C.W. LEADBEATER - Auxiliares Invisíveis

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    CAPTULO XIII ...................................................... 41

    OUTROS RAMOS DE TRABALHO............................................. 41

    CAPTULO XIV ....................................................... 43

    AS QUALIFICAES PRECISAS............................................ 43

    CAPTULO XV ........................................................ 47

    O CAMINHO DA PROVAO................................................ 47

    CAPTULO XVI ....................................................... 51

    O CAMINHO PROPRIAMENTE DITO.......................................... 51

    CAPTULO XVII ...................................................... 56

    O QUE EST PARA ALM................................................. 56

    CAPTULO I ............................................................. 3 A CRENA UNIVERSAL NELES........................................... 3

    CAPTULO II ............................................................ 5

    A LGUNS CASOS MODERNOS.............................................. 5

    CAPTULO III ........................................................ 9

    U MA EXPERINCIA PESSOAL.............................................. 9

    CAPTULO IV ........................................................ 12

    OS AUXILIARES...................................................... 12

    CAPTULO V ......................................................... 16

    A REALIDADE DA VIDA SUPERFSICA.................................... 16 CAPTULO VI ........................................................ 18

    UMA INTERVENO A TEMPO.............................................. 18

    CAPTULO VII ........................................................ 20

    A HISTRIA DO "ANJO"............................................. 20

    CAPTULO VIII ...................................................... 23

    HISTRIA DE UM INCNDIO............................................. 23

    CAPTULO IX ........................................................... 26

    MATERIALIZAO E REPERCUSSO......................................... 26

    CAPTULO X ......................................................... 29

    OS DOIS IRMOS....................................................... 29

    CAPTULO XI ........................................................ 33

    NAUFRGIOS E CATSTROFES............................................. 33

    CAPTULO XII ....................................................... 36

    TRABALHO ENTRE OS MORTOS............................................. 36

    AUXILIARES INVISVEISC.W.Leadbeater

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    http://livroespirita.4shared.com

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    CAPTULO I

    A CRENA UNIVERSAL NELES

    Um dos mais belos caractersticos da Teosofia que devolve s pessoasnuma forma mais racional tudo quanto para elas existia de til e depreciso nas religies para alm das quais o seu esprito havia evoludo.Muitos que quebraram a crislida da f cega, e subiram, nas asas da razoe da intuio, vida mental mais livre e mais nobre de nveis maiselevados, sentem, contudo, que, durante a evoluo que lhes trouxe esseganho glorioso, alguma coisa perderam que, ao abandonar as crenas dasua infncia, abandonaram tambm grande parte da beleza e da poesia davida.

    Se, porm, as suas vidas no passado foram suficientemente boas para quelhes possa vir a oportunidade de entrarem sob a influncia benigna daTeosofia, breve descobrem que, mesmo nesse aspecto, no houve perda,antes um lucro excessivamente grande que a glria, a beleza e a poesiaali esto numa proporo muito maior do que antes haviam esperado, e no

    j como um sonho agradvel do qual a fria luz do senso comum em qualquerocasio os podia despertar, mas como verdades naturais suscetveis de serinvestigadas que apenas se tornam mais brilhantes,mais plenas e maisperfeitas, medida que mais so compreendidas.

    Um exemplo notvel desta ao benfica da Teosofia o modo como o mundoinvisvel (o qual, antes de nos ter submergido a grande onda domaterialismo, soa ser considerado como a fonte de todo auxlio real) temsido por ela restitudo vida moderna. Todo o encantador folclore doelfo da fada e do gnomo, dos espritos do ar e da gua, da floresta, damontanha e da mina, mostra ela que no uma simples superstioinfundada, mas uma coisa com base em fatos reais e cientficos. A suaresposta grande pergunta fundamental: "Se um homem morre, tornar aviver?" igualmente ntida e cientfica, e os seus ensinamentos sobre anatureza e as condies da vida depois da morte derramam jorros de luzsobre muito que, pelo menos para o mundo ocidental, estava ali imerso emtrevas impenetrveis.

    No ser demais repetir que, no que respeita aos ensinamentos relativos imortalidade da alma e vida depois da morte, a Teosofia est numaposio inteiramente diferente da religio vulgar. Ela no afirma estasgrandes verdades baseando-se apenas na autoridade de qualquer livrosagrado da antiguidade; ao tratar esses assuntos, ela no tem que ver comopinies religiosas, ou especulaes metafsicas, mas com fatos slidos edefinidos, to reais e prximos de ns como o ar que respiramos ou ascasas onde vivemos fatos entre os quais est o trabalho quotidiano dealguns dos nossos estudiosos, como adiante se ver.

    Entre as belas concepes que a Teosofia nos restituiu, destaca-seproeminentemente a dos grandes agentes auxiliares da natureza. A crenanestes tem sido universal desde as primeiras eras histricas e mesmo hoje universal fora dos estreitos domnios do protestantismo, que esvaziou eentenebreceu o mundo para os seus crentes pela sua tentativa de eliminara idia perfeitamente natural e verdadeira dos agentes intermdios,reduzindo tudo aos dois fatores Homem e Deus concepo de que resultouficar degradada a idia de Deus e o homem sem auxlio.

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    Um momento de reflexo mostrar que o conceito vulgar da Providncia aidia de uma interveno errtica do poder central do universo noresultado dos seus prprios decretos implicaria a introduo daparcialidade no esquema desse universo, e, por conseguinte, de toda asrie de males que da resultaria. A doutrina teosfica de que umindivduo s pode ser assim especialmente auxiliado quando as suas aespassadas tm sido tais que mereceram esse auxlio, e que, mesmo ento, oauxlio ser dado atravs daqueles que esto relativamente perto do seuprprio nvel, escapa a esta sria objeo; e restitui-nos, alm disso amais antiga e muito mais grandiosa concepo de uma srie contnua eascendente de seres vivos, vindo desde o prprio Logos at ao p sob osnossos ps.

    No Oriente a existncia dos auxiliares invisveis sempre foi reconhecida,ainda que os nomes que lhes tm sido dados e os caractersticos, que lhestm atribudo, variam, como natural, em diversos pases; e mesmo aquina Europa temos as velhas histrias gregas da interveno constante dosdeuses nas coisas da vida humana, e a lenda romana de que Castor e Pluxcomandaram as legies da repblica infante na batalha do Lago Regilo. Nempereceu esta concepo quando o perodo clssico se extinguiu, porque

    estas histrias tm a sua descendncia legtima nos contos medievais desantos que apareciam nos momentos crticos fazendo a sorte da guerravirar-se para o lado das hostes crists, ou de anjos da guarda que svezes apareciam a livrar o viandante crente de que, se no fossem eles,teria sido a morte certa.

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    CAPTULO II

    ALGUNS CASOS MODERNOS

    Mesmo neste tempo incrdulo e em pleno rodopiar da nossa civilizaomoderna, apesar do dogmatismo da nossa cincia e da frieza mortal donosso protestantismo, possvel encontrar casos de interveno,inexplicveis do ponto de vista materialista, e acessveis a qualquerindivduo que queira dar-se ao trabalho de os procurar. Para demonstrarao leitor esta assero, resumirei rapidamente alguns dos casos citadosem uma ou outra das colees recentes dessas histrias, juntando-lhes umou outro caso de que eu tenha tido conhecimento.

    Uma feio notabilssima destes casos mais recentes que a intervenoparece ter-se quase sempre dado para auxlio ou salvao de crianas.

    Um caso muito interessante, ocorrido em Londres h poucos anos, dizrespeito salvao da vida de uma criana no meio de um incndioformidvel, que rebentou numa rua perto de Holborn e destruiu duas casas.

    As chamas tinham tomado tal impetuosidade antes que fossem descobertas,que os bombeiros no puderam pensar em salvar os prdios, mas conseguiramtirar de l todos os moradores exceto dois uma velha, que morreusufocada pelo fumo antes que a pudessem auxiliar, e uma criana de cincoanos de idade, cuja presena no prdio fora esquecida por causa da pressae do pnico do momento.

    A me da criana era, ao que parece, amiga ou parenta da locatria, etinha deixado a criana a seu cargo naquela noite, por ter de viajar atColchester para qualquer assunto urgente. No foi seno quando estavamtodos salvos e o prdio todo envolvido em chamas, que a inquilina selembrou com uma sbita angstia da criancinha que lhe tinha sidoconfiada. Parecia ento impossvel tentar chegar at gua--furtada ondea criana tinha ficado dormindo, mas um dos bombeiros resolveuheroicamente tent-lo, e, depois de ter obtido indicaes minuciosassobre a situao exata do quarto, meteu-se pelo meio do fumo e dalabareda.

    Encontrou o pequenino e trouxe-o para a rua inteiramente inclume; mas,quando se juntou aos seus camaradas, tinha uma histria bem singular paracontar-lhes. Disse ele que, quando chegou ao quarto, o encontrou j pastodas chamas e sem parte do sobrado; mas o fogo tinha feito uma curiosacurva roda do quarto em direo janela, de uma maneira inteiramenteestranha e inexplicvel a que nada na sua experincia correspondia, eisto de modo que o canto onde estava a cama da criana nada sofrera ain-da, conquanto estivessem j quase destrudas as prprias vigas sobre queassentava-se aquele bocado do sobrado onde a cama estava. A criana

    estava, como natural, assustadssima, mas o bombeiro claramente evrias vezes declarou que quando, com grande risco, caminhava para ela,viu uma figura como a de um anjo aqui citam-se as suas palavrasprecisas, uma coisa "toda gloriosamente branca e prateada, debruando-se sobre a cama arranjando a colcha." Dizia o bombeiro que no havia erropossvel, visto que nessa forma se tornou visvel por alguns momentos numaumento das chamas, desaparecendo apenas quando ele j estava a poucadistncia dela.

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    Outro detalhe curioso da mesma histria que a me da criana no pdeessa noite, em Colchester, conciliar o sono, visto que persistentemente aafligia um forte sentimento de que qualquer coisa estava acontecendo aofilhinho, tanto que por fim se viu obrigada a levantar-se da cama e arezar durante algum tempo, pedindo que o pequeno fosse protegido contra operigo que ela sentia que pairava sobre ele, A interveno foi poisaquilo a que um cristo chamaria uma resposta a uma orao: umteosofista, pondo a mesma idia em fraseologia mais cientfica, diria quea emanao intensa de amor que vinha da me constituiu uma fora de queum dos nossos auxiliares invisveis pde servir-se para salvar a crianade uma morte horrorosa.

    Um caso notvel, em que algumas crianas foram anormalmente protegidas,deu-se nas margens do Tamisa, ao p de Madenhead, uns anos antes doexemplo citado. Desta vez o perigo de que elas foram salvas proveio, nodo fogo, mas da gua. Trs pequenitos, que viviam, se bem me recordo, naaldeia de Shottesbrook, ou perto, foram levados a passear pela criadapela estrada de reboque. Ao virarem uma curva, foram de encontro a umcavalo que rebocava uma barcaa, e como, com a confuso, duas dascrianas se colocassem entre o cavalo e a margem foram apanhadas pelo

    cabo de reboque e atiradas para dentro da gua.O barqueiro, que viu o desastre, adiantou-se para as salvar, e reparouque elas estavam boiando alto na gua, "de modo esquisito", disse eledepois, e aproximando-se lentamente da margem. Foi quando ele e a criadaviram, mas as crianas ambas declararam que "uma criatura muito bela,toda branca e brilhante" esteve ao lado delas na gua, e as amparou eguiou at a margem, E esse relato no deixou de encontrar quem oconfirmasse, porque a filhinha do barqueiro, que surgiu da cmara dabarcaa quando ouviu os gritos da criada, tambm afirmou ter visto umalinda senhora na gua, a arrastar as duas crianas para a margem.

    Sem mais detalhes do que estes, impossvel dizer com certeza a queclasse de auxiliares esse "anjo" pertencia; mas o mais provvel que setrate de um ente humano desenvolvido, funcionando no corpo astral, comoadiante veremos, quando tratarmos do assunto do lado inverso por assimdizer isto , do ponto de vista dos auxiliares e no dos auxiliados.

    Um caso, em que a interveno se pode descortinar um pouco maisdefinidamente, contado pelo conhecido sacerdote, Dr. John Mason Neale.Declara ele que um indivduo, que havia pouco ficara vivo, estava comseus filhos numa visita casa de campo de um amigo. Era um edifcioantiqussimo e complicado, no rs-do-cho do qual havia grandescorredores escuros, onde as crianas brincavam com grande alegria. Mas,dentro em pouco, apareceram na sala com um ar muito grave, e duas delascontaram que, ao irem a correr por um desses corredores' afora, a melhes tinha aparecido, dizendo-lhes para voltarem para trs, e

    desaparecendo em seguida. Investigaes feitas revelaram o fato de que,se as crianas tivessem dado mais uns passos, teriam cado num poo fundoe destapado que estava precisamente no seu caminho, de modo que foi oaparecimento de sua me que as salvou duma morte quase certa.

    Neste caso parece no haver razo para duvidar de que a prpria mecontinuava amorosamente de guarda aos filhos desde o plano astral, e que(como em outros casos tem acontecido) o seu desejo intenso de os advertirdo perigo em que inconscientemente iam incorrendo, lhe deu o poder de selhes tomar visvel e audvel nesse momento ou talvez apenas de lhes dar

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    impresso puramente mental de que a tinham visto e ouvido. possvel, claro, que o auxiliar tivesse sido qualquer outra pessoa, assumiu a formafamiliar da me para que no assustasse as crianas; mas a hiptese maissimples atribuir a interveno ao do prprio amor materno semprevigilante, que a passagem pelas portas da morte no conseguira embaciar.

    Este amor materno, sendo um dos sentimentos humanos mais santos ealtrustas, tambm um dos mais persistentes nos planos superiores. Nos se d o caso de a me que se encontra nos nveis inferiores do planoastral, e por conseguinte ainda em contato com a terra, continuar a terinteresse e cuidado pelos filhos, enquanto os pode ver; mesmo depois deter dado entrada no mundo celestial, esses pequeninos continuam a ser osobjetos mais importantes no seu pensamento e a riqueza de amor que eladerrama sobre as imagens, que ali deles constri, uma grande emisso defora espiritual que cai sobre aqueles seus filhos que ainda estolutando neste mundo inferior, cercando-os de centros vivos de energiabenfica que bem podem ser classificados de anjos da guarda. Um exemplodisto pode ser encontrado no sexto dos nossos Manuais Teosficos, p. 38.

    H no muito tempo a filhinha de um bispo ingls ia passeando com a me

    pela cidade onde viviam, e, ao atravessar a rua, numa correria, foiderrubada pelos cavalos de um coche que virara subitamente a esquina.Vendo-a entre as patas dos cavalos, a me lanou-se para a frenteesperando encontr-la muito ferida, mas a criana levantou-se a sorrir edisse: "Oh! mam, no me aconteceu nada, porque houve uma coisa toda debranco que fez com que os cavalos no me pisassem, e me disse que notivesse medo."

    Um caso que se deu em Buckinghamshire, nas vizinhanas de BurnhamBeeches, notvel por causa do longo tempo, durante o qual parece que semanteve a manifestao fsica do agente salvador. Deve ter-se notado que,nos casos at aqui citados, a interveno foi questo de poucos minutos,ao passo que neste um fenmeno que se produz parece ter durado mais demeia hora.

    Dois pequenitos, filhos de um pequeno lavrador, foram deixados sozinhospara brincar como quisessem, enquanto toda a famlia se ocupava nostrabalhos da colheita. Os pequenitos foram passear, afastaram-se muito decasa, e acabaram por se perder no caminho. Quando, cansados do trabalho,os pais voltaram tarde, deram pela ausncia das crianas, e, depois demandar perguntar a algumas casas prximas, o pai mandou criados etrabalhadores em todas as direes para as procurar.

    Todos os esforos, porm, resultaram inteis, nem houve resposta aosgritos que deram chamando pelas crianas; tinham-se juntado todos outravez em casa, num estado de natural desalento, quando viram uma luzestranha vindo lentamente atravs de uns campos em direo estrada.

    Descrevem-na como sendo uma grande esfera luminosa de uma luz dourada ebrilhante, inteiramente diversa da luz vulgar de qualquer candeeiro oulanterna; quando essa luz se aproximou, viram as duas crianas andando nomeio dela. O pai e alguns outros imediatamente correram em direo luz,que persistiu enquanto eles no chegaram perto; logo, porm, que seagarraram s crianas, a luz desapareceu, deixando-os, a todos, sescuras.

    As crianas contaram que, quando anoiteceu, andaram por uma mata a chorardurante algum tempo, e tinham acabado por se deitar, para dormir, debaixo

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    de uma rvore. Tinham sido acordadas, contavam, por uma senhora muitobela, com um candeeiro, que as tomou pela mo e as comeou levando acaminho de casa; quando elas lhe faziam perguntas, ela lhes sorria, masno respondia nada. Neste estranho relato estavam ambas concordes, nemhouve coisa que lhes pudesse abalar a f no que tinham visto. curioso,porm, que conquanto todos os presentes tivessem visto a luz, e notadoque ela iluminava as rvores e os arbustos por onde passava, exatamentecomo o faria uma luz normal, o vulto da senhora, ao contrrio, apenasfora visvel s crianas.

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    CAPTULO III

    UMA EXPERINCIA PESSOAL

    Todos os casos citados so relativamente bem conhecidos, e podem serlidos em alguns dos volumes que contm colees de tais relatos amaioria deles em Mais Vislumbres do Mundo Invisvel do Dr. Lee; mas osdois casos que vou agora citar nunca foram relatados em publicaonenhuma, e ambos se deram dentro dos ltimos dez anos um passou-secomigo, e o outro com pessoa muito minha amiga, eminente dentro daSociedade Teosfica, e cuja certeza de observao est fora de toda advida.

    A minha prpria histria bastante simples, ainda que no semimportncia para mim, visto que de crer que a interveno salvasse aminha vida. Seguia eu, uma noite tempestuosa e em que choviaininterruptamente, por uma rua sossegada ao p de Westbourn Grove,tentando, com fraco xito, aguentar um guarda-chuva contra a violnciaintermitente de um vento rebelde, que a cada minuto parecia querer

    arrancar-mo das mos, e tentando, ao mesmo tempo em que me via nestasdificuldades, concentrar o pensamento sobre certos detalhes de umtrabalho que ento tinha entre as mos.

    Subitamente to subitamente que me fez um sobressalto uma voz queconheo bem a voz de um professor indiano gritou-me ao ouvido: "Saltapara trs!" e, num gesto de obedincia instintiva, saltei bruscamentepara trs sem ter tempo para pensar no que fazia. Ao fazer isto, o meuguarda-chuva, que se inclinara para diante por causa do movimento brusco,foi-me arrancado da mo e uma enorme chamin de metal caiu no passeio amenos de um metro adiante de mim. O grande peso deste objeto, e atremenda fora com que caiu, do-me a absoluta certeza de que, se nofosse aquela voz avisadora, eu teria sido morto imediatamente; mas a ruaestava deserta, e a voz era a de algum que eu sabia que estava a setemilhas de distncia, pelo que diz respeito ao seu corpo fsico.

    Nem foi esta a nica ocasio em que recebi auxlio desta ordemsobrenatural, porque, quando era ainda novo, e muito tempo antes dafundao da Sociedade Teosfica, o aparecimento de uma pessoa queridarecm-morta, evitou que eu praticasse o que hoje vejo que teria sido umgrave crime, ainda que, luz dos conhecimentos que ento eu tinha, meparecesse um ato de retaliao no s justificvel, mas at louvvel.Depois, muito mais tarde, ainda que tambm antes da fundao destaSociedade, um aviso que recebi de um plano superior em circunstnciasaltamente impressionantes, habilitou-me a evitar que um outro indivduoseguisse um caminho que o teria levado a um fim desastroso, ainda que naocasio nada me levasse a crer na possibilidade de tal desfecho. De modo

    que se ver que tenho alguma experincia pessoal a fortalecer a minhacrena na doutrina dos auxiliares invisveis, mesmo no falando no meuconhecimento do auxlio que est sendo prestado atualmente e a cadamomento.

    O outro caso muito mais impressionante. Uma senhora que pertence nossa Sociedade, e que me d autorizao para publicar o seu relato, masno deseja que se mencione o seu nome, uma vez encontrou-se correndo umgrande perigo fsico. Devido a circunstncias que no importa detalharaqui, ela encontrou--se no meio de um grande motim na rua, e, vendo v-

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    rios homens agredidos cair ao p dela, evidentemente muito maltratados,esperava que de um momento para o outro lhe acontecesse a mesma coisa,visto que lhe parecia impossvel fugir do meio da multido.

    De repente sentiu uma curiosa sensao de ser arrastada, como que numturbilho, para fora de tudo aquilo e encontrou-se absolutamente s einteiramente inclume numa pequena rua transversal, paralela quela emque o motim se tinha dado. Ela continuou a ouvir o rudo do motim e,enquanto estava pasmada sem saber o que lhe tinha acontecido, dois outrs indivduos, que tinham fugido da multido, vieram correndo, dando avolta esquina, e, ao v-la, manifestaram grande pasmo e agrado, dizendoque, quando a tinham visto desaparecer do meio do motim, tinham ficadoconvencidos de que ela tinha sido agredida e tinha cado.

    Na ocasio no apareceu explicao plausvel, e essa senhora voltou paracasa num estado de perplexidade absoluta; mas quando, anos depois,mencionou este estranho caso a Madame Blavatsky, esta disse-lhe que o seucarma sendo tal que ela podia ser salva de uma situao to difcil, umdos mestres tinha especialmente destacado algum para a sua proteo,visto que a sua vida era precisa para a realizao de uma obra.

    Mas, na verdade, o caso foi muito extraordinrio, tanto pelo que dizrespeito grande dose de poder posto em prtica, como pela naturezaanormalmente pblica da sua manifestao. No difcil, porm, concebero modus operandi; ela deve ter sido levantada fisicamente do meio damultido e por cima do quarteiro intermdio de casas, sendo depoissimplesmente posta no cho na rua prxima; mas como o seu corpo fsicono foi visto pairando no ar, tambm evidente que um vu de qualquerespcie (provavelmente de matria etrica) foi lanado sobre esse corpoenquanto durou o trajeto.

    Se se objetar que o que pode ocultar a matria fsica deve ser tambmfsico, e portanto visvel, pode responder-se que, por um processoconhecido de todos os estudiosos do oculto, possvel dobrar os raiosluminosos (os quais ; em todas as condies que a cincia atual conhece,seguem apenas em linhas retas, salvo quando h refrao) de modo que,depois de darem volta a um objeto, voltem exatamente ao seu curso an-terior; e imediatamente se ver que, uma vez que isto se fizesse, esseobjeto ficaria inteiramente invisvel a todos os olhos fsicos at que osraios pudessem retomar o seu caminho normal. Sei perfeitamente que bastaesta minha explicao para que um homem de cincia de nossos diasimediatamente tome as minhas asseres por uma srie de disparates, masno posso evitar isso; apenas exponho uma possibilidade da natureza que acincia de futuro talvez um dia descubra, e para aqueles que no soestudantes do oculto, a minha assero tem que esperar por esse dia paraque fique de todo justificada.

    O processo, como digo, bem compreensvel a qualquer pessoa que saiba umpouco acerca das foras ocultas da natureza; mas o fenmeno continuasendo extremamente dramtico, e o nome da senhora com que se deu, se eupudesse cit-lo seria para todos os meus leitores uma garantia daautenticidade da narrativa.

    Mas estes relatos, dizendo respeito, como dizem, quilo a que vulgarmentese chamaria a interveno anglica, ilustram apenas uma pequena parte dasatividades dos nossos auxiliares invisveis. Antes, porm, que possamosproveitosamente considerar as outras sees do seu trabalho, ser bom que

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    tenhamos bem presentes no nosso esprito as vrias classes de entidadess quais estes auxiliares podem pertencer. Seja essa, portanto, a partedo nosso assunto que tratemos em seguida.

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    CAPTULO IV

    OS AUXILIARES

    Auxlio pode, pois, ser dado por algumas das muitas classes de habitantesdo plano astral. Pode vir dos devas, dos espritos da natureza, oudaqueles a quem chamamos mortos, assim como dos indivduos que agemconscientemente no plano astral durante a vida sobretudo os adeptos eos seus discpulos. Mas, se examinarmos o assunto com um pouco mais decuidado, veremos que, ainda que todas as classes mencionadas possam tomarparte nesta obra e por vezes o faam, tomam-na, porm, de modo todesigual, de umas para outras, que fica quase tudo inteiramente a cargode uma classe.

    O prprio fato de que tanto trabalho desta espcie tem de ser feito querno e a partir do plano astral, contribui j bastante para explicar oassunto. Para qualquer pessoa que tenha mesmo uma vaga idia de quaissejam os poderes ao alcance de um adepto, ficar imediatamente evidenteque o fato dele trabalhar no plano astral seria uma perda de energia

    muito maior do que se os nossos maiores mdicos ou homens de cinciafossem partir pedras para as estradas.

    O trabalho do adepto pertence a regies superiores principalmente aosnveis arupa do plano devacanico ou mundo celestial, onde pode dirigir assuas energias para influenciar a verdadeira individualidade do homem, eno apenas a sua personalidade, que quanto se pode atingir nos mundosastral ou fsico. O esforo que ele faz nesse reino elevadssimo produzresultados maiores, mais vastos e mais duradouros do que quaisquer outrosque possam ser obtidos pelo dispndio de mesmo dez vezes esse esforoaqui neste mundo; e a obra ali de ordem que s ele a pode realizarinteiramente, ao passo que aquela nos planos inferiores pode ser, pelomenos at certo ponto, realizada por aqueles cujos ps esto apenas nosprimeiros degraus daquela escada que um dia os h de levar ao ponto ondeele j est.

    As mesmas observaes se aplicam ao caso dos devas. Pertencendo, comopertencem, a um reino da natureza muito superior ao nosso, o seu trabalhoparece no ter, na sua maior parte, relao alguma com a humanidade; emesmo aqueles das suas fileiras e esses existem que por vezesrespondem s nossas preces superiores ou aos nossos apelos mais elevados,fazem-no sobre o plano mental antes que sobre o fsico ou astral, e commais freqncia nos intervalos entre as nossas encarnaes do que duranteas nossas vidas terrenas.

    Devem alguns lembrar-se de que alguns casos de auxlio dessa naturezaforam observados no decurso das investigaes sobre as subdivises do

    plano devacnico que foram feitas quando se estava preparando o ManualTeosfico acerca desse assunto. Em um caso, encontrou-se um deva aensinar a um cantor a mais extraordinria msica celestial; e em outro,viu-se um deva de outra espcie estar ensinando e guiando um astrnomoque buscava compreender a forma e a estrutura do universo.

    Foram estes apenas dois exemplos, dos muitos que h, em que se viu oreino dos devas auxiliar a evoluo e corresponder s aspiraessuperiores do indivduo depois da morte; e h mtodos pelos quais, mesmodurante a vida na terra, nos podemos acercar dessas grandes figuras e com

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    elas aprender um infinito nmero de coisas, ainda que, mesmo ento, essarelao com eles se obtenha antes subindo at ao nvel delas do quepedindo-lhes que desam at ao nosso.

    Nos acontecimentos banais da nossa vida fsica o deva intervm rarssimasvezes est, de resto, to intensamente ocupado com a obra muito maisimportante a realizar no seu plano, que provavelmente quase que nem temconscincia do nosso; e, ainda que por vezes possa acontecer que ele setorne consciente de qualquer angstia ou dificuldade humana que excita asua compaixo e o leva a auxiliar de qualquer modo, a sua viso, maiorsem dvida, reconhece que, no estgio evolutivo, essas intervenes, namaioria dos casos, produziram muito mais mal do que bem.

    Houve sem dvida um perodo no passado na infncia da raa humana emque ela recebeu muito mais auxlio de fora do que hoje recebe. Nos temposem que todos os seus Budas e Manus e mesmo os seus chefes e professoresmenos elevados eram tirados ou das fileiras da evoluo dos devas, ou dahumanidade aperfeioada de qualquer planeta mais evoludo, qualquerauxlio do gnero daquele a que nos referimos nesse tratado deve tambmter sido prestado por esses seres elevadssimos. Mas, medida que o

    homem progride, torna-se capaz de agir como auxiliar, primeiro no planofsico, e depois nos planos superiores; e chegamos j a um estgio em quea humanidade deve ser capaz de fornecer e com efeito at certo pontofornece auxiliares invisveis para si prpria, deixando assim livres,para que possam executar obra mais elevada e til, aqueles seres que socapazes de a fazer.

    claro, pois, que o auxlio a que aqui nos temos referido, pode muitobem ser prestado por homens e mulheres num estgio especial da suaevoluo; no pelos adeptos, visto que estes so capazes de obra muitomaior e mais vastamente til, e no pela criatura vulgar, semdesenvolvimento espiritual notvel, porque esse para nada serviria. Eexatamente como estas consideraes nos levam a esperar, verificamos queeste trabalho de auxiliar nos planos astral e mental superior est nasmos dos discpulos dos Mestres indivduos que, se bem que aindaestejam longe de atingir o grau de adeptos, tm evoludo o bastante parapoderem funcionar conscientemente nos planos de que se trata.

    Alguns deles deram ainda o passo de contemplar os elos entre aconscincia fsica e a dos nveis superiores, e tm, portanto, aindubitvel vantagem de se lembrarem, na vida de viglia do que fizeram eaprenderam nesses outros mundos; mas h muitos outros que, se bem queainda sejam incapazes de manter ininterrupta a sua conscincia, contudono perdem as horas em que julgam que esto dormindo, pois que as ocupamem trabalho nobre e dedicado em favor dos seus semelhantes.

    O que seja esse trabalho, o que passaremos a considerar, mas antes de

    entrarmos nessa parte do assunto, responderemos primeiro a uma objeoque frequentes vezes surge com respeito a esse trabalho, e afastaremostambm os casos relativamente raros em que os agentes so ou espritos danatureza ou indivduos que abandonaram o corpo fsico.

    Certos indivduos, cuja compreenso das noes teosficas aindaimperfeita, muitas vezes no sabem se lhes ser lcito auxiliar algumque encontram aflito ou em dificuldades, temendo intervir no destino quelhe foi decretado pela absoluta justia da lei eterna do carma. "Oindivduo est nessa conjuntura presente", dizem eles, de fato, "porque o

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    mereceu; est agora realizando o resultado perfeitamente natural dequalquer mal que praticasse no passado; que direito tenho eu de intervirna ao da grande lei csmica, tentando melhorar a sua condio, quer noplano astral, quer no fsico?"

    Ora, a boa gente que tem hesitaes dessas, revela, por inconscientementeque o faa, o mais colossal dos orgulhos, porque a sua hiptese envolveduas pressuposies espantosas: a primeira, que sabem exatamente o quetem sido o carma de um outro indivduo e quanto tempo est decretado quedure o seu sofrimento; e, depois, que eles os insetos de um dia possam absolutamente alterar a lei csmica e evitar a devida operao docarma por qualquer esforo que deles emane. Podemos estar certos que asgrandes divindades crmicas podem perfeitamente realizar a sua obra sem onosso auxlio, e no temos que recear que quaisquer passos que possamosdar possam, de qualquer maneira que seja, causar-lhes a mais pequenadificuldade ou perturbao.

    Se o carma de um indivduo tal que ele no pode ser auxiliado, ento osnossos esforos bem intencionados para o auxiliar falharo por completo,ainda que, com esse esforo, tenhamos conseguido ganhar bom carma para

    ns. Nada temos com o que o carma do indivduo tenha sido; o nosso dever dar-lhe o auxlio que pudermos, e no temos direito seno ao ato; oresultado est em outras mos, em mos superiores. Como podemos ns sabero estado da conta-corrente de um indivduo com o seu destino? Sabemosns, por acaso, se ele no acaba de esgotar o seu mau carma, e se noacaba de chegar precisamente ao ponto em que necessrio que nossa mose estenda para o auxiliar, para o tirar do seu sofrimento e da suaperturbao? Por que que no seremos ns que teremos o prazer e oprivilgio de lhe prestar esse grande servio? Se o podemos, com efeito,auxiliar, isso j mostra que ele mereceu ser auxiliado; mas nunca podemossaber ao certo, antes de o experimentarmos. Mas, seja como for, a lei docarma sustenta-se bem por si, e excusado que nos incomodemos por suacausa.

    So poucos os casos em que a humanidade tem recebido auxlio dosespritos da natureza. A maioria dessas criaturas evita os lugares ondeest o homem, e retira-se da sua presena, pois que no gosta das suasemanaes e do perptuo bulcio e desassossego de que ele sempre secerca. Acresce que so, exceto em algumas das suas ordens superiores, emgeral levianas e inconseqentes mais parecidos com crianas brincandoem condies fsicas extremamente propcias do que com seres graves e comuma noo da responsabilidade. s vezes, porm, acontece que um delessimpatiza com determinado ser humano e lhe presta vrios e bons servios;mas, no estgio presente de sua evoluo pode haver inteira confiananeste reino da natureza pelo que respeita a uma cooperao persistente notrabalho dos auxiliares invisveis. Se o leitor quiser aprofundar esteassunto dos espritos da natureza, consegui-lo- consultando o quinto dos

    nossos Manuais Teosficos.Por vezes, ainda, auxlio prestado pelos recm-mortos aqueles queainda pairam no plano astral e esto ainda em contato prximo com ascoisas deste mundo, como (provavelmente) no caso, acima citado, da meque evitou que os filhos cassem em um poo. Mas no difcilcompreender que o quantum possvel de auxlio desta ordem no pode deixarde ser extremamente restrito. Quanto mais altrusta e dedicada umapessoa tenha sido neste mundo, tanto menos provvel que ela seencontre, depois da morte, pairando em plena conscincia nos nveis

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    inferiores do plano astral, de onde a terra mais prontamenteacessvel. Em qualquer hiptese, a no ser que fosse um indivduoexcepcionalmente mau, pequena seria a sua estadia naquele nvel de onde,apenas, seria possvel qualquer interveno nos assuntos terrestres; e,conquanto desde que o mundo celeste ainda possa derramar uma influnciabenigna sobre aqueles que amou na terra, essa influncia benigna ser, emgeral, antes da natureza de uma emanao benfica de carter geral, doque da de uma fora que produza resultados definidos num caso especfico,como qualquer daqueles a que nos temos referido.

    Depois, muitos dos mortos, que desejam auxiliar algum que deixaram nestemundo, sentem-se inteiramente incapazes de o influenciar de qualquermaneira, visto que, para agir desde um plano sobre uma entidade em umoutro, se exige ou uma grande sensibilidade da parte dessa entidade, ouuma certa dose de conhecimento e de experincia da parte do operador. Porisso, ainda que no sejam raros os casos de aparies pouco depois damorte, difcil encontrar um caso em que essa apario da pessoa recm-morta tenha sido realmente til, ou tenha conseguido realizar sobre oamigo ou parente visitado a impresso desejada. Est claro que h casosdesses bastantes mesmo, se chegarmos a coligi-los; mas so muitos se os

    compararmos com o grande nmero de espectros que tm conseguidomanifestar-se. De modo que pouco o auxlio que os mortos prestam deresto, como em breve se explicar, muito mais vulgar serem eles quemprecise de auxlio, do que realmente quem o possa prestar.

    Atualmente, portanto, a maior parte do trabalho que tem de ser feitonesta direo, fica a cargo daquelas pessoas vivas que so capazes deagir consciente-mente sobre o plano astral.

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    CAPTULO V

    A REALIDADE DA VIDA SUPERFSICA

    Parece difcil queles que esto acostumados apenas s tendncias usuais,e um tanto ou quanto materialistas, do sculo dezenove, acreditar ecompreender perfeitamente uma condio de perfeita conscincia fofa docorpo fsico. Todo o cristo, pelo menos, tem, pelas exigncias da suaprpria crena, que acreditar que possui uma alma; mas, se lheinsinuardes a possibilidade de que essa alma seja uma coisa suficiente-mente real para que possa tornar-se visvel, em certas tas condies, semter que ver com o corpo, quer durante a vida ou depois da morte, quasecerto que ele vos responder, desdenhosamente, que no acredita emespectros e que uma idia dessas no passa de uma sobrevivnciaanacrnica de uma extinta superstio medieval.

    Se, portanto, quisermos compreender a obra do grupo de auxiliaresinvisveis, e mesmo aprender como tomar parte nela, temos que noslibertar das peias do pensamento contemporneo sobre esses assuntos e

    tentar abranger a grande verdade (para muitos de ns j um fatodemonstrado) de que o corpo fsico no passa, na realidade, de uminstrumento ou veste do verdadeiro homem. abandonado de vez, quandomorremos, mas tambm abandonado temporariamente quando adormecemos oadormecer no consiste seno no fato do homem real sair, no seuinstrumento astral, para fora do seu corpo fsico.

    Torno a repetir: no se trata de uma mera hiptese ou conjeturaengenhosa. H entre ns muitos que so capazes de praticar (e todos osdias de fato praticam) esse ato elementar de magia com plena conscincia que passam de um plano para outro pela ao da vontade; e, isso uma vezcompreendido, bem claro ser que grotescamente absurda lhes deve parecera vulgar confirmao impensada de que tal fato de todo impossvel. como se se dissesse a um indivduo que ele no pode adormecer e que, sealguma vez o julgou ter feito, estava sendo vtima de uma alucinao.

    Ora, o indivduo que ainda no desenvolveu o elo entre a conscinciafsica e a astral, incapaz de abandonar quando quiser o seu corpo maisdenso, e de se recordar da maioria das coisas que lhe acontecem quandofora dele; mas continua sendo coisa certa que ele o abandona sempre queadormece, e que qualquer clarividente instrudo o poder ver pairandoacima dele ou vagueando a uma distncia maior ou menor, conforme ascircunstncias.

    O indivduo inteiramente sem desenvolvimento paira em geral a poucadistncia acima do seu corpo fsico, quase to adormecido como ele, e emestado relativamente amorfo e incoerente, e no podendo ser levado para

    uma pequena distncia que seja desse corpo fsico, sem que se lhe causeum desconforto grave que daria, alis, o resultado de o acordar. medida, porm, que o indivduo se desenvolve, o seu corpo astral torna-semais definido e consciente, e assim se torna um instrumento mais apto afuncionar. No caso da maioria das pessoas inteligentes e cultas, o graude conscincia j bastante elevado, e um indivduo j comdesenvolvimento espiritual est to em si nesse instrumento como no seucorpo mais denso.

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    Mas, ainda que possa ter plena conscincia no plano astral durante o sonoe ali deslocar-se livremente quando assim o queira, no se segue queesteja j em condies de fazer parte do grupo de auxiliares. A maioriada gente neste estgio est to preocupada com os seus pensamentos emgeral uma continuao das suas preocupaes de viglia que como umindivduo em devaneio, absorto ao ponto de no dar pelo que se passa emseu redor. E por muitas razes bom que assim seja, porque h muitascoisas no plano astral que bem podem assustar e desvairar qualquerindivduo que no tenha a coragem, filha do perfeito conhecimento danatureza real, daquilo que ali poder ver.

    As vezes um indivduo pouco a pouco se arranca a esta condio acorda,por assim dizer, para o mundo astral que o cerca mas o mais vulgar ele permanecer nesse estado at que o acorde algum que j ali vivaativamente e o tome a seu cargo. No esta, porm, responsabilidade quepossa ser assumida de nimo leve, pois, conquanto seja relativamentefcil assim acordar um indivduo no plano astral, quase impossvel,exceto pelo exerccio, alis muito pouco recomendvel, de influnciamesmrica, faz-lo adormecer outra vez. De modo que, um dos membros dogrupo de auxiliares invisveis que assim acorde um indivduo adormecido,

    deve primeiro adquirir a plena certeza de que esse indivduo dar bomemprego aos poderes adicionais de que se achar investido, e tambm de queos seus conhecimentos e a sua coragem so bastantes para que sejarazoavelmente certo de que nenhum mal lhe advir de assim ser despertado.

    Um acordar destes coloca um indivduo em condies de fazer parte, sequiser, do grupo daqueles que auxiliam a humanidade. Convm, porm, noesquecer que esse poder nem necessariamente, nem mesmo geralmente,envolve a capacidade de se recordar em viglia de qualquer coisa queastralmente se faa. Essa capacidade, tem o indivduo que a adquirir porsi prprio, e na maioria dos casos no aparece seno anos depois talvezapenas em uma outra vida. Mas, felizmente, esta falta de memria corpreade modo algum impede o trabalho fora do corpo, de modo que, exceto pelasatisfao que um indivduo tem em saber em viglia qual a obra queesteve realizando durante o sono, no coisa de importncia. O querealmente importa que essa obra se faa, no que nos lembremos de quema fez.

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    CAPTULO VI

    UMA INTERVENO A TEMPO

    Apesar da grande variedade que h nos trabalhos a realizar no planoastral, todos eles se realizam para um fim o auxlio, por pequeno queseja, aos processos evolutivos. Por vezes relaciona-se com odesenvolvimento dos reinos inferiores, que possvel acelerarligeiramente em certas condies. Todos os nossos dirigentes adeptosreconhecem nitidamente que temos um dever para com esses reinosinferiores, tanto dementais como animais ou vegetais, visto que apenaspelo contato com o homem, ou o uso por ele, que o progresso dele serealiza.

    Mas como natural, a parte maior e mais importante do trabalhorelaciona-se, de um modo ou de outro, com a humanidade. Os serviosprestados so de muitas e variadas espcies, mas dizem sobretudo respeitoao desenvolvimento espiritual do homem, visto que so relativamente rarasas intervenes fsicas do gnero das que se relataram nas anteriores

    pginas ds-te volume. Essas intervenes, porm, do-se s vezes, e,ainda que seja meu propsito antes acentuar a possibilidade de darauxlio moral e mental aos nossos semelhantes, ser talvez convenientecitar um ou dois casos em que amigos pessoais meus prestaram auxlio

    37 fsico queles que dele muito precisavam, e isto para que se veja comoestes exemplos, extrados da experincia dos auxiliares, esto de acordocom os relatos dados por aqueles que receberam o auxlio sobrenatural tais relatos, quero dizer, como os que se encontram na literatura daschamadas "ocorrncias sobrenaturais."

    No decurso da pequena revolta na Metabeland, uma pessoa pertencente nossa sociedade foi mandada numa misso de auxlio, que poder servir deexemplo de como por vezes se tem prestado auxlio neste plano inferior.Parece que uma noite um certo lavrador e a famlia estavam dormindotranqilamente julgando-se inteiramente seguros, e ignorando que a umadistncia de poucas milhas estavam emboscadas algumas hordas de selvagenselaborando planos horrendos de assassnios e rapina. A misso da nossaauxiliar era de tentar, de uma maneira ou de outra, dar famliaadormecida uma noo do terrvel perigo que to inesperadamente aameaava, e esta tarefa no foi muito fcil.

    Uma tentativa de incutir a idia de perigo iminente no crebro dolavrador falhou por completo, e, como a urgncia do caso parecia exigiruma interveno decisiva, a nossa amiga decidiu materializar-se obastante para sacudir pelo ombro a mulher do lavrador e lev-la a acordare a olhar em redor. Logo que viu que conseguira o seu fim, desapareceu, e

    a mulher do lavrador ainda hoje no conseguiu saber qual foi o vizinhoque a acordou assim oportunamente, salvando as vidas de toda a famlia, aqual, se no fosse essa misteriosa interveno, teria sidoinevitavelmente massacrada na cama meia hora depois; nem conseguiu essasenhora ainda compreender como que esse amigo desconhecido conseguiuentrar em casa, quando estavam fechadas e trancadas todas as portas ejanelas.

    Acordada assim abruptamente, a mulher do lavrador esteve quase a crer queaquilo no passasse de um sonho; mas sempre se levantou e deu uma vista

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    de olhos casa para ver se tudo estava bem. Bom foi que o fizesse, pois,ainda que nada encontrasse de anormal portas a dentro, mal abriu uma dasportas da janela viu o claro de uma conflagrao distante. Imediatamenteacordou o marido e o resto da famlia, e todos, devido a essa intervenoa tempo, puderam fugir para um esconderijo prximo, isto minutos antes dechegarem os pretos, que destruram a casa e varreram os campos, mas noconseguiram dar com as presas humanas que buscavam. So fceis deimaginar as sensaes da auxiliadora quando, pouco tempo depois, leu nosjornais uma notcia da salvao providencial desta famlia.

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    CAPTULO VII

    A HISTRIA DO "ANJO"

    Um outro caso de interveno no plano fsico, que se deu h pouco tempo,constitui um plano delicioso, mas desta vez trata-se da salvao apenasde uma vida. Necessita porm, de algumas preliminares palavrasexplicativas. Entre o nosso grupo de auxiliares aqui na Europa h doisque foram irmos no Egito antigo, h muito tempo, e que ainda so muitoafeioados um ao outro. Na sua atual encarnao h uma grande diferenade idade entre eles, pois que um vai j a caminho da meia-idade e o outrono passa de uma criana no seu corpo fsico, se bem que seja um Ego debastante desenvolvimento e que muito promete, Como de supor, ao maisvelho que compete o papel de instruir e orientar o outro no trabalhooculto a que ambos so to dedicados, e como so ambos inteiramenteconscientes e ativos no plano astral, levam a maior parte do tempo, emque os seus corpos fsicos esto adormecidos, trabalhando sob a direodo seu Mestre comum, e prestando a vivos e a mortos o auxlio que socapazes de prestar.

    Citarei o relato do caso especial que desejo contar de uma carta escritapelo mais velho dos dois auxiliares imediatamente a seguir ocorrncia,visto que a descrio que ali feita muito mais vvida e pitoresca doque seria outra qualquer, feita por terceira pessoa.

    "Estvamo-nos dedicando a um trabalho inteiramente diferente, quandoCyril de repente exclamou: "O que isto?", pois que tnhamos ouvido umgrande grito de dor ou de medo. Num momento estvamos no local, e vimosque um rapazito de uns onze ou doze anos tinha cado de um rochedo paracima de outros rochedos mais abaixo, ficando muito maltratado. Tinhapartido uma perna e um brao, coitadinho, mas o pior era um rasgo enormenuma coxa, de onde o sangue estava saindo em borbotes. Cyril exclamou:"Vamos auxili-lo depressa, seno ele morre!"

    "Em conjeturas destas preciso pensar rapidamente. Evidentemente haviaduas coisas a fazer; tinha que se fazer parar o sangue, e tinha que seobter auxlio fsico. Eu tinha pois que materializar ou a mim ou a Cyril,pois precisvamos imediatamente de mos fsicas para fazer um penso, e,alm disso, parecia melhor que o pobre rapazito visse algum ao p de sina sua atrapalhao. Senti logo que, ao passo que ele se sentiria mais vontade com Cyril do que comigo, eu era o mais apto a obter socorros; demodo que era evidente qual devia ser a diviso de trabalho.

    "O plano deu um magnfico resultado. Materializei Cyril imediatamente(ele ainda no sabe faz-lo por si) e disse-lhe para pegar no leno dorapaz, at-lo roda da coxa e apert-lo com um pedao de madeira. "Mas

    no lhe far doer muito?" disse Cyril; mas ps isso em prtica, e osangue parou de correr. O rapazinho ferido parecia estar quase semsentidos, e mal podia falar, mas ergueu os olhos para a pequena figuraluminosa que se debruava sobre ele to ansiosamente e perguntou: "Omenino um anjo?" Cyril sorriu maravilhosamente e respondeu: "No, souapenas um menino, mas vim socorr-lo"; e ento deixei-o ali para animar oferido enquanto corri em procura da me do rapaz, que morava acerca deuma milha de distncia.

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    "Mal pode voc acreditar o trabalho que tive para meter na cabea damulher a convico de que tinha acontecido qualquer coisa, e de que eladevia ir ver o que era; mas por fim ela atirou para o lado o tacho queestava limpando, e disse em voz alta; "No sei o que isto que sinto,mas no posso deixar de ir procurar o rapaz". Uma vez que ela se .ps acaminho pude gui-la sem grande dificuldade, ainda que durante tudo istotive de estar a manter Cyril no seu estado de materializado, pela forada minha vontade, para que o anjo da prpria criana no lhe desapare-cesse de repente.

    "Voc bem v, quando a gente materializa uma forma qualquer, no fazseno passar a matria do seu estado natural para outro opondo-se, porassim dizer, temporariamente, vontade csmica; de modo que, se, pormeio segundo que seja, desviarmos dali a ateno, a matria imediatamenteregressa sua condio original. Assim, era-me impossvel dar mulhermais do que metade da minha ateno, mas de uma maneira ou de outra,sempre consegui lev-la pelo caminho preciso, e mal ela virou o rochedo,deixei Cyril desaparecer; mas ela sempre o viu, e a est como aquelaaldeia tem agora uma das histrias mais bem testemunhadas de intervenoanglica, que se podem encontrar!

    "O desastre deu-se de manh cedo, e na noite do mesmo dia espreitei(astralmente) por essa famlia para ver como iam as coisas correndo. Aperna e o brao do rapazinho tinha sido tratados, o golpe passado, e eleestava na cama de aspecto muito plido e enfraquecido, mas, ao que sevia, indicando um restabelecimento futuro. Achavam-se l umas vizinhas ea me estava-lhes contando a histria; e bem curiosa histria parecia elaa quem sabia como as coisas se tinham passado.

    Explicava a mulherzinha, num relato muito prolixo, que no sabia o queera, mas de repente sentiu qualquer coisa-que a fez crer que algo tinhaacontecido ao menino, e que ela tinha por fora de ir procur-lo; que aprincpio achou aquilo um disparate, e tentou afastar a idia, "mas nopde resistir teve que ir por fora." Contou ela que no sabe porque que tomou aquele caminho em vez de qualquer outro, mas foi o queaconteceu, e, ao virar a esquina do rochedo, ela l o viu, encostado auma rocha, e ajoelhado ao lado dele, animando-o, "a mais linda crianaque ela vira em dias de sua vida, vestida de branco e a brilhar, comfaces rosadas e lindos olhos castanhos"; como a criana sorriu para ela"como um anjo", e de repente j l no estava, e a princpio ela apanhoutal susto que no sabia o que havia de pensar; mas de repente sentiu oque era, e caiu de joelhos a dar graas a Deus por ter mandado um dosseus anjos socorrer o seu pobre filhinho.

    "Depois contou como o levantou para o pegar ao colo e traz-lo para casa;ela quis tirar o leno que lhe apertava a perna tanto, mas ele nodeixou, porque disse que o anjo que o tinha atado e lhe tinha dito que

    no tocasse nele; e como, quando depois contou isto ao mdico, ele lheexplicou que, se tivesse tirado o leno, o rapazinho teria morrido comcerteza.

    "Depois ela repetiu a parte da histria contada pelo rapazinho como,logo depois dele cair, lhe apareceu aquele anjo to bonito (ele soube queera um anjo porque no havia ningum vista, dentro de meia milha dedistncia, quando ele estava em cima do rochedo s se admirava de que oanjo no tivesse asas e dissesse que era apenas um rapazinho) como olevantou e o encostou rocha e lhe atou a perna e depois comeou a falar

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    com ele e a dizer-lhe que se no assustasse, porque algum tinha idobuscar a me, e que dali a pouco ela chegaria; como o anjo o beijara e otentara animar, e como tivera sempre a mo dele na sua mo pequena, maciae quente, enquanto lhe contava histrias estranhas e belas, de que no selembrava, mas que sabe que eram muito belas, porque quase que seesquecera de que estava magoado, at chegar a me; e como ento o anjo,tendo-lhe assegurado que em breve estaria bem, tinha sorrido, lhe tinhaapertado a mo, e, no sabe como, desaparecido.

    "Desde ento tem havido naquela aldeia uma revivescncia religiosal Ocura disse-lhes que uma interveno to ntida da providncia divina lhesdeve ter sido feita de propsito para fechar a boca aos chocarreiros eprovar a verdade das santas escrituras e da religio crist e ningumparece ter notado a colossal vaidade contida numa afirmao to espan-tosa!

    "Mas o efeito sobre o rapazinho foi sem dvida bom, tanto moral comofisicamente; segundo todos os relatos, ele era antes um marotinho muitorazovel, mas agora sente que o "seu anjo" pode estar ao p dele emqualquer ocasio, e por isso no faz ou diz qualquer coisa m, grosseira

    ou violenta, com receio de que ele veja ou oua. O grande desejo da suavida tornar a v-lo qualquer dia, e sabe que, quando morrer, ser o seurosto formoso que primeiro o saudar alm-mundo."

    Esta , por certo, uma historiazinha interessante e comovedora. Aconseqncia tirada do caso pela gente da aldeia e pelo seu cura talvezum tanto ou quanto improcedente; mas o testemunho com respeito exis-tncia de pelo menos qualquer coisa para alm do plano material deve comcerteza fazer mais bem do que mal quela gente, e no fim das contas, asconcluses que a me tirou do que viu so perfeitamente certas, aindaque, se ela soubesse mais do que sabe, teria provavelmente referido ascoisas por outras palavras.

    Um fato interessante, descoberto depois pelas investigaes do autor dacarta, derrama uma curiosa luz sobre as razes que subjazem a incidentescomo este. Verificou-se que as duas crianas j antes se tinhamencontrado, e que, h milhares de anos, a que caiu do rochedo tinha sidoescravo da outra, e lhe tinha uma vez salvado a vida, com risco daprpria, em conseqncia do que havia sido liberto; e agora, tanto tempodepois, o dono no s paga a dvida na mesma moeda, mas tambm d ao seuantigo escravo um alto ideal e um estmulo para a moralidade na vida queprovavelmente alteraro todo o curso da sua evoluo futura. Bem certo que nenhuma boa ao fica sem recompensa pelo carma, por tarde que essarecompensa venha que

    Though the mills of God grind slowl,Yet they grind exceedingly small;

    Though with patience stands He waiting,Wth exacteness grinds He all (1).

    (1) "Por lentamente que moam os moinhos de Deus, moem contudo um p muito fino; porpacientemente que Ele espere, em todo o caso com justia moe tudo."

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    CAPTULO VIII

    HISTRIA DE UM INCNDIO

    Um outro trabalho executado pelo mesmo menino Cyril apresenta um paraleloquase exato com alguns dos relatos dos livros que citei nas pginasantecedentes. Parece que, uma noite, ele e o seu amigo mais velho estavamtratando do seu trabalho usual, quando notaram em baixo o claro de umgrande incndio, o que fez que imediatamente descessem, para ver sepodiam prestar algum socorro.

    Era um grande hotel que estava em chamas, um edifcio imenso nas margensde grande lago. A casa de muitos andares de altura, constitua trs ladosde um Quadrado em torno a uma espcie de jardim plantado de rvores e deflores, enquanto o lago formava o quarto lado. Os dois braos do edifcioestendiam--se at ao lago, e as grandes janelas nas extremidades quaseque tinham uma salincia por cima da gua, e, assim, ficava apenas umpedao de terra muito estreito abaixo delas, quer de um lado, quer deoutro.

    A frente e os lados eram construdos em tomo a poos interiores, de modoque, uma vez comeado o incndio espalhou-se com uma rapidez incrvel, e,antes dos nossos amigos o verem durante a viagem astral j os andaresintermdios em todo o edifcio eram pastos das chamas. Felizmente oshspedes exceto um pequenino j tinham sido salvos, conquanto algunsdeles tivessem recebido queimaduras e outras contuses.

    O pequenino tinha ficado esquecido em um dos quartos superiores da aladireita, porque os pais estavam num baile e no sabiam do fogo, e, comoera de esperar, ningum mais se lembrou da criana, seno quando era jmuito tarde. O fogo tinha atacado de tal maneira os andares mdios,daquele lado, que nada se podia fazer para o salvar, mesmo se algum setivesse lembrado dele, visto que o seu quarto dava para o jardiminterior, a que j nos referimos, de modo que ele se encontrava afastadode todo o auxlio de fora. Alm disso, ele nem sequer dava pelo perigoque corria, porque o fumo denso e sufocante tinha to gradualmenteinvadido o quarto, que o sono da criana pouco a pouco se tornara maisfundo at ela estar num estado de inconscincia total.

    Neste estado o descobriu Cyril, que parece ser especialmente atrado paraas crianas que correm risco ou esto em qualquer dificuldade. PrincipiouCyril por ver se fazia algum lembrar-se do pequeno, mas no o conseguiu;e, em qualquer hiptese, mal se podia conceber que eles o pudessemsocorrer, de modo que isto no passava de uma perda de tempo. O auxiliarmais velho ento materializou Cyril, como da outra vez, no quarto dacriana, p-lo a acordar e dar a conscincia criana mais do que

    entorpecida. Depois de bastantes dificuldades, isto de certo modo seconseguiu, mas o menino ficou, durante tudo que se seguiu, num estadosemilcido, ainda meio dormente, de modo que foi preciso empurr-lo egui-lo, auxili-lo e socorr-lo a cada volta que tinha que dar.

    Os dois pequenos comearam por sair do quarto para o corredor central queatravessava a ala do edifcio, mas, vendo que as chamas e o fumo, quesurgiam do cho, o tornavam intransitvel a um corpo Fsico, Cyril fez ooutro pequeno entrar outra vez para o quarto e sair pela janela para umapequena salincia de pedra, de um p de largura, que percorria toda a

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    O menino continua sendo uma criana sadia e feliz, e nunca se cansa derelatar a sua extraordinria aventura. Muitas vezes tem mostrado pena deque o amigo que o salvou tivesse perecido to misteriosamente, quandotodo o perigo j parecia ter passado. O menino at chegou a dizer quetalvez ele no morresse realmente que no fosse seno um prncipe dasfadas; mas claro que esta idia no arranca seno sorrisos de tolerantesuperioridade da parte dos seus adultos. O elo crmico entre ele e o seusalvador ainda no se descobriu, mas deve sem dvida existir.

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    CAPTULO IX

    MATERIALIZAO E REPERCUSSO

    Ao ler uma histria como esta, os estudiosos muitas vezes perguntam se oauxiliar invisvel est perfeitamente seguro no meio destas cenas degrande risco se, por exemplo, este rapaz que foi materializado parasalvar outro de um incndio no correu tambm risco se o seu corpofsico no teria sofrido de qualquer maneira por repercusso se a suaforma materializada tivesse atravessado as chamas ou cado da salinciaelevada em cuia extremidade andou to despreocupadamente. De fato, vistoque sabemos que em muitos casos a relao entre uma forma materializada eum corpo fsico suficientemente prxima para produzir repercusso, nopoderia esta ter-se dado neste caso?

    Ora, este assunto da repercusso extremamente abstruso e difcil, e noestamos de modo algum em situao de poder explicar os seusnotabilssimos fenmenos; de resto, para compreender bem o assunto, seriatalvez necessrio que compreendssemos as leis da vibrao simptica

    sobre mais planos do que um. Em todo o caso, sempre sabemos, pelaobservao, alguma das condies que permitem a sua ao e algumas que55absolutamente a excluem, e parece-me que temos razes para asseverarque no caso que se contou era de todo impossvel.

    Para compreendermos por que devemos primeiro no esquecer que h pelomenos trs variedades bem definidas de materializao, como deve sabertodo o indivduo que tem uma experincia razoavelmente completa doEspiritismo. No me preocupa agora explicar como que estas variedadesrespectivamente se produzem; afirmo apenas o fato indubitvel de queexistem.

    1. H a materializao que, conquanto tangvel no visvel vistafsica normal. Desta natureza so as mos invisveis que tantas vezes nosapertam um brao ou nos passam pelo rosto numa sesso, que, s vezes,levam pelo ar objetos fsicos ou do pancadas na mesa muito embora, claro, qualquer destes dois ltimos fenmenos possa facilmente conseguir-se sem que seja preciso a existncia da mo materializada.

    2. H a materializao que, conquanto visvel, no tangvel a formade esprito que a nossa mo atravessa como se fosse simplesmente o ar. Emalguns casos esta variedade patentemente nevoenta e impalpvel mas houtros em que o seu aspecto to completamente normal, que suatangibilidade no levanta dvidas seno quando algum tenta agarr-la.

    3. H a materializao perfeita, que ao mesmo tempo visvel etangvel que no s tem o aspecto exterior do vosso amigo morto, mas

    que vos aperta a mo com a presso e o gesto que to bem conheceis.

    Ora, ao passo que h bastantes fatos para demonstrar que a repercusso sed em certas circunstncias, ao caso desta terceira espcie dematerializao, no de modo algum certo que isso se d no caso dasoutras variedades. No caso do auxiliar Cyril provvel que amaterializao no tivesse sado da terceira espcie, visto que h sempreum grande cuidado em no gastar mais energia do que a que absolutamentenecessria para o fim que se tem em vista, e evidente que se gastamenos energia na produo de qualquer das formas menos completas a que

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    chamamos a primeira e segunda classes. O mais provvel que s o brao,com que Cyril segurou o seu companheiro, era slido, e que o resto do seucorpo, por natural que parecesse, resultaria muito menos tangvel se setivesse feito a experincia.

    Mas, parte esta probabilidade, h ainda um outro ponto a considerar.Quando se d uma plena materializao, quer de um vivo, quer de um morto,tem de se arranjar para isso matria fsica de uma espcie qualquer. Numasesso esprita essa matria obtida tirando-a abundantemente ao duploetrico do mdium e s vezes ao seu prprio corpo fsico, pois quecasos h em que o peso do mdium tem diminudo ao darem-se manifestaesdesta espcie.

    Este mtodo empregado pelas entidades dirigentes da sesso simplesmenteporque, quando um mdium est acessvel, esse o meio mais fcil deconseguir uma materializao, e a conseqncia que passa a haver a maisprxima das ligaes entre esse mdium e o corpo materializado, de sorteque o fenmeno a que (ainda que imperfeitamente o compreendamos) chamamosrepercusso se d na sua forma mais ntida. Se, por exemplo, se esfregargiz nas mos do corpo materializado, esse giz aparecer depois nas mos

    do mdium, ainda que ele tenha estado sempre fechado num cubculoqualquer, em circunstncias que excluam em absoluto a possibilidade defraude. Se qualquer pancada for dada na forma materializada, essa pancadaser exatamente reproduzida na parte correspondente do corpo do mdium;e, s vezes, qualquer alimento que a forma-esprito tenha tomado serdescoberto no corpo do mdium isso aconteceu pelo menos uma vez, naminha prpria experincia.

    J no seria nada assim, porm, no que temos estado a descrever. Cyrilestava a uma distncia de alguns milhares de milhas do seu corpo fsicoadormecido, e seria portanto inteiramente impossvel ao seu amigo tirardesse corpo a matria etrica precisa, e as prprias regras, sob as quaistodos os alunos dos grandes Mestres da Sabedoria executam o seu trabalhode auxiliar os homens, por certo que o inibiriam, mesmo para o mais nobredos fins, de impor esse trabalho ao corpo de outrem. Alm disso, seriainteiramente desnecessrio, porque o mtodo, muito menos perigoso,invariavelmente empregado pelos auxiliares, quando a materializaoparece desejvel, estaria ao seu alcance a condensao do ter doambiente ou mesmo do ar fsico, da matria precisa para tal fim. Esteato, conquanto fora do alcance de qualquer das entidades que geralmentese manifestam numa sesso, no apresenta dificuldade nenhuma a umestudioso da qumica oculta.

    Mas repare-se na diferena quanto ao resultado obtido. No caso do mdiumtemos uma forma materializada na mais prxima das relaes com o corpofsico, construda da sua substncia, e capaz de produzir todos osfenmenos de repercusso. No caso do auxiliar temos na verdade uma

    reproduo exata do corpo fsico, mas criada por uma fora mental emmatria inteiramente estranha a esse corpo, e to pouco capaz, portanto,de sobre ele agir por repercusso como o seria uma esttua de mrmore domesmo indivduo.

    Assim que uma passagem atravs das chamas, ou uma queda de uma janelaalta, no representavam nada a temer para o jovem auxiliar, e que, em umaoutra ocasio (como adiante se ler), um outro membro do grupo, apesar dematerializado, pde, sem inconvenientes para o seu corpo fsico, ir aofundo num navio que naufragou.

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    Em ambos os casos do seu trabalho, que acima se citaram, ter-se- notadoque o menino Cyril no era capaz de materializar a si prprio, e que essaoperao teve de ser realizada por um amigo adulto. H uma outra das suasexperincias que digna de se contar, porque nos mostra um caso em que,pela intensidade da compaixo e determinao da vontade, ele conseguiudeveras mostrar-se um caso parecido com esse outro, que j se relatou,da me cujo amor de qualquer forma lhe tornou possvel manifestar-se parasalvar a vida dos seus filhos.

    Por inexplicvel que parea no h dvida nenhuma sobre a existncia nanatureza deste estupendo poder da vontade sobre a matria de todos osplanos, "de modo que, logo que o poder seja suficientemente grande, podedizer-se que no h resultado que no possa conseguir-se, pela sua aodireta, mesmo que no haja da parte do operador conhecimento ou mesmopensamento de como o exerccio dessa vontade produz esse resultado. Hcasos bastantes para que saibamos que esse poder mantm o seu valor nocaso de materializao, ainda que essa seja geral, uma arte que tem deser aprendida como qualquer outra. Por certo que um indivduo vulgar noplano astral to pouco capaz de se materializar sem ter aprendido como

    isso se faz, do que de tocar violino neste plano sem o ter aprendido; mash casos excepcionais como se ver pela narrativa seguinte.

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    CAPTULO X

    OS DOIS IRMOS

    Esta histria j foi relatada por uma pena muito mais hbil do que aminha, e com uma abundncia de detalhes para que no tenho aqui espao,na Theosophical Review de novembro de 1897, pgina 229. Aconselho oleitor a ler aquele relato, visto que a descrio que farei ser um meroesboo, to breve quanto a clareza o permita. Os nomes no so. claro,os verdadeiros, mas os incidentes so relatados com um rigor escrupuloso.

    As personagens deste drama so dois irmos, filhos de um proprietrio daprovncia Lancelot, de quatorze anos e Walter, de onze esplndidosmeninos de tipo normal, sadios, fortes, sem qualificaes "psquicas" deespcie alguma, salvo possurem bastante sangue celta. Talvez a coisamais notvel neles era a singular intensidade da afeio que entre elesexistia, pois que eram absolutamente inseparveis nenhum deles estavadisposto a ir para qualquer parte sem que o outro tambm fosse, e o maisnovo idolatrava o mais velho como s um menino mais novo capaz de o

    fazer.

    Num dia infeliz Lancelot caiu do pnei e morreu, e para Walter o mundoficou vazio. A dor da criana foi to verdadeira e intensa que nem queriacomer, nem dormir, e a me e a ama j no sabiam o que lhe fazer. Pareciasurdo quer persuaso, quer reprimenda, quando lhe diziam que a dorera um pecado e que o seu irmo estava no cu, ele respondia que eles nopodiam estar certos disso e, mesmo que fosse verdade, ele bem sabia queLancelot no podia ser feliz no cu sem ele, assim como ele na terra nopodia ser sem Lancelot.

    Por incrvel que parea, o fato que a pobre criana estavapositivamente morrendo de dor, e o que tornava o caso ainda maiscomovente que, durante tudo isto, o irmo estava a seu ladointeiramente consciente da sua tristeza, e ele prprio meio louco de dorpela falncia das suas repetidas tentativas de lhe falar ou de lhe dar asaber a sua presena.

    As coisas estavam ainda neste estado na terceira noite aps o desastre,quando a ateno de Cyril foi chamada sobre os dois irmos o prprioCyril no sabe como. "Aconteceu estar passando", diz ele; mas por certo avontade dos Senhores da Compaixo o guiou at ali. O pobre Walter estavacansado, mas insone sozinho na sua angstia, ao que sabia, ainda quetodo tempo o seu irmo, to triste como ele, estivesse a seu lado.Lancelot, livre das peias da carne, podia ver e ouvir Cyril, de modo queevidentemente a primeira coisa a fazer era minorar a sua dor com umapromessa de amizade e de auxlio para que ele se comunicasse com o irmo.

    O esprito do morto uma vez animado pela esperana Cyril voltou-se para ovivo e tentou com toda a sua fora imprimir-lhe no crebro a certeza deque o irmo estava a seu lado, no morto, mas vivo e afeioado comodantes. Mas foram vos todos os seus esforos, a pesada apatia dosofrimento de tal modo tomava o esprito de Walter que no havia sugestopossvel e Cyril j no sabia o que fazer. Mas to profundamente ocomoveu aquele quadro triste, to intensa foi a sua compaixo e to fortea sua vontade de auxiliar de uma maneira ou outra, por muito que lhe

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    custasse, que de repente, e ainda hoje no sabe como, se encontroupodendo tocar e falar criana entristecida.

    Afastando as perguntas de Walter sobre quem ele era e como que tinhaentrado ali, foi direto ao assunto, dizendo-lhe que o irmo estava a seulado, tentando com toda a sua fora fazer-lhe sentir que no estavamorto, mas vivo e desejoso de o auxiliar e confortar. O pobre Walterqueria acreditar, porm mal ousava ter essa esperana; mas a insistnciade Cyril venceu por fim as suas dvidas, e ele disse:

    "Oh! eu bem o acredito, porque to bom; mas, se eu o pudesse ver, entoteria toda a certeza e se eu pudesse ao menos ouvir a sua voz dizendo queestava feliz, eu no me importava nada que ele depois tornasse adesaparecer."

    Por novato que fosse neste trabalho, Cyril sabia bastante para noignorar que o desejo de Walter era um que no era costume conceder, eassim comeava ele a explicar-lhe com tristeza, quando de repente sentiuuma Presena que todos os auxiliares conhecem, e, ainda que no sedissesse palavra, sentiu no seu esprito que, em vez do que ia dizer,

    devia prometer a Walter aquilo que ele desejava. "Espera at que euvolte", disse, "e v-lo-s ento." Em seguida, desapareceu.

    Esse mero toque do Mestre tinha-lhe mostrado o que fazer e como, e porisso correu a buscar o amigo mais velho que tantas vezes o auxiliara.Este amigo no tinha ainda ido deitar-se, mas, ao ouvir o pedidoapressado de Cyril, no perdeu tempo em acompanh-lo e em alguns minutosestavam ambos de volta cabeceira de Walter. A pobre criana j comeavaa crer que tudo no passava de um lindo sonho, e por isso foi muitogrande e bela a sua alegria e o seu alvio quando Cyril tornou aaparecer. Mas quo mais bela no foi a cena um momento depois, quando,obedecendo a uma palavra do Mestre, o auxiliar mais velho materializouLancelot e o vivo e o morto tornaram a abraar-se!

    Agora verdadeiramente para ambos os irmos a tristeza se convertera emalegria indizvel, e repetidas vezes declararam ambos que nunca maistornariam a estar tristes, pois que j sabiam, agora, que a morte notinha o poder de os separar. Nem se atenuou a sua alegria mesmo quandoCyril lhe explicou cuidadosamente, obediente a uma sugesto do seu amigomais velho, que este estranho reencontro fsico se no repetiria, mas quetodo dia Lancelot estaria perto de Walter, ainda que este o no pudessever, e todas as noites Walter sairia do seu corpo para tornar a estarconscientemente ao p de seu irmo.

    Ao ouvir isto, o pobre Walter, cansadssimo, adormeceu imediatamente eprovou a sua verdade, ficando pasmado ao descobrir com que rapidez atali desconhecida ele e o irmo podiam voar juntos de um para outro dos

    stios que costumavam visitar. Cyril cuidadosamente lhe explicou quenaturalmente esqueceria quase toda a sua vida mais livre ao acordar namanh seguinte: mas, por uma extraordinria boa sorte, ele no esqueceutanto quanto aconteceu maioria de ns. Talvez que o abalo da grandealegria que recebeu de qualquer modo lhe despertasse as faculdades"psquicas" latentes que pertencem ao sangue celta; o que certo queno esqueceu um nico detalhe de tudo que acontecera e no dia seguinteapareceu logo de manh, naquela casa de luto, com uma histriamaravilhosa que pouco se ajustava quela atmosfera de tristeza.

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    Os pais julgaram que a angstia lhe tinha dado volta cabea, e, vistoque ele agora o herdeiro, h muito tempo que apoquentadamente tmestado espera de mais sintomas de loucura, que felizmente se lhes norevelaram. Ainda o consideram um mono-manaco neste assunto, conquantoadmitam que a sua "iluso" lhe salvou a vida; mas a sua velha ama (que catlica) est firme na crena de que tudo que ele diz verdade queJesus Cristo, que tambm foi Menino, se compadeceu dessa outra criana,ao v-la morrendo de tristeza, e mandou um dos Seus trazer-lhe outra vezo irmo, como recompensa a um amor mais forte do que a morte. s vezes, asuperstio popular aproxima-se muito mais da essncia das coisas do queo ceticismo culto!

    E a histria no acaba aqui, porque a boa obra iniciada esta noite aindadura e progride, nem se pode medir at onde possa ir influncia desseato. A conscincia astral de Walter, uma vez assim inteiramentedesperta, permanece em atividade; todas as manhs traz para o seucrebro fsico a memria dos seus passeios noturnos com o irmo; todas asnoites encontram o seu amigo Cyril, com quem tanto tm aprendido arespeito do maravilhoso mundo novo que ante eles se abriu, e dos outrosmundos vindouros ainda superiores a esse. Guiados por Cyril, eles o

    vivo como o morto se tornaram membros ativos e prestativos do grupo deauxiliares; e provavelmente durante muitos anos ainda enquanto o joveme forte corpo astral de Lancelot se no desintegrar muita crianamoribunda ter razo para ser grata a esses trs que esto tentandocomunicar a outros uma parcela da alegria que eles prprios receberam.Nem s aos mortos que estes novos convertidos tm sido prestativos,pois procuraram e encontraram outras crianas vivas que revelamconscincia no plano astral durante o sono, e pelo menos um daqueles, queassim trouxeram a Cyril, se revelou um recruta valioso para o grupo dascrianas, assim como um esplndido amiguinho aqui no plano fsico.

    Aqueles para quem estas idias representam uma novidade, s vezes achamdifcil de compreender como que crianas podem ser teis no mundoastral. Visto, dizem eles, que o corpo astral de uma criana deve serpouco desenvolvido, e o Eu, assim limitado pelo fato da infncia, tantono plano astral como no fsico, de que modo que um Eu desses pode sertil, ou capaz de contribuir para a evoluo espiritual, mental e moralda humanidade, que, segundo nos dizem, o principal cuidado dosauxiliares?

    Quando primeiro se formulou esta pergunta, pouco depois da publicao deuma destas histrias na nossa revista, transmiti-a ao prprio Cyril, paraver o que ele responderia; a sua resposta foi esta:

    " certo, como diz o escritor, que eu no passo de um menino e que seipouco por enquanto, e que serei muito mais til quando souber mais do quesei. Mas j sou capaz de fazer alguma coisa, porque h muita gente que

    ainda no sabe nada a respeito da Teosofia, ainda que possa saber, muitomais do que eu, a repeito de todas as outras coisas. E, bem v, quando agente quer ir para um lugar qualquer, serve mais um menino que sabe ocaminho do que cem sbios que o no sabem".

    Pode acrescentar-se que quando mesmo uma criana foi acordada no planoastral, o desenvolvimento do corpo astral passaria a dar-se torapidamente que dentro em pouco ela ocuparia neste plano uma situaopouco inferior do adulto acordado, e estaria, claro, muito alm, peloque respeita a ser til, do mais sbio dos homens ainda por despertar.

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    Mas, a no ser que o Eu expresso atravs daquele corpo infantil possussea qualificao necessria de uma disposio forte, mas dedicada, e ativesse claramente manifestado nas suas vidas anteriores, nenhumocultista tomaria sobre si a gravssima responsabilidade de o acordar noplano astral. Quando, porm, o seu carma tal que possvel elas seremassim acordadas, as crianas revelam-se muitas vezes auxiliares deprimeira ordem, entregando-se ao seu trabalho com uma dedicao que muito belo presenciar. E assim se torna a cumprir a velha profecia: "Umacriana os conduzir."

    Outra pergunta que nos ocorre, ao ler esta histria dos dois irmos, esta: visto que Cyril foi de qualquer modo capaz de se materializar pelapura fora do amor e da compaixo, e tambm da vontade, no estranhoque Lancelot, que havia tanto mais tempo tentava comunicar, no fossecapaz de fazer a mesma coisa?

    Ora, no h, claro, dificuldade alguma em compreender porque que opobre do Lancelot no foi capaz de se comunicar com o irmo, visto queessa inabilidade simplesmente o estado normal; o que estranho queCyril pudesse materializar-se, e no que Lancelot no pudesse. No s,

    porm, era o sentimento provavelmente mais forte no caso de Cyril, masdava-se tambm o caso dele saber exatamente o que queria fazer de saberque era possvel uma coisa chamada materializao, e de ter alguma idiade como isso se fazia ao passo que Lancelot, como natural, nada dissosabia ento, conquanto agora j o saiba.

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    CAPTULO XI

    NAUFRGIOS E CATSTROFES

    s vezes possvel aos membros do grupo de auxiliares evitar catstrofesiminentes de carter um tanto mais importante. Em mais de um caso, quandoo comandante de um navio tem sido levado inconscientemente para fora doseu curso por qualquer corrente desconhecida ou por qualquer erro nosclculos, correndo com isso um risco qualquer, tem sido possvel evitarum naufrgio impressionando-lhe repetidamente no esprito uma sensao deque qualquer coisa no est bem, e, ainda que isto parea em geral nocrebro do comandante apenas como uma intuio avisadora, em todo o caso,quando muito repetida, quase certo ele acabar por lhe prestar algumaateno e tomar as precaues que lhe paream convenientes.

    Em um caso, por exemplo, em que o patro de uma barca estava muito maisperto da costa do que supunha, repetidamente se lhe surgeriu que lanassea sonda e ainda que resistisse a esta sugesto durante algum tempo, porlhe parecer desnecessria e absurda, acabou por dar a ordem numa voz um

    pouco hesitante. O resultado sobressaltou-o, e ele imediatamente se fezmais ao largo, ainda que foi s de manh que pde compreender quoprximo esteve de um desastre iminente.

    Muitas vezes, porm, uma catstrofe crmica de sua natureza, e no podeportanto ser evitada; mas no se deve julgar que, por isso, no se podeprestar nenhum auxilio. Pode bem ser que as pessoas de que se trate sejamdestinadas a morrer neste momento no havendo portanto possibilidade deas salvar da morte; mas em muitos casos sempre ser possvel prepar-laspara ela, assim como auxili-las, mortas j, no alm-mundo. De resto,pode afirmar-se que, sempre que uma catstrofe de qualquer espcie se d,d-se tambm uma especial misso de auxlio.

    Dois casos recentes em que se prestou esse auxlio foram o naufrgio doDrumond Castle ao p do cabo de Ushant, e o terrvel ciclone que devastoua cidade de S. Lus, na Amrica. Em ambos estes casos foi dado um avisode alguns minutos, e os auxiliares fizeram quanto puderam para acalmar elevantar os espritos dos indivduos, de modo que, quando o choqueviesse, os perturbasse menos do que seria de esperar. Como natural,porm, a maior parte do trabalho feito com as vtimas em ambas estascalamidades realizou-se no plano astral depois deles terem abandonado oscorpos fsicos; mas disto mais adiante falaremos.

    triste relatar quantas vezes, quando uma catstrofe est iminente, osauxiliares so perturbados nos seus trabalhos de bondade pelo pnicoentre aqueles que o perigo ameaa ou, s vezes, o que pior, por umalouca exploso de bebedeiras entre aqueles a quem pretendem socorrer. H

    muitos navios que tm ido para o fundo com quase toda a gente a bordobbeda a cair, e portanto inteiramente incapaz de aproveitar qualquerauxlio oferecido, quer antes da morte, quer durante bastante tempodepois.

    Se alguma vez nos acontecer encontrarmo-nos numa situao de perigoiminente que no podemos evitar, devemos tentar compenetrar-nos de que oauxlio est com certeza perto de ns, e que de ns, e s de ns, dependetornarmos fcil ou difcil o trabalho do auxiliar. Se encararmos o perigocom calma e coragem, cnscios de que o verdadeiro Eu de modo algum pode

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    por ele ser afetado, os nossos espritos estaro ento aptos a receber oauxlio que os auxiliares esto tentando dar-nos; e isto no pode senoser o melhor possvel para ns, quer o fim desse auxlio seja salvar-nosda morte, quer seja, quando isso impossvel, apenas fazer-nosatravess-la tranqilamente.

    O auxlio desta ltima espcie tem sido dado muitas vezes em caso dedesastres acontecidos a indivduos, assim como em catstrofes maisgerais. Bastar que demos um exemplo, para ilustrar o que queremos dizer.Em um dos grandes temporais, que tantos estragos fizeram h anos nasnossas costas, aconteceu que um barco de pesca virou longe da terra. Osnicos tripulantes eram um velho pescador e um menino, e o primeiroconseguiu agarrar-se durante alguns minutos ao barco virado. No haviaauxlio fsico prximo, e, mesmo que houvesse, teria sido impossvel, numtemporal daqueles, prest-lo; de modo que o pescador sabia perfeitamenteque no havia esperanas de salvao, e que a morte era apenas questo demomentos. Sentiu um grande terror ao ver isto, impressionando-o sobretudoa terrvel solido daquela vasta extenso martima; tambm o apoquentarammuito idias da sua mulher e da sua famlia, que ficariam na misria coma sua morte repentina.

    Uma auxiliar que passava, vendo isto, tentou anim-lo, mas, reparando queo seu esprito estava perturbado demais para que fosse possvelsugestion-lo, achou melhor mostrar-se-lhe para melhor poder prestar-lheauxlio. Ao contar o caso depois, ela disse que a mudanafisionmica do pescador ao v-la foi extraordinria e muito bela; com aforma luminosa sobre o barco a que se agarrava, ele no podia deixar decrer que um anjo o tinha vindo animar no seu perigo, e por isso sentiuque no s atravessaria inclume as portas da morte, mas tambm que a suafamlia receberia auxlio de algum. Por isso quando, momentos depois,a morte veio ter com ele, o seu estado de esprito era muito diverso daperplexidade e do terror que antes o avassalavam; e, como natural,quando retomou conscincia no plano astral e viu que o "anjo" continuavaa seu lado, sentiu-se vontade ao lado dela, e pronto a aceitar os seusconselhos com respeito vida nova em que tinha ingressado.

    Tempos depois, esta mesma auxiliar prestou um outro servio de ordemmuito parecida, que relatou depois, como segue:

    "Devem lembrar-se daquele vapor que foi ao fundo com o ciclone de 15 denovembro passado. Transportei-me at ao camarote onde estavam fechadasuma dzia de mulheres e as encontrei a lamentar-se do modo mais triste,chorando e gritando de terror. O navio tinha de ir ao fundo no haviaauxlio possvel e sair do mundo neste estado de terror louco a piormaneira de entrar no outro. De modo que, para as acalmar, materializei-me, e est claro que as pobres criaturas julgaram que eu era um anjo;caram de joelhos, pedindo que as salvasse, e uma pobre me estendeu-me

    o filhinho pedindo-me que ao menos -o pusesse a salvo. medida quefalvamos, no tardou que elas se tornassem calmas, a criancinhaadormeceu, e da a pouco dormiam todas e eu enchi-lhes o esprito depensamentos do mundo celestial, de modo que no acordaram quando o naviodeu o mergulho final. Desci com elas para me as segurar que dormissemat ao fim e elas no se mexeram ao passarem do sono para a morte."

    Evidentemente, que neste caso, tambm, os auxiliados no s tiveram aenorme vantagem de poder encontrar a morte com calma e segurana mas avantagem, ainda maior, de serem recebidos na outra margem por algum que

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    j estava disposto a amar e crer algum que compreendia inteiramenteesse novo mundo em que se encontravam, e no s lhes podia assegurar queestavam salvos, mas tambm aconselh-los como orientar as suas vidasnessas circunstncias to diferentes. E isto leva-nos a considerar umadas sees maiores e mais importantes do trabalho dos auxiliaresinvisveis o auxlio e os conselhos que podem dar aos mortos.

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    CAPTULO XII

    TRABALHO ENTRE OS MORTOS

    Um dos muitos males que tm origem nos ensinamentos absolutamenteerrneos, com respeito s condies depois da morte, infelizmentecorrente no nosso mundo ocidental, que aqueles que acabam de despireste traje mortal ficam, em geral, extremamente perplexos e, por vezes,muito assustados ao encontrar ali tudo to diferente de quanto a suareligio os levou a esperar. A atitude mental de um grande nmero dessagente foi concisamente expressa h pouco por um general ingls, que, trsdias depois da morte, encontrou um do grupo dos auxiliares que o tinhaconhecido na vida fsica. Depois de exprimir a sua satisfao porencontrar enfim algum com quem pudesse comunicar-se, a sua primeiraobservao foi: "Mas se eu estou morto, onde que estou? Se isto ocu, no me parece grande coisa; e, se o inferno, melhor do que euesperava!"

    Mas, infelizmente, um grande nmero de pessoas recebem tudo isto de um

    modo bem menos filosfico. Ensinaram-lhes que todos os homens sodestinados s chamas eternas exceto uns poucos favorecidos, que sosobre-humanamente bons; e, visto que basta uma pequena auto-anlise paraeles se persuadirem de que no pertencem a essa categoria, acontece quemuitas vezes se encontram num estado de grande terror, temendo a todo omomento que o novo mundo em que se acham se dissolva e os deixe cair nasgarras daquele domnio em que to insidiosamente foram levados a crer. Emmuitos casos passam grandes perodos de intenso sofrimento mental antesque se possam libertar da influncia fatal dessa doutrina blasfema daspenas eternas antes que consigam compreender que o mundo regido, nosegundo o capricho de um diabo hediondo, que se deita com a angstiahumana, mas por uma benfica e extraordinariamente paciente lei deevoluo, que , na verdade, absolutamente justa, mas que repetidas vezesoferece aos indivduos oportunidades de progresso, se eles as quiseremaproveitar, em todos os estgios da sua evoluo.

    Deve, de resto e para fazer justia, ser mencionado que s nos povoschamados protestantes que este terrvel mal assume as suas maiorespropores. A grande Igreja Catlica Romana, com a sua doutrina depurgatrio, aproxima-se muito mais de uma certa noo do plano astral, eos seus membros, crentes pelo menos, compreendem que o estado em que seencontram pouco depois da morte apenas um estado temporrio, e que sua tarefa tentarem erguer-se acima dele o mais depressa possvel por umaintensa aspirao es