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SIMP .TCC/Sem.IC. 2018(13); 177-190 FACULDADE ICESP / ISSN: 2595-4210 177 Curso de Administração GESTÃO FINANCEIRA E A PERPERTUAÇÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS FINANCIAL MANAGEMENT AND THE PERPETUATION OF SMALL BUSINESS Pedro Gomes Oliveira Henrique Neuto Tavares Resumo No Brasil, micro e pequenas empresas (MPE's) são classificadas de acordo com o rendimento anual, e apesar de serem responsáveis por parte da economia, apresentam baixos níveis de sobrevivência. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo verificar a relação entre a Administração Financeira e a perpetuação de MPE's e Empresas de Pequeno Porte- EPP, no Recanto das Emas. Assim, quanto à metodologia utilizada, tratou-se de uma pesquisa de campo, por meio de questionário aplicado à gestores e empreendedores de Microempresas e de Empresas de Pequeno Porte da Região Administrativa do Recanto das Emas – DF. Dos estabelecimentos participantes, 83% possuíam acima de cinco anos e 17% até um ano de atividade. Dos respondentes, 67% eram do ramo do comércio, 17% prestação de serviços e 17% de ambos os ramos. Todos reconhecem a importância da Administração Financeira, porém apenas parte aplica conhecimentos da área. No estudo foi possível correlacionar a Administração Financeira e a perpetuação das MPE’s do Recanto das Emas, pois 83% dos questionados possuíam mais de cinco anos no mercado. Notou-se também que os gestores e/ou empreendedores enxergam a importância da Administração Financeira, porém a aplicação da mesma não é realizada de forma efetiva, demonstrando a necessidade de qualificação profissional para sua execução. Palavras-Chave: 1. Gestão Financeira; 2. Micro e Pequenas Empresas; 3. Administração Financeira. Abstract In Brazil, SMEs are classified according to annual income, and although they are responsible: for the economy have low levels of survival. In this sense, the purpose of this study was to verify the relationship between the Financial Administration and the perpetuation of Micro and Small Business Enterprises in Recanto das Emas. Thus, in the methodology used, it was a field research, through a questionnaire applied to managers and entrepreneurs of Micro-enterprises and Small Enterprises of Recanto das Emas - DF Administrative Region. Of the participating establishments, 83% had more than five years and 17% had up to one year of activity. Of the respondents, 67% were from the branch of commerce, 17% from services and 17% from both branches. Everyone recognizes the importance of Financial Management, but only part applies knowledge of the area. In the study it was possible to correlate the Financial Administration and the perpetuation of Recanto das Emas SME’s, since 83% of respondents had more than five years in the market. He also noted that the managers and/or entrepreneurs see the importance of Financial Administration, but the application of the same is not done in an effective way, demonstrating the need for professional qualification for its execution. Keywords: 1. Financial Management; 2. Small Business; 3. Finances Management. EMAIL: [email protected] Introdução A literatura que versa sobre as micro e pe- quenas empresas brasileiras as classifica a partir de seu rendimento anual, seguindo o que preconi- za o artigo 3º da Lei 123/2006 onde indica que, no caso das Microempresas (ME’s), obtenha receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 e para Em- presas de Pequeno Porte (EPP’s), receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. Segundo o SEBRAE (2015), no Brasil, exis- tem 8,9 milhões de micro e pequenas empresas (MPE’s) responsáveis pela criação de 52% dos empregos com carteira assinada, representando 27% do PIB nacional. Embora seja responsável por parte relevante da economia, as MPE’s apre- sentaram taxa de sobrevivência de 58% e 98%, respectivamente, no período de 2 anos (SEBRAE, 2016) O presente estudo tem como objetivo evi- denciar a relação entre à administração financeira e a perpetuação das Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) na Região Administrativa do Recanto das Emas - DF. Para o alcance dos resultados, foram levan- tados conceitos sobre Administração Financeira e suas principais ferramentas, analisado a função financeira nas MPE’s e levantado dados gerais sobre as MPE’s do Recanto das Emas Muitos gestores de micro e pequenas empresas não possuem visão sistêmica das organizações, não se atentando à administração financeira e sua importância para a perpetuação da organização. Assaf Neto, Lima (2010) descrevem as quatro funções básicas da administração financeira (planejamento financeiro, controle financeiro, administração de ativos e administração de passivos), por possuírem alta relevância em as organizações alcançarem e manterem o nível de saúde financeira, trazendo Como citar esse artigo: Oliveira PG, Tavares HN. Gestão Financeira e a perpertuação de micro e pequenas empresas. Anais do 13 Simpósio de TCC e 6 Seminário de IC da Faculdade ICESP. 2018(13); 177-190

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Curso de Administração

GESTÃO FINANCEIRA E A PERPERTUAÇÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS FINANCIAL MANAGEMENT AND THE PERPETUATION OF SMALL BUSINESS

Pedro Gomes Oliveira Henrique Neuto Tavares

Resumo No Brasil, micro e pequenas empresas (MPE's) são classificadas de acordo com o rendimento anual, e apesar de serem responsáveis por parte da economia, apresentam baixos níveis de sobrevivência. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo verificar a relação entre a Administração Financeira e a perpetuação de MPE's e Empresas de Pequeno Porte- EPP, no Recanto das Emas. Assim, quanto à metodologia utilizada, tratou-se de uma pesquisa de campo, por meio de questionário aplicado à gestores e empreendedores de Microempresas e de Empresas de Pequeno Porte da Região Administrativa do Recanto das Emas – DF. Dos estabelecimentos participantes, 83% possuíam acima de cinco anos e 17% até um ano de atividade. Dos respondentes, 67% eram do ramo do comércio, 17% prestação de serviços e 17% de ambos os ramos. Todos reconhecem a importância da Administração Financeira, porém apenas parte aplica conhecimentos da área. No estudo foi possível correlacionar a Administração Financeira e a perpetuação das MPE’s do Recanto das Emas, pois 83% dos questionados possuíam mais de cinco anos no mercado. Notou-se também que os gestores e/ou empreendedores enxergam a importância da Administração Financeira, porém a aplicação da mesma não é realizada de forma efetiva, demonstrando a necessidade de qualificação profissional para sua execução. Palavras-Chave: 1. Gestão Financeira; 2. Micro e Pequenas Empresas; 3. Administração Financeira. Abstract In Brazil, SMEs are classified according to annual income, and although they are responsible: for the economy have low levels of survival. In this sense, the purpose of this study was to verify the relationship between the Financial Administration and the perpetuation of Micro and Small Business Enterprises in Recanto das Emas. Thus, in the methodology used, it was a field research, through a questionnaire applied to managers and entrepreneurs of Micro-enterprises and Small Enterprises of Recanto das Emas - DF Administrative Region. Of the participating establishments, 83% had more than five years and 17% had up to one year of activity. Of the respondents, 67% were from the branch of commerce, 17% from services and 17% from both branches. Everyone recognizes the importance of Financial Management, but only part applies knowledge of the area. In the study it was possible to correlate the Financial Administration and the perpetuation of Recanto das Emas SME’s, since 83% of respondents had more than five years in the market. He also noted that the managers and/or entrepreneurs see the importance of Financial Administration, but the application of the same is not done in an effective way, demonstrating the need for professional qualification for its execution. Keywords: 1. Financial Management; 2. Small Business; 3. Finances Management.

EMAIL: [email protected]

Introdução

A literatura que versa sobre as micro e pe-quenas empresas brasileiras as classifica a partir de seu rendimento anual, seguindo o que preconi-za o artigo 3º da Lei 123/2006 onde indica que, no caso das Microempresas (ME’s), obtenha receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 e para Em-presas de Pequeno Porte (EPP’s), receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00.

Segundo o SEBRAE (2015), no Brasil, exis-tem 8,9 milhões de micro e pequenas empresas (MPE’s) responsáveis pela criação de 52% dos empregos com carteira assinada, representando 27% do PIB nacional. Embora seja responsável por parte relevante da economia, as MPE’s apre-sentaram taxa de sobrevivência de 58% e 98%, respectivamente, no período de 2 anos (SEBRAE, 2016)

O presente estudo tem como objetivo evi-denciar a relação entre à administração financeira e a perpetuação das Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) na Região Administrativa do Recanto das Emas - DF.

Para o alcance dos resultados, foram levan-tados conceitos sobre Administração Financeira e suas principais ferramentas, analisado a função financeira nas MPE’s e levantado dados gerais sobre as MPE’s do Recanto das Emas

Muitos gestores de micro e pequenas empresas não possuem visão sistêmica das organizações, não se atentando à administração financeira e sua importância para a perpetuação da organização. Assaf Neto, Lima (2010) descrevem as quatro funções básicas da administração financeira (planejamento financeiro, controle financeiro, administração de ativos e administração de passivos), por possuírem alta relevância em as organizações alcançarem e manterem o nível de saúde financeira, trazendo

Como citar esse artigo:

Oliveira PG, Tavares HN. Gestão Financeira e a perpertuação de micro e pequenas

empresas. Anais do 13 Simpósio de TCC e 6 Seminário de IC da Faculdade ICESP.

2018(13); 177-190

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assim importância em estudos acerca da correlação entre Administração Financeira e o sucesso das MPE’s.

Saber administrar as finanças é condição essencial de sobrevivência para qualquer organi-zação devido ao custo do dinheiro não ser baixo (CRUZ; ANDRICH, 2013). Desta forma observa-se a importância da contribuição de estudos do gêne-ro, com vistas a evidenciar vícios na administração das MPE’s, proporcionando uma base teórica soli-da para os gestores se apoiarem nas decisões organizacionais.

Administração Financeira

Diante das adversidades para as MPE’s, a administração financeira atua como uma das fer-ramentas para levar estas organizações a um nível de durabilidade e se perpetuem ao longo dos anos. Assaf Neto, Lima (2010) apontam que a administração financeira é um campo de estudo que tem como base garantir satisfatoriamente, o processo de captação e alocação de recursos. Consoante ao anteposto Gitman, Madura (2003) demonstram que apesar de a Administração Fi-nanceira ser de difícil separação da Contabilidade, existe uma diferença básica e importante: a Con-tabilidade tem como ênfase nos fluxos de caixa, e a Administração Financeira, por sua vez, enfatiza a tomada de decisões. Para Chiavenato (2014, p 13) define como “ciência e a arte de administrar fun-dos, envolvendo a aplicação de princípios econô-micos e financeiros no sentido de maximizar a riqueza da empresa”.

A administração financeira evoluiu ao longo dos anos, de acordo com a necessidade do mer-cado, exigindo uma reestruturação da função fi-nanceira, levando o administrador financeiro a adquirir conhecimento nas mais diversas áreas da organização, segundo Assaf Neto, Lima (2010, p.8):

O administrador financeiro no contexto atual não pode assumir posições me-nos envolventes de centrar suas preo-cupações unicamente nos mecanis-mos de captação de fundos e aplica-ções na atividade da empresa. Deve, outrossim, gerenciar esses recursos de forma a manter a saúde financeira e econômica da empresa e lograr ain-da alcançar suas metas estabelecidas e criar valor para seus proprietários[...] (ASSAF NETO, LIMA, 2010, p.8).

Para Campos, Barsano (2016), o gestor fi-nanceiro de uma empresa, independentemente das diferentes nomenclaturas que é dada a fun-ção: controller, gerente financeiro, gestor financei-ro, diretor de finanças, entre outros, tem como

uma de suas responsabilidades a administração das atividades operacionais, tendo como principais atribuições:

• Elaborar orçamentos; • Realizar previsões financeiras; • Ser responsável pela administra-

ção de caixa; • Ser responsável pela administra-

ção de crédito; • Analisar investimentos e capta-

ção de recursos (CAMPOS, BARSANO, 2016, p. 101).

A falta de conhecimento sobre administra-ção financeira, agregada também a outros fatores, como conhecimento do mercado pelo qual a orga-nização está inserida, é apontado como fator que leva a empreendimentos encerrarem suas ativida-des (MAHAMID, 2012). Nota-se então a forte cor-relação entre a administração financeira, organi-zada e definida na organização, e a durabilidade das organizações. Campos, Barsano (2016, p. 101) afirmam que:

O empreendedor busca ter o retorno financeiro (caixa) e econômico (lucro) esperado do seu investimento, que se-ja compatível com o nível de risco as-sumido. Esse retorno pode ser a curto, médio ou longo prazos. A administra-ção financeira existe justamente para fornecer-lhe todo o suporte gerencial necessário nesse aspecto, para ges-tão desse capital (CAMPOS, BARSA-NO, 2016, p. 101).

A dificuldade de financiamento deve ser ob-servada por gestores de MPE’s, pois o fato de o negócio não ser atrativo para o mercado pode gerar um grau de investimento externo inferior ao de empresas de grande porte. Tendo à administra-ção financeira com o propósito de viabilizar o mai-or retorno possível do investimento do empreen-dedor, utilizando satisfatoriamente os recursos para se maximizar este retorno. (CAMPOS, BAR-SANO, 2016). Segundo Gitman (2003), o retorno é o lucro ou o prejuízo sofrido por um investimento em determinado período de tempo.

Principais Ferramentas da Administração Fi-nanceira

A Administração Financeira se apoia nas mais diversas ferramentas, ponto pelo qual se diferencia da contabilidade, onde a contabilidade fornece os dados para possibilitar a análise geren-cial dos mesmos. Cruz, Andrich (2013) consoante com Assaf Neto, Lima (2010) apontam como prin-cipais ferramentas para análise financeira da or-ganização: Balanço Patrimonial (BP); Demonstra-ção do Resultado do Exercício (DRE); Demonstra-

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ção das Mutações Patrimoniais (DMPL) e dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); Demons-tração dos Fluxos de Caixa (DFC); Demonstração do Valor Adicionado (DVA); Notas explicativas e Parecer da Auditoria independente.

Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil e financeira com dados consolidados que deve indicar de forma concisa e clara a atual situ-ação financeira da empresa, dando assim margem de decisão para o gestor financeiro da organiza-ção (PADOVEZE, 2014). O artigo 1188 da lei 10406/ 2002 esclarece que o Balanço deverá ex-primir, com integridade e clareza, a atual situação da empresa atendendo as suas especificidades bem como as disposições das leis especiais, indi-cando o ativo, passivo e patrimônio líquido.

Assaf Neto, Lima (2010) e Gitman, Madura (2003) apontam que o Balanço patrimonial tem como estrutura base o ativo e o passivo cada um com a sua peculiaridade.

Ativo circulante engloba os créditos disponí-veis que a organização possui, como saldos ban-cários, valores a receber de clientes, caixa, ou estoques disponíveis para vendas, o que caracte-riza o circulante é a sua realização em até um ano ou doze meses (GITMAN, MADURA, 2003).

Em oposição ao circulante, são classificados como não circulantes os valores do ativo cujo pra-zo de execução ultrapasse o exercício dos 12 me-ses, é composto de: realizável a longo prazo, con-tas semelhantes a natureza do ativo circulante, porém com vencimento após um ano; os investi-mentos, considerados permanentes, porém desti-nam-se a agregarem valor para empresa investi-dora como ações na bolsa de valores; o imobiliza-do, bens permanentes ou de longa duração que não se destinam a venda, tal como máquinas, veículos e edificações; e o intangível, bens perten-centes a empresa que não são palpáveis e tem seu valor definido pelo benefícios que pode origi-nar a empresa, como marcas e patentes (PADO-VEZE, 2014; ASSAF NETO, LIMA, 2010).

O passivo é um reflexo das obrigações ad-quiridas com os ativos, sendo composto por dívi-das, provisões para garantias e contingências. Padoveze (2014) discorre sobre o tema de acordo com as ideias de Gitman, Madura (2003), onde definem como passivo circulante aquelas obriga-ções que vencerem no exercício seguinte do en-cerramento e não circulante se o seu vencimento ultrapassar o exercício social seguinte.

O patrimônio líquido para Chiavenato (2014) é o elemento do balanço patrimonial pelo qual é possível avaliar o total dos recursos próprios da

organização, compreendido como a obrigação da empresa com seus acionistas ou proprietários.

A apresentação de balanço patrimonial é fa-cultativa para microempresas e empresas de pe-queno porte no Brasil, gerando assim a possibili-dade do empreendedor/gestor optar ou não pelo seu uso, porém para o mercado é uma ferramenta de grande importância para a análise da saúde financeira das organizações, como é disposto no § 1º do artigo 7º da Lei 9317/96, aonde estas em-presas ficam isentas da escrituração comercial desde que mantenham seus livros caixas escritu-rados e em ordem para possíveis consultas. Entre-tanto, o controle financeiro de uma organização para Ching (2003) tem seu grau mais elevado a partir da quantidade de dados que se tem para análise e planejamento da saúde financeira da organização, observando assim a viabilidade da execução do balanço patrimonial.

Micro e Pequenas Empresas

As MPE’s assumem fatia importante para o cenário econômico nacional, propiciando a geração e distribuição de renda no país. A definição de MPE’s é dada das mais diversas formas, hora pelo quantitativo de colaboradores, hora por seu faturamento. Longenecker, Moore, Petty (1997) descrevem que os padrões determinantes pelos quais os negócios podem ser classificados como pequenos, tomam como parâmetros o quantitativo de empregados e outros elementos definidos no quantitativo de vendas e faturamento anual.

O Sebrae (2018) utiliza por base o setor econômico e a faixa de empregados para apuração do porte das empresas: Para os setores de extração mineral, indústria de transformação e construção define-se, microempresa aquela que possuir até 19 empregados, já para ser definida como Pequeno Porte deve possuir de 20 a 99 empregados. Para os setores de agropecuária, de serviços industriais de utilidade pública (SIUP), comércio e serviço define-se, microempresa aquela que possuir até 9 empregados, já para ser definida como Pequeno porte deve possuir de 10 a 49 empregados.

A classificação das MPE’s de proporção nacional é especificada no artigo 3º da Lei 123/2006 segundo a sua receita bruta, aquela obtenha receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 é denominada ME e para EPP receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00.

A Importância das Micro e Pequenas Empresas

As MPE’s, no ano de 2014 foram

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responsáveis por 52% dos empregos com carteira assinada e representando 27% do PIB nacional (SEBRAE, 2015). Mesmo com estes dados apresentados, estudo realizado também pelo SEBRAE (2016) as MPE’s, apresentaram taxa de sobrevivência de 58% e 98%, respectivamente, no período de 2 anos.

É indicado como os principais elementos que provocam a mortalidade das MPE’s: enfraquecimento ocasionado por empresas de grande porte; restrições do mercado; captação de recursos financeiros dificultosos; o gerenciamento do capital de giro e a carga tributária elevada. Além disto, outro fator que colabora para o encerramento das atividades em MPE’s é a falta de capacidade para gerir negócios (MAHAMID, 2012).

Nota-se então a importância de o empreendedor buscar informações sobre o mercado e também assumir os riscos de empreender. A despeito da relevância das MPE’s para mercado econômico e o desenvolvimento nacional, é possível apurar elevados índices de mortalidade das MPE’s. (NASCIMENTO, 2013)

Notada a importância para a economia nacional, institui-se a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, a partir da lei 12.792, de 28 de março de 2013, que visa proporcionar apoio as MPE’s, levando capacitação e incentivos para mantê-las competitivas e rentáveis.

A Função Financeira nas Micro e Pequenas Empresas

A administração financeira, por sua importância para o funcionamento e para o provisionamento futuro, deve manifestar-se também nas MPE’s, pois, como nas grandes empresas, o lucro é o objetivo central da organização e, para isso, é necessário atrair investimentos e tratar estes investimentos com a seriedade de uma grande empresa. Morante, Jorge (2012) afirmam que:

Qualquer que seja o tipo de empreendimento, é fato que as atividades empresariais requerem recursos financeiros para a sua operação. E desta operação resultam recursos financeiros que constituirão os lucros do negócio (MORANTE, JORGE, p.2).

Desta maneira, a Administração Financeira se ocupa em sistematizar o uso desses recursos financeiros para garantir a saúde da organização, porém, não necessariamente utilizando todas as ferramentas da administração financeira pra grandes empresas, já que muitas destas não são obrigatórios para as MPE’s, mas o uso pode ser

associado a capacidade de controlar a entrada de receitas e de saída de pagamentos.

Histórico e dados do Recanto das Emas

A Região Administrativa do Recanto das Emas (RA XV) foi criada em 28 de julho de 1993 pela Lei nº 510/93 e regulamentada pelo Decreto nº 15.046/93 para atender ao programa de assentamento do Governo do Distrito Federal e erradicar, principalmente, as invasões localizadas na RA I Brasília. O nome da RA originou-se da associação entre um sítio arqueológico existente nas redondezas, designado por “Recanto”, e o arbusto “canela-de-ema”, muito comum naquela área. O Recanto das Emas hoje é formado por 59 quadras residenciais. (CODEPLAN, 2015).

Dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) do ano de 2015 apontam que a população urbana do Recanto das Emas era de aproximadamente 145.304 habitantes naquele ano, sendo 51% destes indivíduos do sexo feminino, com um crescimento médio de 2,24% se levado em consideração os dados do PDAD Fornecidos pela CODEPLAN (2013) em que a população estimada era de, aproximadamente, 138,997 habitantes, conforme apresentado no Gráfico 01.

Gráfico 01 - População urbana – Recanto das Emas – DF – 2013/2015

Fonte: CODEPLAN (2015).

Quanto ao grau de instrução dos habitantes do Recanto das Emas, cerca de 22% possuem o ensino médio completo. Por sua vez, apenas 5,38% possuem ensino superior completo e 5,16% possuem o nível superior incompleto. No que se refere a ocupação dos moradores com idade acima de 10 anos, 49,55% exercem atividades remuneradas, tendo o setor de serviços como principal aderência da população com cerca de 90% deste total. No Recanto das Emas, apenas 0,58% dos habitantes exercem atividade remunerada na forma de microempreendedor e 0,25% como pequeno empresário, conforme evidenciado no Gráfico 02 e apresentado pela CODEPLAN (2015).

Gráfico 02 - População Ocupada segundo a Ocupação profissional

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Fonte: CODEPLAN (2015).

Por meio desses índices, é possível notar a baixa participação de forma empreendedora na economia local gerando, assim, a necessidade de evidenciar a relação entre à administração financeira e a perpetuação das MPE’s na Região Administrativa do Recanto das Emas - DF. Para Longenecker, Moore e Petty (1997, p. 3), “Os empreendedores são os heróis populares da moderna vida empresarial”.

O crescimento da quantidade de MPE’s segue caminho oposto ao desemprego. Para o SEBRAE (2016), mesmo com as demais adversidades econômicas enfrentadas pelo país, a fatia do PIB de responsabilidade das MPE’s continua, mesmo que de forma amena, a crescer. Reafirmando a importância das MPE’s para a economia nacional e regional.

Materiais e Métodos

Realizou-se uma pesquisa de campo de caráter descritiva, por meio de um questionário composto por questões fechadas, aberta e questões em escala Likert, Apêndice I, a partir de uma amostragem não probabilística, aplicado aos gestores ou empreendedores das MPE’s no Recanto das Emas.

Gil (1946, p. 45) ainda afirma que as pesquisas descritivas “[...]têm como objetivo primordial a descrição das características de determinadas população[...]”. De acordo com Vieira (2009)

As declarações em questionários com cinco alternativas, conhecidas como itens de Likert, são muito usadas em levantamentos de dados. O uso de declarações – e não apenas de questões – aumenta a flexibilidade do

questionário e pode tornar a tarefa do participante mais agradável (VIEIRA, p. 42).

Desta forma é possível levantar dados relevantes quanto gestão financeira nas micro e pequenas empresas do Recanto das Emas. Amostra não probabilística é uma amostragem em que os elementos da amostra são escolhidos de forma pré-determinada pelo pesquisador, impossibilitando a generalização dos resultados (MARTINS, 2010). Não obstante, serão coligidos os dados à literatura pertinente para que se possa consubstanciar o estudo.

Ressalta-se que questionário aplicado será de caráter anônimo, preservando a identidade do gestor e da organização que se dispuserem a prestar informações para enriquecimento da pesquisa, atendendo os critérios éticos.

Tratou-se de um estudo transversal, com uma pesquisa descritiva para evidenciar a possível correlação do sucesso de MPE’s no Recanto das Emas e Administração financeira. Para Fontelles et al. (2009) ao utilizar o modelo de estudo transversal a pesquisa é realizada em um reduzido espaço de tempo, em um momento estipulado.

Foi utilizada uma amostra não probabilística de empreendedores e/ou gestores das MPE’s do Recanto das Emas para a coleta dos dados, excluindo-se todos empreendedores e/ou gestores que não. Aplicou-se um questionário misto e assistido em 06 organizações localizados no Recanto das Emas.

Assim, quanto aos critérios de inclusão do público-alvo na amostra, a empresa teria que atender os requisitos no artigo 3º da Lei 123/2006, com domicilio empresarial situado no Recanto das Emas.

Para se alcançar os objetivos propostos, escolheu-se como instrumento o questionário para enriquecer a pesquisa, Para Gil (2010):

Pode-se definir pesquisa como procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos (GIL, 2010, p.1).

Sendo um item de fácil aplicação e compreensão pelos voluntários da amostra contribuindo, assim, ao enriquecimento do resultado geral.

Após a seleção da amostra em cada organização, foi explanado sobre a relevância da pesquisa e de como se dá a aplicação do questionário e sua finalidade. Logo após, iniciou-se a aplicação do mesmo da seguinte forma:

1. Os voluntários foram retirados da área comum de trabalho a fim de proporcionar

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maior privacidade;

2. Informou-se que o tempo máximo para o preenchimento eram de, aproximadamente, dez minutos;

3. Foi entregue o questionário e acompanhado o preenchimento para sanar possíveis dúvidas, com o mínimo de contato possível, evitando o comprometimento das respostas;

4. Quando finalizado, o questionário foi depositado em um envelope para posterior análise;

5. Foram feitos os devidos agradecimentos aos participantes.

Ressalta-se que foi informado aos empreendedores e/ou gestores voluntários à participação que receberão o retorno dos dados coletados, de forma gráfica e/ou tabulados, e, mediante solicitação, será emitida uma cópia do trabalho acadêmico finalizado.

Análise e discussão dos resultados

No período compreendido entre 11 a 29 de junho de 2018 foi feita a pesquisa de campo, por meio da aplicação do questionário ao público-alvo deste estudo, sem a realização de pré-teste do questionário. Foi obtido o total de seis respondentes, gestores de MPE’s situadas na região Administrativa do Recanto das Emas, Distrito Federal. Estes dados foram tabulados e dispostos quantitativamente para análise e verificação dos resultados obtidos.

A partir dos dados obtidos do universo estudado, pode-se verificar que se mostra propício ao prolongamento da atividade comercial dos empreendedores, pois, do quantitativo geral questionado, 83% possuem mais de cinco anos de atividade e somente 17% possuem até um ano de atividade, exemplificado no Gráfico 03.

Gráfico 03 – Tempo de Mercado da Organização

Fonte: Elaborado pelo Autor

Dentre as empresas respondentes, observa-se que o principal modelo econômico é o comércio, com 66% das empresas atuando neste ramo, seguido das aréas relacionadas à prestação de serviço e de dupla finalidade o comércio e a prestação de serviços, como por exemplo uma loja de eletrônicos que vende e realiza o serviço de manutenção nos mesmos, ambas com o total de

17%, conforme demonstra o Gráfico 04. Gráfico 04 – Ramo de Atuação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Quanto à classificação das empresas em microempresa ou empresa de pequeno porte, constatou-se que houve uma predominância em relação as que se autodeclararam com

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faturamento limite e característico de Microempresas, 67%, porém, há de se considerar que houve um número significativo do montante que se apresentaram como Empresas de Pequeno Porte (EPP’s), 33% do montante, conforme descrito no Gráfico 05. Ressalta-se que o artigo 3º da Lei 123/2006 indica a diferença entre Microempresas e Empresa de Pequeno Porte, apontando que, o que define é o valor da obtenção da receita bruta anual. Ou seja, a primeira é considerada como tal por obter receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 e a segunda, receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00

Gráfico 05 – Classificação das Empresas

Fonte: Elaborado pelo Autor

A partir desse cenário, foram feitas as seguintes análises:

a) Os dados sobre tempo de mercado, ramo de atuação e relação com a administração financeira das ME’s;

b) Os dados sobre tempo de mercado, ramo de atuação e relação com a administração financeira das EPP’s;

c) Os dados da somatória de ME’s e EPP’s.

Dessa forma, dentre a fatia de 66% das Microempresas, foi possível notar as seguintes características: 75% dos questionados possuíam mais de 5 anos no mercado, seguido de 25% com menos de um ano de funcionamento.

Quanto ao ramo de atuação das ME’s questionadas, verificou-se que 50% atuam no ramo de comércio e os demais dividem-se nas atividades econômicas relacionadas a prestação de serviços e de Comércio e Prestação de Serviços, observando-se a prevalência do primeiro tipo, conforme mostra o Gráfico 06.

Gráfico 06 – Ramo de Atuação das Microempresas

Fonte: Elaborado pelo Autor

Realizando uma análise dos dados coletados a partir da utilização da escala Likert, foi possível traçar um panorama da relação das ME’s e a administração financeira dessas, bem como sobre a forma pela qual é enxergada pelas organizações, conforme descrito na tabela 01.

. Tabela 01 – Percepção da Administração Financeira nas ME’s

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Fonte: elaborado pelo Autor

De acordo com os dados da Tabela – 01, 75% dos respondentes controlam o fluxo de caixa da empresa diariamente. Silva (2016) aborda que para a continuidade da organização, se faz necessário que o fluxo de caixa da empresa apresente liquidez, possibilitando que ela honre com suas obrigações financeiras. Sendo a gestão do fluxo de caixa tão importante quanto a capacidade de vendas e de produção da organização. Desta Maneira a preocupação com o fluxo de caixa não deve ser objeto apenas de grandes empresas, as MPE’s necessitam de um bom controle de fluxo de caixa para atingir seus objetivos de forma adequada.

Em relação à separação entre as contas pessoais e da empresa, 25% ‘concordaram totalmente’ que fazem a separação das receitas e despesas da empresa daquelas de ordem pessoal dos proprietários, seguido de 25% que concordaram parcialmente com a afirmativa, evitando que se confunda a personalidade jurídica da organização. Para Reis, Reis (2005, p. 161) “A sociedade simples ou empresarial tem individualidade própria, não se confundindo com as pessoas dos sócios”.

Observou-se que, dentre os respondentes, todos realizam o controle dos custos organizacionais e 75% realizam o controle do valor das vendas ou serviços prestados. Corroborando, Assaf Neto, Lima (2010) apontam que a administração financeira visa garantir, satisfatoriamente, o processo de captação e alocação de recursos.

Dos respondentes, 75% realizam planejamento financeiro na organização enquanto 25% se mostraram pouco preocupados em relação ao planejamento financeiro.

Quando questionados sobre a importância da Administração Financeira na organização, 50% disseram ‘concordar totalmente’, 25% se mostraram ‘indiferentes’ e 25% ‘discordaram totalmente’. A porcentagem de questionados das ME’s que enxergam a importância da gestão financeira, demonstram que mais empreendedores/gestores enxergam o seu impacto na organização.

O percentual de 33% de Empresas de Pequeno Porte questionada, foi possível verificar que todas possuem mais de cinco anos de funcionamento, sendo o comércio o ramo exclusivo de atuação, conforme demostrado no

Gráfico 07.

Gráfico 07 - Ramo de Atuação das Empresas de

Pequeno porte

Fonte: Elaborado pelo Autor

Utilizando-se dos dados obtidos, foi possível a análise do cenário das Empresas de Pequeno Porte do Recanto das Emas.

Ao questionar os respondentes sobre o controle do fluxo de caixa, foi verificado que todos realizam, conforme demonstrado na Tabela 02.

Tabela 02 – Percepção da Administração Financeira nas EPP’s

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Fonte: Elaborado pelo Autor

Pode-se observar também que, dentre os respondentes, 50% indicaram que existe a separação das contas pessoais e da organização, seguido daqueles que foram ‘indiferentes’ a esse questionamento. Em comparação com as ME’s, as EPP’s possuem uma porcentagem maior no que se diz a separação das contas pessoais e da organização. Para Mamede (2016), a personalidade jurídica exige a distinção do patrimônio pessoal para o organizacional.

Os respondentes, em sua totalidade, afirmaram que realizam controle dos seus custos, porém, quando questionados se realizam periodicamente o controle do valor das vendas ou serviços, 50% ‘concordaram totalmente’, seguido de 50% que responderam ‘indiferente’ sobre esse tópico. Com o controle dos custos os empreendedores/gestores podem reduzir gastos desnecessários e maximizar o lucro organizacional. Custos pode ser compreendido como gastos necessários destinados a produção de bens ou serviços, como material de insumo, água ou luz. (PEREZ JUNIOR, OLIVEIRA E COSTA, 2012).

Dentre os questionados, 50% ‘concordaram totalmente’ que realizam, de forma efetiva, o planejamento financeiro das suas atividades, seguido de outros 50% que responderam ‘concordar parcialmente’, o que pode indicar que esse planejamento é feito de forma regular, mas não de forma permanente. Pode-se inferir que parte dos entrevistados ainda necessitam de conhecimentos básicos da Administração Financeira. Ross et al. (2015) afirma que o planejamento financeiro tem como principal

objetivo, assegurar a estabilidade interna para que as metas organizacionais sejam subsidiadas

Em relação à importância da Administração Financeira na organização, 50% disseram concordar totalmente e 50% discordaram parcialmente. Dados preocupantes para EPP, pois para Silva (2009, p. 8) “O objetivo da administração financeira é maximizar o valor de mercado do capital dos proprietários”, desta maneira se aplicada de forma correta a administração financeira agrega valor a organização.

Quando verificados os dados de ME’s e EPP’s conjuntamente, pode-se verificar que, do total, 83,33% ‘concordam totalmente’ que realizam o controle de fluxo de caixa diariamente, seguido de 16,67% que ‘discordaram totalmente’, conforme apresentado na Tabela 03.

Tabela 03 – Percepção da Administração Financeira nas MPE’s

Fonte: Elaborado pelo Autor

Em relação ao somatório da questão relacionada à separação das contas pessoais e da empresa, 33,33% ‘concorda totalmente’, seguido da mesma percentagem que ‘concorda parcialmente’. 16,67% se mostraram indiferentes e outros 16,67% não realizavam essa separação.

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Todos disseram controlar os custos de maneira geral, mas 66,67% apontaram que realizam o controle periódico dos valores de venda ou prestação de serviço.

Quanto ao planejamento financeiro, a somatória entre as ME’s e as EPP’s apontam que 66,67% dos questionados ‘concordam totalmente’ que o fazem, seguido de 16,67% que disseram concordar parcialmente. Validando a importância do planejamento, como afirma Ross et al. (1995):

O planejamento financeiro determina as diretrizes de mudança numa empresa. É necessário porque faz com que sejam estabelecidas as metas da empresa para motivar a organização e gerar marcos de referência para a avaliação de desempenho, as decisões de investimento e financiamento da empresa não são independentes, sendo necessário identificar sua interação, e num mundo incerto a empresa deve esperar mudanças de condições, bem como surpresas (ROSS ET AL., 1995, p. 522).

A soma da questão relacionada à importância dada pelos respondentes sobre a Administração financeira na organização, 50% concordaram totalmente sobre a relevância de se realizar tal feito, porém, a outra metade se dividiu igualmente entre as respostas ‘indiferente’, discordo parcialmente’ e ‘discordo totalmente’. Mostrando a necessidade de qualificação técnica dentro dessas organizações.

Para corroborar aos dados obtidos por meio da Escala Likert, foram obtidas informações a partir de uma questão subjetiva, (representada na Tabela 04), e respondida pelos questionados.

Tabela 04 – Percepção da Administração Financeira nas MPE’s

Objetivo da Questão

Analisar a percepção dos respondentes

sobre a importância da Administração

Financeira na organização e a forma

que as finanças são organizadas

Respostas Enxerga a importância na Administração

Financeira/Palavras-Chave

Sim.

Evitar agravos causados pela crise

financeira.

Sim.

Realizando pesquisa de preço.

Sim.

Por meio de contador.

Sim.

Sim.

Fluxo de caixa.

Sim.

Controle de pagamentos.

R6 - “A importância você saber

de todos os gastos diário,

semanal ou anual, para saber

como está o rendimento. A

organização vêm através dos

pagamentos todos em dias de

mercadoria e etc... o restante

para contas pessoais”

A partir do seu ponto de vista, qual a importância da organização das

finanças para a sua empresa? Como você organiza as finanças da empresa?

R1 - “A importância da

organização das finanças é que

a gente evita o agravamento da

crise no comércio”

R2 - “Faço/ Fazendo Pesquisa

de Preço”

R3 - “Toda empresa deve ser

organizada. Através de

Contador”

R4 - “É muito importante a

organização das finanças pena

que ainda não tenho o hábito

de fazer esse controle”;

R5 - “Para o negócio poder

evoluir, pois diante das

concorrências é necessário ter

um cuidado para estar sempre

dentro do mercado. Com o

controle de tudo que entra para

assim ter lucro e o negócio

continuar em funcionamento”

Fonte: Elaborado pelo Autor

De acordo com o resultado, 100% dos gestores e/ou empreendedores apontaram ser importante que haja na empresa uma Administração Financeira, se contradizendo em relação às questões fechadas, em que 50% dos respondentes afirmaram ‘concordar totalmente’ com a sua importância, porém observa-se pelos resultados que a conceituação e a função da Administração financeira dadas pelos questionados divergem dos significados apresentados pela literatura. A Administração Financeira tem como função a tomada de decisões no que tange ao campo econômico e financeiro da organização a fim da melhor alocação dos recursos, para maximizar a riqueza da organização e garantir satisfatoriamente à saúde financeira da mesma, por meio da administração das atividades operacionais inerentes a área como, orçamentos, previsões financeiras ou análise de investimentos. (ASSAF NETO, LIMA 2010; GITMAN, MADURA, 2003; CHIAVENATO,

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2014; CAMPOS, BARSANO, 2016; MAHAMID, 2012).

Conclusão:

No estudo foi possível correlacionar a Administração Financeira e a perpetuação das MPE’s do Recanto das Emas, pois 83% dos questionados possuem mais de cinco anos no mercado. Indo ao encontro dos dados do SEBRAE (2016), onde as MPE’s apresentaram taxa de sobrevivência de 58% para ME’s e 98% para EPP’, respectivamente, no período de 2 anos. Do mesmo modo é possível notar que apesar de os

Notou-se também que os gestores e/ou empreendedores enxergam a importância da Administração Financeira, porém a aplicação da mesma não é realizada de forma efetiva, demonstrando a necessidade de qualificação profissional para sua execução, muitas vezes confundida com a função da Contabilidade retirando a real importância da Administração Financeira, como Gitman, Madura (2003) demonstram que apesar de a Administração Financeira ser de difícil separação da Contabilidade, existe uma diferença básica e importante: a Contabilidade tem como ênfase nos fluxos de caixa, e a Administração Financeira, por sua vez, enfatiza a tomada de decisões.

Notou-se também que a preocupação com as finanças e o seu controle em EPP’s é maior do que em ME’s, o que acarreta um maior índice de confusão das contas pessoais e da organização com apenas 25% dos respondentes pertencentes as ME’s realizam a separação das contas pessoais e organizacionais, que pode gerar a confusão patrimonial, Reis, Reis (2005) afirmam que a personalidade jurídica da organização não se confunde com a pessoa dos sócios. Jorge (2012) afirma que, seja qual for o modelo do negócio, as atividades organizacionais necessitam recursos financeiros para a sua execução. Identifica-se então que independentemente do tamanho da organização ela necessitará de recursos e estes recursos devem ser bem administrados para que se atinja o sucesso.

O aprofundamento de estudo do tipo se faz importante para Administradores, pois demonstra uma lacuna no mercado do qual deve-se ser preenchida com aprimoramento e especialização técnica, possibilitando o atendimento tanto das Empresas de Pequeno Porte quanto nas Microempresas, Assaf Neto, Lima (2010) apontam que administrador financeiro deve gerenciar recursos financeira de forma a manter a saúde financeira e econômica da empresa e alcançar as metas estabelecidas e gerando valor para seus proprietários. Não concentrando as suas incumbências unicamente em métodos de

captação e alocação de recursos. Gitman (2000) demonstra que a área das finanças é ampla e dinâmica afetando diretamente a vida das organizações e das pessoas que possuem alguma relação com a mesma.

Agradecimentos:

Primeiramente a Deus que me propiciou saúde, força e inteligência para superar as dificuldades. Ao meu mestre e orientador Henrique, que me acompanhou durante este período crucial da graduação. Á Joice e a minha família, porto seguro do qual encontro alento, que me apoiaram e me incentivaram durante todo meu período acadêmico.

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APÊNDICE I

QUESTIONÁRIO DE APLICABILIDADE DA GESTÃO FINANCEIRA EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO RECANTO DAS EMAS

1. – Perfil Empresarial:

1.1. Tempo de mercado da Organização: ( ) Até 1 ano de funcionamento; ( ) Entre 1 e 2 anos de funcionamento; ( ) Entre 2 e 3 anos de funcionamento; ( ) Entre 3 e 5 anos de funcionamento; ( ) Mais de 5 anos de funcionamento;

1.2. Ramo de Atuação: ( ) Comércio; ( ) Prestação de Serviços; ( ) Indústria; ( ) Comércio e Prestação de Serviços;

1.3. Classificação da Empresa Quanto ao Faturamento (Artigo 3º da Lei 123/2006) ( ) Microempresa - ME (Receita Bruta Igual ou Inferior a R$ 360.000,00). ( ) Empresa de Pequeno Porte – EPP (Receita Bruta Superior a R$ 360.000,00 e Igual ou Inferior a R$ 4.800.000,00).

1.4. Responda apenas um item das afirmativas abaixo com um X.

2.1. A partir do seu ponto de vista, qual a importâ ncia da organização das finanças para a sua empresa? Como você organiza as finanças da em presa?

Afirmativas Concordo

totalmente Concordo

parcialmente Indiferente

Discordo parcialmente

Discordo totalmente

Controla o fluxo de caixa diariamente

Existe a separação das contas pessoais das contas da empresa

Controla os custos periodicamente de maneira geral

Realiza controle periodicamente do valor das vendas ou serviços prestados

Realiza planejamento financeiro

Quanto a importância da Administra-ção Financeira na organização