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CRIAÇÃO DE UMA TAXA DE AUXÍLIO PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO E SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO - SP JOSÉ RODRIGUES DA COSTA NETO DOUTORA MARIA DO CARMO CATALDI MUTERLE São Sebastião 2013

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CRIAÇÃO DE UMA TAXA DE AUXÍLIO PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO E SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO - SP

JOSÉ RODRIGUES DA COSTA NETO DOUTORA MARIA DO CARMO CATALDI MUTERLE

São Sebastião 2013

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JOSÉ RODRIGUES DA COSTA NETO

CRIAÇÃO DE UMA TAXA DE AUXÍLIO PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO E SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO - SP

Trabalho de Graduação do Curso de Tecnologia em Gestão Empresarial da Faculdade de Tecnologia de São Sebastião – FATEC, para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Empresarial, sob orientação da Professora Doutora Maria do Carmo Cataldi Muterle.

São Sebastião 2013

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A man doesn't have time in his life to have time for

everything. He doesn't have seasons enough to have

a season for every purpose. Ecclesiastes was wrong

about that.

A man needs to love and to hate at the same moment,

to laugh and cry with the same eyes, with the same

hands to throw stones and to gather them, to make

love in war and war in love. And to hate and forgive

and remember and forget, to arrange and confuse, to

eat and to digest what history takes years and years

to do.

A man doesn't have time. When he loses he seeks,

when he finds he forgets, when he forgets he loves,

when he loves he begins to forget. And his soul is

seasoned, his soul is very professional. Only his body

remains forever an amateur. It tries and it misses,

gets muddled, doesn't learn a thing, drunk and blind in

its pleasures and its pains.

He will die as figs die in autumn, shriveled and full of

himself and sweet, the leaves growing dry on the

ground, the bare branches pointing to the place where

there's time for everything.

A Man In His Life (Yehuda Amichai)

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AGRADECIMENTOS

Como dizia Anitelli: "Sonho parece verdade quando a gente esquece de

acordar". Hoje vivo mais uma realidade que parece um sonho, mas foi preciso muito

esforço, determinação, paciência, perseverança, ousadia e "jogo de cintura" para

chegar até aqui, e nada disso eu conseguiria sozinho. Serei eternamente grato a

todos aqueles que colaboraram para que mais este sonho pudesse ser concretizado.

Sou grato a Deus pelo dom da vida. Aos meus pais, Maria Maia e Alderico

Costa, meus maiores exemplos. Obrigado por cada incentivo, orientação, sermões,

por sempre me incentivar a aprender cada dia mais e pela preocupação para que

estivesse sempre andando no caminho correto.

Agradeço ao "Baba" pelas grandes lições de vida, por me ensinar a enxergar

tudo de uma perspectiva diferente e principalmente, a nunca desistir de meus

sonhos. Obrigado pelo incentivo, pelas conversas, pelos conselhos sempre dizendo

que independente da situação, devemos caminhar para frente.

A professora Maria do Carmo (Carminha), que com muita paciência e

atenção, dedicou do seu valioso tempo para me orientar em cada etapa desta

pesquisa. A professora Alciene Ribeiro, pelo título honorário de insuportável e pela

contribuição na minha vida acadêmica.

A professora Maria Inês, pelas longas noites em que passei "imerso" em livros

para que pudesse aprender um pouquinho mais. Pelas aulas maravilhosas que

muitas vezes escondiam valiosas lições de vida! Com você, pude aprender que

estamos sempre acostumados a enxergar um "copo vazio" quando na verdade, ele

está cheio. Mas o conteúdo é ignorado ou desconhecido por nós. Você é demais!

Ao meu amigo Everton Douglas, porque em você encontrei um verdadeiro

irmão. Obrigado pela paciência, pelo abraço, pela mão que se estendia sempre

quando eu precisava. Esta caminhada não seria a mesma sem você.

Aos meus colegas de classe, em especial Deserrie Laurentino, Viviane

Monteiro e Yoná Beraldo. Obrigado pelos momentos em que fomos estudiosos,

brincalhões e cúmplices. Obrigado pelas risadas intermináveis e momentos que

ficarão na memória para sempre.

Ao meu amigo Fred pelas madrugadas em claro revisando gramática em

língua inglesa, pelo apoio, pelos conselhos, pelas repreensões, com você, eu pude

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entender que nada acontece por acaso e nós temos que estar abertos a todas as

oportunidades que a vida nos oferece, pois uma vez que elas passam, pode ser

tarde demais.

Não posso deixar de agradecer a quem duvidou de minha capacidade, jogou

pedras em meu caminho e torceu para que nada desse certo. Sem vocês, eu não

teria motivos para superar meus limites e dar o melhor de mim. Muitíssimo Obrigado!

Obrigado a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto contribuíram

para a conclusão desta etapa e para o José que sou hoje.

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RESUMO

Esta pesquisa aborda o desenvolvimento urbano irregular no município de São Sebastião, litoral Norte de São Paulo, este desenvolvimento, resultante do êxodo urbano e da especulação imobiliária ocasionou em grandes problemas socioambientais e também ônus aos cofres públicos. A fim de mitigar esta situação, foi elaborada uma metodologia de taxação, de caráter voluntário, que minimize o ônus aos cofres públicos e tenha a receita gerada por ela, uma destinação exclusiva a estes núcleos urbanos, denominados ZEIS – Zona de Especial Interesse Social. Para que se alcançasse o objetivo proposto, foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre a temática, pesquisa documental para levantamentos técnicos junto à Prefeitura Municipal. Por fim, a TADUS – Taxa de Auxílio para o Desenvolvimento Urbano e Social, apresentou-se como uma alternativa viável para melhorar o investimento em infraestrutura nestas áreas.

Palavras-chave: Taxas. ZEIS. Desenvolvimento Urbano. IPTU.

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ABSTRACT

This research addresses the Irregular Urban Development in the city of São Sebastião situated on the northern coast of São Paulo. This development which had been caused by the urban exodus and land speculation, resulted in a major social and environmental problems as well as liens to the public treasury. To mitigate this situation, it hereby presents a method of taxation that can significantly reduce the losses to the public coffers. It can also generate surplus income that can be used to embellish the zone development into an exclusive destination to be known as ZSSI - Zone of Special Social Interest (ZEIS - Zona de Especial Interesse Social). In order to reach the proposed objective a bibliographical research on the theme was conducted out along with a documentary research for technical surveys by the Municipality. Finally, RRUSD - Rate Relief for Urban and Social Development (TADUS - Taxa de Auxílio para o Desenvolvimento Urbano e Social), presented itself as a feasible alternative to improve the infrastructure investment in in these areas..

Key-words: Rates. ZSSI. Urban Development. Property tax.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 09

1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................ 10

1.1 O Município de São Sebastião ................................................................................... 10

1.1.1 Descrição geral ................................................................................... 10

1.1.2 A evolução populacional ..................................................................... 11

1.1.3 As finanças públicas municipais ......................................................... 12

1.1.4 A ocupação urbana irregular ............................................................... 14

1.2 Áreas de estudo ................................................................................................. 15

1.2.1 ZEIS: Zonas de Especial Interesse Social ......................................... 15

1.2.2 ZEIS: Legislação e funcionamento ...................................................... 16

1.2.3 ZEIS: As ZEIS e sua relação limitante com a regularização fundiária . 18

1.2.4 Descrição das áreas de estudo ........................................................... 19

1.3 Legislação vigente ......................................................................................... 21

1.3.1 Atos administrativos pertinentes .......................................................... 21

1.3.2 IPTU – imposto predial e territorial urbano ........................................... 22

1.4 O processo de criação da taxa ....................................................................... 23

1.4.1 A TADUS ............................................................................................ 23

1.4.2 A constitucionalidade da TADUS ........................................................ 24

2 METODOLOGIA ................................................................................ 26

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 27

3.1 Memorial de cálculo da TADUS ............................................................... 27

3.2 Os benefícios da TADUS ......................................................................... 29

3.3 A TADUS e seu órgão gestor................................................................... 30

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 32

5 REFERÊNCIAS .................................................................................. 34

6 ANEXOS ............................................................................................ 37

Anexo 1 – Capítulo I da Lei Federal 10.257/2001 .......................................... 37

Anexo 2 - Resolução CONAMA 369/2006 ..................................................... 41

Anexo 3 – Seções V e VI da Constituição Federal Brasileira ......................... 56

Anexo 4 – Seção II do Código Tributário Nacional ......................................... 61

Anexo 5 - Título V do Código Tributário Nacional .......................................... 63

Anexo 6 – Capítulo V da Lei Orgânica Municipal ........................................... 64

Anexo 7 - Lei Complementar Municipal nº 81/2007 ....................................... 71

7 Apêndices ........................................................................................... 74

Apêndice 1 – Mapa de localização das áreas de estudo ............................... 74

Apêndice 2 – Tabela 4: Legislação Federal Pertinente .................................. 75

Apêndice 3 – Tabela 5: Legislação Municipal Pertinente ............................... 76

Apêndice 4 – Tabela 6: Caracterização das ZEIS pela TADUS ..................... 77

Apêndice 5 – Tabela 7: Diferenças entre a TADUS e o IPTU ........................ 78

Apêndice 6 – Modelo da Estrutura Organizacional do NGZEIS. .................... 79

Apêndice 7 - Resumo enviado para publicação e apresentação no XVII

Encontro Latino Americano de Iniciação Científica. ...................................... 80

Apêndice 8 - Certificado de apresentação do trabalho no XVII Encontro Latino

Americano de Iniciação Ciêntífica .................................................................. 90

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Introdução

O Capitalismo promoveu o aumento da demanda por espaços destinados a

habitação e trabalho, acentuando os conflitos sociais nos núcleos urbanos os quais

acabaram por se tornar um cenário onde parte da população é destinada a viver em

locais menos privilegiados em infraestrutura e serviços e onde o formal e informal

disputam espaço no meio físico.

A ocupação urbana, através da especulação imobiliária, tornou-se uma

mercadoria que beneficia as classes econômicas com um maior poder aquisitivo

com o acesso às áreas de melhor localização e dotadas de melhor infraestrutura.

Desta forma, forçando as classes de menor poder a procurar moradia nas regiões

periféricas das cidades.

Em sua grande maioria, estas regiões periféricas são caracterizadas por

lugares com condições de ocupação menos vantajosas e até mesmo com restrições

ambientais para ocupação regular. Nestes locais, concentram-se boa parte dos

assentamentos urbanos e dos problemas socioambientais.

O objetivo desta pesquisa é efetuar um levantamento quantitativo das Zonas

de Especial Interesse Social – ZEIS do município de São Sebastião - SP, e propor a

criação da Taxa de Auxílio ao Desenvolvimento Urbano e Social – TADUS nessas

áreas, com o intuito de auxiliar o Poder Público nos processos de urbanização e

medidas de intervenções sociais.

Este estudo se justifica na quase nula ou inexistente política de

desenvolvimento urbano no município de São Sebastião e até mesmo na falta de

alternativas que o munícipe, migrante ou não, residente destas áreas, tem de

cooperar para a melhoria do meio no qual se encontra inserido.

Para a realização deste estudo, empregou-se a pesquisa bibliográfica e

documental, considerando as obras mais relevantes sobre a temática, levantamento

de dados técnicos junto à Prefeitura Municipal de São Sebastião, realização de

entrevistas com os responsáveis pelo setor de Habitação e, posteriormente, uma

análise dos dados e a definição da TADUS.

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1. Referencial Teórico

Os processos de urbanização e ocupação do Litoral Norte redefiniu a

ocupação da população caiçara, desenhou a formação de estâncias balneárias e

criou uma estrutura hierárquica de centros urbanos, dos quais Caraguatatuba é o

maior centro urbano e São Sebastião o maior centro econômico. Esses centros são

uma extensão do processo de urbanização do sudeste brasileiro, impulsionados

pelas regiões metropolitanas da Grande São Paulo, Baixada Santista e Vale do

Paraíba (SILVA, 1975).

O espaço geográfico do Litoral Norte apresenta características de grande

dispersão e também descontinuidade, pois as atividades que geram a função

econômica, a urbanização e o turismo não ocorrem de forma pontual e nuclear, e

estendem-se desigualmente ao longo da costa.

As vias de transporte exercem influencias importantes na organização

territorial da região, interferindo diretamente em regiões de maior dinamismo

econômico. Assim como uma região periférica, o Litoral Norte sofreu com as

flutuações entre prosperidade e declínio.

Entretanto, com a melhoria das rodovias que ligavam o Litoral Norte Paulista

com as cidades do interior, atravessando a Serra do Mar, e posteriormente as

ligações rodoviárias com a Baixada Santista e com o Estado do Rio de Janeiro

trouxeram facilidades no acesso a região e impulsionaram a especulação imobiliária

através da instalação de residências de veraneio, e também o turismo na região, o

que hoje, é o maior fator econômico da região.

1.1 O município de São Sebastião

1.1.1 Descrição Geral

O município de São Sebastião está situado na Região Sudeste do país,

especificamente no Litoral Norte do Estado de São Paulo, a 23º48’S e 45°24’O.

Conta com aproximadamente 410km² de área, incluindo as ilhas oceânicas, possui

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34 praias e 100km lineares de costa, e tem como limite os municípios de

Caraguatatuba, Bertioga e Salesópolis.

Histórica e geograficamente, São Sebastião integra a faixa costeira Norte do

Estado de São Paulo, e separa-se geograficamente da região da Baixada Santista

na altura da Ponta do Una, município de Bertioga.

Até meados da década de 50, o Litoral Norte de São Paulo era uma região

praticamente isolada, embora sua ocupação remonta ao início do período colonial,

dedicada em sua essência às atividades tradicionais de agropecuária e pesca.

A partir da década de 40, constantes ações governamentais criaram novas

condições para o desenvolvimento regional: a instalação do porto de São Sebastião,

melhores vias de acesso ao interior do Estado possibilitando a circulação de

veículos entre o Litoral Norte e o Vale do Paraíba, início instalação do Terminal

Marítimo da Petrobrás e instalação da rodovia SP-55/BR-101 (Rio – Santos) nas

décadas de 70 e 80. Essas ações potencializaram o desenvolvimento da região que

teve como principais fatores produtivos as atividades do “terceiro setor” (comércio e

serviços) e o turismo.

1.1.2 A evolução populacional

A população do município de São Sebastião, segundo dados do IBGE para

2010, era de 73.942 habitantes, conforme mostra o Gráfico 1. Embora esta ordem

de volume de população tenha se mantido ao longo de todos os períodos

considerados, é possível observar que as proporções têm se alterado. Nota-se

através dos dados que, a população medida em 2010 cresceu 118,1% em

comparação a 1991, o que resulta em um aumento significativo de 40.052 habitantes

em quase duas décadas.

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Gráfico 1: A evolução populacional do município de São Sebastião (Fonte: IBGE, 2010)

Já a variação populacional encontrada entre São Sebastião para com os outros

municípios do Litoral Norte (Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba) é mostrada na

Tabela 1. Na qual nota-se que São Sebastião ostenta o maior índice de crescimento

populacional em comparação às demais cidades do Litoral Norte.

Evolução Populacional no Litoral Norte de São Paulo

Cidade

População Percentual de

evolução 1991 1996 2000 2007 2010

Caraguatatuba 52.878 66.669 78.921 88.815 100.840 90,7%

Ilhabela 13.538 13.012 20.836 23.886 28.196 108,2%

São Sebastião 33.890 43.073 58.038 67.348 73.942 118,1%

Ubatuba 47.398 54.196 66.861 75.008 78.801 81,5%

Total 147.704 176.950 224.656 255.057 281.779 90,7%

Tabela 1: A evolução populacional dos municípios do Litoral Norte de São Paulo (Fonte: IBGE, 2010)

1.1.3 As Finanças Públicas Municipais

Segundo dados disponibilizados pela Prefeitura Municipal de São Sebastião,

o município gera um volume significativo de Receitas Próprias (Tabela 2). O principal

componente é o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, que corresponde por

mais da metade do montante arrecadado.

As transferências Intergovernamentais como um todo, representam o item

mais importante das receitas. As provenientes da União representam a maior

parcela, pois testa incluí: o Fundo de Participação dos Municípios – FPM, os

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repasses do Sistema Único de Saúde – SUS e o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação – FNDE, voltado principalmente para o setor de

refeições escolares.

Uma dos maiores repasses da União para o município de São Sebastião se

referem aos royalties do petróleo. Já as transferências provenientes do Governo do

Estado de São Paulo se referem exclusivamente à Cota Parte do ICMS, e o

Terminal juntamente com o Porto privilegiam fortemente o município.

Entre os anos de 2005 e 2009 as Receitas geradas somente com a

arrecadação de impostos do município de São Sebastião ultrapassou a marca dos

350 milhões de reais. A maior parte dessas receitas foi originada no recolhimento de

impostos como IPTU, ITR, ISSQN, ISS e ITBI, ou seja, a arrecadação somente com

IPTU corresponde a uma média de 48,62% de toda a arrecadação de impostos e a

3,28% na arrecadação bruta, excluindo-se os dados de repasses

intergovernamentais.

RESUMO DAS RECEITAS FINANCEIRAS MUNICIPAIS

FONTES VALOR NOMINAL EM 2009

Orçamentárias realizadas 347.526.365,60

Correntes 355.834.965,30

Tributárias 80.293.641,80

IPTU 34.579.033,49

ISS 22.220.612,03

ITBI 8.224.535,08

Taxas 6.781.632,68

Contribuição 16.575.752,78

Patrimonial 54.754.888,83

Transferências Correntes 191.989.549,60

Transferências da União 72.553.566,91

Transferências do Estado 83.901.544,23

Dívida Ativa 5.518.064,86

Outras Receitas Correntes 12.139.036,77

Capital 355.379,86

Transferência de Capital 181.229,37

FPM 18.294.562,51

ITR 10.904,49

RECEITA BRUTA GERADA 1.311.735.266,19

Tabela 2: Levantamento de Receitas do município de São Sebastião (Fonte: IBGE, 2010)

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1.1.4 A ocupação urbana irregular

Os processos de ocupação territorial do município de São Sebastião

aconteceram de forma arbitrária, sem planejamento, elitista e em uma apropriação

margem da lei ou em que a lei era aplicada de forma equivocada a fim de beneficiar

determinados indivíduos (RUSHMANN, 1999).

Ao analisar a dinâmica da ocupação, nota-se que os loteamentos irregulares

são métodos de grilagem de terras ou até mesmo da criação de situações para

burlar os procedimentos de licenciamentos ambientais, no qual famílias de baixa

renda são enganadas, vítimas de comércio ilegais de imóveis que uma vez

instaladas nas ocupações vêm a ser expulsas para que deem lugar a novas frentes

de ocupação. Também ocorrem, casos em que famílias se instalam de forma

espontânea em qualquer lugar, sem agenciamento de qualquer natureza.

Com o asfaltamento da estrada SP-55/BR-101 (Rio-Santos), bairros com

novas características começaram a surgir ao longo de São Sebastião. Os nativos e

antigos proprietários dos terrenos, os caiçaras, foram realocados, na maioria das

vezes trocando seus bens e posses por valores subestimados, já que eram

desprovidos de estudo e não possuíam uma economia que os habituassem aos

valores praticados pelo mercado e consequentemente, não sabiam lidar com

dinheiro.

As comunidades caiçaras foram se descaracterizando gradativamente,

enquanto a estrutura urbana previamente estabelecida e a economia da pesca

artesanal eram deslocadas pela atividade imobiliária. O turismo iniciante na época

trouxe consigo uma grande mudança à cidade. Uma população flutuante três vezes

maior, mais a de residentes fixos do município sobrecarregava a infraestrutura

instalada. O comércio voltou-se ao atendimento desta demanda nas altas-

temporadas, o que sazonalmente acarreta na distorção dos preços praticados pelo

mercado e afeta diretamente o mercado de trabalho, uma vez que este passa a ser

sazonal (RUSHMANN, 1999).

A especulação imobiliária demanda enormes extensões de território,

motivando disputas por terras que muitas vezes decaem sobre a ilegalidade. No

caso das posses caiçaras, muitos deles viviam à margem da legalidade praticada

nos cartórios, vindo a ser comumente lesados nas transações comerciais que os

envolveram.

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Durante os anos 80, a divisão do município em loteamentos e a construção de

condomínios de luxo foram marcadas pela inexistência da consciência e percepção

ambiental por parte dos especuladores, resultando em desmatamentos e

aterramentos de espaços ecologicamente frágeis.

A demanda de empregos para o setor da construção civil, resultante da

especulação imobiliária exerceu a função de mecanismo de extração e realocação

de migrantes de várias regiões do país. Dentro de um modelo econômico

ultrapassado, não se desenvolveu qualquer tipo de investimento ou planejamento

para soluções habitacionais adequadas para esta classe de pessoas, ou seja, não

existia uma política de habitação popular por parte do Poder Público Municipal ao

decorrer da década de 80 e na primeira metade da década de 90 (RUSHMANN,

1999).

Assim, a proliferação de bairros precários foi eminente, com moradias

improvisadas, localizadas muitas vezes em terrenos com riscos ambientais. Estes

assentamentos urbanos ‘populares’ acompanharam fielmente o crescimento dos

assentamentos urbanos destinados à classe alta.

No início dos anos 90, com o forte aumento da arrecadação de impostos do

município, em especial os Royalties oriundos da operação e movimentação de

produtos da Petrobrás criaria condições na área de atendimento de saúde que

agiriam como imã para populações de baixa renda de outros municípios. E para

facilitar o transporte de migrantes de outros estados com a promessa de uma vida

de oportunidades, a troca favores eleitorais passou a ser uma das moedas correntes

do cenário político local.

1.2 Áreas de Estudo

1.2.1 ZEIS – Zonas de Especial Interesse Social

As ZEIS podem ser expressas como um tipo de zoneamento em que se é

permitido a aplicação de regras diferenciadas o uso e ocupação do solo pela

população de baixa renda em áreas ocupadas ou não (SÃO SEBASTIÃO, 2007).

As diretrizes deste tipo de zoneamento são aplicadas por cada município em

particular com o intuito de alcançar dois objetivos expressos na Política Habitacional.

O primeiro é atender as diretrizes da política urbana, dispostas nos incisos XIV e XV

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do Artigo 2 do Estatuto da Cidade, através da utilização de instrumentos de

regularização fundiária e de urbanização de áreas previamente ocupadas pela

população de baixa renda, através da promoção de anistia e da simplificação da

legislação que trata do uso do solo. O segundo trata sobre a ampliação a oferta de

moradia para a população de baixa renda, em regiões inseridas dentro dos núcleos

urbanos que sejam dotadas de infraestrutura e mobiliário (BRASIL, 2001).

As ZEIS podem ser agrupadas em duas tipografias básicas: a ZEIS de áreas

previamente ocupadas e a ZEIS de áreas não ocupadas (SAULE JÚNIOR, 2006).

Após o processo de regularização de uma ZEIS, os municípios podem

estabelecer como objetivos:

A promoção da integração e inclusão da população marginalizada

devido a impossibilidade de ocupação do solo urbano dentro das

regras pertinentes.

A promoção na realização de obras de infraestrutura urbanas em locais

não atendidos, para que se melhore as condições de vida da

população.

A promoção e o estabelecimento de mecanismos de participação direta

dos moradores no processo de definição de investimentos pelo Poder

Público em Urbanização para a consolidação dos assentamentos.

A promoção e o aumento na arrecadação municipal através da

regularização de áreas, tornando estas aptas para a tributação.

A promoção e o aumento da oferta de terras para a classe de baixa

renda.

No que se refere a legislação, mais especificamente à legalização jurídica, a

criação da ZEIS possibilitaria o registro do parcelamento de terra junto ao Cartório

de Registro de Imóveis e consequentemente, a atribuição de titulação da área a

população beneficiada, através da concessão do direito de uso, uso especial para

fins de moradia ou do contrato de compra e venda.

1.2.2 ZEIS: Legislação e funcionamento

Os processos de análise, elaboração e implementação das ZEIS se de após a

operacionalização da função social da propriedade, assim como o Estatuto das

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Cidades, que prevê a possibilidade de instituição desta classe de zoneamento, que é

especificamente destinado à legalização de assentamentos urbanos para a

população de baixa renda.

Na esfera municipal, desde os anos 80, algumas Prefeituras começaram a

instituir normas que promovessem o interesse social e procuraram estabelecer

condições para a regularização de assentamentos que estivessem em desacordo

com os padrões da Lei Federal nº 6.766 de 1979, que trata sobre o parcelamento do

solo.

Já na esfera Federal, a Constituição Federal de 1988 ampliou o conceito da

função social da propriedade. Neste mesmo preceito, em 1999, a Lei Federal 6.766

sofreu significativas alterações, transferindo para os municípios a autonomia para

que pudessem promover os empreendimentos habitacionais de interesse social e

promovessem a regularização de assentamentos urbanos irregulares.

A denominação de uma gleba em um ZEIS se dá mediante a promulgação de

uma lei específica, a qual deve conter o memorial descritivo da área em questão, os

critérios para a elaboração e a execução de um plano de regularização, as diretrizes

para o estabelecimento de normas especiais de parcelamento e uso e ocupação do

solo entre outras. A elaboração desta lei deve ser precedida de estudos que

demonstrem a viabilidade técnica, jurídica e financeira da regularização (BRASIL,

2001).

Com a instituição da ZEIS, o processo de constituição de uma comissão

composta pela municipalidade e por moradores desses assentamentos é iniciado.

Esta comissão é responsável pela elaboração e pela aprovação dos planos de

urbanização, os quais estabelecem as formas de divisões e de ocupações de lotes,

necessidades da realização de obras e de outras formas de intervenção do Poder

Público na área (BRASIL, 2001).

Os Planos de Urbanização ficam sujeitos a aprovação, por decreto pelo chefe

do Poder Executivo Municipal. Dada a sua aprovação, a Prefeitura procede as obras

de urbanização do assentamento e, em seguida, aciona o Cartório de Registro de

Imóveis para que se possam realizar o registro do parcelamento com as

correspondentes aberturas das matrículas individualizadas (BRASIL, 2001).

Ao término do processo, no caso de glebas públicas, outorga-se a cada

família o título de propriedade do lote ocupado. Já nas áreas particulares, o Poder

Público Municipal deve prestar a assistência jurídica necessária para a resolução da

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questão do direito de ocupação, através de uma negociação direta com os

proprietários por meio de processos de desapropriação ou por intermédio de ações

de usucapião dessas áreas (BRASIL, 2001).

1.2.3 ZEIS: As ZEIS e sua relação com a regularização fundiária

Uma gama de atos interdependentes revela a relação entre o aspecto

fundiário e o urbanístico. A regularização do direito de propriedade é um requisito

para a aprovação de um projeto urbanístico pelo órgão competente. Este projeto, por

sua vez, é um requisito para o registro do parcelamento junto ao órgão de registro

imobiliário. Então, o registro do parcelamento é um requisito para proceder-se ao

registro das escrituras de alienação ou dos termos de concessão dos lotes

individualizados, garantindo-se assim, a segurança jurídica dos moradores.

Onde não há projeto previamente aprovado, as construções em geral são

edificadas em áreas de reservas de loteamento, as denominadas áreas verdes ou

institucionais, e o loteador, na maioria das vezes não é o proprietário da porção de

terra loteada, que pode ser de domínio público ou particular. É preciso então,

compatibilizar essas normas com a realidade encontrada nesses assentamentos.

Daí a importância da utilização das ZEIS como instrumentos dos programas de

regularização fundiária (BRASIL, 2001).

Recentemente, por imposição da realidade, reconheceu-se a possibilidade do

órgão de licenciamento ambiental autorizar a supressão de vegetação em área de

preservação permanente (APP) em casos excepcionais de utilidade pública ou de

interesse social, desde que atendidos os requisitos expressos pelo Código Florestal

Federal e pela Resolução nº 369 do CONAMA – Conselho Nacional de Meio

Ambiente. No rol das possibilidades que se enquadram como interesse social figura

a regularização fundiária sustentável de área urbana, mediante a instituição de ZEIS.

A criação das ZEIS promoveu avanço, por reconhecer a ocupação em

assentamentos já existentes, por definir índices específicos para as urbanizações e,

em alguns casos, por constituir importante instrumento de mobilização e de

participação popular, o que não é pouco, mas não tem sido suficiente para promover

a definitiva regularização dos assentamentos.

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Esta questão é, de fato, complexa e está diretamente relacionada à

fragilidade das instituições governamentais, à rigidez da legislação e ao

conservadorismo em sua aplicação, ao grau de precariedade dos assentamentos e,

finalmente, à história da construção das cidades.

1.2.4 Descrição das áreas de estudo

Figuram como objetos de estudos, as áreas inseridas em Zonas de Especial

Interesse Social – ZEIS ao longo do município. A maioria dessas áreas são

resultantes de processos de ocupação irregulares ocorridos ao longo de décadas, as

quais não possuem, exceto algumas, sistemas de escoamento de águas pluviais,

sistema público coletor de esgotos, água encanada, vias de acessos pavimentadas,

energia elétrica, entre outros itens de infraestrutura básica, conforme disposto no

Artigo 2, Parágrafo 6 da Lei Federal n° 9.785/99.

O Plano Diretor de 1997 de São Sebastião, atualmente em processo de

revisão, incorpora por sua vez, as diretrizes gerais de política urbana, definidas pela

Lei Federal n° 10.257/2001 (Estatuto da Cidade). O Poder público municipal, através

da Lei Complementar n° 81/2007, instituiu as ZEIS – Zonas Especiais de Interesse

Social. Que em seu Artigo 2° define as ZEIS como:

Áreas contidas dentro do território municipal, destinadas exclusivamente à recuperação urbanística e ambiental, à regularização fundiária de assentamento irregular já existente e a produção de Habitações de Interesse Social – HIS, incluindo a recuperação de imóveis degradados, a provisão de equipamentos sociais e culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local (SÃO SEBASTIÃO, 2007).

A Prefeitura Municipal de São Sebastião delimitou vinte e uma ZEIS (Anexo 1),

distribuídas pelo território municipal. Observa-se através da imagem uma

característica marcante, a de que a grande maioria delas localizam-se nas encostas

dos morros, próximos aos limites do Parque Estadual da Serra do Mar.

Segundo o levantamento realizado pela Secretaria de Habitação de São

Sebastião em 2009 (Tabela 3), existem 8.389 imóveis inseridos nas ZEIS, as quais

possuem aproximadamente 28.676 habitantes. Isso significa que ao comparar o

número de habitantes das ZEIS com a população medida pelo IBGE em 2010,

concluí se que 38,7% da população sebastianense se concentram nesses núcleos e

também que mais de 502ha do território é enquadrado com uma ZEIS.

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Núcleo Local / Bairro Imóveis Famílias Residentes Área (m²)

1 Chico Soldado 87 73 220 29.771,83

2 Nereidas (Canto do Mar) 38 40 150 33.272,75

3 Recanto dos Atobás 88 67 230 48.219,64

4 Balneário São Marcos 450 380 1276 163.575,68

5 Morro do Abrigo 300 300 1200 424.028,79

6 Olaria 476 950 3810 128.185,54

7 Itatinga 950 428 1424 1.181.090,91

8 Topolândia 315 315 1260 25.126,09

9 Varadouro 22 22 90 3.610,63

10 Barequeçaba 20 20 80 75.467,00

11 Toque -Toque Pequeno 186 146 555 14.836,35

12 Paúba 57 33 137 49.909,125

13 Maresias 1621 1621 6484 2.015.314,08

14 Boiçucanga 643 512 1621 108.855,33

15 Camburi 1116 892 2944 453.015,16

16 Baleia Verde 131 83 270 25.345,10

17 Barra do Sahy 657 574 1917 110.612,90

18 Vila Paraíso (Sahy) 20 20 80 17.511,97

19 Juquehy 825 697 3936 44.587,61

20 Barra do Uma 337 261 973 28.321,17

21 Boracéia 50 47 15 43.779,93

Totais 8389 7481 28672 5.024.437,59

Tabela 3: Levantamento e caracterização das ZEIS do município de São Sebastião. (Fonte: Prefeitura

Municipal de São Sebastião)

No que se refere à população residente dessas áreas, são tidas como uma

população de baixa renda, composta em sua maioria por migrantes de outros

Estados brasileiros, os quais se localizaram no município à procura de novas

oportunidades para uma melhoria de vida.

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1.3 Legislação vigente

1.3.1 Atos administrativos pertinentes

Com a finalidade de embasar a taxação proposta, foram julgados pertinentes

os atos administrativos mostrados nas Tabela 4 e 5, organizados de acordo com sua

data de promulgação.

ATOS ADMINISTRATIVOS DA ESFERA FEDERAL

TIPO NÚMERO DESCRIÇÃO

Lei 5.172/1966

Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui

normas gerais de direito tributário aplicáveis à União,

Estados e Municípios.

Lei 6.766/1979 Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras

Providências.

Lei 9.785/1999

Altera o Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de 1941

(desapropriação por utilidade pública) e as Leis nos

6.015, de 31 de dezembro de 1973 (registros públicos) e

6.766, de 19 de dezembro de 1979 (parcelamento do

solo urbano)

Lei 9.790/1999

Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de

direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações

da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e

disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

Lei 10.257/2001 Estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá

outras providências.

Lei 11.124/2005

Dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de

Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional de

Habitação de Interesse Social – FNHIS e institui o

Conselho Gestor do FNHIS.

Resolução

CONAMA 369/2006

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública,

interesse social ou baixo impacto ambiental, que

possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação

em Área de Preservação Permanente-APP.

Lei 12.527/2011 Regula o acesso a informações e dá outras providências.

Tabela 4: Legislação Federal pertinente.

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ATOS ADMINISTRATIVOS DA ESFERA MUNICIPAL

TIPO NÚMERO DESCRIÇÃO

Plano Diretor -- Institui o Plano Diretor do Município de São Sebastião.

Lei 1.317/1998 Institui o Novo Código Tributário do Município de São

Sebastião

Lei Orgânica -- Dispõem sobre a Lei Orgânica do Município de São

Sebastião

Lei

Complementar 81/2007

Cria as Zonas de Especial Interesse Social – Zeis; e dá

outras providências

Tabela 5: Legislação Municipal pertinente.

1.3.2 IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

A abordagem sobre a competência tributária entre os membros da Federação

na Constituição Federal prevê que o IPTU é de competência dos municípios, como é

disposto no Artigo 156, inciso I (BRASIL, 1988).

A função do IPTU desde sua criação sempre foi, função fiscal, e ainda é, via

de regra. Porém após a promulgação Estatuto da Cidade foi levantada a

possibilidade de utilizar uma alíquota progressiva, variável ao longo do tempo para

os imóveis que não estejam cumprindo com sua função social, passou a ter por

exceção função extrafiscal.

Após o Estatuto das Cidades houve uma ampliação na função do IPTU, visto

a possibilidade de ser utilizado com finalidade extra-fiscal, pois se tornou mecanismo

que através de sua alíquota progressiva, pudesse compelir ao proprietário de imóvel

urbano compreendido dentro dos limites do plano diretor da cidade a exercer a

função social da propriedade, sob pena de seu parcelamento ou até mesmo de uma

futura desapropriação.

O fato gerador sobre o IPTU, conforme disposto no Artigo 32 do Código

Tributário Nacional - CTN é a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel

por natureza ou por acessão física, localizado na área urbana do Município. O novo

Código Civil, em seu Artigo 79 define de forma concisa “bem imóvel” como o solo e

tudo quanto se lhe acomodar natural ou artificialmente. Tem-se então, como fato

gerador, a propriedade, o domínio útil e a posse (BARRETO, 1998).

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A instituição da propriedade no direito brasileiro é regida pelo Código Civil,

contudo esta lei não a define, mas traz as suas características no Artigo 1228,

assim: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito

de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”

(BRASIL, 2002)

Uma das possibilidades de incidência do IPTU é o direito possessório, porém

não é toda posse que gera a possibilidade de incidência do tributo, pois Barreto

(1998) diz que para haver posse passível de tributação é necessário que o

proprietário detenha os direitos de propriedade e caso se trate de uma situação

possessória que não lhe atribua essa virtude, não há de cogitar de ser esse

possuidor contribuinte do IPTU. Então, presume-se que o proprietário que não

detenha a posse do imóvel com os poderes e atributos da propriedade, não se

sujeitaria ao imposto.

No que se refere a base do cálculo do imposto, a mesma é dada pelo o valor

venal do imóvel como dispõe o artigo 33 do CTN. O valor venal por sua vez é

estipulado após uma análise técnica das Prefeituras, levando em consideração

diversas variáveis, como o tamanho do imóvel, área construída, localização,

acabamento, etc. E ainda de acordo com o disposto no parágrafo único do mesmo

artigo, não são consideradas as pertenças para determinar a base de cálculo, tão

somente o valor individualizado do imóvel (BARRETO, 1998).

Já a aplicação do IPTU por pela Prefeitura de São Sebastião é dada conforme

orientações da Constituição e do CTN. A base de cálculo é o valor venal do imóvel,

apurada esta, aplica-se a alíquota de 2% (dois por cento), a qual poderá ser

elevada, por Lei (PMSS, 1998).

1.4 O processo de criação da taxa.

1.4.1 A TADUS

Com o intuito de mitigar o prejuízo causado aos cofres públicos na não

arrecadação de IPTU ou qualquer outro imposto por parte dos munícipes residentes

das ZEIS, propõem-se, então, a criação de uma taxa, a TADUS, que possui, como

objetivos principais, auxiliar o Poder Público nos processos de urbanização, como

em obras de infraestrutura, e também promover o desenvolvimento social, através

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de eventos e ações pontuais, por exemplo, instalação de núcleos de assistência

social, investimento em educação, saúde, entre outros.

A TADUS é considerada como uma ferramenta de promoção da função social

da propriedade privada, diferentemente do IPTU, a taxa será destinada

especificamente a pessoas de baixa renda, residentes nas ZEIS. Toda receita

arrecadada será aplicada para a melhoria da qualidade de vida da população local.

1.4.2 A Constitucionalidade da TADUS

O Artigo 30 da Constituição Federal atribui aos Municípios competência para

legislar sobre; assuntos de interesse local, suplementar a legislação federal e

estadual no que couber promover o adequado ordenamento territorial, mediante

planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e

a ação fiscalizadora federal e estadual.

A TADUS pode ser classificada como uma contribuição Para-fiscal. A qual é

prevista no Artigo 145, inciso II da Constituição Federal, que autoriza o Poder

Público Municipal a criação de taxas sobre a utilização de serviços públicos, e em

seu parágrafo 2 é expresso que as taxas poderão ter uma base de cálculo própria. A

característica principal deste tributo é a finalidade para a qual é destinada sua

arrecadação, ou seja, as contribuições possuem finalidade e destino certos,

definidos em lei cada contribuição.

No CTN, a TADUS se enquadra no quesito “contribuição de melhoria” conforme

explica o Artigo 81, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que

decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como

limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel

beneficiado.

No que se refere à Legislação Municipal, a Lei orgânica do Município em seu

Artigo 120 reafirma o disposto no CTN, porém em seu inciso III, parágrafo 1º,

acrescenta que:

Os impostos, sempre que possível, terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte (BARRETO, 1998, p. 78)

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Após uma análise detalhada da legislação vigente, em especial os Artigos

120, 121, 122 e 123 da Lei Orgânica Municipal, não foram encontrados empecilhos

para a instituição da TADUS, uma vez que, a promulgação da mesma possui como

adendo a melhoria da qualidade de vida dos contribuintes (SÃO SEBASTIÃO, 1999).

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2. Metodologia

Ao discutir a forma de trabalho para alcançar os objetivos deste estudo,

percebeu-se que era necessário realizar uma pesquisa de levantamento de dados

que, segundo Selltiz et al. (1987), é uma forma de obter informações sobre

fenômenos que influenciam as interações, processos e fenômenos relativos às

pessoas em sua vida diária.

Com a formulação de hipóteses as quais procuraram embasar a solução para

as questões levantadas de: “Como poderia ser instituído um tributo de caráter

voluntário, com o objetivo específico de se promover o desenvolvimento urbano e

social”. “Como a elaboração de um instrumento deste teor poderia mitigar a falta de

planejamento do Poder Público no quesito investimento em infraestrutura e como a

receita arrecadada poderia ser gerenciada por uma instituição externa”. Estas foram

verificadas através de pesquisa bibliográfica e documental.

No que se refere ao levantamento de dados e a pesquisa documental, os

estudos foram realizados de fonte primária. Pois, de acordo com Rampozzo (2005),

isto promove ao pesquisador, custos menores em comparação aos outros tipos de

pesquisas, além de proporcionar uma melhor visão da problemática.

O processo de levantamento de dados foi executado através de visitas a

Prefeitura de São Sebastião e ao IBGE, e então, procedeu-se o mapeamento e a

tabulação dos dados. Também foram realizadas visitas aos locais objetos deste

estudo, para que se pudesse averiguar o impacto ao entorno, exercido pela

ocupação urbana irregular.

Então, após a coleta dos dados, procedeu-se para a organização dos

mesmos, em tabelas, gráficos e mapas. Tal representação ocorreu de forma clara e

objetiva, com o intuito de facilitar a análise e discussão destes dados.

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3. Resultados e Discussão

3.1 Memorial de cálculo da TADUS

Para que a taxação do imóvel seja feita de forma digna, ou seja, condizente

com as necessidades de infraestrutura requeridas para a melhoria da qualidade de

vida do entorno, quantidade de imóveis e residentes, foi estabelecida a subdivisão

das ZEIS estudadas de acordo com o número de imóveis. Conforme a seguir:

Classe I: ZEIS com até 200 imóveis.

Classe II: ZEIS com 201 até 400 imóveis.

Classe III: ZEIS com 401 até 600 imóveis.

Classe IV: ZEIS com 601 até 800 imóveis.

Classe V: ZEIS com 801 até 1000 imóveis.

Classe VI: ZEIS com 1001 ou mais imóveis.

A taxação sobre as ZEIS se dará pela quantidade de imóveis, independente

de haver ou não edificações. O valor da taxa será dividido em doze parcelas iguais e

poderá ter o seu valor revisto anualmente, conforme haja a variação do índice de

inflação. A Tabela 6 demonstra a divisão das ZEIS em classes, estabelece os

valores das taxas por imóvel, calcula a arrecadação anual oriunda da aplicação da

TADUS e também apresenta o montante que seria arrecadado por cada Classe.

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CLASSIFICAÇÃO E PROJEÇÃO DE ARRECADAÇÃO DAS ZEIS

Classe ZEIS Imóveis Taxa por

imóvel/ano (R$)

Arrecadação Anual (R$)

Repasse do IPTU ( R$)

Barequeçaba 20 100,00 2.000,00 10.373,71

Vila Paraíso 20 100,00 2.000,00 10.373,71

Varadouro 22 100,00 2.200,00 10.373,71

Av. Nereidas 38 100,00 3.800,00 10.373,71

Boracéia 50 100,00 5.000,00 10.373,71

Paúba 57 100,00 5.700,00 10.373,71

Chico Soldado 87 100,00 8.700,00 10.373,71

Recanto dos Atobás 88 100,00 8.800,00 10.373,71

Baleia Verde 131 100,00 13.100,00 10.373,71

Toque Toque 186 100,00 18.600,00 10.373,71

69.900,00 103.737,10

II

Morro do Abrigo 300 110 33.000,00 34.579,03

Topolândia 315 110 34.650,00 34.579,03

Barra do Uma 337 110 37.070,00 34.579,03

104.720,00 103.737,10

III São Marcos 450 120 54.000,00 51.868,55

Olaria 476 120 57.120,00 51.868,55

111.120,00 103.737,10

IV Boiçucanga 643 130 83.590,00 51.868,55

Barra do Sahy 657 130 85.410,00 51.868,55

169.000,00 103.737,10

V Juquehy 825 140 115.500,00 51.868,55

Itatinga 950 140 133.000,00 51.868,55

248.500,00 103.737,10

VI Camburi 1116 150 167.400,00 51.868,55

Maresias 1621 150 243.150,00 51.868,55

410.550,00 103.737,10

Total arrecadado anualmente em todas as

ZEIS: 1.113.790,00

Total repassado pelo Governo Municipal: 518.685,50

Total agregado passível de investimento: 1.632.475,50

Tabela 6: Caracterização das ZEIS pela TADUS,

Uma das principais diferenças propostas pela TADUS seria a taxação sobre

imóveis sem que fosse comprovado o seu direito de propriedade, como é exigido

para a aplicação do IPTU. Porém, para que a mesma seja aplicada em

conformidade com a legislação vigente, o imóvel deverá estar inserido em uma

ZEIS.

Outro fator que a diferencia do IPTU, seria o seu método de cálculo. Pois

neste caso, não será considerado o tamanho do imóvel, mas sim, a sua simples

existência.

O fato de o mesmo estar inserido em uma Zona Especial, o considerará como

apenas um membro o qual não será levada em consideração o seu tamanho. E a

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sua taxação será igual para todos os imóveis existentes em sua respectiva classe.

As demais comparações entre os tributos são mostradas na Tabela 7.

AS DIFERENÇAS ENTRE OS TRIBUTOS

TADUS IPTU

Requer direito de propriedade? Não Sim

A aplicação da verba é pontual? Sim Não

Requer realização de audiências públicas para a aplicação? Sim Não

Procura promover a inclusão social através de sua aplicação?

Sim Não

A taxação é fixa, independentemente da área (construída ou não)?

Sim Não

Tabela 7: Diferenças entre a TADUS e o IPTU.

3.2 Os benefícios da TADUS

A não taxação sobre as áreas de ocupações irregulares acarreta em um ônus

aos cofres públicos, uma vez que tais áreas demandam investimentos para que

possa se manter e promover uma qualidade de vida adequada para seus habitantes.

O IPTU, principal fonte de arrecadação de verbas para o investimento em

infraestrutura, quando não recolhido de forma adequada faz com que o Poder

público Municipal tenha que desviar ou até mesmo racionar investimentos de um

determinado setor para atender outro. Acarretando assim, em investimentos muitas

das vezes insatisfatórios e defasados, pois estes devem atender a toda população.

Por se tratar de áreas que não recolhem quaisquer tipos de impostos, uma

vez que para se aplicar a tributação do IPTU seriam necessários o investimento

prévio em infraestrutura e a resolução da questão da posse do imóvel. E toda a

arrecadação oriunda dessas áreas deverão ser rateadas entre todas as áreas

demais áreas de investimento pela Prefeitura, como por exemplo, saúde e

educação.

A partir deste preceito, pode-se admitir que a TADUS viria a ser uma taxa

complementar para o investimento nas ZEIS, porém, diferentemente do IPTU, o

montante arrecadado com o tributo seria restrito á sua área de recolhimento, ou

seja, os investimentos seriam pontuais e de acordo com as necessidades de tais

áreas. A verba oriunda da TADUS não seria utilizada para quaisquer outros

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investimentos por parte do Poder Público que não sejam para essas ZEIS

específicas.

Com a complementação da TADUS pelo IPTU, poder-se-á aumentar o

investimento em educação, transportes, urbanização, sistemas de saneamento e

também programas de assistência social. E consequentemente, promover um

aumento nos índices de qualidade de vida, acesso a educação e acesso a serviços

básicos de saúde e saneamento.

3.3 A TADUS e seu órgão gestor

As instituições não governamentais exercem um papel de liderança quando

se trada da representação da sociedade civil, ao atuar em inúmeras frentes como,

por exemplo, a gestão de repasses públicos. E também, governos municipais têm

buscado parceiros para que implementem seus projetos e estes, consideram as

ONGs – Organizações Não Governamentais, o parceiro ideal para a transferência de

responsabilidades.

A atuação destas organizações pode aproximar a parcela “excluída” pelo

Poder Público com a intenção de pressionar este para a elaboração de politicas

publicas adequadas que atendam as reais características da população em foco e

também com maior realidade social.

As ONGs podem atuar como intercessores que buscam o beneficio de seus

membros ou outros interessados, em áreas como educação, desenvolvimento

social, planejamento urbano, e até mesmo em situações em que o individuo em sua

característica de cidadão, não tenha condições para exercer pressão sobre o Poder

Público.

De acordo com Pinto (2006) a representação da ONGs na atuação no espaço

público reside na capacidade de estreitar a relação entre as mais diversas

organizações não governamentais nos mais variados níveis e também, interligar o

Poder Público e a sociedade civil a inúmeros outros órgãos internacionais. As ONGs

podem introduzir inúmeras outras variáveis ao sistema político.

Já, Avritzer (2007) defende que para o envolvimento da sociedade civil nas

políticas públicas a questão da representação passa a ser um ponto fundamental,

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pois a mudança para a institucionalização da representação exige uma participação

também institucionalizada.

A representação através de uma instituição não se iguala a representação do

Poder Público, pois neste caso, a representação não se daria por eleição, mas por

afinidade e identificação de um determinado grupo de interessados com a situação

vivida por eles. Este modelo de representação através de laços afetivos pessoais,

Avritzer (2007) diz que:

Tem se tornado muito forte nas áreas de políticas públicas no mundo em desenvolvimento, se dá a partir da especialização temática e da experiência. Organizações criadas por atores da sociedade civil e que lidam por muito tempo com um problema na área de políticas sociais tendem a assumir a função de representantes da sociedade civil em conselhos ou outros organismos encarregados das políticas públicas (AVRITZER, 2007, p. 457).

Como tantos outros temas, a representação institucionalizada tem seus

pontos positivos e negativos. Para Pinto (2006) a existência de um novo

representante na sociedade civil perante as esferas públicas pode legar o Poder

Público a considerar estas entidades como a própria sociedade civil, o que

acarretaria em aumentar-se o risco a exclusão, uma vez que para que seus direitos

sejam válidos ou suas necessidades atendidas o grupo/indivíduo interessado

deveria ser representado por uma instituição.

A posição de intermediador da sociedade civil que as ONGs pleiteiam, aliada

a falsa independência financeira podem torna-las “partidos” da sociedade civil. Este

tipo de organização não pode assumir o papel do Estado por completo, uma vez que

a sua atuação é limitada.

A chamada sociedade civil tem tido muito pouco êxito em incluir populações pobres e não educadas, e que estas populações têm ficado, na grande maioria das vezes, fora dos processos participatórios (sic) institucionalizados (PINTO, 2004, p. 102).

O aumento na identificação entre uma ONG e a sociedade civil definem,

novamente a sociedade civil como fator resultante do papel que estas organizações

têm assumido nos últimos anos (PINTO, 2004).

Mesmo que a parcela de participação destas organizações seja efetiva,

podem incorrer falhas ao assumir que a representação institucionalizada não é

capaz de atender a todos os interesses da comunidade representada, o que pode

privilegiar um grupo de indivíduos em específico em detrimento dos outros. E em

casos remotos, a ONG pode agir contra os interesses da sociedade civil assumindo

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a postura de concomitante ao Poder Público e suas diretrizes de governo (PINTO,

2007).

Ao partir do preceito de delimitação de uma ZEIS, no qual necessita a

participação dos moradores dos assentos urbanos no processo de definição do

Plano de Urbanização, a TADUS não deve ignorar esta necessidade. Pois,

diferentemente do planejamento de uma ZEIS, a taxa em questão possui uma

abrangência mais profunda, uma vez que procura a taxação de tais assentamentos

urbanos através de um tributo impar.

Para que haja transparência no processo de planejamento e implantação da

TADUS, será necessária a criação de um órgão gestor, aqui denominado NGZEIS –

Núcleo Gestor das Zonas de Especial Interesse Social, o qual será o intermediador

dos interesses dos cidadãos ocupantes dessas áreas para com o Poder Público de

qualquer esfera administrativa.

O NGZEIS deverá ser fundamento e criado de acordo com as diretrizes

expostas na Lei Federal nº 9.790 de 1999, a qual trata sobre a criação de

organizações sem fins lucrativos, entre outros.

Este Núcleo deverá ser composto de um representante de cada ZEIS, para

que se forme um conselho gestor e também, será nomeado um representante-

auditor pelo Poder Público Municipal para que fiscalize as operações da instituição.

Já o que se refere ao corpo técnico e administrativo, a NGZEIS deverá efetuar a

contratação ou fazer uso do capital humano cedido pela municipalidade para que

seja possível a sua operação. Uma estrutura administrativa exemplo é mostrada na

Figura 3.

Conselho Gestor

Departamento Administrativo

Departamento de Assistência Social

Departamento Financeiro

Departamento de Fiscalização

Departamento Jurídico

Departamento de Projetos

Agente fiscalizador

Figura 3: Modelo da Estrutura Organizacional do NGZEIS.

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4. Considerações Finais

O simples fato da TADUS ter a sua aplicação em áreas com um levantamento

socioeconômico já realizado pode ser considerado uma vantagem. Pois ao levar em

consideração a velocidade do desenvolvimento urbano atual, a Taxação proposta se

mostra uma alternativa economicamente viável para sanar o ônus oriundo da

ocupação irregular aos cofres públicos.

Um dos fatores mais importantes da TADUS seria a sua amplitude para

aplicação, ou seja, a mesma não estaria restrita somente ao investimento em

educação, saúde, planejamento e mobiliário urbano, mas também, em ações que

visem a integração social do contribuinte procurando melhorar sua qualidade de vida

e consequentemente a qualidade do entorno no qual ele está inserido.

Os únicos fatores que podem demandar um tempo de aplicação maior se dão

pela necessidade de audiências públicas, para que seja efetuada a taxação e

também o tempo necessário para o trâmite do projeto na Câmara Municipal.

Pois, de acordo com Denaldi (2009), o estabelecimento de fóruns de debates

de entidades e partes interessadas pode ampliar a representatividade e o

conhecimento acerca do problema habitacional e suas soluções, mas, pela diferença

de nível de apropriação do problema, há maiores limitações de aprofundamento.

Atualmente, a Prefeitura Municipal de São Sebastião, através da Secretaria

de Habitação, sustenta o PLHIS – Plano Local de Habitação e Interesse social,

instituído pela Secretaria Estadual de Habitação através da Lei 11.124 de 2005. Este

programa pode ser definido como um plano estratégico de longo prazo e

simultaneamente um plano de ação, ou seja, uma ferramenta de planejamento com

propostas que são operacionais e que devem ser implementados no curto, médio e

longo prazo.

O PLHIS prevê basicamente a realocação dos munícipes residentes das ZEIS

para conjuntos habitacionais. O que tem seus prós e contras, pois ao realizar esta

realocação, o governo estará extinguindo os vínculos emocionais que o morador

possa ter adquirido com o entorno no qual vive. E um dos principais benefícios é o

de residir em um lugar que disponha de serviços básicos de saneamento.

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Através da implantação da TADUS o Poder Público será capaz de realizar

investimentos pontuais nessas áreas. Nota-se que através da simulação efetuada

previamente, o montante arrecadado seria agregado a um repasse municipal que

poderia tornar um ônus em benefícios para os munícipes.

Contudo, não é possível mensurar, sem um estudo detalhado, o prejuízo que

estes núcleos causam aos cofres públicos, uma vez que o valor estabelecido por

metro quadrado varia de acordo com a localização geográfica do núcleo. E pode

ultrapassar o montante de R$ 1000,00 por metro quadrado (ANTUNES, 2010).

Por se tratar de uma ação que envolve o manuseio de dinheiro público, a

TADUS deverá atender o disposto na Lei Federal 12.527, de 2011, conhecida como

a Lei da Transparência. Para isso, deverá ser criado um órgão gestor, sem fins

lucrativos, com o seu corpo organizacional composto de residentes desses núcleos

e de auditores externos a serem definidos pela Municipalidade.

Este órgão seria encarregado de realizar as audiências públicas, garantir a

aplicação da verba em setores que sejam realmente necessários, realizar a coleta

do tributo e também, sempre que necessário, prover informações sobre o

andamento da TADUS.

O Órgão gestor, também poderá decidir sobre possíveis aplicações

financeiras a serem realizadas com o montante arrecadado pela taxação, com o

intuito de aumentar as receitas.

Por fim, a taxação proposta se mostra como uma alternativa para sanar o

déficit em investimentos nas ZEIS e ainda promover a interação entre o Contribuinte

– Poder Público, para que em conjunto, unam esforços rumo à melhoria da

qualidade de vida.

Apesar de haverem projetos governamentais que procurem agir no foco do

problema, nenhum deles é a solução do curto prazo e também, não consideram os

laços emocionais que o indivíduo possa ter criado com o entorno.

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Referências

ANTUNES, C. São Sebastião: crescimento desordenado. Veja, edição 2193, ano 44, nº 50, p. 96, 15 dez. 2010. AVRITZER, L. Sociedade Civil, Instituições Participativas e Representação: da autorização à legitimidade de ação. DADOS – Revista de Ciências Sociais, v. 50, n. 3, p. 443-464, Rio de Janeiro, 2007. BARRETO, A. F., Comentários ao Código Tributário Nacional. ed. Saraiva, vol. 1- São Paulo, 1998. BRASIL. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal; 1988. BRASIL. Código civil, 2002. Código civil. 53ed. São Paulo: Saraiva; 2002. BRASIL. Estatuto da Cidade: Lei 10.257, Brasília, 2001. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. 2006. Resolução Conama nº 369. Disponível em:< www.mma.conama.gov.br/conama> Acesso em 31/05/2013. DENALDI, R.; SANTA ROSA, J. (orgs.). Brasília: Ministério das Cidades/ Secretaria Nacional de Habitação, 2009. IBGE. Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. Disponível em: <http://ibge.gov.br/cidadesat/index.php> PINTO, C. A sociedade civil institucionalizada. Política e Sociedade, Florianópolis, n. 5, p. 99-116, 2004. RAMPAZZO, L. Metodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2005. SÃO SEBASTIÃO, Plano Diretor Municipal, 1997. SÃO SEBASTIÃO, Lei Orgânica Municipal, 1999. SÃO SEBASTIÃO, Lei n.º 1317 de 1998. Dispõem sobre o Código Tributário Municipal. SÃO SEBASTIÃO, Lei Complementar nº 81 de 2007. Dispõem sobre as Zonas Especiais de Interesse Social.

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SILVA, A. C. O litoral norte do Estado de São Paulo: formação de uma região periférica. São Paulo: IFEOG/USP, 1975, 273 P. RUSHMANN, D. Turismo e Planejamento Sustentável. Campinas, Ed. Papirus. 1999. SELLTIZ, C. et al. (1967). Métodos de pesquisa nas relações sociais, 2ª ed. São Paulo, Helder/ EDUSP.

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Anexos

Anexo 1 – Capítulo I da Lei Federal 10.257/2001

CAPÍTULO I

DIRETRIZES GERAIS

Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da

Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.

Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade,

estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da

propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos

cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das

funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes

gerais:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra

urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte

e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras

gerações;

II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações

representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e

acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da

sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;

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IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da

população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de

influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus

efeitos negativos sobre o meio ambiente;

V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos

adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;

VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;

c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em

relação à infra-estrutura urbana;

d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como

pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;

e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou

não utilização;

f) a deterioração das áreas urbanizadas;

g) a poluição e a degradação ambiental;

h) a exposição da população a riscos de desastres naturais; (Incluído pela Medida

Provisória nº 547, de 2011).

h) a exposição da população a riscos de desastres. (Incluído dada pela Lei nº

12.608, de 2012)

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VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo

em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua

área de influência;

VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão

urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e

econômica do Município e do território sob sua área de influência;

IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de

urbanização;

X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos

gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os

investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes

segmentos sociais;

XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a

valorização de imóveis urbanos;

XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído,

do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;

XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos

processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos

potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto

ou a segurança da população;

XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de

baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e

ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da

população e as normas ambientais;

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XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das

normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta

dos lotes e unidades habitacionais;

XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de

empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o

interesse social.

XVII - estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas,

de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que

objetivem a redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais.

(Incluído pela Lei nº 12.836, de 2013)

Art. 3o Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana:

I – legislar sobre normas gerais de direito urbanístico;

II – legislar sobre normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios em relação à política urbana, tendo em vista o equilíbrio do

desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional;

III – promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o Distrito Federal

e os Municípios, programas de construção de moradias e a melhoria das condições

habitacionais e de saneamento básico;

IV – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,

saneamento básico e transportes urbanos;

V – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de

desenvolvimento econômico e social.

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Anexo 2 – Resolução CONAMA nº 369/2006

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 369, DE 28 DE MARÇO DE 2006

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo

impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em

Área de Preservação Permanente-APP.

(Publicação - Diário Oficial da União 29/03/2006)

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das

competências que lhe são conferidas pela Lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981,

regulamentada pelo Decreto n o 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o

disposto nas Leis n o 4.771, de 15 de setembro e 1965, n o 9.433, de 8 de janeiro de

1997, e o seu Regimento Interno, e

Considerando, nos termos do art. 225, caput, da Constituição Federal, o dever do

Poder Público e da coletividade de proteger o meio ambiente para a presente e as

futuras gerações;

Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da Convenção

da Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971 e da Convenção de

Washington, de 1940, bem como os compromissos derivados da Declaração do Rio

de Janeiro, de 1992;

Considerando que as Áreas de Preservação Permanente-APP, localizadas em cada

posse ou propriedade, são bens de interesse nacional e espaços territoriais

especialmente protegidos, cobertos ou não por vegetação, com a função ambiental

de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-

estar das populações humanas;

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Considerando a singularidade e o valor estratégico das áreas de preservação

permanente que, conforme indica sua denominação, são caracterizadas, como regra

geral, pela intocabilidade e vedação de uso econômico direto;

Considerando que as áreas de preservação permanente e outros espaços territoriais

especialmente protegidos, como instrumentos de relevante interesse ambiental,

integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras gerações;

Considerando a função sócioambiental da propriedade prevista nos arts. 5 o , inciso

XXIII, 170, inciso VI, 182, § 2 o , 186, inciso II e 225 da Constituição e os princípios

da prevenção, da precaução e do poluidor-pagador;

Considerando que o direito de propriedade será exercido com as limitações que a

legislação estabelece, ficando o proprietário ou posseiro obrigados a respeitarem as

normas e regulamentos administrativos;

Considerando o dever legal do proprietário ou do possuidor de recuperar as Áreas

de Preservação Permanente-APP's irregularmente suprimidas ou ocupadas;

Considerando que, nos termos do art. 8 o , da Lei n o 6.938, de 1981, compete ao

Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA estabelecer normas, critérios e

padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com

vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos; e

Considerando que, nos termos do art. 1 o § 2 o , incisos IV, alínea "c", e V, alínea

"c", da Lei n o 4.771, de 15 de setembro de 1965, alterada pela MP n o 2.166-67, de

24 de agosto de 2001, compete ao CONAMA prever, em resolução, demais obras,

planos, atividades ou projetos" de utilidade pública e interesse social; resolve:

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 1 o Esta Resolução define os casos excepcionais em que o órgão ambiental

competente pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área de

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Preservação Permanente-APP para a implantação de obras, planos, atividades ou

projetos de utilidade pública ou interesse social, ou para a realização de ações

consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.

§ 1 o É vedada a intervenção ou supressão de vegetação em APP de nascentes,

veredas, manguezais e dunas originalmente providas de vegetação, previstas nos

incisos II, IV, X e XI do art. 3 o da Resolução CONAMA n o 303, de 20 de março de

2002, salvo nos casos de utilidade pública dispostos no inciso I do art. 2 o desta

Resolução, e para acesso de pessoas e animais para obtenção de água, nos termos

do § 7 o , do art. 4 o , da Lei n o 4.771, de 15 de setembro de 1965.

§ 2 o O disposto na alínea "c" do inciso I, do art. 2 o desta Resolução não se aplica

para a intervenção ou supressão de vegetação nas APP's de veredas, restingas,

manguezais e dunas previstas nos incisos IV, X e XI do art. 3 o da Resolução

CONAMA n o 303, de 20 de março de 2002.

§ 3 o A autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP de

nascente, definida no inciso II do art. 3 o da Resolução CONAMA n o 303, de 2002,

fica condicionada à outorga do direito de uso de recurso hídrico, conforme o disposto

no art. 12 da Lei n o 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

§ 4 o A autorização de intervenção ou supressão de vegetação em APP depende da

comprovação pelo empreendedor do cumprimento integral das obrigações vencidas

nestas áreas.

Art. 2 o O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção ou

supressão de vegetação em APP, devidamente caracterizada e motivada mediante

procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os requisitos previstos

nesta resolução e noutras normas federais, estaduais e municipais aplicáveis, bem

como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano de Manejo das

Unidades de Conservação, se existentes, nos seguintes casos:

I - utilidade pública:

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

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b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de

transporte, saneamento e energia;

c) as atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais, outorgadas pela

autoridade competente, exceto areia, argila, saibro e cascalho;

d) a implantação de área verde pública em área urbana;

e) pesquisa arqueológica;

f) obras públicas para implantação de instalações necessárias à captação e

condução de água e de efluentes tratados; e

g) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de

efluentes tratados para projetos privados de aqüicultura, obedecidos os critérios e

requisitos previstos nos §§ 1 o e 2 o do art. 11, desta Resolução.

II - interesse social:

a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais

como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de

invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, de acordo com o

estabelecido pelo órgão ambiental competente;

b) o manejo agroflorestal, ambientalmente sustentável, praticado na pequena

propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterize a cobertura vegetal

nativa, ou impeça sua recuperação, e não prejudique a função ecológica da área;

c) a regularização fundiária sustentável de área urbana;

d) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho,

outorgadas pela autoridade competente;

III - intervenção ou supressão de vegetação eventual e de baixo impacto ambiental,

observados os parâmetros desta Resolução.

Art. 3 o A intervenção ou supressão de vegetação em APP somente poderá ser

autorizada quando o requerente, entre outras exigências, comprovar:

I - a inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou

projetos propostos;

II - atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água;

III - averbação da Área de Reserva Legal; e

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IV - a inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão

ou movimentos acidentais de massa rochosa.

Art. 4 o Toda obra, plano, atividade ou projeto de utilidade blica, interesse social ou

de baixo impacto ambiental, deverá obter do órgão ambiental competente a

autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP, em processo

administrativo próprio, nos termos previstos nesta resolução, no âmbito do processo

de licenciamento ou autorização, motivado tecnicamente, observadas as normas

ambientais aplicáveis.

§ 1 o A intervenção ou supressão de vegetação em APP de que trata o caput deste

artigo dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com

anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente,

ressalvado o disposto no § 2 o deste artigo.

§ 2 o A intervenção ou supressão de vegetação em APP situada em área urbana

dependerá de autorização do órgão ambiental municipal, desde que o município

possua Conselho de Meio Ambiente, com caráter deliberativo, e Plano Diretor ou Lei

de Diretrizes Urbanas, no caso de municípios com menos de vinte mil habitantes,

mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente, fundamentada

em parecer técnico.

§ 3 o Independem de prévia autorização do órgão ambiental competente:

I - as atividades de segurança pública e defesa civil, de caráter emergencial; e

II - as atividades previstas na Lei Complementar n o 97, de 9 de junho de 1999, de

preparo e emprego das Forças Armadas para o cumprimento de sua missão

constitucional, desenvolvidas em área militar.

Art. 5 o O órgão ambiental competente estabelecerá, previamente à emissão da

autorização para a intervenção ou supressão de vegetação em APP, as medidas

ecológicas, de caráter mitigador e compensatório, previstas no § 4 o , do art. 4 o , da

Lei n o 4.771, de 1965, que deverão ser adotadas pelo requerente.

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§ 1 o Para os empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamento ambiental, as

medidas ecológicas, de caráter mitigador e compensatório, previstas neste artigo,

serão definidas no âmbito do referido processo de licenciamento, sem prejuízo,

quando for o caso, do cumprimento das disposições do art. 36, da Lei n o 9.985, de

18 de julho de 2000.

§ 2 o As medidas de caráter compensatório de que trata este artigo consistem na

efetiva recuperação ou recomposição de APP e deverão ocorrer na mesma sub-

bacia hidrográfica, e prioritariamente:

I - na área de influência do empreendimento, ou

II - nas cabeceiras dos rios.

Art. 6 o Independe de autorização do poder público o plantio de espécies nativas

com a finalidade de recuperação de APP, respeitadas as obrigações anteriormente

acordadas, se existentes, e as normas e requisitos técnicos aplicáveis.

Seção II

Das Atividades de Pesquisa e Extração de Substâncias Minerais

Art. 7 o A intervenção ou supressão de vegetação em APP para a extração de

substâncias minerais, observado o disposto na Seção I desta Resolução, fica sujeita

à apresentação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório

de Impacto sobre o Meio Ambiente-RIMA no processo de licenciamento ambiental,

bem como a outras exigências, entre as quais:

I - demonstração da titularidade de direito mineral outorgado pelo órgão competente

do Ministério de Minas e Energia, por qualquer dos títulos previstos na legislação

vigente;

II - justificação da necessidade da extração de substâncias minerais em APP e a

inexistência de alternativas técnicas e locacionais da exploração da jazida;

III - avaliação do impacto ambiental agregado da exploração mineral e os efeitos

cumulativos nas APP's, da sub-bacia do conjunto de atividades de lavra mineral

atuais e previsíveis, que estejam disponíveis nos órgãos competentes;

IV - execução por profissionais legalmente habilitados para a extração mineral e

controle de impactos sobre meio físico e biótico, mediante apresentação de

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Anotação de Responsabilidade Técnica ART, de execução ou Anotação de Função

Técnica-AFT, a qual deverá permanecer ativa até o encerramento da atividade

minerária e da respectiva recuperação ambiental;

V - compatibilidade com as diretrizes do plano de recursos hídricos, quando houver;

VI - não localização em remanescente florestal de mata atlântica primária.

§ 1 o No caso de intervenção ou supressão de vegetação em APP para a atividade

de extração de substâncias minerais que não seja potencialmente causadora de

significativo impacto ambiental, o órgão ambiental competente poderá, mediante

decisão motivada, substituir a exigência de apresentação de EIA/RIMA pela

apresentação de outros estudos ambientais previstos em legislação.

§ 2 o A intervenção ou supressão de vegetação em APP para as atividades de

pesquisa mineral, observado o disposto na Seção I desta Resolução, ficam sujeitos

a EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental, caso sejam potencialmente

causadoras de significativo impacto ambiental, bem como a outras exigências, entre

as quais:

I - demonstração da titularidade de direito mineral outorgado pelo órgão competente

do Ministério de Minas e Energia, por qualquer dos títulos previstos na legislação

vigente;

II - execução por profissionais legalmente habilitados para a pesquisa mineral e

controle de impactos sobre meio físico e biótico, mediante apresentação de ART, de

execução ou AFT, a qual deverá permanecer ativa até o encerramento da pesquisa

mineral e da respectiva recuperação ambiental.

§ 3 o Os estudos previstos neste artigo serão demandados no início do processo de

licenciamento ambiental, independentemente de outros estudos técnicos exigíveis

pelo órgão ambiental.

§ 4 o A extração de rochas para uso direto na construção civil ficará condicionada ao

disposto nos instrumentos de ordenamento territorial em escala definida pelo órgão

ambiental competente.

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§ 5 o Caso inexistam os instrumentos previstos no § 4 o , ou se naqueles existentes

não constar a extração de rochas para o uso direto para a construção civil, a

autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP de nascente, para

esta atividade estará vedada a partir de 36 meses da publicação desta Resolução.

§ 6 o Os depósitos de estéril e rejeitos, os sistemas de tratamento de efluentes, de

beneficiamento e de infra-estrutura das atividades minerárias, somente poderão

intervir em APP em casos excepcionais, reconhecidos em processo de

licenciamento pelo órgão ambiental competente, atendido o disposto no inciso I do

art. 3 o desta resolução.

§ 7 o No caso de atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais, a

comprovação da averbação da reserva legal, de que trata o art. 3 o , somente será

exigida nos casos em que:

I - o empreendedor seja o proprietário ou possuidor da área;

II - haja relação jurídica contratual onerosa entre o empreendedor e o proprietário ou

possuidor, em decorrência do empreendimento minerário.

§ 8 o Além das medidas ecológicas, de caráter mitigador e compensatório, previstas

no art. 5 o , desta Resolução, os titulares das atividades de pesquisa e extração de

substâncias minerais em APP ficam igualmente obrigados a recuperar o ambiente

degradado, nos termos do § 2 o do art. 225 da Constituição e da legislação vigente,

sendo considerado obrigação de relevante interesse ambiental o cumprimento do

Plano de Recuperação de Área Degradada-PRAD.

Seção III

Da implantação de Área Verde de Domínio Público em Área Urbana

Art. 8 o A intervenção ou supressão de vegetação em APP para a implantação de

área verde de domínio público em área urbana, nos termos do parágrafo único do art

2 o da Lei n o 4.771, de 1965, poderá ser autorizada pelo órgão ambiental

competente, observado o disposto na Seção I desta Resolução, e uma vez atendido

o disposto no Plano Diretor, se houver, além dos seguintes requisitos e condições:

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I - localização unicamente em APP previstas nos incisos I, III alínea "a", V, VI e IX

alínea "a", do art. 3 o da Resolução CONAMA n o 303, de 2002, e art. 3 o da

Resolução CONAMA n o 302, de 2002;

II - aprovação pelo órgão ambiental competente de um projeto técnico que priorize a

restauração e/ou manutenção das características do ecossistema local, e que

contemple medidas necessárias para:

a) recuperação das áreas degradadas da APP inseridas na área verde de domínio

público;

b) recomposição da vegetação com espécies nativas;

c) mínima impermeabilização da superfície;

d) contenção de encostas e controle da erosão;

e) adequado escoamento das águas pluviais;

f) proteção de área da recarga de aqüíferos; e

g) proteção das margens dos corpos de água.

III - percentuais de impermeabilização e alteração para ajardinamento limitados a

respectivamente 5% e 15% da área total da APP inserida na área verde de domínio

público.

§ 1 o Considera-se área verde de domínio público, para efeito desta Resolução, o

espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagística e

recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da

cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização.

§ 2 o O projeto técnico que deverá ser objeto de aprovação pela autoridade

ambiental competente, poderá incluir a implantação de equipamentos públicos, tais

como:

a) trilhas ecoturísticas;

b) ciclovias;

c) pequenos parques de lazer, excluídos parques temáticos ou similares;

d) acesso e travessia aos corpos de água;

e) mirantes;

f) equipamentos de segurança, lazer, cultura e esporte;

g) bancos, sanitários, chuveiros e bebedouros públicos; e

h) rampas de lançamento de barcos e pequenos ancoradouros.

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§ 3 o O disposto no caput deste artigo não se aplica às áreas com vegetação nativa

primária, ou secundária em estagio médio e avançado de regeneração.

§ 4 o É garantido o acesso livre e gratuito da população à área verde de domínio

público.

Seção IV

Da Regularização Fundiária Sustentável de Área Urbana

Art. 9 o A intervenção ou supressão de vegetação em APP para a regularização

fundiária sustentável de área urbana poderá ser autorizada pelo órgão ambiental

competente, observado o disposto na Seção I desta Resolução, além dos seguintes

requisitos e condições:

I - ocupações de baixa renda predominantemente residenciais;

II - ocupações localizadas em área urbana declarada como Zona Especial de

Interesse Social-ZEIS no Plano Diretor ou outra legislação municipal;

III - ocupação inserida em área urbana que atenda aos seguintes critérios:

a) possuir no mínimo três dos seguintes itens de infra-estrutura urbana implantada:

malha viária, captação de águas pluviais, esgotamento sanitário, coleta de resíduos

sólidos, rede de abastecimento de água, rede de distribuição de energia;

b) apresentar densidade demográfica superior a cinqüenta habitantes por hectare;

IV - localização exclusivamente nas seguintes faixas de APP:

a) nas margens de cursos de água, e entorno de lagos, lagoas e reservatórios

artificiais, conforme incisos I e III, alínea "a", do art. 3 o da Resolução CONAMA n o

303, de 2002, e no inciso I do art. 3 o da Resolução CONAMA n o 302, de 2002,

devendo ser respeitada faixas mínimas de 15 metros para cursos de água de até 50

metros de largura e faixas mínimas de 50 metros para os demais;

b) em topo de morro e montanhas conforme inciso V, do art. 3 o , da Resolução

CONAMA n o 303, de 2002, desde que respeitadas as áreas de recarga de

aqüíferos, devidamente identificadas como tal por ato do poder público;

c) em restingas, conforme alínea "a" do IX, do art. 3 o da Resolução CONAMA n o

303, de 2002, respeitada uma faixa de 150 metros a partir da linha de preamar

máxima;

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V - ocupações consolidadas, até 10 de julho de 2001, conforme definido na Lei n o

10.257, de 10 de julho de 2001 e Medida Provisória n o 2.220, de 4 de setembro de

2001;

VI - apresentação pelo poder público municipal de Plano de Regularização Fundiária

Sustentável que contemple, entre outros:

a) levantamento da sub-bacia em que estiver inserida a APP, identificando passivos

e fragilidades ambientais, restrições e potencialidades, unidades de conservação,

áreas de proteção de mananciais, sejam águas superficiais ou subterrâneas;

b) caracterização físico-ambiental, social, cultural, econômica e avaliação dos

recursos e riscos ambientais, bem como da ocupação consolidada existente na área;

c) especificação dos sistemas de infra-estrutura urbana, saneamento básico, coleta

e destinação de resíduos sólidos, outros serviços e equipamentos públicos, áreas

verdes com espaços livres e vegetados com espécies nativas, que favoreçam a

infiltração de água de chuva e contribuam para a recarga dos aqüíferos;

d) indicação das faixas ou áreas que, em função dos condicionantes físicos

ambientais, devam resguardar as características típicas da APP, respeitadas as

faixas mínimas definidas nas alíneas "a" e "c" do inciso IV deste artigo;

e) identificação das áreas consideradas de risco de inundações e de movimentos de

massa rochosa, tais como, deslizamento, queda e rolamento de blocos, corrida de

lama e outras definidas como de risco;

f) medidas necessárias para a preservação, a conservação e a recuperação da APP

não passível de regularização nos termos desta Resolução;

g) comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-ambiental e

de habitabilidade dos moradores;

h) garantia de acesso livre e gratuito pela população às praias e aos corpos de água;

e

i) realização de audiência pública.

§ 1 o O órgão ambiental competente, em decisão motivada, excepcionalmente

poderá reduzir as restrições dispostas na alínea "a", do inciso I, deste artigo em

função das características da ocupação, de acordo com normas definidos pelo

conselho ambiental competente, estabelecendo critérios específicos, observadas as

necessidades de melhorias ambientais para o Plano de Regularização Fundiária

Sustentável.

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§ 2 o É vedada a regularização de ocupações que, no Plano de Regularização

Fundiária Sustentável, sejam identificadas como localizadas em áreas consideradas

de risco de inundações, corrida de lama e de movimentos de massa rochosa e

outras definidas como de risco.

§ 3 o As áreas objeto do Plano de Regularizacão Fundiária Sustentável devem estar

previstas na legislação municipal que disciplina o uso e a ocupação do solo como

Zonas Especiais de Interesse Social, tendo regime urbanístico específico para

habitação popular, nos termos do disposto na Lei n o 10.257, de 2001.

§ 4 o O Plano de Regularização Fundiária Sustentável deve garantir a implantação

de instrumentos de gestão democrática e demais instrumentos para o controle e

monitoramento ambiental.

§ 5 o No Plano de Regularização Fundiária Sustentável deve ser assegurada a não

ocupação de APP remanescentes.

Seção V

Da Intervenção ou Supressão Eventual e de Baixo Impacto Ambiental de Vegetação

em APP

Art. 10. O órgão ambiental competente poderá autorizar em qualquer ecossistema a

intervenção ou supressão de vegetação, eventual e de baixo impacto ambiental, em

APP.

Art. 11. Considera-se intervenção ou supressão de vegetação, eventual e de baixo

impacto ambiental, em APP:

I - abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando

necessárias à travessia de um curso de água, ou à retirada de produtos oriundos

das atividades de manejo agroflorestal sustentável praticado na pequena

propriedade ou posse rural familiar;

II - implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e

efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água,

quando couber;

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III - implantação de corredor de acesso de pessoas e animais para obtenção de

água;

IV - implantação de trilhas para desenvolvimento de ecoturismo;

V - construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;

VI - construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de

comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas

rurais da região amazônica ou do Pantanal, onde o abastecimento de água se de

pelo esforço próprio dos moradores;

VII - construção e manutenção de cercas de divisa de propriedades;

VIII - pesquisa científica, desde que não interfira com as condições ecológicas da

área, nem enseje qualquer tipo de exploração econômica direta, respeitados outros

requisitos previstos na legislação aplicável;

IX - coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de

mudas, como sementes, castanhas e frutos, desde que eventual e respeitada a

legislação específica a respeito do acesso a recursos genéticos;

X - plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros

produtos vegetais em áreas alteradas, plantados junto ou de modo misto;

XI - outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventual e de baixo

impacto ambiental pelo conselho estadual de meio ambiente.

§ 1 o Em todos os casos, incluindo os reconhecidos pelo conselho estadual de meio

ambiente, a intervenção ou supressão eventual e de baixo impacto ambiental de

vegetação em APP não poderá comprometer as funções ambientais destes

espaços, especialmente:

I a estabilidade das encostas e margens dos corpos de água;

II - os corredores de fauna;

III - a drenagem e os cursos de água intermitentes;

IV - a manutenção da biota;

V - a regeneração e a manutenção da vegetação nativa; e

VI - a qualidade das águas.

§ 2 o A intervenção ou supressão, eventual e de baixo impacto ambiental, da

vegetação em APP não pode, em qualquer caso, exceder ao percentual de 5%

(cinco por cento) da APP impactada localizada na posse ou propriedade.

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§ 3 o O órgão ambiental competente poderá exigir, quando entender necessário, que

o requerente comprove, mediante estudos técnicos, a inexistência de alternativa

técnica e locacional à intervenção ou supressão proposta.

Seção VI

Das Disposições Finais

Art. 12. Nas hipóteses em que o licenciamento depender de EIA/RIMA, o

empreendedor apresentará, até 31 de março de cada ano, relatório anual detalhado,

com a delimitação georreferenciada das APP, subscrito pelo administrador principal,

com comprovação do cumprimento das obrigações estabelecidas em cada licença

ou autorização expedida.

Art. 13. As autorizações de intervenção ou supressão de vegetação em APP ainda

não executadas deverão ser regularizadas junto ao órgão ambiental competente,

nos termos desta Resolução.

Art. 14. O não-cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os infratores,

dentre outras, às penalidades e sanções, respectivamente, previstas na Lei n o

9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto n o 3.179, de 21 de setembro de

1999.

Art. 15. O órgão licenciador deverá cadastrar no Sistema Nacional de Informação de

Meio Ambiente-SINIMA as informações sobre licenças concedidas para as obras,

planos e atividades enquadradas como de utilidade pública ou de interesse social.

§ 1 o O CONAMA criará, até o primeiro ano de vigência desta Resolução, Grupo de

Trabalho no âmbito da Câmara Técnica de Gestão Territorial e Biomas para

monitoramento e análise dos efeitos desta Resolução.

§ 2 o O relatório do Grupo de Trabalho referido no parágrafo anterior integrará o

Relatório de Qualidade Ambiental de que tratam os incisos VII, X e XI do art. 9 o da

Lei n o 6.938 de 1981.

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Art. 16. As exigências e deveres previstos nesta Resolução caracterizam obrigações

de relevante interesse ambiental.

Art. 17. O CONAMA deverá criar Grupo de Trabalho para no prazo de um ano,

apresentar proposta para regulamentar a metodologia de recuperação das APP.

Art. 18. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

MARINA SILVA

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Anexo 3 – Seções V e VI da Constituição Federal Brasileira

Seção V

DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana;

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por

natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,

bem como cessão de direitos a sua aquisição;

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em

lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º,

inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 29, de 2000)

I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 29, de 2000)

II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. (Incluído

pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

§ 2º - O imposto previsto no inciso II:

I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de

pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou

direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica,

salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e

venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

II - compete ao Município da situação do bem.

§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei

complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

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I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 37, de 2002)

II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. (Incluído pela

Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais

serão concedidos e revogados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 4º - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

Seção VI

DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de

qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título,

por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;

II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no

exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I.

Art. 158. Pertencem aos Municípios:

I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de

qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título,

por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;

II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a

propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a

totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a

propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios;

IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre

operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

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Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas

no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios:

I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações

relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em

seus territórios;

II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos

Territórios, lei federal.

Art. 159. A União entregará: (Vide Emenda Constitucional nº 55, de 2007)

I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer

natureza e sobre produtos industrializados quarenta e oito por cento na seguinte

forma: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 55, de 2007)

a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos

Estados e do Distrito Federal;

b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos

Municípios;

c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo

das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições

financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de

desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos

recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;

d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no

primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano; (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 55, de 2007)

II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por

cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas

exportações de produtos industrializados.

III - do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio

econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e

o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada a destinação a que se

refere o inciso II, c, do referido parágrafo.(Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 44, de 2004)

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§ 1º - Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto no

inciso I, excluir-se-á a parcela da arrecadação do imposto de renda e proventos de

qualquer natureza pertencente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,

nos termos do disposto nos arts. 157, I, e 158, I.

§ 2º - A nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte

por cento do montante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser

distribuído entre os demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de

partilha nele estabelecido.

§ 3º - Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento dos

recursos que receberem nos termos do inciso II, observados os critérios

estabelecidos no art. 158, parágrafo único, I e II.

§ 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe a cada Estado, vinte

e cinco por cento serão destinados aos seus Municípios, na forma da lei a que se

refere o mencionado inciso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de

19.12.2003)

Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos

recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,

neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos.

Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados

de condicionarem a entrega de recursos: (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 29, de 2000)

I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; (Incluído pela

Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III. (Incluído pela

Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

Art. 161. Cabe à lei complementar:

I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I;

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II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159,

especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I,

objetivando promover o equilíbrio sócio-econômico entre Estados e entre Municípios;

III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas e da

liberação das participações previstas nos arts. 157, 158 e 159.

Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas

referentes aos fundos de participação a que alude o inciso II.

Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o

último dia do mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos

tributos arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributária

entregues e a entregar e a expressão numérica dos critérios de rateio.

Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discriminados por Estado e

por Município; os dos Estados, por Município.

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Anexo 4 – Seção II do Código Tributário Nacional

SEÇÃO II

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e

territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de

bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado

na zona urbana do Município.

§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei

municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados

em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder

Público:

I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;

II - abastecimento de água;

III - sistema de esgotos sanitários;

IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição

domiciliar;

V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três)

quilômetros do imóvel considerado.

§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão

urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes,

destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das

zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.

Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos

bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito

de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.

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Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio

útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

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Anexo 5 – Título V do Código Tributário Nacional

TÍTULO V

Contribuição de Melhoria

Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito

Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída

para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária,

tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de

valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos

mínimos:

I - publicação prévia dos seguintes elementos:

a) memorial descritivo do projeto;

b) orçamento do custo da obra;

c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;

d) delimitação da zona beneficiada;

e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona

ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;

II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos

interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;

III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da

impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação

judicial.

§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do

custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona

beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.

§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado

do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos

elementos que integram o respectivo cálculo.

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6 – Capítulo V da Lei Orgânica Municipal

CAPÍTULO V

Do Meio Ambiente, Dos Recursos Naturais e Do Saneamento

ARTIGO 150 – O Canal de São Sebastião, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, a Zona

Costeira, as ilhas, as praias e os costões rochosos, ou manguezais e as restingas,

localizados no território do Município, são espaços territoriais especialmente

protegidos e sua utilização far-se-á na forma da lei de condições, que asseguram a

preservação do meio ambiente, vedada qualquer utilização que comprometa a

integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.

§ 1º - Nas praias, nos costões rochosos e nas faixas de marinha são vedados :

I – obstrução dos acessos ao mar;

II – aterros, e

III – corte, queimada e poda da vegetação nativa.

IV – quaisquer novas edificações particulares.

§ 2º - O Executivo Municipal solicitará ao SPU os direitos de ocupação da faixa de

marinha e colaborará com este órgão na sua demarcação.

ARTIGO 151 – Todos têm direito ao meio ambiente saudável e ecologicamente

equilibrado, impondo-se-lhes em especial ao Poder Público Municipal, o dever de

defendê-lo, preservá-lo para o benefício das gerações atuais e futuras.

PARÁGRAFO ÚNICO – O direito ao meio ambiente saudável se estende ao

ambiente de trabalho, ficando o Município, em cooperação com a União e o Estado,

obrigado a garantir e proteger o trabalhador contra toda e qualquer condição nociva

à sua saúde física e mental. ARTIGO 152 – O Município, mediante lei, criará um

sistema de administração da qualidade ambiental e de proteção aos recursos

naturais, para organizar, coordenar e integrar as ações de órgãos e entidades da

administração pública, direta e indireta, assegurada a participação da coletividade.

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PARÁGRAFO ÚNICO – O sistema mencionado no “ caput ” deste artigo será

coordenado por órgão da administração direta e será integrado pelo Conselho

Municipal do Meio Ambiente, órgão colegiado e normativo, com participação dos

segmentos da sociedade civil, cuja composição será definida em lei.

ARTIGO 153 – São atribuições e finalidades do sistema administrativo mencionado

no artigo anterior :

I – elaborar e implantar, por lei, um Plano Municipal de Meio Ambiente e Recursos

Naturais, que contemplará a necessidade do conhecimento das características e dos

recursos dos meios físicos e biológicos, de diagnósticos, de sua utilização e de

definição de diretrizes e princípios ecológicos para o seu melhor aproveitamento no

processo de desenvolvimento econômico social e para a instalação de Plano diretor

e da Lei de zoneamento;

II – definir, implantar e administrar espaços territoriais e seus componentes

representativos de todos os ecossistemas originais a serem protegidos, sendo sua

alteração e supressão incluindo dos já existentes, permitidas somente por lei;

III – adotar medidas nas diferentes áreas de ação pública e junto ao setor privado,

para manter e promover o equilíbrio ecológico e a melhoria da qualidade ambiental,

prevenindo a degradação, em todas as suas formas, e impedindo ou mitigando

impactos ambientais negativos e recuperando o meio ambiente degradado;

IV – estabelecer normas para concessões de direito de pesquisa, de exploração

ambiental e de manipulação genéticas;

V – realizar fiscalização em obras, atividades, processos produtivos e

empreendimentos, que direta ou indiretamente possam causar degradação do meio

ambiente, adotando medidas judiciais e administrativas de responsabilização dos

causadores da poluição ou da degradação ambiental;

VI – promover a educação ambiental e a conscientização pública para preservação,

conservação e recuperação do meio ambiente;

VII – promover e manter o inventário e o mapeamento da cobertura vegetal

remanescente, visando à adoção de medidas especiais de proteção, e promover a

recuperação das margens dos cursos d’água, lagos e nascentes, procurando a sua

perenidade;

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VIII – estimular, conservar e contribuir para a recuperação da vegetação em áreas

urbanas, com plantio de árvores nativas, objetivando especialmente a consecução

dos índices mínimos de cobertura vegetal;

IX – incentivar e auxiliar as associações ambientalistas constituídas na forma da lei,

respeitando sua autonomia e independência da sua atuação;

X – proteger, preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais das espécies

e dos ecossistemas, a diversidade e a integridade do patrimônio biológico e

paisagístico do Município;

XI – proteger a fauna e a flora, vedadas as práticas que coloquem em risco sua

função ecológica, provoquem extinção de espécies ou submetam os animais a

crueldade, fiscalizando a extração, a captura, a produção, os transportes, a

comercialização e o consumo de seus espécimes e subprodutos;

XII – definir o uso e a ocupação do solo, do subsolo e das águas, por planejamento

que englobe diagnósticos, análise técnica e definição de diretrizes de gestão dos

espaços, com a participação da população, respeitando a conservação da qualidade

ambiental;

XIII – controlar e fiscalizar supletivamente à competência estadual e federal o

processo produtivo, a estocagem de substâncias, o transporte, a comercialização e

a utilização de técnicas, métodos e instalações, que comportem risco efetivo ou

potencial para a saudável qualidade de vida e ao meio ambiente natural e de

trabalho, incluindo materiais geneticamente alterados pela ação humana e por

resíduos químicos;

XIV – requisitar a realização periódica de auditorias no sistema de controle de

poluição e preservação de riscos de acidentes das instalações e atividades de

significativo potencial poluidor, incluindo a avaliação detalhada dos efeitos de sua

operação sobre a qualidade física, química e biológica dos recursos ambientais, bem

como sobre a saúde dos trabalhadores e da população afetada;

XV – incentivar a integração das escolas, instituições de pesquisa e associações

civis, nos esforços para garantir e aprimorar o controle da poluição, inclusive no

ambiente de trabalho e no desenvolvimento e na utilização de fontes de energia

alternativas, não poluentes e de tecnologias poupadoras de energia;

XVI – discriminar, por lei, as penalidades para empreendimentos já iniciados ou

concluídos sem licenciamento, e a recuperação da área de degradação, segundo

critérios e métodos definidos pelos órgãos competentes.

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ARTIGO 154 – A execução de obras, atividades, processos produtivos e

empreendimentos e a exploração de recursos naturais de qualquer espécie, quer

pelo setor público, quer pelo privado, serão admitidas, se houver resguardo do meio

ambiente ecologicamente equilibrado.

§ 1º - A outorga do alvará de construção por órgão ou entidade municipal

competente será feita com observância pelo Código de Obras, além de normas e

padrões ambientais estabelecidos pelo poder público;

§ 2º - Compete ao Município exigir, na forma da lei emanada da entidade federada

competente, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de

degradação do meio ambiente, as licenças respectivas e o estudo prévio de impacto

ambiental, a que se dará prévia publicidade, garantida a realização de audiências

públicas.

§ 3º - As empresas concessionárias de serviços públicos municipais deverão atender

rigorosamente às normas de proteção ambiental, sendo vedada a renovação da

permissão ou concessão nos casos de infrações graves ou reincidências de

infração.

ARTIGO 155 – São consideradas áreas de proteção permanente:

I – os manguezais;

II – as nascentes e os mananciais;

III – as matas primárias e a vegetação localizada nas encostas de morros e ao longo

dos rios e estuários;

IV – as ilhas de “Alcatrazes”, “Toque-Toque Grande”, “Toque-Toque Pequeno”,

“Gatos”, “As Ilhas”, “Monte de Trigo”, “Das Couves” e “Ilhote do Camburi”;

V – aquelas que abrigam exemplares raros de fauna e flora, e as que servem de

local de pouso ou reprodução de migratórios;

VI – as áreas estuarinas ;

VII – as paisagens notáveis;

VIII – A região de costão desde a praia grande até Boracéia , divisa do município;

IX – as encostas da Serra do mar.

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§ 1º - As áreas de produção mencionadas no “caput “ somente poderão ser

utilizadas na forma da lei dentro das condições que assegurem a preservação do

meio ambiente, vedados aterros, cortes de morro, edificações particulares, abertura

de estradas, retirada ou queima de vegetação, dentre outras atividades.

§ 2º - O Município estabelecerá, mediante lei, os espaços definidos no inciso VII

deste artigo a serem implantados como especialmente protegidos, e as restrições ao

seu uso e ocupação.

ARTIGO 156 – As áreas declaradas de utilidade pública, para fins de

desapropriação objetivando a implantação de unidades de conservação ambiental,

serão consideradas espaços territoriais especialmente protegidos, não sendo nelas

permitidas nenhuma atividade que degrade o meio ambiente ou que, por qualquer

forma, possa comprometer a integridade das condições ambientais que motivaram

a expropriação.

ARTIGO 157 – Fica proibido o licenciamento para :

I – pesquisa, armazenamento e transporte de material atômico;

II – armazenamento de gás em tanques-cavernas subterrâneos e de superfíficie;

III – transporte de gás por meio de dutos.

ARTIGO 158 – É proibida a instalação de reatores nucleares, que não estejam sob

controle e sob regime de concessão ou permissão da União Federal e, mesmo

assim apenas para usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas.

ARTIGO 159 – Não será permitida a deposição final no município de resíduos de

qualquer natureza, inclusive radiativos que não pertencem as atividades do

município.

ARTIGO 160 – Os critérios, locais e condições de deposição final de resíduos

sólidos domésticos, industriais, portuários e hospitalares deverão ser definidos por

análise ecológica técnica, geográfica e geológica e por estudo do impacto ambiental

a que se dar publicidade, garantidas audiências públicas.

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ARTIGO 161 – O Município incentivará a criação de um banco de dados, com

informação sobre fontes e causas de poluição e degradação e com informação

sistemática sobre os níveis de poluição no ar, na água e nos alimentos ao qual

gratuitamente a coletividade deverá ter garantido o acesso.

PARÁGRAFO ÚNICO – Os índices de poluição e a balneabilidade das praias e rios

deverão ser sinalizados “in loco”.

ARTIGO 162 – Fica vedada a participação em concorrências públicas e ao acesso a

benefícios e créditos oficiais, as pessoas físicas ou jurídicas condenadas por atos

de degradação ambiental em qualquer localidade do território nacional.

ARTIGO 163 – O Município adotará medidas para controle de erosão,

estabelecendo-se normas de conservação de solo em áreas agrícolas e urbanas.

ARTIGO 164 – O Município instituirá por lei, sistemas integrados de gerenciamento

dos recursos naturais com a participação de órgãos e instituições públicas privadas.

ARTIGO 165 – Quem explorar recursos naturais fica obrigado a recuperar o meio

ambiente degradado, de acordo com a melhor tecnologia prática disponível exigida

pelo órgão público competente, na forma da lei.

PARÁGRAFO ÚNICO – É obrigatória, na forma da lei, a recuperação, pelo

responsável, da vegetação adequada nas áreas protegidas sem prejuízo da demais

sanções cabíveis.

ARTIGO 166 – As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os

infratores a sanções administrativas, com aplicação de multas diárias e progressivas

no caso de continuidade da infração ou reincidência, incluídas a redução de

atividades e a interdição independentemente da obrigação dos infratores de

reparação aos danos causados.

PARÁGRAFO ÚNICO – Nos acidentes, em que haja derramamento de óleo ou

quaisquer outras substâncias consideradas lesivas ao meio ambiente, dentro do

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município incluindo-se em especial o canal de São Sebastião e o mar territorial,

sujeitarão os infratores a multas previstas em lei.

ARTIGO 167 – O Município exigirá do Estado uma compensação financeira sempre

que o governo estadual criar espaços territoriais especialmente protegidos.

ARTIGO 168 – O Município poderá estabelecer consórcio com outros Municípios

objetivando a solução de problemas, comuns relativos á proteção ambiental, em

particular à preservação dos recursos hídricos e ao uso equilibrado dos recursos

naturais, a infra estrutura de saneamento básico e a destinação final dos resíduos de

qualquer natureza.

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Anexo 7 - Lei Complementar Municipal nº 81/2007

“Cria as Zonas de Especial Interesse Social - ZEIS, e dá outras providências”

Dr. JUAN MANOEL PONS GARCIA, Prefeito de São Sebastião, no exercício de

suas atribuições legais, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e ele sanciona e

promulga a seguinte Lei Complementar:

Artigo 1º Para a execução da política de desenvolvimento urbano, de que tratam os

artigos 182 e 183 da Constituição Federal, a Emenda Constitucional Paulista n.º 23

de 31 de janeiro de 2007, a Medida Provisória n.º 2.220/2001, bem como a lei

10.257/01 (Estatuto da Cidade), será aplicado o previsto nesta Lei.

Parágrafo único Para todos os efeitos, esta Lei estabelece normas de ordem pública

e interesse social que regulam o uso e a ocupação do solo urbano em prol do bem

coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio

ambiental.

Artigo 2º As ZONAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL – ZEIS, objeto desta Lei,

são áreas contidas dentro do território municipal, destinadas exclusivamente à

recuperação urbanística e ambiental, à regularização fundiária de assentamento

irregular já existente e à produção de Habitações de Interesse Social - HIS, incluindo

a recuperação de imóveis degradados, a provisão de equipamentos sociais e

culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local.

§ 1º Nas ZONAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL – ZEIS, as áreas ocupadas

por população de baixa renda, abrangendo favelas, loteamentos e parcelamentos

irregulares, empreendimentos habitacionais de interesse social, visando à

regularização urbanística e fundiária das ocupações já existentes e sua

implementação, bem como a implementação das HIS, deverão estar de acordo com

o artigo 225 da Constituição Federal, Código Florestal, Sistema Nacional de

Unidades de Conservação e demais normas ambientais, infraconstitucionais,

federais e estaduais.

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§ 2º As ZONAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL -ZEIS, só poderão ser

implantadas nas ÁREAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL, as quais estão

demarcadas no mapa das áreas de interesse social anexo a esta Lei.

Artigo 3º As ZONAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL -ZEIS, serão descritas e

caracterizadas por Decreto regulamentador expedido pelo Poder Executivo, o qual

deverá conter em cada uma das Zonas descritas:

I) levantamento planialtimétrico, com respectivo memorial descritivo;

II) cadastro sócio econômico;

III) plano de urbanização, contendo medidas para garantir a sustentabilidade

urbanística, social e ambiental da área ocupada.

Parágrafo único Os representantes dos atuais ou futuros moradores pertencentes as

ZEIS e seu entorno, deverão participar de todas as etapas de elaboração do Plano

de Urbanização previsto no “caput” deste artigo, e de sua implementação, mediante

expediente do Poder Executivo, garantindo-se em quaisquer casos, a participação

paritária e os direitos do moradores.

Artigo 4º Serão regularizadas todas as construções já existentes, localizadas e

caracterizadas no levantamento planialtimétrico cadastral, mesmo estando em

desacordo com os dispositivos das Leis de Uso e Ocupação do Solo, através de

expediente do Poder Executivo.

Artigo 5º Os terrenos e lotes não edificados, respeitarão a taxa de ocupação de 80%

(oitenta por cento) e o coeficiente máximo de aproveitamento será o constante na

Lei de Uso e Ocupação do Solo.

Artigo 6º Esta lei objetiva a regularização de construções irregulares já existentes,

não alcançando eventuais direitos de titularidade ou possessórios aos ocupantes

das áreas, respeitadas as legislações ambientais e urbanísticas no âmbito federal,

estadual e municipal.

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Artigo 7º Aplica-se nas ZONAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL - ZEIS, no que

couber e de acordo com o interesse público, os instrumentos previstos nesta Lei e

nas demais legislações pertinentes.

Artigo 8º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

São Sebastião, 5 de março de 2007.

Dr. JUAN MANOEL PONS GARCIA

Prefeito

Registrada em livro próprio e publicada por afixação data supra.

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Apêndices

Apêndice 1 – Mapa de localização das áreas de estudo

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Apêndice 2 – Tabela 4: Legislação Federal Pertinente

ATOS ADMINISTRATIVOS DA ESFERA FEDERAL

TIPO NÚMERO DESCRIÇÃO

Lei 5.172/1966

Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui

normas gerais de direito tributário aplicáveis à União,

Estados e Municípios.

Lei 6.766/1979 Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras

Providências.

Lei 9.785/1999

Altera o Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de 1941

(desapropriação por utilidade pública) e as Leis nos

6.015, de 31 de dezembro de 1973 (registros públicos) e

6.766, de 19 de dezembro de 1979 (parcelamento do

solo urbano)

Lei 9.790/1999

Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de

direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações

da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e

disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

Lei 10.257/2001 Estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá

outras providências.

Lei 11.124/2005

Dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de

Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional de

Habitação de Interesse Social – FNHIS e institui o

Conselho Gestor do FNHIS.

Resolução

CONAMA 369/2006

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública,

interesse social ou baixo impacto ambiental, que

possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação

em Área de Preservação Permanente-APP.

Lei 12.527/2011 Regula o acesso a informações e dá outras providências.

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Apêndice 3 – Tabela 5: Legislação Municipal Pertinente

ATOS ADMINISTRATIVOS DA ESFERA FEDERAL

TIPO NÚMERO DESCRIÇÃO

Plano Diretor -- Institui o Plano Diretor do Município de São Sebastião.

Lei 1.317/1998 Institui o Novo Código Tributário do Município de São

Sebastião

Lei Orgânica -- Dispõem sobre a Lei Orgânica do Município de São

Sebastião

Lei

Complementar 81/2007

Cria as Zonas de Especial Interesse Social – Zeis; e dá

outras providências

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Apêndice 4 – Tabela 6: Caracterização das ZEIS pela TADUS

CLASSIFICAÇÃO E PROJEÇÃO DE ARRECADAÇÃO DAS ZEIS

Classe ZEIS Imóveis Taxa por

imóvel/ano (R$)

Arrecadação Anual (R$)

Repasse do IPTU ( R$)

Barequeçaba 20 100,00 2.000,00 10.373,71

Vila Paraíso 20 100,00 2.000,00 10.373,71

Varadouro 22 100,00 2.200,00 10.373,71

Av. Nereidas 38 100,00 3.800,00 10.373,71

Boracéia 50 100,00 5.000,00 10.373,71

Paúba 57 100,00 5.700,00 10.373,71

Chico Soldado 87 100,00 8.700,00 10.373,71

Recanto dos Atobás 88 100,00 8.800,00 10.373,71

Baleia Verde 131 100,00 13.100,00 10.373,71

Toque Toque 186 100,00 18.600,00 10.373,71

69.900,00 103.737,10

II

Morro do Abrigo 300 110 33.000,00 34.579,03

Topolândia 315 110 34.650,00 34.579,03

Barra do Uma 337 110 37.070,00 34.579,03

104.720,00 103.737,10

III São Marcos 450 120 54.000,00 51.868,55

Olaria 476 120 57.120,00 51.868,55

111.120,00 103.737,10

IV Boiçucanga 643 130 83.590,00 51.868,55

Barra do Sahy 657 130 85.410,00 51.868,55

169.000,00 103.737,10

V Juquehy 825 140 115.500,00 51.868,55

Itatinga 950 140 133.000,00 51.868,55

248.500,00 103.737,10

VI Camburi 1116 150 167.400,00 51.868,55

Maresias 1621 150 243.150,00 51.868,55

410.550,00 103.737,10

Total arrecadado anualmente em todas as

ZEIS: 1.113.790,00

Total repassado pelo Governo Municipal: 518.685,50

Total agregado passível de investimento: 1.632.475,50

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79

Apêndice 5 – Tabela 7: Diferenças entre a TADUS e o IPTU

AS DIFERENÇAS ENTRE OS TRIBUTOS

TADUS IPTU

Requer direito de propriedade? Não Sim

A aplicação da verba é pontual? Sim Não

Requer realização de audiências públicas para a aplicação? Sim Não

Procura promover a inclusão social através de sua aplicação?

Sim Não

A taxação é fixa, independentemente da área (construída ou não)?

Sim Não

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80

Apêndice 6 – Modelo da Estrutura Organizacional do NGZEIS.

Conselho Gestor

Departamento Administrativo

Departamento de Assistência Social

Departamento Financeiro

Departamento de Fiscalização

Departamento Jurídico

Departamento de Projetos

Agente fiscalizador

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81

Apêndice 7 - Resumo do trabalho enviado para publicação e apresentação no XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica.

CRIAÇÃO DE UMA TAXA DE AUXÍLIO PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO E SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO - SP

Costa Neto, J. R.1, Muterle, M. C. C.²

1 Faculdade de Tecnologia de São Sebastião - SP, R. Ítalo do Nascimento, 366 - Porto Grande – São

Sebastião - SP, [email protected] 2 Faculdade de Tecnologia de São Sebastião - SP, R. Ítalo do Nascimento, 366 - Porto Grande – São

Sebastião - SP, [email protected]

Resumo- Esta pesquisa aborda o desenvolvimento urbano irregular no município de São Sebastião,

litoral Norte de São Paulo, este desenvolvimento, resultante do êxodo urbano e da especulação imobiliária ocasionou em grandes problemas socioambientais e também ônus aos cofres públicos. A fim de mitigar esta situação, foi elaborada uma metodologia de taxação, de caráter voluntário que minimize o ônus aos cofres públicos e tenha a receita gerada por ela, uma destinação exclusiva a estes núcleos urbanos, denominados ZEIS – Zona de Especial Interesse Social. Para que se alcançasse o objetivo proposto, foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre a temática, pesquisa documental para levantamentos técnicos junto à Prefeitura Municipal. Por fim, a TADUS – Taxa de Auxílio para o Desenvolvimento Urbano e Social, apresentou-se como uma alternativa viável para melhorar o investimento em infraestrutura nestas áreas. Palavras-chave: Taxas, ZEIS, Desenvolvimento Urbano, IPTU. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas.

Introdução

O aumento da procura por espaços para

habitação e trabalho multiplicou de forma

alarmante os conflitos sociais nos núcleos

urbanos, que acabaram por se tornar um

cenário onde a maioria da população é

designada a viver em locais menos

privilegiados com serviços e infraestrutura e

onde o formal e informal disputam espaço no

meio físico.

O capitalismo, fator agravante desta

situação, através da especulação imobiliária,

torna a ocupação uma mercadoria,

beneficiando as classes economicamente

privilegiadas através do acesso às áreas de

melhor localização e dotadas de melhor

infraestrutura. Forçando, desta forma, as

classes de menor poder aquisitivo a procurar

moradia nas regiões periféricas das cidades.

Regiões estas, caracterizadas por lugares com

topografia e condições geográficas menos

vantajosas e/ou com restrições ambientais

para ocupação regular. Nestes locais

periféricos concentram grandes

assentamentos urbanos e problemas

socioambientais, tais como poluição em todas

as suas tipificações, destruição dos recursos

naturais, desintegração social, desemprego,

perda de identidade cultural e níveis

exacerbados de violência.

O objetivo desta pesquisa é efetuar um

levantamento quantitativo das Zonas de

Especial Interesse Social – ZEIS do município

de São Sebastião - SP, e propor a criação da

Taxa de Auxílio ao Desenvolvimento Urbano e

Social – TADUS nessas áreas, com o intuito

de auxiliar o Poder Público nos processos de

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urbanização e medidas de intervenções

sociais. Este estudo se justifica na quase nula

ou inexistente política de desenvolvimento

urbano no município de São Sebastião e até

mesmo na falta de alternativas que o munícipe

migrante ou não, residente destas áreas, tem

de cooperar para a melhoria do meio no qual

se encontra inserido.

Para a realização deste estudo, empregou-

se o levantamento bibliográfico considerando

as obras mais relevantes do tema em questão,

levantamento de dados junto à Prefeitura

Municipal de São Sebastião, entrevistas com

os responsáveis pela área de habitação e

desenvolvimento social e posteriormente, uma

análise dos dados e a definição da TADUS.

Metodologia

Ao discutir a forma de trabalho para

alcançar os objetivos deste estudo, percebeu-

se que era necessário realizar uma pesquisa

de levantamento de dados que, segundo

Selltiz et al. (1987), é uma forma de obter

informações sobre fenômenos que influenciam

as interações, processos e fenômenos

relativos às pessoas em sua vida diária.

O Litoral Norte de São Paulo era, até

meados da década de 50, uma região

relativamente isolada, embora de ocupação

antiga que remonta ao início da colonização

portuguesa, dedicada essencialmente às

atividades tradicionais de agropecuária e

pesca (RUSHMANN, 1999).

A partir de 1940, sucessivas ações

governamentais criaram novas condições para

o desenvolvimento regional: conclusão das

obras do porto de São Sebastião, em 1954,

melhoramento das condições da via de acesso

ao planalto possibilitando a circulação de

veículos entre o Litoral Norte e o Vale do

Paraíba, início das obras do Terminal Marítimo

Almirante Barroso da Petrobrás e instalação

da rodovia SP-55/BR-101 (Rio – Santos) na

década de 70 e 80. Essas ações

potencializaram o desenvolvimento da região

que teve como principais vetores produtivos as

atividades do setor terciário (comércio e

serviços) e o turismo (RUSHMANN, 1999).

Já o município de São Sebastião situa-se

no Litoral Norte do Estado de São Paulo, na

região sudeste do território nacional, a 23º48’S

e 45°24’O. Com 410km² de área, incluindo as

ilhas oceânicas, apresenta quase 100km

lineares de costa e 34 praias, tendo como

limite os municípios de Caraguatatuba,

Bertioga e Salesópolis.

A população do município de São

Sebastião, segundo dados do IBGE para

2010, era de 73.942 habitantes, conforme

mostra a Figura 1. Embora esta ordem de

volume de população tenha se mantido ao

longo de todos os períodos considerados, é

possível observar que as proporções têm se

alterado. Nota-se através dos dados que, a

população medida em 2010 cresceu 118,1%

em comparação a 1991, o que resulta em um

aumento significativo de 40.052 habitantes em

quase duas décadas.

Figura 1: A evolução populacional do município de São Sebastião (Fonte: IBGE, 2010)

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83

No que se refere as finanças públicas

Segundo dados disponibilizados pela

Prefeitura Municipal de São Sebastião, o

município gera um volume significativo de

Receitas Próprias (Tabela 1). O principal

componente é o Imposto Predial e Territorial

Urbano – IPTU, que corresponde por mais da

metade do montante arrecadado.

Tabela 1: Levantamento de Receitas do município de São Sebastião (Fonte: IBGE, 2010)

RESUMO DAS RECEITAS FINANCEIRAS MUNICIPAIS

FONTES VALOR NOMINAL

EM 2009

Orçamentárias realizadas 347.526.365,60

Correntes 355.834.965,30

Tributárias 80.293.641,80

IPTU 34.579.033,49

ISS 22.220.612,03

ITBI 8.224.535,08

Taxas 6.781.632,68

Contribuição 16.575.752,78

Patrimonial 54.754.888,83

Transferências Correntes 191.989.549,60

Transferências da União 72.553.566,91

Transferências do Estado 83.901.544,23

Dívida Ativa 5.518.064,86

Outras Receitas Correntes 12.139.036,77

Capital 355.379,86

Transferência de Capital 181.229,37

FPM 18.294.562,51

ITR 10.904,49

RECEITA BRUTA GERADA 1.311.735.266,19

Figuram como objetos de estudos, as áreas

inseridas em Zonas de Especial Interesse

Social – ZEIS ao longo do município. A maioria

dessas áreas são resultantes de processos de

ocupação irregulares ocorridos ao longo de

décadas, as quais não possuem, exceto

algumas, sistemas de escoamento de águas

pluviais, sistema público coletor de esgotos,

água encanada, vias de acessos

pavimentadas, energia elétrica, entre outros

itens de infraestrutura básica.

O Plano Diretor de 1997 de São Sebastião,

atualmente em processo de revisão, incorpora

por sua vez, as diretrizes gerais de política

urbana, definidas pela Lei Federal n°

10.257/2001 (Estatuto da Cidade). O Poder

público municipal, através da Lei

Complementar n° 81/2007, instituiu as ZEIS –

Zonas Especiais de Interesse Social. Que em

seu Artigo 2° define as ZEIS como áreas

contidas dentro do território municipal,

destinadas exclusivamente à recuperação

urbanística e ambiental, à regularização

fundiária de assentamento irregular já

existente e a produção de Habitações de

Interesse Social – HIS, incluindo a

recuperação de imóveis degradados, a

provisão de equipamentos sociais e culturais,

espaços públicos, serviço e comércio de

caráter local (SÃO SEBASTIÃO, 2007).

A Prefeitura Municipal de São Sebastião

delimitou vinte e uma ZEIS (Tabela 1),

distribuídas pelo território municipal. A grande

maioria delas localizam-se nas encostas dos

morros, próximos aos limites do Parque

Estadual da Serra do Mar.

Segundo o levantamento realizado pela

Secretaria de Habitação de São Sebastião em

2009 (Tabela 2), existem 8.389 imóveis

inseridos nas ZEIS, as quais possuem

aproximadamente 28.676 habitantes. Isso

significa que ao comparar o número de

habitantes das ZEIS com a população medida

pelo IBGE em 2010, concluí se que 38,7% da

população sebastianense se concentram

nesses núcleos e que mais de 502ha do

território é enquadrado com uma ZEIS.

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84

Tabela 2: Descrição das ZEIS.

Núcleo Imóveis Área (m²) Lei nº

Chico Soldado 87 29.771,83 122/2010

Av. Nereidas 38 33.272,75 131/2011

Recanto dos Atobás 88 48.219,64 119/2010

São Marcos 450 163.575,68 118/2010

Morro do Abrigo 300 424.028,79 143/2011

Olaria 476 128.185,54 144/2011

Itatinga 950 1.181.090,91 156/2012

Topolândia 315 25.126,09 Em criação

Varadouro 22 3.610,63 134/2011

Barequeçaba 20 75.467,00 160/2012

Toque -Toque 186 14.836,35 163/2012

Paúba 57 49.909,125 Em criação

Maresias 1621 2.015.314,08 136/2011

Boiçucanga 643 108.855,33 129/2011

Camburi 1116 453.015,16 126/2010

Baleia Verde 131 25.345,10 142/2011

Barra do Sahy 657 110.612,90 123/2010

Vila Paraíso (Sahy) 20 17.511,97 141/2011

Juquehy 825 44.587,61 127/2010

Barra do Una 337 28.321,17 158/2012

Boracéia 50 43.779,93 Em criação

Totais 8389 5.024.437,59

No que se refere sobre a tributação de

imóveis, a Constituição de 1988 criou o

Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU. A

função do IPTU desde o início de sua criação

sempre foi, função fiscal, e ainda é, via de

regra (BRASIL,1988).

O IPTU, após a promulgação do Estatuto

das Cidades sofreu uma ampliação de sua

função, dada a possibilidade de ser utilizado

com finalidade extrafiscal, pois se tornou

mecanismo necessário, para através da

progressão de sua alíquota, exigir ao

proprietário de imóvel urbano a exercer a

função social da propriedade, sob pena de seu

parcelamento ou até mesmo de uma

desapropriação.

De acordo com o artigo 32 do Código

Tributário Nacional – CTN, o fato gerador do

IPTU é a propriedade, o domínio ou a posse

de bem imóvel por natureza ou por acessão

física, localizado na área urbana do Município.

Apesar de o CTN ter sido elaborado com base

no Código Civil de 1916, não sofre prejuízo a

análise de imóvel por natureza ou por acessão

física feita com amparo no novo código que

em seu Artigo 79 de forma sintética define

bem imóvel como o solo e tudo quanto se lhe

acomodar natural ou artificialmente. Tem-se

então, como fato gerador, a propriedade, o

domínio útil e a posse.

O direito de propriedade no direito

brasileiro é regido pelo Código Civil, contudo

esta lei não a define, mas traz as suas

características no Artigo 1228, assim: O

proprietário tem a faculdade de usar, gozar e

dispor da coisa, e o direito de reavê-la do

poder de quem quer que injustamente a

possua ou detenha. (BRASIL, 2002)

Uma das hipóteses de incidência do IPTU é

a posse, mas não é toda posse que gera a

incidência do tributo, pois para Barreto (1998),

para que haja posse tributável é necessário

que o proprietário possua direitos de

propriedade e caso se trate de uma posse que

não tenha essa virtude, não há de cogitar de

ser esse possuidor contribuinte do IPTU.

Assim, o proprietário que não detiver a posse

do imóvel com os poderes e atributos da

propriedade, não se sujeita ao imposto.

No que se refere a base do cálculo do

imposto, a mesma é dada pelo o valor venal

do imóvel como dispõe o artigo 33 do CTN. O

valor venal por sua vez é estipulado após uma

análise técnica das Prefeituras, levando em

consideração diversas variáveis, como o

tamanho do imóvel, área construída,

localização, acabamento, etc. E ainda de

acordo com o disposto no parágrafo único do

mesmo artigo, não são consideradas as

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85

pertenças para determinar a base de cálculo,

tão somente o valor individualizado do imóvel.

Já a aplicação do IPTU por pela Prefeitura

de São Sebastião é dada conforme

orientações da Constituição e do CTB. A base

de cálculo é o valor venal do imóvel, apurada

esta, aplica-se a alíquota de 2% (dois por

cento), a qual poderá ser elevada, por Lei

(SÃO SEBASTIÃO, 1998).

A não tributação de imóveis irregulares se

dá pela inexistência de lançamento fiscal do

mesmo, ou seja, não há a regularização

perante o Poder Público Municipal,

inviabilizando assim a taxação do IPTU.

Discussão

Com o intuito de mitigar o prejuízo causado

aos cofres públicos na não arrecadação de

IPTU ou qualquer outro imposto por parte dos

munícipes residentes das ZEIS, propõem-se

então, a criação de uma taxa, a TADUS, que

possui como objetivos principais, auxiliar o

Poder Público nos processos de urbanização,

como em obras de infraestrutura e também,

promover o desenvolvimento social, através de

eventos e ações pontuais, por exemplo,

instalação de núcleos de assistência social,

investimento em educação, saúde, entre

outros.

A TADUS é considerada como uma

ferramenta de promoção da função social da

propriedade privada, diferentemente do IPTU,

a taxa será destinada especificamente a

pessoas de baixa renda, residentes nas ZEIS.

Toda receita arrecadada será aplicada para a

melhoria da qualidade de vida da população

local.

Quanto a constitucionalidade da TADUS, o

Artigo 30 da Constituição Federal atribui aos

Municípios competência para legislar sobre;

assuntos de interesse local, suplementar a

legislação federal e estadual no que couber,

promover o adequado ordenamento territorial,

mediante planejamento e controle do uso, do

parcelamento e da ocupação do solo urbano;

promover a proteção do patrimônio histórico-

cultural local, observada a legislação e a ação

fiscalizadora federal e estadual (BRASIL,

1988).

A TADUS pode ser classificada como uma

contribuição para-fiscal. A qual é prevista no

Artigo 145, inciso II da Constituição Federal,

que autoriza o Poder Público Municipal a

criação de taxas sobre a utilização de serviços

públicos, e em seu parágrafo 2 é expresso que

as taxas poderão ter uma base de cálculo

própria. A característica principal deste tributo

é a finalidade para a qual é destinada sua

arrecadação, ou seja, as contribuições

possuem finalidade e destino certos, definidos

em lei cada contribuição.

No CTN, de 1967, a TADUS se enquadra

no quesito “contribuição de melhoria” conforme

explica o Artigo 81, é instituída para fazer face

ao custo de obras públicas de que decorra

valorização imobiliária, tendo como limite total

a despesa realizada e como limite individual o

acréscimo de valor que da obra resultar para

cada imóvel beneficiado.

No que se refere a Legislação Municipal, a

Lei orgânica do Município em seu Artigo 120

reafirma o disposto no CTN, porém em seu

inciso III, parágrafo 1º, acrescenta que; Os

impostos, sempre que possível, terão caráter

pessoal e serão graduados segundo a

capacidade econômica do contribuinte,

facultado à administração tributária,

especialmente para conferir efetividade a

esses objetivos, identificar, respeitados os

direitos individuais e nos termos da lei, o

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patrimônio, os rendimentos e as atividades

econômicas do contribuinte (SÃO

SEBASTIÃO, 1999).

Após uma análise detalhada da legislação

vigente, em especial os Artigos 120, 121, 122

e 123 da Lei Orgânica Municipal, não foram

encontrados empecilhos para a instituição da

TADUS, uma vez que, a promulgação da

mesma possui como adendo a melhoria da

qualidade de vida dos contribuintes (SÃO

SEBASTIÃO, 1999).

Para que a taxação do imóvel seja feita de

forma digna, ou seja, condizente com as

necessidades de infraestrutura requeridas

para a melhoria da qualidade de vida do

entorno, quantidade de imóveis e residentes,

foi estabelecida a subdivisão das ZEIS

estudadas de acordo com o número de

imóveis. Conforme a seguir:

Classe I: ZEIS com até 200 imóveis.

Classe II: ZEIS com 201 até 400 imóveis.

Classe III: ZEIS com 401 até 600 imóveis.

Classe IV: ZEIS com 601 até 800 imóveis.

Classe V: ZEIS com 801 até 1000 imóveis.

Classe VI: ZEIS com 1001 ou mais imóveis.

A taxação sobre as ZEIS se dará pela

quantidade de imóveis, independente de haver

ou não edificações. O valor da taxa será

dividido em doze parcelas iguais e poderá ter

o seu valor revisto anualmente, conforme haja

a variação do índice de inflação. A Tabela 3

demonstra a divisão das ZEIS em classes,

estabelece os valores das taxas por imóvel,

calcula a arrecadação anual oriunda da

aplicação da TADUS e também apresenta o

montante que seria arrecadado por cada

Classe.

Visando aumentar o investimento proposto

pela TADUS nessas áreas pela Prefeitura

Municipal, juntamente com o valor arrecadado

pela taxa, também seria dividido entre as

Classes propostas, 5% de toda a arrecadação

anual do IPTU pela municipalidade. E, o valor

repassado para cada classe será de 3%. A fim

de realizar uma simulação, a Tabela 2, tomará

como o valor base, a arrecadação do ano de

2009 pelo IPTU.

Nota-se que apesar da taxação possuir um

valor baixo, ao término de um ano fiscal, ela

proverá um montante significante que facilitará

o investimento em melhorias.

A fim de demonstrar as diferenças entre os

métodos de tributação da TADUS com o IPTU,

elaborou-se a Tabela 4. Que de uma forma

genérica, procura mostrar a viabilidade da

adoção da TADUS para a problemática

apresentada.

Uma das principais diferenças propostas

pela TADUS seria a taxação sobre imóveis

sem que fosse comprovado o seu direito de

propriedade, como é exigido para a aplicação

do IPTU. Porém, para que a mesma seja

aplicada em conformidade com a legislação

vigente, o imóvel deverá estar inserido em

uma ZEIS.

Outro fator que a diferencia do IPTU, seria

o seu método de cálculo. Pois neste caso, não

será considerado o tamanho do imóvel, mas

sim, a sua simples existência.

O fato de o mesmo estar inserido em uma

Zona Especial, o considerará como apenas um

membro o qual não será levada em

consideração o seu tamanho. E a sua taxação

será igual para todos os imóveis existentes em

sua respectiva classe.

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Tabela 3: Simulação da TADUS CLASSIFICAÇÃO E PROJEÇÃO DE ARRECADAÇÃO DAS ZEIS

Cla

ss

e

ZE

IS

Imó

veis

Tax

a p

or

imó

vel/

an

o

(R$)

Arr

ecad

ão

A

nu

al

(R$)

Rep

as

se d

o

IPT

U (

R$)

I

Barequeçaba 20 100,00 2.000,00 10.373,71

Vila Paraíso 20 100,00 2.000,00 10.373,71

Varadouro 22 100,00 2.200,00 10.373,71

Av. Nereidas 38 100,00 3.800,00 10.373,71

Boracéia 50 100,00 5.000,00 10.373,71

Paúba 57 100,00 5.700,00 10.373,71

Chico Soldado 87 100,00 8.700,00 10.373,71

Recanto dos Atobás

88 100,00 8.800,00 10.373,71

Baleia Verde 131 100,00 13.100,00 10.373,71

Toque Toque 186 100,00 18.600,00 10.373,71

69.900,00 103.737,10

II

Morro do Abrigo

300 110 33.000,00 34.579,03

Topolândia 315 110 34.650,00 34.579,03

Barra do Uma 337 110 37.070,00 34.579,03

104.720,00 103.737,10

III São Marcos 450 120 54.000,00 51.868,55

Olaria 476 120 57.120,00 51.868,55

111.120,00 103.737,10

IV Boiçucanga 643 130 83.590,00 51.868,55

Barra do Sahy 657 130 85.410,00 51.868,55

169.000,00 103.737,10

V Juquehy 825 140 115.500,00 51.868,55

Itatinga 950 140 133.000,00 51.868,55

248.500,00 103.737,10

VI Camburi 1116 150

167.400,00

51.868,55

Maresias 1621 150 243.150,00

51.868,55

410.550,00 103.737,10

Total arrecadado anualmente em todas as ZEIS:

1.113.790,00

Total repassado pelo Governo Municipal:

518.685,50

Total agregado passível de investimento:

1.632.475,50

Tabela 4: Diferenças entre a TADUS e o IPTU.

AS DIFERENÇAS ENTRE OS TRIBUTOS

TADUS IPTU

Requer direito de propriedade? Não Sim

A aplicação da verba é pontual? Sim Não

Requer realização de audiências públicas para a aplicação?

Sim Não

Procura promover a inclusão social através de sua aplicação?

Sim Não

A taxação é fixa, independentemente da área (construída ou não)?

Sim Não

Considerações finais

O simples fato da TADUS ter a sua

aplicação em áreas com um levantamento

socioeconômico já realizado pode ser

considerado uma vantagem. Pois ao levar em

consideração a velocidade do

desenvolvimento urbano atual, a Taxação

proposta se mostra uma alternativa

economicamente viável para sanar o ônus

oriundo da ocupação irregular aos cofres

públicos.

Um dos fatores mais importantes da

TADUS seria a sua amplitude para aplicação,

ou seja, a mesma não estaria restrita somente

ao investimento em educação, saúde,

planejamento e mobiliário urbano, mas

também, em ações que visem a integração

social do contribuinte procurando melhorar sua

qualidade de vida e consequentemente a

qualidade do entorno no qual ele está inserido.

Os únicos fatores que podem demandar

um tempo de aplicação maior se dão pela

necessidade de audiências públicas, para que

seja efetuada a taxação e também o tempo

necessário para o trâmite do projeto na

Câmara Municipal.

Pois, de acordo com Denaldi (2009), o

estabelecimento de fóruns de debates de

entidades e partes interessadas pode ampliar

a representatividade e o conhecimento acerca

do problema habitacional e suas soluções,

mas, pela diferença de nível de apropriação do

problema, há maiores limitações de

aprofundamento.

Atualmente, a Prefeitura Municipal de São

Sebastião, através da Secretaria de

Habitação, sustenta o PLHIS – Plano Local de

Habitação e Interesse social, instituído pela

Secretaria Estadual de Habitação através da

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Lei 11.124 de 2005. Este programa pode ser

definido como um plano estratégico de longo

prazo e simultaneamente um plano de ação,

ou seja, uma ferramenta de planejamento com

propostas que são operacionais e que devem

ser implementados no curto, médio e longo

prazo.

O PLHIS prevê basicamente a realocação

dos munícipes residentes das ZEIS para

conjuntos habitacionais. O que tem seus prós

e contras, pois ao realizar esta realocação, o

governo estará extinguindo os vínculos

emocionais que o morador possa ter adquirido

com o entorno no qual vive. E um dos

principais benefícios é o de residir em um

lugar que disponha de serviços básicos de

saneamento.

Através da implantação da TADUS o Poder

Público será capaz de realizar investimentos

pontuais nessas áreas. Nota-se que através

da simulação efetuada previamente, o

montante arrecadado seria agregado a um

repasse municipal que poderia tornar um ônus

em benefícios para os munícipes.

Contudo, não é possível mensurar, sem um

estudo detalhado, o prejuízo que estes

núcleos causam aos cofres públicos, uma vez

que o valor estabelecido por metro quadrado

varia de acordo com a localização geográfica

do núcleo. E pode ultrapassar o montante de

R$ 1000,00 por metro quadrado (ANTUNES,

2010).

Por se tratar de uma ação que envolve o

manuseio de dinheiro público, a TADUS

deverá atender o disposto na Lei Federal

12.527, de 2011, conhecida como a Lei da

Transparência. Para isso, deverá ser criado

um órgão gestor, sem fins lucrativos, com o

seu corpo organizacional composto de

residentes desses núcleos e de auditores

externos a serem definidos pela

Municipalidade.

Este órgão seria encarregado de realizar as

audiências públicas, garantir a aplicação da

verba em setores que sejam realmente

necessários, realizar a coleta do tributo e

também, sempre que necessário, prover

informações sobre o andamento da TADUS.

O Órgão gestor, também poderá decidir

sobre possíveis aplicações financeiras a

serem realizadas com o montante arrecadado

pela taxação, com o intuito de aumentar as

receitas.

Por fim, a taxação proposta se mostra

como uma alternativa para sanar o déficit em

investimentos nas ZEIS e ainda promover a

interação entre o Contribuinte – Poder Público,

para que em conjunto, unam esforços rumo à

melhoria da qualidade de vida.

Apesar de haverem projetos

governamentais que procurem agir no foco do

problema, nenhum deles é a solução do curto

prazo e também, não consideram os laços

emocionais que o indivíduo possa ter criado

com o entorno.

Agradecimentos

Sou eternamente grato a minha família por

sempre me mostrar o melhor caminho a seguir

nesta vida e por consolidar o pensamento de

que “sem a educação, não somos nada”.

Agradeço a minha orientadora, professora

“Carminha” e professora Alciene por todo o

suporte ao longo da elaboração deste artigo.

Ao meu amigo e irmão, Everton, que

durante essa época difícil e estressante foi

uma pessoa que me ajudou bastante a lidar

com a situação do melhor jeito possível.

Obrigado a todos.

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Referências - ANTUNES, C. São Sebastião: crescimento desordenado. Veja, edição 2193, ano 44, nº 50, p. 96, 15 dez. 2010. - BARRETO, A. F., Comentários ao Código Tributário Nacional. ed. Saraiva, vol. 1- São

Paulo, 1998. - BRASIL. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal; 1988. - BRASIL. Código civil, 2002. Código civil. 53ed. São Paulo: Saraiva; 2002. - DENALDI, R.; SANTA ROSA, J. (orgs.). Brasília: Ministério das Cidades/ Secretaria Nacional de Habitação, 2009.

- IBGE. Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. Disponível em: <http://ibge.gov.br/cidadesat/index.php> - SÃO SEBASTIÃO, Plano Diretor Municipal,

1997. - SÃO SEBASTIÃO, Lei Orgânica Municipal, 1999. - SÃO SEBASTIÃO, Lei n.º 1317 de 1998.

Dispõem sobre o Código Tributário Municipal. - SÃO SEBASTIÃO, Lei Complementar nº 81 de 2007. Dispõem sobre as Zonas Especiais

de Interesse Social. - RUSHMANN, D. Turismo e Planejamento Sustentável. Campinas, Ed. Papirus. 1999.

- SELLTIZ, C. et al. (1967). Métodos de pesquisa nas relações sociais, 2ª ed. São Paulo, Helder/ EDUSP.

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Apêndice 8 - Resumo do trabalho enviado para publicação e apresentação no XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica.