sau

    dad

    a como Lu

    a Nova. M

    as a mesm

    a! E o

    ano? S

    e o temp

    o um

    contin

    uu

    m, h

    apen

    as um

    a dem

    arcao formal d

    e

    um

    ciclo. Com

    o o trem d

    a meia-n

    oite, um

    a iden

    tificao apen

    as Sim

    b-

    lica, no R

    eal. Refern

    cia pu

    ramen

    te ao significan

    te, pois. Lacan

    aprovei-

    ta para fazer u

    m gan

    cho: d

    a mesm

    a forma, u

    m ato est sem

    pre ligad

    o

    determ

    inao d

    e um

    comeo.

    Desta vez, Lacan

    vai abordar os atos com

    o marcas fu

    nd

    adoras: qu

    e

    um

    ato constitu

    a um

    verdad

    eiro comeo... qu

    e seja criador... n

    o interes-

    sa o que acon

    teceu, im

    porta a m

    arca que d

    eixou. Lacan

    evoca o mito d

    a

    criao e sua escritu

    ra bblica: no com

    eo, era o verbo. Arrem

    eda: n

    o

    comeo, era a ao. Porqu

    e, sem ato, sim

    plesm

    ente n

    o pod

    eria haver

    nad

    a, nem

    questo. N

    enh

    um

    comeo sem

    ao, diz ele.

    Com

    para u

    m verd

    adeiro ato in

    augu

    ral travessia do R

    ubicon

    e, por

    Jlio C

    sar. O Fi

    me R

    ubicn

    e, na Itlia, tin

    ha u

    ma im

    portn

    cia crucial

    no d

    ireito roman

    o porqu

    e a nen

    hu

    m gen

    eral era perm

    itido cru

    z-lo com

    seu exrcito. S

    ervia de fron

    teira (ano 59 a.C

    .) entre as p

    rovncias rom

    anas

    e a Glia C

    isalpin

    a. O rio en

    trou p

    ara a histria p

    or ser casus belli d

    a 2

    guerra n

    a Glia: qu

    and

    o Jlio C

    sar transp

    e o rio. Diz a h

    istria que ele

    se deteve p

    or um

    longo in

    stante s m

    argens d

    este e, finalm

    ente, p

    roferiu

    a senten

    a: A sorte est lan

    ada!

    O ato estaria p

    etrificado n

    o mom

    ento d

    a ordem

    : Alea jacta est! C

    omo

    o nosso In

    dep

    end

    ncia ou

    morte: n

    o mom

    ento em

    que so soltas as

    palavras, qu

    e o mu

    nd

    o ganh

    a sentid

    o. Com

    o nu

    m ato revolu

    cionrio, p

    or

    exemp

    lo, cuja eficcia n

    ecessita da su

    rpresa, o qu

    e ele cham

    a de efeito d

    e

    rup

    tura p

    ara suscitar u

    m n

    ovo desejo.

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .29

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    028.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    1. Un

    io: Ou

    (+) equ

    ivale soma lgica: sign

    ifica que u

    m elem

    ento

    dad

    o pod

    e estar inserid

    o de qu

    alquer lad

    o. Escreve-se tam

    bm A

    U B

    .

    Ap

    licand

    o o Cogito seria o Pen

    so ou sou

    . Isso prop

    enso a m

    uita con

    fu-

    so, pois o O

    U sim

    ples a som

    a. Seria o equ

    ivalente a d

    izer Penso-sou

    .

    2. Interseo: E

    (.) significa qu

    e deve p

    ertencer aos d

    ois ao mesm

    o

    temp

    o. o p

    rodu

    to lgico. Escreve-se: (A

    .B) ou

    A

    . N

    a prtica equ

    iva-

    le ao A B

    (Penso se e som

    ente se sou

    ).

    3. No-A

    e B: [(-A

    ) . (B)] n

    ada n

    o conju

    nto A

    , s se adm

    ite elemen

    tos

    no B

    . Seria o caso d

    e dizer: S

    ou, n

    o-pen

    so.

    4. A e N

    o-B: [(A

    ) . (-B)] n

    ada n

    o B, ap

    enas verd

    adeiro n

    o A. Pen

    so,

    no-sou

    .

    5. OU

    ... OU

    . Ou

    tra relao que L

    acan u

    sou foi a d

    isjun

    o, da l-

    gebra de B

    oole. Tambm

    conh

    ecida com

    o forma n

    ormal d

    isjun

    tiva

    (F.N.D

    .) ou ain

    da u

    nio-d

    isjun

    ta, OU

    -exclusivo (E

    X-O

    R d

    a lgica dos

    conju

    ntos). S

    ignifica qu

    e existem elem

    entos ou

    de u

    m lad

    o, ou d

    o ou-

    tro lado, n

    ada n

    o meio. A

    B L

    -se: {A (se e som

    ente se n

    o) B

    }; ou A

    ou B

    [(-A)

    (-B)].

    4 Observao: sombreei os cam

    pos que no contm elem

    entos, como nos livros de lgica. Lacan m

    uitas vezes fazia ocontrrio. O gru

    po d

    e Klein

    tem com

    o especificid

    ade qu

    e todos os elem

    entos

    pod

    em se tran

    sformar em

    todos os ou

    tros, bastand

    o um

    a n

    ica operao.

    No o caso d

    o grafo da alien

    ao. Por isso Lacan o teria ch

    amad

    o de

    meio-gru

    po d

    e Klein

    ?

    Parece um

    a coisa mu

    ito simp

    les, agora que j est escrita, m

    as a im-

    portn

    cia destes gru

    pos p

    ara o desen

    volvimen

    to da m

    atemtica m

    odern

    a

    foi fun

    dam

    ental. E

    les esto presen

    tes na F

    sica, na G

    eometria, e n

    a

    Topologia (con

    ceitos de in

    varincia, d

    e hom

    eomorfism

    os, etc). Lembran

    -

    do qu

    e um

    conju

    nto d

    e elemen

    tos, citado p

    or Galois, p

    ode ser form

    ado

    por n

    m

    eros, pon

    tos, retas, etc, e que as tran

    sformaes, d

    e que ele fala,

    pod

    em ser aritm

    ticas, algbricas ou geom

    tricas.

    III. A l

    gic

    a d

    o G

    rafo

    do

    Ato

    Psic

    an

    altic

    o

    Algu

    mas op

    eraes lgicas utilizad

    as por Lacan

    (frmu

    las de D

    e

    Morgan

    , de B

    oole e outras ap

    resentad

    as com os crcu

    los de E

    uler):

    4

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .31

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    030.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    pod

    e decid

    ir sobre a validad

    e de u

    ma sen

    tena recorren

    do a ou

    tro siste-

    ma qu

    e no o p

    rprio em

    que ela foi estabelecid

    a.

    Observem

    que n

    o lugar d

    e cima, d

    ireita, o desen

    ho, su

    postam

    ente

    de Lacan

    , deixa tod

    os os camp

    os em bran

    co como se fosse u

    m O

    U sim

    -

    ples d

    a lgica de D

    e Morgan

    (Un

    io ou som

    a lgica). aqu

    i, segun

    do

    Lacan, o p

    onto d

    e partid

    a de tod

    a Psicanlise. J a frm

    ula d

    e baixo,

    esquerd

    a, fica difcil d

    e saber se um

    EX-O

    R (O

    U-exclu

    sivo) ou u

    m p

    ro-

    du

    to lgico (E-exclu

    sivo), pois Lacan

    no faz os crcu

    los por in

    teiro, e ora

    ele colore a parte ch

    eia, ora a parte vazia.

    5

    V. O

    Co

    gito

    ha

    mle

    tian

    o d

    e L

    ac

    an

    O qu

    e eu ch

    amo d

    e Cogito h

    amletian

    o de Lacan

    : um

    sujeito p

    artido

    ao meio, d

    ividid

    o entre ser-falso e n

    o-ser, e com o Isso freu

    dian

    o no m

    eio...

    Em

    sua releitu

    ra de H

    amlet, ele exp

    lica que en

    tre ser e no ser existe

    algum

    a coisa so du

    as falsidad

    es: um

    ser falso, que n

    o pen

    sa e um

    no-ser, qu

    e sabe, diz ele. N

    un

    ca um

    sujeito in

    teiro, pois sem

    pre falta

    um

    ped

    ao (represen

    tado p

    ela mord

    ida n

    o crculo).

    5 Um ano antes, no Sem

    inrio A lgica do fantasma, sobre este tem

    a, Lacan fizera esquemas parecidos.

    IV. O

    Co

    gito

    lac

    an

    ian

    o-fre

    ud

    ian

    o-c

    arte

    sia

    no

    Lacan p

    arte de d

    ois aforismos: o d

    ito freud

    iano W

    o es war soll Ich

    werden

    e o cartesiano C

    ogito ergo sum

    . Dep

    ois recorre tambm

    ao Cogito

    ham

    letiano, com

    o semp

    re buscan

    do recu

    rsos em ou

    tras lingu

    agens p

    ara

    validar su

    as teses bem d

    e acordo com

    a lgica mod

    erna e o teorem

    a da

    decid

    ibilidad

    e de Tu

    ring, qu

    e, resum

    ind

    o em u

    ma frase, p

    rovou qu

    e s se

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .33

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    032.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    Lacan ten

    ta fazer um

    espelh

    amen

    to, med

    iante a lin

    ha d

    a Tran

    sfern-

    cia, o que d

    aria um

    a certa simetria (p

    ara ser um

    verdad

    eiro grup

    o de

    Klein

    deveria ser tod

    o simtrico). H

    averia aqui u

    ma d

    up

    licao de lu

    ga-

    res: so dois Issos, ele d

    iz. Ou

    dois l on

    de Isso era, o qu

    e correspon

    de

    distn

    cia terica que sep

    ara o Incon

    sciente d

    o Isso. Passand

    o por esta

    operao d

    e diviso, com

    o na aritm

    tica: vai at sobrar um

    resto, que

    o objeto a.

    A tra

    nsfe

    rn

    cia

    A tran

    sferncia p

    e o analista n

    o lugar d

    o Su

    jeito-sup

    osto-saber.

    somen

    te com este aval d

    o analisan

    te, que o an

    alista pod

    er operar. A

    qui,

    As frm

    ulas qu

    e Lacan realm

    ente u

    tilizou em

    seu grafo foram

    :

    Ser qu

    e a alienao em

    Lacan p

    ode ser con

    siderad

    a como o O

    U-

    exclusivo (E

    X O

    R) o O

    U-O

    U d

    a lgica dos con

    jun

    tos? Observem

    os exem-

    plos qu

    e ele apresen

    ta: A bolsa ou

    a vida?; A

    liberdad

    e ou a m

    orte?

    Seria este m

    ais um

    erro de Lacan

    na ap

    licao das m

    atemticas? E

    le

    prp

    rio reconh

    eceu qu

    e sua leitu

    ra era um

    a inovao d

    a conju

    no

    disju

    ntiva... Parece m

    esmo qu

    e a alienao d

    e Lacan d

    e outro tip

    o, que

    ele cham

    ou d

    e escolha forad

    a, como o d

    ito de n

    osso Don

    Pedro: In

    de-

    pen

    dn

    cia ou m

    orte!

    Sabem

    os que p

    ara Descartes, a

    nica garan

    tia da existn

    cia hu

    man

    a

    era o fato de qu

    e ele pen

    sava. Mas, o C

    ogito foi send

    o subvertid

    o a partir

    da d

    escoberta do In

    conscien

    te. Com

    o disse Lacan

    : Se h

    um

    pen

    samen

    to

    incon

    sciente, o E

    u n

    o sabe mais o qu

    e pen

    sa, e men

    os certeza ele tem d

    o

    que ele !

    VI. C

    orrig

    ind

    o o

    gra

    foN

    o meu

    enten

    dim

    ento, p

    ara correspon

    der ao qu

    e Lacan relata, o grafo

    do A

    to Psicanaltico d

    everia ser assim:

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .35

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    034.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    O R

    ec

    alc

    am

    en

    to

    Por outro lad

    o, h u

    m saber-sem

    -sujeito n

    o Ics que p

    arece querer

    retornar, com

    o um

    ato-falho, sem

    estar associado d

    iretamen

    te a um

    significan

    te s pod

    er ser interp

    retado se e qu

    and

    o o pacien

    te falar

    sobre ele.

    A re

    pe

    ti

    o

    A V

    erdad

    e conqu

    istada sobre o In

    conscien

    te deixa o su

    jeito na p

    osi-

    o Penso, n

    o sou. N

    o-ser, mas n

    o-sem-saber. Lu

    gar novam

    ente

    em falso, qu

    e pod

    e catapu

    lt-lo de volta ao p

    onto d

    a ignorn

    cia (no-

    pen

    so).

    Lacan ap

    onta n

    o grafo o lugar d

    o analista, p

    rojetado p

    elo sujeito. Lu

    gar

    em falso, d

    o qual p

    ode ser catap

    ultad

    o a qualqu

    er mom

    ento, e d

    e ond

    e

    cair com certeza n

    o final d

    a anlise.

    A in

    terp

    reta

    o

    p

    elo escorregador d

    e Sign

    ificantes d

    o analisan

    te, que o p

    sicanalis-

    ta pod

    e interp

    retar, e semp

    re atravs da lin

    guagem

    .

    A re

    sis

    tn

    cia

    No sen

    tido in

    verso, o sintom

    a pod

    e retornar. Por u

    ma caracterstica

    prp

    ria ao falasser comp

    arvel ao fenm

    eno fsico d

    a resilincia d

    os

    materiais, a cad

    eia sintom

    tica tem u

    ma ten

    dn

    cia a voltar forma an

    te-

    rior. Faz parte d

    e sua m

    emtica...

  • ou

    tub

    ro 2

    01

    0 l c

    orre

    io A

    PP

    OA

    .37

    co

    rre

    io A

    PP

    OA

    l ou

    tub

    ro 2

    01

    036.

    tem

    tic

    a.

    Pro

    du

    es

    tex

    tua

    is: S

    em

    in

    rio X

    V d

    e L

    ac

    an

    .

    A c

    ura

    Con

    forme Lacan

    , comear u

    ma an

    lise sem d

    vid

    a um

    verdad

    eiro

    Ato, en

    to, o que d

    izer de term

    inar u

    m trabalh

    o analtico? C

    omo se arti-

    cula esta lgica d

    a alienao d

    uran

    te e at seu fin

    al? O fin

    al da an

    lise

    sup

    e certa realizao da op

    erao verdad

    e, diz ele, assim

    como a

    assun

    o do d

    esejo.

    O lu

    ga

    r de

    An

    alis

    ta, u

    m lu

    ga

    r em

    fals

    o

    O p

    sicanalista p

    arte do lu

    gar de saber, su

    posto p

    elo analisan

    te. Um

    lugar in

    stvel, como j fal