CRITÉRIOS PARA A INSTALAÇÃO E CONDUÇÃO DE VINHAS NO SENTIDO DA RENTABILIZAÇÃO DO PRODUTO FINAL

WORKSHOP - Como tornar a Vitivinicultura uma

actividade rentável – Santarém – 7 de Junho de 2010

Nuno Magalhães

Considerações Gerais

• 1 - Análise da viabilidade do investimento

• Imposições de ordem legal – licenças de plantação –limitações da REN ou outras

• Objectivos de produção, em função dos mercados previsíveis e da concepção do projecto – relações entre volumes de produção unitários, níveis qualitativos, custos de produção e preço do vinho á saída da adega, ou das uvas caso sejam entregues a unidade de vinificação exterior à Empresa – análise da relação preço/qualidade de acordo com possíveis mercados – sondagem de mercado e meios de marketing

Análise da viabilidade do investimento

• Dimensão da vinha(s) - ; localização – com ou sem Denominação de Origem – capacidade produtiva potencial

• Análise económico-financeira – disponibilidade financeira própria –apoios financeiros através de projectos – custo do investimto – período de carência – encargos (fixos e variáveis) e receitas brutas e líquidas –período de amortização do investimento

• Recursos humanos – disponibilidade de mão-de-obra fixa qualificada e/ou de serviços de empreitada fiáveis – acompanhamento técnico próprio ou contratado – responsável executivo

• Outros recursos – máquinas necessárias e garantia de sua assistência técnica competente e oportuna – disponibilidade de água para rega da vinha, caso venha a ser necessária ou desejável em função dos objectivos do projecto

• 2 – Análise do local de instalação da vinha

• Topografia do terreno – valores do declive, perfil do terreno, exposição, altitude: para definição da sistematização do terreno, forma de instalação da vinha e eventuais obras de drenagem, e dos respectivos custos quer de instalação quer da posterior manutenção

• Análise do mesoclimaA partir de dados climáticos dos últimos

anos recolhidos por estação meteorológica próxima

Cálculo de alguns índices bioclimáticos para a vinha, em particular o Somatório de Temperaturas Acumuladas para o Período Favorável Anual ou referenciado às exigências das castas, os valores das amplitudes térmicas diárias durante o período de maturação e os valores da precipitação para os períodos, do abrolhamento à floração, do vingamento ao pintor e do pintor à maturação.

• Análise do solo

• Abertura de perfis

• Recolha de amostras de solo por horizonte, ou em duas profundidades correspondentes àzona da futura colonização radicular, para análise físico-química em laboratório. Estas análises são indispensáveis para a definição de correcções e fertilizações de fundo, nomeadamente porque é, na maioria dos casos, a única oportunidade de as efectuar de forma eficaz ao longo de todo o perfil do solo

3 – Definição do projecto

• Definição das castas e dos porta-enxertos

Escolha do material vegetal:

- castas e respectivos conjuntos de clones (materiais policlonais) em função dos objectivos do projecto e sua adaptação edafo-climática às condições locais

- porta-enxertos adaptáveis às características dos solos e ao vigor, produtividade e maturação que irão impor a cada casta

- selecção de um viveirista da máxima confiança para o fornecimento das plantas com garantia varietal, clonal e sanitária

• Preparação do terreno

Em situações de encosta - definição da sua forma de sistematização para mecanização eficaz e estabelecimento de defesas necessárias contra a erosão.Seja em encosta, seja em plano, é indispensável

a realização de uma surriba suficientemente profunda e homogénea, para a incorporação de fertilizantes e de correctivos, e para criar condições para uma ampla colonização do solo pelo sistema radicular das videiras durante os largos anos em que a vinha o ocupará

• Definição da densidade e disposição da plantação e da orientação das linhas

A densidade e disposição da plantação:- fertilidade do solo e sua disponibilidade hídrica- forma de condução definida, condicionada pelas características de

comportamento das castas e sua resposta face às do porta-enxerto, e ainda das soluções de mecanização a adoptar.

A orientação das linhas, ou bardos:- em função do movimento aparente do Sol e respectiva radiação

recebida pelo coberto vegetal ao longo do dia, muito em particular durante o período da maturação, variando de sentido de acordo com necessidades de máxima recepção, em zonas mais frescas onde o ciclo vegetativo é naturalmente mais longo, ou pelo contrário, quando ela deve ser reduzida nas horas de maior calor e radiação, recorrendo-se então a orientações que protejam folhas e cachos do “escaldão” e que evitem fenómenos de sobre-maturação

• Plantação

- Condições de conservação das plantas (bacelo ou enxerto-pronto)

- Plantação executada em período oportuno e segundo técnicas correctas. É geralmente indispensável uma primeira rega à plantação, seguindo-se as que forem necessárias. Uma cobertura azotada poderá ser muito útil cerca de 1 mês após a plantação, quando as videiras revelem já algum desenvolvimento vegetativo.

- A utilização de “tubos de crescimento” nos primeiros 2 anos vem revelando bons resultados num desenvolvimento mais rápido e robusto das jovens plantas, protegendo-as simultaneamente da acção de herbicidas de contacto e da destruição por roedores

• Escolha da forma de condução

- Depende das condições edafo-climáticas da zona, das características das castas, dos níveis de produtividade pretendidos, da intercepção da radiação solar pelo coberto vegetal com reflexos na maturação e das soluções de mecanização.

- A forma de condução associa-se a um dado tipo de estrutura de armação, compreendida por postes, arames e fixações. São numerosas as formas de condução, assim como as soluções de armação física. Contudo, qualquer das que seja seleccionada deve não só ser adequada às relações entre produção e qualidade previamente requeridas, e a sua adaptação às exigências específicas de cada casta, mas também permitir a realização das diferentes operações culturais, muito em particular a poda e as intervenções em verde, de forma correcta, eficaz e económica

• Instalação de rega

Apesar de a vinha tradicionalmente e em geral não ser regada, hoje em dia tornou-se prática corrente em grande parte das regiões vitícolas, muito em particular naquelas onde o período estival decorre sob temperaturas elevadas e baixa ou quase nula precipitação.

A rentabilidade da vinha depende actualmente, ou de uma produtividade suficiente para garantir a margem necessária entre custos de produção e um valor aceitável de venda da garrafa de vinho mais corrente, ou para que seja alcançada, por regas controladas, uma qualidade superior por melhoria das condições de maturação para os vinhos mais caros, de superior preço, compensando a inferior produtividade das respectivas vinhas

4 – Operações culturais

• Poda de Inverno

Constitui uma das três operações culturais anuais que consome um número elevado de horas de trabalho manual. Desde que a dimensão da exploração vitícola assim o justifique o recurso a uma máquina pré-podadora e o acabamento da poda com tesouras eléctricas, conduz a uma redução do tempo de trabalho manual para quase um terço.

Apesar das formas de condução hoje em dia mais correntes assentarem na poda em talões segundo monoplanos verticais ascendentes, pode por vezes justificar-se o recurso a formas mais trabalhosas, quer em sebes ascendentes e descendentes para produtividades mais elevadas, quer em talão e vara para castas vigorosas que exijam muito desladroamento na base dos talões.

Para vinho de qualidade corrente a preços baixos ao consumidor, caso não haja limite legal à produção, a poda mínima com pré-podadora ou a técnica de “minimal pruning” com barra de corte em verde, podem constituir soluções para redução muito significativa dos custos de produção

• Operações em verde

- DESLADROAMENTO

- ORIENTAÇÃO DA VEGETAÇÃO

- DESPONTA

- DESFOLHA

- MONDA DE CACHOS

Enquanto para a poda de Inverno se dispõe para a sua execução, de todo o período compreendido entre a queda da folha e o abrolhamento, as operações em verde, para que sejam eficazes, deverão ser feitas em períodos muito curtos e muitas vezes em sobreposição com outras operações urgentes, tal como os tratamentos fitossanitários, e quando a velocidade de crescimento dos pâmpanos é máxima. Terão então de ser adoptadas soluções no sentido de se reduzirem custos e que permitam uma rápida execução daquelas operações.

• Intervenções no solo para controlo de infestantes

- POR MEIOS MANUAIS OU ANIMAIS

- POR MEIOS MECÂNICOS

- POR RECURSO A MONDAS QUÍMICA

- POR MEIOS BIOLÓGICOS –ENRELVAMENTOS

• Controlo fitossanitário

Apesar do surgimento de novas doenças e pragas da vinha, é possível reduzir os respectivos custos, de forma muito eficaz, não só pelo recurso a novas substâncias activas que surgem constantemente no mercado, que aumentam a eficácia dos tratamentos e reduzem a sua frequência, mas também pela disponibilidade de meios mecânicos mais evoluídos, e pela aplicação dos conceitos de Protecção e de Produção Integrada.

• Vindima

A simples racionalização dos trabalhos de vindima manual, pela introdução de meios mecânicos do seu transporte no interior das parcelas e destas para os centros de vinificação, só por si permite uma redução substancial de custos de produção. Para vinhas de suficiente dimensão, as máquinas de vindima mecânica vêm constituindo uma alternativa de enorme peso para a economia das empresas vitivinícolas, quer por aquisição própria quando tal se justifique, quer em sistemas de parceria ou de aluguer

• EM SITUAÇÕES DE MECANIZAÇÃO MÍNIMA,

•

• OS CUSTOS SOMADOS DA PODA, INTERVENÇÕES EM VERDE E VINDIMA,

• REPRESENTAM CERCA DE 80% DOS ENCARGOS ANUAIS DE UMA VINHA

PODA

• A poda manual, com tesouras convencionais, corresponde a cerca de 400 a 500 videira/dia/H

• O trabalho mecânico de pré-poda dispende cerca de 2 hectares/dia

• Após pré-poda mecânica, com tesouras eléctricas, o rendimento das poda manual pode atingir as 1400 videiras/dia/H

ORIENTAÇÃO DA VEGETAÇÃO

• A orientação dos pâmpanos para formação da sebe, pelo recurso a arames em espaldeira vertical (duas intervenções) ocupa , em termos médios, cerca de 15 jornas/ha

• Através de soluções de mobilidade de arames, ou fios, duplos, a economia de tempos de trabalho pode reduzir-se a 1 jorna/ha

DESPONTA

• O enrolar a vegetação pelo último arame da estrutura de suporte ocupa, em geral 4 jornas/ha

• Em alternativa à enrola manual, a desponta mecânica permite fazer cerca de 4 ha/dia

VINDIMA

• Embora dependendo dos volumes de produção e de outros factores, em média a vindima manual (excluindo o transporte das uvas) corresponde a cerca de 12 cêntimos/Kg, enquanto a vindima mecânica, em sistema de aluguer, não ultrapassará os 6 cêntimos/Kg

CONCLUSÕES GERAIS

• - ANÁLISE ECONÓMICA/FINANCEIRA DO INVESTIMENTO E ESTUDO DE MERCADOS EM FUNÇÃO DOS OBJECTIVOS

• - ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE COMPETÊNCIAS AOS DIVERSOS NÍVEIS

• - PROFISSIONALIZAÇÃO A TODOS OS NÍVEIS – MOTIVAÇÃO E SEGURANÇA DE EMPREGO

• - OPORTUNIDADE E EFICÁCIA DAS OPERAÇÕES CULTURAIS, QUER POR MECANIZAÇÃO QUER PELA RACIONALIZAÇÃO DE TRABALHOS MANUAIS