DA COZINHA AO HIP HOP.ppt

Embed Size (px)

Citation preview

  • A cultura afro-brasileira: da cozinha ao hip hop ObjetivosRefletir sobre a cultura de matriz afro-brasileira apresentada pelos autores dos livros didticos de Geografia, nos quais se buscou compreender como essa matriz, com suas diferenas culturais, so reconhecidas dentro das suas diferenas. Identificar as tendncias: i) a cultura crtica, que vista como um territrio contestado; ii) e a cultura ps-crtica, que considerada um campo discursivo, cuja diferena cultural reconhecida dentro da diferena.

  • Metodologia Foi apresentado um conjunto de textos extrados dos livros didticos de Geografia numa perspectiva histrica e social, em que o pesquisador no se prendeu a fatos isolados e a elementos estanques. Ao contrrio, diante da diversidade de textos que tem como abordagem a cultura nacional, buscou identificar os discursos afro-brasileiros e os sentidos pelos quais foram consagrados no imaginrio social, assim como o seu reconhecimento no currculo escolar.

  • Colees do PNLD analisadas 1. ADAS, Melhem. Construo do espao geogrfico brasileiro - 7 ano. So Paulo: Editora Moderna, 2006; 2. SENE, E de & MOREIRA, J. C. Geografia Moreira e Sene: Geografia: ontem e hoje 7 ano. So Paulo, Scipione, 2009; 3. VESSENTINI, J. W & VLACH, V. Geografia Crtica: O espao brasileiro 7. So Paulo: tica, 2009; 4. BOLIGIAN, L. [et al.]. Geografia espao e vivncia: a organizao do espao brasileiro, 7. So Paulo: Atual, 2009; 5. BIGOTTO, J. F. [et al.]. Geografia sociedade e cotidiano: espao brasileiro, 7 ano. So Paulo: Escala Educacional, 2009; 6. CARVALHO, M. B & PEREIRA, D. A. C. Geografia do mundo: Brasil, 7 ano. So Paulo: FTD, 2009; 7. SAMPAIO, F. dos S. [et al.]. Para viver juntos: geografia, 7 ano. So Paulo: Edies SM, 2009; 8. MAGALHES, C. [et al]. Perspectiva. So Paulo: Editora do Brasil, 2009; 9. DANELLI, S, C de S. Projeto Ararib: Geografia. So Paulo: Editora Moderna, 2007; 10. PIRES, V & PIRES, B. B. Projeto Radix Geografia, 7 ano. So Paulo: Scipione, 2009.

  • A cultura na construo da nao Sobre a cultura nacional, para Hall (2006), ela forjada com o objetivo de unificar aquilo que comum e de desenvolver o sentido de pertena de um povo. Uma viso crtica sobre cultura no livro didtico pe, em questo, perguntas do tipo: por que uma cultura includa e outra excluda? Por que uma cultura reconhecida de forma positiva e outra reconhecida de forma negativa?

  • Discursos textuais e imagticos dos Livros Didticos - 2011-2013A influncia cultural dos diversos grupos indgenas deu-se, sobretudo por meio da culinria, como no uso do milho e da mandioca, e da incorporao de palavras do vocabulrio de diversos grupos indgenas. Os africanos, durante o perodo da escravido, contriburam com a religio, especialmente com a prtica do candombl e umbanda, na msica, com a utilizao de instrumentos como o atabaque e o pandeiro [...], e na lngua (SAMPAIO, 2009, p. 15).

  • A contribuio cultural dos povos africanos cultura brasileira grande. Elementos dessa herana podem ser percebidos na nossa msica, dana, [...] (MAGALHES et alli, 2008,p.41).

    Imagem 01. Manifestaes Populares (SAMAPAIO, 2009, 40)

  • Religiosidade Imagem 02. Oferendas Iemanj. (SAMPAIO, 2009, p.15)

  • O Brasil est mais alegre ao som dos berimbaus, que soam nas praas, nas rodas de capoeira no bailado dos corpos negros. a esttica da resistncia. o mostrar-se ao mundo, com dignidade. o saber cultural de um povo forjado na luta que est inscrito para sempre na histria da identidade brasileira. (DANELLI, 2007, p. 44).

    Imagem 03. Capoeira: luta & dana (PIRES & PIRES, 2009, p. 68).

  • Uma viso crtica e ps-crtica da culturaEm meados da dcada de 1980, muitos jovens se encontravam com bastante frequncia no Largo So Bento, no centro da cidade de So Paulo. Eles faziam parte de um movimento poltico-cultural denominado hip hop, em que discutiam as condies sociais do negro em nossa sociedade. Nesse lugar, eles se expressavam por meio da arte, como a dana, a msica, a poesia e o grafite, e assim mostravam suas posies diante dos problemas. A atuao do grupo nessa rea era intensa. Alm de divulgar o movimento, no permitiam atitudes discriminatrias e reivindicavam seus direitos, exercendo, portanto, uma luta cidad. Ao delimitar uma rea e nela atuar, esse grupo estabelecia diferentes relaes; entre elas destacam-se o poder que exerciam sobre aquele espao e a identidade negra. Assim, sua atuao pode ser identificada como a delimitao de um territrio. Porm, a delimitao de um territrio no acontece sem conflitos. Esse grupo, por exemplo, encontrou resistncia de pessoas que apresentavam posies contrrias, o que resultava em embates. Isso pode ocorrer quando um grupo social delimita um territrio e o utiliza para se expressar, para mostrar sua posio poltico-cultural. Territrio pode ser definido, portanto, no apenas como a configurao poltica de uma cidade, estado ou pas, mas um espao construdo em embates polticos, culturais, sociais e econmicos. A delimitao de territrios pode ocorrer tanto na cidade como no campo, os quilombos e as reas indgenas so exemplos de territrios. BIGOTTO, J. F. [et al.]. Geografia sociedade e cotidiano: espao brasileiro, 7 ano. So Paulo: Escala Educacional, 2009, p. 8-9.

  • Grafite, hip hop, skate: a reinveno do lugar

  • Concluso a cultura afro-brasileira, como cultura oficial, teve seu reconhecimento pelo Estado a partir dos anos trinta - de marginalizada, tanto na msica quanto na religio, passou a ser reconhecida e a fazer parte da cultura nacional. No bojo do iderio nacionalista, Casa-grande e senzala, Freyre (1933), trouxe uma nova abordagem sobre a interpretao do Brasil, ao substituir o marcador raa por cultura. Isto levou inverso de reconhecimento que, at ento, imputava s raas inferiores o atraso social do pas, agora, a diversidade etnicorracial passava a ser reconhecida pelo Estado e este reconhecimento colocava o Brasil com os olhos voltados para o futuro, como o pas que se assumia multirracial.

  • No mbito da educao, a incorporao da cultura afro-brasileira pelo Estado como cultura oficial se efetivou com a criao da poltica nacional do livro didtico (1938). Desde ento, esta poltica avanou e, atualmente, o currculo nacional comum da educao bsica tem passado por uma nova roupagem, principalmente com a homologao da lei 10.639/03, cujo objetivo tem sido o reconhecimento da cultura afro-brasileira e o combate ao racismo (BRASIL, 2004).

  • O que se conclui que existe, uma intrnseca relao poltica entre sociedade, Estado e educao. A sociedade controlada por grupos hegemnicos que utilizam mecanismos sutis para situar o discurso dominante de cultura como o necessrio e nico e, ao mesmo tempo, o Estado, o monoplio legtimo do poder por ele, culturas so oficializadas e outras, no. Nesta lgica reprodutivista, a educao segue a dinmica econmica e poltica da sociedade, retroalimentando os interesses dos grupos dominantes que optam por certos temas e discursos em detrimentos de outros. Numa abordagem crtica de cultura, para complementar, Moreira e Silva (2002, p. 26) colocam que a educao e currculo so vistos como profundamente envolvidos com o processo cultural, porque, para eles, a cultura um campo de disputa e de possibilidade na transformao social.

  • Finalizando, nesta perspectiva, a seo apontou que, para maioria dos autores, o discurso sobre a cultura afro-brasileira passa pelo reconhecimento dos marcadores culturais, msica, dana, religiosidade, capoeira e comida (SAMPAIO, 2009; MAGALHES, 2008; DANIELLI, 2007; PIRES & PIRES, 2009). Ao mesmo tempo, observa-se que esses autores foram redundantes na linguagem elogiosa ao destacar a importncia, a influncia e a contribuio da cultura afro-brasileira atravs desses marcadores. No obstante, o presente pesquisador manteve sua proposta inicial de que os fragmentos textuais e imagticos seriam refletidos luz da abordagem crtica e ps-crtica de cultura. Neste sentido, as narrativas foram analisadas dentro de uma perspectiva histrico-social e os discursos elogiosos foram tensionados com vista no passado social do negro, o qual era firmado em preconceitos e esteretipos.

  • Bigoto (2008), dentre os autores dos livros didticos, foi o nico a apresentar uma abordagem da cultura para alm da inteno elogiosa. Ele debateu a cultura como um espao de contestao, um lugar em que se luta pela transformao social, como mostra o seu recorte na pgina 137. Para completar, ele ilustrou o seu texto com uma imagem que inspira arte como linguagem, com hip hop, grafite e poesia, daqueles que lutam contra a opresso e pelo direito de ter direito na diferena. Vimos, ento, nesta seo, que o livro didtico ocupa um lugar estratgico entre cultura, sociedade e escola. Ele o espelho sobre o qual rebatem interesses, polticos e ideolgicos, que se materializam atravs do currculo. Este ltimo no apenas um conjunto de contedos organizado por tcnicos e distribudo pelo governo s escolas. Ao contrrio, o currculo um campo de disputas e de arranjo econmico e social, pelos quais se refletem pocas, saberes e ideologias.