55
NOME: JOYCE FREITAS ARAÚJO FIRMINO CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

NOME: JOYCE FREITAS ARAÚJO FIRMINO

CURSO:

INTRODUÇÃO AO SERVIÇO

SOCIAL

Page 2: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

2

SUMÁRIO

Plano de Ensino da Disciplina ..................................................................................... 3

Diretriz Curricular do Curso de Serviço Social ............................................................ 6

Apresentação ............................................................................................................ 10

NOTA DE AULA 1 – Contexto histórico do Serviço Social .................................. 12

1.1 A trajetória da profissão no Brasil ........................................................................ 16

1.2 O movimento de reconceituação do Serviço Social no Brasil ............................. 19

NOTA DE AULA 2 – A dimensão político-organizativa do Serviço Social .......... 22

2.1 Os orgãos representativos da profissão .............................................................. 23

NOTA DE AULA 3 – O Projeto Ético-Político do Serviço Social .......................... 37

3.1 O que é o Projeto Ético Político ? ........................................................................ 37

3.2 A trajetória de construção do Projeto Ético-Político ............................................ 38

3.3 O Código de Ética Profissional ............................................................................ 40

NOTA DE AULA 4 – O Serviço Social na contemporaneidade ............................ 45

4.1 O papel do Assistente Social ............................................................................... 45

4.2 Espaços de atuação profissional ......................................................................... 50

4.3 Desafios e profissionais na contemporaneidade ................................................. 51

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54

IDAAM – MANAUS

Page 3: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

3

CURSO : DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

DISCIPLINA TCC

PROFESSORA Angela Vieira

PLANO DE ENSINO – APRENDIZAGEM

CURSO SERVIÇO SOCIAL

DISCIPLINA INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

PROFESSORA JOYCE FREITAS ARAÚJO FIRMINO

Nº DE CRÉDITOS 04

CARGA

HORÁRIA 60

MARCO REFERENCIAL

PERFIL DO

EGRESSO

Os egressos do curso de Serviço Social deverão apresentar competências profissionais

capazes de responder às demandas sociais, na perspectiva de assegurar direitos,

democratizar o acesso dos usuários às políticas sociais, por meio de práticas profissionais

competentes, com potencial de produzir conhecimentos e propor alternativas para a

transformação da realidade social.

CONTEXTUALIZA

ÇÃO DA

DISCIPLINA

A disciplina Introdução ao Serviço Social visa discutir o contexto histórico-teórico que

configuram a profissão, proporcionando ao aluno conhecer os pormenores que

materializam o exercício profissional dos Assistentes Sociais nos diversos campos de

atuação, dando ênfase ao aparato político-organizativo e os desafios profissionais na

contemporaneidade.

EMENTA Contextualização histórica da profissão. A dimensão político-organizativa do Serviço Social.

O projeto ético-político do Serviço Social. Serviço Social na contemporaneidade.

MARCO OPERACIONAL

OBJETIVO

GERAL DA

DISCIPLINA

Identificar, analisar e aplicar os conhecimentos teóricos da disciplina Introdução ao Serviço Social e suas configurações no contexto profissional contemporâneo.

OBJETIVOS

ESPECÍFICOS DA

DISCIPLINA

✓ Analisar a conjuntura histórica que materializa o Serviço Social como profissão. ✓ Identificar as competências político-organizativas do Serviço Social. ✓ Analisar e aplicar os conceitos teóricos do Serviço Social e sua relação com o

projeto ético-político profissional. ✓ Identificar e analisar os desafios da profissão na contemporaneidade.

Page 4: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

4

MÉTODOS

✓ Aulas expositivas e dialogadas para a obtenção de informações relativas aos aspectos da disciplina Introdução ao Serviço Social;

✓ Estudo de textos para obtenção e interpretação crítica de dados; ✓ Estudos Dirigidos para a identificação, obtenção e organização de informações; ✓ Desenvolvimento de estudos de casos para aplicação de modelos de tomadas de

decisão com base nas teorias estudadas; ✓ TEMPESTADE CEREBRAL (brainstorming) em pequenos grupos objetivando aplicar

conhecimentos teóricos pré adquiridos na solução de problemas fictícios; ✓ Seminário para socialização grupal e desenvolvimento de pesquisas e

apresentações.

Recursos Projetor Multimídia (data show); Notebook; Caixa de Som; Recursos de áudio e vídeo;

Passador de Slides; Quadro Branco; Pincel.

UNID ASSUNTO

CONTEÚDO

PROGRAMÁTIC

O

I CONTEXTO HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL 1.1 A trajetória da profissão no Brasil 1.2 O movimento de reconceituação do Serviço Social no Brasil

II A DIMENSÃO POLÍTICO-ORGANIZATIVA DO SERVIÇO SOCIAL 2.1 Os orgãos representativos da profissão

III O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL 3.1 O que é o Projeto Ético Político? 3.2 Trajetória de construção do Projeto Ético-Político 3.3 O Código de Ética Profissional

IV O SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE 4.1 O papel do Assistente Social 4.2 Espaços de atuação profissional 4.3 Desafios profissionais na contemporaneidade

AVALIAÇÃO

a) PARCIAL 1- Seminário em grupo (0-10 pontos). Assunto: Unidade I – Contexto histórico do Serviço Social. b) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 1 - Prova individual escrita (0-10 pontos), contendo 5 questões de múltipla escolha e 5 discursivas (critérios descrito na prova). Assunto: Unidades I e II do conteúdo programático. c) PARCIAL 2 – Estudo de caso em grupo (0-10 pontos). Assunto: Código de Ética Profissional e Projeto Profissional do Serviço Social. Unidades: II e III. d) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 - Prova individual escrita (0-10 pontos), contendo 7 questões de múltipla escolha e 3 discursivas (critérios descrito na prova). Assunto: Unidade IV do conteúdo.

REFERÊNCIAS

BÁSICAS

ALVES, Márcia Oliveira. Desafios históricos do Serviço Social. Curitiba: InterSaberes, 2016.

BARBOSA, Daniela A. de Lima. Introdução ao Serviço Social. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

MEIRELLES, Giselle Ávila Leal de. Serviço Social e “questão social”: das origens à contemporaneidade [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2018.

Page 5: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

5

REFERÊNCIAS

COMPLEMENTAR

ES

IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1999.

NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: Uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 2001.

SILVA, Maria Ozanira da. O Serviço Social e o Popular: Resgate teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002.

TEIXEIRA, Joaquina Barata; BRAZ, Marcelo. O projeto ético-político do Serviço Social. In:

Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais. Brasílica: CFESS/ ABEPSS,

2009.

MATERIAL

DIGITAL

Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS). Disponível em: < http://www.abepss.org.br>. Acesso em: 06 de ago. 2018.

BRASIL. Lei nº 8.662, de 07 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências. Disponível em: <http:// www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_lei_8662.pdf>. Acesso em: 04 de ago. 2018.

Código de Ética do Assistente Social. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf>. Acesso em: 05 de ago. 2018.

Conselho Federal do Serviço Social (CFESS). Disponível em: <http://www.cfess.org.br>.Acesso em: 05 de ago. 2018.

Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO). Disponível em: <https://enessooficial.wordpress.com> .Acesso em: 06 de ago. 2018.

Page 6: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

6

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

RESOLUÇÃO CNE/CES 15, DE 13 DE MARÇO DE 2002.(*)

Estabelece as Diretrizes Curriculares

para os cursos de Serviço Social.

O Presidente Câmara de Educação Superior, no uso de suas atribuições

legais e tendo em vista o disposto na Lei 9.131, de 25 de novembro de 1995, e

ainda o Parecer CNE/CES 492/2001, homologado pelo Senhor Ministro de Estado

da Educação em 9 de julho de 2001, e o Parecer CNE/CES 1.363/2001,

homologado em 25 de janeiro de 2002, resolve:

Art. 1º As Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social,

integrantes dos Pareceres CNE/CES 492/2001 e 1.363/2001, deverão orientar a

formulação do projeto pedagógico do referido curso.

Art. 2º O projeto pedagógico de formação profissional a ser oferecida pelo

curso de Serviço Social deverá explicitar:

a) o perfil dos formandos;

b) as competências e habilidades gerais e específicas a serem

desenvolvidas;

c) a organização do curso;

d) os conteúdos curriculares;

e) o formato do estágio supervisionado e do Trabalho de Conclusão do

Curso;

f) as atividades complementares previstas.

Art. 3º A carga horária do curso de Serviço Social deverá obedecer ao

disposto em Resolução própria que normatiza a oferta de curso de bacharelado.

Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação,

revogadas as disposições em contrário.

ARTHUR ROQUETE DE MACEDO Presidente da Câmara de

Educação Superior

(*) CNE. Resolução CNE/CES 15/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de abril de 2002. Seção 1, p. 33.

Page 7: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

7

1. Perfil dos Formandos

Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e

implementando propostas de intervenção para seu enfrentamento, com capacidade

de promover o exercício pleno da cidadania e a inserção criativa e propositiva dos

usuários do Serviço Social no conjunto das relações sociais e no mercado de

trabalho.

2. Competências e Habilidades

a) Gerais

A formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-

metodológica e ético- política, como requisito fundamental para o exercício de

atividades técnico-operativas, com vistas à

• compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento

sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades

de ação contidas na realidade;

• identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular

respostas profissionais para o enfrentamento da questão social;

• utilização dos recursos da informática.

b) Específicas

A formação profissional deverá desenvolver a capacidade de

• elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social;

• contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões institucionais;

• planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;

• realizar pesquisas que subsidiem formulação de políticas e ações profissionais;

• prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública, empresas

privadas e movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais e à

garantia dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;

• orientar a população na identificação de recursos para atendimento e defesa de

Page 8: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

8

seus direitos;

• realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre matéria

de Serviço Social.

3. Organização do Curso

• Flexibilidade dos currículos plenos, integrando o ensino das disciplinas com

outros componentes curriculares, tais como: oficinas, seminários temáticos,

estágio, atividades complementares;

• rigoroso trato teórico, histórico e metodológico da realidade social e do

Serviço Social, que possibilite a compreensão dos problemas e desafios com

os quais o profissional se defronta;

• estabelecimento das dimensões investigativa e interpretativa como princípios

formativos e condição central da formação profissional, e da relação teoria e

realidade;

• presença da interdisciplinaridade no projeto de formação profissional;

• exercício do pluralismo teórico- metodológico como elemento próprio da vida

acadêmica e profissional;

• respeito à ética profissional; e indissociabilidade entre a supervisão

acadêmica e profissional na atividade de estágio.

4. Conteúdos Curriculares

A organização curricular deve superar as fragmentações do processo de

ensino e aprendizagem, abrindo novos caminhos para a construção de

conhecimentos como experiência concreta no decorrer da formação profissional.

Sustenta-se no tripé dos conhecimentos constituídos pelos núcleos de

fundamentação da formação profissional, quais sejam:

• núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social, que compreende

um conjunto de fundamentos teórico- metodológicos e ético-políticos para

conhecer o ser social;

• núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira,

Page 9: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

9

que remete à compreensão das características históricas particulares que

presidem a sua formação e desenvolvimento urbano e rural, em suas

diversidades regionais e locais;

• núcleo de fundamentos do trabalho profissional, que compreende os elementos

constitutivos do Serviço Social como uma especialização do trabalho: sua

trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos que

envolvem o exercício profissional, a pesquisa, o planejamento e a

administração em Serviço Social e o estágio supervisionado.

Os núcleos englobam um conjunto de conhecimentos e habilidades que se

especifica em atividades acadêmicas, enquanto conhecimentos necessários à

formação profissional. Essas atividades, a serem definidas pelos colegiados, se

desdobram em disciplinas, seminários temáticos, oficinas/laboratórios, atividades

complementares e outros componentes curriculares.

5. Estágio Supervisionado e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

O Estágio Supervisionado e o Trabalho de Conclusão de Curso devem ser

desenvolvidos durante o processo de formação a partir do desdobramento dos

componentes curriculares, concomitante ao período letivo escolar.

O Estágio Supervisionado é uma atividade curricular obrigatória que se

configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio- institucional, objetivando

capacitá-lo para o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática.

Esta supervisão será feita conjuntamente por professor supervisor e por

profissional do campo, com base em planos de estágio elaborados em conjunto

pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio.

6. Atividades Complementares

As atividades complementares, dentre as quais podem ser destacadas a

monitoria, visitas monitoradas, iniciação científica, projeto de extensão, participação

em seminários, publicação de produção científica e outras atividades definidas no

plano acadêmico do curso.

Page 10: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

10

APRESENTAÇÃO

apostila aqui apresentada tem por principal finalidade desenvolver-se como

uma ferramenta de estudos para os estudantes de Serviço Social que

desejam conhecer mais a respeito da profissão que futuramente irão

exercer.

Dessa forma, este material foi elaborado como um suporte didático

pedagógico para a disciplina de Introdução ao Serviço Social, pois é fundamental

que os estudantes recém chegados na graduação conheçam os processos

históricos que deram origem a construção do Serviço Social como profissão.

O panorama dos conteúdos desta apostila estão divididos em quatro

respectivas unidades: 1) Conteúdo Histórico do Serviço Social; 2) Dimensão político-

admistrativa do Serviço Social; 3) O Projeto Ético-Político do Serviço Social; 4) O

Serviço Social na Contemporaneidade.

A primeira unidade traz um arcabouço histórico sobre a formação do Serviço

Social desde o contexto mundial, com o surgimento do capitalismo industrial e suas

consequências na sociedade até a trajetória da profissão no Brasil e posteriormente

ressaltando o movimento de Reconceituação do Serviço Social no país.

A segunda unidade abordará sobre as Dimensões político-organizativas do

Serviço Social e como estão organizadas através da esplanação dos órgãos

representativos da profissão: Conjunto CFESS/CRESS; ABEPSS; ENESSO, Centros

e Diretórios Acadêmicos.

O Projeto Ético-Político será debatido na terceira unidade, com o objetivo de

levar ao estudante de Serviço Social uma reflexão sobre a importância do projeto

profissional dos assistentes sociais para o norteamento das ações profissionais no

seu cotidiano de trabalho, mostrando como o Projeto Ético-Político foi construído

pela profissão.

Na quarta e última unidade desta apostila teremos importantes informações

a respeito do papel do assistente social, suas funcionalidades, competências

A

Page 11: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

11

privativas, campos de atuação profissional, finalizando com uma reflexão sobre os

principais desafios do assistente social na contemporaneidade.

Considerando a relevância de se compreender a profissão desde sua

gênese até os dias atuais, esse material irá contribuir para a formação acadêmica e

profissional dos estudantes de Serviço Social que estão iniciando sua trajetória de

aprendizado e estudo.

Page 12: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

12

NOTA DE AULA 1- Contexto histórico do Serviço Social

Ao analisarmos o contexto mundial, é importante entendermos que o

processo de formação do Serviço Social como profissão ocorreu em um período de

intensas transformações na sociedade capitalista, principalmente, na segunda

metade do século XIX.

O acontecimento histórico que marca esse processo de formação se

estabelece a partir da Revolução Industrial, considerado um marco para o

desenvolvimento e expansão do modo de produção capitalista, transformando em

ritmo acelerado, o modo de vida da população mundial.

Com o surgimento e avanço da indústrialização houve um elevado

crescimento populacional nas grandes centros urbanos da Europa, vários

trabalhadores do campo migraram para a cidade a fim de trabalharem nas fábricas,

formando uma nova classe social: o proletariado.

(Trabalhadores da indústria na Europa / Fonte: infoescola.com)

A Revolução Industrial trouxe muitas mudanças para a humanidade. A vida

nas cidades se tornou mais importante que a vida no campo. O avanço na indústria

trouxe riqueza para os burgueses e miséria aos trabalhadores, pois moravam em

condições precárias e conviviam diariamente com a falta de higiene, isso sem contar

com o constante medo do desemprego e da miséria.

Page 13: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

13

A era capitalista industrial termina por promover além do crescimento

econômico, a má distribuição de renda, promovendo processos de exploração e

exclusão social, favorecendo o empobrecimento da classe trabalhadora, privando-a

do acesso às necessidades básicas e aos bens produzidos pelo capital, gerando um

cenário de múltiplas desigualdades sociais.

(Desempregados. Fonte: google imagens)

Para Meirelles (2018), a exploração do trabalho pelo capitalismo

concorrencial a partir do século XIX, intensificou o pauperismo da classe

trabalhadora o conjunto das desigualdades sociais passa a ser denominada pelo

Estado como “questão social”.

Segundo Iamamoto (2008, p. 27), uma das principais autoras do Serviço

Social na contemporaneidade, a questão social pode ser compreendida como:

o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista

madura, que têm uma raiz comum: a produção social é cada vez mais

colectiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a

apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma

parte da sociedade.

Analisar como se estabeleceu essa conjuntura nos proporciona uma reflexão

para se entender o processo de criação da Serviço Social. Dessa forma,

Page 14: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

14

compreender o passado nos leva a ter subsídios para a dimensão da questão social

hoje e a refletir sobre quais as formas de superação dos problemas sociais da

sociedade em que vivemos.

O Serviço Social, enquanto profissão inserida na divisão social e técnica do

trabalho e construída no bojo da reprodução das relações sociais decorrentes do

sistema capitalista, pode ser definido como “uma especialização do trabalho, uma

profissão particular inscrita na divisão social e técnica do trabalho coletivo da

sociedade” (IAMAMOTO, 2008).

No marco do pensamento crítico, o Serviço Social é uma profissão inserida

no processo de produção das relações sociais e sua trajetória histórica é construída

em meio ao contexto das relações capitalistas, sobretudo, pela lógica reprodutiva do

capital e pelas relações sociais geradas nesse contexto.

Podemos afirmar que o Serviço Social é uma profissão que tem como

principal compromisso, responder a uma demanda social concreta advinda de um

processo contraditório e excludente de acumulação de riqueza e pobreza.

Através da riqueza produzida socialmente, ou seja, com os meios de

produção restritos apenas a burguesia, a classe trabalhadora fica sem o acesso aos

bens e riquezas produzidos pelo capital gerando a falta de condições mímimas para

a reprodução da vida (BARBOSA, 2016).

Dessa forma, o capitalismo gera para a classe trabalhadora, condições

humanas e sociais desiguais com a exploração de mão de obra barata e a exclusão,

sem apropriação dos bens e serviços gerados o que contribui para a ampliação das

expressões da questão social.

Segundo Alves (2016), a historicidade do Serviço Social pode ser analisada

através de dois momentos. O primeiro associa o surgimento da profissão à

intervenção da Igreja, baseado no tripé caridade e filantropia e assistencialismo.

O segundo momento, analisa o Serviço Social resultante da relação

contraditória entre capital e trabalho, colocando o Serviço Social como uma

profissão criada para intervir sobre as expressões da questão social.

Page 15: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

15

Em sua gênese, o Serviço Social atuava nos ideais assistencialistas por

meio da tríade caridade, bondade e solidariedade, em um período onde as

expressões da questão social atingiam grandes proporções e não havia a

intervenção do Estado ou profissionais que pudessem atuar junto a população.

A grande influência das ações dogmáticas da Igreja trouxe para o início da

trajetória do Serviço Social, um caráter assistencialista e humanitário. A profissão

era exercida majoritariamente por mulheres que pertenciam a classe burguesa, que

fossem enganjadas em ações de filantropia aos mais necessitados, conhecidas

como as “Damas da Caridade”.

Por muitos anos a profissão foi esteriotipada a mera caridade ou ajuda, não

sendo considerada uma forma de trabalho. Além disso, a preferência pela

contratação de mulheres ricas se dava pelo esteriótipo de que a mulher deveria ser

caridoso, cuidar dos filhos, da família e servir ao lar e as ações da Igreja (ALVES,

2016).

O século XIX é considerado como o período de “reorganização da

assistência social”, principalmente pelas entidades particulares. Já a partir do século

XX, formou-se outro tipo de instituições – as Entidades Internacionais, onde tinham

por objetivo levar o consenso sobre a noção de ajuda, e a profissão passa a ser

denominada de Serviço Social.

Em 1922 é criada a União Católica Internacional de Serviço Social por

Mademoiselle Marie Baers com sede em Bruxelas, na Bélgica. Consistia em uma

entidade que reunia escolas católicas de Serviço Social, associações de assistentes

sociais e membros individuais, tendo por finalidade levar aos trabalhos da profissão

a contribuição católica e do humanismo cristão.

Em seguida no ano de 1928, organiza-se a primeira Conferência

Internacional de Serviço Social em Paris por iniciativa de René Sand, cuja principal

preocupação era criar um fórum que debatesse sobre os problemas do bem-estar

social, contando com a contribuição de vários personagens oriundos da classe

burguesa, dentre eles as “Damas da Caridade”.

Page 16: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

16

Uma das principais pioneiras da história do Serviço Social foi a norte-

americana Mary Richmond. O seu pensamento social contribuiu para a profissão no

mundo inteiro, lançando a primeira definição do Serviço Social de Casos e

Diagnóstico Social.

(Mary Richmond / Reprodução: google imagens)

Baseado em sua construção histórica, sabemos que o Serviço Social é uma

profissão surgida para atuar diretamente no enfrentamento das expressões da

questão social, que é fruto das desigualdades produzidas pela sociedade capitalista,

sendo a questão social, o objeto de trabalho dos assistentes sociais.

Partindo dos pormenores acerca da história do Serviço Social no contexto

mundial, tendo em vista o teor e a bandeira de luta do Serviço Social, destacaremos

no subcapítulo desta referida unidade, o processo de trajetória da profissão no

contexto brasileiro.

1.1 A trajetória da profissão no Brasil

No Brasil, o Serviço Social surge como profissão a partir de 1930, em um

momento de transição do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista,

visando responder os males sociais, atuando junto aos desempregados e

marginalizados e “auxiliando o Estado no enfrentamento da questão social”

(BARBOSA, 2014).

Page 17: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

17

Considerando o quadro de agravamento das expressões da questão social

no país, o Estado adota uma série de medidas paleativas para acalmar a situação.

Nessa conjuntura, as primeiras assistentes sociais atuavam meramente como

“administradores de conflitos” entre a classe de trabalhadores e a classe

empresarial.

Quanto ao surgimento do Serviço Social como curso de nível superior no

Brasil, pode-se afirmar que expansão da igreja Católica e as práticas de

assistencialismo fortemente religiosas, contribuiram para a fundação das duas

primeiras escolas de Serviço Social no Brasil: a Escola de Serviço Social (PUC-SP)

em São Paulo em 1936 e a Escola de Serviço Social do Rio de Janeiro em 1937.

(Registro da 1ª turma de Serviço Social em visita ao ministro da Educação Gustavo Capanema.

Fonte: google imagens).

O surgimento das primeiras escolas de Serviço Social na América Latina e

no Brasil tem influência dos dogmas da Igreja, baseadaos no assistencialismo, trazia

a formação de profissionais capacitados para atuar nas demandas resultantes dos

conflitos existentes nas sociedades capitalistas (ALVES, 2016).

De 1936 à 1945, a formação dos profissionais pautava-se nos seguintes

eixos: científica, técnica, moral e doutrinária com influência do pensamento

neotomista. Estes eixos, tinham por finalidade a formação dos primeiros

Page 18: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

18

profissionais da área no Brasil e levavam em consideração o

contexto e as necessidades da época.

Como curso de nível superior, o Serviço Social foi oficializado

somente em 1953, pela lei nº 1889 do mesmo ano. E somente em 27

de agosto de 1957, a Lei 3252, juntamente com o Decreto 994 de 15 de maio de

1962, o Serviço Social é regulamentado como profissão no país.

A década de 1960 no Brasil se consolida como uma era desenvolvimentista,

devido majoritariamente ao crescimento da industrialização, que traz um cenário de

mudanças para o Serviço Social, possibilitando novos direcionamentos para a

categoria profissional.

No período do Estado Novo (1937-1945) temos o marco da efetiva

consolidação da industrialização no Brasil, a ampliação da legislação social, a

criação de grandes instituições assistenciais e a institucionalização da profissão de

Serviço Social.

Os assistentes sociais passam a integrar os mecanismos de execução das

políticas sociais do Estado e dos setores empresariais, enquanto forma de

enfrentamento da questão social proveniente do processo de desenvolvimento

urbano-industrial.

Nesse período, as escolas de Serviço Social passam a integrar os Centros

Universitários, o que impulsionou uma formação acadêmica voltada as bases

científicas, preparando os futuros profissionais para a execução de projetos e

programas sociais direcionados ao modelo desenvolvimentista do país.

Inserido neste cenário desenvolvimentista, o Serviço Social executava ações

contraditórias, pois, de um lado impulsionava a participação popular nos projetos do

governo e ao mesmo tempo, neutralizava as tensões das contradições e das lutas

de classes (burguesia x proletariado).

No período da ditadura militar, ocorrido de 1964 a 1985, a profissão se

distancia das perspectivas e possibilidades de avanço crítico, adotando uma postura

profissional meramente cientificista e tecnicista (SILVA, 2002). O Estado controla de

maneira intensa a relação capital-trabalho, por meio de institucionalização de

Page 19: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

19

políticas salariais, controlando sindicatos, além de assumir todos os setores da

economia do país.

Os assistentes sociais começam a entrar em conflito a partir da reflexão de

suas ações e percebe a insuficiência da proposta desenvolvimentista. Dessa forma,

o Serviço Social propõe-se um novo projeto de transformação societária, que leva ao

questionamento das matrizes profissionais.

As consequências da ditadura militar para o Serviço Social foram sentidas

tanto no Brasil quanto na América Latina. A repreensão generalizada da ditadura

adiou a implementação do novo projeto da categoria profissional embasado em uma

vertente liberdadora e mais democrática (ALVES, 2016).

A repreensão era tamanha que nas universidades, por exemplo, professores

e estudiosos das ciências humanas e sociais eram proibidos de expor opiniões

críticas sobre a realidade social em seus países.

Este cenário histórico foi um dos principais motivos que levaram a categoria

a repensar o rompimento com a prática tradicional e tecnicista e pensar em uma

nova postura profissional voltada ao compromisso com as classes trabalhadoras e

os movimentos sociais.

Esse período fica conhecido na história do Serviço Social como movimento

de reconceituação. A categoria passa a se posicionar com uma leitura mais crítica

da realidade, se desvinculando dos interesses das classes dominantes. Na mesma

proporção em que percebe-se a urgência de se reformular as bases teórico-

metodológica, ético-política e técnico-operativa da profissão.

1.2 O movimento de reconceituação do Serviço Social no Brasil

De acordo com Netto (2001), podemos resumir o processo de reconceituação

do Serviço Social no Brasil em três momentos. O primeiro momento compreende a

segunda metade da década de 1960, caracterizado por uma perspectiva

modernizadora, voltada a adequar a profissão às exigências do pós-64.

Page 20: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

20

Os principais símbolos do movimento de reconceituação do Serviço Social

foram os documentos dos Seminários de Araxá e Teresópolis. O elemento central

desta perspectiva atribui a profissão, um caráter interveniente, dinamizador e

integrador no processo de desenvolvimento e busca resolver instrumentalmente as

demandas que se apresentam.

O segundo momento do processo de reconceituação configura-se nos anos

70 e foi constituído pelo significado de resistência da profissão, através de um

processo de reatualização do conservadorismo, conduzido pela retomada dos

componentes da herança histórica da profissão, tendo uma visão microscópica e

subordinada, direcionada ao retorno do tradicionalismo profissional.

E finalmente, o terceiro e último momento do processo de renovação da

profissão constitui-se em meados dos anos 1980, sendo para Netto (2001) um

momento que propõe uma intenção de ruptura com o tradicionalismo profissional

tendo como primeiras ações uma reflexão crítica acerca da prática profissional e das

matrizes teóricas, metodológicas e ideológicas do Serviço Social.

Na primeira metade dos anos 1980 este novo posicionamento no bojo da

profissão dá o direcionamento aos debates profissionais, deixando a ideia de que

detém a hegemonia no universo profissional. Essa repercussão na profissão se

deve, sobretudo, as condições de trabalho da massa da categoria profissional, o

novo público em que se recrutam (classe subalterna e trabalhadora), a

efervescência política nas universidades e o quadro sociopolítico e ideológico.

(Fonte: google imagens)

Page 21: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

21

Praticando

1- A análise do significado social do Serviço Social no processo de reprodução das

relações sociais salienta o caráter contraditório da profissão. Ela reproduz, pela

mesma atividade, interesses contrapostos que convivem em tensão – demandas do

capital e do trabalho – e só pode fortalecer um ou outro pólo pela mediação de seu

oposto. De que decorre esse caráter contraditório da atuação profissional?

(A) Da intencionalidade do Assistente Social.

(B) Da condução da atuação profissional.

(C) Da pressão dos empregadores.

(D) Da relação de classes.

(E) Das demandas dos usuários.

2- É hoje consensual que, no Brasil, o Serviço Social se origina no seio do

movimento católico, mas seu processo de profissionalização e legitimação está

vinculado à expansão das grandes instituições assistenciais em um período histórico

marcado pelo aprofundamento do corporativismo do Estado e por uma política

econômica industrializante. A expansão do proletariado urbano cria a necessidade

política de controlar e absorver este contingente. O Estado, incorporando parte das

reivindicações populares, amplia a base legal da cidadania, mediante uma intensa

legislação social e sindical. Este período da história brasileira refere-se:

(A) à República Velha (1889-1930).

(B) à Segunda República (1930-1937).

(C) ao Estado Novo (1937-1945).

(D) à Quarta República (1945-1964).

(E) à transição democrática (1985-1988).

Page 22: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

22

NOTA DE AULA 2 – A dimensão político-organizativa do Serviço Social

A dimensão político-organizativa do Serviço Social pode ser compreendida

como uma dos elementos constitutivos do Projeto Ético-Político do Serviço Social, a

partir de um conjunto de componentes que dão materialidade a profissão

(TEIXEIRA; BRAZ, 2009).

Os elementos que formam a dimensão política-organizativa do Serviço

Social possuem um caráter consultivo e deliberativo, compreendendo tanto os fóruns

de deliberação, quanto órgãos representativos que dão legitimidade a profissão.

Os orgãos representativos da profissão, por sua vez, envolvem as

organizações sindicais, associações profissionais e, fundamentalmente, as

entidades constituídas por três pilares fundamentais: fiscalização do exercício

profissional, ensino e pesquisa e pelos movimentos estudantis.

Esses três pilares são compostos, respectivamente, pelo conjunto

CFESS/CRESS (Conselho Federal e Conselhos Regionais de Serviço Social);

ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social); CAs e

Das (Centros e Diretórios Acadêmicos), além da ENESSO (Executiva Nacional de

Estudantes de Serviço Social).

(Fonte: própria, 2018).

Page 23: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

23

2.1 Os orgãos representativos da profissão

Conjunto CFESS/CRESS

O Conselho Federal de Serviço Social e os Conselhos Regionais de Serviço

Social juntos compõem o conjunto CFESS/CRESS. São as entidades

representativas que atuam no eixo da fiscalização do exercício profissional,

representando em juízo e fora dele, os interesses individuais e coletivos da classe

dos assistentes sociais.

O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) é

regulamentado pela atual Lei de Regulamentação da Profissão de nº

8662/93 que o caracteriza como uma autarquia pública federal que tem

a atribuição de orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o

exercício profissional do/a assistente social no Brasil, em conjunto com os

Conselhos Regionais de Serviço Social – CRESS (CFESS, 2018).

De acordo com o portal do CFESS, a fundação e o exercício dos Conselhos

de fiscalização das profissões no Brasil iniciou-se a partir dos anos 1950, no

momento em que o Estado passa a regulamentar profissões consideradas liberais.

Nesse período, essas entidades serviam apenas para exercer o controle político do

Estado sobre os profissionais, por isso, tinham uma atuação de caráter corporativista

e conservadora, sem nenhum tipo de autonomia.

A concepção conservadora que caracterizou essas entidades nas primeiras

décadas, refletia a perspectiva vigente da prática dos profissionais, com base em

pressupostos neotomistas e positivistas, que balizavam os antigos instrumentos

normativos da profissão, como o Código de Ética Profissional de 1948 a 1975.

A partir da primeira Lei de Regulamentação, a Lei nº 3.252, de 27 de agosto

de 1957 e do Decreto 994 de 15 de maio de 1962, ficou decretado que a disciplina e

fiscalização do exercício profissional caberia ao Conselho Federal de Assistentes

Sociais (CFAS) e aos Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (CRAS), hoje

denominados, CFESS e CRESS (BARBOSA, 2016).

Page 24: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

24

Com a aprovação da Lei 8662/93, o conjunto CFESS e CRESS, rompendo

com as práticas conservadoras passa por uma renovação em suas diretrizes,

definindo possibilidades mais concretas de intervenção ao exercício da fiscalização

profissional.

O CRESS é uma autarquia com personalidade jurídica de direito público

vinculado ao Conselho Federal de Serviço Social atuando em âmbito regional. Nos

CRESS, os assistentes sociais podem buscar resplado político e legal para asseguar

os requisitos para uma prática profissional de qualidade inserida em movimentos e

lutas de defesa dos direitos conquistados pela profissão (CFESS, 2018).

Atualmente existem no Brasil, vinte e seis Conselhos Regionais de Serviço

Social e a Seccional de Base Estadual em Roraima. No Amazonas, o Conselho

Regional de Serviço Social é representado pelo CRESS 15ª Região, que também

compreende o estado de Roraima.

Normatizado por meio do art. 7º da Lei de Regulamentação do Serviço

Social, nº 8.662/1993 o conjunto CFESS e CRESS são caracterizados por uma

entidade com personalidade jurídica e forma federativa, com o objetivo básico de

disciplinar e defender o exercício da profissão de Assistente Social em todo o

território nacional (BRASIL, 1993).

Na qualidade de órgão normativo, compete ao Conselho Federal de Serviço

Social (CFESS), o exercício das seguintes atribuições:

I - orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício da

profissão de Assistente Social, em conjunto com o CRESS;

II - assessorar os CRESS sempre que se fizer necessário;

Page 25: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

25

III - aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum máximo de

deliberação do conjunto CFESS/CRESS;

IV - aprovar o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais

juntamente com os CRESS, no fórum máximo de deliberação do conjunto

CFESS/CRESS;

V - funcionar como Tribunal Superior de Ética Profissional;

VI - julgar, em última instância, os recursos contra as sanções impostas

pelos CRESS;

VII - estabelecer os sistemas de registro dos profissionais habilitados;

VIII - prestar assessoria técnico-consultiva aos organismos públicos ou

privados, em matéria de Serviço Social.

Aos CRESS, em suas respectivas áreas de jurisdição, na qualidade de

órgão executivo e de primeira instância, compete o exercício das seguintes

atribuições:

I - organizar e manter o registro profissional dos Assistentes Sociais e o

cadastro das instituições e obras sociais públicas e privadas, ou de fins filantrópicos;

II - fiscalizar e disciplinar o exercício da profissão de Assistente Social na

respectiva região;

III - expedir carteiras profissionais de Assistentes Sociais, fixando a

respectiva taxa;

IV - zelar pela observância do Código de Ética Profissional, funcionando

como Tribunais Regionais de Ética Profissional;

V - aplicar as sanções previstas no Código de Ética Profissional;

VI - fixar, em assembléia da categoria, as anuidades que devem ser pagas

pelos Assistentes Sociais;

Page 26: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

26

VII - elaborar o respectivo Regimento Interno e submetê-lo a exame e

aprovação do fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS.

O Conselho Federal de Serviço Social e os Conselhos Regionais tem a

bandeira de luta direcionada a defesa de uma cultura política com direção

emancipatória e respeito à diversidade, além de sensibilizar o cotidiano profissional,

para conhecer as reais condições de vida da população e buscar formas de intervir

contra todos os processos de degradação da vida humana (TEIXEIRA; BRAZ,

2009).

Para conhecer mais sobre a história de criação do Conselho Federal de

Serviço Social (CFESS), notícias de eventos, encontros, seminários, cursos de

capacitação, acesse a plataforma do CFESS na internet pelo link:

http://www.cfess.org.br.

(Fonte: CFESS, 2018).

Page 27: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

27

ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social)

A ABEPSS é uma entidade civil sem fins lucrativos constituída pelas

Unidades de Ensino do Serviço Social. Como o próprio nome sugere, é uma

instituição responsável pelo eixo do ensino e pesquisa em Serviço Social.

Foi criada em 1946 uma década depois da inauguração da primeira escola

de Serviço Social, a Escola de Serviço Social da PUC/São Paulo. Nesse período a

ABEPSS era era denominada, até então, de Associação Brasileira de Escolas de

Serviço Social.

O grande marco na história da ABEPSS foi em 1979, através do episódio

que ficou conhecido dentro do Serviço Social como Congresso da Virada, quando

esta passa a ser responsável pela coordenação e articulação do projeto de formação

profissional, mudando de nome para Associação Brasileira de Ensino de Serviço

Social.

A década de 1980 foi considerado um período fértil para o campo de ensino

e pesquisa em Serviço Social, potencializado pelo surgimento de vários programas

de pós-graduação e pela criação do Centro de Documentação e Pesquisa em

Poltíticas Sociais e Serviço Social – CEDEPSS.

Com a necessidade de ampliar a natureza científica através da criação de

grupos temáticos da entidade e a urgência em defender a articulação entre

pesquisa, ensino e extensão, ocorre em 1996 sua mudança de nome para

Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS),

permanecendo até os dias de hoje.

Em linhas gerais, a ABEPSS possui um compromisso com os sujeitos que

compõem a formação profissional, sejam docentes, discentes, supervisores de

campo e/ou faculdades que possuem o curso de graduação em Serviço Social.

Nessa direção, o principal desafio da ABEPSS está pautada na formulação e

acompanhamento da implantação das Diretrizes Curriculares dos cursos de Serviço

Social, bem como, na fiscalização da Política Nacional de Estágio (PNE) em um

Page 28: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

28

cenário de regressão de direitos, com a participação do capitalismo financeiro na

educação, o que tem promovido um desmonte nas políticas educacionais do país e

um ampla precarização nos processos de formação e trabalho profissional.

Os fóruns de debate e os espaços formativos são medidas estratégicas

elaboradas pela ABEPSS visando garantir que os conteúdos curriculares do curso

de Serviço Social não sejam fragmentados e que o Estágio Supervisionado se

fortaleça como espaço formativo e reflexivo para o estudante com o devido

acompanhamento dos supervisores de campo conforme prevê a PNE.

Essas competências são efetivadas por meio de um acompanhamento

sistemático realizado pelas diretorias da ABEPSS geridas e organizadas em âmbito

nacional e por direções regionais, materializadas através de oficinas regionais e

nacional de graduação e pós-graduação, fóruns locais, regionais, estaduais e

nacional de Estágio, Projeto ABEPSS Itinerante, pesquisas realizadas pela entidade

ou pelos membros dos Grupos Temáticos de Pesquisa (GTPs) (ABEPSS, 2018).

Atualmente, os GTPs são compostos pelas seguintes linhas de pesquisa:

(Fonte: própria, 2018).

Ética, Direitos Humanos e

Serviço Social

Relações de gênero, raça/etnia,

gerações e sexualidade

Questões agrária, urbana,

ambiental e Serviço Social

Movimentos sociais e Serviço

Social

Fundamentos, Formação e

Trabalho Profissional

Política Social e Serviço Social

Trabalho, Questão Social e

Serviço Social

Grupos de Temáticos

de Pesquisa (GTP’s)

Page 29: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

29

O Estágio Supervisionado, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e as

Atividades Complementares também compõem o processo de formação acadêmica

dos estudantes de Serviço Social, pois são requisitos obrigatórios para a conclusão

da graduação.

Pela proposta das Diretrizes Curriculares de 1999, o Estágio

Supervisionado, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e as Atividades

Complementares deverão ser realizados no decorrer do processo de formação dos

estudantes a partir do desdobramento das matérias e de seus componentes

curriculares, paralelamente ao período letivo acadêmico.

O Estágio Supervisionado é uma atividade curricular obrigatória que se

caracteriza pela inserção do acadêmico no espaço sócio-institucional, objetivando

capacitá-lo para o exercício profissional, necessitando de supervisão sistemática,

que poderá ser realizada pelo professor supervisor e pelo profissional do campo,

baseados em planos de estágio elaborados pelas unidades de ensino e instituições

que oferecem o estágio.

O Trabalho de Conclusão de Curso é uma exigência curricular para a

obtenção do diploma de bacharel em Serviço Social. É considerado um momento de

expressão da totalidade da formação profissional, um trabalho onde o aluno possa

sistematizar o conhecimento gerado no decorrer da graduação e no campo de

estágio, devendo ser realizado dentro das exigencias metodológicas e acadêmico-

científicas, elaborado sob orientação de um professor e avaliado por banca

examinadora.

As atividades complementares, dentre as quais podem ser destacadas a

monitoria, visitas monitoradas, iniciação científica, projeto de extensão, participação

em seminários, publicação de produção científica e outras atividades definidas no

Page 30: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

30

plano acadêmico do curso, devem corresponder a até 5% da carga estágio

elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem

estágio.

Podemos observar no quadro abaixo, algumas das principais disciplinas

obrigarórias para a formação de bacharéis em Serviço Social, baseada nas

Diretrizes Curriculares de 1999:

Disciplina Conteúdo abordado

Sociologia Pensamento sociológico de Marx, Weber, Durkheim:

classes, movimentos e instituições sociais.

Economia política Mecanismos de regulação social e análise sobre o

sistema capitalista na perspectiva liberal, marxista,

keynesiana e neoliberal.

Filosofia Correntes filosóficas do século XX e suas

contribuições para o Serviço Social.

Psicologia Teorias que abordam as relações entre e indivíduo e

sociedade além de trabalhar a questão da

subjetividade na reprodução da vida social.

Formação sócio-histórica

do Brasil

Abordagem sobre o contexto socio-histórico em que

foi construído o processo de formação da sociedade

brasileira (República Velha, Estado Novo, Pós-64).

Direito e Legislação social Noções sobre os direitos fundamentais da

cidadania, a organização do Estado e as legislações

sociais: LOAS, SUS, ECA, CLT.

Classes e movimentos

sociais

Classes sociais, subalternas, manifestações

ideopolíticas, socioculturais, direitos humanos e

sociais. Relações de classe, gênero e ético-raciais.

Serviço Social e processos

de trabalho

Questão social, políticas, espaços ocupacionais do

assistente social no setor público e privado,

instrumentos de trabalho, supervisão e estágio.

Ética profissional Fundamentos ontológicos da ética e moral e sua

influencias na ética do Serviço Social, questões

éticas contemporâneas e Código de Ética

Profissional.

(Fonte: própria, 2018).

Page 31: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

31

Para saber maiores informações ou fazer o download de arquivos como as

Diretrizes Curriculares e o Estatuto da ABEPSS na íntegra, acesse o site da

entidade representativa através do link: http://www.abepss.org.br.

(Fonte: ABEPSS).

CAs e DAs (Centros e Diretórios Acadêmicos de Serviço Social)

As entidades de representação dos estudantes de cursos de graduação no

Brasil, incluindo o curso de Serviço Social, fica a cargo dos Centros e Diretórios

Acadêmicos dentro do eixo movimento estudantil.

Os Centros e Diretórios Acadêmicos são espaços fundamentais para a

participação política e democrática dos acadêmicos dentro das Universidades e, por

Page 32: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

32

meio do Conselho de Centros e Diretórios Acadêmicos (Concada) podem ser

discutidos e votados diversos assuntos de interesse da comunidade estudantil.

É papel dessas entidades representativas coordenar a mobilização política

dos estudantes em torno de pautas particulares de cada instituto ou mais amplas,

que afetam todas e todos estudantes e a sociedade, seja em conjunto com outros

CAs e Das, Diretório Central de Estudantes (DCE) e movimentos sociais.

ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social)

(Símbolo da ENESSO/Reprodução: google imagens).

Ao longo desta unidade, temos visto a importância da representatividade em

uma categoria profissional, aos assistentes sociais, como também aos acadêmicos e

futuros profissionais da área para que tenham possibilidades de representação nos

espaços para além das universidades.

A Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social é uma das principais

entidades representativas dos estudantes de Serviço Social. A sua criação contribui

para uma maior autonomia perante a União Nacional dos Estudantes (UNE), além

disso, sua história se entrelaça ao processo histórico de fundação da UNE.

A história da UNE no Brasil inicia em 1937, momento que em os movimentos

estudantis se intensificam por todo o país atuando de forma mais ampla,

fortalecendo e unificando suas lutas a nível nacional em busca de maior

representatividade e democracia. No decorrer dos anos, a UNE vai traçando uma

história de luta e manifestações, todavia, com o Golpe de 1964 essa trajetória acaba

sendo interrompida.

Page 33: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

33

A ditadura nos países da América Latina, como no Brasil, caracteriza-se

como um período de grande repreensão e violência generaliza visto que não se

permitia questionar a ordem vigente.

O movimento estudantil foi um dos principais protagonistas da luta contra o

regime militar no Brasil. Inconformados com o autoritarismo e a repressão, muitos

estudantes tiveram a coragem de enfrentar as forças repressoras, mostrando uma

grande capacidade de mobilização social, chegando a se articularem muitas vezes,

com outros segmentos da sociedade.

(Reprodução: google imagens)

Os estudanres lutavam por um mundo melhor e mais justo, para tornar

realidade seus sonhos revolucionários, defendiam a liberdade e os direitos

humanos, por meio de manifestações, passeatas, atos públicos, debates e

congressos dentro e fora das Universidades.

Com o aumento das manifestações de rua, principalmente nas grandes

cidades do país, o movimento estudantil passa a ser considerado uma ameaça para

o regime militar, que começa a massacrar estudantes ou qualquer um que

simpatizasse com ideias consideradas subversivas.

Page 34: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

34

(Reprodução: google imagens)

Os estudantes tiveram que atuar na clandestinidade. Muitos foram

brutalmente reprimidos pela ditadura, massacrados, presos, torturados, feridos e

mortos em confrontos com os militares, como os demais envolvidos em movimentos

de oposição.

Vários dos líderes estudantis acabaram se enveredando pela luta armada,

na tentativa de depor o governo. Outros foram obrigados a se exilar. Eram vistos

pelo regime como uma ameaça à segurança nacional, como um mal a ser cortado

pela raiz.

Após ter a sede criminosamente incendiada por grupos de extrema direita.

Após esse episódio, os militares alegam ilegalidade a UNE e todas as entidades de

representação estudantil, fazendo com que alguns de seus diretores deixassem o

país.

Em meio a reconstruação da União Nacional dos Estudantes em 1979, no

ano de 1978 na cidade de Londrina – Paraná, realiza-se o I Encontro Nacional de

Estudantes de Serviço Social (ENESS). Esse encontro deu o ponta pé inicial para se

debater a formação profissional e o projeto de reformulação do currículo do curso de

Serviço Social.

Page 35: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

35

Acompanhando o movimento de democratização do país, O ENESS vai se

consolidando gradativamente ao longo dos anos, sendo realizado anualmente, com

uma temática específica em cada um.

O ENESS foi articulando-se a outras entidades estudantis do Serviço Social

como o Movimento Estudantil de Serviço Social (MESS), o Conselho Nacional de

Entidades Estudantis de Serviço Social (CONESS) e com a Subsecretaria de Serviço

Social na UNE (SESSUNE).

O ano de 1993 se caracteriza como um marco para a ENESS, pois se

realiza em São Leopoldo – Rio Grande do Sul, o XV Encontro Nacional de

Estudantes de Serviço Social, muda sua nomenclatura para ENESSO – Executiva

Nacional de Estudantes de Serviço Social, assim, sua criação representa maior

autonomia perante a UNE.

Você pode ficar por dentro de mais informações sobre a trajetória dos

movimentos sociais estudantis pela página da ENESSO na internet, através do link:

https://enessooficial.wordpress.com.

(Fonte: ENESSO)

Page 36: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

36

Praticando

1- Compete ao Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), na qualidade de

órgão normativo de grau superior, o exercício das seguintes atribuições, salvo:

a) Aprovar o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais juntamente com

os CRESS, no fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS.

b) Orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício da profissão de

Assistente Social, em conjunto com os CRESS.

c) Julgar, em única instância, os procedimentos administrativos disciplinares

instaurados por violação de norma ético-profissional.

d) Aplicar as sanções previstas no Código de Ética Profissional.

e) Estabelecer os sistemas de registro dos profissionais habilitados.

2 - Julgue os itens abaixo, de acordo com a legislação que regulamenta o Serviço

Social. Compete ao Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) funcionar como

Tribunal Superior de Ética Profissional.

(a) Certo

(b) Errado

Page 37: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

37

NOTA DE AULA 3 - O projeto ético-político do Serviço Social

3.1 O que é o Projeto Ético Político?

O Serviço Social é uma profissão inserida nas relações sociais, na dinâmica

das classes sociais antagônicas, a medida que intervem em diversas demandas

contemporâneas, reflexo das consequências das expressões da questão social

advindas do modo de produção capitalista.

A intervenção profissional dos assistentes sociais, em quaisquer área de

atuação, deve ser norteada pelo nosso projeto profissional, denominado de Projeto

Ético Político, que tem como plano de fundo um projeto societário democrático,

voltado ao reconhecimento da liberdade como valor central, ou seja, um projeto de

sociedade transformador.

O Projeto Ético Político pode ser definido como um projeto de

transformação da sociedade (TEIXEIRA; BRAZ, 2009). Dessa forma, é o projeto

profissional que baliza os compromissos coletivos dos assistentes sociais com a

autonomia, a emancipação e a plena expansão dos direitos sociais.

Nas últimas décadas, o Projeto Ético Político do Serviço Social vem sendo

alvo de intensas discursões pela categoria profissional, principalmente no momento

de grande discussão acerca da ruptura com o conservadorismo, pois, os assistentes

sociais almejavam um novo projeto profissional direcionado às novas demandas

sociais vivida pelos sujeitos.

Para Teixeira e Braz (2009), os elementos que constituem o atual Projeto

Ético Político do Serviço Social são os princípios e valores ético-políticos, a matriz

teórico-metodológica e a crítica a ordem social vigente, os quais se expressam a

partir de componentes construídos pelos profissionais como as dimensões político-

organizativas e jurídico políticas.

Como vimos no módulo anterior, as dimensões político-organizativas do

Serviço Social (Conjunto CFESS/CRESS; ABEPSS, ENESSO). Segundo Barbosa

Page 38: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

38

(2016) essas entidades representativas são responsáveis pela aplicabilidade do

Projeto Ético Político do Serviço Social.

Já a dimensão jurídico política do Projeto Ético Político é constituída pelo

aparato legal que envolve um conjunto de leis, resoluções, documentos e textos

políticos consagrados no bojo da profissão.

Os componentes da dimensão jurídico política estão representados pelo

Código de Ética Profissional, pela Lei de Regulamentação da Profissão (8.662/93),

pelas Diretrizes Curriculares de 1996, além do conjunto de leis sociais amparados

pela Constituição Federal de 1988, reconhecidos e aprovados por meio do

engajamento dos assistentes sociais através de uma trajetória de lutas.

3.2 Trajetória de construção do Projeto Ético-Político

A construção do Projeto Ético Político inicia na década de 1970 no momento

em que a sociedade brasileira passa por um processo de redemocratização, plano

de fundo para a renovação do Serviço Social que rompe com todas as formas

tradicionalistas que imperavam na profissão, apresentando como centralidade o

compromisso com a classe trabalhadora.

Para uma melhor compreensão sobre a trajetória de construção do Projeto

Ético-Político do Serviço Social, iremos observar o contexto em que foi traçado a

partir da seguinte linha do tempo:

(Fonte: própria, 2018)

Page 39: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

39

Pela linha do tempo, podemos observar que a construção e consolidação do

Projeto Ético Político do Serviço Social se desenvolve em meio a acontecimentos

antecessores e sucessores ao movimento de reconceituação do Serviço Social,

começando pela criação em 1946 da ABESS.

Em 1957 a profissão dá um importante passo com a criação da primeira Lei

de Regulamentação da profssão e o surgimento do Conselho Federal de Assistência

Sociais (CFAS), hoje denominado de Conselho Federal de Serviço Social (CFESS).

No ano de 1979, na cidade de São Paulo, é realizado o III Congresso

Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), um evento conhecido como Congresso da

Virada, pois, a categoria consegue desbancar uma mesa composta por oficiais da

ditadura por representantes do movimento dos trabalhadores e decide assumir um

compromisso ético-político e profissional com as lutas sociais da classe trabalhadora

e com a emancipação humana.

O Congresso da Virada simboliza um novo direcionamento para a prática

dos assistentes sociais e para materializar o processo de renovação do Serviço

Social, reflete-se sobre a necessidade da construção de um novo Projeto Ético

Político, capaz de reafirmar o compromisso selado pelos assistentes sociais.

O avanço do Projeto Ético Político acontece em meados de 1980 em virtude

da promulgação do Código de Ética de 1986, trazendo uma nova roupagem para a

categoria profissional.

Desse modo entende-se que, o Projeto Ético-Político do Serviço Social,

implica compromisso com uma nova ordem social na qual busca-se competências

profissionais que visem formação permanente e constante postura investigativa.

Torna-se pertinente o conhecimento pleno do projeto ético-político por parte dos

profissionais, para que possam pautar suas ações interventivas de forma concreta

nos espaços sócio-ocupacionais.

Nesse sentido conclui-se, que conhecer o projeto Ético-Político é dever de

cada profissional, tendo em vista que o projeto é homogêneo, ou seja, aceito dentro

da profissão, portanto deve nortear atendimentos, planos de trabalho, projetos e

Page 40: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

40

demais intervenções comprometidas com questões éticas que garantam a qualidade

dos atendimentos.

O Projeto Ético-Político do Serviço Social em conjunto com as outras

dimensões ético-políticas da profissão, como a Lei de Regulamentação e o Código

de Ética Profissional, materializam e legalizam a prática dos Assistentes Sociais em

todas as áreas de atuação.

3.3 O Código de Ética Profissional

As idéias, a moral e as práticas de uma sociedade se modificam no

desenrolar do processo histórico. De acordo com as configurações em que esta se

articula para produzir, seu governo, suas instituições e sua moral.

O Brasil no atual momento histórico impõe transformações profundas em

todos os processos da produção e reprodução do ser social. Nas lutas

encaminhadas por organizações nesse processo de mudança, um novo projeto de

sociedade se descortina, se constrói e se difunde uma nova ideia.

Inserido neste processo, o Assistente Social passa a repensar uma nova

ética que espelhe uma vontade coletiva, superando a perspectiva ahistórica e

acrítica, onde os valores são tidos como universais e acima dos interesses de

classe.

A nova ética é resultado da inclusão da categoria nas lutas da classe

trabalhadora e, portanto, de uma nova visão da sociedade brasileira. Assim, a

categoria através de suas mobilizações fazem uma opção por uma prática

profissional interligada aos interesses desta classe.

O Código de Ética Profissional do Serviço Social é resultado de um amplo

processo de trabalho conjunto, desencadeado a partir de 1983. Seu conteúdo

expressa princípios e diretrizes norteadores da prática profissional determinados

socialmente, e traz o carimbo da conjuntura atual da sociedade brasileira. Constitui-

Page 41: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

41

se um norte para o profissional se posicionar diante da realidade, efetivando a

prática no sentido de dar garantia à nova proposta.

Os princípios e diretrizes norteadores da prática profissional estão expressos

neste código sob a forma e direitos, deveres e proibições, agrupadas em títulos e

capítulos. Com caráter introdutório, serão destacados aqueles que dão indicações

de uma nova ética, tendo como referência o encaminhamento da prática profissional

articulada às lutas da classe trabalhadora.

Agora tome nota de alguns dispositivos do Código de Ética Profissional do

Serviço Social que norteiam a conduta e a atuação dos assistentes sociais.

Sobre os Direiros e deveres:

Art.2º Constituem-se direitos do Assistente Social:

a) Garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas estabelecidas na Lei de

Regulamentação da Profissão;

b) Livre exercício das atividades inerentes à profissão;

c) Livre acesso aos usuários de seus serviços;

d) Participação na elaboração das Políticas Sociais e na formulação de

programas sociais;

e) Inviolabilidade do domicílio, do local de trabalho e respectivos arquivos e

documentação;

Art.3º Constituem deveres do Assistente Social:

Page 42: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

42

a) Desempenhar suas atividades profissionais, com observância da legislação

em vigor;

b) Devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos sujeitos

sociais envolvidos, no sentido de que estes possam usá-los para o

fortalecimento dos interesses da classe trabalhadora;

c) Democratizar as informações disponíveis no espaço institucional, como um

dos mecanismos indispensáveis à participação social dos usuários;

d) Aprimorar de forma contínua os seus conhecimentos, colocando-os a serviço

do fortalecimento dos interesses da classe trabalhadora;

e) Denunciar, no exercício da profissão, às organizações da categoria, às

autoridades e aos órgãos competentes, qualquer forma de agressão à

integridade física, social e mental, bem como abuso de autoridade individual

e institucional;

f) Utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício da profissão.

Sobre o sigilo profissional:

Art.4º - O Assistente Social deve observar o sigilo profissional, sobre todas as

informações confiadas e/ou colhidas no exercício profissional.

§ 1º- A quebra do sigilo só é admissível, quando se tratar de situação cuja gravidade

possa trazer prejuízo aos interesses da classe trabalhadora.

§ 2º - A revelação será feita dentro do estritamente necessário, quer em relação ao

assunto revelado, quer ao grau e número de pessoas que dele devam tomar

conhecimento.

Art. 27º - É dever de todo Assistente Social cumprir e fazer cumprir este Código.

Art. 28º - O Assistente Social deve denunciar ao Conselho Regional de Assistentes

Sociais, através de comunicação fundamentada, qualquer forma de exercício

Page 43: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

43

irregular da profissão, infrações a princípios e diretrizes deste Código e da legislação

profissional.

Art. 29º - Cabe aos Assistentes Sociais docentes e supervisores informar, esclarecer

e orientar os estudantes, quanto aos princípios e normas contidas neste Código.

Sobre as penalidades:

Art. 30º - As infrações a este Código de Ética Profissional acarretarão penalidades,

desde a advertência à cassação do exercício profissional, na forma dos dispositivos

legais e/ou regimentais.

Art. 31º - Constituem infrações disciplinares:

a) Transgredir preceito do Código de Ética;

b) Exercer a profissão quando impedido, ou facilitar o seu exercício por quem

não esteja devidamente habilitado;

c) Participar de sociedade que tendo como objeto o Serviço Social, não esteja

regularmente inscrito no Conselho;

d) Não pagar regularmente as anuidades.

Art. 32º - São medidas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais;

a) Multa;

b) Advertência em aviso reservado;

c) Advertência pública;

d) Suspensão do exercício profissional;

e) Eliminação dos quadros.

Page 44: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

44

Praticando

1- Com base no projeto ético-político do serviço social, na Lei de Regulamentação

da Profissão (Lei n.º 8.662/1993) e no Código de Ética do(a) Assistente Social

(1993), julgue os itens a seguir:

O processo de construção do projeto ético-político do serviço social é contínuo e

edificado sobre os pilares de realidades contraditórias.

a) Certo

b) Errado

2 - Para Joaquina Barata e Marcelo Braz (2009), não há dúvidas de que o projeto

ético-político do serviço social brasileiro está vinculado a um projeto de

transformação da sociedade. Os autores identificam como um dos elementos

constitutivos desse projeto ético-político o que consta em qual alternativa?

a) A produção do conhecimento no interior do Serviço Social.

b) As instâncias político-organizativas da profissão.

c) A explicitação de princípios e valores ético-políticos.

d) A dimensão jurídico-política da profissão.

3 - Com base no Código de Ética do Assistente Social, julgue os itens subsecutivos.

Qualquer indivíduo que, em decorrência da atuação profissional do assistente social,

se sentir lesado em seus direitos poderá denunciar as infrações ao órgão

competente.

a) Certo

b) Errado

Page 45: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

45

Nota de aula 4 - O Serviço Social na contemporaneidade

4.1 O papel do assistente social

O assistente social é um profissional liberal de nível superior devidamente

habilitado com graduação em Serviço Social, podendo ser realizada em qualquer

universidade pública ou particular que seja reconhecida pelo Ministério da Educação

(MEC) e para o pleno gozo do exercício, o profissional deve possuir registro ativo no

Conselho Regional de Serviço Social no estado em que trabalha.

A prática profissional dos assistentes sociais é orientada pelos princípios e

direitos firmados no Código de Ética Profissional, na Lei de Regulamentação e nas

elegislações complementares da Constituição de 1988, referente às políticas sociais

e aos direitos da população (CFESS, 2018). Vejamos agora, as perguntas mais

frequentes sobre o Serviço Social e o trabalho dos Assistentes Sociais.

O que faz o (a) Assistente Social?

(Fonte: própria, 2018).

Page 46: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

46

Os (as) assistentes sociais também executam as seguintes funções:

Analisam, elaboram, coordenam e executam planos, programas e projetos para

viabilizar os direitos da população e seu acesso às políticas sociais, como a saúde, a

educação, a previdência social, a habitação, a assistência social e a cultura.

Verificam as condições de vida da população e orientam as pessoas ou grupos sobre

como ter informações, acessar direitos e serviços para atender às suas necessidades

sociais.

Elaboram laudos, pareceres, estudos sociais e realizam avaliações, analisando

documentos e estudos técnicos e coletando dados e pesquisas.

Trabalham com o planejamento, organização e administração dos programas e

benefícios sociais fornecidos pelo governo, bem como na assessoria de órgãos

públicos, privados, organizações não governamentais (ONG) e movimentos sociais.

Podem tarabalhar ainda, como docentes nas faculdades e universidades que

oferecem o curso de Serviço Social.

(Dados: CFESS/ Fonte: própria, 2018).

Você sabe qual a diferença entre Serviço Social, Assistente Social,

Assistência Social e Assistencialismo?

(Fonte: Cartilha do CRESS/AM, 2005).

Page 47: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

47

A assistência social e o assistencialismo são dois conceitos que ainda são

sinônimos de muita confusão quanto aos seus significados. A diferença entre

assistência social e assistencialismo são distintas, por isso, se faz necessário

compreender cada uma delas.

Ao contrário do que o senso comum divulga, o conceito de assistência social

não se vincula a ideia de ajuda ou benesse. A assistência social constitui-se, como

uma política de proteção social, sendo um dos pilares da seguridade social,

juntamente com a previdência e a saúde.

Em 1993, a assistência social foi regulamentada em lei e a partir de então,

ficou instituído que todos possuem direito ao benefício. Portanto, a assistência social

é uma política pública de atenção e defesa dos direitos sociais e coletivos da

população.

A assistência social extrapola o sentido do assistencialismo que, por sua

vez, atende alguém com a prática da doação de algo por meio de voluntariado. Em

contrapartida, a assistencia social atua de forma integrada às políticas setoriais,

visando o enfretamento das contingências sociais e a garantia de um padrão social

mínimo dos sujeitos, intervindo através de planejamento, coordenação e formulação

de programas e políticas sociais.

Neste momento, iremos tomar nota sobre as competências e atribuições

privativas dos assistentes sociais conforme os artigos 4º e 5º da Lei 8.662/1993:

Art. 4º Constituem competências do assistente social:

I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos

da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações

populares;

II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que

sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;

Page 48: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

48

III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos,

grupos e à população;

IV - (Vetado);

V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido

de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de

seus direitos;

VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;

VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a

análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;

VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública

direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias

relacionadas no inciso II deste artigo;

IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria

relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos

e sociais da coletividade;

X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de

Unidade de Serviço Social;

XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de

benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e

indireta, empresas privadas e outras entidades.

Art. 5º Constituem atribuições privativas do assistente social:

I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas,

planos, programas e projetos na área de Serviço Social;

II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de

Serviço Social;

III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e

indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social;

Page 49: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

49

IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e

pareceres sobre a matéria de Serviço Social;

V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação

como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e

adquiridos em curso de formação regular;

VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço

Social;

VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de

graduação e pós-graduação;

VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de

pesquisa em Serviço Social;

IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões

julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou

onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social;

X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados

sobre assuntos de Serviço Social;

XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e

Regionais;

XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou

privadas;

XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira

em órgãos e entidades representativas da categoria profissional.

Page 50: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

50

4.2 Espaços de atuação profissional

OS assistentes sociais são profissionais liberais, e como qualquer outro, são

trabalhadores assalariados, com jornada de trabalho predominante de 40 horas

semanais. Possui uma ampla diversidade de campos de atuação no mercado de

trabalho, em virtude de sempre surgir novas demandas que movimentam a práxis

dos profissionais.

Os profissionais de Serviço Social lidam diretamente no campo das políticas

sociais e públicas com o objetivo de viabilizar os direitos da população. Dentre os

espaços socio-ocupacionais de atuação profissionais incluem-se os setores:

➢ Públicos;

➢ Privados;

➢ Empresas;

➢ ONG’s (Organizações Não-Governamentais);

➢ Saúde;

➢ Habitação;

➢ Sistema judiciário e prisional;

➢ Previdência Social

➢ Assistência Social

➢ Movimentos Sociais

De acordo com uma pesquisa promovida pelo Conselho Federal de Serviço

Social (CFESS) com base no ano de 2004, verificou-se que cerca 78,16% dos

Page 51: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

51

profissionais atuam em instituições públicas de natureza estatal, onde desse total,

40,97% atuam nos âmbito municipal, 24% no estadual e 13,19 % no federal.

O segundo maior empregador dos assistentes sociais são as empresas

privadas abrangendo cerca de 13,19% seguido do Terceiro Setor (ONG’s,

Associações, Cooperativas) com 6,81%.

(Fonte: própria, 2018).

4.3 Desafios profissionais na contemporaneidade

Como vimos no decorrer desta unidade, os assistentes sociais são

profissionais que estão conquistando seu espaço no mercado de trabalho, sendo

requisitado para atuar em diversos setores tanto públicos (maior empregador,

principalmente na área da assistência social), quanto as empresas privadas.

Page 52: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

52

O mercado de trabalho na contemporaneidade traz uma gama de demandas

e desafios para os profissionais de Serviço Social que está diante das novas

configurações do mundo do trabalho e da sociedade, frutos da consolidação do

capitalismo selvagem.

Considerando os desafios da sociedade contemporânea, o assistente social

deve ser um profissional articulado para intervir a essas novas demandas em deixar

de realizar a leitura crítica da realidade, devendo articular sua competência

profissional a três dimensões: ético-política, teórico-metodológica e técnico-

operativa.

Competência ético-política: o Assistente Social não deve ser um profissional

“neutro”. É fundamental que tenha posicionamento político frente a realidade social

apresentada, sendo capaz de articular sua intervenção aos interesses dos setores

majoritários da sociedade.

Competência teórico-metodológica: deve ser qualificado para conhecer a

realidade social, política, econômica e cultural com a qual trabalha. Para isso, faz-se

necessário um intenso rigor teórico e metodológico, que lhe permita enxergar a

dinâmica da sociedade para além dos fenômenos aparentes.

Competência técnico-operativa: deve conhecer e se apropriar de um aparato

de habilidades técnicas a fim de desempenhar as ações profissionais junto à

população usuária e às instituições contratantes que possa intervir nas demandas

colocadas tanto pelos empregadores, quanto pelos objetivos estabelecidos pelos

profissionais e pela dinâmica da realidade social.

As três competências supracitadas não podem ser realizadas de forma

separada, pois deve haver a articulação entre teoria e prática, investigação e

intervenção, pesquisa e ação, ciência e técnica, colocando assim, como o principal

desafio para os assistentes sociais na contemporaneidade.

Page 53: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

53

Praticando

1 - Em relação a espaços sócio-ocupacionais, observa-se uma gama variada de

inserção dos (as) assistentes sociais. Algumas áreas da política social são

destaque em termos de demanda por recrutamento desses profissionais.

Assinale a alternativa que identifica os dois principais campos de atuação que

empregam o (a) assistente social.

a) Previdência social e serviço social.

b) Saúde e assistência social.

c) Saúde e previdência social.

d) Assistência social e educação.

e) Habitação e previdência social.

2- Conforme a Lei de Regulamentação da Profissão em seu artigo 5º, inciso VI,

institui-se como atribuição privativa do assistente Social:

a) Treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social

b) Planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais.

c) Encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à

população.

d) Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam

do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;

e) Aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum máximo de deliberação do

conjunto CFESS/CRESS.

Page 54: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

54

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

A BIBLIOGRAFIA ABAIXO VOCÊ ENCONTRA NA BIBLIOTECA VIRTUAL

ALVES, Márcia Oliveira. Desafios históricos do Serviço Social. Curitiba:

InterSaberes, 2016.

BARBOSA, Daniela A. de Lima. Introdução ao Serviço Social. São Paulo: Pearson

Education do Brasil, 2014.

MEIRELLES, Giselle Ávila Leal de. Serviço Social e “questão social”: das origens

à contemporaneidade [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2018.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e

formação profissional. 15ª Ed. São Paulo, Cortez, 2008.

NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: Uma análise do Serviço Social no

Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 2001.

SILVA, Maria Ozanira da. O Serviço Social e o Popular: Resgate teórico-

metodológico do projeto profissional de ruptura. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002.

TEIXEIRA, Joaquina Barata; BRAZ, Marcelo. O Projeto Ético-Político do Serviço

Social. CFESS, ABEPSS. Serviço Social: direitos sociais e competências

profissionais. CEAD/UnB. Brasília. 2009.

MATERIAL DIGITAL

Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS).

Disponível em: < http://www.abepss.org.br>. Acesso em: 06 de ago. 2018.

BRASIL. Lei nº 8.662, de 07 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de

Assistente Social e dá outras providências. Disponível em: <http://

www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_lei_8662.pdf>. Acesso em: 04 de ago. 2018.

Page 55: CURSO: INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL

55

Código de Ética do Assistente Social. Disponível em:

<http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf>. Acesso em: 05 de ago.

2018.

Conselho Federal do Serviço Social (CFESS). Disponível em:

<http://www.cfess.org.br>.Acesso em: 05 de ago. 2018.

Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO). Disponível

em: <https://enessooficial.wordpress.com> .Acesso em: 05 de ago. 2018.