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Criação de galinha caipira - Portal Atividade Ruralatividaderural.com.br/artigos/4ea9f6a4cafc8.pdf · Todavia a criação das aves domésticas ditas caipiras ... aquecimento, ração

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CRIAÇÃO DE GALINHA CAIPIRA

1 – INTRODUÇÃO

A criação de galinhas caipiras sempre foi para ospequenos produtores uma importante fonte deprodução de alimentos protéicos (carne e ovos),melhorando substancialmente sua alimentação.Todavia a criação das aves domésticas ditascaipiras, nos terreiros das pequenas propriedades,não acompanhou a evolução tecnológica e porisso apresenta baixa produtividade e altamortalidade, em função da pouca qualidadegenética, da falta de cuidados higiênico-sanitáriose da deficiência alimentar. Este quadroimpossibilita os pequenos produtores de teremuma produção uniforme e constante durante o anotodo. Entretanto a atividade nas pequenaspropriedades rurais persiste e é tão presentequanto o cultivo de milho, arroz e feijão.

2 - MANEJO DE PINTINHOS

A alta mortalidade de pintinhos na criação caipiraestá relacionada com o manejo e alimentaçãoinadequados e com a não-observância dosaspectos de higiene e sanidade.Seja os pintinhos produzidos na propriedade, sejaos adquiridos de incubatórios com um dia de vida,é preciso que recebam cuidados para que sedesenvolvam saudavelmente, aumentando assima produtividade da criação.Os pintinhos devem ser criados em pinteiros pelomenos até 4 semanas de idade. No pinteiro, elesreceberão mais atenção, como: água,aquecimento, ração de melhor qualidade, vacinase medicamentos, além disto estarão afastadosdas aves adultas que podem transmitir doenças.Assim a mortalidade diminuirá sensivelmente, e odesempenho melhorará substancialmente.

Uma área de 1 (um) metro quadrado serásuficiente para 40 a 50 pintinhos. Os pinteirospodem ser construídos na própria propriedade oucomprados no comércio (criadeiras teladas).As instalações devem ser simples. Os pinteirossuspensos são interessantes do ponto de vistasanitário, para evitar várias doenças, como acoccidiose, por exemplo.

3 - EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS

É essencial que nos primeiros 10 dias de criação,os pintinhos possam contar com uma fonte decalor. Esta pode ser fornecida por uma lâmpadade 60 watts, colocada em uma campânulaadaptada, que pode ser uma bacia velha ou umacaixa de papelão. A campânula será regulada,podendo suspender ou baixar, conformecomportamento dos pintinhos.É importante que haja um círculo de proteção emtorno do pinteiro para agrupar os pintinhos nosprimeiros dias junto à fonte de calor, evitando oesmagamento dos pintinhos, fator de mortalidade.Nos primeiros 10 dias, dois bebedouros tipo copopressão de um litro são suficientes para 50pintinhos. Os bebedouros podem ser construídosna propriedade com latas de goiabada e latas deóleo ou similares. Os bebedouros devem sercolocados em cima de estrados de madeira ououtro material para impedir que a cama dospintinhos seja molhada. Após 10 (dez) dias estesbebedouros devem ser trocados por outrosmaiores, podendo ser feitos de bambu, PVC, etc.Um bebedouro com um metro de comprimento ésuficiente para 50 pintinhos.Um comedouro tipo bandeja de 30 x 50 x 3 cm ésuficiente para 50 pintinhos nos primeiros 10 dias.Após este tempo, devem-se colocar comedourostipo calha, de bambu, folha de flandres, madeiraou outro material apropriado. Cada ave vainecessitar neste período de 7 a 10 cm de espaçode comedouro. Portanto um comedouro de ummetro será suficiente para 20 aves, pois elascomem de ambos os lados.É importante que os pinteiros sejam revestidos poruma cama que pode ser de diversos materiais,como: cepilho de madeira, sabugo de milhotriturado, casca de arroz, etc. Nos primeiros diasesta cama deve ser recoberta por papel ou jornalpara evitar que os pintinhos comam a cama.Nos períodos de frio intenso é conveniente o usode cortinas no pinteiro, que poderão ser feitas desacos de plástico de ração ou mesmo de sacos depapel ou outro material apropriado.

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No primeiro dia de criação, a água é o alimentomais importante. Adicionar de 1 a 2% de açúcar àágua, principalmente se os pintinhos foramadquiridos de incubadoras distantes. A água deveser de boa qualidade e ser trocada várias vezesao dia. Lavar bem os bebedouros.A alimentação dos pintinhos nas primeiras quatrosemanas deve ser à base de ração balanceada,adquirida de firma idônea.

4 - VACINAÇÃO

Os pintinhos adquiridos de incubatórios idôneos jávêm vacinados contra marek, newcastle egumboro e, às vezes, bouba aviária. Os pintinhosnão vacinados devem receber a 1.ª dose devacina contra newcastle aos 10 a 12 dias por viaocular ou na água. A vacinação contra boubadeverá ser feita em todos os pintinhos, compradosde incubadoras ou não, entre a 3.ª e 4.ª semanade criação.Após 4 semanas, os pintinhos serão colocadoscom as demais aves adultas, devendo ser criadosno sistema de semiconfinamento.O pinteiro deverá ser devidamente desinfetado,com retirada da cama, que poderá ser usada naadubação de culturas. Ela não deve ser colocadana área do parque destinado às aves. Pintinhos encontrados mortos no interior dopinteiro devem ser enterrados, preferencialmenteem fossas, feitas apropriadamente para essafinalidade.

5 - MANEJO DAS AVES ADULTAS

Neste sistema recomendado desemiconfinamento, as aves serão recolhidas aogalinheiro às 5 horas da tarde e soltas às 8 horasda manhã. Para isso, há necessidade de se terum galinheiro fechado. A área de parque deveráser de 3 m2 por ave. Para um rebanho de 30 aves,necessitar-se-á de uma área de 90 m2. Na áreado parque, as aves deverão ter à disposição águade boa qualidade. Uma solução é fazerbebedouros utilizando bambu-gigante ou garrafaspet de refrigerante. Os bebedouros devem sercolocados em pontos estratégicos no parque, àsombra, e a água deve ser trocada diariamente.Comedouros com farinha de ossos calcinadatambém poderão estar disponíveis para as aves.Sempre que possível, evitar que animais mortosfiquem na área do parque, pois podem provocar oaparecimento do botulismo, doença que acarretaalta mortalidade.A criação conjunta de perus, patos e galinhassempre apresenta problemas, pois doenças sãotransmissíveis de uns aos outros. Dentro dapossibilidade de cada produtor, será interessanteter áreas separadas para estas aves.

Como a grande maioria das criações envolvefrangos e galinhas poedeiras, sugere-se que todasas aves sejam presas à tardinha e na manhãseguinte, após receberem uma raçãosuplementar, sejam soltas as frangas e frangos,deixando as galinhas criadeiras e as prestes aentrarem em postura presas até as 10 horas damanhã. Este manejo permitirá melhor atenção àsaves, quando serão ofertados melhor alimentação,tratamento com vermífugos, vacinas e outrosmedicamentos, se necessário, e melhorobservação da postura das aves. É também naparte da manhã que as galinhas botam mais ovos.

6 - ALIMENTAÇÃO

6.1 - ALIMENTOS QUE PODEM SERFORNECIDOS ÀS AVES NA CRIAÇÃO ÀSOLTA

Grãos: milho, girassol, soja, feijão-guandu, arrozquebradinho, sorgo, etc.Verde: Folhas de couve, repolho, alface, chicória,mostarda, mamão, goiaba, banana, mandioca,abóbora, inhame, capins, etc. As frutas e oslegumes fornecem vitaminas e sais minerais àsaves, além de aumentar a pigmentação (cor) dagema. Sais minerais: manter os comedouros comcalcário calcítico ou farinha de ossos. Cascas deovos moídas servem também como fonte decálcio.

6.2 - RAÇÕES DE MENOR CUSTO QUE PODEMSER PREPARADAS NA PROPRIEDADE

Ração A

Ingrediente Quantidade(kg)

Fubá de milho Farelo de soja Farinha de carne e ossos

73 22 5

Ração B

Ingrediente Quantidade(kg)

Fubá de milho Farelo de soja Quirera de arroz Farinha de carne e ossos

432230 5

Ração C

Ingrediente Quantidade(kg)

Esterco de suínos Ração para aves

8020

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6.3 - Sugestão de mistura mineral

Ingrediente Quantidade(kg)

Fosfato de Patos de Minas Calcário Sal comum

21,028,5 0,5

7 – SANIDADE, HIGIENE E PROFILAXIA

A alta mortalidade nos plantéis avícolas estárelacionada com a falta de cuidados higiênicos ede profilaxia adequada à criação.Algumas dessas doenças podem ser prevenidascom a vacinação, como são os casos danewcastle e da bouba aviária. As demais devemser prevenidas com as práticas higiênico-sanitárias, uma vez que não existem vacinas parao seu controle e quando existem são de efeitosduvidosos.

Doença Característica Vacinação

Newcastle

É uma doença de altamortalidade. Não há remédiopara a cura. Previne-se comvacinação que pode ser feitana água, no olho ou nanarina.

Pintinhos:- 1.ª dose: 8 a 12 dias de idade (1 gota no olho ou nonariz)- 2.ª dose: 30 a 35 dias- 3.ª dose: 80 a 90 diasGalos e galinhas poedeiras:- vacinar a cada 4 meses (1 gota no olho ou no nariz).

Boubaaviária

É a chamada “pipoca”. Adoença transmite-se pelapicada de mosquitos.

- Vacinar os pintinhos entre 20 e 30 dias e repetir aos70 a 80 dias de idade.Arrancar 3 a 4 penas da coxa e esfregar a vacina comuma escova ou pincel de pêlos duros no local. Podeser feita também na membrana da asa. Com umaagulha tipo máquina de costura, molha-se na vacina eperfura-se a membrana da asa.

8 - PRÁTICAS HIGIÊNICO-SANITÁRIASDESEJÁVEIS

Manter limpos e desinfetados os equipamentos einstalações na criação:a) Bebedouros – Lavar diariamente com água e

sabão e, eventualmente, desinfetados comsolução de água sanitária.

b) Comedouros – Retirar as crostas de fezes,no mínimo uma vez por mês e periodicamentedesinfetá-los com solução de água sanitária.Não deixar comida velha e mofada noscomedouros.

c) Ninhos – Pulverizar contra piolhos comprodutos apropriados, observando asrecomendações dos fabricantes. Trocar acama sempre que necessário.

d) Piso do galinheiro – Se for de chão outijolos, retirar a cama e pulverizar com soluçãode creolina ou benzocreol de 3 em 3 meses.Se for de cimento, após a retirada da cama,pulverizar com solução de cal e creolina.

e) Puleiros – Raspar periodicamente os puleirospara retirar as crostas de fezes e pincelar comsolução de cal e creolina, periodicamente.Pulverizar com esta solução as laterais dogalinheiro, se for de madeira, bambu oualvenaria.

f) Água – Deve ser de boa qualidade.g) Animais mortos – Não deixá-los na área do

parque ou dentro do galinheiro. Devem serqueimados ou enterrados em fossasapropriadas.

h) Área do parque – Mantê-la sem a presençade lixo e com muito material orgânico.

i) Vermífugos – Fornecer vermífugos às avesregularmente pelo menos de 90 em 90 dias ouregularmente cascas de sementes deabóbora.

9 - BIBLIOGRAFIA

- Abreu, F. E. Criação de galinhas caipiras ;sistema extensivo. Belo Horizonte, Emater-MG.Informações técnicas, 1. 1986. 20p.- Abreu, F. E. Criação de galinhas caipiras ;sistema semi-extensivo. Belo Horizonte, Emater-MG. Informações técnicas, 2. 1986. 24p.- Nakano, M. e Silva, R.D.M. Sistema caipira decriação de galinhas. Piracicaba. FEALQ.1986.

Méd. Veter. Dirceu Alves Ferreira Zootecnista João Ricardo Albanez

Departamento Técnico da Emater–MG