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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM IDENTIFICAÇÃO DATILOSCÓPICA IMPRESSÕES DIGITAIS ESCOLA DE INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA EsIE – Pág 1

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM IDENTIFICAÇÃO … · escrita de um modo geral, compõem-se de negro de fumo, óleo de linhaça e pó secante. O negro de fumo é obtido com a queima

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM IDENTIFICAÇÃO DATILOSCÓPICA

IMPRESSÕES

DIGITAIS

ESCOLA DE INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA

EsIE – Pág 1

MINISTÉRIO DA DEFESAEXÉRCITO BRASILEIRO

D E C Ex - D E E ESCOLA DE INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA

(C Instr Esp/1943)

ESCOLA DE INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA

IMPRESSÕES DIGITAIS

EXTRATO

O conteúdo deste extrato, foi extraído do Livro: “IDENTIFICAÇÃO E DATILOSCOPIA”, 1ª Edição de 1981, da Chefia do Serviço de Identificação do Exército – Sv Idt Ex (3ª Parte = IMPRESSÕES DIGITAIS, páginas 125 a 179).

Sua finalidade é servir de fonte para os trabalhos de identificação dos Identificadores de Corpo-de-Tropa – ICT das OM, ou dos responsáveis pela identificação nas OM, tendo em vista cumprir a padronização adotada pelo Sv Idt Ex.

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SERVIÇO DE IDENTIFICAÇÃO DO EXÉRCITO

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(a. DERMA E EPIDERME)

EPIDERME

Palavra de origem grega “epi-dermius” , de “ epi” que quer dizer: sobre, e “dermius”: derma ou pele. É formada de células secas, semelhantes às pequenas escamas que se renovam freqüentemente. É impermeável, semitransparente, desprovida de sensibilidade e crivada de orifícios (poros) e depressões onde se encaixam as papilares. Nela terminam os canais excretores das glândulas sudoríparas e pequenos folículos que segregam uma substância gordurosa que constantemente a lubrificam (folículos sebáceos). É a membrana fina e transparente que recobre a derma.

Compõe-se de cinco camadas distintas que passamos a enumerar, começando pela mais interna.1. Camada geradora: formada de células cilíndricas, perpendicular à epiderme;2. camada de células cúbicas ou poliédricas: com a primeira, forma a “rede mucosa de malpighi”,

também chamada “camada basal”, e entre elas se alojam as granulações pigmentares, denominadas “pigmentos de malpighi”, que determina a cora da pele e a classificação das raças: leucodermos, xantodermos, faiodermos e melanodermos, correspondendo, respectivament, às cores branca, amarela, parda e preta;

3.camada córnea: formada de fileiras de células chatas. Esta camada descana-se em farrapos;4. stratum lucidum: constituídos de células chatas. Estas duas últimas camadas constituem a

passagem entre a célula viva do corpo (de malpighi) e os elementos mortos da camada córnea.A epiderme não contém vasos, possui numerosas ramificações nervosas. A aderência da epiderme à derma é originada pelas papilas nestas últimas.

Em certas doenças, a epiderme descama-se em tarrapos.

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DERMA

É o tecido que constitui a camada mais profunda da pele e a mais espessa. É formada de fibras entrelaçadas, entre as quais se encontram aglomerações de células gordurosas. A superfície superior apresenta séries regulares de eminências (papilas da derma) nas quais terminam as expressões dos nervos sensitivos.

A espessura da pele, conforme a região do corpo que ele reveste, em cada individuo, varia de ½ a 2 milímetros (Testut)

Nas palmas das mãos ou nas plantares ela pode atingir até quatro milímetros para estas e uns três milímetros para aquelas.

A camada superficial da pele ou epiderme não é perfeitamente lisa. Ela apresenta variedades particulares em cada região, tais como: pelos, relevos, etc. É constituída por fibras conjuntivas, elásticas, musculosas e uma pequena parte do tecido adiposo.

A pele encerra algumas espécies de glândulas sudorípares e sebáceas. Elas segregam o suor e têm dois papeis:

1.temperar o calor orgânico pelas evaporações;2. purificar o sangue, expelindo certas matérias.

POROS

São pequeninos orifícios exteriores situados na derma, constituídos de abertura das glândulas sudoríparas.

GLÂNDULAS SEBACEAS

São pequenas glândulas dispostas em cachos que segregam uma substância gordurosa. Tem apenas dois milímetros cada uma, e ficam situadas na derma, ao longo da parte superior da raiz dos pelos. Elas existem em toda a extensão da pele, em número diverso ao das sudoríparas; são raras na palma das mãos e na planta dos pés; são muito numerosas, entretanto, ao redor das orelhas, do nariz e do peito.

DEDOS

Dedo é uma palavra originária do latim “digitus”. É o apêndice dos membros. Divide-se em três partes: falange, falanginha e falangeta, nomes pelos quais são conhecidos os ossos que compõem, a contar da base onde se articulam com os metacarpianos ( os cinco ossos das mãos) correspondente, que os sustentam. Na sua extremidade, isto é, na falangeta ou terceira falange e na face externa, temos uma lâmina córnea ( a unha) e, do lado oposto, revestido por uma camada superficial, a epiderme, contendo uma série de linhas e sulcos, formando os mais variados desenhos, que deram origem ao estudo da datiloscopia.

Cada dedo apresenta da raiz (prega interfalangeana) para a extremidade, três porções anatômicas chamadas falange, falanginha e falangeta, ou 1ª, 2ª e 3ª falange, também denominada falange digital. A falangeta é claro está na extremidade do dedo.. O dedo polegar faz exceção, porque só tem duas porções denominadas falange e falangeta, faltando-lhe a falanginha.

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Cada falangeta tem do lado do dorso da mão, a unha, e do lado da região palmar, a polpa.São as linhas papilares da polpa digital das falangetas que nos interessam para o estudo das impressões digitais. Estas se dispõem, formando desenhos que chamaram sempre a atenção dos observadores.Apresenta ainda , particularidades e minúcias que estabelecem caracteres distintos de servirem ao reconhecimento dos indivíduos, como veremos oportunamente.

“As cristas papilares parecem desempenhar uma função importante, diz LUIZ DE PINA – quer dizer, tem um alto significado fisiológico, pois que, por meio delas, a pele se torna mais sensível ao tato, e, segundo outros, auxiliam a apreensão, em vista de tornarem a pele rugosa”.

Baseado neste princípio assentou FERÉ, entre diversos outros autores, curiosas conclusões. Passo a resumir algumas:

“Quanto mais diferenciados forem os dedos, do ponto de vista funcional (neste caso o polegar , o indicador), mais variadas serão suas figuras papilares; donde, a maior complexidade das linhas que se forma está em relação com sensibilidade mais fina (esta é mais acentuada do lado cubital do polegar e do lado radial dos restantes dos dedos).

Se o observador voltar agora sua lente para a própria pele da extremidade de um dos seus dedos (face palmar) ou para qualquer ponto da palma notará o seguinte:

1.cristas ou linhas salientes, raramente contínuas, em todo o trajeto;2. sulcos fundos ou goteiras a separarem essas cristas;3. pequeninos orifícios em forma de cratera, irregularmente ablongos, dispostos em linhas no sentido logintudinal.Exemplificaremos a correspondência destes elementos na pele e na estampa da mesma, em papel:

a) na pele: cristas; na estampa: linhas negras;b) na pele: sulcos; na estampa: linhas brancas;c) na pele: poros; na estampa: orifícios.

Quanto às gotas de suor, elas podem impedir o aparecimento dos poros na estampa. Quanto mais seca for a pele, e menos transpirar o identificado a quem pertence a impressão, mais visíveis serão os poros.

OS BORDOS DAS MÃOS

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IMPRESSÕES PAPILARES

No seu sentido genérico, impressão papilar é o ato de imprimir as cristas papilares, sejam das falangetas, da face palmar ou plantar, em superfície lisa e lustrosa e quando em papel, com auxílio de corante. É, pois, no desenho impresso que os peritos datiloscopistas colhem elementos para estudo e neles se baseiam para descobrir criminosos.

As impressões dividem-se em:a) impressão digital;b) impressão palmar;c) impressão plantar.

No datilograma, as linhas impressas correspondem às cristas papilares; e os intervalos, aos sulcos interpapilares.

Podem assinalar-se ainda, os sistemas de linhas, deltas, linhas diretrizes e pontos característicos, como elementos constitutivos do datilograma.

(b. MATERIAL TÉCNICO)

O material técnico empregado na identificação pode ser dividido em duas categorias:

- Documentos técnicos ; e- Utensílios técnicos.

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DOCUMENTOS TÉCNICOS

O Serviço de Identificação do Exército, para atender suas finalidades, adota vários tipos de documentos, tais como:

- Ficha datiloscópica (FiD);- Ficha de Identidade Grande (FIG);-Ficha Controle de Números de Registro de Identidade; etc.

Este conjunto de fichas serve de base para a identificação e, fornecimento de outros documentos como a Carteira de Identidade, Declaração de Identidade, etc.

FICHA DATILOSCÓPICA

Esta ficha destina-se a receber as impressões digitais do elemento a ser identificado e tudo que se relaciona com o mesmo. A face anterior que se destina a aposição das impressões digitais é dividida em duas partes, por duas linhas horizontais; a parte superior é reservada às impressões digitais da SÉRIE (mão direita) e a parte inferior, para colher impressões digitais da SEÇÃO (mão esquerda). Ainda na face anterior, existem linhas verticais que divide a ficha em cinco retângulos, nos quais devem ser impressas as impressões digitais seguindo a ordem natural dos dedos.

Dá-se o nome de FICHA DATILOSCÓPICA (FiD), quando a mesma está totalmente em branco, isto é, a que ainda não foi preenchida, e INDIVIDUAL DATILOSCÓPICA, quando a ficha datiloscópica foi totalmente preenchida com os dados relativos a um determinado idivíduo.

FICHA DE IDENTIDADE GRANDE (FIG)

Nesta ficha escrituram-se todas as informações referentes ao indivíduo, relacionadas com a qualificação civil, caracteres físicos etc, inclusive as alterações que forem ocorrendo no decorrer de sua vida. É o prontuário onde se registra todos os antecedentes. É no verso desta ficha que são apostas as IMPRESSÕES DE CONTROLE, justamente com a fórmula datiloscópica.

UTENSÍLIOS TÉCNICOS

a) ESTANTE OU TAMBORETE;b) ROLO;c) PRANCHETA;d)TALA DE MADEIRA

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(C. UTILIZAÇÃO DO MATERIAL TÉCNICO)

a) PEDRA MÁMORE DA SUPERFÍCIE DO TAMBORETE: destina-se a receber a tinta de impressão, onde ela é devidamente espalhada pelo rolo em camada uniforme, para depois ser transportada para a prancheta todas as vezes que houver necessidade.

b) ROLO: tem por finalidade espalhar a tinta de impressão na peça lisa da superfície de tamborete (pedra mármore ou outra peça polida), e transporta-la para a face lisa (superior) da prancheta, impregnando-a com uma camada uniforme de tinta.

c) PRANCHETA: destina-se a receber uma leve camada de tinta, uniformemente distribuída sobre a superfície lisa, com o auxílio do rolo, para a tintagem direta das falangetas do identificando.

d) TALA DE MADEIRA LISA E COM GOTEIRAS: é um material que serve de ponto de apoio para todos os documentos que necessitarem apor a impressão digital, particularmente a ficha datiloscópica e os espelhos de carteira e de cartão de identidade. Na tala lisa, obtém-se as impressões digitais, pelo sistema ROLADO OU RODADO. Na face acanalada da tela com goteiras, aplica-se o processo VERTICAL OU POR COMPRESSÃO, somente utilizado nos casos de dedos com anomalias.

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TINTA DE IMPRESSÃO

A tomada de impressões digito- papilares, se faz com o emprego de tinta que vem acondicionada em lata ou bisnaga. Normalmente, as bisnagas são usadas onde é reduzido o número das pessoas a serem identificadas. A tinta mais apropriada para este fim, também usada nas tipografias, jornais e imprensa escrita de um modo geral, compõem-se de negro de fumo, óleo de linhaça e pó secante.

O negro de fumo é obtido com a queima de fumo e de gordura animal em virtude de ser um produto secativo, aderente e de grande contextura.

COMO USAR A TINTA DE IMPRESSÃO

As peças que servem para o uso da tinta (pedra mármore no topo do tamborete, prancheta, rolo e a tala), devem estar perfeitamente limpas, porque é impossível obter-se um trabalho com perfeição estando estas peças sujas. O datiloscopador (nome que dá ao especialista que toma impressões papilares) deve pingar algumas gotas de tinta (tantas quantas julgar necessária ao trabalho que irá fazer) em vários pontos da peça lisa do tamborete, espalhando-a em seguida com o rolo, até que uma camada tênue e uniforme cubra toda a superfície desta peça. O operador, antes de iniciar a tomada de impressões, deve tirar uma impressão a título de experiência, para verificar se há excesso ou escassez de tinta. Se a impressão sair fraca, põem-se mais tinta na peça lisa, repetindo-se a distribuição; se sair com muita tinta, aplicar-se-á uma folha de papel sobre a peça lisa e a prancheta, passando em seguida o rolo por cima, afim de tirar-lhe o excesso de tina. O recipiente que contém a tinta deve estar sempre fechado todas as vezes que não for retirada dele qualquer quantidade de tinta, para evitar que a mesma em contato com o ar e com o pó, de vez que esses elementos a tornariam cheia de corpos estranhos que prejudicam a nitidez das impressões digitais. Nos climas frios a tinta se condensa devido a baixa temperatura e para usa-la é necessário aquece-la ligeiramente, e conseqüentemente, usada como se encontra no recipiente.

TINTA PRETA PARA IMPRENSA

A TINTA PRETA DE IMPRENSA é consagrada pelo uso, a fim de ser mantido o contraste com o papel, que é de cor branca. É imprescindível que as impressões digitais, bem como, todas as impressões papilares, sejam tomadas com tinta de imprensa, porque só esta espécie de tinta é capaz de conservar indefinidamente ou, ao menos, enquanto perdurar perdurar o papel.

Quando se identifica uma pessoa presume-se que as suas impressões digitais ou papilares devem ser conservadas indefinidamente ou, no mínimo, durante muitos anos, o que só é possível por meio da tinta de impressão.

Existe, como se sabe, grande quantidade de tinta de imprensa, das mais variadas procedências. Em princípio, todas elas se prestam para a tomada de impressões papilares. Entretanto, é necessário que seja de boa consistência, isto é, nem rala, nem espessa demais.

No caso da tinta estar muito espessa, deve ser batida na prancheta, com uma face ou espátula, o que lhe dará uma consistência mais mole. Quando a tinta estiver rala, aconselha-se misturar com um pouco de pó de sapato, também, com auxílio de uma espátula.

Em princípio, a lata de tinta deve ser conservada fechada, para evitar a formação de uma crosta, o que dificulta ou impossibilita as posteriores tomadas de impressões digitais ou papilares.

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(d. LIMPEZA DO MATERIAL)

É indispensável manter as peças ou material técnico usado na tomada de impressões digitais devidamente limpos, para que se possam obter impressões perfeitamente nítidas.

A limpeza e conservação do material técnico devem merecer cuidados especiais por parte do operador.

Após o término dos serviços diários de tomada de impressões digitais, o datiloscopador deve limpar, meticulosamente, todo material utilizado. Se as peças não estiverem rigorosamente limpas, no início da operação seguinte, a emissão tornar-se-á espessa, dando como resultado impressões papilares com borrões ou decalques que trazem inúmeros inconvenientes à classificação e comparação datiloscópica. A peça lisa da superfície do tamborete e a prancheta, dever ser limpas com estopa embebida em qualquer solvente de tintas. Quanto ao rolo, deverá ser passado numa folha de papel jornal, tantas vezes quantas forem necessárias para a sua completa limpeza.

Nunca se deve aplicar qualquer solvente na limpeza do rolo gelatinoso, o que acarretaria a destruição das fibras de gelatina, inutilizando-o definitivamente. Para não reduzir a sua durabilidade.

(e. PREPARAÇÃO DOS DEDOS DO IDENTIFICANDO)

ASPECTO GERAL DAS IMPRESSÕES PAPILARES

Para que se possa trabalhar com as impressões papilares, nos arquivos, em perícias etc., é necessário que elas estejam em perfeito estado, isto é, suficientemente nítidas e isentas de borrões. Uma simples inspeção ocular pode conduzir a uma apreciação razoável do estado da impressão papilar; entretanto, seria mais aconselhável, principalmente em certos casos, que as linhas pretas da impressão, que representam as cristas papilares, sejam examinadas cuidadosamente; deve-se dispensar mais atenção às regiões que, porventura, tenha ficado mais claras ou mais escuras, do que o conjunto da impressão. Desse exame, deve-se concluir:

1.a possibilidade da classificação exata da impressão digital, para o que se verificará, com cuidado, a região nuclear;

2. a possibilidade da subclassificação, para a qual se deve dispensar especial atenção aos deltas e à nitidez das linhas pretas que integram o sistema nuclear, principalmente, no espaço compreendido ente os deltas e o centro do núcleo;

3. a possibilidade de uma perícia futura, para a qual se deve examinar os “pontos característicos” situados em toda a impressão.

A classificação e a subclassificação, por assim dizer, são fases normais dos serviços datiloscópicos; estas fases dependem, principalmente, da perfeição dos datilogramas.

A perícia não constitui, propriamente, uma fase comum; o identificado para fins civis, poderá envolver-se num caso em que suas impressões devem ser examinadas para fins periciais; por esse motivo, embora se trate de uma possibilidade remota, é conveniente que os datilogramas sejam nítidos e perfeitos, prevendo-se a necessidade de uma perícia futura.

Os dedos do identificando podem apresentar treze casos diferentes para o datiloscopador. Você verificará esses casos estudando as operações necessárias à tomada das impressões digitais de uma pessoa.

A preparação dos dedos do elemento a ser identificado é, sem dúvida, uma das principais condições para obterem-se bons datilogramas. Exige-se muito cuidado nesta operação, sem o que jamais serão obtidos datilogramas que satisfaçam as condições técnicas exigidas pelo Serviço de Identificação do Exército. Outro fator de suma importância diz respeito à postura do datiloscopador em face do elemento a ser identificado.

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O datiloscopador deve posicionar-se num bom lugar para a realização eficiente da sua tarefa junto à pessoa a ser identificada. É conveniente que esta fique em estado de relaxamento muscular, principalmente quanto às mãos e dedos, Evitando qualquer movimento que resulte na rigidez da articulação das mãos e dos dedos para não acontecer o chamado decalque extemporâneo Quando o identificando, por ocasião da tomada de impressões digitais, mostrar-se nervoso, é necessário manter um diálogo com ele, fazendo-o voltar à calma. Como é sabido, quando o cidadão e se encontra em estado depressivo, sua musculatura fica tensa, provocando uma série de inconvenientes para o operador, tais como: borrões e decalques. O sistema nervoso faz com que o identificando transpire em excesso prejudicando a tomada de impressões digitais. Neste caso, recomenda-se o máximo de habilidade para que o datiloscopador consiga datilogramas nítidos e perfeitos.

A preparação dos dedos identificando, em princípio, consiste em faze-lo lavar as mãos para depois proceder a tintagem e a tomada dos datilogramas.

Os dedos do identificando podem enquadrar-se num dos treze casos que apresentaremos a seguir:

1- dedos normais;2- dedos com pele áspera;3- dedos com pele ressequida ou enrugada;4- dedos calosos;5- dedos com pontos brancos ou embranquiçados;6- dedos de pessoas portadoras de doenças infecto-contagiosas;7- dedos sindátilos;8-dedos impregnados com matéria gordurosa;9- dedos polidátilos;10-dedos anquilosados;11- dedos microdátilos;12- dedos hipodátilos;13- dedos macrodátilos.

É imprescindível que o profissional saiba resolver com perícia todos esses casos, para assim colher impressões digitais perfeitas e que satisfaçam as condições técnicas exigidas pelo Serviço de Identificação do Exército.

O datiloscopador deverá observar meticulosamente as instruções que se seguem , as quais explicam como proceder em cada caso.

No início do expediente é indispensável que o material técnico esteja devidamente limpo. A tinta de impressão deve ser espalhada uniformemente na pedra mármore do tamborete para depois transporta-la também de modo uniforme para a prancheta, evitando o excesso ou escassez de tinta que prejudicam a nitidez das impressões digitais.

OS TREZE CASOS

1º CASO: DEDOS NORMAIS

O datiloscopador manda que o elemento a ser identificado leve as mão, usando saponáceo ou similar. Então proceder a tintagem e a tomada das impressões digitais.

2º CASO: DEDOS COM PELE ÁSPERA

O datiloscopador manda que o elemento a ser identificado leve as mãos, com pasta ou similar em água corrrente, enxugando-as suavemente. As papilas na ocasião da tintagem deverão estar umedecidas. Há casos em que as papilas ficam endurecidas; então o datiloscopador fornece-lhe um pouco de solvente para ser utilizado principalmente nas falangetas. Após a tintagem de ambas as mãos procede-se a tomada das impressões digitais.

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3º CASO: DEDOS COM PELE RESSEQUIDA OU ENRUGADA

O datiloscopador convida o elemento a ser identificado a lavar as mãos com pasta ou similar em água corrente, enxugando-as bem, para depois tintar-lhes as falangetas. Logo após a tintagem, solicita ao identificando que molhe os dedos em água corrente, deixando escorrer ligeiramente o excesso d’agua para que as polpas digitais fiquem umedecidas para a tomada de impressões digitais. O datiloscopador deve ter o máximo cuidado com a individual datiloscópica ou outro qualquer documento em que forem colhidas as impressões digitais, devido a umidade transportada para o papel.

4º CASO: DEDOS CALOSOS

O identificador lava as mãos com pasta ou similar, em água corrente. Logo após o datiloscopador fornece-lhe pedra pomes para friccionar sobre os calos até que eles desapareçam, ainda que parcialmente, tornando possível alguma nitidez ao desenho digital.

Em casos como este é aconselhável que o identificando lave as mãos, mais de uma vez, deixando as papilas semi-úmidas, por ocasião da tintagem das falangetas.

5º CASO : DEDOS COM PONTOS BRANCOS OU EMBRAQUIÇADOS

Depois que o identificando lavar as mãos (neste caso é aconselhável o uso de sapóleo), o datiloscopador fornecer-lhe-á pedra pomes para fricção na polpa digital. Estes pontos brancos ou esbranquiçados são produzidos pelo uso constante de instrumentos cortantes e afiados que cortam ou esgarçam a polpa digital. Quando não constituem cicatriz profunda, essa dificuldade desaparece e obtém-se certa nitidez no desenho digital, depois de um meticuloso e repetido friccionamento com a pedra pomes.

Não só instrumentos cortantes ou afiados produzem o ponto branco ou esbranquiçado. Pontos brancos, são pequeninos círculos ou bolhas d’agua arrebentadas que se encontram nas polpas digitais, geralmente, provocadas por distúrbios renais.

6º CASO: DEDOS IMPREGNADOS COM MATÉRIAS GORDUROSAS

Quando a água, sabão ou similar forem insuficientes para remover os detritos, como: óleo, peixe, etc, aconselha-se o uso de solventes, para que os espaços interpapilares sejam desobstruídos. Só então pode o identificando lavar as mãos para a tintagem das falangetas e a conseguinte tomada da impressões digitais.

É aconselhável que o datiloscopador tire uma individual datiloscópica como experiência para verificar se há excesso ou escassez de tinta nas falangetas do indentificando.;

7º CASO: DEDOS DE PESSOAS PORTADORAS DE MOLÉSTIAS INFECTO-CONTAGIOSAS

Será visto no ponto intitulado “ CUIDADOS HIGIÊNICOS NA TOMADA DE IMPRESSÕES DE PESSOAS PORTADORAS DE MOLÉSTIAS INFECTO-CONTAGIOSAS” (Cap 24- CASOS ESPECIAIS)

8º CASO: DEDOS SINDÁTILOS

SINDATÍLIA – É a anomalia congênita que consiste na presença de dedos ligados entre si, parcial ou totalmente.

O datiloscopador manda que o identificando lave as mãos. Os dedos sindátilos são unidos por uma membrana idêntica ao pé de pato. A tomada de impressões digitais da “SÉRIE” ou mão direita não apresenta dificuldade alguma, de vez que os desenhos digitais são impressos na ordem natural. Contudo, na mão equerda ou “SEÇÃO”, haverá inversão dos dedos, e por isso o datiloscopador terá o cuidado de anotar na individual datiloscópica por meio de setas que houve inversão, acrescentando a palavra SINDATÍLIA, na base das impressões sindátilas. O datilogramas devem ser colhidos pelos sistema vertical ou por compressão, conforme já foi ministrado anteriormente.

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9º CASO: DEDOS ANQUILOSADOS

ANQUILOSE – É a anomalia congênita ou adquirida que consiste na falta de articulação parcial ou total dos dedos, de modo a prejudicar as impressões.

O datiloscopador manda que o identificando lave as mãos em água corrente, conforme enquadramento nos casos de um a oito. É possível obter-se datilogramas classificáveis de dedos anquilosados, utilizando-se a parte acanalada da tala de madeira. Quando for impossível a tomada das impressões por intermédio da canaleta, por tratar-se de anquilose muito acentuada, procede-se da seguinte forma: apóia-se a ficha datiloscópica sobre um cartão ou cartolina e curva-se o mesmo (concavamente) na mão esquerda, procedendo a respectiva tomada de datilogramas. Até mesmo a tintagem das falangetas poderá ser feita por intermédio de um cartão ou cartolina. Neste caso, é necessário que o datiloscopador espalhe a tinta na cartolina ou cartão com o rolo para depois a tintagem no estilo recomendado para obter as impressões dos dedos anquilosados ou contraídos. Não esqueça o datiloscopador de anotar no retângulo correspondente ao dedo, a palavra “ANQUILOSE”. Como é sabido, há três casos de anquilose: “PARCIAL, TOTAL e ANGULARES”.

10º CASO: DEDOS HIPERDÁTILOS

HIPERDATILIA – É a anomalia que consiste na presença de dedos em número superior ao normal.

O datiloscopador manda o identificando lavar as mãos com água, sabão, pasta ou similar, enxugando-se bem. Segue-se a tintagem das seis ou mais falangetas, iniciando-se a coleta dos datilogramas em duas individuais datiloscópicas. É importante observar que as pessoas que possuem mais de cinco dedos costumam submeter-se a intervenção cirúrgicas para extração dos dedos anormais. Neste caso, deve-se anotar a cicatriz ou cicatrizes resultantes da intervenção operatória, pela qual o portador dessa anomalia ficou com as mãos normais.

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11º CASO: DEDOS HIPÓDATILOS

HIPODATÍLIA é a anomalia que consiste na presença de dedos em número inferior ao normal. Portanto, é necessário anotar nos retângulos vazios a palavra HIPODATÍLIA. Tal anotação tem que ser feita na individual datiloscópica para que o datiloscopista não considere a ausência da impressão do dedo, com sendo “amputaçao total”, que transformará realmente a a fórmula datiloscópica. A tintagem é feita normalmente. A tomada das impressões é que merece cuidado especial, acontecendo várias dificuldades por parte do datiloscopador em determinar, localizar ou identificar o dedo que está sendo impresso. Neste caso, o datiloscopador deve basear-se pelos interósseos ou metacárpios. É conveniente tirar mais de duas individuais destinando a melhor e mais legível para o arquivo datiloscópico.

12º CASO: DEDOS MICRODÁTILOS

MICRODATÍLIA é a anomalia que consiste na presença de dedos anormalmente pequenos.O identificador deve lavar as mãos em água corrente, pasta ou similar, enxugando-as conforme se

vê nos casos anteriores. Proceder-se-á a tintagem das falangetas, seguindo-se a tomada das impressões digitais. O datiloscopador anotará a palavra “MICRODATÍLIA” na individual datiloscópica exatamente no retângulo que corresponde ao dedo ou dedos microdátilos.

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13º CASO: DEDOS MACRODÁTILOS

MACRODATÍLIA é a anomalia que consiste na presença de dedos anormalmente grandes.O identificador lava as mãos em água corrente. Procede-se então à tintagem das falangetas e

tomada das impressões digitais. Macrodatília é o aumento do campo digital.

Quando o datiloscopador colhe as impressões de dedos macrodátilos deve Ter o máximo de cuidado em imprimí-los, por causa do volume dos dedos e o risco de produzir borrões nos bordos internos. Após a realização dos trabalhos o datiloscopador anotara a palavra MACRODATÍLIA na parte superior do retângulo onde foi impresso o dedo macrodátilo ou dedos macrodátilos.

É de suma importância que o datiloscopador observe minuciosamente, antes de iniciar a tomada de impressões digitais, se os dedos do identificando se enquadram nos casos anteriormente mencionados para proceder de acordo com as recomendações que acabamos de fazer.

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Evite perda de tempo. Se os datilogramas não ficarem bons e de acordo com a técnica recomendada pelo Serviço de Identificação do Exército, faça mais uma ficha. Se necessário, mande o identificando lavar as mãos novamente, repetindo-se a tarefa tantas vezes quantas forem necessárias, até obter impressões boas, nítidas e perfeitas.

LEMBRE-SE: “ a nitidez das impressões digitais é a alma da datiloscopia”

(f. NITIDEZ DAS IMPRESSÕES DIGITAIS)

TINTAGEM DOS DEDOS

Efetuada a distribuição da tinta na pedra mármore do tamborete, e transportada pelo rolo para a face lisa da prancheta, o datiloscopador se preocupa com o preparo dos dedos do elemento a ser identificado; a seguir, procede a dobra da ficha datiloscópica, ajustando-a à tala de madeira, de modo que os bordos de ambos fiquem coincidindo.

Realizados os preparos preliminares, o datiloscopador coloca-se à esquerda do elemento a ser identificado e com os seus dedos polegar e médio da mão direita, segura nos bordos dos dedos a serem tintados, à altura da falanginha. Visando facilitar a aderência da tinta em todo o campo digital, o datiloscopador apoiará o seu indicador direito sobre a unha do dedo a ser tintado para dar uma leve pressão a fim de que se produza o entintamento das cristas papilares em camada bem uniforme. A seguir, recomenda que o elemento que está sendo identificado relaxe-se e abstenha-se de qualquer movimento para evitar qualquer dificuldade que impossibilite a perfeita execução dos trabalhos. Com a prancheta, previamente preparada, o datiloscopador sustentando-a com a mão esquerda, proceda a tintagem dos dedos da pessoa que está sendo identificada, imprimindo sobre a prancheta o bordo interno da falangeta e rodando o dedo até atingir o seu bordo externo. Com movimentos de rotação que poderão ser feitos em ambos os sentidos, procede-se a tintagem da falangeta a partir do externo até atingir o bordo interno. Ao levantar o dedo da pessoa que está sendo identificada, desprendendo-o da prancheta, deve o datiloscopador observar o máximo de cuidado para evitar um possível resvalamento ou decalque.

COMO OBTER NITIDEZ NAS IMPRESSÕES DÍGITO-PAPILARES

O datiloscopador dobra a ficha datiloscópica na primeira linha horizontal e depois, da preparação dos dedos do elemento a ser identificado, tinta-lhe as polpas digitais das falangetas pela ordem: polegar, indicador, médio, anular e mínimo das mãos direita e esquerda. Sustentando com a sua mão esquerda a ficha já convenientemente dobrada, coloca-se sobre a face lisa da tala de madeira, de tal modo que os seus bordos se ajustem aos lados da tala. Com o polegar e médio da mão direita, o datiloscopador, concluída a tintagem, seguirá o dedo do identificando e apóia a polpa sobre o retângulo da ficha, fazendo uma leve pressão com o seu dedo indicador direito sobre a unha do dedo que está segurando para então rolá-lo de um bordo a outro num só movimento sobre o datilograma. Principalmente, faz-se a tomada das impressões da SÉRIE ou mão direita, obedecendo a ordem natural dos dedos: polegar, indicador, médio, anular e mínimo. Obtidas as impressões da mão direita, proceder-se-á a tomada das impressões digitais da SEÇÃO ou mão esquerda, observando a ordem prescrita para a mão direita.

OBSERVAÇÕES:1) Os desenhos fornecidos pelas linhas papilares nas extremidades dos dedos (falangetas) e nas

regiões palmar e plantar, são elementos identificativos de uma pessoa e, em conseqüência, pode-se afirmar, categoricamente, serem eles o ponto de apoio para se determinar a individualidade de uma pessoa . É lógico também , que os classificamos como sendo o elemento básico de todo Serviço de Identificação. Pelo valor atribuído às impressões digitais, quer como base de um Serviço de Identificação, quer como ponto de apoio da individualidade, conclui-se que o datiloscopador deve estar cônscio do grande indicativo que elas possuem. Para compenetrar-se na sua função e imprimir-lhes o valor técnico que elas possuem.

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2) Para que os datilogramas satisfaçam plenamente o seu valor indicativo é imprescindível que os desenhos formados pelas linhas papilares da extremidade dos dedos, sejam impressos nas fichas datiloscópicas, carteira de identidade, folha de identidade e nos demais documentos com o máximo de nitidez.

3) Para que o datiloscopador realize o trabalho com perfeição é necessário observar os seguintes princípios:

a) NUNCA SE DEVE TOMAR IMPRESSÕES DIGITAIS APRESSADAMENTE, porque os desenhos papilares devem ser reproduzidos com perfeição na ficha datiloscópica, carteira de identidade, etc, devendo-se imprimí-los pausadamente, com calma, para assim, obtê-los rigorosamente nítidos e perfeitos;

b) NÃO SE DEVE TINTAR MAIS DE UMA VEZ a falangeta do dedo do elemento a ser identificado, no mesmo lugar da prancheta. Havendo necessidade de tintar novamente, a técnica recomenda que se faça nova distribuição de tinta na prancheta, para cobrir as marcas deixadas pelas falangetas, na ocasião da primeira tintagem. Naturalmente, com a primeira tintagem dos dedos, o volume de tinta existente na prancheta foi diminuído sensivelmente e, em conseqüência, não sendo feita uma redistribuição de tinta, na Segunda tintagem a falangeta receberá pouca tinta e o desenho digital impresso será com pouca nitidez, isto é, fraco demais, não satisfazendo, portanto, a exigência datiloscópica;

c) NÃO SE DEVE IMPRIMIR UM DESENHO DIGITAL MAIS DE UMA VEZ sem tintar novamente a falangeta. Na primeira vez que ela foi impressa, a tinta que impregnava o desenho digital foi

absorvida pelo papel em que foi aposto o datilograma e, consequentemente, a Segunda impressão far-se-á com escassez de tinta, erro que deve ser evitado por acarretar a falta de nitidez. É bom lembrar que a nitidez é condição indispensável na impressão digital para que seja considerada razoavelmente boa.

d) DEVE-SE DAR A COLETA DE IMPRESSÕES DIGITAIS O MÁXIMO DE ATENÇÃO para

evitar-se a troca de mãos, ou seja, para evitar a tomada de impressões digitais da SÉRIE ou mão direita no local destinado à SEÇÃO ou mão esquerda; também é necessário evitar-se a troca de impressões entre os dedos da mesma mão. As trocas mencionadas, quando efetuadas pelo datiloscopador, constituem um erro gravíssimo, dando margem a que um mesmo indivíduo possua mais de uma fórmula datiloscópica, o que é inconcebível em datiloscopia;

e) DEVE EVITAR OS DECALQUES que são prejudiciais à perícia datiloscópica, visto que os pontos característicos ficam envolvidos pelo xadrez produzido pelo cruzamento das linhas papilares, desaparecendo completamente ou então se confundem com a reprodução superposta dos citados”pontos” ou das cristas papilares.

Os decalques podem ser provocados extemporaneamente ou por falta de atenção do próprio datiloscopador.

O decalque extemporâneo, geralmente é produzido pelo próprio identificando, que preoculpado em auxiliar o datiloscopador, apóia e comprime o seu dedo sobre a ficha, imprimindo nela, parte do desenho digital.

Quando o operador inicia a tomada das impressões digitais, já existe parte do datilograma impresso e, como é lógico, não há qualquer possibilidade de estarem dois desenhos digitais perfeitamente superpostos. Daí o surgimento de um xadrez produzido pela interseção das cristas papilares. O decalque, acontece quando, depois de Ter sido impresso o desenho digital, o datiloscopador antes de retirar da ficha datiloscópica o dedo da pessoa identificada, erradamente, dá-lhe um pequeno movimento rodado em sentido contrário tornando imprimir parte das papilas sobre as que já se achavam impressas, produzindo assim o rendilhamento de cristas papilares. Quando o datiloscopador notar que há decalque, deve inutilizar a individual datiloscópica decalcada, substituindo-a, imediatamente, por outra e repetir a operação até obter as impressões nítidas;

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f) DEVE-SE EVITAR BORRÕES DE TINTA, porque eles prejudicam sensivelmente a classificação dos deltas, dos núcleos nos verticilos e a contagem das linhas papilares das presilhas. Quando o borrão, pelo seu volume cobre quase toda a superfície do desenho digital prejudica a classificação primária. Neste caso o datiloscopista será obrigado a classificá-lo em X, como tipo indeterminado, dificultando o seu serviço na fase de arquivamento. Esta dificuldade é motivada única e exclusivamente por falta de atenção do datiloscopador.

g) DEVE-SE EVITAR O EXCESSO DE TINTA, porque este é o responsável direto pelos borrões nos desenhos digitais impressos, os quais prejudicam sensivelmente a classificação datiloscópica. Quando o datiloscopador verificar a presença de borrões de tinta nos desenhos digitais de uma individual datiloscópica deverá proceder nova operação até que consiga impressões nítidas e perfeitas;

h) É ACONSELHÁVEL EVITAR-SE A ESCASSEZ DE TINTA. Lembre-se que a nitidez á a principal condição exigida na impressão digital. Os desenhos papilares que não satisfizerem essa exigência, não estarão perfeitos, posto que seus caracteres deverão estar claros e legíveis, mesmo à olho nu. Além disto, uma individual arquivada durante longos anos sofre irremediavelmente a ação destruidora do tempo, desbotando cada vez mais os desenhos papilares, impressos nestas condições.

i) NUCA SE DEVE TIRAR IMPRESSÕS MAL RODADAS OU ROLADAS, porque às vezes os deltas no desenho papilar estão localizados nos bordos dos dedos e, então, deixará de sair esta figura indispensável à classificação datiloscópica, prejudicando sobremodo a subclassificação das linhas e dos verticilos. Além disso, a perfeição das linhas papilares nas extremidades dos dedos é tão importante para a perícia datiloscópica, quanto a nitidez dos pontos délticos e nucleares. A impressão bem tomada deve abranger toda a polpa dígito-papilar;

j) NUCA SE DEVE IMPRIMIR DATILOGRAMA TIPO PRESILHA OU VERTICILO COM AUSÊNCIA DE DELTAS, porque a classificação e subclassificação desses desenhos dependem, unicamente dos deltas. Daí a razão porque o datiloscopador deve empregar todos os seus conhecimentos teóricos adquiridos nos pontos anteriores para obtenção de impressões digitais nítidas e legíveis com a presença dos deltas.

Pelo exposto acima chegamos a conclusão de que o datiloscopador NÃO DEVE:

1- tomar impressões apressadamente;2- tintar a falangeta de um dedo mais de uma vez na mesma parte da prancheta, sem redistribuir a

tinta para que seja coberta a parte clara deixada pela primeira tintagem;

3- imprimir mais de uma vez o desenho digital, sem primeiro tintá-lo novamente;4- tomar impressões digitais das mãos trocadas, isto é, SÉRIE em lugar da SEÇÃO e vice-versa;5- imprimir datilogramas mal rodado ou rolado.

EVITE: o decalque, o deslize, o borrão, o excesso e a escassez de tinta.Não tome impressões digitais com AUSÊNCIA DE DELTAS.

IMPRESSÕES NÍTIDAS E PERFEITAS

Empregando-se a subclassificação feita pelos pontos característicos de BORN, é necessário que os desenhos digitais impressos, sejam nítidos e perfeitos, para que o datiloscopador possa classificar com exatidão os pontos característicos e demais minúcias e detalhes peculiares a esse mister. Quanto as dificuldades causadas pelos borrões, decalques, escassez ou excesso de tinta, e ainda o deslise ou a impressão superposta de um desenho digital, já foi esclarecido neste ponto.

Uma individual datiloscópica mal tirada, inutiliza o serviço, dificultando o datiloscopista na época da execução dos trabalhos que lhe serão afetos, uma vez que todas as operações de identificação datiloscópica tem como ponto de partida as diversas minúcias dos desenhos papilares, que são permanentes, inatlteráveis e individuais.

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(g. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE IMPRESSÕES DIGITAIS)

A tomada de impressões digitais consiste na aposição das polpas digitais, entintadas sobre a ficha datiloscópica, deixando impressos os desenhos digitais respectivos.

Há dois processos para a tomada das impressões digitais. São eles:

PROCESSO ROLADO OU RODADO e o VERTICAL OU POR COMPRESSÃO

Primeiro: PROCESSO ROLADO OU RODADO

Para que uma impressão dígito-papilar seja classificada tecnicamente como boa, é necessário e imprescindível que ela reproduza com nitidez o desenho digital, em toda a sua plenitude e valiosíssima minúcias e que abranja totalmente a polpa digital da falangeta.

Com a prática adquirida no decorre de longos anos, chegou-se a conclusão que o único processo para tomada de impressões digitais que satisfaz plenamente as condições de nitidez e abrange toda a órbita da polpa digital é o “rolado ou rodado”. Este processo é perfeito e completo, preenchendo todas as exigências da técnica datiloscópica, motivo pelo qual é adotado no mundo inteiro.

Para se obter impressões digitais por este processo, é necessário que o datiloscopador observe os seguintes princípios:

a) espalhar a tinta na pedra mármore e tintar a prancheta;b) tintar os dedos do identificando; c) proceder a tomada das impressões digitais, orientando-se pelo que está estabelecido no

ponto”COMO OBTER NITIDEZ NAS IMPRESSÕES DIITIAS”

Tratando-se do ato de imprimir o desenho digital, o datiloscopador deve tintar cuidadosamente toda a polpa digital, desde a prega interfalangiana na falangeta até a sua extremidade distal, e desde o bordo interno próximo até o bordo externo, também à altura da unha.

Não se deve tintar as papilas além da prega digital, uma vez que elas não possuem valor na classificação datiloscópica e também por influírem negativamente na aparência dos datilogramas; é bom ressaltar que costuma-se julgar uma impressão não somente pela técnica com que foi impressa mas também pela sua aparência.

Segundo: PROCESSO VERTICAL OU POR COMPRESSÃO

O estudo da tomada das impressões digitais pelo processo vertical ou por compressão, será feito à título de ilustração, uma vez que esse processo é pouco usado e, somente, para os casos de impressões digitais de dedos sindátilos, anquilosados ou contraídos, nas fichas plenas ou de controle e alguns casos de polidatilia.

No processo vertical, as impressões digitais são obtidas por intermédio da goteiras da tala de madeira, conforme orientação abaixo:

a)o datiloscopador coloca-se a esquerda da pessoa a ser identificada;

b) procedida a tintagem das falangetas, coloca a ficha datiloscópica, convenientemente dobrada, na face acanalada ou goteiras da tala de madeira, ajustando o seu bordo perfeitamente ao da tala. Com os dedos polegar e médio direito, segura o dedo da pessoa que está sendo identificada, apóia a polpa da falangeta desde a prega interfalangeana, sobre o retângulo da ficha correspondente ao dedo destinado a receber o datilograma. Feito isto comprime levemente o seu dedo indicador direito sobre a unha do dedo segurado, levantando-o levemente, com cuidado, evitando-se o decalque e um possível resvalamento.

O processo vertical ou por compressão é muito falho, e absolutamente não deve ser usados em casos normais, motivo pelo qual foi substituído pelo rodado ou rolado.

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FALHAS DO PROCESSO VERTICAL OU POR COMPRESSÃO

1) AUSÊNCIA DO DELTA OU DE DELTAS do desenho digital impresso. Há desenhos digitais cujo delta ou deltas se encontram próximos ao bordo ou bordos da falangeta, os quais são alcançados no ato deste tipo de impressão, porque somente uma reduzida parte, a mais central do datilograma será impressa.

Quando há necessidade de se fazer a classificação déltica, o classificador terá que classificá-lo em duvidoso (d?), isto porque ele não irá adivinhar a que tipo pertence o delta ausente.

Quando há necessidade de se fazer uma perícia datiloscópica, justamente, sobre o delta, é impossível fazê-la, devido a ausência no desenho digital impresso. Essa perícia é de grande valor, principalmente nos sitemas de arquivamentos monodatilares.

2) AUSÊNCIA DAS CRISTAS PAPILARES que se encontram nos bordos dos dedos, no desenho digital impresso por compressão.

As cristas papilares que se encontram situadas nos bordos da falangeta, tem grande valor nas perícias datiloscópicas, porque elas contém um grande e variadíssimo número de pontos característicos, os quais são imprescindíveis na comparação entre duas ou mais impressões digitais.

3) MUDANÇA DO TIPO PRIMÁRIO de um desenho digital.O datiloscopador ao imprimir um datilograma do tipo verticilo de núcleo sinuoso, bem acentuado,

apóia a polpa da falangeta, inclinada para a esquerda ou para a direita sobre a tala: devido a esta inclinação, só será impresso parte do desenho, ficando, infalivelmente, ausente um delta com o seu respectivo núcleo, assim, em presilha normal ou ganchosa.

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No desenho acima, vemos à esquerda um presilha dupla obtida pelo processo rolado ou rodado. O mesmo desenho digital, transformou-se em presilha interna, devido a ausência de dos deltas ao tomarmos a impressão pelo processo vertical.

No caso a seguir, pelo processo rolado ou rodado, tiramos a impressão digital de um verticilo sinuoso. O mesmo desenho, obtido pelo processo vertical, transformou-se em presilha externa.

Abaixo à esquerda, vemos uma presilha externa ganchosa obtida pelo processo rolado ou rodado. O mesmo desenho obtido pelo processo vertical, transformou-se em arco, devido a ausência do delta.

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Baseado nos esclarecimentos deste ponto, chega-se a conclusão das desvantagens do processo vertical ou por compressão para a tomada de impressões digitais comuns (exceto em casos especialíssimos) quando só esse processo pode ser empregado. É bem verdade, que até um leigo ao comparar os datilogramas exemplificados neste capítulo, compreenderá que o processo vertical não serve como processo de tomada de impressões digitais para fins de classificação. Dentre os casos em que o processo vertical ou por compressão deve ser empregado, por exemplo, encontra-se as impressões plenas ou de controle em que os dedos são tirados simultaneamente em fichas especiais.

IMPRESSÕES PLENAS OU DE CONTROLE

Este processo de tomada de impressões digitais consiste na aposição das impressões digitais apartir de todos os dedos, isto é, indicador, médio, anular e mínimo da SÉRIE e da SEÇÃO, ou apenas uma delas, simultaneamente, os quatro dedos de uma só vez, no verso da FIG ( ficha de identidade grande), no local correspondente, como também da impressão digital dos polegares.

Motivo: quando o operador executa o trabalho de tomada de impressões digitais, por um lapso de atenção, pode cometer o erro de imprimir os desenhos da SÉRIE no local destinado à SEÇÃO e, mais comumente, o de tomar as impressões dos dedos da mesma mão trocados. Este processo como, como seu nome esclarece, foi adotado para permitir verificar com facilidade se houve ou não troca das mãos, no ato de imprimir os desenhos digitais.

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SEQUÊNCIA DOS PASSO NA TOMADA DAS IMPRESSÕES DIGITAIS NOS DOCUMENTOS TÉCNICOS DE IDENTIFICAÇÃO

1º- verificar as condições de limpeza do material a ser utilizado;2º- espalhar a tinta por sobre a pedra mármore do tamborete;3º- transportar, com o rolo, a tinta do tamborete para a prancheta espalhando-a uniformemente até

que fique sobre a prancheta uma camada tênue;4º- verificar se os dedos do identificando apresentam algumas das anomalias tratadas

anteriormente, e proceder de acordo com a técnica recomendada para cada caso;5º- tomar, se possível, uma impressão de um dos dedos do elemento a ser identificado, à título de

experiência, para verificar se há excesso ou escassez de tinta;6º - imprimir, as polpas papilares dos dedos do identificando, na tinta espalhada na prancheta, de

forma que cada dedo não cubra o espaço tintado em qualquer outro dedo;7º - pegar a tala lisa, e sobre ela, convenientemente dobrada, colocar a ficha datiloscópica de

forma que as bordas da tala e da FiD fiquem coincidentes;8º - imprimir os desenhos digitais da série, na ordem natural dos dedos (do polegar ao mínimo);9º - preocupar-se em virar a ficha datiloscópica depois de tomadas as impressões da SÉRIE;10º- imprimir os desenhos digitais da SEÇÃO na ordem natural dos dedos;11º - verificar se os datilogramas estão nítidos, perfeitos e em condições de serem remetidos à

seção datiloscópica;12º- limpar o material usado.

OBSRVAÇÕES

O processo rolado ou rodado é perfeito, porque apresenta sobre o processo vertical as seguintes vantagens:

a) permite imprimir maior superfície da polpa digital;b) permite apanhar o delta dos datilogramas, mesmo que ele se apresente próximo dos bordos

interno ou externo;c) permite apanhar as cristas papilares que se encontrarem na extremidade digital das falangetas.

(h. PROCESSOS UTILIZADOS PARA SE OBTER IMPRESSÕES PALMARES)

O datiloscopador, após ter espalhado a tinta sobre a pedra mármore do tamborete e tintado convenientemente o rolo, distende a ficha sobre a calha, fixando-a sobre ela com dois elásticos. Após tê-la ajustado, ao iniciar o serviço diário toma uma impressão a título de experiência, para verificar o excesso ou a escassez de tinta; feita esta verificação e tendo constatado que a tinta existente satisfaz plenamente às exigências técnicas, principia o trabalho.

Inicialmente, examina as mãos do identificando para verificar se elas se enquadram num dos “TREZE CASOS”, principalmente quanto às papilas para proceder de acordo com a técnica requerida.

Procede-se então à tintagem: primeiro tinta a face palmar da dextra e depois de sinistra. Após havê-las tintado, toma-se a impressão pela ordem: primeiramente a mão direita e depois a esquerda. Faz o exame dos desenhos papilares, para verificar se eles estão nítidos e perfeitos. Caso contrário, toma novas impressões noutra ficha, procedendo assim até obter os melhores quirogramas.

A tintagem da região palmar é feita com o rolo, que deve ser passado diretamente sobre tal região.Na aposição de um quirograma o bordo interno do dedo polegar deve formar mais ou menos de

um ângulo de 90º (noventa graus) em relação com o dedo indicador.A impressão palmar é obtida em ficha de cartolina fina e de cor branca, cujo modelo se encontra a

seguir.

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RESUMO DAS OPERAÇÕES

1º - Espalhar a tinta por igual, na pedra mármore e no rolo;2º - distender e fixar a ficha palmar sobre a calha;3º - preparar as mãos do elemento a ser identificado para a tomada das impressões palmares;4º - tintar as mãos do elemento a ser identificado com o rolo;5º - tomar a impressão quiroscópica da mão direita;6º - tomar a impressão quiroscópica da mão esquerda;7º - verificar se os quirogramas estão nítidos e perfeitos tecnicamente.

MODELO DE FICHA PALMAR

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(h.2 PROCESSO PARA OBTER IMPRESSÃO PLANTAR)

Quando a referência é feita sobre o desenho impresso das papilas da planta do pé, chamamos desenho PODOSCÓPICO OU PODOGRAMA.

A planta do pé, como a face palmar e ainda as falangetas dos dedos, são providas de linhas papilares que formam os desenhos, os quais tem propriedades já definidas anteriormente (imutabilidade, inalterabilidade, individualidade, variabilidade e inimitabilidade) que são empregados como ponto alto na identificação das pessoas físicas.

Tanto quanto na impressão digital ou na palmar existem processos de classificação, da região plantar processos próprios.

COMO OBTER IMPRESSÃO PLANTAR

A impressão plantar também é obtida com linha própria, do mesmo modo e mesmo material, empregados na descrição das operações para se obter impressão palmar.

TINTAGEM DA REGIÃO PLANTAR

A tintagem da Região Planta é feita com o rolo, o qual deve ser passado diretamente sobre tal região, devendo a seguir ser observado tudo quanto ficou esclarecido no ponto “COMO OBTER IMPRESSÃO PALMAR”.

RESUMO DAS OPERAÇÕES

1º - Espalhar a tinta por igual na pedra mármore e rolo.2º - Distender e fixar a ficha plantar sobre a calha.3° - Preparar os pés do identificado para a tomada das impressões plantares.4º - Tintar a região plantar do identificando com o rolo.5º - Tomar a impressão podoscópica do pé direito6º - tomar o podograma do pé esquerdo.7º - Verificar se as impressões plantares, tomadas, estão nítidas e perfeitas.

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IMPRESSÕES DÍGITO-PAPILARES, PALMARES E PLANTARES DE RECÉM-NASCIDOS

A identificação de recém-nascidos é necessária, para evitar a troca de crianças em maternidades, berçários etc, e para assegurar futuramente, a individualidade física dessa pessoa.

JUAN VUCETICH foi o primeiro a afirmar que era possível e necessária a identificação do recém-nascido, quando tomou parte no 4º Congresso Científico de Santiago do Chile, realizado no ano de 1908, como delegado da Argentina.

São suas as palavras que se seguem:

“As atas e as atuais certidões do Registro Civil não determinam, de modo algum, a individualidade pessoal, por carecerem de dados de identidade. Claro é que a identificação perfeita, tem sido impossível até hoje, por não existir um meio infalível e fácil de designar o indivíduo e acreditar na sua personalidade. Porém, este meio já existe e sua aplicação aos atos essenciais da vida do homem – o nascimento, o matrimônio e a função – é de toda urgência”.

Na realidade, o registro de Nascimento não é um documento que inspire muita fé em nosso país. Qualquer pessoa pode solicitá-lo e exibi-lo, como sendo o seu registro. Falta nele um meio infalível que comprove a personalidade de qualquer pessoa e a de seus pais.

Só a identificação datiloscópica, como disse Vucetich, evitaria estes inconvinientes.

Para assegurar a identidade do ser recém-nascido e para controlar o fornecimento da Certidão de Nascimento, deveria o Cartório de Registro Civil apor, no mínimo, a impressão digital de um dos dedos da criança no seu REGISTRO DE NASCIMENTO, de preferência a do polegar direito, para poder comparar em época futura, as impressões digitais do recém-nascido com aquelas que vier a tirar como adulto, quando solicitar o fornecimento de uma nova via da Certidão de Nascimento. Antes de fornece-la, o notário determinaria que fossem tomadas as impressões digitais do solicitante para compara-las com as existentes na 1ª via do seu Registro de Nascimento. Constatando-se pertencerem ao mesmo indivíduo, fornecer-lhe-ia documento, certo de que o estaria fornecendo sem erro de pessoa.

Entretanto, não é isso que ocorre em nossos cartórios, como acabamos de ver.

Daí a necessidade imperiosa da identificação dos recém-nascidos e, como esta identificação só é possível por meio das impressões dígito-papilares, palmares e plantares, é indispensável que o datiloscopador que vai imprimir, esteja preparado tecnicamente para obtê-las nítidas e perfeitas, para que possa futuramente, depois de 10, 20, 30 e até 100 anos, fazer uma comparação datiloscópica com facilidade, perfeição e êxito absoluto.

PROCESSOS EMPREGADOS PARA SE IMPRIMIR OS DESENHOS PAPILARES DE RECÉM-NASCIDOS

O método usado com êxito consiste no seguinte:

São feitas duas identificações. A primeira no mesmo dia em que a criança nascer, a qual é denominada IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR, e a segunda no 8º dia após o nascimento, que é chamada IDENTIFICAÇÃO DEFINITIVA.

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1º Processo: IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR

Esta identificação é feita no mesmo dia em que nasce a criança e diante dos olhos de um dos seus genitores.

A ficha destinada à identificação preliminar compreende as impressões plantares do recém-nascido e a impressão do polegar direito da mão.

Como dados esclarecedores se anotam: nome do recém-nascido, hora do nascimento, nome do facultativo ou parteira que atendeu ao parto, assinatura de quem faz a identificação preliminar, nome dos genitores da criança recém-nascida, etc.

2º Processo: IDENTIFICAÇÃO DEFINITIVA

O trabalho da identificação preliminar é completado com o trabalho da identificação definitiva, a qual é feita no 8º dia após o nascimento, porque nessa época as papilas estão mais desenvolvidas e aparecerem melhor resultado sob o ponto de vista técnico. A identificação definitiva é feita porque os desenhos papilares imprimidos na identificação preliminar não saem perfeitos e, conseqüentemente, não servem, futuramente, para uma comparação datiloscópica; contudo servem para durante o período de oito dias.

Para sanar este inconveniente, o INSTITUTO OSCAR FREIRE de São Paulo, empregou com bons resultados o seguinte:

1º - utilizou manteiga de cacau para tintagem dos pés;2º - utilizou uma ficha de papel celofone incolor;3º - utilizou uma placa (tala) de vidro, sobre a qual ajustou a ficha;4º - com a criança deitada, logo após a refeição, procedeu a tomada das impressões digitais;5º - revelou as impressões latentes;6º - fotografou as impressões reveladas.

A impressão obtida por esse processo é latente, podendo-se então proceder à sua revelação e em seguida fotografá-la; só assim obter-se-ão boas impressões papilares dos recém-nascidos, assunto palpitante, que tem preocupado a atenção de todos os centros de identificação datiloscópica.

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(i. CUIDADOS HIGIÊNICOS A SEREM OBSERVADAS NA IDENTIFICAÇÃO )

O datiloscopador está constantemente em contato com indivíduos a serem identificados e dentre eles, não raramente, aparecem alguns portadores de moléstias contagiosas (lepra, varíola, etc), que possuem contaminar o operador no ato de tomar as impressões digitais. E, para evitar esse possível contágio, deve o datiloscopador tomar as seguintes preucações:

Ao verificar, ou então quando desconfiar que o elemento a ser identificado é portador de moléstia contagiosa, imediatamente, calça as luvas de borracha. A seguir, manda o mesmo lavar as mãos, e, se elas não apresentarem feridas, fornece-lhe álcool para lava-las.

Após ter preparado convenientemente as mãos do elemento a ser identificado, procede-se a tintagem das falangetas. Segue-se a tomada das impressões. Obitida a individual datiloscópica ou palmar em condição de ser classificada, leva-a ao atelier fotográfico, fixando-a num suporte, a fim de fotografá-la. Após esta operação, incinera a individual datiloscópica original.

Concluídos os trabalhos, fará o datiloscopador uma completa desinfecção de todos os utensílios empregados na tomada de impressões. Para isso, poderá utilizar álcool ou uma solução de formol e água, em partes iguais.

DESINFECÇÃO DOS UTENSÍLIOS

1. Luvas de borracha: deverão ser desinfectadas, mergulhando-as por algum tempo na solução de formol ou no álcool. Concluída a desinfecção, seque-as bem para depois guarda-las, devidamente apolvilhadas.

2. Tala de madeira: deverá ser mergulhada em solução de formol ou no álcool, por algum espaço de tempo.

3. Prancheta: deverá ser mergulhada em solução de formol ou no álcool juntamente com a tala de madeira.

4. Rolo de borracha: idem, quanto a tala de madeira e a prancheta.

A toalha utilizada pelo identificando deverá ser incinerada ou então, meticulosamente desinfectada. O laboratório também deverá ser desinfetado, espargindo-lhe solução de formol ou álcool.

NOTA:Quando as mãos de elemento a ser identificado estiverem com chagas ou feridas, não se deve

proceder a identificação.

SÍNTESE DAS OPERAÇÕES

1. Mandar o identificado lavar as mãos e enxuga-las;2. Calçar as luvas de borracha;3. Fornecer álcool para o identificando lavar as mãos, quando não estiverem feridas;4. tintar os dedos do identificando;5. tomar as impressões digitais;6. fotografar a individual datiloscópica;7. incinerar a individual datiloscópica;8. proceder a desinfecção dos utensílios utilizados na tomada das impressões digitais

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(j. TOMADA DE IMPRESSÕES DIGITAIS DE CADÁVERES)

Às vezes é necessário proceder-se a identificação de cadáveres encontrados em vias públicas, ou então a de pessoa falecidas em hospitais públicos, e quando em período de guerra, algumas vezes, dos soldados que tombaram nos campos de batalha irreconhecíveis, para evitar que os primeiros sejam sepultados como indigentes e os últimos como militares desconhecidos.

Só é possível ser feita essa identificação por meio dos desenhos papilares e, como a técnica datiloscópica exige que eles sejam impressos com perfeição, é importante e de suma necessidade estar o datiloscopador preparado tecnicamente, para obtê-los nítidos e perfeitos, tal como os das pessoas vivas.

A tomada das impressões dígito-papilares de cadáveres requer conhecimentos especiais. É mister a observação de cuidados que previnam o datiloscopador contra qualquer acidente durante o ato operatório e, também, com o preparo do cadáver para a obtenção das impressões digitais.

Para isentar o datiloscopador de qualquer perigo possível, aconselha-se o uso de avental e luvas de borracha, material esse que deverá ser desinfectado, cuidadosamente, após cada operação. A desinfecção poderá ser feita pela fervura d’água em temperatura elevada durante 15 minutos, com álcool e formol em partes iguais.

O cadáver poderá apresentar, para o seu preparo, dois casos, a saber:

1- morte recente;2- morte antiga.

O de morte recente não apresenta dificuldades. Entretanto, no caso de morte antiga, o cadáver poderá se apresentar em estado de rigidez ou ainda em estado de putrefação.

MORTE RECENTE

Se a morte é recente, e ainda não há rigidez cadavérica, a técnica para a tomada das impressões dígito-papilares em nada difere da usada para a obtenção dos desenhos papilares das pessoas vivas. É suficiente limpar as polpas digitais com um algodão embebido em gasolina ou benzina, tinta-lo em seguida e proceder logo após, a tomada das impressões digitais.

MORTE ANTIGA

Surgem as primeiras dificuldades quando o cadáver já se encontra em estado rígido ou em estado de putrefação bastante adiantada.

Para o datiloscopador obter as impressões digitais, em ambos os estados, deve seguir à risca as seguintes instruções:

1- Rigidez: se a rigidez é muito acentuada e o cadáver está com as mãos fechadas em posição que dificulte a tomada de impressões dos dedos, poder-se-á vencer a rigidez usando-se para a solução do caso, os seguinte métodos:

- o datiloscopador fará extenção forçada dos dedos da mão e do antebraço, repetindo-a quantas vezes forem necessárias para que se tenha uma posição que facilite a execução do trabalho.

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A técnica recomenda o seguinte:

Com o bisturi afiado, o datiloscopador fará uma incisão ao nível da face de flexão ou anterior do punho, de modo a seccionar os tendões que por aí passam. Feito isto, consegue-se a mobilidade das mãos e dos dedos, o que forçosamente facilitará a tomada dos datilogramas. Se o antebraço encontra-se em flexão forçada, impedindo que se obtenha uma posição melhor para o trabalho a executar, poder-se-á praticar outra incisão na dobra do cotovelo, cujo fim principal é seccionar o tendão do músculo bíceps.

A simples secção do bíceps, dá mobilidade suficiente para a completa execução do serviço.Uma vez obtida posição adequada, o datiloscopador terá o cuidado de examinar o estado da

polpa dígito-papilar.Só lhe resta executar a tomada das impressões digitais; contudo, algumas dificuldades aparecem

em decorrência da decomposição do corpo, tendo nisto grande importância o meio exterior. Em alguns casos o tecido se desidrata e, em particular é o tecido celular subcutâneo que perde a maior parte de sua substância aquosa e formam-se rugas na polpa digital, que impedem a tomada de impressões completas.

Para estes casos têm sido proposto vários processos; entretanto, o mais simples e econômico é o de XAVIER DA SILVA, que efetua a restauração plástica da polpa digital, com o emprego de uma injeção de ar sob a epiderme, servindo-lhe de uma seringa comum e munida de agulha fina, introduzindo-a na extremidade do eixo longitudinal de cada dedo, 4 a 5 mm abaixo do bordo livre a unha, tendo-se cautela de obstruir a perfuração com um colódio e ligeira massagem, a fim de impedir a saída do ar injetado.

2- Putrefação: quando o cadáver se encontra em estado de putrefação adiantada, porém, a pele dos dedos ainda se encontram em condições de dar boas impressões, emprega-se o seguinte método:

Com bisturi faz-se uma incisão circular ao nível da articulação da última falangeta de cada dedo. Depois, com grande cuidado, retiram-se as luvas (capuzes dos dedos), que deverão ser conservados em vidros especiais – um para cada dedo - contendo álcool ou formol em água e etc. rotulados com indicações da mão e dos dedos correspondentes. Estas luvas são conduzidas ao laboratório e aí o técnico procede a tomada das impressões da seguinte forma:

1) calça os seus dedos ou os de um auxiliar, com luvas de borracha, finas e justas, tendo o máximo de cuidado para não romper os capuzes de pele ou a chamada luva de pele;

2) terminada a operação constante do número 1, passa-se a executar o trabalho como se fosse a tomada de impressões de dedos normais.

Com este método, se não for alcançado o resultado desejado, em virtude das cristas papilares, não permitirem a tomada de impressões nítidas, pode-se tentar a técnica aconselhada por STOCKIS, que consiste no seguinte:

Distende-se as luvas de pele sobre uma cartolina com a face interna voltada para a frente, fotografando-as. Este método é infalível, permitindo impressão bastante legíveis.

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