Upload
doxuyen
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
A INTERNET NA SALA DE AULA: NOVOS MÉTODOS, GRANDES PERSPECTIVAS E MUITOS DESAFIOS 1
Sandra Santos da Silva Romanini 2 Wilsilene Rodrigues Gatto 3
RESUMO
O objetivo deste estudo é contribuir com a reflexão sobre a importância da utilização do recurso tecnológico internet em sala de aula como um instrumento facilitador e motivador da aprendizagem além de promover a autonomia do aluno em relação a sua própria aprendizagem. Com este intuito realizou-se um trabalho de leitura em língua inglesa, com os alunos da 8ª série do Colégio Estadual Costa Monteiro de Nova Esperança, Pr, a partir da construção de uma seqüência didática, orientada pelos princípios de Dolz e Schenuwly (2004) que contemplam as capacidades de ação, discursivas e lingüístico-discursivas referentes ao gênero textual anúncio institucional, bem como o conceito de aprendizagem e desenvolvimento de Vygotsky. Este tema se justifica porque a escola deixou de ser o único espaço privilegiador da aprendizagem e divide esta responsabilidade com as mídias que interferem nos modos de pensar e agir das pessoas, além de oportunizar ao aluno um olhar crítico em relação às mesmas acrescentando um novo olhar a sua utilização nas atividades escolares. No decorrer deste estudo foram percebidos pontos negativos e positivos quanto ao uso do computador nas aulas de língua inglesa, dentre os mesmos o fato de ser um instrumento eficaz utilizado na zona de desenvolvimento proximal capaz de estabelecer desenvolvimento real, além de reforçar a importância da consciência do professor em preparar as aulas adequadamente para o sucesso das mesmas, o que reforça a importância de seu papel de mediador do processo ensino-aprendizagem.
Palavras chave: Ensino-aprendizagem. Leitura. Internet. Motivação. Autonomia.
1 Trabalho de conclusão do curso de capacitação desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. 2 Professora de Língua Inglesa da Rede Pública do Estado do Paraná inserida no programa do PDE de 2009. [email protected] 3 Professora Orientadora Me. Docente do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá – UEM [email protected]
2
ABSTRACT
The aim of this study is to contribute with the reflection on the internet importance use in class as a facilitator and motivator instrument to learning, besides promoting the students` autonomy in relation to their learning. With this purpose, a reading activity work was prepared in the English language, with the 8th grade students from Costa Monteiro school in Nova Esperança Paraná state, with the construction of a didactic sequence guided by the principles of Dolz and Schenuwly that concerns the action, discursive and discursive linguistic capabilities referring to the textual institutional announcement genre, as well as the Vygotsky`s learning and development conception. This theme is justified because the school stopped being the only privileged learning space and divides this responsibility with the media which interfere in people’s way of thinking and acting, besides providing the student a critic look in relation to them, adding a new look, its school activities use. During this study negative and positive points were realized like, the use of the computer in the English classes, among them the fact that it is an efficient tool used in the proximal development zone able to establish real development, besides emphasizing the importance of teachers’ consciousness in preparing their classes efficiently for their success , reinforcing their role as mediators in the teaching-learning process.
Key words: learning teaching. Reading. Internet. Motivation. Autonomy.
1 Introdução
O ambiente escolar tem se tornado um grande desafio para a prática
pedagógica que contemple o ensino-aprendizagem de maneira mais adequada.
Muitos são os obstáculos que tornam a prática docente árdua, dentre os mesmos o
fato de a escola não ser o único espaço a possibilitar informação e conhecimento.
Atualmente as Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC) influenciam
os modos de pensar e agir das pessoas que as consideram companhias e guias de
comportamento. O contexto histórico-social é o de globalização, fenômeno que liga
as economias mundiais, espaços geográficos e o destino das pessoas, as
informações são rápidas e o conhecimento abstrato. Esta situação deve ser refletida
pelo corpo docente com muita seriedade e, portanto expor os alunos diante das
mídias e juntamente com os mesmos buscar um olhar mais crítico e seletivo. O
3
comportamento dos alunos é resultado da influência das mídias na vida cotidiana
bem como nas formas de ensinar e aprender. Neste contexto, as Diretrizes
Curriculares de Educação Básica sugerem que o ensino de Língua Estrangeira deve
contemplar os discursos sociais.
Diante do exposto, o presente estudo tem como finalidade relatar uma
experiência desenvolvida durante curso de formação continuada oferecido pelo
Governo do Estado do Paraná, denominado Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE), com base no gênero textual propaganda institucional
enfatizando a leitura através do recurso internet para a realização das atividades
propostas, observando os resultados desta inclusão. Este estudo buscou também
estimular a autonomia e motivação do aluno em relação a sua aprendizagem; bem
como incentivar a leitura crítica, pesquisa e produção de texto.
Este gênero textual anúncio institucional foi escolhido para a elaboração do
material didático, seqüência didática, por ser atrativo devido as imagens
relacionadas a linguagem escrita e por facilitar a produção de sentidos atribuída
pelos alunos. Sua função é interferir no comportamento das pessoas, seu objetivo é
persuasão, apelo e informação, portanto trabalho com idéias e conceitos. Justifica-
se também pela ênfase em seu papel social e conceito de interacionismo sócio
discursivo que defende que somos constituídos pela linguagem e a transformamos
constantemente, sendo a linguagem, portanto múltipla e resultante da construção
social.
Este trabalho está apoiado no interacionismo sócio-discursivo (ISD), um
quadro teórico-metodológico desenvolvido por Bronckart e seus colaboradores de
Genebra. Há várias contribuições baseadas nas ciências humanas, dentre eles
Vygotsky e os conceitos de aprendizagem e desenvolvimento. Outros itens
fundamentaram este trabalho, o ensino mediado por computador, gêneros textuais,
a seqüência didática e um breve histórico sobre a publicidade e a propaganda
institucional.
A metodologia traz a apresentação da seqüência didática com as atividades
divididas de acordo com a estrutura sugerida por Schneuwly e Dolz (2004);
produção inicial, módulo para a capacidade de ação, módulo para capacidade
discursiva, módulo para capacidade lingüístico-discursiva e produção final. Neste
item há um relato de cada parte que compõe a seqüência didática, incluindo pontos
positivos e negativos que o uso do computador em sala de aula traz, observados
4
durante a intervenção pedagógica, bem como a avaliação realizada pelos alunos em
relação ao mesmo.
2 Fundamentação teórica
2.1 Vygotsky e a Globalização
Vygotsky construiu sua teoria Histórico-Cultural na Rússia pós-revolucionária
(1917-1929), com o objetivo de explicar o desenvolvimento do indivíduo a partir das
relações sociais em determinado contexto-histórico. Sua teoria foi significativa para o
momento russo da época bem como para o contemporâneo, ou seja, de
globalização; processo histórico capitalista.
O momento histórico em que uma sociedade vive é determinante para se
produzir novas necessidades, nova consciência e comportamento do mesmo, e
também teorias que possam ajudar a compreender os acontecimentos.
Para Furtado (1999, p. 86-87) a globalização é a formação de um sistema
econômico mundial, anterior a Revolução Industrial de fins do século XVIII e começo
do XIX, com importante mutação na segunda metade do século XX com a
emergência das empresas transnacionais como principais agentes organizadores
das atividades produtivas. O autor também esclarece que o ponto fundamental para
a compreensão da sociedade capitalista, é que a mesma surgiu em uma espécie de
dialética de conflito, o que Marx chamou de luta de classes.
No momento atual é nas empresas que está concentrado o poder, pois quem
tem mais tecnologia tem mais força. Diante disso explica-se o enfraquecimento dos
movimentos sociais. O fenômeno da globalização fortalece o individualismo e
dificulta a organização dos grupos sociais. O capital sobrepõe-se ao social.
Hobsbawn (2007), afirma que a globalização trouxe consigo uma dramática
acentuação das desigualdades econômicas e sociais. Seu impacto é mais sensível
para os que menos se beneficiam dela. Este impacto é de ordem política e cultural,
trazendo também a questão da imigração.
5
O fenômeno da globalização distancia e isola as pessoas tornando-as
independentes, egoístas, talvez vítimas de uma situação, um momento histórico no
qual a maioria inocentemente reproduz padrões de comportamento inquestionáveis.
De maneira geral ouve-se falar sobre a globalização, mas qual é a consciência que
se tem da mesma?
Viver num mundo globalizado quer dizer que os destinos dos diferentes povos
que habitam a terra se encontram cada vez mais interligados e imbricados uns nos
outros, esse é o fenômeno de transnacionalização da nossa vida cultural e
econômica. Robins (1997 apud RAJAGOPALAN, 2003, p. 57).
A teoria de Vygotsky é um dos aportes teóricos para a educação atual por
oferecer a possibilidade de fazer com que se hajam reflexões para compreender que
o homem e a sociedade são historicamente determinados.
Percebe-se no mundo globalizado a quantidade de informações oferecidas de
forma fragmentada, os conceitos são fragmentados, o tempo para absorção dessas
informações é curto, há uma preocupante dificuldade de interpretação das mesmas.
Como as disciplinas escolares e a escola poderiam colaborar para que a consciência
da situação histórica fosse mais totalizadora que fragmentada?
Especificamente nossos experimentos trouxeram à tona os seguintes fatos inter-relacionados: os pré-requisitos psicológicos para o aprendizado de diferentes matérias escolares são, em grande parte, os mesmos, o aprendizado de uma matéria influencia o desenvolvimento das funções superiores para além dos limites dessa matéria específica, as principais funções psíquicas envolvidas no estudo de várias matérias são inter-dependentes – suas bases comuns são a consciência e o domínio deliberado, as contribuições principais dos anos escolares. A partir dessas descobertas, conclui-se que todas as matérias escolares básicas atuam como uma disciplina formal, cada uma facilitando o aprendizado das outras; as funções psicológicas por elas estimuladas se desenvolvem ao longo de um processo complexo (VYGOTSKY, 2008, p. 128).
Diante dessa afirmação de Vygotsky a consciência da importância que se deve
ter diante dos conteúdos por parte dos professores é imprescindível, pois oferecer o
máximo de oportunidades de aprendizagem aos alunos constitui-se em oportunizar
uma visão geral e relacionada dos mesmos. Cada disciplina com sua relevância
contribui com o aprendizado.
No caso da língua estrangeira (LE), ela é essencial, pois através da mesma é
possível trabalhar qualquer conteúdo na escola, pois, de acordo com Goethe (apud
6
VYGOTSKY, 2008, p. 137), aquele que não conhece nenhuma língua estrangeira
não conhece verdadeiramente a sua própria.
Ao fazer comparações, os alunos aprendem melhor a língua materna e podem
perceber que a LE não representa apenas palavras diferentes a serem
memorizadas, mas que há sentido nas mesmas.
Segundo Bakhtin (2006, p. 96), “a palavra está sempre carregada de um
conteúdo ou de sentido ideológico ou vivencial”, e ainda de acordo com o autor não
pronunciamos ou escutamos palavras e sim verdades ou mentiras, coisas boas ou
más, a reação diante das palavras ocorre quando as mesmas despertam
ressonâncias ideológicas ou concorrentes à vida.
Bakhtin concorda com Saussure (2006, p. 15), de que a língua é um fato social
e que se justifica pela necessidade de comunicação, porém ideológica.
Na globalização a linguagem está enfocada nos mercados e não no aspecto
social. A LE pode contribuir para a compreensão do momento atual.
As Diretrizes Curriculares para o ensino de LE (2008, p. 55), apontam que
“ensinar e aprender línguas é também ensinar e aprender percepções de mundo e
maneiras de atribuir sentidos”. Destarte, objetiva-se a análise das questões sociais,
políticas e econômicas da nova ordem mundial e o desenvolvimento de uma
consciência crítica.
Para Mészáros (2008, p. 114), espera-se que pela primeira vez no curso da
história humana os indivíduos se tornem conscientes de sua parte no
desenvolvimento humano com relação a objetivos transformadores abrangentes e a
escala temporal de seu próprio envolvimento e contribuição ao processo de
mudança de suas sociedades. O êxito de mudança depende da responsabilidade
social e autonomia da consciência de contribuição específica imediata. Dessa forma,
para o autor, a educação deve provocar a transformação social, deve ser ampla e
emancipadora.
Através da educação a visão de mundo que se tem deve ser ampliada fazendo
com que haja uma compreensão melhor da realidade, tornando o indivíduo mais
autônomo para que se possa superar os obstáculos que o cotidiano propõe.
Para Burgess (apud TULESKI, 2008, p. 67), Vygotsky é importante para a
atualidade por sua visão de homem e natureza. Há vários Vygotskys, alguns
marxistas, ou não, interessados pela psicologia, Educação Especial com
desenvolvimento e aprendizado enfocando a zona de desenvolvimento proximal. Ele
7
se apresenta como pedólogo, metodólogo, psicólogo, estudioso da arte, todos
separados e sem comunicação com grandes questões da sociedade de seu tempo.
Sua importância é relevante em qualquer época, seja no passado ou futuro,
visto que se faz necessário compreender o contexto histórico e o momento que é o
fenômeno da globalização e que sugere uma nova consciência totalizadora dos
conhecimentos e não a fragmentação dos mesmos.
Diante do exposto acima, faz-se necessário abordar o papel das mídias na
sociedade, uma vez que as mesmas divulgaram a globalização.
2.2. A Importância das Mídias para a Atualidade
As novas tecnologias de informação e da comunicação (TIC) impuseram
mudanças na sociedade atual provocando novas formas de pensar e agir. Não há
indivíduo que não tenha sofrido as conseqüências desta era de informação a não ser
que tenha ficado à margem dos acontecimentos de acordo com Silva e Tomael
(2008, p. 123).
As mudanças trazidas pelas TIC vieram para o bem ou para o mal, de um lado
ampliam, aproximam e desenvolvem as relações com o mundo por outro acentuam
as diferenças sociais afastando ainda mais as vítimas da falta de informação. Castro
(2009, p. 28), aponta que as mídias divulgaram o crescimento econômico, trouxeram
mais benefícios para os mais pobres no século XX do que nos quatro séculos
anteriores e que os avanços tecnológicos têm sido muito generosos com os mais
pobres.
A maioria das pessoas tem acesso a informação no mundo inteiro,
independente do nível social e só fica desinformada por opção. “Estamos vivendo a
era da informação, somos o que sabemos” Rajagopalan (2003, p. 59).
Diante deste cenário de mudanças em que as tecnologias estão presentes em
todos os segmentos da sociedade oferecendo um novo conceito de tempo e
distância é que a escola deve questionar seu uso juntamente com seus alunos, se o
uso do computador libertou ou alienou as pessoas, se a qualidade das informações
são confiáveis e se os mesmos fazem uso deste instrumento para fins educativos. É
inegável que os recursos tecnológicos são benéficos à motivação das aulas e que,
8
portanto, os professores devem adequar seu uso as suas práticas pedagógicas,
fazendo sempre reflexões críticas quanto ao mesmo.
Segundo Perrenoud (2000, p. 129) mesmo o professor pouco criativo que se
contenta em usar os “livros do professor” propostos pelo sistema educacional é
provável que ele não escape das novas tecnologias à medida que os documentos
impressos forem atualizados em CD-ROM, o professor deverá projetá-los em uma
tela.
Para Perrenoud (2000, p. 130) essa transferência provoca no professor a
construção de uma grande capacidade de saber o que está disponível, de mover-se
nesse mundo e de fazer escolha, ou seja, do universo limitado para o ilimitado, que
é chamado de hipertexto. Ao se buscar a definição de uma palavra na Internet há
várias definições e exemplos, automaticamente por ser rápido há uma conexão
referente a esta palavra em qualquer lugar do planeta, ou seja, através de uma
busca aprende-se mais do que o previsto.
O desenvolvimento dos conceitos ou dos significados das palavras pressupõe o desenvolvimento de muitas funções intelectuais: atenção deliberada, memória lógica, abstração, capacidade para comparar e diferenciar (VYGOTSKY, 2008, p. 104).
A palavra hipertexto foi usada em 1940 pelo engenheiro americano Vannevar
Bush que tinha a preocupação de reunir e gravar tudo o que fora escrito em
microfilme e fora escrito em microfilme e fazer aparecer em dois monitores para que
houvesse associações entre ambos. Bush foi identificado como pai do hipertexto
devido ao ousado programa de associação de texto ao cérebro. A associação entre
textos através de um código faz com que haja criação de outros textos diferentes e
mais produtivos.
Ted Nelson apostou em novos métodos de software em 1960 que registrasse
documentos escritos sobre determinado tópico, e que pudesse ser lido em todas as
direções. O nome hipertexto foi criado por Nelson em 1965 e foi ligado a um
universo documentado chamado “Dokuversum”. Türcke (2008) define o hipertexto
como a escrita não seqüencial, para o autor o futuro deve pertencer ao escrever, ao
ler e ao pensar “não seqüencial” e “não linear”.
A leitura através do computador é vantajosa do ponto de vista da falta de
paciência que os alunos têm de ler livros inteiros, bem como falta de hábito, o
9
hipertexto contribui para o enriquecimento da leitura, porém há que se admitir que é
um programa de computador que já prevê novos links sobre os assuntos.
Ao propor as atividades que favoreçam o crescimento pessoal e a
aprendizagem, o professor estará estimulando a autonomia do aluno. Paiva (2009,
p. 35, 36) sugere que:
Mudando as relações de poder, você poderá contribuir para atitudes mais autônomas de seus alunos. Envolva-os nas decisões, dê a eles opções de escolha de material e de atividades, transforme-os em seus colaboradores e você estará não apenas ensinando outra língua, mas educando-os para uma participação na sociedade mais democrática e mais colaborativa.
De acordo com Parreiras (2001, p. 193), aprendizes autônomos se apropriam
do seu processo de aprendizado e controle o “+ 1” da fórmula “i + 1”. Input
hypothesis da teoria de aquisição proposta por Krashen, em que a partir do que o
aluno já sabe, ele constrói novos conhecimentos, estando exposto a língua alvo
(input), o que Vygotsky chama de zona de desenvolvimento proximal (ZPD).
Em sala de aula é preciso criar oportunidades para o aluno despertar para o
novo, para a busca de seu próprio aprendizado. A sala de aula deve ser uma
amostra da sociedade, da realidade, que precisa de pessoas autônomas e
competentes, e que saibam resolver problemas.
O professor exerce a função de mediador para promover aprendizagem e
desenvolvimento dos alunos, porém:
Na teoria Histórico-Cultural não se reduz à ação docente. No contexto escolar os conteúdos ensinados, são instrumentos simbólicos, portanto, mediadores culturais sistematizados pelas várias ciências (SFORNI, 2008).
Sforni (2008) afirma que para compreender o conceito de aprendizagem e
desenvolvimento de Vygotsky é preciso compreender o conceito de mediação e que
na organização do ensino é preciso se preocupar com a relação professor,
conhecimento e aluno. Mediação, em termos genéricos, é o processo de intervenção
de um elemento intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e
passa a ser mediada por esse elemento (OLIVEIRA, 2005. p. 26).
Se a relação do homem com o mundo não é direta e sim mediada, as mídias
são consideradas instrumentos mediadores.
10
Oliveira (2005), explica didaticamente os elementos mediadores em Vygotsky
que são: os instrumentos e os signos. Segundo Oliveira (ibidem) o trabalho une
homem e natureza através da ação transformadora do homem sobre a mesma.
Através do trabalho desenvolvem-se os instrumentos, que são elementos existentes
entre os trabalhadores, e os objetos de trabalho possibilitando a transformação da
natureza.
A sociedade capitalista mudou a visão de trabalho e conhecimento. Do século
XVIII até a segunda metade do século XX, o trabalho era manual. Com a ciência e a
tecnologia, o setor produtivo foi substituído pelas máquinas causando desemprego.
A sociedade capitalista exclui aqueles que não participam do mundo do consumo.
No mundo globalizado os indivíduos não têm tempo, para si próprios, pois o
trabalho ocupa a maior parte do tempo. Faz-se necessário criar novos empregos
para adequar-se no mercado de consumo.
O século XXI trouxe a sociedade do conhecimento que se confunde com
informação. Faz-se necessário investir na informação das máquinas e no
conhecimento. Somente a educação pode viabilizar a adaptação do homem nesta
era de informação onde a concorrência é injusta, pois as mídias são atrativas e a
escola talvez um ambiente defasado precisando adequar-se a realidade atual.
No mundo globalizado, a informação e o conhecimento estão circulando pela mídia digital e virtual. Exigem-se mudanças radicais de paradigmas nos sistemas educativos. Para atender às novas exigências do mercado internacional a proposta dos organismos internacionais é subordinar a escola às leis do mercado. Muda o papel da escola. Além de transmitir o conhecimento deve também educar para a vida, ensinar a aprender a aprender, ensinar a aprender fazer, ensinar a aprender a viver juntos, ensinar a aprender a ser (TERUYA, 2006. p. 39).
O próximo assunto será a importância que o computador assume, como um
instrumento de apoio a prática pedagógica.
2.3 O Ensino Mediado por Computador
O computador pode contribuir para que haja a aprendizagem desde que o
professor planeje bem as suas aulas, sendo consciente, crítico, reflexivo e não se
deixando levar pelo deslumbramento dos recursos. Faz-se necessário levar em
11
conta o conhecimento prévio dos alunos sobre os conteúdos, problematizando-os a
fim de que a aprendizagem ocorra de forma prazerosa. O foco deve estar na
tentativa de garantir o conhecimento historicamente produzido pela humanidade.
Paiva (2001), afirma que a rede mundial de computadores aproximou os povos
e oportunizou interação entre nativos e não nativos na língua alvo.
A internet possibilita acesso a informação por meio da rede mundial. Há
informações úteis, relevantes à pesquisa, bem como não confiáveis. Informações de
fontes seguras podem contribuir para a formação da cidadania, da consciência sobre
assuntos atuais e qualifica através dos cursos a distância, como forma de
democratizar o conhecimento. É atrativa, pois oferece som, imagens e rapidez ao
mesmo tempo e seu enfoque dentro da escola está na aprendizagem como
processo de construção do conhecimento que se dá individualmente e coletivamente
de maneira ativa.
As informações na internet estão mais atualizadas que nos livros. Seu uso é
interessante no desenvolvimento de projetos como o do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), por exemplo.
A internet é um instrumento de externa importância, pois promoveu a
globalização através da democratização da informação na última década com
impressionante rapidez, rompendo barreiras geográficas em todo o mundo.
Marcuschi (2009), afirma que a internet é suporte que alberga e conduz
gêneros dos mais diversos formatos, ou seja, contém todos os gêneros possíveis. O
próximo tópico a ser abordado serão os gêneros textuais.
2.4 Gêneros Textuais
O estudo dos gêneros textuais começou no Ocidente há vinte e cinco séculos
com Platão e a tradição poética e com Aristóteles e a tradição retórica. A palavra
gênero era usada com o sentido literário. Atualmente de acordo com Swales (1990,
p. 33 apud MARCUSCHI, 2009, p. 147), “hoje gênero é facilmente usado para referir
a uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou
sem aspirações literárias”.
Marcuschi (ibidem) afirma que a noção de gênero textual é usada em
etnografia, sociologia, antropologia, retórica e na lingüística, sendo seu enfoque,
portanto na lingüística.
12
De acordo com a perspectiva interacionista social de linguagem, os gêneros
textuais são práticas de linguagem historicamente construídas e quando
materializadas podem ser trabalhadas na sala de aula através de uma seqüência
didática, os gêneros, portanto não são estáticos. Assim, para o interacionismo social,
“a consciência de si e a construção das funções superiores são estreitamente
dependentes da história de relações do indivíduo com a sua sociedade e da
utilização da linguagem” (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004. p. 46).
A base do trabalho escolar deve ser os gêneros, pois para Dolz e Schneuwly
(idem, ibidem) sem os gêneros não há comunicação, logo não há trabalho sobre
comunicação. Os gêneros devem ser trabalhados em todas as séries do Ensino
Fundamental e Médio, diversificando-os. Desta maneira o aluno terá contato com o
maior número de gêneros, aprenderá a fazer narrações, argumentações,
exposições, etc. Do ponto de vista pedagógico e didático, saberá fazer comparações
do ponto de vista psicológico, conhecerá a linguagem usada e poderá transformar
sua própria linguagem e por fim socialmente dizendo perceberá que a linguagem é
um instrumento de aprendizagem e fará uma ligação entre o mundo, as pessoas e a
si mesmo. Esse crescimento deve acontecer em forma de espiral, ou seja, diferentes
gêneros, em diferentes séries.
A idéia de forma de crescimento em espiral nos remete ao conceito de zona de
desenvolvimento proximal de Vygotsky, que denomina a capacidade que a criança
tem de resolver atividades sozinha de nível de desenvolvimento real, ou seja, não
precisa de ajuda para realizar tais atividades. Se a criança precisar de ajuda, seja
dos colegas da sala ou de um adulto, e que ela possa realizar atividades com
instruções, esta capacidade é chamada de nível de desenvolvimento potencial. O
caminho entre o nível de desenvolvimento real e o potencial é chamado de zona de
desenvolvimento proximal. O que a criança não consegue realizar sozinha hoje
poderá realizar amanhã.
O único tipo positivo de aprendizado é aquele que caminha à frente do desenvolvimento, servindo-lhe de guia deve voltar-se não tanto para as funções já maduras, mas principalmente para as funções em amadurecimento (VYGOTSKY, 2008. p. 130).
Para que a criança possa se desenvolver e progredir em relação a um
conteúdo, primeiramente ela deve ter aprendido um conteúdo anterior para que este
13
possa gerar um novo. O aprendizado que é significativo impulsionará o
desenvolvimento. Se não houve aprendizagem, não há possibilidades de
desenvolvimento.
Devido às inúmeras oportunidades de desenvolvimento que os gêneros
propõem, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná enfatizam a
necessidade de interação entre os sujeitos através do discurso, portanto, o trabalho
com a língua estrangeira fundamenta-se nos gêneros textuais.
Há um consenso entre lingüistas teóricos e aplicados de que o estudo dos
gêneros, como área interdisciplinar é muito rico. Nascimento (2009, p. 9) compara o
gênero textual a um andaime indispensável à construção do novo: novos textos,
visando novos interlocutores em novas situações de interação, novos objetos de
ensino orientados por novas concepções e objetivos, novas práticas escolares que
tornam as atividades de linguagem, como meio de articulação entre as práticas
sociais e os objetos escolares.
Os gêneros textuais em circulação na sociedade apresentam objetivos
específicos, tais como: resumo, monografia, memorando, etc. Possuem forma,
função, estilo e conteúdo. Sua determinação deve ser pela função e não pela forma,
pois há textos com formas pré-estabelecidas com funções diferentes, como por
exemplo, uma bula de remédio pode ser usada com a função de propaganda.
Os gêneros se imbricam e interpenetram para constituírem novos gêneros,
Bakhtin (1979 apud MARCUSCHI, 2009, p. 163). Para Marcuschi (ibidem) este
imbricamento é chamado de intergenericidade. Dolz e Schneuwly (2004, p. 28), por
sua vez afirmam que os gêneros são mega-instrumentos, pois há possibilidade de
integrar uma variedade de instrumentos em um todo único.
Outro aspecto relevante dos gêneros textuais é que são considerados
instrumentos de poder. São gêneros socialmente construídos, portanto orais ou
escritos, fazem uso de uma linguagem que não é neutra e o aluno precisa descobrir
a função da mesma através dos diversos gêneros.
Cabe ao professor fazer e ensinar o aluno a fazer uso crítico das variedades de
gêneros textuais presentes na sociedade e uma forma de propor atividades que
contemplem esta perspectiva é através da seqüência didática, o próximo tópico a ser
analisado.
14
2.5 Seqüência Didática
Ensinar a produção oral e escrita é um dos compromissos da escola. Uma
estratégia válida para ambas é a seqüência didática, que são atividades elaboradas
para trabalhar os gêneros. Seu objetivo é melhorar a prática de linguagem, enquanto
instrumento de ensino aprendizagem.
As seqüências didáticas instauram uma primeira relação entre um projeto de apropriação de uma prática de linguagem e os instrumentos que facilitam essa apropriação. Desse ponto de vista, elas buscam confrontar os alunos com práticas de linguagem historicamente construídas, os gêneros textuais para lhes dar a possibilidade de reconstruí-las e delas se apropriarem (SCHNEUWLY; DOLZ , 2004. p. 51).
Os discursos são instrumentos de ensino-aprendizagem que se trabalhados na
forma de seqüência didática de maneira bem elaborada pelo professor, podem numa
perspectiva interacionista fazer despertar no aluno a consciência de si, seu
desenvolvimento que se dá através do relacionamento com o outro em sala de aula
e com a história bem como na construção de novos discursos que permitirá uma
mudança de comportamento.
A construção de novos textos provocará o domínio dos mesmos em novas
situações, melhorará o contato com as formas orais ou escritas a leitura e o
conhecimento de mundo.
Para Benson Bronckart (1995, p. 46 apud DOLZ e SCHNEUWLY, 2004, p. 50),
ao analisar a zona de desenvolvimento proximal de Vygostsky, afirma que a ZPD só
pode propor situações de interação que julgar serem eficazes, se as mesmas forem
assimiláveis ao estado de desenvolvimento efetivo do aluno. O sucesso da criação
de uma ZPD depende da experiência profissional do professor.
Ao elaborar uma seqüência didática o professor deve estar ciente da
perspectiva bakhtiniana que considera o gênero em três dimensões, mencionadas
por Marcuschi (2009, p. 212):
1) Os conteúdos: São as características do gênero estudado, que apreendidas
pelos alunos, facilitarão a produção de outros gêneros.
15
2) A estrutura comunicativa: Diz respeito a particularidade dos textos que
pertencem aos gêneros, o aluno perceberá que esta particularidade poderá ser
utilizada com outros gêneros.
3) As configurações específicas de unidades lingüísticas: São traços da posição
enunciativa do enunciador, os conjuntos particulares de seqüências textuais e de
tipos discursivos que formam essa estrutura. O aluno deve perceber uma ligação
entre o que está estudando com a realidade e esta deve ter sentido com a vida real.
Além dessas dimensões, os gêneros escolhidos e as atividades planejadas
devem ser de interesse do aluno para que o mesmo se sinta envolvido, buscando
autonomia e aprendizagem.
Schneuwly e Dolz (2004) estruturam a seqüência didática da seguinte forma:
a) Produção Inicial: É a apresentação de uma situação problema, na qual os
alunos poderão discutir, debater, contextualizar a questão. Esta etapa visa a
produção do gênero a ser trabalhado. Esta modalidade pode ser escrita ou oral.
b) Módulo para o desenvolvimento da capacidade de ação: É o primeiro
contato com o gênero. Nesta etapa haverá exploração do contexto de produção. Os
alunos responderão perguntas individualmente ou coletivamente, tais como: Qual o
conteúdo? Quem escreveu? Qual a intenção? Quando? etc. O professor poderá
atribuir nota a esta primeira produção.
c) Módulo para o desenvolvimento da capacidade discursiva: É a etapa que
deve garantir ao aluno a capacidade de superar os problemas surgidos na primeira
produção, tais como:
• A situação da comunicação;
• A organização dos conteúdos;
• O planejamento do texto;
• A realização do texto. Trata-se da organização, do layout do texto.
d) Módulo para o desenvolvimento da capacidade lingüístico-discursiva: É a
etapa em que o aluno aprendeu a identificar o gênero textual sob vários pontos de
vista, conseguiu formalizar o funcionamento de recursos de linguagem. Haverá
atividades que contemplem de maneira crítica a gramática, fonética, fonologia,
vocabulário, etc.
e) Produção Final: É a etapa em que o aluno mostrará seu aprendizado
através da produção final do gênero. É uma etapa importante, pois o aluno terá
16
controle sobre sua aprendizagem, saberá o que fez, como e por que o fez. O
professor poderá proceder a uma avaliação somativa e não apenas formativa.
Com base no exposto até o item acima, o próximo assunto será a história da
publicidade, enfatizando o gênero textual escolhido para o desenvolvimento da
seqüência didática, o anúncio institucional.
2.6 História da Publicidade
A história da publicidade é tão antiga quanto a história da humanidade. Seu
início foi na antiguidade clássica, através das tabuletas descobertas em Pompéia.
Essas tabuletas anunciavam combates entre gladiadores e as casas de banho
existentes na cidade. A princípio a publicidade era oral e anunciava vendas de
escravos, ressaltando as qualidades dos mesmos.
Até a Idade Média, esta publicidade estava a serviço dos comerciantes para
tornar público suas mercadorias. A utilização de símbolos para anunciar
estabelecimentos comerciais iniciaram neste período; como exemplo, uma cabra
simbolizava uma leiteria e um escudo de armas uma pousada, visto que as casas
não tinham números e as ruas não tinham nome.
Uma etapa importante na história da publicidade iniciava-se no século XV, com
a invenção da imprensa mecânica por Gutenberg. O primeiro cartaz foi impresso em
1482 para anunciar uma manifestação religiosa chamada: “O Grande Perdão da
Nossa Senhora”. Os primeiros anúncios tinham por objetivo a informação, a exemplo
no Mercurius Britannicus, a 30 de setembro de 1658: “essa excelente bebida
chinesa”, aprovada por todos os chineses, Tay ou Tchá pelos Tea, por outras
nações, vendida na cafeteira “Cabeça de Sultana”, em Sweeting’s Rents, pelo Royal
Exchange, Londres.
Com a Revolução Industrial, a necessidade de consumo aumentou, e a
publicidade passou por mudanças, sendo mais persuasiva e deixando de ser apenas
informativa.
A palavra publicidade designava o ato de tornar público do latim publicus e
pode ser classificada em:
a) Publicidade de produto;
17
b) Publicidade de serviço;
c) Publicidade de varejo;
d) Publicidade comparativa;
e) Publicidade cooperativa;
f) Publicidade industrial;
g) Publicidade de promoção.
O termo propaganda foi usado primeiramente pela Igreja Católica, pelo papa
Gregório XV em uma Comissão Cardinalícia para a propagação da fé, com o
objetivo de fundar seminários destinados a formar missionários para difundir a
religião e imprimir livros religiosos e litúrgicos. Neste período, o clero era
considerado o centro do conhecimento e os únicos habilitados a ler e a escrever. A
propaganda era usada para divulgar a religião e a converter os povos gentios.
Com a Reforma Protestante, a imprensa e a Revolução Industrial, a Igreja
Católica perdeu seu poder exclusivo de propagação de idéias. Indústrias, comércios,
sindicatos e partidos políticos passaram a fazer uso das propagandas.
Na primeira metade do século XX se inicia o desenvolvimento das condições
técnicas dos suportes que darão a propaganda política e demais modalidades os
canais de atuação para informações as massas influenciáveis. Surge o rádio,
jornais, fotografias e televisão.
A palavra propaganda vem do latim propagare e quer dizer: propagar,
multiplicar, estender, difundir. Fazer propaganda é propagar idéias, crenças,
princípios e doutrinas. A propaganda pode ser classificada, de acordo com Muniz
(2010), em:
a) Propaganda ideológica;
b) Propaganda política;
c) Propaganda eleitoral;
d) Propaganda governamental.
e) Propaganda institucional;
f) Propaganda corporativa;
g) Propaganda legal;
h) Propaganda religiosa;
i) Propaganda social.
18
2.7 A Propaganda Institucional
A propaganda institucional é um recurso criado pelas empresas para agregar
valor e credibilidade. Através da mesma, o consumidor pode descobrir sobre a
reputação da empresa, e isto pode interferir no ato da compra.
A empresa que se mostra preocupada com valores sociais, tais como:
preocupação com o meio ambiente, ética, cidadania, etc., procura associar sua
marca de maneira eficiente.
Desde os fins do século XX, é possível perceber a aplicabilidade dos recursos
da tecnologia de informação se tornavam cada vez mais repletos de inovações,
gerando alterações significativas que mudaram não apenas a tecnologia, mas
também o próprio ambiente de vida de humanidade e continuam a mudar
diariamente.
Neste contexto, o mercado deve criar e reinventar mecanismos dos quais ele
próprio se beneficia, certamente há um investimento neste tipo de publicidade,
porém, é vantajoso, visto que pode causar impacto e até mesmo chocar a opinião
dos consumidores, cada vez mais exigentes.
No contexto brasileiro, a propaganda da SOS Mata Atlântica, 2009, causou
impacto com a cena do chuveiro de Psicose, de Hitchcock que sugere o xixi no
banho para economizar água, (www.xixinobanho.org.br). Segundo seus produtores,
é uma imagem que cola na cabeça (Revista Veja, 2009, p. 256).
As propagandas institucionais são apresentadas aos alunos na forma original,
ou seja, sem adaptações, aproximando-os dos textos para inferências, uma vez que
as imagens são atraentes e estão relacionadas à linguagem escrita, facilitando a
produção de sentidos pelos mesmos. Sua função é interferir no comportamento das
pessoas, seu objetivo é persuasão, apelo e informação, portanto, trabalha com
idéias e conceitos.
A opção de desenvolver uma seqüência didática sobre propaganda institucional
(Public Relations Advertising) em língua inglesa se justifica neste projeto do
Programa de Desenvolvimento Educacional, doravante PDE, por seu papel social e
pelo conceito de interacionismo sócio discursivo que defende que somos
constituídos pela linguagem e a transformamos constantemente, sendo a linguagem,
portanto, múltipla e resultante, da construção social. Sendo as propagandas
19
institucionais de caráter sócio-educativo, os alunos poderão inferir, produzir sentidos
e agir criticamente aquelas propagandas que se utilizarem de falsas ideologias, pois
ao trabalharem com tais textos perceberão o caráter persuasivo que poderá
influenciar seus modos de pensar e agir.
3 Metodologia
Com base nos estudos realizados a cerca dos gêneros textuais, numa
perspectiva de linguagem sócio-interacionista, foi elaborado o material didático
pedagógico, ou seja, uma seqüência didática que sugeriu um trabalho com o gênero
textual dentro da esfera de atividade publicitária. Este instrumento de estudo foi
aplicado pela professora PDE Sandra Santos da Silva Romanini, no Laboratório de
Informática do Colégio Estadual Costa Monteiro em Nova Esperança PR, com os
alunos da 8ª série do período matutino com o objetivo de apresentar este gênero aos
alunos, utilizando o recurso midiático internet, buscando verificar se o mesmo
poderia contribuir com o aprendizado dos alunos, pois segundo Lévy (1993, apud
BEHRENS p. 73) o conhecimento pode ser divido em três formas: a oral, a escrita e
a digital. Se a linguagem oral e escrita proporcionam ensino-aprendizagem acredita-
se que a linguagem digital também deve ser usada para enriquecer este processo.
As atividades desenvolvidas nesta seqüência didática foram realizadas de
acordo com a estrutura sugerida por Schneuwly e Dolz (2004), produção inicial,
módulo para o desenvolvimento da capacidade de ação, módulo para o
desenvolvimento da capacidade discursiva, módulo para o desenvolvimento da
capacidade lingüístico-discursiva e produção final, relatada a seguir.
Produção inicial
Esta é uma modalidade que pode ser escrita ou oral para a contextualização
de um problema.
Inicialmente já no laboratório de informática da escola, houve uma conversa
com os alunos no intuito de saber quantos tinham computadores em casa, qual o
motivo de uso, se era para fins de estudo, sites de relacionamentos, e a
20
credibilidade das informações. Terminada esta conversa com os alunos, aos
mesmos foram entregues apostilas elaboradas pela professora, contendo exercícios
escritos e sites a fim de que os alunos pesquisassem textos em língua inglesa para
a realização de leitura e um filme no computador, conforme exemplos de atividades
abaixo:
Como na contextualização havia perguntas em inglês foi realizada uma leitura
e repetição das mesmas para a familiarização dos alunos com o vocabulário e para
que eles respondessem a essas perguntas de maneira consciente, compreendendo
suas traduções e sentindo-se mais seguros com o manuseio das mesmas. Os
alunos participaram com entusiasmo dessa atividade. Logo após, assistiram a um
filme dirigido por Stanley Kubrick podendo ser acessado através do link
www.kubrick2001.com sobre a evolução da espécie influenciada pela tecnologia e
responderam perguntas na apostila a respeito do mesmo, fizeram reflexões
oralmente sobre a importância da tecnologia na vida do homem em cada época da
sua existência bem como sobre as ferramentas presentes na escola, tais como giz,
caneta, TV entre outras. Na seqüência havia outros questionamentos sobre a
sociedade do consumo e recursos utilizados por empresas para divulgarem seus
produtos ou serviços. Esta atividade foi realizada individualmente por escrito e
Do you have a computer at home? ( ) Yes, I do ( ) No, I don’t How often do you use it? ( ) I use it every day ( ) I use it once a week ( ) I sometimes use it Number the reasons why you use the computer according to the importance it has for you: ( ) I read the news, gossips about famous people, the soap opera’s summary ( ) I chat ( ) I navegate on the internet ( ) I do my homework ( ) I play games ( ) I date ( ) I make surveys ( ) I make friends ( ) I use the MSN and Orkut ( ) I keep photos ( ) I read my e-mails ( ) other, specify it________________________
Você assistirá a um filme que explica a trajetória do homem há aproximadamente quatro milhões de anos antes de Cristo até 2001, abordando a evolução da espécie influenciada pela tecnologia e os perigos da inteligência artificial. É uma ficção científica dirigida por Stanley Kubrick. Acesse o site www.kubrick2001.com e responda as perguntas abaixo: a) Who planted a monolith? ( ) It was planted by a visitor from outer space ( ) It was planted by a robot As the internet is a very rich source of information, we can learn lots of different kinds of things, good or not, among them we can also study, read texts in general. In fact we’ve got to make good use of it. Acess the site: http://www.torontoobserver.ca/wp-content/uploads/2008/03/ernestines.jpg and read the text in order to think of it, besides answering questions. Complete: a) The name of the institution: _________________ b) Target audience: _________________________ c) Subject of the text: _______________________
21
depois oralmente com a participação de todos, pois as perguntas estavam em língua
portuguesa.
Módulo para o desenvolvimento da capacidade de ação
É o primeiro contato com o gênero. Há exploração do contexto de produção.
Refletindo sobre a internet como uma fonte de informação muito rica inclusive
para estudo, tarefas e trabalhos escolares solicitou-se em pesquisa através do site
http://www.torontoobserver.ca/wp-content/uploads/2008/03/ernestines.jpg para a
busca do anúncio institucional escolhido para a realização desta atividade. Os
alunos deviam analisar qual o tipo de texto, o público alvo, o objetivo do anunciante,
o assunto do texto, e para tal os alunos fizeram uso do conhecimento prévio da
linguagem verbal e visual, dedução e reflexão através da leitura do texto que
evidenciou o papel social da linguagem. Alguns alunos tiveram dificuldades em
encontrar a imagem solicitada, por não estarem familiarizados com os computadores
e digitarem de maneira desatenta. Os alunos com mais habilidade ajudaram aqueles
com dificuldades.
Módulo para o desenvolvimento da capacidade discurs iva Esta etapa deve garantir que o aluno supere problemas surgidos na primeira
produção em relação a planificação e organização geral do texto.
Os alunos tiveram a oportunidade de manusear um texto autêntico através da
internet e através de cartaz, enviado pela própria instituição “ERNESTINES´S
WOMEN´S SHELTER”, com sede no Canadá exclusivamente para enriquecer o
trabalho de aplicação do material didático.
Analisando a capacidade discursiva em relação aos dois anúncios
trabalhados os alunos perceberam a presença de imagens fortes, chocantes e auto-
explicativas. Identificaram os objetivos das empresas e características presentes em
ambos, de convencimento, persuasão, argumentação em relação a uma idéia e não
a um produto, bem como linguagem imperativa e o nome da empresa. Nesta etapa
houve dificuldades dos alunos em encontrarem tanto a imagem do segundo anúncio
22
institucional, quanto o vídeo da Campanha SOS Mata Atlântica pois já não estava
mais disponível no site, houve tentativa de novas buscas, mas a atividade de ouvir
no computador e completar espaços na apostila foi prorrogada para a próxima aula.
Como o vídeo havia sido salvo, houve a opção de trabalhá-lo através da TV pen
drive.
Módulo para o desenvolvimento da capacidade lingüís tico-discursiva Nesta etapa os alunos foram levados a identificar características de gênero
textual que tem por objetivo a divulgação de serviços e a preocupação com o meio
ambiente, por esta razão, percebeu-se o uso restrito de adjetivos neste tipo de texto.
Foi possível um trabalho com verbos regulares e irregulares no tempo passado
simples, os alunos deviam buscar a imagem através do computador e responder aos
exercícios na apostila, reconhecer palavras cognatas, trabalhar vocabulário
acessando a dicionários on line indicados, praticar a pronúncia de palavras e sons
vocálicos acessando o site recomendado, formar frases opinando sobre a imagem
trabalhada de acordo com o site além de uma pesquisa sobre o termo
greenwashing, não conhecido antes pelos alunos. Este trabalho oportunizou uma
leitura crítica, pois o assunto é atualizado e as formas gramaticais foram usadas
também de maneira crítica servindo para contextualizar o assunto abordado.
Produção final Além de expressarem opiniões sobre os anúncios institucionais trabalhados
analisando a posição ativa ou passiva em relação aos mesmos, os alunos
produziram novos anúncios institucionais em grupo buscando imagens no
computador e trabalhando a linguagem escrita em inglês, um grupo ajudando o outro
grupo e também sob orientação da professora corrigindo os textos em inglês, os
alunos salvaram e apresentaram seus anúncios institucionais e analisando as
imagens e textos criados pelos grupos.
Tendo sido finalizado o trabalho com a seqüência didática utilizando o
computador, os alunos responderam a um questionário sobre o uso do recurso
23
tecnológico internet na escola e sua relevância na aprendizagem, cujos resultados
farão parte do próximo tópico.
4 Resultados/Discussão Durante a utilização da seqüência didática, já mencionada anteriormente foi
possível perceber que os alunos tiveram dificuldades em reconhecer o gênero
anúncio institucional a priori, mas fizeram uso de estratégias de leitura tais como:
inferências, skimming, scanning, reconheceram os cognatos, utilizaram
conhecimentos prévios, possibilitando, então, compreender a essência do texto
devido a imagem.
Quanto ao uso da ferramenta computador e/ou internet percebeu-se pontos
positivos e negativos a serem mencionados.
Pontos positivos
- a participação dos alunos nas aulas foi a contento, pois estavam envolvidos
com a experiência;
- a professora preparou atividades anteriormente prevendo problemas de
funcionamento das máquinas;
- os alunos que têm mais habilidade com os computadores se ajudam entre si
e ajudam a professora também, o que caracteriza aprendizagem colaborativa;
- os alunos conseguem realizar atividades sozinhos, o que estimula a
autonomia;
- os alunos procuram pesquisar e resolver as atividades, o que pode estimular
a aprendizagem;
- os alunos precisam da professora para orientá-los nas atividades, o que
evidencia a importância do professor nesta fase de tecnologia e informação em que
a sociedade vive atualmente.
Pontos negativos
- computadores que não funcionam;
- alunos que sabem utilizar a internet se distraem e passam a assistir vídeos
no YOUTUBE;
24
- vídeos longos cansam os alunos e causam barulho e distração;
- sites indisponíveis provocam perda de tempo na tentativa de encontrá-los;
- durante a leitura do texto alguns alunos se anteciparam e procuraram a
tradução das frases no google, deixando de oportunizar a compreensão através do
pensamento e análise.
Para Masetto (2009, p. 139), a tecnologia não vai resolver ou solucionar o
problema educacional e sim poderá colaborar se for analisada adequadamente.
Durante apresentação dos anúncios houve uma percepção crítica quanto as
imagens utilizadas pelos grupos para a elaboração de novos anúncios que não
conseguiram convencer o consumidor/leitor em relação à produção escrita e em
relação ao novo termo greenwashing, ou seja, aquilo que não acontece ou não
convence. Ex.: o desenho de um computador com uma pessoa saindo de dentro
dele não acontece, não pode ser usado em um anúncio sobre cyberbullying. Vale
ressaltar que na opinião de Marcuschi (2009, p. 99) “produzir e entender textos não
é uma simples atividade de codificação e decodificação, mas um complexo processo
de produção de sentido mediante atividades inferenciais”. Vygotsky (2008) denomina
a capacidade que a criança tem de resolver atividades sozinha de nível de
desenvolvimento real. Neste caso a internet serviu como recurso facilitador da
aprendizagem, um elemento da zona de desenvolvimento proximal. As atividades
inseridas na seqüência didática proporcionaram um trabalho de leitura, oralidade e
escrita; que completam o conteúdo estruturante do discurso, proposto pelas
Diretrizes Curriculares que sugerem o ensino de língua estrangeira a partir dos
discursos sociais. Através destas atividades os alunos foram levados a dominar o
gênero e a ter um comportamento autônomo diante do mesmo além de
proporcionarem mudanças ligadas a situações de aprendizagem.
Observou-se também uma aproximação positiva entre professor e aluno, ou
seja, uma relação empática com os alunos que de acordo com Moran (2009, p. 45) é
imprescindível para o sucesso pedagógico.
O uso da tecnologia esteve diretamente ligado a aprendizagem, sendo um
instrumento medidor da mesma e proporcionou desenvolvimento no aluno como um
todo, melhorando seu conceito de mundo, tornando-o mais crítico, pesquisador e
autônomo. Este perfil de cidadão pode causar uma melhora tanto para sua vida
pessoal quanto compreender que poderá impactar o aspecto social, compreendendo
que uma sociedade pode ser mais justa e igualitária dependendo de sua própria
25
atitude e que cada um fazendo melhor a sua parte poderá influenciar no todo social,
e o todo é a junção das partes que se bem trabalhadas formarão o todo desejado; a
sociedade, sadia, justa que promova o conhecimento e o bem estar para todos.
Análise do questionário
1) O uso da internet é significativo para a aprendizagem?
A grande maioria dos alunos acredita que pode aprender diversos assuntos
através da internet, segundo eles aprende-se “tudo na net”.
2) É preciso saber usar a internet para que ela seja eficiente na aprendizagem?
Na opinião dos alunos tem que saber usar o computador e a internet fazendo
cursos de informática ou procurando “descobrir” suas funções sozinhos.
3) Aprende-se mais através da internet do que através dos livros?
Para os mesmos ler livros é “chato”, já a internet é “divertida” e acessando um
site, há links com os quais eles aprenderão ainda mais sobre um assunto. O
chamado hipertexto, que contribui para o enriquecimento da leitura, que segundo
Faustini (2001, p.254) todo o ambiente na Web é chamado de hipertexto, termo
criado por Ted Nelson nos anos sessenta, e que apresenta característica muito
90%
10%
SIM
NÃO
90%
10%
SIM
NÃO
90%
10%
SIM
NÃO
26
importante: possue conexões que permitem que o documento seja lido em qualquer
ordem não é necessário ler do início ao fim, a leitura não é linear e nem seqüencial.
4) Pesquisar na internet envolve concentração?
Os alunos concordam entre si que para resolver os exercícios no computador
ou na apostila, é preciso que todos colaborem, uma vez que no laboratório de
informática da escola, os computadores são próximos uns dos outros e o fato de
algum aluno sintonizar em músicas enquanto o outro está fazendo atividades de
“listening” em Língua Inglesa, dificulta a compreensão dos exercícios.
5) É preciso estar atento para que não se perca tempo nas aulas?
Os alunos demonstraram insatisfação e desmotivação em três momentos
nesta experiência: 1) ao assistirem a um filme longo durante a contextualização já
mencionada acima; 2) quando um vídeo sobre o SOS Mata Atlântica não estava
disponível e tiveram que tentar procurá-lo novamente; 3) e finalmente para fazer a
gravação das imagens, já salvas na pasta do computador da escola que haviam
desaparecido e salvar em JPG também foi demorado. De maneira geral atividades
demoradas mesmo com a utilização do computador desestimulam e cansam os
alunos.
6) Aprende-se mais através da internet do que com a explicação do professor?
100%
0%
SIM
NÃO
100%
0%
SIM
NÃO
40%
60%
SIM
NÃO
27
A valorização da presença do professor nas atividades foi percebida, pois os
alunos demonstraram atenção nos momentos em que foram solicitados para
ouvirem orientações em relação às atividades. A maior parte dos alunos depende e
acredita que pode aprender mais os conteúdos escolares através do trabalho
docente. A menor parte acredita no recurso internet que traz os conteúdos
explicados de várias maneiras, acredita que aprendem tudo através da internet, mas
demonstraram consciência em relação a credibilidade das informações.
7) Aprende-se mais sendo orientado pelo professor para realizar pesquisas?
Os alunos valorizam a orientação do professor, porém aqueles que têm mais
habilidade com o uso do computador sentem-se mais independentes e capazes de
realizar as atividades consultando sites e dicionários que traduzem o enunciado dos
exercícios oferecendo a oportunidade de trabalhar também a oralidade em Língua
Inglesa. A metade do grupo ainda prefere a explicação e orientação do professor por
comodismo, por acreditar na função do professor de ensinar, facilitar, mediar a
aprendizagem ou por falta de iniciativa em relação à pesquisa. A explicação do
professor é considerada pelos alunos mais objetiva, mais fácil de entender em
comparação a pesquisa.
8) Aprende-se mais através da internet sendo esforçado e pesquisando sozinho?
Na opinião da metade dos alunos seria melhor que a escola disponibilizasse
um computador por aluno para que a pesquisa pudesse ser feita individualmente.
Para a outra metade, o trabalho em grupo é vantajoso, pois um pode aprender com
o outro, já que é possível aprender através da internet.
50%50%
SIM
NÃO
50%50%
SIM
NÃO
28
9) A internet é um instrumento facilitador da aprendizagem?
Todos os alunos concordam que a internet é um recurso que facilita e
promove a aprendizagem, pois acreditam que podem encontrar todos os assuntos
abordados de várias maneiras: som, imagem, filmes, por exemplo, o que a torna
interessante e prazerosa.
10) A internet apresenta mais vantagens para o aluno do que desvantagens?
Para a maioria dos alunos a internet é usada em todos os segmentos da
sociedade: no trabalho, na escola, em casa. Na opinião deles é impossível viver sem
a internet. Já uma minoria enfatizou mais o uso inadequado e perigoso da internet;
assim como a violência, a pedofilia e desonestidade na realização dos negócios e
em relação a informações pessoais.
Ao analisar os itens acima com base na participação dos alunos, elementos
indispensáveis para a realização desta pesquisa foi possível comprovar que de
acordo com as perguntas de número 1, 3 e 9 relacionadas a internet e
aprendizagem, que a internet é uma ferramenta muito rica e que pode incentivar e
enriquecer o ensino-aprendizagem, porém verificou-se que na opinião da maioria,
ou seja 60% dos alunos perguntados o professor continua a ser o mediador da
aprendizagem, o que evidencia a responsabilidade do mesmo neste processo, no
sentido de fazer com que esta aprendizagem aconteça. Segundo Teruya (2006,p.81)
“a nova realidade obriga os professores a se adaptarem ao novo paradigma de
conhecimento demandado pelas alterações no mundo do trabalho”. Ainda com todas
as atribuições que os professores têm, faz-se necessário introduzir este recurso em
100%
0%
SIM
NÃO
90%
10%
SIM
NÃO
29
suas aulas de maneira a promover uma aprendizagem crítica, atualizada e que
privilegie mudança no comportamento dos alunos no sentido de prepará-los para
enfrentar novos desafios que a sociedade propõe. Para Perrenoud (2000, p.131-
132) os professores que não utilizarem novos instrumentos na sua prática
pedagógica empobrecerão as informações científicas e fontes documentais, porém
adverte que as novas tecnologias devem ser utilizadas criticamente para não se
tornarem banais, comprometendo seu uso crítico pelo aluno e também
responsabiliza a escola pelas escolhas pessoais dos professores. Para Barros
(2009, p.120) os modos de apropriação do saber não são estáticos e sofrem
influências do contexto sócio-histórico, portanto professores e escolas devem
apropriar-se das tecnologias, compreendendo que recebem alunos midiatizados e
devem despertar nos mesmos consciência crítica já que tanto a escola quanto as
mídias educam, porém as mídias para o consumo e a escola para a cidadania. Para
concluir este trabalho pode-se dizer que o uso do computador provocou no aluno
autonomia em relação às atividades propostas e em relação a sua aprendizagem;
contribuiu para que a leitura e criação de novos textos fossem feitas de maneira
crítica estimulando a interação entre os sujeitos do discurso e construção de
sentidos para os textos. Espera-se que esta experiência possa incentivar novos
estudos sobre o assunto em questão, uma vez que o uso do computador está
inserido no cotidiano de todos influenciando o comportamento a cultura das pessoas
como um todo.
5 Considerações Finais
Através da intervenção pedagógica do gênero textual anúncio institucional foi
possível perceber que a seqüência didática é um instrumento que possibilita a
aprendizagem de maneira significativa, visto que os alunos foram capazes de
apropriarem-se desta prática de linguagem, elaborando novos textos. De acordo
com Dolz, Noverraz, Schneuwly (2004, p.97) a finalidade da seqüência didática é
ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe escrever ou
falar de maneira mais adequada numa dada situação de comunicação.
A realização da seqüência didática através da internet proporcionou ao aluno
interação com o recurso tecnológico e com a língua inglesa, tornando-o mais
30
autônomo e participativo das atividades propostas. De acordo com Behrens (2009,
p. 84-85) “os profissionais preparados para o século XXI deverão ser criativos,
críticos, autônomos, questionadores, participativos e, principalmente
transformadores da realidade social”. Diante disso a prática pedagógica do professor
deverá integrar a pesquisa através dos recursos tecnológicos que ajudarão a
trabalhar os conteúdos que não são acabados, seqüenciais e lineares. Ensinar e
aprender é um processo de descobertas para ambos professor e aluno. É preciso
sair da zona de conforto, daquilo que já se sabe previamente para cair numa
situação em que não se sabe a resposta adequadamente para cada situação.
Finalmente deve-se correr o risco em virtude de uma aprendizagem mais
significativa em que não se privilegia a memorização de conteúdos.
O recurso tecnológico internet que foi uma ferramenta que possibilitou a
aplicação da seqüência didática e a produção deste gênero pelos alunos, observou-
se que foi um instrumento importante nesta experiência, mas que é através da
consciência do professor, atualização constante, pesquisa e entusiasmo diante das
dificuldades é que haverá aprendizagem efetiva. Espera-se, portanto, que este
trabalho possa contribuir e incentivar outros professores a fazer uso destes recursos
ou similares e enriquecer suas aulas e melhorar o processo de ensino-aprendizagem
em nossas escolas.
6 Referências
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 12ª Edição, Hucitec, 2006.
BARROS, E. M. D. O Gênero Textual como Articulador Entre o Ensino da Língua e a Cultura Midiática. IN: Elvira Lopes Nascimento (org.). Gêneros Textuais da Didática das Línguas aos Objetos de Ensino. São Paulo, Editora Claraluz, 2009.
CASTRO, C. M. Tecnologia para ricos ou pobres. Revista Veja. Editora Abril, edição 2.140 – ano 42 – nº 47, 25 de novembro de 2009.
CRISTOVÃO, V. L. L. O Interacionismo Sociodiscursivo e o Ensino de Línguas com uma Abordagem com Base em Gêneros Textuais. IN: Vera Lúcia Lopes Cristovão. Modelos Didáticos de Gênero: uma abordagem para o ensino de língua estrangeira. Londrina: UEL, 2007.
31
CRISTOVÃO, V. L. L.; BOTASSO M. Esfera Publicitária: Análise do gênero anúncio publicitário institucional em inglês. IN: Vera Lúcia Lopes Cristovão. Modelos Didáticos de Gênero: uma abordagem para o ensino de língua estrangeira. Londrina: UEL, 2007.
CRISTOVÃO, V. L. L.; DURÃO, A. B. A. B.; NASCIMENTO, E. L.; SANTOS, S. A. M.; BEATO-CANATO, A. P. M.; TAMAROZI, L. Esfera de Correspondência: Cartas de Pedido de Conselho: da descrição de uma prática de linguagem a um objeto de ensino. IN: Vera Lúcia Lopes Cristovão. Modelos Didáticos de Gênero: uma abordagem para o ensino de língua estrangeira. Londrina: UEL, 2007.
FAUSTINI, C.H. Educação a Distância: Um Curso de Leitura em Língua Inglesa para Informática via Internet. IN: Vera Menezes. Interação e Aprendizagem em Ambiente Virtual. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
FURTADO, C. O longo amanhecer: reflexões sobre a formação do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.
Gêneros textuais e Produção Lingüística. L. A. Marcuschi (UFPE). Material para uso exclusivo dos alunos. Disponível em: <[email protected]>. Acesso em: 20 dez. 2009.
HOBSBAWN, E. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Editora Schwarcz Ltda, 2008.
KENSKI, V.M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. São Paulo: Editora Papirus, 2009.
MARCUSCHI, L. A. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
MÉSZÁROS, I. A Educação para Além do Capital. São Paulo: Boitempo, 2008.
MUNIZ, E. Publicidade e propaganda: origens históricas. Disponível em: <http://www.eloamuniz.com.br/arquivos/1188171156.pdf>. Acesso em: 08 fev. de 2010.
NASCIMENTO, E. L. Gêneros da Atividade, Gêneros Textuais: Repensando a interação em sala de aula. IN: Elvira Lopes Nascimento (org.) Gêneros textuais da didática das línguas aos objetos de ensino: São Carlos: Editora Claraluz, 2009.
32
OLIVEIRA, M. K. de. Vygotsky: Aprendizagem e Desenvolvimento: Um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1997.
PARANÁ, SEED. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Estrangeira Moderna. Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 2008.
PAIVA, V. L. M. de O. e. Aprendendo Inglês no Cirberespaço. In: Interação e Aprendizagem em Ambiente Virtual. Belo Horizonte: Faculdade de Letras UFMG, 2001.
PARREIRAS, V. A. Estratégias de Aprendizagem Online e Autonomia: uma relação biunívoca ou antagônica. IN: Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (org). Interação e Aprendizagem em Ambiente Virtual. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, UFMG, 2001.
PERRENOUD, P. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
RAJAGOPALAN, K. Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
NEIVA, P. Propaganda a militância (e a polêmica) na publicidade. Revista Veja. Editora Abril, edição 2.145 – ano 42 – nº 52, 30 de dezembro de 2009.
MORAN, J.M; MASETTO, M.T; BEHRENS, M. A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. São Paulo: Editora Papirus, 2009.
SCHNEUWLY, B; DOLZ, J. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.
SENA, A. E. L. L.; PAIVA, V. L. M. D. O Ensino de Língua Estrangeira e a Questão da Autonomia. IN: Diógenes Cândido de Lima (org.). Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
SFORNI, M. S. F. Aprendizagem e Desenvolvimento: O Papel da Mediação. IN: Vera Lúcia Fialho Capellini; Rosa Maria Manzoni (org.). Políticas Públicas, Práticas, Pedagógicas e Ensino-Aprendizagem: diferentes olhares sobre o processo educacional. Bauru, UNES/FC. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008, no prelo.
TERUYA, T. K. Trabalho e Educação na Era Midiática: Um Estudo sobre o mundo do trabalho na era da mídia e seus reflexos na educação. Maringá, PR: EDUEM, 2006.
TOMÁEL, M. I. (org.). Fontes de Informação na Internet. Londrina: EDUEL, 2008.
33
TULESKI, S C. Vygotsky: A construção de uma psicologia marxista. Maringá: EDUEM, 2008.
TURCKE, C. Hipertexto In: A indústria cultural hoje. Boitempo Editorial. São Paulo-SP, 2008.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
<http://www.centrorefeducacional.com.br/vygotsky.html>. Acesso em: 02 de set. de 2009.
Leitura Recomendada:
BAUMAN, Z. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Ed., 1999.
MARX, K.; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1998.
NEVES, H. de A.; AMARAL, G. L. do. Um olhar, através da propaganda, sobre o ensino oferecido pelas escolas pelotenses (1920-1930). Disponível em: http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Neves_e_Amaral.pdf. Acesso em: 08 de fev. de 2010.