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DCV 0212 –  Fontes das Obrigações: Teoria Geral dos

Contratos e Contratos do Código Civil

Professora Associada Patrícia Faga Iglecias LemosCaderno de Lucas R. de OliveiraTurma 186

05/08 - Conceitos Básicos (Patrícia)

  O contrato nunca é uma visão estritamente jurídica, mas uma colaboração de várias áreas, comoeconomia, sociologia e política.

  O contrato, acima de tudo, é um grande criador de obrigações. Dessa forma, sua interpretação deveser estudada de acordo com a teoria da vontade declarada, e não a mera teoria da vontade, de modo anão criar mais ou menos efeitos do que o desejado.

  O contrato possui vários elementos: sujeitos (capazes, relativamente incapazes e incapazes), objetos(lícitos e ilícitos), forma (prevista e prescrita, como a escritura) e acordo de vontade (declarada, não presumida, e vícios, como erro e dolo), todos contribuindo para suas condições de existência,validade ou eficácia.

o  Exemplo do usufruto vitalício: o usufrutuário não pode passar esse benefício para seusherdeiros. Mesmo que haja um contrato estipulando isso, ele não é válido, pois configurariaum pacto sucessório ilícito.

  O contrato é um conceito derivado, pois deriva de um negócio jurídico.  As solenidades ditavam a validade do contrato no direito romano. Dessa forma, diferia da convenção

e do pacto, já que essas últimas seriam "inferiores" ao contrato. Essa visão não permanece hoje, jáque as convenções estabelecem obrigações tal qual os contratos.

o  Exemplo das convenções ambientais e trabalhistas, que podem ter seus cumprimentosexigidos, como um contrato.

  Como é trabalhado o contrato atual?o  O contrato do CC de 16, com sua ideia de igualdade formal, cai por conta da teoria da

igualdade material do CC de 2002. Exemplo: contratos em que as partes não são iguaiseconomicamente, o que gera uma onerosidade excessiva para uma delas.

o  A igualdade tem que se fazer presente a todos os instantes do contrato: é o dirigismo

contratual, em que o Estado "equipara" as partes do contrato. São necessários, principalmente, nos chamados contratos de massa.

o  A liberdade de celebrar o contrato é limitada pela lei, como o Código de Defesa doConsumidor, proteção ambiental, leis trabalhistas, etc.

o  A liberdade de escolher o contratante é vista sob o ângulo de maior proteção das partes.o  A liberdade de determinar o conteúdo do contrato é limitada pelo dirigismo contratual.

  Conceito de contratoo  O CC não traz um conceito de contrato, mas ressalta o princípio da operabilidade (como ele

opera na sociedade, sua função social, etc.)

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o  Definição de Orlando Gomes: é uma espécie de negócio jurídico bilateral ou plurilateral, comvínculo obrigacional de caráter patrimonial (que não é necessariamente correto atualmente,como no caso do direito de família)

Definição de Silvio Rodrigues: negócios jurídicos bilateraiso  Definição de Paulo Nalin: "é uma relação jurídica subjetiva nucleada na solidariedade

constitucional destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais, não sóentre os titulares subjetivos da relação como também perante terceiros"  A produção de efeitos perante terceiros não se trata necessariamente de uma

relação erga omnes. Exemplo: acordos setoriais, que acabam influenciando oconsumidor, embora ele não tome parte.

  É a definição preferida da professora.o  O contrato possui uma eficácia externa no âmbito de sua função social, que vai além dos

contratantes.  Elementos essenciais do contrato

o  Alteridade: é a preocupação com o outro, o ato de considerar o outro, já que os interesses deduas ou mais pessoas estão envolvidas. É aqui que se insere a boa-fé objetiva. Os interessesdevem ser harmonizados, na medida do possível.

  CC de 16: acordo de vontade que cria obrigações. CC de 2002: um acordo dedeclaração de vontade.

o  Igualdade material: um novo paradigma é necessário para que ambas as partes possamelaborar o contrato. É aqui que entra a questão da equidade e da socialização do contrato.

  O que pode influenciar o contrato?o  Interesses:

  Difusos: são interesses transindividuais, aqueles em que não é possível apontar otitular do interesse.

  Coletivos: são interesses ligados a relações jurídicas de base no coletivo ("todos osalunos daquela escola", "o sindicato").

  Individuais homogêneos: são interesses individuais que, por meio de um fato, afetauma série de pessoas e que dá a cada uma delas o direito de promover uma ação. É umconceito mais ligado à economia processual. Exemplo: lei 7.347 (lei da ação civil pública).

o  Diálogo das fontes:  Ideia de Erik Jayme  As fontes do direito se comunicam, para gerar uma maior proteção ou igualdade

material. Exemplos: o conceito de hipossuficiência presente no art. 6º do CDC, que éusado em outras áreas do direito, e o enunciado 167 da 3ª Jornada do STJ.

06/08 - Principiologia Contratual (Patrícia)

  Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos ( pacta sunt servanda): não codificado, mas bem aceito,mormente no Código Civil de 1916.

  Pontualidade  Irrevogabilidade do vínculo  Intangibilidade do conteúdo: não pode ser alterado.  Ideia de lex privata (contrato = lei entre as partes).

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  Mitigado por: revisão contratual (v.g., onerosidade excessiva) + resolução (art. 474 e 475, CC)+ resilição unilateral (art. 473, CC - em algumas circunstâncias, uma das partes pode por fim aocontrato). A ideia geral é coibir o desequilíbrio contratual.

  Relatividade dos Contratos: emana da ideia de onerosidade excessiva superveniente. Por exemplo,corre quando há alteração de circunstâncias que engendram revisitação do contrato. Dialoga com a

função social do contrato ("esse contrato atende aos interesses da sociedade ou não?"). Em síntese,deixou de ser um princípio pertinente somente às partes e passou a ganhar uma magnitude social, principalmente em casos de direito concorrencial.

  Exceções: contrato com pessoa a declarar (arts. 467-471, CC) + seguro de vida => em ambos,terceiros são afetados diretamente, ipso facto da natureza do contrato. Não é por afetar um terceiroespecífico que entra aqui o princípio... Trata-se de uma exceção.

  Obs.: pessoa a declarar não é violação à boa-fé objetiva.  Direito à informação (transplantado da lógica do CDC). Novamente, a ideia é de coibir o

desequilíbrio, tendo como ponto focal o art. 6º, CDC.  Esses princípios são bastante abertos e dependem de uma aferição casuística, ao arbítrio do juiz. São

conceitos, pois, indeterminados.  Art. 421, CC: função social do contrato. [falta de técnica legislativa -> escopo do contrato é

econômico, não atender à função social do contrato]. 

13/08 - Principiologia Contratual e Formação dos Contratos (Patrícia)

  Os princípios do contrato visam mitigar o desequilíbrio entre as partes.   Funcionalização dos institutos de direito privado: o contrato não é simplesmente uma questão

isolada, mas de todo o direito privado; está relacionada a toda a estrutura e finalidade do direito.  A função (como aparece em "função social da propriedade") é um dever-poder, "é um papel que um

 princípio, norma ou instituto desempenha no interior de um sistema ou estrutura". (Bobbio)  A boa-fé objetiva está relacionada à lealdade de um contratante com o outro. Pode ser sintetizada

como lealdade, correção e veracidade. Por outro lado, a função social tem um escopo maior, relativo atoda a sociedade.  Aplicação do princípio da função social do contrato (art. 421)

o  Tem muita relação com a boa-fé objetiva, sob o caráter da eticidade   Ambos são pilares do direito privado  São normas de ordem pública e, portanto, se aplicam aos contratos anteriores ao CC

atual.o  É um pouco exagerado, pois a liberdade não é exercida em razão apenas da função social, mas

dos interesses econômicos dos contratantes.o  Só devem ser reconhecidos os contratos que atendam a essa função social. Ou seja, é um

 princípio limitativo; é um limitador da autonomia privada, resumidamente.o 

Dever positivo:  É a obrigação de realizar a função econômica do contrato.o  Dever negativo

  É não prejudicar o outro ou a coletividade como um todoo  Todo o sistema de leis concorrenciais é baseado nesse princípio, além das áreas ambiental,

trabalhista e do direito do consumidor.o  O princípio é analisado a partir dos efeitos externos do contrato:

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  Art. 187 ("Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excedemanifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes"; é o chamado abuso de direito, e configura ato ilícito). A teoriada responsabilidade objetiva é a aplicada no caso do abuso de direito.

  Enunciado 23 da 1ª jornada de direito civil: "Art. 421: a função social do contrato,

 prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomiacontratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interessesmetaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana." Ouseja, há autonomia privada, mas ela é limitada pela função social do contrato e peladignidade humana.

  Art. 144 ("O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, aquem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidadeda vontade real do manifestante."): manifestação do princípio da conservação donegócio jurídico.

  Art 157, §2º ("Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplementosuficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito."): aliberdade de contratar encontra seu limite na lesão.

  Enunciado 22 da 1ª jornada de direito civil ("Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas."): funçãosocial é cláusula geral que assegura o princípio da conservação do negócio jurídico.

  Formação do contratoo  É pautada na manifestação de vontade. Se não houver uma forma prescrita em lei, regras

específicas, a manifestação de vontade tem forma livre.o  A manifestação deve ser expressa e inequívoca. A aceitação pode ser tácita, mas isso nem

sempre é possível (exemplo: doação com encargo não admite manifestação tácita de vontade).  Fases da formação do contrato:

 Negociações preliminares (fase pré-contratual, negociações tratativas, fase de puntuação)

  Se discute como o contrato vai ser celebrado. Já pode haver uma minuta do mesmo.  Via de regra, não vincula os contratantes, não há uma obrigação de contratar.  Pode haver responsabilidade, mas não é possível falar em responsabilidade contratual,

 já que o contrato ainda não existe.  Três requisitos que, se cumpridos simultaneamente, geram responsabilidade na

negociação:  Induzimento à crença de que o contrato se realizaria  Prejuízo  Falta de motivo justo

  A boa-fé objetiva é exigível nas negociações, e de ambas as partes.  Enunciado 25 da 1ª jornada de direito civil ("Art. 422: o art. 422 do Código Civil não

inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual."). O art. 425 leva a entender que a boa-fé só deve ser cumprida naexecução do contrato, o que não é verdade.

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  Enunciado 363 da 4ª jornada: "Art. 422. Os princípios da probidade e da confiança sãode ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a demonstrar a existênciada violação."

Proposta (fase de policitação, fase de oferta, oblação)  As partes envolvidas são o policitante (quem faz a proposta) e o oblato (quem aceita a

 proposta; também chamado de aceitante).  É o momento inicial da formação do contrato. Ou seja, uma vez formulada, a propostaobriga o proponente (art. 427).

  O contrato entre presentes pressupõe que as propostas estão sendo feitas em temporeal. Não é necessária a presença física simultânea, de forma que um contrato entre presentes pode se dar por meio de uma ligação telefônica, por exemplo.

  Contrato eletrônico: é um meio ou lugar de realização? A doutrina tem essa questão, ea resposta a essa pergunta influencia se o contrato eletrônico é um contrato entreausentes ou presentes. Predominantemente, a doutrina aceita a internet como um meio,não como um lugar.

  A proposta deve ser completa, ou seja, deve trazer todas as cláusulas existenciais docontrato.

  A proposta também deve ser séria, dirigida a uma pessoa determinada oudeterminável, conter as limitações (como de estoque, por exemplo).

  É considerada uma declaração de vontade unilateral e aceptícia, ou seja, só produzefeitos com sua aceitação.

  Art. 428: proposta entre presentes e ausentes  Se for uma proposta a pessoa presente e sem prazo, a aceitação deve ser

imediata (contrato com declaração consecutiva).  Se for uma proposta a pessoa presente e com prazo, a aceitação deve se dar

dentro do prazo.  Se for uma proposta a pessoa ausente e sem prazo, a aceitação deve ser dada

em prazo razoável (prazo moral, contrato com declarações intervaladas).  Se for uma proposta a pessoa ausente e com prazo, a aceitação deve se dar

dentro do prazo.  Retratação: deve chegar antes ou simultaneamente à aceitação.

  O caso da oferta ao público (art. 429): a oferta pode ser revogada desde quehaja uma previsão na realização da própria oferta, pelo mesmo meio que foifeita.

Aceitação  Pode ser expressa ou tácita (pagamento de boleto, por exemplo).  Pode se dar entre presentes e ausentes. Nesse último caso, a aceitação deve ser dada

dentro do prazo moral, senão a aceitação se torna uma nova proposta, e o proponenteoriginal tem a faculdade de aceitá-la ou não.

  Duas teorias que regulam os contratos por correspondência (contratos epistolares):

  Teoria da informação (ou do conhecimento)  O contrato só se aperfeiçoa quando o proponente toma conhecimento

do conteúdo da aceitação.  Teoria da agnição (ou da declaração)

  O contrato se aperfeiçoa quando o aceitante manifesta sua anuência. Sedivide em três teorias diferentes:

  Teoria da declaração: quando o aceitante declarou sua aceitação.

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  Teoria da expedição: quando o aceitante expediu sua aceitação(art. 434).

  Teoria da recepção: quando o proponente recebeu a aceitação.o 

Entrega da coisa (no caso de contratos específicos)

19/08 - Interpretação dos Contratos (Patrícia)

  Interpretar não é uma atividade passiva, mas um agir positivo no caso concreto.o  É a adjudicação do intérprete para aquele conteúdoo  Revista trimestral de direito civil, volume 5, pagina 75: leitura recomendada.o  "Interpretar, além de compreender, é reformular ou exprimir o objeto da interpretação sob

nova forma" - Eros Grau  Uma das dificuldades de interpretação é o lapso temporal entre a formulação do contrato e sua

interpretação.  Quais os parâmetros de interpretação do contrato?

Art. 425: contratos atípicos podem ser formulados, desde que obedeçam às regras do CC.o 

 Na formação dos contratos, não são apenas as palavras postas que valem, mas também oscomportamentos demonstrados, as circunstâncias negociais, o modelo cultural de atitude, ocontexto contratual.

o  A interpretação é um processo, não é algo instantâneo. De acordo com Alf Ross, ainterpretação se desenvolve em etapas:

  Analisar de forma que o significado da expressão seja definido mais claramente pormeio de uma descrição; é a exploração do texto.

  Analisar de forma que um conjunto de fatos concretos experimentados se encaixe nomodelo; é a exploração do contexto, das negociações tratativas e de todas as fases docontrato, de um modo geral.

o  Devem ser analisadas as junções de declaração de vontadeso 

Art. 427: fala sobre a formação do contrato, e as regras de interpretação devem se pautar nessaregra.o  A interpretação da execução do contrato depende, principalmente de dois pontos:

  Adimplemento das prestações (ligada às regras de pagamento)  Equilíbrio contratual (em caso de desequilíbrio, deve haver uma revisão contratual)

  Essas são as regras que o art. 425 explicitamo  Adaptando a teoria do negócio jurídico, temos as seguintes etapas de interpretação:

  Para a fase das tratativas, é analisada a existência do contrato e a presença deresponsabilidade ou não.

   Na questão da validade, são sanções legais que impedem as partes de obter o desejado.  Para a fase de execução, é analisada a eficácia, se os efeitos serão realmente

 produzidoso 

Fase das tratativas  É analisado como as partes se comportam nessa fase, principalmente no âmbito da

 boa-fé objetiva.  Para a interpretação, é decisivo determinar o que a conduta representa naquele

momento histórico. Exemplo: a autonomia da vontade do CC de 1916 é um contextoimportantíssimo, assim como os contratos de adesão.

  Os cânones interpretativos de Emilio Betti.

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  Art. 112: deve ser analisada a declaração em si, não as palavras literalmente (éo primeiro cânone: interpretar sem alterar)

  Segundo cânone: analisar a coerência daquelas cláusulas no contrato como umtodo, contextualizar o objeto interpretado, como, por exemplo, o costume e otempo do local de celebração.

Como é analisado o contrato de acordo com o CC?  Doutrinadores defendem que o CC não deve estabelecer regras de interpretação, quecabe à doutrina. No Brasil, existem normas obrigatórias de interpretação previstas peloCC, de forma a garantir uma interpretação de acordo com a lei, que nem sempre sãoseguidas pelo Judiciário.

  Assim, as regras legais vinculam a interpretação, de modo a garantir uma mínimacoerência de critérios legais.

  São artigos importantes para a interpretação:  Art. 112: é a reconstrução da vontade declarada das partes a partir da formação

(oferta e aceitação) do contrato, não em seu aspecto literal, mas universal. É oinverso do que estava no CC de 16. Relembrando, deve ser analisado texto econtexto. "Procurar a vontade no conteúdo do contrato (no texto), via análiselógico-gramatical dos enunciados para depois passar para a conjugação com otodo contratual (contexto, tempo e lugar da celebração do contrato, a qualidadedas partes envolvidas e também eventuais relações pré-existentes entre as partes, comportamento das partes, em todas as fases do contrato, qualidade dascoisas que são objeto do contrato e objetivos das partes ao celebrarem ocontrato*, extraindo seu sentido)" - Patrícia

  Elementos do contexto, circunstanciais*  Ponto de relevância hermenêutica é a óptica mediante a qual deve ser

compreendido o ato ou contrato. Exemplo: o testamento deve seranalisado conforme o ponto do testador, a oferta deve ser analisadaconforme o ponto do aceitante, a aceitação deve ser analisada conformeo ponto do ofertante.

  Essa lógica pode ser variável conforme as circunstâncias docaso. Exemplo: o consumidor é priorizado ao invés dofornecedor.

  Os seguintes artigos compõem a chamada  fase integrativa, e são aplicados naordem abaixo:

  Art. 113: trata da boa-fé objetiva. É um dever geral de lealdade,confiança e eticidade, é o que se deve esperar da outra parte contratanteconforme os usos e locais do contrato. Os padrões de boa-fé sãomutáveis, de acordo com o tipo de contrato celebrado. Usos = "padrõesde conduta que integram a fattispecie do negócio ao lado da declaraçãode vontade das partes (Pontes de Miranda)". Podem ser prescritivos oudescritivos. Só se fala em usos quando são comuns para ambos oscontratantes

  Art. 114: interpretação de negócios benéficos e renúncia. Há odeslocamento do ponto de relevância hermenêutica para o devedor docontrato principal. Exemplo: contrato de doação.

  Art. 170: preservação do negócio jurídico. De repente, o contrato énulo, não é permitido, mas pode haver a conversão do negócio jurídico

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em outro. Consiste em requalificar o negócio jurídico considerando queas partes teriam celebrado outro negócio se soubessem dos víciosexistentes. Outros dispositivos relativos a esse princípio são os arts.157, §2º e 172.

  Art. 423: regra clara de interpretação contra o estipulado no contrato

quando houver dúvida. É um deslocamento do ponto de relevânciahermenêutico para o aderente, aquele que não pode discutir ascláusulas. Ambiguidade se refere à falta de seguranca para estipular umsentido para aquela cláusula. Está associada a um princípio maior, a boa-fé.

  Evicção e vícios redibitórioso  Evicção é um direito pré-existente ao seu direito.o  Os vícios redibitórios são da própria coisa, como um vício oculto, que deve ser corrigido e

causa prejuízos o possuidor.o   Na evicção, há um vício do direito em si, e não da coisa. Por exemplo: a compra de um

veículo furtado. O veículo pode ser perfeito, mas há um vício de direito.o  Se aplica a evicção por uma sentença que atribui o bem a um terceiro que possuía um direito

anterior ao seu.  Atualmente, algumas situações reconhecidas pela jurisprudência que não a sentença

 podem permitir a aplicação da evicção.

20/08 - Vícios Redibitórios (Monitor Gilson)

  São uma expressão da garantia do alienante em relação ao adquirente.  Os vícios redibitórios só se aplicam aos contratos comutativos, que são espécies de contrato oneroso.

 Nesses contratos, o alienante deve proteger o adquirente de todos os vícios que a coisa contiver, sejaela móvel ou imóvel.

É uma responsabilidade do alienante, portanto.  É uma garantia antiga, que remonta ao Direito Romano.  Hoje, os vícios redibitórios estão em dois regimes distintos: no regime do CC e no regime do CDC,

ou seja, nas relações civis e nas relações de consumo, respectivamente. A distinção é importante, porque as aplicações e consequências são diferentes.

 No CDC, os vícios redibitórios estão nos artigos 18 a 27.o   No CC, estão nos artigos 441 a 446.o   No CDC, o conceito de vícios redibitórios é mais elástico e garante uma maior proteção do

adquirente.   No CC, vício redibitório é um defeito contido na coisa. Não há vício de vontade ou de direito, mas

um defeito da coisa. Relembrando, a coisa pode ser móvel ou imóvel e advinda de contrato

comutativo.o 

Qual tipo de defeito?  Um defeito oculto, que não consegue ser detectado de imediato, apesar dos cuidados

do adquirente.  Um defeito pré-existente à declaração de vontade e à tradição.  Um defeito desconhecido pelo adquirente.

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  Um defeito que importe em uma redução sensível da funcionalidade (a coisa deixa de prestar sua função ordinária) ou economicidade (a coisa não tem mais seu valorintegral) da coisa.

  As quatro características devem ser preenchidas simultaneamente; é umacondição cumulativa, e não alternativa, portanto.

 

O fato do alienante não conhecer o vício não importa; ele é responsabilizado damesma forma. O eventual conhecimento do efeito é um mero agravamento daresponsabilidade, já que se trata de má-fé, punida no direito brasileiro com perdas e danos.

  O vício redibitório é diferente do vício de vontade, já que neste o contrato é inválido (arts. 166 e 171),enquanto que naquele o contrato é desfeito.

   No CC, há duas tutelas jurídicas possíveis para os adquirentes de coisas com vícios redibitórios:o  Tutela redibitória (art. 441): o contrato é redibido, desfeito. As partes são postas em um

momento anterior às declarações de vontade.o  Tutela estimatória (art. 442): o contrato é mantido, mas há um abatimento proporcional do

valor original.  O adquirente decide qual das tutelas usar, sujeitando o alienante em sua decisão.  O exercício dessas tutelas se dá por meio das chamadas ações edilícias.

  E no caso de perecimento da coisa por conta do vício depois da tradição? Há apenas a possibilidadede redibição. Mas se a coisa pereceu, a devolução, o retorno ao estado anterior, é impossível. Ou seja,se o negócio não tivesse sido feito, a coisa teria perecido do mesmo jeito. Dessa forma, o alienanteapenas paga o equivalente ao adquirente, caso tenha agido de boa-fé. No caso de má-fé, o alienantetambém paga por perdas e danos.

  O alienante também é protegido por conta dos prazos conferidos ao adquirente para manifestar atutela, conforme o art. 445.

o  30 dias é o prazo para a coisa móvelo  1 ano é o prazo para a coisa imóvel

  Relembrando, a contagem de prazos é tutelada no art. 132  Os vícios redibitórios no CDC (arts. 18 a 27):

o  Para o CC, vício e defeito são a mesma coisa. Para o CDC, vício  é referente à qualidade equantidade do produto, enquanto defeito é referente à qualidade e quantidade do serviço. Noentanto, no CDC, vício também é usado como gênero, abarcando tanto a sua própria definiçãode vício quanto defeito, de modo a otimizar a técnica legislativa.

o   No CC, o vício recai apenas sobre coisa (bens materiais que podem ser apropriados) móvel ouimóvel. No CDC, recai sobre bens duráveis e não-duráveis (tudo que tem utilidade e se revestede valor econômico). Ou seja, o âmbito de proteção do CDC é maior.

o  As tutelas jurídicas do consumidor  O consumidor sempre possui a prerrogativa de escolha do que fazer, conforme os arts.

18 e 19  Em relação ao produto, o consumidor pode:

  Substituir o produto por outro idêntico  Redibir o contrato  Ajuizar ação estimatória  Trocar por outro produto semelhante

  Em relação ao serviço, o consumidor pode:  Pedir a refacção do serviço (fazer o serviço de novo)  Redibir o contrato

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  Pedir o abatimento do preço   No CC, o vício recai apenas sobre a coisa, nunca serviços.   No CC, o vício precisa ser oculto. No CDC, é preciso apenas haver um defeito.  O CDC também possui prazos decadenciais (art. 26)

 

O fundamento do vício redibitório é a garantia imposta pela lei. A culpa é irrelevante para aconstituição do vício, mas pode contribuir para seu agravamento.  O adquirente só pode demandar o alienante no CC. No CDC, a responsabilidade é solidária, ou seja, o

consumidor pode demandar qualquer um na cadeia de produção/distribuição.

27/08 - Evicção (Patrícia)

  Matéria disciplinada nos arts. 447 a 457  Comparação entre evicção e vícios redibitórios

A primeira é um vício de direito, enquanto o segundo é um vício da coisa em si.  Evicção é a privação da coisa adquirida ou parte dela por sentença que a atribui a outrem por título

anterior.  É um instituto de direito material, mas que encontra alguns reflexos no direito processual.  Quando alguém adquire alguma coisa, tem em mente seu uso. A evicção é justamente a privação

desse uso.  Princípio básico da evicção: garantia, no sentido de que é necessário garantir o uso da coisa.  Outro princípio norteador da evicção: vedação ao enriquecimento sem causa.

o  É da contraposição desses dois princípios que a evicção se opera.  A evicção se aplica aos contratos em geral, não apenas à compra e venda.  Três figuras na evicção:

o  Alienanteo  Adquirente: é chamado de evictoo 

Terceiro  Evicção vem de evencer , isto é desapossamento judicial .  Histórico

o  Lei das XII Tábuas trazia a figura da actio autoritatis.  Não bastava a restituição da coisa,devendo haver uma restituição pecuniária, ou seja, era uma espécie de punição ao alienante.

  Em uma cadeia de contratos (A vende para B, que vende para C, que vende para D), o ultimocomprador pode acionar qualquer um dos alienantes em caso de evicção, algo que não era possível noCC de 1916.

  Elementos da evicçãoo  Perda da coisa: é a privação do uso da coisa. Pode ser também a perda da posse e do domínio.

Pode ser: 

Total: ocorre quando a coisa se perde integralmente. Normalmente, se usa uma açãoreivindicatória (a qual só pode ser promovida pelo proprietário)  Parcial: é a perda de parte da propriedade. Pode ser também a perda de uma servidão

ativa, na qual o dominante perde a servidão ou quando se descobre um encargo quenão estava declarado (por exemplo, um usufruto que existe sobre a coisa e que não foideclarado) ou na venda conjunta de bens. Se a perda for parcial, mas considerável,devem ser aplicadas as regras da evicção total.

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o  Sentença: há um terceiro possuidor de título anterior que move a ação contra o adquirente. É o perecimento do objeto para o adquirente não por vias de fato, mas por uma declaração. Há julgados que equiparam decisões administrativas a sentenças, o que permite a evicção.

Contrato onerosoo  Vício anterior ao contrato: há uma diferença entre o conhecimento do vício pelo adquirente ou

não.  Compras em hasta pública estão sujeitas à evicção.  Apreensão administrativa, como de carros furtados e desapropriação, dão ensejo à evicção.  Extensão da garantia:

Restituição do preço  Plus-valia: é a valorização da coisa (art. 450, Parágrafo Único). O valor devido é o da

época em que a coisa se evenceu, de modo a evitar o enriquecimento sem causa.  Menor-valia: é a desvalorização da coisa. No mínimo, a pessoa deve receber o que

 pagou. Não é possível pagar menos, porque senão teríamos o enriquecimento semcausa.

  Responsabilidade das benfeitorias: o adquirente acha que a coisa lhe pertence. Dessaforma, aplicam-se as regras de benfeitorias do possuidor de boa-fé (art. 90 e pouco) e odireito de retenção. As benfeitorias só serão restituídas se presentes no momento daevicção (art. 1.221). Para o possuidor de má-fé, aplicam-se as regras do art. 1.222.

o  Despesas com o contratoo 

Custas judiciaiso  Frutos a restituiro  Honorários advocatícioso 

Juros legais  Cláusula de exclusão da responsabilidade decorrente da evicção (non praestanda evictione)

o  Se não há cláusula de exclusão no contrato, aplica-se o preço da coisa com plus-valia, além de perdas e danos.

Se há cláusula de exclusão de responsabilidade:   No caso em que o adquirente ignorava o risco de perder a coisa, ele tem direito a, pelo

menos, todas as garantias elencadas acima, com plus-valia.   No caso em que o adquirente sabia do risco, mas não o assumiu, aplica-se a mesma

hipótese acima.   No caso em que o adquirente sabia do risco e o assumiu, não cabe nenhuma

restituição. É como se fosse um contrato aleatório, em que o comprador assume o riscode fato superveniente. A cláusula deve ser expressa.

  Art. 456 permite que o evicto cobre indenização diretamente do responsável pela aquisição viciadaoriginária, sem ter que exercer o direito contra o alienante imediatamente anterior.

03/09 - Contrato Preliminar (Monitor Luis Fernando)  Características das negociações preliminares:

o  Celebração do contrato - subidamente: proposta e aceitação.o  Período pré-contratual: é o que ocorre na maioria dos casos. São negociações preliminares ou

tratativas (conversações, entendimentos e reflexões), que levam a uma solução satisfatória.

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o  Acordos provisórios: não há previsão no CC, mas são admitidos pelo direito, devido ao princípio da autonomia privada, o qual permite modalidades contratuais que nãocorrespondem a modelos legais.

Pode haver responsabilidade, mas ela não é contratual, pois não há vinculo jurídico entre as partes. Se dá no âmbito da responsabilidade aquiliana, aquela em que um dos participantes

cria a expectativa de efetivação do negócio jurídico no outro. Ocorre quando o proponentedesiste do negócio sem justificativa e de maneira arbitrária.o  São conversações prévias, sondagens, sem qualquer vínculo jurídico. Assim, não são gerados

direitos e obrigações, já que é apenas uma preparação para o consentimento do negócio jurídico.

  Arts. 186 e 927: deve haver o ressarcimento dos danos, tanto por má-fé, como pordolo, negligência e imprudência, em âmbito extracontratual.

o  É normal as negociações preliminares se transformarem em minuta, a qual também nãovincula juridicamente. Trata-se apenas de redução a termo das condições discutidas.

  Contrato preliminaro  Em relação à nomenclatura, há divergências na doutrina: alguns se filiam mais à italiana,

como Caio Mario e Serpa Lopes, que afirmam que se trata de contrato preliminar , enquantooutros se alinham mais à alemã, como Pontes de Miranda, que afirmam ser  pré-contrato.

o   Na prática contratual, são adotados vários nomes, mas contrato preliminar é o mais adequado, já que pré-contrato traz a ideia de que não existe um contrato, enquanto, na realidade, eleexiste como instrumento. O pré-contrato é um instrumento que não é hábil a produzir efeitosvinculativos.

o  O contrato preliminar tem caráter contratual, vinculando as partes, criando obrigações.o 

O negócio jurídico não é definido pelo seu nome, mas pelo seu conteúdo.o  Para Washington de Barros, o contrato preliminar, além de fixar os requisitos do art. 104, deve

conter elementos essenciais, como preço, coisa e consenso, visando o objetivo de concretizarem contrato o contrato preliminar. Ou, como estava no slide, "é o ajuste pelo qual as partes seobrigam a concluir determinado negócio jurídico definitivo, o qual será formalizado por meiode um contrato definitivo ou principal, que necessariamente atenderá as condições e elementosessenciais já estabelecidos no contrato preliminar".

Atualmente, o contrato preliminar é tratado nos arts. 462 a 466.  Aplicabilidade do contrato preliminar

o  O contrato preliminar deve cumprir todos os requisitos do contrato definitivo, exceto a forma(art. 462).

Art. 463: duas possibilidades legais  Presença de cláusula de arrependimento: torna a efetivação do contrato inexigível.  Ausência de cláusula de arrependimento: torna a efetivação do contrato exigível por

qualquer uma das partes.  Com registro do contrato preliminar: permite oposição a terceiros.  Sem registro do contrato preliminar: não permite oposição a terceiros.

o  Art. 464: pode o juiz, após o vencimento do prazo para a efetivação do contrato preliminar,tornar o contrato definitivo, exceto quando a natureza da obrigação tornar isso impossível.

  Quando a natureza da obrigação torna a efetivação impossível? Quando a obrigação é personalíssima, por exemplo. Nesses casos, a parte inadimplente deve pagar perdas edanos.

o  Art. 465: aplica-se quando ocorre a ausência de execução do contrato preliminar peloestipulante. Nesse caso, o contrato é considerado desfeito, e pode-se pedir perdas e danos.

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o  Art. 466: trata da promessa de contrato unilateral. Na ausência de manifestação do credordentro do prazo estipulado, a promessa é ineficaz. Não há direito de indenização.

  Art. 466-B do CPC: trata da execução do contrato.  O contrato preliminar pode ser unilateral, na medida em que gera deveres para apenas uma das partes.  O compromisso de compra e venda irretratável tem como objeto a compra e venda de um bem

determinado. Nesse sentido, é diferente do contrato preliminar, em que o objeto é o contratodefinitivo.o  Quando a tutela jurisdicional é acionada no segundo caso, é exigida a efetivação do contrato,

enquanto no primeiro caso é exigida a entrega do bem (a transferência do bem por sentença judicial não exime a pessoa de pagar as taxas e impostos do cartório).

16/09 - Contratos com Pessoa a Declarar e Contrato de Troca ou Permuta (Monitor

Gilson)

  Contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471)o  É uma estrutura contratual importada do direito europeu, essencialmente italiano. É uma

importação recente, sendo trazida positivamente apenas no CC de 2002. No antigo CC, oinstituto existia, mas no âmbito da autonomia da vontade.o  Três figuras:

  Estipulante: deve indicar o eleito no prazo da cláusula ou, não havendo prazoestipulado, deve indicar o eleito em 5 dias após a conclusão do contrato. O prazo, tantoconvencional quanto legal, possui caráter decadencial. Ou seja, não sendo obedecido o prazo, a cláusula é ineficaz. O contrato permanece eficaz entre o estipulante e o promitente.

  Promitente  Eleito ou Nomeado: aceitando o conteúdo do contrato, o eleito não pode impugnar o

conteúdo do contrato. Ou seja, os efeitos da aceitação possuem efeitos retroativos.

o  É uma cláusula de reserva denominada cláusula pro amicu eligendo. Deve ser expressa.

  Consiste em um contratante, o estipulante, inserir a cláusula acima. A cláusula reservao direito do estipulante de indicar um terceiro, o eleito, para assumir a posição jurídicado estipulante perante o promitente, o que só ocorre com a aceitação do eleito.

Algumas obrigações não são transferíveis, como as personalíssimas.o  A teoria mais aceita para essa estrutura é a de que a cláusula é uma condição resolutiva para o

eleito.o  Exceção ao caráter relativo dos contratos, já que essa estrutura produz efeitos não só entre

contratantes, mas também entre terceiros.o  Princípio da atração da forma: o eleito deve usar a mesma forma do contrato para a aceitação,

senão a cláusula é nula (ao contrário do que diz o art. 468).

A lei não estipula prazo para a aceitação do eleito, apenas para a indicação. Dessa forma, oestipulante deve notificar o nomeado para manifestar sua aceitação ou não, tornando aobrigação exigível.

o  As condições de eficácias estão presentes no art. 470, e a de validade está no art. 471.  Contrato de troca ou permuta (art. 533)

o  É um contrato em espécie, e um dos mais primitivos. Dá origem ao contrato de compra evenda.

Aplica-se à troca as regras da compra e venda.

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o  Consiste na transferência recíproca o domínio de coisa móvel ou imóvel, presente ou futura,entre os contratantes. ( Rem pro re).

  É a principal diferença entre a compra e venda, já que na compra e venda há atransferência entre coisa e dinheiro (rem pro pecunia).

o  Convencionou-se chamar a transferência de coisa móvel de troca, e a de imóvel de permuta.o 

O dinheiro pode figurar na troca ou permuta como um elemento (é a chamada torna) desdeque não assuma uma posição de destaque, ou seja, a quantia em dinheiro não pode assumir umvalor maior que o da coisa que está sendo trocada.

  Se a coisa e a quantia em dinheiro forem equivalentes, deve ser analisada a realintenção das partes.

o  A equivalência deve ser vista sob o ângulo dos permutantes, ou seja, não devenecessariamente corresponder, por exemplo ao mercado.

o  É um contrato bilateral, oneroso, comutativo.  Por ser comutativo e oneroso, o contrato possui as garantias do vício redibitório e da

evicção.  A tutela estimatória do vício redibitório não é possível, já que não há preço na

troca.o 

Limitações decorrem da lei, enquanto restrições decorrem das manifestações de vontade. Dequalquer forma, são constrições à liberdade de contratar.

  Uma limitação da troca: a troca ou permuta de coisas de valores diferentes entre umascendente e seu descendente sem o consentimento dos outros herdeiros necessários.

17/09 - Extinção dos Contratos (Patrícia)

  A extinção dos contratos pode ocorrer:o 

De modo normal, ou seja, com o cumprimento das obrigaçõeso  Sem o cumprimento da obrigações por:

 

Causa anterior ou contemporânea à formação do contrato (extinção por anulação)  Causa posterior (dissolução):  A qual pode ocorrer por lesão (art. 157) ou estado de perigo (art. 156) (é a

chamada rescisão)  A qual pode ser a resilição, a qual pode ocorrer de forma unilateral (art. 473)

ou bilateral (convencional; art. 472; ocorre com a convenção da cláusula dearrependimento)

  A qual pode ocorrer por inadimplemento absoluto ou onerosidade excessiva(resolução)

o  As classificações acima foram baseadas na classificação feita por Orlando Gomes.  A teoria contratual apresenta 4 princípios básicos:

Autonomia privadao 

Boa-fé objetivao  Função social do contratoo  Justiça contratual

  Resiliçãoo  O CC adota a terminologia do CC francês.

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o  É um termo que designa a extinção do contrato por declaração de vontade de uma ou mais partes contratantes. Essa declaração de vontade é um novo negócio jurídico que extingue ocontrato.

Restrição: se todas as cláusulas já foram cumpridas, não é possível resilir o contrato.o  Art. 472 (resilição bilateral): o distrato só tem forma obrigatória quando a lei impõe uma

forma determinada. Ou seja, se tivemos um contrato de locação por escrito, o distrato não precisa ser feito por escrito, já que a lei não impõe uma forma para o contrato de locação. Ouseja, não é uma aplicação que segue o princípio da atração das formas.

  Contratos com multa penitencial (possibilidade das arras): há possibilidade de resilição bilateral

o  Art. 473 (resilição unilateral): é uma exceção ao  pacta sunt servanda. A lei não presume queas partes querem se obrigar perpetuamente, dando ensejo à resilição. Dessa forma, depende denotificação (e recepção da notificação) da outra parte e de previsão. Ou seja, não se aplica atodos os contratos. As exceções são:

  Contrato de mandato  Contrato de depósito  Contrato que exigem a notificação da outra parte, ou seja, contratos com tempo

indeterminado  Parágrafo único: análise das circunstâncias para a aplicação do dispositivo.

o  A resilição possui efeitos ex nunc, ou seja, não retroativos.  Resolução é forma de extinção do contrato sem cumprimento das obrigações

o  O inadimplemento absoluto pode ocorrer:  Com culpa do devedor: implica em perdas, danos e lucros cessantes.  Sem culpa do devedor: a coisa perece para o dono

o  Cláusula resolutiva expressa ou pacto comissório: é um contrato que possui uma cláusuladeterminando as circunstâncias da resolução. Nesses casos, não é necessária a notificação daoutra parte (art. 474). A exceção são os contratos cujos objetos são bens imóveis.

   Não confundir com o pacto comissório do art. 1428, o qual é proibido, já que o bem penhorado costuma ser de maior valor do que a dívida.

  Se o credor aceita o cumprimento retardado da obrigação ou alterações em seucumprimento, entende-se que ele renunciou essa cláusula, não podendo mais recorrer aela.

o  Cláusula resolutiva tácita está presente em todos os contratos bilaterais, que se operam com anotificação do inadimplente.

A mora não é suficiente para configurar a resolução, já que há o cumprimento das obrigações.o  Os efeitos da resolução são ex nunc, ou seja, não retroagem; os efeitos se operam a partir da

resolução.o 

Cláusula de perdimento dos valores pagos: a pessoa não pode perder tudo o que pagou e o bem, por configurar enriquecimento ilícito (art. 6º do CDC).

  Onerosidade excessiva

  Estudos antigos obre este tema no direito brasileiro: Eduardo Spínola  Está associada à teoria da imprevisão ou cláusula rebus sic stantibus ("desde que as

circunstâncias sejam mantidas").  Tem origens no direito medieval, e não no direito romano.   Não é um instituto presente no CC de 1916, por conta da prevalência da autonomia

 privada.

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  O fundamento é a base objetiva do negócio jurídico: havia um complexo fático naépoca do negócio jurídico. A alteração desse complexo pode impactar o contrato quefoi celebrado.

  Art. 478: acontecimentos extraordinários e imprevisíveis podem levar à revisão docontrato, em primeiro lugar, e só depois à resolução.

 

A previsibilidade possui um limite, a capacidade do homem médio.  Teoria da equidade: Villaça fala em equidade entre as partes contratantes.  Art. 317: regra geral para as obrigações. Arts. 620, 625 também apontam para a

onerosidade excessiva.  Enunciado 176 da III Jornada de Direito Civil.  A onerosidade excessiva é superveniente. Dessa forma, a desproporcionalidade da

lesão não se confunde com a onerosidade excessiva, já que aquela ocorre no momentoda formação do contrato.

  Fatos imprevisíveis e extraordinários: fatos externos e não imputáveis à conduta da parte. Pode ser caracterizada pela anomalia e excepcionalidade (autor português).Também é aquele que não poderia ser legitimamente esperado pelos contratantes(Judith alguma coisa).

  Consequências imprevisíveis de um fato previsível também configura onerosidadeexcessiva.

  Toda vez que houver a quebra objetiva da base do negócio, segundo Álvaro Villaça, hamargem para a onerosidade excessiva.

  Segundo Junqueira, a teoria adotada pelo Código é ultrapassada, já que nem o CDCexige esse critério de imprevisibilidade.

  Para sua configuração, deve haver uma vantagem expressiva para uma das partes, enão pode estar acobertada pelos riscos inerentes do contrato.

  Dá ensejo a uma intervenção do Judiciário no contrato.  A parte que alega onerosidade excessiva não pode estar em mora, já que seria o uso de

um raciocínio para evitar o pagamento, ou seja, contrário à boa fé objetiva.   Não se justifica falar em onerosidade excessiva quando estamos em uma área normal

do contrato. De acordo com Enzo Roppo, a onerosidade excessiva deve ir além dosriscos do contrato e das prestações pré-estabelecidas.

  Art. 6o, V do CDC: introduz a onerosidade excessiva no direito brasileiro. É um fatosuperveniente que torne as obrigações onerosas demais. É a tendência de aplicação doinstituto.

  Art. 51, IV do CDC: são nulas as cláusulas que colocam o consumidor emdesvantagem excessiva. Também é tendência de aplicação.

  Resp 268661 RJ - dispensa o critério da imprevisibilidade para a aplicação doinstituto.

  Resp 200019 SP - é motivo suficiente para a revisão contratual a perda do emprego.o

  Atualização do CDC: está sendo discutido o super endividamento do consumidor de boa fé,um tema conexo com a onerosidade excessiva.

23/09 - Contratos em Espécie: Compra e Venda (Patrícia)

  Arts. 481 e ss.

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  Princípio da operabilidade: é um contrato em que alguém (vendedor) se obriga a transferir paraoutrem (comprador) o domínio da coisa móvel ou imóvel mediante remuneração (preço).

   Não transfere propriedade! Essa transferência se opera apenas com a traditio da coisa ou o registro,um compromisso que é assumido no próprio contrato. O contrato possui natureza obrigacional, e osefeitos de direito real começam a operar apenas com as hipóteses acima.

 

Elementos:o 

Coisa corpórea: se fosse incorpórea, seria cessão de direitos.o  Partes: comprador e vendedor em consenso.

  As partes devem ser capazes, sob pena de nulidade ou anulabilidade. São aplicadasregras de legitimação, ou seja, as pessoas podem ser capazes, mas a compra e venda pode ser nula. Exemplo: Art. 1647, I. Na falta de concordância, o contrato é anulável pelo prazo de 2 anos contados a partir da dissolução da sociedade conjugal, desde queessa não esteja regida pelo regime da separação universal de bens (Art. 1649).

  O consentimento deve ser livre, senão o contrato é anulável (Art. 171, II). Deve semanifestar sobre o contrato como um todo, e não apenas sobre um dos elementos.

o  A coisa em si  Deve ser lícita, determinada (certa, pré-identificada na realização do contrato) ou

determinável (incerta e futura, especificada ao menos em gênero e quantidade, senãoseria um contrato aleatório. Exemplo disso é a encomenda).

  Deve ser alienável. Por exemplo, o bem de família não pode ser alienado, assim como bens públicos. Art. 166, II: a venda da coisa inalienável é nula, seja pela ilicitude doobjeto ou fraude de lei imperativa.

o  Preço  Princípio do nominalismo: o contrato deve sempre determinar um preço pré-

estabelecido em moeda corrente.  Lei especial: decreto lei 857, o qual determina que o preço da compra e venda

internacional pode ser determinada em moeda estrangeira.  Se o preço estiver em moeda estrangeira, mas contiver um equivalente em moeda

nacional, não há problema algum, por configurar preço por cotação.  Preço por avaliação: é um preço arbitrado por um terceiro, e é permitido. Exemplo:

corretores imobiliários. Se esse terceiro não aceitar essa incumbência, o contrato não produz efeitos.

  Art. 486  Art. 488: regra nova do CC de 2002. Nesse caso, se aplica o preço do tabelamento

oficial, ou seja, há critérios para a determinação do preço. Enunciado 440 do STJ.Preço tabelado não pode ser alterado pelas partes, por ser matéria de ordem pública.

  Art. 489: é nula a compra e venda se o preço ficar a critério de apenas uma das partes.Regra existe para combater cartéis, abuso de poder econômico.

   Natureza jurídica: como o contrato de compra e venda se coloca perante os Demais?o

  É bilateral e sinalagmático, ou seja, ambas as partes possuem direitos e deveres proporcionais,um equilíbrio contratual, configurando a base estrutural do negócio jurídico.

É oneroso e comutação, mas pode ser aleatório também.o  458 a 461: o contrato pode ter álea, sob a forma de duas cláusulas:

   Emptio spei: você compra com a esperança da coisa existir, sendo que ela pode nãoexistir.

   Emptio rei sperati: esperança quanto à quantidade da coisa

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o  É consensual, ou seja, se aperfeiçoa com a composição das partes (Art. 482), embora atransmissão se efetue com a traditio ou registro.

o  Pode ser contrato formal (exige uma forma) ou solene (exige uma forma e ainda dá elementos para solenidades essenciais) (Art. 108).

o  É contrato típico, pois está previsto no CC sem prejuízo de legislação especial. Ou seja, deve

ser exercido, na medida do possível, o diálogo das fontes.  Riscos assumidos pelas partes contratantes.o  Regras gerais:

  Os riscos correm por conta do vendedor até o momento da entrega, já que este possui odomínio.

  O preço fica por conta do comprador.  Art. 490: despesas com transporte e tradição correm por conta do vendedor, escritura e

registro pelo comprador.  Riscos fortuitos ficam pelo comprador, assim como o não recebimento da coisa em

caso de ausência de culpa do vendedor.  Art. 493: se não houver convenção, a traditio se opera no local da compra e venda.  Art. 494: se o vendedor remete a coisa para o lugar errado, o vendedor é responsável

 pela recuperação. Se o comprador informa o lugar errado, ele é responsável.  Art. 495: insolvência da parte contratante. O vendedor não é obrigado a entregar a

coisa, pode sobrestar a venda até obter uma caução. Se relaciona com oenriquecimento sem causa e o sinalagma do contrato. É uma espécie de resoluçãotácita do contrato.

o  As regras gerais pode ser derrogadas pelas partes no negócio jurídico.o 

Socialização de riscos: quando há contrato de seguro, por exemplo, o risco é dividido entretodos os contratantes, para ter uma garantia maior.

  Compra e venda internacional: divisão das despesas de transporte. Possui uma disciplina própria enão constituem normas de ordem pública.

24/09 - Contratos em Espécie: Compra e Venda (Patrícia)

  Restrições à compra e vendao  Venda de ascendente para descendente (art. 496)

  Restrição de ordem pública; as partes não podem dispor em contrário.  Leva à anulabilidade do negócio  O consentimento do cônjuge e dos demais descendentes é necessária para a validade

do negócio. A autorização só é necessária no caso de separação convencional de bens para a maioria da doutrina. Posicionamentos isolados indicam que nem nesse caso énecessário.

 

Prazo para a anulação da compra e venda: prazo decadencial (Art. 179) de dois anos.Por mais que o artigo cite a conclusão do ato, na compra e venda de imóveis a situaçãoé mais delicada, pois a conclusão do ato pode ser interpretada como a outorga daescritura ou o registro. Enunciado 545 da Jornada do STJ.

  A anulação só é possível se algum prejuízo material estiver configurado, de acordocom a jurisprudência.

o  Venda entre cônjuges (art. 499)  Só os bens excluídos da comunhão podem ser objetos desse contrato.

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  Aplicável à união estável, já que o regime padrão é o da comunhão universal de bens.   Não pode configurar fraude contra credores, a execução ou simulação, sendo as penas,

respectivamente, anulabilidade, ineficácia e nulidade.  Exceção na comunhão universal: bens de uso pessoal e utensílios de trabalho podem

ser alienados, pois não se comunicam (art. 1659). Bens recebidos com cláusula de

incomunicabilidade também podem ser alienados (art. 1668).o 

Venda de bens em condomínio (art. 504)  Regras gerais do condomínio: existem duas espécies de condomínio:

  Tradicional: é a situação de copropriedade, ou seja, dois proprietários de um bem. Pode ser condomínio:

   Pro diviso: os condôminos não utilizam conjuntamente o bem, havendouma separação informal do bem.

   Pro indiviso: os condôminos utilizam conjuntamente o bem. Oscondôminos desse tipo tem direito de preferência na compra e venda.

  Edilício: é a situação dos prédios. Nesse caso, a copropriedade recai nas áreascomuns.

  Os dois tipos de condomínio podem estar presentes simultaneamente.  Assim, a restrição da compra e venda recai sobre o condomínio tradicional.  Há o prazo decadencial de 180 dias para o condômino propor a ação de adjudicação

compulsória, ou seja, tomar a coisa para si.o 

Venda de bens sob administração (art. 497)  Se relaciona com a moralidade do administrador.  A pena é de nulidade para todas as hipóteses  REsp 774161

  Cláusulas especiaiso  Retrovendao  Venda a contentoo 

Pacto de preferênciao

  Pacto de melhor comprador  Estipula que a venda fica desfeita caso, dentro de um ano, apareça um comprador que

 pague mais.  O CC de 2002 excluiu essa cláusula por absoluto desuso.

o  Pacto comissório  Art. 1663 do CC de 1916: idéia de um prazo para pagar. Passado esse prazo, o

vendedor podia reclamar o preço ou a coisa. Passados 10 dias do prazo, a compra evenda se desfazia.

  O CC de 2002 excluiu essa cláusula por absoluto desuso.  

30/09 - Contratos em Espécie: Compra e Venda e Doação (Patrícia)  Duas cláusulas que estavam no CC de 1916, mas que não estão no CC de 2002. Não estão proibidos,

 podendo ser usadas até hoje.o  Pacto de melhor comprador: cláusula que estipula que a venda de determinado bem imóvel

ficará desfeita caso apareça alguém que queira pagar mais dentro de um certo prazo.

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o  Pacto comissório (art. 1163 do CC de 1916, arts. 127, 128 e 474 do CC de 2002): a cláusulaestipula a desfeita do contrato em caso de inadimplemento. O não pagamento, atualmente,resolve o negócio.

  Cláusulas previstas no atual Código Civil:o  Retrovenda: instituto em desuso. O vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está

sendo alienado em certo prazo, restituindo o preço mais as despesas do comprador, bem comoas benfeitorias autorizadas. Arts. 505 e ss.  Também é uma cláusula resolutiva expressa.  Traz a vantagem da possibilidade de reaver o bem no caso de apreço emocional, por

exemplo, além da isenção do ITBI. Nesse último caso, a retrovenda fraudulenta érepreendida, sendo a cláusula anulada no Judiciário.

  Retrovenda não constitui direito real, mas direito pessoal.  A retrovenda tem prazo máximo de 3 anos, podendo este prazo ser menor caso as

 partes convencionem. É um prazo decadencial, e não opera contra os absolutamenteincapazes.

o  Venda a contento: se relaciona com a idéia de contentar o comprador. Traz a cláusula ad

 gustum, e se aplica principalmente a bens como bebidas finas e roupas sob medida. É umacondição suspensiva (a venda só será perfeita quando o comprador expressar que o objeto é doseu agrado), ao contrário do antigo CC, que a trazia como uma cláusula resolutiva. Arts. 509 ess.

  As partes podem convencional natureza resolutiva para esse contrato.  Enquanto o comprador não manifesta sua intenção de adquirir a coisa, o comprador é

tido como mero comodatário da coisa.  A cláusula não se relaciona com a qualidade da coisa, mas com a aceitação do

comprador. Assim, favorece este.  O ato não depende do arbítrio do comprador, mas de sua aceitação.

o  Venda sujeita à prova: art. 510. Também é considerada sob condição suspensiva, e serelaciona com as qualidades da coisa alegadas pelo vendedor.

  Essa cláusula nos remete ao CDC, art. 30, devendo este ser interpretado a partir do

critério usado visão do homem médio. Patrícia elenca as diferenças entre publicidadeenganosa, abusiva e subliminar.

o  Cláusula de preferência ou preempção: o comprador de uma coisa móvel ou imóvel se obrigaa fornecê-la ao vendedor na hipótese de vendê-la ou dar em pagamento. Ou seja, se relacionacom a possibilidade do vendedor de reaver o bem no caso de revenda. Art. 513 e ss.

  Se aplica, por exemplo, nos contratos de locação e no condomínio.  Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), art. 25: estabelece direito de preferência ao

município.  Pode decorrer do acordo de vontades ou da própria lei.  É entendida como um pacto personalíssimo, ou seja, essa transferência é específica de

quem firmou o contrato naquele momento, não se transmitindo a herdeiros.  Prazo decadencial de 180 dias para bem móvel e 2 anos para bem imóvel, a ser

contado a partir da compra e venda.  O negócio, via de regra, não é desfeito, dando ensejo a perdas e danos, já que esse

direito tem natureza obrigacional, e não real. A venda seria desfeita caso o direitotivesse caráter real.

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o  Venda sobre documentos: a parte deve pagar mesmo antes da chegada do bem. Se aplica principalmente em contratos internacionais ou quando a mercadoria está em um armazém, porexemplo.

Venda com reserva de domínio: pacto segundo o qual o vendedor reserva para si a propriedade da coisa alienada até o momento do pagamento integral do preço. Serve para

garantir a situação do vendedor, e é usado na venda de bens eletrodomésticos, por exemplo.Pode ser considerada um contrato preliminar? Não, porque o contrato é definitivo, mas comuma restrição em relação ao domínio. É considerada uma condição suspensiva, sendo o eventoincerto o pagamento devido. Arts. 525 e 527.

  Contrato de doaçãoo  Se relaciona com a autonomia do campo patrimonial, com a faculdade de disposição do bem

inerente ao direito de propriedade.o  Ou seja, só se pode falar em doação em casos de propriedade, em que o proprietário doa seu

 patrimônio.o  Antigamente, era visto como um ato unilateral. Segundo Bevilácqua, a lei pressupunha a

aceitação da doação até a manifestação em contrário do donatário.o 

Atualmente, se fala em contrato, por conta da aceitação do donatário, que precisaobrigatoriamente expressar seu consentimento em receber aquele bem.

o   Animus doandi: o doador deve ter a liberalidade de dispor de seu patrimônio em favor dodonatário. Dessa forma, o contrato é sempre interpretado sob o viés do doador. Pode nãoexistir em certos casos, é nem mesmo na aparência esse ânimo pode existir, devendo o aspectomoral ser afastado.

o  Somente bens corpóreos são passíveis de doação, não se tratando de cessão de direitos.o 

A liberalidade é a causa da doação, sua causa típica. Não deve se confundir com seu motivo.A generosidade, aliás, não se relaciona imediatamente com a doação, podendo a motivação serqualquer outra.

Art. 166, III, não se aplica, pois se refere a um motivo causa, que não é tratado pela doação.o   No CC de 1916, a doação era vista como uma forma de adquirir propriedade.o  Art. 557: hipóteses de revogação da doação por ingratidão.o  Classificação:

  Contrato unilateral, pois a obrigação é apenas do doador. Mesmo a doação comencargo é considerada unilateral, já que não é um ônus que assume a figura decontraprestação, ou seja, o encargo, perto da obrigação, é pequeno demais paraassumir esse papel.

  Contrato formal, por força do art. 541. A doação oral é válida, desde que o bem seja de pequeno valor (doação manual) e a tradição ocorrer logo em seguida. Nessa hipótese,não se trata de contrato real, já que é apenas um  plus.

  Contrato gratuito. No caso de doação com encargo, o contrato é considerado oneroso.o  A aceitação desempenha papel vital no contrato de doação: art. 539 estipula prazos para a

aceitação, além das hipóteses de aceitação tácita.o 

A lei protege algumas situações da doação, como o bem de família, o próprio doador, a moralsocial. O direito de família impõe algumas restrições à doação, como no caso do art. 1639.

o  Analogia com o arts. 499 e 977, ou seja doação entre cônjuges no caso de bens que não secomunicam é permitida, e apenas nesse caso.

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o  E a doação entre companheiros (vivem juntos ou separados porque são livres) e concubinos(amantes)? Para a união afetiva, a doação é livre. Para o concubinato, a doação pode serrevogada pelo cônjuge (art. 550).

Revogação da doação por ingratidão: art. 557. Qualquer causa que se enquadrar aqui permite arevogação da doação.

08/10 - Contratos em Espécie: Comodato (Monitor Luis Fernando)

  O comodato e o mútuo são contratos de empréstimo, essencialmente. Arts. 579 a 592.o  Contrato de empréstimo é aquele em que alguém empresta um bem para outro, que irá usar ou

consumir o bem, para depois devolvê-lo.  Comodato é o contrato de empréstimo para uso  Mútuo é o contrato de empréstimo para consumo

  Contrato de comodatoo  É um dos contratos mais antigos que a humanidade conhece. Precede a troca e é um precursor

da compra e venda.o 

É o empréstimo de uso, por essência.o  Art. 579: empréstimo gratuito, de coisa não fungível e que se perfaz com a tradição da coisa.

  Washington de Barros: "contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual alguém entregaa outrem coisa infungível para ser usada temporariamente e depois restituída".

o  É um contrato que não é solene, podendo ser verbal ou escrito. A presença de testemunha nocontrato verbal é imprescindível para sua validade, assim como no escrito, de acordo com o professor. Inclusive, a jurisprudência vem entendo essa indispensabilidade.

o  Duas pessoas no contrato:  Comodante: é o dono, proprietário, da coisa, que a empresta. A simples posse não

 basta, já que não é possível emprestar coisa alheia.  Comodatário: é aquele que recebe a coisa.

Características do contrato:  É um acordo de vontade entre duas pessoas. Assim, uma pessoa simplesmente pegaruma coisa e a outra não reagir não é um comodato, pois não houve o acordo.

  Contrato unilateral, porque só uma das partes, o comodatário se obriga.  Contrato gratuito, porque é a cessão sem uma contraprestação; é um favor que o

comodante faz. Se fosse um contrato oneroso, seria um contrato de locação.  O título gratuito não exime o comodatário dos tributos devidos que recaem

sobre o bem. Ou seja, não podem ser considerados como uma forma decontraprestação.

  Comodato modal: é o empréstimo de uso com encargo ao comodatário. Esseencargo não pode ser caracterizado como uma contraprestação, ou seja, não

 pode ser proporcional ao uso da coisa. Exemplo: alguém aluga uma casa comcachorros, e o comodatário se obriga a alimentá-los. Não é uma prestação, porque o trato dos cachorros é pequeno demais em relação ao aluguel. Ou seja,é um pequeno ônus.

  Contrato real, porque o contrato se consolida com a entrega da coisa. A posse indireta permanece com o comodante (art. 1197), mas a posse direta permanece com ocomodatário. Dessa forma, ele pode usar de todos os interditos possíveis (como areintegração de posse) para defender sua posse, inclusive contra o comodante.

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  É uma pose provisória, ou seja, é impossível se converter em propriedade pormeio do usucapião (Art. 1208).

  O comodatário não pode ceder ou emprestar o bem para terceiros, porque ocontrato é baseado na confiança.

  O bem deve ser infungível ou não consumível (arts. 85 e 86). 

Caso da coisa fungível que, por conta de suas características, torna-seinfungível. Exemplo do whisky centenário usado para exposição.  Contrato temporário, provisório. Pode também ter prazo indeterminado, mas

determinado por uma circunstância (exemplo: empréstimo do apartamento até a pessoa juntar dinheiro para comprar uma casa própria).

  Se o comodante falecer antes do vencimento do prazo, o comodatário não é obrigado adevolver a coisa para os herdeiros. Isso só ocorre após o vencimento do prazo.

  O administrador do bem alheio, como o tutor e o curador, só pode entregar o bem emcomodato com autorização judicial.

  Obrigações do comodatário (art. 582):  É obrigado a guardar e conservar a coisa como se fosse sua. Ou seja, deve

evitar desgastar a coisa além de sua naturalidade, evitando as intransigências  As despesas normais ficam a cargo do comodatário. O comodante não deve

lidar com essas despesas, a não ser em caso de despesas extraordinárias eimprevisíveis.

  Responsabilidade no caso de uso indevido da coisa.  Restituir a coisa emprestada em suas condições normais no prazo estipulado.

Caso isso não seja feito, o comodatário deve lidar com os prejuízos da mora.Uso do art. 575 por analogia. A notificação não precisa ser escrita, já que nemo contrato exige uma forma específica. A imposição de aluguel não transformao comodatário em locatário, já que é apenas uma punição imposta pelocomodante por conta da mora.

  Responder pelos riscos de deterioração ou perda da coisa, inclusive de casofortuito ou força maior.

  Responsabilidade solidária entre os comodatários.o 

Enfim, é um contrato que tem, como base, a confiança e a boa-fé.

14/10 –  Contratos em Espécie: Mútuo e Prestação de Serviço (Patrícia)

  O mútuo é o empréstimo de coisa fungível por tempo determinado ou determinável, após o qual deveser devolvida coisa de igual gênero, qualidade e quantidade.

o  É, portanto, um empréstimo de consumo, enquanto o comodato é de uso.o  A coisa pode ser fungível também por acordo das partes.o 

A promessa de mútuo também é possível, e se subordina às regras do contrato preliminar (art.463).  Características do mútuo

o  Contrato real, ou seja, se aperfeiçoa com a entrega da coisa. É doutrinariamente pacíficao  Contrato unilateral, já que apenas o mutuário assume obrigações.

  Considerando a entrega da coisa, o contrato poderia ser considerado bilateral.o  O contrato não é desnatado se a restituição se dê em coisa com diferenças ínfimas.o  Contrato comutativo, temporário.

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o  O mutuário responde pelos riscos desde que ocorreu a tradição.o  O contrato tem como fim a transferência da propriedade. Logo, apenas o proprietário pode ser

mutuante.  A única responsabilidade do mutuante são os vícios redibitórios da coisa.

o  O mútuo pode ser tanto gratuito quanto oneroso. 

Mútuo hipotecário: é o mútuo com a garantia de uma hipoteca.  Mútuo cambiário: é o mútuo garantido por um título de crédito.  Regras do mútuo

o  O mútuo não pode ser oferecido a menores de 18 anos, por causa de um filho na Roma Antigaque matou seu pai senador para pagar os juros do mútuo. Arts. 588 e 589: estabelecem regrase exceções a essa regra.

o  Art. 591 trata do mútuo feneratício  Enunciado 34 da I Jornada do STJ: estabelecimento de um limite para os juros, na

figura dos juros compensatórios, os quais existem para compensar a indisponibilidadedo uso do bem para o proprietário.

  Art. 406: juros da moratória serão fixados por um critério objetivo.  Há entendimento que a taxa SELIC complementa esse critério objetivo.

  Os tribunais têm se posicionado no sentido de que os bancos não estão sujeitos à lei deusura (decreto 22.626, de 1933). Súmula 596 do STF, posteriormente confirmada peloSTJ.

  Súmula 382 do STJ: as instituições financeiras cobram as taxas de mercado, já que nãohá limitação legal.

  Súmula 379 do STJ.  Empréstimo realizado entre um banco e as pessoas naturais é, na realidade, um

contrato de consumo. E, ainda assim, os juros permanecem.  Prazos mínimos que dependem do tipo de contrato. Nos mútuos agrícolas, ele é igual

ao prazo para a próxima colheita. No mútuo de dinheiro, o prazo é de 30 dias. Nosoutros casos, o prazo é aquele que o mutuante declarar.

  Contrato de prestação de serviço

o  Surge no direito romano, com a figura da locatio operarum. Era, portanto, mais abrangente, jáque abrangia a empreitada, o contrato de trabalho, etc.

o  Atualmente, esse contrato é muito restrito, já que a maior parte das relações de prestação deserviços se dá no âmbito trabalhista e, por conta disso, se aplica as disposições do direito dotrabalho. Dessa forma, o CC é usado apenas subsidiariamente.

Assumem uma nova importância no Brasil com a EC 45, que transfere o poder para a Justiçado Trabalho julgar a prestação de serviços (art. 114 da CF).

o  Existe uma certa resistência no TST e no STJ a colocar a prestação de serviços na Justiça doTrabalho, conforme a súmula 363 do STJ.

A prestação de serviços, portanto, só é válida caso lei especial ou lei trabalhista sejamsilentes.

o  Deve ser diferenciada da empreitada, já que o resultado final é o foco da empreitada, ou seja, aentrega de uma obra pronta. A prestação de serviços não é pautada por um fim, mas pelaatividade da pessoa.

o  Deve ser diferenciada também do mandato, já que este traz a figura da representação. Não éincomum a confusão entre o contrato de mandato e a prestação de serviço, devendo seranalisada a preponderância do contrato. É o caso do contrato entre advogado e cliente: os doiscontratos estão presentes, mas prepondera a prestação de serviços.

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o  Se sujeita também ao regime do CDC, vide art. 3°, §2°.  Pagamento da prestação de serviços:

o  É um contrato oneroso (a remuneração é parte elementar do contrato), senão seria consideradouma doação. O polêmico Enunciado 541 da VI Jornada de Direito Civil, por outro lado, vaicontra esse entendimento e até contra disposições do art. 596 do CC.

Para Caio Mario, o pagamento deveria ser feito necessariamente em dinheiro, senão teríamosum contrato atípico. Não faz muito sentido esse posicionamento, já que o CC não determinaum pagamento em dinheiro.

o  O pagamento deve ocorrer dentro de prazo razoável.  Características da prestação de serviços

o  O prestador deve executar o serviço. Ou seja, possui uma obrigação de fazer. Na empreitada, por outro lado, trata-se de a obrigação dar. O tomador do serviço tem a obrigação de pagar pelo serviço.

Contrato consensualo  Contrato bilateral. Regra do art. 605 estipula que em regra o contrato é personalíssimo.o  O objeto deve ser lícito, por óbvio, e não pode contrariar a função social do contrato, a boa-fé

e os bons costumes.  Prazos

o  Art. 598 estipula prazo de 4 anos, e não pode ser afastado por vontade das partes. Enunciado32 da I Jornada de Direito Comercial estabelece que, dependendo das partes, o contrato podeser alongado.

o  Art. 600: no caso de paralisação, o tempo parado deve ser descontado do prazo final.o  Essa regra não impede a formulação de contrato com prazo indeterminado, conforme o art.

599.  Se o prestador é dispensado sem justa causa, ele tem direito à metade do pagamento final, conforme

arts. 602 e 603.   Não pode haver mudança subjetiva do contrato, e o tomador não pode exigir que a prestação seja

redirecionada para terceiros. Ou seja, o contrato deve ser preservado.  O contrato exige uma habilitação do prestador de serviços, e que deve corresponder àquele setor.  Extinção do contrato

A morte põe fim ao contrato. Havendo interesse, os herdeiros podem continuar o contrato.o  O fim do prazo também extingue o contrato.o  Aviso prévio, nos casos de prazo indeterminado.o  Inadimplemento das obrigações contratuais, ou seja, a justa causa.o 

Incidência de força maior que impede a continuidade do contrato.o  E o aliciamento do prestador de serviços por um terceiro? Gera a obrigação de pagar uma

importância, art. 608 (tutela externa do crédito, manifestação da função social do contrato),além de danos morais.

Apelação 9112793-79.2007.8.26.000, da 5 Câmara de Direito Comercial.o

  Prestação de serviço em prédio agrícola alienado. O prestador pode continuar trabalhando parao tomador ou ainda para o adquirente. É uma confusão entre direito do trabalho e direito civil,uma mostra de que esse contrato não foi bem atualizado.

21/10 –  Contratos em Espécie: Empreitada (Patrícia)

  O contrato é fortemente inspirado no código de Napoleão.

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  É uma espécie de prestação de serviço  Espécies:

o  Empreitada de mão de obra: o empreiteiro sem subordinação ou dependência obriga-se aexecutar a obra, sob a encomenda do dono da obra, o comitente, mediante pagamento.

  O objeto da empreitada não precisa ser corpóreo. A obra pode ser intelectual, por

exemplo.  Quais as vantagens desse contrato? O comitente pode definir anteriormente o preço damão de obra, assim como dos materiais. Além disso, os riscos da obra recaem sobre oempreiteiro. Para o empreiteiro, há estímulos para evitar desperdício e se esforçarmais.

  É um contrato muito usado em construções, reformas e demolições, além de seramplamente usado pela administração pública.

o  Empreitada mista: é aquela em que os materiais são fornecidos.  Decorre do acordo de vontades, não podendo jamais ser presumida.

  Classificação da empreitadao  Consensual, já que se perfaz com o acordo de vontades, não com a entrega da coisa.o  Bilateralo 

Oneroso, sempreo  Comutativoo  De resultadoo 

Pode ser uma obrigação personalíssima, mas nem sempre é assim.o   Não exige grandes formalidades, podendo até ser oral.

  Subempreitada e Coempreitadao 

Subempreitada é aquela em que o empreiteiro transfere a execução total ou parcial da obra para um terceiro, chamado de subempreiteiro. Não é cessão de posição contratual. É sempre possível, desde que o contrato não seja personalíssimo. O empreiteiro permanece responsável.

o  Coempreitada é a contratação de vários empreiteiros. É muito comum em grandes obras. Cadaum responde pela sua parte, normalmente.

  Critérios para fixação do preço

o  O preço pode ser determinado ou determinável, sendo estabelecido um mínimo e um máximo, por exemplo. Art. 614 fala sobre o pagamento parcial, o qual estabelecem uma presunçãoabsoluta de que a obra, pelo menos até aquele ponto, está de acordo com os desejos docomitente. Ou seja, há uma verificação e só depois o pagamento.

o  Preço fixo (marché a forfait): a retribuição é estipulada para a obra inteira, sem se levar emconsideração o fracionamento da atividade. Ou seja, é a fixação de um preço em uma quantiacerta. Pode ser:

  Absoluto: não admite nenhum tipo de reajustamento. É sempre presumido, segundo oart. 619.

  Relativo: admite reajustamento no caso de variação de preços dos materiais e dos bens.o

  Por medida (marché sur devis): a fixação do preço atende ao fracionamento da obra.o  Por preço de custo: o empreiteiro fica obrigado a realizar o trabalho com o fornecimento dos

materiais e mão de obra mediante reembolso do despendido, acrescido do lucro assegurado aoempreiteiro. O preço pode ser, simultaneamente, estabelecido por medida é por preço decusto.

o  Por preço máximo: é estabelecido um valor máximo, e o empreiteiro não pode ultrapassar essedeterminado valor.

  Revisão do preço: não pode haver uma exclusão da possibilidade de revisão do preço

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o  Art. 619 prevê a revisão do preço pelo empreiteiro.o  Art. 620 prevê a revisão do preço pelo dono da obra, com base na vedação ao enriquecimento

sem causa.  A idéia é a quebra da base objetiva do negócio jurídico.

  Art. 621 tem como base o direito autoral, e está ligado à preservação da integridade da obra. É uma

norma atópica, fora de lugar.  Os riscos da empreitadao   Na empreitada simples (também chamada empreitada de lavor), os materiais são de

responsabilidade do proprietário, salvo culpa do executor da obra. Arts. 612 e 613. Art. 617 éuma norma de responsabilidade subjetiva.

o   Na empreitada mista, os riscos são do empreiteiro até a entrega da coisa, desde que a pessoaque deveria receber o bem não esteja em mora. Art. 611

  Responsabilidade técnica após a entregao 

Se aplica a todos os tipos de empreitada.o  O empreiteiro continua responsável pela solidez e segurança da obra mesmo após sua entrega.

Se relaciona com a qualidade dos materiais entregues, do serviço prestado e do solo sobre oqual se funda a obra. Art. 618 é uma regra de responsabilidade objetiva.

A regra do art. 618 é uma norma comente, não podendo ser afastado pela vontade das partes.Caso o contrato estipule um prazo de responsabilidade do empreiteiro, esse prazo deve sersomado aos 5 anos estabelecidos pelo código.

O prazo estabelecido também é uma regra que se encontra no CDC, no art. 27.o  Enunciado 181 da III Jornada do STJ. A solidez da obra deve ser diferenciada da má execução

do contrato, que tem o prazo do Art. 206.o 

Enunciado 34 da I Jornada de Direito Comercial.o  Art. 622 difere a execução do projeto.

  A rescisão do contrato de empreitadao  Arts. 623 a 625o 

A suspensão da obra é possível, desde que seja paga uma indenização razoável.o

  A obra não pode ser suspensa sem motivo, senão há perdas e danos, a não ser em caso deforça maior ou desistência justificada.

  Cessação da empreitada:o  Por execução da empreitada, quando a obra é entregueo  Por morte do empreiteiro, se a obrigação for personalíssimao  Por vontade de ambos os contratanteso 

Por resolução no caso de inadimplemento de uma das partes, com perdas e danoso  Por falência do empreiteiro (art. 43 da Lei de falência)o  Por resilição unilateral, no caso do art. 623.o 

Por onerosidade excessiva, tendo como base a desproporcionalidade entre o vulto da obra esua natureza e as modificações exigidas pelo dono

  O que difere a empreitada da prestação de serviços?o  Em relação ao objeto:

   Na empreitada, o fim é a obra acabada. Na prestação de serviços, é o serviço em si doobreiro.

Em relação ao fim:

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  A empreitada é uma obrigação de resultado, ou seja, termina com a entrega da coisa,enquanto a prestação de serviços é uma obrigação de meio, ou seja, termina com ocumprimento de todos os atos em direção ao resultado.

Em relação à remuneração:   Na empreitada, se relaciona com a obra, enquanto na prestação de serviços, se

relaciona com o tempo de serviço.o 

Em relação ao acompanhamento da obrigação:   Na empreitada, o trabalho é feito de forma independente, enquanto na prestação de

serviços o trabalho é rotineiramente fiscalizado.  Empreitada mista é aquela em que os materiais são entregues. Não se confunde com a compra e

venda, já que o objetivo do fornecimento de materiais não é a alienação de coisas, mas a criação dealgo novo.

29/10 - Contratos em Espécie: Transporte (Patrícia)

  O transporte de coisas e de pessoas é matéria nova do CC de 2002. Normalmente, é um contrato

regulado em leis esparsas.  Art. 732: existem normas especiais, assim como convenções, sobre o tema, os quais impõem limites e

 proteções ao regramento brasileiro.  As regras desse contrato surgem com a necessidade da disciplina do transporte marítimo, e depois se

expande para os outros tipos.  Lei 7565/86 (código aeronáutico) deve ser usada conjuntamente com o CC para preencher lacunas.  AgRg no REsp 39.543: o dano moral não se confunde com o dano material da perda da bagagem,

devendo sempre prevalecer o CDC.  AgRg no REsp 47.629: prevalece o CDC em detrimento de convenções internacionais.  Enunciado 369 da IV Jornada de Direito Civil: deve ser aplicada a norma mais benéfica ao

consumidor. Nem sempre o CDC traz a norma mais benéfica, vide o choque entre o art. 14, §3°, II, do

CDC, e o art. 735 do CC.  Brasil é signatário da Convenção de Montreal, que estipula indenizações para perda de bagagem emorte de passageiro.

  Conceito: há contrato de transporte quando alguém denominado condutor  ou transportador  obriga-se perante o  passageiro  ou expedidor   a conduzir coisa ou pessoa de um lugar para outro pordeterminado meio com segurança e zelo mediante remuneração.

o  É um contrato consensual, bilateral, oneroso, de resultado (chegar incólume no destino) e deadesão (muitas vezes, mas nem sempre).

O Art. 83 do ECA cria uma exceção, na medida em que permite que os menores firmemcontratos de transporte.

  Transporte de pessoas:o 

Obrigações do passageiro:  O passageiro deve observar todas as instruções dadas pelo condutor. A culpaconcorrente não exclui a responsabilidade integral do transportador.

  O passageiro deve se portar dentro dos padrões mínimos de civilidade.o  Direito do passageiro:

  Chegar intacto até o destino.  Direitos podem ser adicionados por meio de cláusulas contratuais, como no caso de

alimentação.

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o  É uma exceção ao  pacta sunt servanda, no sentido de que o contrato pode ser resilidounilateralmente pelo passageiro (art. 740).

o  E o transporte gratuito? Ele está sujeito a responsabilidade, embora extra-contratual: súmula145 do STJ.

o  Excludentes de responsabilidade: art. 734. 

REsp 232.649: assalto no interior de ônibus já não pode mais ser considerado comofato imprevisível, devendo a empresa garantir melhor os passageiros.  AgRg no REsp 620.259: assalto no interior de ônibus é caso fortuito sim e, portanto,

exclui responsabilidade. É o entendimento atual.o 

Muitas vezes, os casos de transporte são resolvidos por questões políticas, e nãoexclusivamente por meios jurídicos.

o  Inversão do ônus da prova, no sentido de que a transportadora que deve provar as alegações.Se a relação de bens alegada pela vítima for verossímil, a alegação é aceita.

A redução equitativa no caso de culpa concorrente está previsto no CC, mas não no CDC.Dessa forma, o caso concreto deve ser analisado para averiguar a responsabilidade.

  Transporte de coisas:o  Exige uma formalidade: a entrega da coisa. Ou seja, deve ser gerado o conhecimento de

transporte, uma declaração do que está sendo transportado.  O conhecimento é importante porque limita o valor da indenização ao que foi

conhecido.o 

Arts. 744 e 745.o  Art. 756: as reclamações devem ser feitas no momento da entrega da coisa.o  Art. 756: a responsabilidade solidária no transporte.

05/11 –  Contratos em Espécie: Seguro (Patrícia)

  Classificação: é um contrato nominado, consensual, de forma livre, geralmente de adesão.o 

Desde sempre foi considerado um contrato aleatório. Ainda assim, parte da doutrina alega queé um contrato comutativo, já que a prestação do segurador é a garantia pelo risco, e não aindenização em si. Ainda assim, alegar que é um contrato comutativo é problemático, porquese assim fosse o segurador poderia alegar onerosidade excessiva.

  Requisitos subjetivos:o 

Seguradoro  Seguradoo  Beneficiário

  Diferenças entre seguro, cosseguro e resseguro:o  Quando o risco é tão alto que o seguro não é capaz de garantir o risco, forma-se um cosseguro,

isto é, várias seguradoras se reúnem para garantir. Em outras palavras, é uma operação

econômica entre duas ou mais sociedades seguradoras que assumem um percentual daobrigação de garantir o bem contra sinistro. Não há solidariedade entre as seguradoras, sendocada uma responsável por sua parcela.

o  O resseguro é a operação pela qual o segurador transfere a outro total ou parcialmente umrisco assumido pela emissão da apólice. O objetivo é garantir a solvência das seguradoras.

  Deve haver uma descrição detalhada do objeto segurado e este por óbvio, deve ser lícito. Casocontrário, o segurador não é obrigado a indenizar.

  É possível recair vários seguros sobre um mesmo objeto?

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o  Se a coisa é móvel, não se permite, para evitar o enriquecimento ilícito.o  Se o seguro for de pessoas, é possível sim.

  A apólice de seguro e o bilhete de seguroo 

A apólice é o instrumento do contrato, enquanto o bilhete é um instrumento simplificado semtodos os detalhes da apólice.

O contrato se presume celebrado a partir da emissão da apólice.o 

Enunciado 185 das jornadas de direito civil.  Súmula 469 submete o seguro ao regime do CDC.  A mora sempre precisa ser notificada.  Art. 763

o  O segurado em mora não teria direito à indenização, de acordo com esse artigo. Não é ainterpretação dos tribunais, já que ela entra em conflito com o inadimplemento substancial.

o  REsp 415.971: o pagamento quase integral do seguro já é suficiente para a indenização. Ouseja, deve haver uma interpretação restritiva da regra.

o  Enunciado 371

11/11 – 

 Contratos em Espécie: Seguro e Fiança (Patrícia)

  Seguro de vidao  O valor de seguro de vida não íntegra a herança nem o imposto de transmissão causa mortis e

nem a colação. Também não precisa respeitar a legítima, de modo a favorecer um herdeiromais do que o outro.

o  Art. 798: o beneficiário não tem direito ao seguro se a pessoa se suicida em até 2 anos,considerado um prazo razoável.

  Fiançao  É um contrato acessório e, portanto, segue as regras do contrato principal.o 

O contrato de fiança se dá entre o credor e o fiador, se distanciando do contrato principal entreo credor e o devedor. Assim, pouco importa a opinião do devedor sobre a fiança.o  Tem como fundamento a garantia adicional da obrigação principal.  Adicional  no sentido de

que a própria lei já estabelecimento garantias para os contratantes. A fiança, portanto, vaialém.

o  Penhor e hipoteca são formas de garantia reais, enquanto a fiança é uma garantia pessoal, seembasa na figura do fiador.

A garantia da fiança pode ser subsidiária ou solidária, sendo mais comum a primeira.o  A principal aplicação prática é a garantia de contratos de locação, embora possua aplicações

no âmbito do direito administrativo.o  A fiança é uma das exceções à Lei do Bem de Família, ou seja, é penhorável, o que está sendo

 posto em discussão atualmente.o  A fiança bancária é uma nova modalidade de fiança que está surgindo por conta dos riscosenvolvidos nesse contrato.

  A fiança remonta ao direito romano, com leis que protegiam principalmente o fiador.  Três tipos de fiança:

o  Convencional (arts. 818 a 839)  É aquela que decorre da convenção das partes.

Legal

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  É legal quando o juiz condicionar o exercício da tutela à prestação de uma caução.Exemplo: art. 1.745, Parágrafo único.

o  Judicial  É aquela que é fixada pelo juiz, de ofício ou não, em ações de natureza diversa.

  Conceito de fiançao 

O contrato de fiança é aquele em que alguém (fiador) se compromete perante o credor aresponder solidária ou subsidiariamente pelas obrigações assumidas pelo devedor, chamado deafiançado. Pode dar garantia a qualquer tipo de obrigação.

o  O código de 16 previa a fiança do fiador, chamada de subfiança. O dispositivo não existe noCC de 2002, mas nada impede sua realização.

o  O credor, portanto, tem duas relações obrigacionais.  Regras

o  O fiador deve ser capaz e legítimo, por conta do caráter de disposição de bens. Exemplo: ocônjuge não pode fazer fiança sem o consentimento do outro, apesar de ser capaz (art. 1.642). Nesse caso, os tribunais vêm entendendo que a fiança é nula. A ilegitimidade também podedecorrer da condição da pessoa, como leiloeiros.

o  Qualquer bem pode ser dado em garantia de qualquer obrigação (inclusive as futuras), comexceção das obrigações naturais, dado o caráter de inexigibilidade da obrigação principal. Nesse sentido, ver art. 824.

   No caso das obrigações futuras, a dívida deve se tornar líquida e certa para cobrar ofiador.

  As obrigações acessórias também podem ser garantidas por fiança, desde que nãoultrapasse o valor da obrigação principal.

Segue o princípio da gravitação jurídica. Por isso, uma eventual nulidade do contrato principalgera a nulidade da fiança.

o  O contrato de fiança deve ser interpretado restritivamente, de modo a não ampliar aresponsabilidade do fiador.

  Classificaçãoo

  É um contrato consensual entre o fiador e o credor, prescindindo da vontade do devedor.Ainda assim, deve ser feito por escrito, já que um bem pode ser perdido na conclusão docontrato.

o  A concordância do credor com o fiador é essencial. No caso de algum problema no contrato, ocredor pode demandar a substituição do contrato.

o  É um contrato benéfico, já que o fiador não aufere vantagem nenhuma. Portanto, pode serunilateral (já que só o fiador possui obrigações) ou bilateral imperfeito, já que o fiador poderecorrer ao direito de regresso.

o  Desde que representados, os surdo-mudos, cegos e analfabetos podem ser fiadores.o 

É um contrato intuito personae, ou seja, há uma análise da figura do fiador, de sua idoneidadefinanceira. Portanto, é um contrato que se pauta pela confiança.

  Obrigações do fiador

o  Se nada estiver convencionado, a responsabilidade é subsidiária.o 

A fiança também pode ser parcial, desde que o contrato assim estipule.o  O contrato de locação pode limitar a responsabilidade civil do fiador. Exemplo: ele é

responsável pelo inadimplemento, mas não pelas perdas e danos.o  Se a fiança é total, o fiador responde pelas obrigações acessórias que decorrem do contrato

 principal.

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o  A obrigação assumida pelo fiador é sempre proporcional ao valor previsto no contrato principal, jamais podendo ser maior que este.

o  Art. 825: o credor não é obrigado a aceitar o fiador indicado pelo devedor com base emcritérios objetivos.

o  Art. 826: o credor pode demandar a substituição do fiador se este se tornar inadimplente. 

O benefício de ordemo 

É a necessidade de verificar e exigir o cumprimento da obrigação do devedor e somentedepois acionar o fiador para cumprir a obrigação.

o  Ou seja, o fiador pode alegar benefício de ordem, de modo a demandar a cobrança do devedorantes da própria.

o  Quando o fiador alega o benefício de ordem, ele deve indicar bens livres para satisfazer ocrédito, conforme o art. 827.

o  Ele pode ser expressamente renunciado no contrato.  Pluralidade de fiadores

o   Nesse caso, eles respondem solidariamente pela dívida. Cada um possui uma parte deresponsabilidade, mas a responsabilidade continua sendo solidário.

  O direito de regressoo 

A partir do momento em que o fiador paga a dívida do devedor, surge o direito de regressocontra o devedor, dando origem a uma relação entre o fiador e o devedor, conforme art. 832.

o  A fiança costuma ter prazo indeterminado e, portanto, pode se desobrigar da relação aqualquer momento, desde que o devedor. Pelo período de 60 dias ele continua responsável pela obrigação, conforme o art. 835. Esse direito pode ser renunciado no contrato, conforme oREsp 302.209, o que na verdade não faz muito sentido, já que ninguém pode se obrigar perpetuamente.

o  Art. 834: se o credor demorar para propor a ação contra o devedor, o fiador pode agir, já quetambém há interesses dele em jogo.

  A morte do fiador extingue a fiança, mas a responsabilidade por obrigações anteriores ao óbito sãotransmitidas aos herdeiros no limite das cotas hereditárias.

  A morte do devedor não extingue a fiança, já que o contrato é celebrado entre o credor e o fiador,

ainda mais se considerarmos que o contrato de locação pode continuar pelos herdeiros do finado.  Extinção da fiança:

o  Pelo cumprimento da obrigação principal pelo devedoro  Pela morte do fiadoro  Situações de novação, compensação e etc.

  Exoneração da obrigação do fiadoro  Art. 838: qualquer alteração das circunstâncias resulta na exoneração do fiador, a não ser que

as partes mantenham o acordo.  A questão do bem de família

O STF decidiu essa questão há algum tempo, definindo que o fiador pode perder seu bem defamília, já que decidiu assinar o contrato.

o  A doutrina questiona a decisão acima, com base no mínimo existencial, na dignidade da pessoa humana e etc.

12/11 –  Contratos em Espécie: Transação e Compromisso Arbitral (Patrícia)

  Transação e compromisso arbitral são vistos como contratos no atual regime.

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o  Antigamente, transação era uma forma de extinção da obrigação.  Transação (arts. 840 a 850)

o  Contrato por meio do qual as partes compactuam a extinção de uma obrigação, fazendoconcessões mútuas, o que também pode ocorrer de forma preventiva.

  Pode ser judicial ou extrajudicial. 

A forma preventiva se refere à falta de necessidade de uma ação para ocorrer atransação.  Havendo transação, operam os mesmos efeitos da coisa julgada, segundo o STJ.

o  É contrato bilateral, oneroso e consensual.o 

A transação se aplica somente a obrigações patrimoniais e de cunho privado. Portanto,teoricamente, não se aplica a direito ambiental.

o  Restrições à transação:  Direito de família  Direito do trabalho, por conta da indisponibilidade dos direitos trabalhistas

o  A transação deve ser feita por escrito e precisa de escritura pública ou instrumento particular.Logo, é um contrato formal.

o   Não deve favorecer ou prejudicar terceiros, salvo algumas hipóteses expressas no próprio CC.o 

Aplicação do princípio da indivisibilidade na transação   No caso de nulidade de uma das cláusulas do contrato de transação, todo o contrato de

transação é nulo (Art. 848).  É uma exceção ao princípio da preservação do negócio jurídico, já que a transação

deve ser interpretada restritivamente. É um entendimento Pacífico da jurisprudência.  Compromisso ou cláusula arbitral

Consiste no acordo de vontades pelo meio do qual as partes, optando por não se submeter adecisão judicial, confiam a árbitros a solução do conflito de interesses, desde que de cunho patrimonial.

o  Lei 9307/96 - lei de arbitragem.o 

Meio alternativo de solução da controvérsia, de acordo com Carmona.o

  Têm como vantagens a celeridade e o sigilo da decisão arbitral, e tem como fundamento oexercício da autonomia privada.

Pode ser judicial (endoprocessual) ou extrajudicial (extraprocessual).o  Restrições:

  Art. 51, VII, do CDC veda a estipulação compulsória da arbitragem em contratos deconsumo.

  Art. 4°, Parágrafo único, da Lei de Arbitragem.  Contratos de adesão.  Matéria procedimental, como suspeição e impedimento do juiz.

Regra da capacidade  Havendo um problema de capacidade, o compromisso arbitral é impossível, já que

deve haver disponibilidade do direito. Portanto, nem os menores assistidos podemfazer esse contrato.

Arbitragem de direito e arbitragem de equidade   Na arbitragem de direito, os árbitros devem ter um conhecimento jurídico específico

sobre o tema.   Na arbitragem de equidade, o árbitro decide pela equidade.

o  Caso a parte notifique a parte, e esta não comparecer, pode ser feita uma ação de instauraçãode arbitragem, na qual o juiz decide ou não pela obrigatoriedade da arbitragem.

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o  A nulidade do contrato não implica na nulidade da cláusula arbitral. Ou seja, ela é autônoma,um contrato em si.

o  Extinção do compromisso arbitral  Se o árbitro não quiser decidir e as partes não acordam na nova parte  Expiração do prazo da sentença de ação de instauração de arbitragem (10 dias) 

Falecimento do árbitroo 

Dever de revelação: aqueles indicados como árbitros, antes de aceitar a função, devem revelarquaisquer fatos que geram uma dúvida justificada quanto a sua imparcialidade ouindependência.